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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde 1 Trabalho elaborado no âmbito da disciplina de Condição Física, Nutrição e Saúde, do 2º Semestre do 2º ano da Licenciatura de Ciências do Desporto, leccionado pela Drª Helena Moreira.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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Trabalho elaborado no âmbito da

disciplina de Condição Física,

Nutrição e Saúde, do 2º Semestre

do 2º ano da Licenciatura de

Ciências do Desporto, leccionado

pela Drª Helena Moreira.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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Identificação dos autores

Miguel António Macedo Araújo, nascido a 16 de Março de 1968 natural de

Vila Real Freguesia de S. Pedro. Encontra-se neste momento a trabalhar no

Departamento de Desporto exercício e saúde e a frequentar também neste

estabelecimento de ensino o Curso de Ciências do desporto.

Nº29690 – Ciências do Desporto – Turma A

Sandro Miguel Lourenço Gomes, nascido a 31 de Janeiro de 1989, natural

da localidade de Arrabães pertencente à freguesia de Torgueda no distrito de

Vila Real. Neste momento frequenta o 2º ano da licenciatura de Ciências do

Desporto na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

No ano de 2004 realizou uma formação em Informática sobre Criação de redes;

Internet e Utilitários do Windows. Até à data tem participado em diversas

actividades de formação associadas a actividades desportivas.

Nº 30840 – Ciências do Desporto – Turma A

Victor Manuel Gomes Da Silva, nascido a 8 de Setembro de 1988, natural de

São João da Madeira. Encontra-se neste momento a concluir a licenciatura de

Ciências do Desporto, com especialização em Futebol. É actualmente treinador

de futebol dos sub. 13 do Abambres Sport Club.

Conta na sua formação com o curso de primeiros socorros, realizado em Vila

Real pela Cruz Vermelha Portuguesa.

Paralelamente realizou o curso de treinador de futebol, nível I, pela associação

de Futebol de Vila Real.

Nº30844 – Ciências do Desporto – Turma

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Índice Identificação dos autores.................................................................................... 2

Índice de Ilustrações ........................................................................................ 10

Introdução ........................................................................................................ 13

I - Aula 1 ........................................................................................................... 15

1. Objectivos da disciplina ............................................................................ 15

2. Avaliação da disciplina .............................................................................. 16

3 Trabalho prático ......................................................................................... 17

4. Conteúdos programáticos ......................................................................... 18

5. Exercício Físico......................................................................................... 24

6. Aptidão física ............................................................................................ 24

6.1 Componentes da aptidão física .............................................................. 25

Cardiovascular .......................................................................................... 25

Força ......................................................................................................... 25

Flexibilidade .............................................................................................. 25

Composição corporal ................................................................................ 25

6.1.1 Testes de avaliação das componentes da aptidão física ................. 26

7. Actividade Física ....................................................................................... 26

8. Saúde ....................................................................................................... 28

8. Importância de um estilo de vida activo na promoção da saúde .............. 29

9. O sistema de dispêndio energético MET (Equivalente Metabólico) .......... 30

10. Classificação da actividade física em MET (Equivalente Metabólico)..... 31

11. Inactividade Física e risco de doenças ................................................... 33

12. Bibliografia .............................................................................................. 34

II - Aula 2 .......................................................................................................... 35

1. Recomendações de actividade física........................................................ 35

2. Recomendações para adolescentes ......................................................... 36

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3. Recomendações para adultos .................................................................. 38

4. Recomendações para idosos ................................................................... 40

5. Contra indicações na actividade física ...................................................... 43

6. Vantagens da Actividade Física ................................................................ 44

7. Cálculo individual dos níveis de intensidade de actividade física ............. 45

8. Bibliografia ................................................................................................ 49

III - Aula 3 ......................................................................................................... 50

1. Composição Corporal ............................................................................... 50

1.1 Vantagens do estudo da composição corporal.................................... 51

1.2 Componentes Estruturais do Corpo .................................................... 52

3. Avaliação da Massa Corporal ................................................................... 56

3.1 Índice de Massa Corporal (IMC) Corporal - IMC ................................. 57

3.2 Medição do Peso................................................................................. 59

3.3 Medição da Altura ............................................................................... 59

3.4. Perímetro da Cintura (PC) .................................................................. 60

3.5 Índice de Conicidade (Conicity Índex) ................................................. 62

4. Obesidade ................................................................................................ 63

4.1 Tipos de Obesidade ............................................................................ 65

4.2 Períodos críticos do desenvolvimento da obesidade .......................... 66

5. Aula prática ............................................................................................... 68

6. Bibliografia ................................................................................................ 70

IV - Aula 4 ......................................................................................................... 71

1. Massa gorda vs Gordura .......................................................................... 72

1.1 - Massa Gorda..................................................................................... 72

1.2 - Gordura ............................................................................................. 72

2. TECIDO ADIPOSO ................................................................................... 73

2.1 Tipo de adipócitos ............................................................................... 74

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3. Metabolismo do Tecido Adiposo ................................................................... 75

3.1 Lípase hormono sensitiva (LHS) ......................................................... 76

3.2 Lipoproteinalipase (LPL) ..................................................................... 77

4 Hormonas .................................................................................................. 78

4.1 Efeito da insulina ................................................................................. 78

4.2 Lipólise ................................................................................................ 79

4.3 Cortisol ................................................................................................ 79

4.4 Hormona de Crescimento ................................................................... 79

4.5 Triidotironina........................................................................................ 80

4.6 Catecolaminas..................................................................................... 80

5. Gordura Abdominal ................................................................................... 81

6. Relação da gordura com os géneros ........................................................ 82

7. Aula Prática .............................................................................................. 83

7.1 Perímetro da Anca e o Diâmetro Sagital ............................................. 83

7.2 Índice cintura – anca ........................................................................... 84

7.3 Perímetro sagital ................................................................................. 86

8. Bibliografia ................................................................................................ 87

V - Aula 5.......................................................................................................... 88

1.Números da Obesidade em Portugal ......................................................... 89

2. Manutenção do peso corporal .................................................................. 91

2.1 Perda de peso corporal ........................................................................... 91

WALKING TEST ........................................................................................... 92

3. Problemas Práticos ................................................................................... 96

4. Bibliografia .............................................................................................. 101

VI - Aula 6 ....................................................................................................... 102

1. Prescrição Exercício para a Obesidade .................................................. 102

2. Progressão do trabalho cardiovascular ................................................... 104

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3. Actividade Física – Iniciantes .................................................................. 106

4. Recomendação de terapia de perda de peso ......................................... 106

4.1 Utilização de medicamentos e suas implicações .............................. 107

4.2 Indivíduos não recomendados na terapia de perda de peso ............. 108

5. Terapias para a obesidade ..................................................................... 108

5.1 Dieta .................................................................................................. 108

5.2 Mudança de comportamento ............................................................. 109

5.3 Utilização de fármacos ...................................................................... 109

5.4 Cirurgia .............................................................................................. 110

5.6 Doenças do miocárdio associadas à obesidade ............................... 110

6. Prescrição do exercício para a Hipertensão ........................................... 110

6.1 Considerações Especiais .................................................................. 111

7. Bibliografia .............................................................................................. 112

VII - Aula 7 ...................................................................................................... 113

1. Bioimpedância ........................................................................................ 113

2. Aparelhos de Bioimpedância .................................................................. 116

2.1 - Aparelho de Bioimpedância de Frequência simples ....................... 116

2.2 Aparelho de Bioimpedância de Multifrequência ................................ 116

3. Protocolo avaliação na Bioimpedância ................................................... 118

4. Bibliografia .............................................................................................. 119

VIII - Aula 8 ..................................................................................................... 121

1. Interpretação dos Resultados do InBody720 .......................................... 122

1.1 Área de adiposidade visceral ............................................................ 124

1.3 ÍNDICES DE EDEMA ........................................................................ 125

1.4 Avaliação Nutricional ......................................................................... 126

1.5 Manutenção do peso ......................................................................... 126

1.6 Diagnóstico de Obesidade ................................................................ 127

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1.7 Equilíbrio entre os segmentos corporais ........................................... 127

1.8 Força corporal ................................................................................... 128

1.9 Diagnóstico de saúde ........................................................................ 128

1.10 Controlo do peso ............................................................................. 129

1.11 Dados adicionais ............................................................................. 129

2. Bibliografia .............................................................................................. 132

IX - Aula 9 ....................................................................................................... 133

1. Equações preditivas da ACT e da MIG com base na bioimpedância ..... 134

1.1 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS

CAUCASIANAS....................................................................................... 134

1.2 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS CAUCASIANAS....................................................... 135

1.3 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS

ADULTOS ............................................................................................... 135

CAUCASIANAS....................................................................................... 135

1.4 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – ATLETAS (VÁRIOS

DESPORTOS) ........................................................................................ 136

1.5 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS ................................................................................. 136

1.6 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS

ADULTOS/IDOSOS ................................................................................ 137

2. Métodos de avaliação da sarcopenia...................................................... 137

3. Prescrição de exercício para a sarcopenia ............................................. 142

4. Tecido Ósseo .......................................................................................... 143

4.2. Tipos de ossos ................................................................................. 144

4.3 Funções do osso ............................................................................... 144

5. Osteoclasto e Osteoblasto ...................................................................... 145

5.1 osteoclasto ........................................................................................ 145

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5.2 osteoblasto ........................................................................................ 146

6. Osteoporose ........................................................................................... 146

6.1 Factores que afectam a osteoporose ................................................ 147

7. Curva da massa óssea ........................................................................... 150

8. Os locais mais afectados pela Osteoporose ........................................... 150

9. Classificação da osteoporose e osteopenia ............................................ 152

10. Prescrição de exercício físico para osteoperose................................... 153

10. Bibliografia ............................................................................................ 154

X - Aula 10 ...................................................................................................... 156

1. Actividade física e condição óssea ......................................................... 157

2. Critérios para a classificação da densidade mineral óssea .................... 158

2.1 VANTAGENS DA MEDIÇÃO DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA AO

NÍVEL DO CALCÂNEO ........................................................................... 159

2.2 Resultado da medição da densidade mineral óssea ao nível do

calcâneo .................................................................................................. 160

Bibliografia .................................................................................................. 161

XI - Aula 11 ..................................................................................................... 163

1. Factores de risco para fracturas osteoporóticas ..................................... 163

1.1 Deficiência estrogénica ..................................................................... 165

1.1.2 Cálcio ............................................................................................. 166

1.2.3 Vitamina D ...................................................................................... 166

1.1.4 Factores Nutricionais ...................................................................... 167

1.1.5 Peso corporal ................................................................................. 167

1.1.6 Hábitos de vida............................................................................... 168

1.1.7 Inactividade física ........................................................................... 168

2. Artrite reumatóide ................................................................................... 169

3. Evolução da artrite reumatóide ............................................................... 172

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4. Intervenção através da actividade física ................................................. 173

5. Testes constituintes da Bateria de testes Rikli &Jones ........................... 176

5.1 Levantar e Sentar .............................................................................. 176

5.2 Flexão do Antebraço ......................................................................... 180

5.3 Sentado e Alcançar ........................................................................... 183

5.4 Sentado, Caminhar 2,44 m e tornar a Sentar .................................... 185

5.5 Alcançar atrás das costas ................................................................. 188

5.6 Dois minutos de step no próprio lugar ............................................... 190

5.7 Andar 6 minutos ................................................................................ 193

6. Bibliografia .............................................................................................. 195

Conclusão ...................................................................................................... 197

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Índice de Ilustrações

Ilustração 1 - Trabalho escrito das aulas teórico-práticas ................................ 17

Ilustração 2 - Critérios de avaliação do trabalho escrito das aulas teórico

práticas ............................................................................................................. 18

Ilustração 3 - Definições de Aptidão Física – Adaptado de Fretias, (1994) citado

por Cardoso, M (2000). .................................................................................... 25

Ilustração 4 - Testes de avaliação das componentes da aptidão física

(Feishman, 1964) ............................................................................................. 26

Ilustração 5 - Modelo descritivo das relações entre a actividade física habitual,

a aptidão física relacionada à saúde e o estado de saúde. (Bouchard e

Shephard, 1993) citado por Cardoso, M (2000). .............................................. 29

Ilustração 6 - Classificação dos METs por intensidades .................................. 31

Ilustração 7 - Actividades diárias e os seus METs associados ........................ 33

Ilustração 8 - Recomendações da Actividade Física – Adaptado Audiovisuais,

Moreira, M (2010). ............................................................................................ 36

Ilustração 9 - Recomendações da actividade física para adultos - Haskell et al.,

(2007) citado por Moreira, M (2010). ................................................................ 40

Ilustração 10 - Recomendações para idosos e adultos entre os 50 e 64 anos

com limitações – Moreira, M (2010). ................................................................ 42

Ilustração 11 - Vantagens da apreciação das componentes corporais ............ 52

Ilustração 12 – Modelo 2 C - Proporções das componentes da composição

corporal ............................................................................................................ 53

Ilustração 13 - Composição da Massa Gorda .................................................. 55

Ilustração 14 - Composição dos lípidos não essenciais ou gordura ................. 56

Ilustração 15 - Dados estatísticos das regiões autónomas .............................. 58

Ilustração 16 - Quadro da relação do IMC e a classificação quanto ao peso ... 58

Ilustração 17 - Valores de referência para adultos e idosos ............................. 59

Ilustração 18 - Valores de referência do perímetro da cintura .......................... 61

Ilustração 19 - Valores étnicos e específicos para o perímetro da cintura ....... 63

Ilustração 20 - Risco de doença em adultos de acordo com o índice de massa

corporal e o perímetro da cintura ..................................................................... 69

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Ilustração 21 - Referências da localização da massa gorda - Adaptado de

Lohman (1981) ................................................................................................. 73

Ilustração 22 - Tecido Adiposo - Tipos e Constituição...................................... 75

Ilustração 23 - Gordura Abdominal ................................................................... 81

Ilustração 24 - Percentagem de gordura corporal para homens e mulheres .... 82

Ilustração 26 - Riscos de doença em adultos de acordo com o índice de massa

corporal e o perímetro da cintura ..................................................................... 85

Ilustração 25 - Valores de corte do índice cintura/anca .................................... 85

Ilustração 27 - Obesidade em adultos (18-64) portugueses - 2003-2004 ........ 89

Ilustração 28 - prevalência da obesidade em adolescentes portugueses (10-18)

em 2008 ........................................................................................................... 90

Ilustração 29 - Cabeçalho do walking test ........................................................ 93

Ilustração 30 - Determinação e classificação do resultado do walking test ...... 96

Ilustração 31 - Progressão do trabalho Cardiovascular .................................. 104

Ilustração 32 - Utilização de medicamentos e suas implicações .................... 107

Ilustração 33 - Avaliação da composição corporal ......................................... 126

Ilustração 34 - Valores de referência para manutenção do peso ................... 126

Ilustração 35 - Valores de referência para o diagnostico de obesidade ......... 127

Ilustração 36 - Valores de referência para o diagnóstico de saúde ................ 128

Ilustração 37 - Valores de referência para o fitness score.............................. 129

Ilustração 38 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS

CAUCASIANAS .............................................................................................. 134

Ilustração 39 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS

CAUCASIANAS .............................................................................................. 134

Ilustração 40 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS ........................................................................................ 135

Ilustração 41 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS

ADULTOS ...................................................................................................... 135

Ilustração 42 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – ATLETAS

(VÁRIOS DESPORTOS) ................................................................................ 136

Ilustração 43 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS ........................................................................................ 136

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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Ilustração 44 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS

ADULTOS/IDOSOS........................................................................................ 137

Ilustração 45 - Prescrição de exercício para a sarcopenia ............................. 142

Ilustração 46 - Actividade Física e Condição Óssea ...................................... 157

Ilustração 47 - Valores de classificação do T-score ....................................... 158

Ilustração 48 - Tabela de avaliações das Mulheres no teste levantar e sentra

na cadeira. ...................................................................................................... 179

Ilustração 49 - Tabela das avaliações dos Homens no teste levantar e sentar na

cadeira............................................................................................................ 180

Ilustração 50 - Tabela de avaliações da mulher no teste flexão do antebraço 182

Ilustração 51 - Avaliação das avaliações no Homem, teste flexão do antebraço

....................................................................................................................... 182

Ilustração 52 - Tabela das avaliações na Mulher, teste sentado e alcançar .. 184

Ilustração 53 - Tabela das avaliações no Homem, teste sentado e alcançar . 185

Ilustração 54 - Tabela das avaliações na mulher, no teste sentado, caminhar

2.44 m e voltar a sentar .................................................................................. 187

Ilustração 55 - Tabela das avaliações no Homem, teste sentado, caminhar 2.44

m e voltar a sentar .......................................................................................... 188

Ilustração 56 - Tabela das avaliações na mulher, no teste alcançar atrás das

costas ............................................................................................................. 189

Ilustração 57 - Tabela das avaliações no Homem, teste alcançar atrás das

costas ............................................................................................................. 190

Ilustração 58 - das avaliações no Mulher, teste dois minutos de step no próprio

lugar ............................................................................................................... 192

Ilustração 59 - Tabela das avaliações no Homem, teste dois minutos de step no

próprio lugar ................................................................................................... 192

Ilustração 60 - Tabela das avaliações no Mulher, teste andar 6 minutos ....... 194

Ilustração 61 - Tabela das avaliações no Homem, teste andar 6 minutos ..... 195

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

13

Introdução

No âmbito da disciplina de Condição Física Nutrição e Saúde, realizou-

se este trabalho em forma de relatório de aulas com vista a integrar todos os

conteúdos abordados, quer das aulas teóricas quer das aulas práticas. Todas

as aulas decorreram no complexo desportivo da Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro, tendo as aulas teóricas decorrido na sala 1 e as aulas

práticas no laboratório de condição física e na pista de tartan do referido

complexo.

Todos os relatórios aqui abordados são referentes a aspectos que em

muito estão directamente implicados com factores que determinam a saúde

geral de crianças, jovens e adulto, não esquecendo e em particular as pessoas

mais idosos. Deste universo de temas aqui retratados pode-se referir que todos

eles têm uma componente predominantemente prática que se reflecte nos

inúmeros protocolos de avaliação das variadas componentes de saúde

retratadas.

Este relatório de aulas inicia-se com uma ampla abordagem sobre o

plano curricular que foi leccionado durante o semestre. Seguidamente se

explanará todos os conteúdos abordados no plano curricular, que serão os

seguintes por ordem de inclusão no dossier: exercício físico e as suas

componentes de aptidão física; saúde e a importância de um estilo de vida

activo na promoção da saúde; a composição corporal e a sua avaliação; a

obesidade nas suas diferentes formas e prescrição de exercício; a

bioimpedância; a sarcopenia, a osteoporose e finalmente uma bateria de testes

para avaliar a aptidão funcional sobretudo para pessoas mais idosas.

Os elementos deste grupo serão elementos activos nas aulas práticas,

realizando os testes inerentes a cada contudo programático onde registarão os

valores obtidos. Estes valores serão utilizados para a elaboração de quadros

de resultados, quem em complemento com a literatura pesquisada ou cedida

pela docente irá dar um suporte fundamental para a assimilação dos conteúdos

abordados. Os testes que foram realizados e dos quais aqui se fará uma

Page 14: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

14

discussão dos resultados serão: a determinação das intensidades absolutas e

relativas do exercício, a determinação do índice de Massa corporal (IMC); os

perímetros da cintura, cintura/anca e sagital; o walking teste, a bioimpedância e

finalmente a densidade mineral óssea.

Todo o dossier de relatórios está organizado fundamentalmente de

uma forma estruturado por conteúdos dados em cada aula, para que no futuro

seja de fácil consulta caso seja necessário tirar alguma dúvida relativa ao que

foi abordado. Fica também um valioso “manual” para uma vida profissional

relacionada com a prescrição do exercício.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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I - Aula 1

Sumário: Apresentação do programa da disciplina e aquisição de

conhecimentos relacionados com a prática de actividade física e de desporto

na Europa e com a relação da inactividade física com condições crónicas de

saúde.

CONTEÚDOS

Programa da disciplina

Actividade física, exercício físico e aptidão física

Classificação das actividades físicas em função do MET

Inactividade Física e Risco de doença

1. Objectivos da disciplina

A disciplina de Condição Física, Nutrição e Saúde pretende

desenvolver nos alunos competências no domínio da classificação e selecção

de protocolos e procedimentos de apreciação da actividade física e das

componentes da aptidão física (composição corporal, aptidão aeróbia e aptidão

muscular), na elaboração de relatórios individuais de natureza informativa e

formativa e, por último, a utilização das avaliações anteriormente indicadas na

concepção, prescrição e execução de programas de exercício e de

aconselhamento de actividade física num quadro não formal. Pretende-se

igualmente conferir aos alunos informação relacionada com as orientações

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº1 6ª Feira das 10:30 às

12:30

12-02-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

16

nutricionais destinadas a melhorar os níveis de massa gorda, massa óssea,

massa muscular e água corporal, bem como em relação a algumas condições

crónicas de saúde.

2. Avaliação da disciplina

As provas de avaliação periódica na disciplina de Condição Física,

Nutrição e Saúde constam na avaliação de 3 parâmetros incluindo a

frequência, o trabalho prático e a atitude dos alunos, com ponderação

diferenciada.

No sistema de avaliação periódica, os alunos são dispensados de

exame final se obtiverem uma nota final igual ou superior a 9,5 valores. A

obtenção de uma nota igual ou superior a 8,5 valores e inferior a 9,5 valores

obriga à realização de um exame final.

Quando a nota final obtida for inferior a 8,5 valores o aluno necessita

submeter-se a exame final, podendo optar pela primeira ou segunda chamada.

A marcação do calendário de exames é da responsabilidade do

Coordenador do Curso. Para ter acesso às épocas normal e de recurso, os

alunos têm de efectuar a sua inscrição na secretaria do Departamento de

Desporto até 48 horas antes da realização das referidas provas

(Artigo 3 do Capítulo 1 das Normas Pedagógicas)

Para a avaliação de conhecimentos os alunos trabalhadores-estudantes

poderão optar por uma avaliação periódica ou por exame final. No caso de

FREQUÊNCIA (50%) + ATITUDE (2%) + RELATÓRIOS DAS AULAS

TEÓRICO-PRÁTICAS (48%)

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

17

seleccionarem o sistema de avaliação periódica deverão comunicar a sua

intenção à docente da cadeira por escrito e até ao final da primeira quinzena do

semestre (Artigo 5 do Regulamento do Estatuto Trabalhador Estudante).

3 Trabalho prático

No decorrer do semestre os alunos, organizados em grupos de 6

elementos (pertencentes à mesma turma), deverão elaborar um trabalho

escrito relativo às aulas teóricos-práticas que será o conjunto dos relatórios das

aulas leccionadas. O referido trabalho deverá estar estruturado de acordo com

as regras indicadas no Quadro 1, estando os critérios de avaliação do mesmo

expresso no Quadro 2.

Ilustração 1 - Trabalho escrito das aulas teórico-práticas

Page 18: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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4. Conteúdos programáticos

ACTIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO, APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

1.1 Definição dos conceitos

1.2 Importância de um estilo de vida activo na promoção da saúde.

1.3 Componentes da aptidão física (aptidão aeróbia, força, resistência

muscular, flexibilidade

e composição corporal)

1.4 Objectivos da avaliação da aptidão física e sua importância na

manutenção/aquisição de um estilo de vida saudável

1.5 Objectivos da avaliação da actividade física e sua utilização na promoção

da saúde cardiovascular, óssea e muscular.

