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16 Tabela 3 Tensões nominais dos dispositivos fusíveis. Série I (V) Série II (V) 220 (230) 380 (400) 500 660 (690) 120 208 240 277 415 480 600 A característica tempo-corrente de um fusível dá o tempo virtual de fusão ou de interrupção em função da corrente de curto-circuito presumida simétrica. A faixa compreendida entre a característica de tempo mínimo de fusão e o tempo máximo de fusão é denominada de zona de tempo-corrente. As normas ANSI definem a curva média de tempo de fusão em função da corrente de curto circuito como sendo a curva que indica o tempo médio necessário para fundir o elemento fusível. É também recomendado por essas normas que a corrente de fusão não deve variar de ±10% em torno da curva média para qualquer tempo. Dessa forma, em vez de uma curva tem´se uma faixa (ou zona) de ±10% em torno da curva média. Os limites dessa faixa são as curvas de tempo mínimo e tempo máximo de fusão versus corrente. A Figura 10 mostra a zona tempo corrente de um fusível de uso geral (gG) Figura 10 Zona tempo-corrente de um fusível de uso geral (gG)

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Tabela 3 Tensões nominais dos dispositivos fusíveis.

Série I (V)

Série II (V)

220 (230)

380 (400) 500

660 (690)

120 208 240 277 415 480 600

A característica tempo-corrente de um fusível dá o tempo virtual de fusão ou de interrupção em função da corrente de curto-circuito presumida simétrica. A faixa compreendida entre a característica de tempo mínimo de fusão e o tempo máximo de fusão é denominada de zona de tempo-corrente. As normas ANSI definem a curva média de tempo de fusão em função da corrente de curto circuito como sendo a curva que indica o tempo médio necessário para fundir o elemento fusível. É também recomendado por essas normas que a corrente de fusão não deve variar de ±10% em torno da curva média para qualquer tempo. Dessa forma, em vez de uma curva tem´se uma faixa (ou zona) de ±10% em torno da curva média. Os limites dessa faixa são as curvas de tempo mínimo e tempo máximo de fusão versus corrente. A Figura 10 mostra a zona tempo corrente de um fusível de uso geral (gG)

Figura 10 Zona tempo-corrente de um fusível de uso geral (gG)

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A Figura 11 a seguir apresenta a característica média de tempo-corrente dos fusíveis de uso industrial tipo gG/gL de Baixa Tensão (690 V).

Figura 11 Característica tempo corrente para fusíveis de Baixa Tensão gG

Exemplo:

Considere um ponto de uma instalação onde o nível de curto-circuito seja 9 kA e

nesse ponto a proteção é feita com um fusível de 32 A. Então, utilizando a curva da Figura 11, para uma corrente de sobrecarga de 90 A

tem-se um tempo médio de atuação do fusível de 30 s, ou seja, o fusível deverá atuar na faixa de 27 a 33 segundos.

Já em caso de um curto-circuito de 9000 A o tempo médio de atuação do fusível ficará abaixo de 10 ms, ou seja o fusível deverá fundir antes que a corrente atinja o seu valor de crista. Sendo, portanto limitador da corrente de curto circuito.

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A Figura 12 mostra a característica tempo corrente para os fusíveis de Baixa Tensão (690) do tipo aM.

Figura12 Característica tempo corrente para fusíveis de Baixa Tensão aM

Como o caso do exemplo anterior, para a corrente de 90 A o fusível aM de 32 A (Figura 12) não opera, iniciando a sua operação a partir de 130 A, aproximadamente. Esse fato torna essa categoria de fusíveis adequada para a proteção de motores, no sentido de suportar a corrente de partida dos mesmos. Entretanto, fica evidente que tais fusíveis não fazem a proteção contra sobrecargas.

