DISSERTAÇÃO AMBIENTAÇÃO E IMAGEM: UM ESTUDO … · ambientação adequada da loja, bem como sua...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Coppead – Instituto de Pós-graduação e Pesquisa emAdministração
Mestrado em Administração
DISSERTAÇÃO
AMBIENTAÇÃO E IMAGEM: UM ESTUDO SOBRE AATRATIVIDADE DAS LOJAS PARA O CONSUMIDOR
JOVEM
Elisa Santos Bressan
Orientadora: Rebecca Arkader
Rio de Janeiro, R.J. – Brasil
Dezembro de 2000
iii
Bressan, Elisa Santos
Imagem e Ambientação: um estudo sobre a
atratividade de lojas para o consumidor jovem/ Elisa
Santos Bressan. Rio de Janeiro. COPPEAD/UFRJ, 2000.
viii, 105p. il.
Dissertação – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPEAD.
1. Marketing - Varejo. 2. Comportamento do
Consumidor. 3. Tese (Mestr. COPPEAD/UFRJ. I. Título
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer às professoras Ângela da Rocha e Rebecca Arkader
pelo acolhimento da proposta da dissertação e pelos ensinamentos dispensados
durante este trabalho. E ainda, à tranqüilidade e objetividade de sua orientação.
Agradeço às professoras Heloísa Barbosa Leite e Úrsula Wetzel pelo
carinho e pela ajuda em definir o tema desta dissertação.
Agradeço também a Domênica e Vanessa do Núcleo de Pesquisa em
Internacionalização de Empresas pela ajuda no tratamento das entrevistas. E aos
funcionários da biblioteca e da secretaria pelo apoio fornecido durante o mestrado.
Agradeço a meus pais pelas oportunidades que me deram ao longo da vida,
pelo apoio e pela torcida.
Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram na confecção deste
trabalho, especialmente às que participaram do estudo respondendo às
entrevistas e indo até as lojas.
v
RESUMO DA DISSERTAÇÃO
BRESSAN, Elisa Santos. Ambientação e Imagem: um estudo sobre a atratividade
das lojas para o consumidor jovem. Orientadora: Rebecca Arkader. Rio de
Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 2000. Dissertação. (Mestrado em Administração)
O estudo teve por objetivo investigar o papel da ambientação na definição
da imagem da loja e na criação de uma atmosfera agradável e prazerosa para a
realização da compra, visando auxiliar o varejo de moda com ferramentas que
podem contribuir para a atratividade das lojas e orientar as cadeias varejistas
sobre o papel que podem ter os elementos da ambientação para criar uma
atmosfera de compra agradável, bem como para estratégias de diferenciação e
segmentação.
As principais questões investigadas foram a correspondência entre imagem
e ambientação na percepção do consumidor e de que maneira cada elemento da
ambientação pode contribuir para a atratividade da loja e para a criação de um
ambiente confortável, que deixe os consumidores à vontade no momento da
compra.
A ambientação da loja parece ter grande importância para a percepção de
sua imagem pelas consumidoras.
Diversos elementos da ambientação parecem contribuir tanto para a
atratividade da loja, como é o caso da vitrine, de cores e roupas que compõem a
mesma, como para a percepção de bem-estar, conforto e prazer dentro da loja,
como é o caso da organização, facilidade de acesso às mercadorias, luz, som,
odor, elementos da decoração e, principalmente, vendedores.
O estudo foi conduzido por meio de uma pesquisa exploratória, realizada no
mês de agosto de 2000, utilizando uma amostra de conveniência constituída de 15
mulheres entre 20 e 30 anos, pertencentes à classe média alta e residentes na
Zona Sul de Niterói.
vi
ABSTRACT
BRESSAN, Elisa Santos. Ambientação e Imagem: um estudo sobre a atratividade
das lojas para o consumidor jovem. Orientadora: Rebecca Arkader. Rio de
Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 2000. Dissertação. (Mestrado em Administração)
This study aimed to analyze the role of the store environment in the
definition of the store image and its role in the creation of a pleasant atmosphere
for the buying process. It intends to contribute to fashion retailing providing a better
understanding of the attractiveness of stores and the role that the elements of the
store environment may have in creating a pleasant atmosphere of shopping and in
designing strategies of differentiation and segmentation.
The research questions were related to the association between store image
and store environment and how each of the elements of the store environment can
contribute to the attractiveness and to the creation of a pleasant store environment.
The store environment seems to have great importance in the perception of
the store image by consumers.
Certain elements of the store environment seem to contribute to the
attractiveness of the store, such as the window, with its colors and products. They
also contribute to the perception of well-being, comfort and pleasure in the
shopping experience, particularly the organization of the store, the easiness of
access to the merchandise, lights, sound, odors, the elements of the decoration,
and, most of all, the salespeople.
The research methodology consisted of qualitative interviews, during the
month of August, 2000, using a convenience sample of 15 women with the age
between 20 and 30 years old, residents in the South Zone of Niterói, state of Rio
de Janeiro.
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SUMÁRIO
1 O PROBLEMA 11.1 Introdução 11.2 Objetivos 21.3 Delimitação do Estudo 21.4 Relevância do Estudo 31.5 Definição dos termos 51.6. Organização do Estudo 5
2 REVISÃO DE LITERATURA 72.1 O que é moda? 72.2 O Varejo da Moda 122.3 Imagem da Marca e seus atributos 162.3.1 Construção da Marca 192.3.2 Comunicação da Marca 232.4 A Loja: espaço da decisão de compras 262.4.1 Imagem de Loja 282.4.2 Ambientação de loja 34
3 METODOLOGIA 423.1 Tipo de Pesquisa 423.2 Perguntas de Pesquisa 423.3 Escolha das Lojas 433.4 Seleção dos Sujeitos 433.5 Coleta de Dados 443.6 Tratamento dos Dados 463.7 Limitações do Método 46
4 Resultados 474.1 A loja como Experiência Sensorial 484.1.1 A percepção do Espaço: como a loja se organiza 484.1.2 A Percepção das Cores: o espetáculo das vitrines 554.1.3 Luz, Cheiro, Som: os elementos do cenário 584.1.4 A Experiência Tátil: tocar as roupas 63
viii
4.2 O Significado das Coisas 644.2.1 As Roupas como Elemento de Atração 654.2.2 As Roupas como Elemento de Definição do Estilo da Loja 654.2.3 As Roupas como Elemento de Identificação do Cliente da Loja 664.2.4 Os manequins 704.2.5 Outros Objetos 714.3 A Relação com as Pessoas 724.4 Outros Resultados Relevantes 784.4.1 Localização da Loja 784.4.2 A Visualização do Preço na Roupa 794.4.3 Cabines 804.5 Imagem da Loja 814.5.1 Imagem Percebida pelas Entrevistadas 814.5.2 Congruência entre os Elementos da Imagem 824.6 A Propensão a Comprar 84
5 CONCLUSÕES 895.1 Resumo do Estudo 895.2 Conclusões 935.3 Campos para Pesquisas Futuras 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 96
ANEXOS 101ANEXO 1: Questionário 102ANEXO 2: Roteiro das Entrevistas 103ANEXO 3: Perfil das Entrevistadas 104
1 O PROBLEMA
1.1 Introdução
O varejo tradicional encontra alguns desafios no que diz respeito a tornar o
momento de compra, nas lojas, uma experiência agradável para o consumidor. O
primeiro deles se relaciona com o crescimento de compras feitas de casa, via
internet e catálogos, por exemplo. Kotler (1999) coloca que a vendagem em lojas
cresce 2% ao ano, enquanto que as vendas diretas crescem ao ritmo de dois
dígitos.
Outro desafio diz respeito ao comércio informal, como feiras, camelôs e
autônomos, que não pagam impostos, tendo a oportunidade de apresentar ao
consumidor o atrativo de preços baixos. Um acréscimo a este último é o custo
para uma loja de estar presente nos shopping centers, o que dificulta a adoção de
preços baixos que possam competir com aqueles cobrados no comércio informal.
Para as cadeias de lojas pequenas, acrescenta-se o fato de grandes lojas
varejistas, como supermercados, obterem economias de escala e a conveniência
de oferecer uma ampla variedade de categoria de produtos.
Devido a esta problemática envolvida na venda em lojas, faz-se necessário
aos varejistas, tanto grandes como pequenos, desenvolver estratégias que
tornem agradável e atrativa a compra na loja, adicionando valor ao cliente a ponto
de fazê-lo deslocar-se até a loja, enfrentando alguns problemas presentes nos
centros urbanos, como o estacionamento, por exemplo.
Outra questão diz respeito aos desafios relacionados à imagem da loja.
Eles estão presentes quando é levado em consideração o grande número de lojas
existentes no mercado, lojas estas que, muitas vezes, permanecem
indiferenciadas na mente do consumidor. A imagem da loja pode desempenhar
2
um papel importante em sua diferenciação das demais, mais ainda se a
ambientação puder reforçar a imagem da loja na percepção do consumidor.
1.2 Objetivos
O presente estudo tem como objetivo analisar como a ambientação pode
influenciar a imagem da loja na percepção do consumidor jovem, bem como de
que maneira os elementos da ambientação podem contribuir para a criação de
uma atmosfera de compra agradável e prazerosa.
1.3 Delimitação do Estudo
Apesar de existirem outras fontes de atratividade para o consumidor, bem
como outras formas de reforçar determinada imagem de loja, como, por exemplo,
a propaganda, este estudo restringe-se à análise de elementos relativos à
ambientação e imagem da loja.
O tipo de loja a ser pesquisado será o segmento das lojas especializadas
ou boutiques voltadas para mulheres jovens das classes A e B. Outras categorias
de varejo da moda, como lojas de departamento, lojas de desconto e mail-orders,
não serão analisadas.
3
1.4 Relevância do Estudo
As mudanças que vêm ocorrendo no setor varejista nacional impulsionam
as empresas brasileiras a buscarem novas formas de obter vantagem competitiva.
Dentre estas mudanças estão: a entrada no mercado de empresas estrangeiras,
maior conscientização do consumidor quanto a seus direitos e seu poder junto
aos varejistas, bem como a atuação melhor estruturada de órgãos de defesa do
consumidor.
Com relação ao fenômeno da internacionalização do varejo, trata-se de
grandes cadeias internacionais se estabelecendo no Brasil, cadeias que, por sua
vez, trazem inovação em seus processos e na estrutura das lojas, alto poder de
barganha junto aos fornecedores e saúde financeira para a realização de
investimentos que se façam necessários. Tais fatores fazem com que estas
empresas sejam fortes competidores, tendo as empresas brasileiras que se
preparar para lidar com esta nova concorrência.
Além disso, o consumidor, atualmente, vem se tornando mais consciente
de seus direitos e poder junto aos varejistas, o que os torna mais exigentes, de
modo que as lojas devem estar preparadas para atender às necessidades deste
novo consumidor para estar bem posicionadas no cenário competitivo. Tal fator se
torna ainda mais crítico para o sucesso da empresa se levados em conta os
órgãos a que o consumidor pode recorrer em caso de problemas, como o
PROCON, por exemplo.
Devido ao acirramento da concorrência e à necessidade de se tornar
diferenciada na mente do consumidor, atendendo a suas necessidades, a
ambientação adequada da loja, bem como sua imagem, podem contribuir de
forma significativa para a atratividade exercida pela loja e, em decorrência, para a
obtenção de vantagem competitiva.
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Referindo-se à expansão do varejo no mercado norte-americano, Underhill
(1999) observou que:
“... há um perigoso excesso de oferta varejista – produtos demais à
venda através de pontos de vendas excessivos. A economia, mesmo
fortalecida, não consegue acompanhar o crescimento do varejo. A julgar
pelas taxas de natalidade, estamos gerando lojas bem mais rapidamente
do que produzindo novas gerações de clientes. Os varejistas já não
estão abrindo lojas nos Estados Unidos para suprir novos mercados.
Estão abrindo lojas para tentar roubar os clientes dos outros”. (p. 33)
“Muitas decisões de compras são tomadas, ou podem ser
fortemente influenciadas, no recinto da própria loja. Os fregueses são
suscetíveis a impressões e informações adquiridas nas lojas, em vez de
basear as compras tão-somente na fidelidade à marca ou na
propaganda”. (p.34)
A relevância deste estudo está em contribuir para as teorias de Marketing e
de Varejo, principalmente nos campos de desenvolvimento de estratégias de
diferenciação e intimidade com o cliente, dentro do contexto brasileiro.
Além disso, pode contribuir para as cadeias de lojas varejistas,
principalmente o varejo de moda, que será o objeto de estudo desta dissertação,
com ferramentas que possam ser utilizadas para tornar o momento da compra
agradável para o cliente, bem como utilizar elementos da ambientação para atrair
o cliente para as lojas.
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1.5 Definição dos termos
O termo ‘ambientação da loja’ é utilizado para designar tanto aspectos
tangíveis do ambiente da loja, como layout, decoração, música, aroma e
atendimento, quanto aspectos intangíveis, como a atmosfera da loja.
O termo personalidade de loja é considerado equivalente à imagem de loja,
podendo estes ser usados de indiferentemente.
1.6 Organização do estudo
O presente trabalho contém cinco capítulos organizados da seguinte
maneira: o primeiro consiste em uma introdução ao tema tratado, o segundo, em
uma revisão da literatura, o terceiro descreve a metodologia de pesquisa, o quarto
apresenta os resultados obtidos e o quinto as conclusões e recomendações.
No primeiro capítulo é realizada uma introdução ao tema da pesquisa, o
objetivo do estudo é apresentado e o escopo do mesmo traçado. É analisada sua
relevância teórica e prática, são definidos os termos para o bom entendimento e é
feita a delimitação do mesmo.
No segundo capítulo, a literatura especializada sobre o varejo da moda e
suas categorias é revisada, bem como sobre imagem e construção das marcas.
Além disso, estudos sobre a loja como um local privilegiado para a decisão de
compra, levando em conta atributos da ambientação, bem como componentes da
imagem da loja são revisitados.
6
O terceiro capítulo trata da metodologia utilizada para a realização do
estudo, onde é determinado o grupo de consumidores analisados e são descritos
os procedimentos de pesquisa realizados.
O quarto capítulo apresenta os resultados obtidos na pesquisa.
Finalmente, o último capítulo apresenta um resumo do estudo, as
conclusões a que se chegou e sugestões de campos para futuras pesquisas.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
O presente capítulo trata, inicialmente, de uma revisão da literatura
especializada sobre o varejo da moda, os tipos de loja encontrados e o conceito
“moda”. Em um segundo momento, o tema de imagem da marca é discutido,
sendo descrita a opinião de teóricos sobre construção da marca, atributos da
imagem e comunicação da marca. Finalmente, são revistos estudos de autores
especializados sobre imagem, personalidade e ambientação de loja.
2.1 O que é Moda?
“Moda – uma palavra complexa. Significando glamour e excitação
para muitos; criatividade e oportunidade de negócio para poucos. Para
alguns sugere um mundo de fantasia – um mundo de designers,
modelos, e roupas caras. Para estas pessoas "moda” é freqüentemente
indefinível – algo misterioso e ilusivo, algo não relacionado realmente a
eles.
Mas a palavra moda pode ser claramente definida. Ela tem
significados concretos e específicos. Moda significa aceitação. Ela é um
negócio orientado para o marketing que requer inovação. Ela significa
imitação e, ao mesmo tempo, é arte”. (De Paola e Muller, 1986, p. 2)
O termo “moda” está definido no dicionário como sendo o “1. Uso corrente.
2. Forma atual do vestuário. 3. Fantasia, gosto ou maneira como cada um faz as
coisas. ...6. Variações contínuas de pouca duração que ocorrem na forma de
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certos elementos culturais (indumentária, habitação, fala, recreação etc)”.
(Michaelis, 1998, p.1394).
Poderia também ser definido como “uso passageiro que rege, de acordo
com o gosto do momento, a maneira de viver, vestir etc./ Fantasia, gosto, maneira
ou modo segundo o qual cada um faz as coisas”. (Novíssima Enciclopédia Delta-
Larousse, 1982, p. 1363).
De Paola e Muller (1986) definiram o conceito através de cinco dimensões:
aceitação; negócio; inovação; imitação e arte.
Para que uma determinada roupa ou acessório estivesse na moda seria
necessário que se enquadrasse em um estilo dominante em determinado
momento no tempo, aceito por um grupo de pessoas. Seria importante salientar
que diferentes modas poderiam estar em voga em um mesmo período de tempo,
o que seria possível devido à existência concomitante de diferentes grupos
sociais.
A moda também poderia ser considerada como negócio pois o consumidor
que se utilizasse de determinado artigo que estivesse na moda deveria comprá-lo
e, dependendo do valor das transações no setor, poderia ser bastante lucrativo
para o vendedor.
Outra característica apontada foi a de inovação. A moda seria “perecível”.
Algo que estivesse na moda em determinado mês, no outro poderia ser
considerado fora de moda. Os consumidores achariam monótono usar um mesmo
tipo de roupa, partindo, desses mesmos consumidores, a demanda por constante
inovação. Alguns autores acusariam a indústria da moda de planejar a
obsolescência para que novos produtos fossem introduzidos no mercado e novas
compras fossem realizadas. De qualquer modo, a indústria da moda possuiria
importância econômica por transformar matérias-primas em produtos finais,
movimentar receitas e gerar empregos.
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Para que uma moda fosse considerada um sucesso deveria ser imitada,
produzida para e comprada pela massa. Embora a imitação fosse um processo
inerente à moda, não se seguiria que todos devessem se parecer. Isto porque a
indústria fabricaria suficientes variações e haveria diversas interpretações de
determinado estilo para que a diferença, ou toque pessoal, fossem introduzidos.
De uma perspectiva histórica, seria natural que a moda européia fosse imitada
pelos países da América. Este processo estaria em mudança, sendo que os
inovadores e os imitadores poderiam ser de diversos países, apesar da existência
dos centros da moda, como Paris, Milão, Nova Iorque, Tóquio e São Paulo, por
exemplo.
Finalmente, moda também significaria arte, com relação tanto àqueles que
participam do processo de criação, aplicando cores, texturas e design ao seu
trabalho, quanto ao consumidor, quando escolhe as combinações de peças, ou
define o estilo que vai usar. Não seria à toa que coleções de moda por vezes
fossem expostas em museus como o New York’s Metropolitan Museum of Art’s
Costume Institute.
Segundo Souza (1987), a moda poderia ser encarada através de diversos
pontos de vista: sociológico, psicológico, estético etc. Ela serviria à estrutura
social, marcando a divisão de classes; seria um instrumento de expressão da
individualidade e afirmação pessoal, ao mesmo tempo em que afirmaria o
indivíduo como membro pertencente a um grupo; seria também instrumento de
diferenciação entre os sexos, marcando a divisão sexual da sociedade. A moda
seria um fenômeno presente apenas em certas épocas, em determinadas
sociedades, não sendo, portanto, universal.
