Dinâmicas e epistemologias de resistência: um...
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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Silva. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 6(gt17):1-18
Dinâmicas e epistemologias de resistência: umolhar sobre os quilombos no Brasil
GT 17 – Periferalidade e subalternidade na produção do conhecimento
Givânia Maria da Silva
Resumo: É possível fazer ciência, considerando outras dinâmicas e epistemologias não hegemônicassem negar a autoridade e a história das ciências? Os quilombos podem ser compreendidos como umdos lugares que também gozam de algum nível de autoridade no seu fazer científico próprio? Esteartigo tem como objetivo principal não responder as indagações iniciais, mas, sobretudo,problematizar a existência e resistência de dinâmicas, epistemologias e conhecimentos em contextosespecíficos, que por vezes são desconhecidas ou tratadas como algo menor ou sem qualquer grau delegitimidade ou valor científico, como é o caso de grande parte dos saberes dos povos e comunidadestradicionais no Brasil. Para chegar ao seu objetivo, o texto usará fontes que nos ajudem a encontrar olugar das epistemologias no ser e fazer feminino quilombola, visto que se observa a existência dedinâmicas próprias. A esse encontro de “epistemologias, conhecimentos e o ser feminino quilombola”passo a chamar de epistemologias de resistência do feminino quilombola. A reflexão aqui propostasobre o tema das epistemologias de resistência do feminino quilombola é a partir da minhapertença/vivencia/convivência e da busca de compreender como os diversos universalismos coloniais –colonizador – patriarcal das chamadas sociedades modernas silenciam saberes, interferem nasidentidades e práticas das comunidades tradicionais no Brasil, que sobreviveram aos mais violentosataques, como por exemplo, o sistema escravista impostos aos negros e negras. Não se trata de quererfazer ciência separando os mundos, ignorando os saberes acumulados das ciências. Porém, é a partirdas próprias ciências que irei observar esses cruzamentos e intercruzamentos para compreendercomo a existência de outras dinâmicas e epistemologias pode dialogar com e sobre outros campos dossaberes produzidos pela humanidade/meio.
Palavras – chave: epistemologias de resistência, feminino quilombola, universalismos coloniais.
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Introdução
Os quilombos ou “comunidades remanescentes de quilombos1” no Brasil,
como denomina a Constituição Federal de 1988 por meio do Art. 68 do Ato das
Disposições Constituições Transitórias – ADCT2, é fruto de uma longa histórica de
resistência dos africanos escravizados no Brasil e suas descendências. Forjados
como movimento de resistência ao sistema escravista e em busca de liberdade, os
quilombos representam a luta dos negros contra a opressão e violência que a estes
se impuseram por meio do sistema escravista. “A reivindicação do direito ao
território, assim como o estabelecimento e organização do movimento quilombola,
se dão em relação íntima com a construção de uma identidade étnica diferenciada”,
diz Arguedas (2017, p.74). Historicamente os movimentos negros sempre
reivindicaram esse reconhecimento e isso só veio se materializar no processo
constituinte de 1988. Na perspectiva do movimento negro brasileiro, o termo
quilombo sempre significou espaço de resistência e emancipação política, “porém,
obedecendo a uma lógica africana e que para compreendermos se faz necessário
saber também o que acontecia em algumas regiões africanas na época”, diz
Munanga (1996, p.58).
O fato de só na CF/88 as comunidades quilombolas terem sido reconhecidas
como detentoras de direitos no Brasil deixou para esses grupos vários legados
negativos, tais como ausência de politicas de saúde, educação, reconhecimento e
regularização dos territórios quilombolas3 e de valorização de seus saberes. Em
outras palavras, houve perdas de bens materiais e imateriais, além de um processo
violento de expropriação de seus territórios tradicionalmente ocupados, gerando com
1 Art. 2o Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os gruposétnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relaçõesterritoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressãohistórica sofrida. Decreto de nº 4887/2003.2 Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras éreconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.3 § 2o São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para a garantia desua reprodução física, social, econômica e cultural.
