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Caso Clínico Dicas: Pinos de Fibra de Vidro Personalizados Raphael Vieira Monte-Alto 1 , Glauco Botelho dos Santos 2 , Gustavo Oliveira dos Santos 3 , Jaime Noronha 4 1 Doutorando em Dentística - UERJ Professor da Disciplina de Prótese Fixa – UNIVERSO Coordenador do Curso Atualização em Prótese Fixa – UNIVERSO - Niterói 2 Doutorando em Dentística - UERJ Professor da Disciplina de Dentística -UFF 3 Doutorando em Dentística - UERJ Professor do Curso Atualização em Prótese Fixa – UNIVERSO – Niterói 4 Especialista em Dentística – UFF Mestrando em Odontologia - UFF Professor da Disciplina de Dentística do curso de graduação - UFF Por que é importante? Como alternativa no tratamento restaurador de dentes tratados endodonticamente que apresentam raízes fragilizadas (espessura de dentina inferior a 1mm), canais amplos ou ovóides e estrutura coronária remanescente menor que 2mm, podem ser utilizados os pinos de fibra de vidro personalizados1,2. A melhora significativa na adaptação e retenção dos pinos de fibra pode ser alcançada através da modelagem dos pinos de fibra de vidro. Uma camada de resina composta é aplicada à superfície do pinopara criar o formato adequado do canal radicular. Desta maneira, o pino de fibra reproduz a morfologia do canal radicular do dente que irá receber a futura restauração protética1,3,4,5. Uma vez o pino anatômico ajustado à forma do canal, será necessário, uma fina e uniforme camada de cimento resinoso. A diminuição da espessura da linha de cimento cria uma uniformidade na distribuição das forças oclusais transmitidas ao dente, reduz o efeito de contração de polimerização do material resinoso, assim como, o número e dimensão das bolhas dentro do próprio cimento polimerizado1,4,5,6. A personalização dos pinos de fibra de vidro apresentam vantagens dos tradicionais núcleos metálicos fundidos, como a possibilidade de se adaptar às paredes internas radiculares, e dos próprios pinos de fibra de vidro, como estética, módulo de elasticidade semelhante ao da dentina, reduzindo o risco de fraturas radiculares irreversíveis, e menor desgaste de estrutura dental sadia7,8,9. O que é necessário? • Pinos de fibra de vidro e brocas com espessuras correspondentes • Resina composta Fotopolimerizável • Brocas de Largo • Régua milimetrada • Caneta de retroprojetor • Ácido fosfórico a 37% • Espátula para resina • Pontas de aspiração • Cones de papel absorvente • Sistema adesivo químico ou dual • Microbrush de ponta fina para interior de conduto radicular • Etanol • Silano • Cimento resinoso dual ou químico • Fotoativador • Ponta diamantada • Alta rotação • Micromotor e contra-ângulo Como fazer? Assim como em todas as técnicas de reconstrução de dentes tratados endodonticamente, inicialmente, é necessário realizar exames clínico e radiográficopara um correto planejamento do caso. Após a avaliação e indicação dos pinos de fibra de vidro personalizados, parte-se para o tratamento em questão, seguidos da confecção do núcleo de preenchimento, da restauração provisória e por fim, coroa da restauração definitiva.

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Caso Clínico

Dicas: Pinos de Fibra de Vidro Personalizados

Raphael Vieira Monte-Alto1, Glauco Botelho dos Santos2, Gustavo Oliveira dos Santos 3, Jaime Noronha4

1 Doutorando em Dentística - UERJ Professor da Disciplina de Prótese Fixa – UNIVERSO Coordenador do Curso Atualização em Prótese Fixa – UNIVERSO

- Niterói

2 Doutorando em Dentística - UERJ Professor da Disciplina de Dentística -UFF

3 Doutorando em Dentística - UERJ Professor do Curso Atualização em Prótese Fixa – UNIVERSO

– Niterói4 Especialista em Dentística – UFF Mestrando em Odontologia - UFF Professor da Disciplina de Dentística do curso de graduação

- UFF

Por que é importante?

Como alternativa no tratamento restaurador de dentes tratados endodonticamente que apresentam raízes fragilizadas (espessura de dentina inferior a 1mm), canais amplos ou ovóides e estrutura coronária remanescente menor que 2mm, podem ser utilizados os pinos de fibra de vidro personalizados1,2.

A melhora significativa na adaptação e retenção dos pinos de fibra pode ser alcançada através da modelagem dos pinos de fibra de vidro. Uma camada de resina composta é aplicada à superfície do pinopara criar o formato adequado do canal radicular. Desta maneira, o pino de fibra reproduz a morfologia do canal radicular do dente que irá receber a futura restauração protética1,3,4,5.

