Divulga Ciência - Maio/2010

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Divulga Ciência Jornal do Inpa Distribuição Gratuita Manaus, Maio de 2010 · Ano II · Ed. 06 · ISSN 2175-0866 www.inpa.gov.br Terra preta de índio pode auxiliar agricultura na Amazônia Pesquisa Saúde Meio Ambiente Economia Educação & Sociedade Educação & Sociedade Pesquisa O Inpa integra uma rede internacional que estuda o tema com a finalidade de favorecer a agricultura regional . Pág. 5 Pesquisa pode auxiliar na medição de CO2 Inpa parcipa do Dia da Biodiversida- de Estudo avalia produção da borracha no Amazonas Inpa integra programa de redução da mortalidade infanl Pág. 6 Estudo mostra que reflorestamento é favorável à redução de carbono no ar Pág. 4 Instuto comemorou com passeio e gincanas no Jardim Botânico Pág. 5 Estudo aponta boa aceitação da es- pécie em vários ambientes da região Pág. 7 Seminário debate importância da conservação de obras raras Pág. 4 Pesquisa garante idenficação de no- vos insetos nos igarapés da Amazônia Pág. 3 Foto: Daniel Jordano Foto: Marcell Mota Foto: Daniel Jordano Foto: Tabajara Moreno Pesquisador do Inpa Newton Falcão e a pesquisadora da Universidade de Michigan (EUA) Antoinee WinklerPrins em visita à área de pesquisa na Costa do Laranjal, comunidade do município de Manacapuru-AM

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Jornal de divulgação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

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Divulga CiênciaJornal do Inpa

Distribuição GratuitaManaus, Maio de 2010 · Ano II · Ed. 06 · ISSN 2175-0866www.inpa.gov.br

Terra preta de índio pode auxiliar agricultura na AmazôniaPesquisa

Saúde

Meio Ambiente Economia

Educação & Sociedade

Educação & Sociedade

Pesquisa

O Inpa integra uma rede internacional que estuda o tema com a fi nalidade de favorecer a agricultura regional . Pág. 5

Pesquisa pode auxiliar na medição de CO2

Inpa parti cipa do Dia da Biodiversida-de

Estudo avalia produção da borracha no Amazonas

Inpa integra programa de redução da mortalidade infanti lPág. 6

Estudo mostra que refl orestamento é favorável à redução de carbono no arPág. 4

Insti tuto comemorou com passeio e gincanas no Jardim BotânicoPág. 5

Estudo aponta boa aceitação da es-pécie em vários ambientes da regiãoPág. 7

Seminário debate importância daconservação de obras rarasPág. 4

Pesquisa garante identi fi cação de no-vos insetos nos igarapés da AmazôniaPág. 3

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Foto: Marcell Mota Foto: Daniel Jordano Foto: Tabajara Moreno

Pesquisador do Inpa Newton Falcão e a pesquisadora da Universidade de Michigan (EUA) Antoinett e WinklerPrins em visita à área de pesquisa na Costa do Laranjal, comunidade do município de Manacapuru-AM

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Boa Leitura | Guia revela segredos dos sapos amazônicos

Tome Ciência

O livro “Guia de Sapos da Reserva Adolpho Ducke – Amazônia Central” apresenta as principais característi cas e a importância ecológica de 50 espécies de sapos encontrados na reserva fl orestal e estudados por cienti stas do Inpa. O guia transporta o leitor a uma viagem insólita às peculiaridades de cada um dos anfí bios descritos, revelando informações sobre a coloração, o modo de reprodução, defesa e alimentação dos sapos, além da função comunicati va dos sons emiti dos por alguns deles.

A obra, escrita em português e inglês, também ressalta a importância que os sapos assumem no trabalho de manutenção do equilíbrio ambiental nas áreas onde habitam. Uma das propostas do guia é servir de base para a catalogação de outras espécies e realização de pesquisas cientí fi cas. Uma ver-são digital do livro está disponível em htt p://ppbio.inpa.gov.br/Port/inventarios/guias, além de vídeos dos cantos dos sapos.

