DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2014. 8. 22. · UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO SUPERVISOR COMO MOTIVADOR DA EQUIPE PEDAGÓGICA.
Por: Denise P. Silva
Orientador
Prof.º Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro,
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO SUPERVISOR COMO MOTIVADOR DA EQUIPE PEDAGÓGICA.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Supervisão Escolar
Por: Denise Philot da Silva.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, que me deram a vida e
especialmente a minha mãe, que me
ensinou a seguir sempre em frente.
Ao meu irmão, parceiro de vida.
Aos meus sobrinhos, que iluminam
minha vida.
Aos meus alunos, com os quais
aprendo a cada dia e que me
impulsionaram a buscar compreender
melhor como se dá o processo de
aprendizagem, e me estimularam a
melhorar cada vez mais minha prática
pedagógica.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho às pessoas que
sempre estiveram ao meu lado (em
especial, minha mãe e meu afilhado), me
acompanhando, apoiando, estimulando e
acreditando em mim.
Dedico esse trabalho também aos meus
alunos (fonte de inspiração) e a equipe
pedagógica da escola onde trabalho.
"A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert EinsteinAlbert EinsteinAlbert EinsteinAlbert Einstein
RESUMO
O papel da escola é formar pessoas fortalecidas por seus conhecimentos, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional. E o supervisor é participante ativo deste processo. A questão levantada é: como o supervisor pode motivar e assim melhorar o desempenho da equipe pedagógica no processo de ensino e aprendizagem? O trabalho se justifica em implementar a discussão a respeito da supervisão e como ela trabalha com problemas ligados as dificuldades de aprendizagem e neste contexto atua como motivador da equipe pedagógica. O objetivo geral do trabalho é mostrar o papel do supervisor, como mediador da equipe pedagógica escolar, tirando dúvidas e melhorando a prática cotidiana na educação, interagindo com toda rede escolar, principalmente com os docentes, auxiliando numa melhor maneira de ensinar com metodologias e desenvolvimentos inovadores e de qualidade, mediando teoria e prática no envolvimento do processo ensino-aprendizagem. A proposta é desenvolver um estudo que mostre o grau de comprometimento do supervisor mobilizando ações que venham levantar hipóteses sobre as possíveis causas, que intervém no processo de construção da aprendizagem do aluno, sendo seu trabalho utilizado como recurso que irá ser um instrumento de mediação, propiciando a análise dos diversos fatores que influenciam na construção dos conhecimentos e assim, podem melhorar o desempenho de toda a equipe pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica; trata-se de uma pesquisa exploratória, baseada na coleta de dados bibliográficos, tendo sido utilizados livros e sites de pesquisas que contribuem para o esclarecimento dos profissionais da Supervisão, Gestão e Pedagogia. Conclui-se que para que uma mudança ocorra, o supervisor deve aflorar contribuições que favoreçam o ensino-aprendizagem, além de integrar a escola, a comunidade e a família no mesmo contexto. O Supervisor deve estar preparado com conhecimentos e estratégias propícios, que favoreçam esta mudança, sempre superando seus limites. Palavras Chaves: Supervisão escolar, articulador, mediador, facilitador, professores.
ABSTRAT
The role of schools is to educate people strengthened by their knowledge, proud of his knowledge, emotionally correct, capable of self-criticism, in solidarity with the outside world and technically trained to face the world of work and professional achievement. And the supervisor is an active participant in this process. The question raised is: How the supervisor can motivate and thereby improve the performance of teaching staff in the teaching learning process? The work is justified to implement the discussion of supervision and how it works with issues related to learning disabilities and in this context acts as a motivator of teaching staff. The general objective of this work is to show the role of the supervisor as mediator of school teaching staff, answering questions and improving daily practice in education, interacting with the whole school system, especially with teachers, assisting in a better way to teach methodologies and developments innovative and quality, mediating theory and practice in the involvement of the teaching-learning process. The proposal is to develop a study that shows the degree of involvement of the supervisor mobilizing actions that raise hypotheses about the possible causes, which intervenes in the process of construction of student learning, their work being used as a resource that will be an instrument of mediation, enabling the analysis of many that influence the construction of knowledge and thus can improve the performance of all pedagogical staff in the teaching learning process. The study methodology used is classified as theoretical, it is an exploratory study, based on the collection of bibliographic data, books and research sites that contribute to the clarification of Professional Supervision, Management and Pedagogy were used. We conclude that for a change the supervisor should occur emerge contributions that promote teaching and learning, as well as integrating school, community and family in the same context, the Supervisor should be prepared with knowledge and strategies conducive to encourage this shift, always exceeding its limits. Key Words: School Supervision, Articulator, Mediator, Facilitator, Teachers.