Uma vez o pino anatômico ajustado à forma do canal, será necessário, uma fina e uniforme camada de cimento resinoso. A diminuição da espessura da linha de cimento cria uma uniformidade na distribuição das forças oclusais transmitidas ao dente, reduz o efeito de contração de polimerização do material resinoso, assim como, o número e dimensão das bolhas dentro do próprio cimento polimerizado1,4,5,6.

A personalização dos pinos de fibra de vidro apresentam vantagens dos tradicionais núcleos

metálicos fundidos, como a possibilidade de se adaptar às paredes internas radiculares, e dos próprios pinos de fibra de vidro, como estética, módulo de elasticidade semelhante ao da dentina, reduzindo o risco de fraturas radiculares irreversíveis, e menor desgaste de estrutura dental sadia7,8,9.

O que é necessário?

• Pinos de fibra de vidro e brocas com espessuras correspondentes• Resina composta Fotopolimerizável• Brocas de Largo• Régua milimetrada• Caneta de retroprojetor• Ácido fosfórico a 37%• Espátula para resina• Pontas de aspiração• Cones de papel absorvente• Sistema adesivo químico ou dual• Microbrush de ponta fina para interior de conduto radicular• Etanol• Silano• Cimento resinoso dual ou químico• Fotoativador• Ponta diamantada• Alta rotação• Micromotor e contra-ângulo

Como fazer?

Assim como em todas as técnicas de reconstrução de dentes tratados endodonticamente, inicialmente, é necessário realizar exames clínico e radiográficopara um correto planejamento do caso. Após a avaliação e indicação dos pinos de fibra de vidro personalizados, parte-se para o tratamento em questão, seguidos da confecção do núcleo de preenchimento, da restauração provisória e por fim, coroa da restauração definitiva.

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1ª fase: Seleção do pino

Com a avaliação clínica e radiográfica, é possível observar a qualidade do tratamento endodôntico realizado e a condição morfológica radicular do dente que irá receber o tratamento, a partir daí, deve então ser realizada a seleção do pino, seu tamanho e comprimento, levando em consideração o selamento apical de 3 a 6 mm de guta-percha.O pino, idealmente, deverá ter comprimento igual a dois terços do remanescente dental; ou implantação radicular igual à altura da coroa clínica proposta; ou, no mínimo, metade da altura do suporte ósseo do dente em questão10.2ª fase: Desobstrução parcial do canal radicular e prova do pino

A remoção da guta-percha do interior do conduto é realizada com brocas de Largo, seguida da broca disponibilizada pelo fabricante que corresponde à espessura do pino selecionado, respeitando o limite de comprimento preestabelecido. Deve-se utilizar um cursor ou uma caneta de retroprojetor, para demarcar o limite da introdução da broca. Utilização desta broca auxilia na remoção de qualquer área retentiva e promove a expulsividade no interior do conduto, permitindo uma correta modelagem. Após a desobstrução, prova-se o pino eleito e segue para etapa da modelagem do conduto.

3ª fase: Confecção do pino personalizado e núcleo de preenchimento

I. Inicialmente, é realizado o tratamento da superfície do pino de fibra de vidro(etanol ou ácido fosfórico), seguida da aplicação do silano, e aguardar para a completa evaporação do solvente. Posteriormente, aplica-se o sistema adesivo (sendo essa etapa opcional).

II. Deve-se realizar o isolamento do canal radicular com lubrificante hidrossolúvel.

III. Uma fina camada de resina composta é colocada em envolta do pino, modelada e em seguida posicionada no interior do conduto.

IV. É realizada a fotoativação inicial através do pino de fibra de vidro. O pino é removido do canal radicular e realiza-se a fotoativação 02 complementar.

V. Reposiciona-se o pino personalizado no canal radicular e é confeccionado o núcleo de preenchimento com resina composta.

VI. Prepara-se o núcleo e o remanescente para coroa total.

4ª fase: cimentação do pino personalizado

I. A limpeza do pino personalizado é realizada com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos. Em seguida, aplica-se o adesivo sobre o pino, sem fotoativar.

II. Leva-se o agente cimentante na parte apical do pinoe posteriormente, insere-seo mesmo no interior do conduto, retira-se o excesso de cimento que extravasou com um microbrush e então é executada a fotoativação por 40 segundos. Nesse caso, foi utilizado um cimento resinoso auto-condicionante (U-200, 3M), por isso não foi realizado o tratamento do conduto com ácido fosfórico e sistema adesivo. O uso deste tipo de cimento representa um ganho de tempo clínico e reduz a possibilidade de erro na etapa de cimentação11.

III. Após a cimentação do conjunto pino modelado e núcleo de preenchimento, já é possível fazer o procedimento de moldagem para a restauração definitiva.

