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    3 Colquio Portugus Europeu e Portugus Brasileiro Unidade e Diversidade na Passagem do Milnio, Faculdade deLetras, Universidade de Lisboa, 23 a 26 de Setembro de 2002

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    Tema e estrutura temtica em PE e PB: um estudo contrastivo das tradues portuguesa e brasileirade um original ingls

    Carlos A. M. Gouveia & Leila Barbara(FLUL/CEAUL, Portugal) (PUCSP, Brasil)

    DIRECT Papers 482003

    ISSN 1413-442x

    Publicado porLAEL, Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, Brasil, e

    AELSU, University of Liverpool, United Kingdom.

    http://lael.pucsp.br/direct

    1. IntroduoPartindo dos pressupostos de que diferentes modos de dizer implicam diferentes modos de significar e de

    que os diferentes modos de dizer so culturalmente determinados (vd.Cloran, Butt &. Williams 1996), temoscomo objectivo do presente estudo indagar das diferenas de comportamento entre o Portugus Brasileiro(PB) e o Portugus Europeu (PE), na sua manifestao em dois fragmentos textuais que se apresentam comotextos paralelos relativamente ao original ingls que os motivou. O estudo pretende assim ser um contributopara a compreenso do funcionamento do sistema de organizao e de desenvolvimento de estruturastemticas em Portugus, em geral, e das duas variedades em questo, em particular.

    Os textos usados como corpusde anlise foram o primeiro captulo das tradues brasileira e portuguesado livro de J. K. Rowling, Harry Potter e o Prisioneiro de Ascaban. Como o objectivo da anlise no era o

    de comparar dois textos paralelos, isto , um original com a sua traduo, mas to s a comparao de doistextos autnomos cuja instanciao fora motivada por um outro texto, neste caso o original ingls, notivemos em considerao esse original. De facto, no procuramos neste nosso trabalho validar ou invalidartradues, mas to s comparar estratgias discursivas de estruturao textual, ao nvel da organizao eprogresso temticas, nas duas variedades do portugus referidas: PB e PE.

    Para a anlise dos dados, segmentados em oraes, foram usadas as categorias temticas propostas noquadro da Gramtica Sistmico-funcional (Halliday 1994, Hasan & Fries 1995, Matthiessen 1995 eGhadessy 1995), com as necessrias alteraes motivadas pela lngua portuguesa (vd.Gouveia & Barbara,2001; Barbara & Gouveia, 2001). Associadas aos temas oracionais em questo, foram consideradascategorias gramaticais e categorias lxico-semnticas.

    Com vista aos objectivos acima enunciados, e finda esta nota introdutria, passaremos a fazer, na secoseguinte, a segunda, uma breve descrio do quadro terico em que nos movimentamos, apresentando as

    noes e as categorias temticas, gramaticais e lxico-semnticas, que foram por ns consideradas para aimplementao da metodologia. De seguida, na terceira seco, dedicada metodologia, procedemos descrio dos dados e dos critrios da sua constituio, assim como pormenorizao dos procedimentos edas categorias de anlise. Na seco seguinte, a quarta, apresentamos os resultados, por meio da descrio ediscusso dos aspectos mais relevantes deles decorrentes. Finalmente, na ltima seco, a quinta, algunscomentrios sero esboados.

    2. Quadro tericoA Gramtica Sistmico-Funcional (GSF) um modelo de descrio gramatical que olha para as

    gramticas das lnguas em termos de uso, com vista criao de uma gramtica geral para efeitos de anlisee interpretao textuais, a partir da considerao de duas perguntas fundamentais que motivam ainvestigao: como que as pessoas usam a linguagem? (ou, o que que as pessoas fazem com alinguagem?) e como que a linguagem estruturada para o uso?

    Para a GSF, a gramtica modelada, constrangida pelo modo como vivemos as nossas vidas, comointeragimos com os outros, como reflectimos e (re)criamos o sentido da nossa existncia, ao mesmo tempo

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    que desempenha um papel significativo, tambm de constrangimento, em todos esses aspectos e processos(Martin, Matthiessen & Painter 1997).

    Dito de uma outra forma, a GSF socialmente orientada e encara as lnguas como redes de opes inter-relacionadas, um recurso para a expresso de significados, em que cada sistema na rede representa umaescolha, isto , um conjunto de alternativas possveis, no uma deciso consciente tomada em tempo real (cf.Halliday 1994: XIV, XXVI).