METODOLOGIA
Este Trabalho abarca-se sobre uma pesquisa exploratória, baseada na
coleta de dados bibliográficos de alguns autores: Isabel Alarcão, Nilda Alves,
Maria Lúcia Weiss, Naura Ferreira, Carlos Brandão, Mary Rangel, entre outros.
A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica, tendo
sido utilizados livros como: “Supervisão Pedagógica: princípios e práticas” de
Mary Rangel; “O que é educação: um esforço para a melhoria dos serviços
educacionais” de Carlos Brandão; “Supervisão Educacional para uma escola
de qualidade: formação à ação” de Naura Ferreira, entre outros referenciados
que abrange o assunto em debate. Também contou com artigos e sites de
pesquisas que contribuem para o esclarecimento dos profissionais da
Supervisão, Gestão e Pedagogia.
Os dados serão analisados a partir da realização de um paralelo entre o
pensamento de autores, em uma perspectiva de gestão supervisora na
educação.
O desenvolvimento do trabalho compreende e caracteriza a função
supervisora no contexto educacional brasileiro e está acondicionada a três
capítulos abrangendo a área educacional e aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
CAPÍTULO I
1 - CONCEITO DE SUPERVISÃO ESCOLAR ...................................................... 15
1.1 - A história da Supervisão Escolar ............................................................ 17
1.1.1 - A Supervisão no Brasil ................................................................. 18
1.2 - O Supervisor como instrumento de mudanças. ....................................... 20
1.2.1 - Políticas Públicas educacionais da Educação Básica .................. 22
CAPÍTULO II
2 - A SUPERVISÃO ESCOLAR E PROCESSO DE GESTÃO ............................. 24
2.1 - Áreas de atuação do Supervisor ............................................................ 26
2.2 - Funções supervisoras na Administração Escolar ................................... 27
2.3 - Funções supervisoras no Processo Pedagógico Escolar ...................... 30
CAPÍTULO III
3 - AÇÕES PEDAGÓGICAS DO SUPERVISOR .................................................. 32
3.1 - O Supervisor e a Formação Continuada ............................................... 34
3.2 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a supervisão, família, escola e comunidade ................................................................. 36
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 39
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 41
10
INTRODUÇÃO
A supervisão escolar consiste no exercício da coordenação e direção do
processo de produção na educação, com atuação do Supervisor como mediador.
Segundo Rangel (orgs., 2007, p. 21) “O supervisor aparece como elemento
integrante e integrador do trabalho que os professores regentes de classe realizam
na escola”. Como integrante e integrador do trabalho de grupo, o supervisor procura
manter um nível significativo de dinâmicas no trabalho da escola como instituição
formal, visualizando e agindo na totalidade da produção dos professores no
individual e no coletivo.
O tema “O papel do Supervisor como motivador da equipe pedagógica”, foi
escolhido segundo a minha experiência profissional. Diante de tantas dificuldades
encontradas na minha prática diária, no que diz respeito à supervisão, tenho dúvidas
sobre como ocorre essa relação em buscar mudanças no processo do ensino-
aprendizagem, inserir novas ideias e ações para transformar em qualidade na
educação, aplicar conceitos de racionalidade à administração e aumentar o
desempenho e produtividade dos professores.
