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Aplicação de Princípios de Produção mais Limpa em Microempresas Moveleiras: Estudo sobre Processos Produtivos em Manaus e Belo Horizonte. Catarina Costa de Souza Belo Horizonte 2016

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Aplicação de Princípios de Produção mais Limpa em

Microempresas Moveleiras: Estudo sobre Processos Produtivos em Manaus e Belo Horizonte.

Catarina Costa de Souza

Belo Horizonte 2016

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CATARINA COSTA DE SOUZA

Aplicação de Princípios de Produção mais Limpa em Microempresas Moveleiras: Estudo sobre Processos Produtivos

em Manaus e Belo Horizonte.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Design da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG como requisito para a obtenção do título de Mestre em Design. Linha de pesquisa: Design, Materiais e Processos. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Romeiro Filho (UEMG).

.

Belo Horizonte

2016

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SOUZA, Catarina Costa de

S725 a Aplicação de Princípios de Produção mais Limpa em Microempresas Moveleiras: Estudo sobre Processos Produtivos em Manaus e Belo Horizonte. / Catarina Costa de Souza – Belo Horizonte: Universidade do Estado de Minas Gerais / UEMG, 2016.

151 f. enc. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Romeiro Filho (UEMG)

Dissertação (Mestrado) – Dissertação para obtenção do título de Mestre, área de concentração Design, Materiais e Processos do Programa de Pós- Graduação em Design da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. Defesa em 30 de novembro de 2016. Esta Pesquisa teve o aporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM.

Referências: f. 131-140

1. Produção mais Limpa. 2. Design. 3. Sustentabilidade. 4. Movelaria. 5. Micro e Pequena Empresa. I. Romeiro Filho, Eduardo. II. Universidade do Estado de Minas Gerais III. Título. CDU 74/.749: 502 (043)

Ficha catalográfica elaborada por Emilce Maria Diniz – CRB – 6 / 1206

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CATARINA COSTA DE SOUZA

Aplicação de Princípios de Produção mais Limpa em

Microempresas Moveleiras: Estudo sobre Processos Produtivos em Manaus e Belo Horizonte.

Esta pesquisa teve o aporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM

Belo Horizonte 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus e à Nossa Senhora, por estarem na minha vida e me trazerem

até aqui. Agradeço aos meus pais Nilo Paixão (in memoriam) e Nazaré que sempre me

ensinarem a acreditar nos estudos.

Agradeço imensamente ao Professor. Dr. Eduardo Romeiro Filho, pela boa vontade, incentivo

e competência em conduzir a orientação desta pesquisa. Por ter acreditado na conclusão do

trabalho e por ter comprado esta ideia desde o começo do mestrado.

Aos amigos e Professores Dra. Lucy Niemeyer e Dr. Alexandre Oliveira pelo incentivo, força

e por acreditarem em minha formação como mestre, desde os primeiros momentos em que essa

semente foi plantada e sempre estiveram presente, mesmo de longe.

Ao Professor Dr. Vicente de Paulo Santos Cerqueira, que em uma conversa, numa sala na

ESDI, mudou todo o horizonte da minha pesquisa, demonstrando que o foco deveria ser em

evitar o desperdício do processo produtivo.

Agradeço aos membros da banca examinadora, pela participação e contribuição. A Profa. Dra.

Maria Regina Álvares Correia Dias e a Profa. Dra. Auxiliadora Maria Moura Santi, que ajudou

muito na discussão do tema a partir da banca de qualificação.

Meus agradecimentos aos professores do Programa de Pós-graduação em Design (PPGD), em

especial Edson Carpintero, Rita Ribeiro pelas excelentes discussões em sala de aula sobre o

Design. E agradecimentos de coração ao Rodrigo Stenner, por sua eficiência e competência

profissional, e que sempre teve uma grande boa disposição para me ajudar em todas as

questões.

À melhor turma que poderia existir de mestrado, Priscila Ferreira, Iara Zorzal, Ivy Higino,

Marcela Melo, Maria Luiza, Thais Moura, Zé Rocha e Cristiane Faria, meus agradecimentos

pelo companheirismo, amizade, boas conversas e apoio nesse período.

Agradeço à família, sempre presente, sempre torcendo, sempre com alegria, em forma de

mensagens e de orações, por todas as conquistas pela nossa fé.

Agradecimentos do coração aos amigos que me receberam na volta a Manaus, com todo

carinho de sempre, e me ajudaram na realização da minha pesquisa. São muitos nomes e todos

sabem o quanto participaram deste momento na minha vida de forma especial. Mas abraços

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enormes de agradecimentos às amigas Isabel Souza e Ramina Camargo pelo companheirismo,

força e amizade de sempre, que o tempo e a distância não apagam. As companheiras de longa

data, Karla Mazarelo e Ana Carolina Azulay, que também sempre acreditaram neste mestrado.

Agradecimentos ao Sr. Elcimar e ao Sr. Rubem, que em Manaus, me receberam em sua

empresa possibilitando a realização da minha pesquisa. E também ao aluno Bruno Silva, da

Fucapi, que me ajudou, com muita boa vontade, durante a coleta de dados. E ao Sr. Marcus e

aos marceneiros que também me ajudaram imensamente na empresa em Belo Horizonte.

À professora Dra. Rosemary Bom Conselho Sales, pela participação durante o mestrado, em

demonstrar que as dificuldades da vida são para serem superadas, o que me ajudou a ser uma

pessoa cada vez mais forte.

Aos amigos que conheci e conquistei em Belo Horizonte, pela acolhida, conversas e diversão

durante esse período.

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EPÍGRAFE

Vento Norte (Ariosto Braga / José Augusto Cardoso)

O vento norte

Que seduz minha razão

Assobia, e me banha de emoção

O amor errante

Paixão distante

Azul é sempre cor de navegante

Vento norte que vem

Paspatua de nuvens meu céu

Na cor da esperança

A paz se agiganta nos olhos de uma criança

Vem que vem

Balançar canaranas no rio

Vento que traz

A saudade de quem já partiu

Deixa acender

A fogueira do meu São João

Faz ecoar

Os tambores da minha nação

O vento norte

Faz o meu coração navegar

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RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivos desenvolver um estudo de caráter ambiental,

tecnológico e econômico, tendo como foco a observação e descrição sobre o processo

produtivo e a gestão de duas microempresas moveleiras de pequeno porte, em Manaus e em

Belo Horizonte, a fim de levantar dados sobre as perdas de matéria-prima durante o processo

e a consequente geração de resíduos nestas empresas. Para dar suporte à pesquisa, foram

abordados conceitos como Produção mais limpa (P+L), Ecoeficiência, Ecodesign e Gestão

Estratégica de Design, com o intuito de demonstrar como esses temas podem contribuir para a

sustentabilidade nos processos produtivos das empresas. Para tanto, foram realizados o

mapeamento e a avaliação dos processos de produção das movelarias, a fim de pontuar as fases

onde ocorrem as perdas de matéria-prima, com o foco na madeira maciça e MDF, e propor um

entendimento sobre a otimização desses processos nas micro e pequenas empresas (MPE’s)

locais. Buscou-se também estudar as características técnicas e organizacionais do pequeno

produtor para que, respeitando esta realidade, e diante do levantamento geral do processo de

produção, seja possível uma proposta de melhoria no processo produtivo da empresa,

utilizando os princípios da metodologia P+L, de forma que associado ao Design possa agregar

valor e benefícios ao setor moveleiro, especialmente em pequenas empresas. Observa-se que

estas possuem características bastante peculiares, que dificultam a aplicação sistematizada de

ferramentas de gestão tradicionais. Por outro lado, o estudo indica que adequação destas

ferramentas à realidade das MPE’s pode trazer benefícios relevantes para estas empresas.

Palavras-chave: Produção mais Limpa, Design, Sustentabilidade, Movelaria, Micro e Pequena

Empresa.

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ABSTRACT

The objective of the present research was to develop a study of environmental, technological

and economic character, focusing on the observation and description of the productive process

and the management of two small and medium enterprises in Manaus and Belo Horizonte, in

order to raise information on the losses of raw material during the process and the consequent

generation of waste in these companies. In order to support the research, concepts such as

Cleaner Production (CP), Eco-efficiency, Ecodesign and Strategic Design Management were

discussed, with the aim of demonstrating how these themes can contribute to sustainability in

the productive processes of companies. For this, the mapping and assessment of the production

processes of the mills were carried out, in order to punctuate the phases where the losses of raw

material occur, with a focus on solid wood and MDF, and to propose an understanding on the

optimization of these processes local small and medium enterprises (SME’s). It was also tried

to study the technical and organizational characteristics of the small producer so that,

respecting this reality, and before the general survey of the production process, a proposal for

improvement in the productive process of the company, using the principles of the

methodology CP. That associated to the Design can add value and benefits to the furniture

sector, especially in small companies. It is observed that these have very peculiar

characteristics, which make difficult the systematized application of traditional management

tools. On the other hand, the study indicates that the adequacy of these tools to the reality of

SME’s can bring relevant benefits to these companies.

Keywords: Cleaner Production, Design, Sustainability, Furniture, Small and Medium

Enterprises

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BNDS

BNDES

Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

CEBDES Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento

Sustentável

CVP Ciclo de Vida do Produto

FAPEAM Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas

GED Gestão Estratégica de Design

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEMI Instituto de Estudos e Marketing Industrial

MDF Medium Density Fiberboard

MPE Micro e Pequena Empresa

NEALP/AM Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais do Estado

do Amazonas

PPGEE Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PNRS

P+L

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Produção mais Limpa

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Microempresas

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

WBCSD World Business Council for Sustainable Development

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ESTRATÉGIAS DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA .............................................................. 27 FIGURA 2 - TEIA DAS ESTRATÉGIAS DO ECODESIGN. ................................................................. 30 FIGURA 3 – ETAPAS DE ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO ......................................... 33 FIGURA 4 - AS MUDANÇAS NA EMPRESA ATRAVÉS DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL ...... 35 FIGURA 5 - MAPA ESTADO DO AMAZONAS .................................................................................... 44 FIGURA 6 - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ............................................................................ 51 FIGURA 7 - PROCEDIMENTO METODOLÓGICO, ESQUEMA DA PESQUISA. ............................... 52 FIGURA 8 - VISTA DA PARTE INTERNA DA MOVELARIA ................................................................ 54 FIGURA 9 - VISTA EXTERNA DA MOVELARIA ................................................................................. 55 FIGURA 10 - VISTA EXTERNA DA MOVELARIA ............................................................................... 55 FIGURA 11 – SOBRA DE MATERIAL ESTOCADO. ........................................................................... 56 FIGURA 12 – SOBRA DE MATERIAL ACONDICIONADO PELA OFICINA. ....................................... 56 FIGURA 13 - MANUTENÇÃO DA MÁQUINA. ..................................................................................... 57 FIGURA 14 - CORTE FEITO PARA AJUSTE DA ESPESSURA. ........................................................ 57 FIGURA 15 - RASCUNHO DO PROJETO. .......................................................................................... 58 FIGURA 16 - ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA EM MANAUS. ............................................................. 59 FIGURA 17 - FLUXOGRAMA ............................................................................................................... 61 FIGURA 18 - LAYOUT DA EMPRESA ................................................................................................. 63 FIGURA 19 - PRÉ CORTE DA MANEIRA NA EMPRESA EM MANAUS ............................................ 65 FIGURA 20 - NOVO PRÉ CORTE DA MADEIRA EM MANAUS ......................................................... 65 FIGURA 21 - UTILIZAÇÃO DA MÁQUINA DESENGROSSO .............................................................. 66 FIGURA 22 - PEÇAS PREPARADAS PARA SECAGEM DENTRO DA EMPRESA ........................... 66 FIGURA 23 - CONFECÇÃO DOS PINOS PARA MONTAGEM ........................................................... 68 FIGURA 24 - PROCESSO DE LIXAMENTO........................................................................................ 68 FIGURA 25 - PROCESSO DE PIGMENTAÇÃO. ................................................................................. 69 FIGURA 26 - CORTE DA PLACA DE MDF. ......................................................................................... 69 FIGURA 27 - FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO PROCESSO DA MADEIRA MACIÇA EM MANAUS

..................................................................................................................................................... 70 FIGURA 28 - PEÇAS DE MDF CORTADAS E ARMAZENADAS NA MOVELARIA. ........................... 71 FIGURA 29 - MONTAGEM DAS PEÇAS EM MDF .............................................................................. 72 FIGURA 30 - BORDEAMENTO DAS PEÇAS ...................................................................................... 73 FIGURA 31 - MONTAGEM DAS PEÇAS ............................................................................................. 73 FIGURA 32 - FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE CORTE DO PROCESSO EMPREGANDO MDF .... 74 FIGURA 33 - MATERIAL INICIAL ARMAZENADO. ................................................................... 75 FIGURA 34 - MATERIAL DA PRODUÇÃO ARMAZENADO. ............................................................... 75 FIGURA 35 - MATERIAL DA PRODUÇÃO FINAL ARMAZENADO NA MOVELARIA. ....................... 75 FIGURA 36 - MATERIAL QUE SOBRA DA PRODUÇÃO. ................................................................... 76 FIGURA 37 - RESÍDUO DE SERRAGEM QUE SOBRA DA PRODUÇÃO. ......................................... 76

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FIGURA 38 – VISTA DO ESPAÇO INTERNO DA MOVELARIA EM BELO HORIZONTE. ................. 90 FIGURA 39 – DISPOSIÇÃO ESPAÇO INTERNO DA MOVELARIA EM BELO HORIZONTE. ........... 91 FIGURA 40 - ESPAÇO DE ARMAZENAMENTO DO MDF. ................................................................. 91 FIGURA 41 – MÓVEL PARA O ARMAZENAMENTO DO MDF ........................................................... 92 FIGURA 42 - GAVETEIROS PARA PRONTA ENTREGA. .................................................................. 92 FIGURA 43 - ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA DE BELO HORIZONTE. ............................................. 94 FIGURA 44 - PROJETO DESENVOLVIDO NA EMPRESA. ................................................................ 95 FIGURA 45 - FORMULÁRIO DE QUANTITATIVO DE MATERIAL. .................................................... 96 FIGURA 46 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO ORGANIZACIONAL DA EMPRESA DE BELO

HORIZONTE. ............................................................................................................................... 98 FIGURA 47 - PLANTA BAIXA DA EMPRESA DE BELO HORIZONTE. .............................................. 99 FIGURA 48 - CORTE DA PLACA DE MDF ........................................................................................ 100 FIGURA 49 - USO DA MÁQUINA DE PLAINA .................................................................................. 101 FIGURA 50 - UTILIZAÇÃO DA MÁQUINA PARA BORDEAMENTO. ................................................ 101 FIGURA 51 - MONTAGEM DE ARMÁRIO. ........................................................................................ 102 FIGURA 52 - FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE CORTE DO PROCESSO DE MDF EM BELO

HORIZONTE. ............................................................................................................................. 103 FIGURA 53 - ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS NA MOVELARIA EM BELO HORIZONTE. ....... 107 FIGURA 54 - RETIRADA DE RESÍDUOS .......................................................................................... 107

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - QUADRO SINÓPTICO DA REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MADEIRAS. ....................................................................................................... 48

QUADRO 2 - QUANTITATIVO DE MADEIRAS UTLIZADOS NA EMPRESA EM MANAUS. .............. 77 QUADRO 3 - NÍVEIS DE SEVERIDADE ............................................................................................. 78 QUADRO 4 - NÍVEIS DE AVALIAÇÃO ................................................................................................ 79 QUADRO 5 – AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 1 EM MANAUS ............... 80 QUADRO 6 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 2 EM MANAUS ................ 81 QUADRO 7 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 3 EM MANAUS ................ 82 QUADRO 8 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 4 EM MANAUS ................ 83 QUADRO 9 - QUANTITATIVO DE MADEIRAS DA EMPRESA EM BELO HORIZONTE. ................ 103 QUADRO 10 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 1 EM BELO HORIZONTE.

................................................................................................................................................... 104 QUADRO 11 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 2 EM BELO HORIZONTE.

................................................................................................................................................... 105 QUADRO 12 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 3 EM BELO HORIZONTE.

................................................................................................................................................... 106 QUADRO 13 - COMPARAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DAS DUAS MOVELARIAS. ................... 114 QUADRO 14 - COMPARATIVO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS

UTILIZANDO MADEIRA MACIÇA EM MANAUS. ..................................................................... 115 QUADRO 15 - COMPARATIVO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS

UTILIZANDO MDF EM MANAUS. ............................................................................................. 116 QUADRO 16 - COMPARATIVO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS

UTILIZANDO MDF EM BELO HORIZONTE. ............................................................................ 116

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - DIFERENÇAS ENTRE TECNOLOGIAS FIM-DE-TUBO E PRODUÇÃO MAIS LIMPA. .. 26 TABELA 2 - SÍNTESE DAS PRÁTICAS DE ECODESIGN. ................................................................. 31 TABELA 3 - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO DO PORTE DAS EMPRESAS POR PESSOAS

OCUPADAS ................................................................................................................................. 36 TABELA 4 - CLASSIFICAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEGUNDO

FATURAMENTO BRUTO ANUAL ............................................................................................... 37 TABELA 5 - POLOS MOVELEIROS E SUAS CARACTERÍSTICAS DE USO DO DESIGN. .............. 41

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 22 2.1 Design no contexto socioambiental ................................................................................ 22 2.2 A Produção mais Limpa como abordagem preventiva no setor moveleiro ...................... 25 2.3. Ecoeficiência e Ecodesign ............................................................................................. 28 2.4. Sustentabilidade nas MPE’s ......................................................................................... 34 2.5. Gestão Estratégica de Design ........................................................................................ 38 2.6. O cenário da produção de móveis. ................................................................................ 40 2.7. A indústria moveleira do Estado do Amazonas ............................................................. 43 2.8. Estudo do resíduo da madeira do setor moveleiro ......................................................... 47

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 50

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 53 4.1 A MOVELARIA EM MANAUS ................................................................................... 53

4.1.1 Apresentação da empresa .......................................................................................... 53 4.1.2 Espaço físico e infraestrutura .................................................................................... 54 4.1.3 Pessoal Envolvido na Produção ................................................................................. 58 4.1.4 Descrição do processo produtivo ............................................................................... 60 4.1.5 Descrição do processo .............................................................................................. 64 4.1.6 Avaliação do processo produtivo .............................................................................. 74 4.1.7 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação da metodologia P+L ... 83

4.2 A MOVELARIA EM BELO HORIZONTE .................................................................. 90 4.2.1 Apresentação da empresa .......................................................................................... 90 4.2.2 Espaço físico ........................................................................................................... 90 4.2.3 Pessoal Envolvido .................................................................................................... 93 4.2.4 Funcionamento da empresa ....................................................................................... 95 4.2.5 Descrição do processo de fabricação com emprego do MDF ..................................... 100 4.2.6 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação do programa P+L ..... 108

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................ 114 5.1 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação do programa P+L ... 117

5.1.1 Fase de identificação e qualificação da empresa ........................................................ 117 5.1.2 Identificação das deficiências de processo ................................................................ 118 5.1.3 Sobre a Identificação de barreiras à P+L e suas soluções ............................................ 120

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5.1.4 Sobre conhecimento e caracterização para das correntes do processo (fluxo de materiais)

..................................................................................................................................... 121 5.1.5 Situações identificadas sobre os principais aspectos que, dentro do processo, podem levar à

geração de resíduos ........................................................................................................ 123 5.1.6 Avaliação dos elementos que podem sofrer mudanças para a minimização e/ou reuso de

resíduos partindo das práticas de P + L ............................................................................. 124 5.1.7 Categorização os resíduos gerados ........................................................................... 126 5.1.8 Direcionamento para a aplicação de design e dos princípios de P+L ........................... 127

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 128

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 131

ANEXOS.................................................................................................................. 141 Anexo I ............................................................................................................................ 141 Anexo II ........................................................................................................................... 148

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1. INTRODUÇÃO

A sustentabilidade do meio ambiente tem sido preocupação de cientistas desde meados do

século XX e, especialmente a partir dos anos 1980. A partir do Relatório Brundtland da ONU

publicado em 1987, texto conhecido como “Nosso Futuro Comum” (PNUMA, 1987) o

conceito de Desenvolvimento Sustentável foi um marco na comunidade científica como meta

para organizações internacionais a fim de propor a garantia de sobrevivência dos seres

humanos.

Numa região como a Amazônia, a defesa da sustentabilidade torna-se imprescindível, pela

importância que a floresta tropical tem em auxiliar na manutenção do clima e pela riqueza da

sua biodiversidade. A Amazônia representa um terço das florestas tropicais do mundo e abriga

uma das maiores reservas de produtos madeireiros, o que torna a economia regional favorável

à industrialização dos produtos e subprodutos florestais, considerando o devido uso de manejo

florestal (ABIMÓVEL, 2006).

Segundo dados do Relatório do Projeto Floresta Viva (2006), em Manaus, o setor moveleiro

local é desorganizado e mal estruturado, sendo composto na sua maioria por oficinas de

pequeno porte, subequipadas com maquinário antigo e infraestrutura precária. Também,

segundo o relatório, a oferta de móveis é muito homogênea, composta em sua maioria por

móveis tradicionais de estilo colonial, sendo estes muito parecidos em termos de design, de

qualidade e de preço. O Relatório Floresta Viva, publicado em 2006, é o registro que

contempla, mais amplamente, as informações sobres os setores e realidades dos negócios locais

no Estado do Amazonas.

E mais, ainda que esteja localizada numa área de imensa disponibilidade diversidade de

madeiras, a principal matéria-prima utilizada pelas movelarias é o MDF - Medium Density

Fiberboard - e o compensado, por serem mais fáceis de adquirir e trabalhar. A madeira maciça

é pouco utilizada, somente quando se trata de móveis sob encomenda e por aquelas que

possuem loja própria e tem um volume de produção mais estável.

A opção pela utilização do MDF como matéria-prima pelas pequenas empresas moveleiras

locais, se dá pelo elevado preço da medeira maciça e pela dificuldade de acesso a tecnologias

mais modernas, devido ao custo e a inexistência de incentivos financeiros governamentais para

aquisição de equipamentos. (PROJETO FLORESTA VIVA, 2006).

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O setor moveleiro em Manaus se apresenta enfraquecido, apesar das vantagens comerciais e

geográficas que a região propicia. E a observação principal, que se faz nesta pesquisa é que

não existe uma preocupação como a otimização dos processos, o que causa um desperdício de

matéria-prima gerando um grande volume de resíduos provenientes da fabricação dos móveis.

Esses resíduos chegam a 70% da produção, representando prejuízo econômico e ambiental

(FAPEAM, 2012).

O incentivo para o desenvolvimento deste trabalho surgiu da experiência da autora com projeto

de móveis em Manaus e com o contato com os moveleiros de pequeno e médio porte, que é

uma das características do mercado local, percebeu-se as suas necessidades técnicas,

comerciais e de design e a oportunidade em estudar e contribuir para a melhoria do negócio do

pequeno produtor moveleiro, indo além do projeto de mobiliários. Também, pode-se perceber

a quantidade de material que sobra como resíduo da produção e entender que estas sobras que

são desperdiçadas representarem prejuízo econômico para a empresa. E ela por assumir a

responsabilidade que o designer tem na prevenção da degradação ambiental.

Para demonstrar a importância do mercado de móveis no Brasil, observa-se que, de acordo com

os números publicados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), sobre o

desempenho deste mercado em 2015, as vendas no comércio varejista aumentaram 1,7% em

volume de peças e 2,6% nas receitas no mês de julho de 2015 em relação ao mês anterior. A

pesquisa aponta que a produção de móveis apresentou um relativo crescimento, 3,6% nos

valores físicos e 3,5% de valores nominais. No quesito produtividade, apresentou aumento de

6,5%. O único setor analisado que não apresentou alta em comparação com o mês anterior, foi

o indicador de empregos. No campo das importações, o acumulado no ano foi de US$ 455,3

milhões, e o valor das exportações de US$ 352 milhões, no período entre janeiro e julho de

2015 (ALMEIDA, 2015). Já em agosto de 2016, a fabricação de móveis teve um crescimento

de 14,6%, em comparação com o mesmo mês, no ano anterior e, o setor registrou, nos primeiros

meses e 2016, um superavit de US$ 19,7 milhões (SEBRAE, 2016)

Por estas razões, é importante o incentivo ao pequeno produtor e empreendedor, com

oportunidades de melhorias de suas atividades, como forma de contribuir para

desenvolvimento social e econômico. Pois, para construir o desenvolvimento sustentável de

forma abrangente, deve-se considerar outras dimensões além da ecológica, como a social, a

cultural, a ambiental, a territorial, a econômica e a política, como forma de garantir que o

desenvolvimento sustentável aconteça para além do crescimento econômico e da mera

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multiplicação da riqueza material, com a diminuição da desigualdade social e o extermínio da

pobreza, para que se cumpra o requisito de ser condição necessária para a melhoria de vida de

todos (SACHS, 2008).

O design pode contribuir para o crescimento das empresas como diferencial competitivo,

agregando valores comerciais, relacionados à melhora do atendimento econômico de mercado.

Também se deve prezar por respeitar a realidade do produtor local e pela preocupação social,

visando à necessidade da preservação ambiental, aplicando os conhecimentos técnicos no

desenvolvimento de projeto de produto e na gestão estratégica de uma organização. Segundo

Heskett (2008), em países com economias em desenvolvimento, os designers podem contribuir

com o gerenciamento de políticas públicas e contribuir com a produtividade das empresas,

apontando caminhos para a eficiência e a diminuição do desperdício, além da formalização de

programas de atividades produtivas. O autor, acredita que a atuação do design pode ter uma

abrangência maior, uma vez que, sua participação envolve pessoas no âmbito projetual sendo

o design capaz de estabelecer relações entre o mercado e a sociedade, identificando e propondo

soluções tangíveis e intangíveis.

Diferentes autores acreditam que a interversão do design possa implementar um diferencial

competitivo, que respeite a realidade do produtor, enquanto agrega valor comercial e melhorias

no setor econômico e produtivo (MAGALHÃES 1997; DEBIAGI, 2012; CAMERA e

FERREIRA, 2014; NASCIMENTO e ANDRADE, 2015). No entanto, a forma como as

empresas vão utilizar e incorporar estes conceitos nos seus processos será um fator

determinante para criação de condições de competitividade em qualquer segmento econômico.

A partir desse quadro, diferentes estratégias, ferramentas e princípios foram desenvolvidos para

manter a empresa competitiva.

O trabalho conjunto das ações de Gestão Empresarial e dos princípios do Desenvolvimento

Sustentável, contribuíram para o início a práticas e metodologias que têm como objetivo o

equilíbrio entre processos produtivos e preservação ambiental. Assim, para o desenvolvimento

deste trabalho designou-se o estudo de termos como Produção mais Limpa, Ecoeficiência,

Gestão Estratégica, Análise do Ciclo de Vida.

Neste contexto, a presente pesquisa faz uso dos conceitos de Produção mais Limpa (P+L),

Ecodesign, Ecoeficiência, Sustentabilidade nas micro e pequenas empresas (MPE’s) e Gestão

Estratégica do Design (GED), para dar suporte ao estudo de caso em microempresa do setor

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moveleiro dos municípios de Manaus e de Belo Horizonte. Busca-se à partir do conceito de

P+L, visualizar o modo como acontece o processo produtivo das movelarias, a fim de realizar

o levantados dados que possam auxiliar o micro e pequeno empresário a evitar o desperdício

de matéria-prima durante o processo produtivo, e que ao mesmo tempo, possa tornar o negócio

local mais produtivo em três principais parâmetros: ambiental, tecnológico e econômico.

Mapeando-se o processo produtivo, da entrada da matéria-prima, até o final da produção dos

móveis em empresas moveleiras de Manaus e de Belo Horizonte. A metodologia contemplou

o estudo de caso, tendo como ferramentas de coleta e análise de dados observação direta,

registro visual do processo produtivo, entrevistas com colaboradores e mapeamento do

processo produtivo.

Objetivo Geral

Analisar a realidade de duas empresas moveleiras, uma no município de Manaus e outra no

município de Belo Horizonte, com base nos princípios da Produção Mais Limpa e identificar

ferramentas poderiam ser aplicadas nos processos produtivos, a fim de evitar a grande

quantidade de resíduos gerados e melhorar os resultados das empresas notadamente em seus

aspectos ambientais relacionados ao descarte de resíduos.

