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Atos e Epistolas Paulinas

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Básico em Teologia

ÍNDICE

Atos dos apóstolos...........................................................................................................................3

A literatura epistolar do Novo Testamento ...................................................................................15

Classificação das epístolas.............................................................................................................16

Primeiras epístolas.........................................................................................................................16

Epístolas da prisão.........................................................................................................................16

Ensaio sobre a vida de Paulo.........................................................................................................18

Epístola aos Romanos....................................................................................................................22

Síntese da teologia de Paulo..........................................................................................................25

Epístola aos Gálatas.......................................................................................................................29

Primeira Epístola aos Coríntios.....................................................................................................31

Segunda Epístola aos Coríntios.....................................................................................................35

Epístola aos Efésios.......................................................................................................................38

Epístola aos Filipenses...................................................................................................................41

Epístola aos Colocenses.................................................................................................................44

Primeira Epístola aos Tessalonicenses..........................................................................................48

Segunda Epístola aos Tessalonicenses..........................................................................................51

Carta A Filemom...........................................................................................................................53

Epístolas Pastorais.........................................................................................................................56

Primeira Epístola a Timóteo..........................................................................................................61

Epístola A Tito...............................................................................................................................69

Segunda Epístola a Timóteo..........................................................................................................75

Referencias bibliográficas..............................................................................................................79

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Atos e Epistolas Paulinas

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ATOS DOS APÓSTOLOS

Lucas inicia o livro de Atos do ponto onde deixou seu evangelho. Atos registra o

cumprimento inicial da grande comissão de Mateus 28.19-20, conforme delineia o princípio e o

crescimento da igreja. As últimas palavras de Cristo antes de sua ascensão foram tão

perfeitamente concretizadas no livro de Atos, que efetivamente esboçam seu conteúdo: “Ser-me-

eis testemunhas em Jerusalém (caps. 1 - 7), como em toda a Judéia e Samaria (caps. 8 – 12), e

até aos confins da terra (caps. 13 – 28)”, (1.8). Portanto, Atos traça a rápida expansão do

evangelho, começando em Jerusalém e difundindo-se por todo o Império Romano.

1. Autoria: De acordo com a tradição da igreja primitiva Lucas foi o autor do livro de

Atos. Assim sendo, Atos é a sequência do evangelho de Lucas.

As evidências internas do próprio livro confirmam a autoria Lucana. O livro tem início

com uma dedicatória a Teófilo, tal como sucede ao evangelho de Lucas ( At 1.1; Lc 1.1-3). O

uso frequente de termos médicos concorda com o fato de que Lucas era médico (Cl 4.14).

2. Data e local: Este livro foi escrito, provavelmente, em Roma por volta do ano 64 d.C.

3. Destino: O Livro de Atos, tal como o evangelho de Lucas, foi escrito para um oficial

romano de nome “Teófilo”, (1.1). Por conseguinte, o livro foi enviado a um membro da

aristocracia romana, que mui provavelmente residia em Roma.

4. Propósitos

4.1 – Embora existam quatro narrativas da vida de Jesus, este é o único livro que

dá seguimento à história, da Ascensão ao período das Epístolas do N.T. Portanto, Atos é

o elo histórico entre os evangelhos e as epístolas. Em virtude da forte ênfase de Lucas

sobre o ministério do Espírito Santo, este livro deve ser considerado de fato os Atos do

Espírito Santo de Cristo operando em e através dos apóstolos.

4.2 – Ênfase apologética. Mostrar que o cristianismo não é um ramo herético do

judaísmo, mas antes, uma elevação e melhoria do judaísmo, com raízes profundas no

mesmo, mas retendo apenas os elementos nobres e úteis, ficando rejeitados todos os seus

males, especialmente a apostasia para a qual havia decaído, como também o seu corpo

provincial.

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4.3 – Mostrar aos líderes romanos que o cristianismo não deveria ser temido e

perseguido, como ameaça ou movimento traiçoeiro ao estado romano. O cristianismo

merece confiança, apesar de ter se derivado do judaísmo.

4.4 – A intenção do autor de Atos é a de descrever a atividade de Deus, em Cristo,

orientada para a salvação da humanidade. Não pretende, contudo, constituir uma

descrição exaustiva de todos os acontecimentos que se deram no desenvolvimento da

Igreja primitiva.

4.5 - O propósito do evangelho de Lucas foi narrar a vida de Jesus, enquanto o

propósito central de Atos foi traçar o progresso do evangelho a partir de Jerusalém, onde

teve inicio o cristianismo, até Roma, a capital do império.

5. Chaves para Atos

5.1. Palavras-chaves: "Crescimento da Igreja".

5.2. Versículos-chave: (1.8; 2.42-47).

5.3. Capítulo-chave: (2). O capítulo dois de Atos registra um dos eventos mais

importante para a igreja, o derramamento do Espírito Santo no dia da festa de Pentecostes

cumprido as palavras de Jesus em 1.8. O Espírito Santo transformou um pequeno grupo

de pessoas na igreja do Senhor em uma igreja poderosa e militante divulgando a

mensagem do evangelho por todo o mundo.

6. O esboço desenvolvido em Atos:

I. ATOS 1-5 – A igreja primitiva em Jerusalém

1. O prefácio literário: 1.1-5

2. Narrativas preparatórias para o Pentecostes: 1.6-26

3. Pentecostes: cap. 2

4. Pregando o evangelho em Jerusalém: caps. 3 a 5

II. ATOS 6.1-13.33 – Os helenistas e o início da missão aos gentios

1. A escolha dos sete: 6.1-7

2. A história de Estêvão: 6.8-8.3

3. A missão em Samaria: 8.4-40

4. O interlúdio paulino: 9.1-31

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5. Pedro trabalha nas cidades costeiras: 9.32-11.18

6. Os helenistas chegam a Antioquia: 11.19-30

7. Término das narrativas em Jerusalém: cap. 12

8. A igreja de Antioquia envia os primeiros missionários à diáspora: 13.1-3

III. ATOS 13.4-15.30 – A primeira missão paulina e suas consequências

1. A primeira jornada missionária: 13.4-14.28

2. A conferência de Jerusalém: 15.1-35

IV. ATOS 15.36-21.16 – A missão grega de Paulo

1. A primeira missão paulina em território grego: 15.36-18.22

2. A segunda missão paulina em território grego: 18.23-21.16

V. ATOS 21.17-28.31 – A estrada para Roma

1. Em Jerusalém: 21.17-23.25

2. Em Cesaréia: 24.1-26.32

3. A viagem para Roma: 27.1-28.16

4. Paulo em Roma: 28.17-31

7. Peculiaridades de Atos:

7.1. A Questão literária: Atos e Lucas contêm a redação grega mais culta de todo

o Novo Testamento. Alguns eruditos têm afirmado que os discursos e sermões de

constantes em Atos são criações literárias improvisadas pelo próprio Lucas. Embora não

tenha transmitido necessariamente palavra por palavra, os discursos e sermões que

historiou, nos brinda com o cerne apurado do que fora dito.

7.2. O Material Histórico: Lucas se valeu de suas próprias memórias sempre que

possível. Tudo indica que ele foi registrando os acontecimentos em seu diário, à

proporção em que se desenrolavam. Certamente, obteve informações de Paulo e dos

cristãos de Jerusalém.

Também havia à disposição informes escritos, como o decreto do Concílio de

Jerusalém (veja Atos 15.23-29), e outros documentos relatando os primeiros eventos do

cristianismo em Jerusalém e vizinhança.

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7.3. Exatidão histórica do material: As descobertas arqueológicas têm

confirmado a exatidão histórica de Lucas. Por exemplo: sabe-se que o uso que Lucas fez

dos títulos de vários escalões de oficiais locais e governantes de províncias tais como:

procuradores, cônsules, pretores, politarcas, asiarcas, e outros se mostram corretos.

8. Restrições: Não se diz nada a respeito da expansão da igreja para o Sul e para o Leste

da Palestina se bem que deve ter havido cristãos no Egito e na Ásia. Havia crentes em Damasco

antes da conversão de Paulo, mas não nos é dada qualquer descrição do progresso da Igreja lá.

A principal narrativa de Atos se ocupa da missão que levou o evangelho para o Norte,

através de Antioquia para a Ásia Menor, e daí para a Macedônia, Acaia e Roma.

As razões prováveis dessa restrição é que o escritor estava bem relacionado com aquele

aspecto de expansão do cristianismo. O seu propósito era instruir o seu leitor na certeza do

evangelho. A continuidade deste evangelho desde Jesus por meio dos discípulos, até aquela hora

em que ele escrevia, precisava ser demonstrada.

9. O período cronológico abrangido: Vai desde a crucificação de Cristo, em cerca de

(29 d.C) até o fim da prisão de Paulo em Roma (60 d.C). Durante esse período inicial da Igreja,

ela fora denominada como: “O Caminho” (9.2) e “Seitas dos Nazareno” (24.5)

A pregação de Estevão deu origem a uma violenta reação da parte dos dirigentes judaicos

e a consequente dispersão dos discípulos forçou os religiosos a procurarem outros campos de

ação. Seguiu-se, então, a evangelização de Samaria, de Antioquia e do mundo gentílico em geral.

A missão dos gentios (11.9; 28.31) teve início a fundação da Igreja de Antioquia. Foi ali

que os discípulos foram chamados pela primeira vez de “cristãos”. Eram conhecidos como um

grupo independente que conservava uma nova qualidade de fé (11.26).

A Igreja de Antioquia tornou-se um centro de ensino e foi dela que saiu a primeira missão

aos gentios. Em Antioquia houve a batalha pela liberdade dos gentios, que veio posteriormente

culminar na decisão do concílio de Jerusalém.

10. O programa de Paulo:

O programa de Paulo descrito em Atos 15.35; 21.14 ilustra o desenvolvimento da Igreja.

A grande resposta a esse programa veio dos prosélitos gentios, dos pagãos e das igrejas que

Nota: O livro de Atos não é apenas uma história de dado período da Igreja, é um exemplo de explicação e administração de uma Igreja firmada sobre os princípios que o Espírito Santo ministra.

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surgiram no departamento provocado pela sua missão, que tinham membros tanto judeus como

gentios. Em várias ocasiões, Paulo declarou que estava voltado em sua mensagem para os

gentios (13.46), (18.6), (19.9-10), (21.19), (26.20-23) (28.29).

Outro episódio desse programa Paulino, é que a rejeição da mensagem pelos judeus

confirmou sua chamada como “apóstolo aos gentios” (26.16-28), acelerou o crescimento da

Igreja independente da sinagoga e fez com que fosse distinguido o judaísmo do cristianismo.

A relação do cristianismo com o governo romano descrita desde a sua origem até o tempo

em que Paulo foi ouvido em Roma. Visto que o escritor era amigo de Paulo e seu companheiro

na viagem para Roma, quando Lucas se esforça para provar ao leitor (Teófilo) que o cristianismo

não era nenhuma fonte de perigo político, e sim tratava de um movimento espiritual.

11. A Teologia de Atos dos Apóstolos

11.1 – A atuação de Deus. A História narrada no livro, que conta a expansão do

evangelho e da igreja, não é somente um relato histórico, mas é a apresentação das ações

de Deus que acompanham a sua intervenção na história humana. Isto vem desde o AT,

passando pelos evangelhos com Jesus Cristo até a época da igreja, através da atuação do

Espírito Santo. Os acontecimentos descritos são realizados de acordo com a vontade de

Deus (2.23; 4.27-29) e a vida da igreja é o resultado da direção de Deus (13.2; 15.28;

16.16).

11.2 – A Centralidade de Jesus. A ênfase nos diversos aspectos da obra de Jesus

Cristo em nosso favor, demonstram que Ele era o ponto central da proclamação antiga. A

ressurreição, a ascensão, a glorificação e a sua volta, como Senhor e Juiz (2.32-36; 3.20,

26; 17.29-31; 26.22-23), são declaradas e afirmadas como crença básica da igreja. Jesus

sempre foi e deve continuar sendo o centro da proclamação da verdadeira igreja.

11.3 – A Maneira da salvação. A Salvação somente pela fé, através da graça

divina, sem necessidade de cumprir antigos preceitos e requisitos da Lei Mosaica; esta foi

a conclusão a que os apóstolos chegaram no primeiro concílio da igreja (veja o cap. 15).

11.4 – A Igreja, o Povo de Deus. Foi vivida e proclamada a verdade de que a

Igreja é o novo povo de Deus, formado por pessoas de todas as nações, onde as barreiras

são eliminadas, já não há mais separação entre gentios e judeus, entre mulheres e homens,

pois todos são um em Cristo Jesus (cf. 10.1 – 11.18).

11.5 – Cristologia. O Salvador ressurreto é o tema central dos sermões e defesas

em Atos. As Escrituras do Antigo Testamento, a ressurreição histórica, o testemunho

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apostólico e o poder convincente do Espírito Santo, tudo testifica que Jesus é o Senhor e

o Cristo (cf. 2.22-36; 10.34-43). “Em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu

nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devemos ser salvos” (4.12).

12. A Importância de Atos.

12.1 – Em Atos dos Apóstolos, temos a história da igreja cristã antiga, indicando-

nos sua funcionalidade no cumprimento da missão estabelecida pelo Senhor.

12.2 – O papel e destaque do Espírito Santo deve ser por nós considerado, pois,

assim como ele atuou com criatividade no início da igreja cristã primitiva, se lhe

concedermos liberdade em nossas vidas e igrejas, a etapa da história da igreja que hoje

escrevemos será também marcada pela sua maravilhosa atuação.

12.3 – Atos dos Apóstolos é um livro que enfatiza a pregação, o ensino e

exposição da Palavra de Deus. Ele contém mais de vinte palestras, sendo a grande

maioria de Pedro e de Paulo, revelando-nos a importância que devemos dar a exposição

das Escrituras. Numa época em que as pessoas procuram mensagens segundo os seus

interesses, é imprescindível voltarmos à prática da pregação apostólica antiga.

12.4 – Atos dos Apóstolos é um livro que relata muitas perseguições, desde a

primeira, contra os apóstolos Pedro e João (cap. 4) até o aprisionamento de Paulo (cap.

21). Numa época em que as perseguições contra a igreja cristã ocidental não são tão

visíveis, devemos estar atentos, observando o exemplo dos primeiros cristãos, pois, a

qualquer momento, o ódio do mundo contra os cristãos pode se transformar em

perseguições contra a igreja, como já acontece em muitas regiões do mundo.

12.5 - Em Atos, encontramos o plano de Deus para a Igreja: pregar o evangelho

para todo o mundo; o poder do Espírito Santo para a Igreja capacitando-a para a

evangelização; a pessoa de Jesus Cristo para a Igreja como o centro da proclamação e o

seu Senhor.

A) O NASCIMENTO DA IGREJA

Embora os primórdios da Igreja retrocedem até antes da escolha dos doze, o pentecostes

assinala a data do nascimento da Igreja. A vinda do Espírito Santo foi o cumprimento da

Somente através do estudo do livro de Atos dos Apóstolos podemos nos certificar dos

detalhes da ação divina na origem e no desenvolvimento da Igreja.

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predição de João, (Lc 3.15-16) e da promessa de Jesus (Lc 24.49). Pedro afirmou ser o

cumprimento da profecia de Joel, (Joel 2.16-21) e a prova da ressurreição de Cristo (2.32-36).

Este acontecimento fundiu os crentes num grupo, dando lhes a unidade que antes não tinham e

deu-lhes a coragem para enfrentarem os perigos da perseguição, (2.4), (4.8-31), (6.8-15). "A

igreja nasceu no dia de Pentecostes quando o Espírito Santo foi derramado sobre o pequeno

grupo de discípulos de Jesus Cristo, constituindo os o núcleo do corpo de Cristo. Os discípulos

antes do Pentecostes devem ser considerados apenas o embrião da igreja. A igreja (Gr. ekklesia)

não é para ser vista apenas como uma comunhão humana, resultado de uma fé e experiência

religiosa comum. É isso, porém mais do que isso: é a criação de Deus através do Espírito Santo.

O Espírito veio primeiro aos crentes judeus, depois aos samaritanos e daí aos gentios, e

finalmente a um pequeno grupo de discípulos de João Batista. Essas quatro vindas do Espírito

Santo marcam os quatros passos estratégicos na extensão da igreja e ensinam que há uma só

igreja, na qual todos os convertidos, tanto judeus, samaritanos, gentios ou seguidores de João

Batista são batizados pelo mesmo Espírito" (Ladd p. 327).

A pregação, durante os tempos primitivos era centralizada na vida e na ressurreição de

Jesus. Os sermões de Pedro e Estevão que estão registrados eram de caráter apologético. Assim

sendo, a pregação apostólica era fortemente bíblica no seu conteúdo. As partes fundamentais

dessa pregação eram:

• A necessidade de crer no messias ressuscitado.

• O arrependimento individual e nacional.

• A recepção do Espírito Santo (2.38).

• A mensagem era acompanhada de doutrinação, de sorte que na pregação aumentava o

número de discípulos, mais estes ficavam unidos pelo conhecimento e pela ação comum

(2.42).

1. Organização de dirigentes.

A Igreja de Jerusalém não era um grupo altamente organizado, com propriedade e com

um forte sistema eclesiástico. Os apóstolos, devido sua funções de pregação e de ensino, eram os

responsáveis espirituais, não dando muita atenção às questões administrativas. Daí surgiram as

reclamações (6.1) sobre o fato das viúvas dos judeus helenistas serem negligenciadas na

distribuição do sustento diário. Por isso, os apóstolos sugeriram a nomeação de homens com

qualidade para administrarem essas atividades da Igreja, (6.5).

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2. O chamado “comunismo primitivo”

Esta espécie de comunismo praticado pela Igreja primitiva com redistribuição de bens

para benefícios dos pobres (2.45), (4.34-35) não foi feito com propósito de ser estabelecido como

sistema político ou religioso. Não há registro de que essa prática fosse mantida em outras Igrejas,

embora o auxílio aos pobres fosse uma prática geral. Na verdade, era um tratamento de

emergência dada a muitos pobres que havia na comunidade de Jerusalém.

3. A questão da realização dos cultos: Os cultos eram bem simples, realizavam-se tanto

no Templo como em casas particulares (2.46), onde havia ensino, acompanhado pelo partir do

pão e pela oração.

4. Os dirigentes do período primitivo: Pedro, Tiago e João.

4.1. João foi o menos proeminente, mencionado apenas como companheiro de

Pedro.

4.2. Pedro foi um pregador que dominava a cena. Fez o discurso de abertura no

dia de Pentecostes (2.14-36). Defendeu a posição dos crentes perante o Sinédrio, quando

ele e João foram acusados (4.5-8). A coragem e o poder espiritual de Pedro contrastavam

de forma tremenda com a fraqueza da sua negação.

4.3. Estevão foi um dos sete nomeados para o trabalho de administrar as

necessidades dos pobres da Igreja. Foi um bem sucedido apologista da Igreja primitiva,

poderoso em palavras e por causa da inveja e dureza de coração dos religiosos acabou

sofrendo logo cedo o martírio (7.1-53).

5. A primeira dispersão: Com a morte de Estevão, o movimento cristão centralizado em

Jerusalém, foi disperso pela Judéia e Samaria. Essa dispersão veio gerar vários trabalhos

missionários, alguns dos quais são descritos em (8.4-11.18).

Apesar disto, a igreja fortemente caracterizada pelo judaísmo, conservava algumas

observâncias da Lei (15.1; 21.17-26).

B. O EVANGELHO AOS GENTIOS

1. A pregação em Samaria

Dos sete que foram nomeados para administrarem as necessidades das viúvas da Igreja de

Jerusalém, dois se destacaram:

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Estevão: que se tornou um apologista;

Felipe: que se tornou um evangelista.

Expulso de Jerusalém, Felipe foi a Samaria, onde inaugurou uma campanha de pregação.

Samaria era habitada por uma população de ascendência mista.

1.1. A história de Samaria

Quando o reino do Norte (Israel) caiu perante os assírios em (722 a.C.), muitos

dos seus habitantes foram deportados para Assíria e substituídas por colonos de outras

terras. Desta mistura saíram afetados tanto o sangue como o culto judaico (II Rs 17.24-

33)

No tempo de Esdras e Neemias, Samaria conservava uma soberania separada (Ne

4.1-8) que se tornou rival do povo escolhido estabelecido na Judéia (4.20-22)

A tensão era tão forte entre judeus e samaritanos que os judeus tinham de viajar

entre a Judéia e a Galiléia evitavam a passagem por Samaria, fazendo a travessia pelo rio

Jordão indo pelas estradas às margens orientais desse rio.

1.2. A pregação em Samaria um ato de coragem

A pregação de Felipe aos samaritanos foi, portanto, um ato surpreendente da parte

de um judeu. Este ato dele revelou a sua visão do evangelho aos outros povos. A missão

de Felipe foi fortalecida pela ajuda de Pedro e João que visitaram Samaria para verem o

que tinha sido e terem certeza de que os samaritanos tinham recebido o Espírito Santo.

2. A conversão de Paulo

O ministério de Felipe ilustrava as passagens da Igreja às novas localidades e novos

grupos. Depois do ministério de Jesus, a conversão de Saulo é o acontecimento mais importante

da história do cristianismo, porque não apenas liquidou um inimigo ativo do evangelho, como

também o transformou num dos seus principais pregadores.

