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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto de Biologia Departamento de Genética DIVERSIDADE METAGENÔMICA MICROBIANA DE DE BIOMAS TERRESTRES E MARINHOS THIAGO BRUCE RODRIGUES Rio de Janeiro, agosto de 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Biologia

Departamento de Genética

DIVERSIDADE METAGENÔMICA MICROBIANA DE

DE BIOMAS TERRESTRES E MARINHOS

THIAGO BRUCE RODRIGUES

Rio de Janeiro, agosto de 2011

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Biologia

Departamento de Genética

Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Genética)

DIVERSIDADE METAGENÔMICA MICROBIANA DE

DE BIOMAS TERRESTRES E MARINHOS

Thiago Bruce Rodrigues

Tese submetida ao curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas

(Genética), como parte dos requisitos para a obtenção de grau de

Doutor em Ciências Biológicas (Genética)

Orientador: Dr. Fabiano L. Thompson

Rio de Janeiro, agosto de 2011

Dedico este trabalho à minha Vó, D. Wilma

iv

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

-Fernando Pessoa

v

AGRADECIMENTOS

À minha Família, por tudo.

Ao Dr. Fabiano L. Thompson pela oportunidade, parceria e ensinamentos.

Ao Programa de Pós Graduação em Genética.

À Giselle Bussi pelo amor e compreensão.

Aos Colegas do Laboratório de Microbiologia da UFRJ pelos anos de convivência.

Ao Dr. Ricardo Kruger, Alinne Castro e Alessandra Reis pela colaboração na construção das

bibliotecas da Mata Atlântica.

Ao Dr. Nei Pereira e Roberto Maeda pela ajuda com as atividades celulolíticas.

Ao Dr. Robert Edwards e Dra. Elizabeth Dinsdale pela oportunidade e por disponibilizar uma

das plataformas de sequenciamento da San Diego State University.

A Dra. Marina Paez e os alunos Paulo Dick e Felipe Vega pela ajuda nas análises estatísticas.

Á Dra Ana Carolina Vicente, Dr. Allen Hagler e Dra Ana Coelho que compuseram a banca do

meu exame de qualificação.

À Direção do Parque Nacional da Serra dos Órgãos por possibilitar o acesso ao parque.

À Direção do Parque Marinho de Abrolhos por possibilitar o acesso ao parque.

Aos senhores membros da banca.

Ao CNPQ pelo apoio financeiro.

A todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta durante toda minha formação

acadêmica.

vi

RESUMO

A aplicação de métodos independentes de cultivo para o estudo da diversidade microbiana nos

últimos 20 anos mostrou que parcela significativa da diversidade não é recuperada em meios

de cultura. Cerca de 325 Mb de dados (aproximadamnete 800 mil sequências) foram

analisados neste trabalho. Mais de 700 mil sequências são oriundas de biomas brasileiros.

Este trabalho representa o estudo com maior número de sequências da microbiota Brasileira já

realizado. Quatro estudos sucessivos e complementares foram realizados: (1) Diversidade de

comunidades do bacterioplâncton das águas costeiras da América Latina foi caracterizada

através de pirosequenciamento da região hipervariável V6 do gene RNA 16S a partir de

bibliotecas de amplicons; (2) Diversidade taxonômica e funcional da microbiota planctônica

dos sistemas de recifes de corais do Banco de Abrolhos foi caracterizada através de

pirosequenciamento a partir de bibliotecas de fragmentos aleatórios (método shotgun); (3)

Diversidade de comunidades bacterianas do solo da Mata Atlântica foi caracterizada através

do sequenciamento de fragmentos do gene rRNA 16S e (4) Potencial biotecnológico da

microbiota do solo da Mata Atlântica foi demonstrado através da construção de biblioteca

metagenômica de pequenos insertos (10 Kb) para triagem funcional de clones com atividade

celulolítica. Além disso, foi apresentado um panorama acerca da utilização de métodos

independentes de cultivo para caracterização da diversidade microbiana de ecossistemas

tipicamente brasileiros. Desta forma, foi possível determinar a assinatura microbiana de

diferentes ecossistemas. Os resultados mostram a existência de gradiente latitudinal de

diversidade do bacterioplâncton ao longo da costa da América latina, com predomínio de

organismos cosmopolitas pertencentes a grupos taxonômicos conhecidos (Ex. SAR 11,

Acinetobacter e Flavobacteraceae) e uma pequena fração endêmica, sendo que o maior

endemismo ocorreu em localidades brasileiras. A partir dos resultados obtidos foi possível

concluir que as sequências da região V6 do gene rRNA 16S permitiram a caracterização de

vii

um gradiente latitudinal de diversidade ao longo da costa da América Latina. Já o segundo

estudo, focado na compreensão da diversidade microbiana do Banco de Abrolhos, mostrou

que os recifes protegidos apresentam menor abundância de Arquéias, vírus, patógenos

humanos e patógenos marinhos como os vibrios. As áreas protegidas apresentam maior

contribuição de organismos autotróficos. Foi possível identificar diferentes níveis de

degradação dos recifes do Banco de Abrolhos. Portanto, os metagenomas refletem a tendência

de degradação da região do Banco de Abrolhos, sugerindo que os metagenomas podem ser

usados no monitoramento da saúde recifal. A análise DNA metagenômico da microbiota da

Mata Atlântica permitiu a caracterização de grupos taxonômicos dominantes como

Acidobacteria e Proteobacteria no solo. A estimativa do número de espécies por grama de

solo é de aproximadamente 1500 espécies. Grande número de sequências não classificadas

(Aprox. 15%) reforça a idéia da existência de espécies e filos novos para serem caracterizados

e o potencial da Mata Atlântica para bioprospecção. Estes dados demonstram que existe um

vasto repertório genético que apresenta potencial biotecnológico, mas ainda não foi

completamente explorado. A construção de uma biblioteca metagenômica (aproximadamente

40.000 clones) permitiu a triagem funcional de clones com atividade celulolítica (FPásica e

CMCásica. 20 U/L e 100 U/L, respectivamente), semelhante a observada em isolados

ambientais. Este trabalho de doutoramento. O solo da Mata Atlântica brasileira representa

uma vasta fonte de novas espécies de bactérias com potencial para exploração biotecnológica.

A comparação da diversidade de diferentes ecossistemas evidencia que a microbiota de

biomas terrestres e marinhos é diferente e particular de cada ecossistema.

viii

ABSTRACT

The application of culture independent methods for the study of microbial diversity in the last

20 years has disclosed a unknown majority that not yet was recovered by using of culture

media. About 325 Mb of data (about 800 thousands of sequences) were analyzed in this thesis

(200 Mb correspond to sequences generated in this work). More than 700000 sequences

belonging to Brazilian biomes were analyzed. This work represents the study with the larger

number of sequences of Brazilian microbiota already carried out. Four complementary and

successive studies were performed: (1) Bacterioplankton communities diversity along coastal

waters of Latin America was characterized by means of V6 tag pyrosequencing from

amplicon libraries; (2) Taxonomic and functional diversity of aquatic microbiota of Abrolhos

Bank was characterized through pyrosequencing of shotgun libraries; (3) Microbial

community diversity of Atlantic Forest soils was characterized through rRNA 16S clone

libraries sequencing and (4) Biotechnological potential of microbiota of Atlantic Forest soils

was demonstrated through of a small fragments metagenomic library (10 Kb) for functional

screening of clones with cellulolytic activity. Moreover, an overview on the culture

independent methods for characterization of microbial diversity from typically Brazilian

ecosystems was presented. In such a way, it was possible to determine the microbial signature

of different Brazilian ecosystems. Results showed a latitudinal gradient of diversity for

bacterioplakton communities along Latin America coast with predominance of cosmopolite

organisms belonging to known taxonomic groups (ex. SAR 11, Acinetobacter,

Flavobacteraceae and others) and a small endemic fraction, with higher endemism in

Brazilian samples. The Abrolhos Bank metagenomes showed that protecting reefs present

minor abundance of Archaea, viruses, human patogens and marine patogens as Vibrios and

ix

the protecting areas present greater contribution of autotrophic organisms. It was possible to

identify different degradation levels of Abrolhos reefs. Metagenomes reflected the trend of

degradation of Abrolhos Bank region, suggesting that the metagenomes can be used in the

monitoring of reef health as early warning tool. The strategies based on cloning of the

metagenomic DNA of Atlantic Forest soils allowed the characterization of dominant

taxonomic groups as Acidobacteria and Proteobacteria. The estimate species number per

gram of soil was approximately 1500 species. A great number of unclassified sequences

(approx 15%) reinforce the existence of many species and phyla not yet characterized. These

data demonstrate a vast genetic repertoire that presents biotechnological potential, but not

duly was explored. The construction metagenomic library contend approximately 40000

clones allowed the functional screening of clones with celullolyitic activity (FPásica and

CMCásica; 20 U/L and 100 U/L, respectively), with similar measures observed for

environmental isolates. Brazilian Atlantic Forest soils represent a vast source of new bacteria

with potential for biotechnological exploration. The comparison of microbiotas of different

ecosystems shows that each ecosystem has a typical microbial composition.

x

SUMÁRIO

1. Introdução ...................................................................................................................................................... 1

1.1 Origem da diversidade genética .............................................................................................................. 2

1.1.1 O DNA detem a informação .......................................................................................................... 2

1.1.2 Principais mecanismos de evolução molecular em procariotos ................................................... 4

1.1.2.1 Mutação .................................................................................................................................... 4

1.1.2.2 Duplicação gênica ..................................................................................................................... 5

1.1.2.3 Transferência horizontal de Genes ........................................................................................... 6

1.2 Abordagens de estudo em diversidade microbiana .............................................................................. 10

1.2.1 Métodos dependentes de cultivo ............................................................................................... 10

1.2.2 Métodos independentes de cultivo ............................................................................................ 13

1.2.2.1 Metagenômica ........................................................................................................................ 13

1.2.2.1.1 Análise baseada em função ................................................................................................ 15

1.2.2.1.2 Análise baseada em sequências ......................................................................................... 17

1.2.2.1.3 Desafio computacional ....................................................................................................... 19

1.2.2.1.4 Pirosequenciamento........................................................................................................... 21

1.2.3 Medidas de diversidade .............................................................................................................. 25

1.2.3.1.1 Riqueza de espécies ............................................................................................................ 25

1.2.3.1.2 Índices de diversidade ........................................................................................................ 27

1.2.3.1.3 Estimadores de diversidade ............................................................................................... 27

1.3 Os microrganismos no meio ambiente .................................................................................................. 29

1.3.1 Microbiota aquática e a saúde ambiental ................................................................................... 31

1.3.2 Microbiota terrestre e seu potencial biotecnológico .................................................................. 35

1.4 Biodiversidade ....................................................................................................................................... 40

1.4.1 Biomas aquáticos: zona costeira ................................................................................................. 42

1.4.1.1 Manguezais e lagoas ............................................................................................................... 44

1.4.1.2 Sistemas recifais ...................................................................................................................... 48

1.4.2 Bioma terrestre: o solo da Mata Atlântica .................................................................................. 53

1.4.2.1 Características do solo ............................................................................................................ 54

1.4.2.2 A Mata Atlântica ..................................................................................................................... 57

2. Objetivos ....................................................................................................................................................... 60

2.1 Objetivo geral ........................................................................................................................................ 60

xi

2.2 Objetivos específicos ............................................................................................................................. 60

3. Materiais e métodos ..................................................................................................................................... 61

3.1 Gradiente latitudinal de diversidade do bacterioplâncton da costa da América latina ........................ 61

3.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metagenômica ................................................ 63

3.2.1 Área de estudo e coleta .............................................................................................................. 64

3.2.2 Extração do DNA metagenômico da água do mar ...................................................................... 66

3.2.3 Pirosequenciamento dos metagenomas do Banco de Abrolhos ................................................ 66

3.2.3.1 Purificação e quantificação do DNA metagenômico .............................................................. 67

3.2.3.2 Preparação de bibliotecas pelo método shotgun ................................................................... 67

3.2.3.3 Quantificação e checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas ........................... 68

3.2.3.4 Reação em cadeia da polimerase em emulsão (em-PCR) ....................................................... 68

3.2.3.5 Quebra da emulsão (break emulsion)..................................................................................... 68

3.2.3.6 Enriquecimento (Enrichment)................................................................................................. 69

3.2.3.7 Preparação e sequenciamento ............................................................................................... 69

3.2.4 Análises Computacionais dos metagenomas da água dos recifes do Banco de Abrolhos .......... 69

3.2.4.1 Filtragem das sequências de baixa qualidade ......................................................................... 70

3.2.4.2 Anotação dos metagenomas pela tecnologia de subsistemas ............................................... 70

3.2.4.3 Análises comparativas ............................................................................................................ 71

3.3 Diversidade Microbiana do solo da Mata Atlântica............................................................................... 73

3.3.1 Área de estudo e coleta .............................................................................................................. 73

3.3.2 Construção de bibliotecas de rDNA 16S das comunidades microbianas dos solos do PARNASO75

3.3.2.1 Extração do DNA metagenômico ............................................................................................ 75

3.3.2.2 Amplificação do gene rRNA 16S.............................................................................................. 75

3.3.2.3 Clonagem dos genes rRNA 16S ............................................................................................... 76

3.3.2.3.1 Sistema de ligação .............................................................................................................. 77

3.3.2.3.2 Preparação de células eletrocompetentes ......................................................................... 77

3.3.2.3.3 Transformação .................................................................................................................... 78

3.3.2.4 Montagem das bibliotecas e estocagem dos clones .............................................................. 78

3.3.2.4.1 Confirmação dos clones ..................................................................................................... 78

3.3.2.4.2 Extração plasmidial em placa ............................................................................................. 79

3.3.2.5 Sequenciamento dos clones ................................................................................................... 79

3.3.2.6 Análises Computacionais de Sequências do gene rRNA 16S do solo da Mata Atlântica ........ 79

3.3.2.6.1 Filtragem de sequências ..................................................................................................... 80

3.3.2.6.2 Estrutura das comunidades microbianas (classificação taxonômica) ................................ 80

3.3.2.6.3 Estimativa de riqueza e diversidade ................................................................................... 81

3.3.2.6.4 Análises filogenéticas ......................................................................................................... 83

xii

3.3.3 Construção da biblioteca metagenômica de médios insertos .................................................... 84

3.3.3.1 Extração e purificação do DNA metagenômico ...................................................................... 84

3.3.3.2 Preparação do vetor de clonagem pCF430 ............................................................................. 85

3.3.3.3 Preparação dos médios insertos ............................................................................................. 85

3.3.3.4 Análise funcional da Biblioteca Metagenômica do solo da Mata Atlântica ............................ 86

3.3.3.4.1 Triagem de clones com atividade celulolítica ..................................................................... 87

3.3.3.4.2 Determinação da atividade celulolítica .............................................................................. 87

3.3.3.4.2.1 Curva de crescimento................................................................................................... 87

3.3.3.4.2.2 Atividade FPásica (celulose total)................................................................................. 88

3.3.3.4.2.3 Atividade CMCásica (endoglucanásica) ........................................................................ 88

3.3.3.4.2.4 Atividade β-glicosidásica .............................................................................................. 88

3.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros .................................................................................... 88

4. Resultados e discussão ................................................................................................................................. 90

4.1 Diversidade da comunidade de bacterioplâncton ao longo de uma gradiente latitudinal na costa da

América Latina por meio de pirosequenciamento da região V6....................................................................... 90

4.1.1 Resultados ................................................................................................................................... 90

4.1.2 Discussão ................................................................................................................................... 104

4.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metagenômica .............................................. 108

4.2.1 Resultados ................................................................................................................................. 108

4.2.2 Discussão ................................................................................................................................... 124

4.3 Diversidade das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica e o seu potencial

biotecnológico ................................................................................................................................................. 130

4.3.1 Resultados ................................................................................................................................. 130

4.3.1.1 Diversidade da das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica........................ 130

4.3.1.2 Potencial biotecnológico do DNA metagenômico do solo da Mata Atlântica ...................... 142

4.3.2 Discussão ................................................................................................................................... 146

4.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros .................................................................................. 152

4.4.1 Resultados ................................................................................................................................. 152

4.4.2 Discussão ................................................................................................................................... 167

4.4.2.1 Diversidade microbiana nos biomas terrestres .................................................................... 168

4.4.2.2 Diversidade microbiana em ambientes marinhos ................................................................ 172

4.4.2.3 Diversidade microbiana em áreas urbanas costeiras ........................................................... 173

4.4.2.4 Perspectivas .......................................................................................................................... 178

5. Conclusões .................................................................................................................................................. 179

5.1 Conclusões gerais ................................................................................................................................ 179

5.2 Conclusões específicas ........................................................................................................................ 179

xiii

5.2.1 Diversidade da comunidade de bacterioplâncton ao longo de uma gradiente latitudinal na

costa da América Latina por meio de pirosequenciamento da região V6 .................................................. 179

5.2.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metageômica ....................................... 180

5.2.3 Diversidade das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica e o seu potencial

biotecnológico ............................................................................................................................................ 181

5.2.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros ........................................................................ 182

6. Referências Bibliográficas ........................................................................................................................... 184

7. ANEXOS ....................................................................................................................................................... 214

7.1 Anexo 1. Métodos ............................................................................................................................... 214

7.1.1 Pirosequenciamento dos metagenomas do Banco de Abrolhos .............................................. 214

7.1.1.1 Extração do DNA realizada no interior do Sterivex ............................................................... 214

7.1.1.2 Purificação do DNA metagenômico ...................................................................................... 215

7.1.1.3 Preparação das bibliotecas pelo método shotgun................................................................ 216

7.1.1.3.1 Preparação de esferas magnéticas ................................................................................... 218

7.1.1.3.2 Ligação do DNA as esferas ................................................................................................ 218

7.1.1.3.3 Quantificação e checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas ..................... 219

7.1.1.4 Reação em cadeia da polimerase em emulsão (em-PCR) ..................................................... 219

7.1.1.4.1 Preparação do óleo para emulsões .................................................................................. 220

7.1.1.4.2 Mock Amplification Mix e pré-emulsões .......................................................................... 220

7.1.1.4.3 Preparação do Live Amplification Mix .............................................................................. 220

7.1.1.4.4 Preparação das esferas de captura de DNA (beads) ........................................................ 221

7.1.1.4.5 Captura das bibliotecas .................................................................................................... 222

7.1.1.4.6 Emulsificação .................................................................................................................... 222

7.1.1.5 Quebra da emulsão (break emulsion)................................................................................... 223

7.1.1.5.1 Recuperação das esferas .................................................................................................. 223

7.1.1.5.2 Lavagem das esferas ......................................................................................................... 224

7.1.1.6 Enriquecimento (Enrichment) ............................................................................................... 225

7.1.1.6.1 Enriquecimento indireto .................................................................................................. 225

7.1.1.6.2 Preparação das esferas de enriquecimento (enrichment beads) ..................................... 226

7.1.1.6.3 Enriquecimento das esferas com DNA ............................................................................. 226

7.1.1.6.4 Recuperação das esferas de DNA enriquecidas ............................................................... 227

7.1.1.7 Preparação e sequenciamento ............................................................................................. 228

7.1.1.7.1 Carregamento da Placa PicoTilter Plate (PTP) .................................................................. 229

7.1.1.7.2 Preparação da PTP e DNA beads ...................................................................................... 229

7.1.1.8 Preparação do GS FLX 454 .................................................................................................... 232

7.1.2 Diversidade de comunidades microbianas do solo da Mata Atlântica ..................................... 232

7.1.2.1 Concentração e purificação dos fragmentos do rRNA 16S ................................................... 233

xiv

7.1.2.2 Sistema de ligação ................................................................................................................ 234

7.1.2.3 Preparação de células eletrocompetentes ........................................................................... 235

7.1.2.4 Extração plasmidial em placa ................................................................................................ 236

7.1.3 Análise funcional da Biblioteca Metagenômica ........................................................................ 241

7.1.3.1 Extração e purificação do DNA metagenômico com esferas de vidro .................................. 241

7.1.3.2 Preparação do vetor de clonagem pCF430 ........................................................................... 243

7.1.3.3 Digestão parcial do DNA metagenômico .............................................................................. 244

7.1.3.4 Clonagem dos médios insertos ............................................................................................. 245

7.1.3.5 Reativação e pré - seleção de clones em meio CMC ............................................................ 246

7.1.3.5.1 ............................................................................................................................................... 247

7.1.3.6 Atividade FPásica (celulose total) ......................................................................................... 247

7.1.3.7 Atividade CMCásica (endoglucanásica) ................................................................................ 248

7.1.3.8 Atividade β-glicosidásica ....................................................................................................... 248

7.2 Anexo 2. Lista de publicações .............................................................................................................. 250

7.2.1 Periódicos .................................................................................................................................. 250

7.2.1.1 Artigo 1 ................................................................................................................................. 250

7.2.1.2 Artigo 2 ................................................................................................................................. 250

7.2.1.3 Artigo 3 ................................................................................................................................. 250

7.2.1.4 Artigo 4 ................................................................................................................................. 250

7.2.2 Capítulo de livro ........................................................................................................................ 250

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Principais consórcios que desenvolvem análises a partir de metagenomas baseada em sequenciamento

...................................................................................................................................................................... 21

Tabela 2. Parâmetros biológicos e físico-químicos dos locais de amostragem. .................................................... 91

Tabela 3. Número de sequências, diversidade e cobertura das bibliotecas da região V6 do gene rRNA 16S das

comunidades microbianas ao longo do gradiente latitudinal. ....................................................................... 91

Tabela 4. Distribuição e identificação da fração cosmopolita do gradiente latitudinal. Os números representam a

fração de sequências agrupadas por táxons em relação ao total de seqüências classificadas pelo GAST. A

identificação foi possível em diferentes níveis taxonômicos. ....................................................................... 95

Tabela 5. Distribuição e identificação da fração endêmica ao longo do gradientelatitudinal. *PR – Puerto Rico;

AM –Amazon estuary; GB – Guanabara Bay; LG1 – Laguna do Rocha 1; LG2 –Laguna do Rocha 2; RP –

Rio de la Plata and AS – Argentinian shelf . ................................................................................................ 96

Tabela 6. Características gerais dos locais de coleta e dos metagenomas. Média ± erro padrão. Número de

replicatas entre parênteses. DOC (Carbono orgânico diddolvido); POC (Carbono orgânico particulado). 109

xv

Tabela 7. Diversidade nas areas protegidas e não protegidas. Os valores foram obtidos usando o número total de

sequências classificadas como Bacteria, Virus ou Archeae pelo MG-RAST. Abaixo, o resumo das análises

estatísticas aplicadas aos valores encontrados mostra que houve diferença significativa apenas para os

valores relacionados a riqueza de espécies. NS - diferença não significativa; DS - Diferença significativa.

.................................................................................................................................................................... 118

Tabela 8. Diversidade e abundância dos subsistemas (metabolismo do carboidrato, nitrogênio, virulência,

resposta a estresse e fotossíntese). Os dez primeiros subsistemas (hierarquia 1) de cada subsistemas. ..... 118

Tabela 9. Os grupos mais frequentes encontrados nas bibliotecas e seus vizinhos filogenéticos mais próximos

(cultivados e não cultivados). Os agrupamentos representam pelo menos seis sequências com similaridade

> 97 % entre elas. ....................................................................................................................................... 137

Tabela 10. Distribuição das sequências dos grupos mais frequentes nos diferentes tipos de solo da Mata

Atlântica...................................................................................................................................................... 139

Tabela 11. Ensaios de atividade enzimática. A1, A2 e A3 são clones selecionados da biblioteca de pequenos

insertos. Cel 1A e Cel CAAB são isolados do solo da Mata Atlântica que apresentaram capacidade de

formar halos de degradação no meio de cultura. ........................................................................................ 146

Tabela 12. Lista de estudos de diversidade microbiana nos principais biomas brasileiros por abordagens

independentes de cultivo em ambientes terrestres. ..................................................................................... 156

Tabela 13. Lista de estudos de diversidade microbiana dos principais biomas brasileiros por abordagens

independentes de cultivo em ambientes aquáticos nos últimos anos. ......................................................... 159

Tabela 14. Lista de novos táxons de ambientes terrestres descritos nos últimos 5 anos. .................................... 161

Tabela 15. Lista de novos táxons de ambientes aquáticos descritos nos últimos 5 anos. ................................... 165

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A árvore da vida baseada em filogenia molecular do gene rRNA 16S (adaptado de Pace, 2011). 3

Figura 2. Principais mecanismos de geração de variabilidade genética (adaptado de Alberts, 2008) ..................... 4

Figura 3. Origem de genes parálogos (adaptado de Alberts, 2008). ........................................................................ 6

Figura 4. Processos de intercelulares de troca de material genético . ...................................................................... 7

Figura 5. Regiões de recombinação homóloga das ilhas de patogenicidade, de maneira geral, apresentam maior

conteúdo AT em relação ao restante do genoma. Ilhas genômicas são muitas vezes inseridos em genes

tRNA e genes que codificam fatores envolvidos na mobilidade genética, como integrases, transposases e

sequências de inserção (IS). De acordo com seu conteúdo genético, podem ser descritas como ilhas de

patogenia, simbiose, metabólicas, ilhas de fitness ou de resistência (Juhas, 2009). ....................................... 8

Figura 6. Halo de degradação produzido por bactérias celulolíticas, revelado por vermelho congo. .................... 12

Figura 7. Modelo esquemático de um estudo com abordagem metagenômica.(adaptado de Handelsman, 2004) 15

Figura 8. Representação esqumática do sistema enzimático do pirosequenciamento. O nucleotídeo incorporado

pela polimerase, liberando uma molécula de pirofosfato (PPi). A enzima ATP sulfurilase converte o PPi em

ATP, que atua como substrato para a produção de luz pela luciferase. A luz produzida é detectada,

formando um pirograma que indica a sequência de nucleotídeos incorporados durante o sequenciamento

(retirado de Ahmadian, 2006). ...................................................................................................................... 23

xvi

Figura 9. Preparação da amostra para pirosequenciamento. a) Fragmentos de DNA com adaptadores e acoplados

as esferas submetidas a em-PCR em emulsões de óleo. Após a quebra das emulsões são depositadas em um

slide onde cada esfera contendo os produtos da amplificação são separadas individualmente. b)

Microscopia da emulsão mostrando gotas contendo as esferas. A seta larga representa uma gota de 100 μm

e a fina mostra uma esfera de 28 μm. c) Microscopia eletrônica de um slide (retirada de Margulies, 2005).

...................................................................................................................................................................... 24

Figura 10. Curvas de rarefação mostrando comunidades com diferente diversidade de espécies. É possível

observar que as comunidades presentes em carcaças de baleia são menos diversas que as do solo e por isso

apresentam uma menor inclinação da reta, representando que houve mairo cobertura da diversidade,

indicando um menos número de filotipos em comparação com o solo (Retirado de Tringe, 2005). ............ 26

Figura 11. O modelo DDAM é positivamente retroalimentado quando há aumento de COD, produzido por algas,

para suportar o crescimento de microrganismos associados aos corais. A proliferação de algas ocorre em

função da retirada de peixes, principalmente herbívoros, dos sistemas recifais. A proliferação de

microrganismos promove a morte de corais, aumentando a cobertura de algas. .......................................... 34

Figura 12. Doenças que afetam corais brasileiros. A) Doença da banda-preta em Mussismilia braziliensis, B)

doença da faixa-vermelha em Siderastrea spp, C) doença dark spot like em Siderastrea spp e D) praga

branca em M. braziliensis (retirado de Francini-Filho, 2008) ...................................................................... 35

Figura 13. Estrutura da lignocelulose. O principal componente de lignocelulose é a celulose, ab (1-4) ligada

cadeia de moléculas de glicose. A lignina é sintetizado através da polimerização dos componentes e sua

relação dentro do polímero varia entre diferentes plantas, tecidos e camadas de madeira da parede celular.

Celulose, hemicelulose e lignina formam estruturas chamadas microfibrilas, que são organizados em

macrofibrilas que medeiam a estabilidade estrutural da parede celular vegetal (retirado de Rubin, 2008). . 36

Figura 14. Localização dos hotspots de riqueza de espécies ao redor do mundo considerados áreas prioritárias

para conservação (Meyers, 2000). ................................................................................................................ 41

Figura 15. Áreas no território brasileiro com potencial impacto poluidor, localizadas próximas a corpos d’água.

Os pontos vermelhos indicam as áreas com potencial impacto poluidor. A maior concentração dessas áreas

encontra-se ao longo da costa, onde observamos maior concentração de atividades humanas e industriais.

Fonte: (IBGE, 2000). .................................................................................................................................... 45

Figura 16. Ecossistemas costeiros sob impacto antropogênico. A) Manguezal da Baía de Guanabara (foto: Erick

Aniszewski) e B) Ocupação industrial na Baía de Sepetiba (fonte: http://www.revistaportuaria.com.br). .. 46

Figura 17. A produção primária requerida para sustentar a produção pesqueira mundial de pesca, expresso em

percentagem da produção primária local. Os mapas representam o total de desembarques anuais de 1950

(acima) e 2005 (abaixo) (Swartz, 2010). ...................................................................................................... 50

Figura 18. Mapa com a distribuição dos recifes na costa brasileira. (Fonte: RECOR) ......................................... 52

Figura 19. Os latossolos representam um dos tipos mais comumente encontrados no Mata Atlântica. ................ 56

Figura 20. Cobertura do bioma Mata Atlântica. Aproximadamente 90 % do bioma já foi devastado (Fonte: Atlas

dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais – INPE. ......................................................................................................................................... 57

Figura 21. Localização geográfica dos pontos de coleta ao longo da costa da America Latina. ........................... 62

Figura 22. Sistema GAST de classificação taxonômica utilizado para implementação de um banco de dados

curados da região V6 do gene rRNA 16S (Retirada de https://vamps.mbl.edu/) .......................................... 63

xvii

Figura 23. Região do Banco de Abrolhos e os pontos de coleta. Em azul, as áreas não protegidas e em vermelho

as áreas protegidas. As linhas vermelhas representam os limites do Parque Marinho de Abrolhos (Foto:

Pedro Meirelles). .......................................................................................................................................... 65

Figura 24. Mergulhador coletando a água dos recifes de Abrolhos a aproximadamente 20 m de profundidade

(Foto: Ronaldo Francini-Filho). .................................................................................................................... 65

Figura 25. Sistem de filtração Niskin. A) Sistema de filtração com os filtros Sterivex já acoplados. B) Filtros

Sterivex durante o processo de filtração (Foto: Rodrigo Moura).................................................................. 66

Figura 26. Mapa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos com a localização geográfica dos pontos analisados. 74

Figura 27. Vetor de clonagem pGEMT Easy. ....................................................................................................... 77

Figura 28. Plasmídeo pCF430. .............................................................................................................................. 84

Figura 29. Influência do gradiente latitudinal na equitabilidade e produção primária bacteriana ao longo da costa

da América Latina. A) Os dados indicam uma tendência de diminuição da uniformidade de distribuição das

OTUs no nível de espécie, de acordo com a diminuição da latitude (R2 = 0,9451). B) A produtividade

primária é maior nas regiões tropicais e tende a diminuir em direção as regiões subtropicais (o eixo

Contribuição (%) está em escala logarítimica). ............................................................................................ 92

Figura 30. Estrutura das comunidades bacterianas nos sete locais. Os filos mais comumente encontrados são

indicados. Sequências Unknown representam aquelas as quais não foi possível atribuir uma classificação

taxonômica pelo VAMPS. ............................................................................................................................ 93

Figura 31. Número de sequências identifiicadas na fração conservada do gradiente latitudinal. Nível taxonômico

mais profundo identificados pelo VAMPS. .................................................................................................. 94

Figura 32. Fração de sequências comuns de um local para outro usando 97% de similaridade para definir OTUs.

...................................................................................................................................................................... 94

Figura 33. Análise de agrupamento das sequências. A ) Curvas de rarefação; B) Número de OTUs a diferentes

níveis de similaridade correspondente a diferentes níveis taxonômicos (linhagens, espécies, gêneros e

famílias). ..................................................................................................................................................... 101

Figura 34. Análise baseada na distribuição de filos, demonstrando a existência de táxons dominantes distribuídos

por poucos grupos taxonômicos. Por outro lado, mostra a contribuição de um grande número de táxons em

baixa frequênciaque representa a biosfera rara da microbiota aquática. ..................................................... 102

Figura 35. Análise filogenética demonstrando a resolução taxonômica da região v6 do gene rRNA 16S para os

gênero relacionados Prochlorococcus e Synechococcus. Foi utilizado método neighbor join, corrigido pelo

modelo Juckes-Cantor e bootstrap com 1000 replicatas............................................................................. 104

Figura 36. Comparação dos valores dos parâmetro Carbono Orgânico Dissolvido (COD) (acima) e Clorofila

(abaixo) entre os recifes protegidos e desprotegidos. Foi observada maior concentração de COD nos recifes

protegidos. A) ANOVA e B) Visualização gráfica dos resultados do teste de Tukey. PAB - Parcel dos

Abrolhos; SG - Sebastião Gomes; TIM – Timbebas e CAL – California. . Comparação dos valores do

parâmetro Clrofila entre os recifes mostra maiores concentrações no recife protegido. A) ANOVA e B)

Visualização gráfica dos resultados do teste de Tukey. PAB - Parcel dos Abrolhos; SG - Sebastião Gomes;

TIM – Timbebas ......................................................................................................................................... 110

Figura 37. Estrutura da comunidade microbiana dos recifes de Abrolhos. A). Contribuição dos diferentes

domínios. Enriquecimento de vírus é observada em amostras de recifes desprotegidos. B) Nível trófico dos

microrganismos dos cinco pontos. A classificação foi realizada com base na identificação dos filos.

xviii

Enriquecimento do metabolismo autotrófico é observado nos recifes protegidos. C) Distribuição dos

patógenos comumente encontrados. A classificação foi realizada baseada na identificaçãodas taxonômica

espécies/ linhagens. A contribuição da Vibrios está relacionada a sequências atribuídas como

Gammaproteobacteria. N corresponde ao número total de sequências para cada local ............................. 112

Figura 38. Estrutura das comunidades microbianas nos níveis de A) Filos e B) espécies / linhagens mais

frequentes (contribuição >1% do conjunto de sequências da amostra). A classificação taxonômica foi

realizada usando o servidor Mg-Rast. A identificação taxonômica é realizada baseada no resultado do

BLAST X realizado contra as sequências do banco de dados SEED (banco de genomas completos). A

origem taxonômica do melhor hit para a proteína identificada foi relacionada a abundância do táxon

identificado. N é o número de sequências utilizadas nas análises. ............................................................. 115

Figura 39. Contribuição dos subsistemas (hierarquia 1) nos diferentes recifes. As barras indicam a contribuição

das sequências para cada subsistema nos recifes protegidos e não protegidos. A coluna contribuição é

relativa ao número total de sequências identificadas para cada subsistema. Somente sequências

informativas foram utilizadas para identificação subsistemas. Sequências atribuído como subsistemas

miscelaneus, unknown e clustered based subsystems não foram incluídos nas análises. ............................ 116

Figura 40. Subsistemas do metabolismo de fotossíntese (média dos anos 2009-2010). A) Contribuição dos

subsistemas (hierarquia 3) relativa a todas as sequências anotadas pelo Mg-Rast. Os subsitemas mostraram

diferença (p<0,5; CI 95%) entre os recifes protegidos e não protegidos. B) Contribuição de diferente táxons

para o subsistema das proteorodopsinas. .................................................................................................... 117

Figura 41. Contribuição dos diferentes grupos taxonômicos para seis subsistemas relevantes (carboidrato,

fósforo, nitrogênio, virulência, resposta ao estresse, e fotossíntese), utilizando MG- RAST . As estrelas

coloridas representam maior abundância (p <0,5, IC 95%) de taxa para o respectivo subsistema em áreas

desprotegidas e protegidas. N representa o número de sequências analisadas............................................ 123

Figura 42. Versatilidade metabólica dos Vibrios. O gráfico mostra que os grupos de Vibrios nas áreas não

protegidas apresentam maior comprometimento com metabolismo fototrófico. ........................................ 124

Figura 43. Diversidade de filos encontrados nas bibliotecas do gene rRNA 16S. ................................................ 130

Figura 44. Estrutura das comunidades microbianas do solo da Floresta da Mata Atlântica do PARNASO baseada

no sequenciamento de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S de acordo com o RDP (limite de confiança

em 80 %). A) Abundância de filos; B) Contribuição (%) de subgrupos do filo Acidobacteria (Acidobacteria

Gp 1 ao Gp 17) e C) Contribuição (%) das classes de Proteobacteria. N representa o número te sequências

analisadas. ................................................................................................................................................... 133

Figura 45. Análise da cobertura e estimativa da diversidade baseada na análise da bibliotecas de clones do gene

rRNA 16S. Foram utilizados os níveis de corte de 97% (acima), 90% (meio) e 80% (abaixo) de

similaridade entre as sequências.Curvas de rarefação (A, B e C) e curvas coletoras (estimador Chao 1) (D,

E, e F). ........................................................................................................................................................ 136

Figura 46. Análise filogenética baseada nas sequências do gene rRNA 16S dos grupos de clones mais frequentes

nas bibliotecas Os grupos apresentam pelo menos seis sequências com similaridade > 97 % entre elas. Os

círculos pretos representam uma sequência representativa de cada grupo e entre parêntesis o número de

sequências representadas. As linhagens tipo e sequências relacionadas como vizinhos filogenéticos mais

próximos foram determinadas pelos bancos de dados RDP e GenBank. A fonte de identificação das

sequências dos bancos de dados do NCBI estão indicados. ........................................................................ 140

Figura 47. Relação entre diversidade H (índice de Shannon) e parâmetros físico químicos do solo. Unidades:

Matéria Orgânica (%); Alumínio (me/100cm³); Fósforo (mg/L); Potássio (mg/L). ................................... 141

xix

Figura 48. Fração de sequências dos filos Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria compartilhada pelos

métodos dependentes e independentes de cultivo. ...................................................................................... 142

Figura 49. Extração do DNA metagenômico pelos métodos A) Kit comercial Mo Bio e B) Esferas de vidro. A1)

Mistura de DNA metagenômico dos diferentes tipos de solo da Mata Atlântico do PARNASO; A2)

Resultado da digestão parcial do DNA metagenômico pela enzima PstI, gerando quantidades insuficientes

para a construção da biblioteca metagenômica. B1) Resultado da extração do DNA metagenômico dos

solos ainda com contaminantes em diferentes concentrações (1, 3, 5 e 10 μL); B2)Resultado da purificação

e B3) Resultado da digestão parcial. A linha vermelha mostra a região excisadacontendo os fragmentos

para clonagem no plasmídeo pCF430. ........................................................................................................ 143

Figura 50. Extração plasmidial de colônias aleatórias demonstrando a variedade de insertos com diferentes

tamanhos. 1. pCF430 circular. 2-11. diferentes colônias (5μL). ................................................................. 144

Figura 51. Curva de crescimento dos clones em meio CMC. .............................................................................. 145

Figura 52. Parte superior: análise das componentes principais (PCoA) do pareamenteo unweight através da

matriz de distância do FastUniFrac . Cada ponto corresponde a comparação da presença ou ausência dos

grupos taxonômicos de bactérias em diferentes biomas. Triângulos verdes, círculos roxos e hexágonos

vermelhos representam microrganismos associados a solo, água e organismos marinhos. Comunidades de

(A) Bactérias e (B) Archaea, respectivamente. A porcentagem de variação explicada pelo traçado das

componentes principais está indicada nos eixos. Um total de 6.540 e 1.893 sequências do gene 16S rRNA

foram alinhadas para Bacterias e Archaea, respectivamente. Foram selecionadas sequências referentes as

regiões V1 e V2 do gene rRNA 16S. Sequências curtas menores que 300 pb foram retiradas da análise.

Archeas do solo não foram incluídas. Parte inferior: classifcação taxonômica baseada nas sequências do

gene rRNA 16S através da ferramenta Classifier do RDP. (C) Contribuição dos principais filos bacterianos

e (D) Contribuição de filos do domínio Archeae. ....................................................................................... 155

Figura 53. Análise filogenética de sequências não classificadas, recuperadas da água. As sequências foram

comparadas com sequências tipo a aprtir de comparação com o RDP. Todas as sequências foram alinhadas

usando o programa Muscle. As análises filogenéticas foram realizadas com o programa Mega, usando o

método de neighbor joining. Valores de bootstrap (1000 repetições) > 50 % são mostrados. A linha azul

corresponde a OTUs com alta similaridade (> 97 %) entre os genes rRNA 16S encontrados por diferentes

autores em ambientes aquáticos. É importante salientar os longos ramos, que representam novos grupos

taxonômicos em potencial. ......................................................................................................................... 175

Figura 54. Análise filogenética de sequências não classificadas, recuperadas do solo. As sequências foram

comparadas com sequências tipo a aprtir de comparação com o RDP. Todas as sequências foram alinhadas

usando o software Muscle. As análises filogenéticas foram realizadas com o software Mega, usando o

método de neighbor-joining. Valores de bootstrap (1000 repetições) > 50 % são mostrados. A linha verde

corresponde ao exemplo de sequências singletons, com grande distância evolutiva em comparação com as

sequências do gene 16S rRNA linhagens de tipo, demonstrando a heterogeneidade da diversidade de

Bactérias dos solos. ..................................................................................................................................... 176

Figura 55. Estrutura das comunidades bacterianas associadas ao solo, água e organismos marinhos.A

classificação foi realizada através de comparação com o RDP. A análise foi realizada com 30813

sequências de ecossistemas terrestres e 1864 sequências marinhas. ........................................................... 177

1

1. INTRODUÇÃO

A diversidade microbiana representa o mais vasto repertório genético do planeta. Entretanto,

apenas uma pequena fração dessa diversidade é conhecida. Os microrganismos direcionam os

principais ciclos biogeoquímicos (como o ciclo do carbono) e por isso desempenham funções

ecológicas indispensáveis no ambiente, como o ciclo do carbono. A microbiologia ambiental

foi revolucionada na década de 90 pelo avanço das técnicas moleculares que proporcionaram

a identificação de uma maioria microbiana até então não identificada pelos métodos de cultivo

tradicionais. O sequenciamento massivo tem proporcionado a caracterização de organismos

não cultivados que compõe as comunidades microbianas. Neste trabalho foram utilizadas

técnicas independentes de cultivo para acessar a diversidade microbiana de biomas aquáticos

e terrestres. Os resultados foram sumarizados em 4 capítulos onde apresento os resultados e

discussões.

No primeiro capítulo, a diversidade da comunidade de bacterioplâncton ao longo de uma

gradiente latitudinal na costa da América Latina foi caracterizada por meio de

pirosequenciamento da região V6 através de pirosequenciamento de bibliotecas de amplicons.

O segundo capítulo trata da caracterização do metagenoma da água para avaliação da saúde

do Banco de Abrolhos através de pirosequenciamento de bibliotecas de fragmentos aleatórios

(shotgun).

O terceiro capítulo teve como objetivo avaliar a diversidade das comunidades microbianas

dos solos da Mata Atlântica e o seu potencial biotecnológico através da construção e

sequenciamento de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S pelo método de Sanger através

da construção de bibliotecas de pequenos insertos para e avaliação de atividade celulolítica. O

quarto capítulo apresenta um panorama da diversidade microbiana dos biomas brasileiros a

2

demonstração da assinatura microbiana associada aos diferentes ecossistemas terrestres e

aquáticos.

Esta introdução tem como objetivo apresentar os principais aspectos relevantes para o estudo

da diversidade microbiana para compreensão dos resultados que serão apresentados nos

capítulos posteriores. Temas como a origem da diversidade genética e as mudanças na

estruturas das comunidades microbianas em função das alterações das condições ambientais

foram abordados para compreender sua importância no funcionamento dos ecossistemas.

1.1 Origem da diversidade genética

A maioria dos organismos vivos são células simples, outros, como o ser humano, são

formadas por complexos multicelulares que desempenham funções especializadas e

conectadas por sistemas de comunicação. Em ambos os casos, as células, são o veículo para a

informação hereditária. Um dos mistérios em torno da origem da vida é como o material

genético poderia ter sido formado a partir de moléculas mais simples presentes no início

Terra. O DNA surgiu como uma forma permanente de armazenamento, devido à sua maior

estabilidade química. O surgimento da molécula de DNA representa o surgimento de uma

nova era no Planeta.

1.1.1 O DNA detem a informação

O sucesso dos organismos vivos com base em DNA, RNA e proteínas tem sido espetacular. A

capacidade de sobreviver e se perpetuar determinou sua persistência no ambiente (Futuyma,

2002). Células procarióticas vivem em uma ampla variedade de nichos ecológicos, e eles são

incrivelmente versáteis em suas capacidades bioquímicas, sendo capazes de metabolizar uma

ampla variedade de moléculas no ambiente.

3

A elucidação da estrutura da molécula do DNA, a partir de 1953, por Watson e Crick,

forneceu uma melhor compreensão da natureza das mutações e da variação genética. O

conceito de seleção natural foi expandido de modo a incluir não somente a sobrevivência e

reprodução de organismos individuais, mas também aos genes, populações e espécies. Como

a informação genética de cada organismo é escrita na linguagem universal de sequências de

DNA, a sequência de qualquer organismo pode ser obtida através de técnicas moleculares.

Com isso, é possível caracterizar, catalogar e comparar conjunto de organismos vivos a partir

dessas sequências. A partir de tais comparações, podemos estimar o lugar de cada organismo

na árvore genealógica das espécies vivas através de uma ―árvore da vida‖ (Pace, 2009)

(Figura. 1).

As análises do conjunto de genes de uma célula (genoma) é uma poderosa ferramenta para

determinar as relações evolutivas. A sequência completa do DNA de um organismo define a

sua natureza com precisão. Como o DNA está sujeito a mudanças aleatórias que se acumulam

durante longos períodos de tempo, o número de diferenças entre as sequências de DNA de

dois organismos pode proporcionar uma direta, objetiva e quantitativa indicação da distância

evolutiva entre eles.

Figura 1. A árvore da vida baseada em filogenia molecular do gene rRNA 16S (adaptado de Pace, 2011).

4

1.1.2 Principais mecanismos de evolução molecular em procariotos

O DNA é a matéria-prima da evolução. Não existe um mecanismo natural para fazer longos

trechos de sequências aleatórias novos. Sendo assim, nenhum gene é sempre inteiramente

novo. A inovação pode ocorrer através de processos intracelulares como mutação, duplicação

gênica e transferência horizontal de genes (THG) (Figura 2).

1.1.2.1 Mutação

As mutações são a principal origem da variação genética (Nei and Kumar, 2000). Elas geram

variações no conjunto de genes de uma população. Mutações desfavoráveis (ou deletérias)

podem ter sua frequência reduzida ou anulada na população por meio da seleção natural,

Figura 2. Principais mecanismos de geração de variabilidade genética (adaptado de Alberts, 2008)

5

enquanto mutações favoráveis (benéficas ou vantajosas) podem se acumular, resultando em

mudanças evolutivas adaptativas (Futuyma, 2002) (Figura 2).

A maioria das mutações ocorre por mecanismos endógenos, por hidrólise espontânea e erros

durante a replicação. Por exemplo, a DNA polimerase apresenta taxa de erro de 1 para cada

109 nucleotídeos incorporados (Alberts et al., 2008). As substituições podem ocorrer através

das transições, quando a mudança ocorre entre purinas (A ↔ G) ou pirimidinas (T↔C) e

também pode ocorrer através das transversões, quando ocorre a mudança de purina por

pirimidina e vice-versa (A, G ↔ T, C). Substituições também podem ocorrer

espontaneamente através de mudança tautomérica, permitindo o pareamento entre adenina e

citosina ou guanina e timina. Além disso, a duplicação, inserção e deleção de nucleotídeos

podem ocorrer espontaneamente ou através da ação de agentes físico ou químicos e pela

exposição a metabólitos tóxicos como as espécies reativas de oxigênio.