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isso muitos conflitos e “desterritorialização/territorialização, ou seja, foi necessária
resistência frente às contínuas tentativas de retiradas de seu espaço de
pertencimento” (ANJOS, 2008, p.181). Esse sempre foi o cotidiano das comunidades
quilombolas no Brasil.
O suposto fim do sistema escravista no Brasil, em 1888, sistema queque
durou mais de três séculos,4 não trouxe para a população negra em geral ações
concretas por parte do Estado que diminuíssem, minimizassem ou mesmo
compensassem os danos causados pelos longos mais de três séculos de escravidão
formal. Ao considerar que ainda existem marcas profundas do processo de
escravização entende-se que suas ramificações estão presentes nos dias de hoje,
revestidas do que convencionou-se chamar de modernidade.
Se o conceito de modernidade refere-se única ou fundamentalmenteàs idéias de novidade, do avançado, do racional-científico, laico,secular, que são as idéias e experiências normalmente associadas aesse conceito, não cabe dúvida de que é necessário admitir que é umfenômeno possível em todas as culturas e em todas as épocashistóricas. Com todas as suas respectivas particularidades ediferenças, todas as chamadas altas culturas.(Quijano, 2005, p.122)
As várias formas de colonialidade que se apresentam aos povos e
comunidades tradicionais5 chegam de diversas formas. Um dos argumentos é que
esses grupos, ou melhor, as formas de vidas desses grupos impedem o avanço
econômico do Brasil (índios e quilombolas), por que seus modos de vida não
combinam com esse modelo de desenvolvimento. Outro argumento é que esses
grupos precisam sair do atraso. Miglievich-Ribeiro (2014, p. 68) nos alerta para o
perigo que se apresenta nesse pensamento tido como moderno, dizendo que “o
4 Não obstante persistirem as imagens de mundo não-controlado percebe-se que se constata quilombos na região suburbana da capital da província. Tal observação não se reflete, a exemplo das anteriores, nas disposições legais que mantem imutáveis. 5 I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, quepossuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais comocondição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
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discurso da emancipação colou-se a práticas seculares de violenta dominação sobre
os povos colonizados de maneira que a colonialidade – algo mais que a colonização
política – não é ainda uma história passadista”. Ou seja, novas formas de
colonialidades se fazem presentes com discursos e roupagens novas ou ainda como
a modernidade, como emancipação.
Para os quilombos esses processos além de terem sido, e ainda o são,
fortemente acentuados, fazendo com que muitos continuem vivendo no anonimato e
excluídos de politicas públicas por parte do Estado sem que isso gere desconforta
às gestões publicas, sejam municipais, estaduais e nacionais. Tal situação causou
danos, gerando perdas, silenciamento de suas vozes e ocultação de corpos, de
práticas e saberes, com a alegação de que não fazem parte do repertório da
modernidade e, portanto, não seriam úteis ao desenvolvimento. A pergunta é: o
modelo ou modelos de desenvolvimento vigentes dialogam com as epistemologias
desses povos? Quais são as bases desse desenvolvimento e a quem ele atende?
Não é difícil encontrar as repostas. Anibal Quijano afirma que:
O capitalismo como sistema de relações de produção, isto é, aheterogênea engrenagem de todas as formas de controle do trabalhoe de seus produtos sob o domínio do capital, no que dali em dianteconsistiu a economia mundial e seu mercado, constituiu-se na históriaapenas com a emergência da América. A partir desse momento, ocapital sempre existiu e continua existindo hoje em dia só como o eixocentral do capitalismo, não de maneira separada, muito menosisolada. Nunca foi predominante de outro modo, em escala mundial eglobal, e com toda probabilidade não teria podido desenvolver-se deoutro modo..(Quijano, 2005, p.126-127)
Ou seja, existem bases para se afirmar as raízes das desigualdades entre
negros e não-negros no Brasil e na América, já bastante denunciadas através dos
silenciamentos produzidos de formas muito acentuadas sobre os saberes, as muitas
vozes, os corpos e os significados que neles estão presentes. Em relação aos
quilombos, os conhecimentos deles/neles e com eles produzidos vêm sendo
violentados por acreditar-se que eles não se enquadram naquilo que se
convencionou chamar de moderno. Ainda que compreendamos que “corpos
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humanos e vozes são parte do mundo material e o aprendizado social é parte do
aprendizado de como o mundo material funciona”, como diz Bloor (2009, p. 59),
cabe pensar que vivemos uma contradição permanente.
