Dissertação de Mestrado - Engenharia de Energias.pdf

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Adair Vilas Boas Martins Dissertação apresentada à Universidade Federal de Itajubá para obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia da Energia. O USO DA TÉCNICA DOS GRAFOS DE LIGAÇÃO PARA A SIMULAÇÃO DE CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM REGIME TRANSITÓRIO Itajubá 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI

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  • Adair Vilas Boas Martins

    Dissertao de Itajub pCincias em

    O USO DA TCNICA DOS GRAFOS DE LIGAOPARA A SIMULAO DE CENTRAIS HIDRELTRICAS

    EM REGIME TRANSITRIO

    I

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB - UNIFEIapresentada Universidade Federalara obteno do ttulo de Mestre em Engenharia da Energia.tajub2004

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB - UNIFEI

    Dissertao apresentada Universidade Federal de Itajubpara obteno do ttulo de Mestre em Cincias emEngenharia da Energia.

    rea de Concentrao: Gerao Hidreltrica

    Orientador: Dr. Geraldo Lcio Tiago Filho (UNIFEI)Co-orientador: MSc. Angel Roberto Laurent (UNCo)

    O USO DA TCNICA DOS GRAFOS DE LIGAOPARA A SIMULAO DE CENTRAIS HIDRELTRICAS

    EM REGIME TRANSITRIO

    Itajub 2004

    Adair Vilas Boas Martins

  • minha famlia, Roberto, Viviana, Mauricio e Jessica que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Geraldo Lcio Tiago Filho, pela amizade, sugesto do tema, orientao eapoio concretizao deste trabalho de dissertao.

    Ao Prof. Roberto Laurent, pelo carinho, ajuda incondicional, incentivo e co-orientao destadissertao.

    Aos Professores Zulcy de Souza, Edson Bortoni, Augusto Nelson de Carvalho e GensioJos Menon pelo incentivo e apoio dado.

    Aos Professores Mrcia Martins e Oscar Maldonado pela amizade e apoio incondicional.

    todas secretrias do LHPCH, especialmente Evilene e Amlia, pela amizade e ajudabrindada.

    Ao Centro Nacional de Referncias em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergticos(CERPCH) pela aquisio do software utilizado nesta dissertao.

    Ao Eng. Glauco Freitas da Voith Siemens pelas valiosas informaes conferidas.

    Ao meu filho Mauricio que com muita pacincia fez os desenhos que compe este trabalho.

    minhas filhas Viviana e Jessica pelas noites de companhia e ajuda na reviso da digitao.

    Facultad de Economa y Administracin e ao Departamento de Ciencias de laComputacin de la Universidad Nacional del Comahue (UNCo), Patagnia, Argentina, porpropiciar minha participao na concretizao deste trabalho.

    diretora do Departamento de Cincias de la Computacin, Jorgelina Giorgetti peloincentivo constante.

    todos os docentes do Departamento Ciencias de la Computacin, especialmente LauraSanchez, Ldia Lpez, Carina Fracchia, Claudia Allan, Ingrid Godoy, AlejandraChegoriansky, Nadina Carod, Susana Parra, Sandra Roger, Laura Cecchi e Silvia Amaropela amizade e ajuda brindada.

    Aos docentes Irene Mosconi do Departamento de Matemtica e Marta Marizza doDepartamento de Construcciones pela amizade e apoio dado.

    Aos docentes Orlando Audisio e Ariel Marchegiani do Departamento de Mecnica pelacolaborao prestada.

    Meus agradecimentos a todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente, quecolaboraram neste trabalho.

  • SUMRIO

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    1.1 Justificativa da Dissertao.......................................................................................1

    1.2 Objetivo da Dissertao................................................................................................2

    1.3 Contedo da Dissertao..................................................................................................3

    1.4 Reviso Bibliogrfica...................................................................................................3

    CAPTULO 2 - EQUAES DIFERENCIAIS PARA TRANSITRIOS EM CIRCUITOS HIDRULICOS

    2.1 Introduo...................................................................................................................6

    2.1.1 Causas dos Transitrios Hidrulicos........................................................................7

    2.2 Propagao das Ondas de Presso em um Sistema Hidrulico...........................................7

    2.2.1 Celeridade das Ondas de Presso............................................................................12

    2.2.2 Tempo de Reflexo da Onda no Conduto...............................................................13

    2.3 Equaes Fundamentais para o Escoamento Transitrio..................................................15

    2.3.1 Equao do Movimento.....................................................................................15

    2.3.2 Equao da Continuidade......................................................................................16

    2.3.3 Forma Simplificada das Equaes Fundamentais.................................................17

    2.3.4 Consideraes sobre as Equaes Fundamentais..................................................18

    2.4 Mtodos de Resoluo das Equaes Diferenciais...........................................................19

    2.5 Analogia entre Circuitos Hidrulicos e Eltricos: Resistncia, Inertncia e Capacitncia

    Fluda................................................................................................................................20

    2.5.1 Grandezas por Unidade...................................................................................23

    2.6 Concluses....................................................................................................................25

    CAPTULO 3 - METODOLOGIA DOS GRAFOS DE LIGAO

    3.1 Origem dos Grafos de Ligao.........................................................................................26

  • 3.2 Elementos Bsicos dos Grafos de Ligao.......................................................................27

    3.3 Elementos Passivos e Ativos............................................................................................29

    3.3.1 Resistncia..............................................................................................................30

    3.3.2 Capacitncia............................................................................................................31

    3.3.3 Inertncia.................................................................................................................32

    3.3.4 Elementos Transdutores..........................................................................................34

    3.3.5 Elementos de Juno...............................................................................................36

    3.3.5.1 Juno tipo 0..........................................................................................36

    3.3.5.2 Juno tipo 1..........................................................................37

    3.4 Causalidades..................................................................................................................37

    3.5 Algoritmo para Construo dos Grafos de Ligao..........................................................41

    3.5.1 Procedimento para Assinalar as Causalidades........................................................41

    3.5.2 Exemplos de Construo dos Grafos de Ligao...................................................42

    3.5.2.1 Circuito Eltrico RLC...............................................................................42

    3.5.2.2 Sistema Mecnico de Translao:Massa-mola.........................................44

    3.5.2.3 Circuito hidrulico: Reservatrio, Conduto Forado e Vlvula...............46

    3.6 Equaes de Estado...........................................................................................................48

    3.7 Concluses........................................................................................................................52

    CAPITULO 4 - APLICATIVOS DISPONVEIS

    4.1 Introduo.........................................................................................................................53

    4.2 20-SIM..............................................................................................................................53

    4.2.1 Ambiente 20-SIM...................................................................................................54

    4.3 SYMBOLS2000................................................................................................................59

    4.3.1 Ambiente SYMBOLS 2000....................................................................................59

    4.4 POWERDYNAMO...........................................................................................................64

    4.4.1 Ambiente POWERDYNAMO.................................................................................65

    4.5 Outros Programas..............................................................................................................70

    4.6 Concluses........................................................................................................................71

  • CAPTULO 5 - SIMULAO DO GOLPE DE ARETE COM GRAFOS DE LIGAO

    5.1 Modelagem do Conduto Forado com Parmetros Concentrados................................72

    5.2 Modelagem da Vlvula.................................................................................................74

    5.3 Exemplo Proposto por Wylie e Streeter (1990)................................................................75

    5.3.1 Clculo das Grandezas do Circuito Hidrulico para a Tubulao Discretizada

    em Dois Trechos com Circuito T............................................................76

    5.3.2 Grafos de Ligao do Exemplo Proposto..............................................................77

    5.3.3 Comparao da simulao obtida com Grafos de Ligao e com o Mtodo das

    Caractersticas........................................................................................................77

    5.4 Correo da Capacitncia.................................................................................................79

    5.5 Resistncia no Linear versus Resistncia Linear............................................................81

    5.6 Exemplo Proposto por Watt.............................................................................................81

    5.6.1 Grafos de Ligao do Exemplo Proposto...............................................................84

    5.6.2 Comparao da Simulao obtida com Grafos de Ligao e com o Mtodo das

    Caractersticas.........................................................................................................85

    5.7 Concluses........................................................................................................................87

    CAPITULO 6 - INTERAO ENTRE TURBINA, REGULADOR DE VELOCIDADE E CARGA ELTRICA

    6.1 Consideraes Gerais........................................................................................................88

    6.2 Modelagem da turbina com Grafos de Ligao: Girador ou Transformador?..................91

    6.3 Representao com Grafos de Ligao da Inrcia Mecnica e a Carga Eltrica..............93

    6.4 Perdas e Rendimento.........................................................................................................95

    6.5 Diagrama de blocos do Regulador de Velocidade............................................................98

    6.6 Modelo de um sistema Hidreltrico Isolado...............................................................100

    6.7 Simulao com Grafos de Ligao de Casos de Rejeio e Aceitao de Carga

    Propostos por Wylie e Streeter (1993)..................................................................101

    6.8 Anlise de Rejeio Total de Carga na Hidreltrica Santa Clara...............................108

    6.9 Concluses......................................................................................................................113

  • CAPTULO 7 - CONCLUSES E SUGESTES

    Concluses e Sugestes.........................................................................................................114

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS....................................................................118

    ANEXO A - PREOS DOS APLICATIVOS

    ANEXO B - PUBLICAES DERIVADAS DESTA DISSERTAO

    B.1 Bond Graphs versus Mediciones de Laboratorio y el Mtodo de las Caractersticas en la Simulacin del Golpe de Arete.

    B.2 O Uso da Tcnica dos Grafos de Ligao na Simulao de Sistemas Hidrulicos em Regime Transitrio.