O apóstolo Paulo nasceu de uma família hebraica no começo do primeiro século. A sua

cidade nativa era Tarso, uma movimentada metrópole na Cilícia. A universidade de Tarso era

Nota: o livro de Atos descreve quatro ocasiões em que o Espírito santo veio ao homem de

uma maneira espetacular: Aos discípulos no Pentecostes (2.1-4); Aos samaritanos (8.17);

Aos gentios na casa de Cornélio (10.44-46), os discípulos de João em Éfeso (19.6). Cada

um destes representa o Espírito Santo agindo em diferente classes de pessoa.

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famosa por seus cursos de Filosofia e Medicina. Lá existia o templo de Esculápio, deus da

medicina, servia como hospital e de clínica aos estudantes de medicina.

Não se sabe se Paulo frequentou essa universidade, mas uma coisa é certa, dificilmente

poderia fugir à influência da universidade.

2.1. Educação

Foi educado nos moldes estritamente judaicos, quando aprendeu a língua hebraica

e as Escrituras, sendo ensinada também a arte de fazer tendas(18.3). Foi familiarizado

com o aramaico, que falava provavelmente em sua casa, e com o grego, a língua de

Tarso. Quando Paulo tinha doze anos, foi enviado para Jerusalém, afim de estudar com

Gamaliel. Ele mesmo deu testemunho de que fez grandes progressos nos estudos, (Gl

1.14).

2.2. Religião:

Por convicção era fariseu e seu zelo se mediu pela intensidade com que perseguia

a Igreja (At 26.9-11). Após sua conversão, ficou cheio do Espírito Santo para sua nova

tarefa (9.10-19). Seu ministério começou imediatamente em damasco. Em Gálatas, fez

referências à sua visita a Arábia por esse tempo (Gl 1.17).

A nova fé de Paulo, levou-o a um conflito com seus anteriores colegas judaicos

em Damasco (9.23), e para sua segurança foi obrigado a fugir da cidade.

Em Jerusalém, não foi aceito pelos discípulos de imediato. Olhavam-no com

desconfiança. Mas sob o apadrinhamento de Barnabé, foi recebido no meio apostólico

(9.27).

2.3. Sua Missão aos gentios:

De acordo com esses testemunhos (9.15), (22.21), (26.17), (Rm 15.16; 2.7-8; Ef

3.1-7), Paulo foi escolhido como apóstolo aos gentios.

3. A pregação de Pedro. A conversão de Paulo e sua chamada aos gentios muito

contribuiu nesse período de transição, quando o evangelho deixava de ser exclusividade dos

judeus.

A conversão de Paulo provocou a transição da Igreja judaicocêntrica de Jerusalém para a

Igreja gentílica do mundo romano.

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3.1. A conversão de Cornélio. Um caso importante desse período foi a salvação

de um centurião romano chamado Cornélio que tinha um comando de um destacamento

militar em Cesaréia. A direção divina conduzindo Pedro à casa de Cornélio é importante

na história de Atos, por duas razões: (1) indicava que a salvação não se limitava apenas

aos judeus; (2) os gentios tinham o direito de ouvir a mensagem de Cristo. A conversão

de Cornélio abriu definitivamente as portas para levar os gentios para dentro da Igreja.

Pedro inicialmente resistiu à ordem de Deus em participar desse programa de

transição missionária (10.14), (11.7-12). Mas felizmente Pedro obedeceu a voz do

Senhor, que não faz acepção de pessoas (10.48). A conversão de Cornélio e de sua

família foi tão convincente que Pedro levou-os ao batismo e aceitou-os na comunhão da

Igreja (10.44-48)

4. O início das Controvérsias

A conversão de Cornélio e sua família gerou na Igreja judaica uma questão que se tornou

à partir daí um ponto de controvérsia por muito tempo. Eis as questões que surgiram para

debates:

• Deveria um cristão comer com gentio incircunciso que não observam a Lei?

• Se os gentios se tornarem crentes, até que ponto deveriam eles observar a lei?

• A observância da Lei era o critério final de retidão ou de uma relação reta com Deus?

Esse período de transição foi impulsionado pelo espírito Santo (10.19). Esplanada pela

pregação dirigida pelo Espírito (10:43). Confirmada quando o Espírito desceu sobre os crentes

gentios (10.44; 11.15-18).

C. A IGREJA DOS GENTIOS

1. A Igreja de Antioquia

1.1. Histórico da cidade. Antioquia foi fundada por Seleuco Nicator no ano (300

a.C), sob o governo dos primeiros seleucidas. Antigamente a cidade era grega, porém

mais tarde os Sírios se instalaram. Sob o governo romano, Antioquia prosperou, porque

era a passagem militar e comercial para o Oriente.

O movimento missionário a favor dos gentios começou com o

estabelecimento da Igreja de Antioquia da Síria. A fundação dessa Igreja fez parte

da expansão que se deu no período de transição

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1.2. A fundação da Igreja em Antioquia

Essa Igreja foi organizada pouco depois da morte de Estevão, provavelmente entre

os anos (33-40 d.C). A Igreja de Antioquia foi importante porque tinha certas

características distintas. Foi a mãe de todas as Igrejas gentílicas. Foi dela que partiu a

primeira missão reconhecida para o mundo que estava por evangelizar. Em Antioquia

começou a primeira controvérsia sobre a posição legal dos crentes gentios. Foi o centro

onde os dirigentes da Igreja se reuniram. Ela distinguiu-se também pelos seus

pensamentos (At 13.1) O fato mais saliente desta igreja era o seu testemunho (11.26).

1.3. O crescimento da Igreja

Por volta do ano 46, a Igreja de Antioquia tinha se desenvolvido de modo a

construir um grupo estável e ativo. Era uma igreja instruída na fé. Os irmãos de Antioquia

gozavam de uma boa reputação. Tinham apadrinhado uma expedição de auxílio a

Jerusalém, a qual levou a sua contribuição para aqueles que estavam a sofrer por causa da

fome. Foi nessa Igreja que Barnabé e Paulo foram consagrados e enviados na primeira

viagem missionária.

2. O Concílio de Jerusalém

A Igreja gentílica teve um rápido crescimento devido à missão de Paulo e Barnabé, tendo

que encarar a questão da observância da lei, impostas pelos cristãos judeus. O debate de Pedro

com os cristãos judeus em Jerusalém foi um dos primeiros sintomas da tensão existente.

Mas quando Pedro contou que o Espírito Santo havia descido sobre os gentios, os cristãos

judaicos admitiram que os gentios pudessem realmente ser salvos (11:18). Os judeus, por outro

lado continuava exigindo que os cristãos gentios pelo menos fossem circuncidados, afirmando

que era um sinal de aliança (Gn 17.9-14). Que a significação desse sinal era aplicada à vida

interior mesmo sobre a lei, que fala da circuncisão do coração (Dt 10.12-16)

2.1. Paulo e Barnabé enviados pela Igreja de Antioquia ao Concílio de

Jerusalém

Isto foi necessário dada a importância da questão. Paulo e Barnabé apresentam um

relatório completo de seu vitorioso trabalho entre os gentios. No Concílio, a oposição

vinha sempre de um grupo de fariseus.

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Daí seguiu-se uma discussão livre em que participavam os dois lados. Dos

resultados obtidos, Lucas mandou três deliberações decisivas. A fala de Pedro teve muita

influência porque falou como dirigente da Igreja de Jerusalém e como um que já tinha

experiência dos aspectos práticos da questão. Pedro salientou que:

a) Era escolha de Deus que os gentios pudessem ouvir a mensagem do Evangelho

(15.7);

b) Que o Espírito Santo tinha sido derramado sobre os gentios sem qualquer

discriminação (15.8);

c) Que a lei cerimonial foi um jugo que os próprios judeus não puderam suportar

(15.10);

d) Que a salvação se alcançava pela graça, quer se tratasse de judeus, quer se

tratasse dos gentios (15.11).

2.2. A fala de Paulo e Barnabé.

Eles descreveram o trabalho entre os gentios salientando os “milagres e prodígios”

que tinham sido realizados (15.12), sustentaram em sua argumentação que Deus

abençoou sua missão, porque aprovou os seus métodos.

2.3. A palavra proferida por Tiago.

Tiago como moderador do Concilio salientou o argumento de que Deus tinha a

intenção de salvar os gentios, que o haviam de seguir, fazendo três recomendações: Que

os gentios se abstivessem de certas práticas, tais como: a idolatria, a fornicação, comer

carne de animais sacrificados e comer sangue. Foram escolhidas estas regras mais como

base de comunhão do que como plataforma ética.

1. A literatura epistolar do Novo Testamento

Vinte e um dos vinte e sete livros que formam o Novo Testamento pertencem ao gênero

epistolar.

São cartas escritas com a finalidade de dirigir, aconselhar e instruir nos seus primeiros

desenvolvimentos das igrejas recém-formadas ou para ajudar os responsáveis por pastoreá-las e

administrá-las.

No livro de Atos dos Apóstolos, se relata como a fé cristã começou a propagar-se pela

Palestina, Ásia Menor e diversos pontos da Grécia, nos anos que se seguiram à ascensão do

Senhor. A rapidez dessa expansão veio, muito cedo, revelar que o trabalho missionário não se

reduzia a promover pequenos grupos de crentes em diversos lugares, mas exigia, também,

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manter com as novas comunidades um relacionamento vital que contribuísse para edificá-las

espiritualmente e para orientar a sua conduta de acordo com os preceitos da sua fé em Cristo.

Como conseqüência de tal necessidade, o anúncio do evangelho, basicamente oral no princípio,

teve de ser suplementado não muito tempo depois pela comunicação por carta. Isso tornou

possível aos pregadores continuar o seu labor de extensão missionária sem por isso abandonar a

atenção às igrejas já estabelecidas.

As epístolas, como os demais livros do Novo Testamento, estão escritas em grego, o que

não significa que o estilo literário epistolar estivesse especialmente difundido no mundo grego da

época. Mas era um estilo muito difundido entre os romanos, que fizeram uso normal do correio

como instrumento idôneo para vincular a metrópole com as ligações políticas e militares de

serviços nas províncias do Império.

Quanto ao que se refere à Israel, o Antigo Testamento conservou o texto de algumas

cartas importantes (cf. 2Sm 11.15; 1Rs 21.9-10; Ed 4.11-16; 4.17-22; 5.6-17; Ne 2.7-9 6.6-7; Jr

29.1-29). O Novo Testamento, além das epístolas que compõem o cânon, inclui a cópia de outras

duas nos livros de Atos (15.23-29 e 23.26-30), além das sete dirigidas às igrejas da Ásia Menor

(Ap 2-3).

2. Classificação das epístolas

De acordo com certas características comuns, podemos agrupar as epístolas do Novo

Testamento do seguinte modo:

2.1. Epístolas paulinas (13):

a) Primeiras epístolas: 1Tessalonicenses e 2Tessalonicenses (alguns a consideram

posterior).

b) Grandes epístolas: Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios e Gálatas.

c) Epístolas da prisão: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.

d) Epístolas pastorais: 1Timóteo, 2Timóteo e Tito.

2.2. Epístola aos Hebreus (1)

2.3. Epístolas universais (7):

Tiago, 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João e Judas.

O título que recebe cada grupo está inspirado no tema ou propósito geral das cartas que o

integram ou nas circunstâncias que rodearam a sua redação. Alguns dos títulos se explicam por si

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mesmos e não precisam de maiores comentários porém, nos seguintes casos, convém fazer

algum esclarecimento:

Primeiras epístolas: É uma epígrafe que faz referência à época em que foram

compostas. Não somente se considera que são os escritos mais antigos do apóstolo Paulo, mas

também de todo o Novo Testamento.

Grandes Epístolas: Entre elas está incluída a de Gálatas apesar da pequena extensão do

texto. A razão está no seu estreito parentesco com Romanos, o que requer considerá-las

juntamente.

Epístolas da prisão: Quando Paulo redigia estas cartas encontrava-se preso em algum

lugar que não se conseguiu determinar. Muitos pensam que se tratava de Roma outros sugerem

Éfeso. Entretanto, na realidade, nem sequer se pode afirmar com certeza que as quatro epístolas

tenham sido escritas de uma mesma prisão.

Epístolas pastorais: Correspondem a um tempo em que o Cristianismo, tendo já

progredido na fixação da doutrina e na elaboração da estrutura eclesiástica, precisava ordenar

administrativa e pastoralmente a sua vida e o seu trabalho.

Epístolas universais (ou gerais): Começou a se aplicar este título no séc. II, quando

ainda estava se formando o cânon dos livros do Novo Testamento. Significa que as sete cartas do

grupo (exceto 2Jo e 3Jo, que foram incluídas aqui por seu parentesco com 1Jo) não são dirigidas

a um destinatário determinado, mas aos crentes em geral.

3. Características do gênero epistolar

A estrutura literária das epístolas apostólicas não é uniforme. Inclusive algumas delas

(Hebreus e Tiago) parecem mais sermões ou tratados doutrinais, aos que, por alguma razão

pastoral, agregou-se algum aspecto de caráter epistolar (como o cap. 13 de Hebreus ou o começo

de Tiago).

As cartas que, com maior propriedade podem assim chamar-se, respondem em termos

globais ao modelo clássico romano, que consistia em:

a) uma saudação inicial, precedida da apresentação do autor e a indicação do destinatário;

b) o texto ou o corpo da carta propriamente dito;

c) a despedida, que incluía saudações de pessoas conhecidas do autor e do receptor e

saudações para essas pessoas.

Os autores cristãos modificaram, em certas ocasiões, esse modelo de carta em alguns dos

seus detalhes. Paulo, p. ex., no lugar da característica saudação inicial romana "Saúde", introduz

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no começo de quase todas as suas epístolas uma expressão mais complexa, que dá testemunho da

sua fé:

"Graça a vós outros e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo" (cf., p.

ex., Rm 1.7).

Essas palavras vão normalmente seguidas de uma ação de graça ou de uma oração em

favor dos destinatários da carta. Do mesmo modo, a despedida não se limita ao simples e frio

"Saúde", que lemos, p. ex., na carta do tribuno Cláudio Lísias ao governador Félix (At 23.30),

mas freqüentemente inclui, junto às saudações pessoais, uma exortação, bênção ou doxologia,

que é como uma afirmação final da sua fé, com a qual o autor encerra os seus escritos.

4. Redação das epístolas

Na época em que surgiram as epístolas neo-testamentárias era prática habitual que o autor

ditasse o texto a um assistente. É muito provável que Romanos tenha sido ditada pelo apóstolo

Paulo a um crente que se identifica a si mesmo como "Tércio, que escrevi esta epístola" (Rm

16.22).

Em certas ocasiões, o autor não se valia de um escrevente, mas de um autêntico

secretário, que, uma vez informado dos assuntos a tratar, se encarregava de compor e redigir a

carta do princípio ao fim. Em qualquer caso, também era comum que, ao término do escrito, o

próprio autor acrescentasse, de próprio punho, o seu nome e umas poucas palavras de saudação

(cf. 1Co 16.21 Gl 6.11 e, talvez, 1Pe 5.12).

Também freqüentemente sucedia que um livro, cujo autor queria oferecer o pensamento

ou os ensinamentos de um personagem de reconhecido prestígio, era publicado com o nome

desse último, sem se importar se ainda estava vivo ou já havia morrido. Em tais casos de nome

ou título figurado, o autor, evidentemente, permanecia anônimo. Alguns estudiosos pensam que

esse procedimento, admitido nos usos literários da antigüidade hebraica, grega e latina,

possivelmente tenha sido introduzido em certas ocasiões no Novo Testamento. Entretanto, seja

como fosse, a autoridade das Escrituras, suporte da fé cristã e norma da vida e da conduta do

povo de Deus, em nada ficou por isso depreciada.

ENSAIO SOBRE A VIDA DO APÓSTOLO PAULO

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“Eu sou judeu, nascido em Tarso, na província romana de Sicília, cidadão de uma cidade

de algum renome. Fui criado e educado na mais estrita fidelidade aos princípios e normas do

Judaísmo. Coube-me a venturosa sorte de nascer no seio de uma família a que fora outorgada a

cidadania romana, e ufano-me particularmente desse privilégio. Eduquei-me na cidade de

Jerusalém, aos pés do famoso mestre Gamaliel, na acurada observância da Lei de nossos pais, tal

como é interpretada pelos fariseus. Era tão zeloso das tradições do meu povo que em breve

progredi muito mais na minha fé religiosa do que a maioria dos meus conterrâneos. Poderia até

saber-se mais de ser quase irrepreensível na minha obediência à Lei do Antigo testamento”.

1. A VIDA DO APÓSTOLO PAULO

1.1. Antes da conversão. Embora alguns aspectos da vida de Paulo são muito

conhecidos, não temos muita informação no período concernente ao seu nascimento até o

aparecimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos. Provavelmente houve dois

períodos nesta fase da vida de Paulo: infância em Tarso e juventude em Jerusalém. Não

se sabe ao certo o período de sua mudança para Jerusalém, entretanto, sabe-se que desde

jovem Paulo se torna estudante. Também, “porque se esperava que todo estudante da Lei

judaica, além de dedicar-se aos estudos, aprendesse uma profissão manual”, Paulo

aprendeu a fabricar tendas, o que mais tarde foi de grande valor para o desenvolvimento

do seu ministério.

Quanto ao seu nome: Saulo ou Paulo (quando foi chamado por Jesus). Saulo era

um nome judeu, enquanto Paulo, um nome grego. Muitos acreditam que Paulo já tinha os

dois nomes, antes de seu encontro com Jesus, devido sua dupla nacionalidade.

Quando foi enviado a Jerusalém, tornou-se discípulo de Gamaliel, “neto e

sucessor do grande rabi Hillel” , que pertencia a uma escola mais avançada e liberal

dentro do judaísmo. O interessante no desenrolar de Paulo e sua influência recebida por

Gamaliel é o fato que ocorre no livro de Atos 5.34-39, quando, de alguma forma,

Gamaliel parece amenizar a perseguição sofrida pelos cristãos. Paradoxal é que seu

discípulo, Paulo, a partir de Atos 7.60-8.1-3, persegue ferrenhamente os cristãos.

Acredita-se que, mais por influência de sua família do que por influência de Gamaliel é

que, “com seus próprios termos, só pode ser chamado como um rígido fariseu”.

1.2. A caminho de Damasco. Essa experiência registrada em três diferentes

lugares do livro de Atos demonstra sua importância, não só na vida do apóstolo, mas em

toda a história da Igreja primitiva. “Apesar de não existir evidência de que Paulo

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conheceu a Jesus durante o Seu ministério terreno (2 Co 5.16 significa tão somente

considerar de um ponto de vista humano)” , a experiência marcante alterou todo o trajeto

de sua vida. Uma mudança tão radical de um momento para o outro foi o ponto forte na

experiência paulina. Antes inimigo da cruz; agora seguidor da mesma. “Paulo, que odiara

a fé cristã, tornar-se-ia seu maior advogado”.

Paulo não alterou seu percurso. Mesmo cego, foi para Damasco, onde ficou

meditando sobre sua experiência. Abalado, viu-se por três dias incapaz de comer ou

beber. Ali teve mais uma experiência nova com seu antigo perseguido. O Cristo

ressuscitado enviou Ananias, cristão que residia em Damasco, para lhe restituir a vista e

também lhe entregar um recado especial. Diante de tudo isso, Paulo, ao que parece,

passou a residir em Damasco. Em Gl 1.17, Paulo relata que também esteve em um lugar

chamado Arábia. Não existe consenso entre o os historiadores quanto ao tempo em que

Paulo ficou neste lugar, mas sabemos pelo próprio apóstolo que o mesmo ficara durante 3

anos por ali, até que teve de fugir de Damasco. Foi a caminho de Jerusalém, mas também

perseguido ali, teve de fugir. Vai então para Tarso, onde fica durante 10 anos (os

chamados anos de silêncio), até que Barnabé vai ao seu encontro, solicitando que Paulo

fosse a Antioquia para ajudá-lo.

2. A Missão entre os gentios. Paulo então vai para junto de Barnabé, onde deram início

ao próprio trabalho missionário. Depois de um ano de muitas bênçãos, “Paulo e Barnabé visitam

Jerusalém com socorros para acudir à fome que assola a igreja dessa cidade, catorze anos após a

conversão de Paulo”.

Após o retorno de ambos a Antioquia, foram escolhidos pela Igreja, por ordem do

Espírito Santo, para serem enviados àquilo que seria a primeira expedição missionária

propriamente dita. Essa viagem levou-os a atravessar a Ilha de Chipre e o sul da Galácia. “Sua

estratégia, que se tornou um padrão para as missões paulinas, era pregar primeiramente na

sinagoga”. Depois de um frutuoso trabalho missionário em diversas cidades, retornaram a

Antioquia, dando fim a chamada: primeira viagem missionária. Voltaram quase que pelo mesmo

caminho, omitindo apenas a cidade de Chipre. “Na viagem de retorno, Paulo e Barnabé fizeram

questão de visitar outra vez as comunidades recém-formadas, fortalecendo-as na sua nova fé e

encarregando alguns anciãos de velarem sobre elas”. Em dado momento dessa viagem, Paulo

faz menção de “um espinho na carne”. Muitas interpretações tem-se levantado já desde a

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antigüidade sobre o que seria esta moléstia. Não há uma real certeza, mas a maioria dos

historiadores, teólogos e exegetas acreditam que se tratava de uma doença nos olhos.