Ilustração 2 - Critérios de avaliação do trabalho escrito das aulas teórico práticas

Page 19: Documento Final - CFNS

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1.6 Estratégias para aumento da adesão ao exercício

AVALIAÇÕES PRÉ-EXERCÍCIO

2.1 Benefícios da actividade física regular

2.2 Riscos associados ao exercício (jovens, adultos com eventos cardíacos,

durante a realização de testes físicos, reabilitação cardíaca) e prevenção

desses eventos cardíacos

2.3 Avaliação da saúde e estratificação do risco (algoritmo de pré-participação,

estratificação do risco para pacientes cardíacos)

2.4 Pressão Arterial (técnica de medição, classificação dos valores de pressão

arterial, fármacos e controlo da intensidade do exercício)

2.5 Lípidos e lipoproteínas (classificação do colesterol total, do colesterol LDL,

do colesterol HDL e dos trigicéridos de acordo com ATPIII

2.6 Consentimento informado

2.7 Contraindicações ao teste de exercício

2.8 Recomendações actuais de exercício para crianças, adultos e idosos

AVALIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS TESTES DE APRECIAÇÃO DA

APTIDÃO FÍSICA

3.1 Propósitos de aplicação dos testes de apreciação da aptidão física

3.2 Orientações relacionadas com as instruções pré-teste, ordem dos testes e

envolvimento

COMPOSIÇÃO CORPORAL

4.1 COMPONENTES DA MASSA CORPORAL E METABOLISMO DO TECIDO

ADIPOSO

4.1.1 Tecido adiposo, massa gorda e gordura

4.1.2 Massa magra, massa isenta de gordura e massa isenta de gordura e de

osso

Page 20: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

20

4.2 MASSA GORDA

4.2.1 Metabolismo do tecido adiposo

4.2.1.1 Armazenamento da gordura nos adipócitos

4.2.1.2 Armazenamento da gordura nos adipócitos abdominais

4.2.1.3 Mobilização da gordura dos adipócitos

4.2.1.4 Mobilização da gordura dos adipócitos abdominais

4.2.1.5 Conceito e riscos de saúde associados à obesidade

4.2.2 Classificação da obesidade (quantidade de gordura corporal, distribuição

da gordura, período de instalação e graus de obesidade)

4.2.3 Alimentação e obesidade

4.3 MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS

4.3.1 Vantagens e limitações das medidas antropométricas

4.3.2 Tabelas peso-altura (conceito, vantagens e limitações na sua aplicação)

4.3.3 Índice de massa corporal (critérios de medição do peso e da altura,

classificação dos valores e risco de saúde e vantagens e limitações da sua

aplicação)

4.3.4 Relação do perímetro da cintura com o risco de saúde

4.3.5 Índice cintura-estatura e índice cintura-anca (limites da sua aplicação na

mulher adulta).

4.9 ÁGUA CORPORAL

4.9.1 A água corporal como componente da massa isenta de gordura

4.9.2 Funções da água corporal e sua distribuição no meio intra-celular e extra-

celular

4.9.3 Balanço electrolítico em repouso e em situação de exercício (perda de

electrolíticos através da transpiração e na urina)

Page 21: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

21

4.9.4 Evolução do estado de hidratação dos tecidos com a idade

4.9.5 Papel da alimentação no estado de hidratação do indivíduo

4.10 IMPEDÂNCIA BIOELÉCTRICA

4.10.1 Princípios, pressupostos e vantagens deste método

4.10.2 Condições para a realização da avaliação (analisadores, eléctrodos,

sujeito que é avaliado, avaliador, condições do envolvimento)

4.10.3 Equações preditivas da água corporal total e da massa isenta de

gordura

4.11 MINERAL

4.11.1 Componente mineral na massa isenta de gordura (mineral celular e

mineral ósseo).

4.11.2 Papel dos factores mecânicos, nutricionais, genéticos e hormonais no

processo de modelação e de remodelação óssea.

4.11.3 Metabolismo ósseo na adolescência, nos adultos, na mulher pós-

menopáusica e nos idosos

4.11.4 Osteopénia e osteoporose (conceito, classificação e riscos para a

saúde).

4.11.5 A densitometria radiológica de dupla energia na avaliação do mineral

ósseo

(vantagens e limitações)

4.11.6 Alimentação e saúde óssea

4.12. MASSA MUSCULAR

4.12.1 Diferenças de massa muscular de acordo com o sexo, a idade e a etnia

4.12.2 Factores que afectam a massa e a qualidade muscular (inactividade

física,

Page 22: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

22

estrogénios/androgénios, consumo proteico, hormona do crescimento, acção

da

insulina, etc.)

4.12.3 Conceito de sarcopénia e prevalência nos dois sexos

4.12.4 Papel do exercício na prevenção da sarcopénia e na melhoria da

qualidade e da função muscular

4.12.5 Alimentação e condição muscular

CONDIÇÃO CARDIORESPIRATÓRIA

5.1 Conceito de consumo máximo de oxigénio e de frequência cardíaca de

reserva

5.2 Testes maximais e submaximais

5.3 Cálculo do dispêndio energético em repouso e equivalente metabólico

5.4 Testes de avaliação da condição cardiorespiratória (walking test, step test,

rockport walking test, teste de cooper, cicloergómetro e ergómetro de braços,

fitnessgram, bateria de fullerton)

5.5 Prescrição do exercício cardiorespiratório (tipo, intensidade e duração)

5.6 Dispêndio energético

5.7 Progressão do exercício (inicial, melhoria e manutenção)

Page 23: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

23

APTIDÃO MUSCULAR

6.1 Força muscular, endurance muscular e flexibilidade

6.2 Testes do Fitnessgram (protocolos e interpretação dos resultados), bateria

de Fullerton e testes valorizados no Observatório Nacional de Actividade Física

e do Desporto

6.3 Prescrição do exercício de resistência

6.4 Prescrição do exercício de flexibilidade

PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO

7.1 Conceito e componentes

7.2 Componentes da sessão de treino (aquecimento, fase de condicionamento,

actividades recreacionais e retorno à calma)

7.3 Prescrição da intensidade, duração, frequência e tipo de exercício com

base na avaliação do estado de saúde e da aptidão física.

7.4 Progressão do exercício e especificidade do treino

7.5 Concepção de programas de exercício com base na frequência cardíaca,

no equivalente metabólico, no equivalente calórico ou na sensação subjectiva

de esforço.

7.6 Posicionamento de vários organismos acerca do exercício necessário para

a melhoria/manutenção da aptidão aeróbia e muscular e para o controlo das

componentes da síndrome metabólica .

7.7 Condições farmacológicas que requerem condições especiais de

prescrição.

Page 24: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

24

5. Exercício Físico

É caracterizado por movimentos corporais planeados, estruturados,

repetitivos e com o objectivo de aumentar ou manter uma ou mais

componentes da aptidão física (Pate et al., 1995).

6. Aptidão física

Obtenção e/ou manutenção de uma expressão de capacidades físicas

(que se relacionam com a saúde) e que são necessárias para a realização de

tarefas/actividades diárias (Shephard,1994).

A multiplicidade de definições de Aptidão Física gera,

naturalmente, alguma dificuldade aos que estudam e investigam nesta

área ao mesmo tempo que reflecte a expressão da diversidade de

preocupações dos diferentes autores.

Apresentaremos em seguida um quadro que demonstra a evolução do conceito de

Aptidão Física (adaptado de Freitas, 1994) citado por Cardoso, M (2000).

AUTORES ANO CONCEITO

Darling et ai., 1948 É a capacidade funcional de um indivíduo

para cumprir uma tarefa;

Fleishman 1964 Capacidade funcional do indivíduo em

realizar alguns tipos de actividade que

exigem empenhamento muscular;

Clark 1967 Capacidade de executar tarefas diárias

com vigor e vivacidade, sem apresentar

fadiga e com ampla energia para treinar os

momentos de lazer e enfrentar

emergências imprevistas.

AAHPERD

1988 É um estado físico de bem-estar que

permite às pessoas realizar as actividades

e reduzir os problemas de saúde,

relacionados com a falta de exercício.

Proporcionar uma base de aptidão para a

participação em actividades físicas.

Page 25: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

25

Patê

1988 É um estado caracterizado por: (a) uma

capacidade de executar actividades diárias

com vigor e (b) demonstração de traços e

capacidades que estão associadas ao

baixo risco de desenvolvimento prematuro

de doenças hipocinéticas (i.e., as que

estão associadas à inactividade física).

Ilustração 3 - Definições de Aptidão Física – Adaptado de Fretias, (1994) citado por Cardoso, M (2000).

6.1 Componentes da aptidão física

Cardiovascular – maior ou menor capacidade do organismo receber oxigénio

da atmosfera através dos pulmões, transportá-lo pela corrente sanguínea até

ao coração, bombeá-lo para os músculos e utilizá-lo para produzir energia

(Sharkey, 1997).

Força – a maior ou menor capacidade do sistema neuromuscular superar

resistências (trabalho concêntrico), de actuar contra as mesmas (trabalho

excêntrico) ou mantê-las (trabalho isométrico) através da actividade muscular

(Fajardo, 1999).

Flexibilidade – maior ou menor amplitude de movimentos de uma articulação

ou grupo de articulações, que reflecte a capacidade de alongamento de um

músculo ou grupo muscular, considerando as restrições físicas impostas pelas

Articulações. (Allerheilinger, 1994).

Composição corporal – é medida em função dos compartimentos do corpo

(água corporal total, água extra e intra celular, massa gorda, massa magra,

minerais, minerais osseos e massa celular). O modelo mais simples de

composição corporal (bicompartimental) divide o corpo em dois grandes

compartimentos - massa gorda e massa magra (Houtkooper, 1994).

Page 26: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

26

6.1.1 Testes de avaliação das componentes da aptidão física

Queremos com o quadro abaixo, apresentar um exemplo de testes

usados e publicados por Fleishman, (1964) citado por Cardoso, M (2000),

estando certos que muitos destes testes já foram substituídos por outros mais

recentes, mais adaptados à actual realidade. Mas parece-nos que seria

importante deixar aqui um exemplo de como avaliar as componentes da

aptidão física.

COMPONENTES SUB-COMPONENTES TESTES

FORÇA

EXPLOSIVA Corrida Vai-Vem

Lançar a Bola

ESTÁTICA Dinamometria Manual

DINÂMICA Tracção na Barra Forte

FLEXIBILIDADE TRONCO Elevar as pernas

ESTÁTICA Amplitude Articular

DINÂMICA Flexão e Rotação

EQUILIBRIO GERAL Equilíbrio sobre uma

prancha

COORDENAÇÃO Saltar à corda

ENDURANCE Corrida/Andar 550m

Ilustração 4 - Testes de avaliação das componentes da aptidão física (Feishman, 1964)

7. Actividade Física

Qualquer movimento produzido pelo músculo-esquelético que

resulta em dispêndio energético acima do nível basal (USDHHS, 1996).

Segundo esta definição, qualquer actividade de traga um gasto

energético acima do basal, é considerado como actividade física, assim

caminhas, correr, lavar o carro, cozinhar, entre outras actividades diárias pode

ser consideradas actividade física desde que o parâmetro do gasto energético

seja cumprido.

Page 27: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

27

A actividade física pode ser vista de várias dimensões:

(i) envolvimento e objectivo da actividade

(ii) duração

(iii) frequência

(iv) intensidade

(v) eficiência

(vi) custo energético da actividade

Pate et al., 1995 ; Montoye et al., 1996; Goran, 1997

Segundo Leite, S (2005) é universalmente aceite que a actividade física é

benéfica para a saúde e segundo Bento (1991) citado por Leite, S (2005), a

relação entre a actividade física e saúde adquire grande relevância na

conjuntura actual, em que a sociedade se vê confrontada com as ditas doenças

da civilização.

Actualmente o sedentarismo é bastante elevado, cada vez mais os

hábitos de alimentação são mais maliciosos, o que leva a que as doenças

cardiovasculares sejam nos dias de hoje uma das grandes responsáveis pelas

causas de morte no mundo.

Hoje, 2/3 da população na União Europeia com 15 ou mais anos é

considerada insuficientemente activa para adquirir benefícios para a saúde.

Moreira, M (2010)

Mais de 57 % da população não faz actividade física de intensidade

vigorosa e 40,8 % não executa actividades de intensidade moderada,

diminuindo essa participação com a idade e, em particular, no género feminino.

Moreira, M (2010)

Page 28: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

28

Várias são as investigações que têm vindo a demonstrar que uma

actividade física regular reduz drasticamente o risco de doenças coronárias,

doenças cardiovasculares e os seus factores de risco associados, como a

obesidade e o stress emocional. (Blair, 1993) citado por Leite, S (2005).

Assim sendo, não é de estranhar, que investigadores, e professores

ligados à área da actividade física e saúde, venham alertar para a importância

de programas de actividade física regular, como o melhor caminho no combate

a uma das maiores causas de morte no mundo.

8. Saúde

Conceito que diz respeito à melhoria do bem-estar (mental, social,

físico), à diminuição da morbilidade e da mortalidade através do controlo das

chamadas doenças do estilo de vida (Blair, 1993).

Durante muitos anos a saúde foi definida de acordo com a ideia

expressa pela World Health Organization (2000), como estado de completo

bem-estar físico e social e não apenas a ausência de doenças ou

enfermidades.

Esta segunda definição parece-nos mais precisa, visto que para muitos

erradamente, a saúde é vista como a ausência de Hospitais, andar no dia-a-dia

autonomamente. Muitas pessoas inclusive, evitam as deslocações aos médicos

com receio que as doenças apareçam todas, é normal ouvir-se dizer que

depois de entrar no médico nunca mais se sai de lá. Puro engano, o que estas

pessoas procuram não conhecer a realidade, uma vez que há doenças como o

colesterol que não se manifestam, não apresentam dor, são as chamadas

doenças silenciosas mas que provocam grandes riscos para a saúde.

Assim definir saúde como o bem-estar e a ausência de doenças parece-

nos mais correcto.

Page 29: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

29

Ilustração 5 - Modelo descritivo das relações entre a actividade física habitual, a aptidão física relacionada à saúde e o estado de saúde. (Bouchard e Shephard, 1993) citado por Cardoso, M (2000).

8. Importância de um estilo de vida activo na promoção da saúde

Um estilo de vida activo irá por um lado diminuir a probabilidade de

doenças associadas ao sedentarismos e aos maus hábitos alimentares, como

a obesidade, hipertensão, diabetes, etc., como promoverá uma melhor aptidão

física o que possibilita uma melhor qualidade de vida, uma vez que a realização

das tarefas diárias é realizada sem qualquer desconforto.

Quando se pretende melhorar a aptidão cardiorespiratória, é indicada a

actividade física de média/alta intensidade de forma a provocar adaptações

significativas na estrutura e funcionamento do sistema cardiorespiratório.

Por outro lado, a actividade física de baixa/média intensidade com

acumulação diária de pelo menos 30 minutos também possui benefícios

cardiovasculares e de controlo do peso corporal.

Page 30: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

30

Actividade física associada ao estilo de vida - incentivar o aumento do

dispêndio energético no dia-a-dia;

Actividade física por curtos períodos ao longo do dia – possibilidade do

sujeito escolher os melhores períodos ao longo do dia para realizar a

sua prática de actividade física;

Aumento do bem-estar físico mas também psíquico;

Diminuição dos níveis de stress;

Aumento da auto-estima;

Etc.

9. O sistema de dispêndio energético MET (Equivalente Metabólico)

Quando falamos em actividade física, como já acima foi descrito,

falamos em qualquer movimento produzido pelo músculo-esquelético que

tenha um gasto energético superior ao basal. Quando queremos mensurar o

dispêndio energético de uma actividade física, podemos utilizar vários

parâmetros de descrição dessa actividade, como por exemplo, o tempo, a

intensidade, as kilocalorias (Kcal), kilojoules (KJ) ou até watts (W)

representando o trabalho realizado.

Importa esclarecer que a expressão dispêndio energético não deve ser

usada como sinónimo de actividade física. Em primeiro lugar porque, apesar do

dispêndio energético ser uma consequência da actividade física, quando

falamos do dispêndio energético total incluímos outras componentes como

sejam a taxa de metabolismo basal e o efeito térmico induzido pela assimilação

e digestão dos alimentos. Em segundo lugar, porque a quantidade de energia

despendida por um indivíduo é entendida sempre como um valor relativo,

equacionado em função da sua massa corporal. Um indivíduo

dimensionalmente pequeno que seja extremamente activo pode gastar,

diariamente, a mesma quantidade de Kilocalorias que um indivíduo

dimensionalmente maior e que seja sedentário. Daqui que não se possa

afirmar que sejam semelhantes em termos de actividade física.

Page 31: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

31

Por isso, sempre que a actividade física for expressa em termos de

dispêndio energético, Kilocalorias ou Joules, a massa corporal do indivíduo tem

que ser tomada em consideração. A expressão MET (abreviatura de

equivalente metabólico) é utilizada para significar o dispêndio energético em

função do peso do sujeito. Por equivalente metabólico entende-se o valor

correspondente à energia despendida em repouso, representando este valor

uma referência para a classificação da intensidade das actividades (35). Assim

sendo, os valores de dispêndio energético são expressos em múltiplos de

METs, correspondendo um MET a um gasto equivalente ao valor de energia

metabólica despendida pelo sujeito em repouso, por quilo de peso, isto é, 3.5

ml O2 · Kg –1 · min –1. Oliveira, M et al. (2001).

10. Classificação da actividade física em MET (Equivalente

Metabólico)

De acordo com a Recomendação do American College of Sports

Medicine and the American Heart Association (2007) para adultos, a

quantidade total de actividade física é uma função da sua intensidade, duração

e frequência.

Os MET são divididos em três grupos, denominados de actividade leve,

moderada e vigorosa. Os METs de cada grupo variam, e directamente

correlacionado está a frequência cardíaca, o consumo de oxigénio e outros

factores fisiológicos.

LEVE MODERADA VIGOROSA

Inferior a 3 3 a 6 Superior a 6

Ilustração 6 - Classificação dos METs por intensidades

1 MET: 3,5 ml/Kg/ minuto de O2 consumido

Page 32: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

32

Iremos ver no quadro em baixo, algumas das actividades diárias e o seu

dispêndio em METs, para que possamos ter uma pequena ideia da intensidade

de algumas actividades diárias por nós realizadas.

LEVE Inferior a 3 MODERADA 3 a 6 VIGOROSA – Superior a 6

CAMINHAR

Caminhar lentamente em

casa, loja ou escritório -

2,0

MET

CAMINHAR

Caminhar 4,83 km/hora -

3,3 MET

Caminhar com passo

acelerado - 5,0 MET

CAMINHAR

Caminhar, jogging ou corrida -

6,3 MET

Caminhar com mochila, com

passo moderado e com carga

leve (<4,5 kg) - 7,0 MET

Caminhada em inclinação e com

uma carga entre 4,5 kg a 19 kg -

7,5 a 9,0 MET

CASA E OCUPAÇÃO

Trabalhar ao computador,

sentado numa secretária -

1,5 MET

Em posição de pé,

executar trabalho leve

como fazer a cama, lavar

pratos, passar roupa a

ferro, preparar comida ou

executar funções de

caixeiro de loja - 2,0 a 2,5

MET

CASA E OCUPAÇÃO

Limpeza mais pesada

como lavar janelas ou o

carro,

limpar garagem - 3,0 MET

Limpar carpetes ou

tapetes, aspirar, limpar o

pó - 3,0 – 3,5

MET

Carpintaria - 3,6 MET

Transporte e

empilhamento de madeira

- 5,5 MET

Cortar a relva - 5,5 MET

CASA E OCUPAÇÃO

Cavando areia, carvão - 7,0

MET

Transporte de cargas pesadas

(ex. tijolos) - 7,5 MET

Cavar com pá - 8,5 MET

TEMPO DE LAZER E

DESPORTO

Artes e ofícios, jogar

cartas - 1,5 MET

TEMPO DE LAZER E

DESPORTO

Badmington - 4,5 MET

Basquetebol - 4,5 MET

TEMPO DE LAZER E

DESPORTO

Jogo de basquetebol - 8,0 MET

Ciclismo em apartamento

Page 33: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

33

Remo - 2,5 MET

Dardos - 2.5 MET

Pescar (sentado) - 2,5

MET

Tocar um instrumento

musical - 2,0 a 2,5 MET

Ciclismo em apartamento

(leve) - 6,0 MET

Dançar lentamente - 3,0

MET

Dançar de forma mais

rápida - 4,5 MET

Golfe - 4,3 MET

/esforço moderado (19,31 km-

22,53 km por hora) - 8,0 MET

Ciclismo em apartamento

/esforço elevado (22,53-25,75

km por hora) - 10,0 MET

Natação (esforço moderado-

difícil) – 8,0 a 11 MET

Voleibol competitivo em ginásio

ou praia - 8,0 MET

Ilustração 7 - Actividades diárias e os seus METs associados

11. Inactividade Física e risco de doenças

O risco relativo a doenças coronárias é reduzido nas pessoas que

praticam actividade física, quando comparadas com as pessoas

sedentárias, na presença ou na ausência de outros factores de risco, tais

como a idade, tabagismo, hipertensão, obesidade e hereditariedade

(Piéron, 1998) citado por Cardoso, M (2000).

Daqui se percebe, que as pessoas que apresentam uma baixa

participação em actividades físicas apresentam infelizmente, altas

probabilidades de doenças cardiovasculares.

De acordo com o American College of Sports Medicine and the

American Heart Association (2007) as doenças relacionadas com a

inactividade física regular feitos em estudos observados retrospectivamente

incluem: doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral

tromboembólicos, hipertensão arterial, diabetes meditos tipo 2, osteoporose

(fractura da anca em idosos), obesidade, cancro de cólon cancro de mama,

ansiedade e depressão.

Page 34: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

34

12. Bibliografia

Leite, S (2005) – Efeito de um programa de actividade física orientada na

aptidão e nos níveis de actividade física habitual de crianças com excesso de

peso – Monografia. Porto.

Oliveira, M e tal. (2001) - Avaliação da actividade física em contextos

epidemiológicos. Uma revisão da validade e fiabilidade do acelerómetro

Tritrac–R3D, do pedómetro Yamax Digi-Walker e do questionário de Baecke -

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 3 [73–88]

Abrantes, C (2008) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de

Academias I – Utad - Vila Real

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

Page 35: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

35

II - Aula 2

Sumário: Recomendações de actividade física para vários segmentos

da população. Definição de níveis de intensidade de prática de actividade

física.

Conhecimento da adaptação das restrições/limitações impostas por

determinados estados de saúde.

CONTEÚDOS

Programa da disciplina

Actividade física, exercício físico e aptidão física

Classificação das actividades físicas em função do MET

Inactividade Física e Risco de doença

1. Recomendações de actividade física

As recomendações da actividade física sofreram nos últimos tempos

algumas modificações, e é cada vez mais elevado o tempo necessário de

actividade física para combater os níveis de risco de doenças coronárias e

cardiovasculares. Em 2002, a OMS adoptou uma recomendação para que toda

a população praticasse no mínimo 30 minutos de actividade física diária. Søren

Brage (2009). Actualmente, e segundo estudos mais recentes, este volume jé é

insuficiente. O que nos deixa apreensivos, visto que se 30 minutos diários não

são cumpridos por uma grande maioria das pessoas, os 60 minutos propostos

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº2 6ª Feira das 10:30 às 12:30 19-02-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 36: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

36

como o volume de actividade diária, não serão cumpridos e irá aumentar

drasticamente o percentagem de indivíduos de risco.

2. Recomendações para adolescentes

Ilustração 8 - Recomendações da Actividade Física – Adaptado Audiovisuais, Moreira, M (2010).