    Na GSF, o significado de uma frase/orao equacionado em termos da sua funo, i. e., daquilo que

    suposto fazer enquanto unidade de comunicao. As funes das frases so realizadas por diferentesfraseados, os quais so determinados pelos usos a que sujeitamos a linguagem, a partir de trs funesbsicas que, sumariamente, apresentamos no quadro1.

    Em GSF, e considerada a funo textual em particular, o tema pode ser identificado como o elementoque surge em primeiro lugar na orao, quando esta cumpre a funo de mensagem. Todavia, no este omodo como o tema definido. A definio funcional, tal como acontece com todos os elementos nainterpretao da estrutura gramatical. Ou seja, o tema um elemento numa configurao estrutural particular,que, tomado como um todo, organiza a orao como mensagem, isto , como a configurao tema + Rema.Em tal configurao, o tema o ponto de partida para a mensagem; aquilo sobre o que a mensagem vai ser.Quer isto dizer que parte do significado de qualquer orao est na escolha do elemento que funciona comotema (Halliday 1994).

    FUNO DEFINIO(tipo de significado)

    ESTATUTO DA ORAO

    Ideacional construir um modelo daexperincia

    orao como representao

    Interpessoal representar/estabelecer relaessociais

    orao como troca/interaco

    Textual criar relevncia ao contexto orao como mensagemQuadro 1: relao entre funes e oraes em GSF

    Dependendo da sua realizao, o tema pode ser simples, complexo ou mltiplo, marcado ou no marcadoe pode ainda realizar-se em estruturas temticas particulares, como os equativos temticos (ex.: Parte do

    significado de qualquer orao est na escolha do elemento que funciona como tema), os temas predicados

    (ex.: na escolha do elemento que funciona como tema que est parte do significado de qualquer orao)e os comentrios tematizados (ex.: fundamental escolher bem o elemento que funciona como tema).

    Na anlise efectuada, estas propriedades dos temas foram consideradas e agrupadas sob a designao decategorias gramaticais, considerando ns ainda um outro tipo de categorias, neste caso lxico-semnticas,pensadas em funo das unidades/entidades textuais que realizam as categorias temticas gramaticais:participante textual (Harry, Ron, Errol, etc.) como tema, elementos abstractos como tema, processo/eventocomo tema, localizao temporal como tema, localizao espacial como tema, etc.).

    3. MetodologiaComo j tivemos oportunidade de explicitar, o corpusde anlise constitudo pelo primeiro captulo das

    tradues brasileira e portuguesa do livro de J. K. Rowling, Harry Potter e o Prisioneiro de Ascaban. Asrazes para a seleco deste texto em detrimentos de outros tm fundamentalmente a ver com o facto de se

    tratar de um texto relativamente recente, condio por ns considerada fundamental, e de ser tambm umxito editorial com tradues em mltiplos pases, incluindo Brasil e Portugal, como era do nossoconhecimento, e por, no caso do texto brasileiro, termos tido acesso directo verso informtica do mesmo.

    Por outro lado, como do conhecimento geral, os livros da srie Harry Potter so destinados a umpblico juvenil, pelo que, em termos de registo, a linguagem pouco sofisticada, entre o informal, natural eexpontneo e a escrita formal, caractersticas por ns consideradas relevantes para o trabalho. Alm disso, olivro, exemplo do gnero narrativo, contm outros gneros, nomeadamente o epistolar, com linguagemsupostamente infanto-juvenil, apresentando, portanto, uma certa diversidade que convinha ter emconsiderao (sobre gnero e registo, vdBiber 1996, Martin & Eggins 1997).

    A escolha do primeiro captulo decorreu fundamentalmente da necessidade de reduo do corpus, pordemasiado longo, tendo ns considerado que apenas um captulo, e obviamente o primeiro, por se tratar docaptulo de introduo dos temas fundamentais do texto, se configurava suficiente para os objectivos donosso trabalho. Por outro lado, um corpus relativamente pequeno apresentava a vantagem de poder seranalisado com alguma celeridade, j que no dispomos de corpus etiquetados para a anlise de tema. Na

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    verdade, e por isso mesmo, para este trabalho nenhum instrumento computacional foi usadosistematicamente

    Outra razo fundamental para a escolha deste captulo decorre do facto de o mesmo no pressupor nadaem termos de organizao textual e da construo discursiva da narrativa, j que se trata do captulo em queso introduzidas as personagens principais.

