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DISPARIDADES SOCIOECONÔMICAS NO CONTEXTO … · questão agrária no Brasil, e principalmente no...
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DISPARIDADES SOCIOECONÔMICAS NO CONTEXTO AGRÍCOLA DO OESTE BAIANO
Bianca de Castro Duarte Moura Universidade Federal da Bahia – UFBA
Janes Terezinha Lavoratti Universidade Federal da Bahia – UFBA
[email protected] Resumo
Este trabalho é o resultado da pesquisa realizada em decorrência da disciplina Geografia Agrária no curso de Geografia do Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal da Bahia em Barreiras (ICADS/UFBA), como análise da situação do proprietário de terras destinadas ao agronegócio e do pequeno produtor. Como objeto de estudo, buscou-se a comunidade de Benfica no assentamento rural de Angical, implantado em 1986 pelo Projeto de Assentamento de Reforma Agrária do estado da Bahia, realizado sob a influência do I Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), com 1.280 famílias assentadas, inicialmente, numa área de 56.000 ha. Para analisarmos a realidade de um grande produtor e estabelecer um contraponto, fomos visitar a Fazenda Santa Rosa, umas das seis unidades de produção do Grupo Mizote, que se dedica à produção de soja, algodão e milho, totalizando uma área de cultivo de 18.000 ha, no município de São Desidério, também integrante do Território de Identidade do Oeste Baiano. Aspectos que se apresentam no decorrer deste artigo.
Palavra-chave: Assentamento. pequeno produtor. grande produtor. Agronegócio. propriedade da terra.
Introdução
A organização agrária brasileira está calcada em dois tipos distintos de produção: o
agronegócio e a agricultura familiar. O presente artigo versa sobre essas duas realidades
distintas na questão agrária, e analisa como ela se dá no Oeste Baiano, mediante visitas
que foram realizadas à Fazenda Mizote, no município de São Desidério, e ao
assentamento rural de Angical, na Associação do Benfica.
As relações contraditórias existentes na questão agrária, provenientes da inserção do
capital no campo, estão presentes na literatura sobre o tema e apontam contradições,
injustiças e grandes desigualdades na estrutura agrária do Brasil, pela grande
concentração de terras e sua influência no aumento da pobreza, nas diferenças nos
incentivos do governo, na realização de reforma agrária insipiente. Ao longo desse
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trabalho, poderemos perceber a importância da valorização da agricultura familiar para
o desenvolvimento econômico e social da população.
A visita à campo de dois locais previamente escolhidos pela professora da disciplina de
Geografia Agrária, Janes Terezinha Lavoratti no semestre 2011.2, que através de debates
em sala de aula, orientou nosso olhar para percebermos a problemática que envolve a
questão agrária no Brasil, e principalmente no Oeste Baiano, nosso principal local de
estudo. Foram realizadas leituras de textos, artigos, revistas e livros para subsidiar a
discussão, e através de entrevistas realizadas com os moradores do assentamento e com
os trabalhadores da Fazenda Mizote, pudemos analisar como a inserção do capital no
campo impacta a sociedade rural e urbana na região.
A transformação capitalista na zona rural trouxe significativos impactos
socioeconômicos e ambientais, e se faz necessário identificar a gênese desse processo
para a melhor compreensão da atual realidade do campo brasileiro e do Oeste da Bahia.
Desde o período da colonização portuguesa, o Brasil tem se deparado com a grande
desigualdade da posse da terra, com ênfase no latifúndio, pelo sistema de sesmarias.
Nesse modelo, importado de Portugal e implantado no Brasil colônia, somente tinham o
direito à posse da terra os agricultores brancos e católicos, ficando excluídos os povos
de outras etnias e religiões. Segundo Miralha (2006), o modelo colonial do Brasil se
constituiu por meio de três componentes fundamentais na organização social, quais
sejam: a grande propriedade fundiária, a monocultura de exportação e o trabalho
escravo.
Porém, é necessário ressaltar que a agricultura familiar esteve presente nesse modelo de
produção, mas de maneira subalterna à monocultura, principalmente da cana-de-açúcar,
e essas famílias não escravas, mas ainda sim paupérrimas, produziam produtos básicos à
alimentação da época, comercializando o excedente da produção, abastecendo assim, o
pequeno mercado de outras localidades.
A relação construída entre os grandes proprietários de terra e os pequenos produtores
rurais era de dominação. Esta relação se caracterizava pela troca de favores, o agregado
mantinha a posse pela benevolência do senhor e em troca trabalhava na lavoura do café
gratuitamente ou por um pagamento irrisório, produzia alimentos, pegando em armas
para defender a fazenda nos conflitos de terras, vinganças de crimes cometidos contra a
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honra e nas disputas pelo poder local, motivos de costumeira violência no mundo rural
brasileiro.
