Do Menino Do Espelho Ao Homem Noturno

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    Do menino do espelho ao homem noturno:

    O menino do espelho

    A partir deste momento da histria, Zaratustra sonha com uma criana,

    mostrando-lhe um espelho no qual ele v o rosto de um demnio. Percebendo

    que seus inimigos esto pervertendo seu ensino, e cheio de uma nova

    necessidade de compartilhar a sua sabedoria, Zaratustra desce da montanha e

    retorna para o povo.

    Nas ilhas bem-aventuradas

    este ponto, Zarathustra equivale vontade criativa com liberdade. A crena

    em !eus inibe a criatividade, porque um !eus supostamente criador"pelo menos

    no cristianismo# no iria dei$ar nada para o ser humano criar.

    Dos compassivos

    %n&eli'mente ningu(m ( bom. )e ns mostrarmos a piedade e misericrdia

    para com o in&eli', eles &icaro ressentidos por e$por sua impotncia. *sse

    ressentimento corri despercebidamente as entranhas como um &ungo. )entindo

    a alegria ( melhor do que sentir pena+ ( preciso alegria para aprender a no

    magoar os outros.

    Dos sacerdotes

    Para Zaratustra, sacerdotes observam a vida com so&rimento, e por isso

    querem &a'er os outros so&rerem tamb(m. A incerte'a e di&iculdades da vida so

    demais para eles, e isso os impulsiona para que eles desistam da vida. *les so

    poucos mais que abutres com seus cadveres medocres, acreditando em seu!eus. Ademais, sua compai$o ( visivelmente uma &uga.

    Dos virtuosos

    A moralidade popularmente promete recompensas por ser virtuosa, ou,

    pelo menos, prega que a virtude ( sua prpria recompensa.Alguns equvocos

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    populares de virtude incluem ser apenas caridoso, ou estar &raco demais para

    causar qualquer dano. Zaratustra sugere que a virtude ( simplesmente uma

    questo de colocar-se de todo o corao em seus atos. %sto no ( &eito &ora de

    uma esperana em que pree$iste a dial(tica recompensa-punio, no h uma

    inteno simplesmente por e$uberncia do ser.

    Dos canalhas

    Aqui, as multid/es de pessoas comuns estragam tudo o que eles tocam.

    )o&rendo de nuseas, Zaratustra se pergunta se estes canalhas podem ser

    realmente 0teis para a vida. *levando-se acima da 1plebe1, ele encontra pure'a,

    pa' e ami'ade valiosa.

    Sobre as Tarantulas

    Zarathustra chama aqueles que pregam a democracia, a igualdade e a

    2ustia so como 1tarntulas1+ secretamente, espalharam o veneno da vingana.

    Ao pregar a igualdade, eles procuram vingar-se a todos aqueles que no so

    seus iguais. A vida prospera em con&lito e auto-superao. )e &ssemos todos

    iguais, como poderamos nos es&orarmos para o al(m-homem3

    Dos sbios clebres

    4 despre'o de iet'sche para a 1os canalhas1 e para os sentimentos

    igualitrios ( mais pro&unda do que a mera vaidade ou elitismo. *m A

    genealogia da moral, ele &a' uma distino ntida entre a 1moralidade do mestre1

    da aristocracia antiga que encontramos, por e$emplo, na 5r(cia antiga, e da

    1moral de escravos1 que se desenvolveu entre as classes mais bai$as e da

    casta sacerdotal . *nquanto a sua atitude ( muito mais comple$a do que

    simplesmente a aprovao da moralidade dos mestres e desaprovao da moral

    dos escravos, no h muita coisa sobre a moral dos escravos, como e$presso

    no cristianismo e na democracia, que Zaratustra considera despre'vel.