Escrito por Alberti na Lima, William Magnusson, Marcelo Menin, Luciana Erdtmann, Domingos Ro-drigues, Cláudia Keller e Walter Hödl, a publicação do Inpa contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí fi co e Tecnológico (CNPq), do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), da Fundação BBVA e do Insti tuto de Pesquisas da Áustria.

Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tati ana Lima (MTB 4214/MG) · Editor Chefe: Da-niel Jordano · Jornalista Responsável · Tabajara Moreno · Repórteres: Kleiton Renzo, Edu-ardo Gomes, Josiane Santos e Wallace Abreu · Editoração Eletrônica: Kleiton Renzo (www.r3nzo.com) · Revisão: Josiane Santos · Secretário de Redação: Everton Marti ns.

Tiragem: 1000 · Edição 06 · Maio de 2010 · ISSN 2175-0866.Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

+55 92 3643-3100 / 3104

[email protected]

www.twitt er.com/ascom_inpa

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Expediente Fale com a redação

Novos “Pequenos Guias”

Rede interna do Inpa reestruturada

PNPD aprova bolsas de pós-doutora-do do Inpa

Assessoria do Inpa é destaque no Prê-mio FAPEAM de Jornalismo Ciêntífi co

O Projeto Pequenos Guias do Bos-que da Ciência do Inpa/MCT iniciou as aulas para os 34 estudantes seleciona-dos a participar do projeto em 2009.

Ao todo, 81 crianças se inscreveram para participar de três ofi cinas ofere-cidas pelo Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (Lapsea). Os selecionados receberão durante seis meses orientações de pesquisadores e educadores do Inpa para monitorar as visitas no Bosque da Ciência.

O Inpa/MCT reestruturou 40% de seu parque tecnológico. Os recursos são provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do proje-to “Grandes Vultos” e “Projeto Infra”. O investimento pretende equiparar a velocidade da rede interna do Inpa à usada no Ministério da Ciência e Tec-nologia (MCT), em Brasília.

O Inpa/MCT teve seis propostas de bolsa de pós-doutorado nas áreas Ci-ências Agrárias, Ciências Biológicas e Ecologia e Meio Ambiente aprovadas no Programa Nacional de Pós-Douto-rado (PNPD).

As propostas foram elaboradas pe-los pesquisadores José Francisco de Carvalho, da Coordenação de Pesqui-sas em Silvicultura Tropical (CPST), Newton Paulo de Souza, da Coorde-nação de Pesquisas em Ciências Agro-nômicas (CPCA), Elizabeth Franklin, da Coordenação de Pesquisas em En-tomologia (CPEN), e William Magnus-son, da Coordenação de Pesquisas em Ecologia (CPEC) – estas duas últimas contempladas com duas bolsas, cada uma.

As bolsas terão duração máxima de cinco anos e serão preenchidas através de processo seletivo, sem data previs-ta para acontecer.

Jornalistas da Assessoria de Comu-nicação do Inpa foram ganhadores do I Prêmio FAPEAM de Jornalismo Cien-tifi co, no último dia 29 de abril. Entre as oito modalidades da premiação, os jornalistas do Inpa/MCT concorreram em cinco: Impresso Profi ssional e In-ternet Profi ssional, com Tharcila Mar-tins; Impresso Estudante e Internet Estudante, com Eduardo Gomes, Da-niel Jordano, Tabajara Moreno e Mário Bentes, além da categoria Rádio Estu-dante, com Daniel Jordano.

O Prêmio visa o reconhecimento aos jornalistas e estudantes de comu-nicação que buscam a divulgação cien-tifi ca como forma de estreitar a con-versa entre a população e as pesquisas desenvolvidas no Amazonas.

Mário Bentes e Daniel Jordano fo-ram vencedores em suas categorias. Jordano ainda ganhou mensão honro-sa por sua atuação constante em C&T.

Foto: Eduardo Gomes Foto: Daniel Jordano Foto: Ricardo Oliveira/FAPEAM

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Pesquisa · Divulga Ciência Maio de 2010 · Página 3

Parceria garante identificação de novos insetos nos igarapés da AmazôniaA parceria entre o Inpa e o Smithsonian Institution tem o objetivo de catalogar novas espécies de insetos. O foco será as moscas presentes nas margens dos igarapés

| Daniel Jordano

Uma parceria entre o Instituto Na-cional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e o Smithsonian Institution, com sede nos Estados Unidos, vai garantir a identificação e catalogação de novas espécies de insetos da região Amazô-nica.