Transformações e políticas no espaço agrário brasileiro
No século XIX, o Brasil sofreu fortes pressões internacionais para abolir a escravidão
em seu território, para que assim, os mercados das grandes potências pudessem se
expandir com o aumento da parcela de consumidores, já que os escravos não
consumiam. Como o Estado percebeu que não poderia prolongar a escravatura por um
longo período e como a sua economia dependia do cultivo do café, foi instituída, em
1850, a Lei de Terras, que impedia o acesso livre a terra pela população, e a mesma
somente poderia ser adquirida mediante a compra.
Segundo Martins (1997), com essa determinação surge a questão agrária quanto à
propriedade da terra, que, ao invés de ser atenuada para viabilizar o livre fluxo e
reprodução do capital, é enrijecida para viabilizar a sujeição do trabalhador livre ao
capital proprietário de terra. Ela se torna instrumento da criação artificial de um exército
de reserva, necessário para assegurar a exploração da força de trabalho e a acumulação.
A questão agrária foi surgindo, foi ganhando visibilidade, à medida que escasseavam as
alternativas de reinclusão dos expulsos da terra.
Com essa estratégia, engessou-se uma possível reforma agrária, beneficiando a pequena
parcela pertencente à classe dominante da época em detrimento da maioria da
população.
O Brasil, no início do século XX, começou a se industrializar-se e a burguesia, para
obter sucesso em seus empreendimentos, necessitava aumentar o mercado consumidor.
Mas a maioria da população trabalhava nas grandes fazendas e não tinha renda para
consumir.
Dessa maneira, o país vivia um segundo momento propício para a realização da reforma
agrária, visto que os interesses dos industriais se chocavam com o dos grandes
fazendeiros de café, surgindo no Brasil, então a oportunidade da burguesia industrial
entrar em um conflito com os grandes proprietários de terras e tentar promover uma
reforma agrária para o desenvolvimento do capitalismo no país, pois a democratização
do acesso a terra dinamiza a economia capitalista, pois inclui na economia produtores
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familiares que se tornam consumidores de produtos industriais e produtores de alimentos,
que, se produzidos em grande quantidade tem seu preço no mercado reduzido, rebaixando assim
o salário dos operários (MIRALHA, 2006, op cit).
Mas a oligarquia agrária e a burguesia industrial estabeleceram uma espécie de acordo
político, onde os industriais e comerciantes se tornaram clientes políticos das
oligarquias, às quais delegaram suas responsabilidades de mando e direção e
começaram a reproduzir o mesmo sistema dos grandes produtores agrícolas
(MARTINS, 1997, op cit) .
Com a quebra da bolsa de valores de Nova York, o café sofreu uma drástica queda nos
seus preços, e o eixo econômico do Brasil passa a ser a indústria nacional, com o
governo incentivando o fortalecimento do mercado interno. Essa crise obrigou a
oligarquia agrária a variar seu produto de exportação, cultivando outras culturas como
arroz, algodão, feijão, aumentando sua área agricultável e garantindo assim, uma
importância econômica. A partir da década de 1950, a produção se expande, começando
a industrialização do campo e causando a onda de migrações do Nordeste e Minas
Gerais para São Paulo. Os incentivos do Governo aos grandes produtores agrícolas só
fizeram ressaltar a ligação entre o campo e a indústria, numa relação entre
consumidores, os latifundiários e vendedores, a burguesia.
Com a industrialização do Brasil, a partir dos anos de 1950, o espaço rural começou a
receber inovações tecnológicas provenientes da indústria estimuladas pelo Governo
Federal através de financiamentos subsidiados pelo Banco do Brasil para os Grandes
proprietários. Essa ação do governo teve o objetivo de erradicar os velhos cafezais e
substituí-los por outras culturas com a utilização de tecnologias fabricadas pelas
indústrias, como o trator e máquinas modernas (MIRALHA, 2006, op. cit).
Concomitantemente com a modernização dos latifúndios, a agricultura familiar resistiu
e continuou a ter sua importância. Os incentivos se fossem oferecidos de maneira
ampla, como no caso do agronegócio, possibilitaria o desenvolvimento, dinamizando a
agropecuária brasileira.
A partir dessas contradições que a zona rural vivia, grupos políticos como as Ligas
Camponesas, representantes dos excluídos pela posse da terra, começaram a se
organizar no final da década de 1950 e início de 1960, para contestar a concentração de
terras e sua conseqüente desigualdade social e exigir do governo a realização da reforma
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agrária. Com a presidência de João Goulart, uma ampla reforma agrária foi visualizada.
