Dissertação Mestrado
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INSTITUTO PIAGET
Campus Académico de Macedo de Cavaleiros
Escola Superior de Educação Jean Piaget/Nordeste
Curso de Mestrado em Educação Especial – 1.ª Edição
A HIPOTERAPIA E A DEFICIÊNCIA MENTAL/MOTORA
Sandra Cristina Cardoso Teixeira Vaz
Macedo de Cavaleiros, março de 2012
INSTITUTO PIAGET
Campus Académico de Macedo de Cavaleiros
Escola Superior de Educação Jean Piaget/Nordeste
Curso de Mestrado em Educação Especial – 1.ª Edição
A HIPOTERAPIA E A DEFICIÊNCIA MENTAL/MOTORA
Trabalho desenvolvido no âmbito da Dissertação do 2.º Ano, do 2.º Ciclo de Estudos para a obtenção do grau de Mestre em Educação Especial, sob Orientação do Professor Doutor Vítor Manuel Cortinhas Sil
Sandra Cristina Cardoso Teixeira Vaz
Macedo de Cavaleiros, março de 2012
iii
PENSAMENTO
«O cavalo não é só bonito e nobre, não é só
um meio para passear e nos dar bons
momentos de liberdade, ele é mais que isso,
ele traz ao homem benefícios.»
Diderot
iv
Á MEMÓRIA DO MEU PAI
Ao meu Pai, verdadeiramente o maior
Mestre que eu tive e que não terá oportunidade de
viver este momento
v
AGRADECIMENTOS
A todos os professores do curso pelos inúmeros conhecimentos que me
transmitiram ao longo de todas as etapas.
À minha irmã, pai, mãe que tanto me apoiaram e me deram alento para
continuar quando o desânimo apareceu, demonstrando a verdadeira amizade.
Às novas amigas que encontrei e que com um sorriso me apoiaram, em
especial à Vera, Anita, Isabel, Nandinha e Zélia pelo apoio quando mais precisei.
À Dra. Augusta pela bibliografia fornecida, pelas orientações fornecidas e
pelo apoio prestado.
À terapeuta Carina Pedrosa monitora de Hipoterapia, pelos documentos
fornecidos.
A todos que os que comigo colaboraram durante esta etapa, utilizando os
mais diversos meios de comunicação ao seu alcance, tais como: Diálogos;
Telefonemas; Cartas; Empréstimos de livros; Fornecimento de Bibliografia
adequada ao tema deste projeto; Ouvindo e comentando a leitura do meu trabalho;
Na tradução de pequenos textos.
OBRIGADA Luís, meu marido,
Sem ti não teria tido a oportunidade de realizar este trabalho, que de tão
complicado é deveras apaixonante.
vi
ABREVIATURAS E SIGLAS
AMMD Associação americana de
deficiência mental
AAMR do anglo-saxónico American
Association on Mental
Retardation, Associação
Americana de Deficiência
Mental
ANDE Associação Nacional de
Equoterapia Brasil
APA do anglo-saxónico American
Psychological Association
AVDs Atividades da vida diária
CIF Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde
cit. por citado(a) ou citados(as) por
CIF Classificação Internacional de
Funcionalidade e Incapacidade
e Saúde
Cfr confrontado com
DSM do anglo-saxónico Diagnostic
and Statistical Manual of
Mental Disorders, Manual
Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais
EUA Estados Unidos da América
ICIDH Classificação Internacional da
Deficiência, Incapacidade e
Desvantagens
NEE Necessidades Educativas
Especiais
OMS Organização Mundial de Saúde
PEE Professor de Educação Especial
PER Professor do Ensino Regular
PPD Pessoa Portadora de
Deficiência
QI Quociente de inteligência
Rh fator Rhesus
SNR Secretária Nacional de
Reabilitação
SPSS do anglo-saxónico Statistical
Package for the Social Sciences
TT Técnico Terapeuta
UNESCO Organização das Nações
Unidas para a Educação,
Ciência e a Cultura
vii
Declaração do autor:
Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os
regulamentos da Escola Superior de Educação Jean Piaget / Nordeste. O trabalho
é original exceto onde indicado por referência especial no texto. Quaisquer
visões expressas são as do autor e não representam de modo nenhum as visões
da Escola Superior de Educação Jean Piaget / Nordeste. Este trabalho, no todo ou
em parte, não foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino
superior portuguesas ou estrangeiras.
Assinatura:_________________ Data:___/___/___
viii
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo investigar as contribuições da Hipoterapia
(terapia sobre o cavalo), prática tão antiga e ao mesmo tempo tão atual, no
tratamento terapêutico de pessoas com deficiência mental/motora. Os
participantes deste estudo foram crianças com deficiência mental/motora que
apresentam vários tipos de patologias, os quais foram avaliados em sessões
semanais de hipoterapia.
Foram por nós questionadas as famílias destes alunos, bem como
inquirimos os respetivos professores do ensino regular e de educação especial, e
ainda os técnicos de terapia.
O cavalo com o seu poder e força, proporcionou a estas crianças, uma
melhoria ao nível do seu comportamento, na sua auto estima, na autonomia e na
confiança, sendo de realçar que houve uma melhoria significativa no aspeto
social, motor e psicológico das crianças envolvidas.
Palavra-chave: Família, educação, escola inclusiva, hipoterapia.
ix
ABSTRACT
This work aims to investigate the contributions of Hippotherapy (therapy
on the horse), practice so old and at the same time as current therapeutic in the
treatment of people with intellectual disability/motor abilities. The participants in
this study were children with mental disabilities which have various motor/types
of pathologies, which were valued at weekly hippotherapy sessions. We
questioned the families of these students as well as ask them their regular
education teachers and special education and therapy technicians. The horse with
his power and strength, gave these children, an improvement to the level of your
behavior, your self-esteem, confidence and autonomy, and noted that there was a
significant improvement in the social aspect, psychological and motor of the
children involved.
Keyword: family, education, inclusive school, hippotherapy.
x
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
PARTE I - ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL E TEÓRICO ................ 19
CAPÍTULO I – DEFINIÇÕES ...................................................................... 20 1.1. Deficiência Mental ............................................................................ 20 3.4. Evolução da deficiência mental ........................................................ 22
3.4.1. Fatores condicionantes à aprendizagem da pessoa deficiente
mental. ................................................................................................... 22 3.4.2. O novo paradigma da Deficiência Mental/Motora.................... 23
3.4.3. A família e o deficiente mental/motor ...................................... 24
CAPÍTULO II – ESCOLA INCLUSIVA ..................................................... 26 2.1. Escola Inclusiva ................................................................................ 26 2.2. Origem da Inclusão ........................................................................... 29
2.3. Inclusão ............................................................................................. 30
2.4. Princípio da inclusão ......................................................................... 31
2.5. Integração/Inclusão na escola ........................................................... 33 2.6. Sistema Inclusivo .............................................................................. 35
2.7. Pressupostos para a inclusão ............................................................. 35 2.8. Responsabilidades das várias entidades para a implementação do
sistema inclusivo ........................................................................................... 36
2.8.1. Estado ........................................................................................ 37 2.8.2. Escola ........................................................................................ 37
2.8.3. Família ...................................................................................... 38 2.8.4. Comunidade .............................................................................. 39 2.8.5. Formação de Professores........................................................... 40
2.8.6. Recursos económicos ................................................................ 41
2.8.7. Uso das Tecnologias de Informação ......................................... 41
2.8.8. Equipas Multidisciplinares ........................................................ 42 2.8.9. O novo sistema de classificação - Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS, 2001) ............................... 42
CAPÍTULO III HIPOTERAPIA E A DEFICIÊNCIA ............................... 45 3.1. Histórico da hipoterapia no mundo ................................................... 45 3.2. Definição de Hipoterapia .................................................................. 48 3.3. Hipoterapia - O Enfoque Psicoterapêutico com Crianças portadoras
de deficiência ................................................................................................ 50 3.3.1. Atividades Assistidas por Animais na Deficiência Mental ....... 50
3.3.1. Porquê o cavalo? ....................................................................... 52 3.3.2. Os animais “Domésticos Tipos” ............................................... 60 3.3.3. Indicações e contra – indicações ............................................... 64
xi
PARTE II - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ................................ 66
CAPÍTULO I PROBLEMA/OBJETIVOS/HIPÓTESES DE TRABALHO
.......................................................................................................................... 67 1.1. Enunciado do Problema .................................................................... 67 1.2. Justificação do Tema ......................................................................... 68 1.3. Metodologia ...................................................................................... 68
1.4. Objetivos do Estudo .......................................................................... 70 1.5. Hipótese de Estudo ............................................................................ 70 1.6. Instrumento de Recolha de Dados..................................................... 71 1.7. Procedimento..................................................................................... 71
1.8. Localização do estudo ....................................................................... 73 1.9. Critérios de Seleção da População/Amostra ..................................... 73 1.10. Procedimentos para a Apresentação e Análise dos Dados ................ 74
PARTE III – FASE EMPÍRICA ........................................................................ 75
CAPÍTULO 1 APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS ............................................................................................... 76 1.1. Análise Descritiva dos Resultados .................................................... 76
1.1.1. Caracterização das crianças....................................................... 77
1.1.2. Caracterização da Família ......................................................... 88
A - Esforços cognitivos e comportamentais para lidar com a situação
de deficiência ........................................................................................ 92 B - Envolvimento da Família no processo educativo ..................... 95
1.1.3. Caracterização dos Professores de Ensino Regular .................. 98 1.1.4. Caracterização dos Professores de Educação Especial ........... 101
1.1.5. Caracterização da Equipa da Tecnicoterapia .......................... 105 1.1.6. Caracterização da Influência da Hipoterapia na Criança com
NEE ................................................................................................. 110
1.2. Discussão de resultados-Indução Analítica ..................................... 126 1.2.1. Importância da hipoterapia no desenvolvimento mental e motor
da criança com NEE ................................................................................ 128
1.2.2. Importância da interação criança com NEE-cavalo ................ 129 1.2.3. Importância do envolvimento da família ................................ 130 1.2.4. Aplicação na vida ativa de competências e conhecimentos
adquiridos na prática da Hipoterapia pela criança com NEE .................. 133 1.2.5. Hipoterapia como veículo da integração social das crianças com
NEE e seus familiares ............................................................................. 133
CONCLUSÕES ................................................................................................. 135
REFERENCIAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 140
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 141
ANEXO A – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE
EDUCAÇÃO ................................................................................................. 145
xii
ANEXO B – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO À DIREÇÃO DOS
AGRUPAMENTOS ...................................................................................... 147
ANEXO C – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE
EDUCAÇÃO ................................................................................................. 149
ANEXO D – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO A PROFESSORA DO
ENSINO REGULAR .................................................................................... 151
ANEXO E – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO A PROFESSORA DE
EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................................................ 154
ANEXO F – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO TECNICOTERAPIA ........ 159
ANEXO G – QUESTIONÁRIO AOS PAIS ............................................... 164
ANEXO H – GRELHA DE OBSERVAÇÃO HIPOTERAPIA ................ 170
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 – DADOS RELATIVOS À CRIANÇA COM NEE QUE
FREQUENTA A HIPOTERAPIA .................................................................... 77
TABELA 2 – DIAGNÓSTICO EM FUNÇÃO DA GRAVIDADE ................ 78
TABELA 3 – DADOS RELATIVOS À GRAVIDEZ E PARTO DA
CRIANÇA COM NEE ........................................................................................ 79
TABELA 4 – DADOS RELATIVOS À HISTÓRIA CLÍNICA DA CRIANÇA
COM NEE PERCECIONADA PELOS PAIS .................................................. 80
TABELA 5 – DADOS RELATIVOS AO PERCURSO
ESCOLAR/EDUCATIVO PRÉ-ESCOLAR DA CRIANÇA COM NEE ..... 81
TABELA 6 – DADOS RELATIVOS AO PERCURSO
ESCOLAR/EDUCATIVO NO 1.º CICLO DA CRIANÇA COM NEE ......... 82
TABELA 7 – CARACTERIZAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO DAS
CRIANÇAS PELO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ................. 85
TABELA 8 – CARACTERIZAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO DAS
CRIANÇAS PELOS DOS TÉCNICOS DE HIPOTERAPIA ......................... 87
TABELA 9 – CARACTERIZAÇÃO DA FAMÍLIA ....................................... 88
TABELA 10 – DADOS BIOGRÁFICOS DA MÃE DA CRIANÇA COM
NEE ...................................................................................................................... 90
TABELA 11 – DADOS BIOGRÁFICOS DO PAI DA CRIANÇA COM NEE
............................................................................................................................... 91
TABELA 12 – REAÇÕES E DIFICULDADES SENTIDAS PELA FAMÍLIA
............................................................................................................................... 93
TABELA 13 - NECESSITOU DE PROCURAR INFORMAÇÃO SOBRE A
CAUSA DA DEFICIÊNCIA? A QUEM RECORREU PARA SE
INFORMAR? ...................................................................................................... 93
xiv
TABELA 14 – ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA PERSPETIVA DO
PROFESSOR DE ENSINO REGULAR ........................................................... 95
TABELA 15 – ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA PERSPETIVA DO
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ................................................... 96
TABELA 16 – ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA PERSPETIVA DO
TÉCNICO TERAPEUTA .................................................................................. 97
TABELA 17 – CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES PESSOAIS DOS
PROFESSORES DO ENSINO REGULAR ..................................................... 99
TABELA 18 – CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES PROFISSIONAIS E
LABORAIS DOS PROFESSORES DO ENSINO REGULAR .................... 100
TABELA 19 – CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DOS
PROFESSORES DO ENSINO REGULAR ................................................... 101
TABELA 20 – CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES PESSOAIS DOS
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................ 102
TABELA 21 – CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO PROFISSIONAL E
LABORAL DOS PROFESSORES DO EDUCAÇÃO ESPECIAL .............. 103
TABELA 22 – CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DOS
PROFESSORES DO EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................ 104
TABELA 23 – CARACTERIZAÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS
PELOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO ESPECIAL .............................. 104
TABELA 24 – CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES PESSOAIS DOS
TÉCNICOS DE HIPOTERAPIA .................................................................... 106
TABELA 25 – CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES PROFISSIONAIS E
LABORAIS DOS TÉCNICOS DE HIPOTERAPIA ..................................... 107
TABELA 26 – CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DOS TÉCNICOS
............................................................................................................................. 108
TABELA 27 – CARACTERIZAÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS
PELOS TERAPEUTAS .................................................................................... 109
xv
TABELA 28 – DADOS RELATIVOS À OBSERVAÇÃO DIRETA DAS
CRIANÇAS COM NEE NA FASE INICIAL DAS SESSÕES DE
HIPOTERAPIA ................................................................................................ 112
TABELA 29 – DADOS RELATIVOS À OBSERVAÇÃO DIRETA DAS
CRIANÇAS COM NEE NAS SESSÕES DE HIPOTERAPIA NO
MOMENTO DA ATIVIDADE TERAPÊUTICA .......................................... 115
TABELA 30 – DADOS RELATIVOS À OBSERVAÇÃO DIRETA DAS
CRIANÇAS COM NEE NAS SESSÕES DE HIPOTERAPIA TIPIFICAÇÃO
DAS ATIVIDADES TERAPÊUTICAS .......................................................... 118
TABELA 31 – DADOS RELATIVOS À OBSERVAÇÃO DIRETA DAS
CRIANÇAS COM NEE NAS SESSÕES DE HIPOTERAPIA POSTURA
DURANTE AS ATIVIDADES TERAPÊUTICAS ........................................ 119
TABELA 32 – DADOS RELATIVOS À OBSERVAÇÃO DIRETA DAS
CRIANÇAS COM NEE NAS SESSÕES DE HIPOTERAPIA APÓS AS
ATIVIDADES TERAPÊUTICAS ................................................................... 124
xvi
ÍNDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DA CRIANÇA
COM NEE E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO
EDUCATIVO NA PERSPETIVA DAS PROFESSORAS DO ENSINO
REGULAR ......................................................................................................... 130
GRÁFICO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DA CRIANÇA
COM NEE E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO
EDUCATIVO NA PERSPETIVA DAS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL ......................................................................................................... 131
GRÁFICO 3 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES NO ÂMBITO
DA HIPOTERAPIA E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO
EDUCATIVO NA PERSPETIVA DOS TÉCNICOTERAPEUTAS ........... 132
17
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo investigar as contribuições da Hipoterapia
(terapia sobre e com o cavalo), prática tão remota e, ao mesmo tempo, tão
atual, no tratamento de pessoas com deficiência física e/ou com necessidades
especiais, dentro do enfoque psicoterapêutico (constituindo, assim, um diferencial
no processo de ensino-aprendizagem nos seus aspetos físico, psicológico,
sociológico).
Para isso organizamos a nossa investigação em dois momentos diferentes:
primeiro momento: avaliar dois grupos de alunos portadores de
Deficiência Mental/Motora;
segundo momento: avaliar o impacto da Hipoterapia num grupo de
alunos com Deficiência Mental/Motora, face ao outro grupo que não
usufruiu de Hipoterapia.
Esta proposta tem como finalidade apresentar a Hipoterapia como um
meio terapêutico, mediador, favorecendo o seu ambiente familiar e escolar ,
através deste conjunto perfeito cavalo-cavaleiro. A Hipoterapia, atividade em
que se utiliza o cavalo como ferramenta dentro de uma abordagem
complementar e interdisciplinar, tem as suas contribuições na educação
inclusiva; com isto, pretende mostrar a direção de um trabalho coadjuvante
para as crianças especiais, inseridas na escola regular de ensino. Contudo, este
trabalho de suma importância, justifica que os benefícios proporcionados pela
Hipoterapia, auxiliam na função motora, atenção, concentração da criança,
aliado ao envolvimento da família e escola de forma significativa.
Os participantes deste estudo são terapeutas, professoras do ensino regular,
professoras de educação especial, pais/encarregados de educação e dez crianças
com deficiência mental/motora, com várias patologias e anomalias
cromossômicas. As crianças participantes foram avaliadas em sessões semanais de
Hipoterapia e os resultados foram satisfatórios.
18
Estas funções são de grande relevância para o desempenho psicomotor das
crianças e a sua socialização, considerando que o indivíduo é um ser de ação e faz
uso de diferentes tipos da linguagem na subjetividade.
O cavalo, com seus movimentos e simbologia de força e poder,
proporcionou às crianças melhoras no comportamento motor e no repertório
comportamental, maior independência.
O presente trabalho possibilita uma reflexão sobre a proposta pedagógica
que leve em consideração as contribuições da Hipoterapia, atividade que utiliza o
cavalo no contexto biopsicossocial e educacional das crianças com necessidades
especiais de forma desafiadora, para garantir com qualidade a assistência,
educacional, terapêutica e social.
O nosso estudo é apresentado em três partes, cada uma reportando-se a
temáticas específicas, no entanto todas elas procuram ir ao encontro da questão
lançada ,a qual nos propomos investigar.
Na primeira parte apresentamos, no primeiro capítulo, as definições, tendo
em consideração os parâmetros que importam analisar. No segundo capítulo
realizamos uma revisão de literatura sobre o movimento inclusivo, a inclusão e
as NEE. No fundo pretendemos expor a evolução dos termos e a forma como
foram sendo introduzidos no sistema educativo. No capitulo três, abordamos a
hipoterapia e a deficiência.
Na segunda parte, abordamos a metodologia deste estudo, mais
precisamente a metodologia quantitativa, seguida da apresentação do desenho
do estudo, caracterização e apresentação da amostra, tal como os instrumentos de
recolha de dados. Finalizamos com a apresentação do procedimento da recolha e
tratamento dos dados.
Os resultados do estudo, são apresentados na terceira parte.
Terminamos o presente trabalho apresentando as conclusões obtidas.
Expomos algumas das dificuldades sentidas ao longo do trabalho, assim como
apresentamos as recomendações consideradas pertinentes para futuros estudos
na mesma área e sobre a mesma temática.
PPAARRTTEE II -- EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO CCOONNCCEEPPTTUUAALL EE TTEEÓÓRRIICCOO
20
CAPÍTULO I – DEFINIÇÕES
1.1. Deficiência Mental
A partir do século XX começou-se a estabelecer uma definição para o
Deficiente Mental e essa definição diz respeito ao funcionamento intelectual, que
seria inferior à média estatística das pessoas e, principalmente, em relação à
dificuldade de adaptação (BALLONE, 2007).
Segundo a descrição do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders versãoIV) (American Psycology Association, APA), a
característica essencial do Atraso Mental é quando a pessoa tem um:
«(…) funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo
em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação,
autocuidados, vida doméstica, social, relacionamento interpessoal, uso de
recursos comunitários, autossuficiência, habilidades académicas,
trabalho, lazer, saúde e segurança.»
(APA, 2002, p. 147)
Essa é também a definição de Deficiência Mental adotada pela AAMR
(Associação Americana de Deficiência Mental). Na Deficiência Mental, como nas
demais questões da psiquiatria, a capacidade de adaptação do sujeito ao objeto, ou
da pessoa ao mundo, é o elemento mais fortemente relacionado à noção de
normal. Teoricamente, deveriam ficar em segundo plano as questões mensuráveis
de QI (Quociente de Inteligência), já que a unidade de observação é a capacidade
de adaptação (BALLONE, 2007).
Ao pensar na Deficiência Mental como uma condição em si mesma, um
estado patológico bem definido. Entretanto, na grande maioria das vezes a
Deficiência Mental é uma condição mental relativa. A deficiência será sempre
relativa em relação aos demais indivíduos de uma mesma cultura, pois, a
existência de alguma limitação funcional, principalmente nos graus mais leves,
não seria suficiente para caracterizar um diagnóstico de Deficiência Mental, se
21
não existir um mecanismo social que atribua a essa limitação um valor de
morbilidade. E esse mecanismo social que atribui valores é sempre comparativo,
portanto, relativo (BALLONE, 2007).
Como vimos nas definições acima, Deficiência Mental é um estado onde
existe uma limitação funcional em qualquer área do funcionamento humano,
considerada abaixo da média geral das pessoas pelo sistema social onde se insere
a pessoa. Isso significa que uma pessoa pode ser considerada deficiente numa
determinada cultura e não deficiente em outra, de acordo com a capacidade dessa
pessoa satisfazer as necessidades dessa cultura. Isso torna o diagnóstico relativo
(BALLONE, 2007).
Segundo critérios das classificações internacionais, o início da Deficiência
Mental deve ocorrer antes dos 18 anos, caracterizando assim um transtorno do
desenvolvimento e não uma alteração cognitiva como é a Demência. Embora o
assunto comporte uma discussão mais ampla, de modo académico o
funcionamento intelectual geral é definido pelo Quociente de Inteligência (QI ou
equivalente) (BALLONE, 2007).
Academicamente, é possível diagnosticar o Atraso Mental em indivíduos
com QIs entre 70 e 75, porém, que exibam deficits significativos no
comportamento adaptativo. Cautelosamente o DSM-IV recomenda que o Atraso
Mental não deve ser diagnosticado num indivíduo com um QI inferior a 70, se não
existirem deficits ou prejuízos significativos no funcionamento adaptativo (APA,
2002).
Na Deficiência Mental, a capacidade de adaptação do sujeito ao objeto, ou
da pessoa ao mundo, é o elemento mais fortemente ligado à noção de normal.
Teoricamente, já que a unidade de observação é a capacidade de adaptação,
deveriam ficar em segundo plano as questões mensuráveis de QI (BALLONE,
2007).
22
3.4. Evolução da deficiência mental
3.4.1. Fatores condicionantes à aprendizagem da pessoa
deficiente mental.
O estudo da deficiência mental analisa os fatores no contexto sócio-
profissional, sócio-familiar, médicos e escolares.
Com efeito, além das lesões cerebrais, das deficiências congénitas ou
acidentes neonatais as condições sócio-económicas, culturais e a qualidade de
vida influenciam as funções psicológicas que se adaptam à sociedade.
Estes fatores marcam a deficiência mental sendo que alguns estudos feitos
concluem que a falta de envolvimento da família provoca o aumento da
deficiência mental.
BAUTISTA (1997), refere que a etiologia da Deficiência Mental é muito
diversa podendo, no entanto, ser classificada da seguinte forma: Fatores
Genéticos: Estes fatores atuam antes da gestação; a origem da deficiência é
determinada pelos genes ou herança genética. São fatores de tipo endógeno, ou
seja, atuam no interior do próprio ser. Existem dois tipos de causas genéticas
conhecidas: «as Genopatias (alterações genéticas) e as Cromossomopatias
(síndromes devidos a anomalias ou alterações nos cromossomas)».
Fatores extrínsecos:
Fatores pré natais: são fatores que atuam antes do nascimento e
podem classificar-se da seguinte forma:
- Embriopatias (atuam durante os três primeiros meses de
gestação).
- Fetopatias (atuam a partir do primeiro mês de gestação).
Dentro dos fatores que atuam sobre o embrião ou sobre o feto,
originando deficiência mental, para além de outras deficiências,
podem destacar-se os seguintes: infeções, endocrinometabolopatias,
intoxicações, radiações e perturbações psíquicas.
23
Fatores perinatais e neonatais: são fatores que atuam durante o
momento do parto ou no recém-nascido e é importante destacar os
seguintes: prematuridade, metabolopatias, síndrome de sofrimento
cerebral, infeções e incompatibilidade Rh (fator Rhesus).
Fatores pós natais: são fatores que atuam após o nascimento, tais
como: infeções endocrinometabolopatias, convulsões, anoxia,
intoxicações, traumatismos crâneo-encefálicos e fatores ambientais.
Outra causa a que muitos investigadores fazem referência é ao meio sócio-
cultural em que a criança se desenvolve, já que é um facto constatado que
aparecem maiores dificuldades cognitivas, afetivas e emocionais, em indivíduos
pertencentes a meios sociais mais pobres (Diaz e Resa; cit. BAUTISTA, 1997).
Segundo ANDRADA (1981), os fatores socioeconómicos desfavoráveis
favorecem o aparecimento da deficiência mental, fato este que tem sido
comprovado em diversos estudos (Slone et al., 1998 citados por MARQUES,
1998). Grossman (1973; cit. por MARQUES, 1998) considera que 75% das
deficiências mentais ligeiras se encontram em indivíduos pertencentes às classes
sociais mais desfavorecidas. Mayor e Gonzalez (1987; cit. Diaz e Resa; in
BAUTISTA, 1997) sustentam a posição de Grossman, afirmando que a classe
social é uma das variáveis mais relacionadas com o QI, entendendo-se que isso
acontece porque os indivíduos que se desenvolvem em ambientes desfavorecidos
sofrem uma carência nas capacidades que lhes permitem potencializar as suas
aprendizagens e desenvolvimento cognitivo. ANDRADA (1981), refere que não
existem quaisquer dúvidas de uma série de influências nocivas do meio ambiente
podem afetar o desenvolvimento das estruturas cerebrais e, consequentemente,
originar deficiência mental e/ou outras deficiências.
3.4.2. O novo paradigma da Deficiência Mental/Motora
Com os recentes avanços científicos, principalmente na área da genética, da
biologia e das neurociências e com o surgir dos movimentos humanitários em prol
dos direitos humanos assiste-se a uma mudança na forma de conceber e classificar
a deficiência. Porém, um dos problemas que se mantém na literatura é a
24
dificuldade de uma definição conceptual da deficiência mental, ou seja a
dificuldade de uma definição conceptual da inteligência com todas as
consequências ao nível dos direitos de assistência, da socialização e integração
profissional das pessoas com deficiência mental.
3.4.3. A família e o deficiente mental/motor
A importância da família tem um papel muito importante. Em Portugal a
participação dos pais na vida escolar ou sobre qualquer matéria curricular ainda
levanta algumas questões. Mas quando o assunto é a criança deficiente ou
dificuldades de aprendizagem "comunicam" à escola as suas tomadas de decisão.
O desenvolvimento da educação especial implica diferentes modos de avaliação,
havendo consequências para o processo educativo, como a exclusão do aluno da
escola regular, para o ensino especial, reforçando a ideia que os pais tinham o
direito e o dever de se envolver nas tomadas de decisão. Por outro lado, com os
relatórios médicos nos processos individuais destes alunos, tornou-se ainda mais
evidente aceitar e respeitar a opinião dos pais sobre a utilização destes dados.
Nos últimos anos reconhece-se o papel importante que os pais têm no
diagnóstico dos seus filhos, dado que são os primeiros a ter conhecimento da sua
situação. Cada vez mais é dado importância às atividades que tem lugar no
contexto familiar com as atividades desenvolvidas na escola. Para que os pais
assumam o papel de educadores dos seus filhos com deficiência é necessário que
consigam ultrapassar o problema e de serem capazes de ter um relacionamento
normal com o seu filho, apesar de muitas vezes ser um processo muito difícil e
longo, logo necessitam de um apoio, ajuda. Esta ajuda pode incluir familiares,
amigos ou serviços/técnicos especializados (professores, médicos).
No entanto, os professores, neste contexto têm uma vantagem, para exercer
este apoio/ajuda.
Escola e família devem manter contacto estreito e permanente para que se
permita uma atuação que visa o melhor desenvolvimento da criança deficiente.
Todo este desenvolvimento melhorará a vida da criança deficiente e a qualidade
25
das pessoas que lhe estão próximas. O grande dilema está nas pessoas, normais,
que não terão outra solução, senão alterar as atitudes/comportamentos, em relação
às pessoas deficientes.
O deficiente mental/motor, não deve ser tratado como "um coitadinho", mas
sim como a pessoa "normal", devendo sempre ser respeitado a sua condição de
limitado. É da responsabilidade da família e da sociedade proporcionar qualidade
de vida aos deficientes ajudando-os a ser mais autónomos.
O deficiente deve ser respeitado, não deve ser considerado inferior, nem
protegido de mais.
26
CAPÍTULO II – ESCOLA INCLUSIVA
2.1. Escola Inclusiva
Todos os seres humanos, mesmo sendo diferentes e diversos nascem e
permanecem iguais em direito, sendo esta igualdade o princípio fundador da
universalidade dos Direitos do Homem (de 1948 ponto 1, UNESCO 1998).
Os Direitos Humanos exprimem valores universais, como a liberdade, a
justiça, a igualdade entre todos os seres humanos e são a fonte de toda a educação,
que tanto valoriza comportamentos e atitudes, como saber e conhecimentos.
As más condições em que viviam muitas crianças, levou a comunidade
internacional a agir, para as proteger. Inicialmente este movimento conduziu à
promoção de uma Declaração dos Direitos da Criança e posteriormente, em 1989,
foi enunciada a Convenção dos Direitos da Criança. Esta Convenção marca uma
evolução das atitudes dos governos e da opinião pública em relação às crianças.
Estas passam a ser consideradas como seres humanos em plenitude.
O direito à educação, estabelecido no Art. 26.º da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e no Art. 28.º da Convenção dos Direitos da Criança, é
demonstrativo do reconhecimento do valor que a educação tem para o futuro da
humanidade.
Em termos legislativos, o princípio da igualdade é um imperativo
constitucional para toda a sociedade portuguesa, inscrito desde 1976 na
Constituição da República (Art n.º 3).
A legislação em vigor em Portugal (Decreto-Lei n.º 3/2008) e as mais
recentes orientações no campo da educação e reabilitação (nomeadamente a
Declaração de Salamanca), preconizam a inclusão das pessoas com deficiência em
todos os domínios da vida social e o seu direito à plena cidadania. Neste sentido,
apontam para a abertura da Escola às crianças com necessidades educativas
especiais, numa perspetiva de Escola para Todos ou Escola Inclusiva.
27
Os agentes educativos (Pais, Professores e Educadores) são chamados a
participar de forma ativa neste processo, o que requer novas atitudes e
competências.
Portugal é um dos 92 países subscritores da Declaração de Salamanca, um
documento aprovado por aclamação no final de uma conferência internacional
promovida pelo governo espanhol, em 1994, com o alto patrocínio e apoio da
UNESCO. Esta declaração proclama que «Cada criança tem o direito
fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um
nível aceitável de aprendizagem», acrescentando que «as crianças e jovens com
necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares que a
elas se devem adequar, através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de
ir ao encontro das suas necessidades.» (UNESCO, 1994, p. viii)
Para estes subscritores, é claro que a criança diferente - portadora ou não de
deficiência - deve por norma, integrar as turmas do ensino regular, ainda que para
elas se adotem medidas suplementares e ter acesso ao currículo definido para o
regime de ensino regular, que pode em determinados aspetos merecer adaptações,
dando assim resposta a necessidades específicas de cada criança.
A Declaração diz ainda
«(...) as escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente
das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito
devem incluir-se crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças de
rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou
nómadas, crianças de minorias étnicas ou culturais e crianças de áreas
ou grupos desfavorecidos ou marginais [continuando até à afirmação final
de que a existência de escolas inclusivas] constitui um passo crucial na
ajuda da modificação das atitudes discriminatórias e na criação de
sociedades acolhedoras e inclusivas».
(UNESCO, 1994, p. 6)
A integração das crianças com necessidades educativas especiais no sistema
de ensino regular é um processo complexo, que requer uma análise e um
acompanhamento constantes.