Os estudos vão se concentrar em espécies de moscas que vivem às mar-gens de igarapés. Os exemplares fo-ram coletados durante excursões de pesquisadores da Coordenação de En-tomologia (CPEN) do Inpa, nas regiões do entorno de Manaus e em diversas localidades amazônicas. Com a parce-ria será possível identificar mais espé-cies e formar um banco de dados mais completo sobre as moscas regionais.

Segundo o biólogo da CPEN José Albertino Rafael as moscas, muitas com tamanho da cabeça de um alfi-nete, ainda não tinham sido alvo de estudos. Com o trabalho será possível descobrir novas espécies e entender o papel delas no ecossistema da região. “As moscas também são importantes na questão do equilíbrio ecológico da natureza. É um grupo bastante diver-sificado, mas pouco conhecido por conta do tamanho reduzido, talvez por isso ninguém tenha se dedicado aos estudos delas”, disse.

Conhecer para conviverO estudo e a descoberta de novas

espécies de moscas na região repre-sentam ainda a possibilidade de ação para conter algumas espécies que afe-tam plantações.

De acordo com o pesquisador do Smithsonian Institution, Wayne Ma-this, identificar novas espécies de moscas é uma forma de permitir ao homem conhecer mais sobre os inse-

tos e, sobretudo, conviver melhor com eles. “Algumas espécies de mosca são pragas e atingem plantações como, por exemplo, as de arroz, diminuindo a produção. A identificação pode ajudar, até mesmo, a descobrir como intervir nesses casos e em situações nas quais uma espécie é introduzida em um am-biente diferente”, observa Mathis.

Ainda segundo o pesquisador, as moscas servem como bioindicado-res, ou seja, demonstram se há algo de errado no ambiente. “Há algumas espécies que preferem água doce, outras água salgada ou até água po-luída. A presença ou a ausência des-sas espécies pode indicar se a água

está pura ou poluída”, contou o pes-quisador.

De dezembro do ano passado, mês que foi intensificado o processo de coleta, até maio deste ano, dobrou a identificação de novas espécies de moscas coletadas somente nas re-giões do entorno de Manaus. A idéia agora é ampliar a rede de pesquisado-res atuando na atividade.

“Há mais 150 mil espécies de mos-cas conhecidas e, na maioria dos ca-sos, ainda precisamos fazer o levan-tamento somente para identificar e descrever. A América Latina é um mundo novo nesse sentido”, enfati-zou Mathis.

Fotos: Tabajara Moreno

Identificação de moscas da Amazônia nos laboratórios do Inpa. Há espécies que podem chegar ao tamanho da cabeça de um alfinete

“poderemos ter produtos de alta qualidade para

competir igualmente com similares, em nível nacional

e internacional”

Pesquisador Wayne Mathis em laboratório

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Pesquisa deve auxiliar na medição de CO2Os estudos fazem parte de disserta-ção de mestrado e avalia contribuição dos projetos de refl orestamento para a redução das emissões de carbono para a atmosfera.

Um novo estudo deve auxiliar os pesquisadores a calcular a quanti-dade de carbono absorvida em áre-as de reflorestamento. A proposta foi tema da dissertação de mestra-do do aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) Gabriel Henrique Ribeiro.

Ele é formado em engenharia florestal pela Universidade de Bra-sília (UnB).O estudante concentrou a análise de seus estudos em dados coletados na ZF-2, área de pesquisas do Inpa que fica nas proximidades da BR- 174, rodovia que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR). Com o títu-lo “Desenvolvimento de modelos alométricos para estimar biomas-sa e carbono de mudas de espécies arbóreas, em áreas atingidas por tempestade de vento em Manaus”, o trabalho começou após ventos fortes atingirem grandes áreas de floresta no ano de 2005.

Ribeiro explica a maneira pela qual a pesquisa permite calcular a redução de CO2 via projetos de reflorestamento.“Foram testados dez modelos para estimar a biomas-sa e carbono da regeneração natural. A biomassa foi estimada em função do diâmetro da planta, altura total e número de folhas de cada indivíduo, sendo depois multiplicada pela con-centração percentual de carbono. A melhor equação pode ser utilizada para estimar o sequestro de carbo-no em projetos de reflorestamento para a região de Manaus”, disse.

