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    Do Ludismo ao Radicalismo: micro-poderes e novas estratgias de

    resistncia sociedade de consumo1

    Taiane Linhares2Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Resumo

    No so poucas as teorias que indicam uma retrao do interesse por questes polticasprincipalmente entre os jovens. Esse pessimismo disseminado sobretudo por autoresps-modernos que indicam como caracterstica dos novos tempos, entre outras coisas, asaturao das grandes instituies modernas e o desaparecimento das narrativastotalizantes. Embora essa perspectiva no deva ser desconsiderada, esse trabalho lana ahiptese de que, longe de termos chegado ao fim do poltico, o momento atual de

    reestruturao das estratgias de luta por mudanas. Para exemplificar esse fenmenosero analisadas as seguintes expresses de questionamento sociedade de consumo: oveganismo, o freeganismo e o yomango. A resistncia, nesses casos, tem se centrado

    principalmente nas prticas cotidianas e h uma mescla entre estratgias j consagradase formas ldicas de ativismo.

    Ativismo; Consumo; Estilo de Vida; Micro-poderes; Artes da Existncia

    Introduo

    Afirmar que os mais simples atos do cotidiano foram dominadas pela lgica do

    mercado no nenhum exagero, j que quase todas as atividades necessrias

    sobrevivncia demandam a sua parcela de consumo. As mercadorias perfeitamente

    embaladas escondem todo um processo de produo que, na maioria das vezes, no

    sequer questionado pelo consumidor. No entanto, considerar esse um jogo vencido

    subestimar a capacidade de resistncia esboada h dcadas por jovens de toda parteque, vez ou outra, pegam o poder no contra-ataque. verdade que a luta poltica h

    algum tempo abandonou as estratgias partidrias de competio pelo domnio dos

    aparelhos de Estado, mas esse fenmeno no pode ser encarado como o

    desaparecimento de um projeto revolucionrio.

    1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho na Diviso Temtica de Comunicao, Espao e Cidadania do Intercom

    Sudeste 2009.2 Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura na linha Mdias e Mediaes do PPGCOMda UFRJ e bolsista Capes.

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    Os movimentos sociais talvez tenham percebido que, assim como o poder se

    exerce a cada instante em mltiplas esferas e atravs das tticas mais variadas, era

    preciso transformar cada ponto de incidncia de poder em um feixe de resistncia, tal

    qual teorizado por Michel Foucault. Observar as formas de atuao desse poder e

    elaborar as melhores estratgias de luta, produzir um saber e, por que no, tornar o ato

    de resistncia uma estratgia ldica e prazerosa. Subverter a prpria linguagem do

    poder, usar suas prprias invenes contra ele. Fazer com o mercado o mesmo que, h

    anos, ele faz com as expresses subculturais: reapropriar, inverter os sentidos,

    realimentar o sistema. Conectar seu prprio projeto de vida a um ideal de transformao

    social. So nesses termos que alguns movimentos sociais em efervescncia tm

    encarado a luta revolucionria.

    Esse trabalho tem a inteno de investigar a atuao de trs estilos de vida que

    tm como alvo de resistncia a sociedade de consumo: o veganismo, o freeganismo e

    o yomango. Embora adotem formas diferentes de combate, h alguns pontos de contato

    entre esses movimentos. Cabe explicar, ento, no que consiste cada um deles.

    O veganismo um estilo de vida que defende o boicote a produtos e empresas

    que se utilizam de animais no-humanos para obter lucros. Desde a dcada de 40, na

    Inglaterra, seus adeptos propem um passo frente do vegetarianismo, considerando

    exploratria qualquer forma de interveno humana na vida animal. Com isso, no

    apenas o consumo de carne visto como imoral, mas tambm a compra de qualquer

    produto que contenha derivado animal: ovos, leite, mel, gelatina, l, couro, peles, so

    alguns dos itens que no sero encontrados na casa de um vegano. O boicote a empresas

    que promovam testes em animais outra caracterstica desse estilo de vida. A prtica

    chamada de vivisseco se utiliza de animais vivos para testar medicamentos,

    cosmticos e produtos de limpeza, por exemplo, atravs de cortes, queimaduras,

    mutilaes e outras tcnicas cientficas que causam a morte dos animais utilizados(camundongos, coelhos, ces, porcos, entre outros). Alm das empresas que realizam

    testes, so boicotadas tambm aquelas que patrocinam ou realizam eventos em que

    animais so utilizados para fins de entretenimento. Possuem esse perfil: rodeios,

    vaquejadas, zoolgicos e alguns espetculos circenses.