Objetivos específicos

Para se alcançar o objetivo proposto, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

1. Realizar revisão de literatura sobre os temas Produção mais Limpa, Ecoeficiência e

Ecodesign, Gestão Estratégica de Design, Cenário da Produção de Móveis e a Indústria

Moveleira de Manaus;

2. Descrever a estrutura das empresas moveleiras identificando e descrevendo os pontos

forte e fracos dos processos produtivos;

3. Identificar, microempresas fabricantes de móveis para referência ao estudo de caso e

analisar quais os recursos tecnológicos que as empresas dispõem;

4. Mapear o processo produtivo e identificar as dificuldades de produção e os pontos em

que ocorre maior perda de material;

5. Avaliar ferramentas disponíveis para auxiliar as MPE’s na diminuição do desperdício

de material, o aumento da qualidade do produto e competitividade;

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21

6. Identificar estratégias adequadas à redução de resíduos que possam ser implementados

nas empresas moveleiras estudadas, com especial foco na empresa situada em Manaus

e em Belo Horizonte.

Estrutura do trabalho

O presente trabalho encontra-se estruturado em seis capítulos, onde se inclui esta introdução,

os quais foram construídos com a finalidade de atender aos objetivos propostos, e se organizam

da seguinte maneira:

O capítulo 2 é constituído pela revisão bibliográfica, onde são apresentados conceitos sobre

design no contexto socioambiental, Produção mais Limpa, Ecoeficiência e Ecodesign,

Sustentabilidade nas Empresas, Gestão Estratégica das Empresas, Gestão Estratégica de

Design, Cenário da Produção de Móveis, Indústria Moveleira de Manaus e finalmente a

Aplicação do Resíduo da Madeira do Setor Moveleiro.

No capítulo 3 apresenta-se os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, onde se

descreve as características do estudo, a abordagem utilizada, os métodos e as técnicas que serão

aplicadas no desenvolvimento do trabalho nas duas movelarias.

O capítulo 4 trata do estudo de caso, onde se apresenta os estudos realizados em duas

movelarias, uma Manaus e outra em Belo Horizonte, com a finalidade de levantar dados sobre

o funcionamento das mesmas a partir de seus respectivos processos produtivos, o uso da

matéria-prima e a relação com a metodologia P+L.

No capítulo 5 apresenta-se a discussão dos resultados, a partir da descrição e análise dos dados

coletados durante a pesquisa de campo nas duas movelarias, com um comparativo sobre o

funcionamento das empresas e com a construção do referencial teórico de outros estudos que

contribuem para a conclusão do estudo.

E o capítulo 6, constitui a apresentação da conclusão a partir das informações da revisão

bibliográfica e dos dados coletados nas pesquisas de campo. Por fim, seguem as referências e

os anexos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Aqui serão apresentados conceitos e princípios Design no Contexto Socioambiental, Produção

mais Limpa, Ecoeficiência e Ecodesign, Sustentabilidade nas MPE’s, Gestão Estratégica de

Design, Cenário da Produção de Móveis, Indústria Moveleira do Estado do Amazonas e

finalmente a Estudo sobre os Resíduo da Madeira do Setor Moveleiro, importantes para

compreender como ocorre a atuação da Gestão Estratégica de Design no contexto das empresas

que têm a preocupação com o meio ambiente.

2.1 Design no contexto socioambiental

O relatório da Comissão Brundtland (PNUMAD, 1987) apresenta o conceito de

“Desenvolvimento Sustentável” e o transmite este para o discurso público, apresentando as

linhas de consciência da relação entre homem e natureza em um cenário harmônico. Destaca

também a visão de que as necessidades atuais devem ser supridas sem comprometer a

sustentabilidade de gerações futuras. E que é preciso rever as realidades da pobreza e da

desigualdade social, pois são agravadores do subdesenvolvimento social e ecológico. E, ainda,

chama a atenção para o fato de o consumo dos recursos naturais estarem acima do suportado

pelo meio ambiente. Para que os princípios do conceito de sustentabilidade funcionem, é

necessário utilizar os recursos que existem no planeta, pensando nas atuais e futuras gerações,

e em como precisarão utilizar os recursos ainda restantes, pois, todos, incluindo as gerações

que ainda estão por vir, têm direito a usufruir do mesmo espaço ambiental. E mais, tendo a

sustentabilidade como objetivo e não como uma direção a ser seguida, as realizações no

presente devem ser coerentes para serem verdadeiramente sustentáveis, devem seguir

requisitos que, hoje demonstram que o sistema de produção e de consumo estão distantes de

um ideal. O uso e o consumo insensato dos recursos renováveis e a emissão de substâncias

sintéticas no ambiente natural mostram que o consumo mundial de energia, água e matéria-

prima crescem desordenadamente. (MANZINI e VEZZOLI, 2005)

Na formação do conceito de desenvolvimento sustentável, considera-se alguns avanços, já a

partir dos anos 80, quando o termo de ecodesenvolvimento foi repensado para desenvolvimento

sustentável. Este levanta um importante ponto pois, possui a preocupação ética com as

gerações presentes e futuras, exigindo critérios para a sustentabilidade tanto social quanto

ambiental e ainda a econômica, sob a alegação de que o crescimento econômico seria válido

somente com resultados positivos das áreas ambientais e sociais. E em uma segunda

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reconceituação, levou-se em consideração a efetivação dos direitos humanos, como os

políticos, civis e cívicos, os econômicos, sociais e culturais, em especial o direito ao trabalho

por ser este o que proporciona o caminho para os demais (SACHS, 2008).

Desse contexto surge, também, a preocupação com o meio ambiente, quando passa a ser

exigida uma nova postura dos agentes sociais, governamentais e da própria sociedade. O

planeta exigia, e ainda exige, de forma mais abrangente, um mundo com um novo

comportamento e estilo de vida (DE MORAES, 2010). E o design passa de agente estético, a

mediador nas relações com inovações socioculturais e tecnológicas, adquirindo um novo status.

O que inicialmente era voltado para o desenvolvimento de produtos físicos, agora se volta para

uma perspectiva sistêmica. As mudanças que aconteceram na sociedade, mostraram a

necessidade de buscar padrões de produção e consumo sustentáveis, exigindo uma mudança na

capacidade de inovação e flexibilidade dos projetos de design (KRUCKEN, 2008).

Em um cenário cada vez mais mutante em que vive a humanidade, é fundamental o “modo” de

projetar, distribuir e consumir (DE MORAES, 2010). Essa cultura de consumo, nos delegou

inúmeros problemas ambientais e a urgência de repensar a relação homem-natureza, sendo

necessário compreender o processo sistêmico de toda a atividade humana, como os

ecossistemas estão interligados às atividades do homem. Estas ações, quando mal planejadas,

tem seu reflexo em uma abrangência maior do que na área que foi projetada inicialmente. Em

suma, é preciso estar atento aos insumos utilizados em uma determinada atividade e o que será

feito dos resíduos destes produtos e também da real necessidade do bem produzido.

O design pode ter um papel conciliador e transversal, neste contexto, contribuindo para a

produção de produtos e serviços que tenham uma preocupação com o desenvolvimento social,

com foco na sustentabilidade, proporcionando ao consumidor avaliar sob um novo ângulo os

produtos de sua escolha. Aspectos como informações sobre a procedência de produtos, bem

como a identificação sobre os processos de fabricação, ingredientes, embalagens e outros

podem demostrar transparência para dar suporte a essa avaliação (KRUCKEN e TRUSEN,

2013).

Assim, as realizações desenvolvidas no presente devem ser coerentes com a realidade social e

ambiental para serem sustentáveis. O uso e o consumo indiscriminado dos recursos naturais

não renováveis e as emissões de substâncias tóxicas no ambiente, assim como, o consumo de

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energia elétrica e combustíveis em geral e também o uso de água, mostram que medidas

urgentes devem ser tomadas para o controle da degradação ambiental do planeta.

O crescimento econômico foi considerado, após a Revolução Industrial, como o meio mais

adequado para alcançar melhor qualidade de vida para a sociedade. Não existia a preocupação

com os impactos que esta atividade econômica causava à humanidade e ao meio ambiente.

Devido a esse quadro, na década de 1970, a Conferência das Nações Unidas Sobre o Ambiente

Humano, realizada em Estocolmo, surgiu como um dos mais relevantes alertas apontando a

urgência de cuidar das causas ambientais de forma mais incisiva e eficiente (VINHA, 2003).

As empresas, sejam elas de grande, médio ou pequeno porte, começaram a sofrer pressão para

se adaptarem rapidamente a essas mudanças e para que pudessem continuar no mercado, após

a definição de leis ambientais e a criação de instituições governamentais, destinadas à

fiscalização e ao controle de atividades poluidoras. Nesse contexto, foi necessário rever os

processos produtivos para que estes passassem a ser menos agressivos ao meio ambiente,

produzissem menos resíduos, trouxessem mais benefícios ao consumidor e melhorasse a

imagem da empresa perante a sociedade, garantindo ainda que com a adoção de tais medidas,

ampliassem seus lucros. A percepção de que o meio ambiente necessitava de cuidados ganhou

força na década de 1980, momento em que se começou a perceber que prevenir e/ou diminuir

os impactos negativos seria benéfico para toda sociedade. Isso despertou nas empresas o

conceito de que evitar a poluição seria menos oneroso do que reparar os danos após

ocasionados (ALVES, 2009).

O conceito de Desenvolvimento Sustentável é bastante amplo, além de se acreditar no contínuo

crescimento econômico fazendo uso dos recursos naturais de forma mais consciente e menos

poluente, existe também a necessidade em refletir uma forma de se obter projetos sociais e

políticas como meio para combater a pobreza e favorecer a qualidade de vida das pessoas, de

modo que possa passar a atender às necessidades básicas da população e proporcionar subsídios

para o desenvolvimento harmônico entre sociedade e uso dos recursos naturais. (DIAS, 2011).

Alguns autores acreditam que é necessário implementar soluções que favoreçam a prosperidade

sem que isso afete a economia atual, e tais soluções devem ser colocadas em prática em um

curto espaço de tempo (KAZAZIAN, 2005; KRUCKEN, 2008). Segundo Kazazian (2005, p.

10), não é preciso esperar pelo que ele chama de “próxima revolução tecnológica limpa”. As

soluções devem contribuir de forma concreta e a sociedade deve assumir uma postura com

relação a sua integração com o meio ambiente. Segundo Krucken (2008), o desenvolvimento

sustentável é uma característica da transversalidade que, juntamente com o design, podem

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coexistir entre o sistema produtor e o sistema consumidor, favorecendo no diálogo, na interação

e na busca por soluções que existam as demandas de atores da sociedade, do mercado e do

Estado, além da percepção das demandas do indivíduo e de grupos sociais, na compreensão

dos impactos socioambientais e culturais das escolhas de um projeto local e global.

2.2 A Produção mais Limpa como abordagem preventiva no setor moveleiro

Nos últimos anos do século XX, foi fundamental para a gestão empresarial o entendimento da

importância em adotar uma produção mais eficiente em termos de prevenção de contaminação

e poluição ambiental. E que tais ações acarretam vantagens para a empresa, uma vez que

contribuem para o cumprimento da legislação ambiental e possibilitam o aumento da

competitividade no mercado. Assim um dos conceitos que passou a ser discutido e difundido

no meio empresarial, como forma de tornar a produção menos danosa para o meio e mais

produtiva, é o da Produção Mais Limpa. Este conceito pode ser entendido como uma estratégia

ambiental e ser adotada como prevenção para o desenvolvimento de processos, produtos e

serviços empresariais (PNUMA/PNUD, 1989). A sua finalidade é de tornar a utilização dos

recursos naturais mais eficientes e ao mesmo tempo diminuir o impacto ambiental. É um

processo que busca melhorias contínuas, com o objetivo diminuir os danos ambientais causados

pela atividade produtiva. Os procedimentos que esta estratégia adota estão focados nos

processos de produção, tendo a preocupação com o consumo de matéria-prima e energia,

eliminando ou diminuindo a toxidade das emissões de resíduos. Nos produtos, procurando

reduzir o impacto negativo no ciclo de vida destes, por meio do desenvolvimento de um design

adequado para estes. Nos serviços, com a inserção da preocupação ambiental no fornecimento

destes (DIAS, 2011). Também propõe a disponibilização de informações sobre os riscos

ambientais que produtos ou processos possam acarretar. (KIPERSTOK et al., 2002).

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, criado em 1972, como

agência da ONU, tem a finalidade de coordenar ações internacionais junto às organizações de

modo a promover a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. E neste intuito,

junto com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – UNIDO,

desenvolver a metodologia de P+L, em que o conceito zela principalmente pela prevenção da

poluição, não apenas com o uso de tecnologias mais limpas, mas também, a gestão e

organização de modo a promover as melhorias contínuas de desempenho ambientais.

Diferentemente das gestões de controle de Fim-de-Tubo, a P+L é uma metodologia de

reconhecimento e diagnóstico da geração de resíduos, efluentes e de fluxo de energia, a fim de

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identificar as oportunidades de implementação da P+L, como forma preventiva para evitar a

geração da poluição advinda de processos, produtos e serviços. (MASSOTE, 2010). Na tabela

1, apresentam-se os principais focos de diferenciação entre as formas de ação das Tecnologias

de Fim-de-Tubo e P+L.

Tabela 1 - Diferenças entre Tecnologias Fim-de-tubo e Produção mais Limpa.

TECNOLOGIAS FIM-DE-TUBO PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Como se pode tratar os resíduos e as emissões

existentes? De onde vêm os resíduos e as emissões?

... pretende reação. ... pretende ação.

... geralmente leva a custos adicionais. ... pode ajudar a reduzir custos.

Os resíduos e emissões limitados através de filtros e

capítulos de tratamento; Soluções de Fim-de-tubo;

Tecnologia de reparo; Estocagem de resíduos.

Prevenção de resíduos e emissões na fonte; Evita

processos e materiais potencialmente tóxicos.

Proteção ambiental entra depois do desenvolvimento

de produtos e processos. Proteção ambiental entra como parte integral do

design do produto e da engenharia de processo.

Problemas ambientais resolvidos a partir de um ponto

de vista tecnológico. Tenta-se resolver os problemas ambientais em todos

os níveis/em todos os campos.

Proteção ambiental é um assunto para especialistas

competentes. Proteção ambiental é tarefa de todos.

... é trazida de fora. ... é uma inovação desenvolvida na empresa.

... aumenta o consumo de material e energia. ... reduz o consumo de material e energia.

Complexidade e riscos aumentados. Riscos reduzidos e transparência aumentada.

Proteção ambiental desce para preenchimento de

prescrições legais. Riscos reduzidos e transparência aumentada.

... resultado de um paradigma de produção do tempo

em que os problemas ambientais não eram

conhecidos.

... abordagem que pretende criar técnicas de produção

para um desenvolvimento sustentável.

Fonte: Massote, 2010

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No caso de aplicação da P+L em processos produtivos, preza-se pelo uso mais eficiente de

matérias-primas, insumos e energia, assim como, busca-se a redução de uso de materiais

perigosos e ainda prevê a minimização da geração de resíduos sólidos, efluentes e emissões.

Para a aplicação em produtos, o que se busca é a redução dos impactos ambientais que estes

possam gerar durante o uso e no pós-uso. Para que esta estratégia seja adotada no

desenvolvimento de produtos, a aplicação de P+L pode valer-se das contribuições de dois

instrumentos: A ACV – Análise do Ciclo de Vida, que é um instrumento de gestão que visa a

avaliação do ciclo de vida de produtos e processos, desde a extração no meio ambiente até o

descarte final, com a finalidade de medir o impacto destes elementos no meio. E o Ecodesign,

que consiste em projetar produtos e processos de forma que estes causem menos danos ao meio

ambiente. (KIPERSTOK et al., 2002).

Há a possibilidade de aplicação das técnicas de P+L, que são medidas que podem ser utilizadas

em uma empresa, caracterizado por níveis ações onde a mudança pode ocorrer, que pode atuar

desde uma revisão em um procedimento operacional até a ação em todo o processo ou

tecnologia. Desta forma, a metodologia da P+L, permite a atuação em vários níveis aplicação,

onde podem ser usadas várias estratégias para alcançar a redução dos resíduos e como

demonstrado na figura 1, demonstra que a prioridade é a minimização da geração de resíduos,

como demonstrado no nível 1 onde a previsão é a redução na fonte geradora. No caso de não

ser tão eficiente tem-se a possibilidade de reciclar os resíduos para o uso em outros setores do

processo, de acordo com o nível 2. E ainda, na impossibilidade da execução dos dois primeiros,

pode-se proceder com a reciclagem de resíduos fora do processo da empresa.

Figura 1 – Estratégias da Produção mais Limpa

Fonte: Adaptado de Kiperstok et al., 2002

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Lins et al., (2010) relatam em sua pesquisa sobre diagnóstico e aplicação dos conceitos de P+L

na produção moveleira em duas empresas integrantes do Condomínio Moveleiro do Arranjo

Produtivo Local (APL) de Móveis do Agreste do Estado de Alagoas que, para gerar maior

produtividade em um arranjo físico em movelarias, é importante localizar as matérias-primas

desde o início do processo, o alinhamento dos equipamentos conforme a ordem de produção,

o posicionamento fácil do material acabado e resíduos, além de efetivar um sistema para a

gestão dos resíduos gerados nas empresas. Castro e Oliveira (2007) defendem que a

modificação no processo é primordial para que aconteça P+L. Os autores destacam que a

implantação deste modelo de gestão na empresa de móveis no Estado do Paraná que

possibilitou a reorganização e a padronização do processo produtivo, com ações simples como

a troca da matéria-prima utilizada, buscando melhor aproveitamento e diminuição da geração

de resíduos.

2.3. Ecoeficiência e Ecodesign

O termo Ecoeficiência foi criado pelo Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento

Sustentável (World Business Council for Sustainable Development) “a Ecoeficiência é

alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as

necessidades humanas e que tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que ocorre a busca

da redução progressiva do impacto ambiental e do consumo de recursos ao longo do ciclo de

vida até um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra”

(WBCSD, 1996). Uma proposta feita pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável - CEBDS diz que as metas para se alcançar a Ecoeficiência

seriam: reduzir o uso de substâncias tóxicas, o consumo de matérias-primas primas e energia,

ao mesmo tempo intensificar a reciclagem, o uso de recursos renováveis, além de prolongar a

vida dos produtos e agregar valor aos bens e serviços. A partir daí o desenvolvimento

sustentável pode ser visto como uma vantagem competitiva.

Para Smeraldi (2009) o conceito de Ecoeficiência é o melhor a ser adotado por uma empresa,

já que permite uma nova forma de fazer negócio e melhor visualização sobre os investimentos

futuros em inovação ambiental, sendo este o formato que mais se adequa aos interesses da

economia dos negócios sustentáveis. Segundo Sampaio e Dolzan (2011), o gerenciamento de

resíduos, a utilização racional das matérias-primas e a diminuição do consumo energético e dos

insumos são os requisitos principais na busca pela ecoeficiência e pela qualidade ambiental. A

produção ecoeficiente é um modelo de gestão adotado por empresas de alguns setores

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econômicos e uma ferramenta de competitividade, uma vez que reduz custos, proporciona

crescimento dos lucros, maior produtividade e melhoria da qualidade e visibilidade da empresa.

Porém, a adoção desse conceito no âmbito empresarial, se dá, na maioria das vezes, em função

da visualização de vantagens competitivas, e não apenas por uma conscientização sobre o valor

real de um crescimento econômico sustentável, permanecendo muitas das vezes, apenas no

âmbito das melhorias para produtos e processos (DIAS, 2011).

Para que haja uma escolha ecoeficiente por parte do consumidor é necessário que as empresas

disponibilizem informações sobre os produtos. Em muitos casos, os compradores em potencial

têm dificuldade em perceber a procedência dos materiais, os processos produtivos, as formas

de uso e destino do produto ao final de sua vida útil, muitas vezes, por falta de informações

adequadas e divulgação sobre o assunto. As informações mais comuns são sobre outros

benefícios dos produtos, que não os de cunho ambiental. O fornecimento de informações

relevantes e de simples entendimento também deve ser considerado importante no

desenvolvimento de produtos sustentáveis (MANZINI; VEZZOLI, 2005), visto que assim é

possível usar a Ecoeficiência como diferencial competitivo frente ao mercado consumidor em

potencial.

O Ecodesign surgiu nos EUA, a partir do conceito de projeto para o meio ambiente (Design for

Environment). A Associação Americana de Eletrônica (American Electronics Association)

propôs desenvolver projetos que fossem menos agressivos ao meio ambiente. O interesse

cresceu rapidamente e passou a ser utilizado em outros setores como: programa de prevenção

à poluição, concepção de novos produtos, processos ou serviços, dentre outros

(NASCIMENTO; BENSKE, 2006). Esse modelo de gestão ambiental, proporciona à empresa

uma forma de realizar inovações sistematicamente, de modo a conseguir eliminar os problemas

de toda ordem antecipadamente (NASCIMENTO e BENZKE, 2006). Os princípios de adoção

do Ecodesign foram definidos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA) e compreendem oito fases que servem como orientação para as empresas. A partir

desses princípios, o PNUMA definiu uma estratégia para contribuir para avaliação das práticas

empresariais frente às questões ambientais de forma a se conseguir melhorarias no desempenho

ambiental dos produtos. A Teia das Estratégias de Ecodesign consiste em um conjunto de

diretrizes que podem ser tomadas buscando reduzir o impacto ambiental global de um produto.

Ela facilita a integração das questões ambientais no processo de desenvolvimento do produto,

já que cobre as questões de design (projeto), seleção de materiais, produção, distribuição, uso

e fim de vida útil conforme mostrado na Figura 2.

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Figura 2 - Teia das Estratégias do Ecodesign.

Fonte: Hemel e Cramer (2002).

Do ponto de vista ambiental, as estratégias do ecodesign possibilitam a implantação de técnicas

para minimizar os impactos, necessitando de avaliações em cada nível para que suas práticas

possam ser úteis na otimização de produtos e eficiência do processo. Com a aplicação dessas

estratégias é possível reduzir o impacto, além de reduzir os custos com base nos conceitos de

produtividade da produção.

Do ponto de vista ambiental, as práticas de ecodesign (Tabela 2) possibilitam a implantação de

técnicas para minimizar os impactos, necessitando de avaliações em cada nível para que suas

práticas possam ser úteis na otimização de produtos e eficiência do processo. Com a aplicação

dessas estratégias é possível reduzir o impacto, além de reduzir os custos com base nos

conceitos de produtividade da produção.

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Tabela 2 - Síntese das práticas de ecodesign.

Práticas Detalhamento

Escolha e consumo de materiais

Usar, na produção, matéria-prima mais próxima do seu estado natural;

Evitar misturas de materiais não compatíveis que impeçam a separação dos materiais e dos componentes na reciclagem;

Utilizar materiais que gerem menos poluentes no processo de produção;

Eliminar o uso de substâncias tóxicas/perigosas e materiais contaminantes (usar substâncias à base de água, tinta vegetal, produtos biodegradáveis);Usar materiais reciclados; e sar materiais renováveis.

Escolha dos componentes do produto

Prever recuperação de componentes (ou usar componentes recuperados);

Prever facilidade de acesso aos componentes de modo a permitir recuperar componentes e reciclar partes que não possam ser usadas;

Identificar materiais e componentes com códigos padronizados para facilitar a separabilidade de componentes e materiais; e

Determinar o grau de reciclagem de um componente ou produto.

Características do produto

Elaborar projetos voltados à simplicidade (formas mais simples);

Reduzir o uso de matérias-primas (materiais mais leves, estruturas mais finas onde aplicáveis, redução das dimensões físicas);

Projetar produtos com maior vida útil;Projetar produtos multifuncionais (funções paralelas e/ou sequenciais); eProjetar produtos em que é possível realizar upgrade após determinado período de uso.

Uso de energia

Usar formas de energia que utilizem recursos renováveis como a solar, a eólica e a hidroelétrica, substituindo as que usam recursos não renováveis, como combustíveis fósseis;

Empregar dispositivos de redução do consumo de energia durante o uso do produto;

Reduzir o uso de energia na produção (equipamentos mais eficientes em termos energéticos, iluminação natural, exaustão eólica); eReduzir o consumo de energia durante o armazenamento dos produtos.

Distribuição dos produtos

Planejar a logística de distribuição, considerando aspectos físicos do produto (temperatura suportada, resistência mecânica, forma, peso);

Privilegiar fornecedores e distribuidores que requeiram menor distância total para transportar matéria-prima, componentes e produtos; e Usar modal de transporte de baixo consumo energético.

Embalagem e documentação

Reduzir peso e complexidade de embalagens; e usar documentação eletrônica;

Prever embalagens reaproveitáveis por terceiros ou retornáveis para os fabricantes; e usar produtos com refil.

Resíduos

Minimizar os resíduos gerados no processo produtivo;Minimizar os resíduos gerados durante o uso do produto;Reaproveitar os resíduos gerados; eGarantir limites aceitáveis de substâncias perigosas (limites de emissões).

Fonte : Borchardt M, et al (2010).

As táticas de Ecodesign apresentadas são as bases para a implantação das técnicas relacionadas

ao tema. A teia como ferramenta pode contribuir como estratégias que qualquer empresa para

minimizar os impactos causados por seus processos produtivos ao meio ambiente. Ao conhecer

os conceitos de Ecoeficiência, Produção mais Limpa e Ecodesign, fica evidente que são

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ferramentas gerenciais para a redução da poluição e melhoria da eficiência operacional. Assim,

as ações de gestão da produção que tem o foco na sustentabilidade, preocupam-se em

caracterizar e classificar quais os indicadores econômicos, ambientais e sócio-institucionais

estão melhor relacionados com o negócio.

Mozota (2011) diz que os designers têm o desafio de pensar em como ser sustentável,

considerando o meio ambiente e a economia. O design percebendo esta nova realidade, aderiu

ao conceito de Ecodesign, unindo as necessidades técnicas com as ecológicas, ou seja,

utilizando uma forma de conectar os conhecimentos científicos às necessidades do meio

ambiente e da sociedade, para que projetos de novos produtos sejam feitos a partir da

necessidade de se poluir menos (MALAGUTI, 2003). Kiperstok et al, (2002) no livro

“Prevenção da Poluição”, explica que a ACV de um produto é um importante instrumento para

a implementação das propostas da Ecoeficiência. É importante esclarecer que o ciclo de vida

do produto do ponto de vista ecoeficiente não tem relação qualquer com a visão que o campo

do marketing utiliza. Manzini e Vezzoli (2005) salientam que o termo “ciclo de vida de um

produto é ambígua, sendo usado no âmbito administrativo para indicar as várias fases que

diferenciam a entrada, permanência e a saída de um produto no mercado”. Os autores

acrescentam que primeiro passo em busca da Ecoeficiência é a Análise do Ciclo de Vida –

ACV.

Esta análise do produto mostra-se de grande utilidade na identificação dos pontos onde os

impactos ambientais apresentam-se mais relevantes é a avaliação dos destes impactos

associados à produção, consumo e descarte de um produto (SILVA, 2012). A ACV é o

instrumento de avaliação tanto do produto, quanto do processo ou atividade, fazendo a

investigação desde a concepção, extração e processamento de matéria-prima até a reciclagem

e disposição final (Kiperstok et al, 2002). Esta análise permite mensurar o impacto ambiental

de cada fase da vida de um determinado produto e com isso seja agregado valores econômicos

ao processo produtivo. Dessa forma, a empresa consegue visualizar qual a etapa do processo

necessita de melhorias a fim de diminuir o impacto que gera a degradação ambiental. Silva

(2012) levanta algumas aplicações da análise do ciclo de vida, dependendo do escopo do

estudo, como: (a) na identificação de oportunidades na melhoria no desempenho ambiental de

produtos em diversos pontos de seus ciclos de vida; (b) na redução dos custos com a

substituição e/ou otimização no uso de materiais, ou também, pela redução na geração de

resíduos; (c) como fonte para auxiliar no desenvolvimento do ecodesign; (d) para fornecer

informações detalhadas aos tomadores de decisão na indústria, nas organizações

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governamentais e não-governamentais (ONGs), isto com o foco no planejamento estratégico,

na definição de metas e prioridades, e na adequação à legislação ambiental; e (e) para a

obtenção de rotulagem ambiental, ou para o desenvolvimento de uma declaração ambiental de

produto como estratégias de marketing.

Segundo Kotler e Keller (2006) o produto é qualquer artigo que tenha como objetivo satisfazer

uma necessidade específica de um consumidor. Irigaray, Vianna e Nasser (2006) classificam

um produto como algo que pode ser tangível ou intangível, como um bem de consumo ou um

serviço. Em síntese, qualquer coisa que possa ser expressa em termos de valor monetário é

considerada um produto, as etapas de ACV e as típicas entradas e saídas típicas de materiais

podem ser verificadas no fluxograma da figura 3 (USEPA, 2006).