Ainda segundo Ribeiro, o estudo avalia qual é a real contribuição dos projetos de reflorestamento para a redução das emissões de carbono para a atmosfera.

| Daniel Jordano

Educação & Sociedade · Divulga Ciência Maio de 2010 · Página 4

Seminário debate importância da conservação de obras rarasO evento reuniu estudantes de Biblioteconomia, pesquisadores do Inpa e especialistas da Biblioteca Pública Nacional do Rio de Janeiro

| Daniel Jordano

Um Livro de 1684 que conta parte da História do Amazonas, dentre outras publicações científi cas dos séculos XIX e XX. Todo esse rico material faz parte do acervo da Biblioteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). A conservação das obras raras foi tema do seminário “Gestão de Acervos de Obras Raras”.

Quase cem pessoas participaram do evento que aconteceu na sede do Inpa e teve como palestrantes Jayme Spinelli, coordenador de preservação da Bibliote-ca Nacional, e Rosangela Rocha Von Hel-de, gerente do Plano Nacional de Recupe-ração de Obras Raras (Planor).

Técnicas de conservação de livros e a importância de se manter obras raras acessíveis às futuras gerações foram des-taque nos debates. Spinelli destacou a im-portância da conservação de obras raras.

Para ele, é importante investir na recu-peração das obras para que as próximas gerações tenham acesso ao material. “Te-mos que fazer com que as coisas ocorram de forma coerente para que se tenha um futuro. É necessário que essas obras per-maneçam íntegras para os brasileiros que virão e esse é nosso papel”, disse.

Spinelli afi rmou ainda que o trabalho de restauração não se limita aos livros. Foto-grafi as feitas por Dom Pedro II estão sob a responsabilidade da Biblioteca Nacional. Ele destacou ainda o seminário feito pelo Inpa. “Nós temos uma coleção com mais de 350 álbuns com o acervo de Dom Pe-

dro II quando acabou a monarquia. Para manter isso, temos tecnologia específi ca para conservação de fotografi a, um acer-vo riquíssimo. O Inpa é um parceiro que se estabelece, de grande valor com seu um acervo científi co. Estamos a disposição para colaborar”, afi rmou.

Acervo Científi co O presidente da Associação dos Pes-

quisadores do Inpa (Aspi), William Gama, afi rmou que o Instituto tem o terceiro maior acervo científi co sobre a Amazônia no mundo. A troca de experiência com os técnicos da Biblioteca Nacional vai permi-tir a melhor gestão desse acervo. “A bi-blioteca do Inpa possui um acervo de três mil obras e é por isso que convidamos os técnicos da Biblioteca Nacional, maior re-ferência no país. O Spinelli e a Rosangela são pessoas experientes com mais de 30 anos de trabalho o que vai nos auxiliar”, destacou.

A biblioteca do Inpa está localizada no campus I do Instituto na Avenida An-dré Araújo, Aleixo. Para a responsável do local, Silvia Lessi, ter um acervo com li-vros que datam século XVII é manter um pouco da história para assim avançar no conhecimento. Ela destaca a importância do seminário sobre gestão de obras rara. “Nós temos vários livros, a maioria sobre a fl ora brasileira e amazônica. Preservar livros raros é preservar nossa história”, enfatizou.

Acervos da Biblioteca do Inpa conta com tí tulos do século XVII

Foto: Daniel Jordano

Page 5: Divulga Ciência - Maio/2010

Meio Ambiente · Divulga Ciência Maio de 2010 · Página 5

Semente para o futuro: terra preta de índio pode auxiliar agricultura na AmazôniaPresente em várias regiões da Amazônia e altamente férti l, a terra preta de ín-dio originou-se do processo de queima controlada feita pelos indígenas. O Inpa integra uma rede internacional que estuda o tema com a fi nalidade de favorecer a agricultura regional

Uma terra altamente fértil e nela, na maioria das vezes, é possível encontrar artefatos indígenas como vasos de cerâ-mica. Vestígios de povos que há milhares de anos desenvolveram uma técnica de trabalho com o solo que os cientistas ain-da tentam desvendar.