    J o freeganismo surge como oposio no interior do veganismo em meados da

    dcada de 90. Esse estilo de vida, cujo nome em ingls deriva da juno das palavras

    free (livre, grtis) e vegan (vegano), considera qualquer tipo de consumo prejudicial. Ofoco da discusso do movimento de inspirao anarquista a degradao do meio

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    ambiente causada pelo consumo desenfreado na sociedade capitalista. Suas estratgias

    buscam diminuir o desmatamento, a emisso de dixido de carbono e a produo de

    lixo. Osfreegans adotam modos alternativos para viver baseados em uma participao

    limitada na economia, consumindo o mnimo possvel3. Para os adeptos do freeganismo,

    qualquer empresa contribui com a degradao do meio ambiente, a explorao dos

    animais (humanos e no-humanos) e a manuteno do sistema capitalista. Os freegans

    vivem da coleta de alimentos e objetos do lixo, evitam ao mximo o trabalho, adotam

    meios de transporte ecolgicos (bicicletas e skates, por exemplo) e do preferncia

    moradia em ocupaes urbanas de imveis abandonados (ossquats).

    O yomango (eu roubo, em espanhol), um movimento de desobedincia civil

    que d contedo poltico e artstico a atos aparentemente dispersos. Assim como ofreeganismo, esse estilo de vida se conecta s lutas anti-globalizao, tentando elaborar

    tcnicas de burlar as estratgias de obteno de lucro do capitalismo atravs do furto em

    grandes lojas e supermercados. Para tanto, o coletivo que deu incio prtica decidiu

    incorporar as tcnicas do prprio mercado, produzindo uma anti-marca, o Yomango,

    associando-a a um estilo de vida e apropriando-se, inclusive, de slogans publicitrios.

    Para os adeptos do yomango, as aes polticas, para se tornarem constantes, devem ser

    divertidas. No site Yomango.org4, possvel trocar experincias e aprender tcnicas de

    roubo: como retirar os alarmes dos produtos e onde esconder os itens furtados, por

    exemplo. A publicao O Livro Vermelho do Yomango (El Libro Rojo de Yomango),

    que pode ser baixada no site Sabotagem Divertida Contra o Capital (Sabotage Contra el

    Capital Pasndoselo Pipa)5, do prprio coletivo, prope algumas reflexes sobre a

    sociedade de consumo e aborda a necessidade de conectar o yomango a outras formas

    de sabotagens divertidas.

    Com esse trabalho tentaremos compreender de que forma estratgias de

    resistncia locais se conectam a lutas de carter global, levando em conta conceitos

    foucaultianos tais quais artes da existncia e micro-poderes. Outro ponto de interesse

    observar como as formas de luta poltica j consagradas, tais como boicotes, furtos e

    manifestaes, conectam-se a mtodos inovadores que, a partir de modelos de atuao

    ldicos, promovem o prazer, o estranhamento e a comoo popular.

    3 Retirado do site Freegan.info: www.freegan.info, acesso em 07 de outubro de 2008.4

    Endereo do site: www.sindominio.net/fiambrera/007/ymng/central.htm, acesso em 17 de outubro de2008.5 Endereo do site: www.sindominio.net/fiambrera/sccpp/index.htm, acesso em 17 de outubro de 2008.

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    O Assassinato da Poltica

    Para autores como o francs Michel Maffesoli, vivemos em um perodo desaturao dos interesses polticos e abandono de todas aquelas preocupaes que

    transcendam a existncia humana. Nesse mundo ps-moderno houve a substituio da

    noo de indivduo pela de pessoas. Ao mesmo tempo em que essas pessoas

    constituem uma massa, fragmentam-se em tribos afetuais, isto , agrupamentos

    transitrios, fluidos e pontuais (MAFFESOLI, 2006).O termo tribalismo traduz uma

    situao em que as pessoas se recolhem cada vez mais em seus prprios grupos, onde

    ocorre a intensificao das relaes.

    Segundo Maffesoli, pouco importa s tribos contemporneas o objetivo a ser

    atingido, o projeto, econmico, poltico, social, a ser realizado, elas preferem entrar

    no prazer de estar junto, entrar na intensidade do momento, entrar no gozo deste

    mundo tal qual ele (MAFFESOLI, 2006). Ainda de acordo com o autor, vivemos o

    declnio do ativismo, que abre espao preocupao dos grupos em garantirem sua

    sobrevivncia, fenmeno chamado por ele de autoconservao.