Foram mostrados, nas figuras 11 e 12, que os fusíveis gG e aM são limitadores da corrente de curto-circuito, estes são chamados fusíveis limitadores. A atuação de um fusível limitador fica bem definida através da característica de corte do Fusível. As características de corte são curvas definidas para valores nominais especificados (tensão, freqüência e fator de potência do curto-circuito) que permitem obter, para uma dada corrente de curto-circuito simétrica presumida a corrente de corte do fusível.

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A Figura 13 mostra a característica de corte de fusíveis gG, 690 V, 60 hZ, na qual para uma dada corrente de curto-circuito presumida (I”K), obtém-se o valor de crista da corrente de curto-circuito-presumida, (IP = λ.√2.I”K). Geralmente, os fabricantes apresentam duas linhas diagonais: uma para o fator de potência de curto-circuito 100%, ou seja, X/R = 0 (circuito puramente resistivo) correspondendo a λ = 1; e outra para fator de potência em torno de 14,5% correspondendo a λ =1,8. Valores intermediários podem ser obtidos fazendo a interpolação dessas duas linhas diagonais.

Figura 13 Característica de corte de fusíveis de uso geral (gG) BT

Considerando ainda o fusível de 32 A do exemplo anterior, então, para a corrente de curto circuito presumida de 9 kA tem-se um valor máximo da corrente de crista da corrente de curto-circuito dado pela linha diagonal referente a λ = 1,8 igual a 23 kA, aproximadamente, entretanto, a corrente de corte do fusível de 32 A será: 2,5 kA.

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A seguir apresentam-se algumas características básicas dos fusíveis, as quais poderão indicar ao usuário a necessidade ou não da utilização de fusíveis:

i. São de operação mais simples. ii. Geralmente são de baixo custo. iii. Não possuem capacidade de efetuar manobras e, portanto, normalmente devem

ser associados a chaves seccionadoras. iv. São unipolares e, conseqüentemente, suscetíveis de causar operações

desequilibradas em sistemas trifásicos. Por outro lado, podem não isolar completamente o curto-circuito.

v. Possuem a característica tempo-corrente não ajustável. Esta para ser alterada deve-se alterar o “tamanho” do fusível (mudança da corrente nominal) ou o tipo do fusível.

vi. Não são de operação repetitiva. Devem ser trocados após a atuação, havendo a possibilidade de serem substituídos por fusíveis inadequados.

vii. Constituem, essencialmente, uma proteção contra correntes de curto-circuito. Principalmente os limitadores de corrente são mais rápidos que os disjuntores para sobrecorrentes elevadas, sendo em geral relativamente lentos para pequenas sobrecorrentes.

viii. Podem perder as suas características sob a ação de correntes elevadas que foram interrompidas por outros dispositivos de proteção antes de provocar a sua fusão. Nesse caso existe a possibilidade de atuação indevida sob a ação de correntes subseqüentes, interrompendo desnecessariamente o circuito.

ix. Não têm curvas de tempo versus corrente bem definida, mas uma faixa da provável atuação.

x. Difícil de coordenar com relés a montante 4 Disjuntores de baixa tensão 4.1 Generalidades. Os disjuntores são, simultaneamente, dispositivos de proteção e de manobra, exercendo, em princípio, todas as quatro funções básicas que caracterizam tais dispositivos, ou seja:

Promovem a proteção elétrica de um circuito, isto é, de seus condutores, através da detecção de sobrecorrentes e da abertura do circuito; Podem promover a proteção contra choques elétricos (por contatos indiretos) em

instalações que utilizem esquema de aterramento TN ou TT; Permitem comandar, através da abertura ou do fechamento voluntário, sob carga,

circuitos ou equipamentos de utilização; Promovem o seccionamento de um circuito, à medida que, ao abrir um circuito,

asseguram uma distância de isolamento adequada. Pode-se apresentar como características básicas dos disjuntores as seguintes:

i. Operam através de disparadores ou, principalmente no caso dos de média e alta tensão, de relés separados;