Era do interesse do governo promover uma equidade na distribuição e posse da terra
para que a modernização brasileira fosse completa.
Com a crescente pressão exercida pelas organizações do campo, a oligarquia rural (com
representantes dentro do próprio governo) e a burguesia industrial, se unificaram em
torno do golpe de estado dando início à ditadura militar, que era contra as idéias
reformistas, interrompendo assim, o ensejo da reforma agrária.
Surgimento dos Complexos Agroindustriais (CAIs)
Com essa nova ligação entre latifúndio e indústria, percebe-se a expansão do capital no
campo, fazendo surgir uma nova classe de trabalhadores assalariados: os bóias-frias ou
volantes, trabalhadores sazonais que geralmente vivem na cidade e vão trabalhar no
campo. A modernização da agricultura, através do aprimoramento das bases técnicas,
vai priorizar, espacialmente, as regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste e o Sul, em
detrimento do Norte e Nordeste, configurando o que se passou a chamar de
modernização desigual. Através do surgimento dos complexos agroindustriais (CAIs)
houve uma urbanização do campo, onde o campo se industrializa e se diluem as
fronteiras entre o rural e o urbano (LAVORATTI, 2002 apud GRAZIANO DA SILVA,
2000).
Segundo Balsan (2006), as modificações foram muitas, assim como os progressos
econômicos alcançados pela transformação da base técnica, que aumentou a
produtividade, graças aos insumos modernos. Mas os efeitos nocivos ao social e ao
ambiental não podem ser ignorados.
Seguindo esta autora, a expansão da agricultura “moderna” ocorre concomitante a
constituição do complexo agroindustrial, modernizando a base técnica dos meios de
produção, alterando as formas de produção agrícola e gerando efeitos sobre o meio
ambiente. As transformações no campo ocorrem, porém, heterogeneamente, pois as
políticas de desenvolvimento rural, inspiradas na “modernização da agricultura”, são
eivadas de desigualdades e privilégios.
O processo de modernização da agricultura, inserindo um novo padrão de
desenvolvimento econômico, tem demonstrado a exclusão do homem do campo da
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geração de emprego, diminuição de renda, entre outros, ocasionando desordem no
espaço rural, decorrente da competitividade do capitalismo (BALSAN, 2006, op cit).
Com esse processo agroindustrial houve a intensificação do êxodo rural, o que pode ser
visto na tabela abaixo:
Tabela 01 - Evolução da população rural e urbana no Brasil, 1950-1980 Anos População rural População urbana Número % Número % 1950 33.161.666 63,8 18.782.891 36,2 1960 38.987.526 54,9 32,004.817 45,1 1970 41.037.586 44,1 52.097.260 55,9 1980 38.573.725 32,4 80.437.327 67,6
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos (1950, 1960, 1970 e 1980)
Outros fenômenos podem ser observados como a ampliação da concentração de terras,
aumento das desigualdades sociais e regionais (Sudeste versus Nordeste), ocasionou
sérios danos ambientais em alguns lugares, provocou danos à saúde humana pela
utilização de insumos químicos, alterou os hábitos alimentares da população, entre
outros.
Observa-se, então, que o processo de industrialização da agricultura brasileira trouxe
significativos ganhos econômicos em detrimento de perdas sociais e ambientais.
Desenvolvimento Rural na Nova República
Com o fim da ditadura, na metade da década de 1980, a esperança da realização da
reforma agrária se reacende. Grupos tiveram sua gênese nesse período, como o
Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra (MST), e começaram a pressionar o
governo, agora democrático, para colocar em pauta a reforma agrária. A Nova
República, aliança democrática que tinha como presidente José Sarney, teve dificuldade
de executar o Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) pelas fortes
pressões exercidas contra essa execução.
Terminou a ditadura e sobrou a questão agrária não resolvida e mal encaminhada. [...] a
ditadura resolvera modernizar a economia dos grandes proprietários de terra
promovendo uma associação entre o grande capital e a grande propriedade territorial,
através de incentivos fiscais. Qual foi o resultado? Foi o fortalecimento dos grandes
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proprietários de terra e a transformação do grande capital, supostamente comprometido
com a modernização do país e por ela orientado, também em proprietário de terra.
Portanto, um aliado a mais na resistência à reforma agrária (MARTINS, 1997, op cit).
A existência de uma legislação que fosse mais includente e que permitisse a
expropriação por interesse social também foi fortemente vetada. O boom da chamada
Revolução Verde – a produtividade a qualquer custo, só fez incentivar os grandes
produtores a adquirirem mais terras e investirem em mais tecnologia, sem pensarem nas
questões ambientais e sociais no campo.