A partir de mudanças políticas, sociais e econômicas ocorridas na história
da humanidade a moda se desenvolveria e se modificaria. Por exemplo,
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“...é no séc. XIX, quando a democracia acaba de anular os
privilégios de sangue, que a moda se espalha por todas as camadas e a
competição, ferindo-se a todos os momentos, na rua, no passeio, nas
visitas, nas estações de água, acelera a variação dos estilos, que
mudam em espaços de tempos cada vez mais breves.” ( Souza, 1987,
p. 21)
As mudanças da moda decorreriam de transformações vastas e completas,
no modo de ser, sentir e pensar de uma sociedade e dependeriam da cultura e
ideais de uma determinada época. (Souza, 1987).
Durand (1988) observou que através da roupa há um processo de
comunicação e identificação. A roupa comunicaria e identificaria o indivíduo como
pertencente a uma classe social, a determinada faixa etária e a determinado sexo,
sendo, portanto, “um classificador instantâneo de indivíduos em hierarquias
sociais.” (p.11). Indicaria também em que momento da vida estaria um indivíduo
no interior de um grupo, ou da vida de um grupo inserido em uma sociedade.
Poderiam servir da mesma forma para dissimular todas estas classificações,
como é o caso, por exemplo, das fantasias de carnaval.
O autor colocou que as roupas sempre fariam parte da cultura humana,
havendo um ‘sistema de vestuário’ dentro de cada grupo social. Assim como
Souza (1987), ele também afirmou que a moda, no que tange principalmente à
vestimenta, foi se modificando através da história das sociedades de acordo com
as alterações políticas, sociais e econômicas, servindo, então, como meio de
distinção dos sexos, desde o momento em que as vestimentas femininas se
diferenciaram das masculinas; identificação de grupos sociais, através da
distinção entre o vestuário da nobreza e do povo, ou mesmo da burguesia e da
classe operária; constituindo cada um destes um subsistema atrelado às
hierarquias de privilégios e prestígio.
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De acordo com Lipovetsky (1989), seria a generalização do processo de
moda que definiria a sociedade de consumo, como sendo aquela em que regem a
lei da obsolescência, da sedução e da diversificação. A produção e o consumo
dos objetos seriam governados pela regra do efêmero. O processo da moda
caracterizaria a economia dos tempos atuais, no sentido de que despadronizaria
os produtos, multiplicaria as escolhas e opções e se manifestaria em políticas de
linhas, propondo uma ampla gama de modelos e versões construídos a partir de
um elemento-padrão. Seria um modelo ordenado pelo sistema das micro-
diferenças.
Este autor discordou de que a função principal da moda seria a de ser um
instrumento de discriminação social e de competição nos tempos atuais. Para ele
o que se buscaria seria menos uma diferença social do que a de “uma satisfação
privada cada vez mais indiferente aos julgamentos dos outros” (p.172). Ele
observou que o elemento de discriminação social estaria mais presente no
consumo prestigioso de artigos de luxo. Mas, com relação ao consumo de massa,
a moda marcaria uma época de individualismo, utilitarismo e funcionalismo.
“Com o reino das imagens heterogêneas, polimorfas, multiplicadas,
sai-se do primado da lógica de classes; é a era das motivações íntimas e
existenciais, da gratificação psicológica, do prazer para si mesmo, da
qualidade e da utilidade das coisas que assume o posto”. (p.174)
As rivalidades hierárquicas possuiriam um papel secundário em relação ao
apelo das significações imaginárias presentes em todas as classes sociais.
A economia-moda, através do culto ao novo, do espírito de curiosidade, da
falta de apego às normas e aos comportamentos tradicionais, fez surgir um novo
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agente social, o indivíduo-moda, de personalidades e de preferências lábeis, sem
laços profundos e extremamente móvel.
2.2 O Varejo de Moda
O varejo de moda se caracteriza por diferentes tipos de loja que podem ser
classificadas, segundo Frings (1987), de acordo com a sua localização; suas
operações, seu tamanho e o número de lojas estabelecidas. Com relação à
localização, as lojas podem ser estabelecidas em shopping centers ou em certas
áreas da cidade, que se tornam famosas por serem uma região de compras. Com
relação às operações, podem ser divididas em: lojas de departamento, lojas
especializadas, lojas de desconto e mail-orders.
As lojas de departamento se caracterizariam por apresentar diversos tipos
de mercadoria separados em diferentes departamentos. A maioria delas possuiria
uma grande seleção de mercadorias a diferentes faixas de preço.
As lojas especializadas ou boutiques seriam aquelas que apresentassem
uma categoria de produto (roupas) ou categorias relacionadas de mercadorias de
moda (acessórios, sapatos etc). Geralmente seriam projetadas para atender a um
segmento específico do mercado, oferecendo um serviço customizado, e
mercadorias únicas e específicas para o gosto do segmento de clientes atendido.
As lojas de desconto se caracterizariam por oferecer poucos serviços e
mercadorias voltadas para o mercado de massa a um preço mais baixo. Seriam
altamente promocionais, enfatizando o preço baixo em sua propaganda. Estas
lojas poderiam oferecer produtos de moda a um preço mais baixo porque
comprariam de seus fornecedores em grandes quantidades, estabeleceriam
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menores margens de contribuição, ou porque venderiam mercadorias da estação
que já passou.
As mail-order estariam em diferente posição no mercado, por venderem
apenas através de catálogos, telefone, ou e-mail.
É importante salientar que um mesmo grupo empresarial poderia possuir
diversos tipos de loja, algumas vezes as distinguindo por marcas diferentes.
No que diz respeito ao tamanho, as lojas podem ser pequenas ou grandes,
sendo que cada um destes tamanhos apresentaria características organizacionais
distintas.
As pequenas lojas, geralmente, ofereceriam um serviço personalizado a
seus clientes, possuiriam um pequeno número de vendedores e seriam
administradas pelo seu dono. Possuiriam um estoque menor, o que permitiria
maior flexibilidade para se adaptar às mudanças geradas pela moda. Os displays
também poderiam ser mudados com facilidade, criando uma nova e diferente
aparência para os clientes.
Nas grandes lojas, uma equipe de executivos se responsabilizaria por
diferentes funções na direção da cadeia de lojas ou grupos de lojas de
departamento. A comunicação entre os executivos de diferentes áreas seria um
fator-chave para o sucesso do empreendimento. Nestas lojas as mercadorias
seriam segmentadas por departamento e o pessoal de compras se esforçaria por
prover a loja com mercadorias que estivessem de acordo com as necessidades
de seus clientes.
Finalmente, de acordo com o número de lojas estabelecidas, existiriam os
formatos de apenas uma loja, ou de um conjunto de lojas na forma de cadeia ou
de grupos.
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Na forma de cadeia de lojas, geralmente, a imagem da loja seria uniforme e
a cadeia possuiria um escritório central. Já os grupos de lojas de departamento se
caracterizariam por possuir uma matriz, de onde a mercadoria seria distribuída,
sendo o ponto central do grupo, e algumas filiais, que contariam com uma
variedade mais restrita de mercadorias.
Diamond (1993), por sua vez, apresentou algumas classificações de lojas
de moda além das referidas por Frings (1987).
Esta autora distinguiu as boutiques das lojas especializadas. As boutiques,
seriam caracterizadas por serem lojas pequenas e oferecerem uma quantidade
limitada de artigos de moda a um preço alto. As mercadorias oferecidas nestas
lojas seriam de grande qualidade que não estaria disponível nas cadeias de lojas
especializadas típicas, nem nas lojas de departamento. Algumas destas boutiques
fariam roupas sob medida para seus clientes, e teriam em seu mix produtos e
acessórios únicos. Geralmente, apenas uma loja seria estabelecida no mercado.
Diamond (1993) também definiu categorias de loja criadas por lojas de
departamento em seu processo de expansão para várias localidades. Seriam as
branch stores e as twig stores. As branch stores se caracterizariam por versões
menores da loja de departamentos original em áreas de subúrbio. Cada loja teria
a representação de mercadorias da loja de departamentos, com pequenos ajustes
às necessidades da comunidade local. As twig stores seriam um tipo de loja que
venderia apenas uma classe específica de mercadorias, em locais onde uma loja
com toda a linha de mercadorias seria desnecessária.
Outra categoria de loja, segundo esta autora, seriam as lojas
especializadas de fabricantes de moda, que consistiriam em lojas organizadas
para a exposição de coleções exclusivas de designers ou fabricantes. Algumas
destas lojas possuiriam produtos vendidos a um preço regular e seriam orientadas
para o serviço. Localizar-se-iam em malls e nos centros das cidades.
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As franquias e licenças também foram descritas por Diamond (1993) como
o investimento de alguns indivíduos em companhias já estabelecidas. As
franquias teriam a vantagem de envolver menores riscos, pois já existiria uma
marca estabelecida, bem como com uma reputação de loja já formada. A
diferença entre a franquia e a licença seria que o primeiro tipo exigiria uma taxa
inicial a ser paga ao franqueador e o segundo tipo, não.
Por último, existiriam os vendedores em mercados abertos que consistiriam
em grandes arenas de vendas localizadas em estacionamentos de drive-in ou de
corridas, quando estes não estivessem em funcionamento, ou em terrenos não
ocupados. Geralmente, funcionariam em tempo parcial e em alguns dias da
semana. A mercadoria oferecida nestes mercados incluiria acessórios, roupas e
sapatos da moda, além de produtos oferecidos por estilistas conhecidos. Seriam
centradas em preços baixos e descontos.
Hornik (1999) acrescentou características no que diz respeito às boutiques.
Segundo esta autora, as boutiques tenderiam a ter um design único, sendo mais
inventivas, inovadoras, além de que possuiriam a vantagem de um atendimento
personalizado.
De acordo com a National Retail Federation, as lojas de departamento e as
lojas especializadas não teriam condições de competir com as lojas de desconto
através do preço. O foco competitivo destas lojas seria, então, geralmente
baseado na qualidade dos produtos e serviços oferecidos e na apresentação de
roupas e acessórios da estação. As lojas com uma imagem de moda forte, cujo
nome fosse bastante conhecido pelos consumidores, com campanhas
publicitárias eficazes, teriam um grande apelo junto ao público, sendo
consideradas como lojas de referência para o mesmo. (VALUE..., 1985)
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2.3 Imagem da Marca e seus Atributos
Como uma cadeia de lojas é identificada por um nome, nome este que se
constitui em uma marca, é importante que teorias desenvolvidas a respeito de
marca sejam abordadas neste trabalho.
A utilização de símbolos e signos para a facilitação da comunicação e das
relações entre pessoas, e das pessoas com os objetos do mundo, existe desde
tempos remotos da civilização. Na Idade Média, os brasões, cruzes e bandeiras
eram utilizados para representar famílias, instituições etc. Após a Revolução
Industrial desenvolveu-se a trademark, que tinha o objetivo de comunicar a
procedência e a responsabilidade sobre o produto. (Russo, 1997).
A primeira marca moderna surge em meados do séc. XIX, nos Estados
Unidos, quando o Sr. Harley Procter decidiu que precisava diferenciar seu sabão,
dos demais produzidos pela concorrência, estabelecendo uma marca para seu
sabão, a Ivory, que comunicava aos potenciais compradores sua origem e
qualidade. A partir deste momento, as marcas começaram a desenvolver-se,
assumindo um novo papel no relacionamento com o consumidor, gerando
relações de confiança e cumplicidade (Russo, 1997).
Segundo Russo (1997), a marca possuiria um valor positivo quando
agregasse valor ao consumidor, ou seja, quando este percebesse que o benefício
oferecido pela marca fosse maior do que o custo de aquisição da mesma. O valor
agregado, objetivado através dos benefícios e imagem da marca, seria sempre
comparado ao valor oferecido pela concorrência.
As marcas de valor possuiriam sua parcela de contribuição na geração de
lucros, no que diz respeito a volume de vendas; agregariam valor patrimonial à
empresa, pelo valor que passassem a ter no mercado; e manteriam e ampliariam
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o market share, defendendo a posição da empresa frente à ameaça de
concorrentes ou novos entrantes no mercado. (Russo, 1997).
Além disso, poderiam funcionar como instrumento de diferenciação frente à
concorrência em um ambiente onde a disponibilidade de informação facilitaria a
imitação, principalmente, das operações e logística da empresa. As marcas
facilitariam também as relações com os consumidores, fornecedores, governo,
imprensa etc., pois marcas fortes teriam um bom apelo no mercado, sendo
respeitadas pela comunidade em geral.
Russo (1997) ainda dividiu o potencial da marca em valor presente, que
seria o prestígio que a marca possuísse em um dado momento, resultante da
relação com os consumidores e da lembrança que estes tivessem da marca; e
valor futuro, que se referia à vitalidade da marca, resultante do prestígio que
conquistou e da distinção que conseguiu atingir no mercado.
Segundo Rocha e Christensen (1999), a marca seria associada a dois
conceitos: a essência e a identidade da marca. A essência se referiria aos
atributos que os consumidores percebessem como principais. A identidade seria a
alusão que determinados símbolos e sinais fizessem à marca.
A marca, para os autores, teria como função principal a identificação do
produto diante do consumidor, sendo ela, mais ou menos importante de acordo
com o momento da percepção do benefício gerado pelo produto ou serviço. Se
este benefício pudesse ser percebido no momento da compra, a marca seria
menos importante do que no caso em que a percepção se desse após a compra.
As marcas poderiam ser classificadas em quatro categorias, que seriam
função de como esta se relaciona com os consumidores. São elas: marcas de
excelência, que se refeririam aos produtos ou serviços que possuíssem um
desempenho notável e, por isto, inspirassem confiança; as marcas de identidade
com as quais o consumidor se identificaria através de sua personalidade ou estilo
18
de vida; marcas de aventura, que estariam na ponta de inovações tecnológicas e
mudanças sociais; e marcas ícones, que estão em conformidade com alguma
fantasia ou sonho dos consumidores. (De Chernatony, 1996).
Russo (1997) enumerou algumas propriedades da imagem da marca. Ele
colocou que a marca deveria ser inconfundível, memorável, acessível, desejável e
expansível.
Em relação a ser inconfundível, significaria que ela deveria ter
personalidade forte, diferenciada da concorrência e deveria ter apelo a todas as
dimensões da percepção. O fato de ser memorável incluiria tanto o conhecimento
e reconhecimento (tangível e intangível) da marca pelo segmento que
pretendesse atingir, quanto a facilidade em ser lembrada. Com relação à
acessibilidade, a marca deveria fazer parte do cotidiano de seus consumidores,
bem como eles deveriam perceber que poderiam adquiri-la. Para ser desejável
precisaria ser reconhecida como importante e atraente pelo consumidor e
prometer alguns benefícios pertinentes ao seu contexto, estabelecendo uma
relação racional e emocional com a marca. Finalmente, no que se refere ao fato
de ser expansível, a marca deveria transpor as barreiras do tempo e de diferentes
mercados, preservando sua atratividade e apelo, independentemente de
mudanças no macroambiente.
Martins (1995) apresentou alguns atributos da imagem diferentes dos
relacionados por Russo (1997). Ele dividiu os atributos da imagem em três
dimensões: funcional, conceitual e emocional.
A dimensão funcional trataria das expectativas do consumidor com relação
à performance do produto, ou seja, o que ele poderia esperar em termos de sua
funcionalidade. Já a dimensão conceitual se referiria à segmentação conceitual
percebida pelo consumidor, os conceitos que estivessem ligados à marca na
mente do consumidor, e com qual segmento de consumidores ela estaria se
comunicando. A dimensão emocional, segundo ele, seria a dimensão com poder
19
de gerar maiores lucros, pois sugeriria o sentimento positivo do consumidor por
determinadas marcas, que faria com que ele estivesse disposto a pagar mais por
elas. Esta última dimensão seria importantíssima no que tangesse à fidelização
do cliente.
Para ele, todas as grandes marcas do mundo teriam sua imagem
emocional bem definida. Por exemplo, Coca-Cola estaria relacionada à emoção,
alegria e espontaneidade; Malboro à liberdade, domínio sobre o seu território,
dentre outras.
Já Grewal, Krishnan, Baker e Borin (1998) chamam atenção para o fato de
que em um ambiente onde o consumidor tivesse que realizar escolhas entre
muitas opções disponíveis, um nome forte e uma imagem da marca conhecida
por ele tenderiam a reduzir a ansiedade no momento da compra. Além disso, uma
experiência positiva com determinada marca reduziria o efeito do preço na
avaliação do consumidor.
2.3.1 Construção da marca
Muitos estudos têm sido desenvolvidos analisando a importância da
construção estratégica da imagem da marca.
Kotler (1999) enumera os principais passos no desenvolvimento de uma
marca forte em dois grandes títulos: desenvolvimento da proposta de valor e
construção da marca. O desenvolvimento de uma proposta de valor se referiria a
quatro etapas envolvidas na escolha de um posicionamento. A primeira destas
etapas seria a escolha do posicionamento amplo para o produto, que se traduziria
20
na escolha por determinada estratégia competitiva. Com relação a esta primeira
etapa, ele lançou mão de dois modelos: o de Porter e o de Treacy e Wiersema.
Segundo o modelo de Porter (1980) a empresa deveria escolher entre três
estratégias competitivas: liderança em custo, que se basearia em ter os custos
mais baixos de sua indústria; diferenciação, referente à oferta de benefícios
singulares ao consumidor; e enfoque, que diz respeito ao atendimento de
necessidades de determinado grupo de consumidores que não estariam sendo
atendidas pelas outras empresas do mercado.
Segundo o de Treacy e Wiersema (1994), a empresa deveria escolher
entre obter liderança em produto, inovando sempre na criação de produtos que
não estivessem disponíveis no mercado; ser operacionalmente excelente,
focando sua atenção nos processos envolvidos na confecção do produto ou
serviço; ou ser íntima do cliente, se centrando em aspectos do contato da marca
com o cliente, buscando tornar estes momentos o mais agradável possível.
A partir das estratégias genéricas apresentadas por Porter (1980) e Treacy
e Wiersema (1994), a empresa deveria fazer uma escolha estratégica. Tal
escolha orientaria a forma pela qual as decisões de marca viriam a ser tomadas
nas etapas posteriores.
A segunda etapa se referiria à escolha de um posicionamento específico
para o produto ou serviço em termos de comunicar seu benefício principal.
Algumas fontes possíveis de um posicionamento específico seriam: o
posicionamento por atributo, que se centraria em determinado aspecto que
diferenciaria o produto dos demais; posicionamento por benefício, focalizado no
benefício que este prometesse; posicionamento por uso ou aplicação, que se
referiria ao benefício contido na utilização do produto; posicionamento por
usuário, voltando o produto para algum segmento do mercado explicitamente;
posicionamento contra concorrente, que se centraria na diferenciação ou
superioridade com relação à concorrência; posicionamento por categoria,
21
colocando-se como líder na categoria; e posicionamento por preço ou qualidade,
que se centraria no preço ou na qualidade como benefício principal.