Figura 3 – Etapas de análise do ciclo de vida do produto

Fonte: Adaptado de USEPA, (2006)

Segundo Silva (2012) nesse último estágio considera-se o fim da vida útil do produto ou pode-

se aplicar alguns itens como o reuso, a recuperação e recolocação na própria cadeia produtiva,

disposição em aterros, incineração, dentre outros. Contudo, nem todos os produtos passam por

todos os estágios do ACV. Além disso, a ACV permite visualizar além dos limites da indústria

de uma forma mais ampla e completa. Tal análise possibilita ainda visualizar e detectar de

forma constante onde e em que momento um produto oferece maior problema ao meio

ambiente, indicando oportunidades de mudanças e melhorias. Ao final é possível obter uma

série de informações e paramentos capazes de conceituar um novo produto que atenda às

Aquisição de matéria-prima

Fabricação

Utilização/Reutilização/Manutenção

Reciclagem/Gestão de resíduos

Entrada Saída

Matéria-prima

Energia

Emissões para o ar

Descargas para a água

Resíduos sólidos

Co-produtos

Outras descargas ambientais

Limite do sistema

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necessidades do mercado e que minimize os impactos ambientais (KIPERSTOK et al, 2002).

Esses conceitos reafirmam a importância da adoção de uma produção menos poluente como

parte das estratégias das empresas, incluindo as MPE e suas operações. Com a adoção dessas

práticas a organização pode alcançar vantagens competitivas mensuráveis, como aumento de

lucro, redução de custos, reutilização de insumos, economia de recursos, além de ser uma forma

de inovar produtos, serviços e procedimentos da organização, evitando gastos desnecessários.

Todavia, de acordo com Reis (2002), mesmo diante dos benefícios que podem ser gerados pela

adoção dessas práticas, as MPE’s, em sua maioria, ainda não adotam esse tipo de inovação.

Muitas desconhecem a amplitude dos benefícios que podem ser gerados em decorrência da

mudança de procedimentos, deixando assim de realizar inovações ecoeficientes dentro da

empresa e, dessa forma, perdem oportunidades de ganho de vantagem competitiva no mercado.

No caso do setor moveleiro, ao se utilizar esta ferramenta de implementação dos conceitos do

ecodesign, torna possível avaliar o projeto de um produto, considerando os impactos

ambientais gerados por este, desde a extração de matéria-prima até o final da vida útil do

mesmo, incluindo os resíduos que a produção gera. Abrange o estudo, desde a forma como a

matéria-prima é extraída do meio ambiente, até o seu destino final que é a compra e utilização

por parte do consumidor/usuário. E a avaliação servirá para as decisões estratégicas, como

otimização do processo produtivo, novas determinações sobre material utilizado e projetações

sobre o produto (FERREIRA, 2008).

2.4. Sustentabilidade nas MPE’s

No âmbito de como as empresas percebem e aplicam os conceitos de Sustentabilidade

Ambiental nas suas gestões, faz-se necessário uma reflexão sobre como o desenvolvimento

sustentável, econômico e social são incorporados pelas organizações. Nessa perspectiva a

gestão ambiental e a responsabilidade social, tornam-se importantes instrumentos gerenciais

para capacitação e criação de condições de competitividade para as empresas em qualquer

segmento econômico (TACHIZAWA, 2002; MELLO, 2010). Diante disso, cada vez mais

emerge a temática acerca de um meio ambiente mais saudável e que ofereça melhores

condições para as gerações futuras (MARTINS e MERINO, 2011). Por conseguinte, as

instituições atentam para as alterações das concepções globais para o alcance de ganho

competitivo.

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A Figura 4 apresenta, de forma simplificada, as transformações pelas quais as empresas devem

passar para obter uma postura voltada para questões ambientais, e apresenta de forma resumida

as mudanças de atuação, mostrando uma comparação entre a abordagem convencional e a

abordagem ambiental consciente na gestão de uma organização.

Figura 4 - As mudanças na empresa através da conscientização ambiental

Fonte: Adaptado de Valle (1995)

Percebe-se que diante dessa consciência ambiental as empresas buscam trabalhar com os

mesmos pontos de interesse, buscando, contudo, uma forma menos degradante, que favoreça a

imagem da empresa, reduzindo os desperdícios e aumentando os lucros. São adaptações

simples, as quais trazem benefícios internos e externos à empresa. Para Ferreira (2008), faz-se

necessário a reflexão sobre o desenvolvimento de novos produtos, já que o consumidor está

cada vez mais atento e preocupado com as questões ambientais. E desta forma as empresas

tendem a se preocupar mais com o fim dos recursos naturais e com a degradação ambiental.

Isto se reflete na geração de novos produtos e na utilização de processos cada vez menos

poluentes. Esse desempenho ambiental dos produtos e processos tem sido uma peça importante

para a conversação bem-sucedida entre empresas e consumidores.

As MPE’s tendem a utilizar estas medidas como direcionamento para as suas ações. Isto é

importante para este estudo, uma vez que elas se destacam como potencial dentro da economia

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brasileira. Estas tem assumido um nível de importância no mercado brasileiro, pois são

responsáveis por geração de renda e empregos, além de absorver mão-de-obra de menor

qualificação e possibilitar a pulverização dos negócios em todo território nacional, permitindo

geração de renda e circulação de capital (SEBRAE, 2014). Dentro desse contexto, Sachs (2008)

conceitua o que chama de “pequenos produtores” como os que desenvolvem suas atividades

em pequena escala distantes das empresas modernas. E também defende que o desafio é tornar

esse produtor em empresas organizadas, mesmo que em pequena escala, para que sejam

capazes de entrar na competição de um mercado maior. Para que isso ocorra deverá haver

também a atualização de competências e capacidades administrativas desses pequenos

produtores (SACHS, 2008). Já Smeraldi (2009) ressalta o fato de que o poder público não

reconhecer a importância de investimentos em critérios para a implantação do conceito de

sustentabilidade, não apenas para os negócios em si, mas também para a sociedade. Ainda,

segundo o autor, a falta desse reconhecimento, acarreta em outras ações negativas, não

compensatórias, como os gastos públicos com saúde ou a reparação de danos ambientais.

No Brasil, micro e pequenas empresas podem ser definidas de duas formas alternativas.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, pelo número de

pessoas ocupadas na empresa ou pela receita auferida, conforme Tabela 2 (SEBRAE, 2014).

Tabela 3 - Critério de classificação do porte das empresas por pessoas ocupadas

Porte Atividades econômicas

Serviços e comércio Indústria

Microempresa Até 09 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas

Pequena empresa De 10 a 49 pessoas ocupadas De 20 a 99 pessoas ocupadas

Média empresa De 50 a 99 pessoas ocupadas De 100 a 499 pessoas ocupadas

Grande empresa Acima de 100 pessoas Acima de 500 pessoas

Fonte: SEBRAE, 2014

A Lei complementar n° 123/06 classifica as MPE pelo seu faturamento bruto anual,

considerada para fins legais, conforme Tabela 3.

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Tabela 4 - Classificação das micro e pequenas empresas segundo faturamento bruto anual Porte Simples Nacional Exportações

Microempresas Até R$ 240 mil Até US$ 200 mil para comércio e serviços até US$ 400 mil para a indústria.

Empresas de Pequeno Porte

Acima de R$ 240 mil até R$ 2,4 milhões

Acima de US$ 200 mil até US$ 1,5 milhões para comércio e serviços. Acima de US$ 400 mil até US$ 3,5 milhões na indústria.

Fonte: Lei Complementar n° 123/06

Segundo SEBRAE (2014), as micro e pequenas empresas destacam-se por representarem um

significativo segmento da economia brasileira. Em 2011, as MPE’s se mostraram como as

principais geradoras de riqueza no setor do comércio no Brasil, pois responderam por 53,4%

do PIB deste setor. No PIB da Indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se

aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da produção

nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios. Ainda de acordo com informações da

entidade, as microempresas participam da economia nacional com grande empregabilidade nas

atividades de comércio varejista, serviço e indústria de transformação com um quantitativo de

90,3% de empregos gerado nas MPE’s. E neste contexto as pequenas empresas participam da

formação de empregos, totalizando 85,1%, nos setores de comércio varejista, serviços e

indústria de transformação. Em 2016, os pequenos negócios registraram, no mês de maio, um

faturamento médio de R$ 27,8 mil que, quando comparado ao mês anterior, o valor médio

aumentou 0,4%. Porém, em comparação com o mesmo mês no ano passado, a média do

faturamento teve uma queda de 7,3% (SEBRAE, 2016). São da mesma fonte os dados que dão

destaque para os estados do Maranhão e do Amazonas, que registraram o maior aumento de

faturamento no mês de maio de 2016, com 23% e 22% respectivamente, comparando com a

média nacional que foi de 17% para os pequenos negócios.

É importante que as MPE’s se tornem competitivas e, sempre que possível, insiram-se nos

mercados globais internacionais. Para tanto, acredita-se que a vantagem competitiva e inserção

internacional podem ser alcançados por meio da Ecoeficiência, sem causar grandes dispêndios

financeiros. Isso porque existe a possibilidade de alcance de melhorias ambientais apenas por

mudanças em procedimentos, redução de desperdícios, ou seja, simples inovações ambientais

que podem proporcionar ganhos significativos (ALVES, 2009).

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A gestão estratégica nas empresas, esta surgiu para suprir uma lacuna no planejamento

estratégico, tendo como foco a implementação em um único processo e garantindo que as

mudanças organizacionais necessárias envolvessem todos os níveis organizacionais. Segundo

Valeriano (2005) o termo “estratégia”, muito utilizado em administração e gestão, tem sua

origem em aplicações bélicas, pois tem origem em ações de preparar estratégias diante dos

pontos fortes e fracos da organização, tendo em vista as oportunidades e ameaças do mercado,

mas com o foco nos objetivos especificados previamente determinados. Para Tavares, (2010)

a gestão estratégica nas empresas significa “o conjunto de atividades intencionais e planejadas,

estratégicas, operacionais e organizacionais, que visa adequar e integrar a capacidade interna

da organização ao ambiente externo”. Na visão de Martins (2011) é o procedimento racional

das ações fundamentais para o funcionamento das empresas, e ela posiciona as ações da

organização, buscando atingir vantagens competitivas diante das necessidades do mercado, e

das possibilidades e capacidades internas da empresa.

2.5. Gestão Estratégica de Design

A Gestão Estratégica de Design é uma atividade que pode contribuir com a produtividade de

uma empresa, apontando caminhos para a eficiência, diminuição do desperdício de matérias-

primas primas e de tempo, reavaliando constantemente as metas e estratégias, além de propor

melhores formas de comunicação entre empresa, mercado e consumidor. As metas são traçadas

por atividade que são desenvolvidas entre os profissionais atuantes, para atingir as metas, a

longo prazo (MOZOTA, 2011). A autora também esclarece que no processo de gestão, o design

deve observar quatro forças determinantes para alcançar as metas da empresa: a governança

corporativa, estabelecendo quais as metas e interesses que a empresa pretende alcançar; a

matriz poder/interesse, que busca determinar grupos de investidores distintos conforme o poder

e interesse que influem na estratégia da empresa; a ética empresarial, que guia o

posicionamento global de uma organização frente a responsabilidade que assume com a

comunidade; e, por último, o contexto cultural, nas suas diversas formas e níveis.

Mozota (2011) explica também que por uma ótica própria, que os profissionais da área de

design seriam executantes e responsáveis por colocar em prática boas ideias de outros

profissionais. Contudo, também defende o fato de que estes profissionais deveriam atuar de

forma a ocupar espaço na tomada de decisão em níveis estratégicos dentro dessas empresas,

pois defende que o design deva atuar como gestor em diferentes níveis da empresa, uma vez

que eles desenvolvem uma ação conjunta entre as atividades e as outras áreas.

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Magalhães (1997) afirma que o design estratégico em uma organização seria a ação de

integração entre os produtos desenvolvidos e imagens direcionadas a partir do gerenciamento

do design. Silva (2004), mostra que a estratégia do design pode ser usada para a diminuição de

custos e diferenciação do produto, observando os parâmetros ou orientações que promovam a

competitividade de mercado, criando novos e melhores valores para as empresas. Na atualidade

a abrangência da Gestão Estratégica de Design e da comunicação é maior, pois ela envolve

pessoas no âmbito projetual, capazes de estabelecer um entendimento entre o mercado e a

sociedade. O gestor dessa área procura relacionar e envolver grupos interdisciplinares,

trabalhando como mediador criativo, a fim de potencializar competências diversas dentro deste

trabalho (DEBIAGI, 2012).

As empresas que tem como meta central a gestão do design, definem a estratégia, o

planejamento e a missão da empresa, focados em atividades, observando características

diferenciadas, como os aspectos tecnológicos do produto, a marca e a identificação do nicho

de mercado e consumidor. Esse campo de atuação dentro das organizações, vai além do

desenvolvimento de produtos de forma isolada, e passa a ser parte do processo de gestão. Ele

gera evidência para empresas e produtos, acrescentando e explicitando valores que possam ser

percebidos e entendidos pelo consumidor que geralmente utiliza formas de comparação para

analisar, consciente e inconscientemente, produtos similares (MARTINS e MERINO, 2011).

O design, enquanto ferramenta estratégica, atua como um componente importante para a

competitividade empresarial pois agrega valor ao produto e sua competência vai do trabalho

de concepção à conversação com o consumidor final da fase do pós-venda. Para isto, é preciso

compreender como este instrumento funciona e como irá contribuir para o desenvolvimento do

produto. Assim, é importante para o gestor em design compreender que as incertezas do

mercado e as mudanças do comportamento do consumidor, exigem que as empresas façam

previsões e deem respostas rápidas às mudanças do ambiente e, para isso é preciso antecipar

possíveis e prováveis cenários (FERREIRA E GORAYEB, 2008).

Também é importante observar que, segundo Santos (2003, pg.54), existem aspectos favoráveis

à implantação do Design Estratégico nas MPE’s, que favorecem a introdução das inovações

pela possibilidade da agilidade nas implementações de decisões, pela maior flexibilidade na

adaptação a mudanças, a proximidade as necessidades dos clientes e outros. Entres os aspectos,

destacam-se:

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a) Gestão centralizada: favorece a tomada de decisão de forma rápida e

desburocratizada. O controle sobre o encaminhamento de tarefas é mais eficiente,

entre outros aspectos.

b) Estrutura leve, sem complexidade: as mudanças são incorporadas mais facilmente,

o que favorece o surgimento de inovações.

c) Estreito contato pessoal entre direção, empregados, fornecedores e clientes: a

comunicação entre os setores envolvidos em um projeto é mais ágil e horizontal.

Existe um número menor de hierarquias.

d) Integração relativamente forte na comunidade à qual pertencem os proprietários,

empregados, fornecedores e clientes: dependendo da abrangência de mercado da

empresa, é possível estabelecer uma orientação precisa para o mercado.

A forma como o design atua na gestão de uma empresa vai determinar o desenvolvimento do

valor que é percebido pelo cliente, atuando sobre as atividades primarias da cadeia de

valorização, dentro dos setores de marketing, produção e comunicação corporativas. Como

fator de diferenciação competitiva, sobre seus concorrentes, o design procura desenvolver

produtos que sejam comercialmente bem-sucedidos, com caraterísticas técnicas inovadoras,

esteticamente atraentes e que levem o consumidor a se identificar com a marca. Os efeitos

finais irão incidir sobre a estrutura organizacional, o gerenciamento de tecnologia, o

gerenciamento de recursos humanos e o gerenciamento de inovação (COSTA, 2010;

GALAFASSI, 2010).

2.6. O cenário da produção de móveis.

A indústria de móveis surgiu no Brasil no início do século XX, com pequenas marcenarias

familiares, resultado da imigração italiana para a cidade de São Paulo. Até os anos de 1950 a

produção foi eminentemente artesanal. Dentre as empresas do setor moveleiro, a

predominância ainda hoje é de micro, pequenas e médias empresas, o que representa 99,5%

das empresas do setor. E ainda que em 2013, a produção mundial tenha apresentado alta de

3,7% em relação a 2012, a exportação moveleira ainda é pequena, representando apenas 3,5%

do total produzido no Brasil (IEMI, 2014). As microempresas, segundo a Associação Brasileira

de Móveis, não exportam por falta tecnologia de ponta para acompanhar o crescimento e a

consequente industrialização do setor, e que além de investimentos em treinamento e

qualificação da mão de obra, necessitam de estudos que favoreçam a gestão dos processos

(ABIMOVEL, 2006).

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No Brasil, o polo moveleiro é considerado como uma concentração de empresas do mesmo

segmento em uma determinada região. Isso acontece ordenado por regiões, onde a maior parte

está concentrada no Sul e Sudeste do país. A Tabela 4 apresenta alguns polos moveleiros mais

importantes do Brasil e suas características de acordo com as condições de uso do design

(LOPES, 2010).

Tabela 5 - Polos moveleiros e suas características de uso do design. Polo Moveleiro Principais mercados Design

Ubá - MG Móveis sob encomenda, cadeiras, dormitórios, salas, estantes etc.

Possui assessoria direta nas empresas de profissionais de design

Bom Despacho - MG Martinho Campos - MG

Móveis sob encomenda, cadeiras, dormitórios, salas, estantes etc.

Desenhos baseados em tendências de mercados e adaptações de modelos nacionais e estrangeiros. Inspiração em design de feiras do setor.

Arapongas - PR Móveis sob encomenda de madeira maciça, cadeiras, dormitórios, salas, estantes, estofados, moveis de escritório, etc.

Assessoria de pessoal ligado ao design de escritórios independentes. Utiliza feiras do setor como inspiração. Tendência à cópia de móveis a partir de catálogos e revistas estrangeiras. Falta remuneração adequada para o profissional de design.

Votuporanga - SP Móveis sob encomenda de madeira maciça, cadeiras, dormitórios, salas, estantes, estofados, etc.

Não utilizam assessoria do design, esporadicamente utilizam escritórios de design independentes. Designers despreparados para o setor.

Mirassol - SP Jaci - SP Bálsamo - SP Neves Paulista - SP

Móveis sob encomenda de madeira maciça, cadeiras, dormitórios, estantes, etc.

Não utilizam assessoria do design, esporadicamente utilizam escritórios de design independentes. Designers despreparados para o setor. Tendência à cópia de móveis a partir de catálogos e revistas estrangeiras.

São Bento do Sul - SC Rio Negrinho - SC

Móveis de pinus, sofás, cozinhas e dormitórios.

Investem em design, com marcas conhecidas e departamentos próprios. Verifica-se que o mercado local reconhece, exige e remunera o design, embora esta seja ainda uma visão isolada.

Bento Gonçalves - RS Móveis retilíneos, móveis de pinus e metálicos (tubulares)

Investem em design apenas nas empresas médias ou grandes, de marcas conhecidas no mercado, Predominância de cópias de revistas nacionais e internacionais.

Fonte: Adaptado de Lopes, (2010)

A indústria de móveis no Brasil exerce um papel relevante na cadeira produtiva da madeira.

Tendo produzido 476,2 milhões de peças acabadas em 2013, o que representa um aumento de

3,4% na comparação com 2012 (IEMI, 2014). No período de 2009 a 2013, o crescimento foi

de 28,7%, representando média de 6,5% ao ano. Os móveis para dormitórios somaram 34,6%

do total produzidos, para escritórios 17,5%, para cozinhas 11,9%, para estofados 10,7%, para

sala de jantar 10,6% e os de sala de estar 5,0%. Outros móveis somaram 9,7% do total da

produção. Os empregos gerados pelo setor somaram 328,6 mil postos de trabalho (diretos e

indiretos), o equivalente a 3,3% do total de trabalhadores alocados na produção industrial nesse

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ano, demonstrando que é um segmento de forte impacto social. Outro dado interessante: Garcia

(2007), citando dados da Abimóvel (2005) demonstra que o consumo da matéria-prima

aglomerado e MDF cresce 2% no Brasil, o que indica a aceitação e consumo de madeiras a

partir de floresta plantadas, e caracteriza isso como um fator benéfico, pelo não uso de madeiras

de florestas nativas. E as empresas brasileiras possuem a produção tanto no uso do aglomerado

e MDF, quanto com os móveis de modelos artesanais com o uso de madeira maciça. (GARCIA,

2007; BNDS, 2013).

Também vale observar que existem segmentos da indústria moveleira que tem apresentado

mudanças importantes em sua base produtiva e tem demonstrado rapidez em adequar-se as

mudanças às novas realidades comerciais da economia brasileira e ao alcance a mercados

internacionais. Porém, ainda assim o produto brasileiro não é competitivo mundialmente e a

cadeia produtiva interna mostra-se ineficiente, quando comparado aos valores que são

agregados as cadeias produtivas de países como Itália, Alemanha e Estados Unidos

(OLIVEIRA, 2007).

Uma outra característica do mercado nacional, segundo relatório do BNDS (2013) é que as

empresas do setor, formalmente constituídas, a maior incidência de empregos acontece em

estabelecimentos de micro, pequeno e médio portes, sendo que em 2011, apenas 9% dos

empregos estavam locados nas empresas de grande porte. Isso demonstra, diante de uma

abordagem social, o alcance do empreendedorismo individual e que privilegia os subsistemas

regionais. Esta parcela do mercado apresenta-se como sendo uma intensa mão de obra que

utilizam equipamentos de baixo custo com produção de menor escala e de característica

predominantemente familiar (ARGENTA, 2007). Assim como, a indústria brasileira de

máquinas e equipamentos voltadas para o setor moveleiro, busca atender a parcela de micro e

pequenas empresas, que prevalecem no cenário nacional, mas possuem pouca capacidade de

investimentos para equipamentos, fazendo com que os desenvolvimentos em conteúdos

tecnológicos sejam menores a fim de oferecer preços mais acessíveis aos moveleiros (BNDS,

2013).

Segundo a MOVERGS (2016), o mercado de móveis apresentou em outubro de 2016, no setor

de vendas no comércio varejista, um recuo de (-)5,6% em volume de peças. E de janeiro a

setembro esse recuo foi de (-)12,8% em volume de peças. Na produção industrial de móveis,

o setor apresentou uma queda de 3,8% no mês de setembro e no acumulado do ano teve um

encolhimento de 12,9%. Quanto aos dados de emprego na indústria, apresentou uma queda de

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(-)0,3% no mês de setembro e de (-)4,3% no acumulado do ano. Mas a produtividade média do

setor aumentou em 1,7% em setembro, ainda que tenha registrado uma diminuição de (-)10,1%

no ano.

Para Ferreira e Gorayeb (2008, pg.23) alguns pontos ainda são críticos para competitividade

dessas indústrias no Brasil, eles recomendam uma análise mais detalhada sobre estes fatores:

▪ capacidade de inovação e de diferenciação de produtos, principalmente o

desenvolvimento de design próprio;

▪ aperfeiçoamento do processo produtivo, associados à incorporação de novas

máquinas e equipamentos, bem como ao incremento da escala e escopo da produção;

▪ incorporação de novos insumos e matérias-primas ao processo produtivo;

▪ adoção de inovações organizacionais que visem a modernização e a

racionalização dos processos produtivos e comerciais das empresas;

▪ fortalecimento dos arranjos produtivos locais.

Os autores consideram ainda que o acesso a tecnologias de ponta associado a um maquinário

moderno ainda são privilégio das médias e grandes corporações que se dedicam a produção em

alta escala. Ficando a cargo das micro e pequenas empresas buscar a contraposição com preços

atraentes e mão de obra pouco qualificada. Assim, acredita-se que o desenvolvimento de

arranjos produtivos, possa se configurar em elemento diferencial para a concorrência dos

fabricantes de móveis, principalmente os de menor porte, que passariam a ter a oportunidade

de aproveitar as externalidades positivas geradas localmente. Contudo, pode-se também

afirmar que o desenvolvimento e a incorporação de design próprio para os produtos do pequeno

produtor, possa agregar valor e competitividade para indústria moveleira nacional, além de

permitir uma inserção ativa no comércio internacional (SILVA 2004; FERREIRA e

GORAYEB, 2008).

2.7. A indústria moveleira do Estado do Amazonas

O Estado do Amazonas possui 1.559.161,682 km² de extensão, correspondendo a 40,77% da

Região Norte, 18,45% de todo o território brasileiro e 31% da área total da Amazônia

Brasileira, destacando-se como o maior Estado da República Federativa do Brasil (Figura 5).

Possui a maior floresta tropical do mundo com, aproximadamente, 98% de sua área preservada,

tendo o seu potencial ecológico aliado a uma política de negócios embasada na sustentabilidade

(BNDS, 2010). De acordo com informações do Governo Estado do Amazonas (2015), os

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esforços são direcionados de forma a diversificar a economia da capital e interior amazonense

a partir do desenvolvimento de atividades voltadas ao aproveitamento de recursos naturais,

melhoria da qualidade de vida da população e para o desenvolvimento sustentável. Como ações

de investimentos destaca-se o Programas Zona Franca Verde, Bolsa Floresta, Programa Social

e Ambiental dos Igarapés de Manaus, o gasoduto Coari-Manaus que busca mudanças na matriz

energética de oito municípios e a construção da Ponte do Rio Negro que interligou a região

metropolitana de Manaus à cidade de Iranduba e áreas adjacentes.

Figura 5 - Mapa Estado do Amazonas

Fonte: IBGE, 2010

Manaus é a 7ª cidade mais populosa do Brasil e a 131ª do mundo, sendo o principal centro

financeiro e corporativo da Região Norte e o sexto município que mais contribui para o Produto

Interno Bruto brasileiro (1,29%), de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, (IBGE, 2010). A revista América Economia, classifica Manaus como

uma das 20 melhores cidades no ramo de negócios da América Latina, estando à frente de

capitais de países latinos como San Salvador, Caracas e La Paz. O Polo Industrial de Manaus,

gera em torno de 100 mil empregos diretos com faturamento em trono de 35 bilhões de dólares

em 2010 (Governo do Estado do Amazonas, 2015).

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45

Segundo dados do Sistema de Informações de Empresas Incentivadas, o Subsetor madeireiro

do Amazonas possui apenas cinco empresas que recebem incentivos da SUFRAMA/SEPLAN.

Nenhuma dessas empresas encontra-se certificada pelas Normas NBR – ISO. Seus principais

produtos são: folhas de outras madeiras, madeira compensada (SUFRAMA/SEPLAN, 2011).

A mão de obra empregada corresponde a 752 trabalhadores (média/mensal), no ano de 2011,

entre efetivos, temporários e terceirizados. O faturamento industrial atingiu cerca de US$ 17,82

milhões. Muitas empresas não participam desse significativo mercado de móveis industriais

porque para esse tipo de produção (gabinetes de eletroeletrônicos, caixas acústicas, máquinas

de costura, relógios de parede e uma série de artefatos de madeira) normalmente se exige alta

qualidade na elaboração, acabamento do produto, secagem e imunização.

De acordo com o relatório do Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais do Estado do

Amazonas NEALP/AM (2011) existem poucas empresas atuando no ramo de produção de

artefatos de madeira. Apesar do mercado destes produtos apresentar potencial para expansão

tanto em nível interno como externo. Localmente, projeta-se uma demanda de

aproximadamente 15.300 peças/ano. O Médio Amazonas, que corresponde a sete municípios,

concentra a maioria dos estabelecimentos moveleiros e hoje, a microrregião de Manaus

concentra o maior número de empresas. Contudo, existe uma pequena produção moveleira no

Baixo Amazonas – que é formado por doze municípios e na região do Alto Solimões. A

produção caracteriza-se por móveis em estilo colonial e popular, como estantes armários e

prateleiras, voltados para atender as necessidades de uso doméstico. Estima-se uma capacidade

de produção entre 200.000 a 300.000 m3/ano.

A SUFRAMA cita uma capacidade de produção de 92.304m³ de laminados e 178.116m³ de

compensados. Os dados sobre a industrialização e consumo de madeira no Amazonas são

escassos e apresentam longos períodos de interrupção nas informações disponíveis. Os

mercados local e regional são os destinos da madeira produzida pelo extrativismo e o nacional

e internacional a produzida pelo setor empresarial (NEAPL, 2011). De acordo com o mesmo

relatório, os municípios de Manaus e Itacoatiara são os que concentram o maior número de

beneficiadoras de madeira, e por isso são responsáveis por grande quantidade de resíduos.

Segundo Costa, (2010) algumas tendências atuais estão promovendo mudanças significativas

nos padrões de uso econômico dos produtos florestais amazônicos, essas novas tendências

expressam um amplo processo de modernização das atividades produtivas, no qual

comunidades organizadas da região estão se estruturando segundo vetores desencadeados pelo

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impulso de cadeias produtivas complexas e suas respectivas redes. Já é observável a introdução

de formas de associativismo comunitário com o predomínio das cooperativas rurais, das

microempresas familiares, agroindustriais ou das associações de pequenos produtores sob

estruturas empresariais diversas. Esse processo inclui algumas experiências envolvendo

comunidades de assentamentos rurais, conectando-as a essas estruturas produtivas. Em outros

termos, trata-se de uma nova dinâmica que tem propiciado a constituição de redes de produção

e de comercialização, envolvendo os arranjos mais conectados do interior e os

empreendimentos industriais de diversos portes dos centros urbanos.