Apesar de alguns retrocessos, algumas conquistas foram alcançadas, como a
implantação do assentamento de Angical, que ocorreu em 1986, no período da Nova
República. A partir da década de 1990, conforme Tabela 02, o número de assentamentos
no Brasil, aumentou significativamente, sendo uma vitória para os grupos que por eles
lutam, mas houveram vários problemas referentes à extensão das terras, ao crédito, à
educação, saúde e lazer.
Tabela 02 - Número de famílias assentadas no Brasil 1995-2002 Ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Famílias assentadas
30.716 41.717 66.837 98.740 99.201 69.929 73.754 43.486
Fonte: BRASIL/MDA, 2003.
Através desta análise histórica da questão agrária brasileira, podemos entender as
conjunturas estruturais que permeiam a produção das desigualdades existentes, quanto
econômicas, quanto tecnológicas, no espaço agrário, dando-nos subsídios para avaliar
como o Oeste Baiano se inseriu na rota da produção agrícola, e como trazer essas
reflexões para analisar a realidade encontrada nas saídas de campo.
O agronegócio e a agricultura familiar no Oeste Baiano
A Bahia, mais precisamente o Oeste Baiano, não foge da dinâmica agrária brasileira, onde o latifúndio é mais valorizado pelas políticas públicas que a pequena propriedade. As características físicas da região foram fundamentais para a implantação da agricultura, já que se encontra em planaltos sedimentares, com o predomínio da vegetação Cerrado. Com a presença de jazidas de calcário na região, a correção do solo é feita sem dificuldades, tal como se reporta Passos:
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No cerrado brasileiro, 46% da área é coberta por latossolos. Estes solos apresentam coloração variando do vermelho para o amarelo, são profundos, bem drenados na maior parte do ano, apresentam acidez, toxidez de alumínio e são pobres em nutrientes (cálcio, magnésio, potássio e alguns micronutrientes) para a maioria das plantas cultivadas. Essa extensa área de latossolos está relacionada à presença de relevo bastante plano ou suavemente ondulado, predominando na paisagem as chapadas e encostas de declividade suave, estendendo-se por imensos planaltos ou chapadões. (PASSOS, 2010).
O processo da utilização intensiva das terras do Oeste Baiano teve início nas décadas de 1960/70, sendo subsidiado pelo governo, através de créditos disponíveis e pelas melhorias em infra-estrutura. Nesse período, a chegada do 4º Batalhão de Engenharia e Construção (4º BEC) para a conclusão das rodovias BR 020/242, ligando Barreiras à Brasília e BR 020/135, ligando Barreiras ao Piauí, rotas importantes para o escoamento da produção, configurou-se como um facilitador ao cultivo agrícola. Aportes econômicos, inclusive internacionais, contribuíram para a implantação da agricultura extensiva, e atores sociais diversificados que detinham o know-how tecnológico foram sendo introduzidos no cenário da região, que antes era um grande espaço parcialmente vazio, assim como se manifesta Santos:
A região do Oeste baiano permaneceu até a primeira metade do século XX, como um imenso território de reserva, parcialmente ocupado e com baixo nível de atividade econômica. A partir da década de 70, a região foi marcada por um novo ciclo de desenvolvimento, com intenso e rápido processo de transformação além de vigoroso movimento populacional intra-regional e inter-regional (SANTOS, 2000)
As terras foram sendo adquiridas a preços irrisórios ou foram doadas pelo governo aos
imigrantes que foram sendo atraídos, com uma ênfase aos imigrantes sulistas. Os
antigos moradores dessas áreas, os chamados posseiros, por não terem a documentação
das mesmas, foram sendo expulsos das terras, por vários métodos, desde a grilagem à
violência e assassinato, e começaram a ocupar a periferia das cidades, e as grandes
fazendas os transformaram em trabalhadores com renumeração baixa, com a exploração
intensa do trabalho.
Segundo Passos (2010, op cit), o desenvolvimento desta agricultura foi beneficiado
pelos baixos custos das terras e pelo apoio do governo, num processo de incentivo à
“integração” da economia nordestina à nacional. Assim, foi observada uma ocupação
efetiva de novas regiões, com uma agricultura empresarial altamente capitalizada e
modificações no uso e ocupação do solo.
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Ainda segundo este autor, nas décadas de 1970/80, com o Programa de
Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER) o agronegócio é financiado pelo
Governo Japonês, que através de vários programas ofereceu suporte à infra-estrutura,
energia e transporte aos investidores na região, principalmente os descentes de
japoneses provenientes da Região Oeste do Paraná.