Seria correto, para colmatar as dificuldades existentes criar-se dois planos
para a formação e apoio aos Educadores. Por um lado abordar os aspetos mais
comuns da relação com a criança com necessidades educativas especiais e de
28
como reagir a possíveis comportamentos. Por outro lado e face a problemas
específicos seriam encontradas outras soluções: cursos temáticos ministrados por
técnicos especializados em certos tipos de casos; estabelecimento de protocolos de
cooperação que possibilitem o acompanhamento e o apoio aos Educadores
(terapeutas de fala, psicólogo).
Fundamental é dar conhecimento aos Educadores, dos serviços e meios
existentes sempre que haja necessidade de apoio.
Muitos dos problemas extravasam a capacidade e a vontade individual, as
próprias escolas devem ser dotadas de condições (materiais e humanas) para
serem utilizadas por todas as crianças e agentes ligados ao processo educativo;
reduzir o número de alunos por cada turma e elaborarem-se projetos escolares
adaptados às diferentes características da população que servem.
A este nível, não são só as crianças com deficiência física ou mental que
sofrem com programas escolares desajustados face à realidade em que vivem, mas
também as crianças de etnias e culturas distintas da oficialmente dominante.
O direito à igualdade de oportunidades é o resultado de uma longa luta
histórica pelos direitos humanos, que terá de prosseguir nos dias de hoje,
continuando a avançar para o conceito de necessidades educativas especiais e de
que somos iguais nas nossas diferenças.
A colocação de crianças em escolas especiais deve considerar-se como
medida excecional, indicada unicamente para aqueles casos em que fique
claramente demonstrado que a educação nas aulas regulares é incapaz de
satisfazer as necessidades pedagógicas e sociais do aluno ou para aqueles em que
tal seja indispensável ao bem-estar da criança deficiente ou das restantes crianças.
Há que passar de um ensino massificado para um ensino preocupado em
atender a algumas especificidades, um ensino que tratando cada um de maneira
diferente, de acordo com as suas necessidades e características próprias, dê a
todos iguais oportunidades de aprendizagem e inserção na sociedade.
Com o desdobramento da filosofia com políticas públicas de Educação para
Todos, sob a Coordenação da Organização das Nações Unidas para a Educação,
29
Cultura e Ciência (UNESCO, 1994), a educação inclusiva proporciona-nos uma
nova visão, como forma de quebrar paradigmas, apresentando meios de descobrir
novos caminhos, envolvendo a família e a escola, despertando no indivíduo as
suas potencialidades e capacidades de viver e conviver com as diferenças, para
que possam participar de grupos sociais e contribuir com a organização e o
cumprimento das regras estabelecidas pela sociedade.
2.2. Origem da Inclusão
Em 1986 nos EUA (Estados Unidos da América) verificou-se que 10% dos
alunos matriculados, eram alunos com NEE e que outros 10 a 20%, embora,
embora não fossem considerados com NEE, demonstravam problemas de
aprendizagem e comportamentos que interferiam com a sua realização escolar.
Esta percentagem de alunos era tão elevada, que só por si justificava a procura
de novas estratégias que promovessem o sucesso escolar desses alunos.
Madeleine Will, Secretária de Estado para a Educação Especial do
departamento de Educação dos EUA dizia, nesta altura, que a solução passava por
uma cooperação entre professores do ensino regular e do ensino especial para
permitir uma análise das necessidades educativas dão alunos com problemas de
aprendizagem e o desenvolvimento de estratégias que possam responder a essas
mesmas necessidades. Nasceu assim um movimento chamado "Regular Education
Initiative (REI) (Iniciativa da educação regular) ", em que se defendia a adaptação
da classe regular de forma a tornar possível ao aluno a aprendizagem nesse
ambiente, desafiando ainda os estudiosos a encontrarem formas de poderem
ser atendidos na classe regular o maior número de alunos, encorajando os serviços
de educação especial e outros serviços especializados a associarem-se ao ensino
regular. Desta forma havia uma corresponsabilidade do ensino especial e do
ensino regular para que ambos respondessem eficazmente às NEE do aluno
(CORREIA, 1997).
Este movimento está hoje consagrado no princípio da Inclusão. Alguns
investigadores e educadores, afirmavam que as NEE dos alunos não deviam
30
requerer um sistema dual, mas sim a "unificação" da educação, na medida em que
um sistema dual podia fomentar atitudes injustas e desapropriadas em relação à
sua educação. Afirmavam também que o número de pais e educadores que
defendiam a integração do aluno na classe regular, mesmo aquele que
tradicionalmente era categorizado com deficiência severa e profunda, era cada vez
maior.
Outro grupo de investigadores e educadores, argumentava que a ideia de
que todo o aluno pode ser ensinado com sucesso na classe regular, não era
claramente apoiada pela investigação existente, além de que aqueles que
defendiam a "unificação" do sistema existente (sistema dual), não
compreendiam a extensão do problema, é que embora os objetivos
proclamados pela REI, fossem louváveis, seria necessário um esforço enorme
para se atingirem, isto se algum dia viessem a ser atingidos.
Apesar desta controvérsia, o movimento REI dá lugar ao princípio da
Inclusão, que começou a receber uma atenção muito especial por parte de
investigadores, educadores e mesmo entidades oficiais, particularmente depois da
«conferência mundial sobre necessidades educativas especiais: acesso e
qualidade», efetuada em Salamanca, em junho de 1994.
2.3. Inclusão
A Educação Especial tem passado ao longo deste século, por grandes
reformulações, fruto das grandes convulsões sociais, da revisão gradual da teoria
educativa e que assenta no seguinte pressuposto: «A escola está à disposição de
todas as crianças em igualdade de condições e é obrigação da comunidade
proporcionar-lhe um programa público e gratuito de educação adequado às suas
necessidades.» (CORREIA, 1997).
Apesar das carências que ainda existem no sistema, hoje em dia o aluno
com NEE recebe uma educação mais adequada às suas características do que
receberia anos atrás. Tem sido necessário proceder-se a um conjunto de
mudanças, legislativas e educacionais, de modo a permitir que o aluno com NEE
31
possa usufruir do mesmo tipo de educação que o seu companheiro dito "normal",
isto é o mesmo que dizer, que sempre que possível o aluno com NEE deve ser
educado na classe regular, da escola da área onde reside, tendo por norma os
princípios da integração e inclusão.
A noção de que os alunos com deficiência e NEE devem ser educados ao
lado dos seus pares, em escolas normais, sempre que possível e apropriado, já
não é seriamente questionado por ninguém.
2.4. Princípio da inclusão
Entre 7 e 10 de Junho de 1994, em Salamanca (Espanha) decorreu uma
conferência, organizada pelo Governo espanhol em cooperação com a
UNESCO, com mais de trezentos participantes, representativos de noventa e dois
governos e vinte e cinco organizações internacionais.
Esta conferência teve como objetivo promover a Educação para Todos,
lançando o desafio a todos os países para que procedam às mudanças
fundamentais a nível político, económico, social e educacional, no sentido de
garantir a educação de crianças, jovens e adultos com NEE no quadro do sistema
regular de educação.
A Declaração de Salamanca vem assim, reafirmar um princípio da
Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e que é o de que «Todo o
Homem tem direito à Educação», vem reforçar o espírito da Conferência Mundial
sobre Educação para Todos (UNESCO, 1994), e que foi que «Todo o indivíduo
tem direito à educação, independentemente das suas diferenças universais» e
vem relembrar as Declarações das Nações Unidas (1993) sobre a igualdade de
oportunidades para as pessoas com deficiência.
Assim, desta conferência saiu a proclamação dos seguintes princípios pelos
quais se devem orientar os diferentes governos:
32
Cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a
oportunidade de alcançar e manter um nível aceitável de
aprendizagem;
Cada criança tem características, interesses, capacidades e
necessidades de aprendizagem que lhe são próprias;
Os sistemas de educação devem ser planeados e os programas
educativos devem ser implementados tendo em vista a vasta
diversidade destas características e necessidades;
As crianças e jovens com necessidades educativas especiais
devem ter acesso às escolas regulares que a elas se devem adequar,
através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao
encontro destas necessidades;
As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva,
constituem os meios mais eficazes de combater as atitudes mais
discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias,
construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para
todos. Além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria
das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação
custo/qualidade, de todo o ensino educativo;
Da Declaração de Salamanca surge uma nova conceção sobre
educação de alunos com NEE, dado que esta designação passa a
abranger todas as crianças ou jovens que são portadoras de
deficiência indo até às sobredotadas, incluindo aqueles que
pontualmente denotam dificuldades de aprendizagem em algum
momento do seu percurso educativo.
Daqui surge um novo conceito de escola que é designado por "Escola
Inclusiva", que deve preconizar o seu ajustamento a todas as crianças,
independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras.
Este novo conceito de escola passa por um assumir/aceitar as diferenças
33
humanas, através de uma mudança de atitudes que leve à criação de uma sociedade
mais humana e dignificante.
Deste conceito surge também que a integração é na escola e é através da
inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais, logo inclui a
colaboração entre todos os intervenientes do processo educativo e principalmente
da relação professor aluno.
2.5. Integração/Inclusão na escola
Para Frederico Mayor (UNESCO, 1994), a conferência mundial da
UNESCO, ao adotar a Declaração de Salamanca sobre os princípios, a política e
as práticas na área das NEE e respetivo enquadramento de ação, inspirou-se no
"princípio da inclusão" e no «reconhecimento da necessidade de atuar com o
objetivo de conseguir escolas para todos -instituições que incluam todas as
pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e respondam às
necessidades individuais».
Esta escola vai deparar-se com alunos de capacidades muito diferentes.
Têm de se adaptar aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo, a
garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados,
de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de
recursos (humanos e materiais) e de uma cooperação com as respetivas
comunidades.
A escola inclusiva pretende exprimir a ideia, sobretudo, levar à prática uma
forma de atuação que pretende mais do que integrar no ensino regular crianças
que dele estariam excluídas, incluir desde o início todas as crianças em idade
escolar, independentemente das suas características físicas, sociais, linguísticas ou
outras, sendo objetivo da escola mantê-las e evitar exclui-las procurando criar
oportunidades de aprendizagem bem sucedidas para todos, graças à diferenciação
de estratégias que devem ser implementadas.
«O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em que todos os
alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente
das dificuldades e das diferenças que apresentam. As escolas inclusivas
34
devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus
alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de
modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos
adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas,
de utilização de recursos e de uma boa cooperação com as respetivas
comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços
para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola.
Nas escolas inclusivas, os alunos com NEE devem receber o apoio
suplementar de que precisam para assegurar uma educação eficaz. A
pedagogia inclusiva é a melhor forma de promover a solidariedade entre
os alunos com NEE e os seus colegas.»
(UNESCO, 1994, p. 11-12)
A escola inclusiva pretende ser um modelo de escola recetiva à diversidade,
onde se procura que as minorias encontrem a resposta adequada às suas
necessidades especiais, sem que haja prejuízo dos restantes alunos. Pelo contrário,
investe na tentativa de beneficiar a generalidade de todos os restantes alunos. Pelo
contrário, investe na tentativa de beneficiar a generalidade dos alunos, tendo em
conta que preconiza a mudança, a renovação, a implementação de novos e variados
recursos e serviços.
Se a escola é realmente para todos cabe-lhe o dever de garantir o direito a
toda e qualquer diferença, criando percursos escolares e de formação nos quais
são respeitadas diversidades e características dos grupos sociais, culturais e de
diferentes níveis intelectuais de acordo e em decorrência do seu estatuto de
cidadania, o que leva à concretização dos objetivos fundamentais de uma escola
designada para todos.
Para tal é de considerar a resposta adequada às reais necessidades dos
alunos, o respeito pelo seu ritmo e forma de aprendizagem, o valorizar da sua
cultura, das suas vivências e dos seus saberes o que pressupõe o elevar da sua
autoestima e consequentemente mudanças consideráveis nas estruturas, nas
atitudes, na abertura à comunidade e sobretudo a mudança de atitude profissional
de alguns professores, no reconhecimento da unicidade de cada criança, com
necessidades próprias e específicas e a possibilidade de progredirem de acordo
com as suas capacidades, tendo sempre em consideração as diferenças
individuais.
35
2.6. Sistema Inclusivo
O princípio da inclusão não deve ser encarado como um conceito inflexível,
mas como um conceito que permite um leque de opções, sempre que a situação
o exija. Defende a inserção do aluno com NEE mesmo que severas, na classe
regular, sempre que possível.
Pode acontecer que as características e necessidades específicas de um
determinado aluno, façam com que a sua permanência a tempo inteiro na
classe regular não seja a modalidade de atendimento mais eficaz. No sistema
inclusivo, o conjunto de serviços educativos que devem ser prestados, sempre
que possível, ao aluno com NEE mesmo que severas, deve ser complementado
com tarefas que envolvam uma participação da comunidade de modo a
possibilitar ao aluno o desenvolvimento de aptidões inerentes ao quotidiano de
cada um (lazer, emprego, ajustamento social, independência social).
O princípio da inclusão defende que o ensino deve ser orientado para o
aluno, visto como um todo, devendo para isso serem considerados três
níveis de desenvolvimento essenciais: académico, socio emocional e pessoal,
tendo por base as características e necessidades desse mesmo aluno. A classe
regular torna-se, assim, num espaço onde a heterogeneidade, a diversidade e
diferenciação serão sempre fatores a ter em conta. Segundo Miranda Correia, o
modelo inclusive além de considerar o aluno com NEE como um todo, como o
centro de atenção da escola, da família e da comunidade, considera ainda, que o
Estado tem um papel fundamental na criação de um sistema inclusive e eficaz.
2.7. Pressupostos para a inclusão
Para que a inclusão do aluno com NEE seja bem sucedida, a escola regular
deve dispor dos recursos humanos e materiais necessários para uma boa prestação
de serviços.
36
Neste sentido, há um conjunto de pressupostos que devemos ter em
conta, sem os quais a inclusão não passará de um processo de "lançamento" do
aluno com NEE nas classes regulares.
2.8. Responsabilidade das várias entidades para
a implementação do sistema inclusivo
Ramiro Marques defende o conceito de Davies et al. (1997: 107-14, cit.
MARQUES, 1998) que é o modelo da educação pluridimensional e da escola
cultural o que melhor serve a perspetiva da aproximação curricular, pedagógica
e vivencial às famílias e às comunidades.
A ideia passa pela recusa do professor como funcionário e da escola como
estrutura burocrática, apostando na autonomia da escola e na componente
interativa do currículo.
Com base na realização do projeto Organizar a Escola para Promover o
Sucesso Educativo - uma parceria tripartida entre as escolas preparatórias, a ESE
(Escola Superior de Educação) de Santarém e a Direção Regional de Lisboa - o
autor defende a possibilidade de criar um programa de promoção do sucesso
educativo centrado nos estabelecimentos de ensino.
O projeto aposta na formação dos diretores de turma, a cargo de
professores da ESE, maior coordenação entre os conselhos de turma e os
conselhos de grupo e a maior ligação dos diretores de turma aos encarregados de
educação, aos restantes professores da turma e aos alunos.
Segundo MARQUES os estudos mostram que quando os pais apoiam e
encorajam as atividades escolares há enormes vantagens para os alunos,
nomeadamente quando supervisionam o trabalho de casa, selecionando um local
adequado para o aluno estudar e ajudando o aluno no estudo.
Defende, como objetivos do envolvimento parental: aumentar o número
de famílias que se envolvem na educação dos filhos; aumentar a motivação e
o aproveitamento escolar; criar programas educativos escolares que se adaptem
às necessidades e culturas das famílias dos alunos.
37
2.8.1. Estado
Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) ao Estado compete:
- Publicação de legislação que considere as reformas necessárias à
implementação e implantação de um sistema inclusive;
- Assegurar, financiando, os recursos humanos e materiais
necessários à inclusão da criança;
- Possibilitar à escola autonomia que permita implementar um
"sistema inclusivo" de acordo com a sua realidade;
- Promover uma sensibilização que permita ao público em geral
perceber as vantagens de "um sistema inclusivo";
- Apoio que permita às instituições do ensino superior considerar
alternativas de formação que tenham em conta a filosofia da
"inclusão".
2.8.2. Escola
Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) à Escola compete:
- Elaborar uma planificação adequada que permita uma comunicação
saudável entre o aluno, o professor, os pais e comunidade;
- Desenvolver um plano de sensibilização e apoio aos pais e à
comunidade, de modo a permitir o seu envolvimento com vista ao
desenvolvimento global do aluno;
- Deve considerar uma variedade curricular que se adeque às
características individuais de cada aluno, aceitando assim o facto de
que nem todos os alunos atingem os objetivos curriculares ao
mesmo tempo;
- A formação dos professores e outros técnicos deverão ser consoantes
as necessidades da escola e poderá ser a nível de instituição do
ensino superior.
38
Com a publicação do Decreto-Lei n.º 3/2008 foi apresentado um novo
contexto com implicações diretas nas escolas, limitando a definição de
necessidades educativas especiais a alunos com diagnóstico médico de deficiente.
A educação especial preocupa-se com uma avaliação, intervenção especializada.
O Decreto define apoios especializados na educação pré-escolar e nos ensinos
básicos e secundários, sejam ele público, particular ou cooperativo.
Este decreto define condições para o processo educativo em relação às
necessidades educativas especiais dos alunos com deficiência. Define como
objetivos do ensino especial a inclusão educativa, a autonomia, promoção da
igualdade de oportunidades para preparar para a vida profissional. Define os
direitos e deveres dos pais/encarregados de educação no poder paternal.
Estabelece o PEI, o qual fundamenta os apoios especializados e a avaliação.
Define, ainda, docente em educação especial e estabelece a possibilidade dos
agrupamentos de escolas darem respostas diferenciadas através da criação de
unidades de ensino para a educação de alunos com vários tipos de deficiência. Os
agrupamentos possam desenvolver parcerias com instituições particulares, para
uma avaliação especializada (por exemplo: ensino Braille e apoio à família).
2.8.3. Família
Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) à Família compete:
- Participar na escola e na comunidade, permitindo estabelecer uma
boa comunicação entre pais, professores e agentes comunitários;
- Apoiar de modo a permitir a "inclusão" da criança na escola e na
comunidade;
- Permitir o seu desenvolvimento tendo em consideração a planificação
e programação educacional do aluno.
39
2.8.4. Comunidade
Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) à Comunidade
compete:
- Desempenhar um papel relevante na educação e transição para a vida
ativa do aluno com NEE para que haja uma participação saudável por
parte da comunidade devendo obedecer aos seguintes requisitos:
Com vista a um desenvolvimento global do aluno, deve existir
uma interligação entre os serviços comunitários e a escola para
responderem às necessidades específicas dos alunos e da família;
Em conjunto com a escola, Governo local e central deve criar
um conjunto de programas e incentivos que permita ao aluno um
desenvolvimento socio emocional e pessoal adequado às suas
características;
Sensibilizar para a problemática da "inclusão ".
Segundo CORREIA (1997) para que possamos um dia, ver
implementado e implantado, com sucesso, um sistema inclusivo é necessário
que:
A inclusão permita, sempre que necessário, outros modelos de
atendimento para além da classe regular;
Admita que a modalidade de atendimento mais adequado para o
aluno com NEE deverá ser determinada pelo Plano Educativo
Individual. Sem nunca esquecer que qualquer modalidade de
atendimento que venha a ser proposta e que exija a saída do aluno
com NEE da classe regular, só poderá ser considerada quando o
sucesso escolar (académico e social) desse mesmo aluno não possa
ser assegurado na classe regular, mesmo com a ajuda de apoios e
serviços suplementares.
40
2.8.5. Formação de Professores
«Todos os professores e educadores têm de ser capazes de reconhecer nos
seus alunos problemas ou dificuldades que possuam, de os compreenderem e de,
em grande medida lhes dar a resposta adequada» (SNR, 1995).
Inicialmente apenas o professor que se destinava à educação especial e
escolas especiais é que procurada uma formação mais específica. Com a
integração do aluno com NEE cria-se a necessidade de apoios acrescidos,
reformulação de práticas pedagógicas e currículos de adaptação.
Assim a formação académica inicial do educador e do professor torna-se
insuficiente e incapaz de dar resposta às necessidades e potencialidades do aluno.
Agora que se caminha para a Escola Inclusiva, este é cada vez menos um modelo
para a formação de professores.
Propomos então que na formação inicial se incluam temáticas que
proporcionem conhecimentos sobre deficiências e dificuldades de aprendizagem,
bem como se desenvolvam competências para educar alunos com NEE.
Portanto, mais do que transmitir aos futuros docentes a ideia de que
alguns têm NEE, é necessário criar neles o sentido de especificidade de cada um
e o respeito pelo ritmo de desenvolvimento e aprendizagem que lhe são próprios.
Uma mudança muito significativa que se impõe tem a ver com a formação
em serviço.
Os professores preparados apenas para o ensino regular, deverão ter
oportunidades para refletir sobre a sua prática pedagógica, expandir o seu
conhecimento e desenvolver competências para a educação especial no que
diz respeito à diferenciação de materiais e experiências de aprendizagem de
alunos com necessidades diversas.
A formação contínua deverá efetuar-se no local de trabalho do professor,
através de jornadas de trabalho, mesas redondas, colóquios e seminários, sendo
os temas a tratar de acordo comas reais necessidades da escola.
41
A perspetiva inclusiva não invalida a ação do professor especializado, nem
pretende que o professor generalista resolva tudo. Os alunos com NEE mais
severas seriam encaminhados para o professor especializado e/ou outros
especialistas, funcionando também este professor como orientador e formador do
professor do ensino regular.
2.8.6. Recursos económicos
Os recursos económicos são um ponto crítico para o desenvolvimento e
para a implantação da escola inclusiva. Será da sua responsabilidade do
Governo, assegurar os recursos humanos e materiais, necessários à inclusão
do aluno. Para o sucesso de um programa inclusivo, uma das condições
essenciais é uma boa liderança administrativa, que permita um ajustamento na
distribuição de recursos pelas diferentes escolas. Pensamos que o Ministério da
Educação deve financiar "os serviços destinados aos alunos", de cada escola,
através das respetivas Direções Regionais de Educação, com base numa bolsa per
capita (UNESCO, 1994).
Desta forma o Ministério parte do princípio que todas as escolas necessitam
de um determinado nível de serviços de apoio, isto pelo facto de todas as escolas
atender uma população heterogénea de alunos.
Este sistema traria muitas vantagens, pois eliminava a necessidade de
justificar o financiamento a partir da existência de alunos com deficiência,
colocando-se uma menor ênfase na deficiência e uma maior ênfase no apoio aos
professores e a todos os alunos com NEE. Uma outra vantagem adicional deste
processo de financiamento consiste no facto de estimular a responsabilidade da
escola, na gestão dos recursos disponíveis.
2.8.7. Uso das Tecnologias de Informação
Para viabilizar a possibilidade de um acesso à escola com sucesso educativo
contribuem, em grande parte, as técnicas pedagógicas modernas, como apoios
mais individualizados e o uso de novas tecnologias, que permitem ajudar os
42
alunos com deficiência, a desenvolverem as suas capacidades e a vencerem as
suas dificuldades. Prova desta afirmação é a oportunidade de que pode usufruir
um deficiente motor grave, com bom nível intelectual, de utilizar novas
tecnologias e meios alternativos de comunicação, que lhe permitam participar e
integrar-se numa turma de ensino regular permitindo também, aos docentes
constatar que todos os alunos se consciencializam melhor das suas competências e
das suas dificuldades (UNESCO, 1994).
2.8.8. Equipas Multidisciplinares
Para o sucesso da inclusão é necessário o trabalho em equipa. Com este
pretende-se que um grupo de indivíduos com determinadas características, elabore
estratégias educacionais adequadas para os alunos com NEE. O trabalho em
equipa, «resulta da formação de uma equipa multidisciplinar, cuja finalidade é a
de proceder a uma avaliação compreensiva do aluno com possíveis NEE, para
posteriormente se elaborar o plano educativo individual.» (CORREIA, 1997).
Para que o trabalho em equipa possa resultar, é necessária uma colaboração
efetiva em que cada membro assume uma responsabilidade bem definida e
reconheça a importância das interações com os outros elementos da equipa, na
avaliação do aluno para a posterior planificação e intervenção, de modo a
satisfazer as necessidades educativas dos alunos.
2.8.9. O novo sistema de classificação - Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde
(OMS, 2001)
A definição da AAMD (1992) fomentou a necessidade de encontrar novas
metodologias de recolha de informação e o desenvolvimento de novos
instrumentos que correspondam a essa mudança.
A revisão da Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e
Desvantagens (ICIDH), publicada inicialmente pela OMS em 1980, e sujeita a
43
várias revisões posteriores, veio dar lugar, em 2001, a uma nova Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).
«A escolaridade é uma etapa indispensável, insubstituível e irrecuperável
na trajetória da vida do Homem moderno, por isso a sua frequência
torna-se um direito de todas as crianças.
Também é sabido que a deficiência é algo que afeta profundamente o
indivíduo quer na sua dimensão individual e social, mas não reduz a sua
dimensão humana, por isso temos que reclamar o direito à diferença.»
(D'OREY, 1993, p. 21)
É nesta perspetiva que a escola deverá ser para todos e de todos, criando as
condições necessárias para receber e educar todos os alunos. Quando privamos
um aluno desta vivência pela marginalização, estamos a contribuir para uma falsa
socialização e é também a sociedade que perde a oportunidade de progredir para
um maior equilíbrio e harmonia. A escola não pode segregar e assimilar, tem que
promover a dignidade e a riqueza do "diferente".
A articulação com a família é uma estratégia do sucesso escolar, é na
família e com a família que devemos planear os percursos de aprendizagem e
socialização, fazendo diminuir as NEE
Temos de criar e assumir uma educação de qualidade para todos, num
ambiente educativo e o menos restrito possível. É nesta fase da ação pedagógica e
nesta transformação da escola que a Educação Especial deixa de ter sentido e de
se assumir como um subsistema e passa a dar lugar a uma prática real de
diferenciação pedagógica, realizada por toda uma equipa profissional e onde o
especialista não deixa de ter lugar, mas onde o professor do ensino regular é cada
vez mais responsabilizado pela educação do aluno.
É necessário formar todos os professores no respeito pela diferença e pelas
dificuldades individuais, só assim teremos sistemas integradores e escolas
inclusivas.
«É nestas escolas que se formará uma geração mais solidária e tolerante e
é nestas escolas que aqueles que têm problemas, dificuldades ou deficiências,
aprenderão a conviver num mundo heterogéneo que é o seu.». (COSTA, 1996, p.
161).
44
Apesar dos inúmeros obstáculos e contradições verificadas no sistema atual,
o movimento parece tornar-se irreversível, cabendo às escolas, dentro da margem
de autonomia que lhe é conferida, exigir os meios e as medidas de formação
contínua, julgadas necessárias para atingir os objetivos de tão vasto programa de
ação.
As escolas inclusivas são urgentes sob pena de estarmos a contribuir para
uma sociedade cada vez menos humana e segregadora. Os preconizadores desta
filosofia, no nosso país, têm vindo a tentar implementar algumas das medidas aqui
referidas, mas parece não haver muita sensibilização/apoio da parte dos detentores
das tomadas de decisão educativas. Fazemos votos para que a "vontade" e a
"capacidade" de mudança se aliem, para assistirmos, o mais breve possível, à
aplicação da Declaração de Salamanca em Portugal.
Então:
Vamos todos promover a Inclusão já e sempre, para podermos deixar de
ouvir palavras controversas como: Integração, Dificuldades de Aprendizagem,
Necessidades Educativas Especiais, Ensino Regular/Ensino Especial e passemos a
falar e a ouvir apenas de Educação.
45
CAPÍTULO III
HIPOTERAPIA E A DEFICIÊNCIA
3.1. Histórico da hipoterapia no mundo
O uso do exercício equestre, com a finalidade de reeducação psicomotora
dos portadores de deficiência, não é uma descoberta recente, como faria pensar o
interesse surgido há algum tempo por esta prática.
De acordo com CITTERIO (1985) apresenta-se uma breve resenha histórica
acerca das atividades terapêuticas relacionadas o uso do cavalo:
Quadro 1 – Resenha histórica da utilização do cavalo com fins terapêuticos
Ano/Época Origem Descrição
458 - 370 a.C Hipócrates de Loo
No seu Livro das Dietas, aconselhava a equitação para
«regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas
doenças, mas sobretudo para o tratamento da insónia».
Além disso, afirmava que a «equitação praticada ao ar
livre faz com que os músculos melhorem o seu tônus»
124 - 40 a.C. Asclepíades de
Prúsia
Recomendava o movimento do cavalo a pacientes
caquéticos, gotosos, hidrópicos, epiléticos, paralíticos,
apopléticos, letárgicos, frenéticos e também para os
acometidos de febre terça
130 - 199 d.C. Galeno
Consolidador e divulgador dos conhecimentos da medicina
ocidental como médico particular do Imperador Marco
Aurélio - que era um pouco lento nas suas decisões -
recomendou a prática da equitação como forma de fazer
com que ele se decidisse com mais rapidez
Idade Média Árabe - mestres
hititas
Na ciência árabe, tão ligada à cultura equestre, encontram-
se, nesse período, registos do benefício ligado a essa
atividade. Foram até encontradas partes de um primeiro
texto de pedagogia com o uso geral da disciplina equestre,
redigido por alguns mestres hititas
1569 Merkurialis
A equitação não detém a posição secundária entre os
exercícios e ginásticas, pois exercita não só o corpo, mas
também os sentidos. O autor faz menção aos diferentes
tipos de andamento, diz que a equitação aumenta o "calor
natural" e remedia a "escassez de excreções".
46
Ano/Época Origem Descrição
1624-1689 Thomas
Sydenham
Em 1681 aconselha, no seu livro sobre a gota (Tractaívs de
podraga) (N.T. Tratado sobre a gota), praticar
assiduamente o desporto equestre.Já havia afirmado que "a
melhor coisa que eu conheço para fortificar e reanimar o
sangue e a mente é montar diariamente e fazer longos
passeios ao ar livre", consequentemente, aconselhando esta
atividade como sendo um tratamento ideal até para a
tuberculose, eólicas biliares e flatulência e chegando a
colocar os seus próprios cavalos à disposição de pacientes
pobres.
1660 - 1734 George E. Stahl
De acordo com este último, de facto, as fibras musculares
tomavam-se menos excitáveis praticando-se este desporto,
razão pela qual diminuíam os episódios de hipocondria e
de histeria
1719 Friedrich
Hoffmann
Instruções aprofundadas de como uma pessoa pode manter
a saúde e livrar-se de graves doenças através da prática
racional de exercícios físicos.
1654 - 1734 Francisco Fuller
No tratado De Medicina Gymnastica, publicado em 1704,
descreve em 46 páginas a equitação como sendo um
método eficaz contra a hipocondria, sendo que ele próprio
havia testado este método
1734 Charles S. Castel
O abade de St. Pierre, para aliviar o ónus económico
representado pelo custo de um cavalo e a necessidade de
pistas cobertas, a serem usadas quando as condições
meteorológicas não permitissem a prática desportiva ao ar
livre, inventou uma "cadeira vibratória" que denominou
tremoussoir de uma espasticidade obstinada que o afligia
1687-1758 Samuel T.
Quelmalz
Médico de Leipzig, na Alemanha, também inventou, em
1747, uma máquina equestre, demonstrando como o
problema do movimento e dos exercícios físicos era
encarado pelos médicos da época. Esta máquina era uma
espécie de guindaste, que imitava da melhor forma possível
os efeitos produzidos pelo movimento do cavalo. Na sua
obra A saúde através da equitação, encontramos pela
primeira vez uma referência ao movimento tridimensional
do dorso do cavalo
1707-1782 John Pringle
Nas Observações acerca das doenças dos militares (1752),
afirmou que o exercício equestre é um elemento valioso
para preservar a saúde dos exércitos, «como se pode
observar nas doenças epidémicas, às quais a infantaria
está mais sujeita do que a cavalaria.»
1772 Giuseppe
Benvenuti
O livro, As Reflexões acerca dos efeitos do movimento a
cavalo, onde diz que a equitação, além de manter o corpo
são e de promover diferentes funções orgânicas, causa uma
ativa função terapêutica;
1782 Joseph C. Tissot
Tratou exaustivamente dos efeitos dos movimentos
equestres no seu livro Ginástica Médica ou Cirúrgica ou
Experiência dos Benefícios Obtidos Pelo Movimento.
Além dos efeitos positivos, Tissot também descreveu, pela
primeira vez, as contraindicações da prática excessiva deste
desporto. De acordo com o autor, existem três formas de
movimento: ativa, passiva e ativo-passiva, que é típica da
equitação, Ele ilustra os diferentes efeitos dos vários
andamentos, entre eles, o passo - considerado como sendo
o mais eficaz do ponto de vista terapêutico
47
Ano/Época Origem Descrição
1740-1832 Goethe
Poeta alemão, cavalgou diariamente até seu ao
55.º ano de vida e reconheceu o valor salutar das
oscilações do corpo, acompanhando os
movimentos do animal, a distensão benéfica da
coluna vertebral, determinada pela posição do
cavaleiro sobre a sela e o estímulo delicado,
porém constante, feito à circulação sanguínea. No
seu estudo para Weimar, o poeta utilizava uma
cadeira no seu escritório, semelhante à sela de um
cavalo
«O motivo pelo qual o adestramento tem uma
ação tão benéfica sobre as pessoas dotadas de
razão é que aqui é o único lugar no mundo onde é
possível entender com o espírito e observar com
os olhos a limitação oportuna da ação e a
exclusão de qualquer arbítrio e do caso. Aqui
homem e animal fundem-se num só ser, de tal
forma que não sei se saberia dizer qual dos dois
está efetivamente adestrando o outro.»