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ii. Apresentam (os tipos multipolares), ao contrário dos dispositivos fusíveis, atuação multipolar, evitando a operação desequilibrada em equipamentos trifásicos, tal como a que pode ocorrer com a queima de um único fusível de uma proteção à fusível;

iii. Oferecem larga margem de escolha de correntes nominais, podendo, em muitos casos, admitir ajustes nos disparadores, o que, além de ampliar a margem de escolha, simplifica a coordenação com outros dispositivos de proteção;

iv. Sua operação é repetitiva, isto é, podem ser religados após terem atuado, em necessidade de substituição;

v. Sua característica tempo-corrente, além de ajustável em muitos casos, não é afetada por correntes que provocaram outros disparos;

vi. Muito embora não sejam tão rápidos como os fusíveis (principalmente os limitadores) para sobrecorrentes elevadas, o são para sobrecorrentes de pequena e média intensidade, as mais comuns no dia-a-dia das instalações;

vii. Permitem, em alguns casos, o comando a distância.

Hoje em dia, nas instalações elétricas de baixa tensão, sejam de que tipos forem, os disjuntores são muito mais usados que os dispositivos fusíveis, seja como proteção geral – disjuntores abertos em instalações de maior porte e disjuntores em caixa moldada nos demais casos de circuitos de distribuição e terminais. Os disjuntores possuem, via de regra, pelo menos dois níveis de proteção:

Contra sobrecorrentes de pequenas e moderadas (geralmente correntes de sobrecarga), através de disparadores eletromagnéticos ou térmicos; Contra sobrecorrentes elevadas (geralmente correntes de curto-circuito), através

de disparadores eletromagnéticos ou térmicos;

Os disjuntores de baixa tensão mais comuns operam com disparadores térmicos e eletromagnéticos; são os disjuntores termomagnéticos. Neles, a atuação dos disparadores térmicos é geralmente caracterizada por um limiar bastante próximo da corrente nominal ou de ajuste, permitindo detectar sobrecorrentes de pequena intensidade. Por sua vez, os disparadores eletromagnéticos atuam, em geral, em uma faixa de sobrecorrentes cujo limite inferior é maior que as correntes de sobrecarga usuais e cujo limite superior é igual à capacidade de interrupção do disjuntor. Os disjuntores termomagnéticos são usualmente classificados em três categorias; disjuntores lentos, rápidos e limitadores, com base no tempo de abertura (ou tempo de pré-arco), que é o tempo decorrido a partir do instante em que se manifesta a sobrecorrente e tem início a abertura dos contatos até o instante em que os contatos se separam, dando início ao arco, como mostram as figuras 14 e 15.

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Figura 14 O tempo de abertura (tempo e pré-arco) nos disjuntores.

A caracterização de cada tipo de disjuntor é:

Disjuntores lentos: com tempos de pré-arco longos, superiores a 60 ms, destinados a intervir apenas em casos extremos, quando, por exemplo, o curto-circuito ocorre no circuito de distribuição principal, a montante dos disjuntores divisionários; Disjuntores rápidos: com tempos de pré-arco da ordem de 2 a 3 ms, com os quais

a corrente de curto-circuito não chega a estabilizar-se com seu valor teórico máximo, antes que se forme o arco de interrupção; nessas condições, o arco se extingue à primeira passagem da tensão pelo zero; Disjuntores limitadores de corrente: com tempos de pré-arco da ordem de 0,6 a 0,9

ms, com os quais a corrente de curto-circuito resulta fortemente limitada com respeito a seu valor teórico máximo; nessas condições, o arco se extingue durante o primeiro semiciclo de corrente e o tempo é, em geral, inferior a 10 ms; a Figura 15 mostra um oscilograma típico da atuação de um disjuntor limitador.

Figura 15 Oscilograma típico da atuação de um disjuntor limitador de corrente.