Resultado da pesquisa de campo
Para analisarmos a realidade de um grande produtor, fomos visitar a Fazenda Santa
Rosa, umas das seis unidades de produção do Grupo Mizote, cujos proprietários são
descentes de japoneses, provenientes do Estado do Paraná e para analisarmos a
realidade dos pequenos produtores fomos ao Assentamento Rural de Angical,
precisamente na Associação do Benfica, onde se encontram assentadas mais de 100
famílias e na agrovila está abrigado um grupo indígena proveniente do Estado de
Pernambuco, aguardando a cessão de pedaço de terra para desenvolver a agricultura de
forma coletiva, fato quer nem a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), nem o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), conseguem resolver.
A Fazenda Santa Rosa do Grupo Mizote se localiza no município de São Desidério, no
distrito de Roda Velha. São Desidério é o segundo município em extensão territorial da
Bahia, com 14,8 mil km² e abriga uma população de 25.158 habitantes, com a maior
parte vivendo na zona rural e sob assistência do Programa Bolsa Família, uma
contradição angustiante que se revela no contexto socioeconômico regional, atual.
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Figura 01 – Localização geográfica do Município de São Desidério (BA)
Fonte: SEI, Bahia (site atual) Trajeto de Barreiras a Fazenda Santa Rosa (Grupo Mizote)
Percorrendo o município de São Desidério, para chegar ao Distrito de Roda Velha,
percebemos que a pecuária é a atividade predominante exercida pelos pequenos
produtores em detrimento da agricultura, já que o solo necessita de correção e há poucos
incentivos para o pequeno agricultor nesses casos.
Vimos também, a presença de vários tanques destinados à piscicultura. Ao passarmos
pelo Rio Grande e pelo Rio das Fêmeas, observamos plantações de eucalipto destinadas
à produção de lenha e grandes áreas com plantações de soja e algodão, onde os
produtores utilizam até a beira da estrada para o cultivo, áreas essas pertencentes à
União. As grandes plantações começam a ser vistas a partir do início do planalto, e,
constituem imensos espaços de terra lavrada e a soja plantada.
Quanto às plantações, vários trechos da estrada pareciam similares, tanto em extensão,
quanto ao tipo de cultivo, o que nos chamou a atenção. A vegetação nesse trecho já se
encontra bastante antropoformizada, a presença das voçorocas e da vegetação que
comumente é chamada de capoeira, são significativas. Também presenciamos áreas
sendo preparadas para plantação através da supressão quase total do cerrado.
Chegando à sede da Fazenda Santa Rosa, fomos recebidos pela gerência e demais
funcionários colocados a nossa disposição pelo proprietário. Depois do café da manhã
fomos diretamente às plantações, para na parte da tarde visitar a agroindústria, o
carregamento da produção, máquinas, equipamentos, incluindo alojamentos, escritórios,
almoxarifado, entre outras instalações.
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Na sede da fazenda, há dois blocos de alojamentos para os funcionários, com lavanderia
coletiva e lavanderia exclusiva para a descontaminação dos trajes de aplicação de
defensivos e outros produtos químicos. Segundo o gerente, essa água residual é tratada
de maneira especial, não sendo descartada no solo, pois além desse descarte não
proceder de acordo com a legislação, a água que a fazenda utiliza para suas atividades é
água proveniente do aqüífero e há a preocupação com a contaminação.
Na Fazenda, que antes era um pasto, há um campo de futebol, com rede de vôlei,
estacionamento, lixeira com separação seletiva dos resíduos (que depois é enviado a
uma família de catadores de São Desidério). Possui uma horta que supre a demanda de
quase todas as fazendas do grupo, e a cozinha é industrial, para atender a todos os
funcionários, onde se anotam os nomes em um controle a cada refeição.
O método de cultivo na fazenda é o plantio direto, um método de produção mais
ecologicamente correto, segundo o gerente. O plantio direto consiste numa técnica de
cultivo conservacionista na qual se procura manter o solo sempre coberto por plantas
em desenvolvimento e por resíduos vegetais.
Essa cobertura tem por finalidade protegê-lo do impacto das gotas de chuva, do
escorrimento superficial e da erosão hídrica e eólica. Através da implantação dessa
técnica de cultivo, o Grupo Mizote pretende servir de modelo aos agroindustriais.
O plantio direto, ainda segundo o gerente da fazenda, se dá de maneira mais lenta e a
produtividade só vem a compensar essa técnica de plantio depois de 4 a 5 anos. Todas as
unidades de produção do Grupo utilizam o plantio direto. O plantio convencional é feito
na abertura de novas áreas, juntamente com a devida correção do solo com calcário e
fósforo, já que o Oeste Baiano tem a predominância de Latossolos vermelho-amarelo,
profundos e muito drenados.
