Disser Tac a Ope Renji

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VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAIS NA OBRA DE JOÃO FILGUEIRAS LIMA, LELÉ: Estudo dos Hospitais da Rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio de Janeiro JORGE ISAAC PERÉN MONTERO Orientadora: Profa. Associada ROSANA MARIA CARAM Dissertação de mestrado - Universidade de São Paulo / USP VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAIS NA OBRA DE JOÃO FILGUEIRAS LIMA, LELÉ

Transcript of Disser Tac a Ope Renji

  • VENTILAO E ILUMINAO NATURAISNA OBRA DE JOO FILGUEIRAS LIMA, LEL:Estudo dos Hospitais da Rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio de Janeiro

    JORGE ISAAC PERN MONTEROOrientadora: Profa. Associada ROSANA MARIA CARAMDisser tao de mestrado - Universidade de So Paulo / USP

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS

    JORGE ISAAC PERN MONTERO

    VENTILAO E ILUMINAO NATURAIS NA OBRA DE JOO FILGUEIRAS LIMA, LEL:ESTUDO DOS HOSPITAIS DA REDE SARAH KUBITSCHEK FORTALEZA E RIO DE JANEIRO.

    So Carlos

    2006

  • Pern, Jorge Isaac Montero M778v Ventilao e iluminao naturais na obra de Joo

    Filgueiras Lima Lel : estudo dos hospitais da rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio de Janeiro / Jorge Isaac Pern Montero ; orientador Rosana Maria Caram. - So Carlos, 2006.

    Dissertao (Mestrado-Programa de Ps-Graduao em Arquitetura e Urbanismo. rea de Concentrao: Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo - Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, 2006.

    1. Ventilao natural. 2. Iluminao natural. 3. Hospitais da rede Sarah. 4. Joo Filgueiras Lima, Lel. 5. Conforto trmico. I. Ttulo.

    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO,

    PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

  • DEDICATRIA

    Dedico todas las energias concentradas en este trabajo a mis queridos

    Padres, Jorge y Elsa de Pern. A mi hermana Jemily por la nueva famlia

    que acaba de iniciar junto a Ricardo y a mi lindo sobrino, Carlos Javier, que

    espero prontamente conocer.

    Gracias por estimularme con sus pensamientos positivos. Esta nueva con-

    quista es para ustedes. Los amo.

  • AGRADECIMENTOS

    Obrigado CAPES e ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da

    EESC/USP pela bolsa-auxlio e apoio concedidos.

    Ao Arquiteto Joo Filgueiras Lima, Lel pela abertura e sua disposio. Obri-

    gado por seu tempo e pelas conversas. Obrigado tambm por ter disponibi-

    lizado todo o material do acervo CTRS para esta pesquisa. Saiba que sua

    sensibilidade e humildade o meu principal aprendizado.

    A toda a equipe do Centro de Tecnologias da Rede Sarah em Salvador:

    A Ana Amlia obrigado pela disposio e pacincia. Desculpa por te alugar

    com tantas perguntas e por me esperar sempre que chegava no nal da

    tarde, principalmente nas sextas-feiras.

    A Clicia e Eufmia, secretrias do Lel, por atenderem todas as minhas liga-

    es e pela receptividade nas minhas visitas.

    A Adriana Filgueiras pelo tempo disponibilizado na minha visita Obra do

    novo Hospital Sarah Rio de Janeiro e ao Centro de Reabilitao Infantil.

    Obrigado tambm por ter disponibilizado todo o material em obra.

    A Newton Bacelar, administrador do Sarah Salvador, pelas conversas e pelo

    tempo disponibilizado.

    A Roberto Vitorino, engenheiro calculista, obrigado pela sua disposio e

    simpatia.

    A George Raulino pela entrevista concedida.

    Aos tcnicos do Hospital Sarah Fortaleza Jos Francisco e Adriano. Obriga-

    do pela sua ateno e pacincia na minha visita ao hospital. Jos Francisco

    obrigado pelo suporte e assistncia nas medies in loco.

    A Eliane Terra por ter permitido minha visita ao Hospital Sarah Fortaleza.

  • Aos colegas do Laboratrio de Conforto Ambiental - LABAUT - da FAU-USP:

    Alessandra Prata, Daniel, Kika e professora Denise Duarte.

    A Edson Matsumoto, professor e Doutor, pelos esclarecimentos e conversas

    sobre ventilao natural.

    Ao Professor Paulo Greco, do departamento de Aeronutica da EESC-USP

    pelo suporte com as simulaes de ventilao no CFX.

    A Luis Alcntara e a seu irmo por terem disponibilizado os negativos das

    fotos do Sarah Fortaleza. Luis, o Arquiteto Lel agradece seus elogios.

    A todo o pessoal do SAP. Ao grande Marcelinho pela sua ateno e pacincia

    quando faltava alguma documentao. Obrigado pelo seu esprito de estran-

    geiro. Aos mestres da tecnologia Paulo Ceneviva, Evandro e o Oswaldo pela

    assistncia e ateno. A Serginho.

    famlia Ribeiro por terem aberto suas portas para mim. Ao av Wilson pela

    reviso do portugus da minha quali cao e minha dissertao. Desculpe

    pelo trabalho. Informarei aos meus autores citados dos erros por eles come-

    tidos. Ao Tio Wilson pela sua pacincia. Tia Ftima, grande artista plstica,

    pela sua alegria contagiante, criatividade e grande corao. Estou com sau-

    dades das suas comidas. Tia adoro voc. Um grande beijo. Ao meu grande

    amigo Drio Jos pelo seu apoio incondicional. Valeu por tudo. Espero que

    nossas viagens continuem.

    Aos meus colegas da TSYA Arquitetura e Engenharia: Antonio, Karen, Fer-

    nando, Ricardo e Claudia. Kelly obrigado pelo apoio foi de grande importn-

    cia. A Andrs pela considerao e con ana depositada. A todos, obrigado.

    Espero que continuemos crescendo juntos.

    Aos meus colegas e amigos Reginaldo, Bruno, Accia, Guilhermo, Diogo,

    Chanzinho, Pablo, Rodrigo, Renatinho e Anali.

    e cincia e criatividade da Marininha. Obrigado pelo apoio na diagramao

    deste trabalho.

  • Esta pagina dedicada exclusivamente minha orientadora, Rosana Maria

    Caram: Inteligente, objetiva, me paciente, dedicada e de bom astral. Obri-

    gado pela oportunidade e pela confiana depositada em mim. Espero que

    sua sala continue transmitindo boas energias e que seu sorriso continue

    iluminando a entrada e os corredores do SAP.

  • RESUMO

    PERN, J. I. (2006). Iluminao e Ventilao Naturais na obra de Joo Filgueiras Lima Lel: Es-

    tudo dos Hospitais da Rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio de Janeiro. Dissertao (Mestrado)

    Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2006.

    A conjugao das variveis luz e vento e sua considerao desde a concepo do edifcio so

    fundamentais para garantir uma e ciente Ventilao e iluminao Natural. A orientao e a forma

    do edifcio tambm so importantes. No entanto, a Ventilao Natural depende da integrao

    dos seus princpios bsicos; por diferena de presso e pelo efeito chamin. Os fundamentos

    da Ventilao e da Iluminao naturais em climas quentes so ilustrados atravs da obra do ar-

    quiteto Joo Filgueiras Lima, Lel. Economia de energia, boas condies visuais, psicolgicas,

    higinicas e uma agradvel sensibilidade espacial, entre outros aspectos, subjetivos e relativos

    ao conforto ambiental, caracterizam e caz incorporao da luz e da ventilao natural nas suas

    obras. Analisam-se os Hospitais da Rede Sarah Kubitschek, Fortaleza e Rio de Janeiro, duas das

    obras que melhor ilustram as solues tcnicas e arquitetnicas, propostas pelo arquiteto, que

    favorecem a entrada do vento e da luz natural. Evidencia-se o aprimoramento dos sheds e de-

    mais sistemas de ventilao como as galerias e o piso tcnico assim como os sistemas exveis

    de fechamento; o forro de painis de policarbonato basculantes e os arcos retrteis, os quais,

    dependendo do tipo de ventilao em funcionamento (natural, mecnica ou arti cial), permitem

    o controle da sada do ar e da Iluminao Natural de maneira independente. A incorporao de

    jardins internos e dispositivos de climatizao passivos, como espelhos dgua e nebulizadores,

    so tambm ilustrados. No Hospital Sarah Fortaleza destaca-se a organizao dos ambientes

    especiais e os ambientes exveis. Nos ambientes especiais (salas de radiologia, farmcias e

    centros cirrgicos), o ar condicionado fundamental, pois exigem nveis rigorosos e controlados

    de Temperatura, Umidade Relativa e gradiente de presso de ar. J nos ambientes exveis (salas

    de sioterapia, ambulatrios, enfermarias e reas de espera), onde o controle menos rigoroso,

    a ventilao natural garante o conforto trmico. Cabe salientar que os ambientes exveis esto

    dispostos de maneira a captar os ventos dominantes. Conclui-se que os dispositivos de fecha-

    mento (janelas, sheds, muros e aberturas) devem permitir o controle independente da iluminao

    e da ventilao natural.

    Palavras-chave: Ventilao Natural; Iluminao Natural; Hospitais da Rede Sarah; Joo Filgueiras

    Lima, Lel; Conforto trmico.

  • ABSTRACT

    PERN, J. I. (2006). Natural Ventilation and Lighting in Joo Filgueiras Lima Lel: Research

    of Sarah Kubitschek Hospital Fortaleza and Rio de Janeiro. Dissertao (Mestrado) Escola de

    Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2006.

