DISCUSSÃO DOS TEMAS LIXO E CONSUMISMO NO ENSINO · Provavelmente por isso, fica inviável discutir...
-
Upload
phungduong -
Category
Documents
-
view
217 -
download
0
Transcript of DISCUSSÃO DOS TEMAS LIXO E CONSUMISMO NO ENSINO · Provavelmente por isso, fica inviável discutir...
DISCUSSÃO DOS TEMAS "LIXO" E "CONSUMISMO" NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Maria Elena Marques da Costa1
Tânia Aparecida da Silva Klein2
Resumo: O presente artigo teve como objetivo subsidiar a implementação de atividades de reflexão e análise dos temas Lixo, Consumo e Desperdício no Ensino Fundamental. O foco do trabalho envolveu a relação entre ambiente, consumo e reaproveitamento de materiais, com o intuito de despertar o senso crítico sobre tais questões para que alunos, professores e membros da comunidade atuassem como agentes transformadores. A metodologia proposta teve como base os princípios da Teoria da Aprendizagem Significativa e da Representação Multimodal. Por isso o ponto de partida para cada atividade foram os conhecimentos prévios dos alunos. Além disso, foram partilhados com os alunos participantes do projeto diferentes modos de representação conceitual, como a imagética (vídeos e desenhos), a verbal-escrita (produção textual) e verbal-oral (apresentação de seminários e discussão). Observou-se que atividades propostas puderam ser trabalhadas de forma interdisciplinar e contextualizada, considerando as questões reflexivas sobre a necessidade de preservação do meio ambiente e a importância da reciclagem de lixo. Palavras-chave: Reciclagem. Consumo. Teoria da Aprendizagem Significativa. Representação multimodal.
1. INTRODUÇÂO
Diariamente são noticiadas questões polêmicas na mídia sobre a preservação
do meio ambiente. As discussões realizadas nas diversas instâncias da sociedade
incluem a conscientização sobre o consumo e a destinação correta dos diversos
resíduos produzidos pela população humana.
Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e com o surgimento
das metrópoles, a problemática da geração e descarte de lixo teve grande impulso
(PADOVANI, 2011). O lixo tornou-se um dos problemas preocupantes nos dias de
hoje, isto porque os recursos naturais da Terra estão se esvaindo e não há mais o
que fazer com tanto “lixo”.
Neste sentido, a escola tornou-se um espaço ideal para a conscientização da
comunidade acerca de temas atuais que envolvem a questão ambiental, como o
consumo, lixo e reaproveitamento de materiais.
Este artigo relata a experiência de implementação de atitudes referentes à
discussão e reflexão sobre a integração dos temas “lixo, consumo e desperdício”
1 Professora das disciplinas de Biologia e Ciências na Rede Estadual de Ensino no Estado do Paraná. Acadêmica do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE/SEED PR) 2012-2013.
2 Professora adjunta do Departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Londrina.
realizadas com alunos do 9º ano de uma escola pública do município de Londrina, Pr
e teve como objetivo promover discussões teórico-reflexivas sobre os aspectos
científico, sociais e políticos da temática lixo, consumo e desperdício a partir dos
conhecimentos prévios dos alunos.
2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
2.1 A PARTIR DE QUANDO E COMO A QUESTÃO DO LIXO SE TORNOU UM PROBLEMA SOCIAL,
POLÍTICO E AMBIENTAL?
O lixo é tão velho quanto a humanidade. Na Idade Média os nômades
alimentavam-se da caça, da pesca e de vegetais e os restos de sua alimentação
eram deixados na natureza, que facilmente eram incorporados ao solo, portanto não
chegava a ser um problema. Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e
com o surgimento das metrópoles, a problemática da geração e descarte de lixo teve
grande impulso (PADOVANI, 2011).
A crescente geração de resíduos sólidos e sua deficiente remoção constituem
ponto crucial na questão ambiental, pois a falta de uma gestão adequada leva à
contaminação do solo, da água e do ar, além de provocar a proliferação de vetores,
doenças e epidemias (MARIGA, 2010).
Com o início da atividade agrícola e da produção de ferramentas de trabalho
e de armas surgiram os restos da produção e os próprios objetos, após a sua
utilização. No entanto, os materiais eram, em sua maioria, de origem natural, não
causando grande impacto ao meio ambiente. O crescimento da populacional e a
forte industrialização ocorrida no último século contribuíram grandemente para o
crescimento da geração de resíduos, que determinou um processo contínuo de
deterioração ambiental com sérias implicações na qualidade de vida do homem
(BIDONE; POVINELLI, 1999; SANTANA, 2008).
O crescimento populacional impulsionou a produção e acelerou as
necessidades de produtos e serviços diversificados. O consequente aumento da
população urbana, frente à nova realidade recente advinda da Revolução Industrial
começou a agravar a situação de descarte de resíduos, pois um número muito maior
de pessoas coabitava em um ambiente muito menor, as cidades (DIAS, 2001).
Provavelmente por isso, fica inviável discutir meio ambiente sem falar em consumo e
produção de lixo.
Na crise energética mundial de 1973, países árabes integrantes da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) restringiram o
fornecimento de petróleo para os Estados Unidos e para os países europeus,
quadruplicando os preços dos barris, em represália ao apoio destes países à
ocupação de territórios palestinos por Israel. Tal fato teve como consequências o
alerta para a necessidade de economia de energia, bem como o incentivo ao
aproveitamento de fontes renováveis, evidenciando a importância da reciclagem de
resíduos de processamento e sucatas (MANO; PACHECO; BONELLI, 2010).