A terceira etapa se relacionaria ao posicionamento de valor, que
estabeleceria um preço pelos benefícios anunciados pela marca. Algumas
possibilidades seriam encontradas aqui. Uma delas seria o posicionamento em
que a empresa oferecesse sofisticação e qualidade a um preço alto (mais por
mais). Outro tipo seria quando a empresa oferecesse a mesma qualidade e
sofisticação por um preço menor que o da concorrência (mais pelo mesmo). Um
terceiro posicionamento de valor possível seria o oferecimento de marcas
consagradas a um preço mais baixo que o normal, como acontece em algumas
lojas de desconto (o mesmo por menos). Ainda existiria o posicionamento
centrado em oferecer menos benefícios a um preço muito menor que os da
concorrência (menos por muito menos). E finalmente, o posicionamento que
costuma ser utilizado por líderes de categorias, que se refere ao oferecimento de
um maior sortimento de produtos por um preço menor que os da concorrência
(mais por menos). Este é o caso da Toys ‘R’ Us, uma loja de brinquedos dos
Estados Unidos, que oferece um grande sortimento de brinquedos a preços
baixos.
Finalmente, a quarta etapa seria o desenvolvimento de uma proposta de
valor total, que relacionaria os benefícios tangíveis e intangíveis oferecidos pela
marca como custo total para o consumidor (esforço, tempo gasto para adquirir o
produto, preço etc.).
Após o desenvolvimento de uma proposta de valor, entraria em cena a
construção da marca. Alguns fatores teriam importância. Entre eles, o nome da
marca, que deveria sugerir algo a respeito do benefício oferecido, deveria sugerir
qualidade, ser fácil de pronunciar, reconhecer e lembrar, ser singular e não
possuir algum significado pejorativo em outros idiomas.
22
Além do nome, a construção de associações positivas e valores da
empresa deveriam ser levadas em consideração, bem como a personalidade da
marca. Algumas ferramentas poderiam ser úteis na construção e comunicação da
identidade da marca: palavra ou idéia principal, slogan; cor; logotipo; e uma série
de histórias associadas à determinada entidade (Kotler, 1999).
Já Russo (1997) enumerou outros passos na construção de uma marca,
sendo que alguns deles contêm pontos em comum com Kotler (1999). Segundo
Russo (1997), existem “7 Cs” na criação e manutenção da marca:
- Concretização: significaria a escolha de um nome que ultrapassasse, se
possível, as barreiras continentais e temporais, e de um símbolo que
representasse a instituição aos olhos do público;
- Conceituação: se referiria ao desenvolvimento de um conceito e um
compromisso relevante e que pudesse ser cumprido, no posicionamento da
marca no mercado. O posicionamento deveria ser claro e preciso;
- Compromisso: estabelecer uma relação de compromisso entre a marca e os
conceitos de qualidade, beleza e ética;
- Comunicação: a comunicação deveria ser eficaz, seduzindo e persuadindo o
consumidor, bem como reforçando as propriedades da marca, como sua
qualidade, diferenciação etc.;
- Convergência: todos os elementos do marketing mix e toda comunicação da
marca deveriam ser coerentes com os padrões físicos e conceituais da
mesma, bem como ter os mesmos objetivos estratégicos;
- Continuidade: se referiria ao trabalho de promover a durabilidade do conceito
da marca e sua persistência no posicionamento e no compromisso assumido
com os consumidores;
23
- Contemporaneidade: diria respeito à atualização da marca e sua adequação a
conjunturas do mercado, preservando sua personalidade e compromissos.
Segundo palavras do autor, “Seja rígido nos princípios, mas flexível nas ações.
Boas idéias são maleáveis” (p. 29).
Outros estágios foram definidos pela agência internacional de propaganda
Young & Rubicam. São eles:
- Diferenciação: a empresa procuraria criar a percepção nos consumidores de
que a marca ofereceria algo único e diferenciado da oferta dos concorrentes e
teria uma personalidade própria;
- Relevância: diria respeito à adequação da marca às necessidades do
consumidor, ou seja, o oferecimento de benefícios relevantes para o
consumidor;
- Estima: se referiria aos aspectos emocionais da relação da marca com o
consumidor, ou seja, seria o desenvolvimento de um rapport emocional entre
as características e benefícios da marca com o consumidor; e
- Familiaridade: diria respeito ao conhecimento profundo do que seria a marca,
sua essência, seus atributos. (Agres e Dubitsky, 1996).
2.3.2 Comunicação da marca
A criação de um vínculo emocional entre produto e consumidor estaria
sendo objeto de estudo de teóricos do marketing, sendo conhecido como
“marketing sensorial”. O marketing sensorial participaria da criação do produto e
24
proporia, como ferramenta para conquistar a lealdade do consumidor, a
experiência com o produto. Esses teóricos adotariam uma maneira de comunicar
valores e identidade da marca através da percepção sensorial, através do
oferecimento de sensações agradáveis ao cliente no contato com o produto ou
serviço oferecido pela empresa. (AS SENSAÇÕES...9/11/1999)
Para isso, seria necessário investir em comunicação, sendo o negócio da
computação uma fonte privilegiada de interatividade com o consumidor. Esta
nova forma de se pensar a comunicação da marca, poderia, em virtude do vínculo
emocional criado entre consumidor e marca, promover a diferenciação da marca e
se converter em um estímulo à fidelização do cliente.
Para Buchanan, Simmons e Bickart (1999), a habilidade em desenvolver e
manter uma marca consolidada dependeria, em parte, da consistência em sua
comunicação. Cada elemento do marketing mix deveria ser consistente com a
imagem da marca. A falta de consistência na comunicação da marca poderia
resultar em reavaliação da marca por parte do consumidor e redução do valor da
mesma. As autoras acreditam que um dos aspectos da comunicação das marcas,
que seria a maneira como o produto fosse apresentado no ponto de venda,
estaria mais sob o controle dos varejistas do que dos fabricantes.
Underhill (1999), por sua vez, colocou que a loja, por ser um local
privilegiado de comunicação e interação com o cliente, se transformou em um dos
mais eficazes meios de comunicação, principalmente porque seria na loja que o
consumidor, na maioria das vezes, se decidiria pela realização da compra. Para
este autor, o impacto do marketing da marca e da propaganda tradicional
estariam sofrendo de uma saturação dos consumidores e estariam também se
tornando difusos. O merchandising seria a maneira essencial de comunicar o
valor de um produto ou serviço ao cliente. A loja seria “um comercial de TV
tridimensional”. “... um recipiente de palavras, pensamentos, mensagens e idéias”
(p. 59) por onde o consumidor andaria. De acordo com a experiência que o
25
consumidor tivesse neste “recipiente” e das informações adquiridas no mesmo ele
retornaria ou não para realizar novas compras. Esta loja seria ou não posicionada
positivamente em sua mente.
Russo (1997) se referiu à importância da comunicação da marca, definindo
a mesma como uma combinação de diversos fatores. Em suas palavras:
“Se uma marca de valor é a resultante da ‘química’ de toda
impressão relevante para o consumidor, gerada pelos méritos da
empresa que a detém e dos produtos que representa, a comunicação é o
catalisador da ‘reação química’ e o fixador da imagem ‘impressa’.
Se as marcas são patrimônios, a comunicação é o processo de
manutenção e valorização desse patrimônio”. (p.31)
Um varejista precisaria desenvolver uma estratégia de comunicação que
posicionasse adequadamente sua loja na mente do consumidor. Além disso,
deveria buscar tornar sua loja atrativa para os consumidores-alvo, fornecendo
informações para os mesmos que pudessem ser interpretadas de maneira
adequada. Uma das formas de comunicação entre a loja e os consumidores seria
através de sua imagem.(Berman e Evans,1998)
26
2.4 A Loja: espaço da decisão de compras
Para Lusch e Dunne (1990) os varejistas sempre precisariam de um
espaço para realizar transações e expor a mercadoria para os clientes, sendo que
este espaço poderia ser uma loja de departamentos, uma loja pequena ou mesmo
a casa de alguns clientes, como seria o caso da venda de Tupperware. Eles
citaram que, no caso dos varejistas que se apoiassem em lojas, este espaço
precisaria ser planejado para que o consumidor, no seu tráfego dentro da loja,
visitasse a maior quantidade possível de espaços, principalmente aqueles em que
as mercadorias expostas possuíssem uma grande margem de contribuição. A
maneira como a loja fosse projetada e os atrativos que ela tivesse para os
consumidores influenciariam na realização da compra. Outros pontos que os
autores salientaram como fatores que contribuiriam para a atratividade da loja
foram a facilidade de estacionamento, imagem da loja, localização da loja, tipo de
mercadoria apresentada e modo de apresentação e layout.
De Simoni (1997) atentou para a função da loja como um veículo de
comunicação privilegiado, pois nela estariam os principais componentes para que
uma compra se realizasse, o consumidor, o produto e o dinheiro. Seria na loja que
o consumidor realizaria a compra e, deste modo, seria preciso que ela
transmitisse ao mesmo uma imagem atrativa, que o fizesse querer realizar sua
compra neste local privilegiado.
Segundo estudo de campo de Underhill (1999), quanto maior o tempo de
permanência de um freguês em determinada loja, maior seria a probabilidade de
que ele efetuasse a compra, sendo este tempo de permanência função do
conforto e do prazer envolvido na experiência dentro da mesma. Este estudo
também apontou para o papel essencial que a loja desfrutaria como lugar onde a
decisão de compra, na maioria das vezes, seria tomada e como “uma mídia
27
importante para transmitir mensagens e fechar vendas” (p.34). Dessa maneira
seria imprescindível planejar este espaço nos mínimos detalhes para que
estivesse de acordo com a dinâmica de compras dos clientes, inicialmente,
atraindo os mesmos para entrarem e promovendo um ambiente confortável e
agradável de se realizar o ato da compra.
Este autor citou o exemplo da compra realizada em uma loja de cartões de
felicitações. Ele diz que a compra de cartão de felicitações estaria, geralmente,
acompanhada por um forte componente emocional e aquele que estivesse
realizando a compra precisaria de tempo e espaço para abrir e ler as diversas
opções antes de se decidir por uma. As lojas de cartões, então, deveriam ser
projetadas para permitir esta busca pelo cartão ideal, em uma área onde as
pessoas que estivessem passando não incomodassem àqueles que estivessem
escolhendo. Além disso, deveriam ser locais alusivos à vida emocional.
Seria importante, também para o cliente se sentir confortável na hora da
compra, que a loja e o posicionamento dos produtos na mesma respeitassem a
anatomia e fisiologia do ser humano. Isto pode parecer óbvio, mas seria grande o
número de lojas que, por exemplo, colocaria os produtos para pessoas idosas na
prateleira mais perto do chão, o que dificultaria o acesso de tal grupo. (Underhill,
1999)
Tosh (1998), por sua vez, lançou o exemplo da Home Depot para mostrar a
importância do formato da loja na atração de novos consumidores. Segundo o
autor, a Home Depot estaria investindo na construção de lojas menores, no estilo
de lojas de conveniência, que pudessem ser abertas em espaços pequenos como
em shoppings ou centros de compra. Estas lojas seriam diferenciadas do formato
tradicional das lojas Home Depot, concebidas no padrão de grandes lojas em
centros voltados para produtos para casa. Este novo formato de loja foi pensado
para atender aos consumidores que gostam de realizar sua compra em ambientes
menores, em lugares convenientes. A adequação desta cadeia de lojas às
28
necessidades de conveniência e economia de tempo por parte de alguns
consumidores criou valor para os mesmos, deste modo, tornando-a mais atrativa.
Diamond (1993) também chamou a atenção para características do formato
e design da loja para a atração de consumidores e diferenciação com relação às
concorrentes.
Esta autora se referiu ao fato de que as lojas de uma mesma categoria nos
Estados Unidos, por muito tempo, eram decoradas de maneira bastante
semelhante e possuíam instalações e mercadorias que não permitiam a
diferenciação entre elas na mente dos consumidores. Mais recentemente, esta
característica teria se modificado pelo fato de os varejistas sentirem a
necessidade de promover um espaço interessante e único para expor suas
mercadorias e terem observado a importância de oferecer um valor singular e
uma imagem individualizada para os consumidores, tanto como um instrumento
de se manter diferenciada para o público, como para atrair mais vendas.
2.4.1 Imagem de loja
Um dos primeiros teóricos a chamar a atenção para a imagem ou
personalidade da loja foi Martineau (1958). Este autor colocou que a
personalidade da loja se traduziria em como ela fosse definida na mente do
consumidor, tanto no que diz respeito a suas características funcionais, quanto a
atributos psicológicos.
O consumidor escolheria uma loja que mais se assemelhasse ao seu estilo
de vida, que tivesse uma imagem com a qual ele se identificasse, sendo que os
29
fatores apontados por ele como os mais significativos na definição de uma loja
seriam: espaço físico; atendimento e características dos vendedores; políticas de
crédito e de devolução de mercadorias; estilo da loja; displays e vitrines; odores;
cores; e política de preços.
Martineau (1958) definiu, então, os atributos que ajudariam a construir a
personalidade da loja. Foram eles: layout e arquitetura; símbolos e cores;
propaganda; e vendedores.
Com relação ao layout, as instalações da loja constituir-se-iam no pano de
fundo onde a decoração e as promoções seriam efetuadas, atuando sobre as
duas com grande impacto. O espaço disponível, a maneira como o mesmo fosse
dividido, a facilidade de acesso às mercadorias e as instalações seriam bases
determinantes para a criação do ambiente da loja.
Os símbolos e cores possuiriam grande influência na comunicação de
características da loja para o consumidor, sendo que estariam travestidas de
significados atribuídos inconscientemente pelo mesmo. As cores possuiriam um
simbolismo para o consumidor e seria necessário estar atento a este aspecto.
Algumas cores claras, por exemplo, poderiam denotar um ambiente limpo,
espaçoso; outras, como o roxo, poderiam estar carregadas de significados
negativos na mente do consumidor.
A propaganda estaria carregada de símbolos que comunicariam ao
consumidor a imagem da loja, tanto nas mensagens explícitas que veiculassem,
quanto nas implícitas, como, por exemplo, as pessoas presentes no anúncio, tom
e estilo do anúncio etc. Cabe salientar a importância da consistência da
propaganda com a imagem que se pretendesse adotar para a loja.
Finalmente, outro elemento seriam os vendedores, que o autor colocou
como sendo o fator mais importante para a imagem da loja, com destaque
30
especial para a personalidade dos vendedores, bem como para a simpatia e
prestatividade em atender o consumidor. (Martineau, 1958)
Em estudo realizado por Lindquist (1975), foram analisados nove atributos
da imagem de loja: mercadoria, serviço, classe social da clientela, características
físicas (layout, elevadores, banheiros etc.), conveniência, promoção, atmosfera da
loja e satisfação pós-compra. O autor observou que, de todos estes atributos, três
seriam dominantes na avaliação da imagem da loja pelos consumidores, a
mercadoria vendida, o serviço oferecido e fatores de localização. E destes três, a
mercadoria seria o fator-chave para imagem da loja, principalmente no que diz
respeito à seleção de mercadorias, qualidade das mesmas, preço e estilo.
Crissy, Pathak e Sweitzer (1975) acreditavam que a correspondência entre
a imagem que o consumidor teria da loja e aquela que o varejista tivesse
antecipado indicaria que a administração da loja possuiria um bom entendimento
do cliente. O estudo que os autores realizaram mostrou que os varejistas
entenderiam e seriam capazes de prever as percepções do consumidor em
características tangíveis da loja, como por exemplo adequação da mercadoria. Já
para os aspectos intangíveis, a compreensão seria menor. Aquelas lojas
posicionadas para atender um segmento sócio-econômico mais baixo da
população teriam menor entendimento da imagem da loja para os consumidores.
Eles apontaram, através deste estudo, a importância do conhecimento da
percepção que os clientes teriam da loja para maior consciência de seu
posicionamento na mente dos mesmos.
Rosenbloom (1983) sugeriu que, para um varejista desenvolver uma
imagem de loja, deveria analisar quais os critérios de avaliação determinantes na
escolha do consumidor por determinada loja e enfatizar as dimensões da imagem
que estivessem em congruência com estes fatores. A imagem da loja e os
critérios de avaliação para a escolha da loja deveriam estar alinhados.
31
O autor determinou três modelos de desenvolvimento de imagem de loja.
São eles: aquele baseado no mercado; o baseado internamente; e o baseado em
lojas afins. O primeiro deles se caracterizaria por apoiar o desenvolvimento da
imagem da loja nos anseios do público-alvo que pretende atingir. Inicialmente, o
varejista definiria o tipo de clientes que deseja-se atrair. Em um segundo
momento, seriam determinadas as necessidades dos consumidores pertencentes
a este grupo e quais os seus critérios de avaliação relevantes na escolha de uma
loja. Após a definição destes elementos, a imagem da loja seria desenhada ou
renovada de acordo com os mesmos. E, finalmente, haveria por parte do varejista
uma preocupação em acompanhar qualquer mudança nos critérios de avaliação
deste grupo para promover as modificações na imagem que fossem necessárias.
O segundo modelo teria como base para o desenvolvimento da imagem de
loja, valores, estímulos e ideais dos fundadores ou da tradição histórica de
determinada loja. Inicialmente a imagem da loja seria criada baseada nestes
valores e depois projetada no mercado com a crença de que uma parcela dos
consumidores seria atraída por esta imagem. Se este desenho de loja desse
certo, em termos de lucratividade, não haveria por parte do varejista a
preocupação em se informar sobre seu público-alvo. Se falhasse, poderia ser que
começasse a buscar informações sobre o mesmo.
O terceiro modelo seria aquele baseado em lojas afins. O varejista, neste
caso, observaria de que maneira varejistas similares estariam operando e, a partir
desta observação, desenvolveria ou alteraria sua imagem para se igualar ao
grupo de varejista tomado como referência. Seria uma estratégia de fazer o que
os outros estivessem fazendo, pois parece funcionar para eles. As mudanças
posteriores na imagem seriam buscadas se fossem percebidos novos
movimentos do grupo de referência.
Para Rosenbloom (1983), de todos estes modelos, o único em que a
imagem de loja estaria em congruência com os critérios de avaliação para a
32
escolha por uma loja é o primeiro deles. Nos outros modelos a congruência pode
existir por acaso, como uma coincidência entre a imagem e os critérios. E,
embora a falta de congruência entre os dois possa reduzir a eficácia da imagem
da loja como um componente estratégico, limitando a flexibilidade no
desenvolvimento da imagem, interferindo na inovação da imagem de loja e
reduzindo a satisfação do consumidor, seria comum no varejo que o
desenvolvimento da imagem de loja não fosse baseado no mercado.
Seria de grande importância, para cada loja, definir sua imagem, ou a
personalidade a ser apresentada ao público. O tipo de mercadoria vendida, a
decoração do interior da loja, as promoções e os serviços oferecidos ao
consumidor desenvolveriam, manteriam e refletiriam a imagem da loja. E,
mantendo-se consistente com esta imagem, o varejista poderia criar um ambiente
aconchegante para seus clientes e uma atmosfera consistente com os produtos
oferecidos, propiciando a identificação do cliente com a loja e estimulando o
desejo de comprar (Frings, 1987).