Os pequenos disjuntores termomagnéticos em caixa moldada são hoje utilizados na proteção da grande maioria dos circuitos terminais, em todos os tipos de instalação. Sua importância é decisiva na proteção da instalação, uma vez que os incêndios de origem elétrica geralmente se iniciam a partir de problemas nos circuitos terminais ou nos

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equipamentos a eles ligados, como por exemplo, em uma fiação em canaleta, em uma tomada de corrente, em uma derivação para a ligação de um equipamento etc. 4.2 Operação A Figura 16 mostra esquematicamente um disjuntor termomagnético típico, destacando as suas principais partes operativas. Na figura o disjuntor é ligado manualmente através do botão interruptor, podendo ser disparado automaticamente pelos disparadores térmico ou magnético.

Figura 16 Esquema interno de um disjuntor termomagnético.

Os disparadores magnéticos podem variar dependendo das necessidades de força e tempo de resposta. A Figura 17 mostra esquematicamente 4 formas de se obter um disparador magnético. Na Figura 17 (a), o disparador é obtido pelo simples fenômeno da força magnética que atua sobre um condutor conduzindo corrente, nessa figura pode-se observar que a corrente, ao atingir uma determinada intensidade, comanda a abertura de um contato do disjuntor. A Figura 17 (b) apresenta uma forma alternativa para a situação da Figura 17 (a). A Figura 17 (c) utiliza-se uma haste (extrator) para acionar o contato do disjuntor. Observa-se que, embora não mostrado nas figuras, na maioria das vezes, o disparador deverá comandar um sistema mecânico que fará o desligamento do disjuntor através de descargas de molas. Dessa forma a operação de interrupção de corrente é feita com maior energia. Os sistemas das figuras 17 (c) e 17 (d) permitem maior força de comando.

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A corrente de operação pode ter um único valor fixado ou pode ser variável em uma faixa de corrente de ajuste ( a chamada corrente de ajuste que é obtida do valor da corrente de operação escolhida nessa faixa). A variação da corrente de disparo magnético é conseguida pela variação da corrente no elemento motor (bobina) por um derivador de corrente, pela variação do entreferro, pela variação da tensão da mola ou pelo mudança do numero de espiras da bobina magnetizante.

Figura17 Disparadores magnéticos.

Os disparadores eletromagnéticos não são de grande precisão, admitindo erros em torno da corrente de operação (corrente de ajuste magnético). Por isso os fabricantes costumam indicar “faixas” na característica tempo-corrente. O disparador é dito instantâneo quando promove o disparo direto e instantâneo do disjuntor. Nesse tipo de disparador promove-se a redução do entreferro e aumenta-se a força da mola a ser vencida pela armadura. Em um disparador extra rápido, usado em disjuntores limitadores de corrente, o mecanismo é mais sofisticado, contendo um circuito magnético auxiliar, a estratégia é diminuir a força da mola durante a movimentação da armadura. Um disparador eletromagnético é temporizado quando o movimento da armadura não promove a atuação instantânea do disjuntor, que se dá após um tempo de retardo. Dependendo do tipo de dispositivo, a temporização pode diminuir com o aumento da corrente ou independer dela. No primeiro caso, é conseguida de forma simples, com o acoplamento de uma massa adicional à armadura; no segundo caso, nos disparadores a tempo definido, a temporização é conseguida por meio de um circuito pneumático, hidráulico, mecânico (preferencialmente), em alguns casos, elétrico ou mais recentemente, eletrônico. A temporização é classificada em ‘longa’ e ‘curta’. Se for maior que 0,5 s denomina-se temporização longa ou longa duração (LD); até 0,5 s tem-se a temporização curta ou de curta duração(CD).

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Muitas vezes são utilizados disparadores eletromagnéticos que combinam diferentes características, tais como> LD + CD; LD + instantâneo; LD + CD + instantâneo.

A Figura 18 mostra a característica tempo-corrente de um disparador com as características de longa duração e instantânea, usadas em alguns disjuntores abertos.

Figura 18 Característica tempo-corrente de um disparador eletromagnético com

características de longa duração e instantânea.