Nos aterros sanitários, há uma preparação da área destinada, com
impermeabilização do solo, redução do volume de resíduos, cobertura da área com
camada de terra, sistemas de drenagem de chorume para tratamento, remoção e
queima dos gases produzidos. Há um limite de operação, que segue rigorosas
normas técnicas a fim de minimizar os inevitáveis efeitos ambientais. A incineração a
altas temperaturas reduz em até 90% o volume do lixo e produz energia térmica que
pode ser aproveitada para aquecimento ou energia elétrica, mas podem gerar gases
poluentes além de ser uma alternativa onerosa devido ao seu elevado custo de
implantação e ao risco ambiental inerente (SANTAELLA; CÂNDIA, 2013).
Segundo Carola (2003) o tema da reciclagem, pauta de estudos e discussões
há alguns anos, no entanto, conceitos equivocados são muito frequentes e bastante
difundidos na sociedade, por isso deve-se trabalhar na ação consciente e prática
para que o processo de reaproveitamento e transformação possível por meio da
reciclagem seja realmente efetivo.
O tratamento correto dos resíduos sólidos envolve diversos fatores como a
separação dos materiais, o serviço de coleta ou a sua ausência, o processamento
necessário, além do local adequado para a deposição do lixo. O estilo de vida da
sociedade contemporânea contribui para a geração de maior quantidade de
resíduos, até mesmo o avanço tecnológico deste milênio já ocasionou outra
modalidade de resíduo – o lixo eletrônico (SANTAELLA; CÂNDIA, 2012).
Medidas preventivas para minimizar os efeitos do lixo no meio ambiente já
começam a se popularizar como o estímulo ao uso de sacolas ecológicas e
embalagens retornáveis, mas ainda estão muito aquém do necessário. A regra dos
três ‘R’s estabelece a Redução do consumo e do desperdício, a Reutilização de
produtos e, por último, a Reciclagem de materiais. Esta recente visão sobre a
questão do lixo trata o problema de maneira mais profunda, e estimula as pessoas a
refletirem sobre o lixo antes mesmo do produto se tornar resíduo (BIDONE;
POVINELLI, 1999).
Para a redução do consumo e do desperdício deve-se estar atento à real
necessidade da aquisição de produtos para qualquer finalidade e à análise crítica
sobre o produto e sua apresentação, por exemplo, uso de copos descartáveis, filtros
de papel para café, produtos revestidos com muitas embalagens plásticas ou com
isopor. A reutilização de produtos também deve ser uma tentativa para melhorar o
aproveitamento e reduzir o volume de lixo descartado, podendo inclusive evitar a
aquisição de novos produtos (CAROLA 2003).
O ex-presidente Lula em 2010 sancionou a lei nº 12.305/2010 que instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos. A determinação é que se dê tratamento
adequado a cada tipo de lixo e intensificar a reciclagem. A lei também proíbe a
criações de lixões e todas as prefeituras dos países terão que construir até 2.014
aterros sanitários ambientalmente sustentáveis (BRASIL, 2010).
Diante do exposto, a poluição ocasionada pelo lixo é inevitável, porém ações
conjuntas e continuadas devem ser estabelecidas visando a redução da produção
de resíduos em todas as instâncias da sociedade moderna (BIDONE; POVINELLI,
1999).
2.2 CONSUMISMO
Martell (1994) afirma que o consumismo é o item mais expressivo da crítica à
sociedade sustentável. Segundo Ekins (1998), desde que Adam Smith afirmou que a
produção tem como finalidade o consumo, a economia estabeleceu como objetivo
aumentá-lo, e ele passou a ser entendido culturalmente como sinônimo de bem
estar. O problema é que atualmente o consumismo é visto também como
responsável por uma série de problemas ambientais e, desse modo, não pode mais
ser compreendido unicamente como sinônimo de felicidade.
Os indivíduos são obrigados a consumir bens que tornam obsoletos antes do
tempo, já que cada vez mais se tornam funcionalmente inúteis logo após saírem das
fábricas. Durning (1992) ressalta que os eletrodomésticos fabricados em 1950 eram
muito mais resistentes do que os produzidos atualmente: eram fabricados para durar
e não quebravam, seu conserto era economicamente viável, o que atualmente não é
mais verdadeiro. Por isso no entender de Sewell (1978), a eliminação da
obsolescência planejada é chave da minimização dos resíduos: afinal, produzir um
refrigerador que funcione doze anos em vez de oito significa ter um terço de
refrigeradores a menos no lixo durante esse mesmo período.
A vida útil dos produtos torna-se cada vez mais curta, e nem poderia ser
diferente, pois há uma união entre a obsolescência planejada e a criação de
demandas artificiais no capitalismo. Isto induz a ilusão de que a vida útil do produto
esgotou-se, mesmo que ele ainda esteja em perfeitas condições de uso. Hoje,
mesmo que um determinado produto ainda esteja dentro do prazo de sua vida útil,
do ponto de vista funcional, simbolicamente já está ultrapassado. A moda e a
propaganda provocam um verdadeiro desvio da função primária dos produtos.
Ocorre que a obsolescência planejada e a descartabilidade são vitais para o modo
de produção capitalista (LAYRARGUES, 2005).
Outro aspecto cultural importante sobre o consumismo diz respeito à
desejável inclusão dos excluídos do consumo. Diz-se, por exemplo, que se todos os
chineses tivessem geladeiras, o planeta teria sérios problemas com a depleção da
camada de ozônio. Mas o que deveria ser discutido é a diferença entre o desejo de
ter uma geladeira para conservar alimentos e o desejo de trocá-la a cada novidade.
Esse é o problema do consumismo, uma questão eminentemente cultural,
relacionada à incessante insatisfação dos consumidores em si (LAYRARGUES,
2005).
2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A educação ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um
saber ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio
social e de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos
da apreciação e do uso da natureza (SORRENTINO et al., 2005).
A Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999) define em seu
primeiro artigo a educação ambiental como processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A educação socioambiental é um dos instrumentos mais importantes para
promover a mudança de comportamento necessária tanto com relação ao consumo
consciente quanto com a redução da geração de resíduos, transformando cidadãos.