Segundo Nascimento (2015), nesta região a indústria de madeiras e seus subprodutos tem

grandes dificuldades para desenvolver a competitividade de seus produtos, que ocorrem desde

a existência do parque tecnológico atrasado, assim como a seletividade das espécies que são

utilizadas, até a precariedade da organização industrial. E estas dificuldades abrangem de forma

mais significativa o setor de móveis sob medida, que necessita de maior complexidade no que

trata a gestão de uma empresa, para visualizar e atuar nas áreas de controle de custos, adequação

de mão de obra e acompanhamento de grau de satisfação. E esta área de atuação acontecem os

maiores obstáculos para os marceneiros tem a sua produção voltada para formas e medidas

especificas, o que dificulta a padronização do processo e gerando maior probabilidade da

necessidade de correção dos produtos.

Nascimento (2015) também explica que nesta região, as empresas são predominantemente no

formato familiar, com numero pequeno de integrantes, até oito pessoas, e que ainda trabalham

de forma tradicional, com produção de móveis por encomenda e não tem conhecimento

elaborados sobre o mercado em que atuam, sendo que seus integrantes possuem baixa

escolaridade e encontram dificuldades de infraestrutura adequada, refletidos em layouts

inadequado nas oficinas, logística ineficiente, maquinários obsoletos e ainda a falta de

conhecimentos técnicos dos trabalhadores. Além disso, ainda podem ser apontados outros

fatores para o pouco desenvolvimento da região, como a falta de financiamentos para

investimentos nos negócios e a baixa produtividade, o que não é capaz de atender a demanda

da cidade de Manaus. Mas também é importante observar que, apesar destas características que

atrasam o setor, os trabalhadores têm o ponto positivo que é o conhecimento e talento natural

transmitido pela família, que contribuem para a existência de uma produção artesanal de

produtos moveleiros na região, e esse conhecimento empírico pode constituir um elemento a

ser considerado na gestão dessas pequenas e microempresas, a fim de mudar a situação

econômica local.

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Em um levantamento realizado em 36 municípios da região Norte, dados do Imazon (2010) e

Sebrae (2013), demonstram que em 2008 havia 1892 empresas moveleiras nos principais polos

da região, sendo que os estados do Amazonas, de Pará e do Acre concentravam 83% do

consumo de madeiras processadas para a fabricação de móveis e que as indústrias moveleiras

responderam a uma receita bruta de R$ 258 milhões, gerando 7169 empregos diretos, sendo

que destes, 36% eram empregos formais e 46% informais, e que 18% tratavam de mão de obra

familiar. Também em 2008, o principal tipo de matéria-prima utilizada era a madeira em

pranchões e blocos. Sendo que o MDF foi utilizado uma proporção de 10%, mas também foi

observado que o uso deste material vem crescendo da produção de móveis. E mais, 90% da

comercialização dos móveis produzidos na região, foi comercializado nos próprios municípios

em que ocorre a produção, com exceção do estado de Rondônia que teve a maior parte da sua

produção comercializados para a região Sudestes, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro

(IMAZON, 2010)

2.8. Estudo do resíduo da madeira do setor moveleiro

O crescimento econômico do Brasil e o aumento no consumo no período de 2004/2014, fizeram

com que as indústrias produzissem mais, gerando maior quantidade de resíduos sólidos

oriundos. Esse fato preocupa o poder público que, juntamente com as políticas ambientais

tentam gerenciar os resíduos sólidos das ações industriais como forma das empresas

respeitarem o meio ambiente. Em 2010, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabeleceu obrigações ao governo, às

empresas e aos cidadãos, no que se refere ao gerenciamento de resíduos. Estes materiais podem

apresentar algum valor econômico e podem ser reciclados ou reaproveitados. São classificados

conforme sua origem e grau de periculosidade. No caso da madeira, o resíduo é classificado

como sólido, seco, de composição orgânica e de origem industrial e faz parte da classe de

resíduo número II, ou seja, não apresentam periculosidade, porém não são inertes. Ainda que

sejam considerados de baixo nível poluidor, é importante destacar que existem outros fatores

envolvidos, como por exemplo, a estocagem do material, que ocupa espaço, o que também gera

problemas ambientais.

Segundo dados do Relatório de Inteligência – SEBRAE (2015), somente 40% a 60% do volume

da tora da madeira são aproveitados na indústria moveleira para fabricação de móveis. As

sobras são classificadas em três categorias: serragem (resíduo gerado pelo processo de

usinagem com serras), cepilho (resíduo gerado pelo processamento em plainas) e lenha

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(resíduos maiores gerados por maioria das indústrias de madeira). A indústria moveleira tenta

tornar seu processo produtivo sustentável. Contudo, tal investimento deve partir de um

planejamento coerente com a visão da empresa e com uma equipe disposta a mudar seu modo

convencional de trabalho. Pesquisas estão sendo desenvolvidas no sentido de potencializar

essas ações. A seguir, é apresentado no quadro 1, a revisão de literatura de estudos realizados

sobre a utilização de resíduos de madeira.

Quadro 1 - Quadro sinóptico da revisão de literatura sobre a utilização de resíduos de madeiras. Autores da pesquisa Características das pesquisas

FIORELLI, et al. (2014) O estudo avalia o potencial uso de resíduos de madeiras da espécie Pinus spp. E constataram que é possível produzir em laboratório aglomerados com os resíduos de madeira em forma de flocos por meio de uma resina de mamona à base de óleo de poliuretano.

DIAS (2006) A pesquisa avalia o custo/benefício da incineração de resíduos sólidos no Distrito Federal. A pesquisa tenta gerenciar os resíduos sólidos, buscando outra alternativa de disposição diferentes da incineração. A principal contribuição é o questionamento sobre as opções de disposição e tratamento de resíduos sólidos, utilizadas, sem uma preocupação econômica e ambiental, característica de cada região estudada.

LIMA, IWAKIRI (2014) O estudo trata da utilização do resíduo da madeira de Pinus Spp como substituição ao agregado miúdo na produção de blocos de concreto para alvenaria estrutural.

FARAGE, et al.(2013) O estudo foi desenvolvido para avaliar o potencial energético dos resíduos de madeira e derivados gerados no polo moveleiro de Ubá no Estado de Minas Gerais o estudo revelou que 90% dos resíduos sólidos derivados da produção não tem destino final, e não existe um programa de destino para tais resíduos.

BARBOSA, et al. (2014) Os autores estudaram os resíduos de uma serraria de médio porte no município do Rio Grande do Sul a fim de efetuar análises físico-químicas na etapa de desdobro Os resultados mostram dois pontos de interesse: (a) existe uma deficiência devido à falta de estrutura diamétrica e diagramas de cortes apropriados para as toras, resultando em grande quantidade de resíduos no final do processo; (b) há possibilidade de uso desses resíduos, demonstrados nas análises físico-químicas do material, que indicam um potencial de qualidade apropriados para serem utilizados na produção de celulose kraft de fibra longa.

RASEIRA, (2013) A pesquisa trata da reutilização de resíduos de esquadrias de madeira em marchetaria, a partir da caracterização e determinação dos parâmetros do processo de corte a laser. Os resultados apresentaram um alto potencial de uso dos resíduos provenientes do processo a partir do alinhamento do design com a tecnologia a laser para a reutilização dos resíduos. Tal processo pode gerar uma nova fonte de renda, para economia local, pela inovação do processo produtivo da marchetaria, agregando valor e abrindo possibilidades de produção em alta escala, além de reduzir o descarte de resíduo de madeira.

SANTOS, et al. (2014) Os autores testaram a aplicação de modelos estatísticos para a estimar o volume de resíduos lenhosos de madeira utilizando os métodos de Warren e Olsen e da Krigagem Ordinária, no município de Paragominas, estado do Pará. Os resultados mostraram adequação dos métodos propostos, uma vez que as estimativas foram satisfatórias para os volumes de resíduos da área estudada.

BRUN, SCHUMACHER, BRUN (2010)

O estudo trata de como ocorre o retorno de carbono e nitrogênio ao solo utilizando um processo de decomposição de resíduos provenientes de serraria. Os resíduos foram depositados como cobertura sobre o solo, utilizando bolsas de nylon com cem gramas de resíduos cada uma. O resultado, após dois anos de estudo, mostrou que, na área do plantio recente teve maior quantidade de liberação de carbono orgânico e nitrogênio do que a floresta de 4,5 anos, demonstrando melhor adequação pela prática de espalhamento de resíduos provenientes de serraria.

MONTEIRO, et al., (2010) O estudo é sobre o desenvolvimento e as consequências para a qualidade do solo em áreas plantadas com a espécie Schizolobium amazonicum parahyba var. (Paricá), em dois sistemas distintos de manejo do solo.Um utilizava a adição de resíduos de madeira e ou outro não. Os resultados demonstraram que na área que recebeu adição de resíduo de madeira, a taxa de sobrevivência da espécie foi de 93,3% ao passo que a área que não recebeu o material a sobrevivência foi de apenas 80%. Os autores ressaltam ainda que, as árvores que receberam a o tratamento no solo, apresentaram maiores valores de DAP (diâmetro a altura do peito). Isso indica que o valor da camada de resíduos de madeira para o solo, foi benéfica o que favorece o enriquecimento da matéria orgânica e a liberação de nutrientes importantes para a cultura do Paricá.

Fonte: Elaborado pela autora, 2016

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As informações coletadas a partir dos trabalhos realizados anteriormente são importantes para

a visualização sobre as formas como o resíduo e sobra de madeiras e outros produtos

madereiros podem ser reutilizados. Os estudos demosntram a possibilidade deste material não

ser descartado em lixo comum, mas pode-se utilizar como matéria-prima para outros processos,

como por exemplo, para o tratamento de solo ou para o processo produtivo da marchetaria.

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3. METODOLOGIA

O capítulo 3 apresenta os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, onde descreve-

se as características do estudo, a abordagem utilizada, os métodos e as técnicas que serão

aplicadas no desenvolvimento do trabalho.

Caracterização da pesquisa

Na presente pesquisa optou-se por usar os critérios apontados por Gil (2008) e Severino (2007)

que classificam a pesquisa com base em objetivos gerais, o que permite classificá-las em três

grupos: descritiva, exploratória e explicativa. Quanto aos fins pode-se dizer que se trata de

pesquisa será descritiva uma vez que expõe as características de uma população ou de

fenômenos. Quanto a natureza, será exploratória uma vez que teve como objetivo é

proporcionar maior familiaridade com o problema. E é explicativa pois o objetivo foi esclarecer

quais fatores contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno.

Quanto aos meios, na pesquisa foi realizado o levantamento bibliográfico e, posteriormente a

pesquisa de campo, utilizada na coleta de informações acerca de um problema, a ser resolvido,

utilizando-se da observação de fatos e fenômenos que ocorrem espontaneamente, onde se

registram as variáveis que se presume serem relevantes, e, posteriormente, permite a análise

das mesmas (PRODANOV; FREITAS, 2013).

A pesquisa de campo foi realizada por meio de estudo de caso em uma movelaria em Manaus

e outra em Belo Horizonte, pois, para o desenvolvimento do trabalho se fez necessário a coleta

e análise de informações sobre um determinado indivíduo, grupo ou comunidade,

possibilitando a investigação de aspectos variados existentes em torno desta unidade de acordo

com o assunto da pesquisa. (PRODANOV; FREITAS, 2013). Ainda que neste formato de

investigação não exista um conjunto de etapas pré-fixadas, é possível determinar um plano de

ação para a realização do estudo de caso (Debiagi, 2012 apud Martins, 2008). Para estes estudos

nas movelarias, foram utilizadas as técnicas de observação com a possibilidade de inquirição,

conforme o desenvolvimento do processo de produção, além da entrevista com os agentes.

Quanto à natureza das informações, o trabalho classifica-se como pesquisa qualitativa, pois

levou-se em consideração a subjetividade dos sujeitos estudados, permitindo a análise dos

dados indutivamente, não requerendo o uso de dados estatísticos. Nesta natureza da pesquisa,

a ênfase acontece no processo e o significado das suas etapas, com a coleta descritiva dos

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fenômenos, em que as questões são tratadas em contato direto com o ambiente de estudo.

(PRODANOV; FREITAS, 2013).

Quanto ao método, trata-se de um conjunto de etapas, caracterizado pela coerência interna e,

pela possibilidade de avaliar e questionar os resultados que surgirem, durante todo o processo

de coleta de dados, validando-os a cada etapa. Vale ressaltar que não há um limite claramente

delimitado entre estas metodologias. Conforme Ferreira e Gorayeb (2008), esse tipo de

investigação é útil para o pesquisador compreender os diversos enfoques teóricos que nortearão

o desenvolvimento da pesquisa.

Desenvolvimento da Pesquisa

A pesquisa compreendeu quatro etapas: sendo a primeira, o levantamento da literatura, a

segunda, a pesquisa de campo com a aplicação de questionário e a terceira, é a análise dos

dados coletados, conforme mostrado na Figura 6, detalhadas em seguida:

Figura 6 - Desenvolvimento da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora, 2016

Etapa 1 - A pesquisa bibliográfica foi realizada por um estudo sistematizado, tendo como base

artigos, livros, revistas, e redes eletrônicas, dentre as quais utilizou-se o Portal Capes, a Revista

Acta da Amazônia, a Biblioteca Virtual da Unesp, para fundamentação teórica do trabalho.

Etapa 2 e Etapa 3 - Foram realizadas pesquisas de campo que teve como base um roteiro de

entrevistas estruturadas, em que se realizou-se o recolhimento de informações por meio de

entrevistas individuais, com as pessoas selecionadas, cujo grau de pertinência e validade foi

analisado na perspectiva dos objetivos da entrevista. A investigação foi realizada em oficina

local, a fim de identificar, detectar e mapear, o atual processo produtivo dentro de movelarias

de Manaus e de Belo Horizonte. Com a finalidade de visualizar o grau de dificuldades e

necessidades reais da movelaria. Nessa etapa, também foi feita uma observação das rotinas de

trabalho dos operários, para se fazer o registro das questões relacionadas ao objeto de estudo e

que não são percebidos pelos outros meios utilizados na investigação. Foi também realizada a

aplicação de questionários com perguntas estruturadas, apresentados no Anexo II.

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Etapa 4 – Etapa em que foram realizadas a descrição e na análise dos dados coletados a fim de

subsidiar a discussão sobre o tema.

Delineamento da pesquisa

As etapas da pesquisa, a revisão bibliográfica, coleta dos dados e análise e discussão dos

resultados, seguiram o procedimento metodológico de acordo com o esquema apresentado na

Figura 7. Figura 7 - Procedimento metodológico, esquema da pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora, 2016

Planejamento para o levantamento de dados a partir dos procedimentos da Produção

mais Limpa

Essa fase compreende o desenvolvimento de um roteiro que foi usado durante o estudo em

campo, do processo produtivo na empresa moveleira em Manaus. As perguntas geradas neste

tópico serviram de guia para o diagnóstico da produção e possível implementação das

oportunidades de P+L. Para tanto foram utilizados o trabalho de Massote (2010) e a

metodologia de Produção Mais Limpa, desenvolvida pela Unido/Unep, apresentado por

Kiperstok, et al (2002). E a Série Manuais de Produção mais Limpa do Centro Nacional de

Tecnologias Limpas/SENAI-RS (2003). No Anexo 1 são apresentados os formulários com as

perguntas desenvolvidas e as respectivas respostas, de acordo com os dados coletados nas duas

empresas estudadas.

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4 ESTUDO DE CASO

O capítulo 4 apresenta os estudos realizados nas duas movelarias, uma instalada no município

de Manaus e outra no município de Belo Horizonte tendo o foco as características do

funcionamento gerencial de cada uma, bem dos processos produtivos de acordo com o uso da

matéria-prima e a relação sua com a metodologia P+L. O estudo de caso nas duas empresas

tem a finalidade de levantar dados sobre semelhanças e diferenças nos processos produtivos

que possam contribuir para as análises e os resultados desta pesquisa.

4.1 A MOVELARIA EM MANAUS

4.1.1 Apresentação da empresa

O estudo de caso foi realizado numa Movelaria localizada no município de Manaus, situada no

bairro Distrito Industrial. É formada por dois sócios, que também são os marceneiros

responsáveis por toda a produção da empresa, que há cerca de dois anos resolveram compor a

sociedade, quando saíram do emprego anterior, onde se conheceram. Possuem registro e alvará

funcionamento da Prefeitura Municipal e atuam como microempresa, mas não tem registro nos

órgãos ambientais. Em entrevista, os marceneiros esclareceram que somente executam os

projetos, não trabalham com a compra das madeiras, porque não tem condições de pagar por

madeira certificada e, segundo eles, não querem se responsabilizar-se por essa compra. Assim,

quem contrata o serviço que utiliza a madeira, tem que providenciar o fornecimento da madeira

para a movelaria. Segundo informações dos marceneiros, eles estão associados ao sindicado

dos marceneiros em Manaus.

A empresa foi constituída com a finalidade de fabricar, montar, reformar e dar acabamento aos

produtos de movelaria para comércio e residências. Trabalham com madeira maciça e MDF,

executam todo o processo de tratamento da madeira, corte, pigmentação e montagem dos

produtos. Não possuem caminhão para o transporte de material e quando precisam fazer a

entrega, têm que contratar um carreto.

Para efeito desta pesquisa, foi observada a produção de quatro móveis na empresa, dois

empregando madeira maciça e dois utilizando prioritariamente MDF. Os resultados da

observação, bem como as semelhanças e diferenças observadas são descritas neste capítulo.

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4.1.2 Espaço físico e infraestrutura

O local onde a empresa funciona é alugado (figura 8 e figura 9), em uma antiga marcenaria que

servia de escola para a Sociedade Pestalozzi do Amazonas. O espaço é um galpão de 7mx20m,

com um banheiro interno, e ainda utilizam uma área externa de 7mx5m que serve para estocar

material e como área para a pintura (figura 10). Assim, quando assumiram o local já havia uma

parte do maquinário para o trabalho. A única máquina de grande porte que é de propriedade

dos marceneiros, é uma das serras circulares, que também é utilizada na produção. Além desta,

também é de propriedade deles o compressor para a pistola de pintura e as ferramentas de

pequeno porte, como jogo de chaves, martelos e furadeiras. No valor do aluguel está inclusa a

energia elétrica. Também foi observado pelos marceneiros que a água que consomem é

somente para higiene pessoal. Durante o estudo, foi informado pelos marceneiros que o local

possui pouca ventilação e a melhor iluminação é durante o dia.

Figura 8 - Vista da parte interna da movelaria

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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Figura 9 - Vista externa da movelaria

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 10 - Vista externa da movelaria

Fonte: Arquivo da autora, 2016

A área de trabalho possui muito material de sobra de produção de trabalhos anteriores,

acomodados por toda a oficina (figura 11 e figura 12). Este material é armazenado sem

catalogação de registro de tamanho ou tipo de madeira. Segundo os marceneiros, eles não têm

planejamento de reutilizar as sobras de madeira, e somente vão empilhando material que pode

ser usado posteriormente em outros trabalhos.

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Figura 11 – Sobra de material estocado.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 12 – Sobra de material acondicionado pela oficina.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Quanto aos resíduos, como serragem e pequenos pedaços da madeira, quando em pequena

quantidade, são descartados em lixo comum. Não há frequência para retirada de lixo, sendo

que isso vai depender da quantidade acumulada. O que foi explicado pelos marceneiros é que,

quando a quantidade está atrapalhando o trânsito no local de trabalho, e quando há sobra de

madeira em tamanho maior, que não interessa para outros trabalhos, chamam um carreto para

levar o material para área de descarte de lixo comum do município.

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A maioria das máquinas já se encontravam no local e foram alugadas juntamente com o imóvel,

sendo que algumas não são usadas pelos marceneiros. Mesmo assim, os ajustes necessários nas

máquinas durante o processo, são feitos por eles mesmos, com as ferramentas que dispõem na

movelaria (figura 13).

Figura 13 - Manutenção da máquina.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Durante o processo em que foi utilizada a madeira maciça, observou-se o excesso de corte na

madeira e a quantidade de sobra. Segundo o marceneiro, essa é a forma como sempre trabalham

todas as vezes que precisam empregam madeiras maciças no processo de fabricação (figura

14). Figura 14 - Corte feito para ajuste da espessura.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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4.1.3 Pessoal Envolvido na Produção

Os dois profissionais têm a formação no ofício vindo de família, mas já atuaram em outras

áreas, com empregos informais e formais ao longo da vida, sendo que, foi na última empresa

que trabalharam como empregados registrados em carteira, na área de marcenaria, onde se

conheceram. O trabalho na empresa anterior proporcionou o aprimoramento das técnicas que

utilizam atualmente.

Na sociedade, os dois têm conhecimento similar do processo produtivo e trabalham na

produção. Mas existe uma divisão de trabalho não oficializada, como demonstrado na figura

16, conforme os mesmos descreveram, com objetivo de melhorar o funcionamento da empresa.

Um deles é responsável pela maior parte da captação de clientes (quando ocorre) e fechamento

de orçamentos e definição de projeto, com medição externa (quando necessário), pelo fato dele

ter carro, tendo maior facilidade para realização desta parte do serviço. O outro marceneiro está

sempre trabalhando na produção e é responsável por coordenar o processo de fabricação dos

móveis.

Os marceneiros indicaram ainda que a maioria dos projetos que executam atualmente são

encaminhados por uma arquiteta. Nos projetos acompanhados durante a pesquisa não houve a

apresentação de desenho técnico. A arquiteta fez apenas um rascunho (figura15) do projeto e

as medidas são discutidas e decididas informalmente com os marceneiros. O contrato entre as

partes também é informal e o pagamento é feito no final da produção no ato da entrega para o

transporte.

Figura 15 - Rascunho do projeto.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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A organização da empresa e funções dos agentes de acordo com os processos executados estão

representados na figura 16.

Figura 16 - Organização da empresa em Manaus.

Fonte: Autora, a partir de Campos, 1991

Marceneiro 1 Marceneiro 2

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Contato c/ cliente sobre encomenda móvel

Contato com a arquiteta sobre os projetos

Compra de materiais para a produção

Início

Inicio do processo de produção do móvel

Conferência de medidas no cliente (externo)

Conferência sobre projeto c/ arquit. (interno)

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Aceite do orçamento Retomar?Não

Sim Não

Parar

Sim

Definição planejamento de cortes das peças

Processamento da matéria prima na produção

Montagem do móvel na oficina

Montagem do móvel no cliente (externo)

Entrega final do móvel

Recebimento do pagamento final

Fim

Liderança ou Coordenação Participação Imprescindível Participação Secundária

Eta

pas

ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA

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60

Os sócios não possuem um horário formal de trabalho, ou seja, nenhum dos dois tem a

obrigatoriedade de cumprir um tempo de trabalho ou horário certo de chegada e saída. E a

tarefa que é para ser executada no outro dia, geralmente é discutida no final do dia. Também,

segundo os marceneiros, quando havia necessidade, eles chamavam outros marceneiros para

ajudar na produção, em forma de parceria, mas com a diminuição das encomendas, só os dois

estão trabalhando atualmente na movelaria.

4.1.4 Descrição do processo produtivo

Foi elaborado um fluxograma do processo produtivo da movelaria, a partir do que foi

observado na pesquisa de campo. O início do processo acontece com o cliente entrando em

contato com a arquiteta ou com os próprios marceneiros, para contratar um projeto o qual é

passado o projeto para a movelaria para fazer o orçamento da produção. Diante do que é

exposto sobre as necessidades do cliente, os marceneiros calculam o valor do serviço.

Com a aprovação do orçamento, há um acerto verbal sobre o serviço, como a data de entrega e

que o pagamento será feito na entrega final do produto. Também, no momento do acerto do

serviço, as partes discutem detalhes sobre montagem, acabamentos, medidas, isto feito de

modo informal, diante do rascunho feito pela arquiteta. Caso seja necessária a comprovação de

alguma medida, o marceneiro vai até o local onde o móvel será instalado para verificar a

informação. A partir de então, ocorre o recebimento da matéria-prima e os demais insumos.

Durante a pesquisa, observou-se que há ocasiões em que, nem todo o material é entregue antes

do início do trabalho, que faltam itens como rodízios e parafusos. Os marceneiros registraram

que isso é comum e que usam normalmente parafusos de trabalhos anteriores.

No caso dos projetos em que usam o MDF, o material é adquirido em lojas especializadas em

produtos para movelarias. Na cidade, algumas destas lojas, já cortam as chapas de acordo com

o projeto e entregam o material, cortado, nas oficinas. Para os marceneiros esta é uma forma

mais fácil de trabalhar, pois fica a cargo deles apenas a realização de pequenos cortes para

ajustes. Os processos acompanhados na produção do produto foram executados em sequência.

O processo geralmente segue o demonstrado no fluxograma (figura 17), mas pode acontecer

de alguma etapa precisar ser refeita e voltar para a fase anterior. Após a finalização do produto

são realizados o pagamento e a entrega para a arquiteta, na movelaria. Nesta ocasião é

contratado um carreto para transporte do produto. Se necessário, os marceneiros acompanham

o transporte para realizar a montagem final no local.

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61

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62

A seguir a forma de produção é descrita com a indicação, entre parênteses, da área de utilização

na oficina de acordo com o “layout” demonstrado na figura 18. O layout foi desenvolvido para

a visualização das localizações dos equipamentos utilizados no processo de produção e da

dinâmica dos trabalhadores no ambiente da oficina. As máquinas que mais foram utilizadas são

as serras circulares (1 e 2), a plainadeira (3) e a desengrossadeira (4).

A área de entrada, onde fica o bebedouro (14) é também utilizada para fazer as refeições e para

descanso, sendo a mais arejada. Também é mostrado na figura que toda a área da oficina é

usada como depósito/estoque de material que sobrou de trabalhos anteriores, encostados nas

paredes ou amontoados em espaços que não são utilizados. A área externa é também utilizada

para guardar material de estoque e para área de pintura, sendo essa parte coberta por telhado,

mas sem paredes.

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63

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Figura 18 - Layout da empresa

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64

4.1.5 Descrição do processo

Neste item é descrito o processo produtivo da confecção de móveis, conforme o que foi

acompanhado na pesquisa de campo. Conforme colocado anteriormente, foram acompanhados

os processos de fabricação de quatro móveis, dois feitos utilizando a madeira maciça e dois

que utilizaram o MDF como matéria-prima. O acompanhamento foi feito em um período de

quatro semanas, realizando o registro através de fotografias e anotações. Durante o

acompanhamento e observação também houve momentos para perguntas sobre o

funcionamento do processo. Ao final, foi realizada uma entrevista estruturada com os

marceneiros. Diante do que foi exposto, optou-se pelo acompanhamento destes processos de

fabricação dos móveis, pela possibilidade de visualizá-lo do começo ao fim. O material

contabilizado, ficou limitado à madeira maciça e MDF, pois os outros insumos, como os

parafusos, lixas e cola foram utilizados materiais de sobra de trabalhos anteriores e não foram

observadas quantidades significativas de uso (e descarte) desses componentes que

justificassem sua inclusão na análise. Com o intuito de ajudar a compreensão do processo, as

localizações das etapas do mesmo são identificadas com numeração, entre parêntese, conforme

o layout da oficina apresentado.

4.1.5.1 Processo utilizando a madeira maciça

Aqui é descrita a forma de processo dos trabalhos em que foi utilizada a madeira maciça para

a confecção dos móveis. Em Manaus, a madeira maciça é vendida aos pedaços denominados

de ripas. Na empresa, essas ripas são medidas, sendo realizado um pré corte na serra circular

(1), para facilitar o manuseio deste material, limitando o tamanho das peças para o os próximos

cortes (figura 19 e 20). É durante esta etapa que são feitos os primeiros descartes de madeira,

inutilizando as partes que possuem avarias. Após isso, usa-se a desempenadeira (3) nas duas

faces da peça. A máquina de desengrosso serve para igualar a espessura das mesmas. Estas

possuem espessura diferenciada e precisam ser ajustadas para o corte do tamanho final do

móvel.