1.1.2.2 Duplicação gênica

Dentro de uma mesma família gênica, ou seja, conjuntos de dois ou mais loci com sequências

similares de DNA, podem surgir genes com novas funções através do processo de duplicação

gênica. Genes não correspondentes, na mesma ou em diferentes espécies, são chamados de

parálogos (Figura 3). Em procariontes, de modo geral, pelo menos 5-10% dos genes são

parálogos. Eventos de duplicação gênica constituem um marco na evolução da complexidade

biológica (Innan and Kondrashov, 2010). A idéia da duplicação gênica como força motriz do

processo evolutivo foi popularizada por Ohno (1970) (Ohno, 1970).

Uma vez duplicado, um gene pode estar sujeito a três destinos: (i) não-funcionalização, em

que uma das duas cópias do gene degenera em um pseudogene que pode ser

subsequentemente perdido do genoma; (ii) sub-funcionalização, que consiste na divisão das

funções originais do gene ancestral entre as duas cópias gênicas duplicadas; (iii) neo-

6

funcionalização, onde a cópia duplicada assume uma nova função (Zhang, 2003). A

duplicação gênica permite que as novas cópias do gene assumam funções mais especializadas

ou mesmo possibilita a origem de novos genes com funções totalmente distintas daquelas dos

genes de origem.

1.1.2.3 Transferência horizontal de Genes

Um pedaço de DNA pode ser transferido do genoma de uma célula para outra. Esse processo

é distinto da transferência vertical da informação genética dos pais para a progênie. Essas

alterações são capazes de deixar um traço característico do DNA exógeno.

Genomas procarióticos são compostos por dois tipos distintos de genes: (i) os

"informacionais", menos transmissíveis e envolvidos no processamento de informação na

célula, tais como a transcrição, tradução e replicação, e (ii) os "operacionais‖, frequentemente

transferíveis e envolvidos no metabolismo, mas com menor restrição funcional (Rivera et al.,

1998). Sendo assim, genomas microbianos podem evoluir através de transferência horizontal

dos genes. Em geral, genomas procariontes têm entre 5-30% de genes transferidos

Figura 3. Origem de genes parálogos (adaptado de Alberts, 2008).

7

lateralmente (Lawrence, 1999). Além dos genes essenciais que codificam as funções

metabólicas, genomas bacterianos também abrigam genes acessórios, adquiridos por

transferência horizontal de genes que podem ser benéficos em determinadas condições

ambientais. No ambiente ocorre transferência horizontal de genes entre vários gêneros e

espécies de bactérias por transformação, conjugação e transdução (Figura 4).

A. Transformação: As células capturam DNA exógeno diretamente do ambiente

ao seu redor.

B. Conjugação: Duas células interagem e uma doadora transfere DNA para a

receptora.

C. Transdução: Fagos transportam DNA de uma célula para outra.

A comparação dos genomas das linhagens de E. coli revelou que o número de genes centrais,

ou que executam funções essenciais naquela espécie, é surpreendentemente baixo (Welch et

al., 2002). Muitos dos genes transferidos recentemente não estão presentes em grupos

filogeneticamente próximos. Os genes ―acessórios‖ contêm um maior percentual de

nucleotídeos A e T (Figura 5), e tem uma utilização de códons que é semelhante à encontrada

Figura 4. Processos de intercelulares de troca de material genético .

8

em fagos e plasmídeos (Gogarten and Townsend, 2005). Muitos dos genes acessórios

adquiridos por transferência horizontal formam blocos chamados de ilhas genômicas. Ilhas

genômicas geralmente são reconhecidas como discretos segmentos de DNA presentes em

estirpes estreitamente relacionadas. Elas promovem a diversificação e adaptação dos

microrganismos, com significativo impacto na plasticidade dos genomas, disseminação de

resistência a antibióticos, genes de virulência e vias catabólicas (Gal-Mor and Finlay, 2006;

Juhas et al., 2009).

Figura 5. Regiões de recombinação homóloga das ilhas de patogenicidade, de maneira geral, apresentam maior

conteúdo AT em relação ao restante do genoma. Ilhas genômicas são muitas vezes inseridos em genes tRNA e

genes que codificam fatores envolvidos na mobilidade genética, como integrases, transposases e sequências de

inserção (IS). De acordo com seu conteúdo genético, podem ser descritas como ilhas de patogenia, simbiose,

metabólicas, ilhas de fitness ou de resistência (Juhas, 2009).

9

Esses processos ocorrem devido à recombinação genética de regiões homólogas do DNA, que

permite o aumento da variabilidade genética. Existem três principais maneiras de ocorrer o

evento de recombinação gênica na natureza. De forma geral, são elas (Ringo, 2004):

Recombinação: Ocorre troca entre moléculas de DNA homólogas, na qual a

localização do sítio de troca não é restrita. Geralmente, porções do DNA dupla-

hélice podem apresentar extensa homologia em regiões que ajudam na ligação de

proteínas (proteínas ligantes do DNA). As duas moléculas trocam segmentos do

DNA em um processo de várias etapas, catalisado por diferentes enzimas.

Recombinação sítio-específica: Ocorre troca entre moléculas de DNA não-

homólogos, ocorrendo apenas em sequências curtas e específicas, restritas a

poucos loci. A integração de plasmídeos ou cromossomos de fagos no DNA

genômico e a inversão de segmentos para expressão de genes alternativos são

exemplos deste tipo de evento.

Transposição: Consiste no movimento de elementos genéticos móveis chamados

transposons. Existem centenas de transposons diferentes. As transposases (enzimas

que promovem a recombinação do transposon) apresentam três diferentes

mecanismos de atuação: não-replicativo (processo de ―cortar-colar‖), replicativo

(processo que integra e resolve) e retrotransposição (via RNA intermediário).

Além disso, diferentes forças evolutivas, como seleção natural, deriva gênica e migração,

também podem interferir no desenvolvimento das comunidades de um ecossistema. Espécies

diferentes, resultantes de processos seletivos em condições ambientais distintas, apresentam

indivíduos com diferenças ainda mais evidentes. Essas diferenças se manifestam não só

através de variáveis estruturais, mas também bioquímicas, fisiológicas e etológicas,

implicando em capacidades de adaptação e habilidades diferentes entre indivíduos. Indivíduos

10

de espécies diferentes podem reunir-se em comunidades que variam conforme as interações

das espécies entre si, fatores históricos e diferentes condições abióticas (clima, solo, relevo).

Assim, a complexidade de uma comunidade está associada a sua diversidade microbiana.

1.2 Abordagens de estudo em diversidade microbiana

As duas abordagens principais no estudo de diversidade microbiana incluem as análises

dependentes e independentes de cultivo. Ambas permitem caracterizar a diversidade, e por

isso ainda são consideradas complementares. Estima-se que apenas 1% dos microrganismos é

detectado em placas com meio de cultura devido às condições seletivas, em função da

composição dos meios de cultura (Torsvik et al., 1990; Torsvik et al., 2002; Whitman et al.,

1998). Por outro lado, a abordagem independente de cultivo indica a predominância de muitas

espécies não cultivadas (Schloss and Handelsman, 2004).

1.2.1 Métodos dependentes de cultivo

As técnicas de cultivo tradicionais desenvolvidas por Pasteur, Koch, Beijerinck e

Winogradsky foram extensivamente utilizadas ao longo do século passado e se mostraram até

certo ponto bem sucedidas diante a falta de outras metodologias para o estudo da diversidade

microbiana. Os métodos tradicionais de análise da diversidade de bactérias envolvem a

caracterização de culturas puras isoladas em laboratório. O isolamento em meio de cultivo

exige que a composição do meio supra as necessidades metabólicas dos microrganismos. Essa

é uma das principais dificuldades para o estudo de diversidade microbiana, pois o repertório

metabólico dos procariontes é vasto. Em solos, por exemplo, já foi estimado que existam pelo

menos cerca de 4000 genomas procariontes por grama de solo (Torsvik et al., 1990). Porém, o

número de espécies que são isoladas de um grama de solo é estimado em 100. Por isso é

necessário adequar as condições de cultivo para conseguir recuperar organismos inicialmente

não cultivados e que são abundantes no ambiente.

11

Durante várias décadas foram concentrados esforços no isolamento de microrganismos

patogênicos, ou relacionados à determinada patogenia, bem como aqueles com capacidade de

sintetizar antimicrobianos, em laboratório. Isso permitiu um enorme avanço para a

microbiologia médica. Por isso, alguns grupos como actinomicetos, enterobactérias e bacilos-

grampositivos apresentam um grande número de espécies identificadas com representantes

cultivados (Schloss and Handelsman, 2004). Por outro lado, a microbiologia ambiental

precisa desenvolver estratégias de aprimoramento dos meios de cultura já estabelecidos, para

uma melhor compreensão da biologia dos microrganismos isolados de amostras ambientais

(Hugenholtz et al., 1998).

O uso de meios com baixa concentração de nutrientes e aumento dos tempos de incubação

permite a obtenção de representantes da cultura pura de várias subdivisões do dos filos

Acidobacteria e Verrucomicrobia (Janssen, 2006; Sait et al., 2002). É importantte ressaltar

que membros destes dois grupos são de difícil obtenção em cultivo mesmo com meios feitos

especificamente para eles. Alteração de condições de cultivo como concentração de oxigênio,

nível de nutrientes, adição de moléculas húmicas e moléculas de sinalização aumentam a

capacidade de cultivo de microrganismos no solo, incluindo esses dois grupos (Stevenson et

al., 2004). A adição de compostos de sinalização também foi relatada para ajudar no cultivo

de organismos aquáticos (Bruns et al., 2002; Bruns et al., 2003).

A utilização de extratos de solo solidificados com ágar é uma alternativa para melhorar a

recuperação de isolados ambientais (Sait et al., 2002; Wirth and Ulrich, 2002). Esta

abordagem tem como objetivo criar condições nutricionais que sejam as mais semelhantes

possíveis àquelas sob as quais os microrganismos se encontram no meio ambiente. O

isolamento e a manutenção em laboratório de microrganismos que ocorrem no meio ambiente,

permite a construção de uma coleção microbiana. É uma metodologia altamente atrativa, pois

permite a determinação de características morfológicas, fisiológicas e bioquímicas da coleção

12

microbiana, além de possibilitar a utilização de microrganismos para fins biotecnológicos.

Estes aspectos permitem a pesquisa e a bioprospecção rápida e pontual de diversos processos

com potencial de aplicação biotecnológica a partir de culturas puras. Para isso os isolados

devem ser crescidos sobre substrato específico em um meio capaz de indicar a ocorrência do

processo metabólico de interesse. Por exemplo, o corante vermelho congo é utilizado para

demonstrar a ocorrência de degradação de celulose através de halos formados pela afinidade

do corante pelas ligações β-1,4 da molécula (Teather and Wood, 1982) (Figura 6). As

propriedades metabólicas de um isolado podem ser utilizadas para inferir o potencial papel

ecológico que esse organismo desempenha em um ecossistema.

Embora os métodos de cultivo representem uma poderosa ferramenta para o estudo da

diversidade (taxonômica e funcional), ele subestima a diversidade taxonômica e metabólica

em função das limitações apresentadas anteriormente. Técnicas moleculares para a análise da

diversidade de comunidades microbianas superam este problema.

Figura 6. Halo de degradação produzido por bactérias celulolíticas, revelado por vermelho congo.

13

1.2.2 Métodos independentes de cultivo

Há pelo menos vinte anos foi verificada a existência de uma vasta diversidade até então não

acessada pelos métodos dependentes de cultivo (Torsvik et al., 1990; Torsvik et al., 2002). A

diversidade microbiana identificada pelos meios de cultivo representa apenas a ponta de um

iceberg de um vasto repertório genético. As análises independentes de cultivo permitem

acesso ao genoma de toda a comunidade microbiana de uma amostra (Handelsman, 2004). As

técnicas como T-RFLP, ARDRA e DGGE diferenciam as comunidades através do padrão de

bandeamento do gene ribossomal sob diferentes tratamentos. Entre as técnicas moleculares, o

sequenciamentos têm se mostrado bastante eficientes na para a identificação e caracterização

de táxons presentes nas comunidades.

Atualmente, as técnicas de sequenciamento são amplamente aplicadas ao estudo da

diversidade microbiana. O desenvolvimento e aprimoramento dos sequenciadores de primeira

geração (baseado no método de Sanger), e mais recentemente, os de segunda

(pirosequenciamento) e terceira (íonsequenciamento) geração permitem o sequenciamento

massivo de amostras ambientais. Os de primeira geração, através do sequenciamento de

bibliotecas de clones. Já os de segunda e terceira geração evitam a distorção inerente à

construção das bibliotecas. Essas metodologias permitem o estudo das populações

microbianas a partir de amostras ambientais.

1.2.2.1 Metagenômica

O termo metagenômica se refere a uma abordagem independente de cultivo baseada na

investigação das moléculas de DNA de uma mistura de populações microbianas, ou seja, é

baseado na análise genômica de DNA microbiano extraído diretamente de amostras

ambientais (Handelsman et al., 1998) (Figura 10). Em grego, a palavra meta significa

"transcendente". Isso significa que essa abordagem vai além das análises genômicas que, de

maneira geral, são aplicadas em microrganismos cultivados. O estudo da diversidade de

14

comunidades microbianas sofreu uma revolução com o estabelecimento da metagenômica.

Com a aplicação dessa abordagem os pesquisadores passaram a ter acesso ao genoma de uma

maior variedade de microrganismos que não haviam sido isolados em meio de cultura em

laboratório. A metagenômica representa um conjunto de técnicas, que inclui muitas

abordagens e métodos relacionados à genômica como o sequenciamento. Sendo assim, a

abordagem metagenômica se caracteriza por contornar a necessidade de cultivo e, em função

da vasta diversidade microbiana, ser conduzida em grande escala (Handelsman, 2005).

Comunidade genômica, genômica ambiental, e genômica populacional são sinônimos para a

mesma abordagem (Handelsman, 2004). As informações obtidas a partir da análise de

metagenomas podem ser usadas para determinar a diversidade de uma comunidade, a

presença de microrganismos específicos ou dominantes, rotas metabólicas, bem como

determinar a simples presença de um gene. A abordagem metagenômica permite a

visualização dos ecossistemas como unidades biológicas com os seus próprios repertórios

genéticos. Desta maneira esta abordagem possibilita a avaliar o que está sendo feito pela

comunidade microbiana. A metagenômica vem sendo aplicada para responder questões

fundamentais da microbiologia ambiental como: quantos são? Quem são? E fazendo o quê?

Por isso, a metagenômica representa uma importante ferramenta para estudo da ecologia

microbiana e prospecção do potencial metabólico através da análise da diversidade

taxonômica e localização de genes e operons responsáveis pela síntese de moléculas com

propriedades de interesse biotecnológico (Handelsman, 2004; Steele and Streit, 2005).

A abordagem metagenômica é conduzida de forma que o DNA metagenômico seja analisado

através da investigação funcional e/ou baseada em sequenciamento (Figura 7). Para isso, o

desenvolvimento da bioinformática tem sido determinante, já que permite o processamento e

15

análise da grande quantidade de dados gerada pelas técnicas de sequenciamento de segunda

geração (pirosequenciamento).

1.2.2.1.1 Análise baseada em função

A metagenômica oferece a possibilidade de localizar e caracterizar uma ampla variedade de

enzimas a partir de amostras ambientais. A detecção dessas moléculas requer uma triagem

funcional que necessita da expressão heteróloga dos genes seguida do sequenciamento dos

fragmentos isolados. Linhagens de E. coli são amplamente utilizadas neste tipo de abordagem.

Figura 7. Modelo esquemático de um estudo com abordagem metagenômica.(adaptado de Handelsman, 2004)

16

Isso ocorre em função do profundo conhecimento já existente sobre a fisiologia e o genoma

desta espécie. A revisão de Daniel (2004) (Daniel, 2004) apresenta um conjunto de trabalhos

que obtiveram sucesso na busca de moléculas bioativas (ex. agarase, lípase, amilase, protease

e outras) através triagem funcional em bibliotecas metagenômicas de amostras de solo.

A frequência de clones que são capazes de expressar uma atividade, de maneira geral é baixa.

Ainda existe dificuldade para melhorar a eficiência na identificação de clones raros em

bibliotecas muito grandes. Em alguns casos foi necessário analisar uma biblioteca de 4 Gb de

DNA ou aproximadamente 1 milhão de genes e assim, sua baixa representatividade torna a

descoberta de novas atividades extremamente laboriosa sem uma triagem prévia. A utilização

de meios indicadores da atividade, onde os clones ativos possam ser facilmente identificados

é uma estratégia bastante utilizada. A descoberta, expressão e caracterização de um novo

antimicrobiano, a partir de DNA metagenômico de solo, representam o primeiro exemplo do

uso bem sucedido da metagenômica para a descoberta de novas moléculas e atividades

(Gillespie et al., 2002). O antibiótico turbomicina foi isolado através da expressão heteróloga

do DNA extraído diretamente do solo por clones de uma biblioteca metagenômica de

microrganismos do solo. Foi necessária a triagem de uma biblioteca metagenômica de 25.000

clones, representando cerca de 1 Gb de DNA, para obter 3clones apresentando níveis

detectáveis da atividade antimicrobiana. Este trabalho representou uma mudança no

paradigma na busca de novas moléculas bioativas.

A utilização de sistemas de clonagem permite a separação e amplificação individual de

fragmentos de DNA clonados, a partir de uma mistura de genes frequentemente

desconhecidos e heterogêneos, oriunda de microrganismos do solo. Existe uma grande

variedade de sistemas de clonagem disponíveis para acomodar diferentes tipos e tamanhos de

fragmentos de DNA em linhagens hospedeiras.

17

Plasmídeos são utilizados para inserção de fragmentos pequenos (< 10kb), assim como os

bacteriófagos (7-10kb), tendo grande aplicação na construção de bibliotecas de fragmentos de

genes ou genes específicos (Henne et al., 1999; Knietsch et al., 2003). Entretanto, estes

vetores não permitem a detecção de clusters genéticos nem operons. Com esse objetivo, a

utilização de cosmídeos (25-35kb) e fosmídeos (até 40 kb) tem sido relatada (Handelsman,

2004). Para bibliotecas de grandes insertos, cromossomas artificiais bacterianos (BAC –

Bacterial Artificial Choromosome) e de leveduras (YAC – Yeast Artificial Chromosome), são

capazes de permitir a inserção de fragmentos de 80-200kb e 200kb-1.5Mb, respectivamente

(Xu, 2006). Esses vetores podem ser utilizados na construção de sistemas de expressão de

enzimas. A utilização de promotores gênicos permite o controle da expressão de um gene em

condições controladas. O desenvolvimento de novas tecnologias que promovam a expressão e

identificação eficiente de clones irá representar um avanço na fronteira da genômica

funcional.

1.2.2.1.2 Análise baseada em sequências

A aplicação de iniciadores universais para amplificação direta de sequências do rRNA 16S,

através de PCR (Polymerase Chain Reaction) do DNA total de uma comunidade microbiana e

combinada com tecnologias de clonagem e sequenciamento têm gerado uma vasta quantidade

de dados sobre a diversidade de procariotos. Woese e Fox (1977) (Woese and Fox, 1977)

foram os primeiros a propor a utilização do gene rRNA 16S para descrever relações

filogenéticas entre bactérias. Já o conceito de clonagem do DNA diretamente de uma amostra

ambiental foi inicialmente sugerido por Pace et al. (1985) (Pace et al., 1985) e primeiramente

implementado por Schmidt et al. (1991) (Schmidt et al., 1991). Ele utilizou fago λ para

construir uma biblioteca de rRNA 16S a partir de amostras de água e comparou a diversidade

picoplanctônica (organismos que medem entre 0.2 e 2 µm) do Oceano Pacífico e com

sequências de organismos cultivados do Oceano Atlântico. Foram identificadas sequências

18

com distante relação filogenética com os táxons de Gammaproteobacteria conhecidos. Essas

sequências foram consideradas representantes de novos organismos profundamente

divergentes filogeneticamente. Isso demonstrou o enorme potencial das abordagens

independentes de cultivo, revolucionando a ecologia microbiana.

O sequenciamento do gene rRNA 16S permite a identificação de células, mesmo em pequenas

quantidades. Com isso, obtemos importantes informações sobre a composição taxonômica da

comunidade microbiana de determinado solo. Desta maneira, a construção de bibliotecas

genômicas de rRNA 16S representa uma poderosa ferramenta para a análise da diversidade

molecular de comunidades de microrganismos representativos do solo. O conjunto de clones

bem como a análise de suas frequências dentro de uma biblioteca pode representar de maneira

geral, uma correlação com as unidades taxonômicas predominantes (Janssen, 2006; Nogales

et al., 2001). Schloss (2004) (Schloss and Handelsman, 2004) avaliou a diversidade

taxonômica de procariotos através de 56.215 sequências curadas do gene rRNA 16S

depositadas no banco de dados de genes ribossômicos RDP (Ribosomal Database Project).

Foram identificados mais de 50 filos, sendo metade deles compostos inteiramente por

membros não cultivados. Levantamentos da diversidade de ecossistemas terrestres e marinhos

revelam sequências dominantes pertencentes a grupos taxonômicos como filo Acidobacteria e

o clado SAR11 (Janssen, 2006; Venter et al., 2004a), que apresentam poucas espécies

cultivadas já isoladas em comparação com o número de espécies identificadas pelos métodos

independentes de cultivo.

Além disso, a abordagem metagenômica tem permitido a identificação de táxons em baixa

frequência, em ambientes terrestres e aquáticos, que não apresentam relação filogenética com

nenhum filo descrito (Elshahed et al., 2008; Schloss and Handelsman, 2006; Sogin et al.,

2006). O sequenciamento parcial do gene marcador filogenético rRNA 16S permite a

identificação de membros de subgrupos do filo Acidobacteria sem representantes cultivados.

19

A abordagem metagenômica permite correlacionar os membros das comunidades microbianas

às sequências de genes funcionais obtidos por diferentes técnicas de sequenciamento. O

sequenciamento do genoma revelou que este grupo apresenta genes envolvidos com o ciclo do

carbono, como por exemplo, celulases (Ward et al., 2009) O padrão de distribuição dos genes

funcionais e marcadores filogenéticos podem ser comparados entre metagenomas de

diferentes ambientes. A metagenômica comparativa possibilita a determinação de habitats

preferidos pelos táxons microbianos de diferentes ecossistemas. A comparação em diferentes

escalas (globais, regionais e locais) ajuda a definir as especificidades dos ecossistemas.

A análise quantitativa do conteúdo gênico revela as assinaturas de habitats que refletem

características específicas de uma amostra ambiental. A composição taxonômica das

comunidades ambientais é um indicador importante da sua ecologia e função. Isto nos permite

comparar a complexidade das comunidades e distingui-las em função do repertório

metabólico representado pelas sequências dos metagenomas (Tringe et al., 2005; von Mering

et al., 2007). Desta forma, podemos correlacionar as características ambientais ao longo de

biomas terrestres e aquáticos com os padrões de distribuição dos táxons microbianos (DeLong

et al., 2006; Dinsdale et al., 2008a; Raes et al., 2011). O Projeto Coleta Global dos Oceanos

(Global Ocean Sampling Project- GOS) coletou um impressionante volume de dados através

do sequenciamento do da comunidade microbiana do Mar Sargasso (Venter et al., 2004a). Foi

obtido um total de 1.045 bilhões de pares de bases não redundantes. Atualmente, os dados da

GOS representam um dos maiores depositórios de dados biológicos, relacionados com

metadados para uma única região (Raes et al., 2011).

1.2.2.1.3 Desafio computacional

Estudos em metagenômica são ricos em dados, tanto na quantidade quanto em complexidade.

Atualmente, após duas décadas de experiência no manuseio e análise de dados da sequências

de DNA baseados no estudo de genomas completos de organismos cultivados, os biólogos

20

estão tendo que lidar com a grande quantidade de dados gerados pela abordagem

metagenômica. Análises computacionais que permitam eficiente processamento e

interpretação desses dados representam uma questão ainda a ser superada pela abordagem

metagenômica. Novas tecnologias de sequenciamento, com o pirosequenciamento, estão

aumentando substancialmente a transferência de dados e representam novos desafios

específicos de plataformas de armazenamento de dados.

Armazenar as sequências que serão geradas pelos projetos que utilizam abordagem

metagenômica será um desafio para os bancos de dados (Ex. GenBank, EMBL-Bank, DDBJ e

outros). Mas além do desafio de arquivamento, fica claro que a comunidade vai exigir novos

bancos de dados secundários para que estes dados possam se utilizados de forma eficaz. A

análise de sequências metagenômicas exige programas computacionais robustos, eficientes e

especializados, como, por exemplo, programas para o agrupamento de sequências ou para

análise de séries temporais. Dados metagenômicos devem ser integrados com dados de

diferentes projetos, tais como dados de satélite sobre as temperaturas oceânicas e dados de

séries temporais sobre as mudanças na salinidade dos oceanos (Sun et al., 2011).

Bancos de dados como o Mg-Rast (Meyer et al., 2008) representam uma forma de armazenar,

disponibilizar e interagir com o grande volume de dados gerados pelos projetos. Os principais

consórcios, envolvidos na caracterização de metagenomas em andamento estão listados na

Tabela 1. O avanço das tecnologias de sequenciamento permite o sequenciamento massivo do

DNA metagenômico, possibilitando a identificação de genes ou famílias de genes

relacionadas a proteínas já conhecidas como as depositadas em bancos de dados. Os

principais projetos de metagenomas têm gerado um significativo aumento no volume de

dados submetidos nos bancos de dados, tornando um desafio para o futuro a capacidade de

armazenamento, processamento e análises dos dados gerados. Esta demanda se trona ainda

mais necessária em função dos avanços das técnicas de sequenciamento, representados pelos

21

sequenciadores de segunda geração. O método de pirosequenciamento tem proporcionado um

aumento significativo na capacidade de geração de sequências nos últimos anos.

Tabela 1. Principais consórcios que desenvolvem análises a partir de metagenomas baseada em sequenciamento

Consórcios Endereço virtual

Genomic Encyclopaedia of Bacteria and Archaea project http://www.jgi.doe.gov/programs/GEBA

Microbial Earth Project http://genome.jgi-psf.org/programs/bacteria-archaea/MEP/index.jsf

Human Microbiome Project http://nihroadmap.nih.gov/hmp

Metagenomics of the Human IntestinalTract consortium http://www.metahit.eu

Terragenome Initiative http://www.terragenome.org

Tara Oceans Expedition http://oceans.taraexpeditions.org

National Ecological Observatory Network -NEON http://www.neoninc.org

International Census of Marine Microbes (ICOMM) http://icomm.mbl.edu

Microbial Inventory Research Across Diverse Aquatic Long-Term

Ecological Research Sites http://amarallab.mbl.edu/mirada/mirada.html

Earth Microbiome Project http://www.earthmicrobiome.org

1.2.2.1.4 Pirosequenciamento

O uso do sequenciamento, através do método de Sanger, e suas variações entre os anos 90 e

2000 representou um avanço significativo no estudo dos sistemas biológicos. A consolidação

do sucesso da aplicação do método veio com o anúncio do sequenciamento do genoma

humano (Lander et al., 2001; Venter et al., 2001). Entretanto, limitações como a clonagem

física de fragmentos e longos tempos de execução incentivaram o desenvolvimento de

técnicas de sequenciamento mais velozes, sensíveis e acuradas. Atualmente, a técnica de

pirosequenciamento vem sendo amplamente aplicada aos estudos da diversidade microbiana

(Dinsdale et al., 2008a; Edwards et al., 2006; Huber et al., 2007; Raes et al., 2011; Rodriguez-

Brito et al., 2010; Sogin et al., 2006; Tringe et al., 2005).

O pirosequenciamento é um método de sequenciamento de DNA, baseado no princípio do

sequenciamento por síntese. A detecção da incorporação das bases difere do sequenciamento

22

de Sanger, pois é baseada na detecção da liberação do pirofosfato, em vez de terminação da

cadeia com dideoxinucleotídeos (Nyrén, 1987). A abordagem desenvolvida para

monitoramento do sequenciamento em tempo real sem a necessidade de eletroforese foi

inicialmente proposto por Ronaghi (1996 e 1998) (Ronaghi et al., 1996; Ronaghi et al., 1998).

O sistema de pirosequenciamento é constituído por um sistema enzimático que consiste de

DNA polimerase, ATP sulfurilase, luciferase e apirase. Estas enzimas, de forma geral,

executam as seguintes funções: a DNA polimerase (EC 2.7.7.7) catalisa a polimerização de

DNA na replicação, reparação e é, portanto, crucial para sobrevivência de todas as células

vivas. A produção de PPi liberado mediante ATP durante a polimerização é catalisada pela

ATP sulfurilase (EC 2.7.7.4). A luciferase (EC 1.13.12.7) catalisa a produção de luz a partir

de ATP que é detectada durante o pirosequenciamento. Já a apirase (EC 3.6.1.5) é incluída no

pirosequenciamento para a degradação dos nucleotídeos não incorporados e ATP em excesso,

entre as adições das bases. O método é baseado na detecção do pirofosfato (PPi) liberado

durante a síntese do DNA. Em uma cascata de reações enzimáticas, a luz visível gerada é

proporcional ao número de nucleotídeos incorporados. O pirofosfato é convertido em ATP. O

ATP fornece a energia necessária para a enzima luficerase catalisar a reação de oxidação da

luciferina, gerando luz. O perfil de emissão da luz resultante da incorporação das bases pode

ser observado através de um pirograma (Figura 8).

O pirosequenciamento massivo em paralelo aliado ao aumento da capacidade computacional e

bioinformática permitiu o desenvolvimento substancial das ciências genômicas. Na metade

dos anos 2000, o custo do sequenciamento foi reduzido por aproximadamente duas ordens de

grandeza e reduziu os esforços dos projetos genomas (Rogers and Venter, 2005).

23

Genomas e metagenomas podem ser sequenciados a partir de bibliotecas geradas pela

fragmentação aleatória do DNA (método de sequenciamento shotgun). A ligação de

adaptadores específicos aos fragmentos aliada a uma quantificação precisa do DNA,

permitem a ligação de peças únicas da molécula a esferas de 28 nm (Figura 9 a). Estas

bibliotecas eliminam a necessidade de sistemas de clonagem utilizados no método de Sanger.

Os fragmentos ligados às esferas são amplificados através de PCR em emulsão (em-PCR),

permitindo a amplificação de centenas de milhares de diferentes fragmentos de DNA em uma

única reação. As esferas são compartimentalizadas em uma emulsão de óleo (Figura 9 b),

criando um ambiente individualizado contendo todos os reagentes necessários para a

amplificação da peça de DNA, gerando milhões de cópias do fragmento ligado a esfera.

Figura 8. Representação esqumática do sistema enzimático do pirosequenciamento. O nucleotídeo

incorporado pela polimerase, liberando uma molécula de pirofosfato (PPi). A enzima ATP sulfurilase

converte o PPi em ATP, que atua como substrato para a produção de luz pela luciferase. A luz produzida

é detectada, formando um pirograma que indica a sequência de nucleotídeos incorporados durante o

sequenciamento (retirado de Ahmadian, 2006).

24

Posteriormente, as emulsões são quebradas e os fragmentos de DNA fita dupla são

desnaturados e as esferas contendo apenas fitas simples são depositados em um slide de fibra

ótica contendo aproximadamente 1,6 milhões de poços, onde ocorrem as reações de

sequenciamento em paralelo (Figura 9 c) (Margulies et al., 2005).

Em janeiro de 2009 o sequenciador 454 Genome sequencer 20 (454 GS20), que apresentava

uma acurácia de 99,5% para sequências não montadas (Huse et al., 2007), foi substituído por

uma nova versão, o equipamento 454 Genome sequencer FLX System (454 GS FLX - Roche,

Life Sciences). O novo sequenciador é capaz de produzir sequências mais longas que o

anterior, alcançando 300 pb, excedendo 1 milhão de pb por dia (> 5GB em 5 dias de trabalho)

Figura 9. Preparação da amostra para pirosequenciamento. a) Fragmentos de DNA com adaptadores e acoplados

as esferas submetidas a em-PCR em emulsões de óleo. Após a quebra das emulsões são depositadas em um slide

onde cada esfera contendo os produtos da amplificação são separadas individualmente. b) Microscopia da

emulsão mostrando gotas contendo as esferas. A seta larga representa uma gota de 100 μm e a fina mostra uma

esfera de 28 μm. c) Microscopia eletrônica de um slide (retirada de Margulies, 2005).

25

(Droege and Hill, 2008). Este melhoramento permitiu maior acurácia da tecnologia 454 de

sequenciamento. Além do desenvolvimento de sequenciadores mais robustos, a tecnologia

454 de sequenciamento também foi otimizada através da alteração da química utilizada nas

reações de sequenciamento. Atualmente, a química 454 GS FLX Titanium fornece cerca de

mais que 1 milhão de sequências em uma única corrida de 10 horas. Estas sequências, com

uma média de leitura de comprimento próxima dos 500 pb para bibliotecas shotgun, geram

muito mais dados do que outras abordagens de sequenciamento disponíveis (Gilles et al.,

2011). Os dados de sequências biológicas são então analisados por meio de fórmulas que

medem a diversidade das comunidades microbianas.

1.2.3 Medidas de diversidade

A diversidade microbiana pode ser avaliada a partir do número de espécies encontradas em

uma amostra. Com isso, podem-se construir curvas de rarefação, que permitem avaliar a o

tamanho da riqueza de espécies amostradas. Amostras de tamanhos diferentes podem ser

comparadas através do uso de índices de diversidade e o tamanho total pode ser estimado a

partir das relações de contribuição das espécies, sem a necessidade de acessar todos os

indivíduos de uma amostra.

1.2.3.1.1 Riqueza de espécies

Obtendo-se várias curvas a partir da adição aleatória das amostras pode-se calcular uma curva

coletora média. As curvas de acumulação de espécies (curvas coletora) permitem avaliar o

quanto um estudo se aproxima de capturar todas as espécies do local. Quando a curva

estabiliza, ou seja, nenhuma espécie nova é adicionada, significa que a riqueza total foi obtida

(Figura 10). A partir disso, novas amostragens não são necessárias.

26

Figura 10. Curvas de rarefação mostrando comunidades com diferente diversidade de espécies. É possível

observar que as comunidades presentes em carcaças de baleia são menos diversas que as do solo e por isso

apresentam uma menor inclinação da reta, representando que houve mairo cobertura da diversidade, indicando

um menos número de filotipos em comparação com o solo (Retirado de Tringe, 2005).

Em todo caso, a estabilização da curva é bastante difícil, pois muitas espécies raras costumam

ser adicionadas após muitas amostragens, sobretudo em regiões tropicais. Assim, medidas de

riqueza de espécies que permitam estimar a riqueza a partir dos dados obtidos, ou comparar

inventários entre diferentes áreas com diferentes unidades amostrais, são bastante úteis para

comparar comunidades microbianas. Entretanto, frequentemente a comparação de

comunidades é baseada em diferentes tamanhos amostrais, que, por sua vez, dificultam

conclusões.

A técnica de rarefação consiste em calcular o número esperado de espécies em cada amostra

para um tamanho de amostra padrão. A obtenção de uma curva desse tipo permite a

comparação de amostras, mesmo com intensidades amostrais diferentes. Nesses casos, índices

também são úteis para comparar comunidades de diferentes tamanhos amostrais. Índices de

27

diversidade são expressos por um único número, que pode representar a redução ou a

abundância de um conjunto complexo de táxons. Os índices permitem dimensionar a riqueza,

a igualdade e a diversidade nos diferentes ambientes estudados (Kennedy and Smith, 1995).

1.2.3.1.2 Índices de diversidade

O índice de Shannon-Wiener (H), já tradicionalmente designado como índice de Shannon,

expressa a importância relativa de cada espécie e não apenas a proporção entre espécies e

indivíduos (Shannon, 1948). Este é um índice que atribui um maior peso a espécies raras,

prevalecendo, desta forma, o componente de riqueza de espécies. O índice de Shannon

assume, também, que os indivíduos são amostrados ao acaso de uma população

indefinidamente grande e que todas as espécies estão representadas na amostra coletada,

sendo relativamente independente do tamanho da amostra. Segundo Hutcheson (1970)

(Hutcheson, 1970) os dados obtidos se enquadram em uma distribuição normal, desde que N

seja um número inteiro, de modo que os métodos estatísticos podem ser empregados para

testar a significância da variância.

Já o índice de Simpson (1949) (Simpson, 1949) foi o primeiro a ser usado em estudos

ecológicos e mostra a concentração de dominância, uma vez que, quanto maior o valor, maior

a dominância por uma ou poucas espécies. Este índice exprime, basicamente, a abundância

das espécies mais comuns, sendo, consequentemente, mais sensível a mudanças que ocorrem

nestas espécies (Magurran, 1988). Considerando-se as duas medidas heterogêneas, Shannon e

Simpson, o último é que atribui um peso maior às espécies comuns.

1.2.3.1.3 Estimadores de diversidade

Os estimadores de riqueza fornecem a quantidade de espécies que se pode encontrar em uma

área, sem levar em conta a quantidade de indivíduos por espécie (abundância). Alguns já são

aplicados há três décadas, mas atualmente têm sido mais amplamente aplicados devido ao

28

desenvolvimento de ferramentas computacionais que facilitam seu cálculo. Esses estimadores

são aplicáveis aos dados com diferentes distribuições de abundância, levando-se em conta os

dados relativos às espécies raras (ou aquelas que só aparecem em uma ou em poucas

amostras). O cálculo da riqueza de espécies é mais acurado em comunidades com alta

equitabilidade (as espécies são compostas pelo número semelhante de indivíduos). A

aplicação dos estimadores, em teoria, independe do tamanho da amostra, embora quanto

maior for a quantidade de organismos coletados, maior sua acurácia. O sequenciamento

massivo de DNA tem revelado que a maioria das comunidades microbianas apresenta alto

número de espécies composta por poucos indivíduos, também denominada biosfera rara

(Elshahed et al., 2008; Sogin et al., 2006).

Os estimadores que se baseiam na riqueza das espécies raras compartilhadas entre grupos de

amostras utilizam-se de quatro variáveis: singletons (espécies com somente um indivíduo),

doubletons (espécies com somente dois indivíduos), uniques (espécies que ocorrem em

somente uma amostra) e duplicates (espécies que ocorrem em somente duas amostras). As

estimativas realizadas com espécies representadas por poucos indivíduos são, segundo

(Hellmann and Fowler, 1999), uma função do número de espécies raras encontradas em uma

comunidade.

Os estimadores de riqueza podem calcular: o número de espécies através de curvas coletoras,

de modo que seja possível estimar o esforço empregado para inventariar uma área; número

real de riqueza de espécies baseada em espécies raras compartilhadas entre grupos de

amostras baseadas em incidência e a riqueza de espécies raras compartilhadas entre grupos de

amostras. Amostras amientais costumam apresentar um grande número de espécies. Por

exemplo, as estimativas baseadas em análises não paramétricas apontam um número de

espécie entre 6.400 a 38.000 espécies por grama de solo (Curtis et al., 2002; Schloss and

Handelsman, 2006).

29

1.3 Os microrganismos no meio ambiente

O estudo dos padrões espaciais e processos que estão envolvidos na distribuição da

biodiversidade são conhecidos como a biogeografia (O'Malley, 2007). A maioria dos estudos

sobre padrões de distribuição microbiana tenta avaliar o princípio conhecido como Everything

is everywhere, proposto no fim do século XIX, pelo professor alemão Lourens Gerhard

Marinus Baas Becking (Baas Becking, 1834). Ele se baseou em observações feitas pelo

microbiologista Beijerinck (1813) (Beijerinck, 1913). O princípio diz que ―tudo está em todos

os lugares, mas o ambiente seleciona‖. Vários estudos enfatizam o impacto da composição do

solo e da água na distribuição espacial na diversidade microbiana e na estrutura das

comunidades (Clementino et al., 2008; DeLong et al., 2006; Fuhrman and Azam, 1980;

Galand et al., 2009; Pommier et al., 2007; Schauer et al., 2009). Padrões na distribuição

espacial de organismos fornecem evidências importantes sobre os mecanismos que

influenciam a estrutura das comunidades ecológicas.

Este princípio vem sendo observado e aplicado em alguns trabalhos durante os últimos anos

em comunidades microbianas (Green and Bohannan, 2006; Green et al., 2004; Horner-Devine

et al., 2004; Martiny et al., 2006; Zhou et al., 2008). A relação taxa-área observada em

comunidades microbianas é regida pela Lei de Potência (Power-law). Esta relação é uma das

regras mais difundidas da ecologia: áreas maiores contêm mais espécies do que as pequenas.

A diversidade microbiana pode variar entre locais separados por milímetros ou milhares de

quilômetros, embora o limite de dispersão seja mais aparente em escalas continentais do que

em menores escalas. O pequeno tamanho dos microrganismos pode facilitar sua dispersão.A

capacidade de dispersão por longas distâncias é uma característica fundamental para

distribuição de organismos cosmopolitas. Estudos revelam que a maioria dos táxons

cosmopolitas são também os mais abundantes nas comunidades (Nemergut et al., 2011).

30

Um gradiente latitudinal de diversidade tem sido documentado para organismos (animais e

plantas) marinhos com aumento do número de espécies dos pólos em direção ao Equador. Os

mecanismos que estabelecem esse tipo de padrão estão relacionados com o aumento da

temperatura ao longo do gradiente. Maiores temperaturas e a produtividade primária

influenciam os padrões de distribuição das espécies (Rohde, 1992). Este padrão foi

confirmado recentemente no bacterioplâncton de águas superficiais dos oceanos (Pommier et

al., 2007). A análise dos padrões globais de diversidade de bactérias revela que a salinidade é

um dos principais fatores que influenciam a diversidade global das comunidades microbiana

(Lozupone and Knight, 2007). Fatores climáticos como incidência de raios solares e

temperatura, estão entre os principais fatores que influenciam na diversidade microbiana nos

oceanos (Raes et al., 2011). Entretanto, ainda é pequeno o entendimento sobre a influência de

fatores ambientais na seleção dos grupos funcionais e taxonômicos especialistas que

compõem as comunidades microbianas.

Os métodos independentes de cultivo têm colaborado significativamente para o melhor

entendimento da biogeografia de microrganismos. Sequências de genes podem ser usadas

para atribuir diferenças ou semelhanças entre as comunidades através da similaridade entre

sequências de genes. O gene ribossomal é amplamente utilizado para associar um conjunto de

características que determinam um estilo de vida e estratégias ecológicas gerais com a

identificação de táxons (Green et al., 2008).

Os microrganismos participam de importantes ciclos como do carbono, nitrogênio e enxofre.

Por isso, exercem papéis fundamentais na homeostase de ambientes terrestres e aquáticos,

permitindo o fluxo de energia e a reciclagem de nutrientes (Hackl et al., 2004; Wertz et al.,

2006). O fluxo de matéria e energia paralelo ao fluxo da cadeia trófica clássica é chamado de

alça microbiana. Através dele grande quantidade de matéria orgânica indisponível aos níveis

31

tróficos superiores, pode ser integrada nos ecossistemas aquático e terrestre pela produção

secundária da biomassa microbiana (Fuhrman and Azam, 1980).

A importância da microbiota na manutenção da saúde de ecossistemas aquático e o potencial

biotecnológico da microbiota terrestre são discutidos a seguir.

1.3.1 Microbiota aquática e a saúde ambiental

Microrganismos marinhos estão presentes em milhares de milhões de células por litro de

água do mar. Eles se multiplicam em poucos dias e são consumidos na mesma taxa por

parasitas e predadores protistas e virais. Essas atividades envolvem a captura e processamento

da energia que direcionam os principais ciclos elementares. A diversidade genômica e a

dinâmica evolutiva dos processos ecológicos das populações têm efeitos globais sobre as

taxas e fluxo de energia no mar.

De maneira global, o bacterioplâncton dos oceanos é formado em sua maioria por membros

dos filos Proteobacteria, Cyanobacteria, Bacteroidetes e Actinobacteria (Pommier et al.,

2007). Foram identificados grupos bacterianos como Prochlorococcus; Verrucomicrobiales;

Flexibacteraceae; Gammaproteobacteria (SAR92, OM60, SAR86); Alphaproteobacteria e

Deltaproteobacteria em amostras do Oceano Pacífico. Por outro lado, grupos de bactérias

como Deferribacteres; Planctomycetaceae; Acidobacteriales; Gemmatamonadaceae;

Nitrospina; Alteromonadaeceae SAR202 e SAR11 são encontrados em águas profundas

(DeLong et al., 2006). Entretanto, os fatores que determinam o estabelecimento e manutenção

desses grupos dominantes ainda precisam ser mais bem compreendidos.

A maior parte das Cyanobacteria marinhas está agrupada em dois gêneros estreitamente

relacionados de acordo com suas sequências do gene rRNA 16S: Prochlorococcus e

Synechococcus. Estima-se que essas Cyanobacteria são responsáveis por dois terços da

fotossíntese nos oceanos e elas são amplamente distribuídas nas latitudes equatoriais e

32

temperadas de todos os oceanos (Bouman et al., 2006). Prochlorococcus são os organismos

fotossintéticos mais abundantes nos oceanos do planeta e contribuem significativamente com

a produtividade primária de oceanos tropicais e subtropicais (Partensky et al., 1999). Para

alguns procariotos, as distribuições verticais de profundidade e variação nas propriedades

fisiológicas estão se tornando conhecidas. Diferenças genotípicas e fenotípicas em espécies de

Prochlorococcus foram observadas em populações expostas a diferentes níveis de exposição á

luz (Paul et al., 2010).

A recente descoberta de genes de bacteriorodopsinas em Proteobacteria do clado SAR11, não

cultivadas, revelou a base de sistemas fototróficos em ambientes marinhos (Béjà et al., 2000;

Béja et al., 2001). Bacteriorodopsinas permitem o acoplamento da energia da luz e a ciclagem

de carbono no oceano. As proteorodopsinas são fotoproteínas que são capazes de gerar

energia a partir da luz, realizando a translocação de prótons através da membrana celular.

Esse mecanismo não é baseado no pigmento clorofila como ocorre organismos

fotossintetizantes. A fototrofia baseada em proteorodopsinas é globalmente significante nos

processos microbianos nos oceanos (Béja et al., 2001; Venter et al., 2004b). A presença de

proteorodopsinas em bactérias heterotróficas de crescimento rápido, como as do gênero

Vibrio, está envolvida com o aumento da sobrevida de microrganismos em situação de baixa

disponibilidade de nutrientes (Gómez-Consarnau et al., 2010). Isto significa que as

proteorodopsinas representam uma vantagem ecológica para determinados grupos m

microbianos.

Durante os últimos 30 anos foi demonstrado que as bactérias são dominantes na superfície

terrestre e apresentam alta versatilidade metabólica. Uma grande fração da produção primária

torna-se matéria orgânica dissolvida por vários mecanismos na cadeia alimentar, e esta parte

da produção primária é quase exclusivamente acessível para bactérias heterotróficas e

arqueias (Azam et al., 1983; Ducklow and Carlson, 1992). Como resultado, a absorção de

33

matéria orgânica por bactérias é uma das principais vias de fluxo de carbono e sua

variabilidade pode mudar os padrões globais do fluxo do elemento carbono (Azam, 1998).

A concentração dos gases do efeito estufa tem afetado o equilíbrio em diferentes regiões do

mundo promovendo a acidificação dos oceanos (Caldeira and Wickett, 2003). O equilíbrio

desta molécula determina não só o pH, mas também a disponibilidade de CO2 para a

fotossíntese e carbonato de cálcio usado por organismos marinhos, incluindo corais. O CO2 da

atmosfera é dissolvido em contato com o oceano. O carbono inorgânico dissolvido (CID) é

incorporado à biomassa de algas através de fotossíntese. Na alga ele é convertido em carbono

orgânico particulado (COP) e carbono orgânico dissolvido (COD) (partículas menores que

0,45 µm).

