DissertMestradoJoanaMargaridaMacedoMartins2013
Transcript of DissertMestradoJoanaMargaridaMacedoMartins2013
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UNIVERSIDADE DOS AORES
DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA EDUCAO
Mestrado em Educao Pr-Escolar e Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico
RELATRIO DE ESTGIO
Explorar o Ensino das Expresses nas Prticas Educativas
em Educao Bsica uma Abordagem em Contexto do
Estgio Pedaggico
Mestranda
Joana Margarida Macedo Martins
Orientadora
Professora Doutora Maria Isabel Cabrita Condessa
Ponta Delgada, abril de 2013
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Explorar o Ensino das Expresses nas Prticas Educativas
em Educao Bsica uma Abordagem em Contexto do
Estgio Pedaggico
Relatrio de Estgio apresentado Universidade
dos Aores para cumprimento dos requisitos
necessrios obteno do grau de Mestre em
Educao Pr-Escolar e Ensino do 1. Ciclo do
Ensino Bsico, sob orientao cientfica da
Professora Auxiliar com Agregao Maria Isabel
Cabrita Condessa
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Agradecimentos
Chegado ao fim de mais uma etapa muito importante da minha formao, neste ponto,
gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos s pessoas que colaboraram e que
sempre me apoiaram, de alguma forma, durante esta caminhada.
Aos meus pais, a quem dedico este trabalho, nunca terei palavras suficientes para
agradecer todo o apoio que me deram, todo o amor e compreenso, confiana e educao. A
eles devo-lhes tudo o que hoje sou. Obrigada por acreditarem em mim e me darem fora para
enfrentar a vida sempre com um sorriso no rosto.
Aos meus familiares e amigos(as), de perto e de longe, que acreditaram no meu
trabalho e me confortaram com carinho e uma palavra de incentivo.
minha princesa, afilhada Beatriz, que pelo seu amor puro e inocncia de criana,
com o seu jeito dcil e natural me alegrava nos momentos mais difceis. Agradeo os
momentos de brincadeira, de risos, de lgrimas saudosas os beijinhos e abraos, as histrias
e os desenhos, todos os mimos que me marcaram fortemente durante toda esta etapa.
Ao Hugo, pelo amor, amizade e carinho, pela cumplicidade, por acreditar em mim e
dar-me fora. Agradeo, tambm, a pacincia e compreenso nos momentos em que estive
mais ausente.
Anita, pela amizade e carinho, pelo apoio e pelas palavras sbias ditas nos
momentos certos.
Ana Paula, pela amizade, incentivo, apoio e disponibilidade prestada ao longo deste
percurso.
Agradeo, de uma forma muito especial, Doutora Isabel Condessa, orientadora deste
trabalho, por me acompanhar em todo o processo, pela confiana depositada no meu trabalho,
pela palavra amiga e por todo o apoio prestado. Estou-lhe muito grata pela compreenso e
incentivo, pelos ensinamentos e conselhos que contriburam para o meu crescimento. Muito
obrigada!
orientao prestada pelo Doutor Adolfo Fialho e Mestre Ana Sequeira. Agradeo o
apoio prestado nos momentos de estgio desenvolvido. Igualmente agradeo a orientao da
educadora cooperante Teresa Nunes e professora Angelina Monteiro, que contriburam com a
sua experincia e conselhos.
No posso deixar de agradecer a todos(as) os(as) Educadores(as) de Infncia e
Professores(as) do 1. Ciclo que colaboraram dando o seu testemunho nas entrevistas.
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Agradeo, tambm, aos meus colegas de ncleo de estgio, Emanuel e Joana, pela
amizade, companheirismo e apoio prestado ao longo de toda a minha formao acadmica.
Por ltimo, e no menos importante, agradeo a todas as crianas intervenientes no
processo de estgio que contriburam para o meu crescimento, pessoal e profissional, e
proporcionaram momentos e experincias inesquecveis.
A todos(as) um sincero muito obrigada!
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ndice
ndice de Anexos ......................................................................................................................... i
ndice de Quadros ........................................................................................................................ i
Resumo ....................................................................................................................................... ii
Abstract ...................................................................................................................................... iii
Introduo ................................................................................................................................... 1
Captulo I - Contextualizao do Estudo .................................................................................... 4
1. Problemtica e objetivos ..................................................................................................... 5
2. Participantes no estudo ....................................................................................................... 7
3. Instrumentos e procedimentos de recolha de e anlise dos dados ...................................... 8
Captulo II - O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor ......................................................................................... 13
1. Pensar a educao e a escola na atualidade ...................................................................... 14
2. O perfil do educador/professor ......................................................................................... 17
3. As expresses no currculo da educao bsica: o incio de um processo de formao
para a vida ............................................................................................................................. 21
3.1. - As Expresses na Educao Bsica: Testemunhos e percees reais ..................... 28
4. A importncia da expresso e da comunicao na educao pr-escolar e no 1. ciclo do
ensino bsico ........................................................................................................................ 37
5. A comunicao na sala de aula e o impacto da organizao dos espaos ........................ 42
Captulo III O Estgio Pedaggico: uma Aprendizagem entre a Teoria e a Prtica ............. 50
1. O estgio como um processo de aprendizagem ................................................................ 51
2. Saberes prprios formao na construo da profisso ................................................. 55
2.1. A observao como instrumento fundamental .......................................................... 55
2.2. O Projeto Formativo como delineador da ao a mdio prazo.................................. 61
2.3. As sequncias didticas como anteviso da prtica pedaggica ............................... 63
2.4. Avaliar para compreender e ajustar ........................................................................... 68
2.5. A reflexo como tomada de conscincia e balano da prtica educativa .................. 71
3. Caraterizao dos contextos em que se realizou o estgio ............................................... 73
3.1. Caraterizao do meio envolvente, da escola e do grupo do Pr-Escolar ................. 74
3.2. Caraterizao do meio envolvente, da escola e da Turma do 1. Ciclo ..................... 78
4. Anlise das situaes educativas ...................................................................................... 81
4.1. Anlise das situaes educativas do pr-escolar ....................................................... 82
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4.2. Anlise das situaes educativas do 1. ciclo do ensino bsico ................................ 90
Consideraes Finais ................................................................................................................ 98
Referncias Bibliogrficas ...................................................................................................... 100
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ndice de Anexos
Anexo n. 1 Guio da entrevista
Anexo n. 2 Transcries das entrevistas dos(as) educadores(as) e professores(as)
Anexo n. 3 Sistema de categorizao das entrevistas
Anexo n. 4 Exemplos de grelha de observao do Pr-Escolar
Anexo n. 5 Exemplo da grelha da sequncia didtica do Pr-Escolar e do 1. Ciclo
Anexo n. 6 Exemplo de lista de verificao do Pr-Escolar e do 1. Ciclo
Anexo n. 7 Exemplo de grelha de avaliao segundo as metas de aprendizagem do Pr-
Escolar e do 1. Ciclo.
Anexo n. 8 Exemplo de uma ficha de verificao de conhecimentos do 1. Ciclo
Anexo n. 9 Exemplo de grelha de avaliao da ficha de verificao de conhecimentos do
1. Ciclo
Anexo n. 10 Esquema da sala de atividades do Pr-Escolar
Anexo n. 11 Esquema da sala de aula do 1. Ciclo
Anexo n. 12 Tabelas de sistematizao das atividades em anlise
Anexo n. 13 Recursos da atividade de Expresso Plstica: Vamos proteger o nosso
planeta
Anexo n. 14 Recursos da atividade de Expresso Fsico-Motora: Percurso Verdocas
Anexo n. 15 Recursos da atividade de Expresso Dramtica: Dramatizao da Lenda das
Sete Cidades
Anexo n. 16 Recursos da atividade de Expresso Plstica: Vamos desenhar o nosso corpo
Anexo n. 17 Recursos da atividade de Expresso Dramtica: As emoes
Anexo n. 18 Recursos da atividade de Expresso Musical: Cano Na quinta do meu av
ndice de Quadros
Quadro n. 1 Sistematizao da categorizao da anlise das entrevistas
Quadro n. 2 Exemplo de um excerto da grelha de observao do 1. Ciclo
Quadro n. 3 Quadro da comunicao estabelecida na atividade de Expresso Fsico-
-Motora: Percurso Verdocas
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ii
Resumo
O presente relatrio de estgio reporta-se s prticas desenvolvidas no estgio no
mbito da Prtica Educativa Supervisionada I e II do Mestrado em Educao Pr-Escolar e
Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico. Este documento representa, pois, o culminar do
trabalho realizado ao longo dos dois momentos de estgio (em contexto do Pr-Escolar e em
contexto do 1. Ciclo) e procura descrever e refletir o processo de ensino-aprendizagem
subjacente s intervenes desenvolvidas.
Ao longo deste trabalho, expressam-se questes relacionadas com a teoria e a prtica
curricular, nas quais se analisa e se reflete sobre as prticas pedaggicas e as opes tomadas,
principalmente, no que diz respeito s reas das Expresses, mobilizando dados das prticas
de ensino e das situaes educativas com a literatura da especialidade.
A escolha desta temtica deveu-se ao facto de as reas das Expresses serem
verdadeiramente potenciadoras de oportunidades de a criana se expressar e comunicar
atravs de vrias formas/meios. Acrescenta-se, ainda, que se decidiu enveredar pelo
aprofundamento dessa temtica, uma vez que esta se revela uma rea plenamente integradora
em termos curriculares, dado que possvel interligar as Expresses, articulando-as com
vrios contedos e domnios e, deste modo, potenciando experincias de ensino-
aprendizagem completas com vista ao desenvolvimento integral da criana.
Neste sentido, contmos com testemunhos de educadores e professores sobre o ensino
das Expresses, na escola atual. Infelizmente, estas reas continuam a ser deixadas para
segundo plano, pelos profissionais de educao, principalmente, os professores do 1. Ciclo.