Frings (1987) ainda colocou que a maneira como as mercadorias fossem
apresentadas possuiria forte apelo no momento da compra, podendo, até mesmo,
no caso das lojas de departamento, indicar ao cliente qual o departamento mais
apropriado ao seu estilo de vida, além de comunicar a imagem da loja e, no caso
do varejo de roupas, indicar a posição ocupada perante a moda (se é
conservadora, inovadora, fashion etc.).
O autor salientou ainda o papel que as vitrines de lojas possuiriam na
comunicação da imagem da loja, e, ainda, como um instrumento de captura de
potenciais consumidores.
Tanto Martineau (1958) como Frings (1987) acreditavam que, para uma
loja definir sua imagem, ambientação e personalidade deveria escolher um
segmento do mercado para atingir e satisfazer suas necessidades. Isto porque
diferentes clientes demandariam um ambiente diferente da loja, bem como teriam
33
necessidades distintas, sendo praticamente impossível agradar a todos os tipos
de clientes de uma vez. A imagem da loja deveria ser congruente com o perfil do
público que se pretendesse atingir.
Para Steenkamp e Wedel (1991) cada grupo de consumidores valorizaria
mais intensamente determinado conjunto de atributos, de modo que, também
para esses autores, a imagem da loja deveria ser definida de acordo com os
atributos que seu público-alvo tivesse como os mais importantes.
Nevin e Houston (1980) observaram que a percepção dos consumidores
sobre determinada loja seria um fenômeno multidimensional. A reputação da loja,
as mercadorias comercializadas, o serviço oferecido etc. seriam algumas das
variáveis que atuariam nesta percepção. Seu estudo demonstrou que os
consumidores poderiam, inclusive, ser impelidos a realizar suas compras em
determinado centro de compras apenas pela presença, neste centro, de uma loja
cuja atratividade da imagem lhes fizesse apelo.
Para Mahler (1993) os consumidores realizariam diversas associações com
determinada loja, resultando, destas associações, uma imagem de loja. A
consciência de como as lojas são percebidas pelos consumidores poderia fazer
com que os varejistas tivessem uma percepção mais apurada de seu público-alvo
e ajudar a desenvolver os programas de marketing necessários para a loja. Ele
citou exemplos de algumas percepções de determinadas lojas de departamentos,
como a Macy’s, que é percebida como uma loja para um segmento mais abastado
da população que busca orientação familiar e patriotismo.
Segundo Grewal, Krishnan, Baker e Borin (1998), a imagem da loja seria
um fator importante na decisão de compra. Os componentes da imagem da loja,
de acordo com estes autores, seriam a ambientação da loja, o nível de serviços e
a qualidade das mercadorias. Eles acreditavam também que um nome de loja que
reforçasse a sua imagem também seria um fator importante para a percepção
34
desta última por parte do consumidor, além da importância de se escolher lojas
que possuíssem uma imagem congruente com a marca do produto.
De acordo com estes autores, os varejistas deveriam se ocupar de oferecer
em suas lojas uma atmosfera agradável e serviços superiores, até mesmo porque
estes fatores reforçariam características de qualidade da marca.
Alguns autores chamaram a atenção para os profissionais da linha de
frente como um dos atributos da imagem da loja.
Durig (1997), por exemplo, atentou para o fato de que os profissionais de
atendimento deveriam procurar entender tudo o que influenciasse a percepção
dos consumidores, além de conhecer suas características psicográficas e
sentimentos, buscando sempre fornecer bem-estar ao cliente. Colocaram, ainda,
a importância do gerenciamento dos problemas dos clientes como fator essencial
de sucesso de uma empresa. A qualidade do atendimento oferecido na loja
afetaria diretamente a percepção da imagem da mesma.
Barcellos (1999) chamou a atenção para o investimento em treinamento e
contratação de pessoal qualificado como ferramenta para incrementar o
atendimento, melhorando e acrescentando valor à imagem da loja, buscando,
desta forma, se tornar competitiva através de outros aspectos que não o preço.
2.4.2 Ambientação da loja
Os consumidores, nos dias de hoje, têm cada vez menos tempo para
dedicar às compras e o cenário competitivo se torna cada vez mais árduo sendo
um grande desafio para o varejo traduzir a mensagem da loja em um ambiente
35
que não seja apenas de compra, mas de atração e entretenimento para o
consumidor. (THE IMAGE..., 1996).
Para Champy (1997), um dos maiores desafios que os executivos de venda
e de marketing enfrentariam seria o de lutar contra a “mesmice”. Ele afirmou que
os produtos e serviços sendo oferecidos no mercado eram tantos e com
características tão semelhantes, que ficariam indiferenciados na mente do
consumidor. Ainda que para diferenciar um produto ou marca da concorrência,
estes executivos deveriam buscar formas criativas de atender às necessidades
dos consumidores, criando experiências interessantes, principalmente no
momento da compra, para os mesmos.
O autor forneceu alguns exemplos de lojas e marcas que se diferenciariam
através desse conceito, como a Victoria’s Secret, que adotou um conceito de
ultrafeminina e romântica, estampando esta atmosfera tanto em seus catálogos,
quanto em suas lojas, levando suas clientes a experimentarem estas sensações
no momento da compra. Ou como a Niketown, loja da Nike, situada em Nova
Yorque, com cada parte da loja ambientada segundo uma modalidade de esporte,
para onde os ‘atletas de final de semana’ vão, não só para comprar produtos, mas
também para sentir a sensação dos esportes competitivos.
Smith (1998) também citou o caso da Victoria’s Secret quando escreveu
sobre a importância da ambientação do interior da loja. Ela acreditava que o
sucesso desta cadeia de lojas estaria baseado na estratégia desenvolvida com
relação à marca, dando destaque especial à maneira como a ambientação das
lojas promoveria um clima de sedução e intimidade, que seriam os conceitos que
identificariam a marca.
“Um passo dentro de uma loja da Victoria’s Secret e o mundo dos
estacionamentos, biscoitos Mrs. Fields e outros contratempos da vida
36
nos shoppings são deixados para trás. O ambiente do interior da loja
envolve e seduz o comprador com a premissa de que está tudo bem
procurar prazeres secretos - levando a fantasia para aqueles que querem
se deixar levar pela elegância do mundo antigo, romance e satisfação de
prazeres pessoais”. (Smith, 1998, p. 24).
Ebenkamp (1998) partilhou da mesma opinião que Champy (1997) e Smith
(1998), quando colocou que os executivos de marketing estariam constantemente
envolvidos em questões como definição de marcas, olhando para além do produto
em si, buscando novas formas de se conectar com o consumidor de maneira mais
íntima, o que implicaria na criação de novo ambiente onde os produtos fossem
vendidos. Ele propôs levar o entretenimento ao varejo, não somente a empresas
voltadas para o entretenimento, como a Disney e a Warner Bros., mas a qualquer
loja varejista, deixando claro que estas empresas poderiam ser vistas como
modelos bem sucedidos que ensinariam muito ao varejo em geral.
O autor citou companhias como a Donna Karan, para falar no varejo da
moda, que mais do que vender roupas, vendia também um estilo de vida
intimamente ligado à imagem da marca. E, também, o exemplo de cadeias de
lojas como a Starbucks e a Niketown, que levavam o entretenimento de maneira
criativa aos seus clientes.
O autor reforçou a importância de oferecer ao consumidor experiências que
tivessem valor para o mesmo, estando em conformidade com suas expectativas,
ou até mesmo superando-as.
Monteiro (1999) considerou notável a maneira como os shoppings vinham
investindo em atrações para conquistar clientes através da oferta de
entretenimento, com a implementação do chamado “terceiro horário”. Eles
buscariam oferecer atrações noturnas para manter os clientes estimulados a ficar
37
no shopping até tarde, criando um horário alternativo de compras. As formas de
entretenimento oferecidas seriam de cinemas a desfiles, shows e talk shows.
Acreditar-se-ia haver uma demanda reprimida por parte do consumidor por ofertas
de lazer e por restaurantes que permanecessem abertos até tarde, sendo que a
segurança percebida funcionaria como um estímulo à procura destas formas de
entretenimento nos shoppings.
Taneja (1998) também acreditava que opções de entretenimento
adicionariam valor no momento da compra, além de outros componentes da
ambientação como limpeza, iluminação, facilidade de acesso a mercadorias,
segurança e um bom mix de produtos. Ele chamou a atenção para o fato de que
criar uma ambientação adequada poderia significar uma relação de longo prazo
com os consumidores, envolvendo confiança e satisfação.
Berry (1999), assim como Taneja (1998), chamou a atenção para a criação
de valor para o consumidor através da experiência oferecida pela loja no
momento da compra. O autor considerou bastante antiquado pensar na
atratividade do varejo somente sob a perspectiva de oferecer preços baixos e que
o varejo do futuro deveria estar centrado no valor resultante da totalidade da
experiência do cliente no ato da compra, o que dificultaria até mesmo a imitação
pela concorrência.
Berry (1999) delimitou um conjunto de benefícios a serem oferecidos para
que uma empresa pudesse competir com base no valor: variedade de
mercadorias de primeira linha, onde ele incluiu o modo como estas fossem
apresentadas aos clientes, privilegiando a ambientação da loja, no que se refere à
experiência sensorial (odores, música ambiente etc.), tecnologia interativa e
serviços especiais; preços justos; respeito pelo cliente e pelo tempo do cliente; e
diversão.
Além disso, ele identificou três etapas no processo de compra, desde o
momento em que o cliente entrasse na loja até sair. Primeiro, ele buscaria a
38
recuperação de informações necessárias para justificar a decisão de compra.
Somente após esta etapa ser concluída é que ele poderia entrar na etapa do
entretenimento. Nesta etapa a loja teria a oportunidade de oferecer ao cliente uma
experiência de compra diferente, podendo inclusive estimular a fidelização do
mesmo, funcionando como um fator de motivação para o cliente voltar mais vezes
à loja. Finalmente, viria a etapa da transação, que seria o momento da efetivação
da compra.
Ele, assim como Frings (1987) e Martineau (1958), também colocou a
importância de se eleger um público-alvo no qual se inspirar para desenvolver
este tipo de estratégia de maneira adequada, oferecendo um valor e experiências
consistentes com as expectativas do cliente a serem atendidas.
De Simoni (1997) apontou para o merchandising, ou seja, a maneira de
posicionar o produto na loja, e proporcionar um ambiente agradável ao
consumidor, como um dos principais atributos de atratividade destes
consumidores. Este autor ressaltou alguns atributos de que se utilizaria o
merchandising. Seriam eles: a vitrine, elementos que estimulassem os sentidos
dos consumidores, fundo musical, tráfego na loja e exposição dos produtos.
Com relação à vitrine, este autor, assim como Frings (1987), acredita ser
esta um veículo de captura da atenção dos clientes. Para ele a vitrine diria o que
o cliente iria encontrar na loja, comunicaria como é a loja. A vitrine deveria
despertar a curiosidade do cliente para que este entrasse na loja.
Deveriam existir na loja elementos que estimulassem os sentidos dos
clientes, como o uso adequado da luz, aroma, cores e sons, pois estes elementos
funcionariam como motivadores no momento da compra. O consumidor seria
sensível a estes estímulos, pois quando estivesse num ambiente, deixar-se-ia
interagir e influenciar por ele.
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Ainda segundo De Simoni (1997), a maneira como os produtos fossem
expostos na loja seria um fator decisivo na atração exercida pela loja nos
consumidores. Ele inclusive nomeou uma técnica para tal, a “Exibitécnica”. Este
autor acredita que os produtos deveriam ser dispostos nos seus displays como
uma atração à parte na loja, com iluminação adequada e destaque especial. Além
disso, o tráfego na loja deveria ser facilitado, bem como o acesso aos produtos,
para que o consumidor se sentisse confortável em comprar em determinada loja.
Oliveira (1999) compartilhou da opinião de De Simoni (1997) no que se
relaciona à necessidade de existirem elementos na loja que estimulassem os
sentidos dos consumidores. As decisões de compra não seriam meramente
racionais. Pelo contrário, seriam decisões afetadas de modo extremo pelas
sensações que estes experimentassem no momento da compra. Ele apontou o
crescimento no varejo da utilização de cores, aromas, sons e espaços que
estimulassem os sentidos dos consumidores, de modo a aumentar a possibilidade
de compra.
O autor citou um exemplo em que foram colocadas luzes rosa nos
provadores de uma loja de departamentos em Londres, o que funcionou como um
facilitador no momento de compra pois, quando as clientes experimentavam
lingerie ou bikinis, a luz proporcionava a impressão de uma silhueta mais esbelta.
Outro exemplo dizia respeito ao efeito da música no consumo de alimentos: as
pessoas em um restaurante, quando expostas ao som de uma música agitada,
comiam mais rápido e em maior quantidade do que as expostas a músicas
clássicas.
Underhill (1999) colocou o exemplo da mudança na ambientação de lojas
de ferragens americanas em decorrência de alterações no comportamento do
consumidor, chamando a atenção para a importância do varejista estar
analisando o mercado consumidor para adequar sua loja a este mercado,
correndo o risco de não sobreviver se não o fizesse.
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As lojas de ferragens americanas eram lojas freqüentadas
predominantemente por homens, possuíam pôsteres de mulheres vestidas
sensualmente e o vendedor, na maior parte das vezes, era um homem “bronco”,
ou seja, um ambiente grotesco e pouco convidativo para mulheres.
A partir de mudanças sociais ocorridas nos Estados Unidos, o número de
casais separados, algumas mulheres se tornando chefes de família e até mesmo
mudança dos papéis tradicionais masculinos e femininos, teriam levado a mulher
a procurar pelo produto oferecido nestas lojas, produtos necessários para a
realização de pequenos consertos e instalações em casa. Alguns varejistas teriam
notado estas mudanças e, a partir delas, desenvolvido um novo conceito de lojas
de ferragens, criando um ambiente mais congruente com o perfil e necessidades
destas novas consumidoras. Surgiram então lojas como a Home Depot que se
centrariam no auto serviço, com peças variadas para necessidades do lar e
vendedores atenciosos para atender às dúvidas apresentadas pelos
consumidores, bem diferente do “sujeito bronco” que realizava o atendimento nas
lojas de ferragens antigas, lojas essas que se encontrariam em processo de
extinção. ( Underhill, 1999).
Lusch e Dunne (1990) observaram que o layout da loja deveria reforçar a
imagem apresentada ao público. Não adiantaria que o exterior da loja fosse
convidativo à entrada, mas o interior fosse discrepante em relação a ele. O
varejista precisaria, então, entender como a imagem da loja é determinada pela
atmosfera do espaço de vendas. A atmosfera da loja seria definida como a
provocação de sensações e efeitos nos consumidores através do design do
espaço de vendas e suas várias dimensões. Os componentes da atmosfera da
loja seriam: os vendedores, mercadorias vendidas, instalações da loja, som e
odor, que se combinam com os componentes visuais para criar a atmosfera da
loja. E a atmosfera da loja, por sua vez, criaria percepções sensoriais nos clientes
ajudando a apresentar ou reforçar a imagem da loja para os mesmos.
41
Alguns autores chamaram a atenção, mais especificamente, para o
atendimento, na criação de um ambiente agradável de loja. Este é o caso de
Seidman (1998), que apontou a importância dos funcionários da loja oferecerem
ao cliente uma experiência memorável no momento da compra, fazendo com que
sentissem vontade de voltar à loja, na tentativa de recuperar esta experiência
agradável. Características como atitudes positivas, habilidade de conversação
deveriam ser avaliadas na contratação dos funcionários. Além disso, deveria ser
oferecido treinamento aos funcionários para desenvolver habilidades necessárias
à boa imagem da empresa.
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3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
Este trabalho se constitui em uma pesquisa exploratória que objetiva
analisar a consistência entre imagem e ambientação da loja na percepção das
consumidoras e como os elementos da ambientação contribuem para a criação
de um ambiente agradável para a realização da compra. Justifica-se o uso de
uma pesquisa de caráter exploratório em função de:
- terem sido identificados poucos estudos empíricos sobre o comportamento do
consumidor em relação à ambientação de loja;
- não terem sido encontrados estudos realizados no Brasil que abordem este
tema.
3.2 Perguntas de Pesquisa
- Como as consumidoras percebem a ambientação da loja em termos de
consistência com a imagem que elas fazem da loja e por quê?
- Como os elementos que compõem a ambientação da loja podem contribuir
para a criação de uma atmosfera agradável e prazerosa no momento da
compra?
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3.3 Escolha das Lojas
As lojas estudadas atenderam aos seguintes critérios:
- lojas de roupas e acessórios femininos, situadas em galerias, pertencentes a
cadeias;
- lojas que sejam conhecidas como ligadas ao conceito de moda;
- lojas que tenham ambientação bastante diferenciadas; e
- lojas que tenham como público-alvo jovens, do sexo feminino, entre 20 e 30
anos, pertencentes à classe média alta.
Foram selecionadas duas lojas para realização do estudo. Esta escolha se
deveu a possibilidade de poder avaliar diferenças existentes entre as lojas, visto
que são lojas que possuem diferentes estilos e ambientação.
3.4 Seleção dos sujeitos
As participantes do estudo foram selecionadas por um critério de
conveniência, através de contatos pessoais do pesquisador.
Participaram da pesquisa mulheres entre 20 e 30 anos, pertencentes à
classe média alta e residentes na Zona Sul de Niterói. Foram entrevistadas 15
mulheres com o perfil indicado.
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3.5 Coleta de Dados
O desenvolvimento do estudo se deu em três etapas. A primeira delas
consistiu no preenchimento de um questionário (Anexo1) que teve como objetivo
identificar o perfil da compradora, a freqüência de compra da mesma, se existia
conhecimento prévio das lojas visitadas posteriormente, bem como se a
participante já havia realizado alguma compra na mesma anteriormente e uma
entrevista qualitativa sobre a percepção acerca da imagem da loja. O perfil das
entrevistadas encontra-se no Anexo 3.
A segunda etapa se realizou através do acompanhamento das
participantes até as lojas escolhidas. Diante da entrada da loja foram feitas
perguntas para identificar as opiniões das participantes em relação ao fato de a
loja ser ou não convidativa, se havia obstáculos à entrada na loja, bem como suas
percepções e comentários a respeito da aparência da loja.
A terceira e última etapa consistiu da entrada das participantes nas lojas,
onde abordaram um vendedor da mesma. Na saída da loja foi realizada outra
entrevista com as participantes para que estas possam relatar suas experiências.
O roteiro das entrevistas realizadas encontra-se no Anexo 2.
A entrevista individual ou em profundidade consiste em um método de
coleta de dados onde um entrevistador faz perguntas a um participante e registra
as respostas deste através de um gravador, ou redigindo as mesmas no momento
da entrevista. No caso deste estudo, as perguntas foram programadas
antecipadamente e as respostas dos participantes foram livres, o que a
caracterizou como semi-estruturada.