    The combination of the variables light and wind, and its consideration since the conception of the

    building is fundamental to guarantee an ef cient Natural Ventilation and Lighting. The orientation

    and shape of the building are also important. However, Natural Ventilation depends on the inte-

    gration of its basic principles; through pressure difference and through chimney effect. Natural

    Lighting and Ventilation principles in warm climates are illustrated through the work of the architect

    Joo Filgueiras Lima, Lel. Low energy, good visual conditions, also psychological and hygiene

    conditions, and a pleasant spatial sensibility, among other aspects, subjective and relative to en-

    vironmental comfort, characterize the ef cient incorporation of natural light and ventilation in the

    architects work. Hospitals from the Rede Sarah Kubitschek, from Fortaleza and Rio de Janeiro,

    were analyzed, two of the buildings that best illustrate the technical and architectonic solutions

    proposed by the architect, which enhance the entrance of wind and natural light. The re nement of

    sheds and other ventilation systems such as galleries and technical oors, as well as the exible

    systems for closing, stands out in his architecture; the tilting polycarbonate panels that form the

    false roof, and the retractable arcs, which, depending on the type of applied ventilation (natural,

    mechanic, or arti cial), allow a control of air exit and natural lighting independently. The incorpo-

    ration of internal gardens and passive acclimatizing devices, such as water pools and nebulizers,

    are also illustrated. At the Sarah Hospital in Fortaleza, an organization of special and exible

    environments stands out. In the special environments (radiology rooms, pharmacy, and surgery

    centers), air conditioning is fundamental, because they demand rigorous and controlled levels of

    Temperature, Relative Humidity, and gradient air pressure. On the other hand, in the exible en-

    vironments (physiotherapy rooms, clinic, nursery and waiting areas), where environmental control

    is less rigorous, natural ventilation guarantees the thermal comfort. It is important to emphasize

    that the exible environments are disposed in such a way to capture the dominant winds. There-

    fore, it is concluded that the closing devices (windows, sheds, walls, and openings) shall allow an

    independent control of natural ventilation and natural lighting.

    Key-words: Natural Ventilation; Natural Lighting; Rede Sarah Hospitals; Joo Filgueiras Lima,

    Lel; Thermal Comfort.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 DISBRAVE (1965-1985) DF......................................................................................35

    FIGURA 2 Escolas transitrias - Corte.............................................................................................36

    FIGURA 3 Corte e Detalhe.........................................................................................................37

    FIGURA 4 Vista .........................................................................................................................38

    FIGURA 5 - Fenmenos que intervem no balano trmico da camada super cial da Terra radiao solar (I), evaporao (E), conveco (CV), radiao de onda longa (R) e conduo (CD)............47

    FIGURA 6 - Variao tipica da temperatura do ar no decorrer do dia............................................47

    FIGURA 7 - Espectro eletromagntico: Mostra a ampliao dos espectros trmico, solar e visvel.....50

    FIGURA 8 - Mapa do Brasil com seis regies climticas...............................................................54

    FIGURA 9 Carta Bioclimtica adotada para Brasil......................................................................59

    FIGURA 10 - Efeito aerodinmico produzido pelo vento numa placa.............................................66

    FIGURA 11 - Efeito aerodinmico do vento, em volumes. Ventilao cruzada..............................66

    FIGURA 12 - Efeito Venturi.......................................................................................................68

    FIGURA 13 - Diagramas indicativos da distribuio da presso num edifcio de planta quadrada

    quando muda a direo do vento. A distribuio uniforme da presso positiva e da suco d me-

    lhores resultados na ventilao....................................................................................................68

    FIGURA 14 - Metodologia CSTB Impacto das caractersticas externas da edi cao: Efeito de

    aberturas na cobertura..................................................................................................................69

    FIGURA 15 - Diferena de presses na cobertura.........................................................................69

    FIGURA 16 - Funil de vento. A arborizao canaliza o vento e aumenta sua velocidade..............70

    FIGURA 17 In uncia das aberturas na ventilao cruzada.......................................................71

    FIGURA 18 a - Gr co tpico da velocidade do vento perto da superfcie da terra........................78

    FIGURA 18 b - Associao entre velocidade e direo do vento...................................................78

    FIGURA 19 - Camada Limite atmosfrica - Gradiente de vento.....................................................79

    FIGURA 20 - Brisas diurnas e Noturnas........................................................................................81

    FIGURA 21 a e 21 b - Rodoviria de Ribeiro Preto - Maquete e Corte. ....................................82

    FIGURA 22 a e 22 b Sistema de Ventilao da sala do Lel no CTRS - Salvador.................83

    FIGURA 23 a e 23 b Farmcia do Hospital Sarah Salvador. Sistema de refrigerao evaporativa;

    sadas de ar com nebulizao de gua.....................................................................................84

    FIGURA 24 Corte esquemtico da Farmcia do Hospital Sarah Salvador. Sistema de refrigerao

    evaporativa (mvel), exaustores e ventiladores.........................................................................85

    FIGURA 25 - Sistemas de Iluminao Natural...........................................................................85

    FIGURA 27 - Esquemas dos sheds dos Hospitais Sarah.....................................................................109

  • FIGURA 28 a - Fixao das divisrias de argamassa armada Corte e Planta........................112

    FIGURA 28 b - Painis de argamassa armada...........................................................................112

    FIGURA 28 c - Fixao no piso da divisria de argamassa armada...........................................112

    FIGURA 29 a - Fechamento do Tribunal de Contas da Unio - Cuiab. Vista externa do estaciona-

    mento.....................................................................................................................................112

    FIGURA 29 b - Tribunal de Contas da Unio - Cuiab. Delimitao de acesso entre o estaciona-

    mento e o jardim interno. Vista interna.....................................................................................112

    FIGURA 29 c - Fechamento externo. Permite a iluminao lateral do corredor........................112

    FIGURA 30 a - rea de recreao infantil do Centro de Reabilitao Infantil de Rio de Janeiro..113

    FIGURA 31 a, b e c - fechamentos externos dos Hospitais Sarah Macap, Braslia (Lago Norte) e

    Fortaleza................................................................................................................................113

    FIGURA 32 - Modi cao do modelo de movimento do ar por meio do paisagismo...................114

    FIGURA 33 a - Jardim interno. Tribunal de Contas da Unio Cuiab....................................115

    FIGURA 33 b - Jardim interno. Hospital Sarah Fortaleza.........................................................115

    FIGURA 34 a - Vista do bonde. Passagem do Hospital Sarah Salvador..................................115

    FIGURA 34 b - Vista do jardim entre o Sarah Salvador e o CTRS...........................................115

    FIGURA 35 - rea externa com unigrama. Hospital Sarah Amap.........................................116

    FIGURA 36 a - Tribunal de Contas da Unio Cuiab. Vista da abertura lateral que direciona os

    ventos para dentro da edificao............................................................................................117

    FIGURA 36 b - Vista interna da abertura lateral.......................................................................117

    FIGURA 37 a - Janela flexivel; abertura para ventilar, iluminar e integrao visual.................119

    FIGURA 37 b - Peitoril Ventilado................................................................................................119

    FIGURA 38 - Luminosidade num quarto com aberturas em shed sobre cu claro.......................120

    FIGURA 39 - Esquema de luminosidade num quarto com abertura lateral...............................120

    FIGURA 40 - Termas de Badenweiler, aprox 70 dC.................................................................130

    FIGURA 41 - Xenodochium Bizantino.......................................................................................130

    FIGURA 42 - Hospital Santo Espiritu de Lubeck, 1286................................................................131

    FIGURA 43 - Ospedalle Maggiore de Milo, 1456. Tratado de arquitetura de Fiori.....................131

    FIGURA 44 - Royal Naval Hospital 1756-1764. Arq. Rovehead...................................................132

    FIGURA 45 - Hospital Lariboisiere, 1846-1854. Arq. Pierre Gaultier, doc Monumentos Histricos de

    franca..........................................................................................................................................133

    FIGURA 46 - Enfermaria Nightingale St. Thomas Hospital. ........................................................133

    FIGURA 47 - Belfast Royal Victoria Hospital, 1903 Arq. Henman & Cooper................................134

    FIGURA 48 - Modelos de Hopitais..........................................................................................135

    FIGURA 49 - Relao dos custos de uma construo vertical, comparados aos custos que seus sis-

  • temas arti ciais de ventilao e iluminao acarretaram. ..........................................................146

    FIGURA 50 - Morfologia dos Hospitais da Rede Sarah: Flexibilidade e extensibilidade..............154

    FIGURA 51 - Hospital Sarah Braslia .........................................................................................160

    FIGURA 52 - Hospital Sarah Fortaleza.......................................................................................160

    FIGURA 53 - Vrias situaes do elemento pr-fabricado de laje / montagem........................161

    FIGURA 54 - Hospitais da Rede Sarah.......................................................................................163

    FIGURA 55 - Forma dos sheds de Braslia. ...............................................................................164

    FIGURA 56 - Forma dos sheds de Salvador.................................................................................165

    FIGURA 57 - Forma dos sheds de Braslia Lago Norte. .............................................................165

    FIGURA 58 - Forma dos sheds de Fortaleza................................................................................166

    FIGURA 59 - Forma dos sheds de Rio de Janeiro - Centro de Reabilitao................................166

    FIGURA 60 a - Shed do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.....................................................167

    FIGURA 60 b - Parte da cobertura do Hospital Sarah Rio de Janeiro.......................................167

    FIGURA 61 - Modelos A, B e C............................................................................................170

    FIGURA 62 - Simulao de Ventilao no CFX Shed do hospital Sarah Salvador...............171

    FIGURA 63 - Vista area do Hospital Sarah Fortaleza. ..............................................................175

    FIGURA 64 - Localizao do Hospital Sarah Fortaleza, orientado para receber os ventos dominantes

    vindos do litoral...........................................................................................................................177

    FIGURA 65 Dados do terreno e variveis climticas: Ventos predominantes, Norte magntico, rea

    de bosque. ................................................................................................................................177

    FIGURA 66 Relao de rea construda e rea verde. ...........................................................178

    FIGURA 67 - Corte do Hospital Sarah Fortaleza. Mostra o bloco vertical de enfermarias e seus res-

    pectivos solrios.........................................................................................................................179