A chamada terra preta de índio está presente em várias áreas da Amazônia. Segundo especialistas, ela é fruto do processo de queima controlada feita por indígenas da região. O que os cientistas analisam agora é de que forma os índios pré-colombianos fi zeram esse processo.

Uma rede internacional de pesquisa-dores estuda o assunto com o objetivo de desvendar o processo usado pelos in-dígenas para obter uma terra altamente fértil. A ideia é usar essas informações para auxiliar o desenvolvimento da agri-cultura na Amazônia.

Um grupo de pesquisadores do Insti-tuto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e da Universidade de Michi-gan (EUA) realizou uma visita a algumas áreas na comunidade da Costa do La-ranjal em Manacapuru, interior do Ama-zonas. A área é utilizada há mais de 150 anos por várias famílias para o cultivo de hortaliças e espécies frutíferas.

O projeto multidisciplinar reúne vá-rias linhas de pesquisa em áreas como etnobotânica, antropologia e geologia, tendo como base a recuperação de áre-as degradadas e o desenvolvimento de agricultura familiar com segurança ali-mentar.

Segundo o pesquisador da Coorde-nação de Ciências Agronômicas do Inpa, Newton Falcão, a ideia é fazer com que os estudos permitam atingir um manejo de resíduos orgânicos como folhas, ossos e restos de alimento no solo. “Nós temos que fazer algo no sentido de manejar es-ses resíduos orgânicos e começar a cons-truir a fertilidade do solo. Acreditamos

que a chamada terra mulata, que é uma transição da terra preta de índio com o solo comum, é um fruto de um manejo que os índios faziam, inclusive, usando o fogo de maneira controlada e racional”, enfatizou.

O BiocharO tema está em alta em todo o mundo

e integra o projeto realizado pelo Inpa, um dos pioneiros mundiais na utilização da técnica. O Biochar é uma espécie de carvão feito a partir da queima em labo-ratório de materiais verdes.

Depois de produzido, o Biochar é en-terrado para a fertilização do solo. Os es-pecialistas ainda analisam quais espécies de plantas podem ser usadas para pro-duzir o Biochar.

Para a pesquisadora da Universidade de Michigan, Antoinette WinklerPrins, os estudos com terra preta de índio repre-sentam uma semente para o futuro em relação ao uso sustentável do solo. “Já há várias ideias que estão em prática e que já auxiliam os pequenos produtores da região. Esse projeto é uma semente para o futuro”, disse.

WinklerPrins também realiza uma pesquisa em Santarém, no Pará, base-ada na queima controlada de produtos orgânicos para a fertilização do solo. Ela explica que a análise foi feita a partir do hábito das pessoas de varrerem os quin-tais e depois queimarem as folhas e de-mais materiais orgânicos.

“O manejo de solos inclui o que cha-mamos de terra queimada. As mulheres que cuidam dos quintais varrem todo o material orgânico e o queimam de forma bem controlada. Os resíduos dessa quei-ma são colocados ao redor das plantas e nos canteiros de hortaliças. Nós preten-demos aprofundar esse trabalho e tentar expandi-lo para outras áreas da região”, destacou.

| Daniel Jordano

Inpa participa do Dia da BiodiversidadeO Dia Mundial da Biodiversidade foi comemorado com passeio e gincanas no Jardim Botânico de ManausAdolpho Ducke

Crianças, jovens e adultos acompanha-dos de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e do Museu da Amazônia (Musa) conheceram as trilhas, animais e plantas existentes no Jardim Botânico Adolpho Ducke. O evento fez parte do Dia Mundial da Biodiversidade comemorado no sábado dia 2 de maio.

O público presente foi divido em grupos e convidado a participar do passeio cien-tífi co guiado por especialistas de diversas áreas. No passeio pelas trilhas do jardim botânico, os participantes recebiam in-formações sobre as espécies de plantas, fungos, aves, insetos e sapos, e realizavam a coleta das espécies, como parte de uma gincana educativa.

A estudante Eloísa Oliveira do Amaral, 14, desde os cinco anos participa das ati-vidades do Inpa, e revela que a cada par-ticipação tem aprendido coisas novas e enriquecedoras. “Eu aprendo coisas novas, conheço várias espécies de animais, então é muito bom para o meu aprendizado. Foi uma experiência muito especial”, disse a estudante.