Este trabalho vem mostrar a importância do supervisor em acompanhar as
práticas dos professores com vista a melhorar a mediação da aprendizagem, inserir
novas ideias e ações para transformar em qualidade na educação, além de propiciar
a aplicação de conceitos na administração e aumento do desempenho e
produtividade, na busca por mudanças.
Na concepção de Rangel (2011, p. 14) “a prática da supervisão, na escola
básica, desenvolve reflexões, recorrentes ao cotidiano das ações do supervisor”. A
sua articulação e qualificação teóricas, compreendem possibilidades de intervenção
no processo pedagógico, por meio da organização e da coordenação de encontros
de formação docente continuada que ofereça e estimule estudos e debates críticos
e sociais, com vistas para transformação.
O problema central sintetiza a questão em como o supervisor pode motivar e
assim melhorar o desempenho da equipe pedagógica no processo de ensino
aprendizagem?
11
A hipótese apontada abrange que a área da supervisão escolar, onde esta
aponta diversas abordagens no processo ensino aprendizagem, analisado do ponto
de vista do supervisor que, possibilita a compreensão de mecanismos que subjaz o
aprimoramento das atividades pedagógicas, participação no Projeto Político
Pedagógico da escola e contribuindo com pontos que correspondem a evoluções
dentro do contexto de analisar as relações familiares, grupais, individuais, em
condições socioculturais e econômicas específicas e que contextuam toda a
aprendizagem e a mediação do fazer pedagógico na busca da educação
diferenciada.
A delimitação do tema se afere ao estudo sobre a importância da mediação
no trabalho pedagógico como avaliação e canal de aprendizagem melhorando o
controle e a flexibilidade da prática pedagógica através da formação continuada e
dos aparatos em desenvolver um rico conhecimento e uma nova forma de lidar com
as dificuldades encontradas no cotidiano escolar, onde o supervisor é tido como um
grande diferencial dentro da educação. A meta é possibilitar o esclarecimento no
contexto de busca por uma perspectiva mais solucionável através de ações do
supervisor dentro do contexto educacional, onde é possível fazer uma avaliação e
traçar um diagnóstico para melhorar o desempenho dos docentes e discentes, a
família e a comunidade escolar, contribuindo de forma significativa para o processo
do ensino aprendizagem.
Este trabalho justifica-se em implementar a discussão a respeito da
supervisão e como ela trabalha com problemas ligados as dificuldades de
aprendizagem e mostrar como o supervisor é participante ativo deste processo,
atuando como motivador da equipe pedagógica.
Sua atuação na escola é de agente transformador e formador, ou seja, sua
atuação vai muito além do convívio e relacionamento com os professores, significa
ser formador ouvinte de opiniões, planejando e pondo em execução o dever da
escola que é exercer um papel social, e transformador quando está disposto a
inovar e enfrentar desafios capazes de desencadear um processo de mudança.
Assim, as mudanças são significativas para toda a comunidade escolar (VILLAS
BOAS, 2003).
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O papel da escola é formar pessoas fortalecidas por seus conhecimentos,
orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocrítica,
solidárias com o mundo exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo
do trabalho e da realização profissional.
A proposta é desenvolver um estudo que mostre o grau de
comprometimento do supervisor mobilizando ações que venham levantar hipóteses
sobre as possíveis causas, que intervém no processo de construção da
aprendizagem do aluno, sendo seu trabalho utilizado como recurso que irá ser um
instrumento de mediação, propiciando a análise dos diversos que influenciam na
construção dos conhecimentos e assim podem melhorar o desempenho de toda a
equipe pedagógica no processo de ensino aprendizagem.
O objetivo geral do trabalho é mostrar o papel do supervisor, como mediador
da equipe pedagógica escolar, tirando dúvidas e melhorando a prática cotidiana na
educação, interagindo com toda rede escolar, principalmente com os docentes,
auxiliando numa melhor maneira de ensinar com metodologias e desenvolvimentos
inovadores e de qualidade, mediando teoria e prática no envolvimento do processo
ensino-aprendizagem.