1890 Gustavo Zander
Fisiatra e mecanoterapeuta, foi o primeiro a afirmar que as
vibrações, transmitidas ao cérebro com 180 oscilações por
minuto, estimulam o sistema nervoso simpático. Isto ele
comprovou, mas sem associar ao cavalo
1984 Detlvev Rjeder
Unidade neurológica da Universidade Martin Luther, da
Alemanha, mediu estas vibrações sobre o dorso do cavalo
ao passo e, incrível coincidência, corresponde exatamente
aos valores que Zander havia recomendado
1901
Hospital
Ortopédico de
Oswentry
(Inglaterra)
Uma dama inglesa, patrona daquele hospital, resolveu levar
os seus cavalos para lá, a fim de quebrar a monotonia do
tratamento dos mutilados. Este é o primeiro registo de uma
atividade equestre ligada a um hospital
1917
Hospital
Universitário de
Oxford
Fundou o primeiro grupo de Hipoterapia, para atender o
grande número de feridos da 1a Guerra Mundial, também
com a ideia fundamental de lazer e de quebra de monotonia
do tratamento
Sec. XX Liz Hartel
Aos 16 anos foi acometida por uma forma grave de
poliomielite, a ponto de durante muito tempo não ter
possibilidade de deslocamento, a não ser em cadeira de
rodas e depois, muletas. Só que ela praticava equitação
antes e, contrariando todos, continuou a praticá-la. Oito
anos depois, nas Olimpíadas de 1952, foi premiada com a
medalha de prata em adestramento, competindo com os
melhores cavaleiros do mundo. O público só percebeu o
seu estado quando ela, ao apear do cavalo para subir ao
pódio, teve de se valer de duas canadianas. Esta façanha foi
repetida 4 anos depois, nas Olimpíadas de Melbourne, em
1956
1954-1956 classe médica
Passou a interessar-se pelo programa da atividade equestre
como meio terapêutico, tanto que, na Noruega, aparecia a
primeira equipe interdisciplinar formada por uma
fisioterapeuta e o seu noivo, que era psicólogo e instrutor
de equitação (ELSBET). Em 1956 foi criada a primeira
estrutura associativa em Inglaterra
48
Ano/Época Origem Descrição
1956-1965
países
escandinavos e os
de língua anglo-
saxónica
Foi retomado o uso do cavalo como instrumento
cinesioterapeutico na reabilitação das deficiências,
limitando, porém, esta atividade, a fins recreativos.
1965 De Lubersac e
Lalleri
A Reeducação Através da Equitação (1973), se bem que,
em 1963, esta já fosse utilizada empiricamente, como
menciona Killilea no seu livro De Karem com amor, onde
conta a história de uma jovem deficiente reeducada com a
equitação e a natação. Possibilidade do portador de
deficiência se recuperar e valorizar as próprias
potencialidades
1965
Centro Hospitalar
Universitário da
Universidade de
Salpentire, em
Paris
A Hipoterapia torna-se uma matéria didática e, em 1969,
teve lugar o primeiro trabalho científico de Hipoterapia
1972 Collette Picart
Trintelin
Defesa da primeira tese de doutoramento em medicina, em
reeducação equestre, na Universidade de Paris, em Val-de-
Marne
3.2. Definição de Hipoterapia
A Hipoterapia é um método de tratamento que visa à reabilitação física e mental
de pessoas portadoras de necessidades especiais, dificuldades ou deficiências físicas,
mentais e/ou psicológicas, utilizando cavalo numa abordagem interdisciplinar. Foi
reconhecida como instrumento de trabalho pelo Conselho Federal de Medicina como
um recurso terapêutico de reabilitação motora no dia nove de abril de 1997
(FERREIRA, 2003 e FERREIRA et al., 2005). Os portadores de necessidades
educativas especiais que fazem uso desta terapia são denominados de praticantes de
Hipoterapia.
O cavalo, neste método, entra como um agente facilitador, proporcionando
aos praticantes benefícios físicos e psicológicos, exigindo um trabalho muscular
intenso e contribuição para adequação do tônus, melhoria da coordenação e do
equilíbrio (KUCEK e FERRARI, 2004).
Os indivíduos que utilizam a hipoterapia como tratamento são denominados
como praticantes, que segundo ROCHA e LOPES (2003) são:
«(…) pessoas portadoras de deficiências físicas e/ou com necessidades
especiais, onde há disfunção mental, sensitiva ou motora. Estas
características apresentam-se fisicamente com deformidades no
movimento e na postura, podendo afetar também o seu funcionamento
49
visceral. Nesta atividade, o sujeito é participante de sua reabilitação na
medida que interage com o cavalo.»
Segundo SANTOS (2005), «Hipocrates Loo aconselhava a equitação para
tratamento de insônia, e também Asclepíades, da Prússia (124-40 a.C.), recomendou
o uso do cavalo a pacientes epiléticos e paralíticos.».
A Hipoterapia foi iniciada na década de 70 por uma fisioterapeuta austríaca
que procurava uma técnica diferente para aplicar nos seus pacientes. Como tinha
contacto com cavalos, levou uma criança hipertónica para montar um animal. A
criança conseguiu relaxar e apresentou um certo domínio sobre a tensão muscular. A
partir desta experiência, estudos passaram a ser desenvolvidos e, com base apresentada
pelos pacientes submetidos ao tratamento, a nova técnica difundiu-se,
transformando-se numa terapia alternativa (SÁ e MELLO, 1992).
O cavalo oferece uma boa contribuição terapêutica para pessoas com problemas
neurológicos como hemiplegia, diplegia, tetraplegia, ataxia, entre outras. Sendo assim,
a base da hipoterapia está na movimentação do animal, pois aciona os mesmos
músculos que o ser humano. Deste modo, a pessoa que estiver montada sofre estímulos
em todos os músculos que normalmente usaria para andar, e ao mesmo tempo,
esforça-se para manter o equilíbrio (SÁ e MELLO, 1992).
O animal oferece uma diversidade de movimentos enquanto se está sobre o seu
dorso, por possuir três andamentos: passo, trote e galope. O trote e o galope são
andamentos saltados, onde o cavalo exerce um maior esforço e movimentos mais
rápidos e bruscos, exigindo do cavaleiro mais força para se segurar e um maior
desenvolvimento ginástico. Por isso, esse andamento só pode ser usado com
praticantes em estágios mais avançados. O passo é um andamento rolado ou
marchado, sendo ritmado, cadenciado e simétrico, que transmite ao cavaleiro uma
série de movimentos sequenciados e simultâneos, que tem como resultante o
movimento tridimensional (no plano vertical: para cima e para baixo e no plano
horizontal: para esquerda, para direita, para frente e para trás). Este movimento é
completado com uma pequena torção do quadril do cavaleiro, que é provocada pelas
inflexões laterais do dorso do animal (SANTOS, 2005).
De acordo com a patologia, o equipamento deve ser adaptado, sendo estes:
sela especial com alça para apoio, coxim para ajustar a sela e a pelve do praticante para
melhor posicioná-lo, usar-se manta fina ou grossa. O praticante pode estar montado
50
em selas ou mantas estando em decúbito ventral ou dorsal. Deve-se considerar todas
essas variantes ao percorrer os diversos tipos de terreno que podem ser utilizados
pela hipoterapia - áreas planas, trajetos sinuosos, por terrenos acidentados, percorrer
declives moderados e acentuados (ROCHA e LOPES, 2003).
O facto de os pacientes montarem em pelo também tem um motivo lógico: a
ausência da sela facilita a transmissão das ondas tridimensionais provocadas pelos
movimentos do animal (SÁ e MELLO, 1992).
A hipoterapia não permite colocar em evidência uma raça especial de cavalo.
O cavalo-tipo deverá ter os três andamentos regulares, ter altura mediana (cerca de 1,50
m a altura do garrote), possuir uma antemão com espáduas largas e bem
musculadas, a fim de que a menor contração seja percebida pelo cavaleiro, o
segmento do dorso-lombar não deve apresentar um garrote muito saliente; o flanco
deverá ter uma circunferência discreta, a fim de evitar uma grande abertura dos
membros inferiores do cavaleiro; o post-mão deverá ser largo, musculado e
confortável, proporcionando a manutenção da correta postura do cavaleiro
(OLIVEIRA, 2003).
O cavalo gera movimentos e transmite ao cavaleiro, desencadeando o seu
mecanismo de resposta. Apesar dos movimentos se processarem de maneira rápida,
eles não chegam a ser tão rápidos ao ponto de impedir o seu entendimento pelo
cérebro humano. E a sua repetição, simetria, ritmo e cadência fazem com que suas
repostas surjam muito rapidamente, sendo esta a grande vantagem da utilização do
cavalo (SANTOS, 2005).
3.3. Hipoterapia - O Enfoque Psicoterapêutico com
Crianças portadoras de deficiência
3.3.1. Atividades Assistidas por Animais na Deficiência
Mental
Segundo a história, já na Grécia Antiga, a equitação era vista como
elemento regenerador da saúde, exercitando não só o corpo como também a
mente. Isto porque era observado que o cavalo apresentava movimentos que
beneficiavam o indivíduo na sua totalidade. Em 1747, Samuel T. Quelmalz faz a
51
primeira referência literária ao movimento tridimensional do dorso do cavalo. Por
movimento tridimensional entendem-se os deslocamentos para frente e para trás,
para cima e para baixo e para os lados, oferecendo, assim, uma variada gama de
estímulos sensoriais, através da visão, tato, olfato e audição; favorecendo a
consistência corporal, o desenvolvimento da força muscular, o aperfeiçoamento da
coordenação motora e o equilíbrio. Observando os benefícios proporcionados aos
cavaleiros, chegou-se à conclusão de que as pessoas portadoras de deficiências
também poderiam beneficiar do trabalho sobre o cavalo. A hipoterapia apesar de
estar a ser valorizada e estimulada nas últimas décadas é uma ciência milenar. Na
Grécia antiga, por volta de 350 a.C. Hipócrates - o pai da medicina já aconselhava
a sua prática na solução de problemas de saúde, em especial para a insónia e, até
para tratar de problemas comportamentais, como complexo de inferioridade.
Também os árabes que sempre lidaram com o cavalo utilizavam a hipoterapia
como prática terapêutica. Porém, durante séculos a terapia permaneceu num plano
secundário.
Foi após a II guerra mundial que a hipoterapia foi novamente resgatada e
passou a ser valorizada e estudada com a devida importância.
Hoje, em muitos países, os resultados desta terapia são reconhecidos no
tratamento de pessoas de todas as idades, crianças, adolescentes e adultos
portadores de deficiências físicas e psicomotoras, com distúrbios psíquicos ou
de relacionamento social. Como se não bastasse, a hipoterapia é excelente
ainda para quem apresenta dificuldades de aprendizagem. Afinal, montar a
cavalo é um processo de aplicação dos melhores exercícios motores e
psicomotores, além de proporcionar sensação de independência, o que
estimula a autoestima e autoconfiança. «O cavalo a passo transmite ao cavaleiro
todos os movimentos, como se ele estivesse a caminhar», explica o médico
psicólogo, presidente da Associação de Equoterapia, Bráulio Cavalcante.
A Hipoterapia surge como forma de tratamento complementar às terapias
convencionais. Após vários anos de estudos e pesquisas, a comprovação dos
resultados levou o Conselho Federal de Medicina, na sessão plenária de 09/04/97,
a reconhecer a Hipoterapia como método terapêutico que utiliza o cavalo dentro
52
de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação. O
cavalo é utilizado como agente promotor de ganhos físicos e psicológicos e o
terapeuta como agente facilitador.
A interação com o animal, a equipe, o espaço utilizado, os elementos da
natureza, os cuidados preliminares, a montaria e o manuseio final desenvolve
ainda novas formas de socialização, maior confiança e aumento da autoestima.
É com base nesses dados que a nossa pesquisa se irá desenvolver mostrando a
importância desses benefícios através dos programas e de toda a equipe que
trabalha nesse processo de tratamento e desenvolvimento humano.
3.3.1. Porquê o cavalo?
Nos seus primeiros tempos, o cavalo encontrava-se física e mentalmente bem
adaptado ao tipo de vida que levava e ao ambiente em que vivia. Tal situação
manteve-se até o momento em que começou a conviver com o homem. O cavalo
exibe uma impressionante capacidade de se adaptar a circunstâncias e ambientes
fora do normal.
Demonstra grande versatilidade e razoável disposição de submeter-se,
dentro de certos limites, ao domínio do homem, mostrando boa vontade em
cooperar e às vezes antecipando os desejos do cavaleiro. Uma das suas
características é a de transferir lealdade, que antes era conferida a outro líder
(homem), a um ser humano e de obedecer a ordens transmitidas a ele por vários
meios. O cavalo procura no ser humano o seu líder, e é por esta razão que é
possível treiná-lo a realizar várias tarefas. É provável que o cavalo seja o animal,
com o qual o homem mantém contacto. Sendo extremamente sensível, ele expressa
as suas emoções de várias formas, sendo capaz de uma rápida mudança no caráter
dessas emoções, facilitando que a maioria dos seres humanos possa interpretar. A
partir da relação de troca entre cavalo e cavaleiro, pode-se observar que a montaria
propicia diversas alterações significativas no processo habilitativo e/ou reabilitativo
da pessoa portadora de deficiência (PPD). A dinâmica entre Cavalo-Pessoa
portadora de deficiência reage a um número incalculável de forças, efeitos,
gestos e reações.
53
O cavalo representa uma presença concreta como objetivo de troca de
emoções, como meio de suscitar conteúdos emocionais e afetivos por parte do
indivíduo.
As experiências com animais têm mostrado que o tratamento traz muitos
benefícios, como: um ambiente mais enriquecido, motivando as crianças a pensar
e a aprender; proporciona atividades interessantes, espontâneas, facilitando a
aprendizagem; facilita o desenvolvimento emocional através do vínculo formado
entre a criança e o cavalo, no qual muitos sentimentos são trocados, auxiliando na
superação de conflitos e numa maior consciência de si mesmo; encoraja o respeito
por todas as formas de vida, desenvolvendo senso de responsabilidade e de
cuidado consigo e com o outro; estimula a participação de crianças mais retraídas
e tímidas nas atividades em grupo; facilita a comunicação de situações de risco
vividas pela criança, tais como: violência domestica, abuso sexual, problemas de
álcool e drogas, entre outros; favorece a inclusão de alunos com deficiência, tendo
como inspiração o animal, que não julga nem tem preconceito.
No contexto da intervenção na deficiência, a atividade física com fins
terapêuticos e integração social adquiriram, nos últimos anos, um caráter essencial
e prioritário para a promoção do desenvolvimento harmonioso da criança e do
jovem deficiente, sendo de salientar que a verdadeira integração atinge a sua
máxima expressão quando é permitido ao indivíduo usufruir de todas as
condições, humanas e materiais, que lhe permitem revalorizar a imagem de si
próprio e assim, desenvolver a máxima capacidade a partir de uma incapacidade
(Associação de Equitação para Deficientes do Algarve, 1994).
Os tratamentos realizados na obtenção da reabilitação física e readaptação
social de pessoas com deficiências e/ou com necessidades especiais procuram,
cada vez mais métodos menos tradicionais. Essa procura deve-se à luta incessante
por melhores condições de vida, culminando na tentativa das várias possibilidades
de cura e/ou melhora do estado atual do paciente, promovendo mudanças e
ganhos funcionais. A Hipoterapia tem-se destacado como um desses métodos.
Assim sendo, surge a necessidade de um aprofundamento na área, embora a
utilização da prática equestre para apoiar no tratamento da saúde física e
54
psicológica não seja uma prática recente. Cabe então, explicitar o conceito de
Hipoterapia, bem como o seu percurso histórico e fundamentos.
O conceito de Hipoterapia pode ser definido como "um método terapêutico
e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas
áreas de saúde, educação e equitação, que busca o desenvolvimento
biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou necessidades especiais"
(ANDE-Brasil, 1999, citada por UZUN, 2005, p. 19) ou um método de tratamento
que visa à reabilitação física e mental de pessoas portadoras de necessidades
especiais, dificuldades ou deficiências físicas, mentais e/ou psicológica, que
utiliza o cavalo em abordagem interdisciplinar. O cavalo, neste método, entra
como um agente facilitador, proporcionando aos praticantes vantagens físicos e
psicológicos, exigindo um trabalho muscular intenso e contribuição para
adequação do tónus, melhora da coordenação e do equilíbrio (KUCEK e
FERRARI, 2004).
A Hipoterapia foi iniciada na década de 70 por uma fisioterapeuta austríaca
que procurava uma técnica diferente para aplicar nos seus pacientes. Como tinha
contacto com cavalos, levou uma criança para montar num animal. A criança
conseguiu relaxar e apresentou um certo domínio sobre a tensão muscular. A
partir desta experiência, estudos passaram a ser desenvolvidos e com base
apresentada pelos pacientes submetidos ao tratamento, a nova técnica difundiu-se,
transformando-se em terapia alternativa (SÁ e MELLO, 1992).
O cavalo oferece uma boa contribuição terapêutica para pessoas com
problemas neurológicos como hemiplegia, diplegia, tetraplegia, ataxia, entre
outras. Sendo assim, a base da hipoterapia está na movimentação do animal, pois
aciona os mesmos músculos que o ser humano. Deste modo a pessoa que estiver
montada sofre estímulos em todos os músculos que normalmente usaria para
andar, e ao mesmo tempo, esforça-se para manter o equilíbrio (SÁ e MELLO,
1992).
A hipoterapia não permite colocar em evidência uma raça especial de
cavalo. O cavalo-tipo deverá ter as três andaduras regulares, passo, (o mais
indicado para a prática da hipoterapia), trote, galope, ter altura mediana (cerca de
55
1,50 m a altura do garrote), possuir uma antemão com espáduas largas e bem
musculadas, a fim de que a menor contração seja percebida pelo cavaleiro, o
segmento do dorso-lombar não deve apresentar um garrote muito saliente; o
flanco deverá ter uma circunferência discreta, a fim de evitar uma grande abertura
dos membros inferiores do cavaleiro; o post-mão deverá ser largo, musculado e
confortável, proporcionando a manutenção da correta postura do cavaleiro
(OLIVEIRA, 2003)
O trote e o galope são andaduras saltadas, onde o cavalo exerce um maior
esforço e movimentos mais rápidos e bruscos, exigindo do cavaleiro mais força
para se segurar e um maior desenvolvimento ginástico. Por isso, essa andadura só
pode ser usada com praticantes em estágios mais avançados. O passo é uma
andadura rolada ou marchada, sendo ritmada, cadenciada e simétrica, que
transmite ao cavaleiro uma série de movimentos sequenciados e simultâneos, que
tem como resultante o movimento tridimensional (no plano vertical: para cima e
para baixo e no plano horizontal: para esquerda, para direita, para frente e para
trás). Este movimento é completado com uma pequena torção do quadril do
cavaleiro, que é provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal (SANTOS,
2005).
De acordo com a patologia, o equipamento deve ser adaptado, sendo estes:
sela especial com alça para apoio, coxim para ajustar a sela e a pelve do praticante
para melhor posicioná-lo, usar-se manta fina ou grossa. O praticante pode estar
montado em selas ou mantas estando em decúbito ventral ou dorsal. Deve-se
considerar todas essas variantes ao percorrer-se os diversos tipos de terreno que
podem ser utilizados pela hipoterapia - áreas planas, trajetos sinuosos, por
terrenos acidentados, percorrer aclives e declives moderados e acentuados
(ROCHA e LOPES 2003).
O facto de os pacientes montarem em pelo também tem um motivo lógico: a
ausência da sela facilita a transmissão das ondas tridimensionais provocadas pelos
movimentos do animal (SÁ e MELLO, 1992).
O cavalo gera movimentos e transmite ao cavaleiro, desencadeando
mecanismos de resposta. Apesar dos movimentos se processarem de maneira
56
rápida, eles não chegam a ser tão rápidos ao ponto de impedir seu entendimento
pelo cérebro humano. E sua repetição, simetria, ritmo e cadência fazem com que
suas repostas surjam muito rapidamente, sendo esta a grande vantagem da
utilização do cavalo (SANTOS, 2005).
É importante ressaltar a similaridade entre o passo do cavalo e o passo do
homem. Segundo Herbert e Xavier (1998, citados por LERMONTOV, 2004),
pode-se definir a marcha humana como sendo um conjunto de movimentos
rítmicos e alternados do tronco e extremidades, visando à locomoção do corpo
para frente. Logo, percebe-se a semelhança entre os movimentos humanos e do
cavalo.
De acordo com Buchene e Savini (1996, citados por FREIRE, 1999), a
escolha de um cavalo adequado é fundamental para a prática da hipoterapia. A
docilidade é o pré-requisito básico e mais importante. Se macho, o animal deve
ser castrado. Ele não pode ter um elevado escore corporal, pois dificulta a sua
agilidade e prejudica a montaria do praticante, entendido este como aquele que
pratica a hipoterapia. Deve possuir uma idade superior a 10 anos e ser treinado
para ser montado pelos lados direito e esquerdo. A altura do cavalo não deve
ultrapassar 1,5 m e o ângulo da quartela deve ser o mais próximo de zero. A raça
do animal não é relevante.
Assim como a escolha do cavalo é essencial para o bom desenvolvimento
do tratamento, a escolha de um programa em função das necessidades e
potencialidades de cada praticante também é de suma importância. Cada um dos
programas detalhados a seguir inclui o estabelecimento de objetivos a serem
atingidos e a consequente ênfase na área de aplicação pertinente (ANDE-Brasil,
1999, citada por UZUN, 2005).
De acordo com HORNE e CIRILLO (2006), os programas básicos da
hipoterapia são: Hipoterapia, Educação/Reeducação, Pré-desportivo e Desportivo.
No primeiro deles, o praticante não possui condições físicas e/ou mentais de se
manter sozinho no cavalo, sendo necessário um auxiliar-guia para conduzir o
animal e um auxiliar-lateral param mantê-lo montado; no segundo programa, o
praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e conduzi-lo,
57
dependendo em menor grau dos auxiliares; no Pré-desportivo, o praticante tem
boas condições para atuar e conduzir o cavalo, podendo participar de pequenos
exercícios específicos de hipismo; no último programa, o praticante deve ter boas
condições para estar a cavalo, já podendo participar de competições hípicas como,
por exemplo, Hipismo Adaptado, Para Olimpíadas e Olimpíadas Especiais.
Com vistas à escolha do cavalo e do programa específico para cada
praticante, uma equipe interdisciplinar também se faz fundamental. Aqui aparece
a prática inter/multi/transdisciplinar, em que o conhecimento de cada um forma o
todo, sendo imprescindível o intercâmbio de informações entre todos os
profissionais, praticantes e familiares (BERNARDES, 2000).
São vários os profissionais envolvidos na hipoterapia, cada um atuando em
função do plano terapêutico traçado, podendo ter maior participação em
determinada fase e menor em outra, dependendo da evolução do praticante.
Dentre esses profissionais encontram-se: médico, psicólogo, fisioterapeuta,
terapeuta ocupacional, pedagogo, educador físico, instrutor de equitação e demais
profissionais da área de equitação e do trato animal (LERMONTOV, 2004).
A hipoterapia, com todos esses cuidados no tratamento, apresenta um
arsenal riquíssimo de benefícios físicos, psicológicos e sociais. A melhora no
equilíbrio e na postura, a coordenação motora geral e fina, a adequação do tónus
muscular, a dissociação de movimentos, a consciência corporal, as melhorias na
respiração e circulação, a integração dos sentidos, os ganhos obtidos nas
atividades da vida diária, dentre outros, são benefícios físicos claramente notados
(LERMONTOV, 2004).
Segundo NASCIMENTO (2006), andar a cavalo, um animal dócil, porém
de porte avantajado, leva o praticante a experimentar sentimentos de liberdade,
independência e capacidade, importantíssimos para a aquisição de autoconfiança,
realização e autoestima.
De acordo com BERNARDES (2000), o homem que monta a cavalo
encontra-se em situação de mais forte e veloz. Entretanto, para se tornar cavaleiro,
o homem deve superar a si próprio, desenvolver ou adquirir certas qualidades
58
como saber unir a coragem e o desprezo pelo perigo, além de despertar o amor
pelo animal.
Segundo Metzler (1999, citado por BERNARDES, 2000), além de poder
auxiliar na reabilitação motora das pessoas, montar a cavalo é extremamente
benéfico para o desenvolvimento dos aspetos da afetividade, socialização e
concentração.
De acordo com NASCIMENTO (2006), as pessoas com necessidades
especiais costumam adquirir padrões pouco comuns de comportamento. Durante o
processo da hipoterapia vários comportamentos e sentimentos são desencadeados,
e o psicólogo deverá trabalhá-los utilizando o cavalo como um agente facilitador.
Dentre as atribuições do psicólogo na hipoterapia encontram-se a entrevista
inicial com a família, favorecimento do inter-relacionamento da equipe
interdisciplinar, prioridade do aspeto emocional no atendimento ao praticante,
atendimento aos familiares quando necessário etc. (NASCIMENTO, 2006).
Esse profissional deve estar sempre atento às fases que ocorrem em uma
sessão de hipoterapia, em que se desenvolvem etapas relacionadas à sua estrutura
e tempo de tratamento. São elas: aproximação, montaria e separação. A
aproximação caracteriza-se pelo primeiro contacto do praticante com o cavalo,
com atividades básicas como alimentar o animal com cenoura, encilhar. A
montaria é a fase central da sessão, em que o praticante irá realizar as atividades
propostas sobre o dorso do animal. A última fase significa o término das
atividades sobre o dorso do cavalo, em que são propostas atividades conclusivas
no solo, como desencilhar, dar banho (MEDEIROS e DIAS, 2002).
Por ser o cavalo um dos primeiros animais a integrar-se na vida do homem,
vários pensadores da área da psicologia estudaram alguns processos internos
ligados a esse animal.
Freud, por exemplo, recomendava o cavalo para casos de histeria e de
insónia, afirmando ser o seu movimento o único a assemelhar-se ao movimento
do útero materno. Jung, por meio de estudos que afirmavam ocorrer a relação do
homem com o mundo através de símbolos, ressaltava o arquétipo do cavalo como
sinal de poder, força e autoridade, transmitindo em quem o monta a sensação de
59
controlo e domínio. Winnicott, outro autor da psicologia, afirmava que o cavalo
era um objeto transicional e facilitador de novas experiências, além de possibilitar
a formação de vínculos afetivos e de troca (NASCIMENTO, 2006).
Diante do exposto, torna-se essencial perceber que a prática da hipoterapia
objetiva benefícios físicos, psíquicos, educacionais e sociais de pessoas com
deficiências e/ou necessidades especiais, embora sejam necessários alguns
cuidados específicos. O futuro praticante deverá passar por uma avaliação clínica,
que indicará ou contraindicará essa prática.
De acordo com MEDEIROS e DIAS (2002), dentre as indicações, podem
ser citadas: paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, síndromes neurológicas
(Down, West, Rett e outras), traumatismo cranioencefálico, deficits sensoriais,
atraso maturativo, lesão raquimedular, autismo, hiperatividade, deficiência
mental, alterações do comportamento, dificuldades da aprendizagem ou da
linguagem.
A nível das regulações emocionais e afetivas que tornam possíveis as
interações e podem conduzir a um afeiçoamento, alguns pequenos mamíferos
(hamsters, porquinhos-da-índia, ratinhos, ratos, coelhos) são parceiros
“incondicionais” que trazem muita segurança afetiva e uma grande felicidade às
crianças pequenas que são deficientes, seja qual for a natureza da deficiência.
Permanentemente disponíveis, eles aceitam sem ameaça ou agressão os longos
“jogos” de corpo a corpo durante os quais são manipulados, apalpados,
massajados, apertados nos braços, «aconchegados» na t-shirt, na camisa ou na
camisola. As crianças adoram mostrar a cabeça do animal que sai fora da roupa e
organizar a sua exibição colocando-o sobre os braços, os ombros ou a cabeça,
quando não são elas a facilitar essa “saída”. Esses pequenos mamíferos são ao
mesmo tempo animais domésticos e animais de companhia
“figurantes-espelhos”. São com efeito simultaneamente amigos, confidentes e
cúmplices.
Pode-se dizer:
que quanto às crianças cegas, as carícias prolongadas de um pelo
suave, os guinchos discretos e as “vibrações” desses pequenos
60
animais reforçam o sentimento de uma intimidade que lhes é
reservada e que mais ninguém pode verdadeiramente conhecer;
Quanto às crianças surdas, as informações, as interações e os
modos de relacionamento são quase os mesmos que os que
foram descritos no caso das crianças com boa audição, pois o
repertório vocal dos animais limita-se a guinchos pouco
frequentes ou inaudíveis, por vezes gritos, pelo menos na
“comunicação” com os humanos (o registo vocal deles atrai
pouco a atenção das crianças com boa audição);
Quanto às crianças deficientes motoras, é possível habituar ou
condicionar um coelho, um porquinho-da-índia ou um rato a
aproximar-se para receber o biscoito ou a cenoura que elas têm na
mão, ou colocaram perto, para que sejam possíveis os contactos
corporais, nomeadamente as carícias envolventes ou com a
“ponta dos dedos”, com a condição, evidentemente, de que a criança
manifeste esse desejo, e se a deficiência não o impedir. O prazer e a
motivação da criança são tão grandes que ela consegue por vezes
superar a sua deficiência melhorando os gestos, estimulados aliás no
âmbito de programas de fisioterapia e de psicomotricidade, ou
substituindo-os em maior ou menor grau por outros padrões.
3.3.2. Os animais “Domésticos Tipos”
A escolha do animal que vai acompanhar e assistir uma criança deficiente
motora depende, do que os humanos decidem (é preciso evidentemente que a
criança tenha uma palavra a dizer), das características dos animais e da história e
da gravidade da deficiência.
Quando a deficiência motora é temporária, relativamente ligeira e causada
por um acidente recente, por exemplo um acidente de viação ou uma queda
durante a escalada de uma árvore, as crianças têm necessidade de um animal em
liberdade que as faça rir e leve desde logo o imaginário delas à reconquista do
61
mundo exterior. Já as vi que “corriam” com as muletas e “cansavam” a cadeira de
rodas para ir atrás do seu cão ou do seu pónei, cavalo. O desejo de voltar a utilizar
as pernas ou os braços é mais forte que tudo.
Quando a deficiência motora é profunda, antiga e se presume ou prognostica
que é definitiva (incapacidade de se deslocar sem ser em cadeira de rodas, e
impossibilidades ou dificuldades gestuais e manuais, relacionadas com uma
hemiplegia, tetraplegia ou uma enfermidade motora de origem cerebral), o cão é
provavelmente o animal que convém à criança deficiente. Mas não qualquer cão.
A escolha não é simples se a prioridade for sobretudo e essencialmente
compensar a deficiência, mas se for igualmente tranquilizar, proteger, dar
segurança e dar autoconfiança e autoestima, ou então estabelecer laços de
amizade, de cumplicidade e de confidência. Ou tudo isso ao mesmo tempo ou em
momentos diferentes, com animais que tenham um estatuto diferente. O gato pode
igualmente ser um animal interessante, graças a todas as competências e
particularidades que já sublinhámos. Mas um movimento mal controlado, brusco,
inabitual ou “bizarro” pode provocar um evitamento, uma fuga, uma ameaça (ele
bufa) ou uma arranhadela.
Os cavalos - Pode supor-se que o facto de os cavalos ter sido os animais
mais representados nos tempos pré-históricos nas paredes das grutas se devia à
elegância ou ao porte que tinham, e também à força, de energia, de dinamismo
que emanavam deles. O “friso” descoberto na gruta Chauvet em Ardèche é
evocador destas qualidades naturais do cavalo. Não é de admirar que ele esteja
muito presente, desde na arte de todas as civilizações indo-europeias, pintado ou
esculpido pelos Egípcios (os túmulos dos faraós) pelos Cretenses (o sarcófago
de Hagia Triada, HenHI data do século IV a. C.), pelos Gregos (o friso do Pane
Atenas), pelos Persas (os relevos das escadarias de Ifen pelos Romanos (a
estátua equestre de Marco no Capitólio de Roma). Na Idade Média vamos
encontra-los na maior parte dos objetos da nobreza (miniaturas guarda-joias,
loiças).