O processo educativo deve estimular a participação social e estabelecer parcerias
que possam contribuir no processo de implementação de um programa de consumo
consciente e minimização da geração do lixo (ABREU, 2001).
No entanto, não se deve achar que apenas a educação ambiental poderá
interromper esse processo de degradação ambiental pelo qual passa o planeta,
apesar de ser um dos melhores instrumentos que existe atualmente para colocar em
prática as mudanças de comportamento, que contribuirão para a preservação do
ambiente e para manter a qualidade de vida (TELLES et al., 2002).
A atuação da educação ambiental, busca a formação de cidadãos com
conhecimento do ambiente total, preocupados com os problemas associados a esse
espaço que o cerca e com atitudes, motivações, envolvimentos e habilidades para
trabalhar, individual e coletivamente, em busca de soluções para resolver as
dificuldades atuais e prevenir os futuros desajustes. Buscam-se, com a educação,
formas de gerenciar e melhorar as relações entre o homem e o ambiente, de modo
integrado e sustentável (MANO; PACHECO; BONELLI, 2010).
É fundamental que se estimule as crianças, os jovens e os adultos a
vislumbrarem que podem contribuir para melhorar a vida de sua comunidade e
influenciar concretamente o mundo em que vivem, realizando atividades úteis por si
próprios e participando, ativamente, nas atividades da escola, que por sua vez, deve
caminhar na direção de pesquisas e estudos que possibilitem a reflexão e a ação
(DEPRESBITERIS, 2001).
Neste sentido, é possível fazer uma interconexão com a Teoria da
Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, 1968). Tal teoria afirma que a aprendizagem
torna-se significativa quando há a interação entre o novo conhecimento e o
conhecimento prévio do aprendiz, de forma não literal e não arbitrária. Assim, novas
ideias e informações podem ser aprendidas e retidas à medida que os conceitos
relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura do
indivíduo e funcionem como ponto de ancoragem das novas ideias e conceitos. Para
que ocorra a aprendizagem significativa é necessário que o assunto a ser aprendido
seja incorporável à estrutura cognitiva do aprendiz com significado (KLEIN, 2011).
Como são os alunos que selecionam o que é verdadeiramente importante do
que é puramente superficial e identificam os pontos cruciais do problema ou assunto
em questão, a aprendizagem depende da disponibilidade do aluno em aprender
(MOREIRA, 1999).
Como estratégias de ensino na educação ambiental devem promover a
discussão na sala de aula, provocando o debate dos problemas conflitantes, em vez
de ignorá-los, estimular o envolvimento dos alunos na resolução de problemas da
comunidade, incluir a utilização de formas lúdicas que auxiliem os alunos a se
expressarem sobre o meio ambiente (DEPRESBITERIS, 2001), é possível identificar
o que o aluno sabe ou pensa sobre determinado assunto e discutir a interação de
novos conceitos ou posturas frente a problemas ambientais.
Lopes (1999) afirma que na disciplina de ciências, os conteúdos estruturantes
são construídos a partir da historicidade dos conceitos científicos e visam superar a
fragmentação do currículo, além de estruturar a disciplina frente ao processo
acelerado de especialização do seu objeto de estudo e ensino.
Nesse aspecto, as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica propõem
formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam
criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao
conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na
sociedade (PARANÁ, 2008).
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa realizada tem aspectos quantitativos e qualitativos (LAKATOS;
MARCONI, 2010) e foi realizada no Colégio Estadual Hugo Simas, na cidade de
Londrina-Pr, com alunos do 9º ano do ensino fundamental.
As atividades propostas foram caracterizadas por meio do uso de atividades
teóricas e práticas, afim que fosse explorado os conteúdos aprendidos nas
disciplinas de ciências, arte e português.
Os participantes deste estudo foram anteriormente informados sobre o
objetivo do estudo para que as atividades aplicadas tivessem potencial para
realização da coleta de dados, para isso cada aluno ou responsável assinou um
Termo De Consentimento Livre e Esclarecido.
A proposta utilizada se baseou nos princípios da Teoria da Aprendizagem
Significativa e da Representação Multimodal. Por isso o ponto de partida para cada
atividade foram os conhecimentos prévios dos alunos, considerando que estes são
os principais elementos na construção de um conceito novo (AUSUBEL, 1968). Além
disso, partilhou-se com o aprendiz de diferentes modos de representação conceitual,
como a imagética (vídeos sobre o tema), a verbal-escrita (produção textual a partir
de pesquisa bibliográfica) e verbal-oral (apresentação de seminários e discussão)
durante as estratégias.
Ao todo foram realizadas atividades, divididas em duas unidades, a primeira
representou a questão do lixo e a segunda, consumo e desperdício. Para tais foram
utilizadas representações e linguagens, a exemplo: verbal-oral, imagético e verbal,
verbal-escrito e oral, verbal-oral e imagético (Quadro 1).
Quadro 1 - Relação das atividades desenvolvidas pelos alunos
TEMA REPRESENTAÇÃO/LINGUAGEM ATIVIDADE PROPOSTA
UN
IDA
DE
I
Lix
o
Imagético e Verbal Produção de desenhos a partir da música “Planeta Água” (Guilherme Arantes).
Verbal-oral Discussão e Reflexão a partir do Teste da Sustentabilidade: “Você é sustentável?”
Imagético e Verbal Discussão e Reflexão sobre o Filme: "Lixo Extraordinário”
Verbal-escrito e oral Discussão da palestra: “Gestão do lixo urbano”
Verbal-escrito e oral Relatório e Reflexão sobre Visitas ao Aterro Sanitário de Londrina, PR e Kurica Ambiental
Verbal Reflexão sobre atitudes e práticas de consumo e desperdício
Imagético e Verbal Tirinhas "
Verbal-oral
Discussão sobre as estratégias que podem ser adotadas para a destinação correta dos resíduos na escola e consumo
Verbal-oral e Imagético
Peça teatral: Aquatrix : ficção ou realidade Discussão com os alunos a respeito das experiências pessoais referentes à temática abordada na peça, opinião sobre o conteúdo entre outros.
