Distúrbios Da Tireoide e Doenças Hepáticas

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DISTÚRBIOS DA TIREOIDE E DOENÇAS HEPÁTICAS PAMELA CRISTINA DE SOUSA GUARDIANO REIS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA GOIÂNIA, 2013

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DISTÚRBIOS DA TIREOIDE E DOENÇAS HEPÁTICAS

PAMELA CRISTINA DE SOUSA GUARDIANO REIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

GOIÂNIA, 2013

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• Glândula localizada no pescoço – anterior à traqueia

• Produção hormônios: T3 e T4 – a partir do aa tirosina e do iodo – estímulo TSH (mecanismo de retroalimentação no eixo hipotálamo-hipófise-tireoide)

• Efeitos: – Aumento da taxa metabólica

– Estímulo mobilização de gorduras

– Promoção síntese proteica

• Alterações = efeitos sistêmicos

• Processos autoimunes: – Hipotireoidismo (destruição gandular)

– Hipertireoidismo (produção excessiva)

Figura 1. Localização tireoide

*feedback

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• 4 % da população mundial

• Brasil: – 0,7% hipertireoidismo – 5,7% hipotireoidismo

• Prevalência: 0,1 a 2%, mulheres

• Causas: – Deficiência de iodo: mais comum de hipotireoidismo

– Doenças autoimunes (tireoidite de Hashimoto) e aspectos

iatrogênicos

– Doença de Graves: hipertireoidismo • 2% mulheres (10 vezes menor em homens)

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• Fisiopatologia hipotireoidismo:

– Redução gradual da função glandular – fase de compensação (hipotireoidismo subclínico) – níveis normais T3 e T4 e elevação TSH

– Diminuição T4 e mais aumento de TSH (hipotireoidismo clínico ou franco)

*Sinais: pele seca e áspera, queda de pelos, mixedema, bradicardia, síndrome do túnel do carpo Sintomas: cansaço, fraqueza, frio, constipação, ganho de peso, inapetência, dispneia, menorragia

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• Doença de Graves: quadro clínico depende da intensidade, duração susceptibilidade individual e idade

• Sinais: taquicardia, bócio, pele quente e úmida, fraqueza muscular, miopatia proximal e exoftalmia

• Sintomas: hiperatividade, irritabilidade, intolerância ao calor, sudorese, diarreia e oligomenorreia)

• Hipermetabolismo: entretanto fraqueza generalizada

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• Terapia medicamentosa:

– Tratamento clássico hipo: tiroxina sintética (levotiroxina) • Efeito adverso: hipertireoidismo pelo excesso da quantidade

administrada • Monitoramento níveis de TSH: a cada 4 – 6 semanas após início • Objetivo: reestabelecer níveis de TSH e obter melhora dos

sintomas

– Tratamento hiper: • Redução da síntese de hormônio tireoidiano (propiltireouacil,

carbimazol, metimazol) ou de tecido tireoidiano ( terapia com radioiodo ou tireoidectomia subtotal)

• Betabloqueadores: comum nos estágios iniciais no controle dos sintomas

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– Levotiroxina: em geral não causa efeitos colaterais

– Tratamento medicamentoso pode melhorar desempenho durante exercício

– Indivíduos com hipo subclínico: diminuição da reserva carddiopulmonar com melhora após uso levotiroxina (MAINENTI et al)

– Indivíduos com hiper: menor desempenho durante exercício – tratamento com tionamidas (efeito controverso) (MAINENTI et al)

– Betabloqueadores: efeitos adversos de intensidade leve

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• Prescrição de exercícios físicos:

– Pré-participação: avaliação capacidade cardiovascular (prevenção morte súbita)

• Indivíduos com hiper: alterações não representaram contraindicação

• Hiper: menor força e endurance musculares (considerável na prescrição de exercícios com peso)

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– Exercício Aeróbico:

• Benefícios indivíduos com hipo subclínico: – Aumento da dilatação mediada pelo fluxo

– Aumento VO2 máximo

– Diminuição da proteína C-reativa

– Não exerce efeito direto sobre níveis hormonais (diferente de indivíduos saudáveis)