As crianças adoram as histórias, e os filmes onde entram cavalos índios e
cowboys. O cavalo de Lucky Luke, Joly Jumper, encanta-as. Ele é, com efeito,
62
capaz de grandes proezas, e sabe fazer tudo, está disponível para salvar o dono
eternamente só, e ajudá-lo na sua vocação de corrigir injustiças e defender a
sociedade. Sai-se sempre bem. Ainda melhor, relativiza tudo, tem piada e não
leva a sério o dono. Ele ilustra maravilhosamente aquilo que as crianças esperam
de um cavalo. É elegante, tem “raça”, reage bem, é rápido, é resistente, forte,
paciente, disponível, generoso, inteligente, partilhado de emoções, fiel e
cúmplice.
O cavalo figura entre os animais que as crianças desenham e pintam
prazer. Para elas, é um símbolo de graciosidade e beleza. Têm muitas vezes
discursos em que se combinam palavras de ternura e de admiração. Na presença
do animal ficam divididas entre a vontade de o tocar e a apreensão de se
aproximar de um ser que as fascina. Dizem que ele é bonito, grande, amável,
meigo, forte. Sentem-se atraídas e impressionadas pela morfologia geral, pelas
curvas tranquilizadoras, pelas zonas corporais agradáveis de acariciar (focinho,
garupa), pela curvatura do lombo que convida à cavalgada, pelo porte altaneiro
da cabeça, pelos cascos cujo barulho no solo ritma o trote e o galope, pelas
sacudidelas da crina e pelo abanar da cauda.
Contudo, são sobretudo a segurança e a capacidade de conquista do espaço
do cavalo que estimulam as emoções, os desejos de cavalgadas e o imaginário
das crianças, ao mesmo tempo que as tranquilizam. Com efeito, o animal move-
se com facilidade em qualquer terreno, seja ele, rochoso, lamacento ou arenoso.
Extremamente firme sobre as patas, ele não tropeça, a não ser em situações e
contextos artificias que lhe são impostos por proprietários (transposição de
sebes, barreiras, muros ou regatos de concursos hípicos ou de corridas de
obstáculos). “Calçado” com cascos que envolvem as últimas falanges dos dedos
únicos na extremidade das patas, ele pode mover-se em todos os meios terrestres
(“Bocage”, floresta, montanha, deserto, estepe). Aliadas a uma notável
capacidade de conservar o equilíbrio, as suas excelentes coordenações
visuais-oculares-motoras permitem-lhe evitar ou transpor obstáculos normais
(pedras, ramos) e igualmente barreiras naturais (regatos, arbustos, ravinas).
Além disso é perseverante e relativamente fácil de condicionar. Não é portanto
de admirar que os cavalos tenham sido explorados pelos humanos, por vezes até
63
à morte, em guerras, conquistas devastadoras, torneios, arenas, minas e trabalhos
do campo.
Atualmente, e de modo mais “banal”, são ainda explorados, mesmo se o
são de uma maneira mais civilizada. No circo são treinados para se porem em pé
e andarem sobre as patas de trás, dançarem, porem-se em fila indiana, fingirem
que dão coices a um palhaço, seguirem uma direção contrária àquela que lhes
mandam seguir. Quando o objetivo é caricaturar a beleza e a elegância naturais
que possuem, disfarçam-nos de “árvores de Natal”: são “ornamentados” com
arreios, penachos, grinaldas, quinquilharia berrante. Podem-se ou devem-se
lamentar semelhantes mascaradas, nas quais se tem a sensação de que os animais
são ridicularizados ou humilhados.
Esses espetáculos estimulam particularmente as emoções e o imaginário
das crianças.
No entanto, o espetáculo corporal e motor dado pelos cavalos é ainda mais
cativante nos grandes espaços como a quando podem ser observados livres de
movimentos, e portanto livres de qualquer artifício humano, mas também no
âmbito das interações quotidianas.
Desde muito pequenas, as crianças podem instalar e desenvolver um
afeiçoamento seguro com um parceiro sempre disponível e amigável.
De modo geral, e quando é respeitado pelas suas qualidades naturais, o
cavalo proporciona às crianças um espetáculo maravilhoso de elegância, de força
e de felicidade tranquila. As crianças ficam admiradas, deslumbradas pela
graciosidade dos animais, e soltam gargalhadas.
A elegância natural do cavalo faz também dele, muito “simplesmente”, um
parceiro solicitado para os passeios na natureza, nomeadamente dirigido às
crianças, aos pré-adolescentes e aos adolescentes. Estes sentem com efeito muito
prazer em “comungar corporalmente” com um parceiro sensível que reage à
pressão das coxas e das pernas, à mão que o acaricia e afaga, aos puxões das
rédeas, e que dá uma imagem positiva deles. Têm o sentimento de existir e de
serem aceites como pessoas por inteiro.
64
Os cavalos podem portanto ser, como os cães, parceiros inestimáveis para
dar ou voltar a dar confiança e autoestima às crianças e aos jovens dos subúrbios
difíceis, nomeadamente quando estes estão entregues a si próprios,
marginalizados ou delinquentes. Tem havido, aliás, alguns educadores que
compreenderam isso, organizando percursos e explorações a cavalo em meios
mais ou menos hostis, em todo o caso desconhecidos. Mas não deveriam
esquecer-se as dimensões do prazer da cavalgada e das interações ou dar-lhes
menos importância do que à vontade e ao esforço, mesmo se estes valores são
também essenciais.
3.3.3. Indicações e contra – indicações
Os indivíduos que poderão fazer uso desta terapia como prescrição são:
toxicodependentes, depressão, hiperatividades, deficiência visual e auditiva,
alterações dos cromossomas, (Síndrome de Down), más formações do sistema
nervoso central, (hidrocefalias…), entre outras.
Segundo ROCHA e LOPES (2003), a hipoterapia tem como contra
indicações hérnia discal, epífise do crescimento, todas afeções de fase aguda,
escoliose superior a trinta graus, quadros inflamatórios e infeciosos, luxação e
subluxação de quadril, osteoporose, espinha bífida, obesidade (risco maior quando
associada à hipotonia), alergia ao pêlo do cavalo, medo excessivo, problemas
comportamentais do praticante que coloca em risco sua própria segurança ou a da
equipe. Porém, desde que a coluna vertebral seja pouco exigida nas atividades
contra a acão da gravidade, alguns destes casos podem ser atendidos.
Não havendo contra indicação, o aluno inicia o trabalho da seguinte forma:
adaptação ao ambiente, aproximação do cavalo através de figuras e vídeos
ilustrativos, contacto direto com o cavalo, aceitação de montar e montando
propriamente dito (LARGO, 1995).
A pessoa com deficiência revela comportamentos muito instáveis e varia
muito de indivíduo para indivíduo (não há duas pessoas iguais)
65
Há deficientes que demonstram um atraso visível no desenvolvimento,
outros que olhando à primeira parecem normais.
As diferentes características devem ser devidamente estudadas, pois o Plano
Educativo deve ter em conta as capacidades e as limitações da pessoa com
deficiência. Torna-se então necessário fazer uma avaliação exata para que se
possa definir corretamente a pessoa, isto é o que é capaz de fazer.
66
PPAARRTTEE IIII -- EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO MMEETTOODDOOLLÓÓGGIICCOO
67
CAPÍTULO I
PROBLEMA/OBJETIVOS/HIPÓTESES DE
TRABALHO
A investigação em educação permite-nos «compreender melhor os
significados de um acontecimento ou de uma conduta, a fazer inteligentemente o
ponto da situação, a captar com maior perspicácia as lógicas de funcionamento
de uma organização» (QUIVY e VAN CAMPENHOUDT, 1998: 19). No entanto,
para que tais propósitos se tornem visíveis é importante «a escolha, a elaboração
e a organização dos processos de trabalho», já que, estes «variam com cada
investigação específica» (QUIVY e VAN CAMPENHOUDT, 1998: 18). Importa,
portanto, realizar uma caracterização, embora breve, de cada um dos paradigmas
que orientam a investigação educativa, no sentido de reconhecer aquele que
melhor se enquadre com a problemática que pretendemos explorar nesta
dissertação. Os paradigmas são denominados de positivista, qualitativo e sócio
crítico e encontram-se alinhados de acordo com as perspetivas, quantitativa,
qualitativa e orientadora em função do objeto e metodologia de investigação e da
relação teoria-prática.
Foi com base nos pressupostos que enunciámos na primeira parte do
trabalho, que considerámos pertinente encetar um estudo em torno da educação
hipoterapêutica.
Para nortear este trabalho de investigação foram elaborados o
enquadramento metodológico que se passa a descrever.
1.1. Enunciado do Problema
Como questão de partida para este estudo estabelece-se a seguinte:
Qual é a importância da Hipoterapia no desenvolvimento mental e motor da
criança do pré-escolar ao 1.º Ciclo, com deficiência mental/motora, moradora nos
concelhos do distrito de Vila Real?
68
1.2. Justificação do Tema
A opção pela escolha da hipoterapia como tema no âmbito da Educação
Especial prendeu-se com o interesse pessoal da autora (adepta de equitação) e
com o facto de por um período de seis anos, nos seus tempos livres, quando da sua
colocação em Santarém, assistir com frequência a sessões de hipoterapia no
picadeiro, com crianças portadoras de deficiência motora/mental. Com a
oportunidade de frequentar o primeiro ano do curso de Mestrado em Educação
Especial, elaborou um trabalho académico consubstanciado num projeto ligando a
hipoterapia à Educação Especial, que veio aguçar a vontade de trabalhar esta
temática de forma mais aprofundada. A hipoterapia é uma atividade que utiliza o
cavalo no contexto biopsicossocial e educacional nas crianças com necessidades
especiais de forma desafiadora, para garantir com qualidade a assistência
terapêutica com repercussões importantes ao nível educacional e social.
1.3. Metodologia
O paradigma positivista recorre, frequentemente, a investigações de teor
quantitativo, com uma forte vertente empírica através de instrumentos com
questões claras e matematicamente verificáveis, concretizando uma estratégia de
análise baseada em instrumentos estatísticos e informáticos. A epistemologia em
que se fundamenta este paradigma é de teor objetivista existindo uma distinção
clara entre investigador e investigado, baseando-se numa visão do mundo exterior
ao próprio indivíduo, isto é, uma realidade bem limitada que lhe compete apenas
conhecer e compreender. Nesse sentido, o mundo é percecionado como objetivo e
a investigação educativa a que se recorre «oferece os meios de criar provas
objetivas para evitar a subjetividade e os juízos de valor» (BIDDLE E
ANDERSON, 1989). Daí que as palavras-chave deste paradigma sejam, por
norma, determinismo, racionalidade, impessoalidade, previsão e objetividade.
Porém, o campo da investigação em educação:
«que era dominado pelas questões da mensuração, definições
operacionais, variáveis, testes de hipóteses e estatística alargou-se para
69
contemplar uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a
indução, a teoria fundamentada e o estudo das perceções pessoais.
Designámos esta abordagem por ‘Investigação Qualitativa’»
(BOGDAN E BILKEN, 1994: 11)
Assim, este paradigma rege-se por uma epistemologia de teor subjetivista
pois existe a intenção de compreender e interpretar os fenómenos.
A abordagem quantitativa das questões sociais e educativas pretende
perceber as perspetivas dos sujeitos, procurando «saber como interpretam as
diversas situações e que significado tem para eles» (LA TORRE, 1996: 42). O
investigador e o objeto de estudo são, simultaneamente, intérpretes e construtores
de sentidos, sendo dessa forma valorizado o papel do investigador como
construtor do conhecimento. Neste sentido, a produção do conhecimento é
concebida como um processo circular, em espiral, que implica subjetividade,
argumentação e a autorreflexividade, distinguindo-se, dessa forma, do processo
linear, cumulativo, objetivista da investigação quantitativa.
Relativamente ao paradigma sócio crítico, também designado de
emancipatório, caracteriza-se por apresentar uma abordagem “crítica”, pois
desafia tanto o reducionismo do paradigma positivista como o conservadorismo
do paradigma qualitativo «a minha crítica não é apenas contra uma prática de
investigação científica estritamente empírica (…) estende-se ao nível
interpretativo de tais processos de investigação» (HABERMAS, 1974: 235). Este
autor considera importante a introdução de uma componente ideológica com o
propósito de modificar o mundo. A inclusão desta componente confere a este
paradigma um cariz mais interventivo, embora apresente a nível metodológico
algumas semelhanças com o paradigma qualitativo.
Perante estes paradigmas optamos por desenvolver a componente prática
desta dissertação utilizando como suporte metodológico uma perspetiva
integradora, que consiste em unificar os conhecimentos quantitativos pois «faz
todo o sentido romper com a rígida couraça dos paradigmas para verificar como
se podem complementar e ajudar mutuamente na realização das investigações
concretas» (SERRANO, 1998: 41). Os autores que defendem esta perspetiva
sugerem a utilização de estratégias que melhor se adaptem às questões colocadas
70
pela investigação independentemente dos paradigmas. Assim, o aspeto mais
determinante na opção metodológica deve ser o problema a analisar.
Do ponto de vista da tipologia de estudo, este trabalho insere-se num estudo
de caso múltiplo (de acordo com a definição de BOGDAN & BIKLEN, 1994),
realizado por período de tempo longitudinal (prospetivo), sob a forma
observacional (não participante) e de levantamento, cuja ação se situa no presente.
Assim, para este estudo, optou-se por uma metodologia de tipo qualitativa,
descritiva, comparativa e de análise indutiva.
1.4. Objetivos do Estudo
Como objetivos para este estudo estabelecem-se:
Verificar como é que a criança com deficiência mental/motora aplica
na vida ativa os conhecimentos adquiridos na prática da Hipoterapia;
Constatar como é que a hipoterapia é um meio alternativo de
integração social pelos praticantes e seus familiares;
Saber que tipo de relação ou como se processa a relação entre a
criança com deficiência mental/motora com o cavalo;
Saber como se promove a ligação ou o envolvimento da família
nesta terapia;
Saber o tipo de formação técnica e teórica dos monitores de
equitação para lidar com as crianças portadoras de deficiência
mental/motora;
Saber a ligação de “fascínio” entre a criança e os animais e
identificar se este “fascínio” aumenta ou é maior com o cavalo.
1.5. Hipótese de Estudo
Como hipóteses indutivas de estudo estabelecem-se:
71
Hipótese 1: O desenvolvimento mental e motor melhora positivamente a
criança portadora de deficiência.
Hipótese 2: Existe ligação “quase imediata” entre o cavalo e a criança.
Hipótese 3: O envolvimento da família nesta terapia aumenta o sucesso dos
resultados.
1.6. Instrumento de Recolha de Dados
O modelo de recolha de dados delineado para a concretização da
componente prática desta dissertação constitui-se de dois tipos de abordagem.
Inicialmente, será realizado um inquérito por questionário com a finalidade de
conhecer as representações dos professores sobre a temática em estudo, a forma
como a exploram e avaliam nas aulas e qual a centralidade que a mesma ocupa no
projeto de escola.
No sentido de completar e aprofundar a informação recolhida pelos
questionários serão, eventualmente, realizadas algumas entrevistas a uma amostra
mais reduzida da população alvo desta investigação. Através das entrevistas
pretende-se compreender e interpretar as perspetivas dos professores e/ou alguns
aspetos que, na nossa ótica necessitam de ser aprofundados.
Foram utilizados um roteiro de observação, avaliações semanais das sessões
de Hipoterapia, papel e caneta, e o cavalo como instrumento cinesioterapêutico.
1.7. Procedimento
Como as dez crianças referidas eram atendidas pela equipe de psicologia da
Hipoterapia, este foi o pré-requisito para a sua escolha como participantes do
estudo. Cabe ressaltar que essas crianças estão fora do grupo das contraindicações
referidas anteriormente.
Antes de iniciar a (s) terapia (s) os pacientes foram submetidos à avaliação
global da instituição - que é realizada por profissionais de diversas áreas, a fim de
72
que fossem encaminhados para a (s) terapia (s) indicada (s), dentre elas a
Hipoterapia.
Quase todas as crianças iniciaram a Hipoterapia com comportamentos
inadequados, dificuldades motoras, ausência de comportamentos de
independência, baixa autoestima e pouca motivação. Durante todo o tratamento
foram feitos observações e atendimentos individuais e/ou grupos às crianças.
Em virtude do estudo ter começado após o início da Hipoterapia pelas
crianças, inicialmente recorreu-se a relatórios médicos e de outros terapeutas para
a recolha das informações necessárias. Para o acesso às primeiras sessões, foram
recolhidas informações contidas nos relatórios elaborados semanalmente após
cada sessão, guardados em arquivo escrito e/ou no computador. A partir de uma
certa altura, foram realizadas observações e avaliações semanais após cada sessão.
Nas primeiras sessões de Hipoterapia, foi realizada a fase de aproximação,
(conforme leitura dos relatórios). A partir da segunda, foram trabalhados
exercícios com os seguintes objetivos terapêuticos: limite, respeito, melhora da
autoestima e aceitação de regras, além do fortalecimento muscular. A partir da
sétima sessão, foram trabalhados autonomia, motivação, atenção e concentração,
autonomia, estimulação cognitiva e afetividade, além de benefícios na força
muscular, equilíbrio, coordenação motora e marcha. A partir da vigésima sessão,
além dos objetivos referidos anteriormente, trabalhou-se a interação social com a
equipe e com outros praticantes, a realização de exercícios relativos à lateralidade,
estimulação sensorial, modelação de comportamentos adequados, estimulação de
comunicação alternativa e funções bimanuais. Da 50a sessão em diante, etapa
ainda em andamento, estão a ser trabalhados, a estimulação das inteligências
múltiplas com jogos terapêuticos e comportamentos independentes em AVDs
(Atividades da Vida Diária), bem como os exercícios feitos em sessões anteriores.
Com três alunos, na primeira sessão de Hipoterapia, também foi realizada a
fase de aproximação do animal. A partir da segunda, foram trabalhados exercícios
com os objetivos de estimulação sensorial (vestibular, táctil, visual, olfativa,
auditiva, oral e verbal), afetividade, aceitação de regras e limites, socialização,
modelação de comportamentos adequados, atenção e concentração. A partir da 8a
73
sessão, foram desenvolvidos exercícios de lateralidade, autoconfiança,
relaxamento, motivação e estimulação da linguagem, além dos já citados
anteriormente. Da vigésima sessão em diante, etapa também ainda em andamento,
estão a ser trabalhados: respeito, função bimanual, estimulação cognitiva, melhora
da autoestima, responsabilidade, estimulação das inteligências múltiplas e
modelação de comportamentos adequados. Vale ressaltar que em todas as sessões
de Hipoterapia são trabalhados exercícios para a melhoria do equilíbrio, da força
muscular, da marcha, da coordenação motora e da postura.
Por último, foi realizada uma entrevista com as mães das crianças a fim de
se confirmar ou refutar as possíveis melhoras observadas por elas, nos seus filhos.
Em todas as sessões de Hipoterapia o trabalho realizado é contínuo e
dependente dos trabalhos das sessões anteriores. Todas elas são desenvolvidas de
forma lúdica, para uma melhor compreensão e interesse por parte das crianças.
1.8. Localização do estudo
O estudo incidirá sobre crianças que frequentam o pré-escolar e o 1.º Ciclo,
com deficiência mental/motora, moradora nos concelhos do distrito de Vila Real
1.9. Critérios de seleção da população/amostra
Relativamente aos alunos à amostra foi escolhida por conveniência que
incidiu sobre 10 crianças com NEE que frequentavam sessões de hipoterapia, os
professores do Ensino Regular do 1.º Ciclo de 20 crianças com NEE (das 10
crianças a frequentar hipoterapia e 10 que não frequentavam esta terapia), os
professores de Educação Especial de 20 crianças com NEE (das 10 crianças a
frequentar hipoterapia e 10 que não frequentavam esta terapia), os familiares (pai
ou mãe) de 20 crianças portadoras de NEE.
Para constituir a nossa amostra delimitamos um determinada zona
geográfica Vila Real, dentro de um espaço com caraterísticas predominantemente
urbanas, procurando-se atingir a população a frequentar a terapia. A dimensão da
74
amostra deveria corresponder à totalidade dos sujeitos suscetíveis de serem
abrangidos pelo estudo. A taxa de retorno foi 100%.
Este fato, deveu-se em nossa opinião, de pertencermos à classe docente e ao
fato de termos entregue diretamente os questionários aos nossos colegas para que
eles distribuíssem aos pais /encarregados de educação. Desta forma, eles mesmos
se empenharam em motivar o seu preenchimento.
Como uma dezena de questionários foi retirada da amostra, por os seus
educados não frequentarem Hipoterapia, a observação final ficou reduzida a 10
sujeitos.
1.10. Procedimento para a apresentação e análise dos
Dados
Para análise dos dados recorreu-se ao programa estatístico SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences). Foram criadas 5 matrizes de tratamento de
dados para: Família; Técnico Terapia; Professores do Ensino Regular; Professores
de Educação Especial; ficha de observação da criança na hipoterapia. Recorreu-se
ao programa para produzir as tabelas de resultados usando a estatística descritiva.
PPAARRTTEE IIIIII –– FFAASSEE EEMMPPÍÍRRIICCAA
76
CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS
Pelo facto de se tratar de um estudo que adota uma perspetiva integradora,
que engloba uma abordagem quantitativa e uma abordagem qualitativa, serão
utilizadas técnicas de análise específicas para cada uma das situações. Num
primeiro momento, a abordagem quantitativa tem como objetivo quantificar
características que identificam as posições assumidas pela população em estudo.
Para o efeito recorremos a técnicas de estatística que nos ajudem a sistematizar os
resultados obtidos, como por exemplo tabelas de frequências, de percentagens.
Num segundo momento, uma vez que os dados recolhidos carecem de um
tratamento diferente, mais consoante com os métodos de tratamento de dados no
domínio da abordagem qualitativa pretendemos recorrer a uma análise de
conteúdos - um processo através do qual se reorganizam e codificam os dados
recolhidos para percecionar o sentido das mensagens que transportavam.
Optou-se por uma apresentação dos resultados resultantes da análise
descritiva dos resultados dividida em: Caraterização das crianças; Caraterização
da Família; Esforços cognitivos e comportamentais para lidar com a situação de
deficiência; Envolvimento da Família no processo educativo; Caraterização dos
Professores de Ensino Regular; Caracterização dos Professores de Educação
Especial; Caracterização da Equipa da Tecnicoterapia; Caracterização da
Influência da Hipoterapia na Criança com NEE .
1.1. Análise Descritiva dos Resultados
A análise descritiva que segue resulta da aplicação de quatro inquéritos por
questionário aos envolvidos no processo terapêutico e educativo de crianças com
NEE, em que apenas 10 (metade) se encontravam a ser intervencionadas pela
hipoterapia e uma grelha de observação aplicada às crianças intervencionadas. Os
77
questionários foram aplicados: à Família; à Tecnicoterapia, aos Professores do
Ensino Regular e; aos Professores de Educação Especial.
1.1.1. Caracterização das crianças
As crianças estudadas constituem um número de dez e a análise que se
segue resulta da observação das 10 crianças portadoras de NEE a frequentar
sessões de hipoterapia. Nas tabelas que se seguem apresentam-se os dados
referentes à caracterização geral da criança com NEE que frequenta a hipoterapia.
Tabela 1 – Dados relativos à criança com NEE que frequenta a hipoterapia
Variáveis Classes N %
Idade da
criança
5 anos 1 10,0 Média ................................................. 7,4
Erro-padrão ........................................ 0,476
Mediana .............................................. 7,5
Moda .................................................. 8
Desvio-padrão .................................... 1,506
Variância da amostra .......................... 2,267
Curtose ............................................... -0,365
Assimetria .......................................... 0,117
Mínimo ............................................... 5
Máximo .............................................. 10
Mínimo ............................................... 5
Máximo .............................................. 10
6 anos 2 20,0
7 anos 2 20,0
8 anos 3 30,0
9 anos 1 10,0
10 anos 1 10,0
Género da
criança
Feminino 3 30,0 Masculino
Masculino 7 70,0
Hipoterapi
a
Sim 10 50,0 Duas classes modais
Não 10 50,0
Diagnóstico
Citopatia mitocondrial 1 10,0
Classe modal: Síndrome de Down Paralisia Cerebral 4 40,0
Síndrome de Down 5 50,0
Diagnóstico
(Anotações
)
Acentuado 1 10,0
Classe modal: Sem anotações Ligeiro 2 20,0
Moderado 1 10,0
Sem anotações 6 60,0
Da análise da tabela anterior é possível deduzir que a idade das crianças
em estudo variavam entre 5 e 10 anos, a classe modal é 8 anos; a média de idades
é de 7,4 anos, a idade máxima é de 10 anos e a mínima de 5 anos. A distribuição
da amostra, quanto à idade é assimétrica de 0,117.
No que se refere ao género maioritariamente eram do género masculino
(70,0%, N=7).
78
Relativamente à frequência em sessões de hipoterapia apenas metade da
amostra (n=10, 50,0%) de crianças com NEE frequentavam este tipo de
terapêutica.
A maioria das crianças é portadora de Síndrome de Down (n=5, 50,0%),
seguidas de crianças com o diagnóstico de Paralisia Cerebral (n=4, 40,0%).
Apenas uma criança possuía uma patologia diferenciada de Citopatia mitocondrial
(doença considerada rara) (10,0%).
Relativamente à gravidade da patologia 60,0 (n=6) era considerada normal
(sem anotações), enquanto que, duas ligeira (20,0%) e uma acentuada (10,0%).
Tabela 2 – Diagnóstico em função da gravidade
Gravidade
Total Acentuado Ligeiro Moderado
Sem
anotações
Diagnóstico
Citopatia
mitocondrial
n 0 0 0 1 1
% 0,0% 0,0% 0,0% 10,0% 10,0%
Paralisia Cerebral n 0 1 0 3 4
% 0,0% 10,0% 0,0% 30,0% 40,0%
Síndrome de Down n 1 1 1 2 5
% 10,0% 10,0% 10,0% 20,0% 50,0%
Total n 1 2 1 6 10
% 10,0% 20,0% 10,0% 60,0% 100,0%
Analisando em maior pormenor o diagnóstico e as anotações temos a tabela
onde se pode referir que as crianças eram portadoras de várias patologias, sendo
uma criança portadora de Citopatia Mitocondrial não referindo qualquer tipo de
anotação, (10%), quatro crianças portadora de Síndrome de Down, sendo uma de
grau acentuado (10%), um grau ligeiro, (10%), um grau moderado (10%), duas
crianças sem anotações, (20%). Em relação às crianças portadoras de paralisia
cerebral é de referir queima criança é de grau ligeiro e três sem qualquer anotação.
Na tabela que se segue apresentam-se os dados relativos à gravidez e parto
da criança com NEE resultantes ao inquérito feito aos pais.
79
Tabela 3 – Dados relativos à gravidez e parto da criança com NEE
Variáveis Classes N % Classe modal
A gravidez foi planeada e desejada? Não 3 15,0
Sim Sim 17 85,0
Como decorreu a gravidez?
Muito bem 13 65,0
Muito bem Bem 2 10,0
Razoável 3 15,0
Mal 2 10,0
Como decorreu o parto?
Muito bem 10 50,0
Muito bem Bem 3 15,0
Razoável 4 20,0
Mal 3 15,0
No que respeita à gravidez os inquiridos foram unânimes em referir que
tinha sido uma gravidez planeada e desejada (n=17, 85,0%).
Já no que se refere ao progresso da gravidez, a maioria referiu ter decorrido
Muito bem (n=13, 65,0%), seguido de Razoável (n=3, 15,0%). Dois inquiridos
(10,0%) ou referiram que a gravidez decorreu Bem ou Mal. Portanto, a grande
maioria (n=15, 75,0%) denotou um sentimento Positivo relativamente ao percurso
da gravidez. Enquanto, alguns (n=3, 15,0%) denotaram um sentimento Neutro e
poucos (n=2, 10,0%) um sentimento Negativo relativamente ao percurso da
gravidez.
Quanto ao parto, a maioria referiu ter decorrido Muito bem (n=10, 50,0%),
seguido de Razoável (n=4, 20,0%). Três inquiridos (15,0%) ou referiram que o
parto decorreu Bem ou Mal. Portanto, a maioria (n=13, 65,0%) denotou um
sentimento Positivo relativamente ao decorrer do parto. Enquanto, alguns (n=4,
20,0%) denotaram um sentimento Neutro e poucos (n=3, 15,0%) um sentimento
Negativo relativamente ao decorrer do parto.
Em síntese, pode-se afirmar que, na globalidade, o parto decorreu pior do
que a gravidez, mas, apesar de tudo, os inquiridos denotaram sentimentos muito
positivos relativamente à gestação e nascimento da criança com NEE.
Na tabela que se segue apresentam-se aos dados relativos à história clínica
percecionada pelos pais da criança com NEE.
80
Tabela 4 – Dados relativos à história clínica da criança com NEE percecionada pelos pais
Variáveis Classes N % Classe modal
Existem antecedentes familiares
relativos à deficiência?
Não 16 80,0 Não
Sim 4 20,0
Quando foi diagnosticada a
deficiência
durante a gravidez 5 25,0
após o parto na altura do parto 5 25,0
após o parto 10 50,0
Quem fez o diagnóstico e informou
a família?
hospital/clínica 7 35,0
hospital/clínica
médico de família 2 10,0
médico
família/hospital/clínica 3 15,0
médico pediatra 6 30,0
médico
pediatra/hospital/clínica 2 10,0
Diagnóstico e informação da
família?
Médico de família 5 25,0%
Hospital e
Clínica
Pediatra 8 40,0%
Hospital 12 60,0%
Clínica 12 60,0%
Número de envolvidos no
diagnóstico e informação da família
1 8 40,0
1 envolvido 2 7 35,0
3 5 25,0
No que respeita aos antecedentes familiares relativos à deficiência, os
inquiridos foram unânimes em referir que não existia história prévia de familiares
com a doença da criança com NEE (n=16, 80,0%).
Já no que se refere à altura em que foi diagnosticada a deficiência, a maioria
referiu ter ocorrido após o parto (n=10, 50,0%). Os restantes inquiridos ficaram
apartados entre a resposta durante a gravidez e na altura do parto (n=5, 25,0%,
para ambas as classes).
Quanto a quem fez o diagnóstico e deu informação, a maioria referiu ter
sido hospital/clínica (n=10, 50,0%), seguido de médico pediatra (n=6, 10,0%).
Três inquiridos (15,0%) referiram que o diagnóstico e a informação foram dados
pelo trinómio médico família/hospital/clínica. Uma minoria de duas pessoas
(10,0%) ou referiram ter sido o médico de família, simplesmente, ou o trinómio
médico pediatra/hospital/clínica. Particularizando, doze inquiridos (60,0%) ou
referiram que foi o hospital ou que foi a clínica, oito inquiridos (40,0%) referiram
que foi o pediatra e, apenas cinco inquiridos (25,0%) referiram ter sido o médico
de família. No geral, o número de envolvidos no diagnóstico e informação da
81
família, foi um (n=8, 40,0%), seguido de dois (n=7, 35,0%) e três envolvidos
(n=5, 25,0%).
Na tabela que se segue apresentam-se aos dados relativos ao percurso
escolar/educativo percecionado pelos pais e pelos professores da criança com
NEE.
Tabela 5 – Dados relativos ao percurso escolar/educativo pré-escolar da criança com NEE
Variáveis Classes N % Classe modal
Idade da
criança
aquando da
entrada na
creche
4 meses 6 30,0
4 meses
1 ano 2 10,0
2 anos 1 5,0
3 anos 4 20,0
Não respondeu 7 35,0
Idade da
criança
aquando da
entrada no
pré-escolar
4 anos 16 80,0
4 anos 5 anos 3 15,0
Não respondeu 1 5,0
Com que
idade
começou a
ter apoio
educativo
2/3 anos 7 35,0
4/5 anos 4 anos 1 5,0
4/5 anos 9 45,0
6 anos 3 15,0
Quem
sinalizou a
criança
para ter
apoio
educativo
Educadora 10 50,0
Duas classes modais
professora ensino
regular 10 50,0
Quanto à idade da criança aquando da entrada na creche, as respostas
foram as que se seguem: sete dos pais não responderam, enquanto os que
responderam, na maioria (n=6, 30,0%), referiram como idade da criança à entrada
na creche, 4 meses, seguidos dos que referiram 3 anos (n=4, 20,0%). Uma minoria
referiu como idade à entrada na creche 1 ano (n=2, 10,0%) e 2 anos (n=1, 5,0%).
Referente às Idade da criança aquando da entrada no pré-escolar, esta
oscilou entre os 4 e os 5 anos, sendo que maioritariamente (n=16, 80,0%) os pais
referiram a idade de 4 anos à entrada no pré-escolar. Um dos inquiridos optou por
não responder a esta questão.
82
Relativamente à idade em que a criança começou a ter apoio educativo a
maioria referiu 4 a 5 anos (n=10, 50,0%), seguidos de 2 a 3 anos (n=7, 35,0%) e 6
anos (n=3, 15,0%). Uma minoria (n=1, 5,0%) referiu a idade de 4 anos a iniciar o
apoio educativo.
No que respeita à sinalização da criança para ter apoio educativo as
professoras de Ensino Regular ficaram divididas entre as respostas: educadora e a
professora ensino regular (n=10, 50,0%).