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65

Figura 19 - Pré corte da maneira na empresa em Manaus

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 20 - Novo pré corte da madeira em Manaus

Fonte: Arquivo da autora, 2016

A madeira precisa ainda passar na máquina de desengrosso (4), para igualar as espessuras das

peças e este processo gera serragem (figura 21). Em um dos processos, o trabalho tem que parar

periodicamente para que os marceneiros possam beber água e arejar, pois os trabalhadores não

usam nenhum tipo de equipamento de proteção. Existe a necessidade de fazer outros pré-cortes

para aproximar o a largura e espessura do tamanho final desejado e durante uma das etapas, os

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66

marceneiros precisaram parar a tarefa para discutir as medidas das peças e até ligar para a

arquiteta para tirar dúvidas.

Figura 21 - Utilização da máquina desengrosso

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Depois do corte do tamanho definitivo, é preciso passar a madeira novamente na máquina de

plaina para melhorar o acabamento das faces (3). E as peças são apoiadas e reservadas para

melhorar a secagem e posterior lixamento (figura 22). A área utilizada para este

armazenamento é no meio do maquinário e no meio da poeira gerada pelo processo (7).

Figura 22 - Peças preparadas para secagem dentro da empresa

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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67

Ainda existe outro corte (1, 2) para melhor definição, que serve para aproximar a largura e

espessura do tamanho final desejado. Nesta etapa, é quando se colocam as partes no esquadro

(7), fazendo com que todos os ângulos sejam retos para que possa haver a estabilidade da mesa

depois de montada. Durante um dos processos, os trabalhadores precisaram parar, para

conversação sobre o projeto, pois não estava clara a altura da mesa, nem do rascunho do

desenho, nem a explicação verbal com a arquiteta e chegou-se à conclusão de seria preciso

cortar (2) mais ainda as peças. Este novo corte foi o que definiu o tamanho final das peças, para

começar a pré-montagem. Nesta etapa, as partes separadas são marcadas para fazer os rasgos

e furos para fixação e encaixe da montagem (7) e é feito o primeiro lixamento, com lixadeiras

manuais na mesa de apoio (7).

A fase seguinte é a de confecção dos rasgos, para encaixe das peças que servirão de pernas da

mesa, com o uso da máquina/furadeira (5). Para corte e confecção dos pinos para montagem

(figura 23), é utilizada a serra circular (2), os cortes são feitos a partir de uma marcação prévia.

A máquina só corta em ângulo reto, e sendo assim, é preciso usar a lima para arredondar os

ângulos. Ainda acontece mais uma fase de pré lixamento (7), com a lixadeira manual (figura

24) para dar melhor acabamento e retirar possíveis desníveis entre as peças montadas. Neste

processo, é o momento em que os marceneiros utilizam uma máscara de proteção. Segundo

eles, é onde mais gera poeira e fica difícil de executar o trabalho sem esse equipamento. Mas

o processo tem que ser parado algumas vezes, pois a máscara ocasiona mais calor e eles param

mais para beber água. Durante a etapa de lixar, os trabalhadores têm a preocupação de manter

as marcações da pré-montagem, para as peças se encaixarem na montagem final. Após esta

etapa, ainda é preciso realizar o lixamento a mão para tirar os riscos que ficam quando a

madeira passa na máquina e preparar a madeira para a pigmentação.

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68

Figura 23 - Confecção dos pinos para montagem

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 24 - Processo de Lixamento.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

O processo de pintura/pigmentação começa com a limpeza do bico da pistola e ajuste da

mesma. Este serviço toma um pouco mais de tempo, pois o jato do material precisa estar

uniforme. A pintura é feita na parte aberta da oficina (figura 25) e, sempre que possível, as

peças são colocadas para secar ao sol. As peças são lixadas com lixa fina, e depois é aplicado

o selador, também com o uso da pistola. Nesta etapa da pintura, também não se fez usa da

máscara.

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69

Figura 25 - Processo de pigmentação.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Em um dos processos de fabricação dos móveis de madeira maciça, foi necessário utilizar o

material MDF para a confecção de tampo de mesa. Neste caso, a placa foi comprada e

transportada inteira para a movelaria, sendo que os marceneiros executaram o corte da mesma

(figura 26). No primeiro momento foi feita uma medição prévia, sendo a placa serrada ao meio.

Depois, as partes são separadas, mas esta ainda não alcança a medida correta para ser utilizada,

e é preciso fazer um novo ajuste utilizando a serra, para um novo corte. Feitos todos os ajustes

de tamanho, ainda é preciso fazer o acabamento deste tampo, com o bordeamento com fita para

que a peça possa ser fixada na estrutura de madeira. Figura 26 - Corte da placa de MDF.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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70

O processo produtivo que utiliza madeira maciça possui várias etapas onde são gerados

resíduos e sobras de madeira. Essas etapas compreendem a maior parte da produção, conforme

esquema (Figura 27). Porém, a variabilidade do processo dificulta a quantificação dos materiais

envolvidos em cada etapa.

Figura 27 - Fluxograma das etapas do processo da madeira maciça em Manaus

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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71

4.1.5.2 Processo utilizando o MDF

Nesta etapa, é descrita a forma de processo dos trabalhos, nos quais utilizou-se o MDF como

matéria-prima para a fabricação dos móveis.

Foi explicado pelos marceneiros também, que quando o processo utiliza o MDF como matéria-

prima, preferem que a lâmina seja cortada na loja em que efetuam a compra, porque poupa

trabalho e o transporte é facilitado, pois podem utilizar o carro próprio e não precisam pagar

um carreto para levar o material até a oficina. E o custo é inserido no valor da compra da lâmina

Neste caso, são os próprios marceneiros que realizam a compra da placa de MDF e especificam

a quantidade e tamanho das peças para serem cortadas. O responsável da loja faz um

planejamento de corte, com a representação computadorizada, dentro da metragem da lâmina

e, mediante a conferência e aceite do marceneiro, o corte é realizado e as peças são

transportadas para a movelaria (figura 28). Porém, durante o acompanhamento do trabalho,

constatou-se que houve uma falha do marceneiro nesta checagem de um dos processos. Ele não

fez a conferência do plano de corte, mas deu o aceite e as peças cortadas foram erradas, o que

só foi verificado no início do processo de fabricação, gerando o prejuízo, pois foi preciso

comprar outra placa de MDF para repor as peças cortadas erradas.

Figura 28 - Peças de MDF cortadas e armazenadas na movelaria.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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72

O processo de fabricação das peças de MDF acontece com a montagem das partes já cortadas

(figura 29), através de colagem e encaixes de acordo com o planejamento, e com a marcação

de onde serão aparafusadas para serem encaixadas na montagem (7 e 13).

Figura 29 - Montagem das peças em MDF

Fonte: Arquivo da autora, 2016

As peças são bordeadas com fita nas laterais que foram cortadas. O bordeamento do MDF é o

processo que utiliza fitas da própria lâmina do revestimento para dar acabamento à face de foi

cortada e fica aparente. Esse processo é todo feito manualmente, com a aplicação da cola na

fita e na da face da placa a ser bordeada (figura 30), utilizando cola própria para o processo (11

e 13). Nesta etapa utilizaram uma cola que já havia na oficina. Posteriormente, é realizada a

montagem do móvel, que é transportado montado para a casa do cliente, quando é realizada a

instalação (figura 31).

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73

Figura 30 - Bordeamento das peças

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 31 - Montagem das peças

Fonte: Arquivo da autora, 2016

O processo de fabricação utilizando o MDF é diferenciado, pois o corte inicial acontece na loja

que vende a matéria-prima, como destacado as sobras que são geradas no corte das peças não

são repassadas para a movelaria. Na figura 32 está representado o processo produtivo,

conforme observado na movelaria de Manaus.

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74

Figura 32 - Fluxograma das etapas de corte do processo empregando MDF

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

4.1.6 Avaliação do processo produtivo

Neste item é avaliada a forma como o processo produtivo se desenvolve na oficina

considerando, a organização e as etapas em que há sobra de material, dando-se ênfase para a

sobra de madeiras, que é a principal matéria-prima empregada e a avaliação das etapas do

processo.

4.1.6.1 Sobre a organização da oficina no processo

Observou-se que não existe um local apropriado para o armazenamento de material recém-

adquirido que entra na oficina (figura 33) nem para as peças que estão sendo trabalhadas ao

longo do processo (figura 34), ou para as que estão concluídas, ao final da produção, fazendo

com que o espaço seja compartilhado de forma desordenada (figura 35). Os produtos que estão

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75

sendo fabricados compartilham o espaço de acordo com a possibilidade da disposição da

movelaria e as áreas que os marceneiros têm para estoque e movimentação.

Figura 33 - material inicial armazenado. Figura 34 - material da produção armazenado.

Fonte: Arquivo da autora, 2016 Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 35 - material da produção final armazenado na movelaria.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

As peças que estão em produção são misturadas com as sobras de madeira. E mesmo os

produtos que são finalizados ficam no mesmo ambiente de produção de novos produtos,

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76

estando expostos a contatos com outros materiais, como os de pintura, seladores e colas, além

do risco de serem batidos.

Também foi observado que as sobras de madeira dos trabalhos que estão sendo realizados

(figura 36) são deixadas próximas às máquinas, para só depois de concluída a produção, serem

acondicionados com as outras sobras que já estão guardadas. O material que será descartado,

como pequenos pedaços e serragem, ficam expostos próximo das máquinas de produção, até

formarem uma quantidade razoável que, segundo os marceneiros, justifica a sua retirada da

oficina. (figura 37).

Figura 36 - material que sobra da produção.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 37 - resíduo de serragem que sobra da produção.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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77

Na entrevista realizada foi discutido com os marceneiros o Programa P+L, explicando qual o

objetivo do mesmo e como este pode contribuir para melhoria das atividades da empresa. Esses

admitem que é importante a preocupação com as questões ambientais, como o aproveitamento

de material e o descarte dos resíduos gerados, tanto para a imagem da empresa quanto para o

meio ambiente, mas argumentam que para eles, que são produtores pequenos, isso é mais difícil

por causa dos recursos que possuem. Defendem que deveria haver uma política do governo

para ajudar a comprar madeira certificada, que ainda é de valor elevado para eles, no descarte

de resíduo e sobra de material da produção. Para eles, a divisão de trabalho é satisfatória, mas

admitem que é importante uma forma de divulgação do trabalho que fazem, com a finalidade

de captar outras encomendas.

E ainda, conversando sobre as sobras de madeiras, eles disseram que o mais comum de

acontecer é quando trabalham com a chapa de MDF inteira. Pois quando trabalham com a

madeira maciça, esta já vem para eles quase no tamanho certo da bitola, que é a espessura da

ripa de madeira, e afirmaram que dificilmente gera esse tipo de resíduo.

4.1.6.2 Comparativo do gasto de madeiras

A seguir é apresentado um quadro comparativo da quantidade de material que foi usado nos

processos, medindo a quantidade de madeira no inicio do processo e a quantidade medida nas

peças que foram produzidas.

Para a medição das peças de madeira maciça – identificado como processos 1 e 2 - as medidas

foram transformadas para m3, pois foi considerado que, nesse caso, há a possibilidade de corte

nas três dimensões: altura, largura e espessura. E para os trabalhos em MDF – identificado

como processos 3 e 4 - as medidas foram transformadas em m2, pois os cortes das placas

acontecem em duas dimensões: altura e largura. Conforme demonstrado do quadro 2.

Quadro 2 - Quantitativo de madeiras utlizados na empresa em Manaus. Quantidade de material

inicial Quantidade total de

material utilizado no móvel Porcentagem do quantitativo de material utilizado na fabricação

do móvel Processo 1 1,1870 m3 0,1252 m3 10,5%

Processo 2 0,1764 m3 0,1186 m3 67,2%

Processo 3 10,12 m2 9,06 m2 88,8%

Processo 4 20,24 m2 16,03 m2 79,19% Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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78

4.1.6.3 Avaliação dos impactos ambientais do processo produtivo

As etapas do processo produtivo, foram analisadas com o intuito de identificar e qualificar os

impactos causados por cada um deles. Para tanto, foram usados os critérios “Avaliação” e a

“Severidade”, para caracterizar os impactos com relação à geração de sobra e resíduo da

produção. Estes critérios foram indicados a partir de outros estudos para o desenvolvimento e

implantação da P+L como Série Manuais de Produção mais Limpa (CNTL Senai-RS) e

Adoptar uma Perspectiva de Ciclo de Vida (Caderno do INETI). Para tanto, são feitas as

seguintes considerações:

A SEVERIDADE foi usada pera medir os “aspectos de saída” do processo, como o grau de

intensidade do impacto, levando em consideração a capacidade que meio ambiente tem em

suportar o processo ou reverter seus efeitos, restabelecendo a condição original. Caracteriza-

se pela importância e/ou gravidade do impacto (CNTL, 2003), conforme apresentado no quadro

3.

Quadro 3 - Níveis de Severidade Nível Descrição Peso

Baixa Eventos que afetam o meio ambiente, mas que, através de ação simples

imediata o potencial dano pode ser remediado. Exemplo:

derramamento ou vazamento de óleo abaixo de 20 litros ou para outros

resíduos um valor similar.

1

Média Eventos que atingem o meio ambiente, mas que, através de ação

simples imediata com a disponibilização de recursos e/ou apoio,

remedia o potencial dano. Exemplo: derramamento ou vazamento de

20 a 200 litros óleo ou para outros resíduos um valor similar.

2

Alta Eventos que tem a potencialidade de causar danos significativos ao

meio ambiente. Exemplo: derramamento ou vazamento de óleo acima

de 200 litros ou para outros resíduos um valor similar.

3

Fonte: CNTL, 2003

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79

Para a AVALIAÇÃO, estipulou-se o esquema ABC, para cada um dos itens, que permite a

identificação dos pontos onde podem ser implantadas as melhorias (INET, 2003), conforme

apresentado no quadro 4.

Quadro 4 - Níveis de Avaliação Níveis para Avaliação

A – Situação Ideal O critério foi considerado na sua

globalidade

B – Situação a Explorar Há oportunidade de melhoria

C – Necessidade Urgente de Ação O critério nunca foi considerado, ou,

para ele, não se conhece ainda solução.

Fonte: INET, 2003

A avaliação do impacto ambiental dos quatro processos verificados esta apresentado nos

quadros 4, 5, 6 e 7 com as respectivas classificações, de acordo com o que foi observado durante

a pesquisa na movelaria de Manaus.

Processo 1 – Classificação do processo em que foi utilizada madeira maciça para a produção

do primeiro produto. Neste caso, as ripas usadas como matéria-prima foram entregues pela

arquiteta na oficina. Segundo os marceneiros, para estes processos com utilização de ripas de

madeira maciça, além dos cortes para chegar ao tamanho ideal de altura e espessura, a

superfície da madeira precisa ser trabalhada a superfície na máquina de plaina e de desengrosso,

para retirar imperfeições e melhorar o acabamento.

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Quadro 5 – Avaliação do impacto ambiental do processo 1 em Manaus AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 1 EM MANAUS

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Recebimento da madeira

As ripas de madeira são entregues na oficina

A madeira é comprada pela contratante, na quantidade especificada pelos marceneiros, e providencia a entregar na oficina.

B 1

Pré corte da Madeira

As ripas que chegam na movelaria recebem um primeiro corte para facilitar o corte de determinação do tamanho final das peças.

Nesta etapa, devem ser eliminadas as partes da madeira que não servirão para trabalhar. Há sobra de madeira.

C 3

Plaina da Madeira As ripas são processadas na máquina para plainar as faces, que serve para tirar imperfeições de rebaixo nas faces da madeira.

Máquina que apresentou problema e precisou receber manutenção durante o uso.

B 2

Segundo corte da madeira

As ripas são novamente cortadas para aproximar ao tamanho desejado das peças.

Há sobra de madeira, que são descartadas próximas as máquinas

C 3

Desengrosso da madeira

As ripas devem ser processadas na máquina de desengrosso para retirar o excesso e aproximar do tamanho final desejado.

Esta etapa é própria do processo de utilização da madeira maciça

B 2

Corte final madeira As ripas são novamente cortadas, para definição do tamanho e verificação do esquadro das peças.

Há sobra de madeira. C 2

Lixamento na máquina na serra circular

As peças cortadas recebem um primeiro lixamento na máquina de serra circular.

Primeiro lixamento para afinar o acabamento das faces das peças.

B 2

Pré montagem da peça

Esta etapa é para verificação dos encaixes e firmeza da mesa montada; as traves menores são montadas definitivamente.

Esta etapa é necessária para verificar possíveis falhas no produto final e como a peça será na montagem final.

A 1

Lixamento com máquina manual

As traves são desmontadas, para nova etapa de lixamento e preparo para a pintura.

Um novo lixamento é feito para melhorar o acabamento das peças

A 1

Lixamento manual As peças são lixadas a mão para tirar qualquer risco deixado pela máquina.

Este lixamento é mais suave, por causa do tipo de acabamento que será usado.

A 1

Pigmentação/pintura das peças de madeira

As peças são pintadas com pistola, individualmente.

A pistola teve que receber manutenção antes de iniciar o processo, pois estava suja e entupida do trabalho anterior.

B 1

Montagem final

As peças são montadas para entrega.

Peças são montadas e armazenadas na oficina

B 1

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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Processo 2 – Processo em que também foi utilizada madeira maciça, para a produção do

segundo produto, sendo o projeto de iniciativa dos próprios marceneiros para vender à pessoas

conhecidas. A madeira que foi utilizada já estava estocada na oficina, de uma compra anterior.

Para este trabalho, seguiu-se as mesmas etapas do processo 1, pois segundo os marceneiros, é

sempre esse o processo de trabalho com madeira maciça. Desta forma, neste trabalho também

foi necessário fazer cortes para se conseguir chegar ao tamanho ideal de altura e espessura, e o

tratamento para melhorar o acabamento da superfície. Quadro 6 - Avaliação do impacto ambiental do processo 2 em Manaus

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 2 EM MANAUS

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Recebimento da madeira

A matéria-prima utilizada já estava estocada na oficina.

A madeira foi comprada anteriormente e será aproveitada

B 1

Pré corte da Madeira A madeira é cortada para facilitar o manuseio da peça.

Há sobra de madeira. Nesta etapa são verificadas falha na madeira para descarte destas partes.

C 3

Plaina da Madeira As ripas são processadas na máquina para plainar e corrigir falhas nas faces da madeira.

Neste caso o processo é mais leve, pois já possui madeira possui tratamento anterior

B 2

Segundo corte da madeira

As ripas são novamente cortadas para aproximar do tamanho final.

Há sobra de madeira, que são descartadas próximas as máquinas

C 3

Desengrosso da madeira

As ripas passam na máquina para retirar o excesso e aproximar do tamanho final desejado

Esta etapa é própria de quando usado madeira maciça

B 2

Corte final madeira As ripas são novamente cortadas para definição do tamanho final.

Há sobra de madeira. C 2

Lixamento na máquina na serra circular

As peças são lixadas inicialmente na máquina de serra circular.

Este primeiro lixamento serve para afinar as peças.

B 2

Pré montagem da peça

Para verificação dos encaixes e firmeza do produto montado.

É necessário para verificar a finalização da montagem do produto.

A 1

Lixamento com máquina manual

A mesa é desmontada para novo lixamento e preparo para a pintura

Um novo lixamento é feito para melhorar o acabamento das peças

A 1

Lixamento manual As peças são lixadas a mão para tirar qualquer risco deixado pela maquina.

Este lixamento é mais suave, por causa do tipo de acabamento que a mesa irá receber.

A 1

Pigmentação/pintura das peças de madeira

As peças são pintadas com pistola individualmente.

A pistola tive que receber limpeza antes de ser usada.

B 1

Montagem final

As peças são montadas para entrega.

Peças são montadas e armazenadas na oficina juntamente com os demais materiais existentes na movelaria.

B 1

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada, 2016

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Processo 3 – Neste processo foi utilizado o MDF como matéria-prima para a produção do

terceiro produto. A compra da matéria-prima, neste processo, foi feita pelos próprios

marceneiros e o corte não foi feito na oficina, mas na loja onde adquiriram o material. Neste

trabalho, especificamente, houve um erro no aceite da peça cortada, e o marceneiro teve que

arcar com a compra de outra folha de MDF.

Quadro 7 - Avaliação do impacto ambiental do processo 3 em Manaus AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 3 EM MANAUS

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Compra da placa MDF

Escolha e compra da placa de MDF ocorre em loja especializada.

A 1

Corte da madeira feito na loja

Neste trabalho, as medidas especificadas para o corte das peças não foram seguidas pela loja.

A loja faz o planejamento de corte conforme a chapa de MDF. O erro do corte, neste caso, passou despercebido pelo marceneiro no primeiro momento, sendo observado apenas quando as peças já estavam na oficina. Houve sobra de madeira.

C 3

Recebimento das peças de MDF na movelaria

As peças cortadas são transportadas até a movelaria no carro particular dos marceneiros

O processo dispensa a contratação de carretos, e o marceneiro faz o transporte no próprio carro.

B 1

Cortes de ajuste na oficina

Situação que nem sempre é necessária.

Ocorre sobra de madeira apenas quando há ajustes.

B 1

Bordeamento das peças cortadas.

As peças são bordeadas, nas laterais, com fita especifica para o tipo de placa de MDF.

Há sobra de fita e cola. Estas s são utilizadas em outros processos, posteriormente, mas não há um registro de quantificação.

C 3

Montagem das peças já bordeadas

As peças são montadas para entrega.

Pode acontecer a necessidade de algum ajuste entre as peças.

B 2

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada, 2016

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Processo 4 – Nesse outro processo também foi utilizado MDF, para a produção quarto produto.

A compra do MDF também foi feita pelos marceneiros e os cortes da placa de MDF foram

realizados fora da oficina. Na oficina, são realizados cortes menores de ajuste, apenas na lateral

da placa. O bordeamento é a etapa que utiliza cola própria para o material, que é material tóxico

e o processo é todo manual.

Quadro 8 - Avaliação do impacto ambiental do processo 4 em Manaus

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 4 EM MANAUS

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Compra da placa MDF

Escolha e compra da placa de MDF ocorre em loja especializada.

A 1

Corte da madeira feito na loja

O corte das peças é feito de acordo com o especificado pelos marceneiros

A loja faz o planejamento de corte conforme a chapa de MDF.

B 2

Recebimento das peças de MDF na movelaria

As peças cortadas são transportadas até a movelaria no carro particular dos marceneiros

O processo dispensa a contratação de carretos, por isso a preferência por esta forma de trabalho.

B 1

Cortes de ajuste na oficina

Podem acontecer a necessidade de algum ajuste nas peças cortadas.

Ocorre sobra de madeira apenas quando há ajustes.

B 1

Bordeamento das peças cortadas.

As peças são bordeadas, nas laterais, com fita de acordo com a lâmina de MDF que é utilizada.

Há sobra de fita e cola. Estas s são utilizadas em outros processos, posteriormente, mas não há um registro de quantificação.

C 3

Montagem das peças já bordeadas

As peças são montadas para entrega.

Ocorre ajuste de encaixe das peças.

B 2

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

4.1.7 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação da metodologia P+L

Neste item são apresentadas as respostas às questões que foram desenvolvidas no planejamento

para a aplicação da metodologia de P+L, que contribuem para o melhor entendimento do

processo produtivo, auxiliam na descrição do que foi observado na movelaria de Manaus e

ajudam a identificar o funcionamento do processo com relação à preocupação organizacional

e ambiental. A descrição desse planejamento, com as perguntas e repostas estão no Anexo I,

conforme já explicitado.

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84

4.1.7.1 Fase de identificação e qualificação da empresa

Esta fase teve o propósito de levantar os dados sobre a estrutura da empresa, em relação a

organização do trabalho e sobre a relação da mesma com questões ambientais. Esta é

constituída por dois marceneiros que são os responsáveis pelo funcionamento da empresa e

pela produção dos móveis. Foi relatado por estes que em tempos de maior produção, já

trabalharam com outros marceneiros, na oficina para auxiliar a produção. O público alvo não

é definido formalmente e trabalham atendendo aos projetos de uma arquiteta da cidade. Os

principais produtos da empresa são móveis fabricados sob encomenda utilizando madeira

maciça e MDF e movelaria em geral, mas também trabalham com reforma de móveis. Segundo

relatos dos marceneiros, a quantidade na produção entre os meses, varia de acordo com a

demanda das encomendas, mas se mantém constante com a realização de projetos, que os

mesmos chamam de menores, como a reforma de móveis. Com relação a preocupação com a

perda/desperdício de um produto e que custos estão associados a isto, os marceneiros disseram

que o orçamento é feito definindo uma quantidade maior, pois consideram antecipadamente a

perda de partes defeituosas, que não são possíveis de aproveitar para a fabricação dos móveis

durante o processo de trabalho. E também eventuais erros de produção que possam acontecer.

Esse material excedente pode ser reaproveitado no pós-produção, como matéria-prima em

outros trabalhos.

4.1.7.2 Identificação das deficiências de processo

Foram observados o funcionamento e o estado físico em que a oficina se encontra. Foi

observado que as máquinas que são utilizadas pelos marceneiros recebem manutenção somente

quando há necessidade de algum reparo, como amolação de serra, sendo que isso pode

acontecer durante a execução da tarefa e não de forma preventiva. E ainda, as sobras assim

como resíduos e serragem que são gerados pela produção vão sendo deixado próximas às

máquinas, o que ocasiona a sujeira ao redor destas e pela oficina. Porém, também foi registrado

que não há vazamentos aparentes de água ou outro líquido no local, nem de recipientes que

tenham sido usados ou que estejam em uso.

Quanto à existência de odores estranhos ou a ocorrência de irritação nos olhos, nariz ou

garganta, verificou-se que não há cheiro ruim ou outro fator que possa causar irritação ao entrar

pela primeira vez na oficina, mas durante a execução do trabalho, mas há muita poeira de

serragem pela oficina que pode gerar alergias durante a execução da tarefa. Além disso,

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observou-se que existe material estocado e não utilizado, por toda a oficina. Mas as embalagens

de cola e seladores encontrados não apresentavam data vencida. E quanto a existência de

recipientes abertos, tambores empilhados etc., verificou-se que há latas de cola, seladores,

tinner que são guardadas após o uso, principalmente de sobras de produções concluída e que

apresentam um fechamento parcial, em local destinado para os mesmos na oficina, mas sem

prejuízo com vazamentos.

4.1.7.3 Sobre a identificação de barreiras à P+L e suas soluções

São identificados alguns fatores que dificultam a implantação da P+L na empresa. O objetivo

deste item é compreender que barreiras podem ser evitadas ou melhoradas na empresa. Assim

com relação ao conhecimento da metodologia por parte da empresa, em conversa com os

marceneiros, estes demonstraram que não conhecem o método e demonstraram não terem

preocupação em utilizar um processo de melhoria ambiental. Mas não se mostraram contrários

a uma futura utilização da mesma, pois tem o interesse, principalmente, em melhorar a imagem

da empresa diante do público, além da preocupação com o meio ambiente.

Em relação a barreira organizacional, a empresa é formada por duas pessoas que são sócios e

ao mesmo tempo marceneiros responsáveis por toda a produção. Os dois têm o conhecimento

do ofício de marcenaria, mas um deste teve formação em curso de marcenaria em escola

técnica. Durante entrevista, eles disseram que não tem preocupação com o planejamento da

produção ou de controle do material de insumos e estoques de que dispõem no local. Quanto

à barreira de atitude, os marceneiros disseram que no caso do pequeno produtor, é difícil

conseguir realizar uma mudança sobre a forma de produzir com os recursos limitados que

possuem, principalmente na aquisição da madeira certificada e no descarte final dos resíduos,

pois para a realização de descarte correto, é preciso pagar para o veículo da prefeitura recolher

o resíduo nas oficinas do município.

Sobre as barreiras econômicas os marceneiros explicaram que a dificuldade maior para o

pequeno produtor é que não dispõem de recursos financeiros para investir em novas tecnologias

e máquinas de modelos mais atuais ou em pessoal para auxiliar no trabalho, indicando estes

fatores como limitadores para a implantação de um sistema de gestão ambiental.

Quanto às barreiras estruturais na movelaria, foi observado que as máquinas pesadas utilizadas

nos processos de produção são modelos ultrapassados e que apresentem a necessidade de

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86

manutenção durante o trabalho, mas estão em funcionamento e atendem as necessidades das

tarefas desenvolvidas, porém há o desgaste de não facilitarem o trabalho como no caso de

modelos mais modernos.

E com relação as barreiras governamentais, os marceneiros disseram que não há uma politica

por parte do governo ou prefeitura que proporcione o treinamento de pessoal e empresas quanto

ao uso e descarte da matéria-prima, ou incentivo para compra de equipamentos mais modernos

para o pequeno produtor, mas disseram que existe a fiscalização da prefeitura em movelarias

para verificar o funcionamento das mesmas.