Deste modo, averigumos a importncia que os docentes ministram a estas reas, atravs de
entrevistas. Alm disso, foi, tambm, nosso intento perceber a importncia das Expresses,
enquanto meio para a criana se expressar e comunicar com o outro, e compreender as
influncias do espao no processo de ensino aprendizagem e no desenvolvimento das
situaes educativas.
De uma maneira geral, o presente trabalho procura descrever, analisar e refletir as
opes tomadas no processo de ensino-aprendizagem, com principal incidncia no
desenvolvimento das reas das Expresses, refletindo as experincias enriquecedoras, tanto a
nvel pessoal como acadmico, vivenciadas pela estagiria.
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iii
Abstract
This Teaching Practice report refers to the practices developed under the Educational
Supervised Practice I and II, integrated in Pre-school Education and Elementary School
Education Master Degree. This document represents the culmination of the work done during
the two moments of Supervised Practice in pre-school and elementary school levels, and
describes and reflects upon the teaching-learning process underlying the activities carried out.
Throughout this work, issues concerning the theory of and curricular practice itself
are expressed. We analyze and reflect upon the pedagogical practices and the choices made,
especially, in relation to the areas of Expressions by mobilizing data from teaching practices
and educational situations with readings from publications in this field of expertise.
The choice for this theme was made on the knowledge that the Expressions truly
represent ample opportunities for children to express and communicate through various
ways/means. Furthermore, we decided to deepen this theme because it is an area fully
integrated in curricular terms. You can connect the Expressions amongst themselves by
linking them with various contents and domains and, thus, enhance the teaching-learning
process with complete experiences which promote the integral development of the child.
In this sense, we relied on the testimony given by educators and teachers on how the
Expressions are currently being taught in school. Unfortunately, these areas continue to be
pushed into second place, by educators, especially elementary teachers. We verified the
importance teachers give to these areas through the interviews carried out. It was also our
intention to verify the importance of the Expressions as a mean for children to express
themselves and communicate with each other, and to understand in what way the
surroundings/where the activities take place may influence the teaching-learning process and
the development of educational situations.
In general, this work seeks to describe, analyze and reflect upon the choices made in
the teaching-learning process, focusing mainly on the development of the Expressions, and
bringing forth the enriching experiences experienced by the trainee, both on a personal and
academic level.
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A criao , tal como os nmeros, ilimitada. Uma mesma histria pode ser contada de dez,
cem, mil maneiras diferentes. Com um lpis ou um pincel ns podemos dizer tudo, mostrar
tudo, fazer tudo, at o impossvel. Podemos explicar o que sabemos, o que amamos, o que
amaramos. O que pensamos, o que sentimos. O que vemos e o que no vemos, o que seja
quem for no v A lista pode ser ainda mais longa.
(Gabey & Vimenet, 1974, pp. 13-14)
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1
Introduo
O presente relatrio de estgio, definido pelo artigo 9. do Decreto-Lei n. 43/2007, de
22 de fevereiro, constitui uma componente da unidade curricular de Prtica Educativa
Supervisionada II.
O teor deste documento reporta-se s prticas pedaggicas, no desenvolvimento do
estgio, em contexto da Educao Pr-Escolar e do 1. Ciclo do Ensino Bsico, decorrido nos
anos letivos 2011/2012 e 2012/2013.
Explorar o ensino das Expresses nas prticas educativas em Educao Bsica: uma
abordagem em contexto estgio pedaggico apresenta as linhas estruturais e transversais que
acompanharam as prticas educativas em momento de estgio pedaggico, anteriormente
referido.
A escolha do tema partiu, por um lado, da convico de que as reas das Expresses
continuam, na escola atual, a no ter o devido valor, principalmente no 1. Ciclo do Ensino
Bsico. Por outro lado, acreditamos que estas reas tm grandes potencialidades e so
fundamentais no desenvolvimento integral da criana. O facto de as reas das Expresses se
revelarem bastante integradoras e versteis, em termos prticos, proporciona-nos muitas
formas de as abordarmos podendo articul-las com as restantes reas curriculares. O carter
ldico, prprio da natureza destas reas, suscita, sem dvida, o interesse das crianas.
Nunca se dir suficientemente que a expresso indispensvel criana e que todo o
entrave sua manifestao um atentado sua sade e prejudicial ao seu desenvolvimento
normal (Stern, 1974, p. 14). Assim, ao enveredar pela temtica j enunciada, de entre vrias
consideraes, aquando da prtica pedaggica - articular a prtica pedaggica de acordo com
a educadora/professora titular, articular e desenvolver momentos de aprendizagem de acordo
com as diferentes reas, respeitar as caratersticas de cada criana, promover um ambiente
educativo promotor do bem-estar da criana, proporcionar momentos para a aquisio de
competncias e domnios de saberes, entre outros destacmos, concisamente, os seguintes
objetivos gerais, a tratar no presente documento:
- Justificar e fundamentar o trabalho com literatura da especialidade;
- Promover atividades das reas das Expresses (dramtica, musical, motora e
plstica), nos dois contextos de estgio, de modo a potenciar o desenvolvimento integral e
aprendizagem na criana;
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2
- Analisar e refletir as situaes educativas desenvolvidas no estgio pedaggico
(Educao Pr-Escolar e 1. Ciclo do Ensino Bsico);
- Verificar as concees e perspetivas dos educadores de infncia e professores do 1.
Ciclo relativamente s potencialidades das Expresses, da Comunicao, e da influncia dos
espaos na aprendizagem da criana.
Deste modo, o presente relatrio de estgio, ser organizado em trs captulos:
- Contextualizao do estudo;
- O ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor;
- O Estgio Pedaggico: uma Aprendizagem entre a teoria e a prtica.
Relativamente ao Captulo I, ser feita uma breve contextualizao do nosso estudo,
onde ser explanada a problemtica, os objetivos a atingir, os participantes que colaboraram
na recolha de dados e os respetivos procedimentos metodolgicos utilizados para essa recolha.
No que diz respeito ao Captulo II, faremos uma abordagem a vrios aspetos e tpicos
presentes ao longo de todo este documento. Para isso, nesta parte do trabalho, ser
fundamentado com literatura da especialidade no s os aspetos relacionados com o
desenvolvimento e importncia das Expresses, como tambm os da Comunicao e
organizao dos Espaos. de salientar que, neste ponto do documento, alm da literatura da
especialidade, sero utilizados excertos das entrevistas dos colaboradores do estudo, de forma
a confrontar o que os especialistas advogam com as percees e prticas dos docentes da
escola atual. Ainda neste captulo, iremos abordar a educao e o papel da escola atual, assim
como dos seus intervenientes, nomeadamente o perfil dos educadores de infncia e
professores do 1. ciclo.
Por ltimo, no Captulo III, a ateno recai sobre vrias componentes relacionadas
com a prtica pedaggica como processo de aprendizagem. Assim, haver uma parte terica e
fundamentada, referente aos vrios momentos do processo de estgio, e uma parte de anlise
crtica e reflexo das atividades realizadas no decorrer do estgio, referentes ao estudo do
ensino das expresses nas prticas educativas em contexto estgio pedaggico. Neste
momento ser feita uma caraterizao geral das instituies acolhedoras do estgio, das
caratersticas das turmas/crianas, e, como j referido, sero descritas e analisadas seis
situaes educativas (trs na Educao Pr-Escolar e trs no 1. Ciclo do Ensino Bsico).
Finalmente, este relatrio contar com algumas consideraes finais e as referncias
bibliogrficas que suportam este trabalho. Os anexos, referenciados ao longo do relatrio,
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3
encontram-se em suporte digital (CD) disponveis para consulta e complementam o
documento.
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Captulo I
Contextualizao do Estudo
1. Problemtica e objetivos
2. Participantes no estudo
3. Instrumentos e procedimentos de recolha e anlise dos dados
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Captulo I Contextualizao do estudo
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1. Problemtica e objetivos
A incidncia na rea das Expresses e da Comunicao como assunto a aprofundar no
desenvolvimento da prtica pedaggica, e respetivo relatrio de estgio, resultou das
concees criadas sobre o ensino das artes na educao e das suas potencialidades quanto s
oportunidades de a criana se expressar e comunicar atravs de vrios meios.
A seleo do tema em questo justifica-se pelo facto de esta rea se revelar uma rea
plenamente integradora em termos curriculares, j que aborda quase todas as disciplinas e
proporciona a interligao com as restantes, revelando uma grande versatilidade em termos
prticos. Sendo um tema bastante abrangente, possvel articular as suas potencialidades
pedaggicas no desenvolvimento e aprendizagem da criana em idade Pr-escolar, assim
como de 1. Ciclo tendo em conta vrias situaes.
As artes e as atividades artsticas so pouco valorizadas por grande parte das escolas.
Por norma, as atividades artsticas aparecem ligadas como um complemento das outras reas
do saber ou para preenchimento de tempos mortos. considervel a discrepncia que existe
no uso das reas de Expresses observada entre a educao Pr-escolar e o 1. Ciclo.
Enquanto que, no Pr-escolar, os educadores recorrem significativamente s Expresses no
desenrolar das suas prticas, os professores do 1. Ciclo apenas o fazem, geralmente, em
pocas festivas, como: Natal, Dia do Pai, Dia da Me, Carnaval, Pscoa, etc. Deste modo, as
reas das Expresses, atualmente, ainda no so consideradas to essenciais como as restantes
disciplinas.
notvel a persistente recusa de que as artes podem ser uma mais-valia no processo
de ensino/aprendizagem e um meio atravs do qual a criana se expressa e comunica com o
mundo que a rodeia. De acordo com Ferraz e Dalmann (2011, p. 45) Ao defender que a
Educao Expressiva, deve ser, integrada nos currculos pedaggicos, alertamos que o homem
moderno necessita despertar capacidades actualmente marginalizadas e menosprezadas, como
a intuio, a inteligncia emocional, sensibilidade, alofilia, o amor, a afectividade, empatia,
entre tantas outras competncias humanas, que esto cerceadas dentro da casca rgida, que
transformou o homem moderno. Os mesmos autores atrs referidos acrescentam que A
Educao Expressiva busca a integrao e o desenvolvimento pleno das capacidades
humanas, pois busca a humanizao em todas as dimenses. Verificamos, que somente
quando exploramos outras formas de comunicao, expresso e interaco, intrapessoal e
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Captulo I Contextualizao do estudo
6
interpessoal, que levamos o expressante [aluno] a esse novo patamar consciencial (ibidem,
p. 45).