E para se evitar ainda mais a erosão do solo causada pelas chuvas, o que prejudicaria a
fertilidade do mesmo, em toda área de plantação do Grupo existem as curvas de nível,
que elevam um pouco mais, faixas de terreno, para direcionar o escoamento das águas
para dentro da plantação.
Com relação ao mercado, cerca de 70% da produção de algodão é exportada para a
Ásia, para países como a China, Índia e Paquistão; no caso da soja metade é para
atender o mercado externo e a outra metade para suprir o mercado interno; e o milho
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praticamente todo é consumido dentro do próprio país. Grande parte da produção do
algodão é vendida em até cinco anos de antecedência.
Na utilização de sementes, o milho é transgênico e a soja, parte é convencional, parte é
transgênica. Para o algodão, as sementes são convencionais. Segundo os técnicos, ao se
utilizar sementes transgênicas do milho, diminui-se a aplicação de herbicidas na
plantação.
Os problemas enfrentados pela fazenda, segundo os funcionários, é o fornecimento de
energia e a falta de mão-de-obra. Quanto à energia, cada fazenda possui em média 8
geradores, já que a rede fornecedora é deficiente, deixando de atender as necessidades
produtivas quando há chuva (um problema enfrentado também por outros fazendeiros).
Em relação à mão-de-obra, há a reclamação da falta de interesse por parte dos
trabalhadores de permanecerem no campo. Algo que bastante recorrente é o fato do
funcionário contratado trabalhar por um período e recolher o FGTS. Depois sobrevive
com o seguro desemprego, para no ano seguinte voltar a trabalhar para a empresa. Por
isso, há uma política no Grupo Mizote de não-recontratação.
Os funcionários são contratados em Barreiras, mas são selecionadas pessoas de várias
partes do Brasil (visto que quase todos os funcionários que nos atenderam eram de
origem sulista). Esses trabalhadores ficam em alojamentos dentro da fazenda (num total
de 96, a maioria fixos), não há atendimento médico e os exames ocupacionais são
repetidos a cada ano. Os trabalhadores exercem sua função por turno, inclusive à noite,
8 horas por dia, podendo realizar 2 horas extras por semana.
De acordo com a gerência, são oferecidas palestras de conscientização sobre riscos
físicos, químicos e biológicos, treinamento para manipulação de produtos e há uma
comissão interna de prevenção de acidentes. Segundo o técnico de segurança, nunca
houve caso de contaminação de trabalhadores na fazenda.
O Grupo Mizote possui um total de 404 funcionários, 2 aeronaves para aplicação de
defensivos, uma área total de 85.000 hectares, com uma reserva legal de 21.250
hectares. Possui 45 ha destinados à pesquisa e experimentos de pequena escala, que se
dão resultado, começa-se a cultivar em grandes escalas.
A área cultivada na safra 2010/2011 foi de 17.600 ha; para 2011/2012, uma área de
22.300 ha. A meta para 2012/2013 é de 28.300 ha. O grupo tem a finalidade de dobrar o
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faturamento em 5 anos, através da agricultura de precisão, e abrindo novas áreas, como
uma nova fazenda Barra Velha, no município de Correntina (BA), onde terá corredores
ecológicos, uma preocupação a mais do Grupo, que não aparece nas fazendas que já
foram abertas, forma geral, no Oeste Baiano.
Histórico do grupo Mizote
A Família Mizote iniciou suas atividades no Oeste da Bahia em 1984, junto com os
pioneiros da colonização da região, vindo do Norte do Paraná, com cultivo de arroz e
soja, inicialmente com 03 colaboradores e cultivo de 140 hectares de soja, no distrito de
Roda Velha, no Município de São Desidério, hoje, sua sede principal. Em 1989, para
diversificação de cultura até então cultivada de arroz e soja iniciou-se o cultivo de
milho. Hoje a capacidade de armazenagem de grãos a granel do Grupo é de 63.000 ton.
Em 1996, devido à baixa rentabilidade dos grãos, iniciou-se o cultivo do algodão. A
partir de 2003, com a melhoria do processo produtivo e consequentemente da qualidade
do produto – o algodão, o Grupo Mizote iniciou a colocação de seu produto diretamente
no mercado externo.
Hoje conta com mais de 300 colaboradores fixos, uma média de 100 colaboradores
safristas e parcerias com diversas empresas prestadoras de serviços da região.