    Outros autores dos chamados estudos ps-subculturais (ps-Birmingham, ou

    ainda, ps-CCCS) procuram atribuir aos agrupamentos juvenis um carter disperso e

    transitrio. Essa teorizao teve como objetivo desmistificar a viso marxista da

    Escola de Birmingham, que fundou, a partir dos anos 60, na Inglaterra, a relao das

    subculturas juvenis com a cultura dominante num quadro terico de opresso, conflito e

    luta (FREIRE FILHO, 2007:39).

    Os estudos culturais da Escola de Birmingham, portanto, viam a sociedade como

    um sistema de dominao constitudo por instituies como a famlia, a escola, a igreja,

    a mdia e o Estado, que controlam e dominam o indivduo, cabendo assim a ele escapar

    de tais mecanismos (KELLNER, 2001). O foco das pesquisas dos tericos de

    Birmingham era as subculturas juvenis que emergiram entre os membros da classe

    operria inglesa no perodo do ps-guerra. Joo Freire Filho, em Reinvenes da

    Resistncia Juvenil, enfatiza que:

    Na verdade, tanto os estudos subculturais clssicos quanto as revises ps-subculturalistas tendem a negligenciar, por razes distintas, as tentativas(subculturalmente motivadas) de engajamento juvenil em atividades decompleio mais macropoltica, que complementam, desdobram ou

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    ultrapassam a resistncia simblica ou a poltica do prazer e do corpo.(FREIRE FILHO, 2007:56)

    Traado esse panorama, cabe ressaltar que, em tempos de domnio da lgica do

    mercado nas esferas mais triviais do cotidiano, em que o ato de consumir descarta areflexo sobre o prprio processo de produo da mercadoria e em que a preocupao

    restrita com aquilo que est prximo temporal e espacialmente indicam um total

    recolhimento no ambiente privado e o cultivo de uma tica utilitarista do prazer, custe

    o que custar, surgem estilos de vida empenhados justamente em combater os valores

    mais prezados pela cultura do consumo.

    Talvez por compreenderem que a luta poltica, principalmente sob o modelo da

    representao partidria, no traria os resultados a curto prazo que pretendiam obter, tais

    movimentos decidiram conectar s suas estratgias de luta global, atos de revolta e

    resistncia cotidianos. Seja pregando o boicote a um grupo restrito de mercadorias, ou

    quem sabe a todo tipo de consumo, ou ainda, incentivando o prprio furto como forma

    de desafiar as teias disciplinares do capitalismo; seja se apropriando das prprias

    tcnicas desenvolvidas pelo mercado para vender mais, como a publicidade, a mdia

    espetacularizada, os grandes festivais, esses movimentos se desenvolvem e encontram

    cada vez mais adeptos.

    Em um primeiro momento se pretende traar uma breve explicao sobre o que

    se entende por sociedade de consumo, dando nfase dimenso alcanada pelo

    mercado na contemporaneidade, no que se pode chamar de uma cultura do consumo.

    Na segunda parte dessa fundamentao terica se pretende refletir sobre alguns

    conceitos de Michel Foucault que ajudaro a compreender o modo de atuao desses

    grupos de oposio a certas lgicas da sociedade de consumo, bem como a forma com

    que a construo de um sujeito moral se transforma no primeiro passo para uma luta

    de carter global. Por ltimo, sero apresentadas algumas estratgias de resistncia

    adotadas por esses movimentos que mesclam tticas antigas a modos de militncia mais

    ldicos, conectados a valores estticos miditicos.

    Um Recorte sobre a Sociedade de Consumo

    O consumo, como j foi dito, tem sido o imperativo que rege grande parte de

    nossas relaes cotidianas. O ideal do consumidor onipotente e do mercado auto-

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    regulador, mximas do liberalismo, impulsionam a desregulamentao das atividades

    antes geridas pela figura do Estado e provocam um dficit moral nos consumidores

    cidados do novo milnio. Evidentemente, essas transformaes no tiveram incio h

    algumas dcadas. J no sculo XIX, precursores dos estudos sociolgicos, como Alexis

    de Tocqueville e mile Durkheim, criticavam a invaso da esfera econmica, em

    constante expanso, na vida dos sujeitos modernos (TOCQUEVILLE, 1998, 2000;

    DURKHEIM, 1999).

    conveniente, neste trabalho, chamar de sociedade de consumo o espao de

    interao em que se estabelecem as relaes entre os indivduos na contemporaneidade.

    Para Don Slater, essa sociedade marcada por uma forma cultural especfica, que j se

    encontrava amadurecida entre 1880 e 1930, a cultura do consumo (SLATER, 2002).