O que se sucede na vida do apóstolo a seguir é o firmamento e a aprovação de seu

chamado. Ainda passou por recriminações. Entretanto, no Concílio Apostólico, já vemos uma

aceitação dos líderes de Jerusalém quanto à argumentação de Paulo. Antes desse Concílio,

alguns mensageiros da Igreja de Jerusalém já haviam percorrido algumas comunidades

implantadas pelo apóstolo (provavelmente entre os Gálatas), dizendo que o Apóstolo apenas lhes

ensinara meia verdade: além de Jesus, eles precisavam observar os preceitos da lei,

principalmente a circuncisão. Essa atitude levou o apóstolo a escrever uma carta aos gálatas,

antes mesmo do Concílio Apostólico. Nesse ponto sobre a vida de Paulo existem muitas

imprecisões. Muitos teólogos renomados não aceitam essa hipótese, dizendo que a primeira carta

escrita por Paulo foi posterior ao Concílio, e se dirigia a igreja em Tessalônica.

Depois deste importante fato em Jerusalém, Paulo torna-se de vez missionário, não

deixando mais de viajar e levar o evangelho aos gentios. Ainda faz as chamadas “segunda e

terceira viagens missionárias”, passando novamente por inúmeras cidades. Em algumas delas

Paulo é rejeitado, apedrejado, preso, açoitado, etc. No entanto, nada fez com que o mesmo

deixasse de realizar sua vocação. Até preso, acredita-se que Paulo se comunicava com suas

comunidades através de cartas.

Depois dessas andanças, Paulo retorna a Jerusalém a fim de trazer uma coleta àqueles

cristãos. Lá é preso por judeus que querem matá-lo, sem levá-lo a instância superior. Entretanto

Paulo apela para sua nacionalidade romana e é enviado para ser julgado em Roma. Depois de

Roma, não temos mais certeza do futuro paulino. Sabemos que lá também Paulo não se torna

inativo: continua escrevendo às Igrejas locais.

3. Sua morte. Outra questão intrigante é a dificuldade que temos em construir o futuro de

Paulo a partir de Roma. “Todas as tradições da Igreja primitiva dizem que Paulo morreu

martirizado em Roma durante a perseguição ordenada por Nero em 64 d.C.”. É uma hipótese

bem fundamentada historicamente, pois, o cidadão romano não poderia ser julgado e morto em

nenhuma outra parte do mundo da época, senão Roma.

Sob a direção do Espírito Santo, Paulo e Barnabé foram enviados como

missionários pela Igreja de Antioquia, que foram acompanhados por João

Marcos, 13:1-5.

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Outra possibilidade é a de que Paulo tenha realizado seu propósito de ir à Espanha. Não

existe para isso prova bíblica, senão apenas tradições na própria Espanha de que tal fato tivesse

acontecido. A última possibilidade hipotética é a do que Paulo fez, depois de julgado e

absolvido. Essa possibilidade surge das referências às viagens pastorais (1 e 2 Tm e Tt). “Essas

cartas podem indicar que Paulo tenha visitado outra vez alguns dos lugares em que estivera antes

na Ásia Menor e na Grécia”.

EPÍSTOLA AOS ROMANOS

Esta carta “nasceu de uma paixão pela evangelização entre os pagãos”. Como Paulo não

fundou essa comunidade e nunca esteve lá, cremos que o mesmo sente a necessidade de se

apresentar àqueles cristãos. Entretanto, bem sabemos que grande parte deles o apóstolo já

conhecia. A história conta que por volta do ano 48-50, houve grande perseguição de cristãos em

Roma. Diante dessa perseguição, muitos cristãos fugiram para outras cidades. Áquila e Priscila

são um exemplo desse fato. Agora em Roma e oriundos de lá, já se encontraram com Paulo na

cidade de Éfeso (tudo indica que foi justamente durante o período de perseguição). É talvez

através deles que Paulo conhece um pouco da situação dos romanos. “As raras alusões de sua

epístola deixam apenas vislumbrar uma comunidade em que os convertidos do judaísmo e do

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paganismo correm o perigo de se desentenderem”. A prova que Paulo conhece muitos cristãos

romanos está contida na grande saudação final que faz o apóstolo, citando 28 nomes.

Em suma, temos nesta carta uma declaração bem amadurecida do evangelho. Uma

mensagem que desagradava a judeus e pagãos, não dependia de regras ou restrições. Era apenas

uma mensagem do Deus vivo que queria governar a vida dos seus seguidores.

Romanos encabeça as treze cartas de Paulo no NT. Enquanto os quatro evangelhos

apresentam as palavras de Jesus Cristo, Romanos explora a significação de Sua morte sacrificial.

Usando o método de perguntas e respostas, Paulo registra a mais sistemática apresentação

doutrinária da Bíblia. Romanos, porém, é mais que um livro de teologia, é também um livro de

exortações práticas. As boas novas de Jesus Cristo são mais que fatos a serem cridos; é também

uma vida a ser vivida – uma vida de justiça condizente com a pessoa justificada gratuitamente

por sua graça pela redenção que há em Cristo (3:24). Romanos é o mais formal dos escritos de

Paulo – é mais um tratado do que uma carta (Bruce WILKINSON).

1. Autor: O Apóstolo Paulo.

2. Data e Local: Esta carta foi escrita por volta de 57 ou 58 d.C., em Corinto.

3. Destino: Ela foi enviada para a Igreja em Roma que já existia há algum tempo, quando

Paulo lhe escreveu a epístola que tem o seu nome. Não há certeza de quem foi o fundador desta

igreja. É bem provável que ela foi fundada por cristãos judeus que se converteram no dia de

pentecostes; ou cristãos das igrejas estabelecidas por Paulo na Ásia, Macedônia e Grécia que

tenham passado a residir em Roma e levado outros a Cristo.

Esta igreja era composta tanto de judeus como também de gentios. Essa é a idéia

evidenciada pelos seguintes versículos (1.5, 12-16; 3.27-30; 6.19; 11.13, 25, 28, 30; 15:1, 2, 15).

A lista dos nomes existentes no cap. 16, inclui tantos nomes de origem judaica como de origem

gentílica; mas o maior número era de gentios. Roma era a capital do Império; portanto, uma

cidade muito importante.

4. Tema e Propósitos

4.1. Apresentar uma doutrina clara da justificação mediante a fé e não através das

obras da Lei, como defendiam os judaizantes.

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4.2. Paulo também tinha o desejo de fazer missões na Espanha e também em

Roma. Esperava o apoio dos irmãos que residiam em Roma (15.24; 1.11-12).

4.3. Na igreja de Roma havia surgido dificuldades de natureza doutrinária e

prática; alguns dos membros gentios abusavam da liberdade cristã, participando de

alimentos oferecidos a ídolos e fazendo outras coisas perniciosas, que eram

especialmente ofensivas para o conceito judaico (cap. 14).

4.4 – Havia indagações a respeito dos israelitas. Visto que eles tinham rejeitado o

Messias, Paulo procura explicar esta situação nos capítulos de 9 – 11.

“O tema principal é a justiça de Deus” (1.16-17).

5. Chaves para Romanos.

5.1 – Palavras-chave: Os justos (justificação).

5.2 – Versículos-chave: 1.16-17; 3.21-25.

5.3 – Capítulos-chave: 6-8 – As respostas às perguntas sobre como ficar livre do

pecado, como ter uma vida equilibrada debaixo da graça, e como cultivar a vida cristã

vitoriosa pelo poder do Espírito Santo está todas contidas nestes capítulos.

6. Esboço e conteúdo

6.1 – Introdução (1.1-15).

O apóstolo apresenta uma longa saudação seguida pelos seus motivos para desejar

fazer uma visita à igreja em Roma.

6.2 – Exposição doutrinária (1.16 – 8.39).

a) Tantos os gentios como os judeus são igualmente culpados em face de retidão

de Deus. (1.18 – 3.20).

b) Deus proveu um sacrifício propiciatório em Cristo (3.21-26). Este benefício é

para todos os que creem, tanto judeus como gentios (3.27-31); Abraão foi justificado pela

fé e não pelas obras (4.1-25); assim como o pecado é universal por intermédio de Adão,

igualmente a vida vem por intermédio de Cristo (5.12-21).

c) A retidão deve ter aplicação na vida. Isso é seguido mediante a união com

Cristo, pois, assim como o crente morreu com Ele, semelhantemente agora vive n’Ele

(6.1-14). O crente deixou de ser escravo da lei para ser escravo de Deus (6.15 – 7.6).

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d) A santificação e o Espírito (8.1-39).

6.3 – O problema de Israel (9.1 – 11.36).

Assim como em 1.18 a 3.20, o Apóstolo explica a relação em que estavam os

judeus e os gentios para com a lei, assim também, em 9.1 a 11.36, ele explica a relação

que estão uns e outros para com o evangelho.

A conclusão a que o apóstolo chega é a de que a salvação é por Cristo, e para

todos os que crêem; mas sendo assim, a grande maioria dos judeus perece, tomando os

gentios o seu lugar.

a) Ele afirma quão grande é a tristeza, sendo rejeitados os judeus pela sua

incredulidade (9.1-5).

b) As ações de Deus são soberanas e justas. Ninguém tem o direito de por em

dúvida às decisões do Criador (9.1-29).

c) A rejeição a Israel não é arbitrária, mas antes, devida a sua própria falta, pois os

israelitas tiveram a ampla oportunidade de se arrependerem (9.30 – 10.21).

A decadência e a rejeição dos judeus, embora, em certo sentido, conformemente

aos desígnios da providência, são realmente as conseqüências da incredulidade (9.30-33).

Este último pensamento acha-se desenvolvido no cap. 10. O apóstolo, depois de

ter novamente manifestado a sua dor pela incredulidade dos judeus, mostra que a rejeição

destes é a conseqüência de serem incrédulos; mas logo afirma que todos os que invocam

o nome de Jesus Cristo, sejam judeus ou gentios, serão salvos (10.4-13).

A objeção de que os judeus não podiam invocar Aquele, do qual nunca tinham

ouvido falar (10.14-17), ele responde que ouviram, mas que não aceitam a verdade, tendo

sido tal incredulidade prevista pelos profetas (10.18-21).

Os judeus não foram rejeitados como judeus, mas como incrédulos: “eu também

sou israelita”, diz ele (11.1). Não obstante, Israel podia esperar pela restauração (11.1-6).

O fracasso de Israel é que conduzirá a inclusão dos gentios (11.7-12). Os gentios serão o

meio usado para restauração de Israel (11.13-24). O estado final de Israel está nas mãos

de Deus (11.25-36).

A humildade, a fé, a reverência, e a adoração do Senhor, justo e misericordioso,

na esperança da aceitação geral dos judeus, devem ser sentimentos de todos os gentios

convertidos (11.17-24).

E então acontecerá que Israel, na sua totalidade, voltará para Deus por meio de

Jesus Cristo (11.15-32).

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Todo o plano de salvação é uma prova de insondável sabedoria e amor de Deus (11.33-

36), a Quem todos, por fim, em santa união, darão louvores.

6.4 – Exortações práticas (12.1 – 15.13).

a) Deveres resultados das vidas dedicadas, de caráter pessoal e geral (12.1-21).

b) Deveres que afetam a sociedade como um todo, tais como o dever da

obediência cívica, da boa-vizinhança e da conduta sóbria (13.1-14).

c) A necessidade de tolerância entre os crentes. Isso é estudado em relação ao

problema especial de alimentos (14.1 – 15.43).

d) Conclusão (15.14 – 16.27).

7. Síntese teológica

7.1. A Obra de Cristo

7.1.1. Expiação. A idéia envolvida nessa palavra é o processo da reunião

de duas partes, antes alienadas, para que forme uma unidade. No Novo

Testamento o termo grego “katallage”, é mais apropriadamente traduzido por

“reconciliação”. A morte de Cristo contornou o problema do pecado humano e

reconciliou a humanidade com Deus.

7.1.2. O Amor de Deus. A morte de Cristo é a revelação suprema do amor

de Deus (2 Co 5.19; Rm 5.8; 8.3, 32). Paulo não diferencia entre o amor de Deus e

o de Cristo. Realmente o amor de Cristo é o amor de Deus, e vice-versa (Gl 2.20;

2 Co 5.14; Ef 5.25).

Ao mesmo tempo em que reconhecemos que a cruz é a obra de um Pai

amoroso, temos que reconhecer que a necessidade de expiação é vista à luz da ira

de Deus contra o pecado (Rm 3.21 e 1.18).

A ira é o juízo que cai sobre o pecado na ordem moral em que Deus

governa. Ela é a reação divina ao pecado. A expiação é necessária porque os

homens estão sob a ira e o juízo de Deus. Paulo vê a morte de Cristo como uma

morte expiatória (Rm 3.25; 8.3; Ef. 5.2; 1Co 5.7). Somos justificados pelo sangue

de Cristo (Rm 3.25; 5.9).

A morte de Cristo foi vicária (I Ts. 5:10; Rm. 5:8; 8:32; Ef. 5:2; Gl. 3:13).

7.1.3. Propiciatória. A morte de Cristo tem a ver não apenas com o

homem e seu pecado; ela também está concentrada em Deus, e, como tal, é

propiciatória (Rm 3.24-25). O termo grego “hilastérion” tem sido

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tradicionalmente traduzido como propiciação. Este substantivo é derivado do

verbo “exhilaskomai”, que em toda literatura grega, quer dizer propiciar ou

acalmar uma pessoa que foi ofendida. Tradicionalmente, a teologia tem

reconhecido nestas palavras um sentido em que a morte de Cristo, funcionou

como um calmante da ira de Deus contra o pecado, através da qual o pecador é

libertado dela e transformado no recipiente de sua dádiva graciosa de amor.

Deus é um Deus vivo, que no dia do juízo, derramará sua ira sobre os

homens, que merecem seu julgamento justo (Rm 2.5). Todos os homens estão

condenados como culpado de pecado na presença de um Deus santo. A principal

verdade do argumento de Paulo, em Rm 1.18 a 3.20, não é avaliar o grau da

pecaminosidade humana; é demonstrar a universalidade do pecado e da culpa

diante de Deus. Tanto judeus como os gentios receberam iluminação ou através da

natureza, ou da consciência, ou da Lei; e, tanto os gentios como os judeus

fracassaram objetivamente em obter justiça diante de Deus, e, portanto, são vistos

como merecedores da ira de Deus. Eles estão condenados como pecadores

culpados. A condenação suprema merecida, por esta culpa, é a morte. É decreto

justo de Deus que, aqueles, entre os gentios, que praticam pecados, merecem

morrer (Rm 1.32). O destino dos pecadores é perecer (Rm. 2.12-15), pois o salário

do pecado é morte (Rm 6.23). A ira de Deus derramada sobre o pecador, resulta

em sua morte (morte eterna).

Através da morte de Cristo, o homem é liberto da morte. Ele é absolvido

de sua culpa e justificado; é efetuada uma reconciliação pela qual a ira de Deus

não precisa mais ser temida (1Ts 5.9). A morte de Cristo foi um ato de justiça,

uma demonstração de que Deus era de fato um Deus justo (Rm 3.25 – 26).

7.2. Justificação e reconciliação

Paulo emprega muitos termos para demonstrar a obra de Cristo. Um dos mais

importantes, que domina as epístolas aos Gálatas e Romanos, é a “justificação”. O Verbo

justificar (grego dikaioõ) construído sobre a mesma raiz de “justo” (grego dikaios) e

justiça (dikaiosyne). A idéia expressa por dikaioõ é “declarar justo”, e não “transformar

em justo”. A idéia principal em justificação é a declaração de Deus, o juiz justo, de que o

homem que crê em Cristo, embora possa ser pecador, é visto como sendo justo, porque,

em Cristo, ele chegou a um relacionamento justo com Deus (Rm 3.26; 4.5; Gl 2.16; 3.11).

A justificação é uma das bênçãos da nova era que nos chegou em Cristo.

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7.2.1. Justificação escatológica

O termo escatológico refere-se ao futuro. A palavra grega escatologia vem

de “escatos” que significa "última". Em Romanos 8.33, é previsto um juízo final.

Em Romanos 2.13, Deus pronunciará um veredicto sobre a conduta do homem,

em termos de obediência ou desobediência à lei (veja também Rm 5.19; Gl 5.5).

Ao mesmo tempo em que esperamos uma justificação escatológica, ela já

aconteceu (cf. Rm 5.1, 9; 1 Co 6.11).

Através da fé em Cristo, na base de seu sangue derramado, os homens já

foram justificados, absolvidos da culpa do pecado, e, portanto, libertos da

condenação. A justificação, que primariamente é absolvição no juízo final, já

aconteceu no presente. O julgamento futuro tornou-se, assim, essencialmente uma

experiência presente. Deus absolveu o crente; logo ele estará certo da libertação

da ira divina (Rm 5.9), e não há mais condenação para ele (Rm 8.1).

O fundamento da justificação não é a obediência à lei, é a morte de Cristo.

Ela é a suprema manifestação do amor de Deus pelos pecadores e o fundamento

sobre cuja base a justificação pode ser conferida ao homem como dádiva graciosa.

Assim, enquanto o fundamento da justificação é a morte de Cristo, o meio

pelo qual a justificação se torna eficaz para o indivíduo é a fé (Rm 3.24-25), que

fé significa a aceitação desta obra de Deus em Cristo, confiança completa nele, e

um abandono total das próprias obras como os fundamentos da justificação.

7.2.2. Reconciliação (katalasso, katalage)

Esta doutrina está ligada à justificação. A justificação é a absolvição do

pecador de todo pecado; a reconciliação é a restauração do homem justificado ao

relacionamento com Deus. A reconciliação é necessária porque o pecado alienou

o homem de Deus. Ele quebrou o relacionamento e tornou-se uma barreira entre o

homem e Deus.

Quando examinamos de perto a linguagem de Paulo a respeito da

reconciliação, torna-se claro, de imediato, que Paulo em nenhum lugar fala

expressamente em Deus se reconciliar com os homens ou de ser reconciliado com

os homens. Deus é sempre o sujeito da reconciliação e o homem ou o mundo, é o

objeto (2 Co 5.19; Rm 5.10; Cl 1.21-22). Cristo através da cruz reconciliou tanto

os judeus como os gentios com Deus (Ef 2.15,16). A reconciliação é, então, a obra

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de Deus, e o homem, o objeto. O homem não pode se reconciliar com Deus. Ele

tem que ser reconciliado com Deus através da ação divina.

7.2.3. A reconciliação é objetiva

Um exame mais acurado das passagens em Romanos 5 e 2 Coríntios 5,

leva a conclusão inapelável de que a reconciliação não é, primariamente uma

mudança básica na atitude do homem diante de Deus; ela é, como a justificação,

um primeiro evento objetivo, desempenhado por Deus para a salvação do homem.

A reconciliação foi promovida primeira por Deus “para” o homem, não “no”

homem. Foi enquanto éramos inimigos que fomos reconciliados com Deus pela

morte de seu Filho (Rm 5.8, 10). O amor de Deus manifesto na reconciliação, não

é, aqui, focalizado sobre o momento em que o indivíduo crê em Cristo e descobre

sua atitude para com Deus transformada em amor; a manifestação do amor de

Deus aconteceu enquanto ainda éramos pecadores no evento histórico, objetivo da

morte de Cristo. A reconciliação é uma dádiva a ser recebida (Rm 5.11).

A reconciliação é uma obra feita “fora de nós”, em que Deus lida, em

Cristo, com o pecado do mundo, de modo que ele não mais seja uma barreira entre

Ele e os homens, reconciliação no Novo Testamento, não é algo que esteja sendo

feito; é algo que está feito.

7.2.4. Os resultados da reconciliação

Uma vez que o pecador tenha sido restabelecido ao relacionamento com

Deus, certos resultados maravilhosos advêm:

O primeiro deles é a paz com Deus (Rm 5.1). Estamos em paz com Deus

no que Ele está agora em paz conosco; sua ira foi afastada. PA, aqui, não se refere

a um estado mental, mas uma relação com Deus. Não somos mais inimigos de

Deus, porém, alvos de sua misericórdia.

Uma segunda benção que provém da reconciliação com Deus é uma

reconciliação entre os homens que haviam se hostilizado (Ef 2.14-16). (Ladd pp.

409-425)

EPÍSTOLA AOS GÁLATAS

A Epístola aos Gálatas tem sido chamada “a carta Magna da liberdade cristã”. É o

manifesto de Paulo da justificação pela fé e da liberdade que esta produz. Ela foi revolucionária

para aquela época, pois Paulo rechaçou com o sistema de cerimônias e da lei judaica; o

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cristianismo está acima do judaísmo, e o cristão cumpre toda lei mediante o amor, e não há

nenhuma necessidade e observar rituais da antiga aliança.

1. Autor: Apóstolo Paulo.

2. Data e Local: 49/50 d.C. em Antioquia da Síria.

3. Destinatário: Esta carta foi enviada às igrejas situadas no Sul da Ásia Menor, a

Galácia do Sul. Estas igrejas foram fundadas por Paulo durante a sua primeira viagem

missionária (At 13.13 – 14.28). Galácia era o nome dado ao território da zona setentrional do

centro da Ásia Menor, onde os invasores gauleses se estabeleceram no III século antes de Cristo,

mantendo um reino independente. Mas gradualmente a população gaulesa foi absorvida por

outros povos que ali viviam e pelas transformações políticas. Mais tarde, sob o domínio romano,

foram incluídas as províncias de Antioquia, Icônico, Derbe, Listra, Psídia.

4. Tema e Propósitos

O propósito desta carta era combater os legalistas judeus que haviam se infiltrado na

igreja obrigando os cristãos a seguirem a lei mosaica; e ao mesmo tempo corrigir os libertinos

que estavam trazendo as práticas mundanas para dentro da igreja. Essas duas facções se

opuseram a Paulo colocando em dúvida o seu apostolado e seus ensinamentos. Estavam

deturpando o evangelho de tal maneira que já estavam passando para outro evangelho (1.6).