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Na Figura 18, tem-se: Corrente nominal – IN = 600 A; Característica LD – faixa de corrente de ajuste de 80 a 160% de IN; corrente de

ajuste fixada em 100% IN = 600 A; Característica instantânea – faixa de corrente de ajuste de 6 a 12 IN; corrente de

ajuste fixada em 9 IN = 5.400 A.

Os disparadores térmicos operam baseados no princípio dos pares (bimetálico) termoelétricos, isto é, diferentes dilatações que apresentam os metais quando submetidos a uma variação de temperatura. Duas lâminas de metais diferentes ligadas através de solda, sob pressão ou eletroliticamente, quando aquecidas dilatam-se diferentemente, curvando-se o conjunto, que provoca: A liberação do dispositivo de trava, com a conseqüente abertura dos contatos

principais do disjuntor; O fechamento de um contato, que energiza um circuito que promove a abertura

do disjuntor.

A Figura 19 mostra o funcionamento de um disparador térmico bimetálico.

Figura 19 Princípio de funcionamento de um disparador térmico bimetálico.

Onde: I = corrente de operação do circuito protegido. Se a corrente for maior que o ajuste,

ela promove o aquecimento que é transferido ao bimetal que se curvará acionando a mudança nos contatos auxiliares.

I’ = corrente auxiliar de um circuito qualquer, por exemplo, sinalização, intertravamento, etc.

I’’ = corrente que aciona um mecanismo de abertura do disjuntor.

Os disparadores térmicos, que nos disjuntores, geralmente, são percorridos pela corrente de carga do circuito, devem operar a partir de uma corrente de operação, referida

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a uma temperatura de calibração (ou seja, a temperatura na qual o disparador é calibrado). Para elevadas temperaturas ambientes, porém inferiores à temperatura de calibração, o disjunto pode atuar com correntes inferiores à de operação previamente fixada. Alguns disparadores térmicos possuem uma faixa de corrente de ajuste sendo a variação realizada atuando-se sobre o alongamento ou sobre a curvatura das lâminas bimetálicas. Muitos disjuntores utilizam os disparadores, com compensação de temperatura. A Figura 20 mostra o princípio de funcionamento de um desses dispositivos, que está calibrado a uma temperatura θ, com uma corrente de operação I: Para uma temperatura ambiente θ + ∆ θ as lâminas bimetálicas sofrem dilatação e

se curvam, fazendo com que o cursor se desloque, percorrendo parte do seu percurso;

Para uma corrente igual a I o disparador já poderia atuar, o que não ao aconteceria se a temperatura ambiente fosse igual a θ;

Para evitar tal atuação, é colocada uma lâmina bimetálica de compensação de mesmo material e mesmas dimensões que as lâminas, mas que não é percorrida pela corrente do circuito protegido;

Para a temperatura ambiente θ + ∆ θ a lâmina de compensação (3) se curvará na mesma proporção que as lâminas (5), permanecendo constante a distância D;

Assim, as lâminas aquecidas pela corrente deverão percorrer o mesmo trajeto e resultará, para uma faixa especifica de temperaturas ambientes, sempre o mesmo tempo de disparo.

Figura 20 Princípio de funcionamento de um disparador térmico com compensação de

temperatura. 4.3 Características nominais. A NBR 5361 recomenda para os disjuntores de baixa tensão diversos valores de corrente nominal, consideradas condições normais de serviço (ver o quadro a seguir), que

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são: 5, 10, 15, 20, 25, 30*, 35, 40, 50*, 63*, 70, 80, 90, 100*, 125 150*, 175*, 200, 225*, 250*, 275, 300, 320, 350, 400, 450, 500, 600*, 700, 800*, 1.000*, 1.200*, 1.400, 1.600*, 1.700, 1.800, 2.000*, 2.500, 3.000*, 4.000*, 4.500, 5.000* A (valores assinalados com (*) são recomendados para a corrente nominal de estrutura). São consideradas pela NBR 5361 as seguintes ‘condições normais de serviço’ para os disjuntores de baixa tensão:

a) Atitude não superior a 2.000 m; b) Temperatura ambiente máxima de 40 ºC, com valor médio, em um período de

24 h, não excedendo a 35 ºC, e temperatura mínima de -5 ºC; c) Umidade relativa do ar não superior a 50% a uma temperatura máxima de 40 ºC.