  • LISTA DE FIGURAS E TABELAS

    CAPTULO 2

    FIGURAS:

    2.1 Onda de presso no fechamento instantneo de uma vlvula..... 8

    2.2 Fechamento instantneo da vlvula de um conduto forado (sem perturbao).... 9

    2.3 Vlvula totalmente fechada............ 9

    2.4 Tempo L/2a......... 10

    2.5 Tempo L/a .......... 10

    2.6 Tempo 3L/2a............... 10

    2.7 Tempo 2L/a ....... 11

    2.8 Tempo 5L/2a....... 11

    2.9 Tempo 3L/a ........ 11

    2.10 Tempo 7L/2a....... 12

    2.11 Tempo 4L/a..... 12

    2.12 Volume de controle para a equao do movimento.... 16

    2.13 Volume de controle para a equao da continuidade.......... 17

    2.14 Pequeno elemento de uma linha de transmisso..... 20

    CAPTULO 3

    FIGURAS:

    3.1 Smbolo de causalidade... 29

    3.2 Representao convencional das fontes...... 30

    3.3 Representao convencional para a resistncia...... 30

    3.4 Representao convencional para a capacitncia.......... 31

    3.5 Lei constitutiva para a capacitncia........... 32

    3.6 Representao para a inertncia..... 33

    3.7 Lei constitutiva da inertncia......... 34

    3.8 Representao convencional do transformador......... 35

  • 3.9 Representao convencional do elemento de transformao indireta........ 35

    3.10 Representao convencional da juno 0... 36

    3.11 Representao convencional da juno 1... 37

    3.12 Circuito RLC...... 43

    3.13 Exemplo de construo dos GL: Circuito Eltrico RLC.... 43

    3.14 Sistema mecanico Massa- mola...... 44

    3.15 Exemplo de construo com GL do Sistema Mecnico: Massa mola... 45

    3.16 Sistema Hidrulico.. 46

    3.17 Exemplo de construo com GL do sistema hidrulico...... 47

    3.18 Procedimentos para a obteno das equaes de estado a partir dos GL....... 49

    TABELAS:

    3.1 Variveis generalizadas...... 28

    3.2 Causalidades, diagrama de blocos dos elementos primrios... 39

    3.3 Elementos bsicos, equaes constitutivas e causalidades..... 40

    CAPTULO 4

    FIGURAS:

    4.1 Janelas do 20 SIM... 54

    4.2 Circuito RLC serie com 20 SIM..... 55

    4.3 Subjanela das equaes constitutivas da capacitncia..... 56

    4.4 Subjanela Parameters...... 57

    4.5 Janela Simulator: Representao grfica..... 58

    4.6 Resultado da simulao com 20.. 58

    4.7 Janela do mdulo Bond Pad....... 60

    4.8 Modulo Simulator: subjanela de parmetros e representao grfica..... 61

    4.9 Janela de compilao....... 62

    4.10 Janela compilao: subjanela Set Path........... 62

    4.11 Sada da simulao.. 63

    4.12 Resultado da simulao com SYMBOLS 2000...... 64

    4.13 Janela principal....... 65

    4.14 Janela de biblioteca: elementos lineares dos Grafos de Ligao 65

  • 4.15 Circuito RLC serie com POWERDYNAMO...... 66

    4.16 Uma janela de parmetros... 67

    4.17 Diagrama de blocos circuito RLC serie no ambiente SIMULINK....... 68

    4.18 Diagrama de blocos circuito RLC modificado........... 68

    4.19 Resultado da simulao circuito RLC serie com POWERDYNAMO... 69

    4.20 Obteno da sada da simulao desde Grafos de Ligao..69

    4.21 Resultado da simulao... 70

    CAPTULO 5

    FIGURAS:

    5.1 Conduto forado da Usina Antas II em Poos de Caldas (MG Brasil)... 72

    5.2 Representao do conduto forado discretizado em dois trechos com Grafos de

    Ligao.... 74

    5.3 Representao da vlvula com Grafos de Ligao .... 75

    5.4 Exemplo proposto por Wylie e Streeter...... 75

    5.5 Representacao do sistema hidraulico usando GL com o 20-SIM e a tubulao

    discretizada em 2 trechos.. 77

    5.6 Resultado da simulao com Grafos de Ligao.... 78

    5.7 Resultado da simulao com o mtodo das caractersticas........ 78

    5.8 Sobrepresso na vlvula com Grafos de Ligao e mtodo das caractersticas..... 79

    5.9 Sobrepresso na vlvula com correo da capacitncia ........ 80

    5.10 Golpe de arete e amortecimento com resistncia linear e no linear .... 82

    5.11 Esquema original proposto por Watt.......... 83

    5.12 Modelo dos GL para simular golpe de arete com 20-SIM e tubulao

    discretizada em 1 trecho ....... 85

    5.13 Modelo dos GL para simular golpe de arete com 20SIM e tubulao

    discretizada em 4 trechos ......... 85

    5.14 Transitrio de presso medido e simulado com GL ....... 86

    5.15 Golpe de arete simulado com o mtodo das caractersticas e GL...... 87

    TABELAS:

    5.1 Lei de fechamento da vlvula.. 83

  • CAPTULO 6

    FIGURAS:

    6.1 Interao entre sistema hidrulico e eltrico... 88

    6.2 GL em palavras de um sistema hidreltrico isolado.... 90

    6.3 Variao dos mdulos do transformador e girador durante uma rejeio total de

    carga, excluindo o efeito da abertura.do distribuidor ........ 93

    6.4 Modelagem da turbina como transformador modulado no linear com 20- SIM... 93

    6.5 Turbina, gerador e volante de inrcia da Usina Antas II de Poos de Caldas........ 94

    6.6 Representao com 20 SIM da inrcia e da carga como fonte inversa modulada.. 95

    6.7 Perdas de torque (esquerda) e por escorregamento (direita) modeladas

    com resistncias.. 95

    6.8 Perda de torque modelada com uma fonte inversa controlada....... 96

    6.9 Perdas de torque moduladas com a vazo e a velocidade.. 97

    6.10 Vista do servomotor principal do regulador da Usina Santa Clara (M.G.).... 98

    6.11 Diagrama de blocos de um regulador com estatismo nulo, limitadores

    de velocidade e posio, e tabela de correo da abertura. 100

    6.12 GL de um sistema hidreltrico isolado modelado com 20 SIM..... 101

    6.13 Poro do diagrama de colina da turbina estudada... 102

    6.14 Curvas correspondentes s tabelas da figura 6.12 para o caso proposto por

    Wylie e Streeter... 103

    6.15 Obteno das condies iniciais automaticamente......... 103

    6.16 Simulao da rejeio parcial de carga com TURB.FOR...... 104

    6.17 Simulao da rejeio parcial de carga com 20-SIM..... 104

    6.18 Simulao de rejeio total de carga com TURB.FOR...... 105

    6.19 Simulao de rejeio total de carga com 20-SIM e distribuidor no linear.. 105

    6.20 Simulao de rejeio total de carga com 20-SIM e distribuidor linear..... 106

    6.21 Simulao de aceitao de carga com TURB.FOR.... 107

    6.22 Simulao da aceitao de carga com 20 SIM... 107

    6.23 Rendimento pouco realista em funo da vazo segundo o TURB.FOR... 108

    6.24 Vista panormica da Usina Hidreltrica Santa Clara (M.G Brasil).... 108

    6.25 Simulao rejeio total de carga com o programa SIPROHS da VOITH-HYDRO.. 111

    6.26 Rejeio total de carga na Usina Hidreltrica Santa Clara...... 112

  • LISTA DE SMBOLOS

    Caracteres Latinos

    a celeridade da onda de presso [m/s]A rea [m2]

    matriz dos coeficientes das variveis de estadoAo rea da seco transversal do condutoA(x) rea da vlvulaB matriz dos coeficientes das variveis de estadoC capacitncia [F]C1 tipo de fixao do condutoCx capacitncia por unidade de comprimentoCd coeficiente de descarga da vlvulaCpu capacitncia fluida por unidadeC/x capacitncia por unidade de comprimentoD dimetroEc energia cintica [J]Em coeficiente caracterstico da vlvulaEp energia potencial [J]E(t) varivel relacionada fonte de esforoE mdulo de elasticidade do materiale esforo varivel de estado

    espessura da parede do tubof fluxo varivel de estado

    fator de fricoF fora [N]F(t) varivel relacionada fonte de fluxoGY giradorg acelerao da gravidadeHo carga esttica do sistemaHR altura do reservatrioH carga hidrulica [m]I inertnciaIpu inertncia fluida em por unidadeI/x inertncia por unidade de comprimentoI corrente eltrica [A]J momento total de inrciak compressibilidadeK constante de proporcionalidade

    ganhoL comprimento do tubo [m]

    indutncia [H]m massa [kg]

    mdulo do transformadorPo potncia refernciaPe potncia no eixo [w]p quantidade de movimentoP presso [Pa]

    p& derivada da quantidade de movimento

  • p.u por unidadeQ vazo [m3/s]Qo vazo de operao do sistemaq deslocamento R/Q resistncia por unidade de vazor mdulo do giradorrpu resistncia fluida em por unidadeR resistncia eltricaRv resistncia da vlvulaRv/Q resistncia por unidade de vazo da vlvulaRpu resistncia fluida em por unidadeR/x resistncia por unidade de comprimentoSe fonte de esforoSf fonte de fluxoT tempo [s]TF transformadortc tempo de fechamento da vlvulaT torque [N.m]To torque correspondente potncia absorvida pelo geradorTd constante de tempo do amortecedorT constante de tempo de prontidoU tenso [Volts]u(t) vetor coluna correspondente as variveis de excitaoV velocidade [m/s]vo velocidade do escoamento em regime permanentex distnciay abertura distribuidor [pu]Zo impedncia base

    Caracteres Gregos

    ngulo de inclinao do conduto grandeza unitria

    H sobrepresso mximaU queda de voltagem estatismo transitrio / derivada parcial rendimento [pu]T rendimento total [pu] ngulo de inclinao grandeza qualquero grandeza de referncia massa especfica [kg/m3] estatismo permanenteo tenso de cizalhamento lei de fechamento da vlvula freqncia fundamental de oscilao velocidade angular [rd/s]

  • RESUMO

    Estuda-se a simulao de fenmenos transitrios em tubulaes e centraishidreltricas usando aplicativos de uso geral baseados na metodologia dos Grafos de Ligao.A modelagem com Grafos de Ligao tira proveito do intercmbio de potncia e dasanalogias entre os subsistemas hidrulico, mecnico e eltrico, permite descrever nolinearidades importantes dos componentes, e pode utilizar-se para simular pequenas e grandesrespostas transitrias. Apresenta-se um panorama sobre os aplicativos mais convenientes parao uso acadmico.