    Com vista realizao do trabalho, ambos os textos foram segmentados nas suas oraes constituintes.Nessa segmentao, foram apenas consideradas as chamadas oraes de primeiro nvel, isto , foram

    descuradas as oraes encaixadas, ou de segundo nvel. Tais oraes, sendo de um nvel encaixado,desempenham funes nas oraes de primeiro nvel, no se distinguindo, portanto, em termos funcionais,dos outros elementos constituintes das oraes de que fazem parte, pelo que a sua anlise em termostemticos no se apresenta relevante. No total, e para textos que tm 4.075 e 3.700 palavras,respectivamente, foram identificadas e segmentadas 422 oraes no texto em PB e 414 no texto em PE,como registado no quadro 2.

    As oraes de primeiro nvel identificadas foram depois classificadas em independentes - casoformassem por si s uma frase (simples) ou perodo -, em primrias - caso fossem oraes iniciadoras de umcomplexo oracional, isto , de uma frase complexa ou perodo composto -, e secundrias - caso fossemoraes continuadoras ou dependentes de uma orao primria ou de uma outra secundria.

    PB PE

    N Palavras 4.075 3.700

    N de palavras diferentes 1.361 1.275

    N de oraes 422 414Quadro 2: Palavras e oraes nos textos em PB e PE

    Neste ltimo caso, das oraes secundrias, foram encontrados nexos de oraes que envolviam umaorao primria e at seis oraes secundrias. Para cada uma das variedades, PB e PE, respectivamente,foram encontradas 93 e 99 oraes independentes e 329 e 315 em complexos oracionais.

    PB PE

    Oraes independentes 93 99

    Oraes primrias 121 115

    Oraes secundrias 208 200

    TOTAL 422 414

    Quadro 3: Tipos de orao em PB e PE

    Identificadas e classificadas as oraes, procedemos de seguida identificao e classificao dos temasdas mesmas, em termos de simples, mltiplos, marcados e no-marcados, identificando ainda os casos deequivalentes temticos. Nos casos dos temas simples no-marcados, isto , daqueles que coincidem com oSujeito da orao, procedemos depois inventariao e anlise das suas realizaes, em termos de NomePrprio, Pronome, Pronome Zero, Grupo Nominal.

    No que diz respeito aos temas marcados, a classificao foi efectuada atendendo s caractersticas do

    elemento em posio temtica. Assim, distinguimos genericamente entre temas verbais e temascircunstanciais e, dentro destes, entre temas circunstanciais de localizao temporal, de localizao espacial,de modo, de causa, de acompanhamento e de matria. Identificmos e classificmos ainda uma categoriaconstituda por temas realizados por um pronome interrogativo. Por razes de economia, porm, noaprofundaremos aqui a anlise dos temas marcados.4. Descrio dos resultados

    Da comparao das escolhas temticas entre PB e PE, por tipo de orao, verificamos que a maior partedas diferenas existentes entre os dois textos resultam de escolhas diferentes ao nvel gramatical e nonecessariamente ao nvel lxico-semntico: por exemplo, a opo por um tema mltiplo num caso e por umtema simples no outro e vice-versa, ou a opo, num caso, por um tema mltiplo com um tipo de estruturaque no igual estrutura do tema mltiplo do outro caso. Por norma, essas diferenas no denotammudanas ao nvel dos significados ideacionais, pelo que no resultam, necessariamente, em representaes

    dspares, nem reflectem modos alternativos de lexico-gramaticalmente representar a realidade. Alis,analisadas tais diferenas, podemos com alguma segurana afirmar que as mesmas so motivadasfundamentalmente por razes estilsticas, isto , por aplicao de estratgias diversas de traduo a um

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    mesmo texto, como se pode verificar pelos exemplos que de seguida apresentamos, a propsito daquantificao das diferenas para cada um dos tipos de orao.

    Se comearmos pelas oraes independentes, por exemplo, verificamos que de 93 oraes independentesexistentes no texto em PB, 13 tm tipos de temas diferentes dos das equivalentes no texto em PE. Este tipode diferena pode ser exemplificado pelo par em 1), em que em PB temos um tema mltiplo, textual einterpessoal, e em PE temos um tema mltiplo de cariz apenas textual.

    1) PB:E, por acaso, ele tambm era bruxo.PE:Alm disso, Harry Potter era um feiticeiro.