– Exercícios aeróbicos + dieta: não promoveu melhora na sensibilidade a insulina nesses indivíduos

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– Exercício Aeróbico:

• Indivíduos com hipertireoidismo: – Menor desempenho durante teste cardiopulmonar

– Diferente hiper: VO2 máximo, duração do teste e limiar anaeróbico = grupo controle

– Exercícios com pesos:

• Eficácia na recuperação da função muscular esquelética (indivíduos com hiper)

• 16 semanas de exercícios com peso + medicamento = aumento de força e endurance com associação e ganho de massa muscular (BOUSQUET-SANTOS et al)

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– Exercícios com pesos: • Diminuição da força muscular + queixas neuromusculares

(indivíduos com hipotireoidismo subclínico) (REUTERS et al)

• Em idosos: força máxima para extensão e flexão do joelho – semelhantes entre eutireoideo e com hipotireoidismo subclínico (REUTERS et al)

– Exercícios de flexibiidade: • Pouca informação disponível

• Redução nos níveis de T3 e IGF-I após 3 dias de treino intenso em ginastas – alta incidência de osteopatias com desenvolvimento tardio induzido pelo exercício (JAHREIS et

al)

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• Considerações finais:

– Conhecimento dos efeitos exercício sobre

distúrbios da tireoide é raro

– Tratamento medicamentoso: melhora sinais e sintomas

– Exercício regular parece auxiliar na recuperação das funções respiratórias e musculares

– Necessidade de estudos complementares com diferentes modalidades

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DOENÇAS HEPÁTICAS

• Aumento da prevalência de obesidade – relação com doenças hepáticas

• Doença hepática gordurosa não-alcoólica (NAFDL)

• Risco: 20 – 30% da população adulta

• Fraqueza e fadiga muscular – descondicionamento físico

*Termo clínico para caracterizar diversas situações fisiopatológicas: esteatose; esteato-hepatite não-alcoólica (NASH); carcinoma hepatocelular

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DOENÇAS HEPÁTICAS

• Aumento da prevalência de obesidade – relação com doenças hepáticas

• Doença hepática gordurosa não-alcoólica (NAFDL)

• Risco: 20 – 30% da população adulta

• Fraqueza e fadiga muscular – descondicionamento físico

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DOENÇAS HEPÁTICAS

• Prevalência: 20 – 30% da população, inclusive países desenvolvidos

• 2 - 3% população mundial: NASH (consequências da NAFDL)

• 65 – 75%: IMC acima de 30 kg/m2

• 86 – 90%: IMC acima de 35 kg/m2

• 35,2% idosos e meia-idade DF: NAFDL

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• Fisiopatologia:

– Aumento da gordura corporal: preditor para resistência à

insulina e presença de gordura ectópica (fígado e músculo esquelético)

– Dieta rica em lipídeos: fator de risco para esteatose (60% da gordura hepática provém da gordura circulante)

– Causa esteatose hepática: aumento [TAG hepático] – dieta e tecido adiposo; lipogêses hepática; beta-oxidação e síntese e liberação de VLDL hepática

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• Fisiopatologia:

– Indivíduos obesos com NAFLD: ácidos graxos livres oriundos do tecido adiposo – maiores contribuintes para esteatose (DONNELY et al)

– Estratégias que reduzam quantidade de gordura corporal – possibilidade de redução da esteatose e melhora clínica da NAFLD

– Associação entre esteatose e inflamação crônica - NF-kB

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• Terapia Medicamentosa:

– Nenhum medicamento ou tratamento cirúrgico com eficácia comprovada

– Metformina: melhora resistência à insulina pela redução da produção de glicose hepática e aumento da captação de glicose pelo músculo esquelético • Efeitos colaterais: diarreia, náusea, vômito, desconforto,

acidose lática e anemia megaloblástica – desequilíbrio na utilização da glicose hepática e muscular

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• Terapia Medicamentosa:

– Tiazolidinodionas (TZDs): resistência à insulina e melhora na ação da insulina nos tecidos hepático, esquelético e adiposo – redução fatores de risco NAFDL • Efeitos colaterais: insuficiência cardíaca congestiva,

edema periférico (casos mais avançados edema pulmonar), aumento da massa corporal e fraturas ósseas