As três seções principais revelam três propósitos com que esta carta foi escrita:

4.1 – Os capítulos 1 – 2 foram escritos para defender a autoridade apostólica de Paulo,

porque isso estabelece sua mensagem evangélica.

4.2 – Os capítulos 3 – 4 apresentam uma defesa teológica do princípio da justificação

pela fé em refutação ao falso ensino da justificação pela Lei. Paulo usou a própria Lei para

construir seu argumento.

4.3 – Os capítulos 5 – 6 mostram que ser livre da lei não significa viver sem lei, como os

oponentes de Paulo evidentemente alegavam.

Esta epístola mostra que o crente não mais está sujeito à lei, mas é salvo pela fé somente.

Gálatas é a declaração de independência do cristão. O poder do Espírito Santo capacita o cristão

para desfrutar da liberdade dentro da lei do amor.

O tema desta carta é a "justificação pela fé".

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5. Chave para Gálatas

5.1 – Palavras-chave: Livre da lei.

5.2 – Versículos-chave: (2.20-21; 5.1);

5.3 – Capítulo-chave: (5) – O impacto da verdade concernente à liberdade não

deve ser usada para dá ocasião à carne, mas pelo amor servir uns aos outros (5.13). Este

capítulo registra o poder, “andai no Espírito” (5.16), e os resultados, “o fruto do Espírito”

(5.22-23) dessa liberdade. Liberdade aqui, é está livre dos desejos pecaminosos da carne

(natureza não regenerada) para fazer o que é moralmente certo, a vontade de Deus.

6. ESBOÇO DO CONTÉUDO.

6.1 – O Evangelho da graça defendido (1.1 – 2.11).

a) Introdução (1:1-9).

b) O Evangelho da graça é concedido por divina revelação (1.10-24).

c) O Evangelho da graça é aprovado pela liderança em Jerusalém (2.1-10).

d) O Evangelho da graça é defendido pela repreensão a Pedro (2.11-21).

6.2 – O Evangelho da graça explicado (3.1 – 4.31).

a) O Espírito Santo é concedido pela fé e não pelas obras (3.1-15).

b) Abraão foi justificado pela fé, não pelas obras (3.6-9).

c) A justificação é pela fé, não pela lei (3.10 – 4.11).

d) Os Gálatas receberam bênçãos pela fé, não pela lei (4.12-20).

e) A Lei e a graça não podem coexistir (4.21-31).

6.3 – O Evangelho da graça aplicado (5.1 – 6.18).

a) Posição da liberdade: Permanecer firme (5.1-12).

b) Prática da liberdade: Amor recíproco (5.13-15).

c) Poder da liberdade: Andar no Espírito (5.16-26).

d) Função da liberdade: Fazer o bem a todos os homens (6.1-10).

e) Conclusão (6.11-18).

PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS

Corinto era, no primeiro século, o centro comercial líder do sul da Grécia. A cidade era

infame por sua imoralidade e paganismo. Mas, a despeito dos grandes obstáculos, Paulo foi

capaz de implantar uma igreja cristã ali em sua segunda viagem missionária (At 18.1-17). Ainda

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que dotada e florescente, a igreja se achava saturada de problemas morais e éticos, doutrinários e

práticos, corporativos e privativos.

1. Autoria: Foi escrita pelo o Apóstolo Paulo.

2. Data e loca: Foi escrita em Éfeso por volta do ano de 56 d.C.

3. Destinatário: Esta carta foi endereçada à Igreja em Corinto. Nos dias de Paulo,

Corinto era a metrópole. Em decorrência de seus dois portos, se tornou um centro comercial, e

muitos navios de pequeno porte se arrastavam lentamente no istmo* a Corinto procurando evitar

a arriscada viagem de mais de trezentos quilômetros contornando o sul da Grécia. A cidade se

encheu de lugares sagrados e templos, porém o mais proeminente foi o templo de Afrodite no

topo de um promontório, a cerca de 450 metros de altitude. Os adoradores da “deusa do amor”

usavam livremente as mil Hieroduli (prostitutas consagradas). Este centro cosmopolita

prosperava em comércio, o entretenimento, vícios e corrupção; os que saíram em busca de

prazeres chegavam ali com o fim de gastar dinheiro em férias de imoralidade. Corinto se tornou

tão notório por seus males, que o termo “Korinthiazomai” (agir como um coríntio) se tornou

sinônimo de devassidão e prostituição. Foi no meio deste povo pagão e imoral que Paulo, fundou

uma igreja durante sua segunda viagem missionária, (3.6-10; 4:15; At 18.1ss).

Enquanto Paulo ensinava e pregava em Éfeso durante sua terceira viagem missionária,

sentiu-se perturbado pelas notícias vinda da casa de Cloe concernentes a disputas na igreja em

corinto (1.11). A igreja enviou uma delegação de três homens (16.17), os quais indagavam a

Paulo sobre certas questões (7.1) Paulo escreveu esta epístola como resposta aos problemas e

perguntas dos coríntios.

4. Tema e Propósito

O tema básico desta epístola é a aplicação dos princípios cristãos no âmbito individual e

social. A cruz de Cristo é uma mensagem que se destina a transformar a vida dos crentes e torná-

los diferentes, como pessoas e como uma associação, em todo o mundo. Os coríntios, porém,

estavam destruindo seu testemunho cristão em decorrência de imoralidade e desunião. Paulo

* faixa de terra que liga uma península

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escreveu esta carta como resposta corretiva aos relatos de problemas e desordens entre eles. Ela

se destinava a refutar atitudes e conduta inadequadas e a promover o espírito de união entre os

irmãos em seu relacionamento e culto.

Dois acontecimentos levaram o apóstolo Paulo a escrever esta carta:

Em 1.11 desta carta, sabemos que Paulo recebeu visita de Corinto dos da casa de Cloe. Eles lhe

trouxeram informações sobre os conflitos entre os diversos grupos em Corinto e o advertiram

sobre o perigo de uma divisão da igreja; e também outros problemas. A posição dele em relação

às questões que o pessoal de Cloe lhe trouxe está nos capítulos 1 – 6.

Enquanto Paulo ainda está ditando a carta, chega uma delegação da igreja a Paulo, que lhe traz

uma carta de Corinto. A delegação é constituída por Estéfanas, Fortunato e Acaico (16.17). Por

Estéfanas pertencer ao grupo que está do lado de Paulo, a carta provavelmente vem deste grupo.

As seguintes perguntas são dirigidas a Paulo: os casados devem viver em abstinência? Os

casamentos devem ser dissolvidos? As jovens moças devem permanecer solteiras? É permitido

comprar carne no mercado? Qual é a sua opinião sobre os dons espirituais? É necessário que

todos orem em línguas estranhas?

Nas suas respostas nos capítulos 7 – 16, Paulo se dedica a essas questões e introduz cada

assunto com a expressão “quanto ao”.

5. CHAVES PARA I CORÍNTIOS

5.1 – Palavra-chave: Correção.

5.2 – Versículos-chave: (6.19, 20; 10. 12,13).

5.3 – Capítulo-chave: (13) – Este capítulo tem sido a melhor definição do amor já

formulado. Pondo-se em frontal contraste com a idéia de que o amor é emoção, ou de que

alguém pode cair de amores, este capítulo claramente revela que o verdadeiro amor é

primariamente “uma ação”.

6. Esboço do conteúdo.

(a) Saudação e exórdio (1.1-9).

(b) Divisões partidárias: ensino de Paulo comparado com o de Apolo (1.10 – 4.21).

(c) Um caso de imoralidade (5.1-13).

(d) O erro de queixar-se aos tribunais pagãos; outras advertências contra a impureza (6.1-

20).

(e) Discussão sobre o casamento (7.1-40).

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(f) Questão das carnes oferecidas a ídolos; interpretação prática de Paulo sobre seu ofício

apostólico (8.1 – 11.1).

(g) Correção de irregularidades nas reuniões de adoração; véu das mulheres; festas de

amor, ceia do Senhor (11.2 – 34).

(h) Dons espirituais (12.1-31; 14.1-40).

(i) O verdadeiro ideal: o amor cristão (13.1-13).

(j) O correto ensino cristão sobre a ressurreição dos mortos (15.1-58).

(l) Instruções sobre a coleta para Jerusalém; saudações finais (16.1-24).

7. Assuntos principais:

7.1 – O Evangelho no teor da primeira epístola aos Coríntios:

Nessa epístola, não há qualquer tentativa para apresentar qualquer exposição

sistemática do evangelho cristão, em sua natureza e conteúdo. Antes por toda parte há

elementos do evangelho cristão, os quais, considerados em seu conjunto, nos fornecem

uma informação suficiente sobre o assunto. Pode-se alinhar as seguintes razões para isso:

(a) Cristo é o centro da mensagem da epístola, do princípio ao fim (1.3);

(b) Cristo é o alvo final da criação (8.6);

(c) Cristo é o alvo supremo da vida (15.28);

(d) Cristo é o verdadeiro Deus (8.4-6);

(e) Cristo é quem ordena providencialmente os acontecimentos entre os homens

(4.9; 7.7; 12.6);

(f) Os homens jamais conheceram a Deus por sua própria sabedoria, mas podem

vir a conhecê-lo por meio de Cristo, a própria sabedoria de Deus (1.21-24);

(g) Aqueles que se chegam a Deus, recebem a revelação de seus mistérios, por

intermédio do Espírito Santo (2.10; 4.1);

(h) A vida eterna, por meio da ressurreição, nos é dada por meio de Cristo (15);

7.2 – Os dons do Espírito Santo: A conduta ideal na igreja cristã, no que diz respeito a

essas manifestações espirituais, também é abordada. Dentre todos os temas que há neste livro,

esse é aquele cujo tratamento recebe maior espaço (11 – 14). Vemos que os dons espirituais:

a) Podem ser abusados;

b) podem ser usados erroneamente;

c) podem ser falsificados;

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d) podem ser exercidos até mesmo por crentes carnais.

Geralmente se supõe que os dons espirituais assinalam uma elevada espiritualidade; no

entanto, os maiores perturbadores de todos, na igreja de Corinto, foram aqueles que se deixaram

arrebatar pelo orgulho de sua suposta autoridade e desenvolvimento espirituais, pois esses,

devido ao seu orgulho, produziram confusão naquela igreja.

7.3 – A conduta sexual: Os habitantes da cidade se notabilizavam por suas práticas

sexuais exageradas e pervertidas. Paulo exorta os crentes de Corinto a terem uma vida santa e

não se envolverem com relações sexuais ilícitas (5 – 7).

SEGUNDA EPÍSTOLA AOS CORINTIOS

• Princípios aplicados na solução dos problemas da Igreja de Corinto:

• Para a divisão, partidarismo – o remédio era a maturidade espiritual (3.1-9);

• Para a fornificação – a disciplina imposta pela Igreja

até que o pecador fosse restaurado (5.1-5); • Para o litígio – a arbitragem dentro da comunidade

cristã – (6.1-6); • Para o problema das virgens solteiras – o remédio é o

autodomínio ou o casamento legítimo (7.36-37);

• Nas questões relacionadas com os alimentos oferecidos aos ídolos – o fator decisivo era a relação

do crente com Deus (10.31; 11.13,32); • Quanto aos dons – são administrados por Deus dentro

da Igreja (12.28).

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Desde a primeira carta de Paulo, a igreja, em Corinto foi dominada por falsos mestres, os

quais incitaram o povo contra Paulo. Alegaram que ele era leviano, orgulhoso, de aparência e

fala inexpressivas, desonesto e sem qualificação para ser um apóstolo de Jesus Cristo. Paulo

enviou Tito a Corinto para tratar dessas dificuldades; e em seu regresso alegrou-se ao ouvir da

transformação do coração dos coríntios. Paulo escreve essa carta para expressar sua gratidão pelo

arrependimento da maioria e para apelar que a minoria rebelde aceitasse sua autoridade. Ao

longo de todo o livro ele defende sua conduta, caráter e vocação como apóstolo de Jesus Cristo.

1. Autoria: Apóstolo Paulo.

2. Data e Local: Foi escrita em 56 d.C. na Macedônia; alguns meses depois da primeira.

3. Destinatário: à igreja de Corinto.

4. Tema e propósito

O tema principal de 2 Coríntios é a defesa de Paulo de suas credenciais e autoridade

apostólica. Certos “falsos apóstolos” organizaram numa campanha contra Paulo na igreja de

Corínto, e Paulo teve de tomar uma série de providência para vencer a oposição. Esta epístola

expressa a alegria do apóstolo no triunfo do genuíno evangelho em Corinto (1 – 7), e reconhece a

“santa tristeza” e o arrependimento dos cristãos desta igreja. Também desperta os irmãos a

cumprirem a promessa de fazer uma contribuição liberal, para os pobres entre os cristãos da

Judéia (8 – 9). A oposição expressa em 10-13 evidentemente consistia em Judeus (palestinos ou

helenistas) que alegavam ser apóstolos (11.5,13; 12.11), mas pregavam um falso evangelho

(11.4) e estavam escravizando com sua liderança (11.20). Os capítulos 10 – 13 foram escritos

para expor esses “obreiros fraudulentos” e defender a autoridade dada por Deus a Paulo como

apóstolo de Jesus Cristo.

5. Chaves para 2 Coríntios:

5.1 – Palavras-chave: "Defesa de Paulo de sua autoridade".

5.2 – Versículos-chave: (4.5, 6, 5.17-19).

5.3 – Capítulo-chave: (8 – 9). Os capítulos 8 – 9 são realmente uma unidade e

encerram a mais completa revelação do plano de Deus para ofertas encontradas nas

Escrituras. Contidos nesse plano, estão os princípios para as ofertas (8.1-6), os propósitos

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das ofertas (8.7-15), as orientações a serem seguidas na oferta (8.16 – 9.15) e as

promessas a se concretizarem nas ofertas (9.6-15).

6. Esboço do conteúdo:

1ª parte: Explicação de Paulo de seu ministério (1.1-11).

1. Introdução: 1.1-11.

2. Explicação de Paulo de sua mudança e planos (1.12 – 2.13).

3. Filosofia do ministério de Paulo (2.14 – 6.10).

(a) Cristo nos faz triunfar (2.14-17).

(b) Vidas transformadas provam o ministério (3.1-5).

(c) O novo pacto é a base do ministério (3.6-18).

(d) Cristo é o tema do ministério (4.1-7).

(e) Provações permeiam o ministério (4.8-15).

(f) Motivação do ministério (4.16 – 5.21).

(g) Não provocar escândalo no ministério (6.1-10).

2ª Parte: Coleta de Paulo para os santos (8.1 – 9.15).

1. Exemplo dos Macedônios (8.1-6).

2. Exortação aos Coríntios (8.7 – 9.5).

(a) Exemplo de Cristo (8.7-9).

(b) Propósito em dar (8.10-15).

(c) Exortação para dar (8.16 – 9.15).

3ª Parte: Defesa de Paulo de seu apostolado (10.1 – 13.13).

1. Paulo responde a seus acusadores (10.1-18).

2. Paulo defende seu apostolado (11.1 – 12.13).

3. Paulo anuncia sua visita iminente (12.14 – 13.10)

4. Conclusão (13.11-14).

7. Assuntos principais:

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7.1 – Deus Pai:Ele é o Pai, motivo pelo qual usa de misericórdia e consola a seus

filhos (1.3). É uma personalidade viva (3.3 e 6.16).

7.2 – Realidade de Satanás e dos poderes diabólicos: Satanás é o deus deste

mundo (4.4), pode transformar-se me anjo de luz (11.14).

7.3 – O Senhor Jesus Cristo: Ele é a imagem de Deus (4.4), ele é o Filho de

Deus (1.19); é impecável (5.21); assegura as promessas de Deus aos homens (1.19-20),

Ele é o Redentor que traz de volta os homens a Deus (5.17 – 19), Jesus Cristo

preexistente que se fez pobre para que por sua pobreza vos tornásseis ricos (8.9). Cristo é

o Senhor e juiz de todos (5.10).

7.4 – Autoridade do Antigo Testamento: As promessas de Deus contidas no AT

se referem aos crentes que são o verdadeiro Israel (1.19 – 20). Porém. O código escrito, a

lei de Moisés, é inferior a revelação divina que nos trouxe Cristo (3.3-6). Não obstante, o

AT se reveste de importância, não devendo ser desprezado pelos cristãos (3.14-15). O

erro dos judeus incrédulos foi não terem eles percebidos o cumprimento do AT na nova

dispensação em Cristo Jesus.

7.5 – A imortalidade: A mais completa descrição bíblica que existe sobre a

imortalidade aparece no quinto capítulo desta epístola.

7.6 – A esperança cristã: A despeito das frustrações, dos sofrimentos e das

provas, além do desespero ocasional, tudo isso redundará para o crente em um peso

eterno de glória (4.10-18); veja também (5.1-10; 9.15).

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EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS

Efésios é endereçada a um grupo de crentes que são indescritivelmente ricos em Jesus

Cristo, mas vive uma existência miserável porque ignora sua riqueza. E visto que não se

apropriam dessa riqueza, vivem como se fossem paupérrimos! Paulo começa descrevendo, nos

capítulos 1 – 3, o conteúdo da conta bancária celestial dos cristãos: adoção, aceitação, redenção,

perdão, sabedoria, herança, o selo do Espírito Santo, vida, graça, cidadania – em suma, toda

bênção espiritual. (B. Wilkinson)

1. Autoria: O apóstolo Paulo.

2. Data e Local: A carta foi escrita na prisão (3.1; 4.1). Cesaréia ou Roma são locais

possíveis para sua redação. Se foi em Cesaréia, foi em torno de 55-57 d.C. Se foi em Roma, foi

entre 58-60 d.C.

3. Destinatário: Esta epístola foi diretamente endereçada aos Efésios, mas escrita de tal

maneira que se torna útil a todas as igrejas da Ásia. No final de sua segunda viagem missionária,

Paulo visitou Éfeso, onde se despediu de Priscila e Áquila (At 18.18-21). Esta cidade estratégica

era o centro comercial da Ásia Menor. Éfeso era também um centro religioso, famoso

especialmente por seu magnificente templo de Diana (nome romano) ou Arthémis (nome grego),

estrutura considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo (cf. At 19.35). A prática de

magia e a economia local estavam claramente relacionadas com este templo. Paulo permaneceu

em Éfeso por quase três anos, em sua terceira viagem missionária (At 191ss.).

4. Tema e Propósito: O tema de Efésios é a "responsabilidade do crente de andar de

acordo com sua vocação celestial em Cristo Jesus" (4.1). Efésios não foi escrita para corrigir

erros específicos numa igreja local, mas para prevenir problemas na igreja como um todo,

encorajando o corpo de Cristo a buscar a solidez nele. Foi escrita para tornar os crentes mais

cônscios de sua posição em Cristo, uma vez que esta é a base para sua prática em todos os níveis

da vida.

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5. Chaves para Efésios

5.1 – Palavras-chave: “Edificando o corpo de Cristo”.

5.2 – Versículo-chave: (2.8-10; 4.1-3).

5.3 – Capítulo-chave: 6 – Ainda quando o cristão é abençoado com toda sorte de

bênção espiritual em Cristo (1.3), a guerra espiritual é ainda uma experiência diária do

cristão enquanto vive neste mundo. O capítulo 6 é o mais claro conselho de como ser

forte no Senhor, e na força de seu poder (6.10). Este capítulo também ensina que a luta do

cristão não é contra as pessoas e, sim, contra os espíritos malignos, e a nossa vitória

depende não de nossas armas humanas, porém, das armas espirituais que aqui são

apresentadas como uma armadura.

6. Esboço do conteúdo:

6.1. Propósitos eternos de Deus para o homem em Cristo (1.1 – 3.21).

(a) Saudação (1.1,2).

(b) Louvor por causa de todas as bênçãos espirituais que são dadas aos que estão

em Cristo (1.3-14).

(c) Ação de graças por causa da fé dos leitores, e oração por causa da experiência

que tinham sobre a sabedoria e o poder de Deus (1.15-23).

(d) O propósito de Deus ao levantar indivíduos da morte do pecado para a nova

vida em Cristo (2.1-10).

(e) Seu propósito de reconciliar os homens, não apenas Consigo mesmo, mas uns

com os outros; em particular reunindo judeus e gentios juntamente, formando um único

povo de Deus (2.11-22).

(f) A glória da chamada do apóstolo para pregar o Evangelho aos gentios (3.1-13).

(g) Segunda oração, rogando pelo conhecimento do amor de Cristo e por sua

plenitude no íntimo (3.14-21).

6.2. Conseqüências práticas (4.1 – 6.24).

(a) Exortação para que o crente ande de modo digno, e que se esforce por edificar

o corpo único de Cristo (4.1-16).

(b) A velha vida de ignorância, concupiscência, e injustiça deve ser rejeitada, e

uma nova vida de santidade deve ser vestida (4.17-32).

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(c) Outra exortação para que o crente viva e ande em pureza, como filho da luz,

pleno de louvor e utilidade (5.1-21).

(d) Instruções acerca de esposas e esposos, baseadas na analogia da relação

existente entre Cristo e Sua igreja (5.22-33).

(e) Instrução acerca de filhos e pais, servos e senhores (6.1-9).

(f) Conclamações para que o crente combata com a armadura de Deus e impelido

por Seu poder (6.10-20).

(g) Mensagem pessoal de conclusão (6.21-24).

7. Assuntos principais

7.1 – Cristo Jesus é aquele que preenche tudo em todos. O primeiro capítulo

desta epístola tem a finalidade de situar o Senhor Jesus na mais alta posição cosmológica

possível. A importante frase de Paulo, “em Cristo” (ou seu equivalente), aparece cerca de

trinta e cinco vezes, mais que em qualquer outro livro do NT O crente está em Cristo

(1.1), nos lugares celestiais em Cristo (1.3), escolhido nele (1.4), adotados através de

Cristo (1.5; veja ainda 1.7, 11-13; 2.5-6, 10, 13, 21; 3.12).