    Passando para as oraes primrias de complexos oracionais, das 121 oraes existentes no texto em PB,17 tm tipos de temas diferentes das equivalentes em PE, como demonstrado pelo exemplo em 2), em queem PB temos um tema mltiplo, textual, e em PE temos um tema simples:

    2) PB:Com isso, Harry no ouvira uma nica palavra de nenhumdos seus amigos de bruxaria durante cinco longassemanas

    PE:Harry, portanto, j no tinha notcias de nenhum amigoou amiga mgicos havia cinco longas semanas

    Por fim, se consideramos as oraes secundrias de complexos oracionais, recordando que neste casoestamos a falar de oraes continuadoras ou dependentes de uma orao primria ou de uma outrasecundria, verificamos que, das 208 oraes identificadas no texto em PB, apenas 25 tm tipos de temasdiferentes dos das equivalentes do texto em PE, de que 3) um exemplo:

    3) PB:e, em seguida, levou a coruja para a gaiola de Edwiges.PE:e levou Errol para a gaiola da Hedwig.

    Os valores diferenciais aqui registados so proporcionalmente semelhantes em cada um dos tipos deoraes, como, alis, acontece com os valores de variao ou transferncia entre cada tipo de orao: ou seja,os totais de oraes que num texto so independentes e no outro so primrias, e o que num texto sosecundrias e no outro so secundrias de uma outra ordem, e vice-versa, so muito semelhantes em termosde proporcionalidade. Porm, se considerarmos os temas marcados, isto , os temas que, gramaticalmente,no correspondem ao sujeito da orao, verificamos alguma desproporo entre as suas realizaes num enoutro texto, na sua relao com os tipos de oraes.

    De facto, e apesar de se notar uma correspondncia entre os temas marcados que em PB ocorrem emoraes independentes (14) e em oraes primrias (9) e os temas que ocorrem nas mesmas oraes em PE,que so tambm marcados (com excepo de um deles, que em PE no-marcado), quando olhamos ostemas marcados das oraes secundrias verificamos que no existe uma correspondncia entre os doistextos: metade dos temas marcados em PB neste tipo de oraes so no-marcados em PE, o que indicia queas diferenas entre os dois textos, em termos de estrutura temtica decorrem fundamentalmente de escolhasoperadas ao nvel das relaes lgico-semnticas e dependenciais entre oraes no interior dos complexos

    oracionais. Esta diferena decorre de uma maior tendncia no texto em PB para integrar circunstnciastemporais em posio temtica, ao contrrio do que aocntece no texto em PE, em que normalmente amera sequencializao das aces dispensa o elemento temporal (cf. exemplo 3 acima).

    Apenas por curiosidade, e a propsito de complexos oracionais, refira-se que apesar de ter menos oraesno total (414 contra 422) e menos em complexos oracionais (315 contra 329), o texto em PE tem, porm, ummaior nmero de complexos oracionais com mais de 4 oraes do que o texto em PB (33 contra 30).

    Vejamos agora alguns dados de anlise mais concretos, procedendo apreciao das realizaestemticas da categoria lxico-semntica Harry Potter, denotadora da personagem principal dos dois textos.Em PB, esta categoria tema em 158 oraes e, em PE, em 148, o que representa 37,44 % e 35,74 %,respectivamente, das possibilidades de realizao temtica. A forte presena de Harry como elementotemtico deve-se obviamente ao facto de o mesmo ser o tpico do discurso. Mesmo a introduo de algunstemas animados, humanos e no-humanos (as corujas e um livro com caractersticas animadas), que

    assumem temporariamente posies temticas e recorrem em fragmentos textuais perfeitamente delimitados, feita em funo do tema principal que Harry.

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    As ocorrncias do protagonista em posio temtica surgem em ambos os textos sob formas diversas e,aqui sim, registam-se algumas diferenas entre os dois textos que merecem alguma ateno. Vejamos oseguinte exemplo, que diz respeito ao primeiro pargrafo do texto:

    PB PE

    Harry Potter era um menino muito forado comum em muitas coisas.

    Harry Potter era um rapazinho muitopouco vulgar.

    Para comear, eledetestava as frias devero mais do que qualquer outra pocado ano.

    Por um lado, a poca do ano que maisdetestava era a das frias de Vero.

    Depois, elerealmente queria fazer seusdeveres de casa

    Por outro, queria muito fazer ostrabalhos de casa,

    mas era obrigado a faz-losescondido, na calada da noite.

    mas via-se obrigado a faz-los sescondidas, na calada da noite.