A bióloga Gália Matos, da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), ressalta a importância do evento.“Não podemos dei-xar de comemorar essa data para o calen-dário ecológico. Os mamíferos aquáticos integram um ecossistema extremamente complexo no qual existe um ciclo de hie-rarquia muito grande e essencial dentro das cadeias alimentares”, observa.

Os participantes puderam ver tendas com exposições de peixes e painéis com informações sobre plantas alimentícias e não convencionais. O Jardim Botânico Adolpho Ducke possui 70 espécies de pei-xes e mais de 100 samambaias.

| Josiane Santos

Estudantes fazem coleta na Reserva Ducke

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Saúde · Divulga Ciência Maio de 2010 · Página 6

Inpa integra programa de redução damortalidade infantilO Amazonas registrou no período de 2000 a 2007 mais de 11 mil óbitos de crianças menores de um ano de idade. Manaus liderou o ranking no Estado com quase sete mil óbitos

| Josiane Santos

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Durante a “Chamada Neonatal”, Manaus terá 30 postos e os demais municípios do interior do Amazonas, terão 25

Entre 2000 e 2007, aproximadamen-te 500 mil crianças menores de um ano de idade morreram no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde e indicam ainda que os maiores índices de morta-lidade infantil se concentram nos Esta-dos das regiões Norte e Nordeste.

Entre as principais causas aponta-das na pesquisa estão a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, a baixa renda das famílias, a falta de sanea-mento básico e a ausência de medidas simples como o pré-natal e a vacina-ção das crianças nos primeiros meses de vida.

Para reduzir esse índice de mortali-dade, o Governo Federal em parceria com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e governos es-taduais e municipais criaram o Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil, aplicado em 256 municípios das regi-ões do norte e nordeste.

O Inpa coordena as atividades do programa nos estados do Acre, Ron-dônia, Roraima, Amazonas e Mato Grosso. As ações do Inpa estão sob responsabilidade da pesquisadora da Coordenação de Ciências da Saúde (CPCS) Lúcia Yuyama.

O Pacto vai analisar os motivos das altas taxas da mortalidade infantil nas Regiões Norte e Nordeste e propor

ações que diminuam esses índices. A meta do programa é reduzir para 5% ao ano a taxa de mortalidade neonatal em crianças menores de um ano.

Para iniciar essa investigação será

realizada a “Chamada Neonatal”. A atividade ocorrerá no dia 12 de junho durante a Campanha Nacional de Imu-nização e vai consistir na aplicação de questionários e a mensuração de peso e altura das crianças.

Capacitação e treinamento de equipes

O Inpa ainda está realizando a pri-meira etapa do projeto, que consiste na capacitação de agentes multiplica-dores dos grupos de trabalho em cada Estado. Cada grupo de trabalho é for-mado por organizador de filas (respon-sável por selecionar as crianças), dois entrevistadores (aplicação dos ques-tionários) e dois antropometristas (res-ponsável pela medição das crianças). A Fiocruz é responsável pela elaboração

do questionário socioeconômico.Manaus, Borba, Coari, Itacoatia-

ra, Manacapuru, Maués, Parintins, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Tapauá e Tefé são os municípios do Amazonas que vão participar do pro-grama.

O investimento estimado para o estado é de R$ 9,3 milhões.“O nosso desafio é trabalhar com uma equipe fortemente integrada e esquecer as diferenças políticas, porque a ciência não tem barreira e nem fronteira, ela é acima de tudo uma atividade social com fins sociais e o Inpa tem essa mis-são de ser uma instituição de pesqui-sa, cuja missão é gerar e disseminar conhecimentos e tecnologias, e ca-pacitar recursos humanos para o de-senvolvimento da Amazônia”, avalia Yuyama.

Segundo a coordenadora, a ques-tão logística é o principal entrave a re-alização do programa na região Norte. Para amenizar esse problema, o grupo de trabalho conta com multiplicado-res que capacitam outros grupos de trabalho, e contam com o apoio de universidades, técnicos e profissionais da saúde do Estado, principalmente no interior.