Na tabela que se segue apresentam-se aos dados relativos ao percurso
escolar/educativo percecionado pelos professores (do 1.º Ciclo) da criança com
NEE.
Tabela 6 – Dados relativos ao percurso escolar/educativo no 1.º Ciclo da criança com NEE
Variáveis Classes N % Classe modal
Com que
idade a
criança
começou
frequentar
a escola do
1.º ciclo
5 anos 4 20,0 Média ......................................... 6,10
Mediana ..................................... 6,00
Moda .......................................... 6
Desvio padrão ............................ 0,718
Variância .................................... 0,516
Assimetria .................................. -0,152
Erro padrão da assimetria ........... 0,512
Mínimo ....................................... 5
Máximo ...................................... 7
6 anos 10 50,0
7 anos 6 30,0
A sua
adaptação
à escola foi
Muito boa 8 40,0
Duas classes modais: Muito boa; boa Boa 8 40,0
Razoável 2 10,0
Fraca 2 10,0
Qual o seu
relacionam
ento com os
adultos e o
colegas
Muito bom 6 30,0
Bom Bom 8 40,0
Razoável 4 20,0
Fraco 2 10,0
Quais as
atividades
que mais o
motivam
Hidroterapia/hipoterap
ia
2 10,0
Hipoterapia Hidroterapia/outra 3 15,0
Hipoterapia 5 25,0
Nenhuma 10 50,0
E as que o
desmotiva
m
Nenhuma 20 100,0
Nenhuma (constante)
83
Tabela 6 – Dados relativos ao percurso escolar/educativo no 1.º Ciclo da criança com NEE
Variáveis Classes N % Classe modal
Quais os
apoios e
serviços
que a
criança
está a
beneficiar
em
contexto
escolar
apoio individualizado
por professor
educação especial
20 100,0 apoio individualizado por professor
educação especial (constante)
Em sua
opinião
qual o
beneficio
da
hipoterapia
para o
aluno?
PER
aluno não tem
hipoterapia 10 50,0
muito benéfica
Benéfica 1 5,0
muito benéfica 9 45,0
Em sua
opinião
qual o
beneficio
da
hipoterapia
para o
aluno?
PEE
aluno não tem
hipoterapia 10 50,0
muito benéfica
Benéfica 1 5,0
muito benéfica 9 45,0
Em sua
opinião
qual o
beneficio
da
hipoterapia
para o
aluno? TT
aluno não tem
hipoterapia - -
muito benéfica
muito benéfica 10 100,0
PER – Professor do Ensino Regular; PEE – Professor de Educação Especial; TT – Técnico
Terapeuta.
Respeitante à tabela anterior e a com que idade a criança começou a
frequentar a escola do 1.º ciclo, as respostas que obtivemos fora as seguintes:
quatro crianças ingressaram na escola com apenas 5 anos de idade (n=4, 20,0%),
dez das mesmas entraram na escolaridade com 6 anos (n=10, 50,0%) e seis das
crianças tinham 7 anos de idade quando começaram a frequentar a escola (n=6,
30,0%).
84
Referente à questão a sua adaptação à escola foi, os professores inquiridos
deram as seguintes respostas: oito dos docentes referiram ter sido muito boa
(40,0%), novamente oito dos inquiridos mencionaram ter sido boa (40,0%), dois
dos mesmos deram como resposta ter sido razoável (10,0%) e novamente dois dos
professores responderam ter sido fraca (10,0%). Quanto à última opção, não de
adaptou, não houve qualquer resposta por parte dos professores inquiridos.
A questão seguinte, estava relacionada com qual o seu relacionamento
com os adultos e as crianças, e as respostas obtidas foram as seguintes: seis dos
docentes inquiridos referiram ser muito boa (n=6, 30,0%), oito dos mesmos
apostaram na resposta bom (n=8, 40,0%), quatro responderam ser razoável (n=4,
20,0%) e apenas dois dos inquiridos referiram ser fraca (n=2, 10,0%). Ou seja,
com relacionamento Positivo com os adultos e as crianças surgem 70,0% das
crianças com NEE (n=14,), Neutro 20,0% (n=4), e Negativo 10,0% (n=2).
No tocante a quais as atividades que mais os motivam, e em função das
opções apresentada (hidroterapia, a hipoterapia, outra e nenhuma) as respostas dos
docentes inquiridos foram: cinco dos professores responderam a hipoterapia
(25,0%); três dos professores responderam a hidroterapia/outra (15,0%); dois dos
professores responderam a hipoterapia/hidroterapia (10,0%) e; os restantes dez
mencionaram que nenhuma atividade motivava a criança (50,0%). Nenhum dos
professores expressou existir alguma atividade que desmotivasse a criança com
NEE.
Com respeito à pergunta quais os apoios e serviços de que a criança está a
beneficiar em contexto escolar, todos os docentes inquiridos (vinte) foram
unânimes em responder que a criança está a beneficiar de apoio individualizado
por professor de educação especial (100,0%).
Em relação aos benefícios da hipoterapia para o aluno, os professores (do
Ensino Regular e da Educação Especial) inquiridos apresentaram as respostas que
se seguem: nove afirmaram ser muito benéfica (45,0%) e um afirmou ser, apenas,
benéfica (5,0%). Os restantes 10 alunos não usufruíam de intervenção pela
hipoterapia. Já para os Técnico terapeutas os benefícios da hipoterapia para o
aluno são sempre elevados (muito benéfico, n=10, 100,0%).
85
Em suma a idade de início do 1.º Ciclo do Ensino Básico pela criança com
NEE não é muito diferente das restantes crianças. De um modo generalizado, a
criança relaciona-se bem com os adultos e demais crianças da sua idade, o que por
si só, já se revela como um fator bastante positivo. No que respeita às motivações
para aderirem a atividades terapêuticas, entendemos que muito há ainda para
trabalhar neste campo e que terá de existir todo um trabalho conjunto envolvendo
comunidade educativa e família, de maneira a podermos motivar mais a criança
para as diversas terapias a que poderão recorrer. E embora muito trabalho tenha
sido já realizado neste âmbito, muito mais deverá ser feito, uma vez que as
crianças são a nossa prioridade e é para elas que trabalhamos e desenvolvemos
todos os nossos esforços. Relativamente ao entendimento dos diferentes
intervenientes no processo educativo da criança com NEE relativamente aos
benefícios da hipoterapia podemos assinalar que são todos unânimes quanto à
relevância desta técnica no desenvolvimento geral destas crianças.
Na tabela que se segue apresentam-se aos dados relativos ao
acompanhamento das crianças com NEE pelo professor de Educação Especial
resultante do questionário aplicado ao conjunto de docentes com estas
características.
Tabela 7 – Caracterização do acompanhamento das crianças pelo professor de Educação
Especial
Variável Classes N % Estatística
Quanto
tempo dá
apoio por
semana
3/5h 3 15,0
até 2h até 2h 17 85,0
Há quanto
tempo
beneficia o
aluno deste
apoio
3/5 anos 14 70,0
3/5 anos até 2 anos 6 30,0
Que tipo de
atividade
desenvolve
motricidade/interação/autono
mia 1 5,0
motricidade/interação/postura/auto
nomia motricidade/interação/postura/
autonomia 19 95,0
Que áreas
considera
serem as
fortes
Autonomia 6 30,0
interação
Interação 11 55,0
interação/autonomia 1 5,0
Motricidade 1 5,0
Postura 1 5,0
Que áreas Autonomia 3 15,0 motricidade
86
Tabela 7 – Caracterização do acompanhamento das crianças pelo professor de Educação
Especial
Variável Classes N % Estatística
considera
serem as
moderadas
interação 3 15,0
Interação/postura 2 10,0
Motricidade 6 30,0
Postura 4 20,0
postura/autonomia 2 10,0
Que áreas
considera
serem as
fracas
Autonomia 3 15,0
Motricidade
interação/postura 3 15,0
motricidade/postura 1 5,0
Motricidade 10 50,0
motricidade/postura 2 10,0
postura/autonomia 1 5,0
Tem
conhecimen
tos de
regras da
sala
às vezes 2 10,0
Sempre muitas vezes 6 30,0
Sempre 12 60,0
Cumpre-as
às vezes 12 60,0
às vezes muitas vezes 6 30,0
Sempre 2 10,0
Relativamente ao tempo de apoio dado por semana, os professores de
Educação Especial inquiridos apresentaram as respostas que se seguem: três dos
inquiridos responderam 3/5h (15,0%) e dezassete dos mesmos deram como
resposta até 2 h (85,0%). No que respeita Há quanto tempo beneficia o aluno
deste apoio, obtiveram-se as respostas que se seguem: catorze dos docentes
responderam 3 a 5 anos (75,0%) e seis dos mesmos deram como resposta até dois
anos (30,0%). No tocante à forma que o professor de Educação Especial considera
relativamente às crianças com NEE, obtiveram-se as respostas que se seguem:
áreas fortes interação (n=11, 55,0%); áreas moderadas Motricidade (n=6,
30,0%) e; áreas fracas Motricidade (n=10, 50,0%). Em relação ao conhecimento
das regras os professores de Educação Especial destacaram as seguintes respostas:
doze afirmaram sempre (60,0%); seis muitas vezes (30,0%) e; dois às vezes
(10,0%). No tocante ao cumprimento de regras pelos alunos com NEE referem:
doze às vezes (60,0%); muitas vezes seis (30,0%) e; dois sempre (10,0%).
87
Tabela 8 – Caracterização do acompanhamento das crianças pelos dos Técnicos de
Hipoterapia
Variável Classes N % Classe modal
Acompanhamento
pela
Tecnicoterapia
Aluno n.º 1 1 6,3
Classe modal: 2
(75,0%, acompanhamento
por dois técnicos)
Aluno n.º 2 2 12,5
Aluno n.º 3 2 12,5
Aluno n.º 4 2 12,5
Aluno n.º 5 2 12,5
Aluno n.º 6 1 6,3
Aluno n.º 7 1 6,3
Aluno n.º 8 1 6,3
Aluno n.º 9 2 12,5
Aluno n.º
10 2 12,5
Quanto tempo dá
apoio por semana
3/5h 5 31,3 até 2h
até 2h 11 68,8
Há quanto tempo
beneficia o aluno
deste apoio
3/5 anos 8 50,0
até 2 anos até 2 anos 8 50,0
Que áreas
considera serem as
fortes
autonomia 7 43,8
interação interação 8 50,0
motricidade 1 6,3
Que áreas
considera serem as
moderadas
autonomia 2 12,5
Motricidade interação 3 18,8
motricidade 6 37,5
Postura 5 31,3
Que áreas
considera serem as
fracas
autonomia 3 18,8
Motricidade interação 3 18,8
motricidade 7 43,8
Postura 3 18,8
Tem
conhecimentos de
regras
sempre 16 100,0 Sempre (constante)
Cumpre-as
muitas
vezes 3 18,8
Sempre
sempre 13 81,3
No que se refere ao acompanhamento pelo técnico de hipoterapia pode-se
deduzir que a maioria dos alunos a frequentarem a tecnicoterapia (n=6, 75,0%) é
acompanhada por um número de dois tecnicoterapeutas.
Relativamente ao tempo de apoio dado por semana, os tecnicoterapeutas
inquiridos apresentaram as respostas que se seguem: cinco dos inquiridos
responderam 3/5h (31,3%) e onze dos mesmos deram como resposta até 2 h
(68,8%). No que respeita Há quanto tempo beneficia o aluno deste apoio,
obtiveram-se as respostas que se seguem: oito dos Terapeutas responderam 3 a 5
anos (50,0%) e o mesmo acontecendo com os que referiram até dois anos
(50,0%). No tocante à forma que o professor de Educação Especial considera
88
relativamente às crianças com NEE, obtiveram-se as respostas que se seguem:
áreas fortes interação (n=8, 50,0%); áreas moderadas Motricidade (n=6, 37,5%)
e; áreas fracas Motricidade (n=7, 43,8%). Em relação ao conhecimento das
regras os Terapeutas foram unânimes em destacarem com 100,0% (n=16) a
resposta sempre. No tocante ao cumprimento de regras pelos alunos com NEE
referem: muitas vezes três (18,8%) e; treze sempre (81,3%).
1.1.2. Caracterização da Família
No que respeita a este questionário, alguns tiveram de ser eliminados, uma
vez que algumas das respostas se apresentavam descontextualizadas, e, portanto,
foi impossível contabilizá-las.
A análise incidiu sobre vinte famílias com o intuito de produzir uma
caracterização global do ambiente familiar da criança com NEE. Nas tabelas que
se seguem apresentam-se os dados referentes à caracterização geral da Família.
Tabela 9 – Caracterização da família
Variáveis Classes N % Estatística
N.º de
pessoas que
compõem o
agregado
familiar
3 6 30,0 Média ........................................... 4,00
Mediana ....................................... 4,00
Moda ............................................ 4
Desvio padrão .............................. 0,918
Variância ...................................... 0,842
Assimetria .................................... 0,908
Erro padrão da assimetria ............ 0,512
Mínimo ........................................ 3
Máximo ........................................ 6
4 10 50,0
5 2 10,0
6 2 10,0
Tem irmãos Não 6 30
Classe modal: sim Sim 14 70
Número de
irmãos
Nenhum 6 30 Média ................................. 1,25
Mediana ............................. 1
Moda .................................. 1
Desvio-padrão .................... 1,371
Erro padrão ........................ 0,307
Variância ............................ 1,882
Assimetria .......................... 1,538
Mínimo .............................. 0
Máximo .............................. 5
1 9 45
2 2 10
3 1 5
4 1 5
5 1 5
Rendimento
mensal do
agregado
familiar
2000/3000 € 4 20,0
Classe modal: até 1000 €ª 1000/2000 € 7 35,0
até 1000 € 7 35,0
Salário mínimo 2 10,0
89
a existem modas múltiplas. Apresenta-se a classe de menor ordem
Da análise da tabela anterior é possível verificar que quanto número de
pessoas que compõem os agregados familiares seis dos inquiridos mencionaram
que o agregado familiar era composto por 3 pessoas (30,0%), dez dos mesmos
mencionaram ser composto por 4 pessoas (50,0%) e dois dos inquiridos (10,0%)
ou referiram que o agregado familiar era formado por 5 pessoas ou por 6 pessoas.
A média do número de pessoas que compõem o agregado familiar foi de 4,00
(±0,918) elementos, o coeficiente de dispersão foi de 22,95%, a moda e a mediana
foram de 4 elementos. A amostra é quase simétrica. O número de pessoas que
compões o agregado familiar mínimo foi de 3 elementos e o máximo de 8
elementos.
No que respeita aos irmãos que a criança com NEE possui, 70,0% têm e
30,0% não tem irmãos. Nove inquiridos referem que a criança com NEE tem
apenas 1 irmão (45,0%), duas referem ter 2 irmãos (10,0%) e uma (5,0%) ou
referem ter 3, ou 4 ou5 irmãos. A média do número de irmãos foi de 1,25
(±1,371), o coeficiente de dispersão foi de 109,68%, a moda e a mediana foram de
1 irmão. O número irmão da criança com NEE mínimo foi de 0 e o máximo de 5
irmãos.
Quanto ao rendimento do agregado familiar, entre os valores
apresentados as respostas foram: quatro mencionaram auferir entre 2000 a 3000
euros mensais (20,0%), e sete (35,5%) ou referiram entre 1000 a 2000 euros
mensais ou até 1000 euros mensais, os restantes dois (10,0%) referiram Salário
Mínimo. A classe modal é até 1000 € (existem duas modas, sendo que a outra é de
1000 a 2000 €).
Traçando um perfil da família da criança com NEE pode dizer-se que a
família é composta maioritariamente por 4 pessoas (50,0%), a maior parte das
vezes a criança com NEE tem pelo menos um irmão auferem maioritariamente ou
até 1000 € ou entre 1000 a 2000€. Estes valores permitem-nos concluir que
estamos perante uma classe média alta, capaz de proporcionar aos seus filhos
todas as condições financeiras que crianças, com as dificuldades que estas
apresentam, necessitam.
90
Tabela 10 – Dados biográficos da Mãe da criança com NEE
Variáveis Classes N % Estatística
Profissão da
Mãe
Auxiliar de Educação 2 10,0
Classe modal: Doméstica
Auxiliar de ação médica 1 5,0
Bancária 2 10,0
Doméstica 5 25,0
Empregada de Balcão 2 10,0
Empresária 1 5,0
Gerente loja comercial 1 5,0
GNR 1 5,0
Médica 1 5,0
Médica dentista 1 5,0
Professora 3 15,0
Idade da
Mãe
26 1 5,0
Média ........................................... 36,00
Mediana ........................................ 36,00
Moda ............................................ 35
Desvio padrão .............................. 5,099
Variância ...................................... 26,000
Assimetria .................................... -0,265
Erro padrão da assimetria ............. 0,512
Mínimo ......................................... 26
Máximo ........................................ 45
27 1 5,0
30 2 10,0
33 1 5,0
35 5 25,0
37 3 15,0
38 1 5,0
39 1 5,0
40 1 5,0
41 2 10,0
44 1 5,0
45 1 5,0
Habilitações
Literárias
da Mãe
10.º ano 1 5,0
Classe modal: licenciatura 12.º ano 3 15,0
6.º ano 2 10,0
9.º ano 3 15,0
Licenciatura 11 55,0
No que respeita à profissão da mãe, tabela anterior, as respostas foram:
cinco referiram ser Domésticas (25,0%), três referiram ser Professoras (15,0%),
duas (10,0%) ou referiram ser Auxiliares de Educação, ou Bancárias ou
Empregadas de Balcão, uma (5,0%) ou referiu ser Auxiliar de ação médico, ou
Empresária, ou Gerente loja comercial, ou GNR, ou Médica, ou Médica Dentista.
A classe modal é Doméstica. Quanto à idade, a média foi de 36,00 (±5,099) anos,
o coeficiente de dispersão foi de 14,16%, a moda e a mediana foram de 36 anos.
A assimetria da amostra para a idade da mãe é negativa de -0,265 e a idade
mínima de 26 e máxima de 45 anos. Relativamente às habilitações académicas
da mãe a maioria possui o grau de licenciatura (55,0%, n=11), seguidas de
formação até ao 12.º ano e ao 9.º ano (ambas com 15,0%, n=3), seguidas
formação até ao 6.º ano (10,0%, n=2). Por último surge uma mãe (5,0%) com
formação até ao 11.a.º ano.
91
Traçando um perfil da mãe da criança com NEE pode dizer-se que
maioritariamente são Domésticas, com uma média de idades de 36,00 (±5,099)
anos, maioritariamente Licenciadas. Estes valores permitem-nos determinar que
estamos perante mães com uma formação elevada, dedicadas às lides caseiras
(proporcionando, possivelmente, mais tempo de dedicação à sua criança com
NEE), de classe média alta, o que é bastante positivo.
Tabela 11 – Dados biográficos do Pai da criança com NEE
Variáveis Classes N % Estatística
Profissão do
Pai
Advogado 1 5,0
Classe modal: Empresárioª
Bancário 1 5,0
Empregado de Balcão 2 10,0
Empresário da
Construção Civil
1 5,0
Empresário 3 15,0
Funcionário público 1 5,0
GNR 3 15,0
Mecânico 2 10,0
Médico 1 5,0
Motorista 1 5,0
Professor 1 5,0
Propaganda médica 1 5,0
Trolha 1 5,0
Não respondeu 1 5,0
Idade do Pai
29 1 5,0 Média ........................................... 38,26
Mediana ........................................ 40,00
Moda ............................................ 40
Desvio padrão .............................. 4,771
Variância ...................................... 22,760
Assimetria .................................... -0,711
Erro padrão da assimetria ............. 0,524
Mínimo ......................................... 29
Máximo ........................................ 47
30 1 5,0
31 2 10,0
37 2 10,0
38 1 5,0
40 6 30,0
41 4 20,0
43 1 5,0
47 1 5,0
Não respondeu 1 5,0
Habilitações
Literárias
do Pai
10.º 1 5,0
Classe modal: Licenciatura
12.º 1 5,0
12.º ano 5 25,0
3.º ano 1 5,0
4.º ano 1 5,0
6.º ano 4 20,0
Licenciatura 6 30,0
Não respondeu 1 5,0 x Existem várias classes modais. Apresenta-se a menor.
Quanto à profissão do pai, as respostas foram as que se seguem: doze dos
inquiridos referiram ser médicos, (30,0%), quatro deram como resposta ser
mecânicos (10,0%), outros quatro responderam que eram professores (10,0%),
oito referiram ser empresários (20,0%), quatro mencionaram ser bancários
92
(10,0%), outros quatro referiram ser da GNR (10,0%) e os restantes quatro deram
como resposta serem advogados (10,0%).
Referente às habilitações literárias do pai, quadro n.º 1.f., estas oscilam
entre o 10.º ano e a licenciatura, ou seja: oito dos inquiridos referiram ter o
décimo ano (20,0%), outros doze mencionaram possuir o décimo segundo ano
(30,0%) e os restantes vinte responderam ter a licenciatura (50,0%).
Respeitante à idade do pai, esta oscilou entre os 29 e os 47 anos de idade,
ou seja: quatro dos pais inquiridos responderam ter 31 anos (10,0%), oito dos
mesmos mencionaram ter 38 anos (20,0%), doze deram como resposta ter 40 anos
de idade (30,0%), oito dos pais responderam ter 41 anos (20,0%), quatro dos
mesmos disseram ter 43 anos (10,0%)) e os restantes quatro deram como resposta
possuir 47 anos de idade (10,0%).
Traçando um perfil do pai da criança com NEE pode dizer-se que
maioritariamente são Empresários, com uma média de idades de 38,26 (±4,771)
anos, maioritariamente Licenciados. Estes valores permitem-nos determinar que
estamos perante pais, igualmente, com uma formação elevada, dedicados ao setor
secundário (proporcionando, possivelmente, maiores recursos económicos à sua
criança com NEE), de classe média alta, o que é bastante positivo.
A - Esforços cognitivos e comportamentais para lidar com a
situação de deficiência
No que se refere aos Esforços cognitivos e comportamentais para lidar com
a situação de deficiência foram colocadas quatro questões aos inquiridos: Qual foi
a reação da família? Quais foram as dificuldades sentidas para lidar com a
criança? Necessitou de procurar informação sobre a causa da deficiência? A quem
recorreu para se informar? O tratamento das respostas dadas a estas questões
apresenta-se nas tabelas que se seguem.
93
Tabela 12 – Reações e dificuldades sentidas pela família
Variável Classes N % Classe modal
Qual foi a
reação da
família?
não superou 5 25,0
superou mal superou mal 14 70,0
superou bem 1 5,0
Quais foram as
dificuldades
sentidas para
lidar com a
criança?
Muitas 8 40,0
Algumas Algumas 11 55,0
Nenhumas 1 5,0
No que respeita à relativos à deficiência os inquiridos foram unânimes em
referir que a família superou mal (n=14, 70,0%). Cinco inquiridos (25,0%)
referiram que a família não superou e apenas um (5,0%) referiu que superou bem.
Já no que se refere às dificuldades sentidas para lidar com a criança, a
maioria referiu ter algumas (n=11, 55,0%). Uma quantidade considerável referiu
ter muitas dificuldades (n=8, 40,0%). Apenas um inquirido (5,0%) referiu não
apresentar quaisquer dificuldades em lidar com a criança com NEE.
Em síntese, pode-se afirmar que, na globalidade, a família supera mal ou
não supera, de todo, face ao diagnóstico da criança com NEE, e no geral, sentem
algumas ou muitas dificuldades em lidar com esta criança.
Tabela 13 - Necessitou de procurar informação sobre a causa da deficiência? A quem
recorreu para se informar?
Variável Classes N % Classe modal
Necessitou de
procurar
informação
sobre a causa da
deficiência?
Não 1 5,0
Sim Sim 19 95,0
A quem
recorreu para se
informar?
amigos/família 1 5,0
médico de
família/médico
pediatra/amigos
/família
médico de família/amigos/família 2 5,0
médico de família/família 1 5,0
médico de
família/hospital/clínica/família/amigos 1 5,0
médico de família/médico
pediatra/amigos/família 1 5,0
médico de família/amigos /família 1 5,0
médico de
família/hospital/clínica/amigos/família 1 5,0
médico de família/médico
pediatra/amigos/família 3 15,0
médico família/médico 1 5,0
94
Tabela 13 - Necessitou de procurar informação sobre a causa da deficiência? A quem
recorreu para se informar?
Variável Classes N % Classe modal
pediatra/amigos/família/hospital/clínica/ins
tituição especializada
médico de família/pediatra 1 5,0
médico pediatra/amigos/família 1 5,0
médico pediatra/família 1 5,0
médico pediatra/família/instituição
especializada 1 5,0
médico pediatra/amigos/família 1 5,0
médico/amigos/família 1 5,0
médico de
família/hospital/clínica/instituição
especializada/amigos/família
1 5,0
médico de família 1 5,0
A quem
recorreu
Médico de família 10 75,0
Família
Pediatra 10 50,0
Hospital 4 20,0
Clínica 4 20,0
Instituição especializada 3 15,0
Família 18 90,0
Amigos 15 75,0
Número de
envolvidos na
informação
sobre a cauda da
doença
1 1 5,0
3 envolvidos
2 4 20,0
3 7 35,0
4 4 20,0
5 2 10,0
6 1 5,0
7 1 5,0
Quando colocada a questão sobre se tinham procurado informação sobre a
causa da doença, os inquiridos foram unânimes (n=15, 95,0%) em afirmar que
necessitaram de o fazer.
No que respeita à questão de a quem tinham recorrido para obter essa
informação as respostas forma muito diversa, devendo ser assinalado que a
maioria (n=3, 15,0%) referiu ter recorrido ao médico de família, ao médico
pediatra, aos amigos e à família. Analisando as respostas de forma mais
particularizada pode-se destacar que a grande maioria referiu a Família (n=18,
90,0%), o Médico de família e os amigos (n=10, 75,0%, para ambos). Metade dos
inquiridos recorreu ao Pediatra (n=10, 50,0%). Uma minoria referiu que as fontes
de informação, em vez de indivíduos foram instituições, designadamente:
Hospital (n=4, 20,0%); Clínica (n=4, 20,0%) e; Instituição especializada (n=3,
95
15,0%). Portanto, a grande maioria dos inquiridos tiveram acesso a uma
considerável possibilidade/oportunidade de fontes na procura de informação sobre
a cauda da doença da criança com NEE, tendo 7 (35,0%) referido ter recorrido a 3
envolvidos, 4 (20,0%) ou a 2 ou a 4 pessoas/instituições e 2 (10,0%) a 5
envolvidos. Uma minoria de 1 inquirido (5,0%) referiu ou ter recorrido a 6 ou a 7
envolvidos. Igualmente, uma minoria de 1 inquirido (5,0%) referiu ter recorrido
apenas a 1 envolvido (no caso particular, o médico de família). Tratando-se, a
sociedade atual, de uma sociedade informada e esclarecida, graças às
possibilidades disponíveis ao comum dos cidadãos a resposta a esta questão
parece estar em consonância.
B - Envolvimento da Família no processo educativo
No que se refere ao envolvimento da Família no Processo Educativo e
terapêutico foram colocadas algumas questões aos outros intervenientes no
processo ensino-aprendizagem, designadamente: aos professores do Ensino
Regular; aos professores de Educação Especial; aos Técnico Terapeuta. O
tratamento das respostas dadas a estas questões apresenta-se nas tabelas que se
seguem.
Tabela 14 – Envolvimento da família na perspetiva do Professor de Ensino Regular
Variável Classes N % Classe modal
Que o tipo de
participação
presta a família no
processo educativo
participa regularmente 2 10,0
participa às
vezes participa às vezes 14 70,0
participa raramente 4 20,0
Relativamente ao tipo de participação prestado pela família no processo
educativo, os professores do Ensino Regular inquiridos apresentaram as respostas
que se seguem: dois dos docentes responderam que a família participa
regularmente (10,0%), catorze dos mesmos mencionaram que a família participa
às vezes (70,0%) e quatro dos inquiridos referiram que a família participa
raramente (20,0%). Quanto às restantes opções não houve qualquer resposta.
96
Tabela 15 – Envolvimento da família na perspetiva do Professor de Educação Especial
Variável Classes N % Classe modal
A família
coopera com a
escola
às vezes 5 25,0
muitas vezes muitas vezes 10 50,0
Sempre 5 25,0
Os pais
colaboraram na
elaboração do
PEI
às vezes 5 25,0
muitas vezes muitas vezes 10 50,0
Raramente 1 5,0
Sempre 4 20,0
Com que
frequência reúne
com os pais
Mensal 2 10,0
trimestral Quinzenal 2 10,0
semanal/trimestral 1 5,0
Trimestral 15 75,0
Atribuiu à
família algum
papel relevante
no percurso
escolar do seu
educando
às vezes 6 30,0
muitas vezes muitas vezes 14 70,0
Relativamente ao tipo de participação prestado pela família no processo
educativo, os professores de Educação Especial inquiridos apresentaram as
respostas que se seguem: cinco dos inquiridos responderam sempre (25,0%), dez
dos mesmos deram como resposta muitas vezes (50,0%) e cinco dos professores
responderam às vezes (25,0%). É sempre com muito agrado que verificamos a
presença da família em cooperação com a escola, uma vez que se revela uma
mais-valia para todos especialmente para o aluno em questão. No que respeita a se
os pais cooperam com a elaboração do PEI, obtiveram-se as respostas que se
seguem: quatro dos docentes responderam sempre (20,0%), dez dos mesmos
deram como resposta muitas vezes (50,0%), cinco dos professores responderam às
vezes (25,0%) apenas um respondeu raramente (5,0%). No tocante à frequência
com que os Professores de Educação Especial reúnem com os pais, obtiveram-se
as respostas que se seguem: dois dos docentes inquiridos responderam que
reúnem quinzenalmente (10,0%), dois deram como resposta reunir com os pais
mensalmente (10,0%), quinze dos mesmos referiram que só reúnem com os pais
dos alunos trimestralmente (75,0%) apenas um referiu reunir com os pais com
uma frequência mista semanal/trimestral (5,0%). No que se refere à importância
que atribuem à família no percurso escolar do seu educando, obtiveram-se as
respostas seguintes: catorze dos docentes inquiridos responderam muitas vezes
97
(70,0%), seis dos mesmos responderam muitas vezes (30,0%) e apenas seis dos
inquiridos mencionaram às vezes (30,0%).
Tabela 16 – Envolvimento da família na perspetiva do Técnico Terapeuta
Variável Classes N % Classe modal
A família
coopera com a
escola
muitas vezes 2 12,5
Sempre Sempre 14 87,5
Os pais
colaboraram na
elaboração das
atividades
terapêuticas
muitas vezes 3 18,8
Sempre Sempre 13 81,3
Com que
frequência reúne
com os pais
Quinzenal 4 25,0
Semanal Semanal 12 75,0
Atribuiu à
família algum
papel relevante
no percurso da
terapia do seu
educando
Sempre 16 100,
0 Sempre
Se respondeu
sempre, qual
a confiança transmitida à criança 1 6,3 - a presença
assídua e
encorajamento
ao seu educando
- a presença no
dia das
atividades
- transmitir à
criança
confiança,
melhorando a
auto estima.
a presença 2 12,5
a presença assídua e encorajamento ao seu
educando 3 18,8
a presença dos pais e o interesse pela
evolução do seu educando 1 6,3
a presença no dia das atividades 3 18,8
a segurança que transmite à criança 1 6,3
o encorajamento 1 6,3
transmitir à criança confiança 1 6,3
transmitir à criança confiança, melhorando
a auto estima. 3 18,8
Relativamente ao tipo de participação prestado pela família no processo
educativo, os tecnicoterapeutas inquiridos apresentaram as respostas que se
seguem: catorze dos inquiridos responderam sempre (87,5%) e dois dos mesmos
deram como resposta muitas vezes (12,5%). No que respeita a se os pais
cooperam nas atividades terapêuticas, obtiveram-se as respostas que se seguem:
treze dos técnicos responderam sempre (81,3%) e três dos mesmos deram como
resposta muitas vezes (18,8%). No tocante à frequência com que os
tecnicoterapeutas reúnem com os pais, obtiveram-se as respostas que se seguem:
quatro dos docentes inquiridos responderam que reúnem quinzenalmente (25,0%)
e doze deram como resposta reunir com os pais semanalmente (75,0%). No que se
98
refere à importância que atribuem à família no percurso da terapia do seu
educando, obtiveram-se as respostas seguintes: dezasseis dos terapeutas inquiridos
responderam sempre (100,0%). O tipo de importância que os terapeutas referem
envolvem, sobretudo, a presença assídua e encorajamento ao seu educando, a
presença no dia das atividades, transmitir à criança confiança, melhorando a auto
estima (cada uma com três respostas, 18,8%), tendo as outras razões sido
ressaltadas com apenas uma resposta (6,3%).
De ressaltar a importância do envolvimento familiar em todo este processo,
pois ele é fundamental no desenvolvimento da criança, um desenvolvimento que
se deseja harmonioso a todos os níveis que é ressaltado pelos demais
intervenientes do processo ensino-aprendizagem. Assim, a família não pode ficar
excluída em todo este processo e teremos de trabalhar muito para a conseguir
envolver e incentivar.