Fonte: Da autora.
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os alunos foram convidados a confeccionar um desenho a partir da música
Planeta Água (Guilherme Arantes). Esta atividade foi desenvolvida em parceria com
o professor de arte.
Houve muito entusiasmo durante o desenvolvimento da proposta de
expressão repassado da música para o desenho. Devido à qualidade dos trabalhos
realizados, estes foram apresentados, através de painel, à comunidade escolar.
Foi observado que os alunos conseguiram transpor os seus sentimentos e
entendimentos quanto à problemática elencada na música de uma forma pontual, ou
seja, conseguiram demonstrar as consequências drásticas da falta de água através
de elementos concretos e abstratos para confecção do desenho, além disso, se
preocuparam em escrever mensagens sobre as suas imagens, no tocante ao
problema e consequências da falta de zelo para com a água (Figura 1).
Segundo Klein e Laburú (2012) as imagens ofertam ao receptor, espaço
interpretativo de símbolos conotativos e seu significado é resultado da síntese entre
as intencionalidades do emissor e do receptor. Os autores consideram que os
sentidos e as representações de uma imagem podem ser variadas e depende de
particularidades de cada indivíduo, e de como a imagem é produzida. De acordo
com Barthes (1993) a denotação e a conotação são dois sistemas de significação
que se agregam. a denotação forma-se através da relação existente entre um plano
de expressão e um de conteúdo. Já a conotação resulta-se é resultante da relação
entre o primeiro sistema e um novo plano de conteúdo que por sua vez dá origem a
o segundo sistema.
Nesse sentido foi observada uma influência da mídia, pois alguns retrataram
pontos que a mesma explora como torneira pingando gotas de água
constantemente, houve também imagens infantilizadas como criança com chupeta
que demonstrou a preocupação dos alunos no tocante à próxima geração, a maioria
apresentou trabalhos denotativos, ou seja, se mantiveram no concreto que foi a
problemática, e não extrapolaram com assuntos ou imagens que não estivessem
contempladas na música (Figura 1).
Figura 1 - Algumas expressões artísticas produzidas pelos alunos participantes do projeto, a partir da música Planeta Água (Guilherme Arantes)
Fonte: Da autora.
A partir desta atividade, os alunos responderam três questões sobre “lixo,
desperdício e consumismo”. Os dados observados na Tabela 1 que a maioria dos
alunos, ou seja, 31,03% consideram que o lixo pode ser reciclado ou separado para
a reciclagem; 20,69% entendem que ele deva ter uma coleta correta. Chama
atenção o fato de apenas um aluno (1,72%) considerar que o lixo é produzido pelo
elevado consumo.
Tabela 1 - Respostas dos alunos a partir da questão “O que você pensa sobre o lixo?”
Respostas N %
O lixo pode ser reciclado ou separado para reciclagem 18 31,03%
O lixo deve ter uma coleta correta 12 20,69%
É um resíduo que foi usado ou consumido 8 13,79%
Pode poluir o meio ambiente 5 8,62%
Tem que ser tratado 5 8,62%
Lixo é lixo 4 6,89%
Pode ser prejudicial à saúde humana 3 5,17%
É um problema da sociedade 2 3,44%
É produzido pelo elevado consumo 1 1,72%
Total 58 100% Fonte: Da autora.
Ao serem abordados quanto a questão O que é desperdício? Vinte alunos
(43,47%) consideram desperdício da água e comida (alimento FOME), professora
como eu faço para trabalhar essa questão, enquanto 15 alunos apontam que
desperdício é o ato de jogar objetivos ou coisas úteis fora. Foi percebido que para 6
alunos desperdício é ter mais do que precisa, comprar mais do que precisa.
Ressalta-se que cincos alunos (10,87%) não responderam a essa questão.
Tabela 2 - Respostas dos alunos a partir da questão “O que é desperdício?”
Respostas N %
Desperdício da água e comida (alimento FOME) 20 43,47%
Jogar objetivos ou coisas úteis fora 15 32,60%
Ter mais do que precisa, comprar mais do que precisa 06 13,04%
Não respondeu 05 10,87%
Total 46 100%
Fonte: Da autora.
Quanto a auto percepção no tocante a se achar ou não consumista os dados
revelam que 16 (48,48%) respondentes não se consideram pois só compram o que
é necessário e recicla também enquanto 11 (33,34%) acreditam serem consumistas
porque jogam o que compram sem usarem e sempre querem. Já cinco (15,15%)
pensam que são um pouco consumistas por as vezes comprarem o que não
precisam.
Tabela 3 - Respostas dos alunos a partir da questão Você se acha consumista?
Respostas N %
Não, pois só compra o que é necessário e recicla também 16 48,48%
Sim, porque joga o que compra sem usar e sempre quer mais 11 33,34%
Um pouco, as vezes compra o que não é preciso 05 15,15%
Não respondeu 01 3,03%
Total 33 100%
Fonte: Da autora.
A terceira atividade sobre o tema sustentabilidade incluiu o preenchimento de
um teste contendo 10 questões (Anexo 1). Após o preenchimento do teste, os
alunos foram convidados a discutir e refletir a razão de suas respostas, pensando
em ideais de atitudes que representem uma pessoa dita “sustentável”. Esta
atividade, além de promover a reflexão sobre a ação dos alunos, deu embasamento
para o desenvolvimento das outras atividades propostas. Ao final das atividades, o
mesmo teste pode ser aplicado, com o intuito de repensar possíveis mudanças de
hábito no que diz respeito ao consumo, desperdício e destino correto do lixo.