Locais de aplicação de questioná-rios

Durante a “Chamada Neonatal”, Manaus terá 30 postos e os demais municípios do interior do Amazonas, que fazem parte do programa, terão 25 postos para seleção e aplicação dos questionários.

Para participar do programa, a mãe precisa morar no município onde a criança nasceu. Outro critério para participação no programa é que a mãe esteja acompanhada da criança e por-tando os cartões da criança e da mãe durante a aplicação do questionário.

O prazo estimado para o levanta-mento e a avaliação dos dados cole-tados pelos grupos de trabalho é de aproximadamente um mês e meio.

Amazonas receberá inves-timento na ordem de R$ 9,3

milhões para as ações do programa.

Page 7: Divulga Ciência - Maio/2010

A pesquisa analisou o cultivo e o potencial da borracha produzida

no Estado

Economia · Divulga Ciência Maio de 2010 · Página 7

Estudo avalia produção da borracha noAmazonasA dissertação do mestrando Etelvino Rocha analisou o cultivo de seringueiras nativas do Amazonas em terra firme, várzea e terra preta de índio

| Tabajara Moreno

Medidas simples como o plantio da seringueira (Hevea brasiliensis) consorcia-da a outras espécies frutíferas e a clonagem das árvores mais produtivas e resistentes a pragas e doenças podem dinamizar a produção de látex no Amazonas. Os ser-ingais nativos do Estado geram algo em torno de mil toneladas do produto, o que responde a pouco mais de 1% da produção brasileira de borracha.

Uma pesquisa realizada pelo mestran-do do Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (ATU) do In-stituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) Etelvino Rocha Araújo analisou o cultivo e o potencial da borracha produzi-da no Estado em seringais nativos em terra firme, várzea e terra preta de índio.

Desenvolvido entre julho de 2008 e dezembro de 2009, o estudo descreveu o processo produtivo do látex nesses três ambientes com a proposta de en-tender quais são os fatores que limitam a produção da borracha no Estado.

Segundo a pesquisa, as árvores estu-dadas apresentam grande variação na produção, com valores mais elevados na área de várzea, onde o solo é rico em nu-trientes. Em média, elas geram 12g de borracha seca por sangria( processo de retirada do látex), enquanto as árvores da área de terra firme, cujo solo é pobre e ácido, geram cerca de 8g.

Embora adubadas pelos sedimentos dos rios, as áreas de várzea têm baixos teores de nitrogênio, o que pode limitar a produção de borracha nessas áreas. “Para as plantas terem desenvolvimento e produção eficientes, precisam de todos os nutrientes em quantidades equilibradas. A influência desses desbalanço de nitrogênio na várzea sobre a produção nos seringais dessa área necessita ser melhor esclarec-ida em estudos posteriores”, conta Araújo.

No Amazonas, o cultivo da seringueira é feito por aproximadamente três mil famíli-

as que administram os seringais nativos. O látex é coletado, coagulado, prensado em blocos e comercializado na forma de Cer-nambi Virgem Prensado (CVP).

A extração é feita em árvores de ser-ingais nativos, característica que acaba interferindo na produção final, pois cada planta gera uma quantidade de borracha diferente. “Essa variação de produtividade por planta tem a ver com a característica genética que cada árvore possui. Nos ser-ingais cultivados com clones a produção é mais homogênea”, explica.

Para o pesquisador da Coordenação de Ciências Agronômicas do Inpa, Newton Falcão, orientador do trabalho, clonar as árvores mais produtivas é uma das formas de alcançar resultados mais satisfatórios. “A clonagem dos melhores exemplares de seringueira é um método simples onde, pela técnica de enxertia, é possível produzir mudas mais resistentes a pragas e doenças e mais produtivas”, explica o pesquisador.

Sistema agroflorestal favorece plan-tio

O modelo agroflorestal de plantio combina o cultivo da seringueira com es-pécies frutíferas como cacau, açaí, bacaba e taperebá. No Amazonas, ele favorece a

seringueira e cria alternativas de geração de renda nos períodos em que o látex não é explorado.