1.1.3. Caracterização dos Professores de Ensino Regular
Alguns dos questionários não puderam ser analisados uma vez que certas
respostas estavam ilegíveis, e, portanto, optou-se por aplicar os procedimentos de
análise de dados apenas com o material legível e explícito.
O questionário incidiu sobre vinte docentes do ensino regular e procurou-se
recolher alguns dados sobre os mesmos. Nas tabelas que se segue apresentam-se
os dados referentes à caracterização geral dos professores do ensino regular.
99
Tabela 17 – Caracterização dos fatores pessoais dos professores do Ensino Regular
Variável Classes N % Estatística
Sexo Feminino 18 90,0
Classe modal: Feminino Masculino 2 10,0
Idade
35 6 30,0 Média ............................ 42,60
Mediana ........................ 42,00
Moda............................. 42
Desvio padrão ............... 6,492
Variância ...................... 42,147
Assimetria ..................... 0,340
Erro padrão da assimetria 0,512
Mínimo ......................... 35
Máximo ........................ 53
42 8 40,0
48 2 10,0
52 2 10,0
53 2 10,0
Classes etárias
Entre 31 e 40 anos 6 30,0
Classe modal: Entre 41 e 50 anos Entre 41 e 50 anos 10 50,0
Entre 51 e 60 anos 4 20,0 a existem modas múltiplas. Apresenta-se a classe de menor ordem
Assim respeitante à primeira pergunta, dezoito dos docentes pertencem ao
sexo feminino (90.0%) e dois pertencem ao sexo masculino (10.0%).
No que diz respeito à idade dos docentes inquiridos e obtivemos os
seguintes resultados: seis dos docentes possuem 35 anos de idade (30,0%), oito
dos mesmos possuem 42 anos (40,0%), dois dos professores tem 48 anos de idade
(10,0%), de novo apenas dois dos inquiridos referiu possuir 52 anos de idade
(10,0%) e novamente encontrámos dois docentes com 53 anos (10,0%). A média
de idades dos participantes foi de 42,60 anos (±6,492), o coeficiente de dispersão
foi de 15,24%, a moda foi de 42 anos (embora na amostra existam várias modas) e
a mediana foi de 42 anos. A idade mínima dos inquiridos foi de 35 anos e a
máxima de 53 anos. Tratando-se a idade de uma questão aberta e de esta variável
ser contínua, numérica e escalar houve a necessidade de a transformar de forma
automática, a posteriori, numa variável qualitativa operacionalizada em classes,
designada por Classes etárias e constituída pelas classes: Menos de 25 anos; entre
25 e 30 anos; entre 31 e 40 anos; entre 41 e 50 anos; entre 51 e 60 anos e mais de
60 anos. Verificou-se que na primeira e na segunda classe não houve ocorrências
e que a maioria dos participantes tinha uma idade entre 41 e 50 anos (50,0%,
n=10). 30,0% (n=6) tinham idade entre 31 e 40 anos e 20,0% (n=4) entre 51 e 60
anos. A classe modal foi entre 41 e 50 anos.
100
Tabela 18 – Caracterização dos fatores profissionais e laborais dos professores do Ensino
Regular
Variável Classes N % Estatística
Tempo de serviço
7 6 30,0 Média ............................15,50
Mediana ........................18,00
Moda .............................7a
Desvio padrão ...............6,004
Variância .......................36,053
Assimetria .....................-0,564
Erro padrão da assimetria 0,512
Mínimo .........................7
Máximo .........................24
17 2 10,0
18 6 30,0
19 2 10,0
20 2 10,0
24 2 10,0
Classes de Tempo
de Serviço
Entre 6 e 10 anos 6 30,0
Classe modal: Entre 11 e 20 anos Entre 11 e 20 anos 12 60,0
Mais de 20 anos 2 10,0
Situação
Profissional Ativo 20 100,0 Constante
a existem modas múltiplas. Apresenta-se a classe de menor ordem
Quanto ao tempo de serviço seis dos docentes inquiridos mencionaram
possuir 7 anos de serviço (30.0%), dois dos inquiridos tem 17 anos de tempo de
serviço (10,0%), seis dos professores referiram ter 18 anos de tempo de serviço
(30,0%), dois dos inquiridos possui 19 anos de serviço (10,0%), outros dois dos
mesmos mencionou já ter 20 anos de serviço e, por último, dois dos inquiridos
referiu possuir 24 anos de tempo de serviço (10,0%). A média do Tempo de
Serviço dos participantes foi de 15,50 anos (±6,004), o coeficiente de dispersão
foi de 38,74%, a moda foi de 7 anos (embora na amostra existam várias modas) e
a mediana foi de 18 anos. O Tempo de Serviço mínimo dos inquiridos foi de 7
anos e o máximo de 24 anos. Tratando-se o Tempo de Serviço, de uma questão
aberta e de esta variável ser contínua, numérica e escalar, houve a necessidade de
a transformar de forma automática, a posteriori, numa variável qualitativa
operacionalizada em classes, designada por Classes de Tempo de Serviço e
constituída pelas classes: entre 1 e 5 anos; entre 6 e 10 anos; entre 11 e 20 anos e
mais de 20 anos. Na primeira classe não houve ocorrências e a maioria dos
participantes tinha um Tempo de Serviço entre 11 e 20 anos (60,0%, n=12).
30,0% (n=6) tinham um Tempo de Serviço entre 6 e 10 anos e 16,7% (n=7) e
10,0% (n=2) de Mais de 20 anos. Como podemos verificar, já todos os docentes
possuem experiência bastante na área profissional que resolveram enveredar. A
questão 1.5 respeita à situação profissional dos inquiridos, e como todos eles se
101
encontram no ativo (100,0%%), não encontrámos motivo para esquematizar o que
era demasiado óbvio.
Tabela 19 – Caracterização da formação dos professores do Ensino Regular
Variável Classes N % Classe modal
Habilitações/Formação Académica
B+FE 2 10,0
L+FE L 4 20,0
L+FE 12 60,0
L+ME 2 10,0
Legenda: B – Bacharelato; FE – Formação Especial; L – Licenciatura.
No que se refere à habilitação/formação académica doze dos professores
por nós inquiridos mencionaram possuir licenciatura e formação especial (60,0%),
dois dos mesmos salientou possuir licenciatura e mestrado (10,0%), dois dos
inquiridos referiu ter o ensino básico e formação especial (10,0%) e quatro
salientaram possuir licenciatura (20,0%). Facilmente constata-se que todos os
docentes por inquiridos possuem tempo de serviço e habilitações suficientes para
trabalharem com relativa à vontade com este tipo de crianças que necessita de
cuidados especiais.
Assim pode-se tratar o perfil do Professor do Ensino Regular estudado como
sendo maioritariamente professoras, com uma média de idade de 42,60 anos
(±6,492), incluídos, fundamentalmente, na classe etária dos 41 aos 50 anos, com
um tempo de serviço médio de 15,50 anos (±6,004), todos no ativo e
maioritariamente com licenciatura e formação especial.
1.1.4. Caracterização dos Professores de Educação Especial
O questionário incidiu sobre vinte professores de Educação Especial
procurou-se recolher alguns dados sobre os mesmos. Nas tabelas que se segue
apresentam-se os dados referentes à caracterização geral dos professores de
Educação Especial.
102
Tabela 20 – Caracterização dos fatores pessoais dos professores de Educação Especial
Variável Classes N % Estatística
Sexo Feminino 14 70,0
Classe modal: Feminino Masculino 6 30,0
Idade
25 1 5,0
Média .............................. 40,90
Mediana .......................... 40,00
Moda ............................... 37a
Desvio padrão ................. 7,560
Variância ......................... 57,147
Assimetria ....................... -0,335
Erro padrão da assimetria 0,512
Mínimo ........................... 25
Máximo ........................... 54
28 1 5,0
31 1 5,0
37 3 15,0
38 2 10,0
40 3 15,0
41 1 5,0
45 2 10,0
46 1 5,0
47 1 5,0
48 1 5,0
50 1 5,0
51 1 5,0
54 1 5,0
Classes etárias
Entre 25 e 30 anos 2 10,0
Classe modal: Entre 31 e 40 anos Entre 31 e 40 anos 9 45,0
Entre 41 e 50 anos 7 35,0
Entre 51 e 60 anos 2 10,0 a existem modas múltiplas. Apresenta-se a classe de menor ordem
Respeitante aos dados bibliográficos dos professores de Educação
Especial e no que se refere ao género, verificou-se que seis pertencem ao
masculino (30,0%) e catorze pertencem ao feminino (70.0%).
Quanto à idade dos professores de Educação Especial inquiridos, e
verificámos que a mesma se encontra compreendida entre os 28 e 54 anos. Assim,
com 25, 28, 31, 41, 46, 47, 48, 50, 51 e 54 anos de idade houve uma ocorrência
para cada caso (5,0%), com 38 e 45anos duas ocorrências para cada caso (15,0%),
com 38 anos duas ocorrências (10,0%) e com 37 e 40 anos três ocorrências
(15,0%). A média de idades dos participantes foi de 40,90 anos (±7,560), o
coeficiente de dispersão foi de 18,48%, a moda foi de 37 anos (embora na amostra
existam várias modas) e a mediana foi de 40 anos. A idade mínima dos inquiridos
foi de 25 anos e a máxima de 54 anos. Tratando-se a idade de uma questão aberta
e de esta variável ser contínua, numérica e escalar houve a necessidade de a
transformar de forma automática, a posteriori, numa variável qualitativa
operacionalizada em classes, designada por Classes etárias e constituída pelas
classes: Menos de 25 anos; entre 25 e 30 anos; entre 31 e 40 anos; entre 41 e 50
anos; entre 51 e 60 anos e mais de 60 anos. Verificou-se que na primeira classe
não houve ocorrências e que a maioria dos participantes tinha uma idade entre 31
103
e 40 anos (45,0%, n=9). 35,0% (n=7) tinham idade entre 41 e 50 anos e 10,0%
(n=2) ou tinham idade entre 51 e 60 anos ou entre 25 e 30 anos. A classe modal
foi entre 31 e 40 anos.
Tabela 21 – Caracterização da Situação Profissional e Laboral dos professores do Educação
Especial
Variável Classes N % Estatística
Tempo serviço
1 1 5,0 Média .............................. 13,45
Mediana .......................... 17,00
Moda ............................... 21
Desvio padrão ................. 7,451
Variância......................... 55,524
Assimetria ....................... -0,422
Erro padrão da assimetria 0,512
Mínimo ........................... 1
Máximo........................... 22
3 2 10,0
5 3 15,0
10 1 5,0
11 2 10,0
17 3 15,0
19 2 10,0
20 1 5,0
21 4 20,0
22 1 5,0
Classes de Tempo
de Serviço
Entre 1 e 5 anos 6 30,0
Classe modal: Entre 11 e 20 anos Entre 6 e 10 anos 1 5,0
Entre 11 e 20 anos 8 40,0
Mais de 20 anos 5 25,0
Situação
Profissional Ativo 20 100,0 Constante
Quanto tempo dá
apoio por semana
3/5h 3 15,0 Classe modal: até 2h
até 2h 17 85,0
Respeitante ao tempo de serviço com 1, 10, 20 e 22 anos houve uma
ocorrência para cada caso (5,0%), com 3, 11 e 19 anos duas ocorrências para cada
caso (10,0%), com 5 e 17 anos três ocorrências (15,0%) e com 21 anos quatro
ocorrências. A média do Tempo de Serviço dos participantes foi de 13,45 anos
(±7,451), o coeficiente de dispersão foi de 55,40%, a moda foi de 21 anos e a
mediana foi de 17 anos. O Tempo de Serviço mínimo dos professores de
Educação Especial foi de 1 ano e o máximo de 22 anos. Tratando-se o Tempo de
Serviço, de uma questão aberta e de esta variável ser contínua, numérica e escalar,
houve a necessidade de a transformar de forma automática, a posteriori, numa
variável qualitativa operacionalizada em classes, designada por Classes de Tempo
de Serviço e constituída pelas classes: Entre 1 e 5 anos; entre 6 e 10 anos; entre 11
e 20 anos e mais de 20 anos. A maioria dos participantes tinha um Tempo de
Serviço entre 11 e 20 anos (40,0%, n=8). 30,0% (n=6) tinham um Tempo de
Serviço entre 1 e 5 anos, 25,0% (n=5) mais de 20 anos e 5,0% (n=1) de entre 6 e
10 anos. Como podemos verificar, a maioria dos docentes inquiridos possui
104
bastante tempo de serviço o que lhes confere bastante experiência para trabalhar
na área em questão, tão delicada ela se apresenta. Respeitante à situação em que
se encontra, todos os professores de Educação Especial inquiridos referiram
encontrar-se no ativo. Quanto ao tempo de apoio dá por semana ao aluno
dezassete dos professores de Educação Especial mencionaram proporcionar ao
aluno até duas horas de apoio semanal (85,0%) enquanto oito responderam de
entre três a cinco horas por semana (15,0%). Nenhum dos inquiridos mencionou
proporcionar mais de cinco horas semanais de apoio ao aluno.
Tabela 22 – Caracterização da formação dos professores do Educação Especial
Variável Classes N % Classe modal
Habilitações/Formação Académica B+FE 3 15,0
L+FE L+FE 17 85,0
No que respeita às habilitações/formação académica dezassete professores
de Educação Especial mencionaram possuir o Licenciatura e Formação
Especializada (85,0%) e três Bacharelato e Formação Especializada (15,0%).
Assim pode-se tratar o perfil do Professor de Educação Especial estudado
como sendo maioritariamente professoras, com uma média de idade de 40,90 anos
(±7,560), incluídos, fundamentalmente, na classe etária dos 31 aos 40 anos, com
um tempo de serviço médio de 13,45 anos (±7,451), todos no ativo, dando até
duas horas de apoio semanal aos alunos com NEE e maioritariamente com
licenciatura e formação especial.
Tabela 23 – Caracterização das atividades realizadas pelos professores de Educação Especial
Variável Classes N % Classe modal
As atividades
planificadas são
desenvolvidas em
conjunto com a
Professora do ensino
regular
muitas vezes 5 25,0
Sempre Sempre 15 75,0
Quais os
instrumentos
utilizados no
processo de
avaliação em termos
grelhas de avaliação/grelhas de
observação/relatórios
pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios psicológicos e
relatórios educação especial
19 95,0
grelhas de avaliação/
grelhas de observação/
relatórios pedagógicos/
relatórios médicos/
relatórios psicológicos e
105
de competências grelhas de avaliação/grelhas de
observação/relatórios
pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios psicológicos e
relatórios educação especial e
monitor de hipoterapia
1 5,0
relatórios educação
especial
Quais os momentos
e os critérios
utilizados na
avaliação do aluno
Mensal 14 70,0
Trimestral Quinzenal 1 5,0
semanal/mensal 1 5,0
Trimestral 4 20,0
Relativamente às atividades planificadas serem desenvolvidas em
conjunto com a Professora do ensino regular, os professores de Educação
Especial inquiridos apresentaram as respostas que se seguem: quinze dos
inquiridos responderam sempre (75,0%) e cinco dos mesmos deram como
resposta muitas vezes (25,0%). No que respeita aos instrumentos utilizados no
processo de avaliação em termos de competências, obtiveram-se as respostas
que se seguem: dezanove dos docentes responderam grelhas de avaliação/grelhas
de observação/relatórios pedagógicos/relatórios médicos/relatórios psicológicos e
relatórios educação especial (95,0%) e um dos mesmos deram como resposta
grelhas de avaliação/grelhas de observação/relatórios pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios psicológicos e relatórios educação especial e do monitor de
hipoterapia (5,0%). No tocante aos momentos e aos critérios utilizados na
avaliação do aluno, obtiveram-se as respostas que se seguem: catorze dos
docentes inquiridos responderam que o fazem mensalmente (70,0%); quatro
(20,0%) trimestralmente e; um ou respondem mensal (simplesmente) ou
mensal/quinzenal (5,0%).
1.1.5. Caraterização da Equipa da Tecnicoterapia
O questionário incidiu sobre dezasseis Técnicos de Hipoterapia procurou-se
recolher alguns dados sobre os mesmos. Nas tabelas que se segue apresentam-se
os dados referentes à caracterização geral dos Técnicos de Hipoterapia.
106
Tabela 24 – Caracterização dos fatores pessoais dos Técnicos de Hipoterapia
Variável Classes N % Estatística
Sexo Feminino 5 31,3
Classe modal: Masculino Masculino 11 68,8
Idade
29 1 6,3 Média ............................ 37,94
Mediana ........................ 37,00
Moda ............................. 42
Desvio padrão ............... 4,449
Variância ....................... 19,796
Assimetria ..................... -0,794
Erro padrão da assimetria 0,564
Mínimo ......................... 29
Máximo ......................... 42
31 2 12,5
37 6 37,5
42 7 43,8
Classes etárias
Entre 25 e 30 anos 1 6,3
Classe modal: Entre 31 e 40 anos Entre 31 e 40 anos 8 50,0
Entre 41 e 50 anos 7 43,8
No que se refere aos dados bibliográficos dos Técnicos de Hipoterapia e
no que se refere ao género, verificou-se que onze pertencem ao feminino (31,3%)
e cinco pertencem ao masculino (68,8%).
Relativamente à idade dos Técnicos de Hipoterapia inquiridos verificou-se
que se encontra compreendida entre os 29 e 42 anos. Assim, com 29 anos de idade
houve uma ocorrência (6,3%), com 31 anos duas ocorrências (12,5%), com 37
anos seis ocorrências (37,5%) e com 42 anos sete ocorrências (43,8%). A média
de idades dos participantes foi de 37,94 anos (±4,449), o coeficiente de dispersão
foi de 11,73%, a moda foi de 42 anos e a mediana foi de 37 anos. A idade mínima
dos inquiridos foi de 25 anos e a máxima de 54 anos. Tratando-se a idade de uma
questão aberta e de esta variável ser contínua, numérica e escalar houve a
necessidade de a transformar de forma automática, a posteriori, numa variável
qualitativa operacionalizada em classes, designada por Classes etárias e
constituída pelas classes: Menos de 25 anos; entre 25 e 30 anos; entre 31 e 40
anos; entre 41 e 50 anos; entre 51 e 60 anos e mais de 60 anos. Verificou-se que
na primeira classe não houve ocorrências e que a maioria dos participantes tinha
uma idade entre 31 e 40 anos (50,0%, n=8). 43,8% (n=7) tinham idade entre 41 e
50 anos e 6,3% (n=1) tinham idade entre 25 e 30 anos. A classe modal foi entre
31 e 40 anos.
107
Tabela 25 – Caracterização dos fatores profissionais e laborais dos Técnicos de Hipoterapia
Variável Classes N % Estatística
Tempo de serviço
3 3 18,8
Média ............................ 10,00
Mediana ........................ 9,00
Moda ............................. 13
Desvio padrão ............... 4,830
Variância....................... 23,333
Assimetria ..................... 0,077
Erro padrão da assimetria 0,564
Mínimo ......................... 3
Máximo......................... 18
7 1 6,3
8 3 18,8
9 2 12,5
13 4 25,0
14 1 6,3
18 2 12,5
Classes de Tempo de
Serviço
Entre 1 e 5 anos 3 18,8
Classe modal: Entre 11 e 20 anos Entre 6 e 10 anos 6 37,6
Entre 11 e 20 anos 7 43,8
Situação Profissional Ativo 16 100,0 Constante
Quanto tempo dá
apoio por semana
3/5h 5 31,3 Classe modal: até 2h
até 2h 11 68,8
No que se refere ao tempo de serviço com 7 e 14 anos houve uma
ocorrência para cada caso (6,3%), com 9 e 18 anos duas ocorrências para cada
caso (10,0%), com 8 anos três ocorrências (15,0%) e com 4 anos quatro
ocorrências. A média do Tempo de Serviço dos participantes foi de 10,00 anos
(±4,830), o coeficiente de dispersão foi de 48,30%, a moda foi de 13 anos e a
mediana foi de 9 anos. O Tempo de Serviço mínimo dos Técnicos foi de 3 anos e
o máximo de 18 anos. Tratando-se o Tempo de Serviço, de uma questão aberta e
de esta variável ser contínua, numérica e escalar, houve a necessidade de a
transformar de forma automática, a posteriori, numa variável qualitativa
operacionalizada em classes, designada por Classes de Tempo de Serviço e
constituída pelas classes: Entre 1 e 5 anos; entre 6 e 10 anos; entre 11 e 20 anos e
mais de 20 anos. A maioria dos participantes tinha um Tempo de Serviço entre 11
e 20 anos (43,8%, n=7). 37,6% (n=6) tinham um Tempo de Serviço entre 6 e 10
anos e 18,8% (n=3) entre 6 e 10 anos. Como podemos verificar, a maioria dos
Técnicos inquiridos possui um tempo de serviço considerável o que lhes confere
bastante experiência para trabalhar na área em questão. Quanto à situação em que
se encontra, todos os Técnicos inquiridos referiram encontrar-se no ativo. Quanto
ao tempo de apoio dá por semana ao aluno onze Técnicos mencionaram
108
proporcionar ao aluno até duas horas de apoio semanal (68,8%) enquanto cinco
responderam de entre três a cinco horas por semana (31,3%). Nenhum dos
inquiridos mencionou proporcionar mais de cinco horas semanais de apoio ao
aluno.
Tabela 26 – Caracterização da formação dos Técnicos
Variáveis Classes N % Classe modal
Habilitações
Académicas/Formação
Académica
Fisioterapeuta/Monitor
Hipoterapia 3 18,8
Fisioterapeuta/Monitor
Hipoterapia/Hidroterapia
Fisioterapeuta/Monitor
Hipoterapia/Hidroterapia 7 43,8
Licenciatura Ed.
Física/monitor hipoterapia 2 12,5
Licenciatura Ed.
Física/monitor de
Hipoterapia
2 12,5
Licenciatura Ed.
Física/monitor de
Hipoterapia e Hidroterapia
1 6,3
Mestre Ed. Física/monitor
hipoterapia 1 6,3
No que respeita às habilitações/formação académica sete Técnicos
mencionaram possuir formação em Fisioterapia e Monitor
Hipoterapia/Hidroterapia (43,88%), três em Fisioterapia e Monitor Hipoterapia
(18,8%), dois em Licenciatura em Educação Física e Monitor Hipoterapia
(12,5%), dois em Licenciatura em Educação Física e Monitor de
Hipoterapia/Hidroterapia (12,5%), um em Licenciatura Educação Física e Monitor
de Hipoterapia/Hidroterapia (6,3%) e um Mestre em Educação Física e Monitor
Hipoterapia (6,3%).
Assim pode-se tratar o perfil do Professor de Educação Especial estudado
como sendo maioritariamente do género masculino, com uma média de idade de
37,94 anos (±4,449), incluídos, fundamentalmente, na classe etária dos 31 aos 40
anos, com um tempo de serviço médio de 10,00 anos (±4,830), todos no ativo,
dando três a cinco horas de apoio Fisioterapeutas e Monitor
Hipoterapia/Hidroterapia.
109
Tabela 27 – Caracterização das atividades realizadas pelos Terapeutas
Variável Classes N % Classe modal
Que tipo de
atividade
desenvolve
Hipoterapia 11 68,8
Hipoterapia Hipoterapia/hidroterapia 3 18,8
Hipoterapia/outra 2 12,5
As atividades
planificadas são
desenvolvidas em
conjunto com a
Professora do
ensino regular
Sempre 1
Nunca
muitas vezes 1 6,3
às vezes 2 12,5
Raramente 4 25,0
Nunca 8 50,0
Utiliza
instrumentos no
processo de
avaliação das
competências
grelhas de avaliação/grelhas
de observação/relatórios
pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios
psicológicos
16 100,0
grelhas de avaliação/grelhas
de observação/relatórios
pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios
psicológicos
Quais os momentos
e os critérios
utilizados na
avaliação do aluno
Diária 11 68,8
Diária Semanal 5 31,3
Relativamente ao tipo de atividade que desenvolve, os tecnicoterapeutas
inquiridos apresentaram as respostas que se seguem: onze dos inquiridos
responderam Hipoterapia (68,8%); três responderam Hipoterapia/Hidroterapia
(18,8%) e; dos mesmos deram como resposta Hipoterapia/outra (12,5%). Quanto
às atividades planificadas serem desenvolvidas em conjunto com a Professora
do ensino regular, os tecnicoterapeutas inquiridos apresentaram as respostas que
se seguem: oito dos inquiridos responderam nunca (50,0%); quatro raramente
(25,0%); dois às vezes (12,5%) e; um ou respondeu muitas vezes ou sempre
(6,3%). No que respeita aos instrumentos utilizados no processo de avaliação
em termos de competências, todos referiram os mesmos instrumentos, a saber:
grelhas de avaliação/grelhas de observação/relatórios pedagógicos/relatórios
médicos/relatórios psicológicos. No tocante aos momentos e aos critérios
utilizados na avaliação do aluno, obtiveram-se as respostas que se seguem: onze
dos terapeutas inquiridos responderam que o fazem diariamente (68,8%) e; cinco
(31,3%) semanal.
110
1.1.6. Caracterização da Influência da
Hipoterapia na Criança com NEE
Com a pergunta, dê a sua opinião acerca da importância da hipoterapia
para o aluno, procurámos saber junto dos docentes do Ensino Regular por nós
inquiridos as suas opiniões sobre a aplicação da hipoterapia nestes alunos e, sem
dúvida alguma, as respostas que nos deram vieram ao encontro do que
esperávamos e demonstram bem a importância da hipoterapia em todo este
processo.
Foram referidos aspetos pertinentes, tais como o facto de a hipoterapia
ajudar a superar a fobia das alturas e dos próprios animais, visto que muitas
crianças têm um determinado receio de se aproximar de animais e como o cavalo
é um animal bastante dócil o efeito do seu contacto é positivo; referiu-se também
que a hipoterapia é suscetível de melhorar a atenção e concentração da criança
bem como o seu comportamento com as pessoas e especialmente com os animais;
além de mais, a hipoterapia ajuda também a cumprir regras e é uma facilitadora de
melhorar afetos; na opinião dos docentes, trabalha a motricidade e o equilíbrio da
criança, aspetos muito importantes em todo este processo; melhora a postura, é
suscetível de melhorar a atividade motora, estimula a atenção/concentração e
valoriza a auto estima; além disso, os docentes inquiridos mencionaram também
que a hipoterapia estimula a memória e a auto confiança e é promotora do
equilíbrio, da concentração e da orientação, de um modo geral.
Respeitante pergunta, dê a sua opinião acerca da importância da hipoterapia
para estes alunos, as respostas que obtivemos da parte dos professores de
Educação Especial foram muito parecidas, contudo, muito pertinentes para o
nosso trabalho.
Neste enquadramento, os docentes inquiridos mencionaram que a
hipoterapia se revela uma mais-valia na melhoria da memória e também é muito
importante na melhoria das regras com a segurança e a disciplina. Referiram, do
mesmo modo, que promove uma sensação de bem-estar, melhorando
simultaneamente a concentração e a atenção do aluno, fazendo com que este se
sinta melhor e mais à vontade. Mencionaram também que é suscetível de
111
melhorar a aprendizagem, ao mesmo tempo que aumenta a auto confiança e a auto
estima, estimulando mais a aprendizagem. Salientaram que melhora o equilíbrio e
a postura, aumentando a capacidade de atenção e concentração. Além do mais,
mencionaram que melhora a mobilidade articular, o equilíbrio e a postura. Por
último, falta referir que alguns dos docentes inquiridos, referiram também que a
hipoterapia produz uma melhoria significativa na coordenação dos movimentos.
Como facilmente podemos verificar, são muitos os benefícios da
hipoterapia, e consideramos que a criança deve beneficiar dos mesmos uma vez
que se revelam altamente positivos em todo este processo, São considerações que
estão de acordo com o que referimos no referencial teórico, mas não podemos
deixar de reiterar o seu valor para este tipo de crianças que necessitam de
cuidados especiais.
Respeitante à pergunta dê a sua opinião acerca da importância da
hipoterapia para este aluno, as respostas que nos foram dadas pelos
tecnicoterapeutas não diferem muito das anteriores.
Neste enquadramento, todos referiram que a hipoterapia melhora a auto
estima e a coordenação motora; promove no aluno uma sensação de bem-estar, de
liberdade, ajudando a melhorar o tratamento; estimula o equilíbrio e a postura do
aluno, promovendo mais confiança; melhora o tônus muscular; aumentando a auto
estima facilita bastante a interação do aluno; melhora a aprendizagem, a auto
confiança e a concentração; estimula o bom funcionamento dos órgãos internos e
o desenvolvimento da coordenação motora e é suscetível de melhorar o equilíbrio
e a postura.
Com pergunta, dê a sua opinião acerca da importância da hipoterapia
para o seu filho, procurámos saber junto dos pais o que pensam estes sobre a
importância da hipoterapia para estas crianças, e as respostas que obtivemos
foram muito parecidas.
De um modo generalizado responderam que a hipoterapia melhora a postura
e o equilíbrio das crianças, é suscetível de provocar nas mesmas mais alegria e
boa disposição, desenvolve nelas a interação social, suscita o aumento da auto
estima, dota-as de mais à vontade para enfrentarem determinadas situações,
112
desenvolve-lhes a coordenação motora, ajuda-as a cumprir determinadas regras e
desenvolve-lhes a autonomia. Estas são as opiniões destacadas pelos diferentes
intervenientes no processo educativo da criança com NEE. As opiniões dos
diversos docentes inquiridos (do Ensino Regular e da Educação Especial) e que
estão de acordo com o que referimos no enquadramento teórico, ou seja, todo o
processo que se desenrola em volta da hipoterapia revela-se uma mais valia para a
criança e é suscetível de melhorar e até otimizar as suas capacidades psíquicas e
motoras. O mesmo acontece com os Técnicos envolvidos no processo terapêutico,
sinal de que os inquiridos se encontram em plena comunhão no que respeita a este
tipo de tratamento, o que nos deixam com um grande sentimento de realização
uma vez que estão de acordo com as convicções que temos demonstrado ao longo
do presente trabalho. Como podemos verificar, são fatores que contribuem para o
bem-estar físico e psíquico da criança, o que nos permite afirmar com convicção
que a hipoterapia é uma mais-valia para todas as crianças, muito especialmente
para estas com este tipo de problemas.
A relevância destes aspetos apontados pelos Professores, Terapeutas e
Família da criança com NEE são sublinhados pelos resultados obtidos a partir da
observação direta das crianças nas sessões de hipoterapia. Estes resultados estão
expressos nas tabelas que se seguem.
Tabela 28 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE na fase inicial das sessões de
Hipoterapia
Variável Classes N % Classe modal
Quando chegou ao
picadeiro estava:
Contente 7 70,0
Contente Contente e irrequieto 1 10,0
Contente e motivado 1 10,0
Triste 1 10,0
O seu
comportamento em
relação ao cavalo
foi:
Comunicou com ele 1 10,0
Fez festas
Comunicou com ele e ficou
irrequieto 1 10,0
Fez festas 2 20,0
Fez festas e agressivo 1 10,0
Fez festas e comunicou com
ele 3 30,0
Fez festas e teve medo 1 10,0
Fez festas, comunicou com
ele e ficou irrequieto 1 10,0
Limpeza do cavalo Não participou 1 10,0
Participou Participou 9 90,0
Razões A nível motor é incapaz 1 10,0 Com ajuda
113
Tabela 28 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE na fase inicial das sessões de
Hipoterapia
Variável Classes N % Classe modal
Autónomo 2 20,0
Com ajuda 7 70,0
Soube esperar a sua
vez de montar? Sim 10 100,0 Sim (constante)
Reação
Ansioso 1 10,0
Está com atenção ao
que se passa no
picadeiro e fora do
picadeiro
Está com atenção ao que se
passa no picadeiro 1 10,0
Está com atenção ao que se
passa no picadeiro e ansioso 1 10,0
Está com atenção ao que se
passa no picadeiro e fora do
picadeiro
3 30,0
Está com atenção ao que se
passa no picadeiro, fora do
picadeiro e relaciona-se com
os outros
1 10,0
Está com atenção ao que se
passa no picadeiro, fora do
picadeiro, relaciona-se com
os outros e chama pelo
técnico/monitor
3 30,0
Táctil
Toca no focinho 3 30,0
Toca no focinho, na
crina e no pescoço do
cavalo
Toca no focinho e no pescoço
do cavalo 2 20,0
Toca no focinho, na crina e
no pescoço do cavalo 5 50,0
Olfativa
Tolera o cheiro do corpo do
cavalo 1 10,0
Tolera o cheiro do
corpo do cavalo, do
estrume e dos arreios Tolera o cheiro do corpo do
cavalo, do estrume e dos
arreios
9 90,0
Notas:
Muita ansiedade por montar 1 10,0
Sem anotações
Muito extrovertido, mantendo
contacto com todos os
presentes
1 10,0
Sem anotações 5 50,0
Sempre a dizer que o sítio
cheira muito mal 1 10,0
Tristeza quando chegou ao
picadeiro 1 10,0
Tristeza, pois não consegue
fazê-lo, vendo o(s) colega(s)
a fazê-lo
1 10,0
Da análise da tabela anterior é possível verificar que quando as crianças
chegaram ao picadeiro estavam: maioritariamente contentes (n=7, 70,0%); ou
contentes e irrequietas (n=1, 10,0%); ou contentes e motivadas (n=1, 10,0%);
apenas uma estava triste (n=1, 10,0%). O seu comportamento em relação ao
114
cavalo foi: fazer festas e comunicar com ele (n=3, 30,0%); simplesmente, fazer
festas (n=2, 20,0%); simplesmente, comunicar com ele (n=1, 10,0%); comunicar
com ele e ficar irrequieta (n=1, 10,0%); apenas uma das crianças fez festas e ficou
agressiva (n=1, 10,0%), enquanto outra fez festas e teve medo (n=1, 10,0%) e
outra produziu três comportamentos, fez festas, comunicou com ele e ficou
irrequieta (n=1, 10,0%). Os comportamentos que mais se repetiram foram estarem
contentes por participarem nesta atividade terapêutica e, em relação ao cavalo,
fazerem festas e comunicarem com ele, portanto, comportamentos positivos face à
hipoterapia. Poucas crianças tiveram comportamentos negativos face à
hipoterapia, de tristeza por participarem nesta atividade terapêutica e, em relação
ao cavalo, terem medo ou serem agressivas.