A pergunta 1 referia-se ao reaproveitamento ou não das roupas. 52,92%
doam suas roupas quando não o apetece. Mas houve também um número
expressivo de pessoas que afirmaram possuir no guarda roupa varias peças
(20,59%). A segunda questão (preferência de produtos que respeitam o meio
ambiente), 47,60% dos entrevistados, nunca parou para pensar no assunto e
29,41% daria preferência se soubesse identificar e se conhecesse seus benefícios.
No que se refere à segunda questão. foi identificado que 47,60% dos alunos nunca
refletiram sobre o consumo de produtos que respeitam o meio ambiente enquanto
29, 41% dariam preferência a tais produtos caso soubessem identificar e
conhecessem seus benefícios.
A terceira questão indagava se os entrevistados escolhiam produtos que
tivessem sido anunciados pela mídia, 61,77% dizem ser influenciados de vez em
quando e 11,77% afirmaram categoricamente que sim, enquanto 14,70% afirmaram
que nunca são influenciados.
Os resultados da quarta questão (como você carrega as suas compras)
podem ser visualizados na figura 2 onde é possível observar que 76% dos
entrevistados usam as sacolas que os supermercados oferecem.
Na quinta questão foi observado que em relação a economia de água, 40%
não economizam por estarem acostumados a sempre se comportar do mesmo jeito
e 33,33% creem que poderiam fazer mais em questão a economia de água.
A sexta questão indagava se a pessoa comprava algo que não estivesse
precisando ou que não fosse de seu estilo por estar em promoção e não chegava a
utilizar. 50% responderam que tem esse comportamento de vez em quando. A
sétima questão abordou a relação do tempo consumido no banho e 50% afirmaram
que não sabiam dizer se o tempo era rápido ou curto por desconhecer o tempo ideal.
A oitava questão indagava sobre o descarte de lixo em casa e 38,24%
afirmaram separar o lixo orgânico e reciclado e encaminham a uma cooperativa. Mas
29,42% nunca prestaram atenção, enquanto 14,70% descartam num único
recipiente, ou seja, não realizam a reciclagem.
A nona questão referia-se à questão de deslocamento diário, e 47,06% usa o
transporte coletivo, bicicleta, carona ou então a pé e 17,65% ressaltam quem
embora saibam não ser o mais adequado, utilizam carro, normalmente sozinho.
Destaca-se que esta questão reflete o pensamento de que o termo sozinho refere-se
a companhia de um responsável já que os entrevistados são menores e não podem
dirigir.
Na décima e última questão relacionada ao que é sustentabilidade para você,
observou-se que 41,7% denominam como fundamental 38,24% como sendo uma
solução, 17,65% como chato e 2,94% como indiferente (Figura 4).
Figura 4 - Respostas dos alunos a partir da questão “Sustentabilidade”
Fonte: Da autora.
A atividade quatro teve como proposta que os alunos conhecessem a
importância do trabalho dos catadores de reciclagem, a realidade social e
econômica desses trabalhadores, a valorização de obras artísticas de padrões
diferenciados, a reflexão de seu papel no tocante a diminuição dos problemas
ambientais, a necessidade de conscientização de si mesmo e de seus colegas
quanto ao descarte de materiais sólidos. Para isso foi explorado junto aos alunos 5
questões enfatizadas no filme “Lixo Extraordinário”.
Nas questões sobre a definição do termo lixo e material reciclado, 67,74% e
96,7% respectivamente acertaram a colocação feita no documentário. 67,74%
consideram que os catadores buscam nos lixões a sua sobrevivência e na questão
que se referia a classificação como MR material reciclado, RO resíduo orgânico e
RE rejeito. Foi observado que 61,29% responderam corretamente.
A última questão solicitava que comentassem sobre o vídeo. A maioria
apontou que falava sobre a realidade dos catadores, alguns acharam a atividade
boa, e perceberam que os catadores de lixo buscavam a sobrevivência, entretanto
um dos respondentes comentou que um colega de sala já havia passado por tal
situação.
38%
41%
3%
18%
0%
Solução
Fundamental
Indiferente
Chato
Complexo
Na quinta atividade, após a palestra os alunos foram alertados quanto a
necessidade de assistirem à mesma com um olhar crítico e sensível aos problemas
diagnosticados a partir do acúmulo e destino do lixo. Em seguida foram aplicadas
três questões (Tabelas 4, 5, 6).
Tabela 4 - Respostas dos alunos após a Palestra “Gestão do lixo urbano” a partir da questão “Reciclagem, desperdício e consumismo: pontos positivos da palestra”
Respostas N %
Aprender a reciclar 08 21,69%
Lixo orgânico vira adubo 05 13,51%
Meio ambiente 03 8,10%
O lixo pode ser reciclado e com ele criar outras coisas 03 8,10%
Situação de quem recicla o lixo 02 5,40%
Importância de separar o lixo 02 5,40%
Aterro sanitário 02 5,40%
Benefícios de reciclar 01 2,70%
Funcionamento do lixo e organização 01 2,70%
Qualidade 01 2,70%
Interessante 01 2,70%
Trabalho 01 2,70%
Casa pajé 01 2,70%
Lixo 01 2,70%
Não viu pontos positivos 01 2,70%
Não ouvi, pois estava muita bagunça 01 2,70%
Dificuldade dos catadores para separar o lixo 01 2,70%
As cooperativas 01 2,70%
Lixão Londrina 01 2,70%
Total 37 100%
Fonte: Da autora.