    Faz-se uma anlise da modelagem das tubulaes atravs de parmetrosconcentrados versus distribudos. As simulaes do Golpe de Arete em dois sistemas simplescompostos de um reservatrio, conduto forado e vlvula, do resultados bastante exatosdesde o ponto de vista prtico nas comparaes com simulaes com mtodo dascaractersticas e dados experimentais.

    Ao final, prope-se uma modelagem original da turbina hidrulica como umtransformador no linear e desenvolve-se um modelo de eficincia, carga eltrica e reguladorde velocidade. Esta modelagem usada para simular rejeies parcial e total de carga eaceitaes de carga em dois sistemas de potncia eltrica isolados: um caso tirado da literaturaclssica e um estudo recente da Usina Hidreltrica Santa Clara em Minas Gerais, Brasil. Ascomparaes dos transitrios de velocidade e presso com outros mtodos e aplicativosespecializados confirmaram a validade da modelagem da turbina e dos outros componentes.

  • ABSTRACT

    The simulation of transient phenomena in pipes and hydroelectric power plants,using standard software based on the Bond Graphs approach, is investigated. The BondGraphs modeling takes advantage of the power exchange and the analogies between thehydraulic, mechanic and electrical subsystems, permits to describe the major nonlinearities ofthe components, and can be used to simulate the small and large transient response. A surveyabout the most suitable software for academic use is presented.

    The modeling of conduits through lumped parameters versus distributed ones isanalyzed. The simulations of water hammer in two simple systems composed of reservoir,conduit and valve, give quite accurated results from the practical point of view whencompared with simulations with the Method of Characteristics and experimental results.

    Finally, a new model of hydraulic turbine as a nonlinear transformer is proposed anda model of efficiency, electric load and governor are developed. This modeling is used tosimulate partial and total load rejection and load acceptance in two isolated electrical powersystems: a case extracted from classical literature and a recent study of Santa ClaraHydroelectric Power Plant in Minas Gerais, Brazil. The comparisons of speed and pressuretransients with another methods and specialized software confirmed the validity of the turbineand the others components modeling.

    .

  • Captulo 1- Introduo 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 Justificativa da Dissertao

    Os fenmenos transitrios em sistemas hidrulicos podem causar srios problemas

    aos equipamentos e tubulaes. O golpe de arete o fenmeno transitrio de elevao (golpe

    de arete positivo) ou diminuio (golpe de arete negativo) da presso provocado pelo

    fechamento ou abertura rpida do mecanismo de controle (vlvula, injetor, distribuidor, etc.)

    de vazo em um conduto forado. Um caso de interesse o fechamento do distribuidor que o

    regulador de velocidade executa quando ocorre uma rejeio parcial ou total de carga em uma

    central hidreltrica para limitar a sobrevelocidade do gerador e da turbina. O conhecimento

    deste fenmeno transitrio fundamental para o dimensionamento tcnico e economicamente

    adequado dos sistemas hidrulicos.

    O mtodo mais utilizado para a simulao de transitrios hidrulicos o denominado

    Mtodo das Caractersticas, introduzido na dcada de 1960 por Streeter. As equaes

    diferenciais parciais fundamentais: da quantidade de movimento e da continuidade que

    modelam uma tubulao so do tipo hiperblicas e para serem solucionadas so expressas em

    forma de diferenas finitas e integradas numericamente no plano (x,t) com intervalos t e x

    constantes. Lamentavelmente, os programas computacionais baseados neste mtodo resultam

    poucos flexveis e tm a desvantagem de estar limitados a casos particulares e de apresentar

    dificuldades para modelar a interao entre os diferentes domnios de energia: hidrulico,

    mecnico, eltrico, etc., em uma central hidreltrica. Seu principal mrito sua exatido por

    considerar a tubulao com parmetros distribudos.

    Um mtodo que no tem estas limitaes e que comeou a ser utilizado para este fim

    a tcnica dos Grafos de Ligao. O objetivo da sua criao foi superar as limitaes dos

    modelos clssicos baseados em funes de transferncia e diagrama de blocos que somente

    utilizam uma entrada e uma sada.

    Curiosamente, esta tcnica foi criada pelo professor Henry Paynter para modelar

    justamente a interao entre os subsistemas hidrulico, mecnico e eltrico no processo de

    gerao hidreltrica, embora tenha sido utilizada mais popularmente em outras aplicaes.

  • Captulo 1- Introduo 2

    Nos ltimos anos vem sendo utilizada em forma crescente com o propsito inicial da sua

    criao (Tiago Filho, 1994; Carvalho 1995).

    Ento, a justificativa deste trabalho a necessidade de aprofundar no estudo da

    aplicabilidade do mtodo dos Grafos de Ligao na modelagem de centrais hidreltricas para

    simulao de transitrios, vistas as suas vantagens e potencialidades. Uma motivao

    importante a inexistncia de antecedentes na literatura de modelagem de turbinas hidrulicas

    com esta metodologia.

    1.2 Objetivo da Dissertao

    O objetivo principal deste trabalho de dissertao o estudo da utilizao do mtodo

    dos Grafos de Ligao na simulao de transitrios em centrais hidreltricas. Particularmente

    se pretende verificar a aplicabilidade do mtodo na determinao do golpe de arete provocado

    pelo fechamento rpido de vlvulas no conduto forado e obter a modelagem da turbina

    hidrulica, regulador de velocidade e carga para simulao de rejeio parcial ou total da

    carga eltrica. Alm disso, outro objetivo fazer um estudo e reviso dos programas

    computacionais existentes no mercado que utilizam esta metodologia, especialmente os mais

    apropriados para uso acadmico.

    As simulaes obtidas com os Grafos de Ligao so confrontadas com simulaes

    obtidas pelo mtodo das caractersticas, resultados experimentais e estudos realizados por

    empresas especializadas de engenharia na etapa de projeto de PCH com programas

    profissionais prprios.

    1.3 Contedo da Dissertao

    Este trabalho de dissertao est estruturado da seguinte maneira:

    No Captulo 2 so apresentadas as equaes fundamentais do escoamento transitrio

    e atravs da analogia entre circuitos hidrulicos e eltricos mostra-se a obteno das grandezas

    dos circuitos hidrulicos nas formas: dimensional e em por unidade.

  • Captulo 1- Introduo 3

    No Captulo 3 descrita a metodologia dos Grafos de Ligao: origem, elementos

    bsicos, equaes constitutivas, causalidades e exemplos de aplicao.

    No Captulo 4 apresentada uma reviso dos programas computacionais que utilizam

    a metodologia dos Grafos de Ligao. Faz-se uma comparao entre eles e analisam-se

    facilidades de uso, preos e verses demo na Web.

    No Captulo 5 apresentada a simulao do Golpe de Arete com o mtodo dos

    Grafos de Ligao, se analisa a modelagem do conduto forado com parmetros concentrados,

    modelagem da vlvula e mostra-se a simulao de alguns casos propostos na literatura. Os

    resultados da simulao so comparados com os resultados obtidos pelo mtodo das

    caractersticas. Apresenta-se uma anlise da utilizao de resistncia linear versus resistncia

    no linear e prope-se uma correo da capacitncia na modelagem do conduto forado.

    No Captulo 6 desenvolvida a modelagem no linear da turbina com os Grafos de

    Ligao. Apresenta-se um modelo simplificado de regulador de velocidade com diagrama de

    blocos e o modelo de um sistema hidreltrico isolado. Mostra-se a validao da modelagem

    desenvolvida com Grafos de Ligao comparando com estudos de simulao de rejeies e

    aceitaes de carga realizadas com outros mtodos. Apresentam-se dois casos prticos: um

    exemplo proposto no livro clssico de Wylie e Streeter, e um estudo da Usina Hidreltrica

    Santa Clara (Minas Gerais) recentemente fornecido pela VOITH SIEMENS para esta

    validao.

    Finalmente no Captulo 7 so apresentadas as concluses e sugestes do trabalho de

    dissertao.

    1.4 Reviso Bibliogrfica

    Com o avano da rea numrica computacional, novas tcnicas tm sido empregadas

    na soluo e representao do equacionamento dos sistemas dinmicos e atualmente, diversos

    mtodos numricos so utilizados para analisar os transitrios hidrulicos. Tais mtodos

    substituram os mtodos algbricos e grficos que devido a sua menor aproximao no so

    convenientes para a anlise de grandes sistemas ou sistemas tendo condies de contorno

    complexas. O mtodo das caractersticas introduzido na dcada de 1960 por Streeter (Wylie e

    Streeter, 1978, 1990, 1993) vem sendo usado largamente at os dias de hoje. Com o objetivo

    de superar as limitaes j mencionadas anteriormente surgiram novas tcnicas, sendo uma

  • Captulo 1- Introduo 4

    delas a metodologia dos Grafos de Ligaes. Este mtodo baseia-se no conceito de analogias

    entre sistemas de distintas naturezas fsicas com os sistemas eltricos. A evoluo dos

    programas computacionais baseados nesta tcnica permite atualmente simular em forma

    interativa diretamente da representao grfica do sistema. Existem vrios programas

    disponveis no mercado entre os quais pode-se mencionar o 20-SIM, SYMBOLS 2000 e

    POWERDYNAMO, etc. Neste trabalho se utilizou o 20-SIM pela sua facilidade de uso, baixo

    custo e interface amigvel com o usurio.