O Grupo Mizote é produtor de commodities agrícolas, focado na produção de algodão,
soja e milho no Oeste da Bahia. Sua sede administrativa é na cidade de Barreiras e suas
unidades de produção estão instaladas no Distrito de Roda Velha, no Município de São
Desidério.
Este apanhado geral sobre o Grupo Mizote, seu desenvolvimento e sua representatividade no
Oeste Baiano, no contexto nacional e mundial, tem a finalidade de estabelecer parâmetros de
comparação entre o grande produtor e os pequenos produtores do assentamento visitado, pois
entendemos que o geógrafo deve ser crítico e que os trabalhos de campo servem para
materializar as teorias vistas em sala de aula. Assim, temos a problemática da Associação do
Benfica, que vem a continuação, para dar ao leitor a oportunidade de fazer sua própria análise e
perceber a situação das disparidades sociais existentes, embora a agricultura tecnificada seja
vista como algo necessário à produção de alimentos para o mundo.
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Associação do Benfica (Assentamento de Angical) A associação do Benfica é uma parte do conhecido assentamento de Angical, implantado em 1986. Realizado pelo Projeto de Assentamento de Reforma Agrária do estado da Bahia, cuja localização do município se apresenta na Figura 02.
Figura 02 – Localização do município de Angical (BA)
Fonte: SEI, Bahia (site atual)
Este assentamento, conforme foi dito anteriormente, realizou-se sob a influência do I
Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) da Nova República.
No município de Angical, que possui 14.073 habitantes, 8.606 são da área rural, esse
assentamento, nasceu de um movimento local de antigos trabalhadores das fazendas,
seus familiares e amigos da região e também muitas famílias de outras localidades do
Estado e de estados vizinhos, que foram atraídas pelo movimento.
Foi por muito tempo considerado o maior assentamento da América Latina, pelo grande
número de famílias que foram assentadas, embora atualmente este número seja bem
menor. Inicialmente assentou-se em torno de 1.280 famílias, sob um processo de
reforma agrária numa área de 56.000 ha.
Hoje, os assentados estão organizados em 13 comunidades, e em todas elas existem
grandes dificuldades para o desenvolvimento agropecuário, devido a vários fatores, mas
os mais importantes são a baixa fertilidade do solo, escassez de água no período de
estiagem e falta de preparo dos novos proprietários para o cultivo da terra, com a
colheita e as dificuldades de colocação do produto no mercado. Fatores estes somados
ao abandono do governo de forma geral e a falta de atenção das autoridades em todas as
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esferas, o que faz com que esses pequenos proprietários optem pela pecuária bovina,
sobremaneira.
No caminho de Barreiras para o Benfica, observamos a existência de casas de farinha
comunitárias, para o uso comum dos assentados, mas muitas não funcionam mais. O
que se pode opinar que as iniciativas para o desenvolvimento social em comunidade, já
se encontra decadente.
A vegetação encontrada é transicional, com características de Cerrado, Caatinga e Mata
Atlântica, com presença da jurema, o que podemos supor que o espaço já foi modificado
pelo homem. Esses domínios vegetacionais estão situados em latossolos amarelo e
vermelho, bem drenados, com alto teor de salinidade.
No assentamento, há várias caixas d’água e poços artesianos porque no assentamento
não há água encanada. Na ocasião da visita, passamos pela barragem de Oiriçanga, que
foi feita na época da fazenda Sertaneja. Na ocasião do trabalho de campo, esta lagoa
estava coberta por plantas aquáticas promovendo a eutrofização, com vários peixes
mortos na água quase parada (fato percebido posteriormente, em outra visita).
No processo de eutrofização, que é o aumento da matéria orgânica no ambiente aquático
pode ter várias causas, como o despejo de esgoto e presença de defensivos agrícolas. A
eutrofização causa a proliferação de microorganismos, que formam uma camada
impedindo a entrada da luz solar, diminuindo a quantidade de oxigênio dissolvido na
água. Para a existência de peixes, é necessário um teor de, no mínino 4 mm/L de
oxigênio dissolvido, o que significa que naquele momento esse teor era menor que o
necessário. O preocupante é que a barragem fornece água à cidade de Angical, e não se
percebe esforços para enfrentar tal situação.
Parte dos assentados do Benfica, como nas outras associações, vivem em uma agrovila,
onde todos os moradores são agrupados numa mesma área, vivendo em comunidade e
cada um produz no seu pedaço de terra, fora da agrovila. Nessa forma de agrupamento,
surgem necessidades urbanas, como a energia elétrica, água encanada e os bares, que se
configuram como área de lazer.
A produção que predomina é a pecuária, já que o solo é pobre e os assentados não
possuem crédito, nem assistência técnica suficientes para plantar e vender o seu
excedente de produção nas feiras das cidades, entre outros fatores antes citados.