Tabela 5 - Respostas dos alunos após a Palestra “Gestão do lixo urbano” a partir da questão “Reciclagem, desperdício e consumismo: o que chamou mais atenção”
Respostas N %
Quantidade de lixo na cidade 05 22,77%
Foto dos aterros 03 13,63%
Situação de quem recicla 03 13,63%
Trabalho para separar o lixo 03 13,63%
A reciclagem 02 9,09%
Não entendeu 02 9,09%
Usar lixo orgânico como adubo 01 4,54%
Não deveria misturar os lixos 01 4,54%
Não respondeu 01 4,54%
Meio ambiente 01 4,54%
Total 22 100%
Fonte: Da autora.
Tabela 6 - Respostas dos alunos após a Palestra “Gestão do lixo urbano” a partir da questão “Reciclagem, desperdício e consumismo: o que foi novidade para você”
Respostas N %
Como é reciclado 07 31,86%
Nada, já sabia tudo 05 22,72%
Existência da lei 03 13,63%
Lixo 02 9,09%
Lugares onde o lixo fica 01 4,54%
O rejeito e como separá-lo 01 4,54%
Quantidade de lixo 01 4,54%
Separação lixo orgânico 01 4,54%
Não respondeu 01 4,54%
Total 22 100%
Fonte: Da autora.
Desta forma no tocante aos pontos positivos advindos da palestra soube-se
que a maior parte dos alunos (21,69%) apontaram que a maior vantagem da
palestra foi o fato de terem aprendido como se recicla o lixo, seguido de 13,5% que
apontaram que a maior vantagem foi saber que o lixo orgânico vira adubo, as
respostas, meio ambiente, o lixo de ser reciclado e com ele criar outras coisas
ficaram em terceiro lugar com 8,10% enquanto a situação de quem recicla o lixo,
importância em separar o lixo e aterro sanitário ficaram com 5,40%. Por fim as
demais questões ficaram cada qual com 2,70%.
Em relação ao que chamou mais atenção na palestra soube-se que a
resposta mais apontada foi a quantidade de lixo produzido na cidade com 22,77%,
seguido das fotos do aterro, situação de como vive quem recicla e trabalho efetuado
para separar o lixo com 13,63% dos respondentes. Já 9,09% apontaram que a
reciclagem foi o que mais chamou atenção e com o mesmo porcentual a resposta de
que não entendeu. Enquanto 4,54% optaram por uma dessas questões: usar lixo
orgânico como adubo, não deveria misturar lixos, meio ambiente. A mesma
porcentagem, ou seja, 4,54% não respondem a essa questão.
Quanto a questão do que foi novidade 31,86% apontaram que a maior
novidade foi a forma de como o lixo é reciclado enquanto 22,72% apontaram não
terem aprendido nada na palestra por já saberem tudo que nela foi abordado.
13,63% desconheciam haver legislações a respeito da reciclagem do lixo, 9,09
apontaram que o lixo em si foi a maior novidade. Já a formão rejeito e a forma de
separá-lo, quantidade de lixo, separação do lixo orgânico foram respondidas por
4,54% cada qual além de um respondente não ter opinado caracterizando também
4,54%.
Na atividade seis os alunos assistiram ao vídeo “A história das coisas” a fim
de que conhecessem a importância do trabalho dos catadores de reciclagem, a
realidade social e econômica desses trabalhadores, a valorização de obras artísticas
de padrões diferenciados, a reflexão de seu papel no tocante a diminuição dos
problemas ambientais, a necessidade de conscientização de si mesmo e de seus
pares quanto ao descarte de materiais sólidos.
É sabido que as histórias em quadrinhos exercem grande influência no
desenvolvimento da leitura, escrita, criatividade entre outras. Devido ao seu tipo de
linguagem ela potencializa a reflexão, aplicação e conhecimentos de conceitos
teóricos que de modo convencional em muitas ocasiões são desprezados pelos
adolescentes.
Desta forma na oitava atividade foi ofertada aos alunos tirinhas para que após
a leitura do texto “Como mudar hábitos de consumo para produzir menos lixo?”
pudessem criar um texto de acordo com as ilustrações da mesma através do
preenchimento dos balões dispostos nos desenhos criados para a atividade.
Foi percebido que a maioria dos alunos comentaram sobre o consumismo,
economia, reciclagem correta, consumo consciente, subutilização de aparelhos
eletrônicos, a exemplo iphone, que se torna obsoleto quando se lança um novo
produto.
Após assistirem a peça teatral Aquatrix: ficção ou realidade (que aborda
sobre: reciclagem, redução, coleta seletiva, destinação do lixo urbano, mata ciliar,
desenvolvimento sustentável, preservação dos recursos naturais, atitudes corretas e
organização comunitária), foi proposto que em grupos de até quatro pessoas
refletissem e desenvolvessem um texto de ate 15 linhas. Os relatos permitiram a
inferência de que a peça potencializou todas as questões anteriormente relatadas
sobre necessidade de preservação do meio ambiente, redução, coleta seletiva,
destinação adequada e reciclagem do lixo.
A próxima questão se referia aos termos usados pelos atores da peça teatral
“Aquatrix”. Todas as alternativas estão corretas foi a opção que mais se destacou
ficando com 41,38% das respostas, sobre reciclagem, redução, coleta seletiva foram
as escolhidas por 24,14% assim como, destinação do lixo urbano e mata ciliar que
tiveram o mesmo percentual ou seja 24,14%, em seguida com 6,89%, as palavras
desenvolvimento sustentável e preservação dos recursos naturais. Por fim as
atitudes corretas e organização comunitária receberam o apontamento de 3,45%.