    Falar de uma cultura do consumo implica que, no mundo moderno, as prticas sociais

    e valores culturais, idias, aspiraes e identidades bsicos so definidos e orientados

    em relao ao consumo, e no a outras dimenses sociais como trabalho ou cidadania,

    cosmologia religiosa ou desempenho militar (SLATER, 2002:32).

    Uma caracterstica marcante dessa cultura diz respeito invaso dos valores

    prezados nas relaes de consumo nas demais esferas de ao social. A esse respeito,

    Zygmunt Bauman insiste que, at mesmo na atmosfera das relaes interpessoais, a

    lgica mercadolgica impera (BAUMAN, 2004). Para Bauman, o prprio mercado

    que classifica os indivduos na ps-modernidade (BAUMAN, 1998). Apesar da

    infixidez das identidades fazer com que a figura do estranho mude constantemente de

    forma, ainda existe um teste que se requer que seja transposto por todos que queiram ser

    admitidos no mundo ps-moderno. Esse indivduo tem de mostrar-se capaz de ser

    seduzido pela infinita possibilidade e constante renovao promovida pelo mercado

    consumidor, de se regozijar com a sorte de vestir e despir identidades, de passar a vida

    na caa interminvel de cada vez mais intensas sensaes e cada vez mais inebrianteexperincia (BAUMAN, 1998: 23).

    Para Slater, o consumo assumiu um papel de grande importncia a partir do

    declnio das sociedades tradicionais, fenmeno que tem como marco poltico a

    Revoluo Francesa e marco econmico a Revoluo Industrial, ambas no sculo

    XVIII. O consumo assume ento um papel crucial, possibilitando assim a construo da

    identidade com base no que se pode ter e no mais no que se sob a fixa definio

    de uma ordem estamental. A moda, como projeto burgus, surge nesse momento emque a estabilidade do status est se desintegrando.

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    Ao mesmo tempo em que o mercado se beneficia da necessidade de

    autenticidade do sujeito moderno, pondo venda seus mais inovadores produtos, causa

    tambm o aumento da ansiedade desses indivduos, ao passo que oferece a cada instante

    inmeras opes de estilos a serem consumidos (BAUMAN, 1998; GIDDENS, 2002).

    Esse fenmeno se torna ainda mais latente com a mudana da lgica do mercado do

    fordismo ao ps-fordismo. O sistema fordista se focou na ampliao da produo

    para atender a um mercado massificado. A transio para a lgica ps-fordista se d por

    volta da dcada de 70, quando os custos e o tempo investidos na produo fordista se

    tornam muito altos em comparao ao preo alcanado pelo produto no mercado e a

    rpida sobreposio de gostos e estilos. O foco passa a ser a flexibilizao da

    produo, com fbricas que produzam uma maior variedade de produtos, mas em

    quantidades menores (SLATER, 2002; SODR, 2008).

    A publicidade, nesses termos, cumpre o papel de personalizar o impessoal,

    despertando o desejo do consumidor, vendendo um mundo de experincias quando o

    que se tem apenas um bem til a determinadas finalidades. Com o ps-fordismo o

    signo toma, at mesmo, o lugar do objeto, vide a informao e os programas de

    computador (SLATER, 2002). A esse processo de atribuio de propriedades sensveis

    e valores intrnsecos a um objeto se chama fetichismo da mercadoria. Tais bens

    teriam a faculdade csmica de transferir aos seus detentores todas as qualidades

    invocadas pela publicidade a seu favor.

    Das Artes da Existncia s Lutas Globais

    Apenas o conceito de micro-poder, desenvolvido por Michel Foucault, permite

    compreender de qual tipo de luta se ocupam movimentos como o veganismo, o

    freeganismo e o yomango, e como esse projeto pode ser, ao mesmo tempo, existencial ede influncia global. Para Foucault, o poder no se exerce exclusivamente pelas mos

    do Estado e, to pouco, atravs dos mecanismos repressivos. As relaes de poder se

    do em todas as esferas do cotidiano e de uma forma positiva, isto , produzem saber e

    prazer, no se impem pela forma da lei, mas estimulam o desejo.

    O poder, ressalta ainda Foucault, no algo que se adquira, o poder se exerce,

    mas no por um sujeito ou grupo que controle os aparelhos do Estado, e sim de forma

    annima. Nesse jogo no h dominantes e dominados, a cada momento os plos deatividade e passividade se invertem, pois a resistncia nunca se encontra em posio de

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    exterioridade ao poder (FOUCAULT, 1988). Esses focos de resistncia, para o filsofo,

    podem tanto provocar o levante de grupos ou indivduos de maneira definitiva, quanto,

    o que para ele mais comum, formar pontos de resistncia mveis e transitrios, que

    introduzam na sociedade clivagens que se deslocam, rompem unidades e suscitam

    reagrupamentos (FOUCAULT: 1988:107).

