Disciplina E ViolêNcia

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Sociologia da Educação Sociologia da Educação Educação Social 1ºano 2007/2008 ESE-IPP

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Sociologia da EducaçãoSociologia da Educação

Educação Social 1ºano

2007/2008

ESE-IPP

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Disciplina e violência: algumas Disciplina e violência: algumas reflexões introdutórias reflexões introdutórias

José Alberto Correia e Manuel Matos

(professores da faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UP, investigadores do CIIE- centros de estudos de investigação educativas da FPCE-UP)

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Indisciplina e violência na escola

Revelam-se temas de especial destaque na actualidade cada vez mais mediatizados pela imprensa falada e escrita, gerando uma larga

discussão na sociedade sobre esta problemática.

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Opinião publica:Opinião publica: Tende a exprimir-se na hiperbolização da segurança a na

diabolização da tolerância;

A generalizar as situações;

Não podemos analisar estas situações como a expressão de comportamentos individuais desviantes, ou como tendências anti-sociais inscritas no “material genético” dos indivíduos, como certas correntes têm vindo a divulgar.

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Visualizar sim, como um fenómeno social complexo onde os “bons” e os “maus”

fazem intercondicionar os seus comportamentos, segundo uma

causalidade complexa cujo desenvolvimento, nas relações

microssistémicas é maioritariamente imprevisível.

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Os “bons” que normalmente partilham da opinião publica dominante, e simultaneamente a vão definindo e produzindo, não são figuras alheias á produção do próprio fenómeno, como se fossem apenas meras testemunhas;

Nestas questões de indisciplina e violência, na escola e fora dela, formulam-se juízos de valor de maior ou menor auto-implicação conforme o grau de exposição percebida por esses comportamentos, conforme o grau de risco que esses comportamentos representam;

Transformação dos factos ou comportamentos “observados” em “outros” factos, eventualmente diferentes, formal e moralmente, dos realmente praticados pelos seus autores.

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A estes “outros factos” são atribuídos significados diferentes , mediante o facto de trabalharmos ou não no campo da educação escolar, ou seja, no interior de uma instituição que se caracteriza por privilegiar a dimensão cognitiva na estruturação da acção social.

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A relação entre o saber escolar, programaticamente explicito e aquelas funções, que se espera que a escola assegure torna-se cada vez mais indistinguível a relação entre o sucesso escolar e o sucesso educativo.

Espaço escolar concebido cada vez mais como espaço de controlo, responsabilização e

inclusão.

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Disciplina/indisciplinaDisciplina/indisciplinaAntigamente: a indisciplina, quando existia, não era um

problema escolar, as apenas uma questão comportamental individual, vistos por norma como fenómenos isolados e isoláveis.

Actualmente: a indisciplina já não é uma questão comportamental:

Para grupos consideráveis da população escolar uma forma social de

expressão;

Um modo de existência;

Uma cultura dominante no interior dessas camadas;

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Representada pelas atitudes, linguagens, gestos e comportamentos muito próprios para exprimir as culturas e formas de vida

das camadas a que pertencem os respectivos autores.

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O trabalho exigido implica cada vez O trabalho exigido implica cada vez mais o uso da:mais o uso da:

Conformidade;

Autocontrolo:

Sacrifício do presente em relação ao futuro;

A lógica da administração da vida ou da sua

racionalização.

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Relação muito estreita entre inclusão escolar e inclusão social, entre formação e oportunidades de vida, proclamando a ideia de que fora da escola e da formação não há salvação.

Á que reforçar a responsabilização individual;

Universalização da escola, universalização da disciplina, um programa social de moralização orientado em termos do bem e do mal.

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Naturalização da escolaNaturalização da escola

Escola tornou-se no principal instrumento de combate ás desigualdades.

Inclusão

(escola vista com um estatuto de bem fundamental)

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Escola Escola

Bem universal

Impede que seja vista como promotora de desigualdades sociais, devido ás dificuldades que cria àqueles para quem ela é um problema, aqueles que são sujeitos ás suas práticas como se, desde sempre, tivessem vivido no seio delas.

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Importa interrogarmo-nos sobre a violência que estas práticas representam.

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A indisciplina é, então, uma questão que tem a ver com os “outros”, aqueles que põem em causa o nosso principio de identidade, porque não o reconhecem nas suas vidas, nas suas experiencias e nas suas relações com as propostas pedagógicas que a escola faz.

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O confronto entre o mundo da escola e o mundo da vida, ou seja, entre o principio da identidade e o principio da contradição é inevitável.

O reforço da escolarizaçao vem agravar esta situaçao, assim como o imaginario social, perante a intensificaçao dos problemas globais que afectam a sociedade, tende a transferir para a escola a resoluçao desses mesmos problemas.

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Pretende-se:Pretende-se:

A aproximação entre o mundo da vida e o mundo da escola.

Condição essencial para a limitação dos fenómenos em questão e condição, para que a escola se empenhe na realização da justiça social e do bem-estar das comunidades a que pertence.