    FIGURA 68 - Ambientes do Hospital.......................................................................................180

    FIGURA 69 a - Vista do corredor-espera. No fundo, acesso sala de radiologia........................181

    FIGURA 69 b - Vista do corredor-espera. No fundo, recepo.................................................181

    FIGURA 70 a - rea de sioterapia s 13hs do dia 23 de Agosto. Sem as luzes acessas..........181

    FIGURA 70 b - rea de sioterapia s 13hs do dia 23 de Agosto, com luzes acessas................181

    FIGURA 70 c - Nveis de iluminao natural na sala de sioterapia s 13hs do dia 23 de Agosto...182

    FIGURA 70 d - Nveis de iluminao natural no foyer do auditrio s 14hs do dia 23 de agosto...183

    FIGURA 71 a - rea de sioterapia e recreao - Jardim coberto...............................................185

    FIGURA 71 b - Vista do ginsio contguo rea de sioterapia...................................................185

    FIGURA 71 c - Vista do Jardim coberto desde o ltimo andar.....................................................185

    FIGURA 71 d - Vista do ginsio ao atardecer...............................................................................185

    FIGURA 72 a - Desenho das enfermarias e apartamentos..........................................................186

  • FIGURA 72 b - Posto de enfermaria...........................................................................................186

    FIGURA 72 c - Enfermarias.........................................................................................................186

    FIGURA 72 d - Corredor lateral...................................................................................................186

    FIGURA 73 a e b- Vista dos Solrios..........................................................................................187

    FIGURA 74 a - Vista do jardim desde o ltimo andar...................................................................188

    FIGURA 74 b - Vista do jardim desde o trreo.............................................................................188

    FIGURA 75 a - Vista de frente das galerias de ventilao. .........................................................189

    FIGURA 75 b - Bocas de entrada de ar. Observam-se os nebulizadores na frente das bocas....189

    FIGURA 75 c - Corte esquemtico das galerias de ventilao.....................................................189

    FIGURA 75 d - Vista das galerias de ventilao...........................................................................189

    FIGURA 75 e - Vista dos exaustores do interior das galerias.......................................................190

    FIGURA 75 f - Bocas de sada do ar de dentro para os ambientes do hospital...........................190

    FIGURA 75 g - Boca de sada de ar nos ambulatrios.................................................................190

    FIGURA 75 h - Boca de sada de ar nos corredores....................................................................190

    FIGURA 75 j - Bocas de sada do ar de dentro das galerias para os ambientes do hospital.......191

    FIGURA 76 a - Corte esquemtico das galerias de ventilao.....................................................191

    FIGURA 76 b - Software de monitoramento do sistema de ventilao automatizado.....192

    FIGURA 77 - Fotomontagem do Hospital Sarah Rio de Janeiro..................................................197

    FIGURA 78 - Localizao do Hospital e do Centro de Reabilitao da Rede Sarah....................198

    FIGURA 79 a - Maquete do Primeiro projeto para a Ilha Pombeba. Hospital e Centro de Reabilitao

    Infantil Sarah Rio de Janeiro. .....................................................................................................199

    FIGURA 79 b - Vista area do Centro de Reabilitao Infantil Sarah Rio de Janeiro..................199

    FIGURA 80 - Corte do Hospital. . ...............................................................................................201

    FIGURA 81 - Sistema de Ventilao do Hospital Sarah Rio de Janeiro.......................................203

    FIGURA 82 - Cobertura em formato de Sheds. Vista da Maquete do Hospital Sarah Rio de Janeiro...204

    FIGURA 83 a - Corte do sistema do forro basculante..................................................................205

    FIGURA 83 b - Vista do sistema de painis (automatizados) basculantes. Forro do corredor lateral

    do Hospital Escola de So Carlos..........................................................................................205

    FIGURA 83 c - Vista do sistema de painis basculantes j instalados no Hospital Escola de So

    Carlos. Forro sobre o ambulatrio..........................................................................................205

    FIGURA 84 a - Corte mostrando o jardim interno com a cobertura em arco mvel (automatiza-

    do).........................................................................................................................................206

    FIGURA 84 b - Vista da rampa desde o segundo nvel, sob a cobertura em arco mvel..........206

    FIGURA 84 c - Vista dos arcos mveis sob a cobertura...........................................................206

    FIGURA 85 - Sistema Construtivo do Hospital Sarah Rio de Janeiro - Desenho do Lel. ..........207

  • FIGURA 86 - Ambientes do Hospital...........................................................................................208

    FIGURA 87 - Relao de rea verde e rea construda...............................................................209

    FIGURA 88 - Ambientes com Ventilao Arti cial, reas de transio e reas Verdes...............209

    FIGURA 89 - Centro de convivncia e Jardim Interno do Hospital Sarah Rio de Janeiro. Desenho do

    Lel.............................................................................................................................................210

    FIGURA 90 a Vista do piso tcnico. O nvel do hospital est 80 cm sobre o nvel de acesso..212

    FIGURA 90 b Vista do futuro jardim descoberto..........................................................................212

    FIGURA 90 c Vista da passagem para manuteno da caixilharia. Do lado o painel de lamelas:

    Esse painel permite a passagem do ar atravs do hospital.........................................................212

    FIGURA 90 d - Vista da passagem que liga o bloco de Servios Tcnicos com o de Servios Ge-

    rais..............................................................................................................................................212

    FIGURA 90 e Vista das passagens para manuteno dos dutos de ar- condicionado (ainda no

    instalados) e do forro de painis de policarbonato basculantes. As vigas servem de corredores de

    passagem....................................................................................................................................212

    FIGURA 90 f - Vista da rampa de acesso ao segundo nvel........................................................212

    FIGURA 91 a - Estrutura do auditrio do Hospital Sarah Rio de Janeiro.....................................213

    FIGURA 91 b - Sistema de abertura do Auditrio.........................................................................214

    FIGURA 91 c - Maquete da cpula do Auditrio...........................................................................214

    FIGURA 91 d - Vista da montagem do Auditrio (14 de Maro de 2006)..................................214

    FIGURA 92 - Evoluo dos sheds dos Hospitais Sarah (Braslia, Salvador, Fortaleza, Lago Norte (Br)

    e Rio de Janeiro..........................................................................................................................221

    FIGURA 93 - Evoluo dos sistemas de ventilao propostos por Lel (Natural, mecanico e artifi-

    cial)........................................................................................................................................221

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Categorias taxonmicas da organizao geogr ca do clima...............................46

    Tabela 2: Velocidade do vento e seu impacto.......................................................................76

    Tabela 3 - Cronologa dos Hospitais da Rede Sarah .........................................................162

    Tabela 4 - Temperaturas de Projeto para o perodo de Vero - Cidade de Fortaleza.........176

    Tabela 5 - Temperaturas de Projeto para o perodo de Inverno - Cidade de Fortaleza.......176

    Tabela 6 - Temperaturas de Projeto para o perodo de Vero - Cidade de Rio de Janeiro...198

    Tabela 7 - Temperaturas de Projeto para o perodo de Inverno - Cidade de Rio de Janeiro...198

  • SUMRIO

    RESUMO

    ABSTRACT

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE TABELAS

    INTRODUO..............................................................................................................................19

    OBJETIVOS...................................................................................................................................23

    Captulo 1 - UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    1.1- JOO FILGUEIRAS LIMA LEL.................................................................................................29

    1.1.1- Sua vida.........................................................................................................................29

    1.1.2- Lel e sua conscincia climtica....................................................................................32

    1.1.3- Concepo de projeto x obras........................................................................................34

    1.1.4- Hospitais da Rede Sarah Kubitschek..............................................................................38

    Captulo 2 - UM CLIMA, UMA CONS+CINCIA = UMA ARQUITETURA...

    2.1- CLIMA E CONFORTO TRMICO..........................................................................................45

    2.1.1- Clima......................................................................................................................46

    2.1.2- Elementos climticos..............................................................................................47

    2.1.2.1- A temperatura do ar.............................................................................................47

    2.1.2.2- A radiao solar...................................................................................................50

    2.1.2.3- A umidade...........................................................................................................54

    2.1.2.4- O vento...............................................................................................................54

    2.1.3- Classi cao climtica...........................................................................................55

    2.1.3.1- Clima quente-mido............................................................................................56

    2.1.3.2- Micro-clima..........................................................................................................57

    2.1.4- Clima x homem......................................................................................................58

    2.1.4.1- Zona de conforto..................................................................................................58

    2.1.4.2- Carta bioclimtica................................................................................................60

    2.2- VENTILAO NATURAL...................................................................................................63

    2.2.1- Tipos de ventilao ................................................................................................64

    2.2.1.1- Critrios da ventilao natural.............................................................................65

  • 2.2.1.2- Ventilao natural trmica e ventilao natural dinmica.....................................66

    2.2.1.3- Ventilao natural dinmica.................................................................................67

    2.2.2- Estratgias para uma ventilao natural e caz.......................................................69

    2.2.2.1- Importncia da ventilao natural...................................................................................70

    2.2.2.2- Ventilao natural para melhorar a qualidade do ar interno............................................70

    2.2.2.3- Ventilao natural para melhorar o conforto trmico.......................................................73

    2.2.3- O vento na climatizao do edifcio....................................................................................75

    2.2.3.1- O vento e seu carter varivel.........................................................................................77

    2.2.3.2- Camada limite..................................................................................................................78

    2.2.3.3- Brisas produto da presena de massas de gua.............................................................80

    2.2.4- Recursos complementares ventilao natural..................................................................81

    2.2.4.1- Refrigerao evaporativa.................................................................................................81

    2.2.4.2- Interao da ventilao natural com a arti cial e a mecnica...........................................82

    2.2.5- Ventilao natural em hospitais..........................................................................................86

    2.2.5.1- Edifcios enfermos...........................................................................................................86

    2.2.6- Mtodos preditivos da ventilao natural............................................................................87

    2.2.6.1- Simulao gr ca de Ventilao Natural..........................................................................89

    2.3- ILUMINAO NATURAL...........................................................................................................93

    2.3.1- Importncia da iluminao natural.......................................................................................93

    2.3.1.1- Fontes luminosas.............................................................................................................94

    2.3.1.1.1- A luz do sol...................................................................................................................95

    2.3.1.1.2- A luz da abbada celeste..............................................................................................95

    2.3.1.2- Conforto visual.................................................................................................................97

    2.3.1.3- Diretrizes e solues tcnicas..........................................................................................98

    2.3.1.4- Formas de iluminar e controlar a insolao excessiva......................................................99

    2.3.1.5- Mtodos preditivos da iluminao natural........................................................................100

    2.3.1.5.1- Simulaes com modelos fsicos e eletrnicos............................................................102

    2.4- CLIMA X ARQUITETURA.........................................................................................................107

    2.4.1- E cincia energtica em edifcios......................................................................................108

    2.4.2- Orientao e forma dos edifcios.......................................................................................109

    2.4.3- Material envolvente: cor e textura......................................................................................111

    2.4.4- In uncia da vegetao....................................................................................................113

    2.4.5- Aberturas..........................................................................................................................116

    2.4.5.1- Flexibilidade nas aberturas............................................................................................119

    2.4.5.2- Shed..............................................................................................................................120

  • Captulo 3 - UMA INSTITUIO, UMA ARQUITETURA = UMA POSSIBILIDADE.