Na quarta questão, foi pedido que formulasse três frases, uma sobre lixo,
outra sobre desperdício e outra sobre consumismo, transcritas nas tabelas a seguir:
Tabela 8 - Frases sobre lixo
FRASES SOBRE LIXO N %
Lixo deve ser reciclado para a vida melhorar (reciclagem) Temos que cuidar do lixo (onde jogar o lixo) Temos que dar o fim adequado ao lixo (definição do que é lixo) O lixo é para você e para eu cuidarmos O lixo não está sendo corretamente reciclado O lixo é o novo mundo jogado fora Lixo pode ser reciclado ou não Lixo não é brincadeira “recicle
10
35,71%
Proibido jogar lixo no chão É proibido no bueiro Proibido jogar lixo nos rios, ruas, lugares incorretos Se for jogado no meio ambiente o prejudica Lixo no lixo
08
28,59%
O lixo é lixo Lixo são os restos de resíduos, comidas, etc Lixo é um resíduo de um novo mundo
05 17,85%
Lixo faz mal Nosso mundo está virando um lixo de tanta poluição
03 10,71%
É importante separar o lixo por bem do meio ambiente Existe quatro tipos de lixo, e um deles é o lixo reciclável (sic)
02 7,14%
Total 28 100%
Fonte: Da autora.
Tabela 9 - Frases sobre desperdício produzidas pelos alunos participantes do projeto
Frases Sobre Desperdício N %
Desperdício é uma coisa que não poderia haver Desperdício não é lixo Desperdício é coisa feia Desperdício é você que não cuida Não faça desperdício com lixo nas caçambas Em todo lugar há muito desperdício de lixo O desperdício é muito para quem tem pouco O desperdício de recursos naturais é insano Desperdício não é bom, muitas pessoas passam fome, frio, etc. O que compramos e não usamos É muito desperdício para pouca preocupação (sic) Há muito desperdício nos lixos domésticos Desperdício é coisa para pessoas que nunca sofreu
15
51,74%
Desperdício de comida Não desperdice água Deixar restos de alimentos deteriorar Deixar restos de alimento é desperdício Não podemos desperdiçar as coisas
08 27,58%
Não respondeu 03 10,34%
Devemos não desperdiçar Diga não ao desperdício
02 6,89%
Para não fazer um desperdício é importante reciclar 01 3,45%
Total 29 100%
Fonte: Da autora.
Tabela 10 - Concepções sobre consumismo apresentados pelos alunos ao final das atividades
FRASES SOBRE A CONCEPÇÃO DO CONSUMISMO N %
O consumo é feio Consumismo não é saúde Consumismo são as compras em excesso Seu consumismo é sério Temos que obter consumismo nos lixos recicláveis O consumismo está tomando conta das pessoas O consumismo é o inimigo de um bom mundo O consumismo é quando compramos uma coisa que não precisamos Vivemos em um mundo de consumismo O consumo aumenta o desperdício
15 51,75%
Eu sou consumista Parar de consumir muito Todos tem seu lado do consumismo Vamos consumir tudo o que pudermos Nós estamos consumindo o nosso mundo Todos nos somos consumistas se nós fazemos as coisas compramos e gostamos somos consumista O que compramos por vontade, porém não usamos Seu consumismo passou dos limites Consumir só o necessário Todo o mundo está ficando consumista
11 37,95%
Não respondeu 03 10,3%
Total 29 100%
Fonte: Da autora.
As frases relatadas sobre o lixo e desperdício possibilitaram o entendimento
de que os alunos conseguiram captar as mensagens direcionadas a eles através
das diversas atividades provocando então a reflexão da necessidade da reciclagem
do lixo e do consumo desnecessário. Nas frases sobre a concepção do consumismo
foi percebido que de um modo geral os alunos entenderam que tal atitude causa
danos ao meio ambiente e também alimenta a cadeia do aumento de lixo e
degradação do planeta.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados obtidos por meio da coleta de dados e das atividades
desenvolvidas durante todo o processo torna possível a inferência de que foi
potencializado nos alunos a necessidade e a importância da consciência ecológica,
uso inteligente dos recursos naturais disponíveis, dos problemas advindos com o
consumismo exacerbado e a importância da reciclagem de material.
Infere-se que a utilização da técnica de representação multimodal de
conceitos e da teoria da aprendizagem significativa potencializou a aprendizagem
por serem praticas que representam um mesmo conceito de diversas formas e
linguagens sejam descritivas, experimentais, corporais entre outros.
As atividades se utilizaram desses métodos e os alunos desenharam,
assistiram vídeo, fizeram visitadas orientadas, debateram sobre a questão do lixo e
reciclagem assistiram palestras etc.
Acredita-se que a aprendizagem é potencializada quando associada a formas
variadas de representação possibilitando que o individuo capte e compreenda os
significados dos conceitos a ele ofertado de forma mais rápida com a utilização dos
modos representacionais e os dados coletados durante as atividades aplicadas a
turma revelaram haver apropriação do tema pelos alunos.
Cabe também a ideia de que esse assunto possa ser trabalhado em diversas
disciplinas simultaneamente o que o torna multidisciplinar, pois o tema reciclagem
pode envolver e impulsionar a novas descobertas, formas diferenciadas de cálculos,
diversidade de vocabulário, produções artísticas ente outros.
Considera-se que tal assunto ainda seja mais explorado com esse público e
assim novos estudos poderão ser realizados a fim de dar continuidade a este.
REFERÊNCIAS ABREU, M. F. Do lixo à cidadania: estratégias para a ação. 2. ed. Brasilia: Caixa, 2001.
AUSUBEL, D. P. Educational psychology: a cognitive view. Nova York: Holt Rinehart and Winston, 1968.
BARTHES, Roland. Elementos de semiologia. 16. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.
BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESS/USP, 1999.
BRASIL. Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 7 abr. 2013.
Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 7 abr. 2013.
CAROLA, C. Consultora propõe a minimização do lixo. Folha de São Paulo, São Paulo, 31 jul. 2003. Folha equilíbrio.
DEPRESBITERIS, L. Avaliação da aprendizagem na educação ambiental: uma relação muito delicada. In: SANTOS, J. E.; SATO, M. A contribuição da educação ambiental à esperança de Pandora. São Carlos: Rima, 2001. p.531-558.