    A metodologia dos Grafos de Ligao foi amplamente difundida desde a dcada de

    1960 atravs dos livros de Karnopp e Rosenberg (1975, 1983, 2000) e Thoma (1975). Uma

    pesquisa realizada por Montbrum-Di Filippo; Brie e Paynter (1991) sobre teoria, aplicaes e

    programas lista mais de 500 artigos e livros publicados sobre a metodologia at esse

    momento. Paynter (2000) publicou na Web um artigo sobre a gestao e nascimento do

    mtodo dos Grafos de Ligao que inclui documentao original da dcada de 1950. Existem

    vrios artigos introdutrios, por exemplo, Speranza Neto (1992) apresenta o emprego dos

    Grafos de Ligao em alguns problemas tpicos na rea de termocincias com o objetivo de

    motivar pesquisadores e engenheiros a utilizarem esta metodologia. Kofman e Junco (1999)

    apresentam um ambiente computacional para a modelagem de sistemas dinmicos usando a

    tcnica.

    Em aplicaes hidrulicas se distinguem nos ltimos anos os trabalhos de Tiago

    Filho (1994) que utilizou em sua tese de doutorado para a simulao do transitrio hidrulico

    em um conduto, dotado de uma vlvula de alvio anti-golpe de arete e de Carvalho (1995) que

    analisou em sua dissertao de mestrado sua aplicabilidade na simulao de transitrios

    hidrulicos. Os programas utilizados nestes trabalhos requeriam algumas aproximaes no

    modelo que faziam que os resultados no tivessem toda a exatido desejvel. Mais a sua

    evoluo foi muito boa e estas restries foram superadas completamente, ganhando em

    flexibilidade e facilidade de uso.

    Diante das facilidades apresentadas, o presente trabalho de dissertao tem como

    objetivo o uso da metodologia dos Grafos de Ligao para simular o golpe de arete no

    conduto forado, e a determinao do modelo da turbina, regulador de velocidade e carga

    eltrica para simulao de rejeio parcial e total de carga e aceitao de carga, justificando o

    estudo devido a existncia de interaes de diferentes meios fsicos. Para validar o mtodo se

    utiliza um caso de referncia baseado em resultados experimentais de laboratrio publicados

    por Watt (1980) e por Wylie e Streeter (1978, 1990, 1993).

  • Captulo 1- Introduo 5

    Na bibliografia recente destaca-se uma pesquisa paralela a desta dissertao de

    mestrado publicada em trs artigos de C. Nicolet (2001, 2002, 2003) do Laboratrio de

    Maquinas Hidrulicas do Instituto Federal Suo de Tecnologia de Lausana (Sua). O

    estudante de doutorado Nicolet est desenvolvendo na sua tese de doutorado um mtodo

    denominado de impedncia e implementou-o computacionalmente. Fundamentalmente este

    mtodo se baseia, como a metodologia geral dos Grafos de Ligao, na analogia dos sistemas

    mecnicos e hidrulicos com os eltricos, da a denominao de mtodo de impedncia, e

    permite simular a interao entre conduto forado, turbina, regulador de velocidade e sistema

    eltrico durante fenmenos transitrios.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 6

    CAPTULO 2

    EQUAES DIFERENCIAIS PARA TRANSITRIOSEM CIRCUITOS HIDRULICOS

    2.1 Introduo

    Transitrio hidrulico um dos mais importantes termos para descrever escoamentos

    no permanentes de fluidos em condutos forados, cujas condies em qualquer ponto variam

    com o tempo. Por exemplo, a variao da presso quando a velocidade de escoamento sofre

    alguma perturbao causada pela ao de algum mecanismo de controle do sistema (vlvula,

    injetor, distribuidor, etc).

    Durante o transitrio hidrulico, as oscilaes de presso ao longo da tubulao

    ocorrem de maneira brusca provocando rudos caractersticos comumente denominados

    golpe de arete. Estas sobrepresses e subpresses podem causar srios problemas ao

    conduto forado e seus equipamentos, se estes no foram dimensionados para suportar tais

    sobrecargas, comprometendo a segurana e o funcionamento do sistema.

    A anlise do Golpe de Arete consiste na determinao das presses e velocidades

    em uma determinada seo de um conduto forado no perodo em que ocorre um escoamento

    transitrio. A quantificao das presses mximas e mnimas de importante interesse para o

    projetista, a fim de que este possa dimensionar a tubulao e introduzir equipamentos

    protetores, cuja finalidade amortecer as variaes de carga prejudiciais vida til da

    instalao.

    O estudo est baseado nas denominadas equaes do movimento e da continuidade.

    Estas duas equaes hiperblicas formam um sistema de equaes diferenciais cuja soluo

    exata no est disponvel, sendo necessrio utilizar tcnicas especificas para se determinar

    uma soluo aproximada do problema. Existem diferentes mtodos para a soluo destas

    equaes, mais com algumas dificuldades na sua utilizao, devido a diferentes suposies

    restritivas. Com a evoluo de programas computacionais, estas dificuldades foram superadas

    e atualmente encontram-se programas de fcil uso e com resultados bastante precisos.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 7

    2.1.1 Causas dos Transitrios Hidrulicos

    As causas mais comuns dos transitrios hidrulicos em sistemas de condutos sob

    presso so devidas a manobras em algum equipamento hidromecnico do sistema. Por

    exemplo, no fechamento programado ou acidental das vlvulas, pode produzir-se uma

    elevao anormal da presso no conduto que antecede o mecanismo de controle ou regulao,

    e uma queda anormal da presso no tubo de suco conectado depois, enquanto na abertura

    pode produzir-se o fenmeno contrrio. Tambm se podem mencionar outras causas de

    transitrios hidrulicos como:

    Alteraes de potncia em turbinas (rejeies de carga).

    Aumento ou diminuio da presso, provocados por variaes rpidas na vazo do

    conduto forado.

    Instabilidade do regulador de velocidade da turbina.

    Vibraes nos distribuidores ou rotores de turbinas.

    Ondas de presso no reservatrio, cmara de carga ou chamin de equilbrio.

    Instabilidade no tubo de suco devido aos escoamentos helicoidais.

    2.2 Propagao das Ondas de Presso no Sistema Hidrulico

    O fenmeno do golpe de arete um intercmbio de energia cintica em potencial e

    vice-versa. Quando se fecha uma vlvula rapidamente, obedecendo ao principio da

    conservao da energia, ao diminuir a energia cintica esta vai se transformando em um

    trabalho de compresso do fluido que enche o conduto e no trabalho necessrio para dilat-lo,

    produzindo ento uma onda de presso positiva (sobrepresso) ou golpe de arete positivo. O

    fluido num ponto determinado do conduto possui uma energia cintica e potencial, resultando

    uma energia total conforme a equao (2.1):

    Et = Ec + Ep (2.1)ou seja:

    Et = 22

    22

    11

    21 zg

    P

    2

    Vzg

    P

    2

    V++=++ (2.2)

    onde: o ndice 1 representa um tempo inicial t1 e o ndice 2 um tempo posterior t2 e V

    a velocidade do fluido

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 8

    Como se est analisando um ponto determinado do conduto forado, a altura a

    mesma, portanto z1 e z2 podem ser simplificados de forma que a equao (2.2) fica:

    2

    22

    1

    21 P

    2

    VP

    2

    V +=+ (2.3)

    Na equao (2.3) P1 e P2 representam a presso esttica enquanto que os termos da

    velocidade se associam com a presso dinmica. Ento se pode expressar:

    Ptotal = Pesttica + 1/2V2 (2.4)

    Na equao (2.4) pode-se observar que no instante onde se produz a parada brusca do

    fluido (fechamento instantneo da vlvula), toda a energia cintica do fluido se transforma em

    energia potencial, portanto a presso esttica aumenta.

    Ptotal = Pesttica (2.5)

    Conseqentemente observa-se que a presso esttica que afeta o conduto nesse

    instante maior devido a esta transformao. Embora fisicamente seja impossvel fechar

    instantaneamente uma vlvula, o estudo inicial do caso de fechamento instantneo ajuda a

    analise dos casos reais. A propagao das ondas de presso em um sistema de aduo ser

    descrita a seguir, considerando-se o fechamento instantneo de uma vlvula e um caso sem

    atrito. O ciclo completo ou perodo inicia-se quando do fechamento desta vlvula (t = 0) onde

    o fluido comprimido e tem sua velocidade reduzida a zero.

    Figura 2.1- Onda de presso no fechamento instantneo de uma vlvula

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 9

    Ao fechar-se instantaneamente a vlvula da figura 2.1 a parede do conduto dilatada.

    Se o fluido for dividido em camadas, a primeira camada comprimida e o processo se

    propaga para as prximas camadas. O fluido continua a mover-se do reservatrio para a

    vlvula e a velocidade diminuindo at que as camadas sucessivas tenham sido comprimidas.

    Na vlvula se originou uma onda de presso que se propaga com velocidade a, a qual no

    instante considerado tem sentido contrrio velocidade V do fluido, se formou uma onda

    elstica ou seja uma onda de presso que se propaga pelo conduto, se reflete no reservatrio,

    volta para a vlvula, novamente ao reservatrio e assim sucessivamente originando

    sobrepresses e subpresses no conduto o qual se dilata ou se contrai. Sendo a a velocidade

    da onda e L o comprimento do conduto, o tempo que demora a onda em recorrer uma vez a

    distncia entre a vlvula e o reservatrio to = L/a. Ao final de um tempo t = 4to = 4L/a o

    ciclo se repete. Considera-se nas figuras seguintes a srie dos acontecimentos no conduto

    durante um perodo T = 4L/a.