A corrente nominal de um disjuntor (automático) é igual à corrente nominal de seu disparador–série, como tal entendido o valor da corrente que pode circular pelo disparador-série, mantendo suas características, por tempo indeterminado, sem que ele atue. No caso particular dos disjuntores termomagnéticos, sua corrente nominal é igual à do disparador térmico. O disparador-série, no entanto, pode em muitos casos ser ajustável e, nessas condições, pode ser caracterizado por uma corrente de operação diferente da nominal. Por exemplo, para um disjuntor termomagnético de corrente nominal IN = 100 A, com disparador térmico com faixa de corrente de ajuste de 0,7.IN a 1,0 IN; pode-se afirmar que: A corrente nominal do disparador térmico é 100 A; A corrente de operação poderá variar, conforme o ajuste, de 70 A a 100 A, isto é,

poderá assumir diversos valores (de corrente de ajuste).

Recomenda a IEC 157-1 que os disparadores a sobrecorrente, que não os térmicos, operem independentemente da temperatura ambiente na faixa de -5 ºC a + 40 ºC. Para os disparadores térmicos a corrente de operação (igual à corrente nominal no caso de disparadores não ajustáveis) deverá ser referida a uma temperatura ambiente de + 20 ºC ou de + 40 ºC. Para os disparadores térmicos a corrente de operação (igual à corrente nominal no caso de disparadores não ajustáveis) deverá ser referida a uma temperatura ambiente de +20 ºC ou de +40 ºC, sendo que caberá ao fabricante indicar a influência das variações dessa temperatura na corrente de operação. A NBR 5361, por outro lado, recomenda a calibração a 25 ºC.

Os disjuntores termomagnéticos norte-americanos, no que concerne à calibração e às características do disparador térmico, podem ser de três tipos: Não compensado (uncompensated), cujo disparador térmico é calibrado a 25 ºC ao

ar livre; quando instalado em invólucro ou quadro com temperatura interna superior a 25 ºC pode apresentar corrente de operação inferior à ajustada;

Compensado por calibração (enclosure-compensated), cujo disparador térmico é calibrado a 40 ºC ao ar livre, quando instalado em invólucro ou quadro com temperatura interna superior a 40 ºC pode apresentar corrente de operação inferior à ajustada;

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Compensado (ambient-compensated), cujo disparador térmico é do tipo compensado (dois bimetais, como mostra a Figura 20), sendo calibrado a 40 ºC ao ar livre, apresenta, para a grande maioria das aplicações, corrente de operação igual à ajustada.

Os disjuntores termomagnéticos europeus, sejam ou não providos de disparador

compensado, são calibrados a 20 ºC ou 40 ºC. Para correntes convencionais de atuação e de não atuação de disjuntores

termomagnéticos, a IEC 157-1 apresenta os valores indicados na Tabela 4.

Tabela 4 Correntes convencionais de atuação, de não atuação e tempos convencionais para disjuntores termomagnéticos, de acordo com a IEC 157-1.

Tipo de disparador

Térmico

Corrente nominal ou de ajuste

IN (A)

Corrente convencional

de não atuação

Corrente convencional

de atuação

Tempo convencional

(h)

Temperatura ambiente de referência

Não compensado

IN ≤ 63 IN > 63

1,05 1,05

1,35 1,25

1 2

20 ºC ou 40 ºC salvo indicação

em contrário IN ≤ 63

1,05 1,05 1,00

1,30 1,40 1,30

1 1 1

+20 ºC -5 ºC

+40 ºC

Compensado IN > 63

1,05 1,05 1,00

1,25 1,35 1,25

2 2 2

+20 ºC -5 ºC

+40 ºC

A Tabela 5 indica os valores correspondentes de acordo com a NBR 5361.