• Benefícios: superior aos efeitos colaterais

– Vitaminas E e C: eficazes

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• Prescrição de exercícios:

– Avaliação pré-participação: recomendações para portadores da síndrome metabólica

– Mais de 2 fatores de risco cardiovascular: recomendação de avaliação do VO2 máximo com eletro e supervisão médica – prescrição de exercícios

– Composição corporal: protocolos baseados nos perímetros corporais

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• Prescrição de exercícios:

– Acompanhamento da redução da adiposidade:

(compartimentalização dos tecidos) densitometria óssea, tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear

• Bioimpedanciometria (facilidade de aplicação e baixo custo)

– Avaliação de força: teste de repetição máxima (IRM) após

ambientação e aprendizado

– Presença de esteatose: determinação do perfil ipídicos e marcadores da função hepática (GGT e ALT)

• IAH: marcador interessante

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• Prescrição de exercícios:

– Exercícios Aeróbicos: • Resultados positivos: associação entre perda de peso

induzida pelo exercício e melhora da deposição de gordura e da função hepática

• American College of Sports Medicine: – Modesta redução da massa corporal (2 – 3 kg) com tempo de

exercício inferior a 150’/semana (1200 a 2000 kcal/semana)

– 5 – 7,5 kg tempo de 225’ – 400’/semana (1800 – 3300 kcal/semana)

• Geral: 30’ de 3 – 5 vezes/semana; intensidade moderada (55 – 70% FC máx) para redução de peso

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– Exercícios Aeróbicos: • Restrição calórica + exercício = melhores capacidade

aeróbica, sensibilidade insulina, LDL e PA

• Necessidade de estudos clínicos direcionados para NAFDL: adequada definição de intensidade e frequência

– Exercício com Pesos:

• Não existem evidências específicas NAFDL

• Intensidade progressiva: manejo de comorbidades associadas à obesidade (resistência à insulina)

– Série de 9 exercícios e 85 – 90% IRM: estímulo suficiente para evitar aumento da massa corporal em indivíduos jovens com sobrepeso

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– Exercícios com pesos: • Recomendados exercícios para os grandes grupamentos

(leg press, supino, puxada alta, voador invertido, desenvolvimento, agachamento): maior gasto calórico e elevação TMB

• Série de 8 – 12 repetições máximas, 5 – 7 exercícios diferentes aumentando tanto o número de séries quanto de exercícios

• Maior endurance muscular: séries mais longas (até 25 repetições)

• Observar postura, execução e respiração

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– Exercícios de flexibilidade: • Sem evidências disponíveis: inclusão deve ser feita para

contribuir com melhora do quadro geral de saúde

• Podem melhorar desempenho nos demais

• Sensação de desconforto em relação à dor (20’’): determinação da intensidade adequada

• Mínimo 10’ envolvendo (pescoço, ombros, coluna, pelve, quadril e pernas) com 4 ou mais repetições por grupo, no mínimo 2 – 3 vezes/semana

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DOENÇAS HEPÁTICAS

– Exercícios em ambiente aquático:

• Ratos e camundongos com dieta rica em gordura

submetidos à natação: superioridade do exercício intermitente (maior intensidade relativa pelo fracionamento)

• Não há trabalhos com hidroginástica ou caminhada aquática: podem ser úteis pela menor sobrecarga articular em indivíduos com sobrepeso

• Natação: necessidade da experiência prévia – evitar exercício intervalado de intensidade vigorosa e curta duração

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• Considerações finais:

– Exercício físico + dieta: fundamentais no tratamento

– Conceito indivíduo “fit and fat” : considerável – exercício benéfico mesmo sem redução de massa adiposa

– Modificação do estilo de vida: melhores testes de função hepática e redução da esteatose (redução do IMC entre 6,5 e 10%)

– Redução peso maior que 7%: eficaz melhora da esteatose, dos marcadores inflamatórios e dos fatores de risco para desenvolver doença hepática e melhor sensibilidade à insulina

– Mais estudos: diferentes grupos e formas de tratamento

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OBRIGADA!