    O poder, tal qual concebido por Foucault, vem de baixo, parte de seus

    mecanismos moleculares at chegar aos globais. E por esse motivo que a prpria

    resistncia deve se mobilizar em cada um desses pontos, como uma estratgia

    fragmentada.

    (...) se contra o poder que se luta, ento todos aqueles sobre quem o poder

    se exerce como abuso, todos aqueles que o reconhecem como intolervel, podem comear a luta onde se encontram e a partir de sua atividade (ou passividade) prpria. E iniciando esta luta que a luta deles de queconhecem perfeitamente o alvo e de que podem determinar o mtodo, elesentram no processo revolucionrio. (FOUCAULT, 1979:77)

    necessrio esclarecer, alm disso, em que conotao empregado o conceito

    de resistncia nesse trabalho. O termo resistncia pode ser utilizado de formas

    aparentemente ambguas, a depender da interpretao do observador.

    Tradicionalmente associada a protestos organizados ou insurreies coletivasde larga-escala contra instituies e ideologias opressivas, a noo deresistncia passou a ser freqentemente relacionada, desde os anos 1980,com aes mais prosaicas e sutis, gestos menos tipicamente hericos da vidacotidiana, no vinculados a derrubadas de regimes polticos ou mesmo adiscursos emancipatrios. Fazer gazeta ou corpo mole na escola e notrabalho; caminhar toa, andar sem destino pelas ruas da cidade;reconfigurar os significados de espaos pblicos e comerciais como zonas deautonomia e festa; (...) cometer pequenos furtos ou sabotagens; envolver-secom boicotes ou saques; adotar estilos de vida alternativos ou

    antimaterialistas; no votar; usar, de maneira desfigurada ou customizada, peas de roupas da moda; (...) Eis a uma mdica amostra das inmerasatividades e condutas realadas como expresso de resistncia. (FREIREFILHO, 2007:19)

    A prtica da resistncia a esses poderes mltiplos e dinmicos exige uma

    reordenao das condutas do cotidiano, o estabelecimento de uma oposio a certos

    cdigos morais socialmente construdos. preciso conduzir-se de alguma forma,

    indispensvel constituir-se como sujeito moral, definindo como se posicionar frente a

    um dado conjunto de prescries que se determina um padro de conduta a ser

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    adotado, transformando, assim, o prprio modo de ser para realizar tal projeto

    (FOUCAULT, 2006). A esse fenmeno Foucault chamou de artes da existncia, isto

    , prticas racionais e voluntrias pelas quais os homens no apenas determinam para

    si mesmos regras de conduta, como tambm buscam transformar-se, modificar-se em

    seu ser singular, e fazer de sua vida uma obra que seja portadora de certos valores

    estticos e que corresponda a certos critrios de estilo (FOUCAULT, 2006). Anthony

    Giddens, por sua vez, chama de projeto reflexivo do eu um fenmeno anlogo ao

    exposto anteriormente por Foucault. O projeto reflexivo do eu uma reao

    instabilidade do mundo ps-tradicional. considerado reflexivo porque envolve uma

    auto-fiscalizao, auto-exame, planejamento e ordenamento ininterrupto de todos os

    elementos de nossa vida, aparncias e desempenhos a fim de combin-los numa

    narrativa coerente chamada o eu (GIDDENS, in Don Slater 2002:93).

    O termo poltica vida, cunhado por Giddens, indica o surgimento de uma

    forma de construo identitria que no apenas anseia a libertao do homem em

    relao rigidez da tradio e das condies da dominao hierrquica, mas exige um

    planejamento da vida que responda satisfatoriamente a questes de cunho tico e moral

    (GIDDENS, 2002). A poltica-vida refere-se a questes polticas que fluem a partir dos

    processos de auto-realizao em contextos ps-tradicionais, onde influencias

    globalizantes penetram profundamente no projeto reflexivo do eu e, inversamente, onde

    os processos de auto-realizao influenciam as estratgias globais (GIDDENS,

    2002:197).

    Convm dizer ento que esses mtodos de luta revolucionria atendem, ao

    mesmo tempo, a necessidades micro e macro polticas, em outras palavras, a resistncia

    comea na construo do sujeito moral, traduz-se em seus atos dirios e se conecta a

    iniciativas de outros indivduos, constituindo movimentos que se distribuem em rede

    por todo o globo. O furto deixa de ser um desvio moral para se tornar um ato anti-globalizao por excelncia.