    E, por acaso, eletambm era bruxo.Alm disso, Harry Potterera umfeiticeiro.

    Era quase meia-noite Era quase meia-noitee Harry estava deitado de bruos nacama, as cobertas puxadas por cima dacabea como uma barraca, uma lanterna

    em uma das mos e um grande livroencadernado em couro (Uma histria damagia de Bathilda Bagshot), aberto eapoiado no travesseiro.

    e eleestava deitado de costas, na cama,com os cobertores a taparem-lheformando uma espcie de tenda, uma

    lmpada na mo e um enorme livro comencadernao de cabedal (A Histria daMagia, de Adalbert Waffling) apoiadocontra a almofada.

    Quadro 4: Harry como tema no primeiro pargrafo de cada um dos textosPor este excerto, podemos ver que Harry surge no livro em posio temtica (e no s) sob a forma de

    nome prprio,Harry/Harry Potter, sob a forma de pronome de 3 pessoa do singular masculino, ele, ou sob aforma de pronome zero. Para alm disso, surge ainda em PB sob a forma de um grupo nominalsuperordenado, o menino/ o garoto, ou, num outro fragmento textual, englobado num grupo nominalequivalente ao pronome de 1 pessoa do plural, no caso a gente, apenas com uma ocorrncia. Os valores deocorrncia de cada uma destas possibilidades de categorizao lxico-semntica do tema Harry Potter emcada um dos textos so os constantes do quadro 5:

    P B P E

    N % N %

    Harry/Harry Potter 42 26,58 41 27,70

    Pronome 18 11,39 7 4,72

    Zero 90 56,96 100 67,56

    Grupo Nominal 7 4,43 0 0

    Harry et al. 1 0,63 0 0

    TOTAL 158 100 148 100

    Quadro 5: Totais da categoria lxico-semntica Harry Potterem posio temtica

    Vejamos cada uma destas realizaes em pormenor, comparando as suas ocorrncias nos dois textos,partindo primeiro do texto em PB para o texto em PE e, depois, deste para aquele. Comecemos com asrealizaes Harry/Harry Potter em PB e as suas correspondncias em PE, considerando, tambm, osdiferentes tipos de oraes em que ocorrem:

    Harry comoHarryA que em PBcorresponde em PE

    12 Ind. 24 Pri. 6 Sec. 42

    Harry 10 Ind.1 Pri.

    1 Ind.19 Pri.

    3 Sec. 34

    Pronome 1 Sec. 1

    Zero 2 Pri.1 Sec.

    1 Sec. 4

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    Parte de H. 1 Ind. 1

    Diferente tema 1 Sec. 1

    Sem oraoCorrespondente

    1 1

    Quadro 6: Realizao de tema Harry como Harry/Harry Potter

    em PB e seus correspondentes em PE

    A correspondncia PB-PE no que diz respeito ocorrncia Harry do tema Harry Potter parece fortementerelacionada (34 para 42), embora a 4 dessas 42 ocorrncias de Harry em PB correspondam em PErealizaes zero, do tipo do exemplo em 4), com realizao em oraes primrias:

    4) PB:Harry ficou muito quieto,PE:Ficou muito quieto,

    Se considerarmos a correspondncia inversa, isto , se o ponto de partida for o texto em PE, a relaotambm fortemente relacionada (33 para 41):

    Harry comoHarryA que em PEcorresponde em PB

    13 Ind. 24 Pri. 4 Sec. 41

    Harry 9 Ind.1 Pri.

    1 Ind.19 Pri.

    3 Sec. 33

    Pronome 1 Ind. 1 Pri. 2

    Zero 1 Sec. 1

    Grupo Nominal 1 Ind. 2 Pri. 3

    Parte de Harry 1 Ind. 1

    Diferente tema 1 Pri. 1

    Quadro 7: Realizao de tema Harry como Harry/Harry Potter em PEe seus correspondentes em PB

    A diferena neste caso dada pela correspondncia de 3 ocorrncias de Harry a ocorrncias de GrupoNominal.

    Repare-se como os totais dos dois quadros so muito semelhantes, sendo a variao dada apenas pelarealizao pronome zero em PE e pela realizao Grupo Nominal em PB.