Deste modo, parece-nos importante apurar como o Sistema Educativo augura o
desenvolvimento destas reas com o que, efetivamente, acontece nas escolas de hoje,
confrontar o porqu das reas de Expresso passarem despercebidas nas salas de aula.
Assim, o nosso intuito verificar uma hiptese j formada, ou seja, verificar a importncia
dada rea das Expresses, significativamente desenvolvida no Pr-escolar e o seu
desenvolvimento limitado no 1. Ciclo.
Em virtude do que foi mencionado, o presente estudo tem os seguintes objetivos a
alcanar:
- Entender como o Sistema Educativo preconiza o desenvolvimento das Expresses;
- Explorar as potencialidades prticas das reas das Expresses (dramtica, plstica, motora e
musical) como contributo do desenvolvimento e aprendizagem da criana;
- Perceber as limitaes/dificuldades no desenvolvimento das Expresses na escola;
- Analisar as prticas pedaggicas, atendendo frequncia do uso de atividades de expresso
como meio interdisciplinar na abordagens das outras reas do saber;
- Compreender a importncia da expresso e comunicao no contexto educacional da
Educao Pr-Escolar e 1. Ciclo do Ensino Bsico;
- Compreender as diferenas entre a Educao Pr-Escolar e o 1. Ciclo do Ensino Bsico;
- Perceber a influncia da organizao dos espaos no desenvolvimento e aprendizagem da
criana.
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Captulo I Contextualizao do estudo
7
2. Participantes no estudo
De acordo com as finalidades apontadas no ponto anterior, definiu-se como
participantes, neste estudo, para alm das crianas que deram sentido a todo o trabalho, alguns
educadores e os professores cooperantes que acompanharam o processo de estgio dos
formandos, que desenvolveram as suas prticas educativas no mbito das disciplinas de
Prtica Educativa Supervisionada I e II do Mestrado em Educao Pr-Escolar e no Ensino do
1. Ciclo do Ensino Bsico.
Com efeito, contou-se com a colaborao de trs educadores(as) e trs professores(as)
do 1. Ciclo, que lecionavam no arquiplago dos Aores, sendo dois sujeitos do sexo
masculino e quatro do sexo feminino, que no total perfez seis sujeitos interpelados. A sua
escolha foi de convenincia e por uma questo de confidencialidade, os sujeitos entrevistados
sero identificados ao longo do documento com letras maisculas, a saber: Educador A,
Educador B, Educador C, Professor D, Professor E e Professor F.
de realar que os entrevistados contam com tempo de servio diferente, desde os
sete meses aos vinte e um anos. A formao que obtiveram relativamente rea das
Expresses foi, essencialmente, atravs da sua formao acadmica inicial, exceto dois dos
entrevistados que tm formao na rea de teatro e msica. Alm de contarmos com o nosso
relato de prticas, sendo sujeitos ativos do processo de estgio, contmos, ainda, com dados
relativos ao grupo de crianas presentes no estgio do Pr-escolar (composto por 20 crianas,
da EB1/JI Ceclia Meireles) e turma do 1. Ciclo (composta por 18 crianas, da EB1/JI de
So Roque Canada das Maricas), perfazendo um total de trinta e oito crianas. De referir
ainda que apenas sero apresentados os registos considerados significativos s questes
abordadas. Similarmente confidencialidade assegurada aos educadores/professores
entrevistados, as crianas sero referenciadas com nomes fictcios.
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Captulo I Contextualizao do estudo
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3. Instrumentos e procedimentos de recolha de e anlise dos dados
De entre os vrios instrumentos e meios para recolha de dados, utilizados em
investigao educacional, salientam-se: a entrevista, a anlise documental, o questionrio e a
observao. Com vista a dar fundamento a este trabalho, com caractersticas qualitativas,
recorreu-se entrevista como instrumento de recolha de dados. Considerou-se este
instrumento importante e apropriado para dar resposta aos objetivos visados.
Efetivamente, a seleo da entrevista como instrumento de recolha proporcionou o
conhecimento das percees dos Educadores de Infncia e dos Professores do 1. Ciclo
quanto temtica das Expresses, e no s. A entrevista , segundo Moser e Kalton (1971,
citados por Bell, 1997, p.118), uma conversa entre um entrevistador e um entrevistado que
tem como objectivo extrair determinada informao do entrevistado. Cunha (2007, p. 77)
diz-nos que a entrevista () constitui uma das tcnicas mais utilizadas na metodologia
qualitativa, resultando de uma negociao entre o entrevistador e o entrevistado com o fim de
descobrir o significado das representaes no pensamento do professor realidades e aces.
Deste modo, podemos classificar a entrevista em vrios tipos. Achamos pertinente
utilizar, no caso deste estudo, o mtodo da entrevista semi-estruturada. Assim, respeitando as
caractersticas da natureza desse tipo de entrevista, elabormos um guio de questes, como
suporte na orientao do desenvolvimento da entrevista, a saber:
Quais as suas habilitaes acadmicas?
H quanto tempo exerce a profisso?
No que concerne s reas das Expresses, em que medida encara essas reas importantes para
o desenvolvimento e aprendizagem da criana?
Considera as reas das Expresses integradoras/contributrias s restantes reas? Quais e
como?
Costuma utilizar a rea das Expresses como meio interdisciplinar na abordagem dos
contedos de outras reas (Portugus, Matemtica, Estudo do Meio, Conhecimento do Mundo,
etc.)? Se sim, d um exemplo.
Com quais das reas das Expresses se identifica mais e menos? Porqu?
Reconhece que o facto de gostar mais ou menos de uma rea influncia a sua prtica?
Com que frequncia desenvolve, semanalmente, cada uma das reas (dramtica, plstica,
motora, musical)?
Que dificuldade sente aquando do momento da aula dedicado s reas de Expresses?
Que tipo de formao possui na rea das Expresses? Como a obteve e em que reas?
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Captulo I Contextualizao do estudo
9
Na sua opinio, acha que a monodocncia favorece ou dificulta o ensino das Expresses?
Porqu?
Na sua opinio, o que carateriza um bom educador/professor?
Acha que o educador/professor tem de ser um bom comunicador? Porqu?
Para si, quais os aspetos fundamentais para uma boa comunicao na sala de aula?
Na sua opinio, a organizao dos espaos tem influncia na aprendizagem das crianas?
Porqu?
Sente necessidade de ajustar o espao para melhor desenvolvimento das atividades relativas
rea das Expresses? Que limitaes sente e como as soluciona?
Tendo em conta a sua experincia e o contato com colegas, para si, quais as maiores
divergncias entre a Educao Pr-Escolar e o 1. Ciclo do Ensino Bsico?
O guio de entrevistas utilizado (anexo n. 1) foi o mesmo, tanto para inquirir os/as
educadores(as) como os/as professores(as). de salientar que as entrevistas foram realizadas
em ambiente escolar, aps o tempo de estgio. Os contedos das entrevistas dos
educadores/professores foi integralmente reproduzido em texto escrito (anexo n. 2).
Para o tratamento dos dados (interpretao das informaes recebidas), o mtodo de
anlise de contedo est sempre associado. A () anlise de contedo a expresso
genrica utilizada para designar um conjunto de tcnicas possveis para tratamento de
informao previamente recolhida (Esteves, 2006, p. 107). Desta forma, elabormos um
sistema de categorizao (anexo n. 3), que inclui as categorias, subcategorias e indicadores,
assim como as unidades de registo e de contexto relativas a cada entrevistado(a). Segundo
Bardin (2003, p.117), As categorias, so rubricas ou classes, as quais renem um grupo de
elementos (unidades de registo, no caso de anlises de contedo) sob um ttulo genrico,
agrupamento esse efectuado em razo dos caracteres comuns destes elementos. As respostas
dos educadores/professores foram submetidas a uma anlise que, posteriormente, deu origem
s categorias, subcategorias e indicadores, sistematizados no quadro seguinte:
Quadro n. 1 Sistematizao da categorizao da anlise das entrevistas
Categorias Sub-Categorias Exemplos
Dados
Profissionais
Habilitaes
acadmicas
Licenciatura em Ensino Bsico 1 Ciclo e Ps-graduao/Especializao em Educao Especial.
Entrevistado P3
Tempo de servio H 18 anos Entrevistado E1
Formao na rea
das Expresses
A formao que tenho na rea das expresses foi a que obtive ao longo da minha licenciatura e mestrado
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Captulo I Contextualizao do estudo
10
Entrevistado E2
Potencialidades/
Importncia das
Expresses
Desenvolvimento e
aprendizagem da
criana
As Expresses so reas potencializadoras do desenvolvimento equilibrado e harmonioso da criana.