    Na prxima sesso pretende-se expor a forma de atuao de trs movimentos

    que tm como foco o combate a certas lgicas vigentes na sociedade de consumo, so

    eles: o veganismo, o freeganismo e o yomango. Para tanto, importante ressaltar que as

    tticas de resistncia dos movimentos sociais tm sido renovadas, acontecendo uma

    mescla entre antigos e novos mtodos de luta poltica. Esses grupos observam o modo

    de incidncia do poder ao qual fazem oposio e, com base nisso, rearticulam suasestratgias de resistncia, isto , produzem um saber (FOUCAULT, 1979, 1988). Tais

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    movimentos se deram conta de que suas aes devem ser to prazerosas quanto as

    produes do prprio poder a que resistem para que cativem cada vez mais pessoas. Os

    movimentos citados se apropriaram da linguagem miditica, utilizando, muitas vezes,

    tticas que se assemelham s do mercado.

    A seguir sero apresentados alguns mtodos desenvolvidas pelos trs grupos

    estudados, divididos nas categorias estratgias j consagradas e estratgias

    reformuladas ou inovadoras. Com isso, poder-se- evidenciar de que forma tais

    movimentos se renovam e se adaptam s mudanas sociais provocadas pelas influncias

    mercadolgicas, isto , cultura do consumo. A mescla de aes radicais e ldicas o

    ponto a ser observado, j que demonstra o empenho dos movimentos sociais em

    expandir seus modos de ao, do ataque direto ao que consideram o poder personificado

    (um supermercado, um laboratrio, a propriedade privada) s aes educativas.

    Reafirmando a Eficincia das Estratgias j Consagradas

    Esse mtodo de luta envolve aes bastante objetivas que visam provocar perdas

    imediatas queles que exercem o poder. O boicote, por exemplo, o princpio do

    veganismo e do freeganismo. Para os veganos essa tcnica se restringe a produtos e

    empresas consideradas exploradoras da vida animal, tratando-se, por isso, de um

    boicote com motivaes ticas de respeito vida dos animais no-humanos. Assim, os

    produtos das empresas que testam em animais podem ser substitudos por marcas que

    no realizam testes. O surgimento do freeganismo expandiu a discusso do veganismo

    sobre a prpria explorao do trabalho humano e do meio ambiente como um todo.

    Influenciado por ideologias como o anarco-primitivismo, que prega o retorno ao

    natural e o fim do industrialismo, o freeganismo considera qualquer consumo

    prejudicial, ao passo que todas as empresas geram a explorao de animais humanos eno-humanos, alm de provocarem problemas ambientais gravssimos. O

    reaproveitamento de alimentos e objetos descartados no lixo seria, a curto prazo, a

    melhor forma de combater o desperdcio gerado pelos padres de alta rotatividade de

    mercadorias da sociedade de consumo. No entanto, o modelo de subsistncia prezado

    pelo movimento a longo prazo no o de simples coletor, mas o de produtor de seus

    prprios meios de sobrevivncia.

    Ofurto para o yomango no uma forma de conseguir os bens desejados sempossuir os meios, mas um modo de desafiar as tcnicas de vigilncia dos supermercados

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    e gerar prejuzo aos lojistas. Tornar explcita uma prtica bastante comum, ironiz-la e

    ench-la de contedo poltico, so propostas do grupo. A criminalidade, lembra

    Foucault, j era utilizada pelo proletariado, no fim do sculo XVIII e no comeo do

    XIX, como forma de luta social (FOUCAULT, 1979). As aes diretas, nesse contexto,

    tm como caracterstica justamente o fato de provocarem danos propriedade privada, e

    podem ser encontradas sob diferentes formas. No campo da luta pelos direitos dos

    animais, destaca-se a ao da Animal Liberation Front 6(ALF), que liberta, atravs de

    seus ativistas annimos, animais confinados em granjas e laboratrios por todo o

    mundo, alm de causar prejuzos aos bens dos empresrios que lucram com a

    explorao da vida animal. O governo norte-americano reconheceu a fora desses

    ativistas quando, no ano de 2006, acusou os movimentos de defesa dos direitos dos

    animais de serem a ameaa nmero 1 em termos de terrorismo no pas7.

    A ocupao da propriedade privada uma forma de promover a justia social,

    para osfreegans. Eles propem a transformao de terrenos baldios em hortas urbanas

    comunitrias, alm da moradia em imveis abandonados, como modo de se apropriar de

    forma legtima de um bem privado inutilizado. Para eles a moradia um direito, assim

    como a terra e a gua, por isso no justo mercantilizar algo que necessrio prpria

    sobrevivncia humana.