7.2 – A criação inteira, portanto, está relacionada a Cristo, e, de uma maneira ou

de outra, encontra nele o seu alvo e o seu propósito de ser (1.10).

7.3 – Deus como Pai (1.2; 2.4-5; 3.13-15). Deus aparece nessas passagens como

cabeça de toda criação.

7.4 – O Espírito Santo, como agente da iluminação espiritual. Ele é o

revelador da unidade que há em Cristo (3.5). O acesso a Deus Pai se dá por meio do

Espírito Santo (2.18). E todos os crentes se tornam uma habitação de Deus, através do

Espírito (2.22). Além disso, o Espírito Santo aparece nesta epístola como o poder

revigorador, no homem interior, que produz a piedade prática dos crentes (3.16ss.). A

unidade da igreja se verifica por meio do Dele (4.3). O fruto do Espírito, é bondade,

verdade e retidão (5.9). E o Espírito Santo, igualmente, quem nos assegura poder na

oração (6.18).

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EPÍSTOLA AOS FILIPENSES

Filipenses é a epístola da alegria e do encorajamento em meio às circunstâncias adversas.

Nela, Paulo expressa livremente seu sentimento afetivo pelos filipenses em vista de seu

consistente testemunho e apoio e amorosamente insiste com eles a centralizar suas ações e

pensamentos na pessoa, atividade e poder de Jesus Cristo. Paulo também procura corrigir o

problema de desunião e rivalidade, instando os leitores a imitar a Cristo em sua humildade e

espírito de serviço. Agindo assim, a obra do evangelho seguirá adiante, à medida que os crentes

permanecerem firmes, nutrirem o mesmo pensamento, cultivarem alegria e orarem em todo

tempo.

1. Autoria: Apóstolo Paulo

2. Data: mais ou menos no ano 60 d.C. em Roma – durante o aprisionamento de Paulo.

3. Destinatário: a Igreja em Filipos. Em 356 a.C., o rei Filipe da Macedônia (pai de

Alexandre, o Grande) tomou esta cidade e a expandiu, dando-lhe o novo nome de Filipos. Os

romanos conquistaram-na em 168 a.C., a qual se tornou uma província romana.

O chamado macedônio que Paulo recebeu em Trôade durante sua segunda viagem

missionária o levou a exercer seu ministério em Filipos, com a conversão de Lídia e outros (At

16.12-40). Paulo e Silas foram ali açoitados e presos, mas isto resultou na conversão do

carcereiro filipense. Paulo visitou os filipenses outra vez em sua terceira viagem missionária (At

20.1, 6). Ao ouvir de sua prisão romana, a igreja filipense enviou Epafrodito com ajuda

financeira (4.18); Epafrodito quase morrera de certa enfermidade, porém permaneceu com Paulo

tempo suficiente para os filipenses receberem notícia de sua doença. Ao recuperar a saúde, Paulo

enviou por ele esta carta aos filipenses (2.25-30).

4. Tema e propósito:

4.1 – Os crentes filipenses, por diversas vezes haviam enviado doações pessoais

ao apóstolo (1.5; 4.10, 14), o que mostra que esta carta, entre outras coisas, foi uma carta

de agradecimento.

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4.2 – Paulo estava prestes a enviar-lhes Timóteo e Epafrodito, e essa carta foi, em

parte, mandada a fim de encorajar a boa acolhida a esses mensageiros. Parece que Paulo

desejava desarmar qualquer crítica que talvez houvesse surgido com relação a Epafrodito

(2.19-30);

4.3 – Há evidências na própria carta que estes cristãos estavam passando por

perseguições e precisavam de encorajamento. Por essa razão, Paulo os animou a se

manterem firmes, dando testemunho vivo em prol de Cristo (1.27 e 2.15).

4.4 – Refutar alguns que se achavam mais perfeitos do que outros, os legalistas

(3.1ss.). Alguns estudiosos acreditam que haviam um partido dos perfeccionistas naquela

igreja, afirmando que eram superiores aos demais, devido ao orgulho espiritual. Por isso,

é que esses estudiosos pensam que nesse trecho do terceiro capítulo, onde Paulo mostra

que nem ele mesmo pensa já haver atingido seus propósitos de perfeição em Cristo (3.12-

16), seria um repúdio indireto àqueles que pensavam já ter atingido a perfeição.

5. Chaves para Filipenses:

5.1 – Palavras-chave: “O viver é Cristo”.

5.2 – Versículos-chave: (1.21; 4.12, 13).

5.3 – Capítulo-chave: 2 – A grandeza da veracidade do Novo Testamento

dificilmente excede a revelação da humildade de Jesus Cristo, deixando o céu para

tornar-se servo. Cristo é claramente o exemplo dos cristãos, e Paulo transmite este ânimo:

“Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo” (2.5).

6. Esboço do conteúdo:

6.1 – A avaliação de Paulo e suas presentes circunstâncias (1.1-30).

(a) A oração de Paulo de agradecimento (1.1-11).

(b) As aflições de Paulo promovem o evangelho (1.12 – 26).

(c) A exortação de Paulo aos aflitos (1.27-30).

6.2 – O apelo de Paulo ao cultivo da mente de Cristo (2.1-30).

(a) Exortação à humildade (2.1-4).

(b) Exemplo de humildade de Cristo (2.5-16).

(c) Exemplo de humildade de Paulo (2.17-18).

(d) Exemplo de humildade de Timóteo e Epafrodito (2.19-30).

6.3 – O apelo de Paulo ao cultivo do conhecimento de Cristo (3.1 – 21).

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(a) Advertência contra a confiança na carne (3.1-9)

(b) Exortação para conhecer a Cristo (3.10-16).

(c) Advertência contra o viver para a carne (3.17-21).

6.4 – O apelo de Paulo ao cultivo da paz de Cristo (4.1-23).

(a) Paz com os irmãos (4.1-3).

(b) Paz com o Senhor (4.4-9)

(c) Paz em todas as circunstâncias (4.10-19).

(d) Conclusão (4.20-23).

7. Assuntos Principais:

7.1 – O tema da alegria aparece de maneira mais pronunciada nesta epístola

do que em qualquer outro dos escritos de Paulo. Isso pode nos parecer estranho, pois

Paulo estava preso. O segredo de toda esta alegria é que ele se contentava no Senhor;

alegria é também, fruto do Espírito (Gl 5.22 – 23), sobre alegria veja os seguintes

versículos (1.3 – 4, 25; 2.1-2, 16 – 18, 28; 3.1, 3; 4.1, 4, 5, 10).

7.2 – Sobre Cristo. No capítulo 1, Paulo vê Cristo como sua vida (1.21). No

capítulo 2, Cristo é o modelo da genuína humildade (2.5). O capítulo 3 O apresenta como

Aquele “que transformara o corpo da nossa humilhação para ser conforme ao corpo da

sua glória” (3.21). No capítulo 4, Ele é a fonte do poder de Paulo acima das

circunstâncias (4.13). Paulo sustenta nesta epístola a sua esperança no retorno de Cristo

Jesus para breve (1.6, 10; 2.10 - 11, 16; 3.20 – 21; 4.5).

7.3 – Humildade, que consiste da participação na atitude mental de Cristo, e isso

levou Paulo a compor sua mais profunda declaração concernente à humanidade de Cristo

(2.1-11).

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EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES

Colossenses é um dos livros da Bíblia mais centralizados em Cristo. Nele, Paulo enfatiza

a supremacia da pessoa de Cristo e a completude da salvação que ele provê, a fim de combater

uma crescente heresia na igreja de Colossos. Cristo, o Senhor da criação e o Cabeça do corpo,

que é a sua igreja, é completamente suficiente para toda necessidade espiritual e prática do

crente. A união do crente com Cristo em sua morte, ressurreição e exaltação é o fundamento

sobre o qual sua vida terrena deve ser construída.

1. Autoria: Apóstolo Paulo.

2. Data: Foi escrita por volta do ano 60 a 61 d.C.

3. Destinatário: Ela foi enviada à igreja em Colossos. Colossos era uma cidade da Ásia

Menor, cerca de cento e sessenta km de Éfeso, na região das sete igrejas asiáticas de Apocalipse

1 – 3. Localizada no fértil Vale Lico, rumo a uma região montanhosa pela qual avança a estrada

de Éfeso para o oriente, Colossos fora um populoso centro de comércio, famoso por sua lã

lustrosa e negra. É evidente que Paulo nunca chegou a visitar a igreja em Colossos, a qual fora

fundada por Epafras (1.4-8; 2.1). A visita e o relatório de Epafras referente às condições em

Colossos teriam inspirado esta carta. Ainda que os colossenses não tivessem sucumbido

totalmente (2.1-5), uma heresia intromissora ameaçava a igreja dos colossenses,

predominantemente gentílica (1.21, 27; 2.13).

4. Tema e Propósitos:

O tema principal em Colosso é "preeminência e suficiência de Cristo em todas as coisas".

O crente se completa unicamente nele, e nada lhe falta porque “nele habita corporalmente toda a

plenitude da Deidade” (2.9); ele possui todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (2.3).

Não há necessidade alguma de especulação, de visões místicas, nem de regulamentos

ritualísticos, como se a fé em Cristo fosse insuficiente. O propósito predominante de Paulo, pois,

era refutar uma heresia ameaçadora que desvalorizava Cristo, esta heresia misturava conceitos do

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judaísmo, de filosofia e das religiões pagãs; esta heresia é conhecida como gnosticismo, vamos

conhecer um pouco mais desta heresia:

4.1 – Grande importância era conferida aos “aeons” ou ordem de seres angelicais

(emanações de Deus), com detrimento para a posição de Cristo. Os gnósticos não viam o

Cristo como a encarnação do Logos (da Palavra Jo 1.14), mas somente como um dentre

muitos aeons, dotado de alguma missão terrena. Para eles, Cristo era apenas um dos

mediadores e salvadores, um pequeno deus.

4.2 – Os aeons (seres angelicais) eram objetos de adoração entre os gnósticos.

Cristo na qualidade de aeon, era adorado, contudo somente em pé de igualdade com

muitos outros aeons. E assim era tremendamente diminuída a estatura de Cristo.

Certamente os gnósticos não reconheciam a existência do Deus triúno, o único que, com

razão, pode ser adorado pela criatura humana; e nem conheciam Cristo como o Cabeça de

toda criação (veja: 2.18-19; cf. 1.15-19).

4.3 – Os gnósticos propunham a idéia de muitos criadores, pois os aeons, segundo

sua doutrina, tinham o poder de criar. Paulo insiste que só há um poder capaz de criar

(1.16).

4.4 – Os gnósticos, em Colossos, evidentemente tinham incorporado em seu

sistema alguns elementos das leis cerimoniais judaicas, assim encorajando as suas

tendências para o ascetismo (ver 2.16ss). Os gnósticos criam que o desígnio do sistema

cósmico é destruir toda a matéria, incluindo o corpo físico, visto que a matéria seria o

princípio mesmo do mal. Poderíamos cooperar com esse desígnio se abusássemos do

corpo, o que poderia ser feito através do ascetismo ou da licenciosidade extremados.

4.5 – Os gnósticos eram falsamente humildes, pois se guiavam por uma forma de

verdadeira auto-exaltação, já que o ascetismo deles somente provia o orgulho espiritual.

Precisavam fazer de Jesus Cristo o seu grande exemplo, sem apelarem para seus

costumes extremados (ver 2.20-23).

4.6 – Os gnósticos tinham uma sabedoria e um conhecimento falsos, pelo que

negligenciaram a Sabedoria e um conhecimento falsos, negligenciavam a Sabedoria de

Deus, e o seu mistério, a saber, Cristo (ver 2.8; 1.27; 2.22). Para eles, a salvação deveria

ser obtida através do conhecimento, não através da fé.

4.7 – Os gnósticos rejeitavam a expiação pelo sangue, pelo que também não viam

qualquer valor na morte de Cristo. Criam eles que o Espírito-Cristo, um dos aeons, na

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realidade não se encarnara, porquanto não poderia sofrer e nem morrer. Tomara conta do

corpo de Jesus, o homem, quando de seu batismo, tendo-o abandonado por ocasião de sua

crucificação. Para eles, a morte de Jesus, quando muito, foi somente a morte de um mártir

por uma boa causa. Não poderia ter qualquer valor expiatório. Em contraste com essa

opinião, Paulo afirma que a morte de Cristo tem valor expiatório (1.20-22).

Em síntese, essa epístola foi escrita com o propósito de revelar a natureza da

verdadeira cristologia e da ética cristã, em contraste com as idéias gnósticas, que tinham

impressionado alguns membros da comunidade de Colossos.

5. Chaves para Colossenses.

5.1 – Palavras-chave: “Preeminência de Cristo”.

5.2 – Versículos-chave: (2.9-10; 3.1-2).

5.3 – Capítulo-chave: 3 – O capítulo 3 serve de elo para três temas de

Colossenses, mostrando suas relações de causa e efeito. Visto que o crente está

ressuscitado com Cristo (3.1-4), ele está despido do velho homem e vestido do novo (3.5-

17), o que resultará em santidade em todas as relações.

6. ESBOÇO DO CONTEÚDO

(a) Saudação (1.1,2).

(b) Agradecimento pela fé e amor dos crentes de Colossos, e pelo fruto da pregação

evangélica entre eles (1.3-8).

(c) Oração por seu crescimento no entendimento, consequentemente, nas boas obras (1.9-

12).

(d) Glória e grandeza de Cristo, a Imagem de Deus, Seu agente na criação de tudo,

Cabeça da igreja, o qual pela sua cruz reconciliou tudo Consigo mesmo (1.13-23).

(e) Labutas e sofrimentos de Paulo para tornar conhecido o mistério de Cristo, e para

apresentar cada homem perfeito em Cristo (1.24-2.3).

(f) Advertência específica contra o ensino falso, e resposta apostólica ao mesmo (2.4-

3.4).

(g) Os pecados da vida antiga devem ser abandonados revestindo-se das virtudes da nova

vida em Cristo (3.5-18).

(h) Instruções referentes à conduta de esposos e esposas, filhos e pais, servos e senhores

(3.19-4.1).

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(i) Exortação à oração e à sabedoria no falar (4.2-6).

(j) Mensagens pessoais. (4.7-18).

7. Assuntos principais

7.1. Cristo em Colossenses. Este livro singularmente cristológico está centrado

num Cristo cósmico – “o cabeça de todo principado e potestade” (2.10), o Senhor da

criação (1.16-17) e o autor da reconciliação (1.20-22; 2.13-15). Ele é a base da esperança

do crente (1.5, 23, 27), a fonte do poder dos crentes para uma nova vida (1.11, 29), o

Redentor e Reconciliador dos crentes (1.14, 20-22; 2.11-15), a incorporação da plenitude

da Deidade (1.15, 19; 2.9), o Criador e Sustentador de todas as coisas (1.16-17), a Cabeça

da igreja (1.18), o Deus-Homem ressurreto (1.18; 3.1) e o Salvador todo-suficiente (1.28;

2.3; 10; 3.1-4). Cristo é o mistério de Deus, em quem residem todos os tesouros da

sabedoria e do conhecimento (2.2-3), Cristo é o vencedor de todo o mal, o qual dá

liberdade à alma e aos homens, em suas observâncias religiosas (2.14-18).

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Atos e Epistolas Paulinas

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PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES

A igreja em Tessalônica era em muitos aspectos uma igreja modelo. Paulo tinha muitas

coisas a enaltecer nos crentes: sua fé exemplar, seu serviço diligente, sua firmeza paciente e sua

alegria transbordante. Mas em meio ao enaltecimento, Paulo emite uma Palavra de advertência.

Ser frutífero na obra do Senhor fica apenas a um passo de abandonar a obra do Senhor por

complacência. Por isso, Paulo exorta os tessalonicenses a se sobressair em sua fé, a crescer em

seu amor recíproco e a dar graças sempre por todas as coisas. Em suma, Paulo os encoraja a

“mirar o alvo” enquanto trabalham para o Senhor.

1. Autoria: Apóstolo Paulo

2. Data e local: Foi escrita por volta do ano 51 d.C. em Corinto.

3. Destinatário: A carta foi escrita à jovem igreja de Tessalônica, aproximadamente um

ano após a sua fundação. Nos dias de Paulo, Tessalônica era um proeminente porto e a capital da

província romana da Macedônia. Cassandro expandiu e fortaleceu este lugar em torno de 315

a.C. e deu-lhe o nome de sua esposa, a meia irmã de Alexandre, o grande. Os romanos

conquistaram a Macedônia em 168 a.C. e a organizaram numa única província vinte e dois anos

depois, com Tessalônica como a cidade capital.

Tessalônica possuía uma população judaica relativamente grande, e o monoteísmo ético

do judaísmo atraía muitos gentios que se desobrigavam do paganismo grego. Estes tementes a

Deus respondiam imediatamente à argumentação de Paulo na sinagoga, quando ministrou ali em

sua segunda viagem missionária (At 17.10). Os judeus tiveram ciúmes do sucesso de Paulo e

organizaram um movimento para opor-se aos missionários cristãos.

Apesar de Tessalônica contar com numerosa população judaica, a igreja primitiva dali se

compunha principalmente de pagãos que tinham abandonado os ídolos para abraçarem a fé cristã

(veja 1.9; 2.14, 16; 4.5, 9, 10).

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Atos e Epistolas Paulinas

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4. Tema e propósitos:

O tema básico desta epístola é a "salvação e santificação dos tessalonicenses". O

conteúdo desta epístola revela cinco propósitos básicos pelos quais ela foi escrita:

4.1 – Paulo queria expressar sua gratidão pela fé e amor deles, agora que ouvia de

sua firmeza em face da perseguição (cap. 1).

4.2 – Paulo se defendeu contra ataques caluniosos que evidentemente tiveram

origem na oposição dos judeus (cap. 2).

4.3 – Para encorajar e exortar, para resistirem às tentações de impureza moral

(cap.3).

4.4 – Paulo procurou dissipar sua ignorância no tocante à relação dos mortos em

Cristo, com sua “parousia”. Ele os conforta com a revelação de que os cristãos que

estiverem vivos quando Cristo vier a encontrá-los não terão nenhuma vantagem sobre os

que já tiverem morrido, visto que ambos encontrarão o Senhor nos ares (cap.4).

4.5 – Paulo instrui os tessalonicenses a respeito de seus líderes espirituais, sua

conduta e seu culto (5.12 – 22).

5. Chaves para I Tessalonicenses:

5.1 – Palavra-chave: “Santificação”.

5.2 – Versículos-chave: (3.12, 13; 4.16 – 18).

5.3 – Capítulo-chave: 4 – O Capítulo 4, inclui a passagem central da epístola

sobre a vinda do Senhor, quando os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro e os que

estão vivos serão arrebatados juntamente com eles nas nuvens.

6. Esboço do Conteúdo.

(1) Reflexões pessoais acerca dos tessalonicenses (1.1 – 3.13).

(a) Paulo enaltece o crescimento deles (1.1-10).

(b) Paulo apresenta o fundamento da igreja (2.1-16).

(c) Timóteo fortalece a igreja (2.17 – 3.13).

(2) Instruções de Paulo aos tessalonicenses (4.1- 5.28)

(a) Diretrizes para o crescimento (4.1-12).

(b) Revelação concernentes aos mortos em Cristo (4.13-18).

(c) Descrição do dia do Senhor (5.1-11).

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(d) Instrução para o viver santo (5.12-22)

(e) Conclusão (5.23-28)

7. Assuntos principais:

7.1. Cristo. Cristo é visto como a esperança de salvação dos crentes, tanto agora

quanto em sua segunda vinda. Quando ele regressar, libertará (1.10; 5.4 – 11), galardoará

(2.19), aperfeiçoará (3.13), ressuscitará (4.13-18) e santificará (5.23) todos os que nele

confiam.

7.2. A segunda vinda Cristo. A volta de Jesus Cristo para buscar a Sua Igreja é

tratada como uma realidade. A esperança cristã está na promessa da ressurreição dos

mortos e no arrebatamento dos que estiverem vivos por ocasião da vinda do Senhor:

"Portanto, o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e

ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e s mortos em Cristo ressuscitarão

primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com

eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre

com o Senhor" (1Ts 4.16,17).

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SEGUNDA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES

Desde a primeira carta de Paulo aos tessalonicenses, os problemas aumentaram na igreja.

Falsos mestres perturbavam os santos, alegando que o “dia de Cristo” já havia chegado. Essas

notícias inspiravam o ócio na igreja e inspiram a Paulo a prescrever um antídoto eficaz para

curar os problemas: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (3.10). Paulo lembra

aos tessalonicenses dos eventos que devem ocorrer antes do regresso de Cristo. Aqueles que

suportam perseguição podem recobrar ânimo, sabendo que o justo juízo de Deus fará com que

todas as contas sejam quitadas. Ele exorta seus leitores a permanecerem firmes e diligentes,

aproveitando as oportunidades, em vez de meramente aguardar seu tempo.

1. Autoria: Apóstolo Paulo

2. Data e local de composição: Esta carta foi provavelmente escrita uns poucos meses

depois de I Tessalonicenses, enquanto Paulo ainda estava em Corinto com Silas e Timóteo (1.1,

cf. At 18.5).

3. Destinatário: a Igreja de Tessalônica.

4. Tema e Propósito:

O tema desta epístola é o "conforto e a correção que Paulo transmite aos tessalonicenses

em vista de seus problemas de perseguição religiosa, equívoco doutrinal e abuso prático".