Já os objetivos específicos estão relacionados a identificar os pontos mais
relevantes da Educação no Brasil e o surgimento e percurso da Supervisão Escolar;
abordar algumas contribuições do papel da supervisão educacional na realidade do
cotidiano escolar; avaliar através do diagnóstico as diferentes e diversificadas
funções do supervisor e suas práxis; identificar o supervisor como gestor de
propostas educacionais renovadas; compreender como crianças com dificuldades
de aprendizagem aperfeiçoam-se com a utilização da metodologia aplicada pela
equipe pedagógica que tem uma formação continuada; elucidar possíveis práticas
aplicáveis pelo supervisor, a fim de melhorar a integração escolar em seu trabalho
diário, tornando o professor mais receptivo e funcional na aprendizagem;
A metodologia aplicada abarca-se sobre uma pesquisa exploratória, baseada
na coleta de dados bibliográficos de alguns autores: Isabel Alarcão, Nilda Alves,
Maria Lúcia Weiss, Naura Ferreira, Carlos Brandão, Mary Rangel, entre outros.
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A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica, tendo sido
utilizados livros e sites de pesquisas que contribuem para o esclarecimento dos
profissionais da Supervisão, Gestão e Pedagogia.
Esta monografia contribuirá para conscientização dos profissionais da
educação, mostrando que o Supervisor não é apenas mais um, e sim o profissional
que está disposto a doar-se na demonstração de seus conhecimentos na busca de
mudanças na educação.
No capítulo 1, será abordado o conceito de supervisão escolar, abrangendo
um pouco de sua história e política, um breve relato sobre a educação no Brasil,
visando o papel da Supervisão Educacional. Baseando-se em alguns autores, entre
eles Ferreira (2003), que valoriza o Supervisor, na atual realidade, como um ser que
é capaz de pensar e agir com inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores
esses que requerem habilidade para exercer suas atividades de forma responsável
e comprometida. Na década de 90, o Supervisor é apontado como instrumento
necessário para mudança nas escolas. Justamente nesta década, o papel da
supervisão, segundo Ferreira (2003, p. 74):
[...] desempenha-se o Supervisor competente, entendendo-se que a competência é, em si, um compromisso público com o social e, portanto, com o político, com a sua etimologia na polis, cidade, coletividade. E o interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e no seu serviço de Supervisor.
No capítulo 2, será caracterizada a supervisão pedagógica com suas práxis
via análise do cotidiano, onde é preciso olhar a realidade presente em sala de aula e
os conceitos trazidos pela criança para refletir os métodos e modo como devem ser
trabalhos no espaço escolar, identificando o supervisor como gestor de propostas
renovadas, lançando um novo olhar, abrangendo as crianças com dificuldades de
aprendizagem com técnicas utilizadas pela equipe pedagógica, adquiridas através
da formação continuada.
Diante das diferentes e diversificadas funções do Supervisor escolar,
podemos citar como a de maior relevância a de coordenador, onde a organização
do trabalho é comum, onde a unificação dos alunos, professores, equipe
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pedagógica e direção da escola, requerem grandes responsabilidades. E se faz
necessárias mudanças significativas na formação e postura do Supervisor escolar,
com aprendizado contínuo, buscando mudanças na qualidade da educação.
Para Vygotsky, o aprendizado está profundamente relacionado com o
desenvolvimento. Embora haja um processo de maturação do qual depende o
organismo para se desenvolver, é o aprendizado que possibilita o despertar de
processos internos de desenvolvimento (OLIVEIRA, 2001).
Ainda segundo Vygotsky (1998, p.115): “a aprendizagem não é em si mesma,
desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança, que
conduz ao desenvolvimento mental e tende a ativar todo o grupo de processos de
desenvolvimento.” E esta ativação não poderia produzir-se sem aprendizagem. Por
isso a aprendizagem é um momento intrinsecamente necessário e universal.
No Capítulo 3, serão descritas as especificidades da relação
Supervisor/professor/aluno, a proposta Educacional de uma escola que promova os
fins da educação dentro de seus princípios básicos, voltando-se para a inserção
social da escola na comunidade e da comunidade para a escola. Elucidar possíveis
práticas aplicáveis pelo supervisor, a fim de melhorar a integração escolar em seu
trabalho diário, tornando o professor mais receptivo e funcional na aprendizagem.