    3.1- HOSPITAIS - ANTECEDENTES E MORFOLOGIA.....................................................................128

    3.2- AMBIENTES HOSPITALARES - CONSIDERAES GERAIS...................................................141

    3.2.1- Aspectos subjetivos........................................................................................................141

    3.2.1.1- Luz , Cor e estmulo.....................................................................................................142

    3.2.2-Vantagens da Ventilao e Iluminao Naturais...............................................................144

    3.3- HOSPITAIS DA REDE SARAH KUBITSCHEK............................................................................149

    3.3.1- A Instituio e sua Filoso a - Associao das Pioneiras Sociais......................................150

    3.3.2- Centro de Tecnologias da Rede Sarah CTRS..............................................................150

    3.3.3- Hospitais da Rede Sarah Kubitschek..............................................................................152

    3.3.3.1- Diretrizes dos Hospitais...............................................................................................152

    3.3.3.1.1- Assepsia....................................................................................................................155

    3.3.3.1.1.1- Ambientes especiais...............................................................................................157

    3.3.3.1.1.2- Ambientes exveis.................................................................................................158

    3.3.3.2- Formas dos edifcios.....................................................................................................159

    3.3.3.3- Sheds dos Hospitais....................................................................................................161

    3.3.3.3.1- A Forma e Ventilao dinmica: Simulao dos sheds..............................................168

    3.4- HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK FORTALEZA.......................................................................175

    3.4.1- Caractersticas climticas da cidade...............................................................................176

    3.4.2- Localizao e caractersticas do terreno........................................................................177

    3.4.3- O hospital.......................................................................................................................177

    3.4.4- Ambientes do hospital......................................................................................................180

    3.4.4.1- rea de sioterapia.......................................................................................................181

    3.4.4.2- Ginsio - rea coberta..................................................................................................184

    3.4.4.3- Enfermarias.................................................................................................................184

    3.4.4.4- Solrios........................................................................................................................187

    3.4.4.5- Jardim............................................................................................................................187

    3.4.5- Sistema de ventilao......................................................................................................188

    3.4.5.1- Galerias de ventilao..................................................................................................188

    3.4.5.2- Sistema de ventilao arti cial automatizado...............................................................191

    3.4.6- Sheds.............................................................................................................................193

    3.4.7- Cobertura metlica do jardim..........................................................................................193

    3.4.8- Plantas, Cortes e Elevaes do Hospital.........................................................................194

    3.5- HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK RIO DE JANEIRO.................................................................197

  • 3.5.1- Caractersticas climticas da cidade..............................................................199

    3.5.2- Localizao e caractersticas do terreno.........................................................................199

    3.5.3- Diretrizes e Partido arquitetnico.....................................................................................200

    3.5.4- Sistema de ventilao do hospital...................................................................................202

    3.5.4.1- Sistemas exveis.........................................................................................................205

    3.5.4.1.1- Forro de painis basculantes de policarbonato..........................................................206

    3.5.4.1.2- Forro em arco mvel..................................................................................................207

    3.5.5- Sistema Construtivo.........................................................................................................207

    3.5.6- Ambientes do hospital......................................................................................................208

    3.5.6.1- Fisioterapia e Centro de Convivncia............................................................................210

    3.5.6.2- Jardins..........................................................................................................................211

    3.5.6.3- Solrios.........................................................................................................................211

    3.5.6.4- Auditrio........................................................................................................................211

    3.5.7- Plantas, Cortes e Elevaes do Hospital.........................................................................215

    Captulo 4 - Consideraes fi nais...........................................................................................217

    5- Referncias............................................................................................................................225

    6- Anexos...................................................................................................................................239

    6.1 - Ficha tcnica Hospital Sarah Fortaleza..............................................................................240

    6.2 - Ficha tcnica Hospital Sarah Rio de Janeiro......................................................................241

    6.3 - Fotos de Luis Carlos Alcntara Paciente da Rede Sarah................................................242

    6.4 - Plantas e cortes do Hospital Escola de So Carlos..............................................................243

  • INTRODUO

    Para viver em harmonia com a natureza, preciso respeitar e entender o que ela nos oferece,

    para obter dela o melhor proveito sem prejudic-la. A carncia de gua e o conseqente raciona-

    mento de energia so hoje problemas do Brasil e de outros pases. um dos resultados do uso

    indiscriminado dos recursos naturais pelo homem, que exige uma sria re exo.

    Nos anos 1970, a crise do petrleo e as conseqentes preocupaes ambientais relativas ex-

    plorao dos recursos naturais suscitaram discusses sobre e cincia energtica nas edi caes.

    Aproveitar as fontes de energia da natureza gua, luz do sol e vento, entre outros - para garantir

    o abrigo do homem de acordo com suas necessidades e em sintonia com o meio ambiente

    um dos objetivos de um projeto, que deve fazer uso de sistemas passivos de climatizao, que

    aproveitam a luz do sol e o vento.

    A incorporao nos projetos arquitetnicos elementos da natureza como rvores, jardins, luz solar

    e vento, gera espaos mais humanizados e estimula psicologicamente os sentidos do usurio,

    resultando uma agradvel sensao espacial e de conforto, fruto de boas condies visuais,

    higinicas e trmicas.

    As questes relativas iluminao e ventilao naturais devem fazer parte da concepo do

    edifcio, para garantir sua e cincia e sua interlocuo integral com a arquitetura proposta uma arquitetura aberta e dinmica, pouco condicionada a sistemas de climatizao arti cial que indu-

    zam o con namento e o hermetismo dos ambientes internos, que reduz os custos da obra assim

    como os de sua manuteno.

    No Brasil, um dos melhores arquitetos, e com uma conscincia ambiental, sem duvida Joo Fil-

    gueiras Lima, o conhecido Lel. Suas obras so verdadeiros modelos de arquitetura bio-climtica

    e, dentre elas, destaca-se a Rede de Hospitais Sarah Kubitschek como um interessante objeto de

    estudar, seja por seu contexto, pelo prprio programa, pela assepsia e pelo Centro de Tecnologias

    da Rede Sarah (CTRS), entre outras razes. Sobre o Hospital Sarah Salvador, o primeiro da Rede

    construdo pelo CTRS, a rmam Corbella e Yannas (2003, p.119) que pode-se projetar, hoje, com

    a tecnologia disponvel no Brasil, uma arquitetura bio-climtica que funciona perfeitamente, inte-

    grada ao clima e tradio local e com baixo consumo de energia convencional.

    Como o Sarah Salvador era o embrio da Rede, j se vislumbrava nele uma proposta diferen-

  • ciada, que segue sendo aprimorada em cada um dos hospitais seguintes. Em particular, o Sarah

    Fortaleza e o Sarah Rio de Janeiro apresentam as mais interessantes solues, sobretudo em

    matria de ventilao e iluminao naturais. As analises e leituras preparatrias desta dissertao,

    assim como conversas com o prprio Lel levaram escolha desses hospitais.

    Do ponto de vista projetual, as propostas de Lel para ventilao e iluminao naturais so indis-

    sociveis. Seu estudo requer conhecimento de princpios bsicos de fsica e conceitos empricos

    referentes dinmica dos ventos (diferena de temperatura e presso), assim como o espectro

    da radiao solar - a luz visvel e o desfavorvel infravermelho (IV), gerador de calor. Se, de um

    lado, as solues arquitetnicas, em todos seus estgios e subsistemas, requerem bom domnio

    da tcnica, de outro, a sensibilidade do arquiteto tambm tem um valor fundamental.

    Na Rede de Hospitais Sarah, esto os melhores exemplos de dispositivos e solues arquitet-

    nicas que incorporam a luz natural e o vento aos ambientes internos.

    Embora o Sarah Salvador tenha um bom sistema de galerias de ventilao, foi em For-

    taleza que esse e outros sistemas como os sheds foram aprimorados e apresentam ca-

    ractersticas interessantes. Sua implantao, o convvio com reas verdes e a configu-

    rao mista - vertical-horizontal - so algumas caractersticas notveis desse hospital.

    O Sarah Rio de Janeiro se destaca por seus sistemas mistos de ventilao e por seu diferenciado

    desenho de coberturas que permitem a passagem do ar, mas principalmente por seu partido de

    projeto. Nesse hospital, observa-se uma outra fase na obra do arquiteto, com um desenho de

    cobertura mais suave, em funo das caractersticas climticas do Rio de Janeiro, em que se

    evidenciam liberdade e riqueza plstica e tecnolgica, distinguindo-o do de Fortaleza e de todos

    os hospitais da Rede que o antecederam. Fala-se em uma nova fase, pois, no Sarah Rio de Ja-

    neiro, embora persistam as preocupaes com a ventilao e a iluminao naturais, as solues

    so mais ousadas e interessantes.