Vemos em 3.11 que Paulo recebe algumas notícias da igreja de Tessalônica: "Há

membros que vivem desordenadamente, não trabalham e fazem coisas inúteis". As exortações

que aparecem na carta mostram que essas pessoas vivem por conta de outras pessoas na igreja,

até o ponto de serem sustentadas por elas. O motivo deles para a aversão pelo trabalho não é

necessariamente a preguiça, mas a esperança pela volta de Jesus enfatizada em demasia. Acham

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que o reino de Deus já veio (o dia do Senhor já chegou 2.2ss) e, por isso, já não consideram

importante continuar as suas atividades profissionais. O propósito de Paulo ao escrever esta carta

era corrigir esse falso ensino.

5. Chaves para II Tessalonicenses:

5.1 – Palavras-chave: "Expectativa do Dia do Senhor".

5.2 – Versículos-chave: (2.2, 3; 3.4 – 5).

5.3 – Capítulo-chave: 2 – Este capítulo corrige um sério erro que havia penetrado

na igreja a respeito da vinda do Senhor.

6. Esboço do conteúdo:

6.1 – O estímulo de Paulo na perseguição (1.1-12).

6.2 – A explicação de Paulo do Dia do Senhor (2.1-17)

(a) Os eventos precedentes ao Dia do Senhor (2.1-12).

(a.1) Primeiro apostasia (2.1- 3).

(a.2) O homem do pecado se manifesta (2.4 - 5).

(a.3) Aquele que restringe é removido do caminho (2:6 – 7).

(a.4) A segunda vinda de Cristo (2.8 – 12)

6.3 – Exortação de Paulo à igreja (3.1 – 18).

7. Assuntos principais:

7.1. A volta de Cristo. A volta de Cristo é mencionada mais vezes no Novo

Testamento (318 vezes) do que qualquer outra doutrina, e este é certamente o principal

conceito nos capítulos 1 – 2 desta epístola. À volta do Senhor Jesus é uma esperança

tranqüilizadora e alegre, mas sua revelação do céu contém pavorosas e terríveis

implicações para aqueles que porventura não confiaram nele (1.6-10; 2.8 – 12).

7.2. Esta é a mais breve das nove cartas de Paulo às igrejas, no entanto provê

informação crucial acerca do fim dos tempos e esclarece questões que de outra forma

seriam muito obscuras. As duas epístolas aos tessalonicenses, juntamente com o discurso

do Monte das Oliveiras (Mt 24 – 25) e o Livro do Apocalipse, formam os três maiores

textos proféticos do Novo Testamento que tratam da questão da escatologia.

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CARTA DE PAULO A FILEMON

Esta é a carta mais breve de Paulo e talvez a mais íntima de todas as suas cartas. Nela

Paulo procura convencer ao amado irmão Filemon a perdoar um escravo que fugiu, por não

aceitar a mais a condição de escravo, e não somente isso, mas aceitá-lo como irmão em Cristo.

Numa época em que e economia estava baseada no trabalho escravo e o no grande império

romano, o número de escravos era muito grande, apesar de a igreja não se opor diretamente à

escravidão, aos poucos, ela vai minando esta estrutura escravista. Paulo já havia falado que em

Cristo todos são iguais, não há diferença entre grego e judeu, nem entre escravo e livre (Gl 3.28).

O relacionamento cristão é baseado no amor, com base neste princípio é que Paulo escreve esta

carta intercedendo pelo escravo Onésimo; que, anteriormente, um escravo indigno, um desertor,

ladrão, porém que agora é irmão em Cristo. Com muito tato e ternura, Paulo pede a Filemon que

receba de volta Onésimo com a mesma brandura com que receberia a Paulo pessoalmente.

Qualquer dívida que por ventura Onésimo tenha, Paulo promete quitar. Conhecendo a Filemon,

Paulo está confiante de que o amor fraternal e o perdão por fim alcançarão vitória.

Mesmo sendo a mais curta das epístola de Paulo, ela é uma profunda revelação de Cristo

operando na vida de Paulo e daqueles à sua volta. O tom é de amizade calorosa e pessoal ao

invés de autoridade apostólica. Ela revela como Paulo endereçou com educação, porém, firmeza

o assunto central da vida cristã, isto é, o amor através do perdão, em uma situação muito

sensível. Apresenta a persuasão de Paulo em ação.

1. Autoria. Apostolo Paulo

2. Data e Lugar. Paulo escreveu esta carta durante sua prisão romana por volta de 61

d.C. Ele desejava uma verdadeira reconciliação cristã entre o proprietário de escravos lesado e o

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escravo perdoado. Paulo, com delicadeza, contudo com urgência, intercedeu por Onésimo e

expressou total confiança de que a fé e amor de Filemon resultariam na restauração (vs 5,21).

3. Destinatário. Esta carta é o apelo pessoal de Paulo a Filemon, um cristão rico e dono

de escravos. Parece que Filemon tinha se convertido sob o ministério de Paulo (v.10), que

morava em Colossos, e que a igreja colosense se reunia em sua casa (v.2). Onésimo, um de seus

escravos tinha fugido para Roma, aparentemente depois de danificar ou roubar a propriedade do

mestre (vs. 11,18). Em Roma, Onésimo entrou em contato com o preso Paulo, que o levou a

Cristo (10).

Paulo escreveu para a igreja em Colossos e evidentemente incluiu esta carta a favor de

Onésimo. Tíquico e Onésimo aparentemente entregaram as duas cartas (Cl 4.7-9; Fm 12). O

relacionamento próximo de Paulo e Filemon é evidenciado através de suas orações mútuas (vs 4

e 22) e de uma hospitalidade de “portas abertas” (v.22). Amor, confiança e respeito

caracterizavam a amizade deles (vs. 1, 14,21)

A escravidão era uma realidade econômica e social aceita no mundo romano. Um escravo

era propriedade de seu mestre, e não tinha direitos. De acordo com a lei romana, os escravos

fugitivos poderiam ser severamente punidos e mesmo condenados à morte. As revoltas dos

escravos no séc. I resultaram em proprietários temerosos e suspeitos. Mesmo a igreja Primitiva

não tendo atacado diretamente a instituição da escravidão, ela reorganizou o relacionamento

entre o mestre e o escravo. Ambos eram iguais perante Deus (Gl 3.28), e ambos eram

responsáveis por seu comportamento (Ef 6.5-9).

4. Tema e Propósito.

Filemon desenvolve a "transição de escravidão a fraternidade" que é produzida pelo amor

cristão e pelo perdão. Justamente como a Filemon fora demonstrada misericórdia mediante a

graça de Cristo, assim também ele deveria graciosamente perdoar o seu fugitivo arrependido que

regressava como irmão em Cristo. Paulo escreve esta carta como seu apelo pessoal para que

Filemon recebesse Onésimo da mesma forma que receberia Paulo. Esta carta foi também

endereçada a outros cristãos do círculo de Filemon, visto que Paulo queria que ela tivesse o

mesmo impacto na igreja colossense como um todo.

5. Chaves para Filemon:

5.1. Palavra-chave: Perdão.

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5.2. Versículos-chave: (16,17).

6. Esboço

6.1. Saudação 1-3.

6.2. Ação de graças em relação a Filemon 4-7.

(a) Louvor pessoal 4.

(b) Características dignas de louvor 5-7.

6.3. Petição de Paulo por Onésimo 8-21.

(a) Um pedido de aceitação 8-16.

(b) Um garantia de reembolso 17.19.

(c) Uma confiança na obediência 20-21.

6.4. Preocupações pessoais 22-25.

(a) Esperança de libertação 22.

(b) Saudações 23-24.

(c) Bênção 25.

Filemon não foi escrita para comunicar doutrina, mas, sim, para aplicá-la de tal maneira

que os efeitos transformadores do cristianismo causassem impacto nas condições sociais. O

poder do evangelho derruba as barreiras sociológicas (Gl 3.28; Cl 3.11), e Paulo é uma vívida

ilustração desta verdade: este fariseu que outrora se auto justificava, agora se refere a um gentio

escravo como “meu filho Onésimo, a quem gerei” (v.10). Filemon não é um ataque à instituição

da escravatura, todavia seus princípios cristãos por fim levariam à renúncia da escravidão.

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EPÍSTOLAS PASTORAIS

Introdução geral

POR QUE USAR O TERMO PASTORAL?

Já no século XIII da era cristã, Tomás de Aquino fez uma referência à 1 Timóteo como

uma epístola que fornece algo como uma “regra pastoral”. Mas foi provavelmente a série de

palestras de Paul Anton sobre as três epístolas, realizada em 1726, a que deu o nome de

“Epístolas Pastorais”, que estabeleceu esta terminologia. O termo tornou-se uma abreviação

conveniente para as três epístolas como um só corpo de escrita. Por causa de seu conteúdo que

contém várias instruções relativas ao cumprimento do trabalho pastoral da Igreja, essas epístolas

passaram a ser conhecidas como pastorais. Elas não são apenas cartas dirigidas a dois dos mais

íntimos colaboradores de Paulo, mas são verdadeiras instruções para dois pastores, são escritos

para o ministério, um manual de regulamentação da doutrina eclesiástica.

MOTIVOS E PROPÓSITOS

Há três impulsos primários que podem ser observadas nas epístolas pastorais a saber:

1. A necessidade de combater as heresias. Grande parte dessas epístolas visa, direta ou

indiretamente, refutar as doutrinas falsas e confundir os hereges. O autor sagrado assediou

homens maus, que propagavam doutrinas de demônios, apanhados nas armadilhas do diabo,

enganadores que por sua vez eram enganados. Com o objetivo de mostrar o quanto eram maus

estes hereges, ele enumera uma lista de vícios inerente ao caráter destes homens como se lê em

2Tm 3.2-5. É impossível imaginar qualquer povo religioso, que reivindique autoridade espiritual,

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baseado no nome de Cristo, envolvido nos defeitos e vícios registrados nesta lista. Podemos

distinguir ali duas queixas gerais contra eles:

➢ Estavam envolvidos em especulações, em discussões vãs, em conversas ímpias;

➢ E isso encorajava-os à degradação moral, à destruição da consciência, à perversão da

sinceridade (veja 1Tm 1.4,5,9,19,20; 4.1ss.; 2Tm 3.1ss.; 4.3ss.; Tt 2.1,7,12; 3.9ss.). O

autor chama alguns deles pelo nome como se lê em 1Tm 1.20 e 2Tm 1.15.

1.1. Heresias judaico-cristãs (ver Tt 1. 10,14; 3.9). As intermináveis genealogias

que promovia especulações (1Tm 1.4), provavelmente eram interpretações alegóricas do

Antigo Testamento que predominava no judaísmo. Os hereges, usando os métodos

existentes no Haggada ou na Midrash*, alegorizavam várias passagens do Antigo

Testamento criando especulações polêmicas. O ascetismo sobre os alimentos (1Tm 4.3)

talvez tivesse ligação com o judaísmo. Os essênios eram celibatários, e todos sabem

quantas regulamentações sobre os alimentos estavam contidas no judaísmo. Notemos que

esses homens eram, não apenas, ascetas, mas também libertinos (ver 2Tm 3.6).

1.2. Heresias Gnósticas. O gnosticismo é um termo geral para indicar uma fase

da religião, que apareceu no paganismo, no judaísmo e no cristianismo; mas foi no

cristianismo que o gnosticismo se tornou mais agressivo. O termo é derivado do vocábulo

grego gnosis, "conhecimento", e tradicionalmente aplicado a um conjunto de ensino

herético que a igreja primitiva teve de enfrentar nos dois primeiros séculos de nossa era.

Nas epístolas pastorais são negadas certas doutrinas distintivamente gnósticas, sobre os

seguintes pontos essenciais:

a) Não existem dois deuses, um maligno, que teria criado a matéria, e

outro bondoso, que teria criado os espíritos. O dualismo radical do gnosticismo é negado

e rejeitado nestas epístolas, como também nas páginas de todo o Novo Testamento.

Paulo, por exemplo, apesar de reconhecer que o nosso corpo físico serve de instrumento

fácil para o pecado (veja Rm 6), jamais permitiu que se pensasse que o corpo é mau por si

mesmo, fora do alcance da redenção, como ensinavam erroneamente os mestres

gnósticos. Nas epístolas pastorais Deus é tanto Criador quanto Salvador (1Tm 1.1; Tt 1.3;

2.10; 3.4), isto contrapõe a idéia gnóstica da existência de uma imensa linhagem de

mediadores, de tal maneira que ninguém poderia entrar em contato direto com o próprio

Deus, pois a matéria bruta só poderia contaminá-lo.

* Métodos que os judeus utilizavam para interpretar as Escrituras Sagradas

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b) Não há uma grande hierarquia de mediadores entre Deus e o homem,

mas um único mediador, que é o Senhor e Salvador (1Tm 2.5; 2Tm 1.10).

c) Não são apenas alguns poucos iniciados os que podem ser salvos, ao

passo que a grande maioria dos homens estaria fora da possibilidade da salvação, visto

estarem esses totalmente preocupados com a matéria, motivo por que eventualmente

deveriam perecer, conforme ensinava o gnosticismo. Para os gnósticos, havia três classes

de pessoas, a saber:

➢ Os espirituais, que seriam indivíduos totalmente capazes da redenção, que

significaria a reabsorção em Deus;

➢ Os psíquicos, que já não seriam inclinados para a redenção;

➢ E os ílicos ou materialistas, a grande massa da humanidade, totalmente

incapaz de ser remida.

Contrariando este conceito, Paulo argumenta que é da vontade de Deus

que todos os homens sem distinção de classe sejam salvos (veja 1Tm 2.1-6; 4.10; Tt

2.11).

d) Não há um Cristo docético*, isto é, que tenha apenas a aparência

humana, mas que seja um elevado aeon** que veio à terra fingindo-se homem. O

mediador é antes o Homem Cristo Jesus (1Tm 2.5), que se manifestou em carne (1Tm

3.16).

e) Além disso, o cristianismo rejeita o sistema ético do gnosticismo, tanto

em seu ascetismo (1Tm 4.3ss.) como em sua libertinagem (2Tm 3.4ss.). Os gnósticos

ensinavam que o corpo encerra o princípio mesmo do pecado, até onde o homem está

envolvido, sendo inerentemente maligno e incapaz de ser remido. Portanto, não

importaria o que fazemos com o mesmo, podendo os homens abusar dos mesmos e ceder

ante as paixões, como meios de apreciarem o processo pelo qual nos livramos do corpo,

levando-o à sua destruição necessária, como algo que participa do processo cósmico.

2. Problemas de organização eclesiástica, quanto à sua liderança.

2.1. Solenes exortações são feitas a Timóteo, com o objetivo de que ele se

desincumba de seus deveres de conformidade com sua elevada chamada (2Tm 1.5-

8,13ss.; 2.1,22; 3.14; 4.1ss.). Tito e Timóteo tinham a obrigação de pelejar em prol da

* A palavra docética vem do grego dokeo e tem o sentido de aparência. Essa doutrina ensina que Cristo não era

humano, tinha apenas a aparência humana, o que é, de fato, uma heresia. ** seres angelicais

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pureza de doutrinas, deveriam ansiar por ensinar a verdade cristã pura a outros, resistindo

às heresias (ver 1Tm 4.11; 6.2; 2Tm 3.1ss.; Tt 2.1,15). Somente dessa maneira deveriam

ser líderes da igreja cristã, aceitando as pesadas responsabilidades que tinham, de nomear

outros para os ofícios eclesiásticos.

2.2. A igreja precisava de uma organização apropriada, bem como de nomeação

de líderes qualificados. Para garantir que isso estaria sendo apropriadamente feito, é que

foram escritas essas epístolas (1Tm 3.1ss.; Tt 1.5ss.).

2.3. Estabelecer de forma detalhada as características do ministério ideal do líder

cristão (1Tm 2.8ss.; 5.1ss.; 6.1ss.; Tt 2.1ss.).

3. Instruções acerca da piedade cristã.

Essas epístolas tinham também o propósito de fornecer instruções sobre a piedade, na

vida cristã diária, permitindo ao crente um alto padrão de moralidade cristã. Os mandamentos

morais acham-se dispersos por todas as três epístolas, não formando qualquer secção específica

nas mesmas. Notemos que a palavra grega "eusebeia" (que significa piedade) aparece dezessete

vezes nessas epístolas (cf. 1Tm 2.2; 3.16; 4.7,8; 6.3,5,6,11; 2Tm 3.5,12; Tt 1.1; 2.12).

FUNÇÕES DO MINISTÉRIO

As funções específicas de um ministério da palavra são as seguintes:

1. Confirmar e conservar a ortodoxia, resistindo às heresias. Este tema é enfatizado

muito mais nas epístolas pastorais do que em qualquer outro texto do Novo Testamento (cf. 1Tm

1.10ss.; 3.15ss.; 4.11ss.; 6.3ss.; 2Tm 1.13ss.; 2.23ss.; 3.1ss.; 4.2ss.; Tt 1.9ss.; 2.1 e 3.9ss.).

2. Pregar com intensa devoção. O(a) pregador(a) não deve esquecer-se de cumprir

adequadamente seu trabalho, como um(a) ministro(a) que anuncia a Palavra de Deus. Não pode

ser meramente alguém que combate as heresias. (1Tm 4.16; 2Tm 1.13,14 e 2.15). Mas ele deve

ser um exemplo que os crentes imitem. (1Tm 4.12, Tt 2.7,8). Não deveria apreciar as

controvérsias, mas antes, deveria ser alguém dedicado ao seu ministério, de modo positivo (1Tm

6.4, 2Tm 2.23, e Tt 3.9). Sua pregação deveria ser prática, e não especulativa (1Tm 1.5, 15; 4.10

e 2Tm 3.15-17). Também deve dispor-se a sofrer perseguições devido ao seu ministério fiel,

tornando-se um bom soldado de Jesus Cristo (2Tm 2.3; 4.5; e 1 Tm 2.8,9), seguindo o exemplo

do próprio Paulo.

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3. Ter cuidado na seleção de outros pastores. A fim de que a igreja cristã conte com

seus ministros apropriados. A tradição cristã será melhor preservada se for posta sobre a guarda

de homens fiéis, que se submetem à autoridade do apóstolo Paulo e de seus auxiliares (1 Tm 3.1

e ss.; 5.22; 2Tm 2.2; Tt 1.6 e ss).

4. Sustentar o ministério e disciplinar o mesmo. Os ministros do evangelho não devem

ser amantes do dinheiro, trabalhando por motivo do ganho (1Tm 3.3; 6.6-10); não deveriam ser

anelantes pelas vantagens pessoais (1Tm 3.8; Tt 1.7). Não obstante, tem o direito de receber o

sustento financeiro apropriado (1Tm 6.8). Alguns pastores, especialmente aqueles que dirigem

bem e são bons mestres podem com justiça receber um duplo salário, ou alguma forma especial

de reconhecimento (1Tm 5.17).

5. Os líderes cristãos têm a responsabilidade de supervisionar os cultos de adoração,

quanto aos seguintes itens: Nas orações (1Tm 2.1,2); na participação na pregação e no ensino

(1Tm 2.8-15); e na leitura das sagradas escrituras (1Tm 4.13; 2Tm 3.16 e 4.2).

6. Também devem proteger os que sofrem necessidades especiais, provendo o

necessário para os mesmos, como as viúvas que não tem nenhum parente para lhes sustentar

(1Tm 5.5ss.).

7. Exortações éticas em geral. No tocante aos próprios ministros do evangelho, isso

pode ser percebido especialmente em 1Tm 4.1-16.

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PRIMEIRA EPÍSTOLA A TIMÓTEO

O apostolo Paulo, já velho e experiente, escreve ao jovem pastor, Timóteo, o qual está

enfrentando uma pesada carda de responsabilidade na igreja de Éfeso. A tarefa desse jovem

pastor era desafiadora. Ele deveria erradicar todo tipo de heresia que estava minando a fé dos

irmãos, manter a ordem e a espiritualidade do culto público e desenvolver a maturidade na

liderança. A conduta da igreja está intimamente ligada à conduta do pastor, por esse motivo

Timóteo deve manter-se em guarda para que a sua juventude não se torne uma deficiência, em

vez de um recurso para o evangelho. Ele deve ser cuidadoso em evitar os falsos mestres e os

motivos gananciosos, buscando a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão,

como convém a um homem de Deus.

1. Autoria. Esta epístola é de autoria do apóstolo Paulo.

2. Data e lugar. Para responder a pergunta sobre quando e onde a carta foi escrita, parece

melhor examinarmos o restante da vida de Paulo e suas viagens, desde o local em que se

encontrava quando escreveu a carta até sua morte. Nada no relato de Lucas, em Atos, sobre a

vida de Paulo, iguala-se aos planos de viagem registrados por Paulo em suas cartas a Timóteo e

Tito. Merrill C. Tenney fez uma excelente comparação do modelo de viagem de Paulo em Atos

com os acontecimentos mencionados nas cartas a Timóteo e Tito. De acordo com Atos, Paulo

poderia não ter deixado Timóteo perto de Éfeso, quando estava a caminho da Macedônia (1.3;

veja At 20.4–6). Demas foi um dos cooperadores citados em Filemon 24, mas havia abandonado

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Paulo conforme II Timóteo 4.10. Paulo não foi a Creta no registro de Lucas em Atos, mas,

segundo Tito 1.5, essa foi uma viagem padrão de Paulo. “Como Paulo pôde dizer que concluíra

seu trajeto, se havia permanecido continuamente em Roma”, na prisão (como em Atos 28), e

ansiava por chegar à Espanha (veja Rm 15.24–28; 2 Tm 4.7, 8)?