4.1.7.4 Sobre conhecimento e caracterização para das correntes de entrada do processo

(fluxo de materiais)

Durante o período de observação, foi levantado que a movelaria trabalha com madeira maciça

e MDF como principal matéria-prima dos produtos gerados além do uso de parafusos e pregos,

cola, lixas, selador, tinta, como demais insumos para as produções. Este material tem a função

principal de ser utilizado em todo o processo de produção, a partir da determinação de qual

será a matéria-prima de acordo com o projeto, se madeira maciça ou MDF. Com relação a

quantidade que estes são usados, nos processos com madeira maciça, sempre há utilização de

lixas, pregos e parafusos. Nos processos que envolvem MDF há a utilização de cola, parafusos

e pregos. E, segundo os marceneiros, o quantitativo de todo ao material utilizado na produção

equivale a 30 % a 40% do valor de orçamento da produção.

Quanto às características de periculosidade dos materiais para as pessoas e para o meio

ambiente, o produto desenvolvido não apresenta perigo para as pessoas, se observado o uso e

manuseio correto. Porém o seu descarte no final de vida útil, precisa ser feito de acordo com

legislação local. No material utilizado na produção dos móveis, alguns apresentam

periculosidade para as pessoas que o manuseiam, como o tinner, tintas, mas devem ser

observados o modo de manuseio e cuidados com o uso, como a utilização de equipamentos de

segurança. O produto fabricado na movelaria não apresenta perigo para as pessoas, se

observado o uso e manuseio correto. Porém o seu descarte no final de vida útil, pode ser feito

considerando a legislação local.

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87

4.1.7.5 Situações identificadas sobre os principais aspectos que, dentro do processo,

podem levar a geração de resíduos

Durante o levantamento de dados, verificou-se que os marceneiros têm conhecimentos e

habilidades sobre as técnicas e atividades que são desenvolvidas na movelaria e sobre o

tratamento necessário para cada material utilizado.

Sobre a qualificação dos marceneiros, foi explicado pelos mesmos que estes desenvolveram o

aprendizado do oficio ao longo da vida profissional e dominam as técnicas para o trabalho tanto

com madeira maciça quanto com o MDF. Um dos marceneiros teve treinamento em escola

técnica, enquanto o outro aperfeiçoou a técnica durante o exercício do trabalho. E os dois

possuem habilidade de desenvolver o trabalho, mesmo sem a representação técnica formal, o

que pode ser um fator favorável para o desenvolvimento deste negócio.

Quanto ao uso de tecnologias encontradas na movelaria, as máquinas que utilizam para corte,

plaina, desengrosso e furadeira vertical, são modelos antigos, mas estão em funcionamento, já

existem modelos mais modernos no mercado e que facilitam o trabalho de movelaria, mas a

aquisição destes representam um alto custo para o pequeno produtor. Os demais equipamentos,

como furadeira manual e lixadeira, são modelos mais modernos e são de propriedade dos

marceneiros.

Na movelaria não fazem uso de matéria-prima não renovável. E quanto pergunta sobre a

empresa produzir produtos de difícil degeneração, estes utilizam matéria-prima que precisa de

cuidados específicos para o descarte, como o MDF e a cola adesiva que é utilizada no processo

de bordeamento das faces da placa de MDF. Nas embalagens destes produtos há a

recomendação da forma de descarte. Mas podem ser utilizados outros materiais de insumos

como adesivos orgânicos e verniz ou cola a base de água no processo de produção, a fim de

diminuir a contaminação do meio ambiente. E ainda, os marceneiros alegam que com são

pequenos produtores, poderiam receber mais incentivos do governo para melhorar a sua forma

de produção.

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4.1.7.6 Avaliação dos elementos que podem sofrer mudanças para a minimização e/ou

reuso de resíduos partindo das práticas de P + L

A partir dos dados coletados, é possível sugerir mudanças nas etapas do processo para aplicação

na empresa estudada, com o intuito de otimizar o funcionamento da empresa e prevenir o gasto

desnecessário de matéria-prima.

Quanto à mudança de produto que pode ser feito na movelaria, não há necessidade de trocar o

produto, mas poderia ser feito um trabalho de reaproveitamento/reforma de produtos já

existentes, como atividade paralela, a fim de diminuir a necessidade da produção completa.

Além disso, o melhor planejamento, com a representação do produto e da utilização do plano

de corte, ajudaria a visualizar os aspectos formais e dimensionais, antecipando problemas de

fabricação. Quanto a mudança de processo, este pode ser otimizado com melhorias a partir do

projeto mais elaborado o que pode facilitar a execução em algumas das etapas a serem

realizadas. A visualização da representação do projeto, pode ajudar a definir a reutilização de

peças que estão sobrando na oficina.

Sobre a mudança de matéria-prima e insumos, estes podem ser substituídas por madeiras que

são menos prejudiciais ao meio ambiente e que seus resíduos, como a serragem que pode ser

utilizada em novos processos, como a compostagem e aproveitamento energético. O MDF

facilita o trabalho, por requerer menos etapas durante a produção na movelaria e os resíduos

gerados no corte, no caso da oficina que realiza o corte deste material na loja onde ocorre a

compra é feita, é uma alternativa para o descarte dos resíduos, já que o montante de resíduos

em uma localização fica mais fácil para o recolhimento. E o trabalho feito com madeira maciça

pode ser substituído por madeira proveniente de reflorestamento. Quanto a reciclagem interna,

esta pode ser uma opção para diminuir a quantidade de material estocado e para diminuir a

quantidade de material comprado para um novo processo. A utilização de mais peças menores,

que seriam descartadas, como insumos de novos projetos, pode ser uma alternativa para o

material que sobra.

4.1.7.7 Categorização dos resíduos gerados.

Sobre a finalidade de matéria-prima qua não é utlizada, no caso do projeto que teve o material

comprado errado ou trabalhos que geram sobra maior, assim como as sobras que atualmente

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estão estocadas na movelaria, pode ser feito proposta de mudança no processo, treinamento de

pessoal e melhoria no armazenamento do material estocado.

Sobre resíduos que geram impurezas, as substâncias secundárias nas matérias-primas primas

ou subprodutos inevitáveis para a fabricação de móveis, a empresa utiliza colas, seladores ou

solventes nos processos, sendo que estes processos podem ser repensados utilizando novas

formas de produção, utilizando materiais com menor toxidade que apresenta boa degradação,

quando em contato com o meio ambiente.

Para os resíduos e subprodutos que são gerados e não desejados, com a serragem e pequenos

pedaços de madeira, podem ser reutilizados em outros setores. E como insumos para outros

produtos e projetos, como adubos e matéria-prima para outras indústrias. Sobre os materiais

auxiliares usados, como parafusos, pregos e demais insumos podem ser utilizados a reciclagem

interna, com a medição e melhor acondicionamento, após a produção a fim de aumentar o

aproveitamento em outras produções.

Sobre os resíduos e materiais da manutenção, na oficina são utilizados pedaços de panos para

a limpeza das peças, o que é bom pela a durabilidade e evita o descarte em grande frequência.

E também são utilizados estopas para limpeza do produto, mas em menor quantidade. E sobre

o material de embalagem que é utilizado para proteger os produtos durante o transporte, são

cordas e tecidos, que não são descartados pois podem ser usados várias vezes.

Durante o estudo realizado em Manaus, observou-se que a microempresa é pouco estruturada

e não possui planejamento de gestão de empresas, mas possui como ponto positivo o domínio

no conhecimento de fabricação do móvel. E ainda, não possuem práticas de gestão ambiental

em nenhuma etapa do processo de produção, a fim de evitar o desperdício de matéria-prima e

a geração de resíduos.

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90

4.2 A MOVELARIA EM BELO HORIZONTE

4.2.1 Apresentação da empresa

A empresa possui 32 anos de existência, fica no Bairro das Indústrias, em Belo Horizonte, e

atualmente, trabalha com móveis sob encomenda, sendo que o dono, que também é o gerente,

herdou o negócio do pai. A matéria-prima utilizada é 95% constituída de MDF, usando madeira

maciça apenas para algumas estruturas, como castilhos de portas, mas explica que essa madeira

não é certificada. O gerente explica que já trabalhou também com compensado, porém é mais

vantajoso o uso de MDF por ser mais fácil de trabalhar, pois já está laminado nas duas faces.

A empresa recebeu consultoria do Sebrae e trabalha com planilha de quantitativo de insumos,

compartilhada entre os marceneiros e a gerência.

4.2.2 Espaço físico

O local de funcionamento é próprio em um espaço de 24mx20m (figura 38 e figura 39) e possui

pouca ventilação. A iluminação natural é aproveitada apenas em uma parte do dia. Segundo

os marceneiros, em determinadas épocas do ano, como no inverno, as luzes elétricas têm que

ser acionadas já no começo da tarde. A movelaria trabalha com equipamento mínimo para a

produção utilizando o MDF, duas máquinas de serra circular para corte e corte de esquadro,

uma máquina plainadeira, uma bancada com três furadeiras verticais e uma bancada com tupia

fresadora para fechaduras. Segundo o gerente, outras máquinas que eram usadas em processos

de madeira maciça, foram vendidas por não serem mais útil no formato que a empresa adotou.

Figura 38 – Vista do espaço interno da movelaria em Belo Horizonte.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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91

Figura 39 – Disposição espaço interno da movelaria em Belo Horizonte.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

A empresa possui também, uma área de estocagem para as sobras, o que facilita a visualização

e a catalogação de MDF (Figura 40 e 41). Nestas estantes ficam armazenadas as placas recém-

adquiridas e as sobras de tamanho maiores que podem ser reutilizadas em outros processos.

Este formato, segundo o gerente, foi uma das ações facilitadoras adquiridas com a consultoria

do Sebrae.

Figura 40 - Espaço de armazenamento do MDF.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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92

Figura 41 – Móvel para o armazenamento do MDF

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Também, segundo o gerente, houve iniciativa de se produzir móveis com as sobras de MDF,

como gabinetes e gaveteiros (Figura 42), para venda pela internet. Mas, as sobras de pedaços

menores, que consideram que não têm tamanho para o aproveitamento, são descartadas em lixo

comum.

Figura 42 - Gaveteiros para pronta entrega.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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93

Outra melhoria que foi relatada é que, com o auxilio de consultores do Sebrae, conseguiram

resolver um gargalo de produção, como a compra de uma máquina para o bordeamento das

placas cortadas, o que, segundo o gerente, conseguiu diminuir o tempo de produção pela

metade. E consideram que hoje o maior problema que a empresa enfrenta é a captação de

clientes.

4.2.3 Pessoal Envolvido

A empresa é formada pelo gerente que é responsável pela captação de clientes e que concentra,

juntamente, as atividades de gerenciamento, contabilidade, coordenação e desenvolvimento

dos projetos. Para a execução dos móveis, a empresa conta com dois marceneiros e dois

montadores. Possui ainda uma pessoa responsável por auxiliar a gerência no desenvolvimento

dos desenhos de projetos e para compras e auxílio aos trabalhadores no processo de produção.

Cada marceneiro é responsável pela produção do móvel do começo ao fim, sendo que este

também faz levantamento do material necessário para cada projeto e informa a gerência sobre

o material que esta faltando, para que a compra seja providenciada. Durante a produção,

observou-se que os marceneiros não possuem um método de produção comum entre estes, cada

um executa a processo conforme os seus conhecimentos. A empresa também não utiliza uma

recomendação sobre o uso dos materiais, ficando a critério dos marceneiros, de acordo com a

produção. Os montadores são responsáveis pela instalação, montagem e acabamento do

produto na casa do cliente. A limpeza e organização das ferramentas é de responsabilidade dos

marceneiros e montadores. A organização e empresa e funções dos agentes de acordo com os

processos desenvolvidos na empresa estão representados na figura 43.

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94

Figura 43 - Organização da empresa de Belo Horizonte.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Campos, 1991

1 - C

apta

ção

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lient

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o da

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Contato c/cliente ou profissional p/ projeto móvel

Início

Definição planejamento de cortes das peças

ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA

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Elaboração do projeto para apresentação

Levantamento material existente na oficina

Conferência projeto c/ arquit. ou cliente (interno)

Aceite do orçamento Retomar?Não

Sim Não

Parar

Sim

Compra de material necessário p/ projeto

Inicio processo de produção do móvel

Processamento da matéria prima - fabricação

Montagem do móvel na oficina

Montagem do móvel no cliente (externo)

Entrega final do móvel

Recebimento do pagamento final

Fim

Liderança ou Coordenação Participação Imprescindível Participação Secundária

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95

4.2.4 Funcionamento da empresa

O contato com os clientes e a informação sobre os projetos são todos feitos com o gerente da

empresa. A encomenda dos móveis pode acontecer de duas formas, através da contratação de

profissionais, que levam o seu próprio desenho de projeto que, neste caso, medidas, materiais,

prazos de entrega e detalhes são discutidos e determinados na empresa.

E a outra forma é a encomenda feita diretamente pelo cliente ao gerente, que desenvolve os

desenhos dos projetos, tanto para apresentação ao cliente, como para repassar ao marceneiro.

No desenvolvimento desses projetos, o gerente conta com a ajuda de um auxiliar na confecção

dos desenhos e determinação das medidas. (Figura 44).

Figura 44 - Projeto desenvolvido na empresa.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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96

Figura 45 - Formulário de quantitativo de material.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Com a consultoria do Sebrae, desenvolveram formulário para verificação de todos os

quantitativos de material de insumo e MDF que irão precisar para a confecção de um

determinado móvel (figura 45). Quando a fase de contratação do móvel é concluída o desenho

do projeto desce para a produção e o marceneiro que ficará responsável por aquela produção,

tem que fazer o levantamento do material que está disponível na oficina e o que falta. Tudo é

anotado nos formulários e repassado de volta para a gerência para providenciar a compra de

novos materiais se for necessário.

Foi observado que cada marceneiro confecciona um móvel conforme o seu conhecimento ou

preferência de fabricação, pois cada produção fica a encargo deste. E na empresa não há uma

padronização na fabricação do produto. Assim, a determinação do corte inicial, das fases de

montagem, quantidade de material, como cola e parafuso que será usado, vai depender do

marceneiro. Segundo o gerente, já houve tentativas de desenvolver a produção em série, com

confecção prévia de gabinetes e gavetas, por exemplo, na intenção de testar se é possível mais

de um marceneiro trabalhar em um único projeto, mas como os móveis são sob medida, e cada

projeto é diferente do outro, preferiu-se manter o atual formato de produção.

Com relação às sobras, foi explicado pelo gerente que o quantitativo de lâminas compradas já

prevê alguma perda de material. Indica que um dos principais fatores para esta perda é que a

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97

lâmina mede 2,75m de altura e o pé direito da maioria dos imóveis atualmente é de 2,50m,

desta forma, os projetos já trabalham com a essa possibilidade de sobra. Um fator relevante é

que a empresa trabalha com a reciclagem interna e sobras em tamanhos maiores são sempre

guardadas com o intuito de serem usadas em futuros trabalhos. Isso é verificado no início dos

projetos, quando é determinado o marceneiro responsável, este faz uma busca pela oficina

verificando a quantidade de peças de MDF disponível que pode ser utilizada como parte do

trabalho e quantificando o quanto falta do material para providenciar a compra.

Porém, em conversa com os marceneiros, estes disseram que um dos fatores determinantes para

a sobra é na hora do corte, pois nem todos planejam antes as medidas, quando será feito o

primeiro corte, e ainda, que a movelaria poderia trabalhar com uma máquina de corte a laser

ou seccionadoras, que facilitam a tarefa, pois é necessário somente um corte que é preciso, sem

a necessidade de processar a madeira na plainadeira ou outros cortes de ajustes. Também

citaram que as máquinas possuem sucção de poeira, que diminui a sujeira na oficina. E sobre

a questão o aproveitamento dos resíduos, disseram que o que é possível aproveitar, eles

aproveitam no caso dos pedaços maiores, mas que, para a movelaria, poderia ser comprada

uma máquina prensadeira que aproveita até os pedaços menores, para as peças que são feitas

em folhas duplas, dispensando a necessidade de sempre comprar uma placa inteira de MDF.

Cada marceneiro é responsável por um projeto completo, mas os trabalhadores se ajudam,

quando necessário. Como por exemplo, há a recomendação de que no momento do corte das

placas, este seja realizado por duas pessoas, por segurança. O fluxograma do funcionamento

da empresa é demonstrado na figura 46.

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98

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99

A seguir a forma de produção é descrita com a indicação, entre parênteses, da área de utilização

na oficina de acordo com o layout demonstrado abaixo. O layout (figura 47) foi desenvolvido

para a visualização das localizações dos equipamentos utilizados no processo de produção e da

dinâmica dos trabalhadores no ambiente da oficina. As máquinas que mais foram utilizadas são

as serras circulares (1 e 2) a plainadeira (3). A área de entrada da movelaria é também área de

estacionamento do carro. Possui um escritório em uma área superior, juntamente com um

banheiro e em baixo é onde fica a cozinha o almoxarifado para material de insumo e mais um

banheiro, de utilização dos funcionários. Cada marceneiro possui seu próprio posto de trabalho,

que são as bancadas de marceneiro. A produção também possui duas estantes de apoio para

guardar as placas de MDF que chegam na oficina e as sobras de produção de tamanho maior,

como destacado. Há também com as máquinas de furadeiras verticais (4 e 5).

Figura 47 - Planta baixa da empresa de Belo Horizonte.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

Área superior: Escritório e Banheiro

Calçada e área de estoqueÁrea de estoque de peças em produção 9

Mesa marceneiro

Mesa marceneiro

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Legenda: 1-Serra circular com mesa móvel; 2-Máquina plainadeira; 3-Serra circular com mesa móvel; 4-Furadeira Vertical; 5-Furadeira Vertical; 6-Máquina

para bordeamento; 7-Estantes para estoque de matéria-prima MDF; 8-Estantes para estoque de matéria-prima MDF; 9-Área de estoque para sobras de peças

tamanhos pequenos; 10-Área de estoque para peças em produção.

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100

4.2.5 Descrição do processo de fabricação com emprego do MDF

De acordo com o projeto que é passado para o marceneiro, este fica encarregado de fazer o

levantamento do material que tem disponível na oficina, ou que precisa ser comprado e realiza

a busca para verificar se existem sobras de matéria-prima MDF (6,7,8) que podem ser utilizadas

no novo projeto. Conforme o que foi levantado, é anotado no formulário cedido pela gerência,

se há a necessidade de comprar placa de MDF e demais materiais. Realizada a compra do

material, começa o processo de corte (1) (figura 48), onde as placas são medidas.

Na empresa, utilizam um software que ajuda a visualização do planejamento de corte, das peças

necessárias de acordo com a placa de MDF, que auxilia na decisão de corte de uma placa

inteira. Após o corte, é preciso planificar as peças na máquina de plaina (2) (figura 49) para

retirar as imperfeições das faces que foram cortadas e ainda fazer a regulação do esquadro em

outra máquina de serra fita (3) adaptada para esta função. Durante essas ações, os marceneiros

têm o cuidado de marcar as peças de acordo com a combinação com outras peças, ou pelo

tamanho, visando a etapa de montagem. E ainda, de acordo com a necessidade, as peças são

bordeadas (figura 50) e separadas para a montagem. A etapa de bordeamento com a fita pode

ser feita na máquina específica para bordamento (6), e ocorre antes da montagem das peças, ou

de forma manual utilizando a espátula, o que torna a tarefa mais demorada, mas é o mais

adequado para partes pequenas e em menor quantidade, pois evita de ligar a máquina. Assim,

esta etapa é realizada nas mesas próprias de cada marceneiro, que na parte de baixo são

equipadas com as ferramentas de trabalho de cada um. A aplicação das fitas também pode

acontecer durante a montagem de algumas peças, para cobrir partes de encontro de faces.

Figura 48 - Corte da placa de MDF

Fonte: Arquivo da autora, 2016

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101

Figura 49 - Uso da máquina de plaina

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Figura 50 - utilização da máquina para bordeamento.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

Foi desenvolvido um sistema para a montagem das gavetas, com a fabricação de um gabinete,

onde as corrediças são instaladas, e este já sai da movelaria pronto para ser encaixado nos

armários durante a montagem na casa do cliente. Segundo o dono, esta forma deixou a

montagem mais prática. As montagens de armários são feitas na empresa (figura 51), e na casa

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do cliente é feito apenas a instalação dos mesmos. Os guarda roupas são montados quase que

na integra, com exceção dos gabinetes de gavetas.

Figura 51 - Montagem de armário.

Fonte: Arquivo da autora, 2016

O processo de fabricação utilizando o MDF na movelaria inicia-se com o recebimento da placa

de MDF na oficina e todo o processamento conforme o projeto. A figura 52 apresenta o

fluxograma do processo produtivo, conforme observado na movelaria de Belo Horizonte.

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103

Figura 52 - Fluxograma das etapas de corte do processo de MDF em Belo Horizonte.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

4.2.5.1 Comparativo do gasto de madeiras

A seguir é apresentado o quadro 9, comparativo da quantidade de material que foi usada nos

processos, medindo a quantidade de madeira no início do processo e a quantidade medida nas

peças que foram produzidas. As medidas, neste caso, foram transformadas em m2, em função

dos cortes das placas de MDF que acontecem em duas dimensões.

Quadro 9 - Quantitativo de madeiras da empresa em Belo Horizonte. Quantidade de material

inicial Quantidade total de material

utilizado no móvel Porcentagem do quantitativo

de material utilizado na fabricação do móvel

Processo 1 5,06 m2 3,98 m2 78,6%

Processo 2 20,24 m2 14,41 m2 71,19%

Processo 3 33,83 m2 28,56 m2 84,42% Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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104

4.2.5.2 Avaliação dos impactos ambientais do processo produtivo

A seguir, são apresentados quadros de avaliação dos impactos ambientais das etapas do

processo produtivo, realizada de forma análoga à empresa de Manaus.

Processo 1 - Na fabricação do primeiro produto foi usado o MDF fórmica branca, sendo que

neste trabalho houve o aproveitamento de material que já existia na oficina, não sendo

necessária a compra de uma nova placa de MDF.

Quadro 10 - Avaliação do impacto ambiental do processo 1 em Belo Horizonte. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 1

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Levantamento de material existe no estoque

O marceneiro faz o levantamento do material necessário para a produção, para anotação no formulário de checklist.

Diante do projeto o levantamento foi feito, e neste trabalho, todas as placas de MDF foram aproveitadas do estoque já existente na movelaria.

A 1

Compra da placa material

Neste caso, não houve a compra de MDF. As peças foram reaproveitadas

De acordo com o sistema de reaproveitamento de material que a movelaria utiliza.

A 1

Corte da madeira feito na própria movelaria

O material coletado foi medido e cortado, quando necessário, para adequação do tamanho.

É decidida a melhor forma de aproveitamento do material e se são necessários novos cortes das peças.

B 2

Utilização da máquina de plaina.

As peças cortadas são processadas na máquina de plaina.

A máquina de plaina retira imperfeições das superfícies cortadas.

B 1

Cortes de ajuste do esquadro

Após a plaina, é preciso colocar as peças em esquadro.

É preciso realizar mais um corte nas peças.

B 1

Bordeamento das peças cortadas.

O bordeamento é feito de forma manual. Com a aplicação da cola com espátula na face do MDF e na fita.

Trabalho é mais lento, mas segundo os marceneiros não compensa ligar a máquina para o bordeamento de peças pequenas.

B 2

Montagem das peças.

As peças são montadas de acordo com a especificação do desenho no projeto.

Porém a sequência da montagem é determinada pelo marceneiro que executa a fabricação.

A 1

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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105

Processo 2 - Acompanhamento da fabricação do segundo produto. Este trabalho era uma

demanda para confecção de portas para fechamento de armários fabricados anteriormente e que

já estavam instaladas na casa do cliente. O processo de fabricação dessas portas, constitui nos

cortes do MDF, de acordo com o tamanho informado em projeto. Para isso, os marceneiros

utilizaram uma folha de MDF.

Quadro 11 - Avaliação do impacto ambiental do processo 2 em Belo Horizonte. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 2

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Levantamento de material existe no estoque

O marceneiro faz o levantamento do material necessário para a produção.

Para este trabalho foi especificado o uso de uma placa de MDF.

A 2

Compra da placa material

A escolha e compra da placa de MDF acontece de acordo com o projeto

A placa é transportada inteira até a movelaria.

B 2

Corte da madeira feito na própria movelaria

O corte inicial da placa é determinado de acordo com as medidas do projeto.

Neste trabalho, as peças são cortadas, numa dimensão maior, devido a amolação deficiente da serra circular, contando que a irregularidade do corte será corrigida posteriormente.

C 2

Utilização da máquina de plaina.

As peças cortadas são processadas na máquina de plaina.

A máquina de plaina retira imperfeições das superfícies cortadas.

B 1

Cortes de ajuste do esquadro

Após a plaina, é preciso colocar as peças em esquadro.

O corte do esquadro também será para adequar a regularidade da superfície cortada.

B 2

Bordeamento das peças cortadas.

Neste trabalho as peças são bordeadas na máquina.

O bordeamento na máquina torna o processo mais rápido.

B 2

Montagem das peças.

Neste caso, houve a fixação das dobradiças.

Este trabalho é apenas de instalação das portas, em um armário já existente na casa do cliente.

A 1

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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106

Processo 3 - Acompanhamento da fabricação do terceiro produto. Para esse produto foram

utilizadas uma chapa e meia de MDF para as estruturas e uma chapa do material em marfim.

Neste caso, foram usados aparas de MDF para pequenos ajustes no móvel.

Quadro 12 - Avaliação do impacto ambiental do processo 3 em Belo Horizonte. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROCESSO 3

Etapa do processo em andamento

Característica Observação Avaliação Severidade

Levantamento de material existe no estoque

Neste caso, a matéria-prima precisou ser comprada e são usados apenas aparas para ajuste nos móveis.

Diante do projeto, o marceneiro responsável pela produção do móvel, faz o levantamento do material necessário para a produção do móvel.

B 2

Compra da placa material

A escolha e compra da placa de MDF acontece de acordo com o projeto

A placa é transportada inteira até a movelaria.

A 2

Corte da madeira feito na própria movelaria

O corte inicial da placa é feito pelos marceneiros de acordo com as medidas determinadas no projeto.

É decidida a melhor forma de aproveitamento da placa para o corte das peças.

B 2

Utilização da máquina de plaina.

As peças cortadas precisam passar pela máquina de plaina para retirar as imperfeições da fase cortada.

A máquina de plaina retira imperfeições das superfícies cortadas.

B 1

Cortes de ajuste do esquadro

Ainda é preciso fazer o ajuste de esquadro das peças.

O corte do esquadro também será para adequar a regularidade da superfície cortada.

B 2

Bordeamento das peças cortadas.

Algumas partes das peças são bordeadas antes da montagem e outras após a montagem.

O bordeamento dessas peças acontece de forma manual e algumas peças são bordeadas antes da montagem e outras durante a montagem

B 2

Montagem das peças.

Neste caso, os armários são montados todos na oficina ficando apenas a instalação na casa do cliente.

Os móveis são montados na oficina para serem apenas instalados na casa do cliente.

A 1

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016

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4.2.5.3 Retirada de Resíduos

A movelaria utiliza recipientes que são tambores de aço para armazenar os resíduos que não

serão mais usados em outras produções, geralmente tiras de espessura mais fina que não

atendem aos padrões de tamanho para outros trabalhos (figura 53). Tais recipientes são

retirados por um carreto alugado (Figura 54). No nível de produção em que a empresa se

encontra, esta retirada é feita uma vez por mês, mas foi explicado que na época de maior

produção essa retirada era feita uma vez por semana, com a contratação de carreto. Os resíduos

são descartados em aterro de lixo comum.

Figura 53 - Armazenamento de resíduos na movelaria em Belo Horizonte.

. Fonte: A autora, arquivo pessoal, 2016

Figura 54 - Retirada de resíduos

Fonte: A autora, arquivo pessoal, 2016

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4.2.6 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação do programa P+L

Neste item, são apresentadas as respostas às questões que forma desenvolvidas no

planejamento (Anexo I) para a aplicação da metodologia P+L, que contribuem para o melhor

entendimento do processo produtivo, auxiliam na descrição do que foi observado na movelaria

de Belo Horizonte e ajudam a identificar no funcionamento do processo com relação a

preocupação organizacional e ambiental.

4.2.6.1 Fase de identificação e qualificação da empresa

Nesta fase foi realizado o levantamento sobre o funcionamento da movelaria. Como destacado,

a empresa é coordenada pelo gerente e um auxiliar da gerência, que são responsáveis pelo

desenvolvimento dos projetos e conferência de materiais e produção, além de dois marceneiros

responsáveis pelo processo de produção dos móveis, e dois montadores, que instalam os móveis

na casa dos clientes e providenciam o acabamento do produto final. Sobre o público alvo, a

empresa atende a classes média e alta.