Nos dias de hoje, cada vez mais os jovens realizam actividades com

menos gasto energético, numa sociedade cada vez mais protectora, as

crianças e jovens são tratadas de uma forma muito protectora, assim os pais

levam os filhos de carro até à porta da escola, até à porta da catequese, até à

porta de casa. Para além disso as actividades escolares são nos dias de hoje

com maior carga horária, o que leva à criança a permanecer por mais tempo

sentada, com um desgaste energético reduzido. As crianças já não brincam na

rua porque os pais não sentem que haja protecção e segurança nas ruas,

assim as brincadeiras de rua são substituídas por estar sentado (uma vez

mais) em frente ao computador, televisão ou consola de jogos.

Se esta inactividade por si só já é bastante grave, associada a ela, estão

hábitos alimentares cada vez menos cuidados. Cada vez mais, os jovens e

crianças consomem comida denominada “fast food”, mais caloria e menos

nutritiva que a comida tradicional, que fazia parte da alimentação dos nossos

Page 37: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

37

jovens. O acesso à comida é cada ez mais fácil, o que leva a os jovens

consumirem mais, os produtos altamente calóricos são muito atractivos o que

leva a serem muito consumidos por esta faixa etária. Assim sendo, menor

actividade física, maior ingestão calórica, leva a um excesso negativo de

calorias, o que leva a um aumento de peso e com isso um aumento grande de

doenças de risco, como é o caso das doenças cardiovasculares.

Adolescentes que realizem 30 a 60 minutos segundo recomendações do

CDC, ACSM e PCPFS. A intensidade e duração é o menos importante, o que

interessa é o facto de actividade ser agradável e envolver grandes grupos

musculares. Leite, S (2005)

Sallis e Owen (1999) referem que aumentos substanciais diários de

actividade física podem reduzir o risco de obesidade pelo incremente do gasto

energético. Leite, S (2005)

Como podemos ver pelo quadro acima representado, estas

recomendações já são insuficientes nos dias de hoje, Se até então as

actividades com crianças e jovens eram vistas do ponto de visa do divertimento

e não tanto no controlo da intensidade, volume e carga, o actual estado da

saúde das crianças e adolescentes, apresentando um excesso de peso em

grande percentagem delas, leva a que as recomendações sejam hoje, mais

severas e apertadas. Assim o volume e a intensidade aumentaram de forma a

poder contrariar o contexto ambiental e até social em que hoje estamos

inseridos.

Page 38: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

38

3. Recomendações para adultos

Para promover e manter a saúde, todos os adultos saudáveis entre 18

e 65 anos precisam de:

Actividade aeróbia: Para promover e manter a saúde, todos os

adultos saudáveis com idades entre 18-65 anos necessidade actividade física

de intensidade moderada aeróbia para um mínimo de 30 minutos em

cinco dias por semana ou de actividade aeróbia intensidade vigorosa

para um mínimo de 20 minutos em três dias por semana.

Além disso, as combinações de actividade de intensidade moderada e

vigorosa podem ser realizada para atender a essa recomendação. Por

exemplo, uma pessoa pode atender a recomendação do andar rapidamente

por 30 minutos duas vezes durante a semana e depois de 20 minutos em

intensidade vigorosa nos outros dois outros dias (correr). A actividade aeróbia

de intensidade moderada, que geralmente é equivalente a uma caminhada

rápida acelera visivelmente o ritmo cardíaco, podem ser acumulados/faseados

para o mínimo de 30 minutos com episódios de duração de 10 minutos ou

mais. A actividade de intensidade vigorosa é exemplificada pela corrida,

promove um aumento substancial da frequência respiratória e da frequência

cardíaca.

Esta quantidade recomendada de actividade física aeróbia é,

aconselhada a fazer em paralelo com a rotina do dia vida (por exemplo,

cuidados pessoais, cozinhar, caminhar ou fazer compras), e com actividades

deduração inferior a 10 minutos (por exemplo, caminhar em casa ou no

escritório, a pé a caminho do estacionamento).

A actividade fortalecimento muscular: Promove e mantém em adultos

uma boa saúde e independência física, pelos benefícios da realizar actividades

que mantenham ou aumentem a força muscular para um mínimo de dois dias

por semana. Recomenda-se que 8-10 exercícios sejam realizados em dois ou

mais dias não consecutivos em cada semana para os principais grupos

musculares.

Page 39: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

39

Para maximizar desenvolvimento da força a resistente, deve ser usado

que um método que permite 8-12 repetições de cada exercício, resultando em

fadiga voluntária para o fortalecimento muscular. O programa de treino deve

ser de cargas progressivas com pesos no ginásio, subir escadas, e exercícios

de resistência similar que usem os principais grupos musculares.

Benefícios adicionais de saúde para resultarem em níveis mais

elevados de aptidão física. Levam muitos adultos, inclusive aqueles que

desejam melhorar a sua aptidão pessoal, ou ainda reduzir os prematuros riscos

para a saúde como as doenças crónicas de e morte prematura relacionados

com a inactividade física, devem ultrapassar o mínimo de actividade física

quantidade recomendada

780 a 1560 METs - minutos por semana

Page 40: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

40

Ilustração 9 - Recomendações da actividade física para adultos - Haskell et al., (2007) citado por Moreira, M (2010).

4. Recomendações para idosos

Idosos (65 anos ou mais)

Adultos (50 – 64 anos) com condições crónicas, limitações funcionais

ou limitada aptidão física

De acordo com a American College of Sports Medicine and the

American Heart Association (2007), a recomendação para idosos é semelhante

à recomendação actualizada ACSM/ AHA para adultos (Pelo menos 30 minutos

de actividade física moderada (5-6 METs / 5 dias por semana, 20 minutos de

actividade vigorosa (7-8 METs) / 3 dias por semana e combinação de ambos),

mas tem várias diferenças importantes, incluindo: a intensidade da actividade

aeróbia recomendada levando em conta a aptidão aeróbia dos mais velhos e

actividades que mantêm ou aumentam a flexibilidade, sendo também

Page 41: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

41

recomendados exercícios de fortalecimento muscular, exercícios de equilíbrio

para diminuir o risco de queda.

Para o exercício aeróbio, a ACSM recomenda uma intensidade de

50% - 85% do consumo de oxigénio reserva e inclui tanto a intensidade de

exercício moderada como o exercício vigoroso. Se a reserva de oxigénio é

medido em uma escala de 10. Deve-se começa por uma intensidade moderada

em torno de “5” que corresponde a (50%), e quando se pretender uma

intensidade vigorosa não chegará se aproximar do nível “9” ou a (90%).

O trabalho de reforço muscular, a ACSM recomenda realizar pelo

menos um conjunto de repetições para 8-10 exercícios que solicitam os

principais grupos musculares, e recomenda exercício para cada grupo

muscular com a frequência de 2x ou 3 por semana. Os especialistas

recomendam 10-15 repetições por cada exercício.

Flexibilidade / equilíbrio; é uma actividade recomendada para manter a

amplitude de movimento necessário para o dia-a-dia das actividades física.

Devem ser realizadas pelo menos 10 minutos de actividades de

flexibilidade, e é recomendada com base no tempo necessário para uma rotina

de alongamentos gerais que envolvem grandes músculo e tendão com 10-30

minutos de um alongamento estático com 3-4 repetições para cada trecho.

Preferencialmente as actividades de flexibilidade deveram ser realizadas todos

os dias que se pratique actividades aeróbias de trabalho de reforço muscular.

Page 42: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

42

Ilustração 10 - Recomendações para idosos e adultos entre os 50 e 64 anos com limitações – Moreira, M (2010).

Page 43: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

43

5. Contra indicações na actividade física

Relacionado com a aplicação dos testes físicos de acordo com o American

college of Sport Medicine são:

Pressão arterial sistólica superior a 115 mm Hg ou distólica superior a

200mm Hg

Doença cardíaca valvular moderada

Conhecida anormalidade elecrocardiográfica

Aneurisma (existência da parede fragilizada de uma artéria devido á

pressão exercida pelo sangue)

Doença metabólica não controlada clinicamente (ex. diabetes)

Doença infecciosa grave (ex. hepatite)

Doença neruromuscular ou romatológica que possa ser agravada pela

prática o exercício

Gravidez avançada ou com complicações

Psicose (distúrbios mentais com perda de controlo com a realidade)

Infecção aguda

Recente embolia pulmonar (oclusão de uma das artérias que irriga o

pulmão)

Tromboflebite (processos inflamatório de um segmento de uma veia,

geralmente de localização superficial, juntamente com a formação de

coágulos)

Miocardite o Pericardite suspeita ou confirmada

Severa estenose aórtica (estreitamento da válvula aórtica)

Angina de peito instável

Recente enfarto de miocárdio

Arritmias ventriculares descontroladas

Arritmias auriculares descontroladas e que comprometes a função

cardíaca.

Page 44: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

44

6. Vantagens da Actividade Física

(Adaptado de Orientações da EU para a Actividade Física, 2009):

Redução do risco de doença cardiovascular;

Prevenção e/ou atraso no desenvolvimento de hipertensão arterial, e

maior controlo da tensão arterial em indivíduos que sofrem de tensão

arterial elevada;

Bom funcionamento cardiopulmonar;

Controlo das funções metabólicas e baixa incidência da diabetes tipo 2;

Maior consumo de gorduras, o que pode ajudar a controlar o peso e

diminuir o risco de obesidade;

Diminuição do risco de incidência de alguns tipos de cancro,

nomeadamente dos cancros da mama, da próstata e do cólon;

Maior mineralização dos ossos em idades jovens, contribuindo para a

prevenção da osteoporose e de fracturas em idades mais avançadas;

Melhor digestão e regulação do trânsito intestinal;

Manutenção e melhoria da força e da resistência musculares, o que

resulta numa melhoria da capacidade funcional para levar a cabo as

actividades do dia-a-dia;

Manutenção das funções motoras, incluindo a força e o equilíbrio;

Manutenção das funções cognitivas, e diminuição do risco de depressão

e demência;

Diminuição dos níveis de stress e melhoria da qualidade do sono;

Melhoria da auto-imagem e da auto-estima, e aumento do entusiasmo e

optimismo;

Diminuição do absentismo laboral (baixas por doença);

Em adultos de idade mais avançada, menos risco de queda e

prevenção, ou retardamento de doenças crónicas associadas ao

envelhecimento.

Page 45: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

45

7. Cálculo individual dos níveis de intensidade de actividade física

FREQUENCIA CARDIACA MÁXIMA (FCM)

220-IDADE +/- 10

FREQUENCIA CARDIACA DE REPOUSO

Média de três medições da frequência cardíaca ao acordar

FREQUENCIA CARDIACA DE RESERVA (FCR)

Frequência Cardíaca Máxima – frequência cardíaca de repouso

Miguel Araújo

FREQUENCIA CARDIACA MÁXIMA (FCM)

220-41=179 Bpm

FREQUENCIA CARDIACA DE REPOUSO

66+64+62=64 Bpm

FREQUENCIA CARDIACA DE RESERVA (FCR)

179-64=115 Bpm

Victor Silva

FREQUENCIA CARDIACA MÁXIMA (FCM)

220-21=199 Bpm

FREQUENCIA CARDIACA DE REPOUSO

60+64+58=61 Bpm

FREQUENCIA CARDIACA DE RESERVA (FCR)

199-61=138 Bpm

Page 46: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

46

Após a determinação da frequência cardíaca máxima, de repouso e de

reserva, poderemos determinar os intervalos de treinos das intensidades leve,

moderada, vigorosa e muito vigorosa.

Determinado os intervalos de treino, consoante a intensidade, podemos

monitorizar o treino e controlando-o através de um relógio polar, um

instrumento de fácil acesso.

Figura 4 – Exemplo de um relógio Polar

Iremos então apresentar a fórmula de Kanvonen, que nos permite

calcular os intervalos de treino.

Intervalos percentuais de intensidade

INTENSIDADE % FC RESERVA

LEVE 20% A 39%

MODERADA 40% A 59%

VIGORASA 60% A 84%

MUITO VIGOROSA SUPERIOR A 85%

Fórmula de Kanvonen - (F.C.Resesva. x VO2 max. %) + F.C.Repouso

Page 47: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

47

Miguel Araújo

Intensidade leve

(115 x 0,20)+64 = 87 bpm

(115 x 0,39)+64 = 109 bpm

Intervalo de FC entre 87 e 109 Bpm

Intensidade moderada

(115 x 0,40)+64 = 110 bpm

(115 x 0,59)+64 = 132 bpm

Intervalo de FC entre 110 e 132 Bpm

Intensidade vigorosa

(115 x 0,60)+64 = 133 bpm

(115 x 0,84)+64 = 160 bpm

Intervalo de FC entre 133 e 169 Bpm

Intensidade muito vigorosa

(115 x >0,85)+64 = >160 bpm

Intervalo de FC superior a 160 Bpm

Victor Silva

Intensidade leve

(138 x 0,20)+61 = 88 bpm

(138x 0,39)+61 = 115 bpm

Intervalo de FC entre 88 e 115 Bpm

Intensidade moderada

(138 x 0,40)+61 = 117 bpm

(138 x 0,59)+61 = 143 bpm

Intervalo de FC entre 117 e 143 Bpm

Intensidade vigorosa

(138 x 0,60)+61 = 144 bpm

(138 x 0,84)+61 = 177 bpm

Intervalo de FC entre 144 e 177 Bpm

Intensidade muito vigorosa

(138 x >0,85)+61 = >178 bpm

Page 48: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

48

Intervalo de FC superior a 178 Bpm

Miguel Araújo

Victor Silva

Através deste método de determinação do intervalo da FCR para cada

grau de intensidade de esforço, torna-se mais fácil determinar os MET’s

associados a cada intensidade e deste modo controlar o regime do treino ou

exercício ao longo da semana ou sessões de treino de modo a ir de encontro

ao programa de exercício estipulado.

Intensidade relativa

VOmax %

FC mínima FC máxima

Leve Entre 20 - 39 87 bpm 109 bpm

Moderada Entre 40 - 59 110 bpm 132 bpm

Vigorosa Entre 60 - 84 133 bpm 160 bpm

Muito

vigorosa

>ou = 0,85 > ou = 160 bpm

Intensidade relativa

VOmax %

FC mínima FC máxima

Leve Entre 20 - 39 88 bpm 115 bpm

Moderada Entre 40 - 59 117 bpm 143 bpm

Vigorosa Entre 60 - 84 144 bpm 177 bpm

Muito

vigorosa

> ou = 85 > ou = 160 bpm

Page 49: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

49

8. Bibliografia

Leite, S (2005) – Efeito de um programa de actividade física orientada na

aptidão e nos níveis de actividade física habitual de crianças com excesso de

peso – Monografia. Porto.

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

William, L et. Al (1007) - Updated Recommendation for Adults From the

American College of Sports Medicine and the American Heart Association-

Physical Activity and Public Health

Page 50: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

50

III - Aula 3

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com a medição e

classificação de indicadores de adiposidade total e central.

CONTEÚDOS

Avaliação e classificação do índice de massa corporal e do perímetro da

cintura.

Índice de conicidade: avaliação e classificação

1. Composição Corporal

Para Corbin e Lindsey (1994) citado por Costa, J (2008) a composição

corporal é uma componente da Aptidão Física relacionada com a saúde e

refere-se às quantidades relativas de músculo, gordura, osso e outras partes

vitais do corpo.

Já Semenick (1994) citado por Barão, O (2002) define composição

corporal com sendo a proporção relativa de peso corporal pela quantidade de

massa gorda e massa magra.

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº3 6ª Feira das 10:30 às

12:30

26-02-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 51: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

51

Obviamente que todas estar partes, não representam a mesma

importância para o profissional do movimento humano, sendo assim umas

partes são mais investigadas que outras. Outro factor importante de referir, é

as sob categorias que cada uma destas partes apresenta. A título de exemplo a

massa corporal, não é toda ela igual, temos então a massa magra ou isenta de

gordura e a massa gorda e até massa muscular. Iremos no decorrer deste

trabalho abordar muitas destas partes e as suas respectivas sob divisões.

1.1 Vantagens do estudo da composição corporal

Monitorização das mudanças de componentes da massa corporal (crescimento,

envelhecimento, presença de determinadas doenças, etc.)

Esclarecimento sobre o impacto dos valores dessas componentes para a saúde e

efeito do exercício das mesmas.

Prescrição nutricional e do exercício e apreciação da sua afectividade.

Page 52: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

52

Ilustração 11 - Vantagens da apreciação das componentes corporais

1.2 Componentes Estruturais do Corpo

Ward Johnson e Stager (1984) citado por Costa, J (2008) referem que os

três maiores componentes estruturais do corpo são:

Massa Muscular (composta por 72% de água, 20% de proteína,

minerais e ácidos gordos);

Massa Gorda (composta por 60-95% de ácidos gordos e água

Massa Óssea (fundamentalmente composta por minerais, água, proteínas e

ácidos gordos).

Já Maia (1989) citado por Costa, J (2008) refere que existem 4 modelos

de divisão da massa corporal:

Page 53: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

53

- Modelo bicompartimentado: Divisão da massa corporal em

massa isenta de gordura e massa gorda;

- Modelo tricompartimentado: Divisão da massa corporal em

massa isenta de gordura, massa gorda e água corporal total;

- Modelo tetracompartimentado: Divisão da massa corporal em

massa gorda, massa proteica, massa mineral e água corporal total;

Normalmente, é utilizado no fraccionamento da massa corporal o modelo

bicompartimentado. Iremos em seguida apresentar um estudo sobre a

composição corporal, tendo sido utilizado o modelo bicompartimentado.

Num entanto a divisão das várias propriedades da massa muscular é

possível analisar, tal como as proteínas, minerais, água.

Para alguns autores faz mais sentido separar estes constituintes

da massa muscular, num entanto o estudo abaixo demonstrado assim

não entendeu.

O modelo 2C, sugerido Brozek e col

(1963) cit. Moreira M. & Sardinha L.

(2003), baseia-se na análise de 3

cadáveres do sexo masculino de 25,36 e

46 anos e considera que os constituintes

da massa corporal possuem proporções

(15.3 % para a MG e 84,7 % para MIG) e

densidades (0,901 g/cm3 e 1,10 g/cm3,

respectivamente) constantes,

independentemente do sexo, idade, etnia

e do nível de gordura corporal ou de

Ilustração 12 – Modelo 2 C - Proporções das componentes da composição corporal

Page 54: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

54

treino. Embora alguns trabalhos desenvolvidos em sujeitos saudáveis de

ambos os sexos confirmem os valores de referência considerados no modelo

clássico (Fuller e col., 1992) citado por Moreira M. & Sardinha L. (2003), os

métodos as 2C podem não ser validos para determinados grupos

populacionais, nomeadamente em idosas, para quem a hidratação,

mineralização ósseo ou a concentração de potássio na MIG (2,5 kg no homem

de referencia e 2,3 kg na mulher de referencia) diferem das constantes

assumidas (Lukaski, 1987, citado Por Moreira M. e Sardinha L. (2003).

1.2.1 Massa Gorda

A massa gorda representa o conjunto de lípidos que podem ser extraídos do

tecido adiposo e de outros tecidos do corpo, sendo formada por cerca de 10% de lipidos

essenciais e 90% de lipidos não essências ou de armazenamento (Heyward &

stolarczyk, (1996) cit. por Moreira M. 2003).

A massa gorda é constituída por lipidos essenciais, como os fosfolipidios

necessários à formação da membrana celular (sistema nervoso central,

glândulas mamarias, entre outros) e lipidios não essenciais, como trigliceridios

do tecido adiposo, musculo e plasma (engloba a gordura subcutânea,

intramuscular, intramuscular e visceral). A massa gorda e o tecido adiposo

apresentam benefícios nos humanos, tais como a sobrevivência, reprodução e

lactação. A gordura abdominal pode dividir-se em gordura abdominal

(localizada no mesentério) e gordura visceral (localiza-se no omeron maior). A

adiposidade central tem origem em diferentes factores; genéticos, hábitos

tabágicos, idade, álcool, menopausa e exercício.

Page 55: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

55

Ilustração 13 - Composição da Massa Gorda

1.2.1.1 Lípidos

São definidos como um conjunto de compostos químicos insolúveis na

água e solúveis em solventes orgânicos.

Existe alguma confusão com o termo lípidos, uma vez que este é muitas

vezes confundido com a gordura. Esta é sinónima de triglicéridos, sendo assim

uma sob categoria dos lípidos. Os lípidos podem ser essenciais ou não

essenciais.

Lípidos essenciais: Incluem fosfolípidios, esfingolípidos e esteroides

fundamentais em vários processos fisiológicos.

Page 56: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

56

Lípidos não essenciais: Também denominados triglicéridos são as

principais reservas de energia. Nos homens estes representam

aproximadamente 90% dos lípidos totais, sendo os restantes 10% lípidos

essenciais.

Ilustração 14 - Composição dos lípidos não essenciais ou gordura

1.2.2 Massa Magra

3. Avaliação da Massa Corporal

Após termos conhecido as divisões da massa corporal e termos feito

uma pequena descrição dessas mesmas divisões, iremos agora abordar os

alguns dos vários métodos de medição da massa corporal.

Page 57: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

57

3.1 Índice de Massa Corporal (IMC) Corporal - IMC

O Índice de Massa Corporal (IMC) ou Índice de Quetelet foi estabelecido

por Quetelet, em 1969, e é um método analítico, não laboratorial, que permite a

avaliação da composição corporal de uma forma indirecta.

O IMC expressa a relação entre o Peso (massa corporal) e a Altura de

um indivíduo e traduz-se pelo quociente entre a massa corporal em quilos e o

quadrado da altura em metros, [IMC = Peso (kg) / Altura (m2)], e tem sido

usado frequentemente para estimar o peso ideal ou a obesidade.

O IMC é não só um indicador que permite avaliar se um indivíduo tem ou

não excesso de peso e é também um preditor da gordura corporal.

Segundo a WHO (1995), o IMC é um método aplicado universalmente, barato,

não invasivo, de simples utilização e constitui uma boa medida para avaliar o

excesso de peso e a obesidade, designadamente para o estudo de grandes

amostras comunitárias (Onis et al, 1996). Resulta da razão entre o peso em

quilogramas e o quadrado da altura em metros (Kg/m²).

A OMS, em 2000, estandardizou a classificação do excesso de peso e

da Obesidade baseada no IMC, para adultos de ambos os sexos. Após alguma

controvérsia, devida sobretudo aos IMC apresentados pela população dos

EUA, que são geralmente mais elevados, a OMS acordou que um IMC normal

se situaria entre os 18,5 e os 24,9 kg/m2. No quadro seguinte, pode observar-

se a classificação da Obesidade tendo em conta o IMC, segundo a OMS.

Uma das limitações da utilização do IMC é o facto de não distinguir entre

adiposidade e muscularidade. Assim torna-se essencial calcular a percentagem

de massa magra isente de gordura e massa gorda, para que o nosso

diagnóstico seja mais preciso.

Page 58: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

58

3.1.1 IMC Crianças Portuguesas

Ilustração 15 - Dados estatísticos das regiões autónomas

3.1.2 IMC Adultos

Classificação IMC (kg/m2) Risco de co-morbilidade

Baixo Peso ≤ 18,5 Baixo (risco aumentado de outros problemas clínicos)

Peso normal 18,5 a 24,9 Médio

Excesso de Peso ≥ 25

Pré-obesidade 25 a 29,9 Aumentado

Obesidade grau 1 30 a 34,9 Moderado

Obesidade grau 2 35 a 39,9 Severo

Obesidade grau 3 ≥ 40 Muito Severo

Ilustração 16 - Quadro da relação do IMC e a classificação quanto ao peso

3.1.3 IMC Idosos

Page 59: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

59

3.2 Medição do Peso

Optar pela utilização de balanças de escala

digital, realizando a leitura do resultado com

aproximação às 100 g. É necessário controlar

periodicamente a calibração da balança. No acto da

pesagem deve-se utilizar a menor quantidade de roupa

possível (pesagem realizada sem calçado).