Desenvolvem a ateno e concentrao, a destreza fsico-
motora, proporcionam momentos ldicos
Entrevistado P3
Relao com as
outras reas
Logo, claro que posso concluir que as Expresses contribuem para trabalhar as outras reas mas, com uma
grande vantagem, estimula e motiva muito mais os
alunos. Entrevistado E2
Condies
implementao
das Expresses
Escola Acho que o mal comum A falta de material disponvel, a escassa verba para o adquirir Entrevistado E1
Professor
s vezes tento englobar as expresses num contedo de outra rea qualquer, mas no conheo muitas
estratgias, nem tcnicas, nem exemplos de atividades que
se possa fazer a nossa formao peca um pouco nesse sentido, tudo dado de uma forma muito superficial
Entrevistado P3
Crianas
Uma das dificuldades , sem dvida, o barulho e a confuso que estas atividades geram. Com o tempo e
quando estas atividades comeam a fazer parte da rotina,
esta dificuldade vai se atenuando Entrevistado E2
Implementao e
uso das
Expresses
Interdisciplina-
ridade
Quando sobra tempo, por exemplo a Portugus, fazemos um jogo de mmica em que um aluno faz um movimento ou
gesto e os restantes adivinham qual o verbo que traduz a
ao representada Entrevistado P3
Frequncia
Normalmente no Pr-escolar estamos sempre a desenvolver em simultneo essas reas, pois as atividades
centram-se quase sempre a partir das Expresses e no
existe um tempo determinada para cada rea a
desenvolver Entrevistado E1
O
Desenvolvimento
Profissional e o
Ensino das
Expresses
Vantagens da
Monodocncia
Acho que favorece, porque podemos trabalhar contedos de forma interdisciplinar Entrevistado E1
Desvantagens da
Monodocncia
A meu ver dificulta, porque os docentes preocupam-se mais com as reas de Portugus e Matemtica, pois so
aquelas que no final do ano so avaliadas externamente e,
por vezes, penalizamos o tempo que deveria ser dedicado
s expresses Entrevistado P1
Relao positiva
com as reas de
Expresses
Identifico-me mais com a rea de expresso dramtica, porque d mais liberdade da pessoa se expressar de forma
ldica e desenvolve muito a criatividade e a imaginao. Entrevistado P1
Relao negativa
com as reas de
Expresses
Talvez a rea que me identifique menos seja a de expresso dramtica () uma atividade que requer mais preparao e trabalho e tambm no tenho muito jeitinho (). Entrevistado E2
Perfil do
educador/
professor
Um bom educador/professor aquele que consegue ir ao encontro das necessidades das crianas, nunca pondo de
parte a aquisio das competncias delineadas para cada
idade e nvel de ensino. Entrevistado P2
Aspetos
fundamentais na
comunicao de
sala de aula
Professor
Pelo menos tem de ser um bom comunicador na sala de aula. S assim conseguir captar a ateno dos seus
alunos e transmitir a segurana necessria para o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Entrevistado P3
Ambiente da sala
Praticar uma comunicao aberta, ter uma relao de confiana, saber ouvir, respeitar, compreender, dialogar e
dar espao para que a criana partilhe e contribua com as
suas conversas. Entrevistado E1
-
Captulo I Contextualizao do estudo
11
Crianas importante que os alunos percebam e compreendam o que lhes transmitido. Entrevistado P2
Influncia dos
espaos na
aprendizagem da
criana
Vantagens/Influn-
cias positivas
-A organizao dos espaos permite criar um ambiente mais favorvel aprendizagem. Entrevistado P3
Limitaes
() muitas vezes tenho de ajustar o espao, desviar as mesas e as cadeiras ou ir mesmo para outra sala que me
oferea mais espao, depende da atividade. Entrevistado
E2
Divergncias
entre a Educao
Pr-Escolar e o
1. Ciclo
Currculo
O 1. Ciclo no pode fazer tudo sozinho, penso que h contedos que deveriam ser trabalhados no Pr-escolar de
forma formal e obrigatria. Entrevistado P3
Espao
A primeira diferena que se v logo a sala. O Pr-escolar sempre estruturado por cantinhos e o 1. Ciclo
s filas de cadeiras e mesas Acho que h uma quebra muito grande de ambiente de sala de aula. Entrevistado
E2
Uso das
Expresses
Eles quase todos concordam que a rea das Expresses importante, mas, quando vamos conversar sobre
atividades e sobre aulas, nota-se que recorrem muito
pouco s Expresses [no 1. ciclo]. Entrevistado E2
Respeitante anlise documental, salienta-se que esta permitiu proceder pesquisa e
anlise da temtica principal do estudo: a rea das Expresses e Comunicao. Alm das
leituras e consultas realizadas sobre a temtica, anteriormente referidas, documentos com
aspetos referentes s escolas que nos acolheram e s crianas com que interagimos foram,
tambm, alvo de anlise. Entre os vrios documentos podemos destacar documentos oficiais
(Orientaes Curriculares para o Pr-Escolar, Programa do 1. Ciclo do Ensino Bsico,
Currculo Regional da Educao Bsica), documentos orientadores das escolas de estgio
(Projeto Curricular de Escola, Projeto Educativo de Escola e Plano Anual de Atividades) e do
grupo/turma (Projeto Curricular de Grupo/Turma, e Processos Individuais das crianas). Os
documentos anteriormente mencionados permitiram-nos recolher informaes sobre a
organizao e funcionamento da escola, sobre as rotinas do grupo/turma, as problemticas
existentes, os interesses e motivaes das crianas, as metodologias eleitas pelas docentes,
entre outras informaes. Livros, dissertaes, revistas e artigos publicados sobre as temticas
j mencionadas foram tambm consultados.
A observao tambm foi um aspeto preponderante para a recolha de informao.
Esta, inicialmente, permitiu-nos recolher dados sobre o espao educativo, as estratgias e
metodologias utilizadas pelo docente, sobre as crianas (comportamento, interesses, gostos,
facilidades/dificuldades, entre outros aspetos), sobre as rotinas e funcionamento da sala de
aula, etc. Num primeiro momento, os estagirios tiveram oportunidade de, apenas, observar e
registar informao, o que nos permitiu inteirar de todo o ambiente educativo antes da prtica
propriamente dita. Dias (2009, p.29) diz-nos que necessrio conhecer a(s) criana(s) e o(s)
-
Captulo I Contextualizao do estudo
12
contexto(s) educativo(s) que a(s) rodeia(m) para saber o que a criana j capaz de fazer, para
ajustar respostas ao desenvolvimento da criana, para intervir (escolhendo materiais,
esquemas de organizao, estratgias a utilizar, regras a estabelecer, exigncias a fazer). A
autora acrescenta ainda que A observao no contexto de sala de actividades uma
estratgia privilegiada que permite captar o processo de desenvolvimento/aprendizagem da
criana.
Gonalves (2006, p. 32) afirma que a observao e anlise da relao educativa, ao
apresentarem-se na formao de professores como um instrumento de auto-regulao das
prticas, esto a assumir-se como facilitadores da figura do professor encarado como
construtor de xitos e no como um gestor de fracassos educativos e, ao mesmo tempo, como
primeiro motor da sua formao. O mesmo autor tambm refere que A observao dever
focar-se nas competncias emergentes ao invs de se focar no que a criana no capaz de
fazer (ibidem, p.30). Aps o incio da prtica individual de cada formando, a observao
passou a ser til para averiguar as capacidades/competncias das crianas. de realar que os
resultados das aprendizagens das crianas repercutiam-se, de certo modo, no desempenho do
formando, de modo que este no s se refletia no desempenho das crianas, como tambm no
seu prprio desempenho.
No que concerne avaliao do processo ensino-aprendizagem das crianas, as listas
de verificao, sustentaram a recolha dos dados considerados pertinentes a observar em cada
interveno pedaggica. As listas de verificao tm, como se sabe, mltiplas aplicaes,
uma vez que permitem o registo da presena ou da ausncia de comportamentos, assim como
de processos e produtos de aprendizagem (Verssimo, 2000, p.37).
Outro recurso utilizado para a recolha de dados foi o registo fotogrfico e em vdeo
das situaes educativas, que nos permitiram visualizar e refletir com mais tempo e pormenor
as aes tanto das crianas como da estagiria.
Concluindo, de modo a certificarmos a credibilidade e solidez deste estudo, contmos
com dados de diversa ndole e provenientes de diferentes agentes educativos (crianas,
educadores/professores).
-
Captulo II
O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e testemunhos do Educador/Professor
1. Pensar a educao e a escola na atualidade
2. O perfil do educador/professor
3. O Ensino das Expresses na Educao Bsica
4. A importncia da expresso e da comunicao na Educao Pr-Escolar
e no 1. Ciclo do Ensino Bsico
5. A comunicao na sala de aula e o impacto da organizao dos espaos
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
14
1. Pensar a educao e a escola na atualidade
Atualmente, a humanidade vivencia variadas alteraes na sociedade a diferentes
nveis. Estamos submersos pela complexidade do mundo e pelas inmeras informaes sobre
ele. Assim sendo, esta uma das mudanas que est presente, sem dvida, na educao,
desencadeando novas formas de pensamento e de ao de acordo com as exigncias de
diversas ndoles (sociais, polticas, profissionais, etc.). Segundo Patrcio Nenhuma sociedade
humana pode prescindir da educao: em 1. lugar, para subsistir depois, para se desenvolver
e afirmar. Na sua generalidade abstracta, esta uma posio que podemos considerar
universalmente aceite (Patrcio, 2001, p. 235).
Quando pensamos em educao, a figura do professor, da escola e do aluno
indissocivel. Vrias so as definies que podemos encontrar de educao. De acordo com
Netto (1987, p. 6) As definies convencionais de educao limitam-se espcie humana e
caraterizam como o processo total por meio do qual o indivduo, em interao com a cultura
em que vive, desenvolve a sua compreenso da realidade e assimila conhecimentos, tcnicas,
crenas, atitudes e valores. Acrescenta ainda que () a educao compreende tudo o
quanto contribui para o desenvolvimento da pessoa, sob todos os aspectos fsico e motor,
intelectual, emocional, social, profissional, esttico, tico, religioso e no pode ser atribudo
ao de fatores genticos (ibidem, pp. 6-7). Para Medeiros (2009, p. 67), A Educao
complexa e no axiologicamente neutra. A Educao, para o ser em profundidade, exige
tomada de posio, exige uma atitude axiolgica que pode ser mais ou menos unnime. A
convergncia e divergncia, entendidas com lisura, so da essncia do pensar e do fazer
educacional. O mesmo autor defende que a educao considerada como um projeto
antropolgico que contribui para a formao da pessoa humana e das comunidades. nesta
linha que encontramos as dimenses polticas, cvicas, culturais, sociais, axiolgicas,
econmicas, entre outros valores que interagem entre si. A Educao aqui concebida em
toda a sua complexidade (ibidem, p. 115). Patrcio (2001, p. 235) afirma que a educao
vital para o homem. Acrescenta ainda que a instituio () mais apropriada para
promover a educao do homem a Escola (ibidem, p. 235).