O COD liberado pelas algas promove o crescimento de bactérias que promovem a morte do

coral (Smith et al., 2006). O aumento da concentração de bactérias na superfície do coral

provoca a diminuição da concentração de oxigênio, interferindo no processo de respiração

levando a morte. É observada uma mudança de fase da comunidade bacteriana associada aos

corais, com aumento da concentração de bactérias patogênicas (Mao-Jones et al., 2010). A

correlação entre a retirada de peixes com a morte de corais através do aumento da cobertura

de algas e proliferação de patógenos microbianos é chamada DDAM (do inglês, COD,

Disease, Algae and Microbes) (Rohwer, 2010) (Figura 11).

34

As doenças infecciosas têm sido identificadas como as principais causas da degradação e

extinção de corais em diversas partes do mundo (Bourne et al., 2009). Surtos consecutivos de

doenças no Caribe foram responsáveis por intensa destruição de espécies de corais, levando a

mudança drástica para um ecossistema dominado por algas (Patterson et al., 2002; Weil et al.,

2006). Até este momento, 18 doenças em corais foram descritas, porém somente algumas têm

a doença bem caracterizada (Figura 12). Em uma escala global, o branqueamento tem sido a

doença mais devastadora nas últimas duas décadas (Stone, 2007). Muitas destas doenças em

corais, incluindo o branqueamento, banda preta e banda amarela podem levar a morte.

Figura 11. O modelo DDAM é positivamente retroalimentado quando há aumento de COD, produzido por algas,

para suportar o crescimento de microrganismos associados aos corais. A proliferação de algas ocorre em função

da retirada de peixes, principalmente herbívoros, dos sistemas recifais. A proliferação de microrganismos

promove a morte de corais, aumentando a cobertura de algas.

35

Figura 12. Doenças que afetam corais brasileiros. A) Doença da banda-preta em Mussismilia braziliensis, B)

doença da faixa-vermelha em Siderastrea spp, C) doença dark spot like em Siderastrea spp e D) praga branca

em M. braziliensis (retirado de Francini-Filho, 2008)

1.3.2 Microbiota terrestre e seu potencial biotecnológico

A matéria orgânica no solo é representada pelos restos de animais e vegetais em todos seus

estágios de decomposição. A matéria orgânica decompõe-se até constituir o húmus, que é a

matéria orgânica na forma coloidal, com características benéficas e atribui ao solo uma

coloração escura. Particularmente no solo, os microrganismos desempenham um papel

fundamental na formação do húmus e na degradação da lignocelulose, que representa o

biopolímero mais abundante no nosso planeta. A lignocelulose serve como proteção para as

células de plantas verdes fortalecendo as diferentes estruturas que compõem a planta. A

lignocelulose consiste, de maneira geral, da lignina, uma macromolécula (> 10 KDa)

altamente aromática e hidrofóbica, e da celulose que é um carboidrato polimérico que

compreende cadeias longas de beta-glucose (Figura 13). A hidrólise de polímeros complexos

de celulose permite a disponibilização de glicose para o estabelecimento de outros organismos

36

incapazes de degradá-la. Dessa maneira, microrganismos celulolíticos dirigem o fluxo de

energia no solo.

A celulose é um polissacarídeo formado por unidades residuais de -D-glucose, que

interagem entre si através de ligações -1,4, mantendo uma estrutura linear e plana. A

celulose é muito rígida, podendo ser encontrados em sua estrutura cerca de 4000 a 8000

moléculas de glucose (Aristidou and Penttilä, 2000). A orientação das microfibras de celulose

na parede celular é influenciada por vários fatores que podem influenciar das enzimas

microbianas (celulases) ao substrato (celulose).

Figura 13. Estrutura da lignocelulose. O principal componente de lignocelulose é a celulose, ab (1-4) ligada cadeia de

moléculas de glicose. A lignina é sintetizado através da polimerização dos componentes e sua relação dentro do

polímero varia entre diferentes plantas, tecidos e camadas de madeira da parede celular. Celulose, hemicelulose e

lignina formam estruturas chamadas microfibrilas, que são organizados em macrofibrilas que medeiam a estabilidade

estrutural da parede celular vegetal (retirado de Rubin, 2008).

37

Em um ecossistema tipicamente degradador de celulose como o solo, uma variedade de

microrganismos trabalham em conjunto para converter substratos celulósicos insolúveis em

açúcares solúveis, principalmente celobiose e glicose, que são então assimiladas pelas células.

A decomposição da celulose pode ocorrer tanto em condições aeróbicas quanto anaeróbicas.

Bactérias anaeróbicas desenvolveram um sistema altamente sofisticado e complexo para a

degradação deste polímero chamado de celulossoma (Bayer et al., 2008). Celulossomas são

complexos multienzimáticos produzidos por várias bactérias celulolíticas. O primeiro

exemplo desta estrutura foi descoberto na bactéria anaeróbia termofílica, Clostridium

thermocellum (Bayer et al., 2008; Lamed et al., 1983). A degradação bacteriana aeróbica da

celulose pode ser realizada por bactérias filamentosas (ex: Streptomyces e Micromonospora) e

não filamentosas (ex: Bacillus, Cellulomonas e Ruminococcus). Entretanto, a habilidade de

degradar celulose aerobicamente é muito mais difundida entre fungos. O crescimento em

forma de hifa, apresentado por fungos e actinomicetos, representa uma estratégia que favorece

a degradação da celulose, através da penetração na estrutura cristalina da celulose e secreção

das enzimas necessárias para a degradação do composto. A despolimerização da celulose

representa a etapa que gera o maior rendimento energético para a fermentação. Entretanto,

este polímero encontra-se embebido numa matriz de lignina (10-25%), que apresenta uma

estrutura química bastante complexa, incluindo anéis fenólicos (Lee, 1997).

A exigência de um consórcio de enzimas reflete a dificuldade de acesso aos polissacarídeos

da parede celular das plantas. A degradação completa da celulose requer um complexo

formado principalmente por três classes enzimáticas, que devem atuar de maneira sinérgica.

Este complexo é composto por endoglucanases, que hidrolisam randomicamente a fibra de

celulose nas ligações β- 1,4 internas reduzindo o tamanho do polímero; exoglucanases que

hidrolisam a celulose a partir dos terminais não-redutores, liberando unidades de celobiose; e

38

β glicosidases que clivam os oligossacarídeos ou as celobioses livres, gerando glicose (Han et

al., 1995; Lynd et al., 2002).

A degradação das substâncias orgânicas e das substâncias húmicas é mediada pelos

microrganismos dos grupos Proteobacteria, Firmicutes, Actinobacteria, Verrucomicrobia e

Acidobacteria. Esses grupos taxonômicos são amplamente encontrados em solos e têm papel

importante na ciclagem de biodisponibilização de C e N nestes ambientes. Os filos

Acidobacteria, juntamente com Proteobacteria, são dominantes em solos de florestas (Faoro

et al., 2010a; Janssen, 2006). Os solos ácidos são dominados por poucos táxons,

principalmente Acidobacteria e Alphaproteobacteria.

A distribuição espacial de alguns táxons está relacionada com a heterogeneidade do solo

(Philippot et al., 2009). A diversidade e a riqueza das comunidades bacterianas no solo

mostraram ser influenciadas pelas variáveis edáficas do solo, principalmente o pH, dos

diferentes ecossistemas (Fierer and Jackson, 2006; Griffiths et al., 2011). A diversidade

bacteriana é menor em solos ácidos, como da Amazônia, que foi identificado como o mais

ácido e menos diversificado ao longo das Américas do Norte e do Sul. Os representantes

desses filos apresentam alta versatilidade metabólica e são capazes de degradar fontes

complexas de carbono com a celulose. As Streptomyces e Clostridium, também são

conhecidas produtoras de celulases (Kato et al., 2004; Semedo et al., 2004).

Enzimas produzidas por estes microrganismos são bastante exploradas economicamente em

processos biotecnológicos, em especial pela indústria de energia. Até o momento, vários

laboratórios estão empenhados na construção de microrganismos alterados geneticamente

para a obtenção de enzimas de alto rendimento para a conversão de biomassa em

biocombustível (Galbe and Zacchi, 2002; Lynd et al., 2002; Schubert, 2006). A biomassa

celulósica representa uma matéria-prima alternativa às matrizes energéticas atuais como

combustíveis fósseis, nuclear e hidroelétrica devido à sua disponibilidade em larga, menor

39

custo de produção e produz menor impacto ao meio ambiente (Lynd et al., 1999). Estima-se

que 1011

toneladas de biomassa vegetal, são hidrolisadas anualmente por enzimas microbianas

e a energia liberada equivale a 640 bilhões de barris de petróleo (Ragauskas et al., 2006).

Desta forma, a aplicação a produção de energia com base em biomassa celulósica colabora

com a diminuição do efeito estufa, reduzindo o custo ambiental em função da produção de

energia, pois representa uma fonte mais limpa do que as matrizes energéticas baseadas em

queima de comustíveis fósseis. O principal obstáculo impedindo a produção mais

generalizada de energia a partir de fontes de biomassa é a ausência geral de tecnologias de

baixo custo e de baixo impacto ambiental para superar a recalcitrância desses materiais.

Atualmente tratamentos físico-químicos são bastante utilizados no pré-tratamento da

biomassa, entretanto ainda são métodos caros e que produzem um significativo passivo

ambiental.

Microrganismos capazes de produzir enzimas com aplicação na degradação de resíduos

agrícolas, como a celulose presente no bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, podem reduzir

significativamente os custos associados à produção do combustível e, por isso, apresentam

grande interesse econômico. O emprego de sistemas biológicos, a partir da diversidade

genética das comunidades microbianas do solo da Mata Atlântica, capazes de degradar

compostos celulósicos permite a otimização da produção de energia a partir de biomassa. A

utilização eficiente da celulose permite o aumento da produção de etanol do país, diminuindo

a necessidade de expansão da área de plantio de monoculturas como a cana-de-açúcar. Isso

representa a diminuição da pressão das fronterias agrícolas sobre os biomas brasileiros e seus

recursos naturais.

40

1.4 Biodiversidade

O termo biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade

genética dentro das populações e espécies e suas funções ecológicas desempenhadas pelos

organismos nos ecossistemas (Wilson, 1985; Wilson et al., 2007). O conceito de

biodiversidade envolve dois parâmetros: riqueza e equitabilidade. Riqueza é a quantidade de

espécies e equitabilidade é a quantidade de indivíduos de determinada espécie que ocorre em

um local ou em uma amostra. A maioria das políticas públicas e não-governamentais de

projetos conservacionistas utiliza medidas de diversidade e de riqueza para apoiar os dados

que subsidiarão as medidas de preservação e manejo ambiental. Áreas reconhecidas como

hotspot de diversidade ou ―ecoregiões críticas‖ são usualmente identificadas usando dados

sobre a riqueza de espécies endêmicas (Brooks et al., 2006).

O conceito dos Hotspots, criado em 1999 por Mitermeier e reforçado em 2004 (Mittermeier

and Mittermeier, 2004), estabelece atualmente 25 áreas críticas para conservação em todo o

mundo (Myers et al., 2000) (Figura 14). Essa estratégia foi adotada pela Conservação

Internacional para estabelecer prioridades em seus programas de conservação.

O critério mais importante na determinação dos Hotspots é a existência e o grau de ameaça de

espécies endêmicas, isto é, que são restritas a um ecossistema específico e, portanto, sofrem

maior risco de extinção. Os Hotspots sustentam até metade da diversidade biológica do

planeta em apenas 1% da sua superfície da Terra (Myers et al., 2000). O estabelecimento de

áreas protegidas para conservação da biodiversidade in situ é uma estratégia de manejo,

podendo permitir a preservação de (micro) biota com grande potencial biotecnológico e

ambiental.

A estratégia dos hotspots é justificada pelo fato que os conservacionistas estão longe de

conseguir proteger todas as espécies ameaçadas do mundo. Essa abordagem prioriza as ações

nas áreas mais ricas, como as florestas tropicais da Mata Atlântica brasileira e as savanas do

41

Cerrado brasileiro, os ecossistemas do tipo mediterrâneo e outros, protegendo espécies em

extinção e mantendo o amplo espectro de vida no planeta. Consequentemente, a riqueza

observada nos hotspots pode capturar uma alta diversidade de espécies, mas nem sempre as

espécies raras ocorrem nessas regiões (Prendergast et al., 1993). Muitas áreas mantêm apenas

3 a 8% do que existia inicialmente, como a Mata Atlântica, que hoje guarda entre 7 a 8% de

sua extensão original.

Figura 14. Localização dos hotspots de riqueza de espécies ao redor do mundo considerados áreas prioritárias

para conservação (Meyers, 2000).

Existem diferentes hipóteses que explicam a importância da biodiversidade para a estabilidade

de um ecossistema. Entretanto, todas assumem que a diversidade é fundamental na sua

manutenção. A hipótese da diversidade-estabilidade postula que os ecossistemas são tanto

mais estáveis, quanto maior a diversidade no sistema (Stiling, 1996). A simplificação dos

ecossistemas, em termos de redução de espécies (redução da diversidade), induz uma redução

da estabilidade e aumenta a susceptibilidade a invasões biológicas. Este argumento sustenta

importantes políticas de conservação aplicadas à gestão do meio ambiente. Neste sentido,

42

índices de diversidade poderiam ser ferramentas importantes na delimitação de áreas

estratégicas para a proteção ambiental.

A hipótese da redundância sugere que as espécies se agrupam em unidades funcionalmente

equivalentes (Stiling, 1996). Segundo esta hipótese, o funcionamento dos ecossistemas não é

afetado pela remoção de elementos redundantes, mas sim pelo efeito sobre as espécies com

papel preponderante no funcionamento dos ecossistemas. Por exemplo, com o aumento de

determinados grupos de espécies que tem papel negativo para um determinado bioma, pode

levar a degradação deste bioma.

Nesta seção serão apresentadas as principais características dos biomas aquáticos e terrestres

que foram exploradas neste trabalho. O termo bioma foi utilizado de uma forma ampla para

definir um conjunto de ecossistemas. No caso, abordaremos os ecossistemas de manguezais,

lagoas costeiras, sistemas recifais e solos de floresta.

1.4.1 Biomas aquáticos: zona costeira

Metade do oxigênio existente no ar que respiramos é produzida nos oceanos. Além disso, os

oceanos absorvem grande parte do CO2 lançado na atmosfera. Essas duas funções são

primordiais para a manutenção do equilíbrio ambiental. Por isso, biomas aquáticos como a

Zona Costeira representa ecossistemas prioritários para conservação e preservação dos

recursos naturais.

A Zona Costeira é a região de interface entre o continente e o mar, sendo dominada por

processos oceanográficos e atmosféricos originados nas bacias de drenagem dos rios

afluentes. A elevada concentração de nutrientes e outros fatores ambientais como gradientes

térmicos, salinidade variável e condições para a reprodução e alimentação da maioria das

espécies que habitam os oceanos, fazem com que esse ecossistema desempenhe uma

importante função de ligação e de trocas genéticas entre os ecossistemas terrestres e marinhos.

43

Por ser uma região de transição, a zona costeira registra expressiva sobreposição territorial,

mantendo também interface com os biomas terrestres. Por isso, não se caracteriza como uma

unidade, mas sim como complexos de ecossistemas, onde os fenômenos regionais

determinam as características de cada ecossistema.

Essas regiões englobam menos de 20% da superfície do planeta, mas acomodam mais de 45%

da população humana, hospedando 75% das grandes cidades com mais de 10 milhões de

habitantes e produzindo cerca de 90% da pesca global (Lemay, 1998). Cerca de 60 % dos 475

milhões de habitantes da America Latina vivem em estados costeiros, assim como a maioria

das cidades economicamente mais importantes. A região costeira é uma importante zona de

produção de alimentos e é foco de desenvolvimento industrial. As zonas costeiras são áreas

submetidas à forte pressão ambiental, pois representam áreas intensamente povoadas e com

altos níveis de industrialização. Os efeitos do desenvolvimento desordenado contribuem para

a desestabilização dos ecossistemas tornando a demanda por recursos não sustentável.

A Zona Costeira brasileira ocupa aproximadamente, três milhões de km2, sob jurisdição

brasileira. O país possui uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de 7.400 km

entre a foz dos rios Oiapoque (04°52’45‖N) e Chuí (33°45’10‖S). Os ecossistemas são

extraordinariamente diversos. Tal fato torna a Zona Costeira brasileira um ambiente complexo

e diversificado, uma vez que a faixa terrestre que compõe a costa do Brasil está inserida em

diferentes biomas (Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado e Pampas).

Consequentemente, a diversidade biológica não é igualmente distribuída ao longo dos

diversos ecossistemas costeiros e marinho como as lagoas costeiras, manguezais e recifes de

corais.

Lagoas costeiras e estuários constituem sistemas férteis, servindo de abrigo e região de

criadouro para um grande número de espécies. Os manguezais apresentam elevada

diversidade estrutural e funcional, atuando, juntamente com os estuários, como exportadores

44

de biomassa para os sistemas adjacentes. Finalmente, os recifes de corais comportam uma

variedade de espécies animais próxima àquela observada nas florestas tropicais úmidas e

constituem os ambientes mais diversos do planeta (Reaka-Kudla, 1997). A Zona Costeira

representa um dos principais focos de atenção para a conservação ambiental e manutenção da

biodiversidade, tanto terrestre como aquática. O impacto de rejeitos domésticos e industriais

associados à expansão de atividades predatórias são as maiores ameaças dos ecossistemas

costeiros, principalmente os mangues e recifes de coral que representam os ecossistemas com

maior diversidade.

O crescimento desordenado e o adensamento das populações costeiras no Brasil tiveram sua

origem na colonização do país. O papel de colônia de exploração promoveu a ocupação do

território brasileiro do litoral para o interior, tendo em vista facilitar o escoamento do

comércio e o trânsito de pessoas entre colônia e metrópole. Estas áreas foram alvos de um

processo de ocupação acelerado que teve como vetores básicos a urbanização, o turismo e a

industrialização. Com o surgimento de grandes centros urbanos próximos a faixa litorânea,

têm-se observado mudanças significativas na qualidade das águas costeiras e estuários,

principalmente em função do despejo de esgoto doméstico e efluentes industriais não tratados,

diretamente nos corpos de água em todo o mundo (Bound and Voulvoulis, 2006; Medeiros et

al., 2005; Nakada et al., 2006; Petrovic et al., 2003). Dados do (IBGE, 2000) mostram uma

grande concentração de áreas com potencial poluidor ao longo do litoral brasileiro e próximo

a corpos de água (Figura 15).

1.4.1.1 Manguezais e lagoas

Manguezais e lagoas representam ecossistemas costeiros de transição diretamente

influenciados pelo oceano. Caracterizam-se por serem extremamente dinâmicos em função

das flutuações das características físico-químicas associadas ao encontro da água doce com a

45

água salgada. No planeta existem aproximadamente 172.000 Km² de manguezais, sendo

26.000 Km² distribuídos pela costa brasileira. O manguezal é um ecossistema costeiro,

característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés, constituído de

organismos adaptados à flutuação de salinidade e capazes de colonizar sedimentos com

baixos teores de oxigênio. Ocorre em regiões abrigadas e apresenta condições propícias para

alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais.

Figura 15. Áreas no território brasileiro com potencial impacto poluidor, localizadas próximas a corpos d’água.

Os pontos vermelhos indicam as áreas com potencial impacto poluidor. A maior concentração dessas áreas

encontra-se ao longo da costa, onde observamos maior concentração de atividades humanas e industriais. Fonte:

(IBGE, 2000).

O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, enseadas, barras,

desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios

com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa.

46

Este é um ecossistema submetido a intenso impacto antropogênico em virtude de sua

proximidade com áreas intensamente urbanizadas e industrializadas. A ocupação urbana,

associada às atividades humanas e industriais, resulta em exploração inadequada dos recursos

disponíveis e a consequente degradação de áreas de mangue (Kennish, 1992; Pelletier et al.,

2006) (Figura 16).

A Baía de Guanabara é localizada no estado do Rio de Janeiro. A baía abrange parte da região

metropolitana do estado do Rio de Janeiro que se caracteriza por ser uma região de intensa

atividade urbana e industrial. Essa região sofreu uma das maiores catástrofes ambientais do

Brasil com o vazamento de cerca de 1,3 milhões de litros de óleo da Refinaria Duque de

Caxias em janeiro de 2000 (Gabardo et al., 2000). A Baía de Sepetiba também está inserida

numa região de intensa atividade industrial, contaminada pela dissolução de metais sulfetados.

Figura 16. Ecossistemas costeiros sob impacto antropogênico. A) Manguezal da Baía de Guanabara (foto: Erick

Aniszewski) e B) Ocupação industrial na Baía de Sepetiba (fonte: http://www.revistaportuaria.com.br).

Já as lagoas costeiras se encontram distribuídas ao redor do mundo e ocupam 13 % das

regiões costeiras no mundo. Uma lagoa costeira é um corpo de água costeira rasa, separada

do oceano por uma barreira e ligada pelo menos de forma intermitente, por restritas conexões

com o oceano (Kjerfve, 1994). Elas apresentam extensões variadas, podendo alcançar 70 km2

como a Lagoa do Rocha no Uruguai até 10000 Km2,

como a Lagoa dos Patos no Rio Grande

do Sul, a maior do Brasil e uma das maiores da América Latina. Lagoas costeiras são

47

utilizadas para recreação e turismo, apresentam valor cultural e o seu valor econômico

(Costanza et al., 1997). Entretanto, assim como os manguezais, lagoas costeiras também se

encontram ameaçadas pelo despejo de efluentes domésticos e industriais.

O intercâmbio entre lagoa e oceano é impulsionado pela ação das marés e das ondas e é

muitas vezes o principal componente do balanço de água da lagoa (Smith, 1994). A

quantidade e qualidade da água de uma lagoa são influenciadas pelas taxas de evaporação,

precipitação, entrada das águas subterrâneas, escoamento superficial e intercâmbio com o

oceano.

A salinidade da água e os nutrientes atuam como os principais reguladores da distribuição de

diversos organismos tais como bactérias, plantas, microcrustáceos e peixes (De Macedo-

Soares et al., 2010; Farjalla et al., 2009; Santangelo et al., 2007; Santos et al., 2006). A

constante variação da salinidade exige que os organismos sejam capazes de se adaptar a esta

condição. Esta é uma das características que influenciam o alto grau de endemismo desses

ecossistemas. A Lagoa de Araruama, maior lagoa hipersalina do mundo, apresenta variação

na salinidade durante o ano entre 45 e 55 % (Kjerfve, 1994). A comunidade microbiana

associada à lagoa apresenta uma diversidade de procariotos adaptados a viver em condições

hipersalinas (Clementino et al., 2008).

Lagoas costeiras também apresentam um alto grau de conectividade aos ecossistemas

terrestres adjacentes, exibindo uma troca significativa de água e material particulados e

dissolvidos. Esse material se acumula nos sedimentos ou são removidos para o oceano.

Lagoas costeiras no norte fluminense (Farjalla, 2002) apresentam altas concentrações de

carbono orgânico dissolvido (COD), comparáveis às concentrações normalmente encontradas

em pântanos e em ecossistemas considerados ricos em matéria orgânica dissolvida (MOD). A

origem desse carbono está relacionada à decomposição parcial de macrófitas e principalmente

pela a decomposição de plantas terrestres nos arredores. Stepenauskas (Stepanauskas, 1999)

48

mostrou que a biodisponibilidade do MOD é reforçada após a mistura do lago e da água do

oceano. No entanto, a MOD do oceano é mais biodisponível que o das lagoas (Søndergaard et

al., 1995). Sendo assim, essas regiões são ecossistemas altamente produtivos que suportam

uma variedade de habitats. As lagoas costeiras representam uma fonte de energia e nutrientes

para as áreas adjacentes. O carbono orgânico dissolvido (COD) derivado de plantas aquáticas

fornece uma importante fonte de energia para bacterioplâncton marinho costeiro (Moran et

al., 1991).

1.4.1.2 Sistemas recifais

Os recifes de corais são estruturas geológicas de origem biogênica, construídas a partir do

crescimento de organismos que secretam esqueletos de carbonato de cálcio. Essas estruturas

representam um habitat que permite a interação de milhares de espécies que dependem da

manutenção das estruturas recifais, permitindo o estabelecimento de relações entre diversos

taxa. Os ecossistemas recifais abrigam quase um terço dos peixes marinhos (McAllister et al.,

1994). Os maiores responsáveis pela edificação dos recifes são os corais escleractíneos e,

secundariamente, os hidróides calcários ou hidrocorais e as algas calcárias (Muscatine, 1990).

Os recifes cobrem, aproximadamente, de 0,1 a 0,5% do assoalho oceânico, com áreas

variando de 255.000 km2 (Spalding and Grenfell, 1997) a 1.500.000 km

2 (Copper, 1994). Os

recifes de corais estão entre os mais diversos, mais complexos e mais produtivos ecossistemas

do planeta (Odum and Odum, 1955).

Os corais são animais pertencentes ao Filo Cnidária, com cerca de 1.300 espécies

pertencentes a 24 famílias (Brusca and Brusca, 2003). A capacidade dos corais de construir

recifes está intimamente relacionada à atividade fotossintética de algas microscópicas

chamadas zooxantelas (gênero Symbiodinium) que vivem em simbiose com o coral. Estas

algas fornecem carbono orgânico para os corais aumentando sua capacidade de secreção de

carbonato de cálcio. Isso permite que estes animais cresçam e forneçam matéria prima para a

49

construção da base da estrutura recifal, em uma velocidade mais rápida do que a taxa de

destruição por erosão.

O fenômeno conhecido como ―branqueamento de coral‖ ocorre quando as algas simbiontes

zooxantelas abandonam o tecido do coral ou quando elas perdem seus pigmentos (Glynn,

1991). O aumento da temperatura da água nos últimos anos, associado ao aumento do efeito

estufa, é apontado como a principal causa do branqueamento (Fitt et al., 2001; Glynn, 1991;

Goreau et al., 2000). O branqueamento de corais representa um impacto significativo nos

recifes, pois os corais, principais construtores, sofrem déficit energético tornando-se

vulneráveis a doenças, predação e morte (Glynn, 1991; Hoegh-Guldberg, 1999). O

branqueamento atinge ainda a saúde dos corais afetando sua reprodução, diminuindo o

crescimento linear e reduzindo a taxa de calcificação do seu exoesqueleto (Nyström et al.,

2000). E como consequência, a manutenção e o desenvolvimento da estrutura recifal pode ser

seriamente comprometida (Goreau et al., 2000). Além das questões globais, os impactos

locais também podem promover prejuízos aos sistemas recifais

As atividades pesqueiras ao redor do mundo mostraram um significativo aumento nos últimos

50 anos (Swartz et al., 2010) (Figura 17). Isso representa uma ameaça aos sistemas recifais,

pois a retirada de organismos que ocupam níveis superiores na cadeia alimentar, provocando

alteração no equilíbrio do ecossistema (Sandin et al., 2008). Mais de 100 países tem recifes de

corais na sua linha de costa, e pelo menos dez milhões de pessoas têm seus recursos ou fonte

protéica oriunda dos recifes (Salvat, 1992). Nestes recifes a base das cadeias alimentares é

seriamente comprometida, afetando toda a estrutura recifal e as comunidades que deles

dependem.

50

A pesca predatória provoca a mudança de uma comunidade recifal dominada por corais para

uma comunidade dominada por algas devido à retirada dos peixes herbívoros que, em

ecossistemas equilibrados, controlam o crescimento das algas (Figura 11). A mudança de fase,

para predomínio de algas ocorre porque a taxa de crescimento das algas e bactérias

heterotróficas é muito superior a do coral. O resultado desta competição é a diminuição da

cobertura de corais e aumento da cobertura de algas. Sendo assim, esses organismos podem

ser utilizados como indicadores de degradação ambiental nos sistemas recifais. A alteração na

relação entre a cobertura de bentos (corais e algas) em sistemas recifais pode ser observada

Figura 17. A produção primária requerida para sustentar a produção pesqueira mundial de pesca, expresso em

percentagem da produção primária local. Os mapas representam o total de desembarques anuais de 1950

(acima) e 2005 (abaixo) (Swartz, 2010).

51

em regiões com maior concentração de atividades humanas (Dinsdale et al., 2008b; Sandin et

al., 2008). Esse fenômeno tem sido observado em vários recifes do mundo, em consequência

não somente da sobre pesca, mas também da poluição marinha e do crescente incidência de

doenças em função do efeito estufa e acidificação dos oceanos (Hughes, 1994; Hughes et al.,

2007).

No Brasil, episódios de doença em corais têm sido relatados nos últimos anos (Leão

(Francini-Filho et al., 2008; Leão et al., 2008). A proximidade dos recifes da costa, onde se

concentra a maior parte da população constitui um fator determinante para o aumento da

incidência de doenças, aliado ao aumento da temperatura global. Estimativas sugerem que a

manutenção do ritmo de degradação dos sistemas recifais pode levar os corais brasileiros à

extinção em torno de 50 anos (Francini-Filho et al., 2008)

Embora raros, os recifes brasileiros ocupam uma área de cerca de 890 km2 sendo que a maior

parte das espécies está localizada na costa do estado da Bahia (Prates, 2003) (Figura 18).

Recifes coralíneos brasileiros são considerados como área prioritária para a conservação da

biodiversidade no Atlântico devido ao tamanho reduzido deles (5% de recifes do Atlântico) e

um alto nível de endemismo (Francini-Filho and de Moura, 2008).

52

O Banco de Abrolhos é um alargamento de 42.000 km2 da plataforma continental dos estados

da Bahia e Espírito Santo, representando o maior e mais rico complexo recifal do Atlântico

Sul (Leão et al., 2003). Os recifes de corais têm sido formados nos últimos cinco mil anos

nesta área e distribuídos sobre a plataforma continental. Mussismilia braziliensis e M. híspida

representam mais de 70% da massa formadora do recife em algumas áreas. Os recifes de

Abrolhos crescem a partir de uma estrutura característica com a forma de cogumelo chamada

de "chapeirão", o qual é construído por uma fauna coralina rica em espécies endêmicas.

Existem chapeirões com diferentes alturas e dimensões laterais (altura < 1 a >25 m, diâmetros

<1 a >50 m) e em diferentes fases de crescimento (Hartt, 1871). Essas estruturas assemelham-

se a cogumelos com o topo mais pronunciado no lado dos ventos dominantes. Com apenas 1

m de altura e 1 a 2 m de diâmetro no topo, podem já apresentar a forma cogumelar desde sua

fase inicial de crescimento, assim como uma simples colônia do coral Mussismilia

Figura 18. Mapa com a distribuição dos recifes na costa brasileira. (Fonte: RECOR)

53

braziliensis com diâmetro de cerca de 20 cm já pode apresentar a forma de um pequeno

cogumelo. Nos chapeirões maduros, os quais podem alcançar alturas de até 25 m com uma

área na superfície de cerca de 50 m, o aumento do diâmetro do topo é acentuado quando estas

estruturas alcançam o nível do mar. Esta forma de crescimento cogumelar dos recifes de

Abrolhos não é uma característica comumente encontrada nos recifes de corais de outros

mares tropicais. Recifes costeiros rasos são sujeitos a uma alta pressão da pesca e acúmulo de

sedimentos, enquanto recifes mais afastados da costa são menos impactados (Francini-Filho

and de Moura, 2008).

O Banco de Abrolhos sustenta uma grande diversidade de vida marinha, potencialmente

desempenhando um papel principal na homeostase de todo o oceano Atlântico Sul como uma

importante área produtora e berçário de espécies. A região hospeda importantes peixes alvos

de pesca como Caranhas (família Lutjanidae), garoupas (família Serranidae) e outros recursos

costeiros valiosos (marisco) (Francini-Filho and de Moura, 2008). De acordo com o Programa

de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva do

Ministério do Meio Ambiente, a produção pesqueira anual no banco de Abrolhos é de aprox.

15 mil toneladas de pescado, gerando divisas na ordem de R$ 150 milhões reais/ano e

envolvendo pelo menos 20 mil famílias de pescadores.

1.4.2 Bioma terrestre: o solo da Mata Atlântica

O solo é a camada mais superficial da crosta terrestre. Ele abriga a maior parte da diversidade

de organismos vivos do planeta. Em consequência, processos ecológicos fundamentais para a

manutenção dos ecossistemas, como os processos biogeoquímicos (Ex. ciclo do carbono e

nitrogênio) ocorrem no solo. O solo desempenha diversas funções primordiais em nossos

ecossistemas, incluindo a capacidade de ciclagem das moléculas orgânicas e inorgânicas. O

solo apresenta grande capacidade para assimilar grandes quantidades de matéria orgânica,

transformando-a em húmus, uma associação de matéria orgânica com minerais em

54

decomposição. Os padrões do processo de decomposição da matéria orgânica se refletem na

forma de húmus. Na Mata Atlântica, são encontradas diferentes formas de húmus (Kindel and

Garay, 2002).

O solo apresenta grande variedade de nichos e habitats. Os poros do solo, aliado aos

agregados particulares oferecem uma ampla variedade de microhabitats, permitindo o

desenvolvimento de organismos como insetos, protozoários, fungos e bactérias. Microzonas

com alguma aeração podem se formar apenas alguns milímetros de distância de regiões

anóxicas. Diferentes áreas podem ser enriquecidas com diferentes compostos orgânicos e

inorgânicos, tornando esses ambientes mais ácidos ou básicos de acordo com a variação de

aporte dessas moléculas no solo.

O solo funciona como um meio de crescimento para as planta superiores, permitindo a fixação

e proteção às raízes, provendo nutrientes. O solo é capaz de reter e armazenar a água da chuva

e disponibiliza os nutrientes inorgânicos em forma de íons dissolvidos, permitindo sua

utilização pelas plantas de forma contínua. O solo funciona como um regulador do suprimento

de água uma vez que, de acordo com suas características, pode reter mais ou menos água. Isto

influencia no controle dos níveis dos corpos d´água como bacias, rios e lagos. Aliado a isto, o

solo também pode influenciar a qualidade da água. Processos de lixiviação e run-off podem

ocasionar o transporte de nutrientes, ou mesmo substâncias tóxicas para os reservatórios de

água. Por outro lado, também podem executar a depuração de águas contaminadas, a partir da

retenção de substâncias tóxicas. Isso irá depender das caractterísticas do solo.

1.4.2.1 Características do solo

Os principais eventos relacionados ao processo de formação do solo são efeitos da atuação do

clima e de organismos vivos sobre um material parental ao longo do tempo, sob a influência

de uma topografia. O solo pode ser considerado uma interface entre quatro componentes

55

fundamentais para a vida. Os quatro principais componentes do solo são matéria orgânica,

matéria mineral, água e ar. A proporção relativa desses componentes pode influenciar nas

características e na produtividade do solo.

A matéria orgânica é representada pelos restos animais e restos vegetais em todos seus

estágios de decomposição, apresentando fundamental importância como fonte de matéria

orgânica para o solo. A matéria orgânica decompõe-se até constituir o húmus, que é a matéria

orgânica na forma coloidal, com características benéficas e atribui ao solo uma coloração

mais escura.

A matéria mineral do solo é representada pelos minerais constituintes da rocha de origem, e

pelos minerais formados como resultado do seu intemperismo. A organização estrutural é

bastante heterogênea, essencialmente formada por agregados resultantes da associação da

matéria orgânica e mineral de diferentes tamanhos e estabilidade (Tisdall and Oades, 1982).

Esses agregados por sua vez, promovem a formação de microhabitats, caracterizados pela

presença de diferentes substratos, concentração de nutrientes e água, bem como variações de

pH (Ladd et al., 1996).

O componente líquido do solo representa uma solução iônica (cátions e ânions). A água fica

retida em microporos e é drenada para as camadas mais profundas do solo, pela ação da

gravidade, através de macroporos, responsáveis pela aeração. Maiores quantidades de matéria

orgânica permitem maior retenção da água no solo. Há uma tendência dos solos mais

argilosos em apresentar maiores quantidades de biomassa microbiana capaz de promover

maior retenção de umidade, formando complexos organo-minerais ou servindo de tampão às

mudanças de pH (Smith and Paul, 1990).

A quantidade de água tem uma relação próxima com o conteúdo de ar no solo, uma vez que

os poros são preenchidos pela água, desalojando o ar do seu interior. A umidade relativa do ar

56

do solo costuma ser próxima de 100 %, a não ser em solos extremamente secos. Além disso, o

conteúdo de CO2 é mais elevado enquanto à concentração de O2 é menor que a observada no

ar atmosférico. Esta tendência é explicada pela atividade metabólica no solo.

Um corte seccional vertical do solo revela a presença de regiões distintas, conhecidas por

horizontes. A camada mais próxima da superfície do solo é conhecida como Horizonte A, que

é rica em matéria orgânica proveniente da decomposição de matéria viva, de plantas e de

raízes. As camadas situadas abaixo do Horizonte A apresentam menores níveis de matéria

orgânica à medida que se distanciam da superfície e se aproximam da rocha de origem. O

material parental influencia em características do solo, como, cor, textura, estrutura,

mineralogia e pH.

Atualmente, os solos brasileiros estão distribuídos em 14 classes de acordo com a Nova

Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). O tipo de solo mais frequente no território

brasileiro é o latossolo (Figura 19). Os latossolos são solos comumente encontrados em áreas

tropicais. São altamente intemperizados e se caracterizam por apresentar um horizonte

mineral composto por uma subsuperfície rica em hidróxidos de ferro e alumínio. Esses tipos

de solo apresentam alto teor de argila e baixa capacidade de troca iônica, além de baixa

concentração de silicato. A maior parte se forma sob a floresta de Mata Atlântica, sendo

submetido às chuvas intensas. Além disso, apresentam baixo teor de nutrientes para plantas,

especialmente após a remoção de parte da cobertura nativa.

Figura 19. Os latossolos representam um dos tipos mais comumente encontrados no Mata Atlântica.

57

1.4.2.2 A Mata Atlântica

A Mata Atlântica é uma formação vegetal brasileira que originalmente acompanhava o litoral

do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Nas regiões Sul e Sudeste, chegava até

Argentina e Paraguai. A Mata Atlântica apresentava cerca de 1.300.000 km², ou cerca de 15%

do território nacional, englobando 17 estados brasileiros (Figura 20). Na porção litorânea, a

maior parte da Mata Atlântica tem áreas de transição com os ecossistemas que compõem a

Zona Costeira. Depois de séculos de exploração madeireira, avanço agrícola e crescimento

urbano, mais de 90% da mata original foi destruída (Figura 20). Atualmente, a Mata Atlântica

encontra-se extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do

globo.

.

Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de

seu ecossistema é uma dos maiores do planeta e declarada pela UNESCO como Reserva da

Figura 20. Cobertura do bioma Mata Atlântica. Aproximadamente 90 % do bioma já foi devastado (Fonte: Atlas

dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

– INPE.

58

Biosfera, um Patrimônio da Humanidade. Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica

caracteriza-se pela vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. É uma das áreas mais

sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das elevações do

planalto e das serras. Há subdivisões da mata, devidas a variações de latitude e altitude e

possui formações pioneiras. Além disso, vale destacar ainda a existência de sete das nove

maiores bacias hidrográficas brasileiras neste bioma A interface com estas áreas cria

condições particulares de fauna e flora.

Entre as espécies mais comuns encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas. Mais de

50% das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlântica são endêmicas, ou seja, não

ocorrem em nenhum outro lugar no planeta. Estima-se que há no bioma 1,6 milhão de

espécies de animais, em sua maioria insetos. A fauna endêmica é formada principalmente por

anfíbios, mamíferos e aves das mais diversas espécies. Estima-se que a Mata Atlântica

detenha mais que 30 % das espécies existentes no país.

Apesar desta grande biodiversidade, das 396 espécies de animais consideradas oficialmente

ameaçadas de extinção no Brasil (Instrução Normativa MMA nº 03 de 27 de maio de 2003),

350 são da Mata Atlântica. Do total de 265 espécies de vertebrados ameaçados, 185 ocorrem

na Mata Atlântica (69,8%), sendo 100 (37,7%) deles endêmicos. Das 160 aves da relação, 118

(73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Entre os anfíbios, as 16 espécies

indicadas como ameaçadas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica. Das 69 espécies de

mamíferos ameaçados, 38 ocorrem nesse bioma (55%), sendo 25 endêmicas (Ministério do

Meio Ambiente, 2007).

A Mata Atlântica é um dos 5 hotspots de diversidade na lista de áreas prioritárias de

conservação. A maior ameaça ao delicado equilíbrio da biodiversidade é a ação humana

através de sua ocupação e os impactos de suas atividades. Os rios e lagos da Mata Atlântica

abrigam ainda ricos ecossistemas aquáticos, grande parte deles ameaçados pelo desmatamento

59

das matas ciliares e consequente assoreamento dos mananciais, pela poluição da água, e pela

construção de represas sem os devidos cuidados ambientais. Parte considerável da Mata

Atlântica está conservada sob a forma de parques nacionais e estaduais.. O Parque Nacional

da Serra dos Órgãos (PARNASO) é uma região de preservação da Mata Atlântica que foi

criada em 1939 para proteger a biodiversidade de parte do trecho da Serra do Mar na região

serrana do Rio de Janeiro, envolvendo os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e

Guapimirim.

O PARNASO apresenta florestas de encosta e campos de altitude que variam de 200 a

2.263m de altitude. A grande e brusca variação de altitude criou ambientes únicos e grande

diversidade biológica (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis, 2007). A região da Serra dos Órgãos está inserida no domínio morfo-climático

Tropical Atlântico. O clima do Parque é tropical superúmido (com 80 a 90% de umidade

relativa do ar), com média anual variando de 13º a 23º C (atingindo valores de 38ºC a 5ºC

negativos nas partes mais altas). No verão há uma concentração de chuvas, com variação

pluviométrica de 1.700 a 3.600 mm e no inverno, o período de seca é característico (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2007).

A consolidação do ―Encontro de Pesquisadores do PARNASO‖, que ocorre anualmente desde

2007, organizado pela direção do parque, mostra a importância do PARNASO como área de

estudo em diversas áreas da biologia. Entretanto, a literatura sobre a microbiologia da área do

estado fluminense ainda é incipiente e conta com poucos trabalhos abordando a diversidade

de microrganismos do estado fluminense. Alguns dos poucos trabalhos realizados com

amostras coletadas da Mata Atlântica com enfoque microbiológico consideram a diversidade

de bactérias não cultiváveis (Lambais et al., 2006) e o isolamento de grupos bacterianos

específicos (Lima-Bittencourt et al., 2007; Semedo et al., 2004; Souchie et al., 2006)

60

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Caracterizar a diversidade taxonômica e funcional de comunidades microbianas,

demonstrando o potencial biotecnológico da microbiota de diferentes biomas brasileiros.

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar a diversidade do bacterioplâncton de águas costeiras na América Latina (Caribe

ao Atlântico Sul);

Caracterizar a diversidade taxonômica e funcional da microbiota aquática dos sistemas de

recifes de corais do banco de Abrolhos;

Analisar a diversidade de comunidades bacterianas do solo da Mata Atlântica brasileira;

Avaliar o potencial biotecnológico do metagenoma do solo da Mata Atlântica para fins de

produção de celulase;

Estabelecer um panorama sobre o estudo da diversidade microbiana a fim de determinar os

tipos microbianos mais frequentes nos biomas brasileiros.

61

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Gradiente latitudinal de diversidade do bacterioplâncton da costa da América

latina

Foram analisados os dados referentes a Puerto Rico, Brasil, Argentina e Uruguai. As amostras

e suas localizações foram: Bioluminescent Bay (17°58'18 N - 67°00'52 W), Guanabara Bay

(22°55'43 S - 43°08'51 W), Amazon estuary (00 42' 26 S - 50 18' 18 W), Uruguay – Fresh

(34°39'48 N - 54°16'55 W), Uruguay – Brackish (34°39'48 N - 54°16'07 W), Rio de la Plata

(36°06'32 S - 55°14'20 W) e Argentinian Shelf (38°16'59 S - 57°24'36 W) (Figura 21). Os

dados analisados foram depositados no banco do VAMPS (Visualization and Analysis of

Microbial Population Structure) (http://vamps.mbl.edu) e disponibilizados pelo IcoMM

(International Census of Marine Microbes). Todas as amostras foram submetidas à

pirosequenciamento (454) em colaboração com o Laboratório de Biologia Marinha (Woods

Hole, MA, EUA) através do Latin American and Caribbean Cooperative Run.

62

A região V6 do gene rRNA foi amplificada por um conjunto de iniciadores contendo 5

versões do iniciador 967 forward e 4 versões do iniciador 1046 reverse foi utilizado (Huber et

al. 2007). O pirosequenciamento foi realizado na plataforma GS20 de acordo com o protocolo

descrito por Sogin et al. (2006). Sequências de iniciadores e de baixa qualidade foram

removidas, como descrito em Huse et al. (2008).

A metodologia Global Alignment for Sequence Taxonomy (GAST) (Sogin, 2006) foi usada

para atribuir classificação taxonômica das tags de V6 tags (Figura 22). A GAST compreende

um banco de genes rRNA de referência com base no banco de dados SILVA (Al Pruesse al.

2007). Após submeter ao BLAST, os 100 melhores hits de cada sequência gerada foram

utilizados para compor o banco de dados. A classificação taxonômica foi realizada com a

ferramenta Classifier do RDP (Wang, 2007). Sequências com pelo menos 97 % de identidade

foram classificadas como OTUs pertencentes à mesma espécie. Esta classificação foi

realizada para todos os pares alinhados. As OTUs endêmicas foram aquelas que não

apresentaram sequências compartilhadas em outras localidades. Por outro lado, OTUs

cosmopolita são aquelas que têm compartilhado mais de sete sequências, com pelo menos

uma de cada localidade amostrada. As sequências duplicadas, com cópias exatas, foram

removidas das análises por representarem artefatos do sequenciamento

.

Brasil – Baía de Guanabara

Figura 21. Localização geográfica dos pontos de coleta ao longo da costa da America Latina.

63

3.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metagenômica

Amostras de água de recifes de corais de áreas não protegidas e protegidas (Parque Marinho

de Abrolhos) foram coletadas entre janeiro e fevereiro de 2009. O DNA foi extraído e o

metagenoma foi pirosequenciado e as sequências foram anotadas através de tecnologia de

subsistemas.

Figura 22. Sistema GAST de classificação taxonômica utilizado para implementação de um banco de dados

curados da região V6 do gene rRNA 16S (Retirada de https://vamps.mbl.edu/)

64

3.2.1 Área de estudo e coleta

Cinco recifes entre 25 e 70 km da costa foram selecionados para este estudo. Os recifes mais

próximos da costa são Sebastião Gomes (17 ° 54'42 .49 "/ 39 ° 7'45 .94‖), Pedra de Leste (17

° 47'01 .3 "/ 39 ° 03'05") e Timbebas (17 ° 28'42 0,3 "/ 39 ° 01'41 .1‖) e os mais distantes da

costa são dos Parcel dos Abrolhos (17 ° 57'32 .7 "/ 38 ° 30'20 .3‖) e California (18 º 06 '7,8

"S/38 º 35' 26,0") foram o foco desta pesquisa (Figura. 23). Os recifes desprotegidos são

locais próximos de comunidades de pescadores e outras comunidades humanas. Por outro

lado, Parcel dos Abrolhos e California estão completamente dentro do Parque Nacional de

Abrolhos, e o acesso é restrito e controlado pelo governo brasileiro. Os três recifes próximos

da costa estão desprotegidos e estão submetidos à pesca intensiva, inclusive o recife de

Timbebas que, teoricamente, está dentro de uma área de proteção marinha do Banco de

Abrolhos. Amostras de água foram coletadas próximas a superfície (<1 m) de corais do recife,

entre 6 e 10 m de profundidade em Sebastião Gomes, e aos 20 m nos recifes de Timbebas

Parcel dos Abrolhos e em California. Cerca de 20 litros de água foram coletados em garrafas

previamente lavadas com água de superfície (Figura. 24). Parte da água coletada foi utilizada

na extração de DNA e outra nas análises físico-químicas, realizadas pelo Laboratório de

Hidrobiologia da UFRJ. Em janeiro de 2010, amostras do recife Pedra de Leste foram

coletadas a 10 m de profundidade em vez do recife California por causa de condições

meteorológicas instáveis.