    As intervenes urbanas, por sua vez, so formas de se apropriar do espao

    pblico de forma criativa, promovendo a reflexo sobre temas de pouca difuso. No

    entanto, essas formas artsticas de alterar o padro social dos espaos pblicos podem

    ser facilmente classificadas por alguns como vandalismo. As intervenes vo da

    pichao de palavras de ordem como Seja Vegetariano, a aes mais audaciosas,

    como o derramamento de tinta vermelha em cerca de 20 vacas da exposio Cow

    Parade, espalhadas por pontos da Zona Sul e do Centro do Rio em novembro de 2007,

    por um grupo que se identificou como defensor da causa animal8.

    Reformulaes e Inovaes: Novas Perspectivas para o Ativismo do Novo Milnio

    6 Endereo do site: www.animalliberationfront.com, acesso em 16 de outubro de 2008.7 Retirado de entrevista com Lindy Greene, assessora de imprensa da ALF,Revista dos Vegetarianos, ano

    1, nmero 5, pginas 18 e 19.8 Retirado de: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/403628.shtml, em 19 de outubro de2008.

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    Convm chamar de ativismo performtico um conjunto de aes que se

    utilizam de estratgias, por vezes, miditicas para atrair a ateno do pblico e estimular

    a discusso sobre assuntos pouco abordados na mdia tradicional, como a prpria

    questo do consumo. Esses atos buscam causar impacto e estranhamento, ou o simples

    prazer.

    A ocupao provisria do espao pblico uma das formas escolhidas por

    grupos veganos para suscitar a curiosidade da populao sobre o tema. Em todo ltimo

    domingo do ms, um grupo de veganos se rene em pontos movimentados da cidade

    para compartilhar lanches e, acima de tudo, levantar discusses sobre novas estratgias

    de ativismo em favor da causa animal e ambiental. A proposta do piquenique

    Interveno reocupar os espaos urbanos, mesmo que de uma forma transitria,

    causando o estranhamento dos motoristas e pedestres e promovendo uma srie de

    atividades. A Bicicletada outra atividade realizada por grupos do Rio e de So

    Paulo. No Rio de Janeiro, consiste em um passeio de bicicleta no final da tarde de sexta-

    feira, em meio ao trnsito catico da cidade. Seu objetivo, alm de evitar a emisso de

    gases poluentes, mostrar aos motoristas, justamente no momento em que esto presos

    no trnsito, as vantagens de utilizar a bicicleta como meio de transporte.

    O recurso linguagem publicitria uma das apostas de alguns grupos, como o

    prprio yomango, para atrair novos adeptos. Um dos acertos do Yomango foi

    incorporar as tcnicas do capitalismo sua luta, mas evitando sua reciclagem pelas

    grandes corporaes. O passo seguinte foi criar uma anti-marca, que o Yomango 9, e

    depois associ-la a um estilo de vida, como fazem as marcas de verdade.(...) Tambm

    criaram uma linha de roupas com bolsos ocultos em que os yomangos possam esconder

    o que roubam10. A utilizao de slogans como Yomango: nos melhores

    supermercados e Yomango: voc quer?... voc tem, alm das montagens irnicas

    com imagens que remetem ao socialismo chins de Mao Tse Tung e a mangantes11famosas como a atriz Winona Ryder (flagrada h alguns anos furtando lojas de luxo de

    Beverly Hills), so provas do bom-humor prezado pelo coletivo.

    Os movimentos em defesa dos animais tambm encontraram nas tcnicas

    publicitrias uma forma de alcanar um nmero cada vez maior de pessoas. No Brasil a

    ltima inovao partiu de um coletivo que j angariou donativos para o aluguel de

    9 Assista ao lanamento da marca Yomango, em Barcelona:

    http://br.youtube.com/watch?v=wED5Zn0k8fE, acesso em 19 de outubro de 2008.10 Retirado de: www.rizoma.net , acesso em 03 de outubro de 2008.11 Nome dado aos adeptos do yomango.

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    outdoors em cidades como Campinas (SP), Porto Alegre (RS), Piracicaba (SP) e Rio de

    Janeiro (RJ), que propagam mensagens como Carne: a tortura vai acabar. A

    publicidade de grupos como a People for the Ethical Treatment of Animals12 (PETA)

    so mundialmente conhecidas por seu apelo sexual, o que provoca a indignao de

    muitos ativistas. Algumas norte-americanas famosas, como as atrizes Alicia Silverstone

    e Pamela Anderson, j pousaram nuas para as campanhas anti-peles e a favor do

    vegetarianismo da PETA. Uma das ltimas campanhas com mulheres famosas em poses

    sensuais a da atriz porn Jenna Jameson, com um letreiro que diz s vezes sexo

    demais pode ser uma coisa ruim o anncio incentiva a castrao de ces e gatos

    como forma de diminuir o nmero de animais abandonados nos abrigos norte-

    americanos.