A escola igualmente vista como um espao de aprendizagem de conhecimentos e
saberes (instruo) e de educao, em conformidade com o que Santos afirma, na escola que
se d a aprendizagem dos gestos, das condutas, das normas que identificam e inserem o
aluno num grupo social determinado. Em suma, a escola potencialmente informativa e
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
15
normativa do pensar, do agir e do sentir humano (Santos, 2001, p. 70). Por sua vez,
Sebastio (2001, p. 230) considera que a escola executa funes inigualveis na nossa
sociedade, referindo que um dos meios mais importantes ao nosso dispor para a construo
da sociedade do amanh. A escola como estrutura pertencente da nossa sociedade ser o
espelho de cada momento de evoluo da mesma. Consideramos, ento, que a escola um
espao de formao do indivduo, partilhado entre alunos e professores. Estes relacionam-se
entre si, de modo a criar um ambiente rico e harmonioso com variadas experincias visando o
seu desenvolvimento a diferentes nveis. No entanto, importante que a escola trabalhe em
parceria com a comunidade e abra as portas e os horizontes a projetos e planos em conjunto
com os pais, familiares, instituies locais, entre outros, de modo enriquecer essas prprias
experincias e potenciar diferentes vivncias. Tal facto corroborado por Morgado, que
afirma que Os aspectos ligados ao meio familiar e sua relao com o meio escolar so
actualmente considerados como importantes factores contributivos para o desenvolvimento de
trajectos educativos bem sucedidos (Morgado, 2001, p. 78).
Segundo Medeiros (2009), para que se entenda os caminhos da educao escolar e no
escolar necessrio o seu sustento na Filosofia da Educao e na Filosofia do Currculo.
Conforme o mesmo autor, () tambm fundamental uma Filosofia do Currculo de modo
a entend-lo nas suas dimenses epistemolgicas, antropolgicas e axiolgicas. S assim o
currculo pode formar pessoas, cidados e (futuros) profissionais (ibidem, p. 67).
Por sua vez, Pacheco (1996) defende que no existe uma nica e verdadeira definio
de currculo. Currculo j no se identifica com uma ordem de contedos e programas, mas
sim como um dos fatores de maior influncia na qualidade de ensino. de salientar que
quanto mais o currculo for diferenciado, flexvel e adequado ao pblico a que se destina,
maiores sero as possibilidades de sucesso. Poder-se- dizer, segundo o Dicionrio de
Filosofia da Educao, Carvalho (2006, p. 70) define: curriculum deriva do verbo latino
currere, que significa correr. Nesta concepo, o currculo, na sua raiz, profundamente
dinmico, um verbo, uma actividade permanente. Deste modo, o currculo uma tarefa
para desenvolver ao longo da vida. Assim, o currculo constri-se ao longo de toda a vida,
tendo em conta as experincias, decises e escolhas de cada indivduo.
Na perspetiva de Zabalza (1994, p. 12) O currculo o conjunto dos pressupostos de
partida, das metas que se deseja alcanar e dos passos que se do para as alcanar; o
conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes, etc. que so considerados importantes para
serem trabalhados na escola, ano aps ano. Ora, nas palavras do autor anteriormente
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
16
mencionado, o currculo centra-se nas habilidades e nos conhecimentos que se esperam que os
sujeitos alcancem.
Quanto s definies supramencionadas, podemos extrair diferentes concees do
conceito de currculo. Ora, este visto como metas/resultados a atingir pelo sujeito no
processo de ensino-aprendizagem em contexto escolar, sendo considerado como fator
permanente ao longo da vida, atendendo as experincias escolares e no escolares. Pacheco
(1996, p. 48) alerta-nos para o facto de que () o professor o principal protagonista do
desenvolvimento do currculo, no podendo limitar as suas funes apenas ao que deve
executar, mais do que isso, deve pensar e refletir sobre as suas prticas, ou seja, ser um
professor reflexivo.
Tendo em conta as diferentes realidades e contextos a que cada escola est inerente,
cabe aos docentes peas fundamentais nas prticas de gesto curricular - gerir o currculo de
modo eficaz, conduzindo uma educao de qualidade, que responda s necessidades de todos
os alunos. isto que se espera da escola na atualidade.
Sendo que na escola que os alunos passam a maior parte do seu tempo, os
professores/educadores tornam-se um modelo a seguir para os seus alunos. Nesse caso o
professor, alm de formar cientificamente os seus alunos, deve form-los ao nvel pessoal e
social. Santos (2007, p. 29) afirma que o professor deve desempenhar uma dupla funo: por
um lado, a de transmitir e desenvolver conhecimentos, gostos, sensibilidades, perspectivas e,
naturalmente, a de mobilizar as competncias dos alunos; por outro lado, a de motivar os
alunos para a apropriao ou para a mudana de comportamentos e para a consciencializao
de valores e atitudes.
, ento, importante que os educadores/professores formem a criana em valores e
para os valores. Seguindo a mesma linha de pensamento, Fonseca (2005, p. 108) enfatiza a
relao existente entre educao e valores, afirmando que () educao e valor so dois
conceitos complementares que mantm na sua essncia intrnseca e dialtica, que se
compreende no duplo sentido: todo o acto educativo veicula valores, a educao na sua
essncia um valor.
De acordo com Sant'Anna & Menegolla (1991, p. 20) O objetivo da educao no
pode ser outro seno a pessoa. Ajudar a pessoa a ser ela mesma junto ao mundo. A ser livre,
consciente, comprometida, responsvel, dinmica e autntica com o mundo, com a vida e
consigo mesma. A escola que se preocupa com a pessoa a escola que educa; que ajuda a ser
feliz; que ajuda o mundo a ser melhor, a viver a paz, que promove a fraternidade e o amor.
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
17
Para isso a educao dever ser planejada a partir da dimenso do homem como pessoa. S
assim estar contribuindo para a formao do homem completo, a fim de que se torne cada
vez mais senhor de si mesmo.
2. O perfil do educador/professor
Quando se fala em educao inerente a associao que se faz aos agentes a
implicados, ou seja, aos sujeitos responsveis, em parte, por educar as geraes vindouras: a
escola e o professor/educador.
A escola e o professor/educador, no descurando a importncia do ambiente familiar,
so considerados como os principais responsveis da educao das crianas.
A conceo de que o professor um mero transmissor de saberes e conhecimentos j
h muito que no se aplica. Com as mudanas sociais, polticas, econmicas, entre outras, o
professor/educador tambm mudou o carter das suas funes e responsabilidades.
Atualmente, o professor responsvel por educar as crianas em diferentes nveis, prepar-las
e form-las como indivduos conscientes, capazes de tomar decises fundamentadas e
informadas para o mundo que os espera. Assim, deseja-se que o professor mobilize um vasto
leque de competncias ora cientficas, tcnicas, pedaggicas, como organizacionais e
relacionais, entre outras.
De acordo com as percees dos(as) entrevistados(as) um(a) educador(a) deve ser:
- Aquele que vai ao encontro das crianas e das suas necessidades, aquele que
motiva e proporciona aprendizagens ativas, aquele que reflete sobre as suas
prticas e aquele que est preparado para modificar e compreender outros
caminhos. (Educador A).
- Aquele que faz com que cada aluno se sinta bem na sala de aula e que
proporciona momentos de aprendizagem a todos e a cada um dos seus alunos,
diariamente. muito importante o saber descer ao nvel dos alunos, simplificar
as aquisies, motiv-los e captar a ateno deles. (Professor F).
Esteve (1991, p. 100), no seu texto intitulado Mudanas Sociais e Funo Docente,
diz-nos que No momento actual, o professor no pode afirmar que a sua tarefa se reduz
apenas ao domnio cognitivo. Para alm de saber a matria que lecciona, pede-se ao professor
que seja facilitador da aprendizagem, pedagogo eficaz, organizador do trabalho de grupo, e
que, para alm do ensino, cuide do equilbrio psicolgico e afectivo dos alunos, da integrao
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
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social e da educao sexual, etc.; a tudo isto pode somar-se a ateno aos alunos especiais
integrados na turma. Pacheco (1995, p. 28) tambm da opinio que Mais do que
implementar um acto de ensino, o professor faz parte de uma edifcio escolar com as suas
normas organizacionais, valores estabelecidos e expectativas criadas. Relaciona-se com
alunos, intra e extraturma, com professores, numa partilha de opinies, num murmurar de
frustraes e numa salvaguarda de individualismo, dilogo com agentes educativos e com
encarregados de educao, responde perante a administrao e insere-se num territrio
educativo. Numa palavra: o professor faz parte de uma cultura de ensino, dando-lhe sentido e
significado a partir do momento em que interioriza e expressa as suas crenas, atitudes e
valores.
A produo de uma cultura profissional dos professores um trabalho longo,
realizado no interior e no exterior da profisso, que obriga a intensas interaces e partilhas. O
novo profissionalismo docente tem de basear-se em regras ticas, nomeadamente no que diz
respeito relao os restantes actores educativos, e na prestao de servios de qualidade. A
deontologia docente tem mesmo de integrar uma componente pedaggica, na medida em que
no eticamente aceitvel a adopo de estratgias de discriminao ou de teorias de
consagrao das desigualdades sociais (Nvoa, 1991, p. 27).