    A figura 2.2 mostra o sistema hidrulico em regime permanente (sem perturbao). O

    fluido se move com velocidade V do reservatrio para a vlvula. O dimetro do conduto

    forado normal.

    Figura 2.2 - Fechamento instantneo da vlvula de um conduto forado (sem perturbao)

    A vlvula fecha instantaneamente (t = 0). A velocidade do fluido se anula a partir da

    vlvula, em todo o conduto forado.

    Figura 2.3 - Vlvula totalmente fechada (t = 0)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 10

    A onda de presso se propagou ao reservatrio com celeridade a e a frente da onda

    chegou at a metade do conduto forado. A metade direita do conduto foi dilatada pela

    sobrepresso, e na metade esquerda o dimetro normal. Nesta metade esquerda o fluido

    segue escoando com velocidade V para a vlvula. Na metade direita V = 0.

    Figura 2.4 - Tempo L/2a

    A onda de presso chegou ao reservatrio. Em todo o conduto forado o fluido est

    em repouso, V = 0, mas no est em equilbrio. O conduto forado esta todo dilatado. Como

    uma mola se expande, o fluido no conduto forado comea a escoar com velocidade V, mas

    em sentido contrrio ao da figura 2.2. Ele comea mover-se pelas camadas prximas ao

    reservatrio.

    Figura 2.5 - Tempo L/a

    A metade esquerda do conduto forado voltou ao seu dimetro normal. A onda segue

    propagando-se direita do conduto com velocidade a. Na metade esquerda do conduto o

    fluido escoa com velocidade V.

    Figura 2.6 - Tempo 3L/2a

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 11

    O dimetro de todo o conduto forado est normal.Todo o fluido do conduto forado

    se move da vlvula ao reservatrio com velocidade V contrria a das figuras 2.2, 2.3 e 2.4.

    No h sobrepresso em nenhuma parte do conduto, mas pela inrcia a presso continua

    diminuindo, a onda elstica segue propagando-se, agora com depresso desde a vlvula ao

    reservatrio com a velocidade a. O dimetro do conduto forado ir diminuindo com valores

    abaixo do seu dimetro normal.

    Figura 2.7 - Tempo 2L/a

    A depresso alcanou a metade do conduto forado. A metade direita do conduto

    contm o fluido em repouso e a uma presso abaixo da normal. O dimetro do conduto nesta

    metade inferior ao normal.

    Figura 2.8 - Tempo 5L/2a

    O fluido em todo o conduto est em repouso, mas no est em equilbrio, e o fluido

    inicia seu movimento desde o reservatrio com direo vlvula com velocidade V com

    sentido direita. O dimetro de todo o conduto forado inferior ao normal.

    Figura 2.9 - Tempo 3L/a

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 12

    Na metade esquerda do conduto forado o fluido est em movimento com velocidade

    V em direo vlvula. Na metade direita o fluido continua em repouso e em depresso. O

    dimetro da parte esquerda do conduto normal e na metade direita menor que o normal; a

    e V tem o mesmo sentido.

    Figura 2.10 - Tempo 7L/2a

    O dimetro do conduto forado est normal. Todo o fluido em movimento com

    velocidade V com direo vlvula. No instante 4L/a as condies so exatamente as mesmas

    do que no instante de fechamento para t = 0. Esse processo ento repetido a cada 4L/a

    indefinidamente para o caso sem atrito. Portanto o perodo deste movimento dado por:

    T = 4to = 4L/a. Com a ao do atrito no fluido, a imperfeita elasticidade do fluido e parede do

    conduto forado, as oscilaes de presso so amortecidas at que o fluido permanentemente

    retorne condio de repouso.

    Figura 2.11 - Tempo 4L/a = T = perodo

    2.2.1 Celeridade das Ondas de Presso

    A celeridade das ondas de presso (Wylie eStreeter, 1990) representa a velocidade de

    propagao do som em um meio fluido infinito com propriedades k e , compressibilidade emassa especifica, representada pela seguinte expresso:

    a = k (2.6)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 13

    Se o meio for finito, como o interior de um tubo, faz-se necessrio a introduo de

    elementos modificadores que levem em conta o mdulo de elasticidade E; e as caractersticas

    geomtricas do tubo (dimetro D; a espessura da parede e) e o tipo de fixao do conduto C1.

    1CE.e

    D.k1

    k

    a

    +

    = (2.7)

    onde: o numerador representa a velocidade de propagao do som em um meio fluido infinito

    com propriedades k e , e o denominador o elemento modificador do som pelo fato do meio noser infinito e sim confinado num tubo de dimetro D, espessura e, e mdulo de elasticidade E.

    No caso de sistemas hidrulicos a equao (2.7) conhecida como de Allievi, e fica:

    e

    D.k3,48

    9900a

    +

    = (2.8)

    onde: k o coeficiente funo do mdulo de elasticidade do material que constitui o tubo

    D o dimetro do tubo

    e a espessura do tubo

    O coeficiente k para os materiais mais comuns so os seguintes:

    Ao 0,5

    Ferro fundido 1

    Fibrocimento 4,4

    Plstico, PVC 18

    Madeira 20

    2.2.2 Tempo de Reflexo da Onda no Conduto

    Define-se por tempo de reflexo da onda no conduto ao tempo T que leva a onda de

    presso para deslocar-se desde a vlvula at o reservatrio, retornando novamente at a

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 14

    vlvula, ou seja, duas vezes o tempo de viagem da onda no conduto, conforme equao

    (2.9):

    a

    L2T = (2.9)

    onde: L o comprimento do conduto

    a a celeridade da onda de presso

    As manobras que ocasionam os transitrios hidrulicos como o fechamento de uma

    vlvula ou do distribuidor de uma turbina so classificadas por comparao entre o tempo tc

    que dura a manobra e o tempo T (Zulcy et al., 1999).

    Se tc < T, manobra rpida, no recomendvel para centrais hidreltricas

    Se tc = T, manobra crtica

    Se tc > T, manobra lenta, recomendvel para centrais hidreltricas

    A sobrepresso mxima provocada pelo fechamento brusco de uma vlvula, manobra

    rpida, pode ser estimada pela frmula clssica de Joukowsky (Abreu et al., 1995):

    g

    V.aH o= (2.10)

    onde: Vo a velocidade do escoamento em regime permanente e g a acelerao da gravidade

    Se a manobra lenta a sobrepresso mxima pode ser estimada pela frmula de

    Michaud (Zulcy et al., 1999).

    c

    o

    tg

    V.L2H = 0,2 .

    c

    o

    t

    LV (2.11)

    cujas variveis j foram definidas anteriormente.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 15

    2.3 Equaes Fundamentais para o Escoamento Transitrio

    A fim de desenvolver o mtodo e a soluo de problemas de transitrios hidrulicos,

    duas equaes fundamentais bsicas da mecnica so aplicadas a um curto trecho de fluido

    para obteno das equaes do movimento e da continuidade. Elas devem ser resolvidas

    simultaneamente e fornecem a carga e a vazo numa determinada posio da tubulao em

    funo do tempo. Essas equaes formam um sistema de equaes diferenciais parciais do

    tipo hiperblico quase-linear cuja soluo analtica exata no se pode determinar, contudo,

    desprezando ou linearizando os termos no lineares, diversos mtodos grficos, analticos e

    numricos foram desenvolvidos para se chegar a uma soluo aproximada. As variveis

    dependentes so a presso P e a velocidade V, numa determinada seco transversal do

    conduto, sendo considerada positiva a velocidade na direo de montante para jusante. As

    variveis independentes so a distncia x, medida na tubulao com origem na extremidade

    de montante e o tempo t. Portanto P = P(x,t) e V = V(x,t). No estudo desse escoamento em

    regime transitrio, segundo Wylie e Streeter (1990) so feitas as seguintes hipteses:

    O escoamento unidimensional

    O tubo permanece cheio de gua durante todo o tempo

    A presso mnima do fluido superior presso de vaporizao

    A velocidade do fluido uniforme em toda a seo do tubo

    A tubulao e o fluido so perfeitamente elsticos

    As perdas por atrito no regime transitrio so as mesmas do regime permanente

    2.3.1 Equao do Movimento

    A equao do movimento obtida a partir do escoamento de um fluido em um tubo

    cnico ou cilndrico. A equao considera a presso na linha de centro do tubo P(x,t) e a

    velocidade mdia V(x,t). Por convenincia dos sistemas hidrulicos essa equao

    convertida na forma de carga hidrulica H(x,t), tambm chamada de altura, carga

    piezomtrica ou simplesmente carga, e vazo Q(x,t). A carga H(x,t) e a vazo Q(x,t) so

    variveis dependentes, x e t so as variveis independentes. A figura 2.12 mostra um

    elemento fluido de seo transversal com rea A e a espessura x.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 16

    Figura 2.12 - Volume de controle para a equao do movimento

    O tubo inclinado em relao horizontal de um ngulo . As foras atuantes no

    sistema na direo x so as foras de presso normais s superfcies transversais, a fora

    lateral exercida pelo tubo no fluido e a fora cortante devido ao atrito do fluido. Em funo da

    gravidade, adiciona-se uma componente da fora peso na direo de x. A fora de

    cizalhamento o age na direo x.

    O somatrio de foras igual massa vezes a acelerao (segunda lei de Newton).