    Noturno

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    4 &raco e o impotente estabelecem a moral dos escravos como vingana

    contra seus senhores aristocratas. s podemos encontrar o conceito de

    ressentimento, ou ressentimentos "iet'sche usa a palavra em &rancs

    -ressentiment#, na parte relecionada 6 moral de escravos. 4s &racos se

    ressentem do poder de seus mestres, e se ressentem ainda mais perante a sua

    prpria incapacidade de promulgar vingana contra seus senhores. Porque eles

    no so capa'es de contra-atacar de &orma substancial nesta vida3 4s &racos

    inventam a id(ia de uma vida aps a morte e da 2ustia divina, que ir ving-los

    aps a morte. Assim, a 2ustia divina ( a inveno de um povo demasiado &raco

    para garantir 2ustia para si prprios.

    A classe escrava tamb(m inventou o conceito de 1mal1, que iet'sche cita

    como uma das maiores inven/es da humanidade. 4s mestres aristocrtas, e

    tudo relacionado a eles+ rique'a, sa0de, &elicidade, &ora, vigor, &oram

    consideradas 1mal1 e despre'veis. *m contrapartida, os escravos identi&icam a

    noo de 1bem1 com tudo o que estes senhores no eram+ pobres, in&eli'es,

    doentes, &racos, medocres, em suma, eles se identi&icaram como 1bons1. *sta

    nova moral de escravos &oi uma inverso completa do mais velho mestre da

    moralidade. !esse modo, esta moral corrompe o homem no sentido de causar

    uma iluso de segurana.

    iet'sche compreensivelmente identi&ica o cristianismo e a democracia

    com a moral dos escravos. 4 sermo bblico do 7onte "7ateus+ 8-9# ( um dos

    e$emplos mais claros do cristianismo como sendo uma moral dos escravos.

    ele, :esus louva uma vida de humildade e pobre'a, desprovidas de rique'as

    terrenas. ;uanto 6 democracia, iet'sche se baseia em no/es de igualdade e2ustia, e provavelmente v como sendo enrai'adas na moral de escravos.

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    prpria lgica poltica, &a'er.

    iet'sche no ( totalmente contrrio a moralidade do escravo. *m

    particular, ele admira a criatividade e o poder de sublimao das pessoas que

    so capa'es de reverter todo um sistema de moralidade. o entanto, ele se

    op/e &ortemente ao esprito do ressentimento como mesquinho e contrrio 6

    vida, uma ve' que sem ele o homem leva 6 concluso de que a vida ( algo que

    deve ser so&rida e que a 2ustia e &elicidade encontram-se depois desta vida.

    *ste esprito do ressentimento ( &undamental para a moralidade do escravo,

    sendo o cristianismo e a democracia duplamente condenados, em primeiro lugar

    para basear sua moralidade em ressentimento e, segundo, para ser hipcrita o

    su&iciente para negar este &ato. eit'sche diria que os cristos modernos e

    democratas ainda no tm a mesma criatividade dos criadores da moralidade

    dos escravos.

    *m ve' de aceitar um mundo marcado pela piedade e igualdade &orada,

    iet'sche anseia por um mundo de liberdade criativa, marcada pela

    desigualdade natural entre as pessoas. Aqui, cada pessoa vai ser o seu prprio

    che&e de sua ambio e seu &im 0ltimo. *nquanto as virtudes crists so em si

    desagradveis e precisam necessariamente de alguma recompensa e$terna, as

    virtudes ideais de iet'sche se baseiam na criatividade e auto-aper&eioamento.

    esse sentido, a virtude crist no ( perseguida pelo &ato de ser1virtuosa1, mas

    porque elas se reconhecem como boas em si mesmas. *m tal viso de mundo,

    a piedade ( ruim tanto para o alvo da piedade quanto para a pessoa que sente a

    1pena1. 4 so&rimento ( uma parte essencial da vida e do crescimento, e o

    instinto de piedade causa so&rimento porque na maioria das ve'es ignora o

    ressentimento que brota da desigualdade e, portanto, da prpria vida como ruim.