Dislalia na escola na...necessária para produzir todos os sons linguísticos. Portanto, só podemos...

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Dislalia na Escola Psicologia da educação II Nome do aluno: Mariana Castro de Souza Nome do professor: José Fernando Fontanari São Carlos/Setembro de 2015

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Dislalia na Escola

Psicologia da educação II Nome do aluno: Mariana Castro de Souza

Nome do professor: José Fernando Fontanari

São Carlos/Setembro de 2015

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“A mais nobre aquisição da humanidade é a fala e a arte mais útil é a escrita. A primeira distingue eminentemente o homem da criatura bruta; a segunda, dos selvagens sem civilização.”.

Astle

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Resumo

Distúrbios articulatórios, como a dislalia, são muito observados em crianças

em idade escolar, e quando não corrigidos permanecem até a idade adulta. O

professor, juntamente com a escola, tem papel fundamental no

desenvolvimento infantil. Utilizando recursos e planejamento adequado,

podem auxiliar na detecção e tratamento de tais distúrbios.

Abstract

Articulation disorders such as dyslalia are much observed in children of

school age, and when corrected do not remain through adulthood. The

teacher, along with the school, plays a fundamental role in child

development. Using resources and proper planning, can aid in the detection

and treatment of such disorders.

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Sumário

Introdução........................................................................................................................... 5

 

Objetivos............................................................................................................................. 5

 

Metodologia........................................................................................................................ 5

 

Desenvolvimento ................................................................................................................ 5

 

Composição do aparelho fonador ................................................................................... 5

O que é a dislalia............................................................................................................. 6

Dislálicos na escola......................................................................................................... 7

Desafios para o professor.............................................................................................. 10

 

Conclusão ......................................................................................................................... 11

 

Referências ....................................................................................................................... 11  

 

 

 

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Introdução

Não se sabe ao certo a origem da linguagem, mas sabe-se que a possibilidade do homem emitir sons surgiu há cerca de 300 mil anos, com a evolução de estruturas como a laringe.

A primeira forma de comunicação foi a gestualidade e, com a evolução, o homem passou a utilizar outros recursos como o desenho e a fala (rosnados, guinchos e roncos), e posteriormente a escrita.

Para os seres humanos, a comunicação é de extrema importância. Além de se obter e transmitir informações, podemos estabelecer relações sociais, expressar emoções e desejos, compartilhando-as com os demais.

Ao longo do desenvolvimento infantil, observamos alguns distúrbios da fala, que inicialmente são considerados pelos pais ‘bonitinhos’ e ‘engraçadinhos’, mas que merecem atenção e correção, podendo tornar-se erro persistente.

Os erros linguísticos podem afetar drasticamente a vida familiar e social dos acometidos por tais distúrbios, caso não sejam tratados. O auxílio dos pais, professores e demais profissionais especializados são essenciais para que o tratamento seja realizado com sucesso. Objetivos

O presente trabalho tem como finalidade informar sobre a dislalia, distúrbio articulatório comum, sua origem, implicações na vida social e no cotidiano do aluno. A atuação do professor neste processo também será discutida. Metodologia

Foram utilizadas bases de dados do Brasil e Portugal, material do aluno e gravações particulares. Desenvolvimento

Composição do aparelho fonador

A produção dos sons deve-se a um conjunto de órgãos: pulmões, brônquios e traquéia,

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promovendo a corrente de ar necessária para a fonação; laringe, onde estão localizadas as cordas vocais, que quando vibram produzem sons; faringe, boca e fossas nasais, conjunto também chamado caixa de ressonância, onde o som produzido pela laringe é modificado e emitido.

Figura 1: Aparelho fonador Fonte: http://www.robertoavila.com.br/arquivos/images/aula1_01.gif

Percebemos assim quão complexo é nosso aparelho fonador. A combinação da posição de partes da boca como a língua e o palato, e quantidade de ar resultam em sons de consoantes e vogais. O mau funcionamento de um destes órgãos interfere na produção e emissão dos sons.

O que é a dislalia

A dislalia é um distúrbio de articulação comumente observado na sociedade, que consiste na dificuldade de pronunciar determinados sons, podendo interferir também no aprendizado da escrita.

Precisamos considerar que, por volta dos oito anos, a criança atinge a maturidade necessária para produzir todos os sons linguísticos. Portanto, só podemos dizer que se trata de um distúrbio de fala se essa dificuldade persistir e após avaliação de profissionais qualificados.

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É característico da dislalia o erro de pronúncia, podendo ocorrer omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons às palavras. As trocas comumente observadas são: p por b; f por v; t por d; r por l; f por s; j por z; x por s; entre outras.