De um lado busca-se conhecer e gerar mais conhecimento e do outro, não
conseguimos aproximar esses conhecimentos com o mundo para o qual ele foi
construído, pois estamos sempre separando o conhecimento dos corpos dos
sujeitos e de suas vidas em seus cotidianos. Nos quilombos, por exemplo, há um
esforço para que se mantenham vivos os saberes que foram capazes de
atravessarem séculos de intensa violência, porém, resistindo para existir. A luta dos
quilombos é para que esses conhecimentos não percam a razão de ser. Silenciar
saberes dos povos que vivem a partir de cosmovisão de mundo diferentes, não é
uma nova forma de colonizar povos e saberes? A meu ver, uma ação interfere
imediatamente na outra – a colonialidade interfere nas formas e práticas e nos
conhecimentos desses grupos, fazendo com que desapareçam do meio e se dê a
esse lugar o que se chamaria de moderno. “Não são os modernos apenas modernos
nem são os tradicionais somente tradicionais”. (MIGLIEVICH-RIBEIRO, 2014 p.78).
Há um mundo imaginário sobre um moderno que não é tão moderno assim e que se
apresenta já hierarquizado e superior perante os demais.
O significado do sistema escravista e a defasagem para esses grupos por ele
afetados e seus efeitos, sobretudo, para o desenvolvimento é um dos fatos mais
relevantes para se falar de quilombos no Brasil. Para Moura (1981, p. 12-13) “não há
como negar ou relativizar os impactos negativos desses fenômenos na vida, nas
formas de organização e no acesso a bens e serviços produzidos”, uma vez que há
comprovação do distanciamento desses sujeitos dos sistemas educacionais que,
consequentemente, compromete o desenvolvimento numa outra perspectiva para os
negros, deixando-os já em desvantagem frente aos demais grupos sociais no Brasil.
A ausência de políticas de Estado que reconheçam e respeitem seus saberes, suas
formas de ver o mundo, ou seja, sua cosmovisão, tem provocado nas comunidades
quilombolas prejuízos e danos em relação aos demais grupos populacionais
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impossíveis de serem mensurados. “Os olhos do homem branco destroçam o corpo
do homem negro” (BHABHA, 2010, p.73) e é nesse destroçar que se instala a
violência física e epistemológica.
O sistema escravista em alguma medida foi fortalecido pelas ciências,
inclusive pelas ciências sociais, no momento em que a ciência foi usada para arma
para aumentar as hierarquias já existentes. Portanto, não identificar tais questões
como relevantes significa continuar contribuindo ainda mais com os prejuízos
incalculáveis já impostos a esses grupos. E, nesse contexto, as mulheres negras
são as mais atingidas, pois sob elas somam-se os efeitos do machismo acrescido
dos danos oriundos do processo de escravização e racismo.
Na formação e expansão desta diáspora, as articulações empreendidas
tinham e têm como âncora principal a luta contra a violência do aniquilamento
– racista, heterossexista e eurocêntrico – com vistas a garantir nossa
participação ativa no agenciamento das condições de vida para nós mesmas
e para o grupo maior a que nos vinculamos. (Werneck, 2009)
No contexto quilombola, por estarem em grande maioria no campo brasileiro
ou nas periferias, esses danos se alargam dados os estigmas e desvalorização
desses lugares (meio rural e periferias) e todo o processo de violação de direitos aos
quilombos impostos, visto que só em 1988 foram reconhecidos como sujeitos de
direitos.