Posicionamento bípede em cima da balança, com o peso igualmente

distribuído sobre os dois pés. Basta realizar uma única pesagem.

3.3 Medição da Altura

Posição antropométrica

- Posição bípede

- Cabeça no plano de Frankfurt

- Mãos em contacto com a face lateral das coxas

- Calcanhares unidos e pontas os pés afastadas

entre si cerca de 60º

Ilustração 17 - Valores de referência para adultos e idosos

Page 60: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

60

- Peso igualmente distribuído sobre os dois pés

- Parte horizontal da craveira em contacto na parte superior da cabeça do

sujeito

A leitura do resultado no final da inspiração profunda e com aproximação a 0,1

cm.

3.4. Perímetro da Cintura (PC)

Indivíduo em posição antropométrica

Localização do topo da crista ilíaca direita

e colocar fita antropométrica paralela ao

solo em torno da zona abdominal, ao nível

do topo da crista ilíaca.

Fita ajustada mas sem apertar.

Resultado considerado no final da

expiração

Realizar pelo menos 2 medições (limite de

tolerância de 1 cm).

Page 61: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

61

3.4.1 Valores de referência do perímetro da cintura (PC)

Ilustração 18 - Valores de referência do perímetro da cintura

Page 62: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

62

3.5 Índice de Conicidade (Conicity Índex)

Avaliação e classificação

Índice de conicidade (IC) = Perímetro da cintura / 0,109 *V peso/altura

Índice de conicidade varia entre 1,00 (perfeito cilindro e 1,73 (perfeito duplo cano)

O índice de conicidade é baseado na ideia de que o corpo do individuo varia de

um modelo em cilindro para um modelo em duplo cone, com a acumulação da gordura

em torno da cintura.

Valores étnicos e específicos para o perímetro da cintura:

País / grupo étnico Perímetros da cintura

Europa Homens =/> 94 cm

Mulheres =/> 80 cm

Nos EU os valores de corte de 102 cm para os Homens e 88 cm para as mulheres,

continuam a ser considerados no contexto clínico.

Brasil Homens =/> 88 cm

Mulheres =/> 83 cm

Sul da Ásia Homens =/> 90 cm

Mulheres =/> 80 cm

Baseado em dados da china, Malásia e na população Asiática – Indiana

Page 63: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

63

China Homens =/> 90 cm

Mulheres =/> 80 cm

Japão Homens =/> 85 cm

Mulheres =/> 90 cm

Africanos – utilização de dados na população Europeia (por agora)

Mediterrâneo Oriental e Centro – Leste – utilização de dados da população Europeia

(por agora).

Ilustração 19 - Valores étnicos e específicos para o perímetro da cintura

4. Obesidade

“A alimentação excessiva, os petiscos, o álcool, as guloseimas e outros, levam á

ingestão de alimento em quantidade superior às necessidades do organismo. O

alimento mantém-nos vivos, dá-nos força e energia, mas quando é excessiva o

organismo não o rejeita mas reserva-o, guarda-o, sob forma de gordura”, (Correia,

1981).

A obesidade é definida como sendo uma condição de excesso de

gordura corporal acumulada no tecido adiposo, cujas implicações podem

prejudicar a saúde (WHO, 2000). Estamos perante uma “epidemia” que afecta

adultos e crianças e nestas pode promover a elevada pressão sanguínea,

intolerância à glucose, diabetes tipo II, risco de doenças cardiovasculares,

entre outras (Pietrobelli e Steinbeck, 2004), citado por Leite, S (2005).

A OMS reconhece que, neste século, a obesidade tem uma prevalência

igual ou superior à da desnutrição e das doenças infecciosas. Por tal facto, se

não se tomarem medidas drásticas para prevenir e tratar a obesidade, mais de

50% da população mundial será obesa em 2025. Oliveira, A et al. (2009) .

Sendo assim, estamos perante um grave problema de saúde que poderá

a breve prazo tornar-se uma das grandes epidemias ao nível da saúde. Aliás, a

Page 64: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

64

OMS já referiu que a obesidade caminha a passos largos para a epidemia do

século XXI.

Assim, a obesidade é uma doença crónica, com enorme prevalência nos

países desenvolvidos, atingindo homens e mulheres de todas as raças e de

todas as idades. Desde há alguns anos que a OMS tem vindo a manifestar

uma enorme preocupação com as questões relativas a consumos alimentares

das populações, sobretudo da população jovem. Oliveira, A et al. (2009)

Normalmente, as epidemias de saúde, são mais significativas nos países

sob desenvolvidos, mas no caso específico da obesidade esta ocorre em

grande escala em países desenvolvidos. Quais podem ser as causas?

Obesidade ocorre em grande parte, por um excesso de calorias

ingeridas e um défice de desgaste energético. Nos países desenvolvidos o

acesso a comida é bastante acessível, muita desta comida é altamente

calórica, uma vez que à poder económico para adquirir estes produtos, muitos

deles denominados fast food, comida criada para pessoas com pouco tempo,

característica dos países desenvolvidos. Os meios tecnológicos, permite ao

indivíduo produzir menos esforço para fazer as tarefas diárias (menos desgaste

energético), e um comportamento demasiado sedentário.

Vejamos o que nos diz Oliveira, A et al. (2009) sobre o novo paradigma:

“De facto, o paradigma da saúde mudou: a sobrenutrição passou a ser alvo de

uma atenção tão grande quanto a subnutrição. Estima-se que a obesidade é, à

escala mundial, a segunda causa de morte passível de prevenção. É uma

doença dispendiosa, de alto risco, crónica e reincidente; esta doença afecta

milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive crianças.”

Page 65: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

65

4.1 Tipos de Obesidade

4.1.1 Obesidade Ginóide

Tipos Problemas Ilustração

Obesidade Ginóide é o tipo

morfológico característico das

mulheres obesas, onde a

distribuição da gordura se faz

preferencialmente na metade

inferior do corpo, glúteos e

coxas.

- Problemas mecânicos (excesso

de peso)

- Problemas psicológicos

4.1.2 Obesidade Andróide

Obesidade Andróide é mais

usual nos homens obesos,

onde a distribuição da gordura

se acumula sobretudo na

metade superior do corpo

(região abdominal).

- Problemas cardiovasculares

- Tendência para diabetes

- Hipertensão

- Arteriosclerose

- Níveis elevados de colesterol

- Níveis elevados de

triglicerídeos

Page 66: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

66

4.2 Períodos críticos do desenvolvimento da obesidade

Ao analisar o desenvolvimento da obesidade nas crianças, verifica-se

que há três períodos considerados críticos: o período fetal, o período entre os 4

e 6 anos e o período da adolescência (Steinbeck, 2001), citado por Leite, S

(2005).

- Período Fetal: Durante o período pré – natal ou fetal, a nutrição contribui

directamente para o desenvolvimento do tamanho, forma e composição do

corpo. Existe uma relação entre os modelos do crescimento intra-uterino e a

gordura abdominal, a obesidade e as suas morbilidades no futuro. Leite, S

(2005).

Este é um período que cada vez mais, as futuras mães se preocupam e

aqui surge com um papel decisivo o papel do pediatra, que deve aconselhar de

forma eficiente a futura mãe. É usual, ouvir-se que quando se está grávida, se

duplica a ingestão dos alimentos, que a grávida deve comer tudo que lhe

apetece para que o futuro bebé nasça saudável e forte, o que leva a muitas

mulheres cometerem inúmeros erros alimentares, que irá influenciar

directamente o desenvolvimento, forma e composição do corpo do bebé.

- Período dos 4 aos 6 anos: No segundo período, entre os 4 e os 6 anos, o

IMC começa a aumentar rapidamente após um período de reduzida

adiposidade durante os anos de pré – escolar. Este período coincide com o

aumento da autonomia e socialização e pode representar um estádio em que a

criança é particularmente vulnerável a adoptar comportamentos que

influenciem ou predisponham o desenvolvimento da obesidade. Leite, S (2005).

Com o ganho de autonomia das crianças, estas passam a ter que tomar

decisões sobre o que comem ou não, se não houver uma restrição e

supervisionamento por parte dos pais e também um exemplo para a criança,

esta poderá optar pelas coisas com mais sabor (normalmente menos

saudáveis), o que cria maus hábitos alimentares na criança, que ao longo da

vida com a diminuição do desgaste energético, levará o individuo a um estado

de excesso de peso.

Page 67: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

67

- Período da adolescência: Na fase da adolescência, verifica-se um risco

acentuado da massa gorda e “predisposição comportamental” para o

desenvolvimento desta doença, talvez devido às significativas mudanças

psicológicas e comportamentais (Steinbeck, 2001; Cole e Rolland - Cachera,

2002), citado por Leite, S (2005).

Neste período, o aumento da autonomia geralmente associada a uma

irregularidade das refeições pode alterar os hábitos alimentares. Associado a

este facto, os períodos de inactividade combinados com mudanças

psicológicas promovem o aumento da gordura corporal, particularmente nas

raparigas (WHO, 2000), citado por Leite, S (2005).

Page 68: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

68

5. Aula prática

Na parte prática da aula, foi-nos sugerido que mensurássemos o IMC,

através da medição da altura e do peso, vivenciando os procedimentos. Após

isto teríamos que classificar de acordo com as tabelas dadas na aula teórica e

já acima descritas.

A segunda tarefa desta aula prática, foi medir o perímetro da cintura

através da uma fita antropométrica.

Por fim, teríamos que avaliar o risco de doenças associadas (diabetes

mellitus tipo 2, hipertensão e doenças cardiovascular es) tendo em conta o IMC

e o PC.

Determinação do (IMC)

Elementos Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m2)

Miguel 78,8 Kg 1,78 m 24,9

Victor 74,3 kg 1,75 m 24,3

Determinação do perímetro da cintura

Miguel 1ª Medição 2ª Medição Média

Perímetro Cintura (valor

tirado entre a última costela e a crista ilíaca) (cm)

88 cm 88 cm 88 cm

Perímetro Cintura (tirado junto da última costela) (cm)

84 cm 85 cm 84,5 cm

Victor 1ª Medição 2ª Medição Média

Perímetro Cintura (valor tirado entre a última costela e

a crista ilíaca) (cm) 95,5 cm 96 cm 95,75 cm

Perímetro Cintura (tirado

junto da última costela) (cm) 91cm 91,5 cm 91,25 cm

IMC = Peso (kg) / Altura (m2)

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

69

Análise dos dados

Elementos Idade (IMC) (PC) (IMC)vs(PC)

Miguel 42 Anos 24.9 (kg/m2) 88 cm Saudável

Victor 21 Anos 27.5 (kg/m2) 95,75 cm Risco

aumentado

Ilustração 20 - Risco de doença em adultos de acordo com o índice de massa corporal e o perímetro da cintura

Perante os dois quadros acima, podemos analisar e tirar as devidas

consequências do risco de doença tendo como base a análise dos dados do

IMC e do PC.

Esta é uma forma de avaliar concretamente o indivíduo, dando-lhe uma

directriz sobre o seu estado de saúde. Fazendo uma análise ao aluno Miguel

Araújo podemos dizer que este tem um risco cardiovascular nulo visto que

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

70

apresenta 24,9 de IMC que corresponde ao valor de “fronteira” entre o peso

normal e o excesso de peso, onde este ultimo lhe confere uma risco

aumentado de doença. Quanto ao perímetro da cintura apresenta um valor

médio de 88 cm que se encontra abaixo do limite estabelecido como valor de

risco cardiovascular.

Fazendo uma análise ao aluno Victor Silva podemos dizer que este

apresenta um risco cardiovascular aumentado visto que apresenta 27,5 de IMC

que corresponde ao valor de excesso de peso, onde este ultimo lhe confere

uma risco aumentado. Quanto ao perímetro da cintura apresenta um valor

médio de 95,75 cm que se encontra acima do limite estabelecido como valor de

risco cardiovascular, correspondendo por isso mesmo a um risco aumentado

de doença cardiovascular.

6. Bibliografia

Moreira & Sardinha (2003).” Exercício Físico, composição corporal e factores

de risco cardiovascular na mulher pós menopausica”. Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro.

Leite, S (2005) – Efeito de um programa de actividade física orientada na

aptidão e nos níveis de actividade física habitual de crianças com excesso de

peso – Monografia. Porto.

Barão, O (2002) – Nutrição e Composição Corporal - Estudo Comparativo Inter-

sexual do Perfil Nutricional e da Composição Corporal de Idosos Açoreanos –

Dissertação de Mestrado – FCDEF – Porto

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

71

IV - Aula 4

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com o metabolismo

do tecido adiposo, prescrição de exercício para a obesidade e avaliação da

aptidão aeróbia através do walking test.

CONTEÚDOS

COMPOSIÇÃO CORPORAL

COMPONENTES DA MASSA CORPORAL E METABOLISMO DO TECIDO

ADIPOSO

Tecido adiposo, massa gorda e gordura

Massa magra, massa isenta de gordura e massa isenta de gordura e de osso

MASSA GORDA

Metabolismo do tecido adiposo Índice cintura-anca e diâmetro sagital

Composição corporal

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº4 6ª Feira das 10:30 às 12:30 05-03-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

72

PROCESSO DO METABOLISMO ADIPOSO

1. Massa gorda vs Gordura

1.1 - Massa Gorda – A massa gorda representa o conjunto de lípidos que

podem ser extraídos do tecido adiposo e de outros tecidos do corpo, sendo

formada por cerca de 10% de lipidos essenciais e 90% de lipidos não

essências ou de armazenamento (Heyward & stolarczyk, (1996) cit. por Moreira

M. 2003)

1.2 - Gordura – É um termo genérico para uma classe de lípidos (lipidos

armazenados: os ditos não essenciais). Esta é depositada principalmente a

nível subcutâneo, incluindo também a gordura intra-muscular e entre as fibras

musculares e a gordura visceral da região torácica e abdominal.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

73

Ilustração 21 - Referências da localização da massa gorda - Adaptado de Lohman (1981)

2. TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo é formado por células do tecido conjuntivo que

acumulam lípidos no seu interior (citoplasma). A gordura armazenada nessas

células servirá como fonte de energia para o organismo, além disso também

formam um excelente isolante térmico e mecânico, pois absorvem os impactos,

impedindo que estes cheguem aos órgãos e os danifiquem.

O tecido adiposo não se limita a armazenar o excesso de energia sob

forma de triglicérideos, mas comporta-se como um órgão endócrino activo que

influencia a actividade metabólica de outras estruturas do organismo, incluindo

o fígado, o músculo, o pâncreas e o cérebro (Mohamed-Ali e col., (1998);

Wajchenberg, (2001) cit. por Moreira M. (2003).

Quando o organismo animal consome menos energia do que ingere, o

excesso é guardado no tecido adiposo. O excesso de peso nos humanos não é

bom, pois o aumento do volume e massa corporal faz alguns órgãos

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

74

trabalharem demais (como coração, pulmões, rins, etc), diminuindo o seu

tempo de vida.

2.1 Tipo de adipócitos

Nos mamíferos são encontrados dois tipos de tecido adiposo:

Tecido adiposo branco

O tecido adiposo branc é formado por massa gorda (83%) e por

estruturas de suporte das quais fazem parte a água (15%) e as proteínas (2%)

(Heyward & Stolarczyk, (1996) cit. por Moreira M. 2002). As células têm uma

forma esférica, tendo no seu interior uma grande quantidade de lípidos, tanto

que o núcleo achatado e o citoplasma são deslocados do centro.

A sua massa está dependente do tamanho e do número de células

específicas designadas de adipócitos, sendo a sua hiperplasia a principal

responsável pela diferenciação entre os dois sexos (Margolis e col. (1996) cit.

por Moreira M. 2003).

A quantidade de substâncias fundamentais é menor que noutros tecidos.

Esse tecido é bastante irrigado por vasos sanguíneos. Em torno das células

está uma vasta rede de fibras reticulares, que dão sustentação à massa gorda.

O nome vem da coloração, que está entre o branco e amarelo escuro,

dependendo da alimentação do indivíduo. Células do tecido conjuntivo podem

se diferenciar para formar esse tecido.

Tecido adiposo castanho:

As células deste tecido são menores que as do tecido adiposo branco, é

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

75

constituída por diversos vacúolos que se espalham por todo o citoplasma. São

ricas em mitocondrias, (organelos que produzem energia e calor).

Nos seres humanos, esse tecido é mais importante nos recém-nascidos,

para protegê-los do frio. É um tecido que só é formado enquanto o bebé está

no ventre.

Após a infância o tecido adiposo castanho evolui e desaparece em

muitas regiões do corpo, sustentando apenas a actividade metabólica das

células que o constituem (Malina & Bouchard, (1991) cit. por Moreira M. 2003).

Em condições normais de peso corporal cada um dos adipócitos contem

cerca de 0,5 μg a 0,6 μg de lipidos, podendo atingir um valor máximo de

expansão de 0,7 μg a 0,8 μg (35% a 40% superior), altura a partir da qual se

verifica o crescimento de Novos adipócitos (Moreira M. e Sardinha L. 2003).

O tecido adiposo branco caracteriza-se por conter o seu núcleo próximo

da membrana celular e também pela existência de grandes vácuos de gordura.

Quando os vácuos atingem o máximo da sua capacidade, dá-se a

formação de uma nova célula de gordura.

3. Metabolismo do Tecido Adiposo

De acordo com Moreira M. (2002), o tecido adiposo manifesta uma

intensa actividade metabólica relacionada com o armazenamento e a

Ilustração 22 - Tecido Adiposo - Tipos e Constituição

Page 76: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

76

mobilização da gordura contida nos adipocitos, sobretudo nos que estão

localizados na região abdominal, assumindo características diferenciadas nos

dois sexos. A principal função dos adipocitos maturos é armazenar os

triglicérideos, durante os períodos de excesso de energia, e mobilizar essas

reservas na presença de um balanço energético negativo (dispêndio energético

superior ao consumo de energia).

3.1 Lípase hormono sensitiva (LHS)

A utilização dos ácidos gordos como fonte de energia nos músculos

implica a hidrólise dos triglicérideos pela enzima lípase hormona sensitiva

(LHS) e posterior mobilização até às mitocôndrias no músculo, onde ocorre a

oxidação lipídica. Nos humanos, o SNS constitui o factor estimulador mais

importante da LHS, a sua acção é transmitida às células adiposas por

intermédio de receptores adrenérgicos existentes na membrana celular.

Moreira, M (2003).

As catecolaminas, a hormona do crescimento, o cortisol e as hormonas da

tiróide desempenham um papel muito importante na mobilização dos

triglicérideos contidos no tecido adiposo. A epinefrina e a norepinefrina,

produzidas pelas supra-renais e designadas colectivamente de catecolaminas,

são as mais importantes reguladoras da lipólise nos adipócitos humanos. Pucci

e col., (2000) cit. por Moreira, M (2003).

Elevada irrigação e enervação dos adipócitos

Reduzido volume dos adipócitos

Reduzida actividade da LPL

Reduzida sensibilidade dos receptores anti-lipolíticos e elevada

sensibilidade dos receptores β

Elevada densidade de receptores para as hormonas corticosteróides

(cortisol e androgénios)

Leptina

Page 77: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

77

Papel da DHEA na activação dos transportadores de glicose e na

estimulação da lipólise

3.2 Lipoproteinalipase (LPL)

Lipoproteína é um conjunto de proteínas e

lípidos (principalmente o Colesterol, os

Triglicerídeos e os Fosfoglicerídeos),

arranjados de forma a optimizar o transporte

dos lipidos pelo plasma. Os Lípidos não se

misturam facilmente com o plasma, que é um

meio aquoso.

A LPL é o maior regulador de acumulação da gordura no tecido adiposo

humano, já que a síntese de TG neste é muito limitada (Bjorntorp, 1996). É

produzida nos macrófagos e nas células parenquimatosas de vários tecidos,

fundamentalmente do TA e do músculo esquelético embora a sua produção

também possa ocorrer em outros locais (Olivecrona & Olivecrona, 1999)

A LDL representa 50% da massa total de lipoproteínas circulantes. São

partículas bem menores, tão pequenas, que mesmo quando em grande

quantidade não são capazes de turvar o plasma. É a lipoproteína que mais

carrega colesterol. Tem a função de transportá-lo para locais onde ele exerce

uma função fisiológica, como por exemplo a síntese de esteróides.

A lipoproteinalipase é estimulada pelo aumento da insulina, ocorrendo a

acumulação de Triglicerídeos nas células adiposas.

No sexo feminino a sua acção é mais acentuada na região coxo-femural

(forma Ginóide), no sexo masculino, a sua acção é mais pronunciada na região

central (forma Andróide).

Podemos distinguir dois tipos de proteínas, VLDL (proteína de baixa

densidade) e HDL (proteína de alta densidade). A última é responsável pelo

Page 78: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

78

transporte de colesterol histerificado. A proteína VLDL sede os triglicerídeos à

HDL, recebendo desta o colesterol. Assim os triglicerídeos da proteína HDL

vãos ser devolvidos ao fígado.

O sexo feminino apresenta uma maior quantidade desta proteína (25%),

comparativamente ao sexo masculino.

A utilização dos ácidos gordos como fonte de energia nos músculos

implica a hidrólise dos triglicerídeos pela enzima lípase hormono-sensitiva

(LHS) e a posterior mobilização até às mitocôndrias no músculo, onde ocorre a

oxidação lipídica. Nos humanos, o sistema nervoso simpático (SNS) constituiu

o factor estimulador mais importante da LHS (Moreira, M & Sardinha, L., 2003).

4 Hormonas

4.1 Efeito da insulina

A insulina intervém no armazenamento da gordura nos adipócitos por 3

vias:

(1) Fornece o glicerol para a formação dos TG no tecido adiposo;

(2) Promove a síntese de ácidos gordos nas células hepáticas e que

posteriormente são transportados até ao TA, através das LPL de muito baixa

densidade (VLDL);

(3) Desempenha um papel importante na irrigação do TA, já que estimula a

formação de novos capilares. Na presença de elevadas concentrações de

insulina, o cortisol acentua a actividade da LPL e inibe a acção lipolítica das

catecolaminas.

Mecanismo de Regulação da Gordura

• O ácido láctico inibe a LHS (mobilização da massa gorda).

• Receptores β (lipóliticos – ligação das hormonas lipolíticas).

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

79

Na zona visceral da região abdominal há uma maior quantidade de receptores

β1, β2, β3, logo há maior ligação das hormonas lipolíticas levando ao aumento da

síntese e acção da LHS.

• Receptores α2 (antilipolíticos) inibem a LHS. Estes estão em menor quantidade nos

adipócitos viscerais.

•A redução do número de receptores para a insulina, devido à hipertrofia dos adipócitos,

ocorre sobretudo no TA portal e com maior ênfase.

4.2 Lipólise

A lípólise tem como função degradar e separar. Ao nível da armazenação temos a

Lipase Lipoproteica, esta separa os triglicerídeos em ácidos gordos e glicerol,

armazenando-os no tecido adiposo ou hepático.

Ao nível da degradação temos a Lipase Hôrmonio Sensitiva. Esta vai buscar os ácidos

gordos (transforma-se em energia), degrada-os e lança-os para a corrente sanguínea.

4.3 Cortisol

Reduz a velocidade de utilização da glicose por parte das células e estimula a

mobilização dos AG do TA para o plasma.

4.4 Hormona de Crescimento

Produzida na hipófise, estimula a síntese da LHS no TA, promove a conversão dos AG

em AC-A ao nível de outros tecidos e inibe a LPL na presença da testosterona ou do

cortisol.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

80

4.5 Triidotironina

É Sintetizada ao nível da tiróide e em conjunto com a hormona do crescimento promove

a estimulação da síntese da LHS.