    Nesse sentido, os hospitais Sarah Fortaleza e Rio de Janeiro marcam duas fases caractersticas

    da Rede . Sobre o Sarah Salvador, dizem Corbella e Yannas (2003, p. 115): um exemplo de

    adoo das tcnicas bio-climticas bem realizadas. (...) tambm um exemplo da utilizao da

    tecnologia da construo industrializada no Brasil, no qual se recolheu toda a experincia acumu-

    lada a partir do primeiro hospital da Rede, construdo 14 anos antes, em Braslia. Hoje, reitera-se

    a mesma avaliao, mas se observa no Hospital Sarah Fortaleza uma sntese de todos os outros

  • que o antecederam e, no Sarah Rio de Janeiro, constata-se uma nova fase, produto de toda a

    experincia acumulada a partir do primeiro Hospital da Rede.

    Sua grande cobertura em formato de shed e seu complexo sistema de ventilao que alterna a natural com a mecnica, de acordo com o clima fazem desse hospital, ainda em fase de cons-truo, um dos melhores da Rede Sarah e, assim, da arquitetura brasileira.

    Alm disso, cabe observar que a bibliogra a e o material referente obra e vida do arquiteto

    Joo Figueiras Lima considervel. Livros, trabalhos acadmicos e artigos de revista acompa-

    nham sua obra desde o incio de sua carreira, na construo de Braslia, pontuando-lhe a impor-

    tncia no desenvolvimento da argamassa no Brasil, na produo em srie e no pr-fabricado,

    entre outros. Entretanto, no h muitas informaes sobre conforto ambiental, tampouco sobre

    ventilao e iluminao natural, e o presente trabalho espera concorrer suprir essa falta. Como

    Lel ainda exerce sua pro sso, seus prprios depoimentos enriquecero tanto as novas gera-

    es de arquitetos quanto a arquitetura brasileira em geral, que carece de guras e pro ssionais

    de vanguarda como ele.

    Alm da atuao pro ssional, merece destaque a importncia da prpria gura de Lel, cuja

    cativante simplicidade muito relevante para um estudante de arquitetura com expectativas e

    ansioso por modelos de pro ssionais bem sucedidos e sobretudo com sensibilidade e compro-

    misso social.

    Este trabalho tem trs captulos. No primeiro UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONS-

    CINCIA -, ilustra-se a preocupao de Joo Filgueiras Lima com o conforto ambiental atravs

    das suas obras mais representativas, de que se destacam as solues de iluminao e ventilao

    naturais, alm da loso a do arquiteto e dos aspectos mais relevantes de sua carreira.

    No segundo captulo UM CLIMA, UMA CONS+CINCIA = UMA ARQUITETURA -, faz-se uma

    reviso dos conceitos fundamentais do conforto ambiental, enfatizando-se os princpios da ilumi-

    nao e da ventilao naturais, assim como as respectivas consideraes de projeto.

    O terceiro UMA INSTITUIO, UMA ARQUITETURA = UMA SOLUO - , traz os resultados da pesquisa: que fazem uma reviso da evoluo dos hospitais da Rede Sarah, com nfase nas

    solues que priorizaram a iluminao e a ventilao naturais, mostram por que e desde quando

    existem espaos com sensibilidade e ambiente agradvel para os usurios (nesse caso, os pa-

  • cientes) e apresentam um breve estudo das possveis referncias de arquitetura hospitalar que

    in uenciaram a Rede. Finalmente, analisam-se os hospitais Sarah Fortaleza e Sarah Rio de Janei-

    ro. Fotos, plantas, desenhos e croquis complementam a documentao desse ltimo captulo.

  • OBJETIVOS

    Objetivos gerais

    Mostrar a preocupao do arquiteto Joo Filgueiras Lima, Lel, com o conforto ambiental, e

    destacar que a iluminao e a ventilao naturais devem ser estudadas simultaneamente, incor-

    porando-se suas solues desde a concepo do projeto.

    Objetivos especfi cos

    Destacar o Lel como pessoa e como arquiteto, sublinhando sua preocupao com o conforto

    ambiental.

    Ilustrar a importncia da incorporao da iluminao e da ventilao natural desde a con-

    cepo do projeto, e destacar a inter-relao que as caracteriza como variveis de projeto

    indissociveis, mas merecedoras de estudo simultneo. Ilustrar tudo isso com uma analise

    detalhada sobre os sheds. Examinar aspectos como a evoluo cronolgica, as caractersticas

    espaciais e funcionais e as dimenses.

    Estudar as recomendaes do projeto quanto ventilao e iluminao naturais e analisar as

    solues propostas por Lel nos Hospitais Sarah Fortaleza e Rio de Janeiro.

  • UM

    A P

    ES

    SO

    A, U

    MA

    CA

    RR

    EIR

    A =

    UM

    A C

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    SC

    IN

    CIA

    ...C

    AP

    TU

    LO

    1

  • Felizmente nem tudo est perdido.

    Profissionais como Joo Filgueiras

    Lima (Lel) revelam um cuidado

    com a humanizao da arquitetu-

    ra, com a tecnologia e com a for-

    ma. Ele conhece engenharia como

    poucos arquitetos, usando todos os

    recursos que a tecnologia pode ofe-

    recer; tudo isso em benefcio do ser

    humano. E ainda levando em conta

    questes de iluminao, ventilao,

    insolao, fluxo de ar, etc.

    Dupr, 2004 1.1

    JO

    O

    FIL

    GU

    EIR

    AS

    LIM

    A

    LE

    L

  • 29

    1.1 JOO FILGUEIRAS LIMA LEL

    A bibliogra a e o material referentes s obras e vida do arquiteto Joo Filgueiras Lima, Lel,

    considervel. Livros, dissertaes e vrios artigos de revista apresentam diversos aspectos de

    seu trabalho, desde o incio de sua carreira, na construo de Braslia, e sua importncia no de-

    senvolvimento da argamassa no Brasil at a produo em srie e o pr-fabricado. No entanto, h

    poucas informaes sobre o conforto ambiental nas suas obras, especialmente sobre iluminao

    e ventilao naturais.

    As preocupaes com o conforto ambiental so evidentes em todas as obras de Lel, mas na

    Rede de Hospitais Sarah que elas se ilustram melhor, em funo da loso a do hospital, da es-

    trutura de trabalho do CTRS e da constante inovao tecnolgica e criativa do arquiteto.

    Cumpre notar que o fato de o arquiteto Lel ainda exercer sua pro sso, vem enriquecer sobremo-

    do esta pesquisa, pois ele e sua equipe continuam criando e re etindo sobre novas possibilidades

    e solues.

    Neste primeiro captulo, relata-se a origem da preocupao do arquiteto com o conforto ambiental

    e espera-se conscientizar arquitetos e estudantes da importncia desses aspectos na produo

    de uma arquitetura de qualidade. A partir desse enfoque, compreende-se o alto nvel tecnolgico

    atingido por Lel nas solues arquitetnicas que priorizam a iluminao e a ventilao naturais

    em todas suas obras.

    Para esta anlise, preciso contextualizar a produo de Lel: S explicamos e entendemos um

    autor quando o inserimos num panorama (ECO, 1991, p.17)1 . Fazer esse panorama signi ca co-

    nhecer sua gerao, suas referncias e seu pensamento, para o qu levantam-se aspectos de sua

    vida, sua loso a, sua concepo de projeto, sua equipe, sua estrutura de trabalho e suas obras,

    com especial destaque para a Rede Sarah, que ser retomada na ultima parte deste trabalho.

    1.1.1 Sua vida

    Joo Filgueiras Lima Lel nasceu no Rio de Janeiro, no Bairro do Encantado, e passou sua infn-

    cia na Ilha do Governador. Formou-se em Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro,

    em 1955, e trabalhou em vrios escritrios, inclusive no Instituto de Aposentados e Pensionistas

    Banqueiros (IAPB) do Rio de Janeiro.

    1 Embora Eco re ra-se a a escritores, a a rmao vale tambm para arquitetos.

    Joo Filgueiras Lima Lel

  • 30 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    Nesses anos, o Brasil vivia uma fase de renovao e de idias revolucionrias que estimularam

    o esprito nacionalista. Iniciada sob o governo do presidente Juscelino Kubitschek, a construo

    de Braslia, a nova capital brasileira, foi a principal ao com vistas ao desenvolvimento do pais

    e abertura de novas oportunidades para os jovens arquitetos, entre eles, Lel.

    Os trabalhos de construo da nova capital, localizada no centro-oeste, comearam em 1957. Em

    meio ao clima de euforia e otimismo inspirado pela pujana do projeto, Lel foi enviado a Braslia

    para participar da construo dos edifcios. Com pouca experincia e muita vontade, enfrentou

    todas as di culdades com que se defrontou na construo da nova cidade, idealizada por Lcio

    Costa e Oscar Niemeyer.

    No primeiro captulo da sua dissertao de mestrado intitulada: Joo Filgueiras Lima: O ltimo

    dos modernistas, Guimares (2002) retrata bem o incio da atuao de Lel, naqueles anos que

    marcaram fundo a historia do Brasil, assim como a vida pro ssional do jovem arquiteto:

    Pode-se dizer que a historia da vida pro ssional do arquiteto Lel foi

    sendo esboada concomitantemente s primeiras edi caes erigidas em

    Braslia. A oportunidade de participar de uma experincia de tal magnitude

    foi crucial para seu amadurecimento, pois a complexa realidade apre-

    sentada determinou que sua formao terica seguisse empiricamente,

    em funo do conhecimento prtico apreendido durante a execuo das

    obras (GUIMARES, 2003, p. 17).