Portanto, esse texto não se propõe a responder as indagações iniciais, mas
problematizá-las, na tentativa de aproximar o fazer da ciência tradicionalmente
reconhecida com outras formas de construção de conhecimentos. Estes também
são válidos em/para contextos específicos, como é o caso dos quilombos no Brasil,
cuja manutenção de saberes e a própria existência até os dias de hoje, após mais
de três séculos de escravidão, é resultado de longos processos de luta e resistência
que tiveram e têm a mulher quilombola como guardiã de conhecimentos próprios,
porém, ainda invisibilizada e inferiorizada. Destaca-se que as mulheres não só lutam
para permanecer e pertencer aos seus territórios como também para nesses
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espaços construírem, manterem e compartilharem conhecimentos a partir de suas
especificidades ou do seu ser feminino e suas epistemologias de resistências na
existência e resistência.
1. O diálogo entre o conceito e as dinâmicas quilombolas
Quilombos: espaços de luta, resistência, ressignificação, reinvenção e
persistência: espaços de emancipação e construção de conhecimento; sinônimo de
afirmação de identidades, organização e de manutenção de saberes individuais e
coletivos. Essa talvez seja a melhor definição conceitual para o que significam os
quilombos no Brasil ou ainda como afirma MUNANGA (1995/1996) “pelo conteúdo, o
quilombo brasileiro é, sem dúvida, uma cópia do quilombo africano reconstruído
pelos escravizados para se opor a uma estrutura escravocrata, pela implantação
de uma outra estrutura política na qual se encontraram todos os oprimidos”6.
Complementando esse pensamento, MOURA (1993, p. 19) afirma, “convém notar,
porém, que o quilombo, além de não ser completamente defensivo, nunca foi,
também uma organização isolada [...] O seu objetivo era a liberdade”. Podemos
seguir com o que diz Almeida (2011, p. 45) ao entender que “O conceito de quilombo
não pode ser territorial apenas ou fixado num lugar geograficamente definido,
historicamente documentado e arqueologicamente escavado”. Ou ainda como diz
Leite (2000, p. 344), “a terra é o que propicia condições de permanência, de
continuidade das referências simbólicas importantes à consolidação do imaginário
coletivo”. Assim entendendo, cada vez mais nos distanciamos da ideia de
quilombos como espaço de negros fugidos apenas, ou ainda como algo do passado.
E, mesmo quando a fuga foi necessária, não pode ser compreendida como ato de
covardia ou uma fuga em si mesma e sim como uma estratégia de luta e defesa
6 O quilombo é seguramente uma palavra originária dos povos de línguas bantu (kilombo,aportuguesado:quilombo). Sua presença e seu significado no Brasil têm a ver com alguns ramos desses povos bantu cujosmembros foram trazidos e escravizados nesta terra. Trata-se dos grupos lunda, ovimbundu, mbundu,kongo,imbangala, etc., cujos territórios se dividem entre Angola e Zaire. Embora o quilombo (kilombo) seja uma palavrade língua umbundu, de acordo com Joseph C. Miller (1), seu conteúdo enquanto instituição sociopolítica e militaré resultado de uma longa história envolvendo regiões e povos aos quais já me referi. É uma história de conflitospelo poder, de cisão dos grupos, de migrações em busca de novos territórios e de alianças políticas entre gruposalheios.
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individual e coletiva das mais importantes para resistir às crueldades do sistema
escravista.
As definições conceituais e significados do que vem a ser quilombo, no Brasil
não devem ser lidas dissociadas dos conhecimentos construídos por meio de
processos educativos próprios, onde o espaço, o fazer, as vozes, os corpos, os
cantos, a fé e os “jeitos” de ser e agir ganham sentidos a partir do pertencimento
entrelaçado pela relação entre as lutas, as conquistas, as partilhas e as celebrações.
Esses são elementos que animam o cotidiano do ser, do fazer e do pertencer
quilombola. E, no ser e fazer nos quilombos, as mulheres quilombolas são sem
dúvida a força movedora e condutora dos processos de luta e resistência,
carregando consigo vários significados: do ser mulher, dos seus corpos, dos seus
cabelos, dos jeitos de lutar e se organizar, mas, sobretudo, nas várias formas de
vivenciar e compartilhar a sabedoria que muitas vezes são de domínios exclusivos
delas, como por exemplo, o exercício de parteiras nos quilombos.