65

Figura 24. Mergulhador coletando a água dos recifes de Abrolhos a aproximadamente 20 m de profundidade (Foto:

Ronaldo Francini-Filho).

Figura 23. Região do Banco de Abrolhos e os pontos de coleta. Em azul, as áreas não protegidas e em vermelho

as áreas protegidas. As linhas vermelhas representam os limites do Parque Marinho de Abrolhos (Foto: Pedro

Meirelles).

66

3.2.2 Extração do DNA metagenômico da água do mar

Quatro repetições independentes da água do mar foram filtradas através de redes de 100 mM e

20 mM por gravidade. A água pré-filtrada foi filtrada através de Sterivex (0,22 µM)

(Millipore). Entre 2 e 4 litros foram filtradas em cada filtro Sterivex. A filtração foi realizada

por pressão positiva aplicada ao sistema de garrafas Niskin (Figura 25)

O material coletado nos filtros foi preservado com aproximadamente 1,5 mL de tampão SET

(sacarose 20%, 50 mM EDTA e 0,5 mM Tris-HCl, pH 7.6). A extração do DNA foi realizada

no interior do Sterivex .

Os procedimentos de extração do DNA estão no anexo 7.1, item 7.1.1.1

3.2.3 Pirosequenciamento dos metagenomas do Banco de Abrolhos

O sequenciamento dos metagenomas foi realizado utilizando a tecnologia de

pirosequenciamento (Margulies et al., 2005). Bibliotecas foram geradas através de

fragmentação mecânica do DNA em pedaços na faixa de 400 a 2000 pb (shotgun library).

Após a ligação ao adaptador, os fragmentos foram desnaturados e amplificado por PCR em

A B

Figura 25. Sistem de filtração Niskin. A) Sistema de filtração com os filtros Sterivex já acoplados. B) Filtros

Sterivex durante o processo de filtração (Foto: Rodrigo Moura).

67

emulsão (emPCR). Os produtos de amplificação foram sequenciados no sistema 454 GS FLX

(Roche, Life Sciences) através da química de sequenciamento GS FLX Titanium.

As principais etapas de preparação do pirosequenciamento são: purificação e quantificação

do DNA metagenômico, preparação das bibliotecas, emPCR, quebra das emulsões,

enriquecimento e sequenciamento. Todas as reações foram preparadas com kits para de

volume médio (MV). Esta seção apresenta os procedimentos realizados.

3.2.3.1 Purificação e quantificação do DNA metagenômico

A quantificação do DNA metagenômico representa uma etapa crítica para a construção das

bibliotecas. Por isso, a concentração deve ser medida por fluorímetria através do método

PicoGreen (Invitrogen), um corante que apresenta alta sensibilidade e especificidade pelo

DNA de fita dupla (Ahn et al., 1996). Outros métodos (ex. espectrofotometria) podem

superestimar a concentração, levando a uma biblioteca de baixa qualidade. A quantificação

foi realizada utilizando o método PicoGreen.

3.2.3.2 Preparação de bibliotecas pelo método shotgun

O protocolo (Rapid library preparation kit) parte de 500 ng de DNA metagenômico para

produzir fragmentos de fitas através de nebulização com nitrogênio em alta pressão. Esses

fragmentos são reparados por atividade DNA polimerase e adição de fosfato, produzindo

extremidades com cortes retos (blunt end). Dois adaptadores (A e B) são ligados às pontas

reparadas dos fragmentos de DNA. O adaptador A apresenta um iniciador do sequenciamento

e o adaptador B apresenta uma molécula de biotina.

Os procedimentos realizados para a construção das bibliotecas estão no anexo 7.1, item

7.1.1.3.

Após a fragmentação do DNA foi utilizado o Mini eluate PCR purification kit (Qiagen) para

purificar os fragmentos.

68

3.2.3.3 Quantificação e checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas

A quantificação da biblioteca foi feita por fluorometria. É necessário fazer uma curva padrão

utilizando os padrões do kit (rapid library preparation). Com isso, foi determinada a

concentração das bibliotecas e o volume necessário para os ensaios de emPCR.

A checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas foi realizada através de

eletroforese em chip (Bio Analyzer 2100, Agilent Technologies), utilizando DNA LabChip

(Agilent Technologies).

Os procedimentos realizados para a quantificação estão no anexo 7.1, item 7.1.1.3.3.

3.2.3.4 Reação em cadeia da polimerase em emulsão (em-PCR)

O em-PCR ocorre em um ambiente microfluídico onde os reagentes ficam limitados ao

interior de micelas da emulsão. Desta forma, ocorre a reação de amplificação dos fragmentos

de DNA ligados as esferas revestidas por streptavidina pelo adaptador B (biotina). Apenas as

esferas que apresentarem um, e somente um, fragmento de DNA será capaz de gerar

sequências.

Os procedimentos realizados para a montagem das reações para em-PCR de estão no anexo

7.1, item 7.1.1.4.

3.2.3.5 Quebra da emulsão (break emulsion)

Após a amplificação é necessário recuperar as esferas contendo os produtos de amplificação

(haired esferas) para realizar a quebra das emulsões e retirada do óleo emulsificado. As

seções a seguir descrevem como deve ser realizado o processo de quebra das emulsões.

Os procedimentos realizados para a quebra das emulsões estão no anexo 7.1, item 7.1.1.5.

69

3.2.3.6 Enriquecimento (Enrichment)

As esferas recuperadas são contadas (utilizando contador de partículas) no início e após o

procedimento de enriquecimento. Nesta etapa são eliminadas as esferas que falharam na

amplificação e que, portanto não contém DNA amplificado ligado à superfície. A faixa de

enriquecimento utilizada foi de 5 – 20 % das esferas que iniciaram o em-PCR.

Os procedimentos realizados para o enriquecimento estão no anexo 7.1, item 7.1.1.6.

3.2.3.7 Preparação e sequenciamento

A última etapa do sequenciamento pode ser dividida em duas partes principais: a preparação

da placa Pico Tilter Plate (PTP) onde são depositadas as esferas e ocorre o sequenciamento de

fato e a preparação do sequenciador GS FLX 454 e seus reagentes que serão consumidos

durante o procedimento. Foi utilizado ¼ de placa por amostra.

Antes de preparar as DNA e Control beads, foi preciso calcular o volume de esferas (DNA

beads) necessárias para ocupar os 4 quartos da placa, ou seja, aproximadamente 790000

esferas. Foi utilizado o volume de sobrenadante necessário para reduzir o volume de DNA

beads para 20 µL.

Foi utilizado o seguinte programa: 1 ciclo de 4 minutos a 94 ° C; 50 ciclos por 30 segundos a

94 ° C, 4,5 minuto a 58 ° C, 30 segundos a 68 ° C (rampa de aquecimento: 1,5); 10 ° C em

espera

Os procedimentos detalhados para a preparação da corrida estão no anexo 7.1, itens 7.1.1.7 e

7.1.1.8.

3.2.4 Análises Computacionais dos metagenomas da água dos recifes do Banco de

Abrolhos

Os metagenomas foram submetidos no MG-RAST com os seguintes números de acesso: 8181

(Sebastião Gomes 2009); 7673 (Timbebas 2009); 7309 (California); 7376 (Parcel dos

70

Abrolhos 2009); 12979 (Sebastião Gomes 2010); 12911 (Timbebas 2010); 12912 (Pedra de

Leste); 12978 (Parcel do Abrolhos 2010).

3.2.4.1 Filtragem das sequências de baixa qualidade

A checagem da qualidade e filtragem de sequências de baixa qualidade foram realizadas

utilizando programa PRINSEQ (Schmieder and Edwards, 2011), disponível na rede através

do endereço http://prinseq.sourceforge.net/. Arquivos nos formatos FASTA e QUAL são

utilizados como entrada para a análise. O programa oferece um resumo estatístico de

características como tamanho das sequências, conteúdo GC, distribuição dos scores de

qualidade, número de duplicatas, ocorrência de N e cauda poli-A/T.

Os filtros oferecidos pelo programa são capazes de remover sequências curtas, de baixa

qualidade com grande quantidade de N e homopolímeros. As sequências menores que 100 pb

e aquelas que continham N e homopolímeros (repetição de pelo menos 20 nucleotídeos ou

dinucleotídeos) foram retiradas das análises. Além disso, foram retiradas todas as duplicatas,

que são artefatos gerados durante diferentes etapas do processo de sequenciamento. Esses

artefatos podem ocorrer quando uma molécula de DNA amplificado pode se ligar a uma

esfera vazia durante o em-PCR, ou quando o sinal ótico de um poço interfere em um vazio

adjacente (Gomez-Alvarez et al., 2009).

3.2.4.2 Anotação dos metagenomas pela tecnologia de subsistemas

Os metagenomas foram anotados pelo servidor MG-RAST (MetaGenomic Rapid Annotation

by Subsystem Technology) (Meyer et al., 2008). Apesar dos esforços ainda concentrados na

anotação de um genoma único, a análise comparativa das variações de um único componente

da maquinaria celular e seu contexto genômico em uma coleção de genomas completos e

curados permite uma anotação mais rápida e acurada. Um subsistema é um conjunto de papéis

funcionais que, juntos, implementam um determinado processo biológico ou estrutural

71

(Overbeek et al., 2005). Cada subsistema é curado por um grupo de cientistas especializados

em vias metabólicas específicas, estabelecendo quais os principais genes envolvidos e sua

arquitetura genômica.

Dados no formato gerado pelo GS 454 FLX e arquivos FASTA podem ser carregados no

servidor. O fluxo de informações, bem como a interação com os dados e ferramentas de

análise ocorre dentro de um ambiente virtual (SEED). Este ambiente abriga o servidor RAST

que contém um banco de genomas completos anotados, bem como a lista de subsistemas já

caracterizados. As proteínas que compõem os subsistemas formam famílias de homólogos

isofuncionais (FIGfam – Fellowship Interpretation of Genomes family) (Gerlt and Babbitt,

2001). Sendo assim, existem 3 componentes principais que tornam essa estratégia de anotação

rápida e acurada: o servidor RAST, os subsistemas e as FIGfam.

Após carregar os dados, foi gerado um número identificador para cada sequência. Em uma

segunda etapa, as sequências foram submetidas a um BLASTX contra um banco de dados

não-redundante no SEED com e-value 10-5

. A partir desses resultados é possível realizar uma

análise taxonômica e funcional. A análise taxonômica é baseada na correlação entre as

proteínas identificadas e seu organismo de origem nos bancos de dados, permitindo o cálculo

da abundância relativa de cada táxon identificado. A classificação funcional das proteínas de

genes codificantes é calculada pela projeção das FIGfam, baseada na similaridade das buscas.

3.2.4.3 Análises comparativas

As análises comparativas foram realizadas baseadas nos perfis taxonômicos e funcionais

gerados pelo MG-RAST. As tabelas em formato .tsv foram utilizadas como arquivo de

entrada para o programa STAMP (Statistical Analysis of Metagenomic Profiles). O STAMP é

um programa que suporta práticas de análises estatísticas para metagenômica comparativa.

72

Foi realizado teste exato de Fisher (two-side) com valor de p < 0,05 e intervalo de confiança

de 95 %, calculado pelo método Newcombe-Wilson. Neste caso, o teste exato de Fisher visa

verificar se o número de sequências relativas a um subsistema ou táxon é equivalente em dois

metagenomas diferentes. O intervalo de confiança fornece a mesma informação que é

geralmente contido em um teste de significância.

A classificação de patogenicidade foi atribuída com base nas informações disponíveis para

genomas de organismos microbianos no National Center for Biotechnology Information

(NCBI, http://www.ncbi.nlm.nih.gov/genomes/lproks.cgi). A classificação de organismos

autotróficos / heterotróficos não está disponível online em uma única fonte. Portanto, um

sistema de classificação do estado trófico (autotrófica e heterotrófica) foi desenvolvido com

base no filo dos organismos identificados nas amostras. Todos os organismos decorrentes do

mesmo filo foram definidos como tendo o mesmo tipo trófico. Por exemplo, Proteobactérias

podem crescer como heterótrofos ou autótrofos facultativos, dependendo das condições

ambientais, mas eles foram classificados como heterótrofos neste trabalho para permitir uma

classificação única para cada filo.

Os parâmetros físico-químicos foram submetidos a análises estatísticas. A Análise de

Variância (ANOVA de ―ANalysis Of VAriance‖) é utilizada com o propósito de modelar a

média de diferentes grupos. O modelo de Análise de Variância permite testar se as médias

entre os diferentes grupos apresentam diferença significativa. Porém não nos permite indicar

entre quais grupos de fato ocorreu diferença significativa. Desta forma, os testes de

comparação de médias funcionam como um complemento para o estudo da análise de

variância (são chamados de testes post-hoc, ou testes a posteriori, por serem utilizados após a

comparação por ANOVA). Frequentemente é possível determinar quais médias diferem

testando as diferenças entre todos os pares de médias de tratamentos. O teste de Tukey foi o

procedimento utilizado para construir intervalos de confiança de diferenças entre todos os

73

pares de médias. Em alguns casos, os dados coletados não foram suficientes para possibilitar

o uso do método para comparação das localidades, e em alguns outros a variabilidade foi

muito pequena, o que também não possibilita o uso do método estatístico. As análises

estatísticas foram realizadas em colaboração com os alunos Paulo Dick e Felipe Veiga sob

supervisão da Professora Marina Silva Paez do Instituto de Matemática da UFRJ.

3.3 Diversidade Microbiana do solo da Mata Atlântica

O metagenoma dos solos da Floresta da Mata Atlântica foi acessado para avaliação da

diversidade taxonômica e funcional da microbiota. Para isso, foram construídas bibliotecas do

gene rRNA 16S, marcador filogenético, e outra de médios insertos clonados aleatoriamente

para busca de atividade celulolítica. Os clones foram sequenciados automaticamente pelo

método de Sanger através do sistema 3130 (Applied Biosystems). Esta seção apresenta os

experimentos realizados com as amostras coletadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

(PARNASO) em junho de 2007.

3.3.1 Área de estudo e coleta

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) é uma região de preservação da Mata

Atlântica que fica localizado no estado do Rio de Janeiro, entre 22º 52’ e 22º54’ S e 42º09’ W

(Figura 26). Em julho de 2007, 6 amostras de solo contendo características edáficas distintas

foram coletadas. Foram realizadas coletas em pontos distribuídos ao longo da trilha da

Travessia Petrópolis-Teresópolis localizada no PARNASO (figura 26). Os pontos de coleta

foram definidos baseados na classificação de solos da EMBRAPA. As amostras escolhidas

são representativas dos principais tipos de solo que compõem a Mata Atlântica brasileira

(Martins et al., 2007). Os solos coletados nas regiões 1 e 2 (Bonfim) são os mais prevalentes

no solo do PARNASO. O solo foi obtido de uma profundidade máxima de 11 cm, peneirado

(2 mm de diâmetro) para remoção de partículas grandes e acondicionado em sacos plásticos

74

estéreis, sendo processado menos de 12 h após a coleta. As análises químicas e

microbiológicas foram realizadas a partir das amostras de solo coletadas do campo. As

análises químicas do solo, assim como os mapas georeferenciados, foram realizadas em

colaboração com Professor Eder Martins, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa), no Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (Cpac), de acordo com padrões

estabelecidos (EMBRAPA, 2006).

Figura 26. Mapa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos com a localização geográfica dos pontos analisados.

75

3.3.2 Construção de bibliotecas de rDNA 16S das comunidades microbianas dos solos

do PARNASO

Um dos principais desafios na construção de uma biblioteca de rDNA 16S é a obtenção de

DNA de alta qualidade. Muitos microrganismos do solo estão intimamente associados com a

matriz orgânica das partículas do solo, e produzem substâncias poliméricas extracelulares que

promovem a adesão irreversível das células às partículas do solo (Amorim et al., 2008; Robe

et al., 2003).

3.3.2.1 Extração do DNA metagenômico

A extração do DNA metagenômico dos 6 solos foi realizada utilizando o kit comercial Mo Bio

Power soil. As extrações foram realizadas em triplicata para cada solo, utilizando 0,25g por

amostra e a eluição do material foi realizada em 100µL. A efetividade da extração foi

verificada em gel de agarose 1% em TBE 1X; 90 V / 45 min. A quantificação foi realizada

através de biofotômetro no qual a qualidade do DNA foi verificada através do resultado da

razão dos comprimentos de onda 260/280 nm, que correspondem à contaminação por

proteínas. A concentração média obtida foi de 120 ng/µL de DNA e o grau de pureza variou

entre 1.5 – 2.0.

Os procedimentos detalhados para concentração e purificação do DNA estão no anexo 7.1,

item 7.1.2.1.

3.3.2.2 Amplificação do gene rRNA 16S

A reação de PCR para amplificação do gene rRNA 16S foi realizada utilizando-se iniciadores

desenhados para o anelamento em regiões conservadas dentro de rRNA 16S específicos para

o domínio Eubacteria, gerando fragmentos de aproximadamente 1,5kb. O programa utilizado

foi: 95º C por 3 minutos; seguido de 25 ciclos de 95º C por 1 minuto, 51º C por 1 minuto e 30

segundos, 72º C por 3 minutos. A extensão final ocorre na temperatura de 72º C por 30

76

minutos. Reação: 10, 8 L água milli Q; 2 L Tampão 10X; 2 L dNTP (10mM); 2 L BSA

10X; 1 L PR (5mM); 1 L PF (5mM); 0,2 L Taq (5U/µL); 1 L DNA (50ng) para um

volume total de 20 L. As sequências dos iniciadores são: PF: 27F 5’- AGA GTT TGA TCM

TGG CTC – 3’ e PR: 1492R 5’- GGY TAC CTT GTT ACG ACT – 3’. Para obtenção de

grande quantidade de fragmentos e, assim, maximizar a cobertura da diversidade, 10 reações

para cada solo foram posteriormente concentradas. Foram utilizados 100 ng do DNA

metagenômico por reação.

Após a verificação do material amplificado, uma corrida em gel de agarose 1% TAE 1X foi

realizada para sacar as bandas correspondentes aos produtos de amplificação do gene rRNA

16S. A purificação foi realizada com kit comercial Ultra Clean DNA Purification (Mo Bio).

A efetividade da purificação foi verificada em gel de agarose 1% TBE 1X.

3.3.2.3 Clonagem dos genes rRNA 16S

O vetor de clonagem utilizado foi o pGEM-T easy (Promega) (Figura 27). O vetor comercial

se apresenta linearizado, com uma eficiente região de ligação única 3’- timidina terminal para

produtos de PCR. Este vetor apresenta alto número de cópias e contém os promotores T7 e

SP6 RNA polimerase flanqueando o sítio múltiplo de clonagem, que está localizado em uma

região de codificação de um α-peptídeo da enzima β-galactosidase. Uma vez que as linhagens

de células utilizadas na transformação apresentam deleção da subunidade α da enzima β-

galactosidase, a inativação por inserção do produto de PCR nesta região permite a

identificação de recombinantes. Os recombinantes são selecionados pela resistência a

ampicilina (em meio S-gal + ampicilina (100 µg / µL) A perda de função do gene é indicada

por alterações colorimétricas nas colônias bacterianas, indicando a inserção (colônias brancas)

ou não (colônias pretas) do fragmento de interesse em meio contendo substrato adequado.

77

Figura 27. Vetor de clonagem pGEMT Easy.

3.3.2.3.1 Sistema de ligação

O sistema de ligação consiste nos produto de amplificação do rRNA 16S concentrado e

purificado, ligados ao plasmídeo vetor de clonagem pGEMT easy (Promega). A reação foi

incubada por 16 horas a 16 ° C e depois a enzima foi inativada a 65° C por 20 minutos.

Os procedimentos detalhados para a montagem da reação e precipitação do sistema de ligação

estão no anexo 7.1, item 7.1.2.2.

3.3.2.3.2 Preparação de células eletrocompetentes

Células da linhagem E. coli EPI300 foram utilizadas nos experimentos de transformação e

clonagem. Todo material utilizado durante o procedimento (ponteiras, tubos e soluções) foi

colocado em freezer ou geladeira para garantir a eficiência do procedimento. As células

devem permanecer em gelo enquanto não estiverem sendo manuseadas e todo o procedimento

deve ser realizado em ambiente estéril.

O protocolo detalhado bem como a composição dos meios LB e GYT está no anexo 7.1, item

7.1.2.3.

78

3.3.2.3.3 Transformação

A transformação foi realizada com eletroporação a 1,8kV de corrente, em cubas de 1mm de

distância entre os eletrodos. O tempo de passagem da corrente variou entre 4 e 6

milissegundos. Foram utilizados 5μL do sistema de ligação precipitado (o restante foi

estocado em freezer) em 50 μL de células competentes. Após eletroporação, as células foram

recuperadas em 900 μL meio SOC e incubadas durante 1 h a 37 ° C. Posteriormente, as

culturas foram plaqueadas (100 μL) em meio S-Gal (Sigma – Aldrich) para seleção dos clones

positivos.

3.3.2.4 Montagem das bibliotecas e estocagem dos clones

Após o crescimento dos clones em placa contendo meio S-gal, as colônias brancas foram

coletadas aleatoriamente e inoculadas individualmente em placas de 96 poços utilizando

palitos estéreis. Cada poço continha 130 μL de meio LB com ampicilina numa concentração

final de 300 μg/ml do antibiótico. As placas foram incubadas 37 °C durante a noite. O

crescimento foi observado através da formação de botões no fundo da placa devido à

decantação das células. As células foram ressuspendidas com 50 μL de glicerol 50 %, antes de

estocá-las a -80 °C.

3.3.2.4.1 Confirmação dos clones

Foram escolhidas 10-20 colônias por placa e crescidas em meio LB suplementado com

ampicilina durante 18 horas. A extração plasmidial foi realizada com o kit QIAprep spin

miniprep (Qiagen). A confirmação da presença dos insertos foi realizada pela amplificação de

fragmentos de aproximadamente 1,4 kb utilizando iniciadores que se anelam aos flancos do

plasmídeo vetor.

79

Programa utilizado: 95°C 3 minutos para desnaturação inicial; 95°C 1 minuto; 50°C 1 minuto

e 30 segundos (25 vezes); 72°C 2 minutos 30 segundos; com extensão final a 72°C por 15

minutos.

Reação: 10 μL água milliQ; 2 μL Tampão 10x; 1,6 μL dNTP (10mM); 0,5 μL BSA 10 x; 2 μL

PR (5mM); 2 μL PF (5mM); 0,4 μL Taq (5U/μL); 1 μL DNA (50ng), para um volume total de

20 μL. As sequências dos iniciadores são: PF - SP6 5’- TACGATTAGGGACGTATAG– 3’ e

PR - T7 5’ GTAATAGGACTCACTATAGGG – 3’.

3.3.2.4.2 Extração plasmidial em placa

As extrações plasmidiais para sequenciamento foram realizadas através do método da lise

alcalina em placas de 96 poços.

O procedimento detalhado, bem como a preparação das soluções e meios, está no anexo 7.1,

item 7.1.2.4.

3.3.2.5 Sequenciamento dos clones

A partir dos plasmídeos extraídos por lise alcalina em placa de 96 poços, 1-5 µL da amostra

foram misturados com 1-3 µL de ABI Prism Big Dye Terminator ready reaction mix, versão

3.1 (Applied Biosystems), 3 µL de iniciadores de sequenciamento (4 µM), 1,5 µL de tampão

de diluição (5 X) e 1,5 µL de água milliQ. O programa consiste de 30 ciclos de 15s a 96º C,

1s a 35º C e 4 min. a 60º C. A separação dos fragmentos de DNA foi realizada com ABI

PRISM 3100 genetic analyzer (Applied Biosystems).

3.3.2.6 Análises Computacionais de Sequências do gene rRNA 16S do solo da Mata

Atlântica

As sequências geradas foram depositadas no NCBI com os números de acesso: FJ888655-

FJ889047. As sequências representativas das OTUs mais frequentes forma depositadas com

os números GU170822-GU170837

80

3.3.2.6.1 Filtragem de sequências

Quimeras foram identificadas através do identificador Bellerophon

(http://greengenes.lbl.gov/cgi-bin/nph-bel3_interface.cgi). Quimeras são produtos de PCR

originados por mais de uma fita de DNA molde e se formam durante a amplificação, quando a

síntese das sequências de um modelo é interrompida e continua em outro. Uma janela de 300

pb foi utilizada para detectar as quimeras e o modelo de correção Huber-Hungeholtz foi

aplicado.

Índices de qualidade phred foram calculados para as bases das sequências geradas. Esse

índice determina a probabilidade de uma base ter sido incorporada incorretamente (Ewing and

Green, 1998). As análises foram realizadas com o programa Phred/Prhap disponível em

http://bioinformatica.ucb.br/electro. As sequências com phred menor que 20 (probabilidade de

1 erro a cada 100 bases incorporadas) e com menos que 400 pares de base foram retiradas das

análises.

Além disso, homopolímeros e sequências com mais de 2 % de N (base não identificada)

foram identificados e retiradas manualmente das análises.

3.3.2.6.2 Estrutura das comunidades microbianas (classificação taxonômica)

A classificação taxonômica das sequências do gene rRNA 16S foi realizada através de buscas

no Ribosomal Database Project (RDP) versão 9.21 (Cole et al., 2005). O RDP fornece à

comunidade científica, dados, ferramentas e serviços de análise e inferência filogenética de

sequências de RNA ribossômico através do site http://rdp.cme.msu.edu. O banco de dados é

composto por mais de 100 mil sequências do gene rRNA 16S alinhadas e anotadas.

O RDP oferece a ferramenta Classifier (Wang et al., 2007) , baseado em inferência Bayesiana

simples, que permite a classificação rápida e precisa das sequências de rRNA 16S de acordo

com a taxonomia proposta no Bergey´s Manual. Foi utilizado o limite de 80% de confiança na

81

análise das sequências de rRNA 16S da microbiota dos solos da Mata Atlântica. As

sequências identificadas abaixo do limite de confiança estabelecido foram classificadas como

Unclassified. Esta classificação é qualificada de acordo com o limite do nível taxonômico

identificado (ex. Unclassified Proteobacteria e Unclassified Alphaproteobacteria).

3.3.2.6.3 Estimativa de riqueza e diversidade

A sequências foram alinhadas pelo programa MEGA4 (Tamura et al., 2007) utilizando o

algoritmo clustalW. O alinhamento foi checado e otimizado manualmente e foram retiradas

possíveis sequências de baixa qualidade (contendo N´s, homopolímeros e sequências muitos

gaps). As matrizes de distância dos alinhamentos foram geradas pelo programa BioEdit e

convertidas para o formato .phy, que corresponde ao formato de entrada para o programa

DNADIST do pacote de ferramentas Phylip para análises filogenéticas (Felsenstein, 1989).

As matrizes foram utilizadas como arquivo de entrada para o programa DOTUR (Distance

based OTU Richness) (Schloss and Handelsman, 2005). DOTUR agrupa as sequências em

diferentes níveis de OTUs (Operacional Taxonomic Unity - Unidade taxonômica

Operacional), baseado na homologia entre as sequências do gene rRNA 16S. O agrupamento

foi determinado pelo algoritmo do vizinho mais distante (furthest neighbor clustering). A

frequência das OTUs em diferentes níveis de distância genética (97, 90 e 80% de similaridade

entre as sequências do gene rRNA 16S) foi utilizada para a construção de curvas de rarefação.

A técnica de Rarefação consiste em calcular o número esperado de espécies em cada amostra

para um tamanho de amostra padrão. A obtenção de uma curva desse tipo permite a

comparação de amostras, mesmo que com intensidades amostrais diferentes. O número

esperado de espécies é obtido pela equação:

82

Onde E(S) é o número esperado de espécies em uma amostragem aleatória, S é o número total

de espécies registradas, N é o número total de indivíduos registrados, Ni é o número de

indivíduos da espécie i, e n é o tamanho padronizado da amostra escolhido. As OTUs mais

frequentes foram definidas como grupos de pelo menos 6 sequências com mais que 97 % de

similaridade entre os genes rRNA 16S.

O estimador de riqueza não paramétrico Chao 1 foi calculado nos mesmos níveis de distância

genética das análises de rarefação. É baseado na abundância de OTUs únicas (singletons) e

raras (doubletons) para estimar a diversidade de uma população de tamanho desconhecido. O

cálculo foi realizado de acordo com a equação:

Onde SChao1 é a estimativa de riqueza, Sobs é o número de espécies observadas, n1 é o número

de OTU representada por apenas um indivíduo e n2 é o número de OTU representadas por

apenas dois indivíduos.

O índice de Shannon é utilizado em situações em que uma comunidade inteira não pode ser

inventariada. Seu cálculo leva em consideração que as espécies apresentam abundâncias

diferentes. O índice foi calculado de acordo com a equação:

83

Onde Sobs é o número de espécies observadas, Si é o número de sequências da OTU i e N é o

número de sequências amostradas.

A identidade entre as bibliotecas foi verificada utilizando o programa ∫-LIBSHUFF (Schloss

et al., 2004), que realiza o teste estatístico Cramer-von Mises. A aplicação deste teste em um

par de bibliotecas exige duas comparações para determinar se as bibliotecas são um

subconjunto ou independentes umas das outras. O programa utiliza a matriz de distância

gerada pelo programa DNADIST. As bibliotecas foram comparadas utilizando 10000

sorteios, p < 0.001 e 95 % de intervalo de confiança.

3.3.2.6.4 Análises filogenéticas

Para a reconstrução filogenética foram selecionadas sequências representativa para cada uma

das OTUs mais frequentes definidas pelo DOTUR. Essas sequências foram submetidas à

busca por similaridade no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) e no RDP para a

determinação dos vizinhos filogenéticos mais próximos. As buscas foram realizadas através

de alinhamento local (BLAST) e através da ferramenta SeqMatch, respectivamente. Foram

identificados tanto os microrganismos mais próximos não cultivados como os cultivados. O

número de acesso das linhagens tipo mais próximas foi obtido com base na lista de nomes

validados publicada no LPSN (List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature)

(Tindall et al., 2006). Isso permitiu o uso de linhagens tipo caracterizadas e validadas

taxonomicamente como âncoras filogenéticas nas árvores.

As sequências das bibliotecas somadas àquelas dos vizinhos filogenéticos mais próximos

foram submetidas a alinhamento no programa MEGA4 através do algoritmo ClustalW

(Thompson et al., 1994). As reconstruções filogenéticas, bem com as matrizes de distância

foram geradas com a opção de deleção completa. O modelo de reconstrução das árvores

filogenéticas utilizado foi o Neighbor Joining (Saitou and Nei, 1987). As árvores foram

84

construídas utilizando a distância correta de Jukes & Cantor, com base em uma matriz de

similaridade calculada através da distância p (análise par a par). A topologia da árvore

filogenética não enraizada resultante foi analisada com um valor de bootstrap baseado em

1000 réplicas.

3.3.3 Construção da biblioteca metagenômica de médios insertos

A biblioteca metagenômica foi construída para a triagem de clones com atividade celulolítica.

Fragmentos na faixa de 4 – 12 Kb foram clonados em plasmídeo pCF430 (Newman and

Fuqua, 1999) que apresenta resistência a tetraciclina e um sítio PstI de clonagem adjacente ao

gene promotor araC (Figura 28). O plasmídeo pCF430 é um vetor de ampla variedade de

hospedeiros de aproximadamente 10 kb (Figura 28) e apresenta uma origem de replicação e

capacidade de conjugação. Ele apresenta um promotor PBAD associado ao regulador araC, que

são comumente utilizados para controlar a expressão de genes em E.coli.

Figura 28. Plasmídeo pCF430.

3.3.3.1 Extração e purificação do DNA metagenômico

O DNA foi extraído de 5 g (aprox. 0,8 g de cada amostra) da mistura dos 6 tipos de solo

coletados através de lise mecânica, utilizando esferas de vidro (150-212 mícrons), aliado ao

tratamento com CTAB (brometo de hexadecilmetilamônio) e SDS (dodecil sulfato de sódio).

A eficiência da extração foi analisada em gel de agarose a 1% em TBE 1X (p/v). Em seguida,

foi construído um gel para a excisão das bandas contendo os fragmentos de DNA com o

85

tamanho esperado. Os fragmentos foram purificados com o kit Ultra Clean DNA purification

(Mo Bio).

O procedimento detalhado de extração e purificação do DNA metagenômico dos solos está no

anexo 7.1, item 7.1.3.1.

3.3.3.2 Preparação do vetor de clonagem pCF430

O plasmídeo pCF430 foi obtido através de Max Prep utilizando Qiagen Plasmid Maxi kit

(Qiagen) a partir de 50ml de cultura de células. A verificação da extração foi realizada através

de gel de agarose 1 % TBE 1X. Após extração o plasmídeo foi linearizado com enzima de

restrição EcoRI, A reação foi incubada a 37 º C durante 4 horas e posteriormente a 65 º C por

20 minutos. A verificação da linearização do plasmídeo foi realizada através de gel de agarose

1 % TBE 1X.

Após linearização, o plasmídeo foi tratado com fosfatase alcalina (SAP – Shrimp alcaline

phosphatase) para retirada dos resíduos de fosfato que permanecem na molécula de DNA após

a ação da endonuclease.

Os, os vetores foram submetidos à eletroforese em gel de agarose Low melting 1% TAE 1X

(sem brometo de etídeo) durante 4 horas e baixa voltagem (aprox. 40 V). A banda referente ao

plasmídeo circularizado é sacada do gel e usando sistema comercial Qiaex II (Qiagen). A

verificação da obtenção do plasmídeo pCF430 tratado e pronto para ser utilizado nos

experimentos de clonagem foi realizada em gel de agarose 1% TBE 1X.

As reações utilizadas para a preparação do vetor estão no anexo 7.1, item 7.1.3.2.

3.3.3.3 Preparação dos médios insertos

O DNA metagenômico foi submetido a ensaios de restrição parcial com a enzima PstI e em

seguida tratado com fosfatase alcalina para a retirada dos resíduos de fosfato, permitindo a

clonagem de fragmentos de aproximadamente 10 kb no plasmídeo vetor pCF430.

86

Após a purificação, o DNA metagenômico foi submetido à digestão parcial pela enzima de

restrição PstI. A região do gel correspondente aos fragmentos de 4 – 10 Kb foi purificada com

Ultra Clean DNA Purification (Mo Bio).

Foi realizada reação de ligação entre os insertos de 4 – 10 Kb purificados com o plasmídeo

pCF430 tratado.

A transformação foi realizada conforme a seção 3.3.2.3.3, e os clones foram plaqueados em

meio LB contendo tetraciclina (40 mg / mL). A qualidade da biblioteca foi avaliada através de

extração plasmidial (QIAprep Spin Miniprep Kit - Qiagen) de colônias escolhidas

aleatoriamente para reações de restrição com EcoRI. A digestão foi verificada em gel de

agarose 1 % TBE 1 X.

Os clones plaqueados em meio LB foram reunidos e fracionadas em alíquotas de 1 mL em

criotubos após adição de 1/3 de glicerol. O banco metagenômico foi estocado a – 80 º C.

As reações de digestão parcial e clonagem dos insertos estão no anexo 7.1, itens 7.1.3.3 e

7.1.3.4.

3.3.3.4 Análise funcional da Biblioteca Metagenômica do solo da Mata Atlântica

Clones de E.coli da linhagem EPI300, transformadas com plasmídeos (pCF430), contendo

insertos variando entre 4 e 10 kb foram selecionados para busca de atividade celulolítica. A

seleção foi realizada em meio mínimo contendo carboximetil celulose (CMC) e a atividade

celulolítica foi avaliada pelo aparecimento de halos de degradação associado ao crescimento

bacteriano. A determinação da atividade enzimática foi realizada para as atividades FPásica

(feita com papel de filtro), β – glicosidásica (feita com celobiose 2%) e CMCásica (ou

endoglucanásica, feita com CMC 2%). As análises foram realizadas a partir dos estoques

preservados a - 80 ° C.

87

3.3.3.4.1 Triagem de clones com atividade celulolítica

Na triagem para verificação da degradação de celulose, o revelador de vermelho congo foi

adicionado a fim de se avaliar a extensão e a intensidade das zonas hidrolíticas formadas

(Teather and Wood, 1982). Foram adicionados aproximadamente 10 mL de solução aquosa de

Vermelho Congo a 0,1%, as quais ficaram em contato com o meio por aproximadamente 5

minutos. Em seguida, o excesso de vermelho congo foi removido, e as placas foram lavadas

por até 3 vezes com 15 mL de tampão fosfato pH 7,0 a 50 mM com 1M de NaCl. As regiões

onde ocorreu a degradação de celulose, foram evidenciadas pelo aparecimento de zonas claras

(halos de degradação) pois o corante vermelho congo deixava de se associar em função de sua

especificidade por ligações do tipo β- 1,4 glucose.

O procedimento de reativação dos clones bem como a composição do meio CMC está no

anexo 7.1, item 7.1.3.5.

3.3.3.4.2 Determinação da atividade celulolítica

As curvas de crescimento foi construída com o objetivo de determinar a fase log de

crescimentos dos clones onde ocorre maior atividade metabólica das células, e com isso maior

produção de celulases.

Os ensaios para determinação das atividades Fpásica, CMcásica e ß-glicosidásica estão nos

anexos 7.1, itens 7.1.3.6, 7.1.3.7 e 7.1.3.8.

3.3.3.4.2.1 Curva de crescimento

A As curvas foram realizadas em triplicata e medições da densidade ótica da cultura e

alíquotas do sobrenadante foram coletados a cada 3 horas em um total de 16 h de crescimento

em paralelo com a contagem das unidades formadoras de colônias (CFU) em meio CMC. A

biomassa foi calculada ao final do crescimento submetendo as culturas (2 mL) à centrifugação

(14000rpm) durante 5 minutos e secagem do material a 55 ° C por aproximadamente 3 dias.

88

3.3.3.4.2.2 Atividade FPásica (celulose total)

Pedaços de folha de papel de filtro Watmann nº 1 (1x6 cm) foram utilizados como substrato.

Os experimentos foram realizados em duplicata e duas reações controle e um branco foram

utilizados nos ensaios.

3.3.3.4.2.3 Atividade CMCásica (endoglucanásica)

O substrato utilizado foi solução CMC 2 %. Os experimentos foram realizados em duplicata e

duas reações controles e um branco foram utilizados nos ensaios e preparados da seguinte

maneira:

3.3.3.4.2.4 Atividade β-glicosidásica

O substrato utilizado foi solução de celobiose 2 %. Os experimentos foram realizados em

duplicata e duas reações controles e um branco foram utilizados nos ensaios e preparados da

seguinte maneira:

3.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros

As buscas dos trabalhos publicados foram realizadas através do Pub Med

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/) e Web of Science

(http://science.thomsonreuters.com) entre os anos 2005 e 2011. As palavras-chave utilizadas

foram: Brazil, microbiology, bacteria, fungi, archea, microbial, community, diversity,

ecology, environment, marine, aquatic, soil, terrestrial, microbial diversity. Diferentes

combinações dos termos foram utilizadas para maior amplitude das buscas

A classificação taxonômica das sequências do gene rRNA 16S foi realizada através de buscas

no Ribosomal Database Project (RDP) versão 9.21 (Cole et al., 2005).

89

As Análises de coordenadas principais (PCoA) foram realizadas usando FastUniFrac matriz

de distância do pareamento não ponderado. Foram utilizadas apenas sequências de trabalhos

que amplificaram a região V1 e V2 maiores que 400 pb.

As árvores filogenéticas de sequências do gene rRNA 16S não classificadas de ecossistemas

terrestres e aquáticos foram baixada e submetidas no banco de dados RDP. Todas as

sequências foram alinhadas utilizando software Muscle. Análises filogenéticas foram

realizadas com o programa Mega4, utilizando o modelo de neighbor joining. Valores de

bootstrap > 50% são mostrados para os ramos que em uma análise de bootstrap de 1000

repetições.

90

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Diversidade da comunidade de bacterioplâncton ao longo de uma gradiente

latitudinal na costa da América Latina por meio de pirosequenciamento da

região V6

4.1.1 Resultados

Com exceção do Estuário do Rio Amazonas (salinidade = 0), todos os locais apresentaram

características de águas marinhas (Tabela 2). A Baía de Guanabara mostra maior

concentração de compostos nitrogenados indicando certo nível de eutrofização do sistema. As

altas concentrações estão possivelmente correlacionadas com o impacto antropogênico nesta

região, como por exemplo, por esgoto doméstico. A diversidade de comunidades microbianas

foi avaliada através da tecnologia 454 de pirosequenciamento, aplicada na região V6 do gene

rRNA 16S. Foram observadas temperaturas mais elevadas nos locais de latitudes baixas. A

caracterização da diversidade microbiana confirmou a existência de um gradiente latitudinal

ao longo da costa da América Latina. Foram obtidas 134.197 sequências de alta qualidade,

com tamanho médio de aproximadamente 60 nucleotídeos das 7 localidades (Tabela 3). Foi

utilizada a ferramenta de análise de dados The Visualization and Analysis of Microbial

Population Structures (VAMPS) (http://vamps.mbl.edu/). Foram observadas diferenças

marcantes entre as 7 localidades estudadas.

Foi observada a diminuição da equitabilidade de acordo com o gradiente latitudinal, com

tendência de maior equitabilidade nas regiões tropicais e menor equitabilidade em áreas

subtropicais (Figura 29 A). Além disso, foi possível observar o enriquecimento de organismos

autotróficos no mesmo sentido do gradiente latitudinal de equitabilidade. Esses dados

sugerem que a produção primária microbiana é maior nas regiões tropicais (ex. Puerto Rico),

onde a abundância foi até 100 vezes maior que nas regiões subtropicais (Ex. Argentinian

shelf) (Figura 29 B).

91

Tabela 2. Parâmetros biológicos e físico-químicos dos locais de amostragem.

# dados não disponíveis; * Dados de Artigas, 2008

Tabela 3. Número de sequências, diversidade e cobertura das bibliotecas da região V6 do gene rRNA 16S das

comunidades microbianas ao longo do gradiente latitudinal.

Puerto

Rico

Guanabara

Bay

Amazonas

Estuary

Uruguay-

Fresh

Uruguay-

Brackish

Rio de

la Plata

Argentinian

shelf

Número de sequências 8384 17631 7220 28666 21468 33145 17817

Estimador Chao (0.03) 2322 2795 1649 4850 3931 2660 1323

Cobertura de Good (%) 92 95 93 95 94 97 97

As sequências foram distribuídas em 36 filos. Os filos mais comuns nos sete locais foram

Proteobacteria, Bacteroidetes, Cyanobacteria, e Actinobacteria (Figura 30), correspondendo

a aproximadamente 80% do número total de sequências. Cyanobacteria e Bacteroidetes

Puerto Rico

Amazon

estuary Guanabara Bay

Laguna de

Rocha (1 e 2)

Rio de la

Plata

Argentinia

n Shelf

Data 22/09/2008 26/11/2007 22/09/2008 25/04/2008 29/06/2006 01/09/2006

Latitude 17°97’N 0°70’S 22°56’S 34°39’S 36°17’S 38°69’S

Longitude 67°01’W 50°29’W 43°09’W 54°16’W 55°26’W 57°68’W

Profundidade (m) 0.1 0.1 0.5 0.5-0.6 2 5

Temperatura (°C) 26.0 27.5 23.0 19.0-20.0 12.9 10.6

Salinidade 35.5 0.0 34.0 14.7-16.0 32.0 34.0

NH4 (µM) 3.1* 3.89 23.4 0.0-1.7 3.13** < 2.0

NO2+NO3 (µM) 0.25* 0.648 5.1 1.61-0.245 < 1.0** 2.13

Nitrogênio total (µM) # # 66.3 7.13-23.63 # #

PO4 (µM) 0.05* 3.79 2.2 1.097-0.54 0.6* 0.77

Fósforo total (µM) # # 2.9 5.16-2.69 # #

Silicato (µM) 2.3* # 19.8 65-30 3.0* 4.02

Chlorofila a (µg/L) 2.00 1.27 4.0 7.7-13.4 0.5* #

Contagem de bactérias (x106

células.mL-1

) 1.50 0.67 (1.34) 3.5 2.4-1.8 1.00 0.75

92

foram mais abundantes em Porto Rico, Argentina e Uruguai. O maior número de sequências

identificadas como Actinobacteria e Acidobacteria foi obtido no estuário Amazônico.

A

B

Figura 29. Influência do gradiente latitudinal na equitabilidade e produção primária bacteriana ao longo da costa da

América Latina. A) Os dados indicam uma tendência de diminuição da uniformidade de distribuição das OTUs no

nível de espécie, de acordo com a diminuição da latitude (R2 = 0,9451). B) A produtividade primária é maior nas

regiões tropicais e tende a diminuir em direção as regiões subtropicais (o eixo Contribuição (%) está em escala

logarítimica).

93

A fração de sequências que se conserva ao longo do gradiente latitudinal corresponde a

aproximadamente 58% de todas as sequências identificadas. Vinte e um grupos foram

identificados em todas as amostras (Figura 31; Tabela 4). Alguns destes táxons foram

tentativamente classificados em grupos taxonômicos conhecidos como Acinetobacter,

Flavobacteriaceae, SAR11 e Enterobacteriaceae, de acordo com a classificação taxonômica

do banco de dados VAMPS. A classificação definiu grupos mais profundos mas nenhum

desses táxons foi identificado comoespécies.

A fração de OTUs (OTU é definida com um grupo de sequências da região V6 do rRNA 16S

com > 97 % de similaridade) comuns entre os sete locais é de pelo menos 0,6 %, chegando até

93 % (entre as duas amostras da Argentina) da sua microbiota, sugerindo ampla dispersão

microbiana no meio marinho (Figura 32). A fração endêmica das sequências, ou seja, OTUs

Figura 30. Estrutura das comunidades bacterianas nos sete locais. Os filos mais comumente encontrados são

indicados. Sequências Unknown representam aquelas as quais não foi possível atribuir uma classificação

taxonômica pelo VAMPS.

94

com ocorrência limitada a apenas uma localidade, correspondeu a apenas uma pequena

parcela (2%) de todas as sequências. Os táxons endêmicos foram distribuídos em um total de

245 grupos. Os primeiros 40 táxons endêmicos mais abundantes em todo o conjunto de dados

são listados (Tabela 5).

Figura 31. Número de sequências identifiicadas na fração conservada do gradiente latitudinal. Nível

taxonômico mais profundo identificados pelo VAMPS.

Figura 32. Fração de sequências comuns de um local para outro usando 97% de similaridade para definir OTUs.

95

Tabela 4. Distribuição e identificação da fração cosmopolita do gradiente latitudinal. Os números representam a

fração de sequências agrupadas por táxons em relação ao total de seqüências classificadas pelo GAST. A

identificação foi possível em diferentes níveis taxonômicos.