Tabela 5 Correntes convencionais de atuação, de não atuação e tempos convencionais para disjuntores termomagnéticos, de acordo com a NBR 5361.

Corrente nominal ou de

ajuste IN (A)

Corrente convencional de

não atuação

Corrente convencional de

atuação

Tempo convencional

(h)

Temperatura ambiente de referência

IN ≤ 50 IN > 50

1,05 1,05

1,35 1,35

1 2

25 ºC 25 ºC

As características tempo-corrente dos disjuntores termomagnéticos devem indicar a temperatura de referências, geralmente 25 ºC ou 40 ºC, para os de origem européia. Os disjuntores de baixa tensão são caracterizados por uma tensão de isolamento nominal, que serve para designar o disjuntor e à qual são referidos os ensaios, correspondendo, em princípio, ao valor da máxima tensão nominal, e freqüentemente por diversos valores de tensão nominal, aos quais são referidas as capacidades de interrupção e de estabelecimento nominais. São típicos os seguintes valores: Tensão de isolamento nominal: 750, 660, 500, 380 V; Tensão nominal: 127, 220, 240, 380, 500 V.

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No que diz respeito à freqüência nominal, a NBR 5361 fixa o valor de 60 Hz, enquanto

que a IEC 157 utiliza dois valores, 50 e 60 Hz.

Segundo a NBR 5361, a capacidade de interrupção nominal de um disjuntor BT é o valor da corrente presumida de interrupção, isto é, o valor eficaz do componente periódico da corrente de curto-circuito presumida (caso de CA), referida a uma tensão nominal, à freqüência nominal e a um fator de potência (de curto-circuito). O disjuntor deve ser capaz de interromper todas as correntes iguais ou inferiores ao valor correspondente à sua capacidade de interrupção nominal, sob uma tensão de restabelecimento (que é a tensão que se manifesta entre os terminais de um pólo de um disjuntor logo após a interrupção de corrente) igual a 110% da tensão nominal e para todo fator de potência igual ou superior aos valores da Tabela 6.

Tabela 6 Capacidade de estabelecimento nominal e capacidade de interrupção nominal para disjuntor BT (NBR 5361).

Capacidade de interrupção nominal (ICN)

(kA)

Fator de potência

Valor mínimo da capacidade de estabelecimento nominal

ICN ≤ 10

10< ICN ≤ 20 20< ICN ≤ 50

50< ICN

0,45 – 0,50 0,25 – 0,30 0,20 – 0,25 0,15 – 0,20

1,7 x ICN 2,0 x ICN 2,1 x ICN 2,2 x ICN

Analogamente, como capacidade de estabelecimento nominal de um disjuntor BT deve ser considerado o máximo valor de crista da corrente de estabelecimento presumida referida a uma tensão nominal, à freqüência nominal e a um fator de potência (de curto-circuito). Em CA, a capacidade de estabelecimento nominal não deve ser inferior ao produto da capacidade de interrupção nominal dado na Tabela 6. Essa característica significa que o disjuntor deve ser capaz de estabelecer a corrente correspondente a essa capacidade sob uma tensão de até 110% da tensão nominal. De acordo com a NBR 5361, o valor da corrente suportável nominal de curta duração (em CA) é o valor eficaz do componente alternado da corrente de curto-circuito presumida que o disjuntor for capaz de suportar. Normalmente, o tempo especificado é de 1 segundo. Se o valor dessa corrente for inferior ao da capacidade de interrupção, deve ser indicado o tempo que uma corrente de valor igual a essa capacidade pode ser suportado pelo disjuntor. Para um disjuntor com disparadores-série (como os termomagnéticos) não é necessário especificar a corrente suportável nominal de curta duração, uma vez que é suficiente que ele possa suportar a corrente correspondente a sua capacidade de interrupção nominal pelo tempo total de interrupção, com o disparador-série ajustado em seu retardo máximo.