Quanto às atividades preliminares que envolvem a utilização do cavalo
como a sua limpeza, os comportamentos foram: a grande maioria participou (n=9,
90,0%), tendo sete crianças necessitado de ajuda (n=7, 70,0%) e as outras duas
mostraram serem autónomas (n=2, 20,0%); enquanto apenas uma não participou,
por razões que se prendem com o facto de a nível motor ser incapaz (n=1, 10,0%).
No que se refere a saber esperar a sua vez de montar, todas as crianças
tiveram um comportamento positivo e esperaram a sua vez de montar (n=10,
100,0%).
Como reações positivas iniciais as crianças mostraram-se: maioritariamente,
estarem com atenção ao que se passa no picadeiro e fora do picadeiro (n=3,
30,0%) ou estarem com atenção ao que se passa no picadeiro, fora do picadeiro,
relacionarem-se com os outros e chamarem pelo técnico/monitor (n=3, 30,0%);
uma criança mostrou, simplesmente, estar com atenção ao que se passa no
picadeiro (n=1, 10,0%), enquanto, outra mostrou estar com atenção ao que se
passa no picadeiro, fora do picadeiro e relaciona-se com os outros (n=1, 10,0%).
Como reações negativas iniciais uma das crianças mostrou-se ansiosa (n=1,
10,0%), enquanto outra estar com atenção ao que se passa no picadeiro e ansiosa
(n=1, 10,0%). Portanto, como reação positiva destacam-se a atenção em relação
ao ambiente físico e social que as rodeia, que, provavelmente, por ser uma
novidade ou uma quebra de rotina na sua atividade normal, mostra que estas
115
crianças têm uma reação em tudo semelhante às demais, e, por se tratarem de
estímulos novos aos seus sentidos e compreensão, são sempre um ótimo
contributo no desenvolvimento global destas crianças. Como aspetos menos
positivos destacam-se as reações de ansiedade vivenciadas por duas das crianças,
aspeto que poderá ser trabalhado com a ajuda dos demais intervenientes, os
professores, os Terapeutas e, indubitavelmente, a família.
Como respostas ao nível táctil, as crianças: maioritariamente, tocaram no
focinho, na crina e no pescoço do cavalo (n=5, 50,0%); ou, simplesmente,
tocaram no focinho (n=3,30,0%); ou tocaram no focinho e no pescoço do cavalo
(n=2, 20,0%). Como respostas ao nível olfativo, as crianças: maioritariamente,
toleraram o cheiro do corpo do cavalo, do estrume e dos arreios (n=9, 90,0%);
apenas uma criança apenas tolerou o cheiro do corpo do cavalo (n=1, 10,0%).
Nesta altura uma criança mostrava muita ansiedade por montar (n=1, 10,0%),
outra mostrava-se muito extrovertida, mantendo contacto com todos os presentes
(n=1, 10,0%) e cinco crianças não manifestavam reações merecedoras de registo
(n=5, 50,0%), enquanto as outras três crianças tiveram reações menos positivas:
uma esteve sempre a dizer que o sítio cheirava muito mal (n=1, 10,0%); outra
manifestou tristeza quando chegou ao picadeiro (n=1, 10,0%); e outra manifestou
tristeza, pois não conseguir realizar algumas atividades enquanto os seus pares
conseguiam (n=1, 10,0%).
Tabela 29 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia no
momento da atividade terapêutica
Variável Classes N % Classe modal
Ajudas Técnicas e
Material Equestre
Manta, cilhão de argolas
única, estribos, rédeas
adaptadas, sela adaptada e
guia
2 20,0
Manta, cilhão de
argolas única,
estribos, rédeas
normais, sela à
portuguesa e guia
Manta, cilhão de argolas
única, estribos, rédeas
adaptadas, sela adaptada e
guia
2 20,0
Manta, cilhão de argolas
única, estribos, rédeas
normais, sela à portuguesa e
guia
4 40,0
Manta, cilhão de argolas
única, estribos, rédeas
normais, sela adaptada e guia
1 10,0
116
Tabela 29 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia no
momento da atividade terapêutica
Variável Classes N % Classe modal
Manta, cilhão de argolas
única, estribos, rédeas
normais e sela adaptada
1 10,0
Método de Montar
Apoio do monitor e pela
esquerda 4 40,0
Apoio do monitor e
pela esquerda
Autónomo e pela esquerda 2 20,0
Rampa e apoio do monitor 1 10,0
Rampa, apoio do monitor e
pela esquerda 3 30,0
O seu
comportamento em
relação à esquipa
foi:
Colabora 2 20,0
Colabora e é
carinhoso Colabora e é carinhoso 8 80,0
O seu
comportamento em
relação ao cavalo
foi:
Comunicou 3 30,0
Fez festas e
comunicou
Fez festas e comunicou 5 50,0
Fez festas, comunicou e ficou
irrequieto 1 10,0
Fez festas, comunicou e foi
agressivo 1 10,0
Comunicou com o
cavalo através de:
Pelo tato 1 10,0
Verbalização
Verbalizações 3 30,0
Verbalizações e pelo tato 3 30,0
Verbalizações, gesticulações
e pelo tato 3 30,0
Gostou de montar? Sim 10 100,0 Sim (constante)
Demonstrou-o
Fazendo festas 1 10,0
Rindo
Não demonstrou-o 1 10,0
Rindo 3 30,0
Rindo e conversando 1 10,0
Rindo e fazendo festas 1 10,0
Rindo, conversando e
fazendo festas 3 30,0
Seguiu ordens: Sim 10 100,0 Sim (constante)
Em que momento
Com insistência 1 10,0
De imediato De imediato 8 80,0
De vez em quando 1 10,0
No que se refere às ajudas técnicas e material equestre necessário para
participar na sessão de hipoterapia: quatro crianças necessitaram de manta, cilhão
de argola única, estribos, rédeas normais, sela à portuguesa e guia (n=4, 40,0%);
duas crianças necessitaram de manta, cilhão de argola única, estribos, rédeas
adaptadas, sela adaptada e guia (n=2, 20,0%); duas crianças necessitaram de
manta, cilhão de argola única, estribos, rédeas adaptadas, sela adaptada e guia
(n=2, 20,0%); uma criança necessitou de manta, cilhão de argola única, estribos,
117
rédeas normais, sela adaptada e guia (n=1, 10,0%) e outra criança necessitou de
manta, cilhão de argola única, estribos, rédeas normais e sela adaptada (n=1,
10,0%).
Como método de montar: quatro crianças necessitaram de apoio do monitor
e pela esquerda (n=4, 40,0%); três crianças necessitaram de rampa, apoio do
monitor e montaram pela esquerda (n=3, 30,0%); duas crianças eram autónomas e
usaram o método de montar pela esquerda (n=2, 20,0%); uma criança necessitou
de rampa e apoio total do monitor (n=1, 10,0%).
O seu comportamento em relação à esquipa foi: a maioria das crianças
colaboraram e foram carinhosas (n=, 8, 80,0%) e; duas crianças, apenas,
colaboraram (n=2, 20,0%).
O seu comportamento em relação ao cavalo, após montarem, foi: cinco
crianças fizeram festas e comunicaram com o cavalo (n=5, 50,0%); três crianças,
apenas, comunicaram com o cavalo (n=3, 30,0%); uma criança fez festas,
comunicou e ficou irrequieto (n=1, 10,0%); enquanto outra, fez festas, comunicou
e foi agressivo (n=1, 10,0%). A comunicação com o cavalo assumiu vários tipos:
verbalizações, gesticulações e pelo tato (n=3, 30,0%); verbalizações e pelo tato
(n=3, 30,0%); simplesmente, verbalizações (n=3, 30,0%); pelo tato (n=1, 10,0%).
Quando questionadas acerca de terem gostado de montar, todas as crianças
responderam positivamente (n=10, 100,0%). Essa preferência foi demonstrada:
rindo, conversando e fazendo festas (n=3, 30,0%); ou, simplesmente, rindo (n=3,
30,0%); ou fazendo festas (n=1, 10,0%); ou rindo e conversando (n=1, 10,0%); ou
rindo e fazendo festas (n=1, 10,0%); apenas uma criança não demonstrou
qualquer manifestação de preferência (n=1, 10,0%).
No que se refere à criança com NEE na sessão de hipoterapia seguir ordens,
os resultados foram claros tendo todas as crianças seguidos as ordens emitidas
pela equipa da Técnico Terapia (Sim, n=10, 100,0%), tendo oito das crianças
seguido ordens de imediato (n=8, 80,0%), uma criança forma intermitente (n=1,
10,0%) e outra, apenas, com insistência (n=1, 10,0%).
118
Tabela 30 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia
tipificação das atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
Tipos de Atividades
Levantar um braço e os dois
braços 1 10,0
Levantar um
braço, os dois
braços e "Avião"
Levantar um
braço, os dois
braços, "Volta ao
Mundo", apanhar
bolas, tocar à
frente, tocar a trás
e "Avião"
Levantar um
braço, os dois
braços, "Volta ao
Mundo", tocar à
frente, tocar a trás
e "Avião"
Levantar um braço, os dois
braços e "Avião" 2 20,0
Levantar um braço, os dois
braços, "Volta ao Mundo",
apanhar bolas, tocar à frente,
tocar a trás e "Avião"
2 20,0
Levantar um braço, os dois
braços, "Volta ao Mundo",
tocar à frente, tocar a trás e
"Avião"
2 20,0
Levantar um braço, os dois
braços, apanhar bolas, tocar à
frente e tocar a trás
1 10,0
Levantar um braço, os dois
braços, apanhar bolas, tocar à
frente, tocar a trás e "Avião"
1 10,0
Levantar um braço, os dois
braços, tocar à frente, tocar a
trás e "Avião"
1 10,0
Atenção /
Concentração:
Atento no que toca ao
terapeuta da fala 1 10,0
Sem anotações
Está atento ao que o monitor
fala, tendo durante a sessão
mostrado sorrisos, no entanto,
quando se dirigiu ao "amigo"
cavalo estabeleceu um
diálogo "bruto"
1 10,0
Extremamente irrequieto,
nunca ouve à primeira 1 10,0
Muito compenetrado nas
atividades propostas 1 10,0
Super aluno 1 10,0
Sem anotações 5 50,0
Memória: Sem anotações 10 100,0 -
No que respeita às atividades desenvolvidas na hipoterapia: duas crianças
conseguiram levantar um braço, os dois braços, "Volta ao Mundo", apanhar bolas,
tocar à frente, tocar a trás e "Avião" (n=2, 20,0%); duas crianças conseguiram
levantar um braço, os dois braços, "Volta ao Mundo", tocar à frente, tocar a trás e
"Avião" (n=2, 20,0%); duas crianças conseguiram levantar um braço, os dois
braços e "Avião" (n=2, 20,0%); uma criança conseguiu levantar um braço e os
dois braços (n=1, 10,0%); uma criança conseguiu levantar um braço, os dois
braços, apanhar bolas, tocar à frente e tocar atrás (n=1, 10,0%); uma criança
119
conseguiu levantar um braço, os dois braços, apanhar bolas, tocar à frente, tocar a
trás e "Avião" (n=1, 10,0%); uma criança conseguiu levantar um braço, os dois
braços, tocar à frente, tocar atrás e "Avião" (n=1, 10,0%).
No que toca à atenção e concentração: a maioria das crianças não mostrou
alterações dignas de registo (n=5, 50,0%); uma criança mostrou ser um “Super
aluno” (n=1, 10,0%); outra estava muito compenetrada nas atividades propostas
(n=1,, 10,0%); outra criança estava atenta no que toca ao terapeuta da fala (n=1,
10,0%); outra atenta ao que o monitor fala, tendo durante a sessão mostrado
sorrisos, no entanto, quando se dirigiu ao "amigo" cavalo estabeleceu um diálogo
"bruto" (n=1, 10,0%); e outra encontrava-se extremamente irrequieta, nunca ouvia
à primeira (n=1, 10,0%). Já no que respeita à memória as crianças não mostraram
alterações dignas de registo (n=10, 100,0%).
Tabela 31 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia
postura durante as atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
Cabeça / Cintura
escapular
Não tem retificação cervical 3 30,0
Olha na linha média
por certos períodos
Olha na linha média por
certos períodos 4 40,0
Olha para baixo, para cima e
olha na linha média por certos
períodos
1 10,0
Olha para baixo, para cima e
retifica a postura 1 10,0
Olha para baixo, para cima,
retifica a postura e olha na
linha média por certos
períodos
1 10,0
Tronco
Assimétrico 3 30,0
Não retifica
Não retifica 4 40,0
Retificação da postura 2 20,0
Rígido com elevação dos
ombros 1 10,0
Cintura Pélvica
Sentado sobre a região
lombar 6 60,0
Sentado sobre a
região lombar
Sentado sobre a região
lombar e assimetria
(direita/esquerda)
1 10,0
Sentado sobre a região
lombar e assimetria
(esquerda/direita)
2 20,0
Sentado sobre a região
lombar e correto
posicionamento sentado
1 10,0
Relação postural Adequada flexão da anca 5 50,0 Adequada flexão da
120
Tabela 31 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia
postura durante as atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
anca-membro
inferior
Anca exageradamente fletida 3 30,0 anca
Membro inferior pendente
alinhado 1 10,0
Não se aplica 1 10,0
Relação postural
joelho-pé
Adequada flexão do joelho 2 20,0
Extensão do joelho
com extensão do pé
Adequado posicionamento do
pé 1 10,0
Extensão do joelho com
extensão do pé 5 50,0
Flexão exagerada do joelho
com flexão do pé 2 20,0
Relação braço-
antebraço-mão
Membro superior com
exagerada flexão 6 60,0
Membro superior
com exagerada
flexão
Membro superior
corretamente posicionado 2 20,0
Membro superior em
extensão 1 10,0
Membro superior quase
corretamente posicionado 1 10,0
Relação mão-cilhão
(Direita / Esquerda)
Mãos em posição correta 2 20,0
Mãos em posição
correta
Punho em
exagerada
extensão, mas não
agarra
Punho em flexão
exagerada, agarra e
mantém
Mãos em posição quase
correta 1 10,0
Não se aplica 1 10,0
Punho em exagerada
extensão, mas não agarra 2 20,0
Punho em flexão exagerada,
agarra e mantém 2 20,0
Punho em flexão exagerada,
agarra, mas não mantém 1 10,0
Punho em flexão exagerada,
mas não agarra e Punho em
exagerada extensão, agarra
mas não mantém
1 10,0
Relação mãos-
rédeas
Mãos em posição correta 2 20,0
Mãos em posição
correta
Punho em
exagerada flexão,
agarrando com
pouca força
Punho em flexão
exagerada,
agarrando com
muita força
Mãos em posição quase
correta 1 10,0
Punho com exagerada flexão,
agarrando com pouca força 1 10,0
Punho em exagerada
extensão, agarrando com
pouca força
1 10,0
Punho em exagerada flexão,
agarrando com pouca força 2 20,0
Punho em exagerada flexão,
agarrando com pouca força e
manifestações assimétricas
nas mãos
1 10,0
Punho em flexão exagerada,
agarrando com muita força 2 20,0
Preensão Agarra objetos com a mão
direita e esquerda, transfere 7 70,0
Agarra objetos com a
mão direita e
121
Tabela 31 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia
postura durante as atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
objetos de mão, solta objetos
da mão esquerda e direita
esquerda, transfere
objetos de mão, solta
objetos da mão
esquerda e direita Não se aplica 2 20,0
Transfere objetos de mão,
solta objetos da mão esquerda
e direita
1 10,0
Notas:
Agarra mas com muita
dificuldade é necessária mais
do que uma tentativa
1 10,0
Sem anotações
Brinca muito com as
atividades propostas 1 10,0
Muita dificuldade a nível da
motricidade, pouca
flexibilidade dos membros,
mas a sua evolução tem sido
muito positiva, pois quando
chegou às sessões não
conseguia sequer apanhar
objetos
1 10,0
Muita dificuldade ao nível da
postura 1 10,0
Muita dificuldade na
preensão. Agarra com muita
dificuldade
1 10,0
Participa em campeonatos
nacionais de equitação
adaptada
1 10,0
Sem anotações 4 40,0
Sensorial
(vestibular)
Sentado em andamento 7 70,0
Sentado em
andamento
Sentado em andamento e
posição invertida 2 20,0
Sentado em andamento,
muita dificuldade na posição
invertida e "Volta ao Mundo"
1 10,0
Adaptação sensório-
motor aos
andamentos do
cavalo
Adaptação ao passo e ao trote
e desadaptação ao galope 8 80,0
Adaptação ao passo e
ao trote e
desadaptação ao
galope
Adaptação ao passo e
desadaptação ao trote e ao
galope
1 10,0
Adaptação ao passo, ao trote
e ao galope 1 10,0
No que diz respeito à postura da Cabeça e Cintura escapular: quatro crianças
olham na linha média por certos períodos (n=4, 40,0%); três não têm retificação
cervical, (n=3, 30,0%); uma olha para baixo, para cima e olha na linha média por
certos períodos (n=1, 10,0%); outra olha para baixo, para cima e retifica a postura
122
(n=1, 10,0%); e, ainda, outra olha para baixo, para cima, retifica a postura e olha
na linha média por certos períodos (n=1, 10,0%).
Quanto à postura do tronco: a maioria das crianças não ratifica o tronco
(n=4, 40,0%); três crianças apresentam o tronco assimétrico (n=3, 30,0%); duas
fazem a retificação da postura (n=2, 20,0%); e uma apresenta o tronco rígido com
elevação dos ombros (n=1, 10,0%).
Relativamente à postura da cintura pélvica: seis crianças sentavam-se sobre
a região lombar (n=6, 60,0%); duas crianças sentavam-se sobre a região lombar e
assimetria (esquerda/direita) (n=2, 20,0%); uma criança sentava-se sobre a região
lombar e apresentava assimetria oposta (direita/esquerda) (n=1, 10,0%); e, apenas,
uma criança sentava-se sobre a região lombar e tinha um posicionamento sentado
correto (n=1, 10,0%).
Já no que toca à relação postural anca-membro inferior: a maioria das
crianças possuía uma adequada flexão da anca (n=5, 50,0%); três crianças
possuíam a anca exageradamente fletida (n=3, 30,0%); uma criança possuía o
membro inferior pendente alinhado (n=1, 10,0%); e a uma criança esta avaliação
não se aplicava (n=1, 10,0%).
Na relação postural joelho-pé: cinco crianças apresentavam uma extensão
do joelho com extensão do pé (n=5, 50,0%); duas crianças apresentavam uma
adequada flexão do joelho (n=2, 20,0%); duas crianças apresentavam uma flexão
exagerada do joelho com flexão do pé (n=2, 20,0%); e apenas uma criança
apresentava um adequado posicionamento do pé (n=1, 10,0%).
Na relação braço-antebraço-mão: seis crianças apresentavam o membro
superior com exagerada flexão (n=6, 60,0%); duas crianças apresentavam o
membro superior corretamente posicionado (n=2, 20,0%); uma criança
apresentava o membro superior em extensão (n=1, 10,0%); e, apenas, uma criança
apresentava o membro superior quase corretamente posicionado (n=1, 10,0%).
Na relação mão-cilhão (Direita / Esquerda): duas crianças colocavam as
mãos em posição correta (n=2, 20,0%); duas crianças colocavam o punho em
exagerada extensão, mas não agarravam (n=2, 20,0%); duas crianças colocavam o
punho em flexão exagerada, agarra e mantinham essa posição (n=2, 20,0%); uma
123
criança colocava as mãos em posição quase correta (n=1, 10,0%); outra criança
colocava o punho em flexão exagerada, agarrava, mas não mantinha essa posição
(n=1, 10,0%); uma criança colocava o punho em flexão exagerada, mas não
agarrava e colocava o punho em exagerada extensão, agarra mas não mantinha
essa posição (n=1, 10,0%); para uma das crianças deste grupo esta avaliação não
se aplicava (n=1, 10,0%).
Na relação mãos-rédeas, duas crianças colocavam as mãos em posição
correta (n=2, 20,0%); duas crianças colocavam o punho em exagerada flexão,
agarrando com pouca força (n=2, 20,0%); duas crianças colocavam o punho em
flexão exagerada, agarrando com muita força (n=2, 20,0%); uma criança colocava
as mãos em posição quase correta (n=1, 10,0%); uma criança colocava o punho
com exagerada flexão, agarrando com pouca força (n=1, 10,0%); uma criança
colocava o punho em exagerada extensão, agarrando com pouca força (n=1,
10,0%); uma criança colocava o punho em exagerada flexão, agarrando com
pouca força e manifestações assimétricas nas mãos (n=1, 10,0%).
Do ponto de vista da preensão: a maioria das crianças agarravam os objetos
com a mão direita e esquerda, transferiam os objetos de mão, soltavam os objetos
da mão esquerda e direita (n=7, 70,0%); uma criança conseguia transferir objetos
de mão, soltar objetos da mão esquerda e direita (n=1, 10,0%); à outra criança esta
avaliação não se aplicava (n=2, 20,0%).
Como anotações gerais das atividades desenvolvidas nas sessões de
hipoterapia: quatro crianças não apresentaram aspetos de destaque; uma das
crianças consegue participar em campeonatos nacionais de equitação adaptada
(n=1, 10,0%); uma criança brincava muito com as atividades propostas (n=1,
10,0%); uma criança agarrava mas com muita dificuldade é necessária mais do
que uma tentativa (n=1, 10,0%); outra criança tinha muita dificuldade ao nível da
motricidade, pouca flexibilidade dos membros, mas a sua evolução na hipoterapia
tinha sido muito positiva, pois quando iniciou as sessões não conseguia sequer
apanhar objetos (n=1, 10,0%); outra criança tinha muita dificuldade ao nível da
postura (n=1, 10,0%); e uma criança tinha muita dificuldade na preensão e
agarrava com muita dificuldade (n=1, 10,0%).
124
Ao nível sensorial (vestibular): sete crianças apenas se mantinham sentadas
em andamento (n=7, 70,0%); enquanto duas além de se manterem sentadas em
andamento e também conseguiam permanecer em posição invertida (n=2, 20,0%);
uma criança mantinha-se sentada em andamento, mas tinha muita dificuldade na
posição invertida e na atividade "Volta ao Mundo" (n=1, 10,0%).
Quanto à adaptação sensório-motor aos andamentos do cavalo: oito crianças
tinham adaptação ao passo e ao trote e desadaptação ao galope (n=8, 80,0); uma
criança tinha adaptação ao passo e desadaptação ao trote e ao galope (n=1,
10,0%); e, apenas, uma criança tinha adaptação ao passo, ao trote e ao galope
(n=1, 10,0%).
Tabela 32 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia após
as atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
Método de
Desmontar/Apear
Apoio do monitor e pela
esquerda do cavalo 6 60,0
Apoio do monitor e
pela esquerda do
cavalo
Autónomo 1 10,0
Autónomo e pela esquerda do
cavalo 1 10,0
Rampa, apoio do monitor e
pela direita do cavalo 1 10,0
Rampa, apoio do monitor e
pela esquerda do cavalo 1 10,0
Notas:
Apesar de chegar ao
picadeiro triste e resmungão,
depressa o seu
comportamento se alterou, o
que tem vindo a acontecer
desde o início das sessões
1 10,0
Sem anotações
Apesar de ser muito
extrovertido nota-se alguma
insegurança apesar de
grandes competências para a
equitação
1 10,0
É um menino difícil de
entender o seu
comportamento a nível geral
1 10,0
Extremamente persistente não
consegue à primeira, tenta
novamente, sempre com um
sorriso de uma meiguice
extrema
1 10,0
Muito autónomo 1 10,0
Sem anotações 5 50,0
Quando terminou a
sessão estava:
Contente 6 60,0
Contente Contente e excitado 3 30,0
Excitado 1 10,0
125
Tabela 32 – Dados relativos à observação direta das crianças com NEE nas sessões de Hipoterapia após
as atividades terapêuticas
Variável Classes N % Classe modal
O seu
comportamento em
relação ao cavalo
foi:
Comunicou com ele 2 20,0
Fez festas e
comunicou com ele
Fez festas 2 20,0
Fez festas e comunicou com
ele 5 50,0
Não se aplica 1 10,0
Notas:
Comunicou com o cavalo de
uma forma muito mais meiga
e carinhosa
1 10,0
Sem anotações
Fez a terapia sempre com um
sorriso nos lábios 1 10,0
Irrequieto mas conseguindo
cumprir as regras 1 10,0
Muito boa postura 1 10,0
Poucas dificuldades ao nível
da motricidade. Consegue
realizar as tarefas básicas.
Consegue equipar-se e por o
capacete de segurança com
autonomia
1 10,0
Recusava sair do cavalo 1 10,0
Sem anotações 4 40,0
Quando terminada a sessão de hipoterapia foram registados os
comportamentos e competências das crianças com NEE. Assim e relativamente ao
método de Desmontar/Apear: seis crianças tinham necessidade de apoio do
monitor e desmontavam pela esquerda do cavalo (n=6, 60,0%); uma criança era
autónoma no apear (n=1, 10,0%); outra criança além de autónoma no apear fazia-
o invariavelmente pela esquerda do cavalo (n=1, 10,0%); uma criança necessitava
da rampa, apoio do monitor e desmontava pela direita do cavalo (n=1, 10,0%);
outra criança necessitava da rampa, apoio do monitor e desmontava pela esquerda
do cavalo, (n=1, 10,0%).
Relativamente ao comportamento: a criança que apesar de chegar triste e
resmungona ao picadeiro, depressa alterou o seu comportamento, o que foi
acontecendo em crescente desde o início das sessões (n=1, 10,0%); outra criança,
apesar de ser muito extrovertida, notava-se alguma insegurança apesar de grandes
competências para a equitação (n=1, 10,0%); outra criança era muito difícil de
entender o seu comportamento ao nível geral (n=1, 10,0%); outra criança era
extremamente persistente e o que não conseguia à primeira, tentava, novamente,
126
sempre com um sorriso de uma meiguice extrema (n=1, 10,0%); outra criança era
muito autónoma (n=1, 10,0%); as outras cinco crianças não apresentavam
alterações merecedoras de destaque.
No final da sessão de hipoterapia: a maioria das crianças estavam contentes
(n=6, 60,0%); três ficaram contentes e excitadas (n=3, 30,0%); uma criança
apenas ficou excitada (n=1, 10,0%). Quanto ao seu comportamento face ao
cavalo: cinco crianças fizeram festas e comunicaram com ele (n=5, 50,0%); duas,
simplesmente, comunicaram com ele (n=2, 20,0%); duas crianças, apenas fizeram
festas (n=2, 20,0%).
1.2. Discussão de resultados-Indução Analítica
1.2.1 Discussão de resultados
Com base no objetivo norteador deste trabalho, caracterizado pela análise da
Hipoterapia e os seus efeitos no desenvolvimento psicomotor da criança
constatou-se que o cavalo, simples animal da antiguidade, quadrúpede, mamífero,
tão comum como tantos outros animais, conseguiu satisfazer as necessidades
físicas e psicológicas de pessoas especiais.
Segundo NASCIMENTO (2006), o próprio animal, dócil, mas de porte
avantajado, transmite em quem o monta sentimentos de liberdade e
independência. Esses sentimentos foram notados nas crianças. Isso deve-se ao
próprio simbolismo do cavalo, que, segundo afirma Jung, significa força e poder,
pois, o simples montar a cavalo transmite a sensação de domínio e controle da
situação.
De acordo com a afirmação de Metzler (1999, citado por BERNARDES,
2000), montar é benéfico para o desenvolvimento da afetividade, da socialização e
da concentração. Sobre o animal, as crianças apresentaram atenção e concentração
surpreendentes, deve-se ao simples aspeto da proteção, do cuidar de si mesmo,
uma vez que é preciso estar atento pois podem ocorrer surpresas por parte do
animal. Outro aspeto observado nas crianças foi a socialização, sendo
demonstrada através da afetividade, alegria e do carinho por toda a equipe e pelo
127
amigo cavalo. O próprio ambiente agradável para a criança faz com que as
pessoas e os animais presentes naquele lugar se tornem amigos e queridos.
Segundo Winnicott, citado por NASCIMENTO (2006), o cavalo é um objeto
facilitador de novas experiências, possibilitando a formação de vínculos afetivos,
realçado na relação terapêutica.
Fisicamente, segundo LERMONTOV (2004), a Hipoterapia possui um
arsenal muito rico de benefícios, resposta do movimento tridimensional do cavalo,
tão importante e essencial para a terapia. A melhoria do equilíbrio, da postura e da
marcha das crianças está relacionada ao ajuste tónico do simples sentar sobre o
cavalo. A coordenação motora, embora nalguns casos ainda possa ser melhorada,
é resultado da atenção exercida durante os passeios sobre o animal, com o
controle de rédea e dos exercícios para membros inferiores e superiores, com
trabalhos de levantar-se e sentar-se na sela.
O processo de aprendizagem, segundo referências feitas por Danielski
(1999), é formado por três fases: sensação, perceção e memória. Em sessões onde
se trabalharam estimulações sensoriais foram percebidas melhorias significativas
em relação à assimilação das informações. A maioria das crianças, no cavalo, já
aprenderam a guiar, entenderam e exercitaram as necessidades de direção e
domínio.
O cavalo transmite a estas uma sensação de poder, independência e
autoestima incomparável.
Diante das surpresas e peculiaridades apresentadas por cada pai, cada mãe,
cada família, cada indivíduo, cabe aos profissionais e futuros profissionais da área
da reabilitação e da readaptação ajudar as crianças e as suas famílias na
compreensão e entendimento das várias patologias, caracterizada por um atraso no
desenvolvimento psicomotor. Uma estimulação precoce é essencial para o bom
desenvolvimento de crianças. Além disso, deve ser ressaltada à sociedade em
geral a capacidade que essas crianças possuem, e que para o seu desenvolvimento
é necessário respeitar seus limites e potencialidades dentro do tempo de cada uma.
Imaginar uma pessoa com deficiência física e/ou com necessidades
especiais sobre um cavalo parece estranho para a maioria da população. Imaginar
128
a sensação de poder que essa mesma pessoa possui sobre esse animal pode ser
inimaginável para quem ainda não presenciou tão grande acontecimento. Deve-se
começar pela perceção da alegria e poder de uma pessoa sobre um animal de tão
grande porte.
Além de utilizar o cavalo como instrumento cinesioterapêutico, procurou-se
a ajuda do lúdico e do ambiente natural desse animal como auxílio para a terapia,
o que resultou em melhoras significativas no desenvolvimento das crianças NEE.
Pesquisas podem e devem ser feitas na área da Hipoterapia, a fim de
melhorar e enriquecer o conhecimento de profissionais e estudantes dessa área.
Vale ressaltar que uma dificuldade encontrada na execução e conclusão
deste artigo foi a escassez de referências bibliográficas que melhor fundamentem
o assunto.
Assistir/observar crianças NEE na Hipoterapia foi extremamente grandioso
diante dos resultados surpreendentes alcançados, o que despertou ainda mais o
interesse nessa área e a busca de outras realizações de trabalhos que poderão
promover resultados edificantes e, certamente, uma gratificação pessoal e
profissional. Tão nobre função só poderia ser desempenhada por tão nobre
animal! Cavalo……
1.2.1. Importância da hipoterapia no desenvolvimento
mental e motor da criança com NEE
Neste estudo destaca-se a importância relevante da hipoterapia no
desenvolvimento mental e motor da criança com NEE referida tanto pelos
professores do Ensino Regular, como pelos professores de Educação Especial e
como pelos tecnicoterapeutas. Estes intervenientes no processo educativo da
criança com NEE, referem, maioritariamente, esta terapia com muito benéfica
para o desenvolvimento geral do aluno. Os pais destacam melhorias na postura da
criança com NEE, no equilíbrio, no ânimo (mais alegria, boa disposição), na
interação social, na auto estima, na coordenação motora, no cumprimento de
129
regras e no desenvolvimento da autonomia. O que vai de encontro com a opinião
dos profissionais intervenientes. Por outro lado, a observação direta do
desenvolvimento destas crianças durante a intervenção da hipoterapia veio
confirmar estas perceções. Assim registaram-se, ao longo das sessões de
hipoterapia, o reforço de comportamentos positivos, melhorias no esquema
corporal e cognitivo, cumprimento de regras pré-estabelecidas, autoestima e
autonomia. Do levantamento das perceções dos profissionais envolvidos, dos pais,
e da observação direta das crianças obtiveram-se resultados que estão de acordo
com o enquadramento teórico, onde se sublinha a otimização de competências
mentais e motores potenciados pelas frequências das sessões de hipoterapia.