Todas as peças desse quebra-cabeça se encaixam se considerarmos um acontecimento:

que Paulo foi solto da prisão depois do encerramento do relato de Lucas em Atos. Depois disso,

seria possível que ele continuasse e concluísse seu trajeto antes de ser preso novamente, em

Roma, onde, de fato, concluiu sua jornada na terra.

O seguinte panorama consiste numa tentativa de traçar a rota que Paulo percorreu,

começando com sua primeira prisão em Roma e prosseguindo até a época próxima a sua morte.

Como o registro inspirado não menciona todos os detalhes, reunimos as informações a seguir de

modo a se encaixarem na porção de fato revelada por inspiração, cientes, porém, de que todos os

esforços nesse sentido são de origem humana, estando sujeitos a erros. O fato de Paulo ser

libertado da prisão não contradiz nenhuma passagem bíblica. Lucas não alega que Atos vai até o

fim da vida de Paulo (At 28.30, 31). Paulo insinuou que previa ser solto (veja Fp 2.24). Ele

chegou ao ponto de pedir que Filemon preparasse um lugar para hospedá-lo (Fm 22). Para onde

foi Paulo ao ser solto? A lista abaixo é uma tentativa de ligar todos esses acontecimentos.

Assim que Paulo soube o que aconteceria a ele, mandou Timóteo a Filipos (Fp 2.19–23).

Paulo foi solto e deu início à sua viagem planejada para a Ásia Menor e Macedônia.

Quando viajou partindo de Roma, Paulo chegou a Creta, onde deixou Tito (Tito 1.5).

Prosseguindo a viagem, o apóstolo entrou na Ásia Menor para estar com Filemon e tratar

do caso de Onésimo (Fm 10–22). Isso foi em Colossos (Cl 4.9). Paulo poderia perfeitamente ter

passado em Mileto (perto de Éfeso) a caminho de Colossos.

Voltando a Mileto, Paulo encontrou-se com Timóteo (o qual fora a Filipos a pedido do

apóstolo), e depois prosseguiu até Éfeso (talvez parando em Trôade, no caminho). A hipótese de

Paulo ter-se encontrado com Timóteo em Mileto (em vez de Éfeso) é preferível por causa de

Atos 20.25. Paulo afirmara anteriormente aos presbíteros de Éfeso (que se encontraram com ele

em Mileto): “Agora eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais

o meu rosto”. A idéia de que Paulo não foi a Éfeso é mais provável do que a de que ele foi, mas

foi impedido pelo tempo e pelas circunstâncias de ver ali sequer um dos presbíteros. Paulo

recebeu um recado de Timóteo (Fip 2.19– 24) e partiu para Filipos, aconselhando Timóteo a

voltar para Éfeso e ali permanecer. Diferentemente de Tito 1.5, 1 Timóteo 1.3 não afirma que

Paulo deixou Timóteo ali para terminar a obra em Éfeso.

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Enquanto estava na Macedônia, Paulo escreveu 1 Timóteo, desejando voltar à região de

Éfeso brevemente, mas sabendo que poderia demorar (3.14, 15; 4.13).

Mais tarde, Paulo escreveu a Tito da Macedônia (provavelmente de Filipos) e alterou o

curso de sua viagem. Queria que Tito se juntasse a ele em Nicópolis (em Epiro, na costa leste do

mar Jônico), onde decidira passar o inverno. Prometeu (ou pelo menos desejava) despachar

Ártemas ou Tíquico (Ef 6.21, 22; Cl 4.7, 8) para levar a cabo a obra em Creta (Tt 3.12).

Evidências externas consideráveis sugerem que Paulo continuou sua viagem até a

Espanha, como tanto desejava. (Veja Rm 15.24, 28.).

8. De acordo com as evidências acima, Paulo voltou à Ásia Menor depois de fazer uma

viagem à Espanha, parando em Corinto e deixando ali Erasto. A seguir, continuou até Trôade (2

Tm 4.13, 20), deixando com Carpo sua capa e pergaminhos. Dali, provavelmente foi para

Mileto, onde Trófimo foi deixado doente (2 Tm 4.20).

Em algum lugar entre Mileto e Roma, Paulo foi preso novamente e levado a um breve,

porém rígido encarceramento (2 Tm 1.16, 17; 2.9; 4.14–18). Ele previu que o fim de sua vida

estava próximo (2 Tm 4.6–8). Sozinho, ele desejava que Timóteo estivesse com ele antes do

inverno (2 Tm 4.9–11, 21). Embora estivesse muitíssimo consciente das difíceis circunstâncias

físicas, seu espírito estava confiante (2 Tm 4.18; veja 2 Co 4.16—5.1; Fp 1.21, 23). A transcrição

de 1 Timóteo (devido aos dados acima) é geralmente datada entre 63 e 64 d.C., sendo que a

epístola de Tito teria sido escrita pouco depois. Ambas as cartas foram escritas de algum lugar da

Macedônia.

3. Destinatário. Esta epístola foi destinada ao jovem pastor Timóteo que pastoreava a

igreja em Éfeso.

3.1. O Jovem Timóteo. O nome de Timóteo aparece nas saudações de várias

cartas de Paulo (ver 2Co; Fp; Cl; 1 e 2 Ts; FM). Seu pai era grego (At 16.1), mas a sua

mãe Eunice e sua vó Lóide eram judias e o criaram no conhecimento das Sagradas

Escrituras (2Tm 1.5; 3.15). Timóteo evidentemente converteu-se através de Paulo (ver

1Co 4.17; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2) quando o apóstolo estava em Listra, em sua segunda

viagem missionária (At 14.8-20). Quando visitou Listra em sua segunda viagem

missionária, Paulo decidiu levar Timóteo consigo e o circuncidou por causa dos judeus

(At 16.1-3). Timóteo foi ordenado para o ministério (1Tm 4.14; 2Tm 1.6) e serviu como

devotado companheiro e assistente de Paulo em Trôade, Beréria, Tessalônica e Corinto

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At 16-18; 1Ts 3.1,2). Durante a terceira viagem missionária, Timóteo trabalhou com

Paulo e exerceu seu ministério no lugar dele, como seu representante, em Éfeso,

Macedônia e Corinto. Ele estava com Paulo durante sua primeira prisão romana e

evidentemente foi para Filipos (Fp 2.19-23) depois da libertação de Paulo. Este o deixou

em Éfeso para supervisionar a obra ali (1Tm 1.3) e anos mais tarde o chamou a Roma

(2Tm 4.9,21). De acordo com Hebreus 13.23, Timóteo foi preso e solto, mas o texto não

diz onde foi. Timóteo tinham alguns problemas de saúde (1Tm 5.23), era jovem (1Tm

4.12), mas também um mestre talentoso, fidedigno e diligente. (WILKINSON p. 471).

3.2. Que Servo Ele se Tornou! Em Filipenses 2:19–23, Paulo fez altos elogios

ao jovem Timóteo. Entre todos os cooperadores de Paulo, nenhum se comparava a

Timóteo.

(a) Ele procurava entender os outros: “que... cuide dos vossos interesses”

(v. 20).

(b) Ele buscava sua suficiência do alto: “pois todos eles buscam o que é

seu próprio, não o que é de Cristo Jesus” (v. 21). (Isto também poderia incluir um

interesse em fazer o que Jesus quer.)

(c) Ele procurava servir em sujeição aos outros; servia com Paulo como

um “filho ao pai”. Isto incluiria, no mínimo, união (obediência) no serviço, prazer em

servir, servir como exemplo e servir com amor. O que aconteceria se todos os irmãos

servissem juntos dessa forma?

(d) Ele procurava servir com um crescente poder de influência: “pois

serviu ao evangelho, junto comigo” (v. 22). Seu tipo de ministério assemelhava-se muito

ao de Paulo (Rm 15.20, 21). Não é de admirar que o espírito de servo e trabalhador de

Timóteo tornou-o tão querido por Paulo. Tal evangelista será uma bênção onde quer que

vá e a quem quer que sirva. Que todos os pregadores busquem viver e servir assim.

3.3. A cidade Éfeso. A cidade onde Timóteo recebeu as duas cartas de

Paulo é Éfeso. Essa cidade tinha grande importância comercial. Estando a poucos

quilômetros da costa, dispunha de um dos maiores portos do mundo antigo. Éfeso

também tinha grande importância política. Era uma “cidade romana livre”, o que

significava que nenhuma tropa de ocupação residia ali, e a cidade tinha um governo quase

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totalmente independente. Tão elevada era sua estima, que a chamavam de “a Suprema

Metrópole da Ásia”. Éfeso tinha seus próprios magistrados, chamados strategoi e um

concílio eleito pelos cidadãos chamado Boule. Havia também uma assembléia de

cidadãos chamada ekklesia — que, incidentalmente, é a palavra traduzida por “igreja” no

Novo Testamento. Todavia, é traduzida por “assembléia” quando se refere ao grupo

dissolvido pelo escrivão da cidade, no último versículo de Atos 19. Éfeso era chamada de

“cidade tribunal”, denotando que os casos de justiça mais importantes encaminhados ao

governador eram ali julgados. Além disso, Éfeso sediava os jogos panionianos em maio.

Oficiais da província (estaduais) conhecidos como “asiarcas” organizavam e

patrocinavam esses jogos.

A maioria das pessoas sabe que Éfeso tinha grande importância religiosa.

Desde a história antiga, sempre houve um templo na cidade. O construtor do primeiro

templo é desconhecido. O segundo grande templo foi construído pelas cidades da Ásia,

com a ajuda de Croeso, o rei extremamente rico da região chamada Lídia. Esse segundo

templo incendiou-se na noite em que Alexandre, o grande, nasceu, por volta de 356 a.C.

O terceiro templo foi o que conhecemos pela Bíblia. Foi consagrado à deusa grega

Ártemis, conhecida pelos romanos como Diana. Esse templo é lembrado na história

secular como uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. O Templo de Ártemis teria

impressionado até mesmo as pessoas de hoje, acostumadas com edifícios imensos. Era

sustentado por cento e vinte e sete colunas, cada uma sendo presente de um rei. Trinta e

seis delas eram adornadas com gravuras ou revestidas de metais e pedras preciosas. O

prédio propriamente dito tinha uns cento e trinta metros de comprimento, sessenta e sete

metros de largura e dezenove metros de altura! O teto era de cedro e as portas, de

cipreste. Essas madeiras são admiradas por seu valor e resistência à deterioração. Dentro

do magnífico templo havia uma imagem, a qual os adoradores pagãos acreditavam ser de

Ártemis. Dizia-se que ela caíra dos céus e que era de cor preta, podendo, portanto, se

tratar de um meteorito. Tinha a forma arredondada com a superfície coberta de glóbulos

(bolhas como num meteorito?). Sendo Ártemis a deusa da fertilidade, as pessoas

pensavam que essas “bolhas” eram muitos seios. Segundo contam, a imagem tinha uma

clava numa mão e um tridente na outra e na sua base estavam cravados símbolos

estranhos e secretos.

Seria difícil cometer algum exagero ao se enfatizar a importância que o

Templo de Ártemis tinha para a vida de Éfeso. O templo era um lugar de adoração e de

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asilo (ou seja, criminosos que fugiam para o templo antes de serem descobertos não

podiam ser presos ali). Além disso, servia de abrigo de segurança para valores, assim

como um banco moderno. Afinal, se os deuses não pudessem proteger o bem de alguém,

quem poderia? No caso de Éfeso, o templo também era um ponto comercial. Crendo que

o local trazia sorte, as pessoas compravam cópias das famosas “cartas efésias”, cravadas

na base que sustentava a imagem de Ártemis.

Éfeso era uma das cidades mais supersticiosas do mundo. O ocultismo

estava tão profundamente enraizado ali, que havia muitos praticantes das artes ocultas

entre seus cidadãos (At 19.18–20). O trabalho de Timóteo certamente foi afetado pelo

caráter dos efésios. Eram conhecidos por toda a Ásia como inconstantes, imorais e

supersticiosos.

O “filósofo chorão”, Heráclito, cidadão efésio, disse que nunca sorria por

causa da perversidade de Éfeso. Dizia ele que a moralidade do templo estava abaixo da

moralidade dos animais e que o único destino que cabia aos efésios era o afogamento.

3.4. A Igreja em Éfeso. A igreja em Éfeso teve início quando Paulo,

Áquila e Priscila pararam em Éfeso, na viagem de Corinto para a Palestina, por volta de

53 ou 54 d.C. Paulo discutiu com os judeus na sinagoga dali (At 18.18–21). Mais tarde, a

igreja parece ter se tornado mais predominantemente gentia do que judia. Quando Paulo

voltou, cerca de cinco anos depois, encontrou ali doze discípulos que haviam sido

incorretamente batizados. Ensinou-lhes o que lhes faltava e batizou cada um novamente

(At 19.1–5). Nessa viagem missionária (a terceira dele), Paulo pregou na sinagoga

durante três meses. Quando levantou-se forte oposição contra ele, passou a ensinar na

Escola de Tirano durante dois anos (At 19.9, 10). A importância de Paulo unir-se ao

trabalho em Éfeso é demonstrada pela sua permanência ali. Além disso, ele fez essa

declaração quando, estando em Éfeso, escreveu aos coríntios: “…uma porta grande e

oportuna para o trabalho se me abriu…” (1Co 16.9). A eficácia do evangelho naquela

cidade é evidenciada pelo fato de os crentes efésios queimarem uma quantidade de livros

ocultistas no valor total de cinqüenta mil moedas de prata (cerca de oito mil dólares) de

uma só vez (At 19.18–20). Quando Paulo foi a Jerusalém pela última vez, por volta de 58

d.C., pediu que os presbíteros da igreja em Éfeso se encontrassem com ele em Mileto,

para que ele pudesse preveni-los a respeito de certos acontecimentos futuros e dar-lhes

adeus. O apóstolo trabalhara ali durante três anos e esses líderes foram preciosos para ele.

Oraram e choraram juntos antes da partida de Paulo (At 20.17–38). Aproximadamente

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trinta anos depois da primeira carta ter sido escrita à igreja em Éfeso, uma outra carta lhe

foi endereçada como parte do Apocalipse de João. Essa carta descreveu o que a igreja

havia suportado e revelou que a dedicação entusiasta da igreja havia diminuído um pouco

(Ap 2.1–7).

4. Tema e Propósito

O tema desta epístola é a “organização e a supervisão que Timóteo como ministro deveria

fazer na Igreja de Deus". Paulo escreveu esta carta como um manual destinado à liderança, de

modo que Timóteo tivesse um guia eficaz que lhe auxiliasse no seu ministério de pastoreio e

administração da igreja. Paulo desejava estimular e exortar seu assistente mais jovem a tornar-se

um exemplo para os outros, exercer seus dons espirituais e “combater o bom combate da fé”

(1Tm 6.12; cf. 1.18; 4.12-16; 6.20). A vida pessoal e pública de Timóteo deve estar acima de

censura, e ele deve saber como tratar as questões de falso ensino (heresia), organização,

disciplina, proclamação das escrituras, pobreza e riqueza. Negativamente, ele tinha de refutar o

erro (1.7-11; 6.3-5); positivamente, tinha de ensinar a verdade (4.13-16; 6.2,17,18).

5. Chaves para 1Timóteo

5.1. Palavras-chave: "Manual de Liderança".

5.2. Versículos-chave (3.15,16; 6.11,12).

5.3. Capítulo-chave (3) – este capítulo descreve as qualidades dos pastores

(presbíteros/ bispos) e diáconos.

6. Esboço do conteúdo

6.1. Instrução concernente à doutrina (1.1-20)

a) A incumbência anterior de Paulo a Timóteo (1.1-17)

b) A Primeira Ordem: “combate o bom combate” (1.18-20)

6.2. Instrução concernente ao culto público (2.1-3.16)

a) a oração e as mulheres no culto público (2.1-15)

b) Qualificações dos bispos e Diáconos (3.1-13)

c) Segunda Ordem “como proceder na casa de Deus” (3.14-16)

6.3. Instruções concernentes aos falsos mestres (4.1-16)

a) Descrição dos falsos mestres (4.1-5)

b) Instrução para o verdadeiro mestre (4.6-10)

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c) Terceira Ordem: “Não negligencies o Dom” (4.11-16)

6.4. Instruções concernentes à disciplina eclesiástica (5.1-25)

a) Como tratar todas as pessoas incluindo viúvas e anciãos (5.1-20)

b) Quarta Ordem: “Que guarde todas as coisas sem prevenção”(5.21-25)

6.5. Instrução concernente aos deveres pastorais (6.1-21)

a) Exortação para os servos (6.1,2)

b) Exortação para a piedade com contentamento (6.3-16)

c) Exortação para os ricos (6.17-19)

d) Quinta Ordem: “Guarda o depósito que te foi confiado” (6.20,21)

7. Assuntos principais:

7.1. Sobre Cristo. Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens (2.5); é o

Deus encarnado (3.16); é a fonte de pode espiritual, da fé e do amor (1.12,14); veio ao

mundo para salvar os pecadores (1.15), se entregou em resgates de todos (2.6), é o

salvador de todos os homens especialmente os que crêem (4.10).

O Amor ao Dinheiro (6:10)

Quais perigos estão envolvidos no amor ao dinheiro?

1. O amor ao dinheiro tende a ser uma sede insaciável. O estranho acerca das riquezas é que nunca parece chegar um momento em que a

pessoa diga: “Chega!” 2. O amor às riquezas está fundamentado numa ilusão.

Primeiramente, ele está fundamentado no desejo de segurança, mas as riquezas não podem comprar a segurança. Em segundo lugar, quando uma

pessoa pensa que já conquistou o mínimo de segurança, o desejo de adquirir mais riquezas se fundamenta no desejo por conforto e luxo. As riquezas não podem comprar as maiores coisas. Elas não compram saúde;

não compram amor verdadeiro; não protegem da tristeza nem da morte.

3. O amor ao dinheiro tende a deixar a pessoa egoísta. Quando uma pessoa é movida pelo desejo de ser rica, não significa nada para ela o fato de outros permanecerem pobres a fim de que ela acumule mais, ou que

outros percam para que ela ganhe.

4. O amor às riquezas baseia-se no desejo por segurança, mas termina em nada mais do que preocupação e ansiedade. Quanto mais se tem para guardar, mais se tem para perder. Se um indivíduo possui bens

valiosos, a tendência é que ele seja assombrado pelo risco de perdê-los.

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EPÍSTOLA A TITO

Paulo, o velho e experiente apóstolo designa um jovem ministro, Tito, para começar o

desafiante trabalho de organizar as igrejas locais na Ilha de Creta. Nesta epístola, o apóstolo

compartilha com Tito as diretrizes da administração eclesiástica. Os líderes devem ser escolhidos

com base no caráter e conduta provados; os falsos mestres devem ser detectados e afastados

imediatamente; os membros da igreja de todos os tempos devem ser estimulados a viver de modo

digno o evangelho em que alegam crer. Homens e mulheres, jovens e anciãos, cada um tem suas

funções vitais a cumprir na igreja, caso queiram ser exemplos vivos da doutrina que professam.

Nesta carta Paulo destaca a necessidade de operação prática da salvação na vida diária tanto dos

líderes quanto da congregação. As boas obras são desejáveis e proveitosas a todos os crentes.

1. Autoria: foi escrita pelo Apóstolo Paulo.

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2. Data. Baseando-se no registro bíblico, é evidente que Paulo foi libertado de sua

primeira prisão, registrada em Atos (28.16–31; veja Fp 2.24; 4.22). Pouco antes de ser solto, ele

quis mandar Timóteo para Filipos (Fp 2.19–23). Uma vez solto, Paulo partiu para a Ásia Menor

(como planejara; veja Fm 1, 10, 22), parando em Creta, durante a viagem. Ali Paulo deixou Tito

(Tt 1.5). Conforme o planejado, Paulo prosseguiu a viagem até Colossos, com o propósito de

chegar a uma decisão com Filemon sobre Onésimo. Em algum momento dessa viagem, Timóteo

saiu de Filipos e encontrou-se com Paulo em Éfeso ou Mileto. Paulo insistiu para que Timóteo

ficasse em Éfeso, enquanto ele seguia viagem para a Macedônia (1 Tm1.3). Estando em alguma

cidade da Macedônia, Paulo queria voltar à região de Éfeso, mas sabia que isso possivelmente

demoraria (1 Timóteo 3:14, 15). Foi nessa ocasião que o apóstolo escreveu 1 Timóteo e Tito. Os

planos de viagem mudaram, porque ele pediu que Tito se juntasse a ele em Nicópolis, em Épiro,

na costa leste do mar Jônico. “Ele ainda não havia chegado a Nicópolis (3.12). Como decidira

passar o inverno ali (não ‘aqui’), é provável que estivesse escrevendo no final do verão ou

começo do outono, por volta do ano 63 ou 64 d.C.

3. Destinatário: esta carta foi enviada a Tito.

3.1. O que sabemos sobre Tito, o pregador que recebeu esta carta? Nada se

sabe sobre os pais e a comunidade natal dele. Está claro, porém, que ele era gentio; e

estava em Antioquia da Síria catorze ou dezessete anos após Paulo ter se tornado cristão.