Identificação

Taxonômica

Puerto

Rico

(%)

Brazil

Amazon

estuary

(%)

Brazil

Guanabara

Bay

(%)

Urugauy

Laguna do

Rocha 1

(%)

Uruguay

Laguna do

Rocha 2

(%)

Argentina

Rio de la

Plata

(%)

Argentina

Argentinian

shelf

(%)

Unknown 0,211 0,171 0,268 4,429 4,604 1,132 1,068

Gammaproteobacteria

(Classe) 1,810 0,008 3,146 2,161 1,403 1,627 1,644

Flavobacteriaceae

(Família) 0,354 0,001 0,427 0,853 2,425 3,125 2,061

Alphaproteobacteria

(Classe) 0,519 0,885 1,000 0,816 0,286 3,305 2,148

Actinobacteria

(Filo) 0,220 0,589 0,416 0,167 0,006 0,987 0,508

Flavobacteriales

(Ordem) 0,148 0,013 0,208 0,136 0,386 0,429 0,660

SAR11

(Ordem) 0,104 0,183 0,179 0,618 0,399 0,154 0,057

Bacteroidetes

(Filo) 0,126 0,099 0,155 0,232 0,009 0,369 0,334

Methylophilus

(Gênero) 0,082 0,001 0,172 0,107 0,006 0,538 0,389

Proteobacteria

(Filo) 0,035 0,118 0,144 0,157 0,004 0,338 0,287

Rhodospirillales

(Ordem) 0,068 0,013 0,327 0,151 0,052 0,227 0,165

96

Tabela 5. Distribuição e identificação da fração endêmica ao longo do gradientelatitudinal. *PR – Puerto Rico;

AM –Amazon estuary; GB – Guanabara Bay; LG1 – Laguna do Rocha 1; LG2 –Laguna do Rocha 2; RP – Rio

de la Plata and AS – Argentinian shelf .

Identificação taxonômica

Número de

sequências

Número de

unique Localização*

Fração do conjunto de

dados (%)

Neisseria

(Gênero) 492 50 GB 0,3916

Enterobacteriaceae

(Família) 0,002 0,004 0,410 0,381 0,034 0,064 0,041

Cyanobacteria

(Filo) 0,390 0,043 0,132 0,087 0,005 0,219 0,033

Bacteria

(Domínio) 0,053 0,116 0,214 0,357 0,032 0,075 0,048

Burkholderiales

(Ordem) 0,007 0,197 0,060 0,001 0,003 0,428 0,175

Acinetobacter

(Gênero) 0,001 0,019 0,045 0,227 0,264 0,007 0,012

Fluviicola

(Família) 0,020 0,010 0,004 0,012 0,055 0,250 0,039

Sphingobacteriales

(Ordem) 0,008 0,074 0,032 0,081 0,117 0,046 0,008

Opitutus

(Gênero) 0,021 0,042 0,051 0,011 0,004 0,018 0,004

Ralstonia

(Gênero) 0,004 0,015 0,077 0,001 0,001 0,003 0,003

Prochlorales

(Ordem) 0,047 0,015 0,017 0,001 0,002 0,003 0,009

Planctomycetaceae

(Família) 0,036 0,001 0,014 0,003 0,003 0,016 0,012

97

Gp8

(Gênero) 204 31 AM 0,1623

Curvibacter

(Gênero) 87 10 AM 0,0692

Rubrobacter

(Gênero) 60 8 GB 0,0477

Cryobacterium

(Gênero) 53 6 LR1 0,0421

Solibacteraceae

(Família) 39 5 LR1 0,0310

Neisseria gonorrhoeae

(Espécie) 35 1 GB 0,0278

Terrimonas

(Gênero) 30 3 AM 0,0238

Herbaspirillum

(Gênero) 25 4 AM 0,0199

Owenweeksia hongkongensis

(Espécie) 24 3 GB 0,0191

Tenacibaculum

(Família) 20 7 LR2 0,0159

Roseateles

(Gênero) 13 3 AM 0,0149

Pseudoalteromonas elyakovii

(Espécie) 12 3 LR1 0,0095

Chitinophaga sancti

(Espécie) 10 4 AM 0,0079

Dorea

(Gênero) 9 4 GB 0,0071

Thalassobacter

(Gênero) 9 4 LR2 0,0071

Chloroflexi 8 1 PR 0,0063

98

(Filo)

Kordiimonas

(Gênero) 8 1 RP 0,0063

Dietzia

(Gênero) 7 3 GB 0,0055

Fusibacter

(Gênero) 7 2 AS 0,0055

Turneriella

(Gênero) 6 4 LR1 0,0047

Aquimarina brevivitae

(Espécie) 5 3 RP 0,0039

Faecalibacterium

(Gênero) 5 2 GB 0,0039

Cystobacteraceae

(Família) 5 4 AM 0,0039

Klebsiella

(Gênero) 5 3 GB 0,0039

Gemmata

(Ordem) 4 1 AM 0,0031

Beijerinckiaceae

(Família) 4 3 AM 0,0031

Hydrogenophilus

(Gênero) 4 3 AM 0,0031

Desulfosarcina

(Gênero) 4 1 PR 0,0031

Methylococcaceae

(Família) 4 2 AS 0,0031

Pseudomonas fluorescens

(Espécie) 4 5 LR1 0,0031

Kocuria

(Gênero) 3 3 GB 0,0023

99

Parabacteroides

(Gênero) 3 3 GB 0,0023

Myroides

(Gênero) 3 2 AS 0,0023

Wautersiella

(Gênero) 3 1 GB 0,0023

Atopococcus tabaci

(Espécie) 3 4 AM 0,0023

Lactobacillus luminis

(Espécie) 3 1 GB 0,0023

A identificação taxonômica fornecida pelo VAMPS indicou que as OTUs identificadas como

Acidobacteriaceae GP8, Methylophilaceae, Curvibacter, Terrimonas, Aquitalea e

Hongkongensis Fangia só aparecem no estuário do Rio Amazonas. Bactérias potencialmente

patogênicas, tais como Neisseria foram observadas na Baía de Guanabara. A maioria dos

endêmicos foi tentativamente identificada no nível de gênero, e somente oito táxons foram

identificados em espécies conhecidas. A grande maioria dos endêmicos foi obtida no Brasil

(Tabela 5). O estuário Amazônico é muito diferente dos outros locais, compartilhando a

menor fração de suas sequências com outras localidades.

Foram construídas curvas de rarefação para verificação da cobertura da diversidade amostrada

para o nível taxonômico de espécie (Figura 33A). Além disso, os estimadores não

paramétricos de diversidade Good e Chao também foram utilizados para verificar a cobertura

da diversidade estimada pela amostragem. A estimativa da cobertura variou entre 92 e 97%

com o número de espécies estimado entre 1323 (Argentinian Shelf) e 4850 (Uruguay –

Laguna do Rocha 1) (Tabela 3). O número de OTUs no nível de espécie (similaridade > 97

%) encontradas variou entre 1000 e 2500, enquanto o número de famílias oscilou entre 287 e

966 (Figura 33B). Os locais de água doce do estuário do Uruguai e do Rio de la Plata

100

apresentaram maior número de sequências únicas. Esses locais também tiveram o maior

número de sequências analisadas. Em todos os sete locais, observou-se cauda nas curvas de

abundância de classificação, indicando a presença de um grande número de organismos raros

em todos os locais, corroborando que as comunidades do bacterioplâncton apresentam alta

equitabilidade, de uma forma geral (Figura 34).

101

Figura 33. Análise de agrupamento das sequências. A ) Curvas de rarefação; B) Número de OTUs a diferentes

níveis de similaridade correspondente a diferentes níveis taxonômicos (linhagens, espécies, gêneros e famílias).

102

A capacidade de resolução taxonômica da região V6 foi avaliada através da análise

filogenética comparativa de dois gêneros de Cyanobacteria filogeneticamente relacionados,

Procholrococcus e Synechococcus (Figura 35). Foram comparadas as sequências das

diferentes cópias do gene rRNA 16S de ambos os gêneros, observando-se baixa resolução

taxonômica. Sequências de referência de Synechococcus agruparam com sequências de

Prochlorococcus. Além disto, as sequências obtidas neste estudo e identificadas pelo VAMPS

como Prochlorococcus também agruparam de maneira difusa em ambos os gêneros. Apesar

da resolução taxonômica da região V6 ser limitada para alguns grupos taxonômicos, vários

estudos vem demonstrando a utilidade desta estratégia para estudos abrangentes de

diversidade.

Figura 34. Análise baseada na distribuição de filos, demonstrando a existência de táxons dominantes

distribuídos por poucos grupos taxonômicos. Por outro lado, mostra a contribuição de um grande número de

táxons em baixa frequênciaque representa a biosfera rara da microbiota aquática.

103

Pela primeira vez na America Latina, foi determinada a diversidade das comunidades

microbianas em um gradiante latitudinal empregando pirosequenciamento da região V6. Foi

observado que a microbiota da água tem alta dispersão, com grande parte da microbiota tendo

distribuição cosmopolita na água. A maior proporção de endêmicos na região Amazônica se

deve possivelmente a contribuição de microrganismos de origem terrestre.

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 1 4

P ro c h lo r o c o c c u s T a g 1 5

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 5

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 1 1

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 6

P r o c h lo ro c o c c u s T a g 7

P r o c h lo ro c o c c u s T a g 8

P ro c h l o ro c o c c u s m a ri n u s s t r. M IT 9 3 0 1

P r o c h lo r o c o c c u s m a ri n u s s t r . A S 9 6 0 1

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 2

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 4

P ro c h l o ro c o c c u s T a g 3

P r o c h lo r o c o c c u s T a g 1 2

P r o c h lo r o c o c c u s T a g 1 3

P ro c h l o ro c o c c u s m a ri n u s s t r. M IT 9 2 1 1

P ro c h l o ro c o c c u s m a ri n u s s t r. N A T L 1 A

C y a n o b a c te ri a T a g 7

P ro c h lo r o c o c c u s T a g 1

P ro c h lo r o c o c c u s T a g 1 0

S y n e c h o c o c c u s s p . R C C 3 0 7

S y n e c h o c o c c u s s p . W H 7 8 0 3

S y n e c h o c o c c u s s p . W H 7 8 0 3 (2 )

C y a n o b a c te r ia T a g 1 4

P r o c h l o ro c o c c u s m a ri n u s s t r. M IT 9 3 0 3

C y a n o b a c te ri a T a g 9

C y a n o b a c te ra T a g 1 5

C y a n o b a c te r i a T a g 6

S y n e c h o c o c c u s s p . C C 9 3 1 1

S y n e c h o c o c c u s s p . C C 9 3 1 1 (2 )

S y n e c h o c o c c u s s p . C C 9 6 0 5 (2 )

S y n e c h o c o c c u s s p . C C 9 6 0 5

C y a n o b a c te ri a T a g 3

C y a n o b a c te ri a T a g 8

C y a n o b a c te r ia T a g 4

C y a n o b a c te r ia T a g 4 (2 )

P ro c h lo r o c o c c u s T a g 9

S y n e c h o c o c c u s e l o n g a tu s P C C 7 9 4 2

S y n e c h o c o c c u s e l o n g a tu s P C C 7 9 4 2 (2 )

C y a n o b a c te r i a T a g 1

C y a n o b a c te ri a T a g 2

S y n e c h o c o c c u s s p . P C C 7 0 0 2

S y n e c h o c o c c u s s p . P C C 7 0 0 2 ( 2 )

C y a n o b a c te ri a T a g 1 1

C y a n o b a c te r ia T a g 1 0

C y a n o b a c te r ia T a g 1 2

C y a n o b a c te r ia T a g 1 3

A n a b a e n a va ri a b i l is A T C C 2 9 4 1 3

A n a b a e n a va ri a b i l is A T C C 2 9 4 1 3 (3 )

A n a b a e n a va ri a b i l is A T C C 2 9 4 1 3 (2 )

A n a b a e n a va ri a b i l is A T C C 2 9 4 1 3 (4 )

A c i d o b a c t e ri u m c a p s u la t u m A T C C 5 1 1 9 6

B o rr e li a d u t to n i i L y9 9

9 9

1 0 0

8 8

9 6

9 3

5 4

7 6

7 8

6 0

5 7

7 2

6 0

7 1

7 6

5 65 9

8 4

8 9

6 2

0 . 1

104

Figura 35. Análise filogenética demonstrando a resolução taxonômica da região v6 do gene rRNA 16S para os

gênero relacionados Prochlorococcus e Synechococcus. Foi utilizado método neighbor join, corrigido pelo

modelo Juckes-Cantor e bootstrap com 1000 replicatas.

4.1.2 Discussão

Este estudo traz novas informações sobre a diversidade de bacterioplâncton de águas

costeiras da América Latina. Nós descrevemos a estrutura do bacterioplâncton costeiro

ao longo de um gradiente latitudinal, abrangendo sete locais distintos, principalmente no

meio marinho. O pirosequenciamento da região hipervariável V6 correspondentes às

posições 984-1047 (sequência rRNA 16S de Escherichia coli) resultou em um número

ineditamente elevado de sequências que foram utilizadas para identificar a diversidade de

bactérias planctônicas da América Latina.

Padrões globais de distribuição de microrganismos ainda são pouco conhecidos e os fatores

envolvidos ainda precisam ser mais profundamente investigados. Sabe-se que os aspectos

ecológicos e evolutivos são os principais fatores que influenciam nos padrões de distribuição

de microrganismos. A existência de um gradiente latitudinal foi identificada recentemente

para o bacteriplâncton de águas superficiais dos oceanos (Fuhrman et al., 2008; Pommier et

al., 2007). Os principais mecanismos envolvidos para o estabelecimento de um gradiente

latitudinal são a temperatura e a produtividade primária. Esses mecanismos não são

excludentes. Os dados deste trabalho mostram que ambos estão atuando sobre as

comunidades de bacterioplâncton ao longo da costa da América Latina. Por um lado, as

maiores temperaturas nas regiões tropicais influenciam na cinética dos processos

biológicos, agindo no estabelecimento de grupos microbianos. Por outro, a maior

abundância de microrganismos autotróficos nos trópicos sugere uma maior

produtividade primária microbiana. Entretanto, medidas de produtividade (como taxa de

respiração e fotossintética) precisam ser realizadas para confirmação desta hipótese.

105

Ecossistemas mais produtivos são capazes de suportar um maior número e tipos de

organismos adaptados as condições locais. A energia é um bom preditor de riqueza de

espécies de plantas e animais (Rohde, 1992). Os resultados mostram que a predominância

de organismos autotróficos no bacterioplâncton varia de acordo com o gradiente

latitudinal de diversidade. Isso sugere que a produção primária pode ser utilizada como

um preditor de diversidade ao longo da costa da America Latina.

Em geral, a mais profunda resolução taxonômica obtida foi no nível de gênero. Estudos

anteriores também sugeriram que a resolução taxonômica das sequências V6 pode permitir a

discriminação de gêneros afins, mas não de espécies relacionadas (Huber et al., 2007; Huse et

al., 2007). O número de OTUs, correspondente a espécies, em sete locais variou entre 937

e 1946. Estas estimativas podem ser consideradas conservativas, pois espécies diferentes

podem ter sequências idênticas nas regiões V6. Apenas um número reduzido de sequências

foi atribuído a espécies formalmente conhecidas. Aproximadamente, 11% do número total de

sequências conservadas foram classificadas como Gammaproteobacteria sem espécies

conhecidas ou identidade de gênero. À primeira vista, os resultados sugerem que existe

uma grande diversidade de táxons novos que circulam nas áreas de estudo à espera de

ser formalmente descrita, mas claramente, mais sequências rRNA 16S mais longas são

necessárias para estabelecer a posição exata dos novos grupos taxonômicos, evitando os

inconvenientes da atual metodologia quanto à sua relativamente baixa resolução taxonômica.

As sequências de região V6 identificadas como Prochlorococcus foram indistinguíveis

daquelas sequências tentativamente identificadas como Synechococcus e Cyanobacteria,

sugerindo que uma fração das sequências de V6 de Cyanobacteria pode ser realmente

relacionada com Prochlorococcus. Não é inesperado que esses grupos não possam ser

diferenciados porque o gênero Synechococcus é um dos vizinhos mais próximos de

Prochlorococcus são diferenciados através da aplicação da metodologia ARISA (Automated

106

rRNA Intergenic Spacer Analysis) (Rocap et al., 2002). O fato de a região V6 não permitir

a diferenciação de gêneros pode ilustrar uma resolução taxonômica limitada. Por outro

lado, os filos proximamente relacionados (Acidobacteria, Proteobacteria) foram

claramente diferenciados dos grupos Prochlorococcus / Cyanobacteria a partir das

sequências da região V6.

Uma parcela significativa das OTUs parece ser conservada ao longo do gradiente

latitudinal, abrangendo entre Puerto Rico e Argentina, de estuários de águas salobras a

marinhas. Todos os sete locais analisados neste estudo podem ser considerados ricos em

nutrientes. Entretanto, o aporte de nitrogênio na Baía de Guanabara é aparentemente

enriquecido pelo despejo de efluentes domésticos e industriais.

A temperatura parece ser o parâmetro mais variável entre os pontos, variando entre 10,6 e

27,5°C. Alguns táxons conservados foram classificados em grupos taxonômicos

conhecidos, ou seja, SAR11. Este grupo é dominante nos ambientes marinhos (Brown et al.,

2009; Morris et al., 2002). Acinetobacter também foi observada entre os grupos conservados

que apresentam versatilidade metabólica e foi recuperado em diferentes biomas, incluindo do

Mar Antártica, Região sub-saariana, e Amazônia (Demba Diallo et al., 2004; O’Neill et al.,

2009; Van Trappen et al., 2002). Acinetobacter também tem sido implicado com infecções

nosocomiais em diferentes países (Towner, 2009).

Um estudo recente sobre a diversidade de Bactérias e Arquéias do Oceano Ártico mostrou que

as espécies raras (ou então chamadas filotipos) não têm uma distribuição conservada (Galand

et al., 2009). No presente estudo, utilizando critérios mais rigorosos para a definição do

táxon (97% de identidade em vez de 94% de identidade do estudo no Ártico),

mostramos que várias OTUs consideradas conservadas (tentativamente identificado

como Fuviicola, Sphingobacteriales, Cyanobacteria, e Prochlorales) aparecem em baixa

frequência (<1%). A baixa freqüência pode ser explicada, em parte, por causa da amplitude

107

latitudinal de nosso conjunto de dados, a partir de 10 N a 38 S, e assim com uma grande

mudança nos regimes de temperatura e ambiente. A ampla distribuição destas bactérias pode

ser explicada pela sua plasticidade genômica, permitindo sua sobrevivência em condições

ambientais variáveis.

OTUs endêmicas representaram apenas 1,96% de todas as sequências. A maioria destas

sequências foi tentativamente identificada apenas no nível de gênero. Apesar da baixa

abundância, OTUs endêmicas podem desempenhar um papel fundamental no meio

ambiente. Mudanças nos regimes biogeoquímicos podem determinar variações na

comunidade microbiana, e os grupos dominantes podem surgir a partir da biosfera rara.

O maior endemismo foi observado em locais brasileiros. Várias OTUs endêmicas

(tentativamente identificada como Acidobacteriaceae GP8 e Terrimonas), que apareceram

apenas nas regiões estuarinas amazônicas, são microrganismos típicos do solo, possivelmente

levados pelo rio Amazonas em direção ao Oceano Atlântico. Outros parâmetros físicos

(temperatura, por exemplo) também podem influenciar a diversidade da comunidade

bacteriana. Uma OTU tentativamente designada como pertencente ao gênero psicrófilo

Cryobacterium foi a mais abundante nos locais com as temperaturas mais baixas ao longo do

gradiente latitudinal.

Algumas OTUs endêmicas encontradas na Baía de Guanabara tentativamente

identificadas como Neisseria refletem um ambiente impactado por ação antropogênica.

A Baía de Guanabara é uma conhecida área impactada e intensamente urbanizada, onde

vivem aproximadamente 8 milhões de pessoas em seu entorno. Este local teve a maior

quantidade de nutrientes no presente estudo. Descargas de nutrientes orgânicos e inorgânicos

podem promover o crescimento de bactérias de crescimento rápido. Ambientes ricos em

nutrientes tendem a favorecer o crescimento de bactérias patogênicas oportunistas e resultam

na perda de homeostase (Dinsdale et al., 2008b).

108

Além de parâmetros químicos, o estado autotrófico dos diferentes locais pode influenciar a

riqueza de espécies (Fuhrman et al., 2008). Aumento da produtividade primária resulta na

entrada de matéria e energia no sistema, permitindo o crescimento microbiano e

diversificação. Houve um aumento acentuado nos autótrofos (Cyanobacteria) em Porto

Rico, sugerindo uma maior atividade fotossintética.

Apesar das controvérsias em relação ao pirosequenciamento da região V6 para avaliar a

diversidade bacteriana e identificação das espécies (Claesson et al., 2009; Quince et al.,

2009), o presente estudo é uma primeira tentativa de levantamento da diversidade de

bactérias em áreas costeiras do Caribe e no Atlântico Sul. A divulgação de conservação de

grupos de bactérias é um achado importante que sugere novos estudos. Outro aspecto

interessante deste trabalho é o possível aparecimento de organismos indicadores dentro da

fração endêmica, sugerindo que áreas impactadas, como a Baía de Guanabara, podem

influenciar a composição da comunidade bacteriana.

Trabalhos futuros serão necessários para determinar as relações entre os parâmetros

ambientais (por exemplo, nutrientes) e mudanças temporais da comunidade microbiana de

composição no Atlântico Sul Ocidental.

4.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metagenômica

4.2.1 Resultados

Neste segundo capítulo foi realizado o estudo da diversidade microbiana em uma área

geográfica mais restrita do que a abordada no capítulo anterior: o Banco dos Abrolhos. Foi

determinada a diversidade microbiana em um dos principais hotspots de diversidade do

Atlântico Sul, bem como o efeito de áreas marinhas protegidas na abundância e diversidade

microbiana.

109

A abundância de bactérias totais variou entre 4,88 x 105 e 6,62 x 10

5 células / mL (Tabela 6).

A menor contagem de células ocorreu nas áreas protegidas (California e Parcel dos Abrolhos).

As contagens de Vibrios foram maiores nos recifes desprotegidos, variando entre 102 e 10

4

UFC / mL. A contagem de Vibrios variou entre 0 e 102 UFC / mL nos recifes protegidos. Os

recifes protegidos (Parcel dos Abrolhos e California) apresentam maiores concentrações de

COD que as áreas desprotegidas (p < 0,001) (Figura 36).

Tabela 6. Características gerais dos locais de coleta e dos metagenomas. Média ± erro padrão. Número de replicatas entre

parênteses. DOC (Carbono orgânico diddolvido); POC (Carbono orgânico particulado).

110

A B

C D

Figura 36. Comparação dos valores dos parâmetro Carbono Orgânico Dissolvido (COD) (acima) e Clorofila

(abaixo) entre os recifes protegidos e desprotegidos. Foi observada maior concentração de COD nos recifes

protegidos. A) ANOVA e B) Visualização gráfica dos resultados do teste de Tukey. PAB - Parcel dos Abrolhos;

SG - Sebastião Gomes; TIM – Timbebas e CAL – California. . Comparação dos valores do parâmetro Clrofila

entre os recifes mostra maiores concentrações no recife protegido. A) ANOVA e B) Visualização gráfica dos

resultados do teste de Tukey. PAB - Parcel dos Abrolhos; SG - Sebastião Gomes; TIM – Timbebas

111

O nível de clorofila é um indicativo do nível de autotróficos na área. O recife Parcel dos

Abrolhos apresentou maiores concentrações que os recifes desprotegidos, principalmente

entre Parcel dos Abrolhos e Sebastião Gomes (p < 0,001) (Figura 36 C). Através do teste de

Tukey, observa-se que os três recifes são diferente entre eles (Figura 36 D).

O número total de sequências geradas variou entre 10.906 (Sebastião Gomes em 2009) e

167.513 (California, em 2009) (Tabela 6). O número total de sequências identificadas variou

entre 4.224 e 67.018, através de Blastx com um valor de corte (E-value) de 10-5

, contra o

banco de dados MG-RAST. Foi observada maior abundância relativa de sequências

identificadas como Arquéia (3-7% de contribuição) e vírus (3-7% de participação) nos recifes

desprotegidos, em comparação com os recifes protegidos (1% de contribuição) (Figura 37 A).

A Arquéia Maripaludis Methanococcus foi identificada como a espécie mais frequente em

Sebastião Gomes (N = 75; 42% das Arquéias). Methanococcoides burtonii foi abundante em

Timbebas (N = 148; 5%), enquanto Archaeoglobus fulgidus foi abundante na California (N =

47; 5%). A fração de vírus identificada nos metagenomas consistiu principalmente de

Cyanophages (N = 95, 84% em Sebastião Gomes, N = 404, 61% em Pedra de Leste; N = 693,

38% em Timbebas; N = 731, 68% no Parcel dos Abrolhos, e N = 610, 70% na California). Os

principais tipos de fagos foram fagos de Prochlorococcus. É possível observar maior

contribuição de sequências associadas a vírus nos recifes não protegidos (Figura 37 A).

112

A

B

C

Figura 37. Estrutura da comunidade microbiana dos recifes de Abrolhos. A). Contribuição dos diferentes

domínios. Enriquecimento de vírus é observada em amostras de recifes desprotegidos. B) Nível trófico dos

microrganismos dos cinco pontos. A classificação foi realizada com base na identificação dos filos.

Enriquecimento do metabolismo autotrófico é observado nos recifes protegidos. C) Distribuição dos patógenos

comumente encontrados. A classificação foi realizada baseada na identificaçãodas taxonômica espécies/

linhagens. A contribuição da Vibrios está relacionada a sequências atribuídas como Gammaproteobacteria. N

corresponde ao número total de sequências para cada local

113

O número de sequências identificadas como bactérias variou entre 92% (N = 5.297) em

Timbebas e 97% (N = 87.683), em California. Proteobacteria foi o filo mais abundante em

cada local: Sebastião Gomes (63%, N = 1.212), Pedra de Leste (76%, N = 15.160), Timbebas

(76%, N = 79.740), Parcel dos Abrolhos (57%, N = 49.756) e California (68%, N = 58.812)

(Figura 38 A). Gammaproteobacteria correspondeu a 21-45% das sequências em todos os

recifes. Deltaproteobacteria foram mais abundantes (8%) no recife de Sebastião Gomes

desprotegidos do que em proteger recife California (1%). A Proteobacteria Pelagibacter

ubique foi a mais abundante nos recifes desprotegidos (11 a 16%, N = 1311-12758), mas

contribuiu com apenas 2-8% em locais protegidos (Figura 38 B). Pelagibacter ubique,

Alteromonas macleodii, Synechococcus sp. CC9605 e Gammaproteobacteria KT71 estavam

presentes nos cinco recifes. Alteromonas macleodii foi a espécie mais abundante nos recifes

protegidos (10 a 24% no Parcel dos Abrolhos e da California, N = 8.729 e 20.757,

respectivamente). Por outro lado, se encontra em baixa frequência em Sebastião Gomes

(0,2%, N = 238). Não foram observadas diferenças significativas entre os índices de

diversidade entre a composição das comunidades de Arquéia, vírus e Bactéria dos recifes

protegidos e não protegidos. Porém, houve tendência de menor riqueza de espécies em

Sebastião Gomes (área não protegida), sugerindo que a diversidade microbiana tem papel

importante nas áreas marinhas protegidas, promovendo a saúde ambiental.

Sequências relacionadas aos sistemas autotróficos foram mais abundantes nos recifes

protegidos (9 a 21%, no Parcel dos Abrolhos e da California, N = 7.856 a 18.162) do que nos

recifes desprotegidos (5-7% em Pedra de Leste e Timbebas, N = 1101 a 5581) (Figura 37 B).

Em comparação, a contribuição de sequências relacionadas ao metabolismo heterotrófico foi

maior nos recifes desprotegidos, alcançando 93% em Pedra de Leste. Sequências classificadas

como Bacteroidetes foram encontradas em todos os cinco recifes, mas a contribuição mais

baixa foi no recife California (3%, N = 2594). A sua contribuição chegou a 24% (N = 20.950)

114

em Parcel dos Abrolhos. Actinobacteria correspondeu a cerca de 3% nos recifes

desprotegidos e 2% em recifes protegidos (Figura 38 A). A maior abundância de sequências

relacionadas a patógenos humanos (7-11%), patógenos animais (6-8%), e Vibrios (5-7%)

foram observadas nos metagenomas dos recifes desprotegidos (Fig. 37 C). Entre 5 e 8% de

todas as sequências de patógenos humanos foram identificados como Pseudomonas

mendocina em todos os locais.

Os metagenomas foram classificados em 24 subsistemas envolvidos com ampla diversidade

de funções metabólicas (Figura 39). Os cinco processos mais abundantes (carboidratos,

aminoácidos e derivados, proteínas, co-fatores e virulência) contribuíram com mais de 50%

de todas as sequências do DNA metagenômico anotado. O número total de sequências

identificadas variou entre 4.224 a 67.018 em Sebastião Gomes e California (Tabela 3).

Diferença entre os recifes desprotegidos e protegidos ocorreu apenas para a síntese de

macromoléculas e a fotossíntese.

Os recifes protegidos mostraram maior abundância de subsistemas envolvidos na fotossíntese

(Figura 40 A). A contribuição total de subsistemas identificados envolvidos com a

fotossíntese variou de 0,3 a 0,97% no conjunto de dados (Tabela 8). Fotossistemas I e II

foram mais abundantes nos recifes protegidos (0,17-0,18 e 0,28 e 0,4%, respectivamente) do

que nos recifes desprotegidos (0,02 a 0,07% e 0,17 a 0,14, respectivamente). Sequências do

subsistema ficobilisoma foram mais abundantes nos recifes protegidos (0,07 a 0,3%) do que

nos recifes desprotegidas (entre 0,005 e 0,03%). Por outro lado, a contribuição de sequências

do subsistema proteorodopsina foi semelhante em todos os locais (0,04 a 0,1%). A maioria

das sequências de proteorodopsinas foram relacionadas com Pelagilbacter ubique (SAR11),

Vibrionaceae e Flavobacteriales (Figura 40 B).

115

A

B

Figura 38. Estrutura das comunidades microbianas nos níveis de A) Filos e B) espécies / linhagens mais

frequentes (contribuição >1% do conjunto de sequências da amostra). A classificação taxonômica foi

realizada usando o servidor Mg-Rast. A identificação taxonômica é realizada baseada no resultado do

BLAST X realizado contra as sequências do banco de dados SEED (banco de genomas completos). A

origem taxonômica do melhor hit para a proteína identificada foi relacionada a abundância do táxon

identificado. N é o número de sequências utilizadas nas análises.

116

A fim de determinar a contribuição dos diferentes microrganismos para os diferentes tipos de

subsistemas, seis subsistemas (carboidrato, fósforo, nitrogênio, virulência, resposta ao

estresse, e fotossíntese), foram submetidos à identificação taxonômica utilizando MG RAST

(Figura 41). Esses subsistemas foram selecionados porque eles são relevantes para o

funcionamento do recife de coral. Alguns subsistemas (como carboidratos e resposta ao

estresse) foram mais generalistas, em diferentes grupos taxonômicos, enquanto outros

subsistemas (por exemplo, de fotossíntese) ficaram restritos a poucos grupos taxonômicos. As

principais vias de cada um dos seis subsistemas pertenciam a diferentes processos celulares

(Tabela 8).

Figura 39. Contribuição dos subsistemas (hierarquia 1) nos diferentes recifes. As barras indicam a contribuição das

sequências para cada subsistema nos recifes protegidos e não protegidos. A coluna contribuição é relativa ao

número total de sequências identificadas para cada subsistema. Somente sequências informativas foram utilizadas

para identificação subsistemas. Sequências atribuído como subsistemas miscelaneus, unknown e clustered based

subsystems não foram incluídos nas análises.

117

Figura 40. Subsistemas do metabolismo de fotossíntese (média dos anos 2009-2010). A) Contribuição dos

subsistemas (hierarquia 3) relativa a todas as sequências anotadas pelo Mg-Rast. Os subsitemas mostraram

diferença (p<0,5; CI 95%) entre os recifes protegidos e não protegidos. B) Contribuição de diferente táxons para

o subsistema das proteorodopsinas.

118

Tabela 8. Diversidade e abundância dos subsistemas (metabolismo do carboidrato, nitrogênio, virulência,

resposta a estresse e fotossíntese). Os dez primeiros subsistemas (hierarquia 1) de cada subsistemas.

Anotação pelo Mg-rast

Não protegido Protegido

Hierarquia 1 Hierarquia 3 #

sequências

Contribuição

(%) Hierarquia 3

#

Sequências

Contribuição

(%)

Carboidratos

(87, 89)

Ciclo de Serina

Glioxilato 1171 11,80

Ciclo de Serina

Glioxilato 1661 10,46

Metabolismo do

Piruvato II: Acetil-

CoA, acetogênese de

piruvato

701,00 7,07

Metabolismo do

Piruvato II: Acetil-

CoA, acetogênese de

piruvato

919 5,79

Ciclo TCA 480,00 4,84

Utilização de

Maltose e

Maltodextrina

795 5,01

Biosíntese de

Butanol 471,00 4,75

Biosíntese de

Butanol 771 4,86

Utilização de

Maltose e 459,00 4,63

Via Entner-

Doudoroff 769 4,84

Tabela 7. Diversidade nas areas protegidas e não protegidas. Os valores foram obtidos usando o número total de

sequências classificadas como Bacteria, Virus ou Archeae pelo MG-RAST. Abaixo, o resumo das análises estatísticas

aplicadas aos valores encontrados mostra que houve diferença significativa apenas para os valores relacionados a

riqueza de espécies. NS - diferença não significativa; DS - Diferença significativa.

119

Maltodextrina

Via Entner-

Doudoroff 435 4,39 Ciclo TCA 613 3,86

Complexos da

desidrogenase 403 4,06

Complexos da

desidrogenase 581 3,66

Metabolismo do

Piruvato I: reações

anapleróticas, PEP

375 3,78 Metabolismo da

sacarose 542 3,41

Fermentação de

Acetil-CoA a

Butirato

346 3,49

Metabolismo do

Piruvato I: reações

anapleróticas, PEP

492 3,10

Metabolismo da

sacarose 327 3,30

Metabolismo de D-

gliconato e ceto-

gliconato

456 2,87

Nitrogênio

(9, 8)

Assimilação de

Amônia 215 36,50

Assimilação de

Amônia 327 34,49

Degradação de

Alantoína 188 31,92

Amonificação de

Nitrito e de Nitrato 249 26,27

Amonificação de

Nitrito e de Nitrato 103 17,49

Degradação de

Alantoína 231 24,37

Óxido nítrico

sintetase 58 9,85

Óxido nítrico

sintetase 77 8,12

Desnitrificação 11 1,87 Desnitrificação 28 2,95

Hidrólise de Cianato 6 1,02 Hidrólise de Cianato 27 2,85

Estresse Nitrosativo 5 0,85 Fixação de

Nitrogênio 7 0,74

Fixação de

Nitrogênio 2 0,34 Estresse Nitrosativo 2 0,21

Síntese de novo da

Pirimidina 1 0,17 - - -

Fósforo

(6, 8)

Metabolismo do

Fosfato 1200 91,39

Metabolismo do

Fosfato 1879 92,61

Transportadores de

Fosfato de Alta

Afinidade e controle

de PHO Regulon

40 3,05 Utilização de

Alquilfosfonato 46 2,27

Utilização de

Alquilfosfonato 33 2,51

Transportadores de

Fosfato de Alta

Afinidade e controle de

33 1,63

120

PHO

Regulon

Captação de Fósforo

(Cyanobacteria) 14 1,07

Captação de Fósforo

(Cyanobacteria) 32 1,58

Fosfoenolpiruvato

Fosfomutase 13 0,99

Metabolismo do

Fosfonato 24 1,18

Metabolismo do

Fosfonato 13

Fosfoenolpiruvato

Fosfomutase 13 0,64

- - - Modificação de

Lipídio A 1 0,05

- - - Biosíntese Global de

Cofator NAD e NADP 1 0,05

Virulência

(73, 70)

Sistemas de

Transporte Tol e Ton 1241 0,99

Sistemas de

Transporte Tol e

Ton

2791 32,31

Grupo Resistente à

Acriflavina 400 30,03

Resistência Cobalto-

Zinco-Cádmio 924 10,70

Resistência Cobalto-

Zinco-Cádmio 379 9,68

Grupo Resistente à

Acriflavina 762 8,82

Resistência às

Fluoroquinolonas 343 9,17

Bombas de Efluxo

para Multidroga

Resistência

722 8,36

Bombas de Efluxo

para Multidroga

Resistência

290 8,30 Resistência às

Fluoroquinolonas 477 5,52

Transporte de Ferro 205 7,02 Transporte de Ferro 380 4,40

Beta-lactamase 188 4,96 Beta-lactamase 346 4,01

Pilus Tipo IV 161 4,55 Pilus Tipo IV 320 3,70

Ilhas de

Patogenicidade de

Estafilococos (SaPI)

97 3,90

Ilhas de

Patogenicidade de

Estafilococos (SaPI)

173 2,00

Nova Biosíntese de

Pioverdine 87 2,35

Pilus Hemaglutinina

Tipo 4 Manose-

sensíveis

146 1,69

Resposta a

estresse

(29, 30)

Estresse Oxidativo 317 2,11 Homeostase de

Cobre 596 18,70

Homeostase de

Cobre 274 19,18 Estresse Oxidativo 590 18,51

Metabolismo 182 16,58 Metabolismo Redox 418 13,12

121

Redox da

Glutationa

da Glutationa

Gene do choque

térmico DNA K 158 11,01

Gene do choque

térmico dnaK 292 9,16

Operon HFL 127 9,56 Resposta ao Estresse

Periplasmático 202 6,34

Resposta ao Estresse

Periplasmático 118 7,68

Mecanismos de

Resistência de Acido 180 5,65

Flavo Hemoglobina 76 7,14 Flavo Hemoglobina 137 4,30

Mecanismos de

Resistência de Acido 64 4,60 HFL Operon 137 4,30

Regulação da

Resposta ao estresse

Sigma B

44 3,87

Regulação da

Resposta ao estresse

Sigma B

104 3,26

Metabolismo da

Dimetilarginina 37 2,66 Estarvação 97 3,04

Fotossíntese

(6, 6)

Fotosistema II 117 40,77 Fotosistema II 480 42,40

Proteorodopsina 72 25,09 Ficobilissoma 296 26,15

Fotosistema I 56 19,51 Fotosistema I 259 22,88

Ficobilissoma 29 10,10 Proteorodopsina 78 6,89

Fotosistema tipo II-

Centro de Reação

Fotossintética

11 3,83

Fotosistema tipo II-

Centro de Reação

Fotossintética

18 1,59

Proteínas

Bacterianas de

captação de Luz

2 0,70

Proteínas

Bacterianas de

captação de Luz

1 0,09

Um total de 14 grupos taxonômicos teve uma maior contribuição em pelo menos um dos

subsistemas nos recifes desprotegidos em relação aos recifes protegidos. Alphaproteobacteria

e Gammaproteobacteria tiveram maior contribuição nos subsistemas envolvidos em

processos fototróficos nos recifes desprotegidos do que nos recifes protegidos (Figura 41). O

metabolismo fotototrófico ocorre nesses organismos em situação de limitação de recursos,

reforçando o valor ecológico de genes como as proteorodopsinas. Alphaproteobacteria

também apresentaram maior contribuição para a virulência e Bacteroidetes tiveram uma

122

maior contribuição à virulência, carboidratos e resposta ao estresse. Entre os

Gammaproteobacteria, Vibrios contribuíram com apenas 1-2% das sequências de subsistemas

de metabolismo de nitrogênio e de resposta ao estresse, mas até 6% dos subsistemas de

fotossíntese nos recifes desprotegidos.

Seis grupos taxonômicos tiveram maior contribuição nos recifes protegidos, em pelo menos

um dos subsistemas, do que nos recifes não protegidos (Figura 41). Entre os mais abundantes,

Gammaproteobacteria apresentou uma maior contribuição para a composição dos

subsistemas de virulência, metabolismo nitrogênio, fósforo e de resposta ao estresse.

Cyanobacteria contribuíram para os seis subsistemas, enquanto Actinobacteria mostrou maior

contribuição para o subsistema de virulência nos recifes protegidos. Viridiplantae contribuiu

para as diferenças nos subsistemas de carboidratos, fotossíntese e subsistemas de resposta ao

estresse. Stramenopiles apresentou maior contribuição para os subsistemas de carboidratos e

fostossíntese. Apesar dobaixo número de sequências, foi identificada maior contribuição de

seqüências de Korarcheota para o subsistema de carboidratos nos recifes protegidos.

Os dados sugerem que diferentes populações de Vibrios estão associadas aos recifes

protegidos e desprotegidos. Foi possível observar um comprometimento metabólico

diferencial entre os metagenomas para os subsistemas de nitrogênio, fósforo, resposta a

estresse e fotossíntese entre áreas protegidas e não protegidas. Os Vibrios das áreas não

protegidas apresentaram maior abundância de genes dos subsistemas de nitrogênio, resposta a

estresse e fotossíntese enquanto os de áreas protegidas apresentam maior abundância de genes

envolvidos nos subsistema de fósforo (Figura.42) A contribuição de Vibrios para estes

subsistemas foi indetectável nos recifes protegidos, mas eles contribuíram com 1,5% para o

subsistema de fósforo nesses locais.

123

Figura 41. Contribuição dos diferentes grupos taxonômicos para seis subsistemas relevantes (carboidrato,

fósforo, nitrogênio, virulência, resposta ao estresse, e fotossíntese), utilizando MG- RAST . As estrelas coloridas

representam maior abundância (p <0,5, IC 95%) de taxa para o respectivo subsistema em áreas desprotegidas e

protegidas. N representa o número de sequências analisadas.

124

Em suma, neste capítulo está demonstrado, pela primeira vez, a diversidade metagenômica no

Banco de Abrolhos. Este estudo levou a uma maior compreensão do impacto de áreas

marinhas protegidas na abundância e diversidade microbiana. A maior abundância de

sequências metagenômicas oriundas de patógenos potenciais e de bactérias de crescimento

rápido em áreas não protegidas reflete a tendência de degradação destas áreas. O recife de

Timbebas aparece em posição intermediária em termos de uso e degradação, não sendo

totalmente protegido ou desprotegido. Deste forma, podemos concluir que a diversidade

microbiana identificada nos metagenomas pode ser ferramenta importante no manejo de áreas

marinhas protegidas, apresentando potencial comoestratégia de biomonitoramento.

4.2.2 Discussão

Nossos resultados vão ao encontro dos achados que sugerem que recifes de corais

saudáveis como California, por exemplo, apresentam maior cobertura de corais que

macroalgas. Coral e cobertura de macroalgas em recifes desprotegidos em todo o mundo

variam de forma significativa. A proliferação de macroalgas pode resultar no aumento de

bactérias com potencial patogênico através da produção de COD (carbono orgânico

Figura 42. Versatilidade metabólica dos Vibrios. O gráfico mostra que os grupos de Vibrios nas áreas não

protegidas apresentam maior comprometimento com metabolismo fototrófico.

125

dissolvido). O contato físico entre algas carnudas e coral pode causar descoloração ou necrose

próximo à interface devido a toxinas (metabólitos lipossolúveis), especialmente na ausência

de peixes herbívoros (Barott et al., 2009; Rasher and Hay, 2010). A proliferação de

macroalgas no recife desprotegido dentro do Banco Abrolhos pode ser uma consequência da

diminuição de peixes herbívoros nestes locais. Compostos solúveis (carbono orgânico

dissolvido), liberados pelas algas podem promover a mortalidade de coral através da atividade

microbiana (Sekar et al., 2006a).

A menor concentração de COD observada nos recifes desprotegidos neste estudo sugere

que este conjunto de nutrientes é convertido rapidamente em biomassa bacteriana pelo

rápido crescimento das bactérias heterotróficas. Assim, as maiores contagens Vibrios

foram observadas nos recifes desprotegidos. Padrões similares de baixa concentração de COD

e alta contagem de UFC de heterotróficos (Vibrios) em recifes degradados foram observadas

em recifes no Oceano Pacífico (Dinsdale et al., 2008b). O COD biodisponível pode ser

necessário para a degradação do COD semi-lábil. Estes compostos são resistentes ao rápido

ataque microbiano (Cherrier et al., 1996; Sondergaard et al., 2000). Um aumento de nutrientes

inorgânicos por si só não é suficiente para permitir que as comunidades bacterianas utilizem o

COD refratário (Carlson et al., 2002). Assim, a baixa concentração de COD em recifes

desprotegidos do Banco dos Abrolhos pode ser um efeito combinado do aumento da

produtividade de algas fotossintéticas e maior consumo de COD lábil pelos

heterotróficos. Além disso, a maior número relativo de heterótrofos nos recifes desprotegidos

pode contribuir para a maior concentração de CO2 nestes sítios. Ambientes ricos em CO2

parecem reforçar a capacidade competitiva das macroalgas sobre os corais (Diaz-Pulido et al.,

2011).

Os elevados níveis de nutrientes dissolvidos detectados no sistema de recifes de

Abrolhos, em especial NID (11,3 mM) e FID (0,6 mM), sugerem um processo de

126

eutrofização nesta área. A biomassa do fitoplâncton deduzida a partir da concentração de

clorofila (0,23-0,34 mg / L) também foi alta em todos os cinco recifes e se aproximam do

limiar que define a eutrofização de sistemas recifais (Bell et al., 2007; Costa et al., 2008). Os

níveis desses nutrientes foram até dez vezes maiores do que a limiar de concentração sugerida

para NOD (1,0 mM) e FOD (0,2 m) na Grande Barreira de Corais (Bell, 1992). Estes

limiares determinam o processo de eutrofização não só neste recife, mas também em

outros recifes (por exemplo, Barbados e Florida Keys). As concentrações de nutrientes

observadas neste estudo são comparáveis com os obtidos em estudos anteriores

realizados em uma área próxima, a norte do Banco de Abrolhos, em Porto Seguro (Costa

et al., 2006a). Eles encontraram até 8,19 mM e 1,42 mM NIP e FID e concluíram que pode

haver uma fonte permanente de fósforo nessa área, enquanto o crescimento de

microrganismos pode ser limitado por nitrogênio (Costa et al., 2006a). Nosso estudo também

sugere que os recifes do Banco de Abrolhos (Timbebas, Sebastião Gomes, Parcel dos

Abrolhos e California) estão sob impacto de fontes de fósforo e nitrogênio, indicada pelos

altos teores destes nutrientes. As verdadeiras fontes de nutrientes são desconhecidas, mas

podem ser de escoamento da costa (ou seja, efluentes domésticos e agrícolas), o acoplamento

bento-pelágico, ou da descarga de águas subterrâneas. A descarga de águas subterrâneas

parece ser uma fonte importante no norte do Banco de Abrolhos (Costa et al., 2006a). A alta

concentração de nitrogênio na Sebastião Gomes e de silicatos nos recifes desprotegidos pode

ser devido à proximidade do rio Caravelas e da cidade de Caravelas. Na Ilha Kiritimati, uma

das ilhas que compõem um atol no Oceano Pacífico, os mais altos níveis de nitrogênio foram

encontrados em áreas com maior densidade humana (Dinsdale et al., 2008b). Altas cargas de

nutrientes podem promover o crescimento massivo de macroalgas. Mudanças na fase de

recifes de coral para macroalgas têm sido observadas em diferentes locais, incluindo Kaneohe

Bay (Smith 1981), Brasil (Costa et al., 2000), Bahamas (Lapointe et al., 2004), e a Grande

127

Barreira de Corais (Bell et al., 2007). Proliferação de algas pode por sua vez, promover o

crescimento microbiano, devido à produção de matéria orgânica dissolvida altamente

lábil (Barott et al., 2009; Rasher and Hay, 2010; Smith et al., 2006).