No Decreto-Lei n. 240/2001 so realadas vrias dimenses que se esperam ser
compreendidas pelo educador/professor. No documento anteriormente mencionado
encontram-se explanadas as condies aprovadas do perfil geral de desempenho profissional
do educador de infncia e dos professores do ensino bsico e secundrio. De acordo com o
decreto supracitado, verificamos a existncia de vrias dimenses de anlise. Numa primeira,
denominada dimenso profissional, social e tica, o professor promove aprendizagens
curriculares, fundamentando a sua prtica profissional num saber especfico resultante da
produo e uso de diversos saberes integrados em funo das aces concretas da mesma
prtica, social e eticamente situada. Por sua vez, a segunda dimenso diz respeito ao
desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, ou seja, o professor promove
aprendizagens no mbito de um currculo, no quadro de uma relao pedaggica de qualidade,
integrando, com critrios de rigor cientfico e metodolgico, conhecimentos das reas que o
fundamentam. A terceira dimenso remete para a participao na escola e relao com a
comunidade: espera-se que o professor [exera] a sua actividade profissional, de uma forma
integrada, no mbito das diferentes dimenses da escola como instituio educativa e no
contexto da comunidade em que se insere. A ltima dimenso refere-se ao desenvolvimento
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
19
profissional ao longo da vida. Esta conjetura que o professor [incorpore] a sua formao
como elemento constitutivo da prtica profissional, construindo-a a partir das necessidades e
realizaes que consciencializa, mediante a anlise problematizada da sua prtica pedaggica,
a reflexo fundamentada sobre a construo da profisso e o recurso investigao, em
cooperao com outros profissionais.
O conceito de bom professor ou professor eficaz tem valor num determinado tempo e
num determinado lugar, de acordo com a sociedade e poca. O professor , antes de mais, um
cidado. Deve-se respeitar e reconhecer a sua individualidade, as suas experincias,
aspiraes H que apostar nas dimenses da prtica pedaggica e na sua formao como
pessoa com vista a obter uma formao de qualidade.
Corroborando o acima exposto, Costa & Santos (2005, p. 102) preconizam que A
construo de um profissional da educao comea-se a desenvolver na formao inicial, que
, sem dvida, uma fase importante mas no suficiente para fomentar em plenitude todas as
suas competncias. O crescimento pessoal e profissional do professor deve ser feito ao longo
da vida, tendo em vista o desenvolvimento das suas capacidades de investigao e reflexo,
competncias curriculares e pedaggico-didcticas, valores e atitudes pessoais e relacionais.
Uma das competncias essenciais do professor relaciona-se com a sua capacidade de reflectir
e investigar, com um sentido activo e crtico, visando a modificao e melhoria das suas
prticas.
Ao longo de todo o processo de formao e prtica pedaggica da mxima
importncia a ao de refletir. Dias (2009, p. 32) define: Reflectir significa meditar, cogitar,
ponderar, considerar, absorver-se, pensar; o voltar da conscincia sobre si prpria para
analisar o seu prprio contedo. A reflexo implica a consciencializao do vivido, do
aprendido, do sentido, do experienciado. O professor que reflete pe constantemente prova
o seu trabalho. Ao fazer esta anlise, acaba por ter feedback do trabalho desenvolvido, o que
permite uma constante avaliao e reestruturao da sua prtica. o que se pretende e espera
num profissional, que seja um profissional reflexivo, capaz de dar resposta diversidade de
exigncias com que confrontado na escola atual e do futuro. Dias (2009, p. 32) acrescenta
ainda que a ao de refletir () um processo atravs do qual o individuo (ou um grupo)
pensa sobre uma experincia, ideia, produto de trabalho ou aprendizagem; um olhar para trs,
uma reconstruo que usualmente requer a linguagem e leva a uma reviso baseada no
pensamento. Pressupe questionar o qu, porqu e como uma aprendizagem se efectuou,
implicando uma auto-avaliao na qual o indivduo observa o que realizar da prxima vez
-
Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
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para melhorar, estabelecendo objectivos para o futuro. Adotar uma prtica reflexiva um
caminho para ser um profissional de sucesso, sempre com o objetivo central de promover
aprendizagens que visem o desenvolvimento integral dos alunos enquanto indivduos e
cidados.
Como nos diz Patrcio (2001, p. 238) Educar no ensinar, educar levar ou ajudar o
outro a aprender. O ensino no faz sentido por si. Ensina-se para. Ensina-se o outro para o
desenvolvimento do outro: para o crescimento, a expanso do outro; para o aumento do outro
em ser (). Assim, a funo do professor o de facilitador da aprendizagem. ele que
ajuda o aluno a ver o mundo de modo diferente, de proporcionar experincias que marcaro a
vida do aluno e lhe ficaro na memria. Principalmente nas idades da educao pr-escolar e
de primeiro ciclo, os professores so tidos pelos seus alunos como heris, como o exemplo
e modelos que devem seguir. Os professores baseando-se na coerncia, um princpio a ter
presente desde o incio (entre o que aconselham aos alunos e o que praticam), procuram
incitar bons hbitos, bons costumes nos seus alunos, tendo como funo formar homens bons
e tambm bons cidados. Vayer & Trudelle (1999, p. 34) afirmam que A criana
desenvolve-se, logo aprende, num ambiente. O que significa que o que vemos exprimir-se ou
desenvolver-se diante dos nossos olhos depende, em larga medida, do contexto no seio do
qual vive e age presentemente a criana, um contexto de que o adulto, tanto na famlia como
na classe, faz parte, mesmo quando no intervm na aco da criana.
Com efeito, o professor/educador deve, alm de ensinar conhecimentos especficos,
interagir com aluno e transmitir valores, modos de pensar e de viver em sociedade. Carrolo
(1997, p. 163) corrobora a mesma posio anteriormente tomada, defendendo que A
docncia lida com um dos aspectos mais delicados do ser humano, o carcter. O professor age
junto dos alunos por forma a que eles adquiram hbitos, costumes, valores. Por forma a que
fortaleam o carcter, se tornem pessoas que orientem a sua vida para o bem. A educao
um dos factores de formao da conscincia moral, que se pretende autnoma e livre. O
mesmo autor acrescenta ainda que A dimenso tica da actividade docente, seja no que
respeita ao educador individualmente considerado, seja no que respeita ao conjunto dos
profissionais que exercem a docncia, torna imperioso que a conduta profissional se oriente
por uma tica. Os professores devem agir por referncia a uma deontologia e esta deve ser
uma expresso da autonomia profissional (ibidem, p. 165).
cada vez mais amplo o campo de ao do educador/professor. Atualmente ser
professor e/ou seguir a profisso de docente abarca vrios desafios a vrios nveis. Com
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Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
21
efeito, cada vez mais importante investir numa formao inicial e contnua de qualidade.
Corroborando a opinio de Joyce e Clift (1984), Garca (1999, p. 81) cita os autores
mencionados que nos dizem que o objectivo da formao inicial preparar os candidatos
para: o estudo do mundo, de si mesmo, e do conhecimento acadmico ao longo da sua
carreira; o estudo continuado no ensino superior; participar em esforos de renovao da
escola, incluindo a criao e implementao de renovaes; enfrentar problemas gerais do seu
local de trabalho. A formao inicial dos futuros professores deve ser delineada de modo que
estes possam adquirir as competncias essenciais ao bom desempenho profissional. Assim, a
mesma no deve ser encarada como um treino de tcnicas e mtodos, e sim, como auxlio dos
futuros professores no seu desenvolvimento e autonomia profissional.
3. As expresses no currculo da educao bsica: o incio de um processo
de formao para a vida
O ato educativo um ato complexo com o qual se deseja que o aluno(a)
simultaneamente aprenda a pensar, desenvolva um pensamento autnomo e tenha acesso aos
contedos do mundo cultural ao qual pertence, faa uma aprendizagem de experincia
humana culturalmente organizada. Que esta apropriao seja feita de forma crtica
naturalmente o desejo de uma posio moderna na educao (Zabalza, 1998, p. 167). Esta
perspetiva segue a mesma linha de pensamento de Ferraz (2011, p. 15), quando afirma que
Educar uma das aces que definem a nossa humanidade. O ser humano transcende o seu
status animal atravs da Educao, passa a ser capaz de ir alm dos instintos j que
compreende, re-elabora, reflecte, cria e recria, critica, aprende e capaz de ensinar.
Face complexidade do mundo atual, o professor tem de se manter atualizado e
renovar o seu conhecimento. Queremos com isto dizer que fundamental apostar na sua
formao contnua e permanente, mantendo uma atitude de aprendizagem constante,
questionando e refletindo inmeras matrias e assuntos. S assim, o educador/professor se
manter atualizado e poder dar resposta aos alunos, escola, e prpria sociedade. Na
perspetiva de Roldo (2005, p. 19) () essencial que o professor dos primeiros nveis
tenha um enorme e rigorosssimo saber cientfico. Incluo no saber cientfico o saber slido
sobre as reas de conhecimento que integram o currculo, o saber sobre os seus alunos, sobre
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Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
testemunhos do Educador/Professor
22
os seus modos mltiplos de aprender e sobre o modo de ensinar, constituindo-se como um
todo em aco e no como um somatrio de partes, cujos pesos se adicionam.
Na educao pr-escolar, em particular, os educadores no tm, propriamente, que
obedecer a um currculo definido, como acontece nos restantes nveis de ensino. dada a
autonomia e flexibilidade, aos educadores, para desenharem e organizarem os seus prprios
projetos, tendo em conta os interesses e necessidades das crianas, das famlias, em geral, do
contexto. Comprove-se o exposto com o seguinte excerto da Lei-Quadro n.5/97, de 10 de
fevereiro: A frequncia da educao pr-escolar facultativa, no reconhecimento de que
cabe, primeiramente, famlia a educao dos filhos, competindo, porm, ao Estado
contribuir activamente para a universalizao da oferta da educao pr-escolar (). No
entanto, o Ministrio da Educao elaborou um documento, muito utilizado como orientao,
designado de Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar. Documento este que
constitui () um conjunto de princpios para apoiar o educador nas decises sobre a sua
prtica() (Ministrio da Educao, 1997, p.13).