    Aplicando-se a segunda lei e fazendo-se as simplificaes necessrias, obtm-se a equao

    diferencial do movimento:

    0D2

    VVf

    t

    V

    x

    VV

    x

    Hg =+

    +

    +

    (2.12)

    No ltimo termo da equao 2.12, como o atrito se ope ao movimento, expressa-se

    V2 como VV para introduzir o sinal adequado ao termo.

    2.3.2 Equao da Continuidade

    A equao da continuidade obtida a partir do principio de conservao de massa

    aplicada a um volume de controle de comprimento x em um instante t, conforme mostra afigura 2.13.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 17

    Figura 2.13 - Volume de controle para a equao da continuidade

    Portanto, aplicando-se a lei de conservao de massa para este volume de controle, e

    fazendo-se as simplificaes e rearranjos necessrios, obtm-se a equao diferencial da

    continuidade, que considera o efeito da compressibilidade da gua bem como o efeito de

    elasticidade do tubo:

    0x

    V

    g

    asenV

    t

    H

    x

    HV

    2

    =

    +

    +

    (2.13)

    uma forma conveniente para a equao da continuidade com V e H como variveis

    dependentes e com x e t como variveis independentes. A celeridade a representa as

    propriedades do fluido e da tubulao.

    2.3.3 Forma Simplificada das Equaes Fundamentais

    Representando a equao do movimento dada pela equao (2.12) em termos de

    altura H e vazo Q, sabendo que V = Q/A e desprezando-se o termo convectivo V V / x

    obtm-se:

    0gDA2

    QQf

    t

    Q

    gA

    1

    x

    H2=+

    +

    (2.14)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 18

    A equao (2.14) constitui a Equao fundamental do modelo rgido, traduz o

    comportamento transitrio do escoamento de um lquido no interior de uma tubulao rgida e

    para a sua integrao necessrio especificar as condies iniciais (t = 0).

    Da mesma forma representando a equao da continuidade dada pela equao (2.13)

    em termos de altura H e vazo Q e desprezando-se o termo convectivo V H / x e o terceiro

    termo obtm-se:

    0

    t

    H

    a

    Ag

    x

    Q2

    =

    +

    (2.15)

    Uma observao importante relativa condutos onde a celeridade apresenta valores

    baixos ou em que a quantidade de gs dissolvido na gua elevada, os termos convectivos

    bem como a inclinao do conduto passam a influenciar o fenmeno. Nestes casos, portanto

    os termos desprezados devero ser considerados visando maior preciso dos resultados.

    2.3.4 Consideraes sobre as Equaes Fundamentais

    A equao (2.12) aplica-se a um escoamento no permanente e verificada para o

    caso especial de escoamento permanente. De fato, se o regime permanente com velocidade

    V, V / t = 0 e H = H(x) substituindo estes valores resulta a equao (2.16):

    0Dg2

    VVf

    x

    H=+

    (2.16)

    Integrando a equao (2.16) obtm-se a expresso de Darcy-Weisbach, que fornece a

    perda de carga por unidade de comprimento:

    Dg2

    VVf

    x

    H=

    (2.17)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 19

    Para o caso ideal, ou seja, sem atrito, substituindo f = 0 na equao (2.14) obtm-se:

    t

    V

    g

    1

    t

    Q

    gA

    1

    x

    H

    =

    =

    (2.18)

    Integrando a equao (2.18) pode-se ver que a diferena de carga por unidade de

    comprimento utilizada para acelerar o lquido.

    2.4 Mtodos de Resoluo das Equaes Diferenciais

    Atualmente, diversos mtodos numricos so utilizados para analisar os transitrios

    hidrulicos. Tais mtodos substituram os mtodos algbricos e grficos que devido a sua

    menor aproximao no so convenientes para a anlise de grandes sistemas ou sistemas

    tendo condies de contorno complexas. Dos mtodos numricos utilizados destacam-se o

    Mtodo das Caractersticas, o Mtodo das Diferenas Finitas e o Mtodo dos Elementos

    Finitos. O mtodo das caractersticas introduzido na dcada de 1960 por Streeter o mais

    utilizado para a simulao de transitrios hidrulicos. As equaes diferenciais parciais

    fundamentais da quantidade de movimento e da continuidade que modelam uma tubulao,

    so expressas em forma de diferenas finitas e integradas numericamente no plano (x,t) com

    intervalos t e x constantes, ou seja, os parmetros so considerados em forma aproximada

    como distribudos. Os programas computacionais baseados neste mtodo resultam poucos

    flexveis e tem a desvantagem de estar limitados a casos particulares e de apresentar

    dificuldades para modelar a interao entre os diferentes domnios de energia.

    Um mtodo que no tem estas limitaes, e que est sendo utilizado nos ltimos anos

    para este fim, a tcnica dos Grafos de Ligao. Esta tcnica baseia no fluxo de potncia

    entre os componentes do sistema e atravs de sinais, linhas e smbolos prprios, permite

    representar graficamente o modelo fsico do sistema com parmetros concentrados. Como foi

    mencionado no captulo 1, esta tcnica foi criada pelo professor Henry Paynter do MIT para

    modelar justamente a interao entre os subsistemas hidrulico, mecnico e eltrico no

    processo de gerao hidreltrica, embora tenha sido utilizada mais popularmente em outras

    aplicaes de Engenharia Mecnica. Nos ltimos anos vem sendo utilizada em forma

    crescente com o propsito inicial da sua criao.

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 20

    A vantagem dos Grafos de Ligao o de fornecer todas as informaes necessrias

    modelagem matemtica do sistema atravs da representao fsica, e obteno das equaes

    de estado do mesmo. A evoluo dos programas computacionais baseados nesta tcnica

    permite atualmente simular em forma interativa diretamente da representao grfica do

    sistema, conforme ser visto no Captulo 3.

    2.5 Analogia entre Circuitos Hidrulicos e Eltricos:Resistncia, Inertncia e Capacitncia Fluda

    A metodologia dos Grafos de Ligao baseia-se no conceito de analogias entre

    sistemas de distintas naturezas fsicas com os sistemas eltricos. Para mostrar a analogia entre

    os sistemas hidrulicos e eltricos considera-se o pequeno elemento de uma linha de

    transmisso esquematizado na figura 2.14,

    Figura 2.14 - Pequeno elemento de uma linha de transmisso

    onde: U a tenso entre os ns [Volts]

    i a corrente eltrica [Ampre]

    L/X a indutncia [Henry/m]

    R/X a resistncia [Ohm/m]

    C/X a capacitncia [Farad/m].

    A seguir mostra-se a modelagem do circuito, onde a queda de tenso no indutor e

    resistncia se calcula com a seguinte equao:

    - U = L/ X xt

    i

    + R/X x i (2.19)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 21

    A equao (2.19) pode ser escrita como:

    iRt

    iL

    x

    UX/X/

    =

    (2.20)

    A corrente no capacitor pode ser calculada com a seguinte equao:

    - i = C/ X xt

    U

    (2.21)

    A equao (2.21) pode ser escrita como:

    t

    UC

    x

    iX/

    =

    (2.22)

    Comparando as equaes (2.20) e (2.22) com as equaes fundamentais do circuito

    hidrulico (2.14) e (2.15), pode-se estabelecer as seguintes analogias. Substituindo H = P/ g

    na equao (2.14) e fazendo as simplificaes correspondentes se obtm a seguinte equao:

    2AD2

    QQf

    t

    Q

    Ax

    P

    =

    (2.23)

    Substituindo H na equao (2.15) e tambm fazendo as simplificaes

    correspondentes se obtm a equao:

    t

    P

    a

    A

    x

    Q2

    =

    (2.24)

    Comparando a equao (2.23) do escoamento transitrio com a equao (2.20) do

    circuito eltrico pode-se estabelecer as seguintes analogias:

    QRt

    QI

    AD2

    QQf

    t

    Q

    Ax

    Px/x/2

    =

    =

    (2.25)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 22

    Portanto: I/ x = A

    , R/x = 2DA2

    Qf (2.26)

    onde: I/ x a inertncia por unidade de comprimento devido massa do fluido, ou indutncia

    hidrulica por unidade de comprimento

    R/ x a resistncia por unidade de comprimento devido perda por atrito ou resistncia

    hidrulica por unidade de comprimento

    Comparando a equao (2.24) do escoamento transitrio com a equao (2.22) do

    circuito eltrico pode-se estabelecer as seguintes analogias:

    t

    PC

    t

    P

    a

    A

    x

    Qx/2

    =

    =

    (2.27)

    Portanto: C/x = 2aA

    (2.28)

    onde: C/x a capacitncia por unidade de comprimento devido deformabilidade do

    conjunto fluido-conduto ou capacitncia fluida por unidade de comprimento.

    Para um trecho do conduto de comprimento L pode-se reescrever I/x, R/x, C/x como

    valores totais de Inertncia, Resistncia e Capacitncia.

    Para Inertncia fluida obtm-se:

    I = A

    L (2.29)

    A inertncia fluida representa a inrcia da massa contida no interior de um trecho de

    tubo. a capacidade do fluido em acumular energia na forma cintica. A inertncia fluida

    proporcional massa especifica do fluido , ao comprimento do tubo L, e inversamenteproporcional rea da seo transversal do tubo.

    Para a Capacitncia fluida obtm-se:

    C = 2a

    LA

    (2.30)

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 23

    A capacitncia fluida o elemento que leva em conta a compressibilidade do fluido e

    a deformabilidade das paredes do conduto forado. a capacidade do sistema em acumular

    energia na forma potencial.

    Para a resistncia fluida obtm-se:

    R = 2DA2

    QLf (2.31)

    A parte constante da expresso anterior pode ser denominada resistncia em por

    unidade de vazo e ser expressa pela letra R/Q conforme se mostra na seguinte equao:

    R/Q = 2DA2

    Lf (2.32)

    A resistncia fluida corresponde dissipao de energia, em sistemas hidrulicos, na

    sua forma mais simples est associada perda por atrito viscoso ao longo do conduto forado.