DIAS, E.G.C.S. Avaliação de impactos ambientais de projetos de mineração no Estado de São Paulo: a etapa de acompanhamento. Tese ( Doutorado em Engenharia Mineral) – Escola Politecnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
DURNING, A. How is enough? the consumer society and the future of the earth. much. New York: WW Norton & Co, 1992.
EKINS, P. Uma noção subversiva. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 6-9, 1998.
KLEIN, T. A. S.; LABURÚ, C. E. Multimodos de representação e teoria da aprendizagem significativa: possíveis interconexões na construção do conceito de biotecnologia. Ensaio, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 137-152, ago. nov, 2012.
KLEIN, T. A. S. Perspectiva semiótica sobre o uso de imagens na aprendizagem significativa do conceito de biotecnologia por alunos do ensino médio. 2011. 197 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LAYRARGUES, P. P. O cinismo da reciclagem: o significado ideológico da reciclagem da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. S. (Org.). Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 3. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2005. p. 179-219.
LOPES, A. C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: UERJ, 1999.
MANO, E. B.; PACHECO, E. B. A. V.; BONELLI, C. M. C. Meio ambiente, poluição e reciclagem. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
MARIGA, J. T. Desenvolvimento, implementação e avaliação de um programa de aprendizagem ambiental para condomínios residenciais: enfoque em resíduos sólidos. Cascavel: EDUNIOESTE, 2010.
MARTELL, L. Ecology and society: an introduction. Cambridge: Polity Press, 1994.
MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.
OLIVEIRA, Manoella. Teste da sustentabilidade: você é sustentável? Superinteressante, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://super.abril.com.br/testes/teste-verde-sustentabilidade-faz-parte-sua-vida-574649.shtml>. Acesso em: 21 out. 2012.
PADOVANI, W. F. Os desafios da era do lixo. Veja, São Paulo, ano 44, n. 2249, p.18-24, dez. 2011.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da educação básica: ciências. Curitiba: SEED, 2008.
SANTAELLA, M.; CÂNDIA, C. Lixo: problemas e soluções. Disponível em: <http://www.ib.usp.br/coletaseletiva/saudecoletiva>. Acesso em: 6 abr. 2013.
SANTANA, A. L. Consumismo. 25 fev. 2008. Disponível em: <http://www.infoescola.com/psicologia/consumismo/>. Acesso em: 10 jun. 2012.
Anexo 1 – Teste Você é Sustentável? Adaptado de Oliveira (2012) 1) Você costumiza suas roupas quando se cansa delas? ( ) As vezes. ( ) Não gosto desse tipo de moda. ( ) Não. Eu deixo no guarda-roupa, tenho um monte de roupas encostadas. ( ) Procuro doar para alguém. ( ) Nunca . 2) Você dá preferência a produtos que respeitam o meio ambiente? ( ) Daria se eu soubesse identificá-los e conhecesse seus benefícios ( ) Nunca parou para pensar nisso ( ) Não. Considera o impacto no meio ambiente uma questão dos fabricantes, não sua ( ) Não. Considera o impacto no meio ambiente uma questão dos fabricantes, não sua ( ) Acha importante, mas só compra se o fator "preço" for favorável ( ) Sim, na maioria das vezes 3) O anuncio de um produto interfere em sua escolha? ( ) Nunca. ( ) Na maioria das vezes . ( ) De vez em quando. ( ) Sim ( ) Nunca parei para pensar nisso. 4) Como você carrega suas compras, quando vai ao supermercado? ( ) Usa sacolas plásticas, mas se tiver de mochila ou bolsa grande guarda alguns produtos nelas, por praticidade ( ) Usa as sacolas que o supermercado oferece ( ) Vai a pé e leva sacolas retornáveis ( ) Leva ecobags (sacolas ecológicas), mas vai de carro ( ) Usa grandes sacolas de feira, como nos tempos da sua avó 5) Você economiza água ao lavar utensílios domésticos, roupas ou seu carro? ( ) Não, por enquanto ainda não faltou água na minha casa por desabastecimento ( ) Sim, mas acho que poderia fazer mais ( ) Acho interessante, mas não sei como fazer ( ) Certamente. É uma questão de responsabilidade ( ) Talvez. Estou acostumado a fazer do mesmo jeito desde sempre 6) Você compra algo que não esteja precisando ou não seja muito do seu estilo por estar em promoção e depois não utiliza? ( ) As vezes. ( ) Sim ( ) Na maioria das vezes . ( ) De vez em quando. ( ) Se está em oferta, eu compro mesmo.
7) Em relação ao tempo, como você classifica seu banho? ( ) Isso tem a ver com preservação? ( ) Não sei, meu consumo é indiferente frente ao consumo global ( ) Curto. Raramente demora mais do que deveria ( ) Rápido, para economizar água e energia ( ) Não sei dizer se é rápido ou curto porque desconheço o tempo ideal
8) O lixo da sua casa é descartado... ( ) Nunca prestei atenção ( ) Num único recipiente ( ) Da única maneira que você conhece e sempre viu seus pais e amigos fazendo ( ) Separado entre orgânico e reciclável, sendo este encaminhado a uma cooperativa ( ) Com os resíduos devidamente separados, mas nem sempre com o destino correto
9) Como você se desloca no seu dia-a-dia? ( ) Vai a pé, usa transporte coletivo, bicicletas ou opta por caronas ( ) Depende do dia. Não prioriza nenhum tipo de transporte ( ) Da melhor maneira para você, não para o planeta ( ) Transporte coletivo ou a pé, apenas se não tiver outra opção ( ) Embora saiba que não é o mais adequado, usa carro, normalmente, sozinho
10) Sustentabilidade para você é? ( ) Solução ( ) Fundamental ( ) Indiferente ( ) Chato ( ) Complexo