Analisar o sistema de ensino em cada esfera administrativa se está oferecendo,
além dos cursos de formação e capacitação, projetos e programas que ofereçam as
bases de sustentação para a promoção da gestão participativa como meio e
instrumento da melhoria da qualidade de ensino.
A educação é um fato social, e por ser social, envolve uma multiplicidade de
princípios, a exemplo dos que se formula e se esclarecem nos quadros teóricos, ela
se amplia em seus fenômenos e suas aplicações. Trata-se, assim, de perceber a
supervisão com um olhar abrangente que envolve conhecimentos de várias ciências,
em uma tentativa de integrar os múltiplos aspectos intervenientes nos processos de
aprender e de ensinar.
15
CAPÍTULO I
CONCEITO DE SUPERVISÃO ESCOLAR
Numa diversidade de conceitos atribuídos à supervisão existem fatos
característicos como a concepção de sociedade, cultura, administração pública,
filosofia educativa, políticas educativas, teorias de formação de professores,
concepções de formação, de professores e de escola.
A supervisão é um conceito que está ligado à orientação da prática
pedagógica e requer do supervisor uma postura mais determinante, segundo
Alarcão (2003), “a postura do supervisor deve ser inteligente, responsável,
experiencial, acolhedora, empática, serena e envolvente de quem vê ocorrido antes,
o que ocorreu durante e ocorrerá depois”. Entrando no processo para compreendê-
lo por fora e por dentro, para atravessá-lo com o seu olhar e ver para além dele
numa visão prospectiva baseada num pensamento estratégico. (Mintzberg, 1995,
apud Alarcão, 2003, p. 45).
Para Alves (1985, p. 25), a Supervisão Educacional é vista como “um
processo dinâmico que garante parâmetros para a relação ensino-aprendizagem
que se realiza na escola”.
Já Silva (2000, p. 31) “ressalta que a significação da Supervisão Escolar
evoluiu conforme a importância de sua revisão histórica”.
Medina (2002, p. 23) “atribui à função da Supervisão Escolar a ideia de uma
ação repensada, mais didática, menos burocrática, bem inclinada ao pedagógico,
sendo esta a base para a construção da nova Escola”.
Segundo Fonseca (2006, apud Moreira, 2010, p. 22), “a prática da
supervisão adquire estruturas, modelos e cenários que se constituem na descrição e
explicação da realidade da supervisão”.
Alarcão (2003, p. 19) referem-se a este profissional como líder, definindo
como objeto de seu trabalho “o desenvolvimento qualitativo da organização escolar
16
e dos que nela realizam seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função
educativa por meio de aprendizagens individuais e coletivas”.
Num conceito moderno de supervisão, Ferreira (2003) destaca que [...] é um
processo de estimulação do crescimento e uma maneira de ajudar os professores a
se ajudarem a si mesmos. Onde a Supervisão Educacional se constitui no
assessoramento ao professor, como facilitador e mediador, com propósito de
diagnosticar, avaliar e aperfeiçoar as condições que afetam a aprendizagem.
Inicialmente, até a década de 80, a supervisão da prática pedagógica
limitava-se à orientação dos estágios apenas na formação inicial. Só nos anos 90 se
assistiu a uma virada neste conceito que surgiu dentro dos próprios modelos de
formação de professores e simultaneamente a uma mudança de paradigmas
conceituais na forma de ver do exercício da supervisão e do papel do supervisor.
Rangel (2002 p. 12) reconhece a necessidade de este profisional ter uma
boa relação com todos os outros profissionais da escola, pois o mesmo
desempenha uma grande missão: “um trabalho de assistência ao professor, em
forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e
atualização do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem”.
A supervisão, realizada hoje na escola, agrega à equipe docente, com
domínio de ação didática e curricular, competem ações pedagógicas,
administrativas e de inspeção.
De acordo com