O principal produto que a empresa produz são armários e guarda roupas modulados, fabricados

em MDF laminado, sendo que, segundo o gerente, que é o diferencial da empresa, é que estes

são feitos sob medida. E como subprodutos, fabricam outros trabalhos de movelaria utilizando

MDF, como portas, gabinetes e gaveteiros. A quantidade é pequena, pois foi explicado, que

em épocas de maior produção, produziam em torno de quatro armários por semana. Quanto à

continuidade da produção durante os meses com menos encomendas a produção se mantém,

em menor quantidade com pequenos projetos.

Com relação à preocupação da empresa com a perda/desperdício do produto e quais são os

custos associados a essa perda, eles demostram ter preocupação em guardar e aproveitar o

material que sobra das produções, mas não fazem o levantamento do custo desse material de

sobra e também só fazem o aproveitamento de sobras que têm um tamanho que consideram

adequado para a produção. Quanto à existência de uma forma/unidade de reciclagem, a

empresa possui um local próprio para guardar o material que poderá ser reutilizado como

matéria-prima para outros processos, mas não existe reciclagem de resíduos, que consideram

com dimensões inapropriadas para ao aproveitamento e estes são descartados em lixo comum.

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109

4.2.6.2 Identificação das deficiências de processo

Quanto à instalações industriais da empresa, ela não apresenta sinais de manutenção

ineficiente, e foi verificado que há uma rotina de limpeza na oficina entre os próprios

trabalhadores. Realizam a amolação da serra circular com periodicidade, além de cada

funcionário fazer uso de ferramentas próprias em suas respectivas bancadas e serem

responsáveis pela conservação destas.

Sobre a existência de derramamentos visíveis, ou vazamento de água escorrendo na oficina, há

vazamento de esgoto que vem de fora da empresa e que ocorre ocasionalmente, alagando uma

parte da oficina. Não há paralisação da produção, mas o esgoto causa mau cheiro e desconforto

nos funcionários que tem que desviar o percurso em função disto.

Quanto à existência de descoloração ou corrosão nas paredes, existem paredes mofadas, ainda

que aparentemente isto não afeta o funcionamento das máquinas, isto é um fator que pode ser

causador de doenças. E quanto a odores estranhos existentes na oficina ou ocorrência irritação

nos olhos, nariz ou garganta, não foi verificado a existência de odores, mas existe muita

serragem, o que pode gerar alergias. Apesar de, a empresa ter a rotina de varrer esses resíduos

e acondicionar o lixo em recipientes próprios para isso. Existem os dias determinado pela

gerência para a realização de limpeza geral.

Com relação ao material estocado com data vencida ou materiais que não são mais usados

observou-se que, na oficina, o material guardado é monitorado, para que uma nova compra seja

realizada antes do final do estoque, e o material que é guardado após a produção é reutilizado

com frequência. Quanto à existência de recipientes abertos, tambores empilhados, prateleiras

pequenas demais para o manuseio adequado do estoque, não é o caso na oficina, pois há um

local apropriado para acondicionamento e estoque da matéria-prima e outros insumos.

4.2.6.3 Sobre a identificação de barreiras à P+L e suas soluções

Sobre o conhecimento da Metodologia P+L por parte da empresa, observou-se que os agentes

não têm conhecimento do método, mas entendem que evitar o desperdício pode gerar economia

financeira, que é benéfico para a empresa. O gerente não demonstra ser contrário à aplicação

de uma gestão ambiental no processo produtivo, mas explica que no momento de dificuldade

com a diminuição de trabalhos, é mais difícil a implantação de melhorias.

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110

Quanto à barreiras organizacionais, os próprios marceneiros se auxiliam para contabilizar o

MDF que utilizaram nas produções dos móveis. Estes estão satisfeitos com a forma de

apresentação do projeto e a comunicação com a gerência para suprir dúvidas. Mas dizem a que

divisão de trabalho e a forma de produção dos produtos pode ser melhorada, com a substituição

dos equipamentos na oficina. Porém, com relação à barreira de atitude o gerente da empresa

se mostrou bem acessível ao estudo e as possibilidades de mudanças. Mas afirma que os

trabalhadores são extremamente resistentes a mudanças.

Sobre as barreiras econômicas existentes, segundo o gerente, hoje enfrentam um problema

econômico com a falta de clientes e que por isso, mudanças radicais no processo são mais

difíceis de serem implantadas. Mas admite que no período em que a produção era maior,

melhorias com a diminuição dos custos não eram executadas. Quanto às barreiras estruturais,

a empresa trabalha com maquinário mínimo para o processamento do MDF. As máquinas são

modelos antigos, mas estão em perfeito funcionamento, porém, o uso de modelos mais

modernos ajudaria tanto no processo produtivo, quanto no aproveitamento dos resíduos que

são descartados.

4.2.6.4 Sobre conhecimento e caracterização para das correntes de entrada do processo

(fluxo de materiais)

Quanto à matéria-prima, insumos e materiais que são utilizados no processo, a movelaria

trabalha utilizando o MDF como principal matéria-prima para a produção, comprado em placas

e transportadas inteira para que o corte seja todo feito na oficina. E outros insumos são para

dar suporte a produção como pregos, parafusos, ferragens e dispositivos de montagem. A

utilização do MDF corresponde a 95% da matéria-prima principal, utilizando madeira maciça

para produções ocasionais, como castilho de portas. Este material e insumos correspondem

30% do orçamento da produção.

Sobre a utilização de materiais que apresentam características de periculosidade para as pessoas

e para o meio ambiente, alguns dos materiais que a movelaria utiliza para a fabricação dos

móveis, necessita de cuidado no manuseio, sendo o uso de equipamentos de segurança, o

recomendado para o caso, como as luvas durante a utilização de tinner e colas adesivas. O

produto final não representa perigo para o usuário, com a utilização correta dos mesmos. Porém

o descarte dos resíduos precisaria se adequar a legislação local, mas a oficina faz o descarte em

aterro de lixo comum.

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111

4.2.6.5 Situações identificadas sobre os principais aspectos que, dentro do processo,

podem levar a geração de resíduos

A empresa conta com uma equipe formada por trabalhadores que tem o têm conhecimento do

oficio e alguns dos marceneiros trabalham há bastante tempo na movelaria, sendo que os mais

antigos têm dezenove e treze anos nesta empresa. Mas somente um desses fez o curso de

movelaria em escola técnica. Porém, observou-se que não há uma padronização do processo

de fabricação dos móveis, como quantidade pregos e cola que podem ser utilizados, ou na

forma como o acabamento final é realizado. Cada marceneiro fica livre para exerce a tarefa

conforme seu conhecimento ou preferência.

Quanto ao uso de tecnologias ultrapassadas, a linha de produção possui maquinário mínimo

para a fabricação de móveis em MDF. E como trabalham quase que exclusivamente com esse

material, a produção é realizada de acordo com as etapas necessárias para este processo. Porém,

existem máquinas com tecnologias mais recentes e adequadas para o processamento do MDF

poderiam que diminui a quantidade de resíduo gerado.

Na movelaria não utilizam matéria-prima não renovável ou produtos que geram resíduos de

difícil degeneração. Todos os produtos utilizam, quase que na totalidade, o MDF com matéria-

prima, e este precisa de cuidados específicos para o descarte. Mas é um material que utilizam

como matéria-prima é de boa qualidade e durabilidade adequados para a fabricação de móveis.

Mas pode-se trabalhar com madeiras como o eucalipto e que pode substituir o MDF em

algumas partes do móvel e o uso de adesivos orgânicos na etapa do processo de colagem. E

ainda, sobre as dificuldades encontradas em função de recursos financeiros, o gerente explica

que o volume da produção é menor, se comparado aos anos anteriores, o que o fez dispensar

funcionários por corte de custos, e agora está empenhado em captar novos clientes. Segundo o

gerente, na fase em que houve maior produção, era o momento para a mudança e melhorias.

4.2.6.6 Avaliação dos elementos que podem sofrer mudanças para a minimização e/ou

reuso de resíduos partindo das práticas de P + L

Quanto à possibilidade de mudança de produto, este é produzido sob medida conforme

determinado em projeto, o que faz com que cada projeto precise ser planejando desde o projeto

até a montagem final como sendo único, porém existe uma alternativa de modular a fabricação

de algumas partes dos armários, o que faria a pré-fabricação dos móveis ocorrer com medidas

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112

e processos produtivos padronizados. Um ponto positivo é que a empresa trabalha seus projetos

a partir de um desenho de representação, o que permite a boa comunicação sobre o projeto,

entre o projetista, o marceneiro e os montadores.

Quanto a mudança de processo, a possibilidade de modulação das medidas, permite adequação

do processo também, tornado as etapas deste, padronizadas. A fabricação dos móveis pode ser

aprimorada, pensando em outras formas para o corte e a montagem do produto, como, por

exemplo, a conscientização de realizar o corte somente quando o equipamento estiver alinhado

e evitar uso excessivo de material por questões estéticas. Também pode haver investimento na

conscientização dos funcionários, da necessidade de repensar a forma de fabricação e economia

de material. Sobre a substituição de matérias-primas ou insumos, isto não caracteriza uma

urgência para a empresa, mas há a possibilidade de substituição destes, por madeiras de

reflorestamento e por materiais adesivos menos agressivos ao meio ambiente. E quanto à

prática de reciclagem interna, a empresa possui um sistema de aproveitamento de material que

sobra de produções anteriores, mas apenas para peças que atendem a um tamanho que

consideram adequado como matéria-prima de outros processos, sendo que isto pode ser

melhorado de forma que se utilize os pedaços considerados pequenos.

4.2.6.7 Categorização dos resíduos identificados

Este item tem a finalidade de especificar os tipos de resíduos que foram observados durante a

pesquisa de campo e propor as soluções que podem ser aplicadas nestes casos.

Com relação as matérias-primas primas que não são utilizadas, na oficina, os resíduos de

madeira que, segundo os marceneiros, não se enquadram em um tamanho que seja possível a

reutilização e são descartados no lixo, poderiam ser utilizados como matéria-prima para outros

produtos, como artesanatos, ou mesmo na movelaria com a mudança do mix de produtos, como

a fabricação de pequenos objetos.

E ainda, sobre as substâncias secundárias e subprodutos inevitáveis, os produtos que precisam

usar cola formica, solventes, tinner e aguarrás, podem utilizar material com menor toxidade

para o meio ambiente em caso de descarte. Quanto aos resíduos e subprodutos não desejados,

como serragem e pequenos pedaços de madeira que são considerados como inadequados para

o aproveitamento na oficina podem ser reutilizados como matéria-prima em outros setores de

indústria.

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113

Quanto aos materiais auxiliares usados, estes podem ser melhor contabilizados a fim de evitar

o excesso de quantidade de uso ou a sobra no final da produção, com a ajuda, de por exemplo

a padronização da produção. E ainda sobre os resíduos e materiais da manutenção, que na

movelaria são utilizados produtos como tinner, querosene e aguarrás que são materiais de

toxidade elevada, utilizados para limpeza das peças acabadas, o que acontece é que o

trabalhador usa este material de acordo com a própria especificação de necessidade, sendo que

o material pode ser melhor contabilizado para diminuir o consumo. E sobre o material de

embalagem, os móveis são transportados em carro próprio e o material de segurança são cordas

e papelão, que são sempre reutilizados.

Durante a investigação realizada na movelaria em Belo Horizonte, verificou-se que esta já

busca soluções para algumas etapas da produção, como a utilização do MDF que facilita as

etapas de fabricação do móvel. Mas não há preocupação com a utilização de um programa de

gestão ambiental e as melhorias que podem ser implantadas para evitar a geração de resíduos,

encontram resistência ou dificuldades de serem implantadas em função da situação econômica

da empresa. Porém, segundo o gerente, na fase em que a empresa tinha maior volume de

produção, a empresa não tinha a preocupação com a implantação dessas medidas também não

foram implantadas.

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114

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Durante a pesquisa feita na movelaria em Manaus, verificou-se que esta tem características de

pequena empresa constituída sem planejamento. Os marceneiros têm conhecimento e

experiência com o trabalho desenvolvido, mas falta o conhecimento em gestão de empresa, o

que pode dificultar a continuidade e sucesso do negócio. Como pontos positivos, observou-se

que, além da capacidade técnica, estes procuram trabalhar com uma demanda de serviços que

sejam capazes de concluir e cumprir os prazos.

A movelaria em Belo Horizonte apresenta características de melhor planejamento estratégico,

trabalha com matéria-prima mais prática, mas não desenvolve gestão ambiental, para descarte

do material residual, nem de prevenção de sobras e resíduos, ainda que os marceneiros também

tenham bom conhecimento para a execução da atividade, não há preocupação com custos com

o material que sobra do processo produtivo. A seguir, é apresentado um quadro comparativo

de caracterização do funcionamento das duas empresas, com a finalidade de melhor

visualização dos dados levantados:

Quadro 13 - Comparação entre as atividades das duas movelarias. Movelaria em Manaus Movelaria em Belo Horizonte Classificação das empresas

Pequena empresa com dois trabalhadores que também são os donos da empresa

A empresa possui maior escala de funcionários. Trabalha com dois marceneiros, dois montadores, o dono e gerente e um auxiliar da gerência.

Qualificação de pessoal

Profissionais possuem qualificação e conhecimento para o trabalho.

Profissionais possuem qualificação e conhecimento para o trabalho.

Disposição do espaço interno

O espaço da movelaria é amplo, mas existem máquinas que não são utilizadas no processo produtivo.

Cada marceneiro tem uma bancada própria para trabalhar; o maquinário existente é mais enxuto, apenas para trabalhar com o material MDF e existe espaço apropriado para estoque e armazenamento do material

Planejamento de utilização de matéria-prima

A matéria-prima MDF é cortada de acordo com o planejamento do projeto. A madeira maciça o corte é superestimado prevendo a sobra em função de todo o processo necessário para tratar a madeira.

Procura-se aproveitar da melhor forma a placa de MDF na distribuição das peças a serem utilizadas no projeto.

Utilização de matéria-prima poluente

A empresa trabalha com madeira maciça e MDF. A primeira tem a possibilidade de ser utilizada em outros ciclos no meio ambiente. O MDF precisa adequar-se a outras formas de descarte, que não assimilados pelo meio ambiente.

O MDF precisa ser tratado para o descarte, pois não assimilados pelo meio ambiente, mas os resíduos são descartados em aterros de lixo comum.

Possibilidade de os resíduos serem reutilizados em outros setores.

A empresa não tem planejamento para que o material de resíduo seja reutilizado em sua própria produção, nem em outros setores de outras empresas.

A empresa não tem o planejamento para que os resíduos gerados sejam utilizados por outros setores industriais, mas possui a prática de reutilização de sobras na própria produção.

Destinação dos resíduos gerados

Todos tipos resíduos de materiais gerados são descartados em lixo comum, tanto a madeira maciça e MDF quanto os demais insumos.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016.

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115

Os quadros seguintes, apresentam o comparativo de avaliação do impacto ambiental dos

processos em que foram utilizados a madeira maciça e o MDF nas movelarias determinados

durante a pesquisa, segundo critérios da autora. O quadro 14 demonstra o comparativo de

avaliação dos processos utilizando madeira maciça, observados em Manaus. Já o quadro 15

representa o comparativo de avaliação dos processos em que se utilizou o MDF como

matéria-prima, na movelaria em Manaus. E o quadro 16 representa o comparativo de

avaliação dos processos que utilizou o MDF na movelaria em Belo Horizonte.

Quadro 14 - Comparativo de avaliação do impacto ambiental dos processos utilizando madeira maciça em Manaus.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS DA EMPRESA EM MANAUS UTILIZANDO MADEIRA MACIÇA

Caracterização processo 1 Caracterização processo 2

Etapa do processo

Avaliação Severidade Avaliação Severidade

Recebimento da madeira

B 1 B 1

Pré corte da Madeira

C 3 C 3

Plaina da Madeira

B 2 B 2

Segundo corte da madeira

C 3 C 3

Desengrosso da madeira

B 2 B 2

Corte final madeira

C 2 C 2

Lixamento na máquina serra circular

B 2 B 2

Pré montagem A 1 A 1

Lixamento máquina manual

A 1 A 1

Lixamento manual

A 1 A 1

Pigmentação/pintura peças.

B 1 B 1

Montagem final

B 1 B 1

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116

Quadro 15 - Comparativo de avaliação do impacto ambiental dos processos utilizando MDF em Manaus.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016.

Quadro 16 - Comparativo de avaliação do impacto ambiental dos processos utilizando MDF em Belo Horizonte.

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa realizada, 2016.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS DA EMPRESA EM BELO HORIZONTE UTLIZANDO MDF

Caracterização processo 1 Caracterização processo 2 Caracterização processo 3

Etapa do processo

Avaliação Severidade Avaliação Severidade Avaliação Severidade

Levanta. material existe no estoque

A 1 A 2 B 2

Compra da placa material

A 1 B 2 A 2

Corte da madeira feito na própria marcenaria

B 2 C 2 B 2

Utilização da máquina de plaina.

B 1 B 1 B 1

Cortes de ajuste do esquadro

B 1 B 2 B 2

Bordeamento das peças

B 2 B 2 B 2

Montagem das peças.

A 1 A 1 A 1

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS DA EMPRESA EM MANAUS UTILIZANDO MDF

Caracterização processo 3 Caracterização processo 4

Etapa do processo

Avaliação Severidade Avaliação Severidade

Compra da placa MDF

A 1 A 1

Corte da madeira feito na loja

C 3 B 2

Recebimento das peças de MDF

B 1 B 1

Cortes de ajuste na oficina

B 1 B 1

Bordeamento das peças cortadas.

C 3 C 3

Montagem peças já bordeadas

B 2 B 2

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS DA EMPRESA EM BELO HORIZONTE UTLIZANDO MDF

Caracterização processo 1 Caracterização processo 2 Caracterização processo 3

Etapa do processo

Avaliação Severidade Avaliação Severidade Avaliação Severidade

Levanta. material existe no estoque

A 1 A 2 B 2

Compra da placa material

A 1 B 2 A 2

Corte da madeira feito na própria marcenaria

B 2 C 2 B 2

Utilização da máquina de plaina.

B 1 B 1 B 1

Cortes de ajuste do esquadro

B 1 B 2 B 2

Bordeamento das peças

B 2 B 2 B 2

Montagem das peças.

A 1 A 1 A 1

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS PROCESSOS DA EMPRESA EM MANAUS UTILIZANDO MDF

Caracterização processo 3 Caracterização processo 4

Etapa do processo

Avaliação Severidade Avaliação Severidade

Compra da placa MDF

A 1 A 1

Corte da madeira feito na loja

C 3 B 2

Recebimento das peças de MDF

B 1 B 1

Cortes de ajuste na oficina

B 1 B 1

Bordeamento das peças cortadas.

C 3 C 3

Montagem peças já bordeadas

B 2 B 2

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117

O Governo do Estado do Amazonas decretou e sancionou, em 2015, da Politica Estadual de

Resíduos Sólidos, onde a Minuta de Lei Estadual da Política Estadual de Gestão de Resíduos

Sólidos do Amazonas apresenta os objetivos estão a proteção e melhoria da qualidade do meio

ambiente e da saúde pública; a não geração ou redução dos resíduos sólidos, a reutilização,

reciclagem e destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, fomento à pesquisa e o

desenvolvimento de novas tecnologias e produtos que promovam a minimização, reutilização

e reciclagem de resíduos sólidos, bem como previnam a poluição e a recuperação da qualidade

ambiental, fomento à pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias para o

reaproveitamento dos resíduos e o aproveitamento energético. Os resíduos sólidos são

classificados de acordo com a sua origem, quanto à periculosidade. Madeira e produtos

florestais são tratados como resíduos agrossilvipastoris, que incluem todos os tipos de resíduos

gerados pelas atividades produtivas nas zonas rurais e que de acordo com o Plano Diretor de

Resíduos Sólidos de Manaus, é um material que possui um grande potencial de aproveitamento

energético, como o carvoejamento quanto para o uso não energético. Os resíduos. No entanto

vale ressaltar que estes municípios deverão elaborar seus respectivos Projetos Executivos e

demais estudos de viabilidade técnica e ambiental com fins de obterem às licenças prévias.

5.1 Identificação e descrição de questões levantadas para a aplicação do programa P+L

Neste item são apresentadas as questões levantadas nas duas empresas, para o planejamento da

aplicação da metodologia P+L e que podem contribuir para sua aplicação destas empresas

similares. É realizada uma releitura sobre as duas empresas e com o auxílio de levantamento

bibliográfico, propõe-se soluções já existente para as questões levantadas, tendo o foco no

funcionamento do processo com relação a preocupação organizacional da empresa e ambiental.

5.1.1 Fase de identificação e qualificação da empresa

Sobre a identificação das empresas, levantou-se dados que as duas tem características similares

como pessoal pouco preparado para o planejamento de funcionamento e estratégia de negócios,

mas possuem o ponto positivo que é o conhecimento no trabalho de movelaria. Alguns dos

trabalhadores possuem muito tempo de atuação na área e desenvolveram a habilidade em

trabalhar tanto com a madeira maciça quanto com o MDF.

Em Manaus, a empresa é pequena e toda a produção é realizada pelos dois marceneiros. Os

móveis produzidos são feitos basicamente sob encomenda e em baixa quantidade, mas é uma

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118

produção que os dois marceneiros conseguem atender. Seus produtos são considerados bem

acabados e existe uma reutilização do material que sobra das produções, mas não é organizada

nem planejada. E estes materiais não são catalogados nem separados por tamanho ou qualidade.

A produção na movelaria acontece utilizando a madeira maciça e o MDF, sendo uma forma de

flexibilização da produção.

Também, foi explicado por estes, que a empresa mantém a produção, quando não há execução

de mobiliário, com trabalho de reforma de móveis. Porém, não desenvolvem um trabalho de

reciclagem nem de reutilização de material de forma constante, nem organizada. E não existe

uma unidade de reciclagem dentro da oficina, pois não há a formalização desta etapa e não há

uma divisão espacial entre material armazenado e o que será utilizado em novos processos e,

conforme relata Argenta (2007), os resíduos que são armazenados de forma indevida, podem

causar a contaminação do ambiente e dificultar uma a ação de reciclagem do material existente,

prejudicando a economia da empresa.

Já a empresa em Belo Horizonte trabalha com a fabricação de móveis sob medida, em MDF e,

apesar do diferencial do produto ser a adequação das medidas dos móveis produzidos a

necessidade e gosto dos clientes, há o planejamento de trabalhar com algumas partes

modulares, para barateamento dos custos de produção. Um ponto positivo da empresa é a

prática em utilizar material de sobra de produção anteriores para novos trabalhos, tendo a

preocupação com o acondicionamento desse material de forma em que a contabilidade do

material de sobra seja facilitada.

5.1.2 Identificação das deficiências de processo

Durante a pesquisa foram observados o funcionamento e o estado físico em que as oficinas se

encontram, a fim de identificar elementos que possam contribuir para as ocorrências e falhas

no processo produtivo.

Na empresa analisada em Manaus existe muita serragem, resíduos e sobras de produção

espalhados pelo chão, mas não apresenta vazamento de água nem de outro material líquido. As

máquinas sofrem manutenção durante a realização da tarefa, quando há necessidade, e após o

uso, não acontece a limpeza das partes destas máquinas, nem interna, nem externamente. E

sobras de cola, selador e tinta são acondicionadas e guardadas para usos futuros.

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119

Apesar de a estrutura não apresentar necessidade de manutenção urgente, os equipamentos que

são utilizados poderiam ser limpos ao final de cada processo, a fim de evitar o desgaste das

máquinas. Bem como o material que foi utilizado como lixas, parafusos, cola, tinta, pode ser

estocado em um ponto onde fique fácil o reconhecimento futuro e reutilização em outros

trabalhos. As empresas fariam o bom investimento na aplicação de programas de melhoria

como o 5S, com base na mudança de hábitos e comportamentos dos trabalhadores envolvidos

nas empresas. Este tipo de ação pode proporcionar melhorias na utilização do espaço físico a

partir da aplicação de conceitos que ajudam na alteração de comportamento das pessoas na

empresa. Também contribuem para organização da mesma, identificando os materiais que são

constantemente utilizados e eliminando os materiais obsoletos, ainda promovendo a limpeza

rotineira do local e a manutenção da ordenação implantada, conforme apresentado por Andrade

(2010).

Pode-se dizer que isto não é um problema restrito as MPE’s, visto que em empresas moveleiras

de Santa Maria – RS, com relação a planta industrial, também são identificados elementos que

dificultam a eficiência da produção como a falta de sistemas de exaustão nas máquinas, layout

das máquinas e equipamentos inadequado para o processo produtivo, bem como a ausência de

fiscalizações ambientais, observando que é necessário a melhoria de gestão de processos e

modernização da ação produtiva (ARGENTA, 2007). O realinhamento do espaço físico, com

outra disposição dos elementos da movelaria ajuda no processo produtivo tornando as etapas

de produção mais eficientes. É possível repensar o arranjo físico da oficina, afim de posicionar

a matéria-prima no início do processo, com a disposição do maquinário de acordo com as

prioridades de produção e a colocação do resíduos e materiais próximos aos locais de saída,

ajudariam a mapear o processo produtivo, aumentando a produtividade (LINS, 2010).

Na empresa situada em Belo Horizonte, o prédio é antigo e apresenta deterioração nas paredes.

Porém, isto aparentemente não afeta o funcionamento da produção. O local possui pouca

ventilação e em alguns dias foi observado que a luz elétrica precisa ser ligada no meio da tarde

para iluminação no interior da oficina. E ainda, observou-se que as máquinas e o espaço são

limpos semanalmente e tem o cuidado com a amolação das serras são feitas por uma empresa

terceirizada. Os trabalhadores possuem local próprio de trabalho com a disposição de

ferramentas em cada bancada. Mas o posicionamento das principais máquinas utilizadas no

processo produtivo fica comprometido.

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120

De forma geral, observam-se problemas similares nas empresas analisadas, mesmo

considerando-se as diferenças existentes entre elas em termos de características dos centros

urbanos onde se situam. Da mesma forma, os problemas podem ser considerados aos

levantados pela literatura relativa às pequenas empresas de móveis no Brasil (ARGENTA,

2007; CENACHI; ROMEIRO, 2004).

5.1.3 Sobre a Identificação de barreiras à P+L e suas soluções

O objetivo desta identificação é que uma empresa trabalhe consciente de que estas barreiras

podem ser evitadas ou melhoradas, durante a aplicação do programa. Assim, no decorrer da

pesquisa de campo em Manaus, foi explicado aos marceneiros o que é o programa e como

aconteceria a sua implantação. O principal ponto de dificuldade, apontado por estes, para

implantar a melhoria seria a questão financeira que dificulta a mudança na forma de produção.

Estas questões foram desenvolvidas para ajudar a determinar os elementos que podem agir

como barreiras para a aplicação da metodologia P+L na empresa, tanto para a coleta de dados,

quanto ao desenvolvimento durante o processo.

Como demonstrado em pesquisa realizada no setor moveleiro em Santa Maria (ARGENTA,

2007) também foi identificado com dificuldade para a implantação de programas ambientais

vem da interferência do próprio governo, por colocar a necessidade de avaliação a fim de

apontar quais são as possíveis contribuições que estes podem agregar ao setor. E ainda, algumas

empresas pontuam outras dificuldades para a utilização dos conceitos ambientais, como o fato

dos consumidores não valorizarem os produtos com o diferencial ambiental, a falta de

conscientização dos clientes, os custos que a implantação destes programas causam à empresa,

as questões relacionadas a treinamento e às participações coletivas de empresas para

desenvolverem programas que sejam comuns a estas.

Além da falta de fornecedores adequados e a falta de matéria-prima que seja menos agressiva

ao meio ambiente. E ainda, questionam a falta de incentivo às empresas fabricantes e ao correto

descarte ou destino que é dado aos resíduos e como estes podem ser utilizados como matéria-

prima ara outros produtos. Mas, admite-se que estes programas são benéficos para a imagem

das empresas, pois esta passa a ser vista como comprometida com as questões da

sustentabilidade de do bem-estar social (ARGENTA, 2007).

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121

A empresa em Belo Horizonte não trabalha com um programa de gestão ambiental específico,

mas tem interesse em implantar melhorias. Segundo o proprietário, os trabalhadores são

resistentes a mudanças, principalmente na forma de fabricação, e isso em alguns momentos

dificulta a comunicação entre funcionários e gerência. Mas, este deixa que o processo de

fabricação dos produtos seja realizado conforme o conhecimento e prática dos marceneiros. A

empresa trabalha com maquinário mínimo para o processamento do MDF, porém são máquinas

ultrapassadas em termos tecnológicos. A mudança estrutura poderia ajudar a reduzir a

quantidade de sobra de materiais. Mas segundo o dono, essas mudanças não foram pensadas

quando havia grande produtividade na empresa.