    2.5.1 Grandezas Por Unidade

    Muitos dos sistemas de controle so complexos e envolvem componentes de

    diferentes naturezas fsicas resultando difcil a comparao entre as distintas variveis. Para

    superar essas dificuldades, se aconselha trabalhar com todas as variveis e parmetros

    expressos na mesma dimenso e ordem de grandeza. O procedimento para isso referindo

    todas as variveis aos valores tomados como base. As grandezas assim dimensionadas so

    especificadas em [pu] ou por unidade. Por exemplo: sendo uma grandeza qualquer e o a

    grandeza de referncia tomada como base, a grandeza por unidade ser:

    o

    = [p.u]

    Considerando as seguintes grandezas bsicas para o sistema hidrulico:

    Po a potncia tomada como referncia

    Qo a vazo de operao do sistema

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 24

    Ao a rea da seo transversal do conduto

    Ho a carga esttica do sistema

    Da analogia entre o sistema hidrulico e eltrico a presso P com a tenso U e a

    vazo Q com a corrente i pode-se escrever as equaes:

    Sistema eltrico: o

    oo i

    UZ ==== , onde: Zo impedncia base

    Sistema hidrulico por analogia: o

    oo Q

    PZ =

    Utilizando as expresses anteriores obtm-se a equao para a resistncia fluida em

    [pu] dada pela equao (2.33):

    o

    oQ/

    o

    Q/pu P

    QR

    Z

    RR == (2.33)

    Substituindo o valor de R/Q da equao (2.32) em (2.33) e Po = g Ho, obtm-se aresistncia fluida por unidade conforme mostra-se na equao (2.34):

    o2

    oo

    opu

    HADg2

    QLfR = (2.34)

    A inertncia fluida em [pu] se calcula como:

    o

    o

    opu

    P

    QI

    Z

    II == (2.35)

    Substituindo o valor de I da equao (2.29) na equao anterior obtm-se a inertncia

    fluida por unidade:

    oo

    opu HgA

    LQI = (2.36)

    A capacitncia fluida em [pu] se calcula como:

  • Captulo 2 - Equaes Diferenciais para Transitrios em Circuitos Hidrulicos 25

    o

    opu Q

    PCC = (2.37)

    Substituindo o valor de C da equao (2.30) na equao (2.37) obtm-se a

    capacitncia fluida por unidade:

    o2

    oopu

    Qa

    LHAgC = (2.38)

    2.6 Concluses

    Foram mostrados os fundamentos sobre transitrios hidrulicos como fenmenos de

    ondas viajantes de presso e vazo e a modelagem matemtica de tubulaes atravs das

    equaes diferenciais hiperblicas do movimento e da continuidade. Discutiram-se

    brevemente as limitaes da soluo numrica desta modelagem de parmetros distribudos

    com o mtodo das caractersticas, e a proposta de utilizao da metodologia dos Grafos de

    Ligao baseada em parmetros concentrados. Mostraram-se as analogias entre circuitos

    hidrulicos e eltricos nas quais se baseia a metodologia dos Grafos de Ligao, e

    apresentaram-se as equaes de inertncia, capacitncia e resistncia concentrada para um

    trecho de tubulao de longitude finita que sero utilizados nos captulos seguintes. Mostrou-

    se uma forma baseada na analogia dos circuitos hidrulicos com os eltricos de se expressar

    em por unidade as grandezas que representam os componentes concentrados.

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 26

    CAPTULO 3

    METODOLOGIA DOS GRAFOS DE LIGAO

    3.1 Origem dos Grafos de Ligao

    O termo Grafos de Ligao (GL), traduo do termo original Bond Graphs,

    bastante apropriado para designar esta metodologia devido ao fato que a sua principal

    caracterstica a de ligar os componentes de um sistema atravs de smbolos prprios e sinais,

    que permitem representar graficamente o modelo fsico do sistema. uma ferramenta

    poderosa na modelagem de sistemas dinmicos e baseia-se no conceito de analogias entre os

    sistemas de distintas naturezas fsicas com os sistemas eltricos.

    Esta metodologia foi criada em 1959 pelo professor Henry Paynter do Departamento

    de Engenharia Mecnica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), USA. Desde a

    sua criao, centenas de artigos, livros, foram publicados por Henry Paynter e outros nos

    Estados Unidos e no resto do mundo. Alguns deles se referem s tcnicas e teorias

    matemticas de GL, outros aplicao do mtodo em diferentes campos, e ainda alguns ao

    desenvolvimento de programas de computador usando este mtodo.

    O esforo de Paynter no desenvolvimento da teoria geral de engenharia de sistemas

    comeou em 1950, com a esperana de que a energia e a potncia fossem as variveis

    dinmicas fundamentais, que permitissem todas as interaes fsicas. Uma das razes da

    criao da tcnica de GL, de acordo a Paynter foi para generalizar o conceito de diagrama de

    circuito eltrico, como tambm para eliminar algumas de suas limitaes (Paynter, 2000).

    Seu treinamento e experincia em sistemas hidroeltricos de potncia fizeram surgir

    certas idias e mais particularmente uma conscientizao das fortes analogias existentes entre:

    Transmisso: condutos de fluido e linhas eltricas, Transduo: turbinas e geradores,

    Controle: reguladores de velocidade e de tenso. Quando estes dispositivos anlogos foram

    reduzidos a equaes como a de simulao de computadores, as diferenas se tornaram

    completamente indistintas. Enquanto Paynter trabalhava neste projeto foi influenciado por

    muitas pessoas e teorias at que surgiu no dia 24 de abril de 1959 a tcnica dos GL como uma

    disciplina formal.

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 27

    Esta tcnica foi amplamente difundida nos Estados Unidos desde a dcada de 1960

    por Karnopp e Rosenberg (1978, 2000), professores nas Universidades da Califrnia e

    Michigan respectivamente, e na Europa por Thoma (1975). No Brasil se distinguem os

    trabalhos dos professores Speranza Neto da PUC (1992,1995) e Tiago Filho da UNIFEI

    (1994), e na Argentina as pesquisas e o desenvolvimento de aplicativos realizados pelos

    professores Kofman e Junco (1999) da UNR.

    3.2 Elementos Bsicos dos Grafos de Ligao

    Este captulo baseia-se no livro de D. Karnopp e R. Rosenberg (2000) e no trabalho

    desenvolvido por Tiago Filho (1994). Na metodologia dos GL so encontrados nove

    elementos bsicos: as fontes de esforo Se, as fontes de fluxo Sf, as resistncias R, os

    capacitores C, as inertncias I, os transformadores TF, os giradores GY e as junes 0 e

    1, que representam respectivamente os geradores de potncia, os dissipadores, os

    acumuladores de energia e os elementos de acoplamento. A combinao desses elementos em

    forma conveniente descreve o modelo fsico de um sistema atravs de uma representao

    grfica usando simbologia prpria, que alm de permitir a visualizao das conexes entre os

    vrios elementos do sistema, traz implcito todo o equacionamento do modelo

    Um modelo de GL est formado por componentes ou subsistemas conectados por

    ligaes (bonds) que representam o fluxo de potncia entre eles, ou seja, nestas ligaes que

    ocorre a transmisso de potncia. Independentemente do seu domnio fsico, dois

    componentes so modelados pelo mesmo elemento dos GL se processam a energia da mesma

    forma. Este fato motiva a generalizao das variveis fsicas em quatro tipos:

    Variveis de Potncia : esforo (e) e fluxo (f)

    Variveis de Energia : quantidade de movimento (p) ou momentum

    e deslocamento (q)

    As variveis de esforo e(t) e de fluxo f(t) so chamadas de variveis de potncia

    porque o produto dessas duas variveis consideradas como funes do tempo, igual

    potncia instantnea que flui entre os dois componentes conectados pela ligao conforme

    indicado na equao (3.1).

    P(t) = e(t).f(t) (3.1)

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 28

    As variveis de energia so definidas pelas integrais no tempo das variveis de

    potncia. A quantidade de movimento representada de acordo a equao (3.2) e o

    deslocamento conforme a equao (3.3).

    p = t e(t) dt (3.2)q(t) = t f(t) dt (3.3)

    A tabela 3.1 mostra em cada domnio fsico uma possvel generalizao com as

    respectivas variveis.

    Tabela 3.1: Variveis generalizadas

    Variveis de Potncia Variveis de Energia

    Domnio

    fsico Esforo

    e

    Fluxo

    f

    Quantidademovimento

    p

    Deslocamento

    q

    Mecnico

    Translao

    Fora Velocidade Quantidademovimento

    Posio

    Mecnico

    Rotao

    Torque Velocidadeangular

    Quantidademovimento

    ngulo

    Hidrulico Presso Vazovolumtrica

    Quantidademovimento

    Volume

    Eltrico Tenso Corrente Fluxomagntico

    Carga eltrica

    Qumico potencialqumico

    Fluxo molar Nmero demoles

    Termodinmico Temperatura Fluxo de entropia Entropia

    O elemento fundamental desta tcnica o de ligao, representado por uma barra

    onde so indicadas as variveis de energia ou de potncia devidamente indexadas. Atravs da

    meia seta conforme se mostra na figura 3.1, a ligao permite indicar o sentido da potncia

    que flui de um elemento para outro. A potncia ser positiva se, e e f forem positivos, e

    ser negativa se uma das ditas variveis for negativa. Atravs de uma barra causal mostrada

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 29

    a relao necessria entre a causa e efeito, ou seja, a entrada e sada da troca de energia entre

    dois elementos. Essa causalidade indicada atravs de uma barra vertical inserida em uma das

    extremidades da ligao, de forma a indicar o sentido do esforo e. Em sentido contrrio

    fica subentendido o fluxo f como mostrado na figura 3.1.