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Segundo Mattar (1997), a entrevista individual apresentaria algumas
desvantagens em relação à entrevista focalizada de grupo, pois exigiria maior
tempo de aplicação, amostras menores e grande dependência do
entrevistador/analista, além de que o entrevistado no grupo se sentiria mais à
vontade para se expor. Porém ele também citou algumas vantagens da primeira
em relação à segunda, como permitir um aprofundamento maior do tema e
associar diretamente os dados com o respondente.
A entrevista em profundidade também possuiria vantagens e desvantagens
em relação aos outros métodos de coleta de dados. As vantagens seriam a
espontaneidade das colocações dos participantes, por não haver a necessidade
de dar resposta a perguntas específicas; a flexibilidade, que permitiria ao
entrevistador dirigir as perguntas para um tópico interessante que tenha surgido; a
profundidade que pode ser alcançada em pontos que o entrevistador achar
necessários; amplitude do leque de informações possíveis de serem obtidas, pela
liberdade de resposta dos participantes; e rapidez na coleta, por não ser
necessário realizar técnicas de amostragem e elaborar instrumentos de coleta de
dados.
As desvantagens seriam que as amostras se constituiriam por um número
pequeno de entrevistados; a interpretação dos dados seria demorada e
dependente da experiência e percepção do entrevistador, exigindo a utilização de
técnicas muito sofisticadas e pouco precisas.( Mattar, 1997)
Para Tagliacarne (1978) as vantagens da utilização da entrevista pessoal
seriam a possibilidades da escolha pessoal de elementos que permitiriam julgar o
grau de bem-estar do entrevistado; possibilitaria facilitar as respostas reduzindo o
número de evasivas, ou de respostas “sim e não”; possibilitaria também evitar
respostas genéricas; além de que poderia garantir que a resposta dada pelo
entrevistado estivesse isenta de sugestões de terceiros.
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3.6 Tratamento dos Dados
Os dados foram analisados através de análise de discurso das entrevistas
realizadas.
3.7 Limitações dos Métodos
O método utilizado para a coleta de dados possui algumas limitações.
Devido tanto ao tamanho da amostra, quanto ao fato de não haver
processos probabilísticos envolvidos na escolha dos participantes, não é possível
realizar inferências ou extrapolações para outros grupos de consumidores. Além
disso, pode ocorrer um alto grau de subjetividade do pesquisador envolvido na
interpretação dos dados e o método depende da sinceridade do participante.
(Mattar, 1997).
Com relação às limitações decorrentes da entrevista, provavelmente, estas
se mantiveram. Porém o fato deste estudo ser de caráter exploratório tem como
objetivo colher informações sobre um tema que tenha sido pouco explorado, não
comportando hipóteses e não fornecendo resultados conclusivos sobre o assunto.
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4 RESULTADOS
O capítulo a seguir trata dos resultados da pesquisa.
Este capítulo se divide em três grandes temas:
- A loja como experiência sensorial: nesta seção são abordadas as diferentes
formas pelas quais se dá a experiência sensorial na loja: percepção de como
se organiza o espaço da loja, percepção das cores, da luz, do cheiro e do
som; e a experiência tátil, relativa ao contato físico com as roupas.
- O significado das coisas: analisa-se aqui como as entrevistadas percebem
as coisas na loja e o que essas coisas representam: as roupas e acessórios,
os manequins e os próprios elementos físicos da decoração da loja.
- A relação com as pessoas: abordam-se nesta seção como se deu a
experiência de contato com a vendedora na loja, o papel por ela
desempenhado na construção da imagem da loja e a forma de relacionamento
com a vendedora.
Além desses, outros temas são tratados, inclusive alguns resultados
adicionais citados por uma ou outra entrevistada, mas que pareceram de
importância para este trabalho, sendo portanto aqui relatados.
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4.1. A Loja como Experiência Sensorial
4.1.1. A percepção do espaço: como a loja se organiza
A percepção do espaço da loja foi apontada pelas entrevistadas tanto em
termos da exposição e disposição das mercadorias, como da organização da loja
e do espaço físico propriamente dito.
Em relação à exposição e organização das mercadorias, algumas das
entrevistadas salientaram a separação por cores, bem como a facilidade de
acesso às mercadorias:
“A decoração é moderna, com as cores do verão: lilás, rosa. As
roupas também são bonitas, estão bem colocadas. Não fica tudo
apertado. Dá para você olhar tranqüila. Achei a loja super organizada,
super bem dividida, bem distribuída. É perfeita”. (Fernanda, loja2)
“Muito bem dispostas (as mercadorias), por cores, pelas cores das
roupas, que eu acho super legal, e o acesso tranqüilo, podia mexer nos
cabides tranqüilamente, sem cair roupa, sem fazer esforço nenhum”.
(Fernanda, loja 1)
“Muito bem feita. A decoração é simples, mas você tem acesso a
todas as roupas da loja, sem dificuldade, você não precisa ficar dobrando
e desdobrando roupas, todas elas ficam penduradas, sei lá, forma de
divisão das roupas achei interessante, cores”. (Paula, loja1)
“Ah, bem arrumado, bem colocado. Estava sempre em ordem certa.
Tudo separado por cores. Cores escuras de um lado, cores mais claras
do outro”. (Gabriela, loja 1)
“Está tudo bem separado, porque eu acho que tem que ser assim:
tom de lilás com tom de lilás, estampado com estampado. E lá está tudo
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separado, tem camisetinhas dobradas, está tudo exposto”. (Bianca, loja
1)
“As roupas estavam bem expostas, todas elas estavam penduradas,
fazendo uma combinação de cores. Você não tem tantas roupas
penduradas. Você pode mexer nas roupas com facilidade, manusear as
roupas, olhar, eu achei a organização das roupas bem feitas”. (Paula, loja
2)
As cores aparecem, assim, como elemento básico na organização da loja.
Elas definem melhor o espaço, dão ordem aos produtos, configuram a loja. É
interessante observar como as cores fazem parte integrante, então, da
percepção, pelas entrevistadas, do espaço da loja.
Outros pontos levantados pelas entrevistadas foram a facilidade de
visualização e a exposição das mercadorias, privilegiando o acesso visual e físico
a todos os itens disponíveis na loja:
“A exposição das roupas é boa. Facilita a visualização. Estão todas
expostas, não tem nenhuma exposta em outro local que você não tenha
acesso, está tudo organizado, inclusive por cores, então é fácil”. (Ma.
Angélica, loja1)
“Estão bem expostas, bem separadas, dá para ver tudo, não tem
nada guardado que tem que ficar perguntando pela peça. Acesso fácil
também”. (Anna Carolina, loja 2).
A maneira como as roupas estão distribuídas e o espaçamento entre elas
também foram relacionados pelas entrevistadas, afetando tanto de maneira
positiva, quanto negativa, a organização da loja.
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Do lado positivo, uma percepção de adequada organização do espaço gera
um sentimento de estrutura, arrumação, facilidade de acesso.
“Legal também, tudo bem estruturado, bem direitinho, interessante”.
(Anna Carolina, loja1).
“Eu acho que a exposição das roupas está de uma maneira
adequada. As roupas estão bem distribuídas, espaçadas, arrumadas,
coloridas. Eu senti facilidade no acesso às mercadorias. A loja é
iluminada, espaçosa, não fica todo o mundo apertadinho. As roupas
estão bem distribuídas, de acordo com a cor. Isso leva as pessoas a
procurar exatamente o que elas querem. É uma loja bem distribuída”.
(Renata C., loja2).
Do lado negativo, fica um sentimento de inadequação, de dificuldade de
acesso:
“Não achei tão boa, porque é muita coisa espremida. Eles poderiam
ter dividido de uma forma melhor a loja. Eu acho que isso dificulta quando
você quer ver a roupa. Você não consegue ter acesso à roupa com mais
clareza quando você tem um monte pendurado”. (Sabrina, loja2)
Curiosamente, percepções positivas e negativas referem-se a uma mesma
loja (loja 2), mostrando que diferentes consumidoras podem perceber o mesmo
ambiente de forma distinta. Isto pode ser um indicador interessante para a
segmentação do mercado da loja em função de preferências por ambientação.
Uma das entrevistadas observou a disposição dos acessórios na loja
formando um conjunto com roupas afins:
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“Achei legal. O que eu te falei, todas as cores estão separadas, o
preço está no lugar, os estampados com as mesmas cores num lado e no
outro, os acessórios estão num canto, você já sabe que lá só tem
acessórios. Os sapatos estão juntos, como complemento das roupas. As
bolsas também. Está tudo no mesmo lugar para você dar uma olhadinha”.
(Luciana, loja1).
Assim, é como se cada coisa devesse estar “em seu devido lugar”, e que,
portanto, a ausência desta organização tornasse as coisas inevitavelmente
confusas.
Outra entrevistada se focou na dificuldade de acesso às mercadorias
situadas na parte de baixo da loja:
“Só tinha uma roupa que estava em baixo. Para você poder olhar,
você tem que abaixar assim, o que eu acho mais complicado. Mas em
geral estava tudo bem”. (Bárbara, loja 2).
Em relação a este ponto, Underhill (1999) chamou a atenção para o fato de
que o varejista deve se preocupar em dispor as mercadorias respeitando a
anatomia dos consumidores, a constituição física dos mesmos. O varejista deve,
então, preocupar-se em facilitar o acesso aos produtos, evitando assim que os
consumidores sejam forçados a se colocar em posições difíceis para alcançar a
mercadoria.
O espaço foi relacionado, ainda, com a possibilidade de movimentação e
deslocamento dentro da loja, por algumas das entrevistadas. Para elas, o espaço
é “bom”, quando permite movimento, quando se pode “rodar”, quando não se “vai
52
esbarrar em nada”, quando “dá para circular”. A essas imagens se contrapõem as
idéias de “amontoado”, “jogado”, “pequeno”, “apertado”.
“Talvez o negócio “clean” da loja. De ser um negócio aberto,
espaçoso. É uma loja que você pode andar dentro, sem problemas,
você não vai esbarrar em nada. Não tem muita coisa. Isso eu gostei
muito, me chamou a atenção, muito legal”.(Bárbara, loja 2)
“Ótimo, não é grande nem pequeno. Também não tinha muita gente.
Mas você consegue visualizar as roupas, não é tudo amontoado, é bem
distribuído. E dá espaço até para você caminhar, ver as coisas. Não é
nada jogado nem amontoado. É tranqüilo”. (Fernanda, loja1).
“Eu achei um espaço bom. As coisas também não estão muito
apertadas. Eu achei um espaço legal, amplo, dá para circular dentro da
loja, sem apertos”.(Renata C., loja 1)
“Achei bom. Deu para caminhar bastante”. (Luciana, loja1)
“Ah, lá é muito grande. As pessoas se sentem bem à vontade,
porque quando a loja é pequena você vira e já acha o outro lado. E lá,
não. Lá você pode rodar. Tem um centro, tem araras no centro, como tem
nas pontas. Lá você pode rodar, porque lá tem de tudo”. (Bianca, loja 1)
“Não é um espaço muito grande, mas a divisão que eles fizeram das
roupas comportou legal. Como eu te falei, não é uma loja que fica cheia.
Se fosse uma loja que enchesse muito, realmente aquele espaço não
seria suficiente, mas é uma loja assim que não é para todos. Então o
espaço dela é ideal”. (Paula, loja 2)
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Por outro lado, alguns componentes da loja foram percebidos por algumas
entrevistadas como obstáculos à circulação, referindo-se sempre à mesma loja
(loja 1), objeto também da maior parte das observações anteriores. Neste caso,
há obstáculos que “atrapalham”, o espaço é visto como “apertado”, “mal
aproveitado”, “muito cheio”, congestionado por “um monte de coisas”.
“O espaço é mal aproveitado. Tem uma coisa assim no meio da loja
que eu acho que atrapalha você se movimentar. Mas acho que no fundo
isso tem um objetivo: você tem que circular a loja para ver as coisas.
Quer dizer, você não pode cruzar a loja, você tem que circular. Mas eu
acho que o espaço ficou muito cheio de coisa”. (Paula, loja1)
“Não tem espaço. Você mal consegue andar dentro da loja, tem um
monte de coisas, muito móvel, muita roupa”. (Bárbara, loja 1)
“Um pouco apertado talvez. A colocação daquelas araras no meio
dificulta a ida de um lado para o outro da loja”.(Ma. Angélica, loja 1)
A quantidade de coisas dentro da loja também parece ser um elemento
importante na organização do espaço e na interpretação que a consumidora faz
da própria loja:
“A quantidade de coisas dentro da loja. Você não consegue andar
direito. Tem muita roupa pendurada. Tem uma mesa enorme no meio,
tem dois varais com coisas no meio da loja. Eu acho que tem coisa
demais ali dentro. Eles têm muita roupa diferente, sabe. É um espaço
pequeno para a quantidade de itens que eles têm, para a quantidade de
móveis”. (Bárbara, loja 1)
“Eu achei uma decoração muito legal, moderna, bom gosto. Mas eu
achei que a exposição das roupas está meio bagunçada. Como eu falei,
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tem muita informação. Não está uma coisa bem distribuída, eu acho que
eles se perderam nisso”. (Renata C., loja 1).
A organização do espaço é associada ao bem estar dentro da loja. Se a
organização do espaço é considerada adequada, se a disposição é aprovada,
então estar na loja é “ótimo”, é “bom”, a consumidora se sente “à vontade”,
“tranqüila”. Isto fica aparente em inúmeros depoimentos, inclusive os que se
seguem:
“A loja é bem espaçosa e me senti à vontade”. (Francine, loja 2).
“Ótimo o espaço. Eu consegui visualizar tudo o que me interessava,
não tinha roupa amontoada em cima da outra, mil cabides, nada. Tudo
bem distribuído, em um espaço grande, deu para eu andar tranqüila, sem
nenhum obstáculo”. (Fernanda, loja 2)
Uma das entrevistadas percebeu incongruência entre a fama da loja e o
tamanho da loja:
“Eu achei muito pequeno. Eu acho que a Loja 2 poderia ser muito
maior, porque todo o mundo sabe que a Loja 2 é uma loja grande, de
fama e todo o mundo gosta da Loja 2”. (Bianca, loja 2)
Outra foma pela qual se visualiza a loja é através da logomarca, ou nome
da loja, outro elemento visual que diz alguma coisa à consumidora sobre sua
imagem. Uma das entrevistadas notou a mudança no logo da loja da parte de
cima da loja para o vidro da vitrine:
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“Eu acho que dá outra forma chamava mais atenção para o nome da
loja. Só no vidro fica escondido. Da outra forma era mais visível”. (Paula,
loja2).
E com relação à loja 1 ressaltou a importância da visualização do logo da
loja para sua atratividade:
“Acho que de longe chama atenção porque o logo fica mais visivel,
tem mais luzes na vitrine”.(Paula, loja 1)
4.1.2. A percepção das cores: o espetáculo das vitrines
Um dos aspectos sensoriais mencionados mais freqüentemente pelas
entrevistadas foi a questão da cor e seu papel na comunicação da loja. As cores
parecem ter basicamente duas funções: a de atrair e a de organizar. E é nas
vitrines que as cores assumem com maior perfeição esses dois papéis: atrair o
cliente e organizar a mercadoria.
A vitrine é a “janela” da loja, porque permite a quem se encontra “de fora”
desvendar o que está “dentro”:
“A aparência é ótima. Está limpinha a vitrine. A loja parece limpa,
toda de vidro, então você visualiza tudo o que está dentro da loja. A
aparência externa é linda”.(Fernanda, loja 2)
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A vitrine tem, então, como uma de suas funções atrair a atenção dos
clientes. Frings (1987) colocou que as vitrines seriam um grande captador da
atenção de clientes. E ainda, que teriam um papel importante na comunicação da
imagem da loja. De Simoni (1997) também ressaltou o papel da vitrine de
comunicar a imagem da loja, de dizer ao cliente o que ele vai encontrar nela. Este
autor também via a vitrine como um instrumento de captura da atenção dos
clientes.
A atratividade exercida pela vitrine é bem ilustrada neste trecho da
entrevista de Renata C. Quando perguntada sobre se tinha vontade de entrar em
uma das lojas respondeu:
“Às vezes. Só quando tem alguma coisa que me interessa na
vitrine”.(loja 1)
E também nestes outros:
“Depende da vitrine, das cores da vitrine. Tem dia que a gente pára
para olhar. Tem dia que não. Se tiver cor forte geralmente me chama a
atenção, se tiver com cores claras, não”. (Francine, loja 1)
“Às vezes sim, mas nem sempre. Mas se parar na vitrine, sempre
sinto vontade. Às vezes eu estou do outro lado da rua, faço questão de
atravessar, para olhar”. (Patrícia, loja 1)
“Está bonita (a vitrine). Nenhuma peça me agradou em especial,
mas está muito bonita, muito bem colocada. Está chamando a atenção
57
para ver o que tem lá dentro que interesse. A posição das peças
colocadas com os acessórios. Você não gosta de uma coisa, acaba
gostando de outra.(Ma. Angélica, loja1).
As cores assumem um papel especial na vitrine. Elas são parte
fundamental do espetáculo que se coloca a quem passa à sua frente, elemento
básico do que se deseja comunicar ao cliente. Martineau (1958) chamou a
atenção para a função exercida pela cor na comunicação de características da
loja para o consumidor, principalmente em termos de associações que os
consumidores fariam com as mesmas.
Por várias vezes nas entrevistas as cores foram citadas, quer como
elemento distintivo na vitrine, quer como elemento de organização da loja e até
mesmo criando um ambiente de alegria.
Falando sobre a vitrine, foi freqüentemente ressaltada a presença das
cores:
“Tá bonita, tá bonita. A parte da esquerda está toda em azul, eu
gosto tanto de azul, o azul sempre chama a atenção para a loja”.
(Sabrina, loja1)
“Bonita vitrine, bem arrumada, bem distribuídas as cores”. (Gabriela,
loja1)
“Eu acho muito bonita, as cores que eles usam muito bonitas”.
(Patrícia, loja1)
O colorido da vitrine também foi apontado neste trecho, como fator de
atratividade:
58
“As coisas da vitrine chamam bastante atenção e eles põem tudo
bem colorido. É uma coisa que acaba fazendo você entrar mesmo”.
(Anna Carolina, loja1)
Para algumas entrevistadas, as cores foram explicitamente o elemento
que mais chamou sua atenção na loja:
“Exatamente a disposição das coisas bem coloridas”. (Anna
Carolina, loja 2)
“As cores, o lilás, o rosa e o azul me chamou muito a
atenção”.(Patrícia, loja 1).