Portanto, pensar os quilombos como espaço de emancipação, referência
simbólica, imaginário coletivo – uma terra como espaço de construção de identidade
e afirmação de pertencimento e não uma terra como mercadoria, capital
especulativo, acumulação de riqueza ou como espaço de exploração de mão de
obras escrava, repetindo assim o sistema escravista –, é o que traz para os dias de
hoje o verdadeiro sentido e significado do ser quilombola. E, pensar quilombos
nessa perspectiva, é pensar como organização circular e não isolada, como uma
das heranças africanas, como um bem coletivo pelas suas diversas especificidades.
Isso nos leva a colocar as mulheres quilombolas no centro desse debate, ou ainda,
tomar para si o que sugere Costa (2006, p.121) que acredita que “a desconstrução
desses essencialismos, diluindo as fronteiras culturais legadas tanto pelo
colonialismo como pelas lutas anticoloniais” as coloca como instrumento da
desconstrução do que se convencionou a pensar sobre negros e não negros,
homens e mulheres, moderno e não moderno, urbano e rural, etc.
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Quaisquer estudos sérios sobre o lugar do "gênero" em realidades africanas
devem necessariamente levantar questões sobre conceitos vigentes e abordagens
teóricas, afirma Oyěwùmí (2004). Não há como refletir sobre os quilombos e os
quilombolas, suas dinâmicas e suas histórias dissociando-os das lutas e resistência
e sem reconhecer os relevantes papeis que desenvolveram e desenvolvem as
mulheres quilombolas nesse percurso em que a violência permeia suas vidas de
início ao fim e que a luta e a consciência dela, ou ainda em outras palavras, o
exercício da luta feminina ou feminista, se assim entendermos, se adquire quase
que ao nascer. No entanto, a resistência/existência/luta se ancora em saberes, em
modos de vida, portanto, em “conhecimentos” ou ciência própria de cada
comunidade ou lugar.
2. Um outro olhar sobre o conhecimento
Para discutir o tema do conhecimento cientifico ou dos conhecimentos
científicos usarei imagens representativas e simbólicas, por nos apresentarem várias
formas de elaborar conhecimento e, ao mesmo tempo nos contarem a história de um
povo, afirmarem e reafirmarem a construção das identidades individuais e coletivas,
e, ao mesmo tempo, demonstrarem as diversas formas de produzir conhecimento
exercido por mulheres quilombolas do quilombo de Conceição das Crioulas/PE.
A história do quilombo Conceição das Crioulas em Salgueiro/PE é contada e
recontada oralmente por diversas gerações, na qual sempre houve um forte
protagonismo de mulheres, desde o nome (Conceição + Crioulas) até o fazer e o ser
quilombola naquele chão. Conta-se que seis mulheres negras fugiam da escravidão
e ocuparam uma terra, onde se originou o quilombo por volta do século XVIII. Em
seguida uma pessoa, identificada pela oralidade com o nome de Francisco José,
trouxe uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. As seis crioulas fizeram uma
promessa à santa: caso se tornassem donas de pedaço de terra medindo três
léguas em quadra (aproximadamente 16 mil ha), doariam uma parte de terra para
fazer uma capela para Nossa Senhora da Conceição. Conta-se ainda que as
crioulas plantaram, fiaram e venderam o fio do algodão para conseguir recursos e,
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dessa maneira, em 1902 conseguiram comprar as terras e tornaram-se proprietárias
da terra, passando a celebrar a festa de Nossa Senhora. Com o passar do tempo, o
local passou a ser chamado de Conceição das Crioulas, tornando-se mais tarde o 2º
distrito do município de Salgueiro/PE.