Portanto, no que se refere à hipótese levantada de se o desenvolvimento mental e
motor melhora positivamente a criança portadora de deficiência (Hipótese 1)
podemos induzir positivamente.
1.2.2. Importância da interação criança com NEE-cavalo
A importância da interação criança NEE-cavalo pode ser traduzida como
uma oportunidade privilegiada para estímulos tácteis, sensoriais, visuais,
auditivos, olfativos, oral e verbal, afetivos, motores e comportamentais,
proporcionando uma resposta causa-efeito muito positiva que foi observada
diretamente nestas crianças nas diferentes sessões de hipoterapia. Desta interação
sublinha-se a alegria, vontade de permanecer nas sessões, a afetividade, o reforço
dos comportamentos positivos da Criança com NEE. Tratando-se o cavalo, de um
animal de grande porte, o que à partida podia ser um obstáculo ao estabelecimento
de uma interação positiva nesta terapêutica, verifica-se o contrário: as crianças
com NEE, estabelecem, facilmente, com o cavalo uma interação positiva, e, neste
aspeto, nem se diferenciam das demais crianças (sob a perspetiva dos
tecnicoterapeutas). Na relação inversa, o cavalo, não “descrimina” a criança com
NEE em nenhuma dimensão (física, mental ou espiritual), estabelecendo com ela
uma relação em tudo igual às demais crianças. Isto promove na criança com NEE
uma sensação de igualdade e liberdade estimulando, sem dúvida, a sua autoestima
e autonomia. Portanto, no que se refere à hipótese levantada de se existe uma
130
ligação “quase imediata” entre o cavalo e a criança com NEE (Hipótese 2)
podemos induzir, novamente, positivamente.
1.2.3. Importância do envolvimento da família
A importância do envolvimento da família no sucesso dos resultados pode
ser comprovada pelas referências das professoras do Ensino Regular, das da
Educação Especial, mas, sobretudo, dos tecnicoterapeutas. Assim, na opinião das
professoras do Ensino Regular, o facto de as crianças terem uma atividade
extraescolar (Hipoterapia ou outras) leva os pais a participarem mais no processo
educativo do seu filho. Como se pode constatar da análise do gráfico que segue.
Gráfico 1 – Comparação entre as atividades da criança com NEE e a participação dos pais
no processo educativo na perspetiva das professoras do Ensino Regular
Da análise do gráfico anterior podemos destacar que os pais das crianças
que têm como atividade a hipoterapia, participam regularmente ou às vezes no
processo educativo, enquanto, que os pais das crianças que não têm qualquer
atividade participam às vezes ou raramente no processo educativo. Assim a
20,0% (n=4)
0,0% (n=0)
30,0% (n=6)
40,0% (n=8)
0,0% (n=0)
10,0% (n=2)
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
sem hipoterapia com hipoterapia
Alunos NEE
Participação dos pais no processo educativo
participa raramente
participa às vezes
participa regularmente
131
terapia praticada em âmbito extraescolar, designadamente, a hipoterapia, têm um
efeito positivo na participação no processo educativo dos pais das crianças com
NEE.
Já no que se refere à opinião das professoras da Educação Especial,
também, o facto de as crianças que têm atividade de Hipoterapia, leva os pais a
participarem mais no processo educativo do seu filho. Como se pode constatar da
análise do gráfico que segue.
Gráfico 2 – Comparação entre as atividades da criança com NEE e a participação dos pais
no processo educativo na perspetiva das professoras de Educação Especial
Da análise do gráfico anterior podemos destacar que os pais das crianças
que têm como atividade a hipoterapia, participam maioritariamente muitas vezes
ou sempre, enquanto, que os pais das crianças que não têm qualquer atividade
participam no processo educativo, maioritariamente, às vezes ou muitas vezes.
Para estas professoras, a hipoterapia, têm um efeito positivo na participação no
processo educativo dos pais das crianças com NEE. Comparando, a opinião destas
professoras com as do Ensino Regular, verifica-se que as professoras de Educação
20,0% (n=4)
0,0% (n=0)
25,0% (n=5)
40,0% (n=8)
5,0% (n=1)
10,0% (n=2)
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
sem hipoterapia com hipoterapia
Alunos NEE
Participação dos pais no processo educativo
às vezes
muitas vezes
sempre
132
especial classificam de forma mais benevolente a participação dos pais no
processo educativo, nunca atribuindo a cotação de raramente nem nunca.
Gráfico 3 – Comparação entre as atividades no âmbito da Hipoterapia e a participação dos
pais no processo educativo na perspetiva dos tecnicoterapeutas
Da análise do gráfico anterior podemos destacar que os pais das crianças
que têm como atividade a hipoterapia, participam, maioritariamente, sempre, tanto
na cooperação com a escola de equitação como na elaboração das atividades. Para
estes intervenientes, os pais têm uma postura de envolvimento muito positiva face
à sua atividade e à escola de equitação.
Desta análise pode-se afirmar que o envolvimento da família nesta terapia,
na perspetiva das professoras do Ensino Regular, das de Educação Especial e dos
tecnicoterapeutas e de assinalar o que contribui para o aumento do sucesso dos
resultados, estando, comprovada, de forma indutiva, a terceira hipótese.
12,5% (n=2)
87,5% (n=14)
18,8% (n=3)
81,3% (n=13)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
muitas vezes sempre muitas vezes sempre
A família coopera com a escola? Os pais colaboram na elaboração das actividades
terapêuticas?
Participação dos pais no processo educativo
133
1.2.4. Aplicação na vida ativa de competências e
conhecimentos adquiridos na prática da
Hipoterapia pela criança com NEE
A hipoterapia revelou-se um veículo para a assimilação de conhecimentos e
competências por parte da criança com NEE, em virtude de os inquiridos serem
unânimes em afirmar que esta terapia constitui uma mais-valia na apropriação de
cumprimento de regras, na interação social, no melhoramento do tónus muscular,
no controle da postura e no aumento da mobilidade. Pode induzir-se, então, que os
conhecimentos e as competências adquiridos nesta terapia são frequentemente
aplicados na vida ativa destas crianças. Isto verifica-se tanto no âmbito da sala de
aula na presença da professora de Ensino Regular, da sala de apoio na presença da
professora de Educação Especial, em casa, assim como, nas sessões de
hipoterapia.
1.2.5. Hipoterapia como veículo da integração social das
crianças com NEE e seus familiares
Nesta fase importa ressaltar que, com efeito, a hipoterapia pode ser um
veículo de integração destas crianças e dos seus familiares, pese embora, ao
mesmo tempo, seja um fator de exclusão social. Quer isto dizer que, por um lado a
Hipoterapia fornece à criança com NEE uma oportunidade de se sentir igual às
outras crianças e de ter alguma autonomia, no momento da interação com um
animal de grande porte, como é o cavalo; o que conduz a um aumento da sua
autoestima, autonomia, comportamento e desenvolvimento motor, portanto uma
melhoria no seu desenvolvimento global. Todos os intervenientes no processo
educativo destas crianças referiram esta importância. Por outro lado, tratando-se
de uma terapia não comparticipada pelo estado, é da exclusiva vontade e poder
económico da família, oferecer a estas crianças este importante meio de
alternativo de desenvolvimento sócio-psico-motor. Com efeito, nem todas as
crianças que estão nestas circunstâncias facilmente poderão aceder a tão nobre
terapia, o que se lamenta, pois como Professora de Educação Especial, a autora
134
ambicionaria que esta terapia pudesse estar ao dispor de todas as crianças com
NEE às quais fosse prescrita.
CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS
136
CONCLUSÕES
Perante a nossa pesquisa, constatamos o quanto é importante a hipoterapia
não só para fins terapêuticos de tratamentos de doenças congénitas e síndromes
seja ela físico, mental ou social, mas também como forma de relaxamento.
Constatamos o quanto é benéfico o tratamento hipoterapêutico na
recuperação de pessoas/crianças com deficiência mental/motora. Benefícios
como: autoestima, confiança, melhor equilíbrio, ganha de força, melhor
sociabilidade com o grupo.
O movimento rítmico do cavalo faz com que os estímulos propriocetivos e
exterocetivos sejam aumentados, estimulando a atenção da criança para com o seu
corpo e podendo perceber as melhorias no seu esquema corporal e cognitivo.
Atualmente existe uma preocupação maior dos educadores, terapeutas e da
sociedade em geral em reconhecer o direito de aprender, as necessidades e
potencialidades de cada indivíduo, independentemente de toda e qualquer
dificuldade que este possa apresentar (motora, sensorial, mental, educacionais e
sociais).
De acordo com a Associação Americana de Hipoterapia as situações que
poderão ser modificadas ou melhoradas pela prática da hipoterapia incluem:
tónus muscular anormal, assimetria postural, alteração do controle da postura,
diminuição da mobilidade, alteração das respostas de equilíbrio, coordenação
motora pobre, disfunção sensório-motor, perturbação da comunicação, da
linguagem e da função cognitiva. São assim inúmeras as patologias que poderão
beneficiar do uso da hipoterapia, nomeadamente: paralisia cerebral, nas suas
diferentes formas, problemas ortopédicos, doenças neuromusculares, sequelas de
traumatismos, alterações sensoriais, hiperatividade, autismo, problemas de
comportamento, dificuldades de aprendizagem. É importante salientar que
também existem algumas contraindicações de ordem geral, como sejam alergias,
situações de instabilidade cervical, doenças neurológicas em fase de
descompensação e contraindicações específicas, devendo cada caso ser avaliado
individualmente. Por outro lado cada centro de Hipoterapia deverá ter bem
137
definidas e operacionalizadas as estratégias de atuação para os possíveis, embora
raros, acidentes que possam ocorrer.
Neste contexto é fundamental que esta atividade seja realizada no âmbito
de uma equipa pluridisciplinar, com pessoal competente e especializado nas
diferentes áreas. Em conjunto, serão definidos os programas de atuação,
individualizados para a situação específica de cada criança procedendo-se a uma
avaliação regular e eventual adaptação à evolução verificada.
A Hipoterapia conduz-nos a ousar para superar os desafios impostos pela
sociedade, acabar com paradigmas apresentando um novo modelo de
educação e não mais assistencialista. O que a sociedade impõe leva-nos a
acreditar que somos parte de uma sociedade e a proposta educacional, bem
como, as instituições de assistência, precisam ser revistas e questionadas. É
preciso romper estes paradigmas, da educação na assistencia
institucionalizada, poder ingressar estas crianças na sociedade com um novo
olhar.
Acreditar na potencialidade da criança e a forma de relacionar-se com o
meio, confirmaram que a função pode modificar a estrutura. Esta perspetiva
foi acompanhada passo a passo, dentro de um processo de reflexão para lidar
com o ser especial e o aprendizado na subjetividade, em que a participação da
família foi fundamental, porque procurou uma reestruturação para romper
paradigmas, acreditar na potencialidade de seu filho e propiciar que seja
integrado na sociedade.
As sequelas deixadas pela patologia são as mais adversas: dos movi-
mentos involuntários, o deficit na coordenação motora, de atenção,
comprometimento na fala entre outros fatores. Mas, vejo neste trabalho, o
desafio que é o novo para o professor, compensador, motivador quando os
resultados comprovados se apresentam como uma luz no fundo do túnel para
as famílias que perspetivam os seus sonhos a verdadeira inclusão da sua
criança especial na rede regular de ensino.
138
Nos últimos cinquenta anos a Equitação Adaptada evoluiu
extraordinariamente, sendo hoje em dia praticada em todo o mundo, com
resultados muito positivos para os indivíduos com deficiência, em risco de
desenvolvimento ou com necessidades educativas especiais.
Em Portugal, a Equitação Terapêutica está ainda em fase de
desenvolvimento, sendo poucos os técnicos que possuem formação específica
nesta área.
A equitação é um divertido e estimulante desafio, motivado pela
relação que se cria entre o cavaleiro e cavalo, e pelas gratificações pessoais e
sociais que dai advêm. Se a esta atividade aplicarmos conceitos, técnicas e
objetivos terapêuticos, facilmente transpomos a equitação da sua área
desportiva clássica para a área de reabilitação, retirando importantes
contributos terapêuticos a nível motor, cognitivo, social e emocional.
Estas crianças e jovens têm um reduzido número de experiências, o que resulta
na falta de confiança, empobrecimento da comunicação, dificuldade no
relacionamento interpessoal e na interação social. O cavalo, aceita-as tal como
elas são, sem ideias preconceituosas, rótulos ou juízos de valor, e transmite-
lhes uma sensação de liberdade. A afetividade que se estabelece entre cavalo e
cavaleiro desperto e aumenta a confiança em si próprio e nas suas capacidades
quer para esta atividade quer para outras. Da análise efetuada, conclui-se que
todo o trabalho desenvolvido tem sido muito gratificante, pois permitiu
desenvolver os conhecimentos da prática equestre na intervenção terapêutica
em crianças/jovens com deficiência e/ou necessidades educativas especiais.
Embora todas as crianças/jovens tenham alcançado alguns dos objetivos
traçados, outros ainda se encontram emergentes, pelo que, contamos com
apoio das famílias e dos organismos públicos, particulares e meios de
comunicação social, por forma a dar continuidade para o próximo ano.
Contudo, esta pesquisa quantitativa, vem como uma forma de rever
conceitos na proposta de ensino/aprendizagem, possibilitando ao aluno
ganhos psicomotores, através da hipoterapia, a grande relevância voltada para
contribuir no seu programa desenvolvido na escola, assim como a importância
139
do repensar nas parcerias institucionais, públicas e privadas, dando uma
oportunidade a um grupo carente da sociedade participar deste programa tão
importante na formação do cidadão para confirmar que na educação inclusiva,
hipoterapia... cavalgar é preciso!
É por isto que lutamos, é por isto que acreditamos que vale a pena!
Vale sempre a pena com paciência, persistência e perseverança.
Em conclusão, embora ainda existam poucos estudos científicos e o número
de crianças envolvidas seja pequeno, em cada categoria de deficiência, os
resultados até agora obtidos mostram que a prática da hipoterapia proporciona
benefícios físicos, psíquicos e sociais às crianças em geral e, nomeadamente às
que têm deficiências físicas ou mentais e/ou necessidades especiais, todavia há
necessidade de realizar estudos mais amplos e abrangentes que demonstrem que
um programa de hipoterapia bem estruturado poderá ter valor como terapia
específica.
Será ainda fundamental que existam parâmetros de formação e atuação dos
diferentes grupos, bem definidos, com um funcionamento integrado e em estreita
relação com todos os outros serviços que tratam estas crianças, para que a
maximização das suas potencialidades seja alcançada.
RREEFFEERREENNCCIIAAÇÇÃÃOO BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAA
141
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Educativas Especiais. Paris: Ed. Unesco. UNESCO (1994).
Declaração do Ano Internacional contra a Exclusão. ONU (1996)
ANEXO A – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
Pedido de autorização aos encarregados de educação.
Exmo. Sr. Encarregado de Educação ou Pais do aluno:
Vila Real,
Assunto: Pedido de Autorização aos Pais
Sandra Vaz, Professora contratada, a exercer funções na EB2/3 de SMP e
aluna do Mestrado em Educação Especial - domínio cognitivo e motor, no
Instituto Piaget venho por este meio solicitar a V. Exa., se digne a autorizar a
recolha de dados, observação e estudo do seu educando que frequente a escola de
Hipoterapia no sentido de elaborar uma "Dissertação, A Hipoterapia e a
Deficiência Mental/Motora”. O anonimato do seu educando e familiares, será
mantido durante a recolha e na elaboração de todo o trabalho do projeto.
O Professor
ANEXO B – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO À DIREÇÃO
DOS AGRUPAMENTOS
Pedido de autorização à direção dos agrupamentos.
Exma. Senhora
Presidente do Conselho Executivo
Da Escola E. B. 2/3
Assunto: Pedido de Autorização, para a elaboração de um trabalho,
"Estudo de caso: aluno com deficiência"
Sandra Vaz, Professora Contratada, a exercer funções na EB2/3 de SMP,
vem por este meio solicitar autorização a V. Exa., para recolha de dados,
observação e estudo de um aluno com deficiência que frequente a escola do
Agrupamento Vertical de Escolas de SMP, no sentido de elaborar uma
"Dissertação”. O anonimato do aluno e familiares, será mantido durante a
recolha e na elaboração de todo o trabalho do projeto. Será também feito um
pedido de autorização aos pais do aluno, no sentido de darem consentimento
para avançar com o estudo, sem autorização destes o estudo não se realizará.
Pede deferimento,
ANEXO C – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
Pedido de autorização aos encarregados de educação.
Assunto: Pedido de autorização aos Pais
Eu _________________________________________ encarregado
educação do aluno, ___________________________________________ ,
autorizo Sandra Vaz, Professora Contratada, a exercer funções na EB2/3 de SMP
e aluna do Mestrado em Educação Especial - domínio cognitivo e motor, no
Instituto Piaget, na recolha de dados, observação e estudo do meu educando que
frequenta a escola EB2/3 de SMP no sentido de elaborar uma "Dissertação, A
Hipoterapia e a Deficiência Mental/Motora.
O anonimato do meu educando e familiares, será mantido durante a
recolha e na elaboração de todo o trabalho do projeto.
Vila Real, de 2009
ANEXO D – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO
A PROFESSORA DO ENSINO REGULAR
GUIÃO DO QUESTIONÁRIO A
PROFESSORA DO ENSINO REGULAR:
1-Dados Biograficos Professora Ensino Regular:
Sexo:___________ Idade: ____________
Tempo de serviço: ______ Habilitações /Formação Académica:____________
Situação Profissional:____________
Com que idade a criança começou frequentar a escola do 1.º ciclo ?
5anos
6anos
7anos
8anos
Quem sinalizou a criança para ter apoio educativo ?
Educadora
Professora Ensino Regular
Professora Ensino Especial
Família
A sua adaptação à escola foi?
Muito boa
Boa
Razoável
Fraca
Não se adaptou
Qual o seu relacionamento com os adultos e os colegas?
Muito Bom
Bom
Razoável
Fraco
Nenhum
Quais as atividades que mais o motivam?
Hidroterapia
Hipoterapia
Outros
Nenhuma
E as que o desmotivam?
Hidroterapia
Hipoterapia
Outros
Nenhuma
Que o tipo de participação presta a família no processo educativo?
Participa ativamente
Participa regularmente
Participa Às vezes
Participa Raramente
Não participa
Quais os apoios e serviços que a criança está a beneficiar em contexto escolar?
Apoio Individualizado da Professora ensino especial
Apoio individualizado do Prof. Ens. Regular
Apoio prestado por técnicos (terapeutas, pedopsiquiatras …
Apoio sócio familiar
Em sua opinião qual o benefício da hipoterapia para o aluno?
Muito benéfica
Benéfica
Pouco benéfica
Nada benéfica
Dê a sua opinião acerca da importância, ou não da hipoterapia para este
aluno?
ANEXO E – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO
A PROFESSORA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
GUIÃO DO QUESTIONÁRIO B
PROFESSORA DO EDUCAÇÃO ESPECIAL:
1-Dados Biograficos Professora Educação Especial:
Sexo:___________ Idade: ____________
Tempo de serviço: ______ Habilitações /Formação Académica:____________
Situação Profissional:____________
Quanto tempo dá apoio por semana?
Até 2 horas
De 3 a 5 horas
Mais de 5 horas
Há quanto tempo beneficia o aluno deste apoio?
Até 2 anos
De 3 a 5 anos
Mais de 5 anos
As atividades planificadas são desenvolvidas em conjunto com a Professora do
ensino regular
Sempre
Muitas vezes
Às vezes
Raramente
Nunca
Quais os instrumentos utilizados no processo de avaliação em termos de
competências?
Grelhas de observação
Relatórios médicos
Relatórios do Educação Especial
Outros
Quais os momentos e os critérios utilizados na avaliação do aluno?
Semanal
Quinzenal
Mensal
Trimestral
Anual
Nunca
Que tipo de atividade desenvolve?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outra
Qual?
Que áreas considera serem as fortes?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outra
Que áreas considera serem as moderadas?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outra
Que áreas considera serem as fracas?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outra
Tem conhecimentos de regras da sala?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Cumpre-as?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
A família coopera com a escola?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Os pais colaboraram na elaboração do PEI?
Sim
Não
Às vezes
Nunca
Com que frequência reúne com os pais?
Semanal
Quinzenal
Mensal
Trimestral
Anual
Nunca
Atribuiu à família algum papel relevante no percurso escolar do seu
educando?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Se respondeu sempre, qual?
Em sua opinião qual o benefício da hipoterapia para o aluno?
Muito benéfica
Benéfica
Pouco benéfica
Nada benéfica
Dê a sua opinião acerca da importância, ou não da hipoterapia para este
aluno?
ANEXO F – GUIÃO DO QUESTIONÁRIO
TECNICOTERAPIA
GUIÃO DO QUESTIONÁRIO C
TÉCNICO DE TERAPIA:
1-Dados Biograficos do técnico de terapia:
Sexo:___________ Idade: ____________
Tempo de serviço: ______ Habilitações /Formação Académica:____________
Situação Profissional:____________
Quanto tempo dá apoio por semana?
Até 2 horas
De 3 a 5 horas
Mais de 5 horas
Há quanto tempo beneficia o aluno deste apoio?
Até 2 anos
3 a 5 anos
Mais de 5 anos
Que tipo de atividade desenvolve?
Hidroterapia
Hipoterapia
Musicoterapia
Outra
As atividades planificadas são desenvolvidas em conjunto com a Professora do
ensino regular?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Utiliza instrumentos no processo de avaliação das competências?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Quais os momentos da avaliação do aluno?
Diária
Quinzenal
Mensal
Trimestral
Anual
Que áreas considera serem as fortes?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outro
Qual
Que áreas considera serem as moderadas?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outro
Qual
Que áreas considera serem as fracas?
Motricidade
Interação
Postura
Autonomia
Outro
Qual
Tem conhecimentos de regras?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Cumpre-as?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
A família coopera com a escola?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Os pais colaboraram na elaboração das atividades terapêuticas?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Com que frequência reúne com os pais?
Semanal
Quinzenal
Mensal
Trimestral
Anual
Nunca
Atribuiu à família algum papel relevante no percurso da terapia do seu
educando?
Sempre
Algumas vezes
Raramente
Nunca
Se respondeu sempre, qual?
Em sua opinião qual o benefício da hipoterapia para o aluno?
Muito benéfica
Benéfica
Pouco benéfica
Nada benéfica
Dê a sua opinião acerca da importância, ou não da hipoterapia para este aluno?
ANEXO G – QUESTIONÁRIO AOS PAIS
Caros Pais:
O seguinte questionário surge no âmbito do Projeto do Mestrado em
Educação Especial e tem como objetivo proceder a um diagnóstico da família,
para que seja possível delinear uma intervenção junto da criança. Deve ser
respondido por todos os elementos da família nuclear (pais e irmã). Toda a
informação obtida será tratada de forma confidencial e não servirá para futuros
trabalhos.
Agradecemos desde já a vossa colaboração e disponibilidade.
Grelha de Caracterização da Família
1. Agregado Familiar:
N° de pessoas que compõem o agregado familiar: ___________
Mãe – Profissão: ____________ Idade: ____________ Habilitações Literárias:
____________
Pai: – Profissão: ____________ Idade: ____________ Habilitações Literárias:
____________
Tem Irmãos:
Não ___ Sim ___ Quantos: ______
Rendimento mensal do agregado familiar?
Até 1000 euros
De 1000 a 2500 euros
De 2500 a 3500 euros
Mais de 3500 euros
2. Dados relativos ao período de Gestação, Parto
A gravidez foi planeada e desejada?
Sim
Não
Como decorreu a gravidez?
Muito bem
Bem
Razoável
Mal
Como decorreu o parto?
Muito bem
Bem
Razoável
Mal
A deficiência foi diagnosticada durante a gravidez ou só na altura do parto?
Existem antecedentes familiares relativos à deficiência?
Sim
Não
Qual foi a reação da família?
Superou bem
Superou
Não superou
Quais foram as dificuldades sentidas para lidar com a criança?
Muitas
Poucas
Algumas
Nenhumas
Quem fez o diagnóstico e informou a família?
Médico família
Pediatra
Hospital/Clínica
Outra instituição
Necessitou de procurar informação sobre a causa da deficiência? Quem recorreu
para se informar?
Sim
Não
Onde recorreu para se informar?
Médico família
Pediatra
Hospital/Clínica
Instituição especializada
APPACDM
CERCIS
Amigos
Família
3. Dados relativos à entrada na creche/jardim de infância
Idade da criança aquando da entrada na creche:
4 meses
1 ano
2 anos
3 anos
Idade da criança aquando da entrada no pré-escolar:
4 anos
5anos
6 anos
Com que idade começou a ter apoio educativo?
Antes 1 ano
Entre 2 e 3 anos
Entre 4 e 5 anos
Mais 6 anos
Que expectativas tinha sobre a ida do seu filho (a) para o meio escolar e se a sua
opinião ainda se mantém?
Muito boa
Boa
Razoável
Baixa
Nenhuma
Sente recetividade e procura de informações acerca da criança por parte dos
educadores?
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Em sua opinião há trabalho de cooperação entre a escola e a família?
Sempre
As vezes
Raramente
Nunca
Tem conhecimento do Programa Educativo e do Plano Educativo Individual?
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Colaborou na sua elaboração?
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
É do seu conhecimento o tipo de trabalho que se desenvolve na sala de aula com
o seu filho?
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Em sua opinião qual o benefício da hipoterapia para o seu filho (a)?
Muito benéfica
Benéfica
Pouco benéfica
Nada benéfica
Dê a sua opinião acerca da importância, ou não da hipoterapia para o seu filho
(a)?
Obrigado pela sua Participação.
ANEXO H – GRELHA DE OBSERVAÇÃO
HIPOTERAPIA
FICHA DE AVALIAÇÃO/OBSERVAÇÃO HIPOTERAPIA
• ANTES DE MONTAR 1. Desempenho Psicossocial
Quando chegou ao
picadeiro estava:
□Contente
□Triste
□Agressivo
□Irrequieto
□Indiferente
□Motivado
O seu comportamento em
relação ao cavalo foi:
□Fez festas
□Comunicou com ele
□Agressivo
□Irrequieto
□Indiferente
□Teve medo
Limpeza do cavalo □Participou
□Não participou
□A nível motor é incapaz
□Não quis
□Com ajuda
□Autónomo
Soube esperar a sua vez
de montar?
□Sim □Não
□Durante esse tempo:
□Está com atenção ao que se passa no picadeiro
□Está com atenção ao que se passa fora do picadeiro
□É agressivo com os outros
□Relaciona-se com os outros
□Chama pelo técnico/monitor
□Indiferente □Ansioso
2. Desempenho Sensorial
Táctil
□Toca no focinho do cavalo
□ Toca na crina do cavalo
□Toca no pescoço do cavalo
NOME:__________________________________________________________________
DATA DE NASCIMENTO:____/_______/____________
DIAGNÓSTICO:______________________________________________________
ANOTAÇÕES: (severo, grave, ligeiro) ____________________________________
Olfativa □Toca na cauda do cavalo
□T olera o cheiro do corpo do cavalo
□Tolera o cheiro do estrume
□Tolera o cheiro dos arreios
Notas:
NO CAVALO
Ajudas Técnicas e
Material Equestre
□ Manta □ Selim
□ Cilhão de argola única □ Sela à portuguesa
□ Cilhão de duas argolas □ Sela Adaptada □ Estribos □ Toque
□ Rédeas normais □Guia
□ Rédeas fixas □ Chibata
□ Rédeas adaptadas_________________________________
Método de Montar
□Rampa
□ Banco
□ Apoio do Monitor
□Autónomo
□P' Direita
□ P' Esquerda
□Cavaleiro
□Lateral
□ "Saco- batata"
□_______________
_
O seu comportamento em
relação à equipa foi:
□Colabora □ Evita contacto visual
□Não colabora □Carinhoso
□Ignora □Agressivo
O seu comportamento em relação ao cavalo foi:
□Fez festas
□Teve medo
□ Comunicou
□Agressivo
□ Irrequieto
□Indiferente
Comunicou com o
cavalo através de.
__
□Nãocomunicou
□Verbalizações
□Vocalizações
□Gesticulações
□ Pelo tato
□_____________
Gostou de montar?
□Sim □ Não
Demonstrou-o:
□Rindo
□Conversando
□Cantando
□Fazendo festas
□ Vocalizando
□___________
4. Desempenho Cognitivo
Seguiu ordens:
□Sim □Não
□De imediato
□De vez em quando
□Dando mais explicações
□Com encorajamento a
□Com insistência
□Lentamente
Tipos de Atividades
□Levantar um braço □Tocar à frente
□Levantar os dois braços □Tocar a trás
□"Volta ao Mundo" □"Avião"
□Apanhar bolas □Colocar arcos
□_________________________________________________
Atenção / Concentração:
Memória:
5. Desempenho Motor
Posicionamento
Cabeça / Cintura Escapular
□Tem retração da cintura escapular
□Dissocia a cabeça/cintura escapular
□Olha para baixo
□Olha para cima
□Retifica a postura da cabeça
□Olha na linha média por certos períodos
□Não tem retificação cervical
Tronco
□Cifose global
□Cifose lombar
□Retificação da postura
□Predominantemente em flexão
□Rígido com adução das omoplatas
□Rígido com elevação dos ombros
□Assimétrico (com encurtamento Direita /Esquerda)
□Não retifica
Cintura Pélvica
□Sentado sobre a região lombar
□Assimetria (Direita / Esquerda)
□Anteversão da bacia
□Retroversão da bacia
□Correto posicionamento sentado
Relação postural anca-
membro inferior
□Adequada flexão da anca
□Anca exageradamente flectid
□M. inferior pendente alinhado
□M. inferior pendente com rotação externa da anca
□M. inferior pendente com rotação interna da anca
Relação postural
joelho-pé
□Adequada flexão do joelho
□Adequado posicionamento do pé
□Flexão exagerada do joelho com flexão do pé
□Flexão exagerada do joelho com extensão do pé
□Extensão do joelho com flexão do pé
□Extensão do joelho com extensão do pé
Relação braço-
antebraço-mão
□M. superior corretamente posicionado
□M. superior em extensão
□M. superior com exagerada flexão e abdução
□M. superior com exagerada flexão e
adução
Relação mão-cilhão
(Direita / Esquerda)
□Mãos em posição correta
□Mãos pendentes
□Punho em exagerada flexão, mas não agarra
□Punho em exagerada flexão, agarra mas não mantém
□Punho em exagerada flexão, agarra e mantém
□Punho em exagerada extensão, mas não agarra
□Punho em exagerada extensão, agarra mas não mantém
□Punho em exagerada extensão, agarra e mantém
Relação mãos-rédeas
□Mãos em posição correta
□Punho em exagerada flexão, agarrando com muita força
□Punho em exagerada flexão, agarrando com pouca força
□Punho em exagerada extensão, agarrando c/ muita força
□Punho em exagerada extensão, agarrando c/ pouca força
□Manifestações assimétricas nas mãos
□Posicionamento assimétrico das mãos
Preensão
□Agarra objetos com a mão direita
□Agarra objetos com a mão esquerda
□Transfere objetos de mão
□Solta objetos da mão direita
□Solta objetos da mão esquerda
Notas:
□Sentado em andamento
Sensorial
(vestibular)
□Posição invertida
□Sentado lateral
□Decúbito dorsal
□Decúbito ventral
□Posição do abraço ao cavalo
□"Volta ao mundo"
Adaptação sensório-motor
aos andamentos do cavalo
Passo
□Sim
□Não
Trote
□Sim
□Não
Galope
□Sim
□Não
□Rampa □Pela direita do cavalo
Método de
Desmontar/Apear □Banco
□Apojo do Monitor
□Pela esquerda do cavalo
□Pernas pela frente
□Autónomo □Pernas por trás
Notas:
• DEPOIS DE MONTAR
6. Desempenho Psicossocial
Quando terminou a sessão estava:
□Contente □ Irrequieto
□Triste □Indiferente
□Agressivo □Excitado
O seu comportamento em relação ao cavalo foi:
□Fez festas □ Irrequieto
□ Comunicou com ele □Indiferente
□Agressivo □Teve medo
Notas:
Data: ______ / _____ /________ A
Equipa:___________________________________________________________