Uma das entrevistadas relacionou as cores presentes na loja com um
ambiente de alegria e descontração:
“A loja tem um ambiente descontraído, alegre. Até porque as peças
são muito coloridas”. (Ma. Angélica, loja 2)
4.1.3. Luz, cheiro, som: os elementos do cenário
Alguns elementos são considerados importantes na literatura para criar a
ambientação da loja, ainda que nem sempre sejam percebidos separadamente
pelo consumidor, e sim como parte da experiência proporcionada pela loja. São
eles a luz, o cheiro e o som. De Simoni (1997) e Berry (1999) acrescentaram
59
elementos que estimulem a experiência sensorial, como música e odores na
criação do ambiente da loja. Eles salientaram que tais elementos servem como
motivadores no momento da compra. Uma das entrevistadas ilustrou a
importância de um conjunto de elementos sensoriais para a imagem e aparência
da loja:
“É eu acho legal a aparência da loja. Tudo combinando bem. Você vê
pela parede, pelas cores, pelos sons. Eu acho que eles têm um bom
gosto”. (Bianca, loja 2).
Algumas das entrevistadas perceberam a música que estava tocando nas
lojas. Mas os extratos das entrevistas sobre música apareceram de forma
espontânea, pois não havia perguntas sobre música. A música foi vista tanto de
maneira positiva...:
“Eu gostei, quer dizer, encaixou. Eu nem me lembro o que estava
passando. Mas encaixou, sim, sabe. É um negócio que encaixou tão bem
que não fica assim depois na tua cabeça, sabe”. (Bárbara, loja 2)
...influenciando o ambiente, tornando o mesmo agradável:
“Ah, me senti bem. Fui muito bem recebida. É um ambiente que tem
uma música moderna tocando. Me senti melhor do que na Loja 1. Tem
um clima mais despojado”. (Fernanda, loja 2).
“(Como se sentiu dentro da loja?) Muito bem. Eu acho que é uma
loja bem acessível mesmo. É diferente da Loja 2. Tem aquela
musiquinha.”(Luciana, loja1)
60
“(O que mais lhe chamou a atenção dentro da loja?) Acho que a
música, eu gosto muito de música tocando”.(Julia, loja 1)
“Ah, o clima é muito gostoso, tem um sonzinho bem leve, as
vendedoras querem saber o que o cliente está à procura, quando a gente
entra, já é bem recebido. Só por isso eu acho que a loja já é 10, porque é
muito bom ter um som dentro da loja, um som bem leve. A Loja 1 é uma
coisa mais leve, porque as clientes que vão para lá e querem um outro
ambiente, que não tem nada a ver com a Surf Ware. O som é bem leve,
é como se fosse Caetano Veloso, bem leve”. (Bianca, loja 1)
...quanto de maneira negativa:
“O ambiente é agradável, quer dizer, tirando a música, é um
ambiente agradável. Acho que nas lojas eles têm essa mania de botar
rádio. Acho que eles deveriam pensar um pouquinho mais músicas que
colocassem nas lojas para agradar gregos e troianos. Que não fosse
uma música tão moderna, mas que também não fosse uma música muito
velha. Para que as pessoas gostassem de ficar dentro da loja, ouvindo
aquela música. Eu acho uma música que não combina com o estilo da
loja. A loja é um estilo bem diferente, como eu vou te explicar, uma
música que incomoda o ouvido, não é uma música agradável. Por isso,
eu acho que eles deveriam colocar uma música agradável para o ouvido
da pessoa”. (Paula, loja2)
“Eu me senti bombardeada, porque é tanta roupa, é tanta roupa, é
tanta roupa, e a música alta. Eu me sinto bombardeada o tempo todo por
iluminação demais, é público demais, eu me senti meio desnorteada”.
(Bárbara, loja1)
61
As percepções positivas ou negativas da loja parecem influenciar, portanto,
a percepção que as consumidoras têm da loja. vale salientar, mais uma vez, que
as entrevistadas referiam-se às mesmas lojas, tanto para criticar, como para
elogiar a música, indicando, mais uma vez, diferenças substanciais nas
preferências de clientes, que podem dar margem a segmentações do mercado
pelo critério de ambientação.
Quanto ao cheiro, poucas das entrevistadas perceberam algum cheiro na
loja. Algumas não souberam definir o cheiro que estavam sentindo:
“Eu acho que eu senti, mas não sei te dizer, mas também não
chamou muito a atenção. Eu sinto assim: aqui está um cheiro diferente.
Ah, é um cheiro mais agradável”. (Patrícia, loja 1)
“Tem um cheiro, mas não tem como descrever”. (Anna Carolina, loja
2)
...e outras atribuíram algum sentido ao cheiro:
“Um cheiro agradável. Não sei qual. Não sei se era um perfume. A
loja estava limpa, muito limpa. Tudo assim muito limpinho organizado.
Um cheirinho assim, gostoso”.(Fernanda, loja 1)
“Acho que senti (um cheiro) de roupa nova”. (Julia, loja 2)
“Um perfume agradável”. (Ma. Angélica, loja 2)
“Era um perfume suave. Parecia um incenso, bem fraco”. (Gabriela,
loja 2)
62
Taneja (1998), além de privilegiar a facilidade de acesso às mercadorias e
um bom mix de produtos, colocou também que a limpeza, iluminação e segurança
contribuem para a criação da ambientação da loja, ambientação esta que pode
ajudar a construir uma relação duradoura com os clientes, proporcionando
confiança e satisfação.
Com relação à iluminação, alguns depoimentos a destacaram como um
dos componentes que ajudam a criar o ambiente da loja.
“Bom o ambiente da loja, alguma coisa, eu não sei te dizer o quê,
mas eu volto a falar: poderia ser alguma coisa assim para facilitar mais.
Luz, mas muita luz também fica uma coisa meio fria, talvez se tivesse um
pouco menos de luz”. (Patrícia, loja 1)
A iluminação também foi relacionada a espaço, amplidão:
“A loja é iluminada, espaçosa, não fica todo o mundo apertadinho”.
(Renata C., loja2)
“Boa, bonita. É bem iluminada, dá para ver legal a vitrine. A vitrine é
grande dá para botar várias peças”. (Ma. Angélica, loja1)
“Bonita, a loja é bonita, iluminada e espaçosa, dá para se
movimentar bem, sem problemas. É uma loja iluminada, arejada.
Ambiente escuro é horrível para você ficar numa loja. E deu para ver
bem as cores das roupas”. (Francine, loja 2)
63
E, também, ajudando a compor o estilo da loja:
“Bonita, é mais ou menos o que tem do lado de fora. Não tem nada
de mais, mas o básico não erra. Então é aquela coisa bem “clean”, bem
iluminada, mas não tem nada de mais”. (Julia, loja 1)
“A loja é bonita, bem iluminada e tal. Acho que ajuda, faz parte da
decoração. Eu acho que ajuda”. (Ma.Angélica, loja 1).
“Bonita a loja. Clean, clara, bem iluminada, ajuda as peças a
sobressaltarem, gostei”. (Ma. Angélica, loja 2).
4.1.4. A experiência tátil: tocar as roupas
As entrevistas realizadas ilustram este ponto no momento em que as
entrevistadas descrevem como se sentiram no interior da loja. A facilidade de
acesso às mercadorias e o fato de “poder mexer nas roupas à vontade” foram
citados como elementos que contribuem para a criação de um ambiente
agradável na loja, influenciando de forma positiva sua imagem.
“As roupas estão expostas de uma maneira de fácil acesso. Por isso
que eu gostaria de andar mais à vontade na loja. Eu ia poder ficar mais
tempo, eu ia mexer nas roupas, porque elas estão de fácil acesso”.
(Patrícia, loja 1).
64
“É fácil o acesso à mercadoria. Até porque a vendedora não ficou em
cima da gente. Ela permitiu que a gente visse a loja inteira. A gente pode
manusear as roupas e ver com clareza, pegar no pano e no tecido, a forma
de você manusear mesmo, achei perfeito”. (Paula, loja 2).
“Também tem um bom acesso, você pode tocar, vestir, analisar, são
bem expostas. Achei, achei super fácil”. (Gabriela, loja 2).
Uma das entrevistadas reclamou da loja restringir o acesso a uma das
mercadorias:
“A única coisa que eu tenho que reclamar é que as jaquetas estão
presas. Você pega o cabide para experimentar e tem que pedir para a
vendedora tirar. É ela que tem para tirar, porque é como se fosse uma
forma de cadeado, você não consegue tirar nada do lugar ». (Bianca, loja
1).
4.2. O Significado das Coisas
Lindquist (1974 -1975) privilegiou a mercadoria vendida, o serviço oferecido
como elementos importantes para a imagem da loja, e acrescentou fatores de
localização na avaliação que os consumidores fariam da imagem da loja. Destes
três, seria a mercadoria, nas suas dimensões de qualidade, seleção, preço e
estilo, o fator-chave para a imagem.
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4.2.1. As roupas como elemento de atração
As roupas expostas na vitrine funcionam como estímulo para a entrada na
loja, como explicita o trecho a seguir:
“Linda. Eu acho a loja linda. Não tem nada de excepcional. O que
chama a atenção, o que dá vontade de você entrar é por causa das
roupas. A vitrine não é diferente, nada é diferente, mas é bonita. Só não
é diferente, é bonita”.(Fernanda, loja 2)
“Sinto. As peças que estão expostas são bonitas, chamativas,
convidam a entrar”.(Ma. Angélica, loja1)
A vitrine é então a janela pela qual as roupas se desvendam ao
consumidor, um atrativo, um chamado, um convite à entrada, uma promessa,
para desfrutar de outros atrativos que a loja oferece.
4.2.2. As roupas como elemento de definição do estilo da loja
Além disso, as roupas definem o estilo da loja. Neste trecho da entrevista
fica ilustrado como as roupas na vitrine da loja podem contribuir para comunicar a
imagem da mesma:
66
“Bem feita, muito bem feita. Mostra exatamente o estilo da loja, um
estilo diferente. E é bem legal. Eu gosto. É simples, mas é diferente. A
sandália, por exemplo. Aquele sapato ali, realmente ele é um estilo bem
diferente. Que mais que eu acho? As cores estão na moda... Mas, acho que
o sapato é o que mais aponta para o estilo da loja. É um sapato rosa,
entendeu, é uma coisa bem diferente, enfim”. (Paula, loja2)
“Tem um estilo clean, como a roupa, entendeu. Eu acho que a loja,
ela segue o estilo da roupa. É um bom estilo clean, é o básico, a loja é uma
loja básica, não tem nada de mais, não.” (Sabrina, loja1)
“Eu acho uma loja interessante, com roupas assim bem autênticas,
diferentes das outras lojas que têm um padrão, que quem faz é a moda. Lá,
eu acho que você faz coisas bem diferentes e eu gosto da loja. Acho uma
loja assim com coisas muito bonitas ! (...) Olha, eu acho que é um estilo
nada convencional. É um estilo assim bem psicodélico, bem eclético, tipo
assim não é uma roupa para você usar no dia a dia, é uma roupa para você
usar em uma festa, para você sair.”(Paula, loja2)
A roupa, então, dá caráter e personalidade à loja. O tipo de roupa define o
tipo de loja, e define, também, o tipo de cliente que se espera lá encontrar.
4.2.3. As roupas como elemento de identificação do cliente da loja
Grewal, Krishnan, Baker e Borin (1998) salientaram a imagem da loja como
um influenciador na decisão de compra. Os componentes da imagem, segundo
estes autores, seriam a ambientação, o nível de serviços e a qualidade das
mercadorias. Eles observaram também a importância da congruência entre
imagem da loja e produtos.
67
A importância da mercadoria para imagem da loja, para definição da
imagem da consumidora, para a percepção da qualidade e posição diante da
moda foi levantada diversas vezes pelas entrevistadas.
Em um caso, as mercadorias apontam na direção de um consumidor
“autêntico”, que “sabe o que quer”:
“As mercadorias têm um ‘tchan’ psicodélico. São muito autênticas.
São para pessoas que realmente sabem o que querem usar. Não
seguem tendências, nem estilos e tudo. São pessoas que...são roupas
que marcam. São roupas que chamam a atenção porque têm cortes
diferentes, tecidos diferentes, cores diferentes. Não são roupas que você
está acostumada a ver na maioria das vitrines”(Fernanda, loja2).
Ou para o poder aquisitivo dos clientes:
“Você vê que são coisas bem feitas, tecidos finos e, apesar de ser
uma loja, como eu te falei, de um estilo bem diferente, eu acho que eles
fazem questão de fazer coisas diferentes, mas bem feitas, bonitas, de
tecidos bons, que dão um caimento muito bom e por isso que é uma loja
para pessoas de poder aquisitivo bem alto, porque as roupas são caras
realmente”.(Gabriela, loja2)
Ou, ainda, para a faixa etária a que pertencem:
“Eu antigamente não sentiria não. Mas hoje, como eu vi a vitrine, eu
acho que mudou bastante. Antigamente era mais para senhora, agora
68
não. Agora a moda é totalmente diferente. Como passei pela frente,
chamaria muita atenção e eu acho que poderia até entrar para ver. O
terninho. Mudou muito o estilo da roupa. Porque antigamente era mais
para senhora. Agora, quando eu olhei ali, eu vi que era mais para
adolescente mesmo e as roupas estão 10, super na moda, né ?”(Bianca,
loja1).
As roupas são vistas, então, como o elemento fundamental na definição da
imagem da loja. Isso se evidencia pelo fato de, quando indagadas sobre o que
lhes chamava mais atenção em relação à loja 1, a resposta mais freqüente
referiu-se às próprias roupas em geral ou a algum ítem específico da loja.
“Só as roupas. Nada de anormal. Uma loja bonita, mas básica,
tradicional. Não tem nada que eu olhe assim, ah, isso é diferente das
outras lojas!”. (Fernanda)
“Aquele vestido que eu vi, um vestido jeans que eu gostei, uma
jaqueta de couro que eu achei bonita e aquele conjuntinho verde, bem
diferente. (Paula)
“Os colares”. (Gabriela)
“Uma jaqueta de couro”.(Sabrina)
“As roupas me chamaram a atenção, as cores das roupas”.(Francine)
“As roupas. Eu sempre fui curiosa de ver tudo que tem ali. Eu fico
bem curiosa”. (Patrícia)
“Uma calça jeans que estava com um poema do Vinícius de
Moraes. Achei interessante. Tem coisas diferentes, eu não sabia. Mas eu
acho assim que a Loja 1 tem roupas largas (...) eu quero uma roupa mais
69
coladinha. E lá tem blusas de seda mais larguinhas. Então isso não
estimula porque eles fazem um padrão maior. A Loja 2 já é tudo mais
coladinho, pequenininho”.(Luciana)
“O terninho e a jaqueta de couro, porque a jaqueta de couro está em
alta e o terninho. Se eu pudesse me vestir, eu me vestiria de terninho o
dia inteiro”. (Bianca)
“As roupas propriamente ditas”. (Ma.Eduarda)
“Algumas peças que eu gostei, só”. (Ma.Angélica)
Em relação à loja 2, também foram as roupas e acessórios da loja o que
mais chamou a atenção das entrevistadas:
“As roupas, eu sou fascinada por estas roupas, definitivamente. São
realmente muito bonitas, eu cheguei à conclusão. Muito diferentes, muito
caras, mas lindas. Dá para ver pelas cores, pelos tecidos, é tudo muito
diferente”. (Fernanda)
“As roupas, todas elas, maravilhosas”. (Paula)
“As blusas”. (Gabriela)
“Uma sandalinha”. (Renata C.)
“Um cinto lindo, que eu adorei. E até a simpatia da vendedora. A
vendedora é muito simpática”. (Sabrina)
“As roupas, que seriam diferentes mesmo”. (Francine)
70
“Foram os sapatos, porque eu gosto muito dos sapatos de lá. E
acessórios, cintos”. (Luciana)
“A roupa que eu estava vestindo, eu adorei. (Renata B.)
“A calça de purpurina, que está linda. Eu acho que agora a moda é
essa. (Bianca)
“As roupas”. (Ma. Eduarda)
4.2.4. Os manequins
Algumas das entrevistadas chamaram a atenção para os manequins da
vitrine, que tanto podem acrescentar positivamente ou afetar negativamente a
percepção que se adquire da loja. Neste caso, as opiniões sobre os manequins
diferem entre algumas entrevistadas, com relação à mesma loja. Por exemplo,
assim foram vistos os manequins na vitrine da loja 2:
“Super simples. Os manequins não estão nem bem arrumados.
Diferente daquela outra loja em que os manequins são todos arrumados.
Este não está bem arrumado, mal feito até. Os manequins sem
acessórios. Está muito pobre. Eles repetiram a mesma cor, sabe, não
tem nada de mais que me chame a atenção. Está muito normal”.
(Patrícia, Loja 2)
“Achei bonita, ela está simples, está limpa, tem três manequins só.
As roupas não estão muito cheias de enfeites. Gostei, achei bonitas”.
(Bárbara, loja 2)
71
“A vitrine eu achei mais extravagante. Mas é diferente, as estampas
são diferentes. O modo do próprio manequim é diferente, moderno, leve.
Por exemplo, as manequins têm um estilo, manequins altas, magras.
Tem esse movimento. Então isso me traz uma modernidade, entendeu”.
(Julia, loja 2)
“Acho bonita, muito bonita. É uma loja que chama a atenção. Os
manequins são diferentes, é um manequim que chama a atenção, não é
um manequim normal deles. Todo diferente. Sei lá, ele não é com corpo
e roupa. Ele parece que na parte de cima da cabeça, ele tem umas
coisas, um detalhe, sei lá, diferente”. (Luciana, loja2)
Na loja 1, também ocorreram diferenças de opinião:
“Tem muita informação na vitrine da loja. Cinco manequins na vitrine
com vários artigos”. (Renata C., loja1)
“A aparência da loja é muito boa. De fora já dá para ver tudo o que
tem na loja, eles colocam os manequins no alto, assim, interessante, dá
para ter noção do que tem na loja”. (Bárbara, loja 1).
4.2.5. Outros objetos
Outros objetos, na loja, chamaram a atenção das entrevistadas. Em um
caso, foi dada grande atenção aos móveis da loja, indicados como o elemento
que mais chamou a atenção da entrevistada:
“Os móveis lindos, você viu ? Porque agora também o meu olho está
mais para móvel”. (Renata B., loja 1)
72
Outros elementos também foram citados, como o vidro e o espelho:
“Eu não vi nada demais. Tinha um espelho muito bonito, que me
chamou a atenção, mas só. Normal, nenhum adereço que me chamasse
atenção”. (Fernanda, loja 2)
“Acho bonita, uma loja super bonita. Eu gosto de loja com vidro, com
bastante vidro na vitrine”. (Francine, loja1)
Elementos da arquitetura do interior da loja também foram citados como
contribuindo para a atratividade e beleza da loja:
“Ah, a loja é muito linda. Eu acho que se eu tivesse que me vestir, eu
me vestiria como se fosse a Loja 2. Eu gostei muito do chão, das
paredes, que combinam tudo. As roupas estão lindas e o interior da loja
também. Eu acho que está tudo bem”. (Bianca, loja 2)
Neste caso, a loja é vista como uma mulher, que se enfeita para atrair: “eu
me vestiria como se fosse a loja...”
4.3. A Relação com as Pessoas
Os vendedores são elementos fundamentais na construção da imagem da
loja. Assim como Martineau (1958), Durig (1997) e Barcellos (1999) também
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ressaltaram o atendimento oferecido na loja e a contratação e treinamento de
vendedores como pontos essenciais para agregar valor à imagem da loja.