A adoção desse sistema de plantio tam-bém ajuda a árvore a se proteger da ação de fungos e pragas. “O principal fator limi-tante do estabelecimento dos seringais cultivados na região Norte foi a doença conhecida como mal das folhas, causada pelo fungo microcyclus uley. Quando a seringueira é plantada consorciada a out-ras árvores, principalmente próximo aos rios, ela fica protegida. Isso já acontece no Alto Solimões ao Baixo Amazonas de ma-neira tradicional”, relata Falcão.

A dissertação de mestrado é Intitulada “Caracterização de três seringais mane-jados em terra firme, várzea e terra preta de índio no Médio Amazonas”. Além de Falcão, a dissertação de Rocha foi coorien-tada pela pesquisadora da Coordenação de Ciências Agronômicas Sônia Alfaia.

Araújo é formado em agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e bolsista do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A pesquisa do mestrando foi feita at-ravés de uma parceria entre o Inpa e a Sec-retaria de Estado de Produção Rural do Amazonas (Sepror).

Foto: Etelvino Rocha

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Pesquisa · Divulga Ciência Junho de 2010 · Página 8

Estudo genético para gerar desenvolvimentosustentávelAs discussões integraram o II Workshop do projeto Adapta.Malária e desenvolvimento sustentável estiveram nas pautas de discussões

| Daniel Jordano

O Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (Adapta), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazô-nia (Inpa/MCT) realizou no fim do mês de abril seu II Workshop.Du-rante três dias estiveram em pauta pesquisas que integram o projeto que tem como ponto de partida o estudo genético dos organismos amazônicos.

O pesquisador chefe do proje-to Adapta, Adalberto Val, avaliou como positivo o encontro e rea-firmou a importância do papel da ciência para o desenvolvimento da Amazônia.“O resultado final do seminário é um avanço muito importante não só no sentido de estarmos caminhando para definir o material que será analisado por meio das novas tecnologias que estamos implementando aqui, mas também a forma de fazer isso”, disse.

Novo equipamentoAinda segundo Val, um novo

equipamento deve ser usado pelo grupo de pesquisadores do Adap-ta para fazer o estudo genético dos organismos. Através dele, será possível fazer análises genéticas dos organismos aquáticos da re-gião.

O novo equipamento vai ser ins-talado no Inpa servindo para rea-lização de análises das pequenas seqüências do DNA sob diferentes condições ambientais e fisiológi-cas.

Esse estudo genético pode ge-rar informações para a descoberta de novos produtos e processos na região. “São essas informações do genoma que queremos identificar usando a síntese dos seus produtos que podem ser antibióticos ou no-

vas proteínas importantes para o homem. Uma série de informações que estão ‘escondidas’ nesses or-ganismos que o novo equipamento vai nos permitir evidenciar”, desta-cou.

A pesquisa vai trabalhar espe-cificamente com peixes, insetos aquáticos, plantas aquáticas e mi-croorganismos. Vários organismos foram coletados em diversas áreas da Amazônia e agora, com a aqui-sição do novo equipamento, serão avaliados.

Socialização O projeto Adapta é amplo e en-

volve várias áreas do conhecimen-to científico. Segundo Domingos Luiz Wanderli, pesquisador e pro-fessor da Universidade do Oeste do Pará (UFOPA), o Adapta permi-te além do avanço significativo das pesquisas na região, a interação

com estudantes do ensino funda-mental e médio para formar assim novas gerações de pesquisadores. “O Adapta é uma proposta ousada do ponto de vista científico, pois ele preconiza a reunião de várias linhas de pesquisas. Em Oriximiná, interior do Pará, o nosso trabalho junto ao Adapta é fazer a divulga-ção científica junto à escola bási-ca. Nosso objetivo é diminuir a dis-tância entre a educação básica e o conhecimento científico”, disse.

Para a pesquisadora do Inpa que também participa do projeto, Vera Val, o Adapta permite um avanço para a Amazônia.”Estamos viven-do um momento especial para a pesquisa científica na região, um olhar científico moderno. O que o Adapta quer é fazer um levanta-mento de dados para ter processos que permitam um melhor desen-volvimento ”, afirmou.

O projeto Adapta conta com re-cursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT).

O Adapta permite além do avanço significativo das pesquisas na região, a inte-ração com estudantes

Foto: Tabajara Moreno

Dra. Veral Val participa do projeto. O Adapta é amplo e envolve várias áreas do conhecimento científico