4.6 Catecolaminas

Produzidas pelas supra-renais, são as mais importantes reguladoras da lipólise nos

adipócitos humanos, estimulando a hidrólise dos TG no TA e muscular, no entanto,

reduzidas concentrações de epinefrina têm um efeito inibidor na lipólise.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

81

5. Gordura Abdominal

Ilustração 23 - Gordura Abdominal

A Gordura Abdominal divide-se em:

- Gordura Subcutânea (via não porta), onde se fazem as medições das pregas.

- Gordura Visceral (via porta) dividindo-se em Mesentérico e Omento Maior.

O tecido adiposo abdominal é morfológica e metabolicamente diferente

do localizado em outras regiões do corpo, sendo constituído pelo tecido

adiposo não portal e tecido adiposo portal.

O sangue venoso do mesentério (prega peritonial que une o jejúnio e o

ílio do intestino delgado à parte posterior do abdómen) e dos omentos (omento

maior, desce a partir do estômago e reveste a parede anterior do intestino

delgado; e o omento menor, estende-se do início do duodeno até ao fígado) é

drenado através da via porta hepática.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

82

O tecido adiposo portal é o que evidencia mais riscos para a saúde, uma

vez que é responsável pela acumulação de gordura na zona intraperitonial,

estando mais facilitada a sua entrada no fígado através da veia porta hepática.

6. Relação da gordura com os géneros

Ilustração 24 - Percentagem de gordura corporal para homens e mulheres

%MG = [ MG (kg) / Peso (kg) ]×100

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

83

7. Aula Prática

7.1 Perímetro da Anca e o Diâmetro Sagital

INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Balança SECA 702 (Hambugo, Alemanha)

Fita Antropométrica (Rosscraft, Hamburgo, Alemanha)

Protocolo do Perímetro da Anca:

- Posição antropométrica;

- Zona de maior proeminência glútea;

- Medição horizontal.

Protocolo da medida do Diâmetro Sagital Antero-Posterior

- Menores valores de correlação com a MGAT, comparativamente ao PCI

- DS> 21 cm relacionado com uma maior glicemia e insulinémia

- Taxa de modificação da insulina influenciada pelos valores de pré- teste do DS e das

concentrações plasmáticas de insulina (16,1 %)

Procedimentos:

O indivíduo encontra-se deitado em decúbito

dorsal;

Mão direita colocada sobre o peito;

Medição efectuada ao lado direito do sujeito;

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

84

Medição efectuada durante a inspiração;

O instrumento de medição é colocado perpendicularmente ao solo.

7.2 Índice cintura – anca

Miguel – 42 anos

Perímetro 1ª medição 2ª medição Média

PC grelha costal 89 cm 88,9 cm 89 cm

Anca 97,5 cm 97,6 cm 97 cm

Victor – 21 anos

Perímetro 1ª medição 2ª medição Média

PC grelha costal 85 cm 85,2 cm 85 cm

Anca 97 cm 96,9 cm 97 cm

Determinação e classificação do Índice cintura-anca (ICA)

Elementos Idade Perímetro

da cintura

Perímetro

da anca

ICA

PC/PA

Classificação

do ICA

Miguel 42 anos 89 cm 97 cm 0,91 Risco

moderado

Victor 21 Anos 85 cm 97 cm 0,87 Risco

moderado

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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Riscos associados ao ICA ao IMC vs PC

Ilustração 26 - Riscos de doença em adultos de acordo com o índice de massa corporal e o perímetro da cintura

Ilustração 25 - Valores de corte do índice cintura/anca

Page 86: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

86

Determinação do riscos associados

Elementos Idade ICA IMC vs PC

Miguel 42 Anos Risco Moderado Risco nulo

Victor 21 Anos Risco Moderado Risco Aumentado

Excesso de peso

Após a comparação dos valores de ICA E IMC vs PC com os valores de

corte chegamos à conclusão que relativamente ao ICA ambos os alunos

sofrem um risco moderado de contrair diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e

doenças cardiovasculares. Confrontando o IMC com o PC verificou-se que o

aluno Miguel Araújo não apresenta riscos. Por outro lado o aluno Victor Silva

apresenta um peso um pouco acima do recomendado resultando do IMC vs PC

um risco aumentado de contrair as doenças acima mencionadas.

7.3 Perímetro sagital

Elementos 1ª Medição 2ª Medição Media

Miguel 18 18 18

Victor 18,2 17,5 17,9

Relativamente ao perímetro sagital podemos afirmar que, comparando

com o valor de corte estipulado que é de 21 cm, os alunos têm medidas de

perímetro sagital abaixo do valor de corte, como tal não apresentam risco

acrescido de contrair doenças cardiovasculares.

Page 87: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

87

8. Bibliografia

Moreira & Sardinha (2003).” Exercício Físico, composição corporal e factores

de risco cardiovascular na mulher pós menopausica”. Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro.

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

Page 88: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

88

V - Aula 5

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com o metabolismo

do tecido adiposo, prescrição de exercício para a obesidade e avaliação da

aptidão aeróbia através do walking test.

CONTEÚDOS

Mobilização dos triglicéridos dos adipócitos

Prevalência da obesidade no nosso país

Prescrição de Exercício na Obesidade

Walking Test:

- Procedimentos do teste

- Classificação dos resultados

Cálculos de determinação do VO2, dos METs e do dispêndio calórico

Alguns dos conteúdos abordados nesta aula, tal como aconteceu em

muitas das outras aulas, foram repetidos, dai que não iremos fazer novamente

a abordagem a esses conteúdos, como por exemplo a mobilização dos

triglicéridos dos adipócitos, prescrição exercício na obesidades, etc.

Assim, aconselhamos que consultem o índice e procurem os conteúdos

no mesmo.

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº5 6ª Feira das 10:30 às 12:30 12-03-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 89: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

89

1.Números da Obesidade em Portugal

Ilustração 27 - Obesidade em adultos (18-64) portugueses - 2003-2004

Pelo quadro acima, podemos verificar que ao longo da vida a

predominância da obesidade se acentua. Isto parece-nos fácil de perceber,

cada vez mais a mobilidade é menor, o desgaste energético diminui e por outro

lado os hábitos alimentares normalmente não se alteram, o que leva a um

excesso de energia.

Num entanto, na análise do gráfico, verificamos que cerca de 25% a

30% da população entre os 18 e os 29 anos, têm excesso de peso. Sabendo

que, indivíduos que têm excesso de peso têm uma grande probabilidade de

serem obesos a curto/médio prazo, leva-nos para números alarmantes e que

nos deixam com grandes preocupações no âmbito da saúde pública.

Não deixa de ser estranho, que na faixa etária entre os 30 a 60 anos,

tenhamos uma percentagem de 65% a 70% dos indivíduos com excesso de

peso ou obesidade. Significa isto que em cada 10 indivíduos só 3 tem um peso

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

90

controlado e com isso um risco diminuído de doenças coronárias e

cardiovasculares.

Se quisermos ser realistas e encarar estes dados de forma objectiva,

temos de imaginar que muitas destas pessoas, têm outros factores associados,

como diabetes tipo II, colesterol elevado, pressão arterial entre outras doenças,

que associadas aumentam drasticamente o risco de morte.

Aquilo que antes, era considerado um factor de saúde, as pessoas terem

um peso acima da média o que lhes conferia de “gordinho” que era visto como

sendo saudável.

Hoje, ainda muitas pessoas desconhecem os reais perigos do excesso

de peso, o que leva as pessoas a não darem a devida atenção a uma “doença”

que preocupa cada vez mais os responsáveis ligados à saúde, condição física

e exercício.

Vejamos agora a prevalência da obesidade em adolescentes

portugueses (10-18) em 2008:

Ilustração 28 - prevalência da obesidade em adolescentes portugueses (10-18) em 2008

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

91

Olhando, para este estudo realizados em Portugal, podemos concluir

que 1 em cada adolescente tem excesso de peso ou obesidade. Comparando

os sexos, não foi encontrado nenhuma diferença significativa. Aparentemente,

podemos ficar com a ideia que estes números não são assim tão alarmantes,

num entanto não é bem assim. Repare-se que se ¼ da população tem excesso

de peso, isso significa nesta amostra cerca de 5 a 6 mil adolescentes com risco

de doenças coronárias e cardiovasculares. Mais, sabendo que na vida adulta

esta taxa aumenta, pela diminuição da actividade física, das tarefas diárias

serem menores e com isso haver um menor desgaste energético, podemos

dizer de forma exploratória que na vida adulta, destes 22 mil adolescentes,

cerca de 12 a 14 mil, serão pessoas com excesso de peso e obesos.

2. Manutenção do peso corporal

Para se considerar uma manutenção do peso corporal, o indivíduo não

pode ter uma oscilação superior a 3% do seu peso.

Valores acima dos 3%, consideramos já perda de peso corporal.

No género feminino o volume do exercício é fundamental, sendo

aconselhado um mínimo de 150 minutos da actividade moderada e entre 780 a

1569 METs - minutos por semana.

2.1 Perda de peso corporal

Para se considerar uma perda do peso corporal, o indivíduo têm de ter

uma oscilação superior a 5% do seu peso.

Necessidade de maiores volumes de exercício nas ausência de uma

dieta devidamente adaptada às necessidades do indivíduo. Num entanto,

conjugar o exercício físico devidamente programado e planeado a uma dieta

Page 92: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

92

alimentar torna-se uma conjugação bastante eficiente na perda de peso de

forma saudável.

Aconselha-se pelo menos 1560 MET - minutos/semana, sendo que a

maior parte dos estudos que predizem estes valores, reúnem uma duração dos

programas de intervenção de cerca de 6 meses.

WALKING TEST

Após a realização da prova ao circuito atrás referenciado na descrição

sumaria do teste, regista-se o tempo da distância percorrida pela pessoa e a

frequência cardíaca logo após 5 e 20 segundos.

Dever também constar nos dados referentes á pessoa o género, o peso

e a altura.

Com o valor da frequência cardíaca registada e com o tempo da

distância percorrida pela pessoa. Pelo método de intercepção regista-se o valor

(pontos) no primeiro quadro.

O 1º quadro está dividido em duas partes, um sector é referente ao

género feminino e o outro ao género masculino. Nos lados do quadro está

representado os valores em tempo (minutos e segundos) e na parte superior os

valores da frequência cardíaca.

O 2º quando também tem duas partes distintas, uma para o género

feminino e outra para o género masculino, nos lados do quadro está

representado a altura em metros e na parte superior o peso e quilogramas.

Também e pelo método de intercepção se retira o valor (pontos) obtidos.

De seguida subtrai-se o valor obtido em “B” pelo valor obtido em “A” e

obtêm-se um valor em pontos (A –B =_______ pontos).

No 3º e último quadro que também está dividido para o género

masculino e feminino confronta-se o resultado obtido em pontos os do quadro

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

93

correspondente e dentro da coluna a condizer com a idade do avaliado, regista-

se então o nível de prestação.

Ilustração 29 - Cabeçalho do walking test

Page 94: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

94

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

95

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

96

Ilustração 30 - Determinação e classificação do resultado do walking test

3. Problemas Práticos

QUADRO PROBELMA/RESOLUÇÃO

Page 97: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

97

QUADRO PROBLEMA - SOLUÇÃO

VO2 = C.H + C.V + 3,5 VO2 = C.H + C.V + 3,5 VO2 = C.H + 3,5 VO2 =

(Vel. × 0.1) + 3,5 13 - 3.5 = (Vel. × 0.1) 9.5 = (Vel. × 0.1) 9.5/0.1 = Vel.

Vel. = 95

QUADRO PROBELMA/RESOLUÇÃO

QUADRO PROBELMA

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

98

QUADRO PROBLEMA - SOLUÇÃO

VO2 = C.H + C.V + 3,5 VO2 = C.H + 3,5 VO2 = (100 x 0.1) + 3,5 VO2 =

13.5 ml/kg/min

1 kg ------------- 13.5 ml/kg/min

75 kg ------------ x ml/kg/min

X = 1012.5 ml/kg/min

1 MET ----------- 3.5 ml/kg/min

x MET ------------ 13.5 ml/kg/min

X= 3.86 MET

QUADRO PROBELMA

QUADRO PROBELMA

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

99

QUADRO PROBLEMA - RESOLUÇÃO

VO2 = C.H + C.V + 3,5 VO2 = (Vel. x 0.1) + (Inclinação x Vel. x 1.8) + 3.5

VO2 = (80.4 x 0.1) + (0.02 x 80.4 x 1.8) + 3.5 VO2 = 8.04 + 2.89 + 3.5

VO2 = 14.43 ml/kg/min

1 kg ------------- 14.43 ml/kg/min

70 kg ------------ x ml/kg/min

X = 1010.1 ml/kg/min

1 MET ----------- 3.5 ml/kg/min

x MET ------------ 14.43 ml/kg/min

X= 4.12 MET

1 ml/kg/min ----- 0.005 kcal

1010.1 ml/kg/min ----- x kcal

X = 5.05 kcal

QUADRO PROBELMA

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

100

QUADRO PROBLEMA - SOLUÇÃO

1 MET ----------- 3.5 ml/kg/min

7.2 MET ------------ x ml/kg/min

X= 25.2 ml/kg/min

VO2 = C.H + C.V + 3,5 VO2 = (Vel. x 0.1) + (Inclinação x Vel. x 1.8) + 3.5

25.2 = (50 x 0.1) + (Incl x 50 x 1.8) + 3.5 25.2 = 5 + (Incl x 90) + 3.5 25.2

– 5 – 3.5 = (Incl x 90) 16.7 = (Incl x 90) 16.7/90 = Incl Incl= 0.186 =

1.86%

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

101

4. Bibliografia

Teixeira, P, Sardinha, L e Barata, J et al. (2008) - Nutrição, Exercício e Saúde –

Lidel

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

102

VI - Aula 6

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com a terapia de

perda de peso.

CONTEÚDOS

Prescrição de exercício para a obesidade

Progressão do trabalho cardiovascular

Recomendações da terapia de perda de peso

1. Prescrição Exercício para a Obesidade

Sendo os indivíduos obesos, na grande maioria pessoas sedentárias,

deemos ter muito cuidado na prescrição do exercício. Na complementaridade

com outras unidades curriculares (Fisiologia do Esforço, Preparação físia, etc.)

podemos dizer que estes indivíduos apresentam uma grande fragilidade

articular e tendinosa, o que aumenta o risco de lesões se não for devidamente

prescrita a sua actividade física.

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº6 6ª Feira das 10:30 às 12:30 19-03-2010

Docente: Drª Maria

Moreira

Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 103: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

103

Sendo o objectivo dos exercícios para pessoas com excesso de peso e

obesidade, gastar a maior quantidade possível de energia, podemos dizer que

se torna fundamental o trabalho cardiovascular. Para que o dispêndio

energético seja ainda maior neste trabalho cardiovascular, importa estimular os

grandes grupos musculares para que haja um maior desgaste. Mas devido a

fragilidades articulares e tendinosas, devemos ter cuidado na selecção deste

trabalho cardiovascular. Por norma, os indivíduos, autonomamente iniciam o

seu programa de actividade física não orientada. Grande parte, inicia as suas

corridas, muitas vezes em terrenos extremamente duros, causando uma

pressão articular e tendinosa muito grande que pode provocar danos nas

estruturas do indivíduo.

De forma a reforçar a estrutura osteo-articular, tendinosa e até muscular,

é necessário que seja também prescrito um treino de força e flexibilidade, para

que a perda de peso ocorra de uma forma harmoniosa. Outro aspecto a ter em

conta, é o aumento do desgaste calório proveniente de um aumento de massa

muscular. Assim, maior massa muscular, causa um maior desgaste basal, o

que irá proporcionar menos deposição de gordura uma vez que esta será

utilizada pelos músculos desenvolvidos. Isto, só é verdade, se o individuo para

além do exercício devidamente prescrito, efectuar também um controlo da sua

alimentação, criando um equilíbrio entre a energia ingerida e a enérgica gasta

pelo seu corpo.

Page 104: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

104

Sendo hoje em dia, o tempo um dos grandes obstáculos referidos pelos

indivíduos como entrave à adesão a programas regulares de actividade física,

parece-nos importante salientar o seguinte. Para que haja efeito de treino, não

é obrigatório que a duração proposta seja contínua. Queremos com isto dizer,

que o indivíduo poderá realizar por períodos de 10 minutos por seis vezes,

períodos de 15 minutos por quatro vezes, por exemplo. O importante, é no final

do dia o indivíduo adquirir entre 30 a 60 minutos de actividade com a

intensidade recomendada.

2. Progressão do trabalho cardiovascular

Ilustração 31 - Progressão do trabalho Cardiovascular

Inicial

10 a 15 minutos de aquecimento

40 a 60% da frequência cardíaca de reserva

4 a 6 semanas

Preparação para a prática de novas actividades física (tolerância

ortopédica)

Page 105: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

105

Facilitar a adaptação ao progresso do exercício

Melhoria

Duração de 4 a 8 meses (maior tempo de adaptação em sedentários e

idosos)

Evolução até 75% da FFR, aumentando primeiro a duração ou a

frequência de exercício

Aumento da intensidade não superior a 5% da FCR em cada 6 sessões

de exercício são bem toleradas

Aumento da duração não superior a 20% até que os participantes sejam

capazes de se exercitarem a uma intensidade moderada a vigorosa

durante 20’ a 30’ e progressivamente já se pode aproximar o exercício

dos 60 minutos

Manutenção

Considerar o complemento com outras actividades físicas (motivação)

Algumas condições de saúde (ex. obesidade) poderão exigir maiores

volumes de exercício

5 Sessões semanais

Intensidades na ordem dos 75% da FCR

Já se podem atingir os 60 minutos de exercício

Page 106: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

106

3. Actividade Física – Iniciantes

Antes de se iniciar um programa de actividade física, devemos ter

algumas preocupações. Conhecer o indivíduo da forma mais aprofundada

possível é um objectivo que nem sempre é conseguido, quer pela desconfiança

do mesmo, por ainda não se sentir à vontade, quer pelo próprio prescritor que

não quer correr riscos e perder o indivíduo por este se sentir constrangido.

Devemos, através de questionário, obter algumas respostas que nos irão

ajudar a prescrever com menos risco o programa de actividade física.

Objectivos do indivíduo, historial clínico, o seu historial desportivo entre

outras, para tentarmos conhecer de forma mais precisa o nosso cliente.

4. Recomendação de terapia de perda de peso

Esta terapia é utilizada para indivíduos que possuam um excesso de

peso patológico ou um excesso de peso aceitável ou um elevado perímetro da

cintura associado a dois ou mais factores de risco.

Os factores de risco são:

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

107

Tabaco

Hipertensão (valores de pressão sistólica iguais ou superiores a 140 mm

Hg e valores de pressão diastólica iguais ou superiores a 90 mm Hg)

Valores de LDL superiores a 160 mg/dL e valores de HDL inferiores a 35

mg/dL

Valores de glucose entre 110 e 125 mg/dL

Herança genética (casos de enfarte do miocárdio)

Idade (nos homens a partir dos 45 anos e nas mulheres a partir dos 55

anos)

4.1 Utilização de medicamentos e suas implicações

A utilização de medicamentos é muito frequente, principalmente em

pessoas já avançadas na idade. Assim o prescritor tem que ter em atenção os

Ilustração 32 - Utilização de medicamentos e suas implicações

Page 108: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

108

efeitos que os medicamentos podem causar e influenciar no exercício e na sua

prescrição.

Pelo descrito até agora, percebemos que a prescrição exercício não

pode nem deve ser algo aleatório sem qualquer rigor. São inúmeras as

variáveis que devemos ter em conta, o que nos deixa um pouco preocupados,

uma vez que temos inúmeras duvidas que todas estas variáveis são tomadas

em linha de conta na hora de prescrever um programa de actividade física.

4.2 Indivíduos não recomendados na terapia de perda de peso

Grávidas ou mulheres que estão a amamentar;

Pessoas com sérias complicações psiquiátricas (ex. depressão);

Pacientes que abusam de substâncias activas;

Indivíduos com história de anorexia nervosa ou bulimia nervosa;

5. Terapias para a obesidade

5.1 Dieta

Redução de 500 a 1000 kcal/dia

1000 a 1200 kcal/dia para as mulheres e 1600 kcal/dia para homens

Page 109: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

109

Importância dos indivíduos serem educados em relação à composição

dos alimentos, à leitura dos rótulos, à preparação dos alimentos, etc.

Contacto com o nutricionista durante o período de ajustamento da dieta

Consumo de gordura inferior a 30% do consumo energético total

Enfatizar consumo de frutas, vegetais, cereais integrais e fontes magras

de proteínas

Adequar às preferências, ao nível sócio-cultural e económico / fácil de

adquirir e de preparar

Associada a outras modificações do comportamento

5.2 Mudança de comportamento

Perceber o reconhecimento que o paciente tem sobre a necessidade e

os benefícios de perder peso e saber se ele quer perder peso

Conhecer os objectivos e a motivação do sujeito para perder peso

Conhecer evolução do peso no paciente

Conhecer como a obesidade afectou a sua vida

Esclarecer o paciente sobre os riscos de saúde associados à obesidade

5.3 Utilização de fármacos

Limitada a indivíduos com IMC ≥ 30 kg/m2 ou com IMC ≥ 27 kg/m2 mas

com factores de risco associados

Apenas utilizadas quando já são contempladas no programa estratégias

de dieta, actividade física e outras mudanças de comportamento

Page 110: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

110

Considerar os fármacos se após 6 meses as mudanças de estilo de vida

não promoveram uma redução do peso

5.4 Cirurgia

Limitada a indivíduos com IMC ≥ 40 kg/m2 ou com IMC ≥ 35 kg/m2 e

outros problemas de saúde associados

Só deve ser implementada quando as outras estratégias falharam

5.6 Doenças do miocárdio associadas à obesidade

5.6.1 Angina de peito – é um desconforto torácico, devido a obstrução parcial com o

estreitamento do lúmen, diminuindo assim a perfusão do miocárdio causando isquémia

(antevê a angina, falta de irrigação de oxigénio) dos tecidos.

Precipitação da crise de angina afiguram-se situações que exigem um maior aporte de

sangue oxigenado ao coração e restantes tecidos, tais como: esforço, tensão emocional e

digestão de refeições muito abundantes.

5.6.2 Enfarte agudo do miocárdio – resulta de uma obstrução brusca e total de uma

artéria coronária ou das suas ramificações, privando a circulação a certas zonas do

músculo cardíaco e ocasionando a morte celular (necrose).

6. Prescrição do exercício para a Hipertensão

Page 111: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

111

Deverá ser dada primazia á realização de actividades aeróbias que

envolvam grandes massas musculares

Intensidade: 40% a 70%

Frequência: 2-3 por semana Duração: 30 a 60 Minutos

Em indivíduos hipertensos não deverá ser prescrito treino de força como

parte principal de uma sessão de treino

Deverá ser prescrita 1 série de 8 a 10 exercícios que incluam todos os

grandes grupos musculares.

6.1 Considerações Especiais

Necessário ter em atenção se o individuo toma medicação beta

bloqueadores, uma vez que vez que estes fármacos atenuam as respostas

cardíacas durante o exercício;

A utilização combinada de fármacos diuréticos e beta - bloqueadores

podem conduzir a dificuldades na termoregulação do corpo, sobretudo

quando o exercício é realizado em locais quentes ou húmidos.

Estratégias que poderão ser adoptadas para diminuir o stress provocado

pelo calor incluem:

- Utilização de roupa de algodão permitindo uma correcta evaporação da

transpiração;

- Realização das sessões de treino nos horários menos quentes do dia.

Realização das sessões em ambientes com sombra e arejados, ou em

locais fechados com ventilação ou climatização.

Page 112: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

112

- Reduzir a intensidade do exercício ou incluir intervalos com uma

regularidade suficiente que permitam manter a frequência cardíaca que

foi inicialmente prescrita.