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Faz-se necessário ressaltar a dificuldade do escoamento da produção. O assentamento se
encontra longe da cidade e os acessos são precários, não havendo vontade política para
que o pequeno produtor possa ter uma maior viabilidade econômica com a produção.
No Benfica tem uma situação bastante peculiar: a existência de uma tribo indígena, os
Atikums. A tribo é originária de Pernambuco e migrou para a Bahia nas últimas décadas
do século XX, estando fixados em assentamentos nos município de Angical e Santa Rita
de Cássia, e em seguida também em Curaçá e Rodelas, à margem do submédio São
Francisco. A tribo vive basicamente da pesca e de algumas cabeças de gado.
No assentamento, a infra-estrutura se encontra deficiente. Isso vale tanto para as
estradas que ligam o assentamento à cidade, quanto para a área da educação e da saúde.
Existem duas escolas no assentamento: uma exclusivamente para as crianças da tribo
Atikum, e a outra para os alunos de educação tradicional, na Escola São João. Ambas
funcionam de maneira precária. As aulas são multisseriadas e não há livro didático. No
momento que visitamos a escola São João, a professora regular estava de licença e a
professora substituta era a merendeira da escola.
Não há posto de saúde no assentamento, mas há duas agentes comunitárias de saúde
(uma trabalha por Angical e a outra por Cotegipe - município vizinho), que tem o dever
de fazer o cadastro das famílias e encaminhar os enfermos para o médico, na cidade.
Segundo os assentados, esse serviço não funciona adequadamente.
Ao conversarmos com os assentados percebemos uma característica comum entre eles:
seus filhos não querem continuar na terra, vários, inclusive, migraram para os grandes
centros, como Brasília e Goiânia, demonstrando-nos uma realidade difícil de lidar.
Sabemos que em alguns lugares do país, há estudos que afirmam que os jovens querem
permanecer no campo, mas essa não foi a realidade encontrada por nós nessa visita.
Percebemos em campo, que as dificuldades que os assentados enfrentam são muitas,
muitos vivendo através do programa Bolsa Família e da aposentadoria dos mais velhos,
sendo esquecidos por políticas públicas que realmente garantam a possibilidade de
produção agropecuária e conseqüentemente a dignidade dessa população.
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Considerações finais
Podemos analisar, através da gênese da questão agrária brasileira e das saídas de campo
para a o Benfica, assentamento de Angical, e para a Fazenda Santa Rosa, do Grupo
Mizote, em São Desidério, que as desigualdades continuam se reproduzindo no campo
brasileiro e o Oeste da Bahia está incluído nesta dinâmica.
A inserção do capital no campo trouxe uma série de mudanças e ressaltou as
contradições que já existiam. Estamos em uma das regiões que mais se comete o crime
da grilagem, demonstrando que a violência ao direito de posse é algo corriqueiro no
modo de produção que mais defende a propriedade da terra.
O capitalismo, através da agroindústria trouxe uma nova problemática para a região,
que se apresenta à sociedade brasileira, no contexto nacional, principalmente nas
regiões onde se desenvolve o sistema de plantation, desde o êxodo rural intenso,
provocando o inchaço demográfico das cidades e o aumento da pobreza, à impactos
ambientais graves, como a má utilização de recursos hídricos, uso intensivo do solo,
abuso na utilização de defensivos agrícolas com prejuízos à saúde.
Podemos analisar que a falta de incentivos técnicos, de crédito, de infra-estrutura que
prejudica o pequeno produtor, encarece o produto final e não existe possibilidade de
competir com o latifundiário.
A soberania alimentar também aparece como uma das problemáticas. O Brasil é
alimentado pela agricultura familiar e é justamente esse segmento, que carece de
investimentos por parte do governo.
O fato de o governo oferecer pouca atenção à questão agrária em relação ao produtor
familiar, também dificulta a implantação de novos assentamentos de reforma agrária.
Mas para que os assentamentos sejam viáveis, é necessário que os terrenos escolhidos
sejam férteis, que possuam, ou que seja disponibilizada infra-estrutura para a produção e
colocação da mesma no mercado. É preciso investir também no acesso à educação, à
saúde e ao lazer.
Concluímos que a reforma agrária se faz necessária para o crescimento do país, para que
se alcance a equidade socioeconômica da população no campo, abarcando uma maneira
mais racional da utilização dos recursos naturais, inclusive.
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A reforma agrária não é somente oferecer um pedaço de terra a quem não a tem. A
reforma agrária é antes de tudo, uma reforma política.
Referências
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