    A realizao do tema Harry num Grupo Nominal exclusiva do texto brasileiro, no encontrandocorrespondncia no texto portugus (e no existe no original ingls). Ou seja, nas oraes de PE

    correspondentes s oraes que em PB usam as realizaes o menino/ o garoto, o que temos so asrealizaes Harry (3 ocorrncias), pronome (1 ocorrncia) e zero (3 ocorrncias):

    Harry como GrupoA que Nominal em PBCorresponde em PE

    1 Ind. 5 Pri. 1 Sec. 7

    Harry 1 Ind. 2 Pri. 3

    Pronome 1 Sec. 1

    Zero 2 Pri.1 Sec.

    3

    Grupo Nominal 0 0 0 0

    Quadro 8: Realizao de tema Harry como Grupo Nominal em PBe seus correspondentes em PE

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    A realizao do tema Harry nas formas nominais o menino/o garotoparece-nos importante em termos deestrutura temtica, em virtude da forte dimenso ideacional associada a tais formas, como se pode comprovarpela mera observao de dois exemplos textuais: o primeiro, a que forma o menino de PB correspondeHarryem PE e, o segundo, a que mesma forma em PB corresponde em PE o pronome ele:

    PB PEQuando Harry acabou de alivi-la de sua

    carga,Mal Harry lhe retirou o correio

    ela sacudiu as penas, cheia de si, ela abanou as penas com ar importante,abriu as asas esticou-ase saiu voando pelo cu noturno. e voou em direco janela,

    atravessando a noite.O meninosentou-se na cama Harry sentou-se na cama,e apanhou o pacote de Errol, pegou no embrulho da Errol,rasgou o papel pardo rasgou o papel castanho

    e encontrou um presente embrulhado emouro, e o primeiro carto de aniversrio desua vida.

    e descobriu l dentro um presenteembrulhado em papel dourado com oseu primeiro carto de parabns.

    Quadro 9: Exemplo de progresso de Harry como tema em cada um dos textose da relao Grupo Nominal-Harry

    PB PE

    Harry tomava muito cuidadoHarry tentava ao mximo evitarproblemas com os tios,

    para evitar problemas com seus tios nomomento,pois eles j estavam bastante mal-humorados com o sobrinho,

    que j estavam bastante aborrecidos

    s porque o meninorecebera umtelefonema de um coleguinha bruxo umasemana depois de entrar em frias.

    por eleter recebido uma chamadatelefnica de um colega feiticeiro, umasemana depois do incio das frias de

    Vero.Quadro 10: Exemplo de progresso de Harry como temaem cada um dos textos e da relao Grupo Nominal-Pronome

    Vejamos agora a realizao sob a forma de um pronome, em cada um dos textos, mais uma vezcomeando com a sua realizao em PB e verificando as suas correspondncias em PE:

    Harry como PronomeA que em PBcorresponde em PE

    5 Ind. 7 Pri. 6 Sec. 18

    Harry 1 Ind. 1 Pri. 2

    Pronome 1 Ind. 1 Pri.

    3 Sec.

    5

    Zero 1 Ind.1 Pri.

    6 Pri. 2 Sec. 10

    Diferente tema 1 Ind. 1

    Quadro 11: Realizao de tema Harry como pronome em PBe seus correspondentes em PE

    Como se pode verificar pelo quadro, a realizao do tema Harry como pronome, no sendo exclusiva dotexto em PB, como acontece com a realizao Grupo Nominal, ainda assim determinante nesse texto,sobretudo considerando que se realiza 18 vezes e que, dessas 18, apenas 5 correspondem a realizaespronominais no texto em PE. Ou seja, a correspondncia PB-PE, em termos de realizao pronominal dotema Harry, no simtrica e est fracamente relacionada.

    O quadro mostra claramente que a tendncia em PE para a realizao pronome zero, em detrimento darealizao pronominal de 3 pessoa do singular masculino. Alis, essa tendncia confirmada quandoanalisamos a relao inversa, isto , quando consideramos as realizaes pronominais em PE e verificamosas suas correspondncias em PB:

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    Harry como pronome

    A que em PEcorresponde em PB

    1 Ind. 1 Pri. 5 Sec. 7

    Harry 1 Sec. 1

    Pronome 1 Ind. 1 Sec. 3 Sec. 5

    Grupo Nominal 1 Sec. 1

    Quadro 12: Realizao de tema Harry como pronome em PEe seus correspondentes em PB

    Repare-se como, estranhamente, o tema Harry apenas se realiza pronominalmente em PE 7 vezes (contra18 em PB). Neste caso, de PE para PB, a correspondncia quase equivalente, logo fortemente relacionada,visto que s 7 realizaes pronominais em PE correspondem 5 em PB.