    E mais adiante:

    Portanto, vale ressaltar que Braslia, para Lel, tem uma conotao mais

    concisa que a de uma simples conquista nacional. (...) A construo de

    uma nova capital representou o ponto de partida, pois, ao participar dessa

    histria, Lel conseguiu incorporar os conceitos de pr-fabricao que

    orientaram os projetos executados durante a criao do CEPLAN e tra-

    var um dilogo com os grandes mestres cariocas Lcio Costa e Oscar

    Niemeyer , aprendendo avidamente a decodi car o tipo de linguagem e as idias difundidas naquele dado momento (GUIMARES, 2003, p. 40).

    Lel acompanhou obras, foi responsvel tcnico, projetou e aos poucos transformou-se em pea

    fundamental da construo de grandes obras na nova capital. Mas um dos momentos signi cati-

  • 31Joo Filgueiras Lima Lel

    vos de sua carreira sua indicao por Oscar Niemeyer para o cargo de secretrio executivo do

    CEPLAN, Centro de Planejamento dos edifcios da Universidade de Braslia (UnB).

    De acordo com Guimares (2003, p. 17), o fato mais relevante vivido pelo arquiteto foi a sua

    participao na UnB, extinta com a revoluo de 64, mas cujas experincias realizadas at hoje

    se mantm presentes em sua memria e na sua obra.

    Lel encarregou-se de obras como a prpria sede do CEPLAN, um dos primeiros edifcios cons-

    trudos na UnB, com elementos pr-fabricados, tecnologia muito utilizada na poca pelos pases

    desenvolvidos. O CEPLAN visava conceber e projetar os edifcios da UnB dentro de um mesmo

    padro, adotando as normas urbansticas de Lcio Costa, alm de organizar o novo curso de

    arquitetura (GUIMARES, 2003, p. 24-25).

    O CEPLAN tinha por loso a promover a pesquisa e procurar novas tecnologias como a do

    pr-fabricado, para aplic-las nas construes de Braslia. Com esse intuito, Lel foi enviado

    Europa e Unio Sovitica, para conhecer mais sobre o assunto. Referindo-se a essa viagem,

    Lel a rma:

    Essa viagem que eu z em 1963 foi fundamental, porque, naquela po-

    ca, ns estvamos tentando montar, dentro da prpria Universidade, um

    sistema de produo de prdios industrializados em concreto pesado.

    Ento, eu fui com o objetivo de ver o que estava sendo feito nos paises

    mais desenvolvidos.

    Com o m da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Alemanha Oriental e

    grande parte do leste europeu caram completamente arrasadas. Todos

    aqueles pases tiveram que reconstruir tudo, inclusive habitaes, escolas

    e hospitais, que no tinham. Na dcada de 50, a Frana tambm teve

    problemas de reconstruo, e, a partir da, foram desenvolvidos proces-

    sos industrializados em concreto como o sistema Camus, que mais tarde

    foi incorporado por outros paises do mundo oriental. A UnB proporcionou

    essa viagem para que eu pudesse estudar l e analisar o que estava

    sendo feito em termos de pr-fabricao. Essa foi minha misso. (LIMA2

    , 2001 apud GUIMARES, 2003, p. 29)

    Considera-se que essa viagem marcou o comeo de sucessivas obras com caractersticas simila

    2 LIMA, J. F. (2001). Joo Filgueiras Lima: entrevista (janeiro de 2001). Entrevistadora: Ana Gabriella Lima Guimares, Salvador (Bahia) apud GUIMARES, A. G. (2003). Joo Filgueiras Lima: O ltimo dos modernistas. Dissertao. So Paulo: EESC-USP.

  • 32 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    res - coberturas com sheds, ventilao natural, jardins e outros dispositivos que se acredita sejam

    produto de um olhar arquitetnico amadurecido, resultado de sua visita a pases europeus.

    Na Europa, grandes mestres erguiam grandes obras. Arquitetos como Mies Van de Rohe, Le Cor-

    busier, Wright e Alvar Aalto so alguns dos nomes que podem ter inspirado e servido de referncia

    s posteriores obras do Lel3. Mas Fernando Minho, arquiteto que trabalhou com Lel no CTRS,

    acredita que Alvar Aalto sempre foi a principal: Ele sempre comentava as obras de Aalto (MINHO,

    2006). Ele destaca tambm que a importncia que Lel d ao desenho a mo e ao detalhamento

    de cada pea so das principais similaridades com a obra de Alvar Aalto.

    Entre outros arquitetos, Alvar Aalto tem slidos conceitos relativos ao conforto ambiental. Algumas

    de suas obras apresentam sheds e outros dispositivos que, embora formais, devem-se essencial-

    mente a aspectos climticos. A quantidade de luz natural que adentra o ambiente e o efeito da

    ventilao e dos jardins sobre os usurios so caractersticos da obra de Aalto e marcam tambm

    a produo arquitetnica de Lel.

    1.1.2 Lel e sua conscincia climtica

    Na visita Europa, Lel abstraiu a essncia das tecnologias que l se desenvolviam e, com um

    olhar consciente para a realidade social do Brasil - e de seu clima -, desenvolveu uma tecnologia

    prpria, adaptada ao pas:

    Essa experincia foi importante, mas no teve um papel decisivo sobre a

    minha formao; s quando voltei para o Brasil eu trouxe esses conhe-

    cimentos para tentar fazer uma fbrica na Universidade com jeito nosso,

    que no tinha nada a ver com aquelas. Existia apenas a apropriao

    daqueles aspectos tcnicos, mas utilizando espaos de acordo com o

    nosso clima, com a nossa questo social.

    No foi uma incorporao daquilo, tanto assim que os projetos que eu z

    depois em concreto apresentaram um resultado muito diferente do que

    havia l. lgico que, atravs de uma viagem dessa, eu tive a oportuni-

    dade de entrar em contato com experincias novas; o sujeito se enrique-

    ce, a menos que seja uma pessoa tapada para no se enriquecer com

    isso, pois o ser humano tem sempre o que aprender (LIMA4 , 2001 apud

    GUIMARES, 2003, p. 30).

    3 No Brasil, Lcio Costa e Oscar Niemeyer eram as principais referncias do jovem arquiteto, mas ele pode ter constitudo outras, a partir de sua viagem Europa, que digam respeito a sua preocupao com o conforto ambiental.

    4 LIMA, J. F. (2001). Joo Filgueiras Lima: entrevista (janeiro de 2001). Entrevistadora: Ana Gabriella Lima Guimares, Salvador (Bahia) apud GUIMARES, A. G. (2003). Joo Filgueiras Lima: O ltimo dos modernistas. Dissertao. So Paulo: EESC-USP.

  • 33

    Segundo Lel, na produo do concreto pr-fabricado, o clima um fator importante.

    Nos pases que visitei, o clima era um problema serissimo a ser enfren-

    tado durante a produo das edi caes, pois, com temperaturas muito

    baixas, no ocorre a reao de hidratao do concreto; esse processo

    retardado.

    Aqui, no Brasil, ns temos um clima extremamente ameno, que favorece a

    produo de concreto durante o ano inteiro, em que a reao de hidrata-

    o se faz normalmente e, quanto mais elevada for a temperatura, melhor.

    o lema do concreto. L eles eram obrigados a trabalhar em ambientes

    hermticos, fazer cura a vapor, porque, caso contrrio, no inverno, no

    se produzia nada. Ento, esses aspectos da organizao da indstria de

    concreto deles eram completamente diferentes do que ns propusemos

    na Universidade de Braslia; ns zemos pr-fabricao em canteiro.

    Eu visitei uma cidade chamada Boroslvia, na Tchecoslovquia, o nico

    lugar em que eu vi pr-fabricao em canteiro. Eles usavam grandes

    cpulas de lona fechada que aqueciam os ambientes, tornando-os apro-

    priados para fazer cura a vapor.

    J no Brasil, dependendo da proposta construtiva, no necessrio fazer

    cura a vapor, porque temos um clima tropical. A gente tem sempre que

    pensar na questo climtica.

    Eu vi na dcada de 60 muitas pessoas, inclusive no Rio de Janeiro, fa-

    zendo pr-fabricado de maneira equivocada. Elas adquiriram um pacote

    completo, eu achava aquilo uma loucura. Evidentemente, no podemos

    trazer todos os problemas da Europa para o Brasil; no d, diferente.

    O modelo que ns seguimos na UnB difere bastante daqueles adotados

    na Europa e Unio Sovitica (LIMA , 2001 apud GUIMARES, 2003, p.

    31).

    Embora Lel se re ra a in uncia do clima na produo do pr-fabricado, as preocupaes

    climticas fazem parte de sua loso a e, conseqentemente, de sua postura projetual5. Evidentes

    em todas as suas obras, assim como o conforto ambiental, essas preocupaes so ilustradas e

    analisadas nos hospitais da Rede Sarah.

    Lel considera o clima fundamental para a produo do concreto pr-fabricado, assim como para

    sistemas como os sheds e as galerias de ventilao em concreto pr-fabricado por ele desenvol-

    vidas. Acredita-se mesmo numa forte relao entre o pr-fabricado e os sistemas de ventilao

    5 Entende-se por postura projetual o posicionamento do arquiteto na tomada de decises. Na avaliao prvia, h que se decidir em funo das variveis climticas (temperatura, vento, insolao...) e das variveis ar-quitetnicas (tipo de material, implantao, zoni cao...), visando-se os sistemas estrutural e construtivo, o custo da obra e de sua manuteno etc

    Joo Filgueiras Lima Lel

  • 34 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    que Lel desenvolveu (galerias de ventilao, sheds), tendo-as conhecido ambas na Europa e

    adaptado ao clima brasileiro.

    A dissertao, Conforto ambiental e sustentabilidade na obra de Joo da Gama Filgueiras Lima,

    Lel: os hospitais da rede Sarah, Gislene Passos Ribeiro (2004) d sua contribuio para a pr-

    tica e o ensino de arquitetura no mbito espec co das obras hospitalares focalizando o conforto

    ambiental. Embora esse seja o nico trabalho que trata da ventilao e iluminao naturais, o faz

    apenas super cialmente.