A dislalia ainda é subdividida em quatro tipos:

• Evolutiva: ocorre quando criança e tende a desaparecer ao logo do desenvolvimento;

• Funcional: é a mais frequente. Existem diversos tipos, sendo os de maior ocorrência a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de letras. Na omissão alguns sons não são pronunciados. Exemplo: “Aela aanha” (Aquela aranha). No acréscimo ou distorção há a introdução de som. Exemplo: “Atelântico” (Atlântico). Quando há a troca de sons, é chamado de substituição. Exemplo: “Quelo o calo” (Quero o carro).

• Audiógena: a criança possui deficiência auditiva, o que leva ao erro na pronúncia;

• Orgânica: causada por lesões no encéfalo, anomalias ou alterações na boca, impossibilitando a pronúncia correta das palavras.

Um indivíduo com distúrbio de articulação pode ser considerado, de acordo com a classificação e quadro clínico, um portador de necessidade especial.

Como exemplo, anexamos neste presente trabalho vídeo e fotos do caderno escolar de uma criança de 8 anos, que chamaremos de F. C. F., estudante do 4º ano de uma escola pública de São Carlos, estado de São Paulo, demonstrando a dificuldade na pronúncia de palavras com r, x, g e j e sua interferência na escrita.

Dislálicos na escola

De acordo com Piaget, a criança nasce com uma capacidade inata de aprender, e o conhecimento e desenvolvimento da criança dependem de estímulos externos, ou seja, exposição ao meio. Para que se adquira conhecimento, deve haver uma transferência e consequente assimilação, de forma que o professor é o mediador da aprendizagem.

Segundo Vygotsky, devido à necessidade de comunicação leva o homem a criar sistemas de linguagem. A linguagem é, portanto, uma etapa posterior ao conhecimento, por meio do qual expressamos nossos pensamentos e implica diretamente na aprendizagem da leitura e da escrita, forma de materialização.

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É fato que os adultos próximos às crianças devem estar sempre atentos a qualquer distúrbio de fala e falhas na escrita, buscando averiguar se é um erro decorrente do estágio em que a criança se encontra, evitando futuros problemas. Assim, segundo Navarro [s/d] (p. 56):

“Quando uma criança apresenta uma desarticulação em sua linguagem, tanto omitindo, acrescentando ou distorcendo os fonemas e palavras, podemos dizer que a mesma apresenta uma dislalia que precisa ser acompanhada por um adulto de forma atenta para não comprometer sua comunicação e possíveis desconfortos emocionais e relacionais com outros indivíduos.”

O vídeo anexado a este trabalho é caseiro, feito pelo aluno e sua irmã, com título ’25 coisas sobre mim’, e demonstra a dificuldade de pronunciar palavras com ‘r’, ‘j’ e ‘x’, evidenciando assim a dislalia.

Ao longo do vídeo nota-se que a letra ‘r’ é substituída constantemente por ‘rr’, conforme a transcrição:

“(...)Minhas corres preferridas são verde limão, verde, azul escurro e azul. (...) Os meus cantorres favorritos são Mc Guimé e Kate Perry.(...) Mortal kombat 9 e mortal kombat 10, os melhorres (...) A minha música favorrita é o Bonde passou. Eu prrefirro viazar de carro(...)”.

A letra ‘j’ foi substituída por ‘z’, enquanto o ‘x’ ou ‘ch’ foram trocados pelo ‘s’, mostrado na transcrição abaixo:

“(...) os melhorres que eu zá zoguei (...) Eu prefirro viazar de carro(...) Eu adorro suco de cazu. (...)Eu odeio mosila de rodinha.(...)”

Em alguns momentos do vídeo, pode-se observar uma omissão.

“(...)Eu gosto de binca muito é o Gogo (...) Eu amo fio, mas calor não dá. (...)”

Observando o caderno e livro do aluno F. C. F., percebemos grande falha na escrita, com letras substituídas ou omitidas em diversas frases (figuras 2 e 3). O fato de não pronunciar corretamente as palavras interfere diretamente na escrita, já que não há concordância entre elas.

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Figura  2:  Livro  do  aluno  mostrando  omissão  de  letras  

 

 Figura  3:  caderno  do  aluno  mostrando  omissão  e  substituição  de  letras.  

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As fotos apresentadas são das poucas páginas que não foram reescritas com o auxílio dos pais, salientando que não há correções no caderno e livro do aluno quanto à grafia.

Sabe-se que o meio interfere no desenvolvimento da criança, e é importante que façamos as devidas correções de pronúncia desde cedo, evitando maiores prejuízos durante seu desenvolvimento.