Considerações Finais

A tendência atual é fornecer um pino que se adapte da melhor maneira à anatomia radicular estabelecida pelo tratamento endodôntico. Os núcleos fibrorresinos personalizados conseguem aliar vantagens dos núcleos metálicos fundidos e dos pinos pré-fabricados resinosos reforçados por fibra. Com essa técnica, é possível modelar a anatomia do canal radicular com resina, adequando-se à morfologia apresentada após o preparo endodôntico e remoção de qualquer área retentiva, promovendoassim, uma melhor adaptação às paredes dentinárias radiculares e menor espessura da camada de material cimentante. Além de apresentaroutras vantagens, como possibilidade de cimentação adesiva e semelhança de suas propriedades físicas e mecânicas com as da dentina, reduzindo então os riscos de fraturas radiculares irreversíveis.

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Fotos do Caso:

Após o tratamento endodôntico finalizado, realiza-se a desobstrução do conduto com broca de largo (A-B).

Seguido da broca de preparação do Kit (Exacto Cônico, Angelus, Brasil) no02, correspondente ao pino escolhido previamente (I); com a mesma broca, varia-se sua inclinação para remoção de possível área retentiva, promovendo expulsividade ao conduto (C).

Observe a diferença entre um conduto retentivo para um pino modelado (I), e após o preparo, um conduto expulsivo (II), assim como a verificação do selamento apical de 5mm com guta percha (III) (D).

Dente preparado, pronto para a modelagem (E).

Prova do pino de fibra de vidro (Exacto Cônico, 2, Angelus, Brasil) (F).

Limpeza da superfície do pino com ácido fosfórico a 37%, seguido da lavagem e secagem do mesmo (G).

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Aplicação do silano (H).

Leva-se uma pequena quantidade de resina composta ao pino (I), conduzindo a resina ao longo do pino de fibra de vidro com uma espátula suprafill(II,III) (I).

Apóso isolamento do canal radicular com lubrificante hidrossolúvel, posiciona-se o conjunto pino/resina composta no interior do conduto para a modelagem (J).

Realiza-se a fotoativação inicial através do pino de fibra de vidro (K).

O pino é removido do canal radicular e realiza-se a fotoativação complementar (L).

Reposiciona-se o pino personalizado no interior do canal radicular para confeccionar o núcleo de preenchimento com resina composta (M).

Antes da cimentação, realiza-se a limpeza do pino personalizado com ácido .fosfórico a 37% por 30 segundos (I), lavagem e secagem (II) (N).

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Em seguida, aplica-se o adesivo sobre o pino, (I); leva-se o agente cimentando na parte apical do pino (II), inserindo-o no interior do conduto (III); após sua completa inserção, retira-se o excesso de cimento que extravasou com microbrush. Nota-se a pequena espessura de agente cimentante (IV) (O).

Com o pino cimentado, prepara-se o núcleo e o remanescente para coroa total (P).

Referências

1. Ferreira TL, Laxe LAC, Cruz R, Andrade Filho H. Personalização de Núcleo Fibrorresinoso: Relato de caso clínico. RevCient CRO-RJ. 2011 Abr-Jun;2(2):80-6.2. Ferrari M, Vichi A, Mannocci F, Manson PN. Retrospective study of the clinical performance of fiber posts. Am J Dent. 2000 May;13(Spec No):9B-13B.3. Scotti R, Ferrari M. Pinos de fibra: Considerações teóricas e aplicações clínicas. São Paulo: Artes Médicas, 2003.4. Savi A, Manfredini M, Tamani M, Fazzi M, Pizzi S. Use of customized fiber posts for the aesthetic treatment of severely compromised teeth: a case report. DentTraumatol. 2008 Dec;24(60):671-5.5. Monte Alto RV, et al. Restauracão de dentes tratadosendodonticamente com pino de fibra de vidro eacessório em canais amplos. Clínica –InternationalJournalofBrazilianDentistry. 2008 abr/jun; 4(2):174-81.6. Grandini S, Sapio S, Simonetti M. Use of anatomic post and core for reconstructing an endodontically treated tooth: a case report. J Adhes Dent. 2003;5(3):243-7.7. Laxe LAC, Andrade Filho H, Mendes LM, Pinto BD. Pinos Fibrorresinosos: revisão de suas propriedades físicas e mecânicas. FullDentSci. 2011;2(6):190-8.8. Okada D, Miura H, Suzuki C, Komada W, Shin C, Yamamoto M, Masuoka D. Stress distribution in roots restored with different types of post systems with composite resin. Dent Mat J. 2008;27(4):605-611.9. Yamamoto M, Miura H, Okada D, Komada W, Masuoka D. Photoelastic stress analisys of different post and core restoration methods. DentMat J. 2002;28(2):204-1110. Muniz L, et al. Reabilitação estética em dentes tratados endodonticamente: pinos de fibra e possibilidades clínicas conservadoras. São Paulo: Santos; 201011. Conceição EN. Dentística: saúde e estética. In: Conceição EN. Como restaurar dentes tratados endodonticamente. Porto Alegre: Artmed, 2007; 502-535.