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X Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM
DISTRIBUIÇÃO BIOMÉTRICA DOS ELEMENTOS XILEMÁTICOS,DAS ESPECIES Qualea paraensis Ducke (Vochysiaceae) e Scleronemamicrantrum Ducke (Bombacaceae)DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Rossana L. F. da Silva (I), Claudete Catanhede do Nascimento (2), Ademir Castro e Silva (3)
(I) Bolsista CNPqIINPA; (2) Pesquisadora INPAlCPPF; (3) Prof. UTAM.
o conhecimento da variabilidade dos elementos celulares na madeira é importante,
uma vez que os usos para cada tipo de madeira estão relacionados, até certo ponto, às suas
características. Além disso, as qualidades da madeira para um determinado propósito são
verificadas pela variabilidade de uma ou mais dessas características as quais afetam sua
estrutura e suas propriedades físicas. Segundo Wilkes (1988) a variação axial da anatomia da
madeira ao longo do tronco é aparentemente menos consistente que a variação radial.
Portanto, a variabilidade das dimensões das células em diferentes níveis do tronco, apresenta
padrões de variação que podem aumentar nos primeiros níveis para logo diminuir nos níveis
seguintes ou vice-versa. Estas variações podem estar indicando uma relação direta ou indireta
entre o tamanho das células e a altura do tronco. Dentre os fatores que influenciam o
crescimento das células, autores como Zimmermann (1964) e Bannam (1967) consideram que
a variação morfológica em uma árvore individual está ligada a dois sistemas primários da
divisão celular: o do câmbio e o dos tecidos diferenciados onde há participação da umidade e
do alongamento das células. Portanto, o presente trabalho objetiva verificar o padrão de
variabilidade longitudinal e radial dos elementos celulares (raios e poros) das árvores de
Qualea paraensis Ducke (Vochysiaceae) e Scleronema micranthum (Ducke) Ducke
(Bombacaceae). As árvores das espécies foram coletadas no Km 140 da BR - 174 Manaus -
Caracaraí. Para cada espécie foram retirados 6 (seis) discos de 10 em de espessura em
diferentes alturas (0%, DAP, 25%, 50%, 75% e 100% do fuste comercial com exceção da S.
micranthum no DAP). De cada disco foi retirado uma amostra no sentido radial, levando em
consideração a distância da medula à casca, e esta subdividida em 4 (quatro) subamostras com
2 x 2 x 3 em para obtenção dos corpos de prova dos quais, retirou-se alguns fragmentos para
serem macerados e o restante para fazer os cortes histológicos seguindo recomendações da
Comission Panamericana de Normas Técnicas - COPANT (1973). A figura 1 mostra a
variabilidade do comprimento e largura dos elementos de vasos e a freqüência destes e dos
raios ao longo das espécies estudadas. De um modo geral a variação do comprimento do
elemento de vaso no sentido radial mostra um padrão decrescente similar entre as espécies
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onde próximo a medula apresentam-se maiores do que aqueles próximo a casca. De um modo
geral as flutuações no comprimento dos elementos de vasos no sentido radial são maiores na
Mandioqueira. Ao longo das árvores observou-se um padrão similar àquele do sentido radial,
onde os elementos na base são maiores do que no ápice. Em relação à largura desses
elementos verificou-se uma mesma tendência inicial em crescer até um certo ponto quando
então decresce em direção a casca. O Cardeiro apresenta elementos mais largos do que os da
Mandioqueira. No sentido longitudinal o comportamento apresenta-se similar a partir da
posição de 50% onde observa-se uma certa consistência nos valores médios da duas espécies.
A freqüência dos poros por milímetro quadrado nas duas espécies apresenta valores similares
no sentido medula-casca com um padrão decrescente. Por outro lado, a freqüência dos raios
mostra um padrão radial linear para as duas espécies. A espécie Mandioqueira, entretanto,
apresenta uma maior quantidade de raios por milímetro linear. No sentido longitudinal existe
um padrão decrescente a partir da base em direção ao ápice. A análise dos valores das quatro
variáveis em cada posição mostrou que o valor médio para largura e o comprimento dos
elementos de vaso diferem de cada posição em torno 0,26% a 18%. De um modo geral os
padrões observados no presente estudo são similares àqueles observados por outros autores.
Castro e Silva (1992), por exemplo, encontrou um padrão semelhante para os elementos de
vasos das espécies de Saccoglotis guianensis Benth. e Andira parviflora Ducke crescendo nos
arredores de Manaus. Athayde (2000) também encontrou este mesmo comportamento para a
espécie de Hymeneaea courbaril nativa e em plantio de 9-12 anos. Seixas (1999) e Tavares
(2000) encontraram resultados semelhantes quando estudaram as espécies Simarouba amara
Aubl e Iryanthera tricornis Warb coletadas na Amazônia Central. Conclui-se, portanto, que o
padrão de variação dos elementos de vaso e raios em árvores tropicais pode apresentar-se
similar independente de idade e do habitat de crescimento. Havendo, entretanto, necessidade
de maiores estudos com um maior número de diferentes espécies da Amazônia.
Atayde, C. M. 2000. Parâmetros anatômicos e tecnológicos de três espécies do gênero
Hymenaea L. em estado nativo e cultivado na Amazônia central. Dissertação de mestrado,
INPAlFUA. 81p.
Bannan, M.W. 1967. Anticlinal divisions and cell length in conifer cambium. For Prod. J.,
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2 3 4
Medula Casca
I-+- Cardeiro - Mandioqueira
(A)
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2 3 4
Medula Casca
I-+- Cardeiro - Mandioqueira
(C)
2 3 4
Medula Casca
I-+- Cardeiro - Mandioqueira
(E)
0% DAP 25% 50% 75% 100%
I-+- Cardeiro - Mandioqueira
(B)
Ê 3002-~ 200:J01
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0% DAP 25% 50% 75% 100%
I-+- Cardeiro - Mandioqueira I(D)
2 3. 4
Medula Casca
I-+- Cardeiro - Mandioqueira
(F)
Figura I - Padrão de variação dos elementos xilemáticos estudados. Comprimento do elemento de vaso nosentido radial (A) e ao longo da árvore (B). Largura do elemento de vaso no sentido radial (C) e aolongo da árvore (D). Freqüência dos poros (E) e raios (F) no sentido radial.
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