Desafios para o professor

É papel do professor, estar atento às dificuldades e erros de seus alunos, buscando não tratar a todos como iguais, observando seus pormenores e ser sensível o suficiente para perceber dificuldades de comunicação ou aceitação dos demais frente a uma deficiência ou distúrbio.

Elaborar se necessário, um plano de ação para evitar casos de agressividade e bullying com as crianças portadoras deste distúrbio. Este tipo de ocorrência faz com que o dislálico sinta-se envergonhado e retraído, levando-o a evitar apresentações em público. A socialização também é comprometida, uma vez que a linguagem oral é uma importante forma de comunicação e, quando mal interpretada (ou entendida), pode gerar constrangimentos.

Em alguns dos trabalhos utilizados como base, pode-se observar que o professor enfrenta diversos desafios em seu ambiente de trabalho, entre eles, identificar distúrbios de fala e trabalhar adequadamente com estes alunos. A lotação das salas de aula e pouca disponibilidade para acompanhar as produções escritas dos alunos prejudicam a relação aluno-professor-familia.

Embora seja direito do aluno, com distúrbios ou deficiências, serem acompanhados por um profissional especializado durante as aulas, as escolas enfrentam problemas para efetivar esse atendimento, levando à um déficit de atenção à essas crianças.

Outro fator importante é a solicitação de auxiliar de sala especial, o encaminhamento destes alunos para especialistas e o trabalho em conjunto envolvendo família, escola e profissionais da área médica. A situação financeira, disponibilidade de profissionais para a realização de terapias e níveis de instrução dos pais e familiares faz com que as crianças sejam prejudicadas.

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Conclusão

A falta de preparo e conhecimento com relação a tais distúrbios, além do cenário atual quanto à estrutura e suporte das escolas brasileiras, dificulta o processo ensino-aprendizagem das crianças dislálicas.

É importante salientar que a escola e o professor devem promover um ambiente de aprendizado saudável onde as pessoas respeitem as diferenças, inclusive da fala, assegurando que os alunos com este tipo de distúrbio não se sintam excluídos no ambiente escolar.

O auxílio da família, escola e demais profissionais são de suma importância para a superação das dificuldades na aprendizagem e socialização.

Referências

1. SANTOS, M. C. Um estudo sobre a prática pedagógica de professores com crianças portadoras de distúrbios articulatórios em três escolas municipais de Feira de Santana. Feira de Santana: Sitientibus, n. 31, p. 131-142, Jul/Dez 2004.

2. SANTOS, M. C.; BRUN, M. A prática pedagógica com crianças

portadoras de distúrbios articulatórios: em busca de contribuição para a formação de professores. Revista Educação Especial, n. 18, p. 69-79, 2001.

3. SILVA. D. M. A. Dificuldades de aprendizagem: dislalia e disgrafia. Brasília:

Faculdade Albert Einstein, 2009.

4. MENEZES. M. R. G.; SOUZA, E. S.; SILVA, J. M. C. Distúrbios de fala no cotidiano escolar: disfemia e dislalia, considerações sobre o professo de aprendizagem e interação interpessoal das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental. Vila Nova de Gaia: 1º Congresso Internacional de Psicologia, Educação e Cultura, p. 65-81, 2013.

5. EBERHART, D.; CAUDURO, M. T. Aspectos relevantes para trabalhar com o

transtorno da dislalia. Frederico Westphalen: p. 10-19, 2013.

6. ARMANDA, R.; CRISTINA, P.; Martins, V. Evolução da comunicação humana. Cabreiros: Agrupamento de escolas Braga Oeste, 2009.

7. AFONSO, L. O surgimento da capacidade da fala. Lisboa: Revista Temas, n. 11,

Dez 2002.

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8. AVILA, R. Apostila de gramática. Disponível em:

http://www.robertoavila.com.br/arquivos/gramatica_aula01.htm. Acessado em 08 de setembro de 2015.

9. MASCARENHAS, A. O que é dislalia? Centro Apoio Departamento

Psicopedagógico. Disponível em: http://www.centropsicopedagogicoapoio.com.br/o-que-e-dislalia/. Acessado em 08 de setembro de 2015.

10. LIMA, R. Alterações nos sons da fala: o domínio dos modelos fonéticos. Saber

(e) educar. Porto: TESE de Paula Frassinetti. n. 13, p. 149-157 (2008).

11. NAVARRO, A. de A. [s/d] Ed. Cultural S.A. Dificuldades de aprendizagem.

12. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1989.