Esta atitude corresponde ao que explica Ferreira (2006) sobre a realidade financeira limitada

das MPE’s, faz com as ações gerenciais destas sejam focadas na sobrevivência das mesmas,

que em função da carga trabalho que o gerente ou dono da empresa deixa a dedicação aos

projetos de design em segundo plano. E essas empresas, tem pouco acesso a informações sobre

mercados e gestão administrativa, dificultando a aplicação de inovação no desenvolvimento de

novos produtos.

5.1.4 Sobre conhecimento e caracterização para das correntes do processo (fluxo de materiais)

Durante o período de observação, foi levantado que a movelaria em Manaus trabalha com

madeira maciça e MDF como matéria-prima de todos os produtos gerados. Os outros materiais

utilizados são para auxiliar a fabricação, a montagem e acabamento desses produtos. Na

empresa não há organização no acondicionamento e no registro das sobras geradas das

produções que são concluídas. No formato de como o processo acontece, o material que será

quantificado e solicitado no orçamento, considera o uso da matéria-prima que será utilizada e

já é feito prevendo as futuras perdas de falha na produção. E este orçamento é feito pelos

próprios marceneiros diante da metragem total do produto final estabelecidas em projeto.

Este não apresenta planejamento de fabricação, nem de cortes, nem de montagens, que

auxiliem o processo produtivo. As duas principais matérias-primas primas que são utilizadas

na movelaria são madeira maciça e MDF, sendo que a primeira, é um material que não se

conhece a procedência. Segundo os marceneiros, as madeiras certificadas têm um alto custo

que eles não conseguem arcar.

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122

Mas para uma empresa que pretende atuar no mercado, utilizando a referência da preocupação

com o meio ambiente, é possível repensar algumas alternativas e até a possibilidade das

políticas públicas em apoio aos marceneiros. Assim, procedência de matéria-prima assume

papel relevante para certificar a qualidade do produto a ser desenvolvido, por fazer relação ao

uso da madeira preferencialmente reflorestada, o que demonstra uma preocupação por parte da

empresa com a geração de produtos ecologicamente corretos, a partir de áreas florestais

certificadas. Além do uso da madeira certificada é possível ter a preocupação com o uso dos

insumos, como produtos a base de solventes orgânicos (ARGENTA, 2007). Madeira como

pinho e eucalipto, provenientes de florestas plantadas, adquirem cada vez mais espaço no

mercado, tanto no Brasil, como em outros países, devido a restrições ambientas quanto ao uso

de madeiras nativas (ABMÓVEL, 2005).

Além disso, a empresa em Manaus com o sistema em que o corte de MDF acontece na loja em

que este é comprado, os marceneiros indicam as medidas das peças que necessitam para a

fabricação do móvel e a loja se encarrega do processo de corte, para entregar aqueles, somente

as partes do MDF que servirão para a produção efetiva. Segundo os marceneiros, esta é uma

solução que facilita o transporte do MDF para a oficina e estes não são responsáveis pela

finalização dos resíduos gerados nesta etapa.

Esta opção de processamento pode ser interessante para gerar ações de logística reversa, pois

a loja que executa este processo, concentra as sobras e resíduos de matéria-prima de várias

oficinas, fazendo com que pontos de reciclagem ou de retirada dos subprodutos fiquem

concentradas em uma área. Além disso, as ações com a logística, funcionariam para que este

subproduto do material fosse recondicionado, e houvesse a reintrodução destes a novos ciclo

produtivos ou de negócio, integrando novos canais de distribuição reversos, sendo que este

formato propicia o alcance de novos mercados, transporte e distribuição desse material para

outros usuários (GOMES; TORTATO, 2014).

Já na movelaria em Belo Horizonte a matéria-prima e outros insumos são adquiridos em lojas

especializadas e o corte do MDF acontece na própria oficina, assim como todas as outras etapas

de processamento do material, até a determinação de descarte dos resíduos que não serão

reaproveitados. Na oficina também há espaço próprio para almoxarifado, onde o material

comprado é armazenado, e o controle de material em falta ou que esteja acabando é feito pelos

marceneiros e montadores que alertam a gerência para providenciar a compra. Neste caso, a

matéria-prima atende bem a produção, por ter suas etapas reduzidas e controladas, mas há a

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123

possibilidade de trabalhar com madeira de reflorestamento em algumas partes do móvel, a fim

de diminuir a quantidade de MDF que é usado na fabricação do móvel.

5.1.5 Situações identificadas sobre os principais aspectos que, dentro do processo,

podem levar à geração de resíduos

Durante o levantamento de dados em Manaus, verificou-se que os marceneiros têm

conhecimentos e habilidades sobre as técnicas e atividades que são desenvolvidas na movelaria

e sobre o tratamento necessário para cada material utilizado. Seu aprendizado vem do oficio de

família, e um deles chegou a cursar a escola profissionalizante. A capacidade de desenvolver e

de aprendizado do ofício em movelaria, é um ponto positivo para o produtor local, que tem a

produção em pequena escala, é um fator que pode ser aproveitado nas gestões deste setor

(NASCIMENTO, 2015). Com relação à qualificação dos trabalhadores, no setor moveleiro de

Carmo do Cajuru há a realidade de baixa qualificação da mão de obra e da alta rotatividade de

pessoal, apesar de a maioria das empresas, cerca de 73%, terem recebido consultoria do Sebrae,

voltada para a área de custos, finanças, recursos humanos e planejamento comercial

(ROMEIRO, 2015).

Os marceneiros também reclamam das dificuldades que, como pequenos produtores, têm em

acessar matéria-prima de qualidade, em função do alto custo, a forma como o processo ocorre,

acaba gerando resíduos para o lixo comum. Algumas mudanças no processo produtivo e no

material utilizado podem contribuir para a minimização dos resíduos sólidos gerados, com a

utilização de madeiras melhoradas geneticamente, como o eucalipto e que pode substituir a

madeira nobre, o uso de adesivos orgânicos e verniz ou cola a base de água, no processo de

colagem e pintura das peças (ARGENTA, 2007). Um ponto positivo é que, apesar de

trabalharem com rascunhos como forma de representação dos projetos, que em alguns

momentos até a visualização das medidas fica comprometido, é possível entender que esta

forma de projeto é baseada na confiança de que os marceneiros já sabem executar este tipo de

produto. Mas não há preocupação com o uso da madeira desde as primeiras etapas de projeto.

Na movelaria em Belo Horizonte trabalham com uma linha de produção com o maquinário

mínimo para a fabricação de móveis em MDF. E a produção é pensada nas etapas deste

processo, porém, existem máquinas com tecnologias mais recentes e adequadas para o

processamento do MDF e que diminui a quantidade de resíduo gerado. Possuem o ponto

positivo que é o desenvolvimento de desenhos de representação dos produtos, que faz com que

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a gerência e marceneiros consigam se comunicar sobre o projeto diante do desenho

apresentado, assim como o levantamento de material que será necessário acontece a partir deste

elemento. Os marceneiros também têm habilidades para o desenvolvimento do trabalho e

alguns destes, possuem bastante tempo de trabalho na oficina.

5.1.6 Avaliação dos elementos que podem sofrer mudanças para a minimização e/ou

reuso de resíduos partindo das práticas de P + L

A partir dos dados coletados, é possível sugerir mudanças nas etapas do processo para

aplicação na empresa estudada, com o intuito de otimizar o funcionamento da empresa e

prevenir o gasto desnecessário de matéria-prima. Uma das principais formas de mudança,

recomendada pelos programas de gestão ambiental é quando a mudança no projeto do produto,

segundo Kiperstok, et al (2002) este é o primeiro nível de mudança para a aplicação da P+L

nas empresas. Porém, as pequenas empresas, no Brasil, não têm condições de investimento em

design próprio, tendo em vista o custo elevado deste serviço. Mas esta atividade pode atuar

em benefício das micro e pequenas empresas, agregando valor a partir dos traços e diversidades

culturais (SILVA, 2006) em complementação ao conhecimento do próprio marceneiro.

A representação do desenho técnico é uma ferramenta utilizada para que o produto seja

fabricado conforme o planejamento dos seus aspectos formais e dimensionais, considerando-

se a determinação de materiais a serem utilizados, acabamentos, ajustes e outras informações

e que, problemas de comunicação entre projeto e manufatura comprometem a produção e

podem gerar custos e atrasos na produção. Além disso, a importância do desenho técnico

também é a ajudar a visualizar as causas de problemas que possa vir a acontecer (Santos, 2003).

Na observação realizada em Manaus, em alguns momentos, percebe-se que o entendimento do

projeto/rascunho fica comprometido. É possível entender que esta forma o trabalho é executado

é baseada na confiança de que os marceneiros já sabem executar o produto. Esse ponto também

pode gerar dúvidas e atraso durante a confecção dos produtos, pois é preciso parar a produção

sanar a dúvida.

Também as ações de design podem acontecer ainda que não trabalhando com a possibilidade

de uma inovação radical, mas com modificações no processo de forma a atender as

necessidades e limitações da empresa local. Assim, o processo de reforma de móveis, que

atualmente é uma ação secundária na movelaria, é uma opção para evitar que a utilização de

maior quantidade de madeira para uma fabricação a partir do zero. Este serviço de manutenção

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e reparo dos móveis pode ser uma alternativa paralela ao comércio de venda de novos produtos.

Pode ser usado também a estratégia de trabalhar o prolongamento do ciclo de vida do produto,

pensados a partir de algumas iniciativas como a mudança no projeto do produto, para que este

seja mais resistente e durável, que representa uma medida atrativa para o mercado que incentiva

a compra e venda constante. Mas pode ser utilizado o processo de remanufaturamento de

móveis já existente e usados, para um mercado de aluguel ou arrendamento de móveis

(GARCIA, 2007).

É importante ter a visão de que os produtos desenvolvidos com reaproveitamento de material,

constituem projetos com peças em quantidades menores, menos frequentes, dependendo da

disponibilidade dos materiais de sobra, mas que podem constituir uma outra fonte de renda

para a empresa (BRAGA, 2010). E também, é preciso considerar que o reaproveitamento de

peças curtas e estreitas, que a principio não apresentam o tamanho e espessura considerada

proveitosa para o processo de reutilização, mas que existe a possibilidade de emendar as peças

de madeira, tanto no sentido do comprimento quanto na largura, para que possam ser utilizadas

em novos processos, este tipo de ação é o ponto em que a P+L agrega vantagem competitiva

para a empresa (CASTRO; OLVIEIRA, 2007). Este item é o nível 2, também apresentado por

Kiperstok et al (2002), que tem o foco na reciclagem interna, a partir da impossibilidade de

evitar a grande quantidade de resíduos, com as medidas de nível 1, estes podem ser reutilizados

em outros processos da empresa.

A empresa em Belo Horizonte se especializou em trabalhar com o MDF, por acreditar na

praticidade do material, que dispensa o trabalho de revestimento ou pintura. Esse material se

apresenta comercialmente atraente para o pequeno produtor por ser de baixo custo e diminuir

as etapas de beneficiamento durante o processo, o que aumenta a capacidade produtiva das

empresas e torna o setor mais produtivo (MÁXIMO, 2013). E a empresa possui um sistema

para reutilizar o material que sobra de outras produções, como matéria-prima de novos projetos.

Trabalham com a produção dos móveis a partir de desenho técnicos que é desenvolvido pela

gerência, quando a encomenda acontece com o cliente direto, ou utilizando os desenhos de

arquitetura e design, quando o trabalho é a partir de encomenda dessas profissionais. A

utilização desses desenhos permite que os marceneiros façam um planejamento e quantitativo

de material que será utilizado em cada trabalho e esta informação é sempre compartilhada com

a gerência.

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126

5.1.7 Categorização os resíduos gerados

Este item tem a finalidade de avaliar os resíduos que foram observados durante a pesquisa de

campo e propor as soluções que podem ser aplicadas nestes casos. De acordo com Lins et. al

(2010) em um estudo realizado em empresas do APL de móveis de Arapiraca-AL, existe o

trabalho de reaproveitamento de sobras de madeira como insumos para novos projetos, porém

esta ação não é seguida pela maioria das empresas, onde os resíduos são descartados na sua

totalidade em lixo comum. Sendo que o melhor aproveitamento deste material de sobra da

produção, ajudaria a promover melhorias na produção de cada empresa e na coletividade, com

o desenvolvimento de métodos para a reciclagem e tecnologias limpas compartilhadas, como

o aproveitamento de resíduos entre as empresas da região e o planejamento do arranjo físico

dos locais, possam agregar mais qualidade aos produtos e processos e a ampliação da

competitividade e de lucros. (LINS et. al, 2010). É uma característica das movelarias que a

preocupação com os impactos ambientais acontece na fase dos resíduos gerados e não durante

a escolha de materiais ou de processo, que é etapa de melhor aproveitamento da matéria-prima

e de se calcular o máximo da utilização do material comprado (LOPES, 2010).

Como forma de prevenir o prejuízo que as empresas podem ter com os resíduos da produção,

é necessário que estas desenvolvam o gerenciamento adequado destes materiais, considerando

suas realidades de recursos tecnológicos e econômicos, para isso podem ser feitos contatos com

as comunidades em que estão inseridas, para que estas sobras e resíduos possam ser utlizadas

como compostagem ou serragem para diversos fins (ARGENTA, 2007). Este é o nível 3,

apresentado por Kiperstok (2002) que compreende a reciclagem externa, mostrando que os

resíduos utilizados em processos fora da empresa ou a reintegração destes ao ciclo biogênico.

Na empresa em Belo Horizonte, as sobras de material que, segundo os marceneiros, não se

enquadram em um tamanho que seja possível a reutilização e são descartados no lixo, poderiam

ser utilizados como matéria-prima para outros produtos, como artesanatos, ou mesmo na

movelaria com a mudança do mix de produtos, como a fabricação de pequenos objetos. E ainda,

pode-se administrar melhor a quantidade de produtos tóxicos que são utilizados para diminuir

o consumo e posterior absorção dos mesmos pelo meio ambiente.

Um dos novos usos para os resíduos gerados que são derivados da madeira, em forma de

pedaços, pó e cepilhos que podem ser destinados a confecção de briquetes, e os pedaços

maiores podem ser picados e misturados ao pó de madeira para ser prensado e também

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transformado em briquete (LIMA, 2005). Assim como, dados levantados em movelarias de

Bento Gonçalves, constatou-se que resíduos de MDF são 100% aproveitados em olarias da

região, sendo que essa destinação acontece através de toca de serviço entre os setores, onde

estas ficam responsáveis pela coleta do material em troca do fornecimento do material por parte

de movelarias (KOCH, et al, 2014).

5.1.8 Direcionamento para a aplicação de design e dos princípios de P+L

Existem pontos em que podem ser implementadas melhorias do processo, a fim de tornar a

produção da movelaria mais eficiente. A gestão estratégica de negócios relaciona-se com o

design, pois tem a função e necessidade de realizar a ampla observação, identificação, estudos

e avaliação dos aspectos de uma empresa, não só de uma visão interna, considerando o capital

material, humano, processos e produtos, mas também do contexto externo, como o mercado

em que uma empresa esta inserida, seus concorrentes e realidades social, política e econômica

da sociedade, consumo, tendência e outros aspectos (PELLIZZONE, et. al, 2015). Desta

forma, é importante considerar as limitações financeiras e técnicas em que os marceneiros se

encontrar e por isso é proposto das Técnicas de Produção Mais Limpa que, segundo Kiperstok

et al (2002) propõe a implantação de uma série de medidas na empresa, que podem ocorrer de

forma mais simplificada, como um procedimento operacional ou até de tecnologia, se

necessário, visando a minimização dos resíduos gerados. Essas medidas podem ser implantadas

em 3 níveis, conforme o que foi averiguado na empresa, as necessidades e a capacidade que

tem de formular ações para o programa ambiental.

As MPE’s estudadas possuem problemas estruturais para o desenvolvimento do negócio local,

principalmente em termos de projetos e disponibilização de ferramentas adequadas, mas

possuem a vantagem de administrarem mais diretamente mudanças propostas, justamente pelo

tamanho da empresa que permite a coordenação dos trabalhadores de forma mais global.

Porém, para a inserção de métodos ou ferramentas da Gestão de Design, que são caracterizados

para empresa com setores de maior divisão e mais elaborados, e para a aplicação nestas

empresas de porte pequeno e pessoal reduzido, as ações são problemáticas de serem

implantadas.

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6 CONCLUSÃO

As empresas estudadas possuem notável similaridade entre si, apesar das diferenças regionais,

caracterizando-se por serem empreendimentos que atuam em seus negócios concentrando as

tarefas desenvolvidas como a captação de clientes, contatos com profissionais e

desenvolvimento do projeto, além de processo de fabricação do móvel por um número reduzido

de pessoas. Isto com pequena, ou nenhuma, capacidade financeira para ampliação e novos

investimentos. Assim, as etapas que são características da inserção da Gestão de Design em

uma empresa formalmente estruturada, são dificultadas nas empresas deste porte, tendo em

vista, além da questão financeira, problemas como falta de organização e de documentação dos

processos. Também a variabilidade característica da produção por encomenda dificulta uma

análise de natureza quantitativa necessária para implementação desta ferramenta. Por outro

lado, pode-se observar que é possível trabalhar alguns princípios do programa P+L, ainda que

de forma menos estruturada, trazendo uma perspectiva interessante para melhoria das

condições observadas.

Às empresas estudadas falta a visão de planejamento empresarial para organizar o trabalho e

propor metas a longo prazo. Por outro lado, estas possuem a vantagem de que na pequena

organização o acesso à gerência é facilitado, visto que em alguns casos, os próprios

trabalhadores atuam como gerentes e uma proposta de intervenção de design ou gestão

estratégica pode ser bem aceita, já que nas duas empresas os agentes se mostraram interessados

nas mudanças, apesar de não conhecerem o programa P+L. As empresas não praticam nenhuma

forma dos modelos clássicos de gestão de design, mas a pesquisa demonstrou que seus agentes

têm ciência da importância de que uma mudança nesse sentido traria melhorias consideráveis

para os negócios, ainda que não vejam como podem trabalhar com o gestor de design.

As empresas possuem semelhança entre sim, como em relação ao conhecimento do ofício em

movelaria dos trabalhadores. Alguns são marceneiros há muito tempo e demonstram domínio

em trabalhar com o material em questão. Mas encontram dificuldades também similares quanto

à utilização de máquinas de modelos ultrapassados, sendo que a aquisição de maquinários mais

modernos facilitaria o trabalho dos marceneiros e ajudaria a reduzir o desperdício de matéria-

prima, já que os modelos mais novos permitem melhor qualidade de confecção do produto.

Porém, considerando a realidade financeira das empresas, a ação de aquisição de novos

equipamentos, seria uma alternativa que pode ficar em foco para um segundo momento de

ações das empresas.

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A reciclagem interna é uma boa alternativa que pode ser implantada de forma mais imediata,

diante da situação que as empresas têm, relacionadas as sobras que ocupam o espaço da oficina,

com a classificação e a melhor disposição de armazenamento das madeiras de sobra. Os

arranjos físicos das oficinas também podem ser melhor pensados, a fim de tornar o processo

mais otimizado.

A pesquisa se atém a indicar ações que possam contribuir para a mudança no processo visando

a prevenção do desperdício de matéria-prima, que ficou claro durante a o levantamento de

dados. A pesquisa demonstrou que as empresas normalmente não têm ações relacionadas à

questão da melhoria dos padrões ambientas ou, quando agem, o fazem de forma incipiente. A

aplicação de princípios de Produção mais Limpa relacionadas à prevenção de desperdício de

matéria-prima e melhorias no processo produtivo, bem como ações de âmbito estrutural podem

ser de grande valia para o posicionamento da pequena empresa na direção de uma gestão

ambiental. Com uma reorganização da produção, é possível fazer uma nova avaliação a partir

da metodologia da P+L, com a quantificação dos dados mais evidentes, e propor a contínua

melhoria nas ações da empresa.

Pode-se dizer que esta pesquisa abre campo para diversas questões em aberto e oportunidades

para novos trabalhos. Parece claro que os problemas observados são comuns as MPE’s de

movelaria de diversas áreas, ocorrendo em diferentes regiões do país e não se alterando

profundamente ao logo do tempo, conforme observado por CENACHI e ROMEIRO (2004).

Desta forma, pesquisas voltadas para melhoria das condições de produção nessas empresas

podem trazer amplos benefícios sociais e econômicos, tendo em vista o grande número dessas

empresas no Brasil.

Outra oportunidade refere-se à investigação sobre formas de gestão adequadas às MPE’s de

movelarias, considerando-se que, embora os profissionais se mostrem interessados na

implantação de melhorias, as ferramentas consideradas apropriadas para estes setores,

incluindo gestão de design e P+L, foram elaboradas tendo em vistas as características e

necessidades das grandes empresas e dificultam a inserção destas metodologias em pequenos

negócios.

Também estudos voltados a MPE’s de outras áreas no contexto de Manaus e do estado do

Amazonas mostram-se importantes, devido à muito peculiar situação da região, o que inclui as

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grandes distâncias em relação a outras regiões do país, a influência da zona franca e a presença

de grandes empresas na região.

Por fim, estudos voltados à gestão de design e à sustentabilidade mostram-se fundamentais

para melhoria dos padrões de competitividade observados nas MPE’s brasileiras. Pesquisas

voltadas para setores tradicionais, de baixa tecnologia agregada e produtos que requeiram

soluções inovadoras podem contribuir de forma marcante para a melhoria dos resultados

alcançados, dos produtos e das condições de trabalho e de vida dos envolvidos.

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ANEXOS

Anexo I

1 Fase de identificação e qualificação da empresa:

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2 Identificação das deficiências de processo:

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3 Sobre a Identificação de barreiras à P+L e suas soluções:

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4 Sobre conhecimento e caracterização das correntes de entrada do processo (fluxo de

materiais):

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5 Situações identificadas sobre os principais aspectos que, dentro do processo, podem levar a

geração de resíduos:

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6 Avaliação dos elementos que podem sofrer propostas de mudanças para a minimização e/ou

reuso de resíduos partindo das práticas de P + L:

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7 Categorização dos resíduos gerados:

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Anexo II

Apresentação dos quadros de perguntas e de respostas, a partir das entrevistas realizadas com os marceneiros nas duas empresas:

Quanto à formação dos trabalhadores

Perguntas

Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marceneiro 2°marceneiro 1°marceneiro 2° marceneiro 3° marceneiro 4° marceneiro

Há quanto tempo trabalha como marceneiro?

20 anos 10 anos 19 anos Desde 86 5 anos Desde 98

Quanto tempo trabalha como marceneiro, nesta empresa?

Outubro 2014 2 anos 19 anos Há 13 anos 3 anos Desde 98

Onde e como aprendeu o ofício?

No município de Parintins, em oficinas perto de sua casa. Depois estudou em escola do Senai

Tinha noção, mas aprendeu mais e outras formas foi na ultima empresa que trabalhou.

Aprendeu nesta movelaria

Aprendeu na primeira movelaria que trabalhou, onde tinha a função de ajudante de limpeza e se interessou em aprender o oficio.

Em outra empresa, que era de um parente.

Aprendeu nesta movelaria.

Por que escolheu trabalhar nessa área?

Porque não tinha outra opção, na cidade em que cresceu, ou era agricultor ou marceneiro

Por curiosidade, porque o pai era marceneiro.

Porque na época estava difícil arrumar trabalho e surgiu esta vaga para trabalhar nesta oficina.

Porque gosta. Aprendeu porque achava interessante

Porque surgiu essa vaga para trabalhar.

Já trabalho em outra profissão?

Sim, como padeiro.

Sim Sim. Como bombeiro hidráulico e conferente de carga.

Sim, como pintor de parede, mas não gostava e por isso não seguiu na função

Trabalhou como cobrador e em telemarketing

Trabalhou em antiquário, com reforma de móveis; como padeiro; em transportadora.

Possui outra formação profissional?

Somente na escola do Senai.

Não Nunca fez curso de marceneiro. Mas consegue entender o desenho técnico e quando tem dificuldade, pergunta a outro colega.

Não tem curso, aprendeu sozinho e não tem dificuldade em ler o desenho técnico.

Nunca fez curso, mas não tem dificuldade. Quando tem dúvida, é preciso perguntar a outra pessoa.

Fez curso de desenho técnico; não tem conhecimento no computador, mas sabe ler e fazer.

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Qual a percepção do funcionário sobre o funcionamento na empresa. De 1 a 5 que nota daria para as seguintes afirmações. Onde: 1 significa: discordo totalmente; 2 significa: discordo; 3 significa: tanto faz; 4 significa: concordo; 5 significa: concordo totalmente:

Perguntas

Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. 3° marcen. 4° marcen.

Tenho preocupação ambiental em relação aos resíduos gerados na produção.

4 4 3 5 4 2

Considero a fábrica um lugar limpo, arejado e bem iluminado.

4 2 2 1 1 1

Estou satisfeito com a atual divisão de trabalho.

5 5 4 3 5 2

Acho que a forma pela qual o móvel é executado é a ideal.

2 3 5 1 3 5

Qual o grau de importância para os seguintes itens que podem gerar barreiras à implantação de práticas mais limpas e ambientais no processo produtivo. As respostas foram dadas a partir dos critérios: Sem importância; Pouco importante; Sem opinião; Importante; Muito importante.

Perguntas

Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. 3° marcen. 4° marcen.

Custo de matéria-prima elevado Muito importante

Muito importante

Importante Muito importante

Importante Importante

Falta de infraestrutura da empresa

Muito importante

Muito importante

Pouco importante

Muito importante

Importante Importante

Falta de incentivos do governo Muito importante

Muito importante

Importante Muito importante

Importante Muito importante

Legislação ambiental Importante Importante Muito importante

Muito importante

Importante Importante

Falta de recursos financeiros Muito importante

Muito importante

Pouco importante

Pouco importante

Muito importante

Importante

Na sua opinião, de uma maneira geral, como avalia a dificuldade para a implantação de processos mais limpos. As respostas foram dadas a partir dos critérios: Muito difícil; Pouco difícil; Sem opinião; Fácil; Muito Fácil.

Perguntas

Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. 3° marcen. 4° marcen.

Muito difícil X X

Pouco difícil X X X

Sem opinião

Fácil X

Muito fácil

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Quanto à organização das empresas na produção Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. Existe a preocupação com a manutenção dos equipamentos da empresa?

Sim, com certeza, pois é mais barato prevenir do que consertar.

Sim De vez enquanto é feita a manutenção

Tem que ter Mais ou menos

Às vezes

Existe algum vazamento aparente no local, de agua ou outro produto?

Não

Não Não Não Não Não

Existe preocupação em diminuir a quantidade de material que sobra no final da produção?

Com certeza.

Com certeza Não Uns tem a preocupação, outros não. Uma forma de economizar é não errar no corte, tem que planejar o corte.

Estão começando a fazer o plano de corte agora, no projeto.

Não

O material que fica estocado, é controlado constantemente?

Não, pois o estoque é pequeno.

Não

Sim Sim Às vezes

Muito pouco

O material que sobra do processo produtivo, recebe algum tipo de tratamento, ou reaproveitamento no final da produção?

A madeira e o MDF são aproveitados em outros trabalhos. E não se faz tratamento.

Sim, a maioria é reaproveitado

O que dá para aproveitar, aproveita

Não existe, quase nada. Na oficina não tem a prensa; falta máquina de prensa.

Alguns sim, alguns não.

Sim, é reutilizado.

Qual o grau de importância para os seguintes itens que podem gerar barreiras à implantação de práticas mais limpas e ambientais no processo produtivo. As respostas foram dadas a partir dos critérios: Sem importância; Pouco importante; Sem opinião; Importante; Muito importante.

Perguntas

Empresa em Manaus Empresa em Belo Horizonte

1° marcen. 2° marcen. 1° marcen. 2° marcen. 3° marcen. 4° marcen.

Redução dos custos da produção

Muito importante

Muito importante

Importante Muito importante

Importante Importante

Melhor Eficiência dos recursos Importante Importante Muito importante

Muito importante

Importante Importante

Diminuição da degradação do meio ambiente

Importante Importante Sem opinião Muito importante

Importante Importante

Conscientização ambiental Importante Muito importante

Sem opinião Muito importante

Importante Importante

Melhoria da qualidade do produto final

Muito importante

Muito importante

Importante Muito importante

Importante Importante

Melhoria da imagem da empresa

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Oferta de produtos melhores ao consumidor

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Muito importante

Importante Importante