As vendedoras foram apontadas por algumas entrevistadas como veículos
de comunicação da imagem da loja no que diz respeito ao estilo. Às vezes
comunicam bem quem é a loja, mas, às vezes, não correspondem ao estilo ou à
imagem que se faz da loja:
“Bonita (a vendedora), assim ela está a caráter na loja, vestida no
estilo da loja, pintada e maquiada e com roupa da loja. Legal isso,
interessante. Essa coisa que as lojas fazem de colocar os funcionários
usando as roupas, fazendo o estilo da loja”. (Paula, loja 2)
“Acho que a vendedora combina com o estilo da loja. Elas combinam
com as roupas. São pessoas que gostam daquelas roupas, que ficam
bem, por serem umas roupas assim diferentonas”. (Francine, loja 2).
“A maneira de se vestir eu achei super legal, porque foi com a roupa
da loja, aquelas roupas bonitas. As vendedoras da loja são pessoas
bonitas, entendeu, com a cara da loja. Elas vestem a roupa da loja
mesmo”. (Luciana, loja 2).
“Boa, arrumada, penteada, maquiada, quer dizer, uma coisa básica
para quem trabalha com moda e para quem trabalha com uma loja que
vende moda”. (Renata C., loja 1)
“A vendedora não faz o estilo da loja. Elas não usam roupas da loja,
elas não se maquiam. Sei lá, eu gosto mais do estilo que a Loja 2 faz
com as vendedoras, de deixar as vendedoras no estilo da loja”. (Paula,
loja 1)
74
Algumas entrevistadas observaram a aparência física da vendedora
relacionando a mesma com o estilo da loja de maneira positiva ou negativa:
“A vendedora não tem o estilo da loja, pelo contrário, até me
surpreendi um pouco com a aparência dela mesmo. O estilo dela, sem
maquiagem nenhuma, ela tem o aspecto de cansada. Tudo bem deve
estar cansada mesmo, mas acho que ela devia lavar o rosto, passar um
sabonete, se pintar de novo”. (Patrícia, loja 1)
“Mas não é um tipo de vendedora que eu esperaria nessa loja pelo
preço das coisas lá dentro. Eu espero uma pessoa classe média no
mínimo, classe média alta, e ela estava mais para classe média baixa.
Foi a impressão que eu tive assim pela roupa, pela postura”. (Bárbara,
loja 1).
“Sempre percebi a Loja 2 com vendedoras muito bonitas. Teve uma
época em que só entrava menina bonita, mesmo: loura, de olho azul. E
eu tinha uma idéia de que elas eram um pouco metidas, um pouco
antipáticas”. (Julia, loja 2)
“Ah, ela é bonita. Todo o tempo cuidando do corpo, até para
corresponder à imagem da loja, às expectativas de qualidade, digamos
assim”. (Bárbara, loja 2).
Duas das entrevistadas apontaram a vendedora como um veículo de
exposição da roupa, como um elemento de promoção da roupa da loja. Deste
modo, observaram a importância do corpo, da forma física para a venda da roupa:
“Olha, não é uma vendedora fashion, dessas pessoas que
vendem a própria imagem. Mas ela vendeu a simpatia dela. Não acho
75
que ela combine com o estilo da loja pela postura mesmo. Elas vestem
as roupas mas não é uma coisa que sobressai. Eles podiam colocar
assim uma mulher mais vistosa, que vestisse uma roupa que você
olharia para o corpo dela, e já saberia que é uma roupa da loja. Ela está
vendendo uma peça ambulante da loja. A pessoa olharia e diria: que
legal, ficou bem em você. Não, não é assim, porque elas não têm corpo,
não tem uma postura. Mas vendem a simpatia delas”. (Luciana, loja 1).
“Achei simpática, claro, estava na ânsia de querer vender logo. Agora
achei gordinha. Isso é ruim porque não tem roupa que fique boa. Ela está
acima do peso dela e as vendedoras não passam de um mostruário das
roupas da loja. Se a vendedora não está acima do peso e não fica bem
com a roupa, isto pode até contribuir para a gente não comprar as
coisas”. (Renata B., loja 1).
Seidman (1998) relacionou as atitudes dos vendedores com a criação de
um clima agradável na loja, onde os clientes se sentiriam à vontade. De fato,
muitas das entrevistadas apontaram a vendedora como uma das principais
responsáveis pela criação de um ambiente agradável, que deixe as consumidoras
à vontade. Pode-se constatar esta afirmação em trechos de entrevistas relatando
situações em que a vendedora foi bem sucedida e outros relatando situações em
que as vendedoras passaram para as entrevistadas uma imagem negativa da
loja.
“Eu não achei nada de excepcional. Achei normal. Não me senti
super à vontade, porque não senti um clima acolhedor por parte das
vendedoras”. (Fernanda, loja 1)
“Achei meio hostil o ambiente da loja. Talvez pela vendedora. Ela me
olhou como se eu tivesse vindo só para olhar, não para comprar alguma
76
coisa. Eu acho que quando você entra numa loja, você tem que ser bem
atendida, comprando ou não”. (Gabriela, loja 1)
“Eu acho que a Loja 2 é uma loja que, até porque não é todo mundo
que pode comprar nela, as vendedoras fazem questão de te mostrar
isso. Então quem pode comprar, entra; quem não pode comprar, nem
entra”. (Renata C., loja 2)
“Eu gostei da loja por dentro. As roupas até não estão tão loucas
quanto eram, não. Acho que mudou um pouco o estilo. E as vendedoras
são super simpáticas. A que me atendeu então, super simpática”.
(Sabrina, loja 2)
“Como eu me senti ? Uma cliente que a vendedora esteve querendo
empurrar alguma coisa para mim. A qualquer custo. Mesmo sendo
alguma coisa que eu não gostei”. (Gabriela, loja 1)
“Bem, à vontade. A vendedora me deixou em paz. Acho que já é
uma coisa básica de ficar bem numa loja”. (Renata C., loja 1)
“Bem, me senti bem à vontade, super educada a vendedora, veio
perguntar: “- você quer que eu ajude em alguma coisa ?”. Como eu falei
que estava só dando uma olhada, ela falou: “ah, fique à vontade!”. Se
alguma coisa te interessar, meu nome é tal”. (Anna Carolina, loja 1).
“Me senti muito bem. As pessoas falam umas com as outras, o
tempo todo a vendedora estava perto de mim. Eu trocava de um lado e ia
para o outro, e ela também se aproximava. Não ficou perto assim, mas
ficou do meu lado, ela sabia o preço de cabeça, não tinha aquela
dificuldade de ver a etiquetinha e ir lá dentro ver o preço. Me mostrou
uns vestidos mais colantes, ela falou: nós temos esse aqui, temos este
aqui em rosa. Eu achei bem legal a menina”(Luciana, loja1).
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“Me senti bem, elas conseguem tratar bem as pessoas que entram
no interior da loja, perguntam se você quer alguma coisa, se precisa
ajuda”. (Ma. Eduarda, loja 2)
“Eu acho que eu me senti mais à vontade. A moça, quando eu
entrei, ela veio, me cumprimentou, eu falei que ia dar uma olhadinha. Ela
também não ficou do meu lado o tempo todo, ficou conversando com a
outra moça. Mas ficava mais ou menos próxima, pronta para qualquer
momento em que eu pudesse solicitar, ela estava a postos”. (Julia, loja 1)
“À vontade. A vendedora me deixou à vontade. Ela se apresentou e
falou que se eu precisasse, para perguntar alguma coisa para ela. Aí eu
fiquei à vontade para ver o que eu queria”. (Ma.Angélica, loja1)
Podemos perceber, através destes depoimentos, que a
desenvoltura da vendedora em se mostrar disponível e a proximidade do
cliente são fatores extremamente importantes na permanência do cliente
na loja e no fato de deixar o cliente à vontade para manusear as roupas
tranqüilamente.
78
4.4. Outros Resultados Relevantes
Alguns aspectos adicionais surgiram nas entrevistas e, embora não
tivessem sido previstos, parecem ser de interesse para o objetivo deste trabalho.
4.4.1. Localização da loja
Os fatores de localização foram apontados em dois momentos distintos: em
um deles, uma das entrevistadas citou a importância da comodidade da loja estar
situada perto de sua casa:
“Eu acho que agora que abriu esta aqui em Niterói, eu tenho mais
acesso. Aqui em Icaraí.” (Fernanda, loja1).
“Gostei da localização que é perto da minha casa. Eu posso passar
ali sempre e ver”(Julia, loja 1).
No segundo caso, a localização da loja em relação às lojas vizinhas, foi
apontada como influenciador da imagem da mesma.
“É bonita. É o estilo como um todo do conjunto das lojas também
que está no lado. Um negócio mais aberto, mais claro. Parede branca,
etc. É bonita. (Você acha que essas lojas que estão em volta
influenciam?) Claro. Sem sombra de dúvida. Tem muito mesmo um
padrão de roupas, porque é moda. Mas os quatro estilos são muito
parecidos, as quatro lojas daqui” (Bárbara, loja2).
79
“A aparência externa da loja é normal. Está muito parecida com as
lojas que estão do lado. Mesmo estilo, mesmas cores: branco, prateado,
mesma iluminação. Acho que se eu fosse da loja com certeza eu
mudaria. Justamente por esse motivo, está muito parecido com a do
lado, parece até uma continuação, sei lá, é meio esquisito”. (Patrícia, loja
2).
4.4.2 A visualização do preço na roupa
A possibilidade de se visualizar o preço na etiqueta da roupa foi citada
como um fator que contribui para se ficar mais à vontade na loja. Tanto pela
comodidade de não precisar, a todo momento, perguntar o preço para vendedora,
quanto por uma questão de não passar constrangimento:
“Eu me senti mais à vontade para olhar as roupas, até porque todas
tinham preço. Então, eu me senti bem mais à vontade”. (Fernanda, loja
2).
“Eu não suporto loja que não coloca o preço da roupa. Coloca mil
códigos e, é chato, você têm que de cinco em cinco minutos perguntar o
preço para a vendedora. Você vê um monte de roupa bonita e tem que
ficar perguntando. O fato do preço não estar na roupa é muito chato.
Você já tem que ir lá se levantar. Então você pensa: ah, então deixa para
depois.”. (Fernanda, loja 1)
“Fácil acesso também, mas uma coisa que chama muito a atenção é a
questão até do preço. Eu acho que se você tem acesso às roupas, eu
acho que não adianta tanto, porque você não fica à vontade se não puder
ver o preço. Você tem que ficar solicitando a vendedora para poder saber
80
preço. E é uma coisa que não fica tão acessível. As roupas são
acessíveis, mas até certo ponto é nulo porque acaba que tem que
solicitar a pessoa para poder saber o preço. Não tem o preço nas
roupas”. (Ma. Angélica, loja 1).
“Eu acho que a Loja 2 tem uma coisa, que eu acho bem interessante, que
é o preço na etiqueta de todas as roupas, o que deixa você à vontade
para escolher e para saber se você pode comprar ou não”. (Renata C.,
loja 2).
4.4.3 Cabines
Uma das entrevistadas observou de forma negativa a distância das cabines
e o salão da loja:
“Eu tinha uma observação sobre a cabine para trocar roupa. Eu
acho que ela poderia ser um pouco mais acessível. O fato de você pegar
uma roupa, você não sabe se vai comprar, você quer comprar. Você quer
experimentar para ver, decidir. Eu acho que a cabine é muito no final da
loja. Então você tem que passar por aquele balcãozinho. Se fosse mais
para o meio da loja, (...), é uma coisa que você já sai do salão da loja
para a cabine. (Luciana, loja 2).
81
4.5. Imagem da Loja
4.5.1. Imagem percebida pelas entrevistadas
Procurou-se identificar, a partir das entrevistas realizadas, qual a imagem
que as entrevistadas fazem das duas lojas estudadas. Em um caso, a loja parece
ter uma imagem bastante clara junto às entrevistadas. No outro, porém, essa
imagem não se encontra bem delineada.
A loja 2 tem uma imagem bem definida para as entrevistadas como uma
loja autêntica, que lança moda, com roupas diferentes, como uma loja psicodélica,
que vende roupas para festas e para sair à noite.
Já a loja 1 apresentou uma diversidade de imagens para as entrevistadas:
tanto a imagem de uma loja clássica, tradicional, para mulheres responsáveis,
mais velhas, como a de uma loja de estilo moderno, para garotinhas; tanto uma
loja de roupas chiques, quanto de roupas básicas para o dia a dia.
Uma das entrevistadas relatou bem esta imagem difusa que a loja 1
apresentou:
“A Loja 1 tem a roupa básica e tem a roupa arrumadérrima... Mas eu
acho que abrange um público legal, apesar do preço não ser muito
compatível. Eu achei muita confusão. Tem estampa que tem em todas as
lojas, que fica uma coisa repetitiva, como tem um casaco de couro que
custa 500 reais. Então, quer dizer, eu acho uma coisa mal definida. Não
é como Loja 2, que definiu um estilo. Aqui não, como eu falei, aqui na
Loja 1 você pode comprar roupas que você pode usar diariamente, de
82
manhã, de tarde e de noite, como pode comprar roupas de festa. Você
pode comprar uma roupa baratézima, como pode comprar uma roupa
carézima. Então eu acho que existe esse tipo de mescla”. (Renata C.,
loja 1).
E ainda,
“A coleção nova não chegou de uma vez, quer dizer, vieram aos
poucos, então tem coisas de inverno, tem coisas de verão. Eu acho que
eles estão meio perdidos”. (Renata C.)
É provável que esta diversidade encontrada na definição da imagem da
Loja 1 se deva ao fato de a mesma ter se reposicionado no mercado menos de
um ano antes das entrevistas serem realizadas.
4.5.2. Congruência entre os elementos da imagem
A literatura revisada sobre imagem de loja revelou elementos que, em seu
conjunto, ajudariam a criá-la.
Para Martineau (1958), o layout e arquitetura; símbolos e cores;
propaganda; e vendedores seriam os principais atributos que definiriam a imagem
da loja. As instalações, o espaço disponível, sua divisão e o acesso às
mercadorias seriam decisivos na criação do ambiente da loja.
83
Para Lusch e Dunne (1990), deveria haver uma congruência entre o
exterior da loja e seu interior. Não adiantaria que o exterior fosse convidativo e o
interior fosse discrepante em relação a ele. Algumas entrevistadas salientaram a
importância dessa congruência em seus depoimentos:
“Eu acho a aparência externa da loja legal. É uma loja bem
iluminada e isso é importante. Uma loja com aspecto de limpa, uma loja
“fashion”, uma loja bem moderna. Decoração moderna, eu acho isso
importante”.(Renata C., loja 2)
Nesta mesma linha, uma das entrevistadas mostrou seu descontentamento
ao entrar em uma das lojas e perceber que a vitrine não estava em acordo com o
que tinha dentro da loja:
“Eu parei para entrar, tanto que eu entrei lá hoje. Por causa das
cores fortes que estavam na vitrine. Mas quando eu entrei nada me
encantou lá. Achei uma roupa mais séria, parece que elas mudaram até
o estilo dela”.(Francine, loja1)
Outra exprimiu a relação da ambientação da loja, com seus vários
elementos, estando em consonância com uma imagem de exclusividade.
“A decoração é super ‘clean’. A iluminação da loja é muito boa, não
é aquele negócio de uma multidão de roupas, onde é tudo embolado.
Eles têm poucas coisas, o que dá a impressão de exclusividade: tem um
modelo daquela roupa ali. Na verdade, não tem: tem 5 do mesmo
84
modelo no estoque. Mas a decoração é fantástica, a decoração é bonita,
música, ambiente, tudo isso é perfeito”(Bárbara, loja2).
E outra, ainda, salientou a discrepância entre a temperatura e a coleção que
estava na loja:
“Isso me chamou a atenção, de eles já terem entrado com as coisas
da nova estação e estar um calor danado. O que me chamou a atenção
foi que, com esse calor danado, tem duas blusas sem manga na loja.
Tudo com manga, então quer dizer as coleções antigas não estão
acompanhando”. (Renata C., loja 1)
4.6 A Propensão a Comprar
Uma das questões da entrevista teve como objetivo elucidar quais os
elementos que poderiam estimular ou desestimular a compra na loja.
Com relação à Loja 1, o elemento mais citado como estímulo à compra foi
a roupa.
“Me senti estimulada pela beleza da roupa”. (Fernanda).
“Me senti estimulada por uma blusa”. (Gabriela).
85
“A qualidade das roupas me estimulou. São roupas bonitas, que você
sabe que são práticas e funcionais, que você sabe que você poderia usar
com vários tipos de roupa”. (Ma. Eduarda)
“Sim. Me senti estimulada pela qualidade da roupa, o modelo”. (Ma.
Angélica).
As vendedoras possuem um papel importante no estímulo às compras.
Algumas vezes elas contribuem positivamente:
“Senti vontade de comprar. A própria roupa, o jeito que a vendedora
me deixou à vontade. Essa simpatia dela me deu o estímulo de
experimentar e de repente comprar”.(Anna Carolina)
“Foi o que eu falei: só o atendimento das vendedoras estimula o
cliente a comprar, as formas de pagamento, tudo de bom. E até levar
para a cabine, elas me levaram.” (Bianca).
Outras negativamente, desestimulando a compra:
“Não me senti estimulada. Porque a vendedora não perguntou nada,
não falou nada. Simplesmente me deu bom dia e se afastou de mim. Só
quando eu perguntei o preço de alguma coisa que ela se aproximou”.
(Renata C.)
“Acho que é por falta de contato com o vendedor”. (Sabrina)
“Ela não me estimulou, como eu te disse, ela não me estimulou nem
um pouco a comprar. Apesar de eu gostar da roupa. Ela também não me
deu opção para isso”. (Bárbara)
86
“Mas eu acho que ela faz a diferença quando você está meio assim,
você viu alguma coisa bonitinha e a vendedora”. (Patrícia)
“Uma coisa que me desestimula é o atendimento das vendedoras. Eu
sinceramente não gosto muito. Não que elas sejam desagradáveis, mas
no geral acabam me desagradando”. (Ma. Angélica).
Outros fatores citados como elementos que desestimulam as compras
foram o preço, a diferença de estilo entre a entrevistada e a loja e o fato de a
entrevistada não estar desejando comprar roupas no momento da entrevista.
Os elementos que funcionaram como estímulo à compra na Loja 2 foram
as roupas e acessórios:
“As roupas são incríveis. Me deu vontade de comprar todas as
roupas, na próxima festa que eu tiver. Todos os momentos, adorei”.
(Fernanda)
“Os tecidos diferentes, aquela calça que eu te mostrei eu gostei
muito, as roupas lá são em geral muito bonitas. É difícil você ver uma
roupa nada a ver. Você pode até não gostar, mas feio vai ser difícil você
encontrar”. (Paula)
“Eu gostei do cinto. Se eu tivesse dinheiro, eu tinha levado.(...) o
cinto é que eu gostei. Achei super delicadinho, só que não tinha a cor que
eu queria”. (Sabrina)
“Vários momentos. Pelas blusas”. (Gabriela)
“Senti. Uma peça diferente, uma calça bem legal que estava lá que
tinha um acessório diferente”.(Luciana).