Por volta dos anos 1920-1940, esse território foi expropriado por fazendeiros
deixando os herdeiros das crioulas apenas com os locais de suas casas ou os
lugares menos produtivos. Na luta por meios de manter e retomar parte do território
expropriado pelos fazendeiros, a fibra do caroá7 se tornou importante como fonte de
renda, já que havia a cultura do manejo da fibra do caroá para fabricação de peças
artesanais para uso doméstico. Além da fibra do caroá, do fio do algodão e do barro
como fonte de renda, a comunidade se valeu de estratégias para fortalecer a luta: a
educação, a organização em associações, em sindicatos etc, foram instrumentos
que serviram a luta por direitos. A educação foi compreendida como um direito
fundamental e instrumento de luta pela terra, saúde, moradia – uma educação que
valoriza as sabedorias locais não escritas e nem lidas, como diz SILVA (2016,
p.192).
Assim, a educação orientou os caminhos da luta e se tornou o principal
instrumento de luta por direitos coletivos e individuais no quilombo. O algodão e o
caroá foram matérias-primas que contribuíram com a luta das mulheres e foram
usados como meio de gerar renda. Isso só foi possível, por que havia um saber, um
jeito de fazer, que mesmo no momento em que tiveram suas terras expropriadas, o
conhecimento continuou e foi sendo repassado de gerações em gerações. O barro
foi outra matéria-prima que a comunidade usou e usa para fazer utensílios de
primeiras necessidades domésticas (potes, panelas, pratos, jarros etc.). Essas
matérias-primas tiveram importância ímpar na construção e reconstrução do
quilombo, ou seja, foi a partir delas que as mulheres obtiveram recursos financeiros
para garantir a posse da terra em 1802, algo inimaginável à época, mas foi por meio
7 Angios planta terrestre ou saxícola (Neoglaziovia variegata ), da fam. das bromeliáceas, nativa do Brasil (NE),de poucas folhas lineares e acuminadas, dispostas em roseta, inflorescência laxa com 25 cm de comprimento ecom até 60 flores, de sépalas vermelhas e pétalas purpúreas; as folhas fornecem longas fibras, de granderesistência e durabilidade; carauá, caruá, coroá, coroatá, crauá, croá, gravatá.
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desse conhecimento que conseguiram recuperar suas histórias e fortaleceram a luta
pela terra, bem como pelas demais políticas públicas. Assim conta a história oral do
quilombo de Conceição das Crioulas. Foram estas as estratégias usadas e não se
pode negar que são os conhecimentos que ali existem que sustentam a história da
comunidade por tanto tempo.
Tecer a fibra do caroá, tingir com tintas naturais de plantas locais sem
acréscimo de produtos artificiais ou fazer colares de barro sob esses tecidos, entre
outras práticas. Acredito ser importante destacar a quantidade, a qualidade dos
conhecimentos e a capacidade que tiveram para atravessar séculos. Apenas por
meio da oralidade, hoje estes saberes estão presentes na comunidade, fazendo
parte do cotidiano das pessoas, inclusive dos conteúdos escolares. O que vimos
nesse relato é ou não é ciência?
Segundo, Souza e Araújo (2014): “os quilombolas são detentores de uma
riquíssima biodiversidade natural e cultural são conhecedores do plantio de diversas
culturas, de plantas com grande poder medicinal, usadas há gerações pelos seus
antepassados e preservadas por suas tradições”. Acolheríamos tais conhecimentos
como um saber, uma ciência legitima, ou não? No entanto, Bernardino-Costa (2005,
p. 40), nos chama atenção para dizer que:
Da perspectiva da modernidade eurocentrada não interessava saberse o outro-colonial tinha escrita, história, pensamento ou qualquersaber, uma vez que este era um anacronismo histórico, que um dia setornaria moderno por meio das invenções europeias.
Esse pensamento dominou e ainda domina a maioria das produções
científicas das instituições públicas e privadas, que em muitos momentos fazem
discursos divergentes de suas práticas e continuam impondo uma história única, de
uma visão de mundo único e com epistemologia única, para povos diversos em
contextos também muito diversos e adversos.
E é nessa busca de afirmação e construção de identidade que as
comunidades quilombolas, mas, sobretudo, as mulheres, vêm redesenhando suas
vidas e suas lutas de formas mais autônomas. Volto novamente ao quilombo de
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Conceição das Crioulas para trazer as 11 bonecas8 feitas da fibra do caroá, usando
ao mesmo tempo tecnologias por elas mesmas desenvolvidas e com bases
epistemológicas específicas, em contextos também específicos. Estamos falando
dos quilombos e do papel que as mulheres exercem nesses territórios como
guardiãs de saberes científicos próprios.