A utilização de fármacos beta1 bloqueadores e beta2 bloqueadores, que

são bloqueadores de canais de cálcio, podem conduzir a situações de

hipotensão logo após o fim do exercício, pelo qual é fundamental aumentar

o tempo do retorno á calma no final da sessão do treino.

4 – A utilização de fármacos diuréticos pode conduzir a uma diminuição das

concentrações de potássio, podendo levar a situações de arritmia.

5- Não devem ser ultrapassados valores de pressão arterial na ordem dos

220/150 mmHg durante a sessão de treino.

6- É fundamental que durante a realização das sessões de treino de força a

mulher seja ensinada a executar uma correcta respiração, evitando a

realização de manobras de Valsalva.

7. Bibliografia

National Heart, Lung and Blood Institute (1998). Clinical guidelines on the

identification, evalutation, and treatment of overweight and obesity in adults: the

evidence report. Obes. Res. 6 (suppl 2): 51S-209S.

Moreira & Sardinha (2003).” Exercício Físico, composição corporal e factores

de risco cardiovascular na mulher pós menopausica”. Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro.

Teixeira, P, Sardinha, L e Barata, J et al. (2008) Nutrição, Exercício e Saúde –

Lidel

Moreira, H (2010) – Audiovisuais fornecidos na unidade curricular de Condição

Física, Nutrição e Saúde – Utad - Vila Real

Page 113: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

113

VII - Aula 7

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com avaliação da

composição corporal através da bioimpedância.

CONTEÚDOS

Vantagens e limitações desta metodologia

Princípios e pressupostos

Tipos de aparelhos

Factores que afectam a precisão das medições

Medição da composição corporal com o InBody720 (Biospace)

1. Bioimpedância

A impedância é definida pela oposição que um condutor oferece à

passagem de uma corrente eléctrica alterna, sendo uma função da resistência

(Recf) e da reactância (Rcif). A massa isenta de gordura (MIG) é a principal

responsável pela condutância da corrente eléctrica, uma vez que apresenta

uma elevada quantidade de agua e electrólitos, enquanto que a membrana

celular, o osso, a gordura e os pulmões se comportam como estruturas

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº7 6ª Feira das 10:30 às 12:30 25-03-2010

Docente: Drª Maria

Moreira

Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

114

dieléctricas (ou isoladoras) e capacitoras, isto é com capacidade de armazenar

corrente eléctrica (Baumgartner, 1996).

Na bioimpedância (BIS) são

utilizados aparelhos portáteis e de fácil

operacionalização, não causando grandes

incómodos ao sujeito que é alvo da

avaliação já qua se trata de um método não

invasivo e que proporciona uma avaliação

rápida da AT e da MIG (Heyward &

Stolarczyk, 1996).

Na medição da impedância de corpo é utilizada uma corrente de baixa

intensidade e de frequência fixa (50 Khz) ou de multifrequência, sendo a

frequência de 50 Khz aquela que gera nos tecidos biológicos valores máximos

de reactância, a razão também pela qual é designada frequência critica

(Chumlea & Baumgartner, 1990). A utilização

de frequências superiores a 50 Khz permite

à corrente vencer a capacitancia das

estruturas com capacidades dieléctricas,

conferindo uma estimativa precisa dos

compartimentos de agua intra-celular (AIC) e

extra-celular (AEC) na população idosa

saudável (Steijaert e col, 1997; Vaché e col,

1998). A resistividade específica da AIC é mais elevada do que a do

compartimento adjacente, uma vez que apresenta uma maior quantidade de

proteínas dissolvidas, originando uma meio mais viscoso e criando maiores

dificuldades à movimentação dos iões (Gudivaka e col, 1999).

O modelo de multifrequências paralelo 0/∞ Khz (Cole & Cole, 1941)

descreveu o relacionamento semi-circular entre a resistência e a reactância

(Chumlea & Baumgartner, 1990) e é o mais preciso na analise dos

compartimentos de agua (500 a 800 ml), uma vez que o circuito eléctrico esta

mais adaptado à fisiologia do corpo humano, revelando-se de uma grande

Page 115: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

115

utilidade na avaliação do estudo de hidratação de indivíduos com suspeita de

alterações na distribuição do fluido corporal.

Os pressupostos associados a este modelo são os seguintes (Gudivaka

e col, 1999):

A água intra-celular e a água extra-celular constituem os maiores condutores

eléctricos no organismo, permanecendo adjacentes (“arranjo” paralelo) e

separados entre si por uma membrana capacitora

A elevada frequência consegue penetrar no compartimento de AIC

A resistividade específica dos dois compartimentos é igual.

Características:

Portátil;

Método eficiente e eficaz;

Rigoroso e não invasivo;

Em 1983 Lyboer foi o primeiro a fazer uma avaliação sobre compartimentos.

Page 116: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

116

Impedância:

Z- Impedância (resistência total que se traduz pelos bons ou maus condutores);

R- Resistência (impedância á corrente e ao fluxo eléctrico);

Xc – Reactância (volume da corrente eléctrica que fica armazenada).

Bons condutores – Baixo índice de resistência: Músculo e a água (possui

electrólitos).

Maus condutores – Alto índice de resistência: Osso e a massa gorda.

2. Aparelhos de Bioimpedância

2.1 - Aparelho de Bioimpedância de Frequência simples

• Corrente eléctrica de 50 KHZ;

• Apenas prediz a água extra celular;

• Valores menos rigorosos, na medida em que a corrente eléctrica não percorre

o corpo todo.

2.2 Aparelho de Bioimpedância de Multifrequência

• Corrente eléctrica de 50 a 1000

KHZ;

• Prediz a água extracelular e

intracelular;

Page 117: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

117

• Valores mais rigorosos, na medida em que a corrente eléctrica percorre o

corpo todo;

• Melhor predição da massa isenta de gordura.

Impedância (z) – Oposição que um condutor oferece à passagem de uma

corrente eléctrica alterna (corrente bi-direccional, existindo um movimento

periódico de cargas eléctricas). É formada por duas componentes: resistência

(R) e reactância (Xc).

Resistência (r) – Representa 98% do valor da impedância e traduz-se na

oposição do condutor ao fluxo de corrente eléctrica, sendo expressa pela

fórmula:

R= ρ (Comprimento do condutor) / (Secção transversa do condutor)

(rô/p) ρ= Resistividade específica do condutor

Segundo Chumlea & Guo (1994) cit. por Glaner M. (2001) , a resistência a uma

corrente eléctrica no corpo humano, quando comparada a condutores não

biológicos, é basicamente a mesma.

Reactância (xc) – Armazenamento de carga eléctrica que se verifica quando

entre dois condutores existe uma substância isoladora. Z= √R2+Xc2

Page 118: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

118

3. Protocolo avaliação na Bioimpedância

Page 119: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

119

4. Bibliografia

- ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines for exercise testing and prescription (7th ed.):

Lippincott Williiams & Williams.

- ACSM. (2006). ACSM´s Resourse Manual for Guidelines for Exercise Testing and

Prescription: LWW

- Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C., Himes, J. H., Lohamn, T. G., Martin,

A. D., Mitchell, C. D., Mueller, W. H., Roche, A. F., & Seefeldt, V. D. (1988).

“Circumferences.” Anthropometric Standardization Reference Manual, T. G. Lohman,

A. F. Roche, & R. Martorell, eds., Human Kinetics, Champaign, 39-54.

- Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (1996). Applied Body Composition Assessment,

Human Kinetics, Champaign.

- Lessa, Francisco José Gondim Pitanga e Ines (2005). “ Indicadores Antropométricos

de Obesidade como Instrumento de Triagem para Risco Coronariano Elevado em

Adultos na Cidade de Salvador – Bahia” Universidade Federal da Bahia - Salvador, BA

Page 120: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

120

- Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003). “Exercício,

Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher Pós-

Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

- Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003). “Exercício,

Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher Pós-

Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Page 121: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

121

VIII - Aula 8

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com avaliação da

composição corporal através da bioimpedância

CONTEÚDOS

Interpretação dos resultados da avaliação da composição corporal com o

InBody720

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº8 6ª Feira das 10:30 às 12:30 23-04-2010

Docente: Drª Maria

Moreira

Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 122: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

122

1. Interpretação dos Resultados do InBody720

Análise da

Composição corporal

Valores

normais Valores totais (estimados)

Agua Intercelular

(ICW) 18 litros

18.3 ~ 22.3

litros

Água

total

29.7

litros

Massa

Magra

38.1 Kg

Massa

isenta de

gordura

40.5Kg

Peso

total

52.8 Kg

Água extra celular

(ECW) 11.4 litros

11.2 ~ 13.6

litros

Proteínas 7.9 Kg 7.9 ~ 9.7 Kg

Minerais totais 2.80 kg

(ósseo) 2.32 Kg 2.73 ~ 3.33 Kg

Massa gorda 12.3 Kg 11.6 ~ 18.5 Kg

Em relação à predição do mineral ósseo estes valores não são

normalmente utilizados para o relatório.

A água intracelular e extracelular deve corresponder a mais ou menos

60% do peso total corporal.

Grande percentagem de água extracelular é um indicador de obesidade.

Os resultados da análise da composição corporal encontram-se dentro

dos valores normais.

Page 123: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

123

Análise muscular & Análise da massa gorda Valores normais

Peso 52.8 Kg 49.1 ~ 66.5 Kg

Massa muscular esquelética 21.9 Kg 22.0 ~ 27.0 Kg

Massa gorda 12.3 Kg 11.3 ~ 18.5 Kg

Em relação ao peso e à massa gorda os valores encontram-se dentro

dos valores normais.

Relativamente à massa muscular esquelética o valor obtido encontra-se

abaixo dos valores normais tal facto evidencia défice de massa muscular. Tal

facto evidencia níveis ligeiros de sarcopenia. A análise gráfica (valores

óptimos) ideal seria em forma de “D”. Tal não se verifica pois a massa muscular

esquelética está abaixo do normal.

Diagnóstico da obesidade Valores normais

Índice de massa corporal (BMI) 19.6 Kg/m2 18.5 ~ 25.0 Kg

Percentagem de massa gorda 23.4 % 18.0 ~ 28.0 %

Índice da cintura/anca 0.76 0.75 ~ 0.85

Todos os valores se encontram dentro dos limites normais. Apesar disto

é de referir que o valor do índice de massa corporal (BMI) e o valor do índice

cintura-anca apresentam valores muito próximos dos valores mínimos

aceitáveis. A análise gráfica (valores óptimos) ideal seria em forma de “C”. Tal

não se verifica pois os índices de massa corporal e cintura-anca estão

próximas dos mínimos aceitáveis.

Nota: Os valores normais mencionados adequam-se a pessoas adultas não

sendo apropriado para pessoas idosas

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

124

Massa Magra Isenta de Gordura e

de Osso (segmentos corporais) Valor Obtido

[MIGO Actual / MIGO

Ideal] × 100

Braço Direito 1.87 Kg 110.9%

Braço Esquerdo 1.85 Kg 109.3%

Tronco 17.7 Kg 94.0%

Perna Direita 6.57 Kg 109.2%

Perna Esquerda 6.54 Kg 102.2%

Os valores percentuais obtidos dos vários segmentos corporais quando

confrontados com os valores de corte para membros superiores, inferiores e

tronco encontram-se dentro dos valores normais.

1.1 Área de adiposidade visceral

Comparando o valor da adiposidades visceral com os valores de corte verifica-

se que o valor de 29.2 cm2 encontra-se muito abaixo de valores que indiciam

riscos de doenças associadas a um excesso de adiposidade visceral

(cardiovascular, diabetes mellitus)

Valores percentuais de corte: Membros Superiores - 80% a 120%

Tronco e M. Inferiores – 90 a 110%

Idade: 22 anos

Valor Obtido: 29.2 cm2

Normal: AAV <100 cm2

Elevado: 150 cm2 ≥ AAV ≥100 cm2

Muito Elevado: AAV> 150 cm2

Page 125: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

125

1.3 ÍNDICES DE EDEMA

Edema por segmento

Água Extra-Celular /

Massa Gorda

Água Extracelular /

Água Corporal Total

0.326 0.372

Valor Obtido

0.327 0.370

0.337 0.384

0.339 0.386

0.339 0.386

0.337 0.384 Média

Água Extra-Celular / Massa Gorda

Valores Normais: 0,31 – 0,35

Edema: ≥ 0,35

Água Extracelular / Água Corporal

Total

Valores Normais : 0,36 – 0,40

Edema : ≥ 0.40

Em relação aos índices de edema os valores obtidos encontram-se

todos dentro dos valores normais de corte.

Page 126: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

126

1.4 Avaliação Nutricional

Os valores de Proteínas, Minerais e Gordura encontram-se dentro de

valores normais.

Ilustração 33 - Avaliação da composição corporal

1.5 Manutenção do peso

Os valores de Peso e Gordura encontram-se dentro dos valores

normais. Em relação à massa muscular esquelética o valor obtido encontra-se

abaixo dos valores indicados como normais.

Ilustração 34 - Valores de referência para manutenção do peso

Page 127: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

127

1.6 Diagnóstico de Obesidade

Os valores de índice de massa corporal, percentagem de gordura

corporal e índice cintura-anca encontram-se dentro dos valores normais.

Ilustração 35 - Valores de referência para o diagnostico de obesidade

1.7 Equilíbrio entre os segmentos corporais

Os valores obtidos indicam um equilíbrio segmentar corporal.

Confrontação do desenvolvimento muscular entre os membros,

classificando-o em 3 níveis:

Equilibrado

Ligeiramente desequilibrado

Desequilibrado

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

128

Membro superior direito vs Membro superior esquerdo

Membro inferior direito vs Membro inferior esquerdo

Membros superiores vs Membros inferiores

1.8 Força corporal

Os valores quer dos membros superiores quer dos membros inferiores e

dos músculos em geral encontram-se dentro dos valores normais de

desempenho de força.

1.9 Diagnóstico de saúde

Os valores de água corporal, de edema e do padrão de vida encontram-

se dentro dos valores normais.

Ilustração 36 - Valores de referência para o diagnóstico de saúde

Page 129: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

129

1.10 Controlo do peso

Valores

Peso alvo 57.9 Kg

Controlo de peso + 5.1 Kg

Controlo de gordura + 1.0 Kg

Controlo muscular + 4.1 Kg

Resultado de Fitness 75 Pontos

Ilustração 37 - Valores de referência para o fitness score

1.11 Dados adicionais

Dados Valores normais

Grau de obesidade = 91% 90% ~ 110%

BCM = 26.2 Kg 26.2 ~ 32.0

BMC = 2.32 Kg 2.24 ~ 2.74

Page 130: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

130

BMR = 1243 Kcal 1160 ~ 1336

Equação preditiva do NMB, considerada no InBody 720 (Biospace)

Energia Necessária = BMR * Factor de Actividade

Factor de Actividade

Acamado 1,2

Reduzida Actividade 1,3

Média Actividade 1,5 a 1,75

Elevada Actividade 2,0

(Livingston & Kohlstadt, 2005)

Equações preditivas do dispêndio energético desenvolvidas numa larga

amostra (789 mulheres e 633 homens) entre os 18 e os 96 anos e com um

peso corporal entre 33 e os 278 kg

Grau de obesidade (%) = [Peso Actual/Peso Ideal] × 100

90% - 110% normal

111% - 119% excesso de peso aceitável

≥ 120% obesidade

NMB (kcal/dia) = 21,6 × Massa Isenta de Gordura (kg) + 370

(Cunningham, 1991)

Page 131: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

131

Mulheres NMB (kcal/dia) = 248 × Peso0,4356 – (5,09 × Idade)

Homens NMB (kcal/dia) = 293 × Peso0,4330 – (5,92 × Idade)

Os valores do grau de obesidade, do BMC, do BCM e do BMR

encontram-se dentro dos valores normais.

Após a análise geral dos valores obtidos podemos concluir que a pessoa

submetida a este teste de bioimpedância apresenta valores geralmente dentro

de valores normais, por tal pode-se concluir que é uma pessoa saudável

apresentando índices de gordura corporal está dentro dos valores normais,

excluindo o valor da massa muscular esquelética (à qual será apropriado

realizar exercício de reforço muscular para colmatar esta lacuna), não

apresentando risco de vir a sofrer de doenças cardiovasculares ou diabetes

mellitus.

Page 132: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

132

2. Bibliografia

- ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines for exercise testing and prescription (7th ed.):

Lippincott Williiams & Williams.

- ACSM. (2006). ACSM´s Resourse Manual for Guidelines for Exercise Testing and

Prescription: LWW

- Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C., Himes, J. H., Lohamn, T. G., Martin,

A. D., Mitchell, C. D., Mueller, W. H., Roche, A. F., & Seefeldt, V. D. (1988).

“Circumferences.” Anthropometric Standardization Reference Manual, T. G. Lohman,

A. F. Roche, & R. Martorell, eds., Human Kinetics, Champaign, 39-54.

- Guedes, Dartagnan Pinto (2006). “Recursos antropométricos para análise da

composição corporal” Universidade Estadual de Londrina, Paraná, BrasilRev. Bras

- Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (1996). Applied Body Composition Assessment,

Human Kinetics, Champaign.

- Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003). “Exercício,

Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher Pós-

Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Page 133: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

133

IX - Aula 9

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionado com a predição da

água total e da massa isenta de gordura com base na bioimpedância;

sarcopenia e condição óssea

CONTEÚDOS

Equações preditivas da ACT e da MIG com base na bioimpedância.

Métodos de avaliação da sarcopenia.

Prescrição de exercício para a sarcopenia.

Constituição do osso, classificação da condição óssea e considerações

relacionadas com a aplicação dos testes físicos.

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº9 6ª Feira das 10:30 às 12:30 23-04-2010

Docente: Drª Maria

Moreira

Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

134

1. Equações preditivas da ACT e da MIG com base na bioimpedância

1.1 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS CAUCASIANAS

Ilustração 38 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS CAUCASIANAS

Ilustração 39 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – CRIANÇAS CAUCASIANAS

Page 135: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

135

1.2 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS CAUCASIANAS

Ilustração 40 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES ADULTAS/IDOSAS

1.3 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS ADULTOS

CAUCASIANAS

Ilustração 41 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS ADULTOS

Page 136: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

136

1.4 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – ATLETAS (VÁRIOS

DESPORTOS)

Ilustração 42 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – ATLETAS (VÁRIOS DESPORTOS)

1.5 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES

ADULTAS/IDOSAS

Ilustração 43 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – MULHERES ADULTAS/IDOSAS

Page 137: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

137

1.6 EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS

ADULTOS/IDOSOS

Ilustração 44 - EQUAÇÕES PREDITIVAS DA BIOIMPEDÂNCIA – HOMENS ADULTOS/IDOSOS

2. Métodos de avaliação da sarcopenia

SARCOPENIA

Sarcopenia - é a perda degenerativa de massa e força nos músculos com o

envelhecimento. Redução da massa e da função muscular.

Redução da massa muscular e da força imposta

pela idade;

Causa potencial, importante e reversível de

morbilidade e mortalidade de pacientes idosos;

Page 138: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

138

Condição multifactorial que determina mudanças nos músculos com a idade;

Levando a perda involuntária de massa muscular, força e função.

Etiologia:

Segundo Ruth et al (2000) embora existam muitos potenciais

mecanismos para explicar a sarcopenia, a contribuição especifica de cada um

continua desconhecida.

Nos últimos anos, na maioria da sociedade, tem havido um aumento na

expectativa de vida, repercutindo num aumento do numero de pessoas

pertencentes há 3º idade ( Matsudo &Matsudo, 1992 cit. por Santos et al, s/a)

Cerca de um terço da massa muscular perde-se com a idade avançada

(cerca de 1% ao ano, a partir dos 65 anos de idade). Essa perda de massa

reduz força muscular. Devido ao aumento da expectativa de vida da população

mundial e consequentemente da população idosas, a sarcopenia vem se

tornando uma questão de saúde bastante relevante no mundo desenvolvido. O

nível de sarcopenia pode ser prejudicial a ponto de impedir que uma pessoa

idosa tenha uma vida independente, necessitando de assistência e cuidado

constantes.

A sarcopenia é um importante indicador de fragilidade nas pesquisas

feitas com pessoas, ligada a redução

do equilíbrio, perda de agilidade,

quedas e fracturas perda da força

muscular resulta em uma dificuldade

da manutenção da estabilidade

(desequilíbrio) estático e ou dinâmico,

tornando a marcha cada vez mais

incerta, o que pode resultar em quedas em geral.

Podendo causar grandes prejuízos a um sistema osteomuscular

enfraquecido pela senescência, ocasionando no aumento dos índices de

Page 139: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

139

morbidez, imobilidade e mortalidade desta população. Idosos normalmente são

vítimas de quedas enquanto realizam as suas tarefas do dia-a-dia.

Este fenómeno pode ser comparado à osteoporose, que também é uma

doença relacionada com a idade e refere-se à perda de massa óssea. A

combinação de osteoporose e sarcopenia resulta na significativa

fragilidade frequentemente encontrada na população idosa.

A sarcopenia não é uma doença, mas sim uma consequência natural do

processo der envelhecimento do ser humano, processo este individual e

directamente relacionado as interacções com o meio ambiente em geral, a

sarcopenia pode ser evitada e até mesmo revertida com uma alimentação

balanceada, uma vida psicologicamente saudável e com a prática de

actividades ou exercícios físicos de maneira consciente e com um

acompanhamento profissional formado da área da Educação Física.

Etiologia Multifactorial:

Imobilidade;

Alterações no metabolismo muscular;

Alterações endócrinas;

Alterações mitocôndriais;

Alterações da junção neuromuscular;

Factores nutricionais;

Aumento da produção de radicais livres;

Factores genéticos;

Citocinas pró – inflamatórias

Efeitos do Envelhecimento na Massa Muscular

Atrofia das fibras musculares (particularmente do tipo IIa);

Redução da síntese proteica em cerca de 30%;

Redução do número e da actividade das mitocôndrias;

Diminuição do fluxo sanguíneo;

Modificação da enervação das unidades motoras (efeitos adversos na

coordenação motora);

Page 140: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

140

Diminuição do motoneurónios e perda/modificação dos contactos

sinápticos;

Declínio da eficiência muscular (força muscular por unidade de massa

muscular)

Massa muscular relativamente estável até aos 45 anos

Perda em os ambos os sexos a partir desta idade, com especial

destaque para os membros inferiores;

Aumento da sarcopenia de forma vincada a partir dos 65 anos.

Perda Muscular:

A perda da massa muscular é comum com a idade;

Perda do tamanho números de fibras musculares;

A partir dos 50 anos: aceleração significativa;

30-80 Anos: perda de 50% da força muscular;

O declínio é mais pronunciado nas fibras de tipo II;

Directamente relacionado ao decréscimo de força.

Efeitos do Envelhecimento Muscular:

Mudanças nas unidades motoras;

Enervação das fibras;

Redução dos factores de crescimento;

Alterações proteicas do músculo.

Page 141: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

141

Modificações Morfológicas:

Tomografia computadorizada

Após os 30 anos de idade

Redução na área de secção

transversa

Diminuição da densidade muscular

Aumento na gordura intramuscular

Riscos Associados:

Estado de fragilidade;

Estágio anterior a incapacidade;

Papel predominante na etiologia da fragilidade;

Alto valor preditivo de eventos adversos;

Incapacidade, hospitalização e mortalidade;

Maior risco de contrair infecção durante a hospitalização.

Interacções:

Sarcopenia;

Alterações de marcha;

Desequilíbrio;

Perda da propriocepção;

Tendência cifose;

Alterações cognitivas;

Queda;

Osso osteoporótico;

Fracturas.