87
“Tanto que eu comprei, claro. Achei linda a roupa. A roupa bonita,
ficou bem em mim. E eu adorei. Só o preço que foi salgado”. (Renata B.)
A importância do papel da vendedora no momento da compra foi mais uma
vez apontado:
“Me senti estimulada não pelo estilo da roupa, mas pela loja em si.
Pela vendedora, eu estaria sim. Pelo atendimento, pela loja em si, eu
gostei”. (Ma. Angélica)
“Eu não sei se isso é uma regra ali dentro, que elas não podem ficar
no pé da cliente, mas eu acho fundamental. Não é para ficar paparicando,
mas fazer um estilo, ficar do lado da cliente, se botar disponível à cliente
e dá uma saidinha e daqui a pouco pergunta se ela quer alguma coisa ou
então pega alguma coisa e mostra para ela. Se ela não gostar você deixa
ela um pouco mais à vontade. Sempre esteja próximo, para você estar
disponível no momento que ela quiser e isso não tem lá”. (Patrícia)
“Não eu não me senti não. Poderia até comprar, mas se não fossem
as vendedoras. Elas deixam o cliente muito à vontade. Uma está
pintando unha, a outra conversando. Em nenhum momento elas
chegaram a falar comigo. Só no começo, que elas deram atendimento, e
acabou. Ficaram lá atrás. Se não fosse isso eu acho que eu até me
estimularia a comprar. A vendedora é essencial dentro da loja. Os donos
das lojas colocam vendedoras para atender. Se eu estou ali, se eu entrei,
é para poder comprar alguma coisa, é que alguma coisa pelo menos me
chamou atenção na vitrine. E lá dentro se eu fiz uma ou duas perguntas
foi muito, porque elas nem investigaram para saber o que eu queria
procurar lá dentro, o que de tão especial me fez entrar naquela loja.
Foram só as vendedoras, porque as roupas estão lindas e se não fosse
88
por causa disso eu acho que eu até compraria alguma coisa lá dentro”.
(Bianca)
Até mesmo pelo fato de a Loja 2 ser citada como uma loja que vende
peças diferentes, algumas das entrevistadas relataram que não se sentiram
estimuladas a comprar pela diferença de estilo com relação à loja, como ilustra o
trecho a seguir:
“Não, porque como eu te falei eu não me identifico com essa roupa.
Não gosto mesmo, não sei, não sei, eu acho bonito nas pessoas, mas em
mim realmente não combina”. (Francine).
O preço foi um dos elementos mais citados como fator de desestímulo à
compra. Porém foi grande o número de entrevistadas que relataram não ter
qualquer tipo de desestímulo com relação à Loja 2.
É importante salientar que, embora as entrevistadas tenham citado
elementos que estimulariam as compras e apesar de muitas terem respondido
que se sentiram estimuladas pelas roupas, somente uma efetivou a compra na
Loja 2. De qualquer modo, é possível que a questão da pesquisa tenha induzido a
resposta de algumas entrevistadas.
89
5 CONCLUSÕES
5.1 Resumo do Estudo
Este estudo procurou identificar a relação da ambientação com a imagem
da loja, bem como analisar como cada elemento da ambientação pode contribuir
para a atratividade e para a criação de um ambiente que deixe as consumidoras à
vontade no momento da compra.
Foram entrevistadas 15 consumidoras de 20 a 30 anos, residentes na Zona
Sul de Niterói, a fim de investigar como elementos da ambientação da loja
refletem sua imagem e como contribuem para a criação de um ambiente
agradável na loja, estimulando a realização da compra.
Pode-se observar, através do estudo, que existem diversos elementos na
loja que atuam sobre seu ambiente de forma positiva ou negativa. O primeiro
deles se refere à maneira como as consumidoras percebem o espaço da loja,
tanto em relação à organização quanto à amplitude. A organização do espaço foi
relacionada com a disposição e exposição das mercadorias, onde foram
privilegiados a separação por cores, a facilidade de acesso visual e físico, a
ordem e o espaçamento entre as peças. O espaço, na sua dimensão de
amplitude, foi relacionado ao espaço disponível para movimentação e
deslocamento, sendo que os obstáculos à movimentação e o excesso de coisas
na loja foram percebidos de forma negativa.
Outros elementos sensoriais citados como contribuindo para a criação de
um ambiente agradável e que, ao mesmo tempo, comunicam a imagem da loja
foram as cores, o som, o cheiro e a iluminação.
As cores foram constantemente citadas pelas entrevistadas como um
elemento de atratividade, que convida à entrada na loja; ou como um fator de
90
organização das peças na loja. As cores também foram relacionadas a um
ambiente de alegria e descontração.
A música, quando em harmonia com o estilo da loja, muitas vezes foi
apontada como elemento importante para a sensação de bem-estar dentro da
loja. Da mesma maneira, quando foi percebido o volume alto e a falta de
consonância entre o estilo da música e o da loja, ela foi percebida de maneira
negativa, “poluindo” o ambiente.
O cheiro não foi um elemento que tenha se destacado para muitas das
entrevistadas. Algumas delas o perceberam e atribuíram significados de limpeza,
bem-estar e “roupa nova”.
Quanto à iluminação, a mesma foi interpretada como componente para a
criação do ambiente e composição do estilo da loja e relacionada à amplidão e
espaço.
Um último elemento da experiência sensorial diz respeito à possibilidade de
tocar na roupa, de manuseá-la. Este fator teve na pesquisa uma importância
substancial para a consumidora se sentir à vontade dentro da loja e para o tempo
de permanência na mesma.
A vitrine apareceu como um dos principais fatores de atração para a
entrada na loja, como visto na revisão de literatura, com atenção especial para as
roupas e o colorido expostos na mesma. A logomarca também foi citada como um
elemento importante na vitrine que contribui para a atratividade da mesma.
Os manequins desempenharam um papel de comunicação da imagem da
loja, pela maneira como estavam colocados na vitrine e por características
plásticas. Porém, também foram citados de maneira negativa, quando a vitrine foi
percebida como excessiva nas informações apresentadas.
91
Na literatura revisada muitos autores privilegiaram as mercadorias
vendidas na loja como um dos principais comunicadores de sua imagem e como
um dos elementos mais importantes para a atratividade da mesma.
A pesquisa também sugere a importância do papel desempenhado pelas
roupas nestes dois fatores. As roupas muitas vezes foram citadas como o
principal fator de atratividade e estímulo às compras, bem como o elemento
fundamental na definição da imagem da loja e, mesmo, do seu público-alvo. A
qualidade das roupas e o estilo das mesmas foi relacionada com os tecidos,
cortes e estampas das mesmas.
Elementos como móveis, espelhos e materiais utilizados na arquitetura da
loja chamaram a atenção das entrevistadas e também ajudaram a reforçar o
ambiente e estilo da loja.
As vendedoras, sua aparência, postura e o atendimento dispensado aos
clientes se mostraram de grande importância para a imagem da loja, para a
sensação de conforto e bem-estar por parte dos consumidores, para o tempo de
permanência na loja, e para a efetivação da compra. A função da vendedora
como um veículo de exposição da mercadoria também foi destacado em conjunto
com a importância da aparência física, principalmente pelo fato das lojas
pesquisadas venderem moda.
A visualização do preço na etiqueta da roupa também foi percebida como
um fator de comodidade e bem-estar para a consumidora. A exposição do preço
pode evitar o constrangimento de a cliente gostar de uma roupa, perguntar o
preço e perceber que este não está em conformidade com a sua possibilidade de
compra.
A localização da loja foi apontada de dois modos distintos. Um deles diz
respeito à comodidade da loja estar situada perto da casa da consumidora e outro
ressalta a influência das lojas vizinhas na imagem da loja.
92
O estudo também destacou a importância da congruência entre os
elementos da ambientação e a imagem da loja para a definição da mesma na
mente do consumidor. A Loja 1 apresentou uma imagem mal definida para as
entrevistadas, provavelmente pelo fato de a loja ter adotado recentemente um
novo posicionamento. A loja também foi apontada como uma seguidora da moda
e não uma inovadora, o que pode ter influenciado a falta de homogeneidade na
percepção da imagem.
A Loja 2, no entanto, apresentou uma imagem bastante consistente, tanto
no que diz respeito à mercadoria vendida, quanto ao tipo de pessoa que
comprava na loja e o estilo da mesma. Foi vista como uma loja diferente, que
possuía mercadorias autênticas e distintas das vendidas em outras lojas, como
uma inovadora da moda, que não copiava, mas criava seus modelos. Os
elementos da ambientação citados anteriormente reforçam esta imagem de
autenticidade e exclusividade, mostrando-se em congruência com a mesma,
principalmente os tecidos e o corte das roupas, as vendedoras e as cores
presentes na vitrine e na loja.
Finalmente, dentre os elementos que estimulam as compras foi dado um
destaque especial às roupas e acessórios vendidos nas lojas. Outros estímulos
importantes foram a simpatia da vendedora, a atenção dada ao cliente e a
apresentação de opções de compra por parte das mesmas.
Os elementos mais citados como desestimuladores da compra foram a
falta de atenção das vendedoras, o preço e a discordância de estilo entre a
consumidora e a loja.
Este estudo mostra a importância dos varejistas estarem atentos para os
vários elementos que atuam sobre a ambientação e a imagem da loja, para
buscar tornar sua loja mais atrativa e convidativa à entrada e à compra.
93
5.2. Conclusões
Este estudo, de caráter exploratório, procurou investigar o papel da
ambientação na definição da imagem da loja, na atratividade da mesma e na
criação de uma atmosfera agradável para a realização da compra. Dadas as
restrições decorrentes da metodologia adotada, particularmente o fato de se
haver estudado apenas duas lojas, e uma amostra de 15 consumidoras, as
conclusões seguintes, de caráter geral, devem ser vistas com cautela, devendo
servir fundamentalmente para gerar hipóteses para testes em futuros estudos.
• A ambientação da loja parece ter grande importância para a percepção
de sua imagem, de sua personalidade, pelas consumidoras.
• A organização do espaço da loja afeta a percepção de prazer e bem
estar com a visita à loja e com o ato de compra, incluindo aspectos
como visualização, acesso, arrumação e espaçamento das
mercadorias. A facilidade de movimentação dentro da loja, possibilitada
ou não por sua organização, atua de forma decisiva na sensação de
conforto e bem-estar dentro da loja.
• A vitrine aparece como a passagem do cliente de fora para dentro, uma
espécie de “janela” através da qual a loja se revela a seu público. Esta
revelação se dá sob a forma de um grande espetáculo de cores e são
as cores e as mercadorias expostas os elementos mais importantes na
atratividade da vitrine.
• A experiência sensorial parece assumir grande importância no processo
de compra: luz, som e cheiro compõem o cenário em que se dará o ato
de comprar. Tocar as roupas permite ver e sentir sua natureza oculta: é
94
fundamental para conduzir ao ato de compra e para o tempo de
permanência na loja.
• Os objetos que compõem a loja – fundamentalmente as roupas, mas,
também, móveis e elementos da decoração – são parte integrante da
visão gestáltica da loja. Definem sua personalidade, sua imagem – e
definem também o tipo de cliente que nela irá comprar.
• As pessoas que também compõem a loja – os vendedores – não
diferem dos outros elementos da ambientação no fato de que deles se
exige integrar o cenário, construindo também a personalidade da loja.
Espera-se que sejam às vezes figurantes, atentos e disponíveis, às
vezes atores, auxiliando com simpatia e educação.
As conclusões do presente trabalho suportam estudos de autores que
apontaram para a importância de comunicar a identidade da loja através de
elementos como merchandising, planejamento do espaço da loja, atendimento e
através do oferecimento de sensações agradáveis ao cliente, como é o caso de
Martineau (1958), Frings (1987), Lusch e Dunne (1990), De Simoni (1997) e
Underhill (1999).
Reforça também a posição de alguns autores que citaram elementos da
ambientação que contribuiriam para a atratividade da loja, como a vitrine (Frings ,
1987 e De Simoni, 1997) e para o oferecimento de sensações agradáveis ao
cliente no momento da compra, como cores, aromas, sons e odor (Bery, 1999 e
Oliveira 1999), iluminação, layout e facilidade de acesso às mercadorias (De
Simoni, 1997; Taneja 1998; Underhill, 1999) e atendimento (Martineau, 1958;
Durig, 1997; Seidman,1998 e Barcellos,1999).
95
5.3 Campos de Pesquisas Futuras
A produção de estudos sobre imagem e ambientação de loja é grande no
exterior, mas escassa no Brasil. Neste sentido, é enorme o campo para estudos
da realidade do varejo brasileiro.
Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas em outros modelos de
lojas, bem como em outro segmento do varejo. Tais pesquisas poderiam medir a
importância de cada elemento da ambientação e imagem para os vários modelos
de loja e para cada segmento do varejo, enriquecendo as conclusões com
possíveis diferenças existentes entre eles.
Pesquisas que privilegiem outro perfil de consumidores também poderiam
contribuir para a análise da influência de características sócio-econômicas, idade,
estado civil, nível educacional, profissão ou da freqüência de compra na
percepção e valorização de elementos da imagem e ambientação. Pesquisas
como estas poderiam ser de grande valia para o estudo do comportamento do
consumidor.
Pesquisas sobre os elementos sensoriais, como luz, som, odor, cheiro e
cores poderiam contribuir para uma otimização da utilização destes elementos
nas diferentes cadeias de loja, em diversos setores de atuação, acrescentando
informações ao estudo do comportamento de consumidor, e à atratividade do
varejo.
Por último, propõe-se a aplicação deste estudo em outras lojas do mesmo
segmento e do mesmo estudo em um outro momento, o que poderia implicar em
informações interessantes sobre o comportamento do consumidor de lojas de
roupas e de possíveis mudanças no comportamento do mesmo.
96
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102
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
Nome:______________________________________________________
Idade:( ) 20 a 24 ( ) 25 a 29 ( ) 30 a 35
Você é casada?( ) Sim ( ) Não
Tem filhos?( ) Sim. Quantos? _____ ( ) Não
Qual é o seu nível educacional?( ) 1o. grau incompleto( ) 1o. grau completo( ) 2o. grau incompleto( ) 2o. grau completo( ) Curso Técnico( ) 3o. grau incompleto( ) 3o. grau completo( ) Pós-graduação
Qual é a sua Profissão? _____________________________________
Quantas vezes por mês, aproximadamente, você compra artigos de vestuário?
Você conhece a Loja 1?( ) Sim ( ) Não
Alguma vez você já comprou na Loja 1?( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando foi a última vez?
Você conhece a Loja 2?( ) Sim ( ) Não
Alguma vez você já comprou na Loja 2?( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando foi a última vez?
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ANEXO 2
ROTEIRO DAS ENTREVISTAS
1a. Entrevista: Antes de ir à loja
1 – Como você descreveria a Loja 1/Loja 2? Que tipo de loja ela é, na suaopinião? O que esta loja lhe passa?2 – Que tipo de pessoa você acha que compra nesta loja?
2a. Entrevista: Na entrada da loja
1 – Quando você passa por esta loja, você sente vontade de entrar? Por quê?2 – O que você acha da vitrine desta loja?3 – Você considera a entrada acessível ou existe algo que dificulta a entrada naloja?4 – O que você acha da aparência externa desta loja?
3a. Entrevista: Após a interação com alguma vendedora, na saída da loja
1 – Agora me diga, como você se sentiu no interior da loja?2 – O que você achou da decoração?3 – Como você descreveria o ambiente da loja?4 – O que mais lhe chamou a atenção?5 – Quais as suas impressões sobre a vendedora? (aparência, cordialidade,simpatia, conhecimento)6 – Você sentiu algum cheiro enquanto estava na loja?7 – O que você acha das mercadorias que são vendidas lá?8 – O que você achou do espaço da loja?9 – O que você achou da exposição das mercadorias?10 – E do acesso às mercadorias?11 – Você se sentiu, em algum momento, estimulada a comprar? Você sabe medizer o que a motivou?12 – Alguma coisa desestimulou a compra? O que?13 – O que você gosta e o que você não gosta a respeito desta loja?
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ANEXO 3
PERFIL DAS ENTREVISTADAS
Nome Idade EstadoCivil
Filhos NívelEducacional
Profissão Freqüênciadecompras/mês
Fernanda 24 solteira 0 3o.graucompleto
Advogada 1 vez
Paula 23 solteira 0 3o.grauincompleto
Estudante 2 vezes
Gabriela 25 casada 1 2o.graucompleto
Estudante 2 vezes
Renata C. 26 solteira 1 Pós-graduação
Dentista 6 vezes
Sabrina 27 solteira 0 Pós-graduação
DefensoraPública
6 vezes
AnnaCarolina
22 separada 1 2o.graucompleto
Professora 2 vezes
Francine 25 solteira 0 Pós-graduação
Nutricionista 10 vezes
Bárbara 24 solteira 0 3o.graucompleto
Professora /Pesquisadora
2 vezes
Luciana 26 solteira 0 3o.graucompleto
Advogada 3 vezes
Renata B. 25 casada 0 3o.graucompleto
Bancária 4 vezes
Bianca 22 solteira 0 3o.grauincompleto
Vendedora 2 vezes
Ma.Eduarda
28 solteira 0 Pós-graduação
Fisioterapeuta 1 vez
Júlia 22 solteira 0 3o.grauincompleto
Estudante 3 vezes
Ma.Angélica
27 solteira 0 3o.graucompleto
Advogada 1 vez
Patrícia 27 solteira 0 Pós-graduação
Psicóloga 1 vez
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ANEXO 3
PERFIL DAS ENTREVISTADAS (cont.)
Nome Conhece aLoja 1?
Comprouna Loja 1?
Quando? Conhece aLoja 2?
Comprouna Loja 2?
Quando?
Fernanda Sim Não _ Sim Sim 1993
Paula Sim Sim Final de1999
Sim Não _
Gabriela Sim Não _ Sim Sim 1994
Renata C. Sim Sim Maio de2000
Sim Sim Maio de2000
Sabrina Sim Não _ Sim Não _
AnnaCarolina
Sim Não _ Sim Sim 1998
Francine Sim Não _ Sim Sim 1997
Bárbara Sim Sim 1999 Sim Não _
Luciana Sim Sim Janeiro de2000
Sim Sim Maio de1999
Renata B. Sim Não _ Sim Sim Janeirode 1997
Bianca Sim Não _ Sim Sim Dezembrode 1999
Ma.Eduarda
Sim Sim Dezembrode 1999
Sim Sim Junho de1999
Júlia Sim Não _ Sim Sim Início de2000
Ma.Angélica
Sim Sim Junho de2000
Sim Sim 1998
Patrícia Sim Sim Agosto de2000
Sim Sim 1995