    1.1.3 Concepo de projeto versus obras

    Um dos objetivos da arquitetura dar a mxima satisfao possvel s

    exigncias humanas sobre o conforto trmico, com base nos princpios do

    condicionamento natural. (...) As bases fundamentais do condicionamento

    devem estar presentes na idia original; integradas concepo desde

    o instante em que nasce o projeto. Fazer outra coisa seria simplesmente

    remendar, fazer menos ruim um edifcio (RIVERO, 1985, p. 141).

    Essa integrao a que se refere Rivero inerente ao raciocnio projetual de Lel, cuja preocupa-

    o com o conforto e a economia de energia so evidentes. A incidncia do vento e do sol so

    variveis importantes na concepo de seus projetos, ao mesmo tempo em que determinam o

    desenvolvimento dos detalhes de janelas, sistemas de aberturas, sheds e galerias de ventilao,

    entre outros. Em sua concepo, essa preocupao a diretriz para o desenvolvimento de cada

    um dos estgios e subsistemas de projeto.

    De modo geral, Lel constri obras de todo tipo - residncias, escolas, igrejas, equipamentos

    urbanos ou hospitais - que se caracterizam pelo desenvolvimento de sistemas construtivos ra-

    cionais e industrializados, com uso constante de pr-fabricados, que aceleram o processo de

    construo e minimizam os custos, ao mesmo tempo em que permitem a exibilidade e futura

    ampliao dos espaos edi cados. Guimares (2003, p. 186) destaca que talvez a maior con-

    tribuio dada por Lel histria da arquitetura contempornea resida nas conquistas obtidas

    no campo da industrializao da construo, evidenciadas nos modelos so sticados que aliam

    tecnologia de ponta a criatividade6 . Alm da importncia de Lel no campo da industrializao

    e sua conscincia ambientalista levantadas respectivamente por Guimares (2003) e por Ribeiro

    (2004), sua preocupao com o conforto ambiental outra caracterstica que merece destaque

    6 Guimares destaca tambm o comprometimento do arquiteto Lel com as questes brasileiras e seu papel de articulador frente aos organismos governamentais no sentido de fomentar projetos sociais, que atendam s necessidades da populao. Esse aspecto levantado por Guimares no capitulo 2.3: Por uma Arquitetura Social (1978 1991) da sua dissertao de mestrado.

  • 35

    g 1 disbrave

    e que tem sido o motivo pelo qual se vm desenvolvendo cada vez mais e melhores sistemas de

    iluminao e ventilao natural.

    Espaos iluminados e ventilados naturalmente, com ps-direitos amplos e dispositivos para re-

    fresc-los como as galerias de ventilao com nebulizadores e espelhos dgua, assim como a

    incorporao de jardins internos, so alguns dos recursos que Lel prope para gerar espaos

    mais humanizados, com poucos recursos arti ciais de climatao e, portanto, baixo consumo de

    energia. As coberturas com sheds, dispostas para aproveitar a luz e facilitar a ventilao natural

    dos espaos, uma das caractersticas mais marcantes e presentes desde suas primeiras obras,

    ainda em Braslia. So exemplos disso:

    Sede da Distribuidora Brasileira de Veculos DISBRAVE (1965-1985) DF

    Ao se referir cobertura dessa obra, a rma Guimares (2003, p. 60):

    Esses elementos podem ser de nidos como telhas auto-portantes, por

    recolherem e depois escoarem as guas pluviais pela fachada. Tambm

    podem ser chamados de painis tipo shed em Y, devido existncia de

    aberturas que favorecem a ventilao e a entrada de luz no interior dos

    recintos.

    Escolas transitrias (1982-1984)

    Joo Filgueiras Lima Lel

    Figura 1 DISBRAVE (1965-1985) DFFonte - Latorraca, 2000, p.42

  • 36 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    Uma das diretrizes de implantao desses projetos7 era a orientao do vigamento principal na

    direo norte-sul, para que os sheds, voltados para o sul, captassem os ventos dominantes e a

    penetrao da luz solar indireta.

    Hospital Distrital de Taguatinga (1968) DF

    Essa obra consagra-se como o pioneiro exemplar arquitetnico vultoso

    desenvolvido por Lel no campo hospitalar. uma experincia notvel,

    em que o arquiteto alia tecnologia e criatividade para obter resultados

    condignos dos novos padres de atendimento solicitados pelas conquis-

    tas da medicina. (GUIMARES, 2003, p. 64)

    Nos blocos horizontais, sheds pr-moldados em concreto, apoiados trans-

    versalmente ao longo das vigas, funcionam como elementos de cobertura

    que permitem a passagem de luz e de ventilao, atravs de pequenas

    aberturas. (GUIMARES, 2003, p. 67)

    Nesse hospital, j se vem os sheds que Lel passa a utilizar continuamente, at chegar aos

    desenvolvidos para a Rede de Hospitais Sarah, com p-direito maior e de estrutura metlica8. H

    ainda sistemas de sombreamento (brises), muito comuns suas obras.

    Essas peas verdes so brise-soleis xados nas caixas, que servem para

    controlar a incidncia de sol e tm a parte de vidro atrs. So janelinhas

    que se abrem normalmente, e os brises so peas basculantes de con

    7 No interior de Gois, construram-se varias escolas, com mo-de-obra local, utilizando um sistema de unidades construtivas desmontveis e extensveis, que, pela exibilidade dos ambientes, servissem a mltiplas atividades.

    8 Guimares destaca tambm o comprometimento do arquiteto Lel com as questes brasileiras e seu papel de articulador frente aos organismos governamentais no sentido de fomentar projetos sociais, que atendam s necessidades da populao. Esse aspecto levantado por Guimares no capitulo 2.3: Por uma Arquitetura Social (1978 1991) da sua dissertao de mestrado.

    Figura 2 Escolas transitrias - CorteFonte Latorraca, 2000, p.144.

  • 37

    creto de que se pode mudar a inclinao, para proteger os ambientes in-

    ternos da entrada do sol. (LIMA9 , 2001 apud GUIMARES, 2003, p. 68)

    Desde suas primeiras obras, Lel inclui coberturas pr-fabricadas e sheds orientados de modo a

    ganhar a luz do sol e ventilar naturalmente os espaos, suas principais caractersticas. Depois, foi

    incorporando jardins, espelhos de gua e sheds com p-direito maior, para aumentar o conforto

    nas edi caes.

    Graas a um alto desenvolvimento tecnolgico e a um profundo conhecimento das tcnicas

    de ventilao e iluminao naturais, na Rede Sarah que Lel obtm os melhores resultados.

    No Hospital Sarah Lago Norte, em Braslia, onde o clima quente e seco, usaram-se espelhos

    dgua, que, combinados com uma adequada ventilao, permitiram diminuir a temperatura em

    at 10 C no teatro do hospital.

    H sistemas inovadores como as galerias de ventilao, instaladas primeiramente no Sarah Salva-

    dor, que, graas refrigerao evaporativa gerada pelos nebulizadores (localizados nas bocas das

    galerias), refrescam e limpam o ar que passa por elas e que entra nas salas do hospital. Sistemas

    automatizados de controle solar como os propostos para o jardim coberto do Sarah Fortaleza e o

    forro de painis basculantes do novo Sarah Rio de Janeiro, entre outros sistemas de alto cunho

    tecnolgico, conferem a essa rede de hospitais uma identidade e ambincia diferenciadas, tor-

    nando-a importante referncia na arquitetura brasileira.

    Em todas essas obras, veri ca-se um grande avano tecnolgico relativo s solues de confor-

    to

    9 LIMA, J. F. (2001). Joo Filgueiras Lima: entrevista (janeiro de 2001). Entrevistadora: Ana Gabriella Lima Guimares, Salvador (Bahia) apud GUIMARES, A. G. (2003). Joo Filgueiras Lima: O ltimo dos modernistas.Dissertao. So Paulo: EESC-USP.

    hospital

    Joo Filgueiras Lima Lel

    Figura 3 Corte e Detalhe da DISBRAVE.Fonte - Guimares, 2002 p.67

  • 38 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    ambiental como as galerias de ventilao com nebulizadores, os sheds e os sistemas mecani-

    zados para controle solar, por exemplo, os brises do Sarah Fortaleza, que sero estudados no

    capitulo nal.

    1.1.4 Hospitais da Rede Sarah Kubitschek

    Antes de tudo, deve-se entender como surgiu essa importante rede de hospitais, que se destaca

    por seu inovador sistema de tratamento, conhecido como progressive care10 , em que o paciente

    vai mudando de sala conforme vai convalescendo, o que permite a melhora gradual tambm de

    seu estado psicolgico, mediante o tratamento com equipamentos e procedimentos mdicos

    espec cos, em ambientes adequados. justamente nesses ambientes que est o foco deste

    trabalho, mas interessante fazer-se uma anlise, do ponto de vista do conforto ambiental, que

    ilustre as vantagens dos sistemas concebidos por Lel para produzir sensaes agradveis nos

    pacientes e tambm nos funcionrios.

    A primeira experincia de Lel, no Hospital de Taguatinga, em 1967, sem dvida serviu-lhe para

    que encarasse com mais segurana o Sarah Braslia, primeiro hospital da Rede, construdo em

    1980. O convvio e a amizade que Lel passou a ter com o dr. Aloysio Campos da Paz, quando

    cou dois meses internado no Hospital, por causa de um acidente automobilstico sofrido com sua

    mulher, foram decisivos para equacionar essa nova forma de tratamento hospitalar.

    Lel conta que aprendeu muito sobre tratamentos, principalmente sobre os espaos de ortopedia,

    onde esteve internado. Ele discutiu muito sobre o funcionamento dos espaos de recuperao e

    10 Progressive care um atendimento de acordo com o estado clnico do doente, que inclui a criao de espaos adequados, disponibilidade de equipamentos e procedimentos mdicos espec cos para cada estgio de tratamento. Segundo Lel, uma inveno brasileira.