Alm de A educao pr-escolar [ser] a primeira etapa da educao bsica no
processo de educao ao longo da vida (), de acordo com o princpio geral do artigo 1. da
Lei-Quadro n. 5/97, de 10 de fevereiro, esta deve ser uma etapa integrada e articulada numa
perspetiva de continuidade com os outros ciclos do sistema educativo. A etapa inicial, a
educao pr-escolar, surge como uma preparao base para a criana aprofundar e completar
as aprendizagens nos anos seguintes, ou seja, nesta fase que se criam condies necessrias
para que as crianas ganhem gosto por aprender.
Relativamente ao 1. Ciclo do Ensino Bsico, a Lei n. 49/2005, de 30 de agosto,
refere a universalidade, a obrigatoriedade e gratuitidade da frequncia das crianas na escola,
tendo como exemplo um dos vrios princpios: Assegurar uma formao geral comum a
todos os portugueses que lhes garanta a descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e
aptides, capacidade de raciocnio, memria e esprito crtico, criatividade, sentido moral e
sensibilidade esttica, promovendo a realizao individual em harmonia com os valores da
solidariedade social (ibidem, atrigo 7., alnea a)).
Alm de o 1. Ciclo ser obrigatrio, o mesmo obedece a uma estrutura curricular
sustentada por vrios documentos, entre eles: o Programa do 1. Ciclo do Ensino Bsico e os
Novos Programas de Lngua Portuguesa e de Matemtica. Segundo Zabalza (1994, p. 13), O
Programa traduz o que, em cada momento cultural e social, definido como o conjunto de
conhecimentos, habilidades, valores e experincias comuns desejados por todo um povo. E,
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Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
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na medida em que se apresenta em termos prescritivos, podemos referir-nos a ele como um
conjunto de experincias de aprendizagem por que devem passar todas as crianas de um
sistema escolar. O mesmo autor acrescenta ainda que no considera o programa () uma
imposio, um acto de poder estatal ou centralizador, mas sim como um potencial de
desenvolvimento garantido a todos e a cada um dos sujeitos e grupos sociais de um pas
(ibidem, p. 17).
Acrescentando aos documentos anteriormente referidos, como orientao sustentada
da nossa prtica aquando o momento de estgio, o Currculo Regional da Educao Bsica
(CREB) foi, sem dvida, um documento fundamental. Segundo o documento supracitado A
primeira referncia legislativa a este conceito encontra-se no Decreto Legislativo Regional n.
15/2001/A, que define currculo regional como o conjunto de aprendizagens e competncias
a desenvolver pelos alunos que se fundamentam nas caractersticas geogrficas, econmicas,
sociais, culturais e poltico-administrativas dos Aores. Esta definio significa o
reconhecimento de que o grau de especificidade de determinadas caractersticas desta Regio
insular suficientemente acentuado para que as mesmas sejam tidas em conta nas decises
sobre as aprendizagens a promover nas escolas aorianas (CREB, 2011, p.4). Neste sentido,
o CREB deve ser considerado como um complemento s orientaes oferecidas pelo
Currculo Nacional e pelas Metas de Aprendizagem.
Por sua vez, as Metas de Aprendizagem, para o Pr-Escolar e 1. Ciclo do Ensino
Bsico, foram outro suporte na prtica pedaggica, pois As metas curriculares estabelecem
aquilo que pode ser considerado como a aprendizagem essencial a realizar pelos alunos, em
cada um dos anos de escolaridade ou ciclos do ensino bsico. Constituindo um referencial
para professores e encarregados de educao, as metas ajudam a encontrar os meios
necessrios para que os alunos desenvolvam as capacidades e adquiram os conhecimentos
indispensveis ao prosseguimento dos seus estudos e s necessidades da sociedade atual. ()
Conjuntamente com os atuais Programas de cada disciplina, as metas constituem as
referncias fundamentais para o desenvolvimento do ensino: nelas se clarifica o que nos
Programas se deve eleger como prioridade, definindo os conhecimentos a adquirir e as
capacidades a desenvolver pelos alunos nos diferentes anos de escolaridade1.
Nesta conjuntura, as competncias que se pretenderam desenvolver com as
crianas/alunos foram ao encontro dos documentos at ento mencionados, havendo sempre o
cuidado de respeitar os interesses e ritmo dos alunos. O educador/professor deve saber
1 http://www.dgidc.min-edu.pt/ensinobasico/index.php?s=directorio&pid=4
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articular as exigncias e caratersticas a cada um dos nveis entre o pr-escolar e o 1. ciclo
estabelecendo pontes entre os dois contextos, de modo a promover o desenvolvimento
seguro e coerente da criana. Comprovando a opinio de Rodrigues (2007, p. 134), A
educao no deve continuar a ser vista como um conjunto de degraus a transpor. Importa
desenvolver uma viso de conjunto. Esta viso s pode construir-se com base num esforo de
conhecimento recproco e de envolvimento democrtico. Conhecimento e envolvimento no
apenas dos ciclos educativos e dos docentes, mas de toda a comunidade educativa.
No decorrer do nosso estgio profissional, quer na Educao Pr-escolar, quer no 1.
Ciclo do Ensino Bsico, proporcionmos um conjunto de contedos s crianas, de forma a
que estas pudessem desenvolver, adquirir e aprofundar determinadas competncias, facultadas
pelas vrias atividades desenvolvidas em cada contexto, referentes s diversas reas
curriculares.
Na Prtica Educativa Supervisionada I, no contexto do Pr-escolar, tivemos a
oportunidade de desenvolver e potenciar atividades respeitantes s seguintes reas
curriculares (propostas pelas Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar): a rea
de Expresso e Comunicao, a rea da Formao Pessoal e Social e a rea do
Conhecimento do Mundo. de salientar que a rea de Expresso e Comunicao comporta
os seguintes domnios: o Domnio das Expresses (Motora, Dramtica, Plstica e Musical); o
Domnio da Linguagem Oral e Abordagem Escrita; e, por fim, o Domnio da Matemtica.
Tendo em conta a natureza deste relatrio e os objetivos subjacentes, enfatizar-se- as
reas das Expresses, no descurando nem relativizando as restantes reas do saber.
Assim sendo, e resumindo os princpios presentes nas Orientaes Curriculares, a
rea de expresso e comunicao engloba as aprendizagens relacionadas com o
desenvolvimento psicomotor e simblico que determinam a compreenso e o progressivo
domnio de diferentes formas de linguagem (Ministrio da Educao, 1997, p. 56). Ao
iniciar a educao pr-escolar, a criana j realizou algumas aquisies bsicas nos diferentes
domnios da rea da expresso e comunicao. Estas so o ponto de partida para o educador
favorecer o contacto com as vrias formas de expresso e comunicao, proporcionando o
prazer de realizar novas experincias, valorizando as descobertas da criana, apoiando a
reflexo sobre estas experincias e descobertas, de modo a permitir uma apropriao dos
diferentes meios de expresso e comunicao (ibidem, p. 56). Deste modo, apresentamos, de
seguida, resumidamente, os princpios propostos no documento supramencionado:
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- Expresso motora: Ao entrar na educao pr-escolar a criana j possui algumas
aquisies motoras bsicas (). Tendo em conta o desenvolvimento motor da criana, a
educao pr-escolar deve proporcionar ocasies de exerccio da motricidade global e
tambm da motricidade fina, de modo a permitir que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar melhor o seu prprio corpo (ibidem, p. 57);
- Expresso dramtica: A expresso dramtica um meio de descoberta de si e do outro
(). Na interaco com outra ou outras crianas, em actividades de jogo simblico, os
diferentes parceiros tomam conscincia das suas reaces, do seu poder sobre a
realidade, criando situaes de comunicao verbal e no verbal. () A aco do
educador facilita a emergncia de outras situaes de expresso e comunicao que
incluem diferentes formas de mimar e dramatizar vivncias e experincias das crianas.
() A interveno do educador permite um alargamento do jogo simblico atravs de
sugestes que ampliam as propostas das crianas, criam novas situaes de
comunicao, novos papis e sua caracterizao (ibidem, pp.59-60);
- Expresso plstica: As crianas exploram espontaneamente diversos materiais e
instrumentos de expresso plstica () [isto] implica um controlo da motricidade fina
que a relaciona com a expresso motora ().Valorizar o processo de explorao e
descoberta de diferentes possibilidades e materiais supe que o educador estimule
construtivamente o desejo de aperfeioar e fazer melhor. O desenho, pintura, digitinta
bem como a rasgagem, recorte e colagem so tcnicas de expresso plstica comuns na
educao pr-escolar. A expresso plstica enquanto meio de representao e
comunicao, pode ser da iniciativa da criana ou proposta pelo educador, partindo das
vivncias individuais ou de grupo (ibidem, pp.61-62);
- Expresso musical: A expresso musical assenta num trabalho de explorao de sons e
ritmos, que a criana produz e explora espontaneamente e vai aprendendo a identificar e
a produzir, com base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracterizam os sons
(). A expresso musical est intimamente relacionada com a educao musical que se
desenvolve, na educao pr-escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: escutar,
cantar, danar, tocar e criar (ibidem, pp. 63-64).
No que respeita ao segundo momento do estgio, na Prtica Educativa Supervisionada
II, no contexto do 1. Ciclo, tivemos a oportunidade de desenvolver e potenciar atividades
respeitantes s reas curriculares disciplinares de frequncia obrigatria, a saber: Portugus,
Matemtica, Estudo do Meio e Expresses Artsticas (Plstica, Dramtica, Musical e Fsico-
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Motora). importante salientar que no estgio do 1. Ciclo apoimo-nos no documento
Organizao Curricular e Programas, onde as componentes dos domnios disciplinares so
constitudas por princpios orientadores, objetivos gerais e blocos de aprendizagem, nos
Novos Programas de Portugus e Matemtica, no CREB e nas Metas de Aprendizagem do 1.