    As manifestaes teatrais so inovaes estticas em atos pr-vegetarianismo. A

    PETA, com suas mulheres semi-nuas vanguarda nesse quesito. O formato

    geralmente o mesmo: ativistas cobrindo o corpo supostamente nu com placas que

    comeam com a expresso The Naked Truth (algo como, a verdade nua e crua),

    sendo complementada a depender do alvo da ao (touradas so cruis, KFC tortura

    animais, etc.). Alguns ativistas nus j invadiram, inclusive, desfiles de moda de grifes

    que usam peles de animais com mensagens como Prefiro ficar nu a vestir peles. Uma

    das ltimas aes teatrais da PETA ocorreu no dia 10 de outubro, quando 100 ativistas

    vestidos de zumbi em frente a uma filial da rede de fast-food KFC, em Manhattan,

    empunhavam placas com a seguinte frase: Prefiro morrer a comer no KFC. No Brasil,

    aes de impacto inspiradas em atos da PETA tambm so realizadas. A mais comum

    a bandeja humana, em que dois ativistas seminus deitam ensangentados em uma

    rplica gigante de bandeja de isopor, que embalada em plstico, imitando a carne

    vendida em supermercados. Um adesivo com cdigo de barras e a inscrio carne

    humana colado em cima da bandeja.Em uma vspera de Natal, num hipermercado da rede Carrefour de Madri, um

    grupo de 40 mangantes pregou uma pea na equipe de segurana. Munidos de alarmes

    retirados de produtos da loja, paralisaram todos os caixas do estabelecimento, que se

    puseram a apitar quase que ao mesmo, provocando um verdadeiro caos no

    supermercado e a indignao dos consumidores. Esse happening uma tcnica

    chamada de yopito, que consiste em fazer os alarmes apitarem de propsito para ver

    12 Endereo do site: www.peta.org, acesso em 17 de outubro de 2008.

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    at onde vai a afabilidade desses estabelecimentos comerciais foi filmado por alguns

    integrantes do grupo e acabou virando caso de polcia.

    Mesclarmilitncia e festa, poltica e prazer, a proposta de festivais como a

    Verdurada13, um show de rock que rene em mdia 800 pessoas em um clube de So

    Paulo desde 1996. O festival, que acontece a cada dois meses, conta com a presena de

    bandas de diferentes estilos, em especial opunk/hardcore. As atividades no se

    restringem, porm, msica: h exibio de vdeos, palestras e venda de produtos

    veganos. Dentro do local onde ocorre o festival, proibida a venda de comida que

    contenha derivados de origem animal. O evento encerrado sempre com um jantar

    vegano distribudo gratuitamente porhare krishnas. Outras iniciativas similares, com o

    objetivo de divulgar o veganismo entre o pblico jovem, tm ocorrido na prpria cidade

    de So Paulo e em cidades do sul, como Curitiba.

    Consideraes Finais

    Com esse trabalho se chega a algumas concluses, embora parciais, que sero

    melhor investigadas nos prximos meses pela autora at a concluso de seu mestrado.

    Uma das hipteses que sero lanadas que, longe da idia de declnio do ativismo,

    vive-se um perodo de redefinio das estratgias de luta poltica em que a sociedade de

    consumo alvo de resistncias, muitas vezes, desafiadoras. Nesse contexto o projeto

    revolucionrio, para os adeptos dos movimentos que se pretende estudar, comea na

    construo de um sujeito moral conectado a temas de interesse global. Com isso,

    atravs dos atos mais cotidianos que essa luta acontece. O que se tem, atualmente, a

    mescla de aes nos moldes j conhecidos h longo tempo, tal qual o boicote, o furto, o

    dano propriedade privada; a reformulao de algumas, como as manifestaes; e a

    apropriao de outras, como o recurso a estratgias publicitrias. Por fim, importantedizer que o ativismo tem se apropriado da linguagem e da esttica miditica, alm de

    estar se difundindo graas sua mais genial inveno, a internet. Nem por isso a

    resistncia menos radical, menos objetiva ou menos atuante. Essa resistncia pode ser

    violenta e divertida, provocar danos materiais e simblicos, sem perder o cerne de seu

    contedo poltico.

    13 Endereo do site: www.verdurada.org, acesso em 19 de outubro de 2008.

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