    Figura 4 Vista da DISBRAVE. Fonte - Guimares, 2002, p.67

  • 39

    de sioterapia e desenvolveu um grande conhecimento sobre os tratamentos de medicina hos-

    pitalar.

    Evidentemente, eu tinha que transferir, de uma certa maneira, a minha

    vivncia com esses mdicos para os projetos que eu zesse. O Hospital

    de Taguatinga j veio com a carga enorme dessa in uncia, no diria

    in uncia, mas uma forma diferente de ver o Hospital. Isso s foi se con-

    solidar na construo do Sarah Braslia. Isso tambm se deve ao convvio

    enorme com os mdicos, principalmente com Aloysio Campos, que era

    um deles. O Aloysio tambm foi quem propiciou toda essa revoluo que

    a gente fez. Eu acho que o Sarah Braslia foi uma revoluo no tratamen-

    to mdico, desde a forma de os mdicos atenderem, pois ainda hoje so

    acostumados a car no seu consultrio, espera do paciente. No entanto,

    o Sarah apresenta uma forma diferente e dinmica de o mdico atuar

    junto com o paciente, onde se observa o envolvimento de trs ou quatro

    mdicos numa s equipe para atender o mesmo paciente. uma coisa

    totalmente nova, principalmente para a poca. Ento, isso foi fruto dessa

    vivncia. lgico que jamais eu poderia ter aplicado todas essas coisas,

    se no fosse o esforo do Aloysio. A responsabilidade maior dessa atitude

    revolucionria quanto ao tratamento mdico dele. (LIMA11 , 2003 apud

    GUIMARES, 2003, p. 162)

    Embora as idias e os conceitos que caracterizariam a nova rede tenham sido bem estruturados

    entre Lel e o dr. Aloysio, essa nova concepo de hospitais teve o apoio nanceiro do gover-

    no.

    A rede Sarah, nanciada pelo Ministrio da Sade, nasceu de um plano

    elaborado por mim, Aloysio Campos da Paz, Eduardo Kertsz e Fernan-

    do Minho. A proposta consistia na criao do Hospital Sara Braslia, que

    funcionaria como principal centro de referncia do sistema, juntamente

    com os demais hospitais satlites. Mas a idia da Rede estava implcita

    desde a proposio do primeiro modelo, em Braslia. Pensvamos muito

    alm, pois ele seria uma espcie de clula-me. Portanto, a Rede se

    concretizou to-somente com a implantao dos hospitais de Salvador e

    de So Luis. (LIMA12 , 2003 apud GUIMARES, 2003, p. 172)

    Cabe destacar que, no Brasil, existem vrios modelos de hospitais, entre os quais est a Rede

    11 LIMA, J. F. (2003). Joo Filgueiras Lima: entrevista (abril de 2003). Entrevistadora: Ana Gabriella Lima Guimares, Salvador (Bahia) apud GUIMARES, A. G. (2003). Joo Filgueiras Lima: O ltimo dos modernistas.Dissertao. So Paulo: EESC-USP.

    12 LIMA, J. F. (2003). Joo Filgueiras Lima: entrevista (abril de 2003). Entrevistadora: Ana Gabriella Lima Guimares, Salvador (Bahia) apud GUIMARES, A. G. (2003). Joo Filgueiras Lima: O ltimo dos modernistas.Dissertao. So Paulo: EESC-USP.

    Joo Filgueiras Lima Lel

  • 40 UMA PESSOA, UMA CARREIRA = UMA CONSCINCIA...

    Sarah Kubitschek, com uma arquitetura singular, produto de uma loso a inovadora em matria

    de recuperao locomotora e de sade em geral. Na primeira parte do captulo 3, levantam-se

    alguns aspectos relativos forma, ao programa e evoluo dos hospitais, assim como algumas

    referncias histricas da rea hospitalar que se acredita terem in uenciado o arquiteto Lel. Ou-

    tros aspectos relativos Rede Sarah sero acrescentados no captulo 3.

    .

  • UM

    CLI

    MA

    , UM

    A C

    ON

    S+

    CI

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    A A

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    ET

    UR

    A...

    CA

    PT

    UL

    O 2

  • Si la arquitectura habr de tener re-

    levancia en el futuro, ser necesario

    cambiar las reglas arquitectnicas

    establecidas durante las ltimas d-

    cadas y tratar de entender como se

    puede proyectar con la naturaleza

    y no en contra de ella. Los edificios

    actuales, como los tradicionales,

    deben aprovechar las energas

    naturales del sol y del viento, in-

    corporadas a travs de su diseo

    arquitectnico (FOLEY, 1981 apud

    EVANS; SCHILLER, 1994, p.5). 2.1

    C

    LIM

    A E

    CO

    NF

    OR

    TO

    T

    RM

    ICO

    13

    13 FOLEY, G. (1981) The energy question (la problemtica energtica. Hormondsworth: Pelican Books apud EVANS, M.; SCHILLER, S. (1994). Diseno bioclimtico y arquitetura Solar. Buenos Aires: FADU-UBA.

  • 45Clima e conforto trmico

    2.1 CLIMA E CONFORTO TRMICO

    O condicionamento trmico natural a tcnica que estuda os mtodos para que o espao ha-

    bitado apresente as condies trmicas exigidas pelo ser humano, sem recorrer a nenhum tipo

    de energia prpria. Temos trs elementos principais: o meio, o homem e a envolvente (RIVERO,

    1985, p.13).

    Estudar o clima importante para entender os fatores externos que condicionam a edi cao e,

    dessa forma, propor dispositivos e solues arquitetnicas que propiciem um ambiente interno

    agradvel. Neste captulo, sero estudados os aspectos gerais sobre clima e as principais vari-

    veis que o determinam, tais como, vento, radiao solar, umidade e temperatura do ar, e as impli-

    caes dessas variveis na incorporao da ventilao e a iluminao natural em clima quente e

    mido. Ser analisada a maneira como esses aspectos re etem no conforto ambiental nas regies

    de clima quente-mido, clima caracterstico das cidades onde se localizam os hospitais em estudo

    - Sarah Fortaleza e Rio de Janeiro.

    Num segundo momento, sero estudados os aspectos pertinentes ventilao e iluminao

    naturais, e as conseqentes diretrizes arquitetnicas sugeridas para regies com clima quente

    e mido. Com o intuito de facilitar a compreenso deste trabalho, a Iluminao ser estudada

    separadamente da Ventilao natural. Posteriormente, em captulo que tratar da integrao da

    Iluminao e da Ventilao Natural - Clima x Arquitetura -, enumeram-se as diretrizes de projeto

    que devero ser consideradas para integrar os aspectos relativos iluminao e ventilao,

    no projeto arquitetnico. Destaca-se a importncia de estudar conjuntamente a ventilao e

    iluminao, para se obter um condicionamento natural, nos ambientes, que estimule psquica e

    sicamente seus usurios. Por meio da obra de Lel, pretende-se ilustrar a importncia de con-

    jugar as variveis luz e vento.

  • 46 UM CLIMA, UMA CONS+CINCIA = UMA ARQUITETURA...

    2.1.1 Clima

    Clima o conjunto de fenmenos meteorolgicos que determinam a atmosfera de um lugar

    especifico, no havendo duas zonas que tenham o mesmo clima, j que os parmetros que a

    determinam sempre apresentam valores diferentes (RIVERO, 1985, p.69).

    Cada tipo de clima atende a uma determinada classificao, produto de fatores tais como

    geografia, massas de ar, latitude, radiao solar, umidade relativa, temperatura do ar, entre

    outros. Dessa forma, a classificao climtica tem sido definida por diversos pesquisadores.

    Mello (1991, p.14) afirma que ao estudar o clima se deve, fundamentalmente, levar em conta

    dois aspectos:

    1. O carter dinmico do desenvolvimento dos fenmenos atmosfricos no tempo. No h dois

    climas rigorosamente iguais, visto que, a cada instante e a cada ponto da terra, a atmosfera

    apresenta uma combinao singular. O clima determina, portanto, uma srie de estados atmos-

    fricos (tempo), nas suas infinitas variaes e habitualmente sucessivos.

    2. As diversas escalas de abordagem climticas, necessrias hierarquizao dos fatos cli-

    mticos com os quais se pretende trabalhar. Nesse sentido, Montero, apud Mello (1975, p.15),

    define as categorias taxonmicas da organizao geogrfica do clima e suas articulaes com

    o clima urbano.

    Tabela 1: Categorias taxonmicas da organizao geogrfica do clima Fonte modificado de Monteiro (1975, p.136)

  • 47

    Destaca-se, na tabela 1, que os espaos urbanos ocorrem desde a ordem de grandeza IV e, a

    partir do espao climtico local, ocorre in uncia das alteraes provocadas pela atividade do

    homem.

    Ao realizar um determinado projeto, importante estudar o clima local, para ter uma referncia

    geral do clima na regio do projeto, mas tambm importante, a anlise do microclima relativo

    rea onde o projeto ser implantado. Dessa forma, trabalha-se com dados mais prximos do

    entorno. Mais adiante se tratar desse assunto mais detalhadamente.

    2.1.2 Elementos climticos

    Existem diferentes climas: clima tropical mido, clima tropical seco, clima sub-tropical e clima

    temperado, entre outros. Embora exista essa classi cao climtica para cada regio, encontra-

    se dentro de cada uma delas, outros fatores que geram variaes climticas ao se deslocarem ou

    subirem alguns metros. A combinao desses fatores, entre outros aspectos, provoca microclimas

    diferentes em setores de uma mesma regio.

    Rivero (1986, p.69), Olgyay (1998, p.32), Evans et al. (1994, p.29) e Serra (1999, p.7) a rmam

    que o clima est de nido pela conjugao de quatro parmetros: a temperatura do ar, a radiao,

    a umidade e o