Estamos falando de epistemologias de resistências entendidas aqui como
formas de ver e lidar com o mundo, processos educativos e construção de saberes
como ferramentas de lutas por liberdade de um grupo, no caso das mulheres
quilombolas, expressão de resistência de um povo, povo negro, ao sistema
escravista, que além da violência física, também laçou mão da violência simbólica,
do machismo. Portanto, estamos falando de um projeto que nasce com objetivos e
perspectivas bem diferentes. As mulheres quilombolas querem, além de contar uma
história nunca contada, recuperar um espaço de liberdade que se transformou e
imaginário. Na visão de Bernardino-Costa (2015, p. 34) “reconhecer a diversidade
epistemológica do mundo, implica também considerar com seriedade projetos de
resistência e de existência no mundo contemporâneo”. As ferramentas para análise
e as pesquisas não podem ficar presas ao mundo colonial. Eles precisam ver e dar
sentido a outras formas de ver e compartilhar saberes.
Por meio de uma linha de bonecas, as mulheres contam a história de origem
da comunidade e a história das mulheres, fortalecem seus vínculos com a terra e
mostram que outros modelos de desenvolvimento são possíveis. As bonecas não
são apenas bonecas, elas são corpos e vozes das mulheres quilombolas de
Conceição das Crioulas. As 11 bonecas, trazem para o presente a história das
mulheres quilombolas fundadoras do território e que as herdeiras das crioulas dão
continuidade e ao mesmo tempo, mantêm viva a chama e a luta por emancipação
naquele território. Parafraseando Viveiros de Castro (1996, p. 117) ao afirmar que
“os animais são gente, ou se veem como pessoas”, eu diria, as bonecas crioulas são
vidas, são as histórias de resistência e existência das mulheres. Elas são produtos
8 As bonecas são: Mendencha Ferreira, Maria Emília, Josefa, Antônia, Ana Belo, Lourdinha, Júlia, Madrinha Lourdes, Generosa, Mãe Magá e Valdeci.
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de vários conhecimentos, elas são produtos de uma ciência para a qual aprenderam
a falar, cantar, contar suas histórias, afirmar suas identidades lutar pelo seu território
para chegar ao estágio de bonecas. Elas também aprenderam a lutar para
permanecer em seu território. Elas nos apresentam esse território, o quilombo de
Conceição das Crioulas com seus rostos, vozes ressignificadas, corpos reinventados
e histórias reconstruídas. Quando Lima (1999, p. 54), ao se referir à cosmologia
juruna, afirma: “as almas dos mortos, por sua vez, se pensam como vivos”, eu diria:
as bonecas crioulas pensadas sem vidas perdem seu maior potencial que é de
contar a história, construir identidades e conhecimento e de se afirmarem enquanto
sujeito de direito, o direito de existir, pertencer e permanecer no seu espaço
ancestral.
Pensá-las como bonecas apenas não tem sentido, pois elas são mais do que
isso, elas são vidas e dão vidas às vidas das mulheres quilombolas que chegaram
ao estágio da fala e às que não conseguiram ou ainda não conseguem falar. Assim,
revestidas e investidas de bonecas dão às mulheres e ao território, uma história,
uma história digna de orgulho e não mais a da fuga, da pressão, do machismo e do
racismo.
Nesse sentido, vimos que as bonecas/mulheres quilombolas construíram e
constroem lutas a partir da identidade e do pertencimento ancestral. Olhar de fora,
fazer interpretações e dar o sentido que se acha coerente talvez seja um caminho
não apropriado. As mulheres vêm lutando contra as várias formas de violência e
nesse território, fazer ciência é mais do que a capacidade de criar, inventar, de
transformar. É a capacidade de resistir por meio de um conhecimento singular.