Ciclo. Nestes documentos esto presentes princpios orientadores da ao pedaggica, os
quais os professores devero ter em conta.
Um professor do 1. Ciclo do Ensino Bsico () desenvolve o respectivo currculo,
no contexto de uma escola inclusiva, mobilizando e integrando os conhecimentos cientficos
das reas que o fundamentam e as competncias necessrias promoo da aprendizagem dos
alunos (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de agosto). Como foi anteriormente referido, na
base deste trabalho importa focalizar as competncias a desenvolver nas reas das Expresses,
frisando sempre que o intuito no menosprezar as restantes reas, mas sim enfatizar as de
maior interesse para o desenvolvimento das temticas e objetivos do relatrio.
Deste modo, importa explicitar de forma sinttica as competncias a desenvolver nas
reas das Expresses no 1. Ciclo do Ensino Bsico.
Relativamente expresso e educao fsico-motora, que comporta oito blocos,
definido como objetivos gerais:
1. Elevar o nvel funcional das capacidades condicionais e coordenativas (resistncia geral,
flexibilidade, controlo da postura, entre outros);
2. Cooperar com os companheiros nos jogos e exerccios, compreendendo e aplicando as
regras combinadas na turma, bem como os princpios de cordialidade e respeito na relao
com os colegas e o professor;
3. Participar com empenho no aperfeioamento da sua habilidade nos diferentes tipos de
actividades, procurando realizar as aces adequadas com correco e oportunidade
(Ministrio da Educao, 2004, p. 45).
No que concerne expresso e educao musical, Os instrumentos, entendidos como
o prolongamento do corpo, so o complemento necessrio para o enriquecimento dos meios
de que a criana se pode servir nas suas experincias, permitindo ainda conhecer os segredos
da produo sonora. A experimentao e domnio progressivo das possibilidades do corpo e
da voz devero ser feitos atravs de actividades ldicas, proporcionando o enriquecimento das
vivncias sonoro-musicais das crianas (ibidem, p. 73).
De acordo com os princpios orientadores para a expresso e educao dramtica
Pretende-se fundamentalmente que as crianas experimentem, atravs de diferentes meios,
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Captulo II O Ensino das Expresses nos Primeiros Anos da Educao Bsica prticas e
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expressar a sua sensibilidade e desenvolver o seu imaginrio (ibidem, p. 83). Os jogos
dramticos permitiro que os alunos desenvolvam progressivamente as possibilidades
expressivas do corpo unindo a intencionalidade do gesto e/ou palavra, expresso, de um
sentimento, ideia ou emoo. Nos jogos dramticos, as crianas desenvolvem aces ligadas a
uma histria ou a uma personagem que as colocam perante problemas a resolver: problemas
de observao, de equilbrio, de controlo emocional, de afirmao individual, de integrao
no grupo, de desenvolvimento de uma ideia, de progresso na aco (ibidem, p. 83).
Finalmente, na expresso e educao plstica declarado que A manipulao e
experincia com os materiais, com as formas e com as cores permite que, a partir de
descobertas sensoriais, as crianas desenvolvam formas pessoais de expressar o seu mundo
interior e de representar a realidade. () A possibilidade de a criana se exprimir de forma
pessoal e o prazer que manifesta nas mltiplas experincias que vai realizando, so mais
importantes do que as apreciaes feitas segundo moldes estereotipados ou de representao
realista (ibidem, p. 95).
Posto isto, ser pertinente realar que a nossa prtica pedaggica teve como base os
princpios expostos anteriormente, e no s, nos vrios documentos referidos. O realce dado
s reas das Expresses justifica-se pelo facto desta se revelar uma rea plenamente
integradora, em termos curriculares, e ser bastante verstil, em termos prticos, pois fornece-
nos imensas formas de a tratarmos.
Com a Lei de Bases do Sistema Educativo (1986), constituiu-se um quadro de
referncia para o ensino artstico, nomeadamente atravs da implementao de linhas
orientadoras. A importncia atribuda educao e expresso artstica vem salientar o papel
fundamental que estas desempenham no desenvolvimento e formao integral da criana,
especialmente no aperfeioamento das suas capacidades afectivas, ldicas, expressivas,
cognitivas, entre outras (Seara & Silva, 2009, p. 152).
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3.1. As Expresses na Educao Bsica: Testemunhos e percees reais
Embora o ensino das Expresses Artsticas2 seja preconizado pelo Sistema Educativo
e considerado fundamental na educao da criana, continuam a existir profissionais que se
mostram reticentes no seu uso e no sensibilizados quanto s potencialidades dessas reas.
Nunca demais vincar a importncia que as reas das Expresses tm no desenvolvimento
global da criana, sendo, sem dvida, uma mais-valia.
Outrora, a escola dava mais destaque s disciplinas ditas tradicionais, sendo elas o
portugus e a matemtica. Contudo, a escola atual ainda continua a privilegiar uma
aprendizagem baseada na leitura e nos nmeros, deixando de parte o ensino das Expresses,
que continuam muitas vezes desvalorizadas e ausentes do contexto escolar. Corroborando a
mesma ideia, Bucho (2011, p. 32) diz-nos que As actividades ldicas e artsticas so
afastadas do dia-a-dia escolar, em detrimento de actividades mais da era da cincia, das
lnguas, do digital e do convencional.
Importa aferir as causas do descrdito dessas reas e a sua inutilizao, sobretudo, no
1. ciclo do ensino bsico. No entanto, dado valor e reconhecimento s reas das
Expresses, por parte dos(as) entrevistados(as). A saber, de acordo com os(as)
entrevistados(as), existem obstculos de diversas naturezas associados sua implementao,
facto a comprovar com alguns exemplos dos excertos das entrevistas:
Educador A: Eu acho que as expresses so reas indispensveis a vrios nveis.
No desenvolvimento social, pessoal, afetivo Influenciam o modo como se aprende, como se comunica e como se vive o dia a dia.
Educador C: A rea da Expresses extremamente importante na motivao
para as aprendizagens de contedos de outras reas. A ludicidade que
intrnseca s expresses favorece a aprendizagem de contedos mais montonos
e tericos.
Professor F: As expresses so reas potenciadoras do desenvolvimento
equilibrado e harmonioso da criana. Desenvolvem a ateno e concentrao, a
destreza fsico-motora, proporcionam momentos ldicos. Professor 3
Nas opinies dos docentes, acima expostas, depreende-se que os educadores
reconhecem o valor e as potencialidades do ensino das Expresses, achando-as contributrias
e enriquecedoras, tanto no desenvolvimento como na aprendizagem da criana. Segundo
Bucho (2011, p. 27) A ludicidade proporcionada pelos diversos jogos, tcnicas e
metodologias expressivas, poder ser um excelente meio estimulador, incentivador e
2 Entenda-se Expresses Artsticas consumadas em disciplinas como: a Expresso e Educao Dramtica, a
Expresso e Educao Plstica, a Expresso e Educao Musical e a Expresso e Educao Fsico-Motora,
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facilitador de aprendizagens. Alm de proporcionar prazer na sua utilizao, despertando e
estimulando o esprito criativo e imaginativo, permite que a transmisso de contedos tericos
possa ser efectuada de forma diferente, atraente e apelativa.
Contudo, segundo os entrevistados, existem alguns obstculos sua implementao,
associados a diversas naturezas, a comprovar abaixo seguem excertos das entrevistas:
Educador B: Uma das dificuldades , sem dvida, o barulho e a confuso que
estas atividades geram. Outra dificuldade , sem dvida, a falta de materiais.
Educador C: Nos momentos de expresso musical sinto mais dificuldade, porque
no tenho grande voz nem jeito para cantar ().
Professor E: A maior dificuldade poder ser na articulao com as restantes
reas, dado que preciso o docente explorar as vrias valncias possveis para
cada tema, preciso articular com coerncia e pertinncia.
Posto isto, conclui-se, de forma sinttica, que as maiores dificuldades sentidas
implementao das reas de Expresses tem a ver, essencialmente, com duas razes: a
ausncia e falta de recursos materiais; uma formao pouco completa dos recursos humanos,
no que se refere falta de apetncia para desenvolver certas reas e falta de formao e
capacidade do docente potenciar esses momentos.
De acordo com o testemunho do Educador A, () no pr-escolar estamos sempre a
desenvolver, em simultneo, essas reas. Pois as atividades centram-se quase sempre a partir
das expresses e no existe um tempo determinado para cada rea a desenvolver.
Infelizmente, principalmente no 1. Ciclo, as Expresses so associadas como sendo
um recurso ocupao de tempo e entretenimento das crianas, Normalmente, as reas em
questo aparecem ligadas apenas s ocasies festivas, decorao de uma sala, aos teatros e
danas que se fazem pelo Natal, entre outras. Posto isto, uma rea vista como fechada e sem
contributo importante. Sousa (2003a, p. 81) corrobora esta opinio quando nos diz que a arte
em geral considerada como uma perda til de tempo. Nas escolas no h espaos adequados
destinados a estdios de arte, as artes tm pouca ponderao nos currculos da escolaridade
geral e ainda se atribui, nos currculos acadmicos, um certo sentido depreciativo s
disciplinas e aos professores de arte, como se fossem de natureza secundria, - quando
exactamente o contrrio. Neste sentido, tambm, Condessa (2006, p. 15) menciona que Os
dbeis recursos fsicos existentes nas nossas escolas criam na globalidade contextos
desfavorecidos que constrangem o tipo de trabalho a realizar com as crianas quando se trata
de criar com o corpo movimentos de ndole expressiva e ldica.
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Apesar, e como j referido, da Lei de Bases considerar importante a integrao da rea
das expresses artsticas e educao fsico-motora, atualmente, as escolas ainda ficam aqum
no seu uso e considerao.
Como referiu Sousa, no