(Veja Gl 1.18; 2.1.) A partir daí, ele foi um companheiro íntimo de Paulo, encarregado de

importantes tarefas e considerado em grande estima pelo apóstolo. O nome Tito não

aparece no Livro de Atos, mas aparece treze vezes em outros livros do Novo Testamento:

duas vezes em Gálatas (2.1; 2.3), uma vez em 2 Timóteo (4.10), uma vez em Tito (1.4) e

nove vezes em 2 Coríntios (2.13; 7.6, 13, 14; 8.6, 16, 23; e duas vezes em 12.18). A

primeira referência implícita a Tito encontra-se no Livro de Atos, ainda que seu nome

não tenha sido citado. Comparando Atos 15.2 (“alguns outros dentre eles”) com Gálatas

2.1, 3 (“levando também a Tito… nem mesmo Tito, que estava comigo”), ficamos

sabendo que Tito esteve com Paulo e Barnabé após a primeira viagem missionária.

Tito foi um emissário especial enviado à problemática igreja de Corinto (veja 2

Co 2.13; 7.5–14; 12.17, 18), trazendo na volta palavras de conforto para Paulo.

Obviamente, Paulo considerava digno de confiança qualquer relatório trazido por Tito.

Além disso, a confiança que o apóstolo tinha nesse obreiro é evidenciada quando Paulo o

escolheu para ajudar a arrecadar fundos para os cristãos necessitados de Jerusalém (2 Co

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8.6–24). Paulo deixou Tito em Creta para “que pusesse em ordem as coisas restantes,

bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi” (1.5). Mais

tarde, Tito foi solicitado em Nicópolis e esteve com Paulo em Roma durante a segunda

prisão, sendo enviado à Dalmácia (3.12; 2 Tm 4.10). Todas essas responsabilidades

identificam Tito como um daqueles a quem Paulo podia confiar deveres tão difíceis como

resolver problemas congregacionais. Era um homem a quem se podia confiar dinheiro ou

sentimentos. Era um edificador de homens, um organizador e empreendedor que, deixado

num lugar, levava adiante o trabalho restante. Com base no exemplo de Tito, todo líder,

ou pastor faria bem em parar nesta altura e aplicar a si mesmo o seguinte teste de quatro

questões:

Você lida bem com a crítica (Gl 2.3–5; At 15.1–29)?

Você pode fazer um relatório preciso e correto sobre o que os outros têm feito

ou estão fazendo na sua congregação?

Você é capaz de pôr em ordem as coisas restantes, em qualquer cidade, para

que sejam constituídos presbíteros (1.5)? A obra do Senhor, em nível de

organização, está inacabada em muitas congregações.

Você é uma pessoa confiável para lidar com dinheiro e finanças (2 Co 8.6, 16–

21, 23, 24)? Só o Senhor sabe os danos causados na vida e no crescimento por

conta de líderes que deixaram de seguir o exemplo que Tito estabeleceu.

Tendo em vista tarefas de responsabilidade como as que Paulo deu a Tito, não nos

surpreende que o apóstolo se referisse a Tito como “verdadeiro filho, segundo a fé

comum” (1.4). De várias maneiras, Paulo e Tito andavam “no mesmo espírito” (2 Co

12.18). Quanto ao povo de Cristo e à causa de Cristo, Paulo afirmou que Deus pôs

“solicitude” no coração de Tito (2 Co 8.16, 17). Esse espírito cuidadoso, acrescido de

empenho e sabedoria mediante circunstâncias difíceis fizeram de Tito um cooperador

inestimável para Paulo e o Senhor. Todo líder deve estudar com cuidado a vida e obra de

Tito tendo em vista o lema: “Vai e procede tu de igual modo” (Lc 10:37).

3.2. A natureza das pessoas residentes na ilha de Creta era bem conhecida.

Os cretenses tinham uma má reputação. William Barclay deixou o seguinte comentário:

Nenhum povo tinha reputação pior no mundo antigo do que os cretenses. O mundo antigo

dizia que existiam três “cês” muitíssimo nocivos — os cretenses, os cilicianos e os

capadócios. Os cretenses tinham a fama de serem um povo beberrão, insolente, traidor,

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mentiroso e glutão… eram tão famigerados que os gregos de fato criaram um verbo

kretizein, cretizar, que significava mentir e trapacear… O problema ia além do mundo ao

redor da igreja: a própria igreja fora obviamente afetada por uma combinação de más

influências. Merrill C. Tenney escreveu: O transtorno em Creta havia sido causado por

uma combinação de frouxidão ética originária das tendências naturais dos cretenses

(1.12,13), acentuada por uma controvérsia acerca de fábulas e mandamentos judaicos, os

quais foram promovidos por um grupo de judaizantes (1.10) impiedosos (1.16),

insubordinados (1.10), facciosos (1.11) e mercenários (1.11). Esses mestres se

diferenciavam dos que causaram problemas na Galácia porque o erro deles era

perversidade moral, enquanto que o dos gálatas era legalismo severo. Ambos são

condenados por esta epístola.

Tito 1.10–14 descreve “o caráter e a conduta deles, confirmados pelo grego

Epimênides e por Paulo. Nos versículos 15 e 16 apresenta-se o estado do coração e da

consciência deles. Veja Mateus 15.19 e 20. Que campo de trabalho!”

Não se sabe exatamente como a igreja começou nessa ilha. H. C. Thiessen

observou que Atos 2.11 (o dia de Pentecostes) é uma possível data para os cretenses

terem sido introduzidos no cristianismo. Além disso, Paulo fez uma breve parada ali,

quando viajava para Roma (Atos 27.7–13, 21).

4. Tema e propósito: A epístola a Tito apresenta uma demonstração prática e poderosa

da providência de Deus em ação. A tarefa que Paulo atribuiu a Tito salienta como um líder deve

trabalhar para edificar congregações locais. Foi “por esta cousa” (Tito 1.5) que Paulo deixou Tito

em Creta. Cada faceta da epístola visa ao amadurecimento dos membros (1.5–9). Ela se dirige a

variadas classes e grupos (2.1–10), oferecendo diretrizes sobre como lidar com perturbadores em

situações domésticas (1.10, 11; 2.5, 6), sociais (1.12, 15, 16) e congregacionais (3.9–11).

Variadas classes e grupos farão parte das congregações em algum momento. Nesta questão, a

epístola desafia todos a se elevarem ao padrão exigido para quem está em Cristo Jesus (2.11–14;

3.3–6), que de fato nos oferece a “esperança da vida eterna” (1:2; 3:7). Tito foi deixado em Creta

por uma causa: edificar o corpo. Os líderes de hoje não encontrarão em outro lugar uma

ferramenta mais vital para ajudá-los a suprir as necessidades entre as congregações locais.

5. Chaves para Tito

5.1. Palavras-chave: "Manual de Conduta".

5.2. Versículos-chave: (1.5; 3.8)

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5.3. Capítulo-chave: (2). Neste capítulo Paulo descreve os mandamentos-chave

para serem obedecidos, os quais asseguram relações piedosas no seio da igreja. Paulo

inclui todas as categorias de pessoas, instruindo-as a mostrar perfeita lealdade, para que

em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus nosso Salvador (2.10).

6. Esboço do conteúdo

6.1. Nomear presbítero (1.1-16).

a) Introdução (1.1-4).

b) Ordenação de presbíteros qualificados (1.5-9).

c) Repreensão dos falsos mestres (1.10-16).

6.2. Colocar as coisas em ordem (2.1-3.15).

a) Proclamação da sã doutrina (2.1-15).

b) Manutenção das boas obras (3.1-11).

c) Conclusão (3.12-15).

7. Principais assuntos:

7.1. A Doutrina de Deus. Ele é eterno (1.3), Ele concede graça e paz (1.4), Ele Se

revelou (2.11) e é nosso Salvador (3.4). Paulo era Seu servo (1.1). (Pessoas orgulhosas

precisam, acima de tudo, submeter-se a Deus.)

7.2. A Doutrina de Cristo. Ele é nosso Salvador (1.4; 2:13; 3.6). Observemos

que esse mesmo título é aplicado tanto a Deus como a Cristo. A afirmação em 2.13 tem

uma importância especial como um testemunho em favor da divindade de Cristo. A

Divindade encarnada estabeleceu um padrão para o homem de forma ornar a doutrina

(2.10.)

7.3. A Doutrina do Espírito Santo. Ele é o agente da regeneração (3.5). A

mensagem de misericórdia oferece renascimento ao homem decaído.

7.4. A Doutrina da Palavra de Deus. Deus manifestou Sua Palavra na

mensagem pregada (gr. kerygma), e ela deve ser o padrão para a vida cristã (1.3; 2.5,

10). Ela é chamada “fiel” em 1.9. Observemos a ênfase no ensino fiel à Palavra de Deus

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(1.9; 2.1, 7). Vinculada a isso está a advertência contra heresias, aparentemente um tipo

de ensino gnóstico e judaico (1.10, 14; 3.9).

7.5. A Doutrina da igreja. O apóstolo escreveu com autoridade (1.1, 3) e Tito

deveria falar, exortar e repreender com autoridade (2.15). Os requisitos para os

presbíteros são prescritos (1.6–8), juntamente com seus deveres (1.9). As

responsabilidades dos crentes são delineadas em 2.1 a 3.28 . As instruções divinas para o

desenvolvimento do homem precisam ser ouvidas e seguidas.

Para um ambiente repleto de problemas morais e espirituais, Paulo apresentou um

Salvador sublime e suficiente (1:3, 4; 2:10, 11, 13; 3:4, 6). Esperança é o que se oferece a

qualquer comunidade perdida. Para “muitos insubordinados, palradores frívolos e

enganadores” (1:10), Paulo sugeriu como antídoto uma boa dose de sã doutrina (1:9, 13;

2:1, 2, 10). Essa sã doutrina precisa ser manejada por almas “sóbrias” (1:8; 2:5, 6, 12),

pessoas que se sobressaem porque, em vez de agirem como a comunidade “fazendo o que

querem”, têm uma disposição para o autocontrole.

Esse autocontrole manifesta-se perante outras pessoas através de uma conduta de

“piedade” (1:1; 2:12; 1 Timóteo 2:2, 10; 3:16; 4:7, 8; 6:3, 5, 6, 11; 2 Timóteo 3:5).

A sã doutrina, quando bem aceita, conduz as almas para longe de serem “ventres

preguiçosos” (Tito 1:12), transformando-as em almas “zelosas de boas obras” (2:14; veja

1:16; 2:3, 7; 3:1, 8, 14).

Paulo advertiu contra uma postura extrema de ser levado por um (provável)

judaizante contraditor, arrogante, ditador de ordens, contencioso e briguento (1:9–11, 14;

2:8; 3:2, 9, 10). Ele ensinou que o zelo deveria ser exercido com base na “submissão”

(2:5, 9; 3:1). Em suma, as pessoas maldosas de Creta (1:12) foram, através dessa epístola,

estimuladas a se tornarem boas e a fazerem o bem (1:16; 2:3, 7, 10, 13,14; 3:1,8,14). As

necessidades das pessoas foram também desafiadas e direcionadas pela doutrina divina.

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SEGUNDA EPÍSTOLA A TIMÓTEO

Este é o ultimo escrito de Paulo, ele escreveu esta carta quando estava preso em Roma. O

velho apóstolo, apesar de todas as perseguições, lutas, e agora a prisão, ainda tem ânimo, fé e

inspiração para escrever, para externar aquilo que o Espírito Santo havia transmitido ao seu

coração em relação a Timóteo e à igreja. Nesta carta, Paulo começa reafirmando a Timóteo o seu

contínuo amor e orações, e o lembra de sua herança e responsabilidades espirituais. Paulo

transmite suas palavras finais de sabedoria e estímulo a Timóteo, que está exercendo o seu

ministério em meio a oposições e dificuldades em Éfeso. Paulo realça e importância de viver

piedosamente, pregar persistentemente, e preparar para a vinda de apostasia dentro da igreja.

Somente aquele que persevera, quer como soldado, atleta, agricultor ou ministro de Jesus Cristo,

receberá o galardão. Paulo lembra a Timóteo que seu ensino estará sujeito a ataque quando os

homens abandonarem a verdade por palavras que dão “coceira” (4.3). Timóteo, porém, conta

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com o exemplo de Paulo para guiá-lo e com a Palavra de Deus para fortificá-lo, ao enfrentar

crescente oposição e calorosas oportunidades nos últimos dias.

1. Autoria: Apóstolo Paulo

2. Data e Lugar. Paulo escreveu esta carta por volta do ano 67 d.C. na prisão em Roma

já aguardando a execução.

3. Destinatário: Foi enviada a Timóteo em Éfeso.

Nero, cruel imperador, reinou em Roma do ano 54 a 68 d.C., ele foi responsável pelo

início da perseguição aos cristãos desencadeada neste período. Por volta do ano 64 d.C., a

metade de Roma foi destruída por um incêndio, que provavelmente foi causado pelo próprio

imperador. E a crescente suspeita de que Nero foi responsável por este incêndio levou-o a usar os

cristãos como bode expiatório. Ele acusa os cristãos de ter incendiado a cidade e a partir daí

levanta-se uma grande perseguição contra a igreja, o cristianismo torna-se uma religião ilícita e a

perseguição dos que professam a Cristo se torna cada vez mais severa. Paulo que já havia sofrido

várias perseguições e até mesmo prisão, acaba novamente sendo preso. Temendo por suas

próprias vidas, os cristãos da Ásia deixaram de apoiar Paulo depois que foi preso (1.15) e

ninguém o ajudou em sua primeira defesa perante a corte imperial (4.16). Abandonado por quase

todos (4.10,11), o apóstolo encontrou-se em circunstâncias bem diferentes daquelas de sua

primeira prisão romana (At 28.16-31). Naquele tempo ele estava simplesmente na casa de

detenção, podendo ser visitado livremente, e ainda tinha a esperança de ser solto. Agora,

encontrava-se numa fria cela (4.13), considerado um malfeitor (2.9), e sem esperança de

absolvição a despeito do êxito de sua defesa inicial (4.6-8,17,18). Sob tais condições, Paulo

escreveu esta carta esperando que Timóteo pudesse visitá-lo antes da chegada do inverno (4.21).

Não temos informação se Timóteo conseguiu visitá-lo na prisão antes de Paulo ser executado.

4. Tema e propósito

O estilo empregado por Paulo ao dar este encargo a Timóteo, é tanto definido como

singular. Ele sustenta o corpo de sua mensagem em uma estrutura básica sugerida pelas duas

palavras: lembrar e relembrar. Dentro desta estrutura, Paulo dá a Timóteo seus solenes

encargos, juntamente com gemas de verdade que reluzem contra um pano de fundo de

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recordações cheias de amor e lembretes ousados que chamam Timóteo à plena comunhão em

companhia dos que também se comprometeram.

Paulo escreve deste modo para ajudar a Timóteo a compreender o que está acontecendo.

Esta palavra “compreensão” é uma palavra-chave para interpretar o que lhe é dito por Paulo (cf.

2.7; 3.1). Paulo está fazendo um retrospecto de um ministério vigoroso e dedicado que está se

aproximando de um final tanto glorioso como trágico. Parece bastante evidente que Paulo não

está escrevendo apenas para chamar Timóteo a Roma (cf. 4.9), mas também para ajudá-lo a

compreender os acontecimentos chocantes, amedrontadores e desanimadores que estavam

conspirando para fazer de Paulo, um mártir pela causa de Cristo. Timóteo tinha grande

necessidade de estímulo em virtude das dificuldades que ora enfrentava, e Paulo usou esta carta

para instruí-lo sobre como driblar a perseguição externa e a dissensão e a fraude interna.

Paulo fala repetidamente de pregar o evangelho e do sofrimento resultante. É este o tema

desta carta (cf. 1.8,12; 2.9,11; 3.12; 4.5,6).

5. Chaves para 2Timóteo

5.1. Palavras-chave: "Persistência no Ministério".

5.2. Versículos-chave: (2.3,4; 3.14-17)

5.3. Capítulo-chave: (2) – todo líder ou obreiro deve ler diariamente este capítulo.

Paulo lista aqui as chaves para um ministério persistente e bem-sucedido:

(1). Um ministério multiplicador (vv. 1,2);

(2). Um ministério duradouro (vv. 3-13);

(3). Um ministério de pesquisa (vv. 14-18);

(4). Um ministério santo (19-26).

6. Esboço do Conteúdo

6.1. Perseverar nas provações atuais (1.1-2.26).

a) Gratidão pela fé de Timóteo (1.1-5).

b) Lembrete da responsabilidade de Timóteo (1.6-18).

c) Características do ministro fiel (2.1-16).

6.2. Suportar as provações futuras (3.1-4.22).

a) O dia da apostasia se aproxima (3.1-17).

b) Ordem para pregar a Palavra (4.1-5).

c) O apostolo ver a sua morte aproximar (4.6-22).

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7. Assuntos principais sobre a vida de Paulo:

7.1. O coração do apóstolo. Meditemos em algumas das frases transcritas por um

velho soldado de Cristo prestes a morrer na prisão:

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus… ao amado filho

Timóteo… sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. Lembrado das

tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te… pela recordação que guardo de tua fé sem

fingimento… Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti

pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1.1–6).

“Não te envergonhes… do seu [de Cristo] encarcerado, que sou eu…” (1.8).

Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram… (1.15).

Tu, pois, filho meu… Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de

Cristo Jesus (2.1–3).

…cumpre cabalmente o teu ministério. Quanto a mim, estou sendo já oferecido

por libação, e o tempo da minha partida é chegado (4.5, 6).

Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me

abandonaram (4.16).

Procura vir ter comigo depressa (4.9).

Apressa-te a vir antes do inverno… (4.21).

O coração de Paulo devia estar apertado, e com certeza lágrimas escorriam pelo

seu rosto. Esta é uma epístola intensamente pessoal! Paulo usou seu próprio nome uma

vez (1.1) e mencionou “eu” vinte e oito vezes. “Me” e “mim” aparecem vinte e seis vezes

na carta e “meu/ minha” é usado onze vezes — perfazendo um total de sessenta e seis

referências a si mesmo nos quatro capítulos (oitenta e três versículos).

7.2. A esperança de Paulo. A situação e a preocupação de Paulo estão

entrelaçadas por toda a epístola através de palavras chaves como “encarcerado” (1.8),

“algemas” (1.16; 2.9). As circunstâncias demonstravam que era um tempo de sofrimento

(1.12; 2.9, 12; 3.11, 12; 4.5). Não era hora de se envergonhar (1.8, 12, 16; 2:15), mas de

“suportar”, pois o Senhor traria o livramento (3:11; 4:17, 18). Era hora de os cristãos

interagirem com diligência (1/17; 4.9, 21). Esse somatório é realçado pelas palavras

chaves do seguinte esboço: o apelo de Paulo era pela constância de Timóteo em meio às

tribulações (capítulo 1), para que Timóteo fosse um bom soldado (capítulo 2), que se

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guardasse (capítulo 3) e cumprisse a ordem de Paulo de concluir seu ministério, assim

como Paulo fizera (capítulo 4).

7.3. As recordações de Paulo. De alguma forma, Paulo parecia estar com um pé

no passado e o outro virado para o futuro. Ele estava se vendo como um velho soldado

prestes a sair da posição estratégica de uma vida partindo para outra, a qual seria mais

gloriosa. Paulo lembrou-se (e queria que Timóteo também se lembrasse) de seus

antepassados (1.3), da avó e da mãe do rapaz (1.5; 3.14, 15), de quando Paulo impôs as

mãos sobre Timóteo concedendo-lhe o “dom de Deus” (1.6), dos que abandonaram o

apóstolo (1.15; 2.17, 18; 4.10, 14–16) e dos que o animaram e até o livraram (1.16–18;

4.11, 17, 18). Paulo também olhou mais adiante, por antecipação. Ele vislumbrou a “vida

e a imortalidade” (1.10), a salvação adquirida em Cristo (2.10) e a coroa da justiça (4.8),

quando o Senhor o levaria salvo para o “Seu reino celestial” (4.18).

7.4. A despedida comovente de Paulo. São comoventes as palavras de

encerramento ditas por esse velho e valente soldado da cruz. Essas palavras, inspiradas

por Deus, foram preservadas para nós que vivemos “os últimos dias”, nos tempos

opressivos em que impostores iriam de mal a pior (3.1, 13). Essas palavras geram em nós

um estímulo para lermos com cuidado cada apelo e nos agarrarmos com uma atenção

arrebatadora a cada desafio declarado e a cada advertência alistada. A confiança de Paulo

próximo da morte pode ser nossa também e seu Livramento de toda obra maligna

também nos “levará salvos para o seu reino celestial. A Ele, glória pelos séculos dos

séculos. Amém!” (4.17, 18). São essas palavras que dão o tom ao estudo desta epístola!

Referências Bibliográfica:

BOYD, Frank M. Série Comentário Bíblico. Editora CPAD

BRUCE, F.F. Romanos: introdução e comentário. Editora Vida Nova

BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. Editora Vida

DOUGLAS, J.D. (org.) O Novo Dicionário da Bíblia. Ed. Vida Nova

CHAMPLIN, Russel Norman. O N.T. interpretado versículo por versículo. Ed. Candeia.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Colossenses e Filemon. Casa

editora Presbiteriana

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KUMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. Editora Paulus

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento Editora Êxodo

MARSHALL, I. Howard. I e II Tesssalonicenses: introdução e comentário. Editora Vida Nova

WILKINSON, Bruce & Boa, Keneth. Descobrindo a Bíblia. Ed. Candeia.

HORSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do N.T. Ed. Esperança.

SPAIN, Carl. Epístolas de Paulo a Timóteo e Tito. Editora Vida Cristã, 1980

Site pesquisado: WWW.biblecourses.com. (Dayton Keesee. 1 e 2 Timóteo e Tito)

Bíblia de Estudo Vida. Editora Vida

Bíblia de referência Thompson. Editora Vida

Responsável pela elaboração desta apostila: Adriano dos Santos Miranda