Talvez estejamos diante de uma das expressões de um “feminismo negro
diferente”, um feminismo negro coletivizado, identificado não apenas com as lutas,
mas, sobretudo, com os saberes. Ele não busca se colocar em uma perspectiva
única, visto que é impossível colocar a luta de mulheres tão diversas em conceitos
únicos e totalizantes, já que nascem de visões de mundos diferentes. Arguedas,
afirma:
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Assim, ao falarmos de emergência étnica falamos do “surgimento” denovas identidades e sujeitos coletivos, antes inexistentes ouirreconhecíveis. Mas, para além disso, estamos frente a processos deemergência social e política de grupos tradicionalmente submetidos arelações de dominação (p. 75).
Nesse contexto, a história e os conhecimentos partem do quilombo, da
ancestralidade africana, das vivências e práticas coletivas e individuais, da
identidade racial e dos saberes tradicionais, e é, antes de tudo, a luta por
reconhecimento de novas identidades e de conhecimentos que historicamente foram
marginalizados. A tentativa de colocar todas as perspectivas de gênero em uma
mesma base faz das categorias de análises e das teorias algo modelador, e seus
produtos são a colonização das mentes, a dominação, a manutenção da supremacia
branca e europeia de onde saem os conhecimentos válidos para as ciências no
mundo. Pensar em metodologias que reconheçam, visualizem, valorizem outras
epistemologias, sejam elas vindas de outras regiões ou grupos, faz com que se
busque um novo caminho para as ciências sociais.
Os exemplos das mulheres de Conceição acima apresentado, onde bonecas
ganham vidas, contam histórias e constroem identidades, nos oferecem elementos
para pensar os conhecimentos compreendendo que existem outros caminhos para
se elaborar conhecimentos. Entender que estes são também ciência não nega a
grande contribuição que os espaços institucionais deram e continuam dando na
formulação de um pensamento sobre os “mundos”. A compreensão de diversas
fonte de conhecimento pode acontecer sem negar ou subalternizar ainda mais os
sujeitos que durante séculos só foram e ainda são os objetos da pesquisa, porém,
sem voz, sem corpo e sem mentes, já que os estudos e as análises negaram,
ocultaram e silenciaram seus rostos, corpos, vozes e saberes. “Como foi negada às
mulheres negras a autoridade de desafiar essas definições, esse modelo consiste de
imagens que definem as mulheres negras como um outro negativo, a antítese virtual
da imagem positiva dos homens brancos” (COLLINS, 2016). Tais posturas e
metodologias não são casuais, ao contrário, são programadas com metas
estabelecidas. Uma dessas metas é a dominação física e simbólica.
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As violências sofridas pelas mulheres, sejam elas físicas ou simbólicas, são
demonstrações desse cenário de silenciamento, dessa ocultação de vozes e corpos,
desse estranhamento às vidas e pessoas que resistem e existem contrariando os
comandos do poder colonizador, mesmo que ainda ignorados pelas próprias
ciências. A hierarquização do masculino sobre o feminino tem imposto um peso
adicional nas vidas de milhares de mulheres, principalmente as mulheres negras e
que em muitos casos tem pagado com suas próprias vidas. As mulheres quilombolas
continuarem lutando para existir, falar e pertencer aos espaços conquistados pelas
suas ancestralidades e dos quais elas são pricipais guardiãs.
3. Conclusão
Concluo esse texto com uma certeza que é da sua incompletude. Os temas
construção de conhecimentos, epistemologias e as cosmologias relacionadas às
populações tradicionais e, de forma particular, as mulheres quilombolas são temas
sempre muito complexos, principalmente quando falamos do outro lado, do lado das
vozes silenciadas. Portanto, esse texto é apenas um ensaio, uma provocação para
continuar aprofundando esse debate, sem com isso negar o que já foi dito ou escrito,
mas para refletir sobre esses temas a partir de outra perspectiva e olhar.
Como anunciado no início do texto, não respondi aos questionamentos e
indagações feitas, mas sim, trouxe para campo epistemológico questões importantes
que podem nos oferecer chaves para prosseguir falando sobre/com outras lentes
teóricas sobre temas vivos.
Referências
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