    De realar o facto de nenhuma das ocorrncias de pronome no texto em PE corresponder a ocorrnciaszero no texto em PB (relao 0 para 7), ao contrrio de o que acontece na correspondncia inversa, de PBpara PE, em que temos uma relao de 10 para 18.

    Da anlise dos resultados at agora apresentados, podemos concluir que: i)as correspondncias entre osdois textos que so fortemente relacionadas so fundamentalmente as que dizem respeito categoria NomePrprio, isto , os dois textos tm comportamentos muito semelhantes quanto utilizao dessa categoria; ii)as correspondncias entre os dois textos que so fracamente relacionadas so fundamentalmente as quedizem respeito categoria Pronome e Grupo Nominal, isto , os dois textos tm comportamentos diversosquanto utilizao dessas categorias, com a categoria Grupo Nominal a apresentar, alis, uma total ausnciade relao, uma vez que s existe em PB; iii)por fim, o texto em PB faz um maior uso do pronome ele, aopasso que o texto em PE faz um maior uso de pronome zero.

    A apreciao das realizaes da categoria lxico-semntica Harry Potter no fica, porm, completa semanalisarmos a realizao desse mesmo pronome zero em ambos os textos. Vejamos, por isso, a realizaozero em PB e a sua correspondncia em PE:

    Harry como ZeroA que em PBcorresponde em PE

    4 Ind. 15 Pri. 71 Sec. 90

    Harry 1 Sec. 1

    Pronome 0

    Zero 3 Ind. 1 Ind.12 Pri.

    1 Pri.60 Sec.

    77

    Diferente tema 1 Ind. 1 Ind.1 Pri.

    1 Sec. 4

    Sem oraocorrespondente 8 8

    Quadro 13: Realizao de tema Harry como Zero em PBe seus correspondentes em PE

    A correspondncia PB-PE no que diz respeito ocorrncia zero do tema Harry Potter parece serfortemente relacionada, apresentando uma quase directa correspondncia (77 para 90), que tornada maisbvia se descontarmos as 8 oraes que no existem em PE e as 4 que tm um tema diferente.

    Em PB, pronome zero ocorre maioritariamente em oraes secundrias (71 contra 19 Independentes ePrimrias).

    Comparado este quadro com o seu reverso, verificamos que:

    Harry como ZeroA que em PEcorresponde em PB

    5 Ind. 26 Pri. 69 Sec. 100

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    3 Colquio Portugus Europeu e Portugus Brasileiro Unidade e Diversidade na Passagem do Milnio, Faculdade deLetras, Universidade de Lisboa, 23 a 26 de Setembro de 2002

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    Harry 3 Ind.1 Pri.

    2 Pri. 1 Pri.1 Sec.

    8

    Pronome 1 Ind. 6 Pri.1 Ind.

    2 Sec. 10

    Zero 12 Pri.1 Sec.

    60 Sec. 73

    Grupo Nominal 2 Pri. 1 Pri. 3

    Diferente tema 2 Ind. 2 Sec. 4

    Sem oraocorrespondente

    2 2

    Quadro 14: Realizao de tema Harry como Zero em PE e seus correspondentes em PB

    Neste caso, a correspondncia no to fortemente relacionada (73 para 100). Ao contrrio do queacontece na relao PB-PE, aqui, na relao PE-PB, temos uma correspondncia fracamente relacionada nasoraes primrias com pronome zero (das 26 em PE apenas 13 encontram correspondncia em PB). Arelao PE-PB, neste caso, mais directa nas oraes secundrias, o que denota que a elipse referencial(Mateus et alii 1989, Barbara & Gouveia 2001) fundamentalmente um fenmeno de motivao gramatical

    no caso do texto em PB, ao passo que no texto em PE ela tambm (e fortemente) de motivao textual, seconsideramos que quase um tero das realizaes zero se verifica em oraes independentes e primrias (31realizaes contra 69 em secundrias).