A contagem total de bactérias (4,88 e 5,63 x 105 x 105 células / mL) ficou dentro da faixa

observada para outros sistemas recifais (Dinsdale et al., 2008b). A menor contagem foi

observada no recife California e as mais altas no recife de Sebastião Gomes. Observamos

maior contagem de Vibrios (tanto de UFC como nas sequências metagenômicas) nos recifes

desprotegidos (Sebastião Gomes, Timbebas e Pedra de Leste), possivelmente em resposta a

pulsos de nutrientes. Microrganismos com taxas de crescimento rápido, como Vibrios

podem ser bom indicador da saúde do recife, pois podem responder rapidamente a

eutrofização. Como alguns Vibrios são capazes de fixar N2 é esperado que eles não sejam

limitados por nitrogênio. Além disso, Vibrios são capazes de gerar a energia a partir da luz

usando proteorodopsinas (Gómez-Consarnau et al., 2010). Genes de proteorodopsinas

encontrados nos recifes de Abrolhos pareciam pertencer a Vibrios, indicando a

plasticidade genômica dessas bactérias.

As bactérias patogênicas são abundantes em áreas de recifes desprotegidos. O

predomínio de diferentes tipos de microrganismos pode resultar em diferentes níveis tróficos

nos sistemas recifais do Banco dos Abrolhos. As bactérias heterotróficas dominam as

comunidades microbianas dos recifes desprotegidos: a análise metagenômica revelou uma

maior abundância de bactérias patogênicas humanas e animais (Bacteroidetes,

Pseudoalteromonas e Alteromonas macleodii), e menos genes fotossintéticos. Em

contrapartida, uma maior abundância de Picocyanobacteria fotossintética foi observada

nos recifes protegidos. Picocyanobacteria marinha são os organismos fotossintéticos mais

abundantes na Terra, com apenas dois gêneros, Prochlorococcus e Synechococcus,

numericamente dominantes na maioria das águas oceânicas (Johnson et al., 2006; Partensky et

128

al., 1999). Os recifes protegidos tiveram um número maior de sequências associadas com

microrganismos autotróficos.

Vários estudos têm detectado um enriquecimento de Bacteroidetes em diferentes espécies de

corais doentes e nos sistemas de recifais (de Castro et al., 2010a; Jones et al., 2004; Pantos et

al., 2003; Sekar et al., 2006a; Thurber et al., 2009). Estes organismos foram mais

representados em dois dos metagenomas desprotegidos, e em um dos metagenomas dos

recifes protegidos, de modo que nenhum padrão foi identificado no nível de classe para estes

recifes. As áreas protegidas apresentaram maior número de bactérias, Arquéia, e táxons virais.

Sugerimos que os recifes de coral protegidos têm uma maior riqueza microbiana e homeostase

mais elevada (Tabela 7), enquanto que os recifes desprotegidos criam condições favoráveis

que promovam o crescimento de patógenos de coral e patógenos oportunistas. O recife de

Sebastião Gomes, o mais impactado entre os analisados neste trabalho, apresentou menor

riqueza de espécies do que os outros recifes.

Foi estabelecido um panorama sobre a metagenômica e funcionamento do Banco de

Abrolhos. O recife de Abrolhos está em um acelerado processo de deterioração, com recifes

desprotegidos apresentando baixa biomassa de peixes e alta contagem de microrganismos

patogênicos de coral. Em todos os pontos amostrados houve uma alta carga de NID e FID.

Esses parâmetros, isoladamente, não explicam as grandes mudanças de fase observadas entre

recifes desprotegidos (Sebastião Gomes, Pedra de Leste e Timbebas) e protegidos (Parcel dos

Abrolhos e California). A ocorrência de cobertura mais elevada das algas e menor cobertura

de peixes com maior contagem de Vibrios sugerem que a remoção dos peixes pode promover

a proliferação de algas e crescimento de bactérias. O maior número de microrganismos

heterotróficos nos recifes desprotegidos, particularmente, as de rápido crescimento (por

exemplo, Vibrios e outras bactérias patogênicas para humanos), sugere uma rápida

conversão de energia dentro dos recifes desprotegidos. A maior abundância de vírus

129

identificada no metagenoma dos recifes desprotegidos reforça a sugestão de uma rápida

mudança da comunidade microbiana e uso de energia nestes recifes. Os recifes desprotegidos

têm sofrido com a pesca predatória na última década. O recife de Timbebas, que oficialmente

pertence à área do Parque Nacional de Abrolhos protegida pela marinha, é na verdade uma

área sujeita à pesca, um exemplo de má gestão que leva à mudança das linhas de base do

sistema recifal. Por outro lado, a pesca nos recifes protegidos é rara devido à aplicação dos

regulamentos por parte da guarda do parque.

Nossos dados indicam que as áreas protegidas também estão em diferentes estágios do

processo de degradação. Observa-se que a microbiota do recife de Timbebas apresenta

características de recifes impactados em áreas não protegidas (Sebastião Gomes) como o

enriquecimento de vírus, archaea e os organismos heterotróficos. No entanto, Timbebas ainda

preserva biomassa de peixes e cobertura bentônica de áreas protegidas menos degradadas

(California), em comparação com Sebastião Gomes, que representa uma área desprotegida

com o maior grau de impacto.

Embora em níveis mais baixos, também foi possível detectar no recife de Parcel dos

Abrolhos apresenta uma fase inicial de degradação. Assim como Timbebas, Parcel dos

Abrolhos também apresentou biomassa de peixes e cobertura bentônica compatíveis com

áreas menos degradadas como a California. No entanto, a microbiota revelou uma alta

abundância de Bacteroidetes. O enriquecimento deste filo bacteriano tem sido observado nos

corais doentes (de Castro et al., 2010a). Além disso, o de dados metagenômicos apontam para

uma redução significativa de genes envolvidos na produtividade primária (fotossíntese).

Genes de proteorodopsinas foram amplamente distribuídos pelas bactérias

heterotróficas relacionados à família Vibrionaceae.

Nossa análise sugere que os dados moleculares são mais precisos na detecção de

alterações em curto prazo da qualidade da saúde dos recifes do Banco dos Abrolhos. A

130

análise integrada em diferentes níveis sistêmicos atua como um eficiente marcador e preditor

de processos ecológicos (Raes et al., 2011). A criação e execução de áreas marinhas

protegidas parecem ser ferramentas valiosas para manter a homeostase do sistema de

recife dos Abrolhos. Como foi visto nas Northern Line Islands (Dinsdale et al., 2008b), as

modificações na cadeia alimentar do Banco dos Abrolhos, com a redução de peixes

herbívoros e aumento de macroalgas, parece afetar a diversidade microbiana e a abundância

desse bioma. As comunidades microbianas, por sua vez influenciam a saúde de todo o

bioma através de seu metabolismo, o que ilustra a importância das AMPs como

instrumentos para manter a homeostase dos recifes de corais em Abrolhos.

4.3 Diversidade das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica e o seu

potencial biotecnológico

4.3.1 Resultados

Neste capitulo descrevo os resultados da análise da diversidade microbiana de um bioma

típico brasileiro, a Mata Atlântica. Este estudo permite estabelecer diferenças entre o grau de

endemismo da microbiota da Mata Atlântica e o meio marinho, onde foi observada aparente

fração microbiana ubíqua como foi observado nos capítulos anteriores. Além disso, foi

possível demonstrar o potencial biotecnológico da microbiota do solo da Mata Atlântica

através da triagem funcional para a busca de genes envolvidos na degradação de celulose.

4.3.1.1 Diversidade da das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica

A extração do DNA metagenômico dos diferentes tipos de solo do PARNASO permitiu o

estabelecimento de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S. Um total de 13 filos foram

delineados com base em 894 sequências parciais do gene rRNA 16S das seis localidades

através de comparação com o banco de dados RDP (Figura 42).

131

Acidobacteria, Proteobacteria e Verrucomicrobia foram os filos mais abundantes,

correspondendo a 70% de todas as sequências analisadas (Figura 44 A). A contribuição de

Acidobacteria, variou entre 29% em Campo Úmido e 54% no site Cavalinho. As 379

sequências identificadas como Acidobacteria foram distribuídas em 154 grupos (definida

como "grupos" com pelo menos três sequências, com similaridade de pelo menos 97% entre

elas), 81 singletons e 29 doubletons. Nove subgrupos foram identificados em Acidobacteria.

Os subgrupos Gp1 s e GP2 foram os mais frequente, representando mais de 70% das

sequências identificadas como Acidobacteria (Figura 44 B). Sequências de Acidobacteria do

grupo GP3 estavam presentes em seis localidades, variando entre 2%e 16%.

132

Figura 43. Diversidade de filos encontrados nas bibliotecas do gene rRNA 16S. O tamanho dos triângulos

corresponde ao número de sequências identificadas. Unclassifieddesigna as sequências para as quais não foi

possível obter uma classificação taxonômica através do RDP (Ribosomal Database Project).

133

A

B

C

Figura 44. Estrutura das comunidades microbianas do solo da Floresta da Mata Atlântica do PARNASO

baseada no sequenciamento de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S de acordo com o RDP (limite de

confiança em 80 %). A) Abundância de filos; B) Contribuição (%) de subgrupos do filo Acidobacteria

(Acidobacteria Gp 1 ao Gp 17) e C) Contribuição (%) das classes de Proteobacteria. N representa o número

te sequências analisadas.

134

O segundo grupo mais frequentemente recuperado em todos os locais foi Proteobacteria

(Figura 44 C). A classe Alphaproteobacteria correspondeu a 28% das sequências de Bonfim

Vermelho e 74% das sequências do site do Ajax. Vários outros filos, por exemplo,

Actinobacteria, Bacteroidetes, Planctomycetes, Gemmatimonadetes e Verrucomicrobia,

ocorreram em uma frequência relativamente baixa, geralmente abaixo de 10%. Cerca de 15%

de todas as sequências do gene rRNA 16S (N = 134) foram atribuído às bactérias não

classificada pela RDP (Unclassified). Estas sequências foram distribuídas em 105 e 41 OTUs

com 3% e 20% de distância genética como níveis de corte, respectivamente, e representando

potenciais espécies e filos novos.

As curvas de rarefação mostraram que a taxa de cobertura atingiu uma assíntota nos níveis de

filo e de classe em todos os locais, mas não atingiu a saturação ao nível de espécie (Figura

45). O número de filos variou entre 54 e 98, utilizando o limite de 80 % de similaridade

(Figura 45 C). As curvas de rarefação referente às espécies mostraram números entre 93 (no

Ajax solo) e 123 (no solo Vermelho Bonfim) (Figura 45 A). O estimador de riqueza não

paramétricos Chao1 indicou a existência de 263 a 446 espécies (Figura 45 D) e 41-152 filos

(Figura 45 F).

O número de sequências foi suficiente para fornecer uma estimativa aproximada do número

de filos, mas não foi o suficiente para ter uma estimativa robusta do número de espécies no

solo da Mata Atlântica. O baixo número de grupos delineados (N = 155) frente ao estimados

pode muito bem ilustrar esse fato. Dezoito grupos mais frequentes, correspondente às

espécies, foram delineados usando todas as 894 sequências de gene rRNA 16S (Figura 46;

Tabela 9 e 10). Os grupos mais frequentes foram definidos como grupos contendo pelo menos

seis sequências com mais de 97% similaridade entre elas. A comparação com sequências

disponíveis no GenBank mostrou que esses grupos estão relacionados com clones de

diferentes eocssitemas. Esses grupos representaram apenas 17% de todas as sequências do

135

rRNA 16S. Onze grupos (1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 16 e 17) foram divididos em Acidobacteria.

Quatro grupos (2, 10, 11 e 13) foram divididos em Proteobacteria e apenas um grupo (14) foi

identificado como Verrucomicrobia. Dois grupos (15 e 18) não apresentaram similaridade

significativa de sequência de rRNA 16S com qualquer outro bacteriano já formalmente

descrito. O baixo nível de semelhança entre as sequências do gene rRNA 16S dos grupos

delineados e as sequências de banco de dados impede a sua identificação em espécies

conhecidas. Seis grupos (1, 2, 3, 8, 12 e 18) apresentaram mais de 97% similaridade entre as

sequência do rRNA 16S com sequências de bactérias não cultivadas e não classificadas

taxonomicamente. A maioria dos grupos apareceu em quatro locais diferentes (Tabela 10).

Em contrapartida, os grupos 7 e 18 apareceram em apenas uma localidade. Uma baixa co–

relação entre as características físico químicas, por exemplo o pH do solo, e o índice de

diversidade Shannon (H) foi verificada. A maior correlação correu com o aumento da

concentração de potássio (R2= 0,395 (Figura 47).

136

Em comparação com a coleção de isolados do solo da Mata Atlântica estabelecida no

Laboratório de Microbiologia da UFRJ, foi observada a sobreposição de gêneros dos filos

Proteobacteria, Actinobacteria e Firmicutes entre os métodos dependentes e independentes

de cultivo. Foi encontrado um clone proximamente relacionado a um isolado que pertence ao

gênero Cupriavidus entre as Proteobacteria (Figura 48). Entre as Actinobacteria foram

identificados clones relacionados com a ordem Actinomycetales, porém sem espécies

conhecidas relacionadas. Apenas um clone relacionado com o gênero Bacillus foi identificado

nos isolados atribuídos ao filo Firmicutes.

Figura 45. Análise da cobertura e estimativa da diversidade baseada na análise da bibliotecas de clones do gene

rRNA 16S. Foram utilizados os níveis de corte de 97% (acima), 90% (meio) e 80% (abaixo) de similaridade

entre as sequências.Curvas de rarefação (A, B e C) e curvas coletoras (estimador Chao 1) (D, E, e F).

137

Tabela 9. Os grupos mais frequentes encontrados nas bibliotecas e seus vizinhos filogenéticos mais próximos

(cultivados e não cultivados). Os agrupamentos representam pelo menos seis sequências com similaridade > 97

% entre elas.

Grupo

Classificação pelo

RDP

Vizinho filogenético mais próximo

Linhagem tipo

(% de similaridade)

Número de

acesso

Resultado BLAST

(% de similaridade)

Número de

acesso

1 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (95) D26171

Uncultured soil bacterium

clone 1209-2 (97) AY326560

2 Alphaproteobacteria

Bradyrhizobium

japonicum

ATCC 10324

(94) U69638

Bradyrhizobium

sp. KO14 (97) AB367695

3 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (92) D26171

Uncultured Acidobacteria

bacterium clone FAC9 (97) DQ451448

4 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (85) D26171

Uncultured bacterium clone

AS66 (95) AY963428

5 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (84) D26171

Uncultured bacterium clone

PW290 (95) GQ402730

6 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (93) D26171

Uncultured bacterium clone

JH-WH215 (97) EF492903

7 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (94) D26171

Uncultured bacterium clone

S7-82 (95) EU680420

8 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (93) D26171

Uncultured bacterium clone

FCPT602 (96) EF515877

9 Acidobacteria Acidobacterium

Capsulatum ATCC D26171

Uncultured bacterium clone

Amb_16S_775 (94) EF018517

138

51196 (85)

10 Alpharoteobacteria

Rhodoplanes elegans

ATCC 51906 (90) D25311

Uncultured bacterium clone

KGB200711-106 (97) EU881284

11 Deltaproteobacteria

Stigmatella erecta

DSM 16858T (86) AJ970180

Uncultured delta

proteobacterium clone 437T3

(91) DQ110129

12 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (95) D26171

Uncultured Acidobacteriaceae

bacterium clone

Elev_16S_571 (96) EF019354

13 Gammaproteobacteria

Methylosarcina fibrata

ATCC 700909 (82) AF177296

Uncultured bacterium clone

AS44 (96) AY963408

14 Verrucomicrobia

Candidatus

Xiphinematobacter

rivesi (95) AF217461

Uncultured bacterium clone

FCPS466 (95) EF516262

15 Unclassified bacteria N/A N/A

Uncultured soil bacterium

clone FACE.R4.AC.D01 (95) FJ621116

16 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (93) D26171

Uncultured bacterium clone

GASP-38KB-91-C04 (98) EU044112

17 Acidobacteria

Acidobacterium

Capsulatum ATCC

51196 (92) D26171

Uncultured

bacterium clone

AS63 (96) AY963426

18

Unclassified

bacteria N/A N/A

Uncultured

bacterium clone

BacC-u_068 (93) EU335405

139

Tabela 10. Distribuição das sequências dos grupos mais frequentes nos diferentes tipos de solo da Mata

Atlântica.

Número de sequências

Grupo Classificação RDP

Bonfim

Vermelho

Bonfim

Amarelo Ajax Torto

Campo

Úmido Cavalinho Total

1 Acidobacteria 1 3 8 4 0 0 16

2 Alphaproteobacteria 3 0 3 3 5 1 15

3 Acidobacteria 6 1 0 1 0 7 15

4 Acidobacteria 0 4 2 4 0 1 11

5 Acidobacteria 0 0 5 4 0 1 10

6 Acidobacteria 2 0 1 2 0 5 10

7 Acidobacteria 0 8 0 0 0 0 8

8 Acidobacteria 0 0 5 1 0 1 7

9 Acidobacteria 1 1 0 4 1 0 7

10 Alpharoteobacteria 1 0 1 1 0 4 7

11 Deltaproteobacteria 1 6 0 0 0 0 7

12 Acidobacteria 0 0 4 1 0 1 6

13 Gammaproteobacteria 0 0 2 3 0 1 6

14 Verrucomicrobia 0 0 5 1 0 0 6

15 Unclassified bacteria 4 1 0 0 1 0 6

16 Acidobacteria 0 0 0 1 0 5 6

17 Acidobacteria 0 4 0 1 0 1 6

18 Unclassified bacteria 6 0 0 0 0 0 6

140

Figura 46. Análise filogenética baseada nas sequências do gene rRNA 16S dos grupos de clones mais frequentes nas bibliotecas Os

grupos apresentam pelo menos seis sequências com similaridade > 97 % entre elas. Os círculos pretos representam uma sequência

representativa de cada grupo e entre parêntesis o número de sequências representadas. As linhagens tipo e sequências relacionadas

como vizinhos filogenéticos mais próximos foram determinadas pelos bancos de dados RDP e GenBank. A fonte de identificação

das sequências dos bancos de dados do NCBI estão indicados.

141

Figura 47. Relação entre diversidade H (índice de Shannon) e parâmetros físico químicos do solo.

Unidades: Matéria Orgânica (%); Alumínio (me/100cm³); Fósforo (mg/L); Potássio (mg/L).

142

Proteobacteria Firmicutes Actinobacteria

Portanto, foi demonstrado que Acidobacteria e Proteobacteria são abundantes no solo da

Mata Atlântica. A existência de novos filos e espécies potenciais reflete a tremenda

diversidade microbiana presente no solo da Mata Atlântica, representando um vasto repertório

genético para descobertas biotecnológicas.

4.3.1.2 Potencial biotecnológico do DNA metagenômico do solo da Mata Atlântica

O potencial biotecnólogico do DNA metagenômico da Mata Atlântica foi demonstrado por

meio de procedimentos de extração, clonagem e expressão heteróloga, visando descobrir

sequências de DNA metagenômico com atividade enzimática. Foram realizados dois métodos

Figura 48. Fração de sequências dos filos Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria compartilhada pelos

métodos dependentes e independentes de cultivo.

143

de preparação do DNA metagenômico dos solos que compõem o PARNASO para o

estabelecimento de uma biblioteca metagenômica visando a prospecção de moléculas

bioativas. O método de extração através de esferas de vidro mostrou-se mais eficaz que o kit

comercial Power Soil da Mo Bio (Figura 49) .

A

B

Entretanto, foi necessário realizar uma etapa adicional de purificação do DNA metagenômico

para os ensaios de digestão parcial. Os volumes de inserto e vetor foram determinados após a

Figura 49. Extração do DNA metagenômico pelos métodos A) Kit comercial Mo Bio e B) Esferas de vidro.

A1) Mistura de DNA metagenômico dos diferentes tipos de solo da Mata Atlântico do PARNASO; A2)

Resultado da digestão parcial do DNA metagenômico pela enzima PstI, gerando quantidades insuficientes para

a construção da biblioteca metagenômica. B1) Resultado da extração do DNA metagenômico dos solos ainda

com contaminantes em diferentes concentrações (1, 3, 5 e 10 μL); B2)Resultado da purificação e B3)

Resultado da digestão parcial. A linha vermelha mostra a região excisadacontendo os fragmentos para

clonagem no plasmídeo pCF430.

144

purificação de ambos. A eficiência da clonagem foi alta conforme o número de clones

estocados (estimativa de 40.000 clones) e a diversidade de fragmentos clonados (Figura 50).

Apesar de parecer trivial, a extração de DNA metagenômico de alta qualidade é um grande

desafio pois este DNA esta associados com material húmico e metais do solo que resultam na

sua rápida degradação.

Figura 50. Extração plasmidial de colônias aleatórias demonstrando a variedade de insertos com diferentes

tamanhos. 1. pCF430 circular. 2-11. diferentes colônias (5μL).

A partir da biblioteca metagenômica foram triados clones com atividade celulolítica em meio

mínimo de sais suplementado com carboximetil celulose (CMC), um polímero solúvel

derivado da celulose, para a triagem da atividade celulolítica. A atividade foi avaliada através

da ocorrência de halos de degradação revelados pelo reagente vermelho congo, capaz de se

associar as ligações tipo β- 1,4 glucose (Teather and Wood, 1982). A formação de discretos

halos foi observada em torno da maioria dos clones selecionados, após três etapas de repique.

Aproximadamente mil clones foram triados e três clones foram escolhidos aleatoriamente

para avaliação da atividade enzimática. Estes clones apresentaram crescimento em meio

mínimo suplementado com CMC (carboxi metil celulose), como única fonte de carbono.

Após três passagens em meio mínimo, ficou evidente que estes clones possuíam DNA

metagenômico com sequências gênicas codantes de genes envolvidos na degradação de

celulose. Curvas de crescimento foram avaliadas para a determinação e padronização da fase

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

145

ótima de produção de celulases da cultura bacteriana ao longo de 16 horas. A fase estacionária

foi alcançada aproximadamente após 4 horas (Figura 51).

Em aproximadamente 2 horas foi observada maior atividade enzimática para as atividades

Cmcásica (ligação ß, 1-4). A atividade máxima alcançada corresponde com o início da fase

log de crescimento dos clones em cultura.

Além de 3 clones, 3 isolados ambientais da Floresta da Mata Atlântica foram selecionados em

meio mínimo de sais suplementado com CMC para determinação da atividade celulolítica. Os

resultados da atividade enzimática dos clones e isolados foram comparados com fungo

filamentoso Penicillium funiculosum, reconhecido produtor de celulases com alta atividade

enzimática. As atividades apresentadas na Tabela 11 mostram que foi detectada atividade

celulolítica nos clones e isolados analisados. Um importante aspecto do clone Cel 1A foi a

presença de atividade -glucosidásica, em proporção equilibrada em relação às atividades

FPásica e CMCásica. Além disso é importante destacar que as atividades FPásica e CMCásica

dos clones alcançaram níveis bem próximos das observadas nos isolados.Desta forma,

demonstramos que existem clones com sequências gênicas codantes de enzimas relacionadas

com a degradação da celulose.

Figura 51. Curva de crescimento dos clones em meio CMC.

146

Tabela 11. Ensaios de atividade enzimática. A1, A2 e A3 são clones selecionados da biblioteca de pequenos

insertos. Cel 1A e Cel CAAB são isolados do solo da Mata Atlântica que apresentaram capacidade de formar

halos de degradação no meio de cultura.

Clones

Atividades (U/L)

FPásica CMCásica -glucosidásica

A1 21,66 ± 2,56 92,19 ± 1,94 0

A2 19,84 ± 0,40 111,44 ± 4,54 0

A4 20,12 ± 0,40 98,15 ± 5,18 0

Cel 1A 24,04 ± 1,98 148,09 ± 7,13 80,79 ± 5,21

Cel CAAB 20,40 ± 1,59 134,35 ± 1,94 0

Penicillium

funiculosum 500 6900 1850

4.3.2 Discussão

A utilização de uma abordagem independente de cultivo não mostrou uma sobreposição

significativa com o método dependente de cultivo, demonstrando que esses métodos são

capazes de recuperar diferentes frações da diversidade de bactérias do solo da Mata Atlântica..

Os grupos bacterianos identificados neste estudo são habitantes típicos do solo (Janssen,

2006). A fisiologia e as características de microrganismos pouco estudados do solo

apresentam grande relevância para a microbiologia ambiental, seja para estudos de

diversidade filogenética ou funcional (Gray and Head, 2001; Hugenholtz, 2002; Palleroni,

1997; Rappé and Giovannoni, 2003; Zinder and Salyers, 2005).

A abordagem metagenômica permite relacionar a identificação dos principais grupos

microbianos e seu papel ecológico no solo da Mata Atlântica. Por isso, não é possível

desconsiderar a possibilidade de que a fração até então não bem caracterizada pode apresentar

papel relevante nos processos ecológicos que ocorrem no solo. Embora a atribuição de

147

funções e de genes associados a marcadores filogenéticos, seja possível na ausência de

culturas (Gray and Head, 2001; Liesack and Dunfield, 2003), ela pode ser mais bem avaliada

em bactérias cultivadas

Acidobacteria são genética e metabolicamente versáteis, apresentam capacidade de degradar a

celulose e outros compostos normalmente encontrados em solos da floresta (Davis et al.,

2005). A abundância relativa de grupos Acidobacteria GP1 e GP2 sugere que estas

bactérias de crescimento lento podem desempenhar um papel fundamental nos

processos microbianos no solo. Acidobacteria também são capazes de crescer em baixo pH e

ambientes com baixa tensão de oxigênio como solos florestais, o que talvez explique a

predominância destas bactérias nas bibliotecas de clones de rRNA 16S. O pH parece ser um

dos principais fatores que afetam a diversidade de bactérias do solo (Fierer and Jackson,

2006). Entretanto, a estreita faixa de pH observada no presente estudo pode ter

obscurecido uma clara correlação entre distâncias genéticas e geográficas entre as seis

localidades.

Acidobacteria e Proteobacteria têm distribuição ubíqua no solo. O solo do tipo Terra Preta

da Amazônia indicou uma predominância de Proteobacteria e Acidobacteria em bibliotecas

de clones de rRNA 16S, o que compreende aproximadamente 30% das sequências do último

(Kim et al., 2007). Em outro estudo sobre a diversidade de bactérias do solo do Cerrado

brasileiro, a contribuição de Acidobacteria e Proteobacteria foi de 22% e 30%,

respectivamente (Quirino et al., 2009). No entanto, a contribuição da Acidobacteria foi baixa

nos solos de canaviais do sul do Brasil (Roesch et al., 2007). Um número significativo de

rRNA 16S (82,6%) foram agrupados como singletons ou doubletons (similaridade > 97 %).

Eles pertencem a Acidobacteria e Proteobacteria, bem como a grupos com baixa frequência

de ocorrência (Gemmatimonadetes, Planctomycetes, Cyanobacteria, Chloroflexi, DO1 e

148

OP10). Estas sequências podem ser consideradas membros da biosfera rara da microbiota do

solo da Mata Atlântica.

A análise de rarefação indica que apenas uma fração de toda a diversidade de espécies

foi recuperada (N = 93-123). Os números encontrados são extremamente conservadores

e parecem mostrar uma subestimativa da diversidade microbiana no solo da Mata

Atlântica. A complexidade genética da comunidade microbiana de solo, estimada por

experimentos de reassociação de DNA, mostrou que o tamanho da comunidade de uma

amostra de solo é equivalente a cerca de 10.000 genomas de E., coli (Torsvik et al., 1990;

Torsvik et al., 2002). Outro estudo baseado em análises moleculares mostrou que 30 g do solo

podem conter mais de 500.000 espécies (Doolittle, 1999). As estimativas baseadas em

análises não paramétricas apontam um número de espécie entre 6.400 e 38.000 espécies por

grama de solo (Curtis et al., 2002; Schloss and Handelsman, 2006). Estes resultados mostram

que a totalidade dos genomas microbianos encontrados em amostras de solo, pode ser

extremamente variado e na maioria das vezes a comunidade é altamente diversa. Estudos

utilizando sequenciamento de massivo serão necessários para descobrir a diversidade da

biosfera rara e o número exato de espécies por grama de solo da Mata Atlântica.

É importante perceber que as bibliotecas de rRNA 16S podem não representar uma

imagem completa ou exata da comunidade bacteriana. Entretanto, são capazes de

estabelecer um sólido panorama sobre os grupos dominantes. A diversidade de espécies é

tão grande que, geralmente, as bibliotecas de com cerca de 1.000 sequências clonadas são

capazes de representar apenas uma amostragem incompleta. Mesmo as análise do banco de

dados RDP (cerca de 70.000 sequências) não foi capaz de constituir um censo completo de

todos os genes rRNA 16S no planeta (Schloss and Handelsman, 2004). O número

significativo de sequências atribuída às bactérias não classificadas, de acordo com RDP

149

e GenBank no presente estudo, reforça a visão de que o solo da Mata Atlântica brasileira

é um grande reservatório de novos grupos de bactérias.

Dois grupos potencialmente novos foram identificados entre as OTUs mais frequentes. A

sequência completa do rRNA 16S do grupo 15 mostrou 98% de similaridade com sequências

do solo de relva na California e em agregados de solos agrícolas (Cruz-Martinez et al., 2009;

Hansel et al., 2008). Por outro lado,o grupo 18 mostrou apenas 95% de similaridade para as

sequências obtidas em solos do tipo Tundra (Costello and Schmidt, 2006; Nemergut et al.,

2008). Esses resultados sugerem ampla distribuição desses grupos no ambiente.

O bioma Mata Atlântica pode ser uma fonte potencial de novas biomoléculas, especialmente

aqueles com atividade celulolítica. O presente estudo é o primeiro levantamento global

sobre a diversidade da comunidade bacteriana em solos de Mata Atlântica. Este estudo

mostra claramente que o bioma Mata Atlântica representa um grande reservatório para

a descoberta da diversidade bacteriana. Isso representa um forte indício de que pode

existir alta riqueza de espécies que desempenham papel no ciclo do carbono através da

degradação de celulose da matéria orgânica depositada nos solos de Mata Atlântica.

No entanto, o solo também é rico em ácidos húmicos, que desnaturam o DNA e se ligam a

grupos fenólicos. Esta interações prejudicam a qualidade do DNA extraído por métodos

enzimáticos (Bertrand et al., 2005; Liles et al., 2008; Lombard et al., 2011; Robe et al., 2003;

Rondon et al., 2000). O DNA de alto peso molecular e livre dessas substâncias produz bons

resultados para reações enzimáticas como, amplificação, digestão e ligação. Esses processos

são cruciais na construção de uma biblioteca metagenômica para busca de moléculas bioativas

(Bertrand et al., 2005). Os resultados apresentados mostram que os melhores resultados

foram alcançados através da aplicação de um método de extração direta do DNA,

utilizando esferas de vidro, para obtenção de DNA de qualidade em concentração

necessária para a construção da biblioteca metagenômica do solo. Métodos de extração

150

direta de DNA são mais rápidos que indiretos e alcançam rendimentos até 100 vezes maiores

DNA (Gabor et al., 2003).

Embora grande parte das buscas por celulases através de abordagem metagenômica se

concentre em ambientes extremos (por exemplo, rúmen bovino), a busca em ambientes não

extremos, como o solo da Mata Atlântica, oferecem maior diversidade genética de celulases

altamente estáveis e adequadas para aplicações industriais (Voget et al., 2006). Considerando

a estimativa de 104 espécies de bactérias presentes no solo (Torsvik et al., 2002), uma

biblioteca metagenômica de milhões de clones (com tamanho médio de inserção de 30-40 kb)

é necessária para obtenção de pelo menos um representante de cada espécie bacteriana

(utilizando o tamanho do genoma de E.coli como referência). Neste sentido, a biblioteca

construída nesse trabalho precisa ser expandida para obter uma maior cobertura da

diversidade, uma vez que foi construída com um número estimado de 40.000 clones. As

técnicas de extração de DNA atualmente em uso dão acesso, principalmente, às populações

dominantes no solo. Foi possível recuperar cerca de milhares de clones com potencial

atividade celulolítica através do enriquecimento da biblioteca em meio mínimo contendo

CMC.

Estratégias de triagem funcional têm como objetivo detectar a reação biocatalítica

primeiro e, em seguida, caracterizar o gene responsável. A expressão heteróloga em

linhagens de E. coli pode limitar a atividade enzimática em caso de possíveis diferenças de

repertório metabólico e mecanismos de regulação moleculares em relação ao microrganismo

de origem. Uma pesquisa com 32 genomas procarióticos constatou que apenas 40% dos

genes podem ser expressas utilizando E. coli (Gabor et al., 2004). Além disso, mesmo quando

um gene é expresso, o nível de expressão pode ser tão baixo que não pode ser detectada

através de triagem funcional. Alguns trabalhos mostram um enorme esforço de triagem para a

detecção de poucos clones positivos (Daniel, 2004). As atividades avaliadas mostram que

151

foi detectada atividade celulolítica nos clones e isolados analisados. Um importante

aspecto do clone Cel 1A foi a presença de atividade -glucosidásica, em proporção

equilibrada em relação às atividades FPásica e CMCásica. Alguns trabalhos mostraram

sucesso no isolamento de genes envolvidos na degradação da celulose a partir de amostras de

solo (Kim et al., 2008; Voget et al., 2006; Wang et al., 2009).

A utilização de promoters de indução pode aumentar a probabilidade de encontrar enzimas

através da seleção funcional. Entretanto, não são capazes de influenciar na triagem caso a

atividade celulolítica de um gene dependa da atividade de outras enzimas para

disponibilização de substrato específico, quando em seu ambiente natural. Neste trabalho foi

utilizado um vetor com promotor induzido por arabinose, entretanto não realizamos sua

indução, testando o potencial de degradação do gene apenas em celulose como fonte de

carbono. Testes de indução devem ser realizados com os clones selecionados para otimização

da capacidade de degradação em experimentos posteriores.

Embora as abordagens independentes de cultivo permitam o isolamento de genes de celulases

a partir de amostras ambientais, incluindo metagenomas do solo, a maioria dos estudos relata

o isolamento de endocelulases (Feng et al., 2007; Healy et al., 1995; Kim et al., 2008; Voget

et al., 2006; Wang et al., 2009). Até o momento, o isolamento e caracterização de genes de

exocelulase da microbiota ruminal têm sido realizado com sucesso (Ferrer et al., 2005). No

entanto, como o taxa de descoberta de genes de celulase nesses estudos alcançou apenas de

0,001% a 0,5%. O isolamento de exocelulases a partir de metagenomas do solo parece uma

promissora fonte de novos genes celulolíticos (Fujii et al., 2011).

A detecção de atividade celulolítica em uma amostragem relativamente pequena de

clones demonstra o enorme potencial do metagenoma da microbiota do solo na busca de

moléculas bioativas. A possibilidade de manipulação da expressão de genes triados na

Floresta de Mata Atlântica brasileira representa um enorme potencial biotecnológico no que

152

diz respeito à utilização de enzimas celulolíticas na produção de biocombustíveis. Portanto,

demonstrado que o DNA metagenômico do solo da Mata Atlântica é uma fonte rica para

a descoberta e desenvolvimento biotecnológico.

O número limitado de linhagens que geralmente podem ser simultaneamente testados na

triagem com base em métodos de cultivo em grande volume inviabiliza uma triagem mais

ampla, eficaz e rápida de isolados ambientais e clones de bibliotecas metagenômicas. O

desenvolvimento de estratégias destinadas a permitir a miniaturização e avaliação paralela de

um grande número de linhagens representa uma importante ferramenta na busca de novos

genes codantes de enzimas microbianas com atividade celulolítica (Cianchetta et al., 2010).

4.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros

4.4.1 Resultados

Neste capitulo realizei uma análise exploratória da diversidade microbiana de ecossistemas

tipicamente brasileiros abordada por métodos independente de cultivo. Foi realizada uma

busca bibliográfica baseada nos principais bancos de dados de publicações científicas (Pub

Med e Web os Science) para levantamento das publicações e sequências disponíveis no NCBI

(National Center for Biotechnology Information). Por meio da análise de sequencias de

rRNA 16S oriundas de diferentes estudos foi possivel estabelecer um panorama geral sobre os

principais grupos microbianos associados aos biomas brasileiros. Foi demonstrado que a

microbiota associada é característica e adaptada as condições ambientais. Foram analisados

mais de 70 trabalhos sobre o estudo da diversidade microbiana utilizando métodos

independentes de cultivo em todos os sete principais biomas brasileiros (Amazônia, Mata

Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Zona Costeira) nos últimos 5 anos (Tabelas 12 e 13).

Além disso, foi listada a produção sobre descrição de espécies microbianas através de

153

métodos moleculares (aproximadamente 30 artigos). A compilação desses dados fornece um

panorama geral sobre a diversidade microbiana identificada no Brasil nos últimos anos.

Existe diferenciação clara entre a microbiota (Bactéria e Arquéia) de biomas terrestres e

aquáticos de acordo com analises de sequências do gene ribossomal rRNA 16S (Figuras 52 A

e B). As análises de componentes principais mostraram que as sequências agruparam de

acordo com o ecossitema associado (Figura 52 C e D). Foram distinguidos três grupos. O

primeiro grupo consistiu de três bibliotecas de amostras de solo (Araujo and Kruger; Bruce et

al., 2010; Faoro et al., 2010b). O segundo grupo, constituído de quatro bibliotecas da água do

mar (Clementino et al., 2008; Cury et al., 2011; de Castro et al., 2010b; Reis et al., 2009) e o

terceiro grupo foi composto por quatro bibliotecas de microorganismos associados com

animais marinhos (de Castro et al., 2010b; Hardoim et al., 2009; Lins-de-Barros et al., 2010b;

Reis et al., 2009). As diferenças mais evidentes entre os ambientes terrestres e de água do mar

estão relacionadas ao fato de que Acidobacteria, Actinobacteria e Firmicutes foram mais

comuns em solos, enquanto que Cyanobacteria e Bacteroidetes foram mais abundantes em

água (Figura 52 C e D). Grande número de rRNA 16S (cerca de 10% no solo e 20% em água)

não foram classificadas e portanto representam diversidade desconhecida, possivelmente

novas espécies ou até mesmo famílias ou filos. Entre as Arquéias, Euryarchaeota

predominam em ecossitemas terrestres, enquanto Crenarchaeota são dominantes nos

ecossitemas marinhos e uma grande fração (> 40 %) é desconhecida.

Um total de 18 espécies bacterianas, 32 de fungos 12 protozoários foram descritas no Brasil

nos últimos 5 anos (Tabela 14 e 15). A descrição taxonômica de espécies de protozoários é

escassa e é realizada principalmente baseada em características morfológicas (Dias et al.,

2010b; Siqueira-Castro et al., 2009). Enquanto a descrição de novas espécies de bactérias e

fungos é submetida à taxonomia polifásica. Os novos táxons foram isolados de diferentes

fontes e localidades de biomas brasileiros terrestres e aquáticos.

154

Atualmente, existem mais de 1.532 genomas completos de procarioto sequenciados e cerca

4.726 projetos genoma em andamento de acordo com o NCBI

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/genome). Cerca de 35 genomas estão depositados no

NCBI por projetos brasileiros. Mais de 20 genomas estão publicados. Há 52 genomas de

Leptospira oriundos da FIOCRUZ que foram sequenciadas pelo J. Craig Venter Institute.

155

Figura 52. Parte superior: análise das componentes principais (PCoA) do pareamenteo unweight através da matriz de distância

do FastUniFrac . Cada ponto corresponde a comparação da presença ou ausência dos grupos taxonômicos de bactérias em

diferentes biomas. Triângulos verdes, círculos roxos e hexágonos vermelhos representam microrganismos associados a solo,

água e organismos marinhos. Comunidades de (A) Bactérias e (B) Archaea, respectivamente. A porcentagem de variação

explicada pelo traçado das componentes principais está indicada nos eixos. Um total de 6.540 e 1.893 sequências do gene 16S

rRNA foram alinhadas para Bacterias e Archaea, respectivamente. Foram selecionadas sequências referentes as regiões V1 e V2

do gene rRNA 16S. Sequências curtas menores que 300 pb foram retiradas da análise. Archeas do solo não foram incluídas.

Parte inferior: classifcação taxonômica baseada nas sequências do gene rRNA 16S através da ferramenta Classifier do RDP. (C)

Contribuição dos principais filos bacterianos e (D) Contribuição de filos do domínio Archeae.

156

Tabela 12. Lista de estudos de diversidade microbiana nos principais biomas brasileiros por abordagens

independentes de cultivo em ambientes terrestres.

Bioma Local Abordagem Molecular Amostras Referências

Solo Agrícola Paraná PCR e DGGE do gene rRNA 16S Solo (Nakatani et

al., 2011)

Mangue Bahia PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S

Rizosfera e

Sedimentosos

(Peixoto et

al., 2011)

Cerrado Mato Grosso do Sul ITS, PCR e sequenciamento do gene

rRNA 16S Solo

(Alves-Prado

et al., 2010)

Mata Atlântica Rio de Janeiro Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S Solo

(Bruce et al.,

2010)

Mangue São Paulo PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Sedimentos

(Dias et al.,

2010a)

Mata Atlântica Paraná Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S Solo

(Faoro et al.,

2010b)

Mangue Rio de Janeiro Pirosequenciamento do gene rRNA 16S Rizosfera (Gomes et

al., 2010a)

Mangue Rio de Janeiro

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S;

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene ndo

Rizosfera (Gomes et

al., 2010b)

Amazônia Amazonas

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S

e análise por T-RFLP

Solo (Grossman et

al., 2010)

Campo de Cana

de Açúcar São Paulo

Sequenciamento dos genes rRNA 16S e

gyrB

Rizosfera e

Raiz

(Luvizotto et

al., 2010)

Mangue São Paulo

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones dos genes dsrB e

mcrA

Sedimentos (Taketani et

al., 2010b)

Mangue Bahia PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Sedimentos

(Taketani et

al., 2010a)

Amazônia Amazonas T-RFLP e sequenciamento de biblioteca

de clones do gene rRNA 16S; Real-

Solo (Taketani and

157

Time PCR e sequenciamento do clone

do gene amoA

Tsai, 2010)

Cultivo de

Eucalipto

Transgênico

São Paulo

Real-Time PCR quantitativo, PCR,

DGGE e sequenciamento de biblioteca

de clones do gene rRNA 16S

Rizosfera (Andreote et

al., 2009)

Amazônia Rondônia PCR e DGGE do gene rRNA 16S Solo (Cenciani et

al., 2009)

Amazônia Amazonas T-RFLP e sequenciamento de biblioteca

de clones do gene rRNA 16S Solo

(Jesus et al.,

2009)

Amazônia Amazonas Sequenciamento de clones do gene

rRNA 16S

Nódulos de

raízes

(Lima et al.,

2009)

Mata Atlântica Bahia PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Solo

(Maciel et al.,

2009)

Caatinga Sergipe PCR, ARDRA, DGGE e

sequenciamento do gene rRNA 16S Rizosfera

(Monteiro et

al., 2009)

Mata Atlântica Rio de Janeiro

PCR quantitativo, PCR e

sequenciamento de biblioteca de clones

dos genes rpoB e gyrB

Solo

Sedimentos

(Rodrigues et

al., 2009)

Mata Atlântica Rio de Janeiro PCR e DGGE do gene rpoB Solo (Aboim et al.,

2008)

Transgenic

Tobacco

cultivar

São Paulo PCR, ARDRA, DGGE e

sequenciamento do gene rRNA 16S Rizosfera

(Andreote et

al., 2008)

Campo de

Trigo Rio Grande do Sul

PCR, RFLP do gene nifH e

sequenciamento do gene rRNA 16S

Rizosfera e

massa de

solos

(Beneduzi et

al., 2008a)

Campo de

Arroz Rio Grande do Sul

PCR, RFLP do gene nifH e

sequenciamento do gene rRNA 16S

Rizosfera e

massa de

solos

(Beneduzi et

al., 2008b)

Mangue Rio de Janeiro PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Sedimentos

(Gomes et

al., 2008)

Campo de Rio Grande do Sul

Sequenciamento de biblioteca de clones Rizosfera, (Roesch et

158

Milho do gene nifH Raízes e

Caule

al., 2008)

Cerrado Minas Gerais PCR, DGGE e sequenciamento do gene

rpoB Rizosfera

(Coelho et

al., 2007)

Amazônia Amazonas Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S Solo

(Kim et al.,

2007)

Campo de Cana

de Açúcar São Paulo

BOX PCR do gene rRNA 16S e

sequenciamento do gene RecA

Rizosfera e

Raiz

(Mendes et

al., 2007)

Plantio de Soja Paraná PCR, DGGE ; RFLP e BOX - PCR do

gene rRNA 16S Solo e nódulo

(Pereira et

al., 2007)

Campo de Cana

de Açúcar Rio Grande do Sul Pirosequenciamento do gene rRNA 16S Solo

(Roesch et

al., 2007)

Mata Atlântica Paraná e São Paulo BOX-PCR do gene nifH e

sequenciamento do gene rRNA 16S Raízes

(Albino et al.,

2006)

Mangue Rio de Janeiro T-RFLP e sequenciamento do gene

rRNA 16S Sedimentos

(Brito et al.,

2006)

Campo de

Milho Rio de Janeiro PCR e DGGE do gene rRNA 16S Rizosfera

(Costa et al.,

2006b)

Cerrado São Paulo ITS, PCR, DGGE e sequenciamento do

clone do gene rRNA 16S Solo

(de Oliveira

et al., 2006)

Solo Agrícola PR, RS, DF, AM, MG e

GO

ERIC-REP PCR, RAPD PCR, RFLP e

sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S

Solo (Hungria et

al., 2006)

Mata Atlântica São Paulo Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S Filosfera

(Lambais et

al., 2006)

Mangue Rio de Janeiro Sequenciamento do gene rRNA 16S Rizosfera

(Maciel-

Souza et al.,

2006)

Mata Atlântica Rio de Janeiro Sequenciamento do gene rRNA 16S Solo (Souchie et

al., 2006)

Pantanal Mato Grosso do Sul PCR e ARDRA do gene rRNA 16S Raízes (Brasil et al.,

159

2005)

Cultivo de

Milho Minas Gerais

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rpoB Solo

(da Mota et

al., 2005)

Amazônia Amazonas Sequenciamento do gene rRNA 16S Sedimentos (Fiore et al.,

2005)

Tabela 13. Lista de estudos de diversidade microbiana dos principais biomas brasileiros por abordagens

independentes de cultivo em ambientes aquáticos nos últimos anos.