Page 142: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

142

3. Prescrição de exercício para a sarcopenia

Ilustração 45 - Prescrição de exercício para a sarcopenia

Page 143: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

143

4. Tecido Ósseo

O Tecido Ósseo, é originário de um tecido embrionário chamado

mesênquima que é caracterizado por possuir células com prolongamentos

citoplasmáticos, mergulhadas em abundante substância intercelular amorfa e

pouco viscosa. É tecido conjuntivo composto de células, derivadas do folheto

embrionário médio ou mesoderma, e classicamente, está dividido em:

Tecido Conjuntivo (propriamente dito)

Tecido Conjuntivo de Propriedades Especiais:

Tecido Adiposo,

Tecido Elástico,

Tecido Hematopoético,

Tecido Mucoso.

Tecido Cartilaginoso

Tecido Ósseo

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo dos mais resistentes e rígidos do nosso

corpo. Constituinte principal do esqueleto, serve de suporte para partes moles,

protege os órgãos vitais, aloja a medula óssea e proporciona apoio aos

músculos esqueléticos para a movimentação do organismo.

O osso é uma estrutura dinâmica, continuamente renovada e reconstruída,

sendo também, sensível a influências metabólicas, nutricionais e endócrinas.

Duas formas do osso são distinguíveis a olho nu: O esponjoso e o compacto.

Page 144: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

144

4.2. Tipos de ossos

4.2.1 Osso cortical ou compacto

Constitui 80% do esqueleto humano. É a parte

mais densa, compacta. Encontra-se geralmente

nas camadas externas dos ossos como, por

exemplo, nas diáfises (parte central, comprida)

dos ossos longos, no crânio e a sua função mais

importante é manter uma estrutura rígida no

esqueleto.

4.2.2 Osso trabecular ou esponjoso

É responsável por 20% do esqueleto humano. Encontra-se no interior dos

ossos e tem uma aparência de esponja por ser constituído por pequenas

pontes chamadas trabéculas. Encontra-se no interior de vértebras, costelas,

pelve, crânio e extremidades de ossos longos. Entre as suas funções,

destacam-se a manutenção da força e elasticidade do esqueleto, além de

alojar a medula óssea, ser responsável pela produção de células sanguíneas e

hemoglobina.

4.3 Funções do osso

- Protecção

Protege os orgãos mais frágeis como por exemplo: medula neural,

coração e pulmões.

- Suporte

Ao esqueleto está ligado de uma forma mais ou menos directa todas as

vísceras, todos os músculos e todas as estruturas moles que constituem o

corpo humano que, sem uma estrutura interna rígida não teria a estrutura que

apresentamos.

- Movimento

Page 145: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

145

Os ossos estão ligados a tecido adiposo do músculo, o que permite que

os segmentos do corpo humano se mobilizem permitindo-nos avançar. É um

mecanismo de locomoção.

- Armazenamento mineral

É o local do corpo humano onde todos os sais minerais estão

localizados.

- Produção de células sanguíneas

No corpo humano, estaram armazenadas células na hematopoesis,

estas células irão produzir outras células para circularem no sangue (os

eritrócitos, leucócitos, plaquetas…).

No tecido ósseo, existem dois tipos principais de células que são

produzidos na medula óssea:

- Os osteoclastos (que destroem o osso)

- Os osteoblastos (que produzem o novo osso)

- Do equilíbrio entre a atividade destas células (osteoclastos e osteoblastos)

resulta o processo de destruição e remodelação óssea.

5. Osteoclasto e Osteoblasto

5.1 osteoclasto

São células originárias do tecido hematopoiético, sendo derivadas de

colónias de células formadoras de macrófagos e de monócitos. Os osteoclastos

são responsáveis pela reabsorção durante a remodelação, são células

multinucleadas que degradam o osso. No início de cada ciclo de remodelação

os osteoclastos escavam o osso, formando lacunas na sua superfície

(actividade erosiva), tendo ainda a capacidade de fagocitar os sais minerais.

Após cerca de duas semanas os osteoclastos são deslocados pelos

osteoblastos que num período aproximado de três meses preenchem a área

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

146

absorvida com osso novo. O osteoclasto é uma célula que apresenta um bordo

irregular, este aumenta a sua superfície de contacto, aderindo-se assim à área

em que será realizada a reabsorção óssea. (Dr. Nelson Mattos Tavares, 2008)

Existem substâncias que estimulam os osteoclastos como a hormona

paratiroideia, o factor activador dos osteoclastos (substância que possui um

actividade importante no desenvolvimento de tumores ósseos), a

prostanglandina E2, os costicosteróides e as interleucinas 1 e 2. Existem

também, aqueles que inibem os osteoclastos, como é o caso dos estrogénios,

da calcitonina, dos bifosfonatos e do cálcio.

5.2 osteoblasto

São células típicas do tecido conjuntivo, oriundos de uma célula primitiva

(célula mesenquimal indiferenciada). A sua função básica é a de síntese

(formação) do tecido ósseo. São estas células que sintetizam o pró-colageno

tipo I, as proteínas da matrix extracelular, a fosfatase alcalina e a osteocalcina,

sendo que já foram identificados nestas células, receptores para estrógeno,

progesterona, glicocorticóides, testosterona, estradiol e a Vitamina D

explicando, com isso, as influências das concentrações destes elementos na

formação óssea. (Dr. Nelson Mattos Tavares, 2008) Os osteoblastos são

estimulados pelo exercício físico, sais de flúor (o flúor encontra-se sob a forma

de sais complexos no osso),pela hormona do crescimento e pela interleucina 2.

Por outro lado, a hormona paratiróideia, os corticosteróides, os bifosfonatos e a

prostanglandina E2, vão inibir os osteoblastos.

6. Osteoporose

A osteoporose é uma doença metabólica que atinge os ossos.

Osteoporose significa porosidade ou adelgaçamento dos ossos, ou seja,

significa que está a ocorrer diminuição da quantidade de massa óssea

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

147

alterando a microarquitectura do tecido ósseo. Assim sendo, os ossos tornam-

se mais frágeis podendo ocorrem mais facilmente fracturas após traumas

mínimos.

È considerada uma das doenças mais graves da saúde pública que

afecta na sua maioria a população mais idosa. Esta doença é mais comum nas

mulheres do que nos homens e nos primeiros estágios é assimptomática,

sendo por isso considerada uma doença silenciosa. Se o indivíduo não fizer

exames preventivos, a osteoporose pode passar despercebida, até atingir uma

maior gravidade.

6.1 Factores que afectam a osteoporose

A massa óssea do adulto - pico de massa óssea - reflecte o acúmulo de

tecido ósseo ocorrido durante o crescimento. Parece chegar ao limite máximo

ao redor dos 17 anos de idade, podendo estender-se até ao redor dos 30 anos.

Predispõem à osteoporose factores que induzem a um baixo pico de

massa óssea e aqueles que são responsáveis por perda excessiva ou baixa

produção.

Factores Nutricionais:

-Baixa ingestão de cálcio

-Dieta inadequadas

-Alta ingestão de proteínas e de sódio

-Alta ingestão de cafeína permanente

-Falta de vitamina D

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

148

Factores Ambientais:

-Pouca exposição solar

-Factores hereditários

- Raça branca ou asiática

- História familiar de osteoporose

- Baixa estatura

- Massa muscular pouco desenvolvida

- Sexo feminino

Factores relacionados com o estilo de vida:

-Sedentarismo

-Exercício excessivo levando à amenorreia (ausência de menstruação)

-Tabagismo

-Alcoolismo

Factores Ginecológicos:

-Menopausa precoce

-Primeira menstruação tardia

- Irregularidades menstruais

-Retirada cirúrgica de ovários sem reposição hormonal

-Ligadura das trompas

- Retirada cirúrgica parcial do útero

Page 149: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

149

- Níveis reduzidos de estrogénio

- Ausência de amamentação

Factores medicamentais:

-Corticosteróides

- Hormonas tiroideias

-Anticonvulsionantes

-Doses excessivas de hormonas

-Anti-ácidos que contenham alumínio

Factores genéticos:

Etnia

Indivíduos de raça branca são mais sensíveis à acção da hormona paratiróide

e do calcitriol, logo, maior risco de fractura.

Género

Maiores níveis de DMO no homem em relação à mulher

MAIOR Menor

Pico de massa óssea

Perda de massa óssea

Estatura e peso

Volume dos ossos

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

150

Força muscular com o envelhecimento

Nível de actividade física

habitual

Envelhecimento:

- Menor absorção intestinal do cálcio;

- Maior produção da hormona paratiroideia;

- Menor actividade dos osteoblastos

7. Curva da massa óssea

Analisando o gráfico ao lado

pode-se depreender que existe

uma contínua reposição mineral

óssea em ambos os sexos

(homens e mulheres) até por

volta dos 30 anos de idade.

A partir dos 30 anos verifica-se

uma diminuição progressiva do

mineral ósseo que é mais evidente nas mulheres a partir dos 40 anos muito

relacionado com o aparecimento da menopausa. Consequentemente as

mulheres estarão mais susceptíveis ao aparecimento de osteoporose.

8. Os locais mais afectados pela Osteoporose

As fracturas por fragilidade óssea, ocorrem tipicamente no fémur,

coluna, bacia e pulso, embora – em princípio – possam atingir qualquer osso

Page 151: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

151

do esqueleto. Fracturas vertebrais podem ocorrer, resultando em perda de

estatura e curvatura anterior do dorso (cifose). Fracturas do fémur (da parte

superior do fémur), na sua grande maioria, necessitam de receber tratamento

cirúrgico.

Região Lombar - pessoas idosas podem fracturar as vértebras da coluna com

frequência, isto leva a formação de

uma curvatura nas costas e ao

mesmo tempo á diminuição de

tamanho do doente.

Perda de estatura e curvatura

anterior do dorso (cifose).

Pulso - por ser um ponto de apoio, é uma área na qual as fracturas acontecem

normalmente. Os ossos sensíveis têm pouca estrutura para sustentar o peso

do corpo quando cai.

Bacia - as fracturas da bacia são difíceis de cicatrizar e podem levar à

invalidez. Estudos realizados, referem que 50% dos doentes que fracturaram a

bacia não conseguiram andar mais sozinhos.

Fémur – também muito comum nos doentes. É tanto comum nas mulheres

como nos homens, principalmente depois dos 65 anos. A recuperação é lenta.

Page 152: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

152

A B

A. Osso (fémur) com osteoporose; B. Fractura do fémur

8. Osteopénia VS Osteoporose

9. Classificação da osteoporose e osteopenia

Normal

Quando o T-score é superior a -1 desvio-padrão abaixo da média do adulto

jovem do mesmo sexo e raça.

Osteopenia

Quando o T-score está entre -2,5 DP e -1,0 DP há um baixo risco de fractura,

já sendo necessário tratamento.

Osteoporose

Quando o T-score é inferior a -2,5 Desvio-Padrão em relação a uma população

jovem normal do mesmo sexo e raça, há um risco muito elevado de fracturas,

principalmente da coluna vertebral, sendo necessário um tratamento intensivo.

Page 153: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

153

10. Prescrição de exercício físico para osteoperose

A prática regular de AF de carga é considerada um dos melhores

estímulos naturais para o osso, devendo assim fazer parte de qualquer

estratégia preventiva da osteoporose.

Os exercícios para reforço ósseo com défice de mineralização devem

ser efectuados de modo a privilegiar cargas reactivas á força do apoio.

No caso da anca, o tipo de prescrição deve ser feito de modo a estimular

os músculos dessa região. Os movimentos devem ser de forma a reforçar os

músculos posteriores e anteriores dos membros inferiores. O agachamento por

exemplo tem na sua execução um desenvolvimento de força na direcção do

eixo maior do osso, dando desta forma um efectivo reforço em forma de

estímulo estrogénico.

No caso da utilização de argómetros em pessoas com osteoporose a

nível do calcâneo e da anca, deve ser valorizados argómetros com suporte

activo ao apoio, para assim gerar foças reactivas que regulam a reposição

óssea, (exemplo: elitica, bicicleta, etc). Para pessoas com osteoporose não é

aconselhado o remo, pois podem sofrer de lesões sobretudo a nível cervical.

Bons exercícios para quem tem osteoporose:

• Exercícios com carga: marcha, dança e aeróbica de baixo impacto;

• Exercícios com resistência: usando pesos livres, aparelhos;

• Para quem tem pouco equilíbrio recomenda-se o tai chi;

• A natação e a hidroginástica suave.

Prevenção da deformação e da dor:

Este tipo

de exercício

Page 154: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

154

baseia-se no fortalecimento dos músculos da coluna, do tórax, dos abdominais

e dos ombros.

10.

Bibliografia

Montenegro, A.; Neto; Simões, M.; Medeiros, A.;

Portela, A. & Souza, C. (2008) Obesidade, envelhecimento e risco cardiovascular no

brasil: possíveis soluções para problemas actuais. Revista Saúde. Brasil

Keppe, M. (2005, 20, dezembro) Acompanhamento psicanalítico do paciente com

sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida. Revista de Transpsicanálise. Brasil

Almeida, J. (2002). O impacte da actividade física na prevenção e controlo das doenças

hipoglicemicas. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real

Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C., Himes, J. H., Lohamn, T. G., Martin,

A. D., Mitchell, C. D., Mueller, W. H., Roche, A. F., & Seefeldt, V. D. (1988).

“Circumferences.” Anthropometric Standardization Reference Manual, T. G. Lohman,

A. F. Roche, & R. Martorell, eds., Human Kinetics, Champaign, 39-54.

Page 155: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

155

Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (1996). Applied Body Composition Assessment,

Human Kinetics, Champaign.

Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003). “Exercício,

Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher Pós-

Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines for exercise testing and prescription (7th ed.):

Lippincott Williiams & Williams.

ACSM. (2006). ACSM´s Resourse Manual for Guidelines for Exercise Testing and

Prescription: LWW

Page 156: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

156

X - Aula 10

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com a condição

óssea

CONTEÚDOS

Picos de massa óssea em ambos os géneros e perda óssea com o

envelhecimento

Factores de risco de queda e risco de fractura

Avaliação da condição óssea através da densitometria radiológica de

dupla energia

Utilização do T-score na avaliação da condição óssea

Idades mais sensíveis para a instalação de facturas osteoporóticas em

diferentes regiões do corpo

Medição da densidade mineral óssea ao nível do calcâneo

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº10 6ª Feira das 10:30 às 12:30 23-04-2010

Docente: Drª Maria

Moreira

Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 157: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

157

1. Actividade física e condição óssea

Ilustração 46 - Actividade Física e Condição Óssea

A precisão da densitometria radiológica de dupla energia na avaliação

da densidade mineral óssea está claramente identificada na literatura e o

diagnóstico baseado no T-score é recomendado para a definição de terapias

vocacionadas para a melhoria da condição óssea.

O T-score quantifica a diferença entre o valor individual de densidade

mineral óssea (DMO, valor de conteúdo mineral ósseo por centímetro quadrado

de osso) e o valor médio desta variável estabelecido aos 30 anos, para adultos

do mesmo género e etnia.

Page 158: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

158

2. Critérios para a classificação da densidade mineral óssea

Ilustração 47 - Valores de classificação do T-score

O teste densitométrico por si só não tem capacidade para detectar

indivíduos com elevado risco de fractura. Na verdade, embora a sua ocorrência

seja muito elevada com a osteoporose, o risco não é negligenciável na

presença de osteopenia, sendo possível detectar a presença de valores de

DMO muito próximos dos considerados normais em cerca de 40% de mulheres

com fracturas.

As fracturas vertebrais são muito comuns no período pós-menopausa,

mas raramente identificadas clinicamente (apenas 1 em cada 3 mulheres),

resultando em fracturas vertebrais adicionais, dor, redução de estatura,

deformação vertebral e perda de autonomia funcional.

À semelhança das fracturas ao nível da anca, elas tendem a ocorrer

numa idade mais avançada, em oposição às que sobrevêm no pulso ou no

terço distal do antebraço, cuja incidência é mais notória nas mulheres pós-

menopáusicas mais jovens.

Cerca de 98% das fracturas ao nível da anca são resultantes de quedas,

sendo essa proporção mais reduzida (menos de 7%) em relação às fracturas

vertebrais.

A incidência de fractura da anca aumenta de forma exponencial em

mulheres entre os 60 e os 80 anos de idade, particularmente a partir da 8ª

década, requerendo, em 90% dos casos, hospitalização e gerando uma

elevada morbilidade e mortalidade.

Page 159: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

159

2.1 VANTAGENS DA MEDIÇÃO DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA AO NÍVEL DO

CALCÂNEO

O calcâneo constitui a zona com maior quantidade de osso trabecular

(95%), pelo que é mais sensível ao efeito da idade, da doença e ao efeito da

terapia que afecte a condição óssea.

É uma zona muito sensível à fractura osteoporótica (o melhor local para

medir a DMO é aquele que é mais ávido à instalação dessa mesma fractura). É

avaliada uma zona sujeita a grande sobrecarga ponderal e fundamental à

autonomia funcional do indivíduo.

MEDIÇÃO DO INDIVÍDUO

Page 160: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

160

2.2 Resultado da medição da densidade mineral óssea ao nível do calcâneo

O Miguel após realizar o teste obteve um valor de T-score de -0.3.

Confrontando este valor com os valores de corte o Miguel tem uma densidade

mineral óssea a nível do calcâneo normal. O valor que o Miguel apresenta

permite-lhe que venha a sofrer no futuro uma gradual diminuição da densidade

mineral óssea diminuindo o risco de vir a sofrer osteoporose.

Page 161: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

161

Bibliografia

Montenegro, A.; Neto; Simões, M.; Medeiros, A.; Portela, A. & Souza, C. (2008)

Obesidade, envelhecimento e risco cardiovascular no brasil: possíveis soluções para

problemas actuais. Revista Saúde. Brasil

Keppe, M. (2005, 20, dezembro) Acompanhamento psicanalítico do paciente com

sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida. Revista de Transpsicanálise. Brasil

Almeida, J. (2002). O impacte da actividade física na prevenção e controlo das doenças

hipoglicemicas. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real

Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C., Himes, J. H., Lohamn, T. G., Martin,

A. D., Mitchell, C. D., Mueller, W. H., Roche, A. F., & Seefeldt, V. D. (1988).

“Circumferences.” Anthropometric Standardization Reference Manual, T. G. Lohman,

A. F. Roche, & R. Martorell, eds., Human Kinetics, Champaign, 39-54.

Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (1996). Applied Body Composition Assessment,

Human Kinetics, Champaign.

Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003). “Exercício,

Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher Pós-

Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

ACSM. (2006). ACSM´ s Guidelines for exercise testing and prescription (7th ed.):

Page 162: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

162

Lippincott Williiams & Williams.

ACSM. (2006). ACSM´ s Resourse Manual for Guidelines for Exercise Testing and

Prescription: LWW

Page 163: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

163

XI - Aula 11

Sumário: Aquisição de conhecimentos relacionados com a condição

óssea e a avaliação da aptidão física funcional.

CONTEÚDOS

Factores de risco para fracturas osteoporóticas

Prescrição de exercício

Bateria de testes de apreciação da aptidão física funcional

1. Factores de risco para fracturas osteoporóticas

Muitos factores contribuem para o desenvolvimento da osteoporose. A

idade, o sexo e a raça estão entre os principais determinantes da massa óssea

e do risco de fracturas.

Quanto maior a longevidade do indivíduo, maior é o risco de desenvolver

osteoporose. A osteoporose atinge preferencialmente indivíduos idosos, mais

frequentemente mulheres acima de 45 anos de idade, embora o sexo

masculino também possa ser atingido.

Condição Física Nutrição e Saúde

Aula Nº11 6ª Feira das 10:30 às 12:30 07-05-2010

Docente: Drª Maria Moreira Local: Sala 1 – Complexo Desportivo

Page 164: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

164

Mulheres são mais susceptíveis à osteoporose do que homens, pois

além de apresentarem perda óssea importante durante a menopausa,

possuírem menor densidade mineral óssea e terem ossos mais finos e mais

leves, têm maior expectativa de vida, portanto estão mais tempo sob risco. Vale

ressaltar que as fracturas vertebrais são sete vezes mais comuns em mulheres

que em homens, tendendo a ocorrer duas décadas após a menopausa.

Factores genéticos também são responsáveis pelas variações na massa

óssea em diferentes grupos éticos e raciais. Indivíduos da raça negra possuem

maior pico de massa óssea e, portanto, são menos predispostos a sofrerem de

osteoporose que brancos e asiáticos.

As mulheres brancas possuem baixos índices de pico de massa óssea

na idade adulta e apresenta maior prevalência de osteoporose. Estima-se que

30% de todas as mulheres brancas pós-menopausicas terão pelo menos uma

fractura osteoporótica durante a vida, incidência que aumenta com a idade

avançada. A incidência de fractura do fémur em mulheres brancas é duas

vezes maior do que em mulheres negras.

Susceptibilidade à osteoporose é, em parte, devida à hereditariedade.

Mulheres jovens, filhas de pais ou mães com fractura vertebral associada à

osteoporose possuem menor massa óssea. Também se relata que homens e

mulheres de pequena estatura apresentam maior risco ao desenvolvimento de

osteoporose por possuírem ossos mais finos.

Page 165: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

165

1.1 Deficiência estrogénica

A menopausa, que se inicia entre 45 e 55 anos de idade, é evento

singular que ocorre devido à deficiência estrogénica, trazendo uma série de

transformações ao organismo feminino. As mulheres passam a enfrentar

perdas ósseas, sintomas vaso motores, alterações cardiovasculares, distúrbios

sexuais e psicológicos, alterações urinárias, genitais e dermatológicas. Nesta

fase da vida, a perda de massa óssea nas mulheres é relacionada ao declínio

agudo da produção ovariana de estrógenio, hormona que tem acção protectora

sobre o osso. No início da deficiência ovariana, uma mulher perde 3 a 5% de

massa óssea por ano.

A deficiência de estrógenio tem sido apontada como uma causa primária

de perda óssea após a menopausa e consequentemente, um dos principais

factores de risco para o desenvolvimento de osteoporose em mulheres. O

estrógenio tem um efeito protector no osso por suprimir sua reabsorção,

prevenindo a perda óssea e reduzindo o risco de fracturas. Este efeito ocorre

por várias razões. Primeiro, o estrógenio melhora a absorção de cálcio no trato

intestinal e diminui a perda de cálcio pela urina. Segundo, com níveis

aumentados de estrógenio, a forma activa de vitamina D na circulação é

elevada. Terceiro, o estrógenio estimula a produção de calcitonina, que previne

a remoção de cálcio do osso. O osso trabecular tende a ser mais sensível do

que osso cortical a variações nos níveis de estrógenio.

A redução dos níveis de estrogénio tem sido relacionada à alta

incidência de fracturas vertebrais. Vale lembrar que as vértebras são

constituídas primariamente de osso trabecular.

Quanto aos aspectos reprodutivos, vários estudos demonstram uma

associação entre a ocorrência da menarca (primeira menstruação) e da

menopausa (última menstruação) com a formação e densidade de massa

óssea.36 Foram identificados como factores de risco para osteoporose a

menarca tardia e a menopausa precoce, que traduzem menor tempo de

exposição do organismo feminino aos estrógenios endógenos, protectores

importantes do osso.

Page 166: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

166

1.1.2 Cálcio

Níveis adequados de cálcio podem retardar o desenvolvimento de

osteoporose por duas razões. Primeiro, o cálcio suprime a reabsorção óssea.

Segundo, a calcificação ou mineralização óssea fortalece o osso.

Aproximadamente 99% do cálcio do corpo está contido no esqueleto

ósseo. Uma pequena quantidade de cálcio é requerida para contracção

muscular, transmissão do impulso nervoso e outras funções reguladoras do

organismo, e quando necessário, o osso é reabsorvido para produzir cálcio

para estas funções. O cálcio que é perdido diariamente através da urina, suor e

fezes também deve ser reposto pelo cálcio do esqueleto.