    Na prtica, o que pretendemos dizer que descontadas as motivaes estruturais para a realizao dopronome zero (fundamentalmente em oraes secundrias), verificamos que a diferena entre os dois textos,e provavelmente entre as duas variedades, se joga no quadro do sistema da coeso textual, na sua relaocom o gnero discursivo em causa. De facto, encarados estes fenmenos do ponto de vista da coeso,podemos com alguma legitimidade afirmar que mais do que no texto em PB, em PE, os elos coesivos dereferncia interfrsica fazem-se abundantemente por elipse. Em PB, pelo contrrio, a referncia por elipseparece ser menos produtiva, razo talvez para a ocorrncia de um outro fenmeno de referncia, totalmenteausente do texto em PE, que, sendo gramatical, fundamentalmente de teor lexical: a referncia, ou melhordizendo, a reiterao lexical por hiperonmia.

    5. Comentrios finaisIndependentemente das suas qualidades e dos seus defeitos, cremos que este trabalho torna clara a

    vantagem de se proceder descrio lingustica de duas variedades de uma mesma lngua, tendo por objectode anlise dois textos que se apresentam como paralelos relativamente a um outro que os motivou.

    No que se refere aos resultados concretos a que chegmos, eles indicam que, de um ponto de vistaquantitativo, e apesar das diferenas no nmero de oraes em ambos os textos e na extenso e estrutura doscomplexos oracionais, existe um elevado grau de correlao entre os temas dos dois textos, em termos dospadres temticos neles activados.

    Mas como tambm vimos, uma anlise de maior pendor qualitativo revela algumas diferenas narealizao das mesmas categorias lxico-semnticas nos temas dos dois textos.

    A diferena entre o texto brasileiro e o texto portugus no , portanto, a este nvel, meramente textual,

    ela tambm ideacional e parece ser motivada por diferentes sistemas de escolha nas tambm diferentesredes de opes inter-relacionadas para que as duas variedades do portugus parecemcaminhar, pelo menosno que diz respeito instanciao lxico-semntica de estruturas temticas semelhantes. Ou seja, longe deserem o reflexo da mera aplicao de estratgias diversas de traduo a um mesmo texto, os resultados daanlise qualitativa parecem indiciar motivaes sociais, culturais e lingusticas distintas por parte dos doisprodutores dos textos em questo, na activao dos fenmenos de tematizao e, consequentemente, dosistema da coeso. A tais motivaes no so de todo alheias questes relativas ao gnero discursivo emcausa, narrativo, assim como questes relativas ao registo do texto, sobretudo no que diz respeito s variveiscampo e modo (vd.Martin & Eggins 1997).

    Mas longe de querer afirmar que as duas variedades do portugus caminham na mesma direco, ou que,ao invs, comeam a divergir (Roberts & Kato 1993), este nosso trabalho, no presente contexto deapresentao, onde, aparentemente, se revelar ele prprio um pouco descontextualizado, pretende apenaschamar a ateno para a variabilidade do uso da linguagem, na sua relao com os diferentes gneros queenformam e informam tal uso, assim como para a necessidade de se pensar mais o sistema em funo dessamesma variabilidade, pois o que, na descrio de um sistema, pode ser vlido para um contexto (gnero +

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    3 Colquio Portugus Europeu e Portugus Brasileiro Unidade e Diversidade na Passagem do Milnio, Faculdade deLetras, Universidade de Lisboa, 23 a 26 de Setembro de 2002

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    registo + texto), no necessariamente vlido, na mesma descrio desse sistema, para outro contexto. Comona fsica, os eventos lingusticos no ocorrem de acordo com leis determinsticas mas de acordo com umconjunto de probabilidades em diferentes dimenses (Gouveia, 2002). Da que, apropriando-nos de Prigogine(1997: 7) e das suas formulaes sobre a nova cincia emergente, possamos dizer que entre a potencialidadee a realidade da linguagem, a descrio lingustica is no longer limited to idealized and simplified situationsbut reflects the complexity of the real world.

    RefernciasBARBARA, L. & C. A. M. GOUVEIA, 2001:It is not there, but [it] is cohesive: the case of pronominal ellipsis of

    subject in Portuguese. Paper Presented at the 13th Euro-International Systemic Functional LinguisticsWorkshop. University of Brest, July 2001.Direct Paper 46. S. Paulo: PUCSP.

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    Critical Discourse Analysis: Theory and Interdisciplinarity. London: Palgrave Macmillan.GOUVEIA, C. A. M. & L. BARBARA, 2001: Marked or unmarked that is NOT the question, the question is: Wheres

    the theme?. Paper Presented at the 12th Euro-International Systemic Functional Linguistics Workshop.University of Glasgow, 19-22 July 2000.Direct Paper 45. S. Paulo: PUCSP

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