    (a) (b)

    Figura 3.1- Smbolo de causalidade (a) GL, (b) diagrama de blocos.

    3.3 Representao dos Elementos Bsicos

    Na metodologia dos GL procura-se modelar um sistema fsico atravs das leis

    constitutivas dos vrios elementos que constituem esse sistema. Os diferentes efeitos fsicos

    podem ser representados por trs elementos puros: elementos que dissipam energia,

    resistncia R, e elementos que armazenam energia, capacitncia C e inertncia I. Estes

    elementos podem ser no lineares, neste caso seus parmetros se modulam por funes

    externas.

    Os elementos que fazem a interao do sistema dinmico com o meio ambiente, tm

    a funo de impor ou de drenar energia ao sistema. Em funo da natureza da varivel

    suprida, as fontes podem ser: fonte de esforo Se e fonte de fluxo Sf. A fonte de esforo Se

    assim definida quando a varivel que supre o sistema tem a dimenso de esforo, por

    exemplo: fonte de torque no sistema mecnico rotacional; fonte de tenso no sistema eltrico,

    fonte de presso no sistema hidrulico, etc. A fonte de fluxo Sf assim definida quando a

    varivel que supre o sistema tem a dimenso de fluxo, por exemplo: fonte de velocidade no

    sistema mecnico, fonte de corrente no sistema eltrico e fonte de vazo no sistema

    hidrulico, etc.

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 30

    As simbologias utilizadas para as fontes so:

    (a) (b)

    Figura 3.2- Representao convencional das fontes

    (a) Fonte esforo, (b) Fonte de fluxo

    3.3.1 Resistncia

    um elemento dissipador de energia. A relao constitutiva entre as variveis de

    potncia, o esforo e e o fluxo f, constituem em uma dissipao dada pela relao (3.4) para o

    caso linear e pela relao (3.5) para o caso no linear.

    e(t) = Rf(t) (3.4)

    e(t) = R.f(t) (3.5)

    Convencionalmente pela tcnica dos GL, a resistncia, ser representada pelo

    diagrama da figura 3.3.

    (a) (b)

    Figura 3.3 - Representao convencional para a resistncia

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    3.3.2 Capacitncia

    A capacitncia C, o elemento armazenador de energia, que relaciona a varivel de

    potncia, o esforo e, com a varivel integral, deslocamento q. Isso ocorre quando o elemento

    tem a capacidade de acumular energia na forma potencial, o que implica que e funo de q

    conforme a seguinte relao:

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 31

    e = e (q) (3.6)

    Como q uma integral no tempo do fluxo, f, definido pela expresso (3.3), a lei constitutiva

    ser:

    e = C

    1q (3.7)

    Ou seja:

    e(t) = t

    0

    dt)t(fC

    1 (3.8)

    A figura 3.4 representa convencionalmente a capacitncia com GL e com diagrama

    de blocos.

    (a) (b)

    Figura 3.4 - Representao convencional para a capacitncia

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    De acordo com a equao (3.3) tem-se:

    dq = f dt (3.9)

    Portanto o fluxo ser:

    f = qdt

    dq &= (3.10)

    A figura 3.5 mostra de forma grfica a lei constitutiva para a capacitncia, onde a

    rea sob a curva e = e(q) corresponde energia acumulada, caractersticas do elemento

    capacitivo, e dada pela integral mostrada na equao (3.11).

    E(q) = q

    0

    dq)q(e (3.11)

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 32

    Figura 3.5 - Lei constitutiva para a capacitncia.

    3.3.3 Inertncia

    um elemento passivo e corresponde indutncia de energia no sistema. Relaciona

    a varivel de potncia fluxo f com a varivel integral quantidade de movimento p. O elemento

    de inertncia tem a capacidade de acumular energia na forma de energia cintica, o que

    implica que f funo de p.

    f = f (p) (3.12)

    De acordo com a equao (3.2), a quantidade de movimento ou momentum

    definida como a integral no tempo do esforo e. Desta forma o elemento de inertncia ter

    uma lei constitutiva na forma:

    f = I

    1 p (3.13)

    ou seja: f(t) = t

    0

    dt)t(eI

    1 (3.14)

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 33

    A equao (3.14) representa a lei constitutiva do elemento de inertncia se a sua

    causalidade for integral. A figura 3.6 mostra as convenes para o elemento de inertncia nos

    GL e diagrama de blocos respectivamente.

    (a) (b)

    Figura 3.6 - Representao para a inertncia.

    (a) GL, b) diagrama de blocos

    De acordo com a equao (3.2) a varivel de potncia o esforo e dado por:

    e(t) = pdt

    dp &= (3.15)

    A energia acumulada no sistema representada pela seguinte expresso:

    E(t) = =t

    0

    t

    0

    dt)t(f)t(edt)t(P (3.16)

    De acordo com a equao (3.2) tem-se:

    d p = e(t) dt (3.17)

    Ento pode-se considerar o fluxo f como uma funo da quantidade de movimento:

    f = f(p) (3.18)

    A equao (3.16) indica que a energia acumulada no sistema corresponder rea

    sob a curva f = f(Pp) da figura 3.7 calculada pela equao:

    E(p) dp)p(fpP

    0= (3.19)

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 34

    Figura 3.7 - Lei constitutiva da inertncia

    3.3.4 Elementos Transdutores

    So elementos capacitados a ampliar ou reduzir a amplitude de uma entrada, ou

    elementos conversores de energia, onde a transformao do domnio da energia d-se segundo

    a lei de conservao de potncia. Desta forma o elemento transformador TF de acordo com a

    sua natureza pode fazer a interao entre dois domnios de energia.

    (a) (b)

    Figura 3.8 - Representao convencional do transformador

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    A lei constitutiva do elemento de transformao direta dada por:

    e1 = m e2

    m f1 = f2 (3.20)

    onde: m o mdulo de transformao.

    A lei constitutiva de conservao de potncia no elemento transformador pode ser

    verificada da seguinte forma:

    P1 = e1 f2 e P2 = e2 f2 (3.21)

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 35

    Ento: 1fme

    fem

    fe

    fe

    P

    P

    12

    12

    22

    11

    2

    1=== (3.22)

    Da equao (3.22) fazendo as simplificaes se verifica que:

    P1 = P2

    So exemplos de transformadores diretos, isto , que ampliam ou reduzem um sinal:

    os servomecanismos, as alavancas, as caixas de engrenagens e os transformadores de potncia

    nos circuitos eltricos e pisto hidrulico.

    Outro tipo de elemento transformador o girador, GY, do tipo transformador

    inverso, cuja relao de transformao entre as variveis de esforo de entrada com o fluxo de

    sada e o fluxo de entrada com o esforo de sada conforme mostrado na figura 3.9.

    (a) (b)

    Figura 3.9 - Representao convencional do elemento de transformao indireta.

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    A lei constitutiva deste elemento dada:

    e1 = r f2

    r f1 = e2

    onde: r o modulo de girao

    Um exemplo de girador a relao entre a fora e velocidade de deslocamento de um

    ncleo metlico no interior de uma bobina com a tenso e a corrente dessa bobina.

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 36

    3.3.5 Elementos de Juno

    De maneira a compor a topologia do sistema, faz-se necessrio interligar todos os

    seus elementos. Na metodologia dos GL isto feito atravs dos elementos de juno onde

    ocorre acumulo ou dissipao de energia. Estes elementos simplesmente distribuem a

    potncia entre vrios componentes do sistema. Existem dois tipos de junes: juno tipo 0

    e juno tipo 1.

    3.3.5.1 Juno do tipo 0

    Sua caracterstica o esforo comum, isto , todos os elementos ligados entre si por

    uma juno deste tipo esto sob a ao de um mesmo esforo. Neste caso, para que a lei de

    conservao de energia seja valida, o somatrio do fluxo desse elemento tem que ser zero. A

    juno do tipo 0 uma generalizao da lei de Kirchhoff de correntes (lei dos ns).

    (a) (b)

    Figura 3.10 - Representao convencional da juno 0

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    Por definio na juno 0 tem-se:

    e1 = e2 = e3 (3.23)

    Assim de acordo com o sentido das potncias indicado atravs da meia seta, o

    somatrio dos fluxos resulta:

    f1 - f2 - f3 = 0 (3.24)

    As equaes (3.23) e (3.24) formam as relaes constitutivas desse elemento de juno.

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 37

    3.3.5.2 Juno do tipo 1

    Sua caracterstica o fluxo comum, isto , todos os elementos ligados entre si por

    uma juno do tipo 1, esto sob a ao do mesmo fluxo, e o somatrio dos esforos deve

    ser zero. A juno do tipo 1 uma generalizao da lei de Kirchhoff de tenses (lei das

    malhas).

    (a) (b)

    Figura 3.11 - Representao convencional da juno 1

    (a) GL, (b) diagrama de blocos

    Por definio na juno 1, tem-se:

    f1 = f2 = f3 (3.25)

    De acordo com o sentido das potncias indicadas atravs da meia seta, o somatrio dos

    esforos resulta:

    e1 e2 e3 = 0 (3.26)

    3.4 Causalidades

    A causalidade permite indicar entre as duas variveis de potncia, o esforo e e fluxo

    f qual a entrada e qual a sada num determinado elemento, isto , qual a excitao e qual

    a resposta. a maneira utilizada na metodologia dos GL para relacionar a causa ao efeito da

    troca de energia entre os elementos. A causalidade indicada atravs de uma barra vertical,

    denominada barra causal, inserida em uma das extremidades da ligao do elemento em

    questo, de forma a indicar qual o sentido da varivel de esforo e, ou seja, para que lado a

  • Captulo 3 - Metodologa dos Grafos de Ligao 38

    varivel de esforo atua como entrada. importante notar que a causalidade e o sentido