Bioma Local Abordagem Molecular Amostras Referências

Zona de ressurgências

de Cabo Frio Rio de Janeiro

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Água

(Cury et al.,

2011)

Baía de Guanabara Rio de Janeiro Pirosequenciamento do gene rRNA 16S Água (Thompson

et al., 2011)

Lagoa da Conceição Santa Catarina PCR e DGGE do gene rRNA 16S Água (Fontes et

al., 2011)

Banco de Abrolhos Bahia Sequenciamento do gene pyrH Muco de Coral (Alves et

al., 2010)

Banco de Abrolhos Bahia PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Coral

(de Castro

et al.,

2010b)

Bacia de Campos Rio de Janeiro PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Água

(Korenblum

et al., 2010)

Praia da Tartaruga Rio de Janeiro PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Coral

(Lins-de-

Barros et

al., 2010b)

Praia de Guaecá, Ilhota

da Prainha e Ilha de

Toque-Toque

São Paulo ITS, PCR, ARDRA e sequenciamento do

gene rRNA 16S

Esponjas,

ascídias e algas

(Menezes et

al., 2010)

Arquipélago das

Cagarras Praia

Vermelha

Rio de Janeiro PCR e sequenciamento do gene rRNA

16S Esponjas

(Fontana et

al., 2010)

160

Baía de Guanabara e

Zona Costeira Rio de Janeiro

sequenciamento de biblioteca de clones

dos genes rRNA 16S e amoA

Água do mar e

esponjas

(Turque et

al., 2010)

Baía de Sepetiba Rio de Janeiro PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Água

(Almeida et

al., 2009)

Grande, Portinho e Praia

Preta São Paulo

REP PCR e sequenciamento dos genes

pyrH, recA e rRNA 16S

Muco de

Mussismilia

hispida

(Chimetto et

al., 2009)

Ilha do Caboclo e Praia

da Tartaruga Rio de Janeiro

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S

Esponjas

Aplysina fulva

(Hardoim et

al., 2009)

Rio Paraná Paraná e Mato

Grosso do Sul

PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Água

(Lemke et

al., 2009)

Banco de Abrolhos Bahia PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Coral mucus

(Reis et al.,

2009)

Grande, Portinho e Praia

Preta São Paulo

Sequenciamento dos genes pyrH e rRNA

16S Muco de Coral

(Chimetto et

al., 2008)

Lagoa Araruama Rio de Janeiro Sequenciamento dos genes nifH e rRNA

16S Água

(Clementino

et al., 2008)

Poços domésticos e Rio Pará PCR e RFLP do gene RecA Água (Dall'Agnol

et al., 2008)

Baía de Guanabara Rio de Janeiro Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S

Água,sedimento

e esponjas

(Turque et

al., 2008)

Baía de Guanabara Rio de Janeiro Sequenciamento de biblioteca de clones

do gene rRNA 16S Água

(Vieira et

al., 2008)

Rio Itanhaém São Paulo PCR e sequenciamento de biblioteca de

clones do gene rRNA 16S Água

(Carvalho et

al., 2007)

Campos e Campos Rio de Janeiro PCR, ARDRA e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Óleo

(Sette et al.,

2007)

Baía de Guanabara Rio de Janeiro ITS, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Água

(Clementino

et al., 2007)

Estuário da Baía de

Guanabara Rio de Janeiro

PCR, DGGE e sequenciamento de

biblioteca de clones do gene rRNA 16S Água

(Vieira et

al., 2007)

161

Mangue Ceará PCR e DGGE do gene rRNA 16S Água (Sousa et

al., 2006)

Rio Negro Manaus REP PCR e sequenciamento dos genes

16S e 23S rRNA Água

(Hungria et

al., 2005)

Tabela 14. Lista de novos táxons de ambientes terrestres descritos nos últimos 5 anos.

Espécies Bioma Local Abordagem Amostra Referências

Bactéria

Burkholderia

mimosarum Mata Atlântica

Sudeste

brasileiro Polifásica

Nódulos de raízes

(Mimosa pigra e M.

scabrella)

(Chen et al.,

2006)

Paenibacillus

rioGrandensis Rizosfera

Rio Grande do

Sul Polifásica

Rizosfera de trigo

(Triticum

aestivum)

(Beneduzi

et al., 2010)

Stenotrophomonas

pavanii

Cana de

Açúcar Paraná Polifásica

Caule de Cana de

Açúcar (Saccharum

officinarum)

(Ramos et

al., 2010)

Streptomyces

lunalinharesii Cerrado Brasil central Polifásica Acid orthic ferralsol

(Souza et

al., 2008)

Burkholderia sabiae Cultivo

Agrícola Brasil Polifásica

Árvore Leguminosa

(Mimosa

caesalpiniifolia)

(Chen et al.,

2008)

Metschnikowia

cerradonensis Cerrado Tocantins Polifásica

Flores (Ipomoea

carnea) e besouro

(Conotelus beetle)

(Rosa et al.,

2007a)

Burkholderia nodosa Mata Atlântica Sudeste Brasil Polifásica

Nódulos de raízes

(Mimosa

bimucronata e

Mimosa scabrella)

(Chen et al.,

2007)

Ceidatus

Magnetoglobus

multicellularis

Lagoa de

Araruama Rio de Janeiro

Morfologia e

gene 16S

rDNA

Lagoa costeira

hipersalina

(Abreu et

al., 2007)

162

Azorhizobium

doebereinerae Raízes

Minas Gerais

e Rio de

Janeiro

Polifásica

Nódulos de raízes de

espécies lenhosas

(Sesbania virgata)

(Maria de

Souza

Moreira et

al., 2006)

Burkholderia ferrariae Minério de

Ferro Minas Gerais Polifásica

Suspensão de

minério de Ferro rica

em Fósforo

(Valverde et

al., 2006)

Burkholderia

silvatlantica

Cana de

Açúcar e

Cultivo de

Milho

Rio de Janeiro Polifásica Rizosfera (Perin et al.,

2006)

Fungi

Ceida queiroziae Mata Atlântica Minas Gerais

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA do gene

rDNA e

Morfologia

Madeira podre e

insetos de madeira

(Santos et

al., 2011)

Lachancea mirantina Processo de

Fermentação Pernambuco

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior dos

genes rRNA e

rDNA, região

ITS e gene

EFA1

Processo de

fermentação na

produção de cachaça

(Pereira et

al., 2011)

Wickerhamiella

pagnoccae e Ceida

jalapaonensis

Cerrado Tocantins

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Néctar de flores de

plantas brácteas

(Heliconia

psittacorum)

(Barbosa et

al., 2011)

Ophiocordyceps

rufipedis, O. balzani,

O. melanotici e

O.novogranadensis

Mata Atlântica Minas Gerais Morfologia Formigas

carpinteiras

(Evans et

al., 2011)

163

Hypochnella

verrucospora Mata Atlântica

Rio Grande do

Sul Morfologia

Madeira de árvore

angiosperma

apodrecida

(Piptadenia

gonoacanthae)

(Coelho et

al., 2010)

Trichosporon chiarellii Formigueiro São Paulo

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e ITS e

Morfologia

Formiga Saúva (Atta

capiguara)

(Pagnocca

et al., 2010)

Ceida golubevii Pantanal Mato Grosso

do Sul

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Flor de Ipomoea sp. (Rosa et al.,

2009b)

Ceida aechmeae e

Ceida vrieseae Parque Itapuã

Rio Grande do

Sul

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Folhas de bromélias

(Aechmea recurvata

e Billbergia nutans)

e água de tanque de

bromélia Vriesea

gigantea

(Landell et

al., 2010)

Spathaspora

arborariae

Mata Atlântica

e cerrado Minas Gerais

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Madeira Podre (Cadete et

al., 2009)

Wickerhamomyces

queroliae e Ceida

jalapaonensis

Cerrado Tocantins

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Larva de Anastrepha

mucronata de frutos

maduros de

Peritassa campestris

e flores de

Centropogon

cornutus

(Rosa et al.,

2009c)

164

Cryptococcus

bromeliarum

Praia da

Pedreira no

Parque Itapuã

Rio Grande do

Sul

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e ITS;

Morfologia

Bromélias Vriesea

procera, V.

friburgensis e

Tillesia gardneri

(Landell et

al., 2009)

Ceida materiae Mata Atlântica Minas Gerais

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Madeira podre (Barbosa et

al., 2009)

Moniliella fonsecae Fragmentos da

Floresta Ipuca

Tocantins,

Lago verde

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia

Flores Byrsonima

orbigniana

(Rosa et al.,

2009a)

Pseuodocercospora

cryptostegiae-

madagascariensis

Planta Minas Gerais Morfologia

Manchas nas folhas

da planta

Cryptostegia

madagascariensis

(da Silva et

al., 2008)

Trichosporon

insectorum Queijo Brasil

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

fisiologia

Queijo artesanal (Fuentefria

et al., 2008)

Aspergillus

brasiliensis Solo Brasil

Região ITS e

análise AFLP Solo

(Varga et

al., 2007)

Ceida flosculorum e

Ceida floris

Mata Atlântica

e Pantanal

São Paulo e

Mato Grosso

do Sul

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia e

Flores de Heliconia

velloziana, H.

episcopalis e

Ipomoea sp.

(Rosa et al.,

2007b)

165

fisiologia

Farysizyma itapuensis,

F. setubalensis e F.

taiwanian

Parque Itapuã Rio Grande do

Sul Polifásica

Folhas de

Bromeliads Dyckia

sp., Tillesia

gardneri,T.

geminiflora, Vrisea

friburgensis e V.

procera

(Inácio et

al., 2008)

Ceida heliconiae C.

picinguabensis e C.

saopaulonensis

Mata Atlântica São Paulo

Análise da

região D1/D2

da subunidade

maior do gene

rRNA e

Morfologia e

fisiologia

Água de flores

brácteas Heliconia

velloziana

(Ruivo et

al., 2006)

Protozoa Trypanosoma serpentis Pantanal Mato Grosso

do Sul

Morfometria,

ultraestrutura e

análise dos

genes rRNA e

GAPDH

Cobra Pseudoboa

nigra

(Viola et al.,

2009)

Tabela 15. Lista de novos táxons de ambientes aquáticos descritos nos últimos 5 anos.

Espécies Bioma Local Abordagem Amostra Referências

Bactéria

Marinobacterium

coralli

Canal de São

Sebastião na

Praia Preta

São Paulo Polifásica Coral Mussismilia hispida (Chimetto et

al., 2011c)

Vibrio communis sp.

nov.

Canal de São

Sebastião nas

Praias

Grande, Preta

e Portinho e

Banco de

Abrolhos

São Paulo e

Bahia Polifásica

Corais e zoantídeos (M.

hispida, Phyllogorgia

dilatata, Palythoa

caribaeorum e P.

variabilis)

(Chimetto et

al., 2011b)

Vibrio variabilis e V. Canal de São

Sebastião nas

São Paulo Polifásica Zoantídeos (Palythoa (Chimetto et

166

marinus praias

Grande, Preta

e Portinho

caribaeorum) al., 2011a)

Marinomonas

brasilensis

Canal de São

Sebastião na

Praia Grande

São Paulo Polifásica Coral (M. hispida) (Chimetto et

al., 2010a)

Photobacterium

jeanii

Banco de

Abrolhos e

Canal de São

Sebastião nas

Praias

Portinho e

Preta

Bahia e São

Paulo Polifásica

Corais e zoantídeos

(Phyllogorgia dilatata e

Palythoa caribaeorum)

(Chimetto et

al., 2010b)

Limnohabitans

australis Lagoa São Paulo Polifásica Lagoa de água doce

(Hahn et al.,

2010)

Fungi

Kabatana rondoni Peixe da

Amazônia Amazônia

Ultra-estrutural e

molecular

Peixe

Gymnorhamphichthys

rondoni

(Casal et al.,

2010)

Potaspora

morhaphis

Rio

Amazonas Pará

Microscopia

ótica, ultra

estrutura e região

ITS e18S rDNA

Peixe Potamorhaphis

guianensis

(Casal et al.,

2008)

Protozoa

Myxobolus brycon Pantanal

Mato

Grosso do

Sul

Morfologia e

ultra-estrutural Peixe Brycon hilarii

(Azevedo et

al., 2011)

Myxobolus oliveirai Pantanal

Mato

Grosso do

Sul

Morfologia,

ultra-estruturais,e

gene 18S rDNA

Peixe Brycon hilarii (Milanin et al.,

2010)

Myxobolus sciades Rio Poti Piauí Microscopia

ótica e eletrônica Peixe Sciades herzbergii

(Azevedo et

al., 2010)

Henneguya

hemiodopsis Rio Poti Piauí Ultra-estrutural

Peixe Hemiodopsis

microlepes

(Azevedo et

al., 2009c)

167

Chloromyxum

riorajum

Costa

atlântica

Costa

atlântica do

Sul do

Brasil

Microscopia

ótica e eletrônica

e filogenética

Peixe Rioraja agassizii (Azevedo et

al., 2009a)

Loma psittaca Rio

Amazonas Pará

Microscopia

ótica e eletrônica

e filogenética

Peixe Colomesus psittacus (Casal et al.,

2009b)

Myxobolus heckelii Rio Tocantins Pará Microscopia

ótica e eletrônica

Peixe Centromochlus

heckelii

(Azevedo et

al., 2009b)

Myxobolus cordeiroi

Pantanal

(Rios

Aquidauna e

Mirea)

Mato

Grosso

Morfologia,

Microscopia

eletrônica e

molecular

Bagre (Zungaro jahu) (Adriano et

al., 2009)

Chloromyxum

menticirrhi

Costa

atlântica do

Sul do Brasil

(Barra da

Lagoa)

Santa

Catarina

Microscopia

ótica e eletrônica

Peixe Menticirrhus

americanu

(Casal et al.,

2009a)

Henneguya rondoni Rio

Amazonas Pará

Microscopia

ótica e eletrônica

Peixe

Gymnorhamphichthys

rondoni

(Azevedo et

al., 2008)

Myxobolus metynnis Rio

Amazonas Pará

Microscopia

ótica e eletrônica Peixe Metynnis argenteus

(Casal et al.,

2006)

4.4.2 Discussão

O Brasil é um país detentor de megabiodiversidade, com cerca de 20% do número total de

espécies descritas no planeta (Mittermeier and Mittermeier, 2004). Ele tem a maior cobertura

de floresta tropical (> 6 Km2 milhões, correspondente a aprox. 30 vezes a área do Reino

Unido ou aprox. 20 vezes a área da Alemanha) e um dos mais extensos patrimônios marinhos

(> 4 milhões de Km2) do planeta. A diversidade de biomas (Amazônia, Mata Atlântica,

Pampas, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Zona Costeira (ecossistemas como recifes de corais,

168

ilhas oceânicas, manguezais, marismas e de mar profundo)) (IBGE, 2004), permite a

diversificação de uma variedade de formas de vida. Há de fato uma quantidade considerável

de literatura sobre a biodiversidade de plantas e animais no Brasil. Sua diversidade é usada

como um parâmetro fundamental na implementação das ações de gestão em áreas prioritárias

para a conservação (Myers et al., 2000). Estudos sobre a diversidade microbiana brasileira

são relativamente escassos. Por exemplo, só recentemente a diversidade microbiana dos

solos da Amazônia e do Cerrado e do meio marinho tem sido estudada de maneira

sistemática. O objetivo deste capítulo foi estabelecer uma visão geral sobre os estudos de

diversidade microbiana (cerca de 100 trabalhos publicados) realizados no Brasil,

principalmente nos últimos cinco anos, incluindo estudos taxonômicos baseados em

microrganismos cultivados e não cultivados (baseada em perfis moleculares e rRNA 16S

bibliotecas de clones). O capítulo se concentrou principalmente em procariontes ambientais

(meio aquático e associados a organismos marinhos), aplicados à agricultura (culturas de

promotores de crescimento de plantas) e de importância biotecnológica (biorremediação).

Entre os mais de 70 estudos sobre comunidades microbianas levantados, destacamos os

ecossistemas mais amostrados nos últimos anos. Este levantamento permitiu a obtenção de

um panorama da pesquisa nacional sobre a diversidade microbiana dos principais

biomas brasileiros.

4.4.2.1 Diversidade microbiana nos biomas terrestres

Pelo menos um estudo foi realizado em cada grande brasileiro Bioma brasileiro (Tabela 12).

A Amazônia é um dos principais hostspots da biodiversidade global. No entanto, a

atenção para a biodiversidade microbiana foi rara nas últimas décadas (Borneman and

Triplett, 1997). Na região da Amazônia Ocidental um tipo de solo, conhecido como "Terra

Preta" é capaz de acumular matéria orgânica estável (Lima et al., 2002). Este tipo de solo tem

sido manejado com sucesso por comunidades indígenas pré-colombianas (cerca de 800 anos

169

atrás) (Mann, 2002). Este solo caracteriza-se pela alta fertilidade e armazenamento de

carbono. Estas características fazem desta região interessante para a investigação de

microrganismos promotores de crescimento de plantas. A indução do crescimento ocorre

pela síntese de compostos microbianos (por exemplo, vitaminas, antibióticos) que facilita a

absorção de nutrientes. Um total de 14 filos foram identificados na Terra Preta e apenas 9

filos foram identificadas em solos adjacentes inalterados, com uma prevalência de

Acidobacteria (Kim et al., 2007). O tipo de solo Terra Preta apresenta riqueza de espécies

25% maior que no solo da floresta. Crenarchaeota apresentou predominância no solo

adjacente inalterado (Cenciani et al., 2009; Grossman et al., 2010; Jesus et al., 2009). Este

grupo de Arquéia tem uma contribuição significativa no ciclo de nitrogênio do solo por meio

de oxidação da amônia (Taketani and Tsai, 2010). Até agora, o isolamento e caracterização

taxonômica microbiana não foram realizados neste solo, a fim de encontrar possíveis novos

microrganismos que possam ser utilizados na fertilização de solos, como já foi visto para

outros biomas (Adesemoye et al., 2009; Beneduzi et al., 2008a; Miransari, 2011).

Claramente, a pesquisa visando à biodiversidade microbiana na Floresta Amazônica,

tem apenas começado a divulgar o enorme potencial do reservatório inexplorado da

diversidade microbiana.

A Mata Atlântica é também um hotspot de diversidade, e apenas 10% de sua cobertura

original ainda está preservada (Myers et al., 2000). A diversidade de comunidades

microbianas da Mata Atlântica nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo

foram analisadas. Há um claro domínio do filo Acidobacteria (Bruce et al., 2010; Faoro et

al., 2010b). Bactérias como Enterobacteriaceae e Bacillus sp. e fungos micorrízicos como

Aspergillus sp., Glomus macrocarpum e Glomus etunicatum foram identificados e parecem

executar funções essenciais para a saúde do solo da Mata Atlântica (Souchie et al., 2006). A

microbiota do solo da Mata Atlântica pode reduzir sulfatos e promover a reabilitação de

170

ambientes contaminados por metais pesados (Muyzer and Stams, 2008). Sulfatos de metais

(por exemplo, cádmio, cobalto, cobre, ferro, níquel e zinco) são altamente solúveis, enquanto

que os sulfetos de metais correspondentes de baixa solubilidade permitem a precipitação e

remoção de contaminantes por microrganismos do solo. Ecossistemas de mangue estão

incluídos no bioma Mata Atlântica, e são encontrados em zonas de transição entre os

ecossistemas terrestres, marinhos e de água doce por mais de 6 mil quilômetros de costa. Os

manguezais são considerados berçários de diversidade, embora estes ecossistemas estejam

sujeitos à intensa interferência antrópica modificação no ecossistema através das atividades

urbanas e industriais (Amado-Filho et al., 2008).

Em janeiro de 2000, as áreas de mangue da Baía de Guanabara sofreram uma das maiores

catástrofes ambientais da região devido ao vazamento de cerca de 1,3 milhões de litros de

petróleo (Gabardo et al., 2000). A caracterização da diversidade bacteriana e biorremediação

pelos microorganismos que habitam o manguezal representam importantes abordagens que

podem melhorar a gestão desses ambientes. As comunidades microbianas do manguezal

refletem a variação espacial da composição dos sedimentos (Peixoto et al., 2011; Taketani

et al., 2010a). A maior abundância de plasmídeos (por exemplo, RIPC-1a, 1b-RIPC, RIPC

RIPC-7 e-9) e genes funcionais (naftaleno e intradiol dioxigenases extradiol) envolvidos na

degradação de hidrocarbonetos foram identificados nas comunidades microbianas após a

exposição ao petróleo (Gomes et al., 2010b). Aparentemente, os níveis elevados de petróleo

estão significativamente associados com Betaproteobacteria, enquanto os níveis de

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos estão associados com Actinobacteria. Gêneros

aeróbios envolvidos na degradação do óleo e anaeróbias, incluindo Alteromonadales,

Burkholderiales, Pseudomonadales, Rhodobacterales, Rhodocyclales, Marinobacter,

Alcanivorax, Microbulbifer, Sphingomonas, Micrococcus, Cellulomonas, Dietzia e Gordonia

foram detectados em áreas impactadas (Brito et al., 2006; Gomes et al., 2008). Áreas de

171

mangue não impactado apresentam comunidade dominada por Alphaproteobacteria,

Gammaproteobacteria e Acidobacteria, enquanto os componentes secundários das

comunidades foram identificados como Betaproteobacteria e Actinobacteria (Dias et al.,

2010a). Além disso, as baixas concentrações de oxigênio e alta concentração de matéria

orgânica criam condições propícias para o estabelecimento de organismos anaeróbicos.

Bactérias redutoras de enxofre e Arquéia metanogênicas foram identificadas em

diferentes profundidades de sedimentos. Os padrões de distribuição de genes

relacionados a esses processos metabólicos (redutase sulfato - dsrB e metil-coenzima A

redutase M-mcrA) mostraram uma maior diversidade em sedimentos de profundidades

superiores (Taketani et al., 2010b).

Estudos sobre os campos de Cerrado incidiram sobre os grupos de microrganismos que

desempenham um papel na ciclagem de nutrientes em sistemas agrícolas. O Cerrado é um

campo de tipo savana, que está sendo convertida em culturas como soja, milho e café (Marris,

2005) A adubação química muitas vezes resulta em efeitos ambientais inesperados e

prejudiciais, incluindo a lixiviação de nitrato para águas subterrâneas, o escoamento

superficial de fósforo e nitrogênio e eutrofização dos ecossistemas aquáticos. A fixação

biológica do nitrogênio mediada por microrganismos permite uma redução significativa

da entrada de fertilizantes nitrogenados. A diversidade de Paenibacillus é mais

influenciada pelo tipo de plantio que pela adubação nitrogenada (Coelho et al., 2007). As

subpopulações foram identificadas por métodos moleculares, o que representa uma ferramenta

útil para monitorar o efeito das práticas agrícolas (de Oliveira et al., 2006). Comunidades

fúngicas apresentam 50% de perda da diversidade em solos convertidos em plantações

de soja (de Castro et al., 2008). Esse achado reforça a necessidade de preservação do

Cerrado, a fim de evitar a perda da diversidade microbiana pela transformação dos

172

solos originais em de pastagem. Atualmente, o bioma Cerrado tem apenas cerca de 20% de

sua cobertura original e, portanto, está entre os hotspots de conservação (Myers et al., 2000).

4.4.2.2 Diversidade microbiana em ambientes marinhos

Ambientes marinhos como recifes de coral, águas costeiras, zonas de ressurgência lagoa

hipersalina foram analisados nos últimos anos (Tabela 13).

Os primeiros estudos sobre a microbiota do ambiente marinho, centrado na análise do

coral holobionte Mussismilia. O gênero Mussismilia compreende 3 espécies (M. hispida, M.

braziliensis and M. hartii). Um dos primeiros estudos que investigaram a diversidade

microbiana deste coral endêmico do litoral brasileiro, utilizando o gene rRNA 16S, foi

realizado por Reis et al. (2009) (Reis et al., 2009). As análises revelaram a dominância dos

membros do Alphaproteobacteria em M. hispida saudável. A prevalência desse grupo de

bactérias do gênero Favia Siderastrea e recifes no Caribe e no Mar Vermelho estão

relacionados à doença da banda preta (Barneah et al., 2007; Sekar et al., 2006b). Os

gêneros mais comumente encontrados na M. hispida foram Azospirillum, Fabibacter,

Blastochloris, Stella, Vibrio, Flavobacterium, Ochrobactrum, Terasakiella, Alkalibacter,

Azospirillum, Propionibacterium, Arcobacter e Paenibacillus (de Castro et al., 2010b).

Observou-se um enriquecimento de Bacteroidetes em M. braziliensis doentes em

comparação com os corais saudáveis e água (de Castro et al., 2010b). A microbiota de

corais saudáveis e água do mar circundante apresentam composições diferentes. Além

disso, um estudo abrangente sobre a diversidade microbiana das três espécies de Mussismilia

por meio de pirosequenciamento da região intergênica dos genes ribossomais revelou uma

microbiota residente associada para cada espécie de Mussismilia (em fase de submissão). Esta

microbiota residente pode representar endossimbiontes da Mussismilia que co-evoluíram em

estreita relação com este holobionte. Esses dados reforçam o modelo de mudança de fase da

173

comunidade microbiana em indivíduos saudáveis e doentes (Mao-Jones et al., 2010). Estudos

recentes mostraram também que a maioria das comunidades de Arquéia associada à M.

hispida parecem incluir novas espécies do filo Crenarchaeota, indicando a necessidade de

isolamento microbiano e mais estudos taxonômicos (Lins-de-Barros et al., 2010a; Wegley et

al., 2007).

4.4.2.3 Diversidade microbiana em áreas urbanas costeiras

A Baía de Guanabara abrange parte da região metropolitana do Rio de Janeiro, que é

caracterizada por uma zona de atividade urbana e industrial intensa, com impactos na

microbiota associada (Clementino et al., 2007). Os principais parâmetros bióticos

envolvidos na formação dessas comunidades microbianas não são completamente

compreendidos. Aparentemente, o vazamento de óleo e de esgoto influencia a estrutura da

comunidade de bactérias e arquéias, com a dominância de microrganismos indicadores em

potencial (Vieira et al., 2007; Vieira et al., 2008).

Na Baía de Sepetiba (localizado nas proximidades da cidade do Rio de Janeiro), houve uma

redução da diversidade microbiana, possivelmente devido ao despejo de efluentes industriais

contaminados por metais (Ex. zinco). Os principais grupos são formados por organismos

acidófilos como Acidocella, Acidosphaera e Acidiphilium. A maioria das Arquéias

pertence ao filo Crenarchaeota, relacionados aos gêneros Sulfolobus e Metallosphaera

(Almeida et al., 2009). Esta lagoa fica nas proximidades da Baía de Guanabara.

O primeiro estudo sobre a diversidade de comunidades microbianas da Lagoa de

Araruama mostrou os principais grupos taxonômicos e possíveis padrões espaciais

relacionadas com a concentração de sal. Os gêneros Methanomicrobia e

Methanothermococcus (Arquéia Euryarcheota) foram encontrados em áreas de menor

concentração de sal (Clementino et al., 2008). Por outro lado, os gêneros Haloarcula

174

(Arquéia) e Salinibacter (bactérias) foram dominantes nas zonas hipersalinas. A comunidade

bacteriana da água da lagoa mostrou predomínio de sequências relacionadas com

Gammaproteobacteria, Actinobacteria e Synechococcus (Clementino et al., 2008). Estes

microrganismos podem estar envolvidos na fixação de nitrogênio e carbono nesta lagoa. O

ambiente hipersalino da Lagoa de Araruama mostrou influência sobre o procarionte

magnetotático multicelular Candidatus Magnetoglobus multicellularis (Martins et al.,

2009). É uma bactéria Gram-negativa, filogeneticamente relacionada às Deltaproteobacteria

redutoras de sulfato que foi descrita pela primeira vez na Lagoa de Araruama (Abreu et al.,

2007). Essa bactéria se caracteriza por ser capaz de formar um agregado de células

bacterianas flageladas, organizado em forma de esfera, que nadam em trajetórias helicoidais

ou retas. A composição e abundância dos magnetossomos e o fato de que os magnetossomos

podem ser digeridas por seus predadores ciliados sugerem um papel para o Ca. M.

multicellularis nos ciclos biogeoquímicos de ferro e enxofre.

Sequências de rRNA 16S de sequências não classificadas (pelo RDP) foram utilizadas na

reconstrução filogenética, a fim de revelar os vizinhos filogenéticos mais próximos.

Amostras de solo foram mais heterogêneas do que as sequências da água (Figura 53 e 54).

Foram observadas sequências altamente relacionadas filogeneticamente, porém

identificadas em diferentes trabalhos. Esse achado reforça a idéia de que existem grupos

microbianos desconhecidos que são frequentes e, possivelmente, estão envolvidos com

funções ecológicas primordiais nesses ambientes. Porém, esses grupos ainda não foram

caracterizados taxonomicamente e merecem novos estudos, pois representam novos filos

ou classes em potencial.

A abundância relativa de filos dominantes como as Cyanobacteria da microbiota

aquática e Bacteroidetes associados a organismos aquáticos é heterogênea entre os

ecossitemas analisados (Figura 55). Por outro lado, filos dominantes em biomas terrestres

175

como Acidobacteria e Actinobacteria são distribuídos de maneira relativamente uniforme

entre os solos da Mata Atlântica e Cerrado.

Figura 53. Análise filogenética de sequências não classificadas, recuperadas da água. As sequências foram comparadas com

sequências tipo a aprtir de comparação com o RDP. Todas as sequências foram alinhadas usando o programa Muscle. As

análises filogenéticas foram realizadas com o programa Mega, usando o método de neighbor joining. Valores de bootstrap

(1000 repetições) > 50 % são mostrados. A linha azul corresponde a OTUs com alta similaridade (> 97 %) entre os genes

rRNA 16S encontrados por diferentes autores em ambientes aquáticos. É importante salientar os longos ramos, que

representam novos grupos taxonômicos em potencial.

176

Figura 54. Análise filogenética de sequências não classificadas, recuperadas do solo. As sequências foram comparadas com

sequências tipo a aprtir de comparação com o RDP. Todas as sequências foram alinhadas usando o software Muscle. As

análises filogenéticas foram realizadas com o software Mega, usando o método de neighbor-joining. Valores de bootstrap

(1000 repetições) > 50 % são mostrados. A linha verde corresponde ao exemplo de sequências singletons, com grande

distância evolutiva em comparação com as sequências do gene 16S rRNA linhagens de tipo, demonstrando a

heterogeneidade da diversidade de Bactérias dos solos.

177

Figura 55. Estrutura das comunidades bacterianas associadas ao solo, água e organismos marinhos.A

classificação foi realizada através de comparação com o RDP. A análise foi realizada com 30813

sequências de ecossistemas terrestres e 1864 sequências marinhas.

178

4.4.2.4 Perspectivas

A enorme diversidade microbiana de biomas brasileiros representa um reservatório

inexplorado de novos genes e metabolismos que desempenham um papel fundamental na

saúde ambiental. Além disso, a diversidade microbiana representa um grande reservatório

para a descoberta e aplicações biotecnológicas. Descobertas baseadas em abordagem

metagenômica, através de sequenciamento massivo e isolamento de microrganismos-alvo

podem representar abordagens adequadas para usar esta vasta biodiversidade. Identificar a

biodiversidade cultivável pela taxonomia genômica é agora também um esforço viável. Além

disso, estudos de diversidade microbiana estão implementando tecnologias de

sequenciamento de segunda (454 - Roche) e terceira (Ion Torrent – Life) geração em estudo

de diversidade microbiana de ambientes terrestres e marinhos.

Atualmente, o grupo do Laboratório de Microbiologia está realizando o mapeamento da

diversidade metagenômica das ilhas oceânicas brasileiras (São Pedro e São Paulo, Trindade e

Martin Vaz) e recifes de profundidade no talude do Banco de Abrolhos. Os estudos são

integrados a fim de estabelecer um panorama da diversidade metagenômica em todo o sul do

Oceano Atlântico. Além disso, a biblioteca metagenômica, bem como a coleção de isolados

do solo da Mata Atlântica, representa um enorme repertório genético que permitirá a

construção de vetores de expressão de celulases de alto rendimento. Esses estudos permitirão

a exploração do potencial biotecnológico (Ex. novas celulases) da diversidade microbiana.

Claramente, o tempo é emocionante e desafiador para novas descobertas da biodiversidade no

Brasil.

179

5. CONCLUSÕES

5.1 Conclusões gerais

A abordagem metagenômica determinou a assinatura microbiana de diferentes ecossistemas e

permitiu a exploração da diversidade funcional a partir de amostras ambientais.

5.2 Conclusões específicas

Foram listadas as conclusões de cada um dos capítulos apresentados na seção Resultados e

discussão

5.2.1 Diversidade da comunidade de bacterioplâncton ao longo de uma gradiente

latitudinal na costa da América Latina por meio de pirosequenciamento da

região V6

Foi identificado um gradiente latitudinal de diversidade microbiana ao longo da costa

da América Latina. A diversidade microbiana varia conforme a latitude, com

tendência de maior equitabilidade nas regiões tropicais e menor equitabilidade em

áreas sub-tropicais. O número de espécies (grupo com > 97 % de similaridade na V6

rRNA 16S) variou entre 12 e 2 (para cada 100 sequências da V6 rRNA 16S), com

maiores valores nas regiões tropicais. Parâmetros ambientais tais como intensidade

luminosa, temperatura, e nutrientes, podem exercer papel fundamental no

estabelecimento destes padrões latitudinais.

Os cosmopolitas correspondem a grupos taxonômicos conhecidos, tais como,

Acinetobacter, Flavobacteriaceae, SAR11 e Enterobacteriaceae, representando

aproximadamente 58% de todas as sequências identificadas. A fração cosmopolita ao

longo da costa da America Latina sugere ampla dispersão microbiana no meio

marinho;

180

A fração endêmica das sequências correspondeu a apenas 2% de todas as sequências

identificadas, indicando baixo grau de endemismo;

A região V6 apresenta resolução taxonômica satisfatória para níveis de gênero e

acima, demonstrando a utilidade desta estratégia para estudos abrangentes de

diversidade microbiana. Entretanto, a resolução taxonômica da região V6 é limitada

para a diferenciação de espécies de grupos filogeneticamente próximos, tais como

Proclorococcus e Synechococcus.

5.2.2 Avaliação da saúde do Banco de Abrolhos através da metageômica

Arquéias e vírus foram mais abundantes nos recifes desprotegidos, em comparação

com os recifes protegidos, com dominância de fagos de Procholrococcus.

Proteobacteria e Cyanobacteria foram os filos mais abundantes na água dos recifes do

Banco de Abrolhos;

Foi observada tendência de maior diversidade e abundância microbiana dentro das

áreas protegidas do que fora das áreas protegidas, sugerindo que áreas marinhas

protegidas têm papel importante na abundância e diversidade microbiana, promovendo

a saúde ambiental. As áreas protegidas estão em diferentes estágios de degradação,

porém com aparente menor nível de impacto, quando comparadas com as áreas não

protegidas. Parcel dos Abrolhos apresenta estágio inicial de degradação, enquanto que

California representa o recife menos impactado.

Sequências relacionadas aos sistemas autotróficos foram mais abundantes nos recifes

protegidos, enquanto que sequências relacionadas ao metabolismo heterotrófico foram

mais abundantes nos recifes desprotegidos. Os cinco processos metabólicos mais

abundantes foram os de carboidratos, aminoácidos e derivados, proteínas, co-fatores e

virulência. Houve diferença entre os recifes desprotegidos e protegidos apenas para a

181

síntese de macromoléculas e a fotossíntese. Alguns subsistemas, tais como,

carboidratos e resposta ao estresse tiveram a contribuição de vários tipos microbianos,

enquanto que os subsistemas de fotossíntese tiveram contribuições predominantes de

poucos grupos taxonômicos.

A maioria das sequências de proteorodopsinas foi relacionada com as SAR11 e

Vibrionaceae, indicando a contribuição destes heterótrofos na produção primária no

ambiental recifal.

As sequências dos metagenomas refletem a tendência de degradação da região do

Banco de Abrolhos. Sebastião Gomes representa uma área desprotegida em estágio de

degradação acelerada, enquanto Timbebas é uma área protegida em estágio de

degradação intermediário. Portanto, a abordem metagenômica apresenta potencial de

aplicação como ferramenta de biomonitoramentoda saúde recifal.

5.2.3 Diversidade das comunidades microbianas dos solos da Mata Atlântica e o seu

potencial biotecnológico

A extração do DNA metagenômico com esferas de vidro seguida de purificação se

mostrou mais eficiente do que a extração por kit comercial para a construção de

bibliotecas metagenômicas. Foi estabelecidauma bibliotecade pequenos insertos,

contendo um número estimado de 40.000 clones, contendo fragmentos de

aproximadamente 10 kb.

Aproximadamente 1.000 clones foram triados (após enriquecimento) e alguns deles

tiveram sua atividade celulolítica avaliada. Os níveis de atividade FPásica e

CMCásicados clones foram próximos aos observados nos isolados ambientais.

182

Foram recuperados 13 filos. Os filos Acidobacteria, Proteobacteria e

Verrucomicrobia foram os mais abundantes no solo da Mata Atlântica. Acidobacteria

e Verrucomicrobia não são facilmente recuperados através de isolamento clássico.

As curvas de rarefação mostraram que a taxa de cobertura das bibliotecas foi

satisfatória para filos e classes em todos os locais, mas não atingiu a saturação ao nível

de espécie, demonstrando a alta diversidade de espécies nos solos da Floresta da Mata

Atlântica. A estimativa do número de filos presentes no solo da Mata Atlântica variou

entre 41-152 e de espécies entre 876-1486 por grama de solo.

Os grupos 15 e 18 não apresentaram similaridade significativa de sequência de rRNA

16S com qualquer outro grupo bacteriano e, portanto possivelmente representam dois

filos novos.

5.2.4 Diversidade microbiana dos biomas brasileiros

Os mais de 70 trabalhos de grupos brasileiros, publicados sobre o tema da diversidade

microbiana e utilizando métodos independentes de cultivo, englobaram todos os sete

principais biomas brasileiros nos últimos cinco anos. Os biomas mais intensamente

estudos são Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia. Já para a Caatinga e o Pantanal existe

apenas um trabalho.

Cada bioma apresenta microbiota específica. Existe diferenciação clara entre a

microbiota (Bactéria e Arquéia) de biomas terrestres e aquáticos de acordo com

análises de sequências do gene ribossomal rRNA 16S. Euryarchaeota é mais

abundante em ambientes aquáticos, enquanto que Crenarchaeota é mais abundante no

solo. Acidobacteria, Actinobacteria e Firmicutes são predominantes no solo, enquanto

que Cyanobacteria e Bacteroidetes são mais abundantes em água.

183

Os biomas brasileiros são fonte rica para descoberta de novos grupos taxonômicos

(espécies, famílias e até mesmo filos). A partir do isolamento microbiano e taxonomia

polifásica será possível descrever estes novos taxa. Sequências não classificadas a

partir de amostras de solo foram mais heterogêneas do que as sequências não

classificadas da água, indicando a tremenda diversidade em solos.

Os biomas brasileiros apresentam enorme potencial para exploração biotecnológica da

diversidade microbiana como na produção de biocombustíveis, biomonitoramento,

biorremediação e aplicação de microrganismos promotores de crescimento de plantas

184

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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214

7. ANEXOS

7.1 Anexo 1. Métodos

Este anexo contém procedimentos detalhados citados na seção materiais e métodos.

7.1.1 Pirosequenciamento dos metagenomas do Banco de Abrolhos

Esta seção apresenta os principais protocolos utilizados para realização do

pirosequenciamento das amostras do Banco de Abrolhos

7.1.1.1 Extração do DNA realizada no interior do Sterivex

-Adicionar 100 µL de lisozima (concentração 1mg/ml final) e incubar a 37 ° C por

45 min.,

- Adicionar 20 µL de proteinase K (concentração final de 0,2 mg / ml) e 100 µL de

dodecil sulfato de sódio (SDS) (concentração final 1%) e incubar a 55 ° C, com

agitação suave durante 60 minutos.

O lisado foi transferido e recuperado para um novo tubo com a adição de 1 mL de tampão

SET para extração orgânica com um volume de fenol: clorofórmio: álcool isoamílico

(25:24:1):

-Adicionar um volume de fenol: clorofórmio: álcool isoamílico,

-Vortexar e centrifugar 14000 rpm por 5 minutos,

-Coletar a fase superior aquosa e transferir para um tubo novo,

-Adicionar um volume de clorofórmio: álcool isoamílico (24:1),

-Adicionar 500 µL de fenol: clorofórmio: álcool isoamílico, vortexar, e centrifugar

por 5 minutos,

-Coletar a fase superior aquosa e transferir para um tubo novo,

–Precipitar com etanol absoluto e 3 M acetato de sódio (0,3 M final) a - 20 ° C

durante a noite.

-Centrifugar 14000 rpm por 30 minutos

-Adicionar 1 mL de etanol 70 % e centrifugar por 5 minutos e descartar o

sobrenadante (duas vezes)

215

-Secar o precipitado em temperatura ambiente e ressuspender em 30 µL de água

milliQ.

O resultado das extrações de DNA foi verificado em gel de agarose 1 % TBE 1 X.

7.1.1.2 Purificação do DNA metagenômico

Foi utilizado o High pure PCR template preparation kit (Roche) para preparação das

bibliotecas de acordo com o protocolo a seguir:

- Pré aquecer uma alíquota de elution buffer a 70°

- Adicionar elution buffer (sem ser o pré-aquecido) até a amostra atingir 200µL

- Adicionar 200µL de binding buffer. Misturar bem

- Adicionar 100 µL de isopropanol. Misturar bem

- Transferir a amostra para a coluna em um tubo coletor

- Centrifugar 1min / 8000g

- Remover o filtro. Descartar o filtrado e colocá-lo em um tubo novo

-Adicionar 500 µL de inhibitor removal buffer no filtro

- Centrifugar 1min / 8000g

-Transferir coluna para tubo novo

-Adicionar 500 µL de wash buffer

- Centrifugar 1min / 8000g

- Descartar o filtrado e adicionar novamente 500 µL de wash buffer

- Centrifugar 1min / 8000g

- Descartar o filtrado e agora centrifugar apenas 10s

- Transferir a coluna para tubos 1.5 mL

-Adicionar 150µL de elution buffer pré-aquecido no filtro e incubar a temperatura

ambiente por 15 minutos

-Centrifugar 1min / 8.000g

-Recuperar o que foi filtrado e aplicar novamente no filtro

- Incubar 15minutos

216

- Centrifugar 1min / 8000g para eluição final do DNA

É preciso preparar uma curva padrão de concentração do DNA padrão de acordo com a tabela

a seguir após diluir o TE 20X (tampão Tris-EDTA) para 1X em um total de 20 mL, o padrão

(100 ng/µL) para 2 ng / µL (1:50) em um total de 1 mL e o corante Picogreen (1:200) em um

total de 10 mL. As diluições foram preparadas de acordo com os valores a seguir:

Tabela 1. Diluição dos reagentes para a curva de concentração do padrão do reagente PicoGreen.

Em seguida, foram preparadas as amostras:

- Adicionar 346,5µL TE 1X + 3,5µL de amostra + 350µL de PicoGreen

- Vortexar e dar um giro (minicentrífuga) em todos os tubos

- Utilizar 200µL das amostras para as leituras. Os comprimentos de onda utilizados no

ensaio foram 480 nm de excitação e 520 nm de emissão.

- Plotar a curva padrão em tabela Excel e determinar as concentrações de cada amostra

utilizando a curva da equação.

7.1.1.3 Preparação das bibliotecas pelo método shotgun

As amostras devem estar diluídas em TE e apresentar um volume máximo de 100 µL. A

fragmentação do DNA e purificação dos fragmentos foi realizada de acordo com o protocolo:

- Aplicar os 100µL no fundo do tubo de nebulização

- Adicionar 500µL da solução nebulizer buffer e misturar por pipetagem

-Aplicar 30 psi (2,1 bar) de pressão por 1 minuto

Diluições

(ng/µL)

PicoGreen

(µL)

TE 1X

(µL)

padrão

(µL)

1000 500 0 500

100 500 450 50

10 500 495 5

1 500 499 0,5

Branco 500 500 0

217

Após a fragmentação do DNA foi utilizado o Mini eluate PCR purification kit (Qiagen) para

purificar os fragmentos.

- Aplicar 2,5 mL PBI buffer que contendo indicador de pH. A suspensão de DNA

deve permanecer na cor amarelo claro.

- Aplicar nas colunas, centrifugar 13000 rpm por 25 segundos e descartar o

sobrenadante.

-Repetir até filtrar todo o volume de dentro do tubo. A última centrifugação deve

levar 1 minuto para secar o filtro.

- Adicionar 750 µL de Wash buffer (PE) e centrifugar a 13000 rpm por 1 minuto.

Rodar os tubos 180° e centrifugar novamente.

- Adicionar 16 µL de TE no centro do filtro e esperar 2 minutos para então

centrifugar a 13000 rpm por 2 minutos.

O DNA está pronto para ser reparado. Segue a reação de reparação e o programa utilizado:

Tabela 2 Reação de reparo do DNA

Programa:

25°C 20min

72°C 20 min.

Manter a 4 °C

Reagentes

Volume

(µL)

Tampão 10X 2,5

ATP 2,5

T4 polimerase 1

PNK (polinucleotídeo

kinase) 1

Taq polimerase 1

Total 8

218

7.1.1.3.1 Preparação de esferas magnéticas

Os fragmentos de DNA são ligados a esferas magnéticas. As esferas são preparadas de acordo

com o protocolo:

- Vortexar as esferas para ressuspendê-las completamente

- Adicionar 125 µL da suspensão de esferas e concentrador de partículas

magnéticas

- Remover o sobrenadante

- Adicionar 73 µL de TE e vortexar por 5 segundos

- Adicionar 500 µL de sizing solution e manter no gelo até a sua utilização

7.1.1.3.2 Ligação do DNA as esferas

As esferas magnéticas são utilizadas para selecionar os fragmentos de DNA com tamanho

entre 400 e 2000 pb. Foram seguidas as seguintes e etapas:

- Adicionar 1 µL de cada adaptador (A e B) + 1 µL de ligase

- Incubar 25 ° C por 10 minutos

- Adicionar a reação às esferas preparadas e vortexar 5 segundos, baixar as esferas

em minicentrífuga girar o tubo e incubar 5 minutos

- Colocar no concentrador de partículas magnéticas e remover o sobrenadante

- Adicionar 100 µL de TE vortexar 5 segundos

- Adicionar 500 µL de Sizing solution

- Realizar os dois passos anteriores mais uma vez, ainda no concentrador de

partículas magnéticas

- Adicionar 1 mL de etanol 70 % e depois remover o etanol. Fazer duas vezes

- Manter os tubos no concentrador de partículas magnéticas e deixar secando com a

tampa aberta por aproximadamente 5minutos

- Remover do concentrador de partículas magnéticas e adicionar 53 µL de TE.

Vortexar e baixar as esferas

- Colocar no concentrador de partículas magnéticas e transferir 50 µL do

sobrenadante contendo a biblioteca para um tubo novo.

219

7.1.1.3.3 Quantificação e checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas

A quantificação da biblioteca foi feita por fluorometria. É necessário fazer uma curva padrão

utilizando os padrões do kit (rapid library preparation). Com isso, foi determinada a

concentração das bibliotecas e o volume necessário nos ensaios de emPCR. A quantificação

foi realizada de acordo com o protocolo:

- Adicionar 90 µL do padrão em 90µL TE

- Preparar sete tubos com 60µL de TE para fazer diluição seriada do padrão

- Transferir 120 µL do padrão (após vortexar para homogeneizar a suspensão) para

o próximo tubo, num total de sete diluições

- Adicionar 50 µL de cada diluição (em duplicata) em placa preta de 96 poços para

fluorometria

- Em seguida, aplicar 50 µL da biblioteca na placa e realizar a leitura

- Os comprimentos de onda utilizados para emissão e excitação foram 465 e 515

nm, respectivamente

-Após a leitura recuperar as bibliotecas e estocá-las a - 20 ° C

- Exportar o arquivo para Excel e montar a curva padrão para determinação da

concentração. Também existe um programa disponível no sítio da Roche

(http://454.com/)

-As bibliotecas devem ser diluídas para obter a concentração em 107

moléculas /

µL.

A checagem da qualidade da fragmentação das bibliotecas foi realizada através de

eletroforese em chip (Bio Analyzer 2100, Agilent Technologies), utilizando DNA LabChip

(Agilent Technologies).

7.1.1.4 Reação em cadeia da polimerase em emulsão (em-PCR)

O em-PCR ocorre em um ambiente microfluídico onde os reagentes ficam limitados ao

interior de micelas da emulsão. Desta forma, ocorre a reação de amplificação dos fragmentos

de DNA ligados as esferas revestidas por streptavidina pelo adaptador B (biotina). Apenas as

esferas que apresentarem um, e somente um, fragmento de DNA será capaz de gerar

220

sequências. Por isso, o volume (µL) da biblioteca que foi usada como modelo na reação foi

calculado de acordo com a equação:

2 (Número de moléculas por esfera) X 6,8 X106 (número de esferas para em-PCR

107

(número de moléculas) / μL ([ ] da biblioteca)

As etapas de preparo da reação de em-PCR (GS FLX Titanium emPCR Breaking Kits MV)

estão descritas nas seções a seguir.