Para prevenir a redução da massa óssea, deve-se manter o equilíbrio

entre a ingestão e absorção de cálcio e suas perdas. A absorção de cálcio

diminui com o aumento da idade e é menor nas mulheres portadoras de

osteoporose. Além disso, a maioria das mulheres tem uma ingestão média de

cálcio de 475 a 575 mg/dia apesar de actualmente a quantidade recomendada

ser de no mínimo 1.000 mg/dia. Heaney e colaboradores recomendam que

mulheres após a menopausa aumentem sua ingestão de cálcio para 1.500

mg/dia para manter seu equilíbrio. O aumento da reabsorção óssea que ocorre

com a redução dos níveis de cálcio afecta tanto os ossos trabecular quanto

cortical.

A incidência de fracturas no quadril, pelve, úmero e tíbia aumentam

lentamente com o avançar da idade até no último ciclo de vida, quando este

aumento se torna exponencial.

1.2.3 Vitamina D

A vitamina D é uma hormona que facilita a absorção intestinal de cálcio

e sua incorporação no osso. Sua suplementação está indicada sempre que a

absorção intestinal estiver diminuída, fenómeno que geralmente ocorre na

osteoporose.

Page 167: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

167

Homens e mulheres na pré-menopausa devem receber suplementação

de 200 a 400

UI/dia de vitamina D, quando a exposição solar for menor que 15

minutos diários. Mulheres após a menopausa sem terapia de reposição

hormonal devem receber 800 a 1.000 UI/dia.

1.1.4 Factores Nutricionais

Alguns estudos demonstram que ingestão elevada de proteínas na dieta

causa perda de cálcio em excesso na urina, o que aumenta as necessidades

de cálcio pelo organismo. Recomenda-se actualmente a ingestão diária de 44g

de proteínas para as mulheres e 56g para os homens.

A ingestão excessiva de fibras e de sódio pode diminuir a absorção

intestinal e aumentar a excreção renal de cálcio. As fibras presentes nos

vegetais e cereais não afectam a absorção de cálcio. As únicas excepções são

a aveia e o espinafre, ricos em ácido oxálico, que bloqueiam a absorção de

cálcio.

1.1.5 Peso corporal

Indivíduos obesos, com maior índice de massa corporal (IMC),

apresentam maior densidade mineral óssea e, portanto, maior protecção contra

osteoporose. Nas mulheres obesas pós-menopausicas, a massa óssea é

mantida principalmente pela produção estrogénica proveniente do tecido

gorduroso. Assim, o peso corporal interage com as hormonas gonadais na

manutenção da massa óssea, protegendo o esqueleto contra os efeitos

adversos da deficiência estrogénica.

Page 168: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

168

1.1.6 Hábitos de vida

O consumo regular de álcool, como por exemplo, mais de duas bebidas

diárias, pode ser prejudicial para o tecido ósseo para ambos os sexos.

Mulheres fumantes apresentam níveis reduzidos de estrogénio e iniciam

a menopausa mais precocemente do que mulheres não-fumantes.

As possibilidades de desenvolver osteoporose aumentam também com

ingestão de duas ou mais xícaras de café/dia, quando combinada com uma

baixa ingestão de cálcio. A alta ingestão de cafeína de qualquer fonte (café,

chá, refrigerantes e outras bebidas), acelera a perda de cálcio na urina,

aumentando o risco de fractura óssea.

1.1.7 Inactividade física

A atrofia óssea com perda acentuada de cálcio tem sido relatada após

períodos de inactividade física, tanto por imobilização quanto por permanência

prolongada no leito.

Alguns autores estudaram os efeitos da permanência prolongada no leito

por 5 a 36 semanas em uma centena de indivíduos jovens e saudáveis.

Através deste estudo, várias tentativas terapêuticas, incluindo o uso

suplementar de cálcio e vitamina D, exercícios, compressão de esqueleto e

aumento da pressão hidrostática em membros inferiores, foram feitos para

prevenir a perda mineral óssea. O programa de exercício envolveu um treino

diário de 80 minutos utilizando levantamento de peso com um sistema de

roldanas que oferecia 400g de resistência. Apesar destas intervenções

terapêuticas, o cálcio urinário aumentou rapidamente e houve uma perda

mineral calcânea de 5% por mês. Os autores concluem que embora tenha

Page 169: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

169

ocorrido perda óssea mesmo com o condicionamento físico, a ausência

completa de exercícios acarreta redução maior e mais importante de cálcio e

osso. Os autores sugerem que os exercícios de força compressiva e de

impacto aplicados no referido estudo podem não ter simulado adequadamente

uma deambulação, tanto em relação à qualidade quanto à quantidade.

É importante destacar que a actividade física promove ganho de massa

muscular, aumento da massa óssea ou redução de sua perda, maior tolerância

ao esforço e melhor equilíbrio, o que diminui o risco de quedas e fracturas,

eventos frequentes entre portadores de osteoporose. Dessa forma, realização

de exercícios físicos específicos regulares possibilita a manutenção da

independência física para realização das actividades da vida diária e melhor

qualidade de vida.

2. Artrite reumatóide

A artrite reumatóide é uma doença auto-imune¹ crónica e progressiva que

causa uma inflamação crónica da articulação. Este provoca a alteração das

estruturas ósseas e das cartilagens.

Auto-imune – quando as respostas imunes são contra as células e tecidos do

próprio organismo

As articulações mais afectadas são as interfalângicas proximais das mãos e

dos pés

Page 170: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

170

Tipos de Artrites

- Artrite Degenerativa

- Artrite Gotosa

- Artrite Piogénica Aguda

- Artrite Psoriática

- Artrite Reumatóide

Causas da artrite reumatóide

Na base da doença está uma alteração do sistema imunitário que determina a

auto-agressão dos tecidos.

Sintomas da artrite reumatóide

Page 171: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

171

No inicio: rigidez, inchaço, vermelhidão e inchaço das pequenas articulações

das mãos.

Com o passar do tempo: as mãos perdem a agilidade natural e verificasse uma

agudização da dor.

(ao longo de 3-5 meses): a doença pode estender-se aos pulsos, joelhos,

dedos dos pés e tornozelos, podendo levar progressivamente à deformação

das partes do corpo atingidas.

_ Na sua forma avançada: as mãos pode adquirir um

aspecto deformado, com os dedos virados para fora,

enquanto os joelhos, pulsos e tornozelos podem

engrossar e os dedos dos pés dobrar-se e/ou

encavalitar-se.

Factores de risco

Idade

Género

Genética

Obesidade

Ocupação

Lesão e infecção

Como se manifesta a artrite reumatóide?

Normalmente começa por atingir as pequenas articulações das mãos e dos

pulsos, de forma simétrica, mas também pode afectar todas as articulações,

Page 172: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

172

danificando-as progressivamente e, em certos casos, causar uma invalidez

total.

3. Evolução da artrite reumatóide

1. Inflamação da membrana sinovial e da cartilagem articular, causando dor

continuada e limitação de

movimentos

- Inchaço da articulação

2. Como resultado do

processo inflamatório, forma-

se um tecido sobre a

cartilagem (pannus ou pano)

que vai provocar a erosão

progressiva da cartilagem.

3. A porção esponjosa do osso fica exposta

4. A articulação torna-se deformada e pode anquilosar (movimentos

limitados) ou sofrer uma subluxação (luxação incompleta / deslocamento das

extremidades ósseas)

5. A fraqueza dos ligamentos que rodeiam a articulação permite a

realização de movimentos mais amplos que o normal

6. Os músculos adjacentes à articulação podem sofrer enfraquecimento e

atrofia

MÃOS

Page 173: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

173

Desvio Cubital da Mão

Deformação em colo de cisne

4. Intervenção através da actividade física

Exercício físico

Exercícios correctos e regulares podem ajudá-lo a reduzir a dor e a rigidez,

bem como a tensão e a ansiedade, levando a uma vida mais plena e activa.

Alongar e movimentar suavemente as articulações que sofrem de artrite poderá

fortalecer ossos, tecidos e músculos.

Quando se trabalha com pessoas que sofrem desta doença, há que ter em

conta o período em que esta se encontra para adequar o exercício às suas

necessidades e limitações.

Período de inflamação activa

Neste período há que ter especial cuidado, não se devem realizar exercícios de

resistência máxima, pois ao aumentar a compressão na articulação o processo

inflamatório é agravado, assim como não se devem efectuar alongamentos a

nível das articulações afectadas.

A mobilidade está limitada pelo excesso de líquido sinovial, logo, não se deve

forçar a extensão da cápsula distendida pois pode conduzir a subluxação

quando o edema diminuir.

Período de Remissão

Neste período pode efectuar-se qualquer tipo movimentos desde que não

sejam ultrapassados os limites dor, ou seja, que não gerem dor.

Page 174: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

174

Deve intervir-se a nível da estrutura muscular fragilizada. Assim como corrigir

alterações posturais (derivadas da redução funcional das regiões afectadas).

De forma a maximizar a função articular.

Maximizar a função articular

Durante o exercício e também na vida diária deve evitar:

Erguer-se fazendo força nos nós dos dedos e no polegar

Realizar movimentos que gerem uma tensão excessiva nas articulações

afectadas

Page 175: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

175

Aumentar a pega ou o diâmetro das resistências que utilizamos

Não trabalhar com elásticos

Trabalhar com bastões de maior diâmetro

Aumentar com uma toalha ou outro meio a pega numa máquina de cárdio

Evitar sobrecarregar uma só articulação distribuindo a carga por várias

Distribuir carga sobre as duas mãos

Assentar toda a superfície dos dedos no solo

Evitar utilizar cargas muito elevadas sobre as

articulações afectadas

Evitar a utilização das articulações afectadas por períodos prolongados

Privilegiar máquinas de cárdio-musculação com suporte do peso corporal

Alternar grupos musculares trabalhados

Page 176: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

176

5. Testes constituintes da Bateria de testes Rikli &Jones

1. Levantar / sentar;

2.Flexão do antebraço;

3.Sentar e alcançar;

4.Levantar andar 2.44 m e voltar;

5.Alcançar atrás das costas;

6. Step Test

5.1 Levantar e Sentar

Constituído pelas maiores disfuncionalidades com que o idoso se depara

diariamente. A bateria de testes representa a maioria das componentes

associadas a vida activa independente.

Possuem uma fiabilidade de testes – reteste aceitável (sendo superior a

0,80%).

Page 177: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

177

Validades testadas em alguns artigos:

Tem a capacidade de detectar alterações resultantes do treino:

Testes fáceis de serem administrados e classificados;

Requerem pouco equipamento e espaço para a sua aplicação.

Não têm perigo de serem utilizados em qualquer assistência médica

Procedimentos:

- 3 a 4 pessoas por estação:

- Avaliação cardiorespiratoria não incluída no circuito;

- Tempo de teste individual não superior a 35 min.- 45min.

- Tempo de teste em grupo não requerer mais de 90 min. (estando 7

avaliadores envolvidos neste teste).

Page 178: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

178

Avaliação da aptidão física funcional (Rikli & Jones, 2001)

Levantar e Sentar na Cadeira

Objectivo do teste:

Apreciação da força e da resistência dos membros inferiores

Equipamento:

Cadeira* (com encosto, sem braços e 43 cm de altura até ao assento), esta

deverá ser colocada encostada a uma parede.

Cronómetro (tem de ser o mesmo utilizado em todos os testes)

Protocolo

Sentado na cadeira;

Costas direitas,

Pés afastados à largura dos ombros;

Braços cruzados ao peito,

O executante eleva-se através da extensão

completa dos membros inferiores,

Regressando à posição de sentado,

Efectuando o maior número de repetições

durante 30 segundos.

O avaliador contabiliza o número de repetições correctamente efectuadas

podendo dar orientações verbais.

Page 179: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

179

Ensaio do Teste:

1 a 2 ensaios após demonstração do avaliador

Pontuação:

Maior número de repetições correctamente efectuadas durante 30 segundos.

Se no final dos 30 segundos, o executante se encontrar no meio de uma

elevação esta deverá ser contabilizada

Avaliação da aptidão física funcional (Rikli & Jones, 2001)

Ilustração 48 - Tabela de avaliações das Mulheres no teste levantar e sentra na cadeira.

Page 180: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

180

Ilustração 49 - Tabela das avaliações dos Homens no teste levantar e sentar na cadeira

5.2 Flexão do Antebraço

Objectivo do Teste:

Apreciação da força e da resistência do membro superior dominante

Equipamento:

Cronómetro

Cadeira (com encosto, sem braços e 43 cm de altura

até ao assento), esta deverá ser encostada a parede;

Haltere de 2,77 kg (senhoras; 5 libras) e 3,63 kg

(homens; 8 libras)

Protocolo:

Page 181: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

181

Sentada na cadeira (costas direitas e em contacto com o encosto da mesma e

pés bem assentes no solo)

A executante segura um haltere com a sua mão dominante (membro superior

em completa extensão e com a mão voltada para a frente).

Realizando uma flexão completa do antebraço sobre o braço, mantendo este

último estabilizado.

O avaliador ajoelha-se no lado dominante do executante;

Coloca uma mão atrás do cotovelo deste (consciência da extensão total do

membro superior dominante);

E a outra sobre o músculo bicípite, facilitando a estabilização do braço durante

a execução do teste;

Reforçando a flexão completa do antebraço sobre o braço (executante deve

tocar na mão do avaliador);

O avaliador poderá dar orientações verbais.

Pontuação:

Maior número de repetições correctamente efectuadas durante 30 segundos.

Se no final dos 30 segundos, o executante se encontrar no meio de uma

elevação esta deverá ser contabilizada.

Ensaio do Teste

1 a 2 ensaios após demonstração do avaliador.

Avaliação da aptidão física:

Page 182: Documento Final - CFNS

Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

182

Ilustração 50 - Tabela de avaliações da mulher no teste flexão do antebraço

Ilustração 51 - Avaliação das avaliações no Homem, teste flexão do antebraço

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5.3 Sentado e Alcançar

Objectivo do Teste:

Apreciação da flexibilidade do membro inferior preferencial.

Equipamento:

Cadeira (com encosto, sem braços e 43 cm de altura até ao assento), esta

deverá ser encostada a parede;

Régua de 45 cm.

Pontuação:

Considerar melhor resultado das duas execuções.

Ensaio do Teste:

1 Ensaio após demonstração do avaliador.

Protocolo:

Sentado com um membro inferior preferencial em

total extensão (calcanhar em contacto com o solo e

pé flectido cerca de 90º);

o outro membro inferior flectido (pé em contacto

com o solo) ;

A executante realiza uma flexão anterior do tronco;

Procurando alcançar o solo e cumprindo os seguintes critérios:

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- Deslizando os dedos das mãos (mãos sobrepostas e em contacto com a face

anterior da régua) sobre a régua;

- Mantendo o tronco direito (cabeça no prolongamento do tronco);

- Expirando durante a flexão do tronco;

Mantendo o membro inferior estendido.

O meio do dedo grande do pé representa o ponto zero da régua, sendo o

resultado considerado positivo, se o executante consegue alcançar para além

dos dedos dos pés; ou negativo, se consegue alcançar até aos dedos dos pés.

O resultado é registado com aproximação a 1 cm.

Avaliação da Aptidão física:

Ilustração 52 - Tabela das avaliações na Mulher, teste sentado e alcançar

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5.4 Sentado, Caminhar 2,44 m e tornar a Sentar

Objectivo do Teste:

Apreciação da velocidade, agilidade e do equilíbrio;

Dinâmico.

Equipamento:

Cadeira (com encosto, sem braços e 43 cm de altura

até ao assento), a cadeira tem de estar encostada á

parede;

Cronómetro;

Ilustração 53 - Tabela das avaliações no Homem, teste sentado e alcançar

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Fita métrica;

Cone sinalizador (2,44 de distância entre a parte anterior do referido cone e a

parte anterior da cadeira; 1,22 m de distância livre à volta do cone).

(Percurso realizado no teste sentado, caminhar 2.44 e tornar a sentar)

Ensaio do Teste:

1 Ensaio após demonstração do avaliador.

Pontuação:

Considerar melhor resultado das duas execuções.

Protocolo:

A executante permanece sentada na cadeira com as costas direitas;

Pés totalmente assentes no solo;

Mãos em contacto com a face anterior das coxas;

Ao sinal de “partida” procurar andar o mais rápido possível;

Contornando o cone (por um ou outro lado) e torna-se a sentar na cadeira;

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O percurso é realizado 2x;

O cronómetro é accionado ao sinal de “partida” e é parado quando o

executante se torna a sentar.

Avaliação da Aptidão Física:

Ilustração 54 - Tabela das avaliações na mulher, no teste sentado, caminhar 2.44 m e voltar a sentar

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5.5 Alcançar atrás das costas

Objectivo do teste:

Apreciação da flexibilidade dos membros superiores

Equipamento

Régua de 45 cm.

Protocolo:

Em posição bípede e com a mão dominante sobre o ombro do mesmo lado, o

executante tenta alcançar a outra mão ou sobrepor-se a esta atrás das costas,

sendo esta última colocada por baixo e com a palma voltada para a frente (não

é permitido entrelaçar os dedos e puxar).

Devem ser efectuadas duas execuções

Ilustração 55 - Tabela das avaliações no Homem, teste sentado, caminhar 2.44 m e voltar a sentar

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Ensaio do teste:

Devem ser deito dois ensaios a cada um dos lados após a demonstração do

avaliador. Seguidamente o avaliador questiona o executante sobre o seu braço

preferencial e o teste é realizado com o mesmo.

Pontuação:

A distância (cm) é medida entre as pontas dos dedos médios das mãos,

podendo o resultado ser positivo quando há sobreposição dos dedos ou

negativo quando a distância entre os dedos médios é mais curta.

Dos dois resultados, consideramos apenas aquele que for mais elevado.

Ilustração 56 - Tabela das avaliações na mulher, no teste alcançar atrás das costas

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5.6 Dois minutos de step no próprio lugar

Objectivo do teste:

Resistência aeróbia

Equipamento:

Cronómetro;

Fita métrica.

Ensaio do teste:

No ensaio deve se assegurado o treino do ritmo de

prestação.

Ilustração 57 - Tabela das avaliações no Homem, teste alcançar atrás das costas

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Pontuação:

Número de steps completos em dois minutos com a perna direita (perna direita

é a de liderança)

Protocolo:

Determinação da altura do step pelo avaliador: Determinar a ½ distância

entre a rótula e a crista ilíaca e medir a distância na parede

Essa distância é marcada na parede.

Estando colocado junto à parede e de lado para esta, a executante realiza,

durante dois minutos, steps alternados (com um a e outra perna) e completos

(alcança a distância determinada).

- Contabiliza número de execuções completas durante dois minutos;

- Assegura que a executante sobe os joelhos até à altura adequada;

- Encoraja verbalmente a prestação:

- Informa o tempo que falta para terminar o teste em dois momentos (metade

do

tempo e 30 segundos finais)

A participante pode parar e depois retomar a execução e pode continuar o teste

para além dos dois minutos, sendo apenas contabilizados o número de

elevações com a perna direita correctamente efectuadas durante o tempo

estabelecido para o teste.

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Ilustração 58 - das avaliações no Mulher, teste dois minutos de step no próprio lugar

Ilustração 59 - Tabela das avaliações no Homem, teste dois minutos de step no próprio lugar

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5.7 Andar 6 minutos

Objectivo do teste:

Resistência aeróbia

Equipamento:

Percurso rectangular com 46 m

(marcar 10 troços com 4,6 m) ;

Identificadores do número de

percursos (para dar às pessoas);

Cronómetro;

10 cones;

Cadeiras (cerca de 6);

Fita métrica.

Ensaio do teste:

Realizar este teste alguns dias antes da sua aplicação (se possível)

Pontuação:

Distância máxima percorrida durante os 6 minutos

Aplicação do teste:

Fornecer um marcador ao executante cada vez que ele completa um percurso

Se o teste é aplicado a várias pessoas ao mesmo tempo, aplicar nas camisolas

os números correspondentes e os tempos de partida devem estar desfasados

cerca de 10 segundos entre si

Avaliador dentro da área demarcada

Anunciar os tempos intermédios (aos 3 minutos, aos 2 minutos e a 1 minuto do

final do teste)

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Cada executante deve interromper a sua prova e permanecer no local ao sinal

de parar”

Se necessário, os participantes podem parar e descansar, sentando-se

nas cadeiras, e depois retomam o teste

Ilustração 60 - Tabela das avaliações no Mulher, teste andar 6 minutos

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(Tabela das avaliações no Homem, teste andar 6 minutos)

6. Bibliografia

Freire, Fabiano; Aragão, Karine; Osteoporose: um artigo de revisão;

Monografia orientada pela Professora Doutora Fábia Maria Oliveira Pinho;

Goiânia, 2004.

ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines for exercise testing and prescription

(7th ed.): Lippincott Williiams & Williams.

ACSM. (2006). ACSM´s Resourse Manual for Guidelines for Exercise

Testing and Prescription: LWW

Callaway, C. W., Chumlea, W. C., Bouchard, C., Himes, J. H., Lohamn,

T. G., Martin,D., Mitchell, C. D., Mueller, W. H., Roche, A. F., & Seefeldt, V.

Ilustração 61 - Tabela das avaliações no Homem, teste andar 6 minutos

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

196

D. (1988).“Circumferences.” Anthropometric Standardization Reference

Manual, T. G. Lohman,F. Roche, & R. Martorell, eds., Human Kinetics,

Champaign, 39-54.

Campos, L. ;Liphaus, B. ; Silva, C. & Pereira, R. (2003). Osteoporose na

infância e na adolescência. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro

Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (1996). Applied Body Composition

Assessment,Human Kinetics, Champaign.

Moreira, Maria Helena Rodrigues & Sardinha, Luís Bettencourt (2003).

“Exercício,Composição Corporal e Factores de Risco Cardiovascular na Mulher

Pós-Menopáusica”. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Ciências do Desporto Condição Física Nutrição e Saúde

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Conclusão

Terminada a elaboração deste dossier referente aos relatórios das

aulas teórico/práticas da disciplina de Condição Física, Nutrição e saúde,

concluímos que todos os temas abordados são de relevante interesse para a

prescrição de exercício, e por outro lado, de uma forma geral, orientam-nos

para a promoção de um estilo de vida mais saudável.

Todos os elementos deste grupo ficaram bem elucidados acerca dos

conteúdos abordados durante a unidade curricular, bem como da utilização e

aplicação dos vários testes e protocolos abordados durante as aulas práticas,

ficando deste modo com um rico “património” de conhecimentos que poderão

ser no futuro postos em prática nas suas vidas profissionais. Também, e em

relação á componente das várias pesquisas efectuadas e temas abordados

durante as aulas ficamos com um panorama mais alargado e actualizado do

estado de saúde da população em geral, seguindo mais de perto a evolução de

algumas doenças que mais afectam a população e que infelizmente causam

um grande número de vitimas ou limitam em grande parte a sua autonomia.

É de realçar que todas as componentes da saúde aqui abordadas tem

uma íntima relação com o exercício, sendo este um factor chave para a sua

irradiação ou controlo caso já se manifeste de uma forma crónica. Uma boa

avaliação da condição física da pessoa é fundamental, bem como ter em conta

a idade, género, raça, historial etc. Deve-se ter em conta a individualidade de

cada um para que a prescrição do exercício tenha êxito e tenha também os

resultados esperados.

A título de observação fica aqui expresso a imensa alegria e dedicação

à causa da transmissão de conhecimentos que a Sr. Dra. Helena Moreira,

docente desta cadeira, transmitiu durante as aulas leccionadas. E a

insatisfação que sentiu por não ter podido transmitir-nos a totalidade de

conhecimentos por condicionalismos do calendário lectivo.