7.1.1.4.1 Preparação do óleo para emulsões

O óleo precisa ser agitado em alta velocidade para a produção das emulsões:

- Instale os tubos de emulsão de óleo de forma segura no misturador Tissue Lyser II

(Qiagen). As tampas devem ficar voltadas para fora

- Agitar a emulsão de óleo 28 Hz por 2 minutos

- O óleo emulsificado será utilizado na próxima etapa

7.1.1.4.2 Mock Amplification Mix e pré-emulsões

A mistura que cria o ambiente microfluídico para os reagentes da reação de amplificação deve

ser preparada da seguinte forma:

- Diluir 2 mL de Mock Amplification Mix 5 × (tubos laranja), com 8 ml de água

para fazer uma solução de trabalho (adicionar água primeiro) e vortexar.

- Adicionar 1 mL de solução Mock Amplification Mix diluída a cada tubo de óleo

emulsificado

- Inverter (não agite) os tubos 2 - 3 vezes para misturar

- Agitar no Tissue Lyser II a 28 Hz por 5 minutos

- Retire as emulsões da Tissue Lyser II e reservá-las (não agitar)

7.1.1.4.3 Preparação do Live Amplification Mix

Reagentes da reação de amplificação. Adicionar os reagentes em tubos cônicos na ordem em

que estão listadas abaixo:

221

Tabela 3 Reagentes para a preparação do Live Amplification mix

Vortexar o Live Amplification Mix por 5 segundos, e armazenar no gelo.

7.1.1.4.4 Preparação das esferas de captura de DNA (beads)

As esferas de captura são revestidas por estreptavidina onde os fragmentos se ligam através

do adaptador B, que contém biotina. Os fragmentos ligados as esferas são utilizados como

molde na reação de amplificação. A preparação seguiu as seguintes etapas:

- Preparar Capture Bead Wash Buffer TW 1 X misturando 1 mL de Capture Bead

Wash buffer TW 10 X em de água

- Ressuspender as os tubos de DNA Esferas de captura

- Transferir 920μL de DNA Esferas de captura para 2 tubos de 1,5 mL

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos

- Cuidadosamente remover e eliminar o sobrenadante sem perturbar as esferas.

- Lavar as esferas duas vezes com 1 ml de Capture Bead Wash Buffer TW 1x.

Vortexar para ressuspender as esferas. Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10

Reagentes (cor)

Volume

(µL)

Água 2400

emPCR Aditive (Preto - 2 tubos) 3000

5x mix amplification (verde claro - 2

tubos) 1560

Primer amplification (amarelo) 460

emPCR Enzyme Mix (verde escuro - 2

tubos) 400

PPiase (rosa) 10

Total 7830

222

segundos, girar o tubo 180 ° e centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o

sobrenadante após cada lavagem.

- Ressuspender cada pellet de DNA Capture Esferas em 320 μL de Capture Bead

Wash Buffer TW 1x.

- Medir o volume total de beads (aproximadamente 600 μL) e distribuí-las

uniformemente entre 4 tubos de tubos de 1,5 mL

- Manter as esferas preparadas no gelo.

7.1.1.4.5 Captura das bibliotecas

Nesta etapa os fragmentos de DNA metagenômico se ligam às esferas. Para isso, foram

seguidas as seguintes etapas:

- Descongelar uma alíquota da biblioteca (concentração de 107 moléculas /µL) a ser

amplificada.

- Colocar 10 μL da biblioteca em tubo de 0.2 µL

- Desnaturar o DNA em termociclador a 95 ° C por 2 minutos

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, gire o tubo 180 ° e

centrifugue novamente por 10 segundos. Remover e descartar o sobrenadante.

-Para cada tubo de contendo as esferas lavadas, adicionar 1.36 μL da biblioteca e

vortexar 5 segundos

- Adicionar 875 μL do Live Amplification Mix em cada tubo contendo a biblioteca

capturada e vortexar.

7.1.1.4.6 Emulsificação

Nesta etapa ocorre a interiorização das esferas para o ambiente limitado contendo os reagentes

para a amplificação.

- Pipetar o conteúdo de cada tubo de biblioteca capturada pelas esferas em um tubo

de emulsão preparada

- Inverter os tubos de 3 vezes para misturar (não agitar)

- Agitar no Tissue Lyser II em 12 Hz por 5 minutos

223

- Distribuir a emulsão em placa de 96 poços (dois tubos de emulsão por placa).

Dispensar 100 μL por poço

7.1.1.5 Quebra da emulsão (break emulsion)

Após a amplificação é necessário recuperara as esferas contendo os produtos de amplificação

(haired esferas) para realizar a quebra das emulsões e retirada do óleo emulsificado. As

seções a seguir descrevem como deve ser realizado o processo de quebra das emulsões.

7.1.1.5.1 Recuperação das esferas

É utilizado o GS FLX Titanium emPCR Breaking Kit

-Retirar da geladeira o Enhancing Fluid XT e Annealing Buffer XT, e manter em

temperatura ambiente.

- Inserir o conector azul na abertura superior da estrutura de 8 pinos (Figura

estrutura.). Conecte a outra extremidade do tubo a uma fonte de vácuo de acordo

com a figura.

Figura 1. Estrutura de oito pinos utilizada na recuperação das esferas utilizadas no em-PCR.

- Aspirar as emulsões de cada amostra utilizando o vácuo. Após aspirar todas as

emulsões, virar a estrutura de cabeça para baixo para ajudar a drenar o máximo de

material. Aspirar um pouco de isopropanol ajuda a drenar as esferas do interior da

estrutura.

- Lavar os poços duas vezes com 100 μL de isopropanol por poço e aspirar o

restante do material.

- Aspirar um adicional (aproximadamente 5 mL) de isopropanol a recolher todas as

esferas que podem ter permanecido na tubulação.

- Troque a posição dos tubos de 50 mL, de modo que o recipiente cheio seja

conectado ao vácuo e o vazio a estrutura de aspiração e repita o procedimento para

a placa seguinte

224

7.1.1.5.2 Lavagem das esferas

Nesta etapa é realizada a retirada do restante do óleo da reação. A lavagem foi realizada

acordo com as seguintes etapas:

- Vortexar o tubo de coleta de 50 mL

- Adicionar isopropanol até o volume final de 40 mL em cada tubo de coleta e

vortexar

- Centrifugar a 930 × g por 5 minutos e remover o sobrenadante cuidadosamente

- Adicionar 20 mL de Enhancing Fluid XT e vortexar. Caso a amostra empedrar,

usar um bastão de vidro para desmanchá-la

- Centrifugar e desprezar o sobrenadante como anteriormente

- Adicionar 35 mL de isopropanol e vortexar

- Centrifugar e desprezar o sobrenadante como anteriormente

- Adicionar 35 mL de isopropanol e vortexar

- Centrifugar e desprezar o sobrenadante como anteriormente

- Adicionar 35 mL de etanol e vortexar

- Centrifugar e desprezar o sobrenadante como anteriormente.

- Adicionar 20 mL de Enhancing Fluid XT e vortexar

- Centrifugar e desprezar o sobrenadante como anteriormente, deixando cerca de 2

mL de Enhancing Fluid XT.

- Transferir a suspensão para tubos de 1,5 mL. Um tubo novo para cada tubo de

coleta de 50 mL

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Repetir as duas últimas etapas até a toda a suspensão de todo ser transferida

- Lavar cada tubo de coleta de 50 mL com 600 μL de Enhancing Fluid XT, e

transferir para o tubo de 1,5 mL para recuperar o máximo de amostra possível

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

225

- Lavar as esferas duas vezes com 500 μL de Enhacinhg Fluid XT. Baixar as

esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e centrifugar

novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Adicionar 500 μL de Enhancing Fluid XT em cada tubo vortexar

7.1.1.6 Enriquecimento (Enrichment)

As esferas recuperadas são contadas (utilizando contador de partículas, ou pesando o material)

no início e após o procedimento de enriquecimento. Nesta etapa são eliminadas as esferas que

falharam na amplificação e que, portanto não contém DNA amplificado ligado à superfície. A

faixa de enriquecimento utilizada foi de 5 – 20 % das esferas que iniciaram o em-PCR. O

enriquecimento é realizado de acordo com as seções a seguir detalham o procedimento.

7.1.1.6.1 Enriquecimento indireto

Nesta primeira etapa ocorre a preparação das haired esferas para o enriquecimento.

-Preparar Melt Solution misturando 125 μL de NaOH (10 N) em 9,875 ml de água

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Adicione 1 mL de Melt Solution as esferas e vortexar. Incubar por 2 minutos em

temperatura ambiente

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Repetir os dois últimos passos.

- Adicionar 1 mL de Annealing buffer XT e vortexar. Baixar as esferas em mini-

centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e centrifugar novamente por 10

segundos e desprezar o sobrenadante

- Repita o passo anterior

- Para determinar o número de esferas recuperadas na etapa anterior (quebra das

emulsões) ao enriquecimento:

a. Adicionar 500 μL de Annealing buffer XT e vortexar.

b. Transferir uma alíquota de 3 μL da suspensão de esferas para a cubeta de

contagem contendo 10ml de óleo para contagem. A recuperação foi calculada

226

de acordo com a equação: Número de esferas recuperadas / 13,6 X 106) × 100,

(sendo 13,6 X 106, número de esferas para volume médio)

c. Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante.

- Adicionar 30 μL de Annealing buffer XT e 24 μL de Enrichment Primer e vortexar

- Incubar a 65 ° C por 5 minutos e resfriar imediatamente em gelo por 2 minutos.

- Adicionar 500 μL de Enhancing Fluid XT e vortexar. Baixe as esferas em mini-

centrífuga por 10 segundos, gire o tubo 180 ° e centrifugue novamente por 10

segundos e desprezar o sobrenadante

- Repita o último passo mais duas vezes

- Adicionar 800 μL de Enhancing Fluid XT por tubo e vortexar.

7.1.1.6.2 Preparação das esferas de enriquecimento (enrichment beads)

As esferas de enriquecimento são capazes de reter as esferas que obtiveram sucesso na

amplificação (haired esferas) e foram submetidas ao sequenciamento. Elas foram preparadas

da seguinte forma:

- Ressuspender completamente as Enrichment Beads (esfera marrom) por 1 minuto

-Concentrar 320 μL de Enrichment Beads utilizando o Concentrador de partículas

magnéticas (MPC)

- Desprezar o sobrenadante, tomando cuidado para não perturbar o sedimento

- Adicionar 1 mL de Enhancing Fluid XT e vortexar

- Concentrar as esferas no MPC

- Desprezar o sobrenadante, tomando cuidado para não perturbar o sedimento.

- Repetir os três últimos passos

- Após descartar o sobrenadante, remova o tubo do MPC

- Adicionar 320ul μL (40 μL por tubo de emulsão) de Enhancing Fluid XT

7.1.1.6.3 Enriquecimento das esferas com DNA

Nesta etapa as dot beads são eliminadas após o procedimento:

227

- Adicionar 80 μL de Enrichment Beads lavadas a cada tubo de esferas com DNA

amplificado e vortexar

- Misturar as beads de enriquecimento e beads com DNA usando Labquake, em

temperatura ambiente por 5 minutos

- Colocar os tubos no MPC e esperar 3 - 5 minutos para concentrar as esferas.

- Inverter o MPC 5 vezes.

- Descartar cuidadosamente o sobrenadante de cada tubo.

- Lavar as esferas com o Enhancing Fluid XT até que não haja beads visíveis

restantes no sobrenadante, da seguinte maneira:

a. Adicionar 1 mL de Enhancing Fluid XT por tubo

b. Remover os tubos do MPC e vortexar

c. Colocar os tubos no MPC. Inverter o MPC 5 vezes

d. Descartar cuidadosamente para não perturbar as esferas

e. Repetir 6 a 10 vezes até retirar todas as esferas brancas (dot beads)

7.1.1.6.4 Recuperação das esferas de DNA enriquecidas

A Melt Solution promove o desligamento entre as haired esferas e as esferas de

enriquecimento. As etapas deste procedimento foram:

- Retirar os tubos do MPC e ressuspender em 700 µL de Melt solution.

- Vortexar por 5 segundos e colocar os tubos no MPC. Nesta etapa é importante não

demorar muito para recuperar as esferas pois a Melt Solution interfere no

magnetismo das esferas de enriquecimento e pode haver mistura com as esferas

contendo o DNA.

- Transferir o sobrenadante contendo as esferas de DNA enriquecidas para um tubo

novo

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, gire o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Adicionar 700 µL de Melt Solution.

228

- Vortexar por 5 segundos e colocar no MPC para eliminar as possíveis esferas

magnéticas transferidas junto com as esferas de DNA.

- Transferir o sobrenadante contendo esferas de enriquecimento com DNA para um

novo tubo

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Adicionar 500 µL de Annealing buffer XT e vortexar por 5 segundos.

- Baixar as esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e

centrifugar novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Repetir os dois últimos passos mais duas vezes.

- Ressuspender as esferas em 120 μL de Annealing Buffer XT e vortexar.

- Adicionar 24 μL de Sequencing Primer e vortexar.

- Incubar a 65 ° C por 5 minutos e transferir imediatamente para o gelo e manter

por 2 minutos

- Adicionar 1 mL de Annealing Buffer XT e vortexar por 5 segundos. Baixar as

esferas em mini-centrífuga por 10 segundos, girar o tubo 180 ° e centrifugar

novamente por 10 segundos e desprezar o sobrenadante

- Repita o último passo duas vezes

- Adicione 1 mL de Annealing buffer XT e vortexar

-Transferir uma alíquota de 3 μL das esferas para a cubeta de contagem

-Calcular a porcentagem de enriquecimento utilizando a seguinte equação:

(Número de beads enriquecidas / 13,6 X 106) × 100

-Conservar as esferas, entre 2 ° C e 8 ° C. Elas podem ser mantidas por

aproximadamente de duas semanas

7.1.1.7 Preparação e sequenciamento

A última etapa do sequenciamento pode ser dividida em duas partes principais: a preparação

da placa Pico Tilter Plate (PTP) onde é depositada as esferas e ocorre o sequenciamento de

fato e a preparação do sequenciador GS FLX 454 e seus reagentes que serão consumidos

durante o procedimento. Foi utilizado ¼ de placa por amostra.

229

7.1.1.7.1 Carregamento da Placa PicoTilter Plate (PTP)

Os principais componentes depositados na placa e sua função são descritos a seguir:

-DNA esferas (DNA beads): carregam o DNA da biblioteca para ser sequenciado

(amostra)

-Esferas controle (Control beads): carregam sequências conhecidas. Podem ser

utilizadas para corrida teste em separado

- Esferas de enzima (Enzime beads): carregam os componentes imobilizados de

enzimas do sistema de quimiluminescência (sulfurilase e luciferase)

-Esferas PPiase (Ppiase beads): retira o PPi inorgânico para reduzir as

interferências cruzadas entre poços, durante cada fluxo de nucleotídeo, assim como

ruído residual entre os fluxos

-Esferas de empacotamento (Packing beads): estabiliza e mantém todos os

componentes do sistema imobilizados dentro dos poços do dispositivo PTP, durante

a execução do sequenciamento.

Esses componentes foram preparados de acordo com as seções a seguir.

7.1.1.7.2 Preparação da PTP e DNA beads

A preparação do tampão Bead Buffer 2 (BB2) foi realizada da seguinte forma:

-Adicionar 1,2 mL de Titanium Supplement CB para a garrafa de 200 mL de

Titanium Bead Buffer de pré-refrigerados. Re-tampão e misture suavemente por

inversão

-Remova o tubo de Apyrase da tira de reagentes e descongelar completamente.

Deixar os outros componentes em gelo até serem utilizados

-Adicione 34 ml de solução Apyrase na garrafa de Titanium Bead Buffer acrescido

de Titanium Supplement CB.

-Feche a garrafa e o rotule a nova reação como Bead Buffer 2 (BB2). Misturar

suavemente por inversão, e retornar a garrafa para o gelo. Também retornam o

restante do de Titanium Supplement CB e da apirase

-Aliquotar 15 ml de BB2 em novo tubo.

230

A seguir, retirar a PTP do envelope e anotar o código identificador de 6 dígitos na placa e

retornar a placa para o envelope e submergi-la em BB2 e deixá-la em repouso por, pelo

menos, 10 minutos. Manter o restante da solução no gelo.

Antes de prepara as DNA e as Control beads, foi preciso calcular o volume de esferas (DNA

beads) necessárias para ocupar os 4 quartos da placa, ou seja, aproximadamente 790000

esferas. O volume deve ser calculado de acordo com a equação:

A partir deste cálculo, foi retirado o volume de sobrenadante necessário para reduzir o volume

de DNA beads para 20 µL. Após a medição, foram baixadas as esferas, giradas 180 ° e

centrifugadas novamente e foi adicionado 10 µL de Control beads para cada tubo, de modo

que o volume final foi de 30 µL.

Separadamente, preparar o DNA Bead Incubation Mix (DBIM) em um tubo novo de 15mL de

acordo com a tabela abaixo. Identificar o tubo e vórtex com cuidado para assegurar que o

Cofator e a DNA polimerase sejam bem misturados.

Tabela 4. Preparação do DNA Incubation Mix (DBIM).

Adicionar 320 µL de DBIM em cada tubo de DNA beads e misturar por rotação em

temperatura ambiente por 15 minutos. Durante este tempo, é realizada a lavagem das Packing

beads. As esferas foram lavadas 3 vezes com 1 mL de BB2 por centrifugação a 10000 rpm

por 5 minutos, vortexando após a adição do tampão. Após a terceira lavagem adicionar 550

µL de BB2 por tubo, vortexar e manter em gelo

As Enzime beads foram preparadas conforme as etapas a seguir:

Volume de DNA beads (µL) =

790000

x 100 Número de esferas enriquecidas

Reagente Volume (μL)

BB2 1570

Polimerase Cofator 150

DNA polimerase 300

Total 2020

231

-Vortexar e baixar as Enzime e PPiase Beads usando um concentrador de partículas

magnéticas (MPC) por 30 segundos. Inverter os MPC várias vezes e aguarde 30

segundos de novo. Retire cuidadosamente o sobrenadante e remover os tubos da

MPC

- Lave as PPiase Beads três vezes com 1 ml de BB2 as Enzime beads com 500 μL

de BB2s. Vortexar e lavar as esferas usando o MPC

-Após a terceira lavagem, adicionar 1 ml de BB2 a cada tubo de Enzime beads e

500 μL do BB2 ao tubo de Ppiase beads. Vortexar as esferas e manter em gelo

-Preparar as esferas para as camadas 1, 3 e 4 em três tubos de 15 mL separados e

devidamente rotulados conforme a tabela abaixo. Isto é feito através da diluição da

Enzime beads (camada 1: Enzime beads da camada pré-e camada 3: Enzime beads

pós camada) e as Enzime PPiase (camada 4) no BB2, conforme listado na Tabela.

Vortexar as enzime e Ppiase beads lavadas para obter uma suspensão uniforme

antes da transferência.

Tabela 5. Preparação das camadas 1, 3 e 4.

Camada Kit

BB2

(μL)

Enzyme Beads

(μL)

PPiase Beads

(μL)

Total Volume

(μL)

1

XLR70

3250 550 --- 3800

3 2500 1300 --- 3800

4 3340 --- 460 3800

A camada 2 é composta pelas DNA beads. Ao fim da incubação foi adicionado 100 μL de

Packing beads em cada tubo com DNA e em seguida adicionar 210 μL de DBIM. O volume

final de 660 μL foi vortexado e misturado durante 5 minutos em temperatura ambiente.

O dispositivo de carregamento e os divisores de borracha foram previamente lavados com

solução detergente alcalina (Sparkleen). A aplicação das camadas ocorreu na ordem 1, 2, 3 e

4, sendo necessária centrifugação de 5 minutos a 4000 rpm e descarte do sobrenadante antes

da aplicação da nova camada. Após a aplicação das 4 camadas, a placa foi colocada no

sequenciador GS FLX 454.

232

7.1.1.8 Preparação do GS FLX 454

Realizar uma pré-lavagem, descartando os reagentes utilizados e limpeza do cassete de

reagentes. Os reagentes da bandeja de sequenciamento devem ser descongelados, mas

mantidos em geladeira.

- Adicionar 6,6 mL de Titanium Supplement CB e 1mL de DTT em cada garrafa de

Titanium Buffer CB e misturar

- Diluir 5 µL de PPiase (tubo rosa) em 45 µL de Inhibitor TW em um tubo de 1.5

mL e vortexar.

- Suplementar os 4 reagentes da bandeja do sequenciamento com seus aditivos

adequados, conforme listado abaixo. Adicione os suplementos na ordem

estabelecida, seguindo as instruções:

a. Adicionar uma pastilha de cloreto de sódio no tubo Post Run Wash (posição

1, tampa branca) e deixar efervescer por 2 minutos. Mudar as luvas

b. Adicionar 13.2 μL a diluição de PPiase ao Inhibitor TW (posição 9, tampa

rosa). Mudar as luvas

c. Adicionar 260 μL de Apyrase ao Apyrase buffer (posição 11, tampa

amarela). Mudar as luvas

d. Adicionar 3000 μL de dATP ao Buffer for ATP (A) (posição 10, tampa cor

lavanda). Mudar as luvas

-Inverter a bandeja de 20 vezes para misturar uniformemente o conteúdo de todos

os tubos.

- Remover o cassete de pré-lavagem cassete e limpe a área

- Remover os tubos de pré-lavagem e descartá-los. Os pré-tubos de lavagem devem

ser descartados após cada uso. Nunca reutilizar os tubos de pré-lavagem

- Limpar a superfície exterior do cassete de reagentes com uma toalha de papel

- Limpe a superfície da plataforma com etanol 50%, sem tocar nos Tubes Sipper

- Posicione o cassete de reagentes e dar início ao sequenciamento

7.1.2 Diversidade de comunidades microbianas do solo da Mata Atlântica

233

Esta seção apresenta os principais protocolos e composição dos meios e soluções utilizados

para a construção das bibliotecas do gene rRNA 16S e de pequenos insertos.

7.1.2.1 Concentração e purificação dos fragmentos do rRNA 16S

Para obtenção de grande quantidade de fragmentos e, assim, maximizar a cobertura da

diversidade, 10 reações para cada solo foram posteriormente concentradas. Foram utilizados

100 ng do DNA metagenômico por reação. O material foi precipitado com acetato de sódio e

etanol seguindo as seguintes etapas:

- Adição de 10% do volume total de acetato de sódio 3M

- Adição de 3X o volume de etanol 100%

- Centrifugação a 14000 rpm por 30 minutos a 4°C

- Descarte do sobrenadante;

- Adição de 1mL etanol 70%;

- Centrifugação a 14000 rpm 20 min.

- Descarte do sobrenadante;

- Esperar secar

- Ressuspender o material (20μL).

Após a verificação do material amplificado, uma corrida em gel de agarose 1% TAE 1X foi

realizada para sacar as bandas correspondentes aos produtos de amplificação do gene rRNA

16S. A purificação foi realizada com kit comercial Ultra Clean DNA Purification (Mo Bio). O

protocolo apresenta as seguintes etapas:

- Pesagem das bandas para determinar o volume de solução Ultra Salt (NaI 6M). Adicionar

3X volume (µL) correspondente ao peso das bandas (g) (ex: 3 µL: 1 g)

- Mistura e incubação das bandas a 55°C até derreter o gel (5-10 minutos)

- Adição de 10 µL da resina

- Incubação em temperatura ambiente por 5 minutos. Agitar suavemente por inversão

continuamente ou a cada minuto

- Centrifugação por 5 segundos a 14000 rpm (todas as centrifugações deste protocolo)

234

- Transferência do sobrenadante para outro tubo e guardá-lo em geladeira caso não

haja uma boa recuperação no final. Descartar após confirmação da eficiência do procedimento

- Ressuspender com 1mL da solução Ultra Wash (etanol 90%). Descarta o

sobrenadante. Repetir a lavagem.

- Ressuspender em 20 µL de água milliQ.

- Incubação por 5 minutos a temperatura ambiente.

- Centrifugação por 1 minuto.

- Transferência do sobrenadante para novo tubo e repetir a centrifugação.

- Recuperação do sobrenadante em tubo novo do DNA purificado.

A efetividade da purificação foi verificada em gel de agarose 1% TBE 1X.

7.1.2.2 Sistema de ligação

O sistema de ligação consiste nos produto de amplificação do rRNA 16S concentrado e

purificado, ligados ao plasmídeo vetor de clonagem pGEMT easy (Promega). A relação

Produto: Vetor utilizado nas reações foi no mínimo de 4:1. As reações de ligação foram

montadas da seguinte maneira:

Tabela 6. Reação de preparação do sistema de ligação.

Reagente Volume (µL)

DNA 3

Tampão (5x) 5

T4 DNA ligase 1

Água 1

Total 10

A reação foi incubada por 16 horas a 16 ° C e depois a enzima foi inativada a 65° C por 20

minutos. O material foi precipitado de acordo com o protocolo:

- 5 μL do sistema de ligação (guardar o restante no freezer)

- Adicionar 1 μL de tRNA (1 μg / μL).

235

- 14 μL de água milliQ (misturar)

- 50 μL de etanol 100% gelado

- Centrifugar 10 minutos a1400 rpm

- Adicionar etanol 70% (400μL). Centrifugar 5 minutos a 14000 rpm

- Esperar secar e ressuspender em 10μL.

7.1.2.3 Preparação de células eletrocompetentes

Células da linhagem E. coli EPI300 foram utilizadas nos experimentos de transformação e

clonagem. Todo material utilizado durante o procedimento (ponteiras, tubos e soluções) foi

colocado em freezer ou geladeira para garantir a eficiência do procedimento. As células

devem permanecer em gelo enquanto não estiverem sendo manuseadas e todo o procedimento

deve ser realizado em ambiente estéril. Foi utilizado o seguinte protocolo de preparação de

células competentes para eletroporação:

- Preparar um pré inóculo de 5 mL em meio LB da célula e incubar a 37°C durante a noite;

- Passar o pré inóculo (5 mL) para 500mL de meio LB novo;

- Incubar a 37 °C até alcançar densidade ótica na faixa 0.5 - 0.6 (cerca de três horas);

- Incubar em gelo por 30 minutos;

- Transferir para tubos novos;

- Centrifugar 20 minutos/ 4000 rpm/ 4 °C;

- Descartar sobrenadante e ressuspender em 5mL de água milliQ e depois completar

para 50 mL;

- Centrifugar 20 minutos/ 4000 rpm/ 4°C. Descartar o sobrenadante;

- Ressuspender em 5mL de glicerol 10 % e completar para 25 mL;

- Juntar de dois em dois tubos;

- Centrifugar 15 minutos/ 4000 rpm/ 4°C. Descartar o sobrenadante;

- Ressuspender o precipitado em 15 ml de glicerol 10%;

- Juntar dois tubos, cuidadosamente, sem perturbar o precipitado;

236

- Centrifugar 15 minutos / 4000 rpm/ 4°C. Descartar sobrenadante e aspirar o restante

com pipeta;

- Ressuspender o precipitado em 500μL de meio GYT;

- Juntar os dois tubos e distribuir 50μL por tubo;

- Armazenar -80°C

Meio LB (Luria-Bertani) caldo: 1 g de triptona; 0,5 g de extrato de levedura; 1 g de NaCl;

volume final de 100 mL; pH 7.0.

Meio GYT (Glicerol, yeast extract and triptone): 10% (v/v) glicerol; 0.125% (p/v) extrato de

levedura; 0.25% (p/v) triptona.

7.1.2.4 Extração plasmidial em placa

As extrações plasmidiais foram realizadas através do método da lise alcalina em placas de 96

poços de acordo com o protocolo a seguir:

-Retirar a placa contendo os clones a serem preparados para extração de DNA para

sequenciamento do freezer -80° e deixar descongelar no gelo por alguns minutos

-Adicionar, com o auxílio da pipeta de repetição (PR), 1 mL do meio de cultura LB

com ampicilina em cada poço da microplaca de cultura (deep wells)

-Utilizando o replicador (carimbo), através de técnicas assépticas, inocular os poços da

placa de crescimento com a cultura bacteriana certificando-se que todos os 96 poços foram

inoculados

-Selar a placa com um adesivo e furar o adesivo que cobre cada poço da placa com

uma agulha esterilizada para permitir a aeração e crescimento bacteriano

-Colocar a placa em um agitador horizontal ajustado a 240 rpm, 37 ° C. Deixe crescer

por 22 horas.

-Remover a placa do agitador. Conferir a uniformidade do crescimento e anotar

qualquer anormalidade após checar cada poço

-Centrifugar a 4000 rpm durante 15 minutos (23ºC) a microplaca de cultura para obter

um precipitado das células

-Remover o adesivo que recobre a placa de crescimento e descartar o sobrenadante em

um recipiente com lisorfórmio. Deixar escorrer o excesso de meio invertendo a placa sobre

237

um papel toalha por alguns minutos. Certifique-se que todo o meio de cultura foi removido

passando a placa com cuidado para outro papel toalha seco

-Adicionar ao sedimento bacteriano 240 µL da Solução I (GET = Tris/EDTA/Glicose).

Selar a placa com o mesmo adesivo e vórtex até ressuspender as células: 8 ponteiras amarelas

+ micropipeta multicanal + recipiente + GET + vórtex

-Centrifugar 6 minutos a 4000 rpm para obter um precipitado das células

-Remover a placa da centrífuga, descartar sobrenadante e secar a placa sobre papel

absorvente

-Ressuspender o sedimento bacteriano em 70 μL de GET com RNAse adicionada na

hora do uso (ver quantidade abaixo) com vórtex:

Para 4 placas: 28 ml de GET + 300 μL de RNAse (10 mg/ml)

Para 2 placas: 14 ml de GET + 150 μL de RNAse (10 mg/ml)

-Transferir 70 μL das suspensões de células para microplaca de fundo U, devidamente

identificada: caixa c/ 96 ponteiras amarelas + micropipeta multicanal + microplaca de fundo

U

-Adicionar 70 μL da Solução 2 (Solução de Lise = NaOH 0,2 M / SDS 1%, ver

quantidade abaixo, preparar na hora do uso), selar com adesivo novo e homogeneizar por

inversão 40 vezes:

Para 2 placas: NaOH 4M ................... 750 μL

H2O ............................ 10 ml

SDS 10% .................... 1,5 ml

H2O ............................ q.s.p 15 ml

-Incubar no gelo por 10 minutos

-Centrifugar 1 minuto a 4000 rpm para a solução soltar do adesivo antes de removê-lo

da placa

-Adicionar 70 μL da solução 3 gelada (Solução de Neutralização = KOAc 3 M), selar

com adesivo e homogeneizar por inversão 40 vezes

238

-Incubar no gelo por 10 minutos

-Centrifugar 20 minutos a 4000 rpm, 20 ° C. Enquanto isso, fixar com fita adesiva a

microplaca de filtro (Millipore) sobre a microplaca de fundo V já identificada, certificando-se

que os poços estão alinhados

-Transferir 120 μL do sobrenadante para microplaca de filtro (cuidado para não

transferir o precipitado)

-Centrifugar/Filtrar 6 min. a 4000 rpm

-Remover a microplaca-filtro. Precipitar os plasmídeos com a adição de 100 μL de

isopropanol (temperatura ambiente) a microplaca-fundo V, selar com adesivo novo e

homogeneizar por inversão 20 vezes

-Centrifugar 45 minutos a 4000 rpm, 20 ° C

-Descartar o sobrenadante e manter a placa invertida em papel filtro por 5 minutos.

-Lavar com adição de 200 µL de etanol 70% (temperatura ambiente). Selar com o

mesmo adesivo

-Centrifugar 15 minutos a 4000 rpm e descartar o sobrenadante

-Centrifugar 30 segundos a 600 rpm a microplaca invertida sobre papel toalha para a

remoção de traços de etanol

-Deixar a placa secar por 1 hora em temperatura ambiente (placa virada para cima,

tampada com papel toalha)

-Ressuspender o precipitado de plasmídeos em 30 μL de água Milli-Q e solubilizar

durante a noite

-O DNA deve ser estocado em ultrafreezer ou freezer convencional.

As amostras foram corridas em gel de agarose 1 % TBE 1 X para verificar a efetividade do

procedimento. A seguir, os meios e soluções utilizados:

Meio LB: NaCl ...................................................... 10 g

Bacto peptone (tryptone) ...................... 10 g

Bacto yeast extract ................................ 5 g

H2O ....................................................... 1000 ml

239

Autoclavar.

Ampicilina 100 mg/ml (estoque):

Ampicilina ............................................. 1 g

H2O Milli-Q autoclavada ...................... 1000 ml

Esterilizar por filtração (0,2 µm) e estocar a -20ºC – Não autoclavar.

Glicose 20%:

Glicose .................................................. 20 g

H2O Milli-Q autoclavada ...................... 1000 ml

Esterilizar por filtração (0,2 µm) e estocar a temperatura ambiente – Não autoclavar.

Solução EDTA – 0,5 M – pH 8,0:

EDTA 2 H2O ......................................... 186,1 g

H2O Milli-Q autoclavada ....................... 700 ml

Ajustar pH 8,0 com 10 M de NaOH

H2O Milli-Q autoclavada ....................... q.s.p 1000 ml

Estocar a 4ºC - Não autoclavar.

TRIS-HCl 1M pH 7,4:

TRIS base ................................................ 121 g

H2O Milli-Q autoclavada ........................ 800 ml

Ajustar pH 7,4 com HCl concentrado

H2O Milli-Q autoclavada ......................... q.s.p 1000 ml

Estocar a 4ºC – Não autoclavar.

Solução 1 (GET = Glicose/EDTA/TRIS):

240

Glicose 20% (filtrada) ................................. 46 ml

EDTA 0,5 M pH 8,0 ................................... 20 ml

TRIS-HCl 1M pH 7,4 ................................ 26 ml

H2O Milli-Q autoclavada ............................ q.s.p 1.000 ml

Estocar a 4ºC – Não autoclavar.

NaOH 4 M:

NaOH ......................................................... 16 g

H2O Milli-Q autoclavada ........................... 100 ml

Estocar a 4ºC – Não autoclavar.

SDS 10%:

SDS ............................................................. 10 g

H2O Milli-Q autoclavada ............................ 100 ml

Estocar a temperatura ambiente.

Solução 2 (NaOH 0,2 M / SDS 1%):

NaOH 4 M ................................................... 750 μL

H2O .............................................................. 10 ml

SDS 10% ...................................................... 1,5 ml

H2O .............................................................. q.s.p 15 ml

Preparar na hora do uso.

KOAc 5 M (estoque):

KOAc ............................................................ 46,87 g

H2O Milli-Q autoclavada .............................. 500 ml

241

Esterilizar por filtração (0,2 µm) e estocar a 4ºC.

Solução 3 (KOAc 3 M):

KOAc 5 M ..................................................... 60 ml

Ácido Acético Glacial ................................... 11,5 ml

H2O Milli-Q autoclavada ............................... 28,5 ml

Estocar a 4ºC

RNAse 10 mg/ml (estoque):

RNAse A ....................................................... 100 mg

H2O Milli-Q autoclavada ............................... 10 ml

Ressuspender em um tubo falcon de 50 ml, ferver por 15 minutos (a partir da fervura) em

banho-maria, esfriar a temperatura ambiente, aliquotar e estocar a -20 º C.

Etanol 70 %:

Etanol absoluto ............................................... 350 ml

H2O Milli-Q autoclavada ................................ 150 ml

Estocar a 4ºC.

7.1.3 Análise funcional da Biblioteca Metagenômica

7.1.3.1 Extração e purificação do DNA metagenômico com esferas de vidro

O DNA foi extraído de 5 g (aprox. 0,8 g de cada amostra) da mistura dos 6 tipos de solo

coletados através de lise mecânica, utilizando esferas de vidro (150-212 mícrons), aliado ao

tratamento com CTAB (brometo de hexadecilmetilamônio) e SDS (dodecil sulfato de sódio).

A extração de DNA do solo foi realizada conforme o seguinte protocolo:

-Adicionar 5 g de solo + 14 mL de Tampão A + 2 g de esferas de vidro

242

-Vortexar por 3 vezes por 90 s em intervalos de 10 minutos

-Colocar 1,5 mL de SDS 20 % + 100 μL de proteinase K

-Incubar 1 hora a 65 º C leve agitação a cada 15 minutos

-Centrifugar 15 minutos a 5000 rpm

-Remover o sobrenadante

-Precipitar com 1 volume de isopropanol e deixar 15 minutos em temperatura

ambiente

-Centrifugar 15 minutos a 12000 rpm e descartar o sobrenadante

-Ressuspender em 800 µL de TE (200 µL cada tubo, lavando o precipitado e passando

para outro tubo)

-Adicionar 1 mL de PEG 8000 13 % Na Cl 1.6 M

-Incubar 1 hora a temperatura ambiente

-Centrifugar 20 minutos a 12000 rpm e remover o sobrenadante

-Ressuspender em 400 µL de TE (200 µL cada tubo, lavando o precipitado e passando

para outro tubo)

-Adicionar acetato de potássio (KAc) na concentração final de 0,5 M (0,98 g em 10

mL de água). Incubar em gelo por 5 minutos

-Centrifugar 20 minutos a 12000 rpm

-Transferir o sobrenadante e extrair 4 vezes com fenol, com centrifugações de 2

minutos a 12000 rpm e transferir a fase superior para novo tubo

-Lavar 2 vezes com 1 volume de clorofórmio: álcool isoamílico e centrifugar 2

minutos

-Transferir a fase aquosa par tubo novo e precipitar com 1 volume de isopropanol

-Incubar 1 hora a temperatura ambiente

-Centrifugar 20 minutos a 12000 rpm

-Adicionar 1 volume de etanol 70 % e centrifugar 5 minutos a 12000 rpm

-Secar e ressuspender em 200 µL de água

243

A eficiência da extração foi analisada em gel de agarose a 1% em TBE 1X (p/v). Em seguida,

foi construído um gel para a excisão das bandas contendo os fragmentos de DNA com o

tamanho esperado. Os fragmentos foram purificados com o kit Ultra Clean DNA purification

(Mo Bio).

Tampão A: 100 mM Tris-HCl pH 8.0; 100 mM de fosfato de sódio pH 8.0; 100 mM sódio

EDTA; 1.5 M HCl; 1 % CTAB.

7.1.3.2 Preparação do vetor de clonagem pCF430

Após extração o plasmídeo foi linearizado com enzima de restrição EcoRI, seguindo a

seguinte reação:

Tabela 7: Reação de digestão do vetor pCF430.

A reação foi incubada a 37 º C durante 4 horas e posteriormente a 65 º C por 20 minutos.

A verificação da linearização do plasmídeo foi realizada através de gel de agarose 1 % TBE

1X. Após linearização, o plasmídeo foi tratado com fosfatase alcalina (SAP – Shrimp alcaline

phosphatase) para retirada dos resíduos de fosfato que permanecem na molécula de DNA

após a ação da endonuclease. A seguinte reação foi incubada a 37 ° C durante a noite.

Tabela 8: Tratamento do vetor pCF430com SAP.

Reagentes Volume (µL)

pCF430 70

Tampão10 x 10

BSA 10x 10

PstI 10

Total 100

Reagentes

Volume

(µL)

SAP (Shrimp Alkaline 5

244

A reação foi precipitada com acetato

de sódio e álcool e ressuspendido em 16 μL,

que foram utilizados para

montagem da reação de religação do plasmídeo. A reação foi incubada a 16 ° C durante a

noite.

Tabela 9 Reação de ligação do vetor pCF430.

Após os tratamentos, os vetores foram submetidos à eletroforese em gel de agarose Low

melting 1% TAE 1X (sem brometo de etídeo) durante 4 horas e baixa voltagem (aprox. 40 V).

A banda referente ao plasmídeo circularizado é sacada do gel e usando sistema comercial

Qiaex II (Qiagen). A verificação da obtenção do plasmídeo pCF430 tratado e pronto para ser

utilizado nos experimentos de clonagem foi realizada em gel de agarose 1% TBE 1X.

7.1.3.3 Digestão parcial do DNA metagenômico

A reação de digestão parcial do DNA metagenômico otimizada foi:

phosphatase)

Tampão 5x 5

Água 45

pCF430 95

Total 150

Reagentes

Volume

(µL)

pCF430 tratado 16

T4 DNA ligase (Invitrogen) 2

Tampão 10 x 2

Total 20

245

Tabela 10 Reação de digestão parcial do DNA metagenômico

pela enzima PstI.

A reação foi incubada a 37 ° C por 2 horas e posteriormente a 65 ° C por 20 minutos.

O resultado da digestão foi verificado em gel de agarose low melting 1,5% TAE 1X (sem

brometo de etídeo). A região do gel correspondente aos fragmentos de 4 – 10 Kb foi

purificada com Ultra Clean DNA Purification (Mo Bio).

7.1.3.4 Clonagem dos médios insertos

A reação de ligação entre os insertos de 4 – 10 Kb purificados com o plasmídeo pCF430

tratado foi feita da seguinte maneira:

Tabela 11 Reação de ligação entre o vetor pCF430 e os fragmentos de DNA metagenômico

Reagentes Volume (µL)

DNA (0,5 µg / µL) 4

BSA 10 x 1

Tampão H 1

PstI 1

Água 3

Total 10

Reagentes

Volume

(µL)

DNA (30 ng / µL) 21

pCF430 (100 ng /µL) 4

Tampão 10x 3

246

A reação foi incubada a 16 ° C durante a noite e posteriormente a 65 ° C por 20 minutos.

Após a inativação o sistema de ligação foi diluído 2 vezes e dialisado em membrana Type-VS

Millipore (0.025 µm) durante meia hora.

7.1.3.5 Reativação e pré - seleção de clones em meio CMC

Foram seguidas as seguintes etapas a partir da biblioteca metagenômica estocada a – 80 º C:

- Uma alíquota de 10 µL da cultura foi inoculada em 50 mL de LB +Tc (40 mg / mL) e

incubada a 37 º C durante 16 horas;

- Após crescimento, duas passagens foram realizadas em 50 ml de meio CMC + Tc (40

mg / mL)

- 100 µL da diluição 10 -2

foram plaqueados em placa de petri contendo meio CMC + Tc

(40 mg / mL).

- As colônias foram separadas e isoladas em placas de 96 poços de CMC+Tc (40 mg /

mL). e estocadas a – 80 º C após adição de 50 µL de glicerol 50 %.

Tabela 12 Composição do meio mínimo de sais com carboxi metil celulose (CMC).

Reagentes Peso (g)

Nitrato de sódio (NaNO3) 1,2

Fosfato monobásico de potássio (KH2PO4) 3

Fosfato dibásico de fosfato (K2HPO4) 6

Ligase 2

Total 30

247

Sulfato de magnésio (MgSO4.7H2O) 0,2

Cloreto de cálcio (CaCl2.2H2O) 0,05

Sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O 0,001

Sulfato de manganês (MnSO4,7H2O) 0,01

Extrato de levedura 1

Carboxi metil celulose (CMC) 10

Ágar 10

7.1.3.5.1

7.1.3.6 Atividade FPásica (celulose total)

Pedaços de folha de papel de filtro Watmann nº 1 (1x6 cm) foram utilizados como substrato.

Os experimentos foram realizados em duplicata e duas reações controle e um branco foram

utilizados nos ensaios, preparados da seguinte maneira:

Amostra: Papel + 1 mL de tampão + 500 µL de amostra;

Controle 1 (enzima): 500 µL de amostra (enzima) + 1 mL de tampão;

Controle 2 (substrato): Papel + 1,5 mL de tampão;

Branco: 1,5 mL de tampão.

- Incubar a 50 º C por 1hora

- Transferir imediatamente para banho fervente (100 º C) e incubar por 10 min.

- Adicionar 3 mL de reagente DNS (ácido dinitrosalicílico) e incubarem banho

fervente por 5 minutos.

- Colocar 20 mL de água destilada em todos os tubos.

- A leitura das amostras deve ser feita no comprimento de onda 540nm.

248

7.1.3.7 Atividade CMCásica (endoglucanásica)

O substrato utilizado foi solução CMC 2 %. Os experimentos foram realizados em duplicata e

duas reações controles e um branco foram utilizados nos ensaios e preparados da seguinte

maneira:

Amostra: 50µL de CMC2% e 50µL de amostra

Controle 1 (enzima): 50 µL de amostra + 50 µL de tampão

Controle 2 (substrato): 50µL de CMC 2 % e 50 µL de tampão

Branco – 100µL de tampão

- Incubar a 50ºC por 15min.

- Transferir imediatamente para banho fervente (100ºC) e incubar por 10min.

- Adicionar 300 µL de reagente DNS Voltar para o banho fervente por 5min.

- Adicionar 1,5 ml de água destilada

- A leitura das amostras deve ser feita no comprimento de onda 540nm.

7.1.3.8 Atividade β-glicosidásica

O substrato utilizado foi solução de celobiose 2 %. Os experimentos foram realizados em

duplicata e duas reações controles e um branco foram utilizados nos ensaios e preparados da

seguinte maneira:

Amostra: 50µL de celobiose 2 % + 50 µL de amostra.

Controle 1 (enzima): 50 µL de amostra + 50 µL de tampão

Controle 2 (substrato): 50 µL de celobiose 2 % e 50 µL de tampão.

Padrão: Solução padrão de glicose

- Incubar a 50ºC por 15min

- Transferir imediatamente para o banho fervente (100ºC) e encubar por 10min.

- Adicionar 1mL de solução GOD (glicose oxidase)

- Levar tudo para o banho a 37ºC, onde fica por 15min.

249

250

7.2 Anexo 2. Lista de publicações

Trabalhos produzidos durante o doutorado.

7.2.1 Periódicos

7.2.1.1 Artigo 1

de Castro AP, Araújo SD Jr, Reis AM, Moura RL, Francini-Filho RB, Pappas G Jr,

Rodrigues TB, Thompson FL, Krüger RH. Bacterial community associated with healthy

and diseased reef coral Mussismilia hispida from eastern Brazil. Microb Ecol. 2010

May;59(4):658-67.

7.2.1.2 Artigo 2

Bruce T, Martinez IB, Maia Neto O, Vicente AC, Kruger RH, Thompson FL. Bacterial

community diversity in the Brazilian Atlantic forest soils. Microb Ecol. 2010

Nov;60(4):840-9.

7.2.1.3 Artigo 3

Thompson FL, Bruce T, Gonzalez A, Cardoso A, Clementino M, Costagliola M, Hozbor

C, Otero E, Piccini C, Peressutti S, Schmieder R, Edwards R, Smith M, Takiyama LR,

Vieira R, Paranhos R, Artigas LF. Coastal bacterioplankton community diversity along a

latitudinal gradient in Latin America by means of V6 tag pyrosequencing. Arch

Microbiol. 2011 Feb;193(2):105-14.

7.2.1.4 Artigo 4

Bruce T, Meirelles PM, Garcia G, Paranhos R, Rezende CE, de Moura RL, Francini-Filho

R, Vasconcelos AT, Amado-Filho G, Hatay M, Edwards R, Schmieder R, Dinsdale L and

Thompson FL. Abrolhos reef Bank health evaluated by means of water quality, microbial

diversity, benthic cover, and fish biomass data. Plos One. Aceito para publicação.

7.2.2 Capítulo de livro

Bruce T, Castro A, Thompson CC Kruger RH, Thompson FL. Microbial diversity of

Brazilian biomes. Genomics Applications and the Developing World. Springer. J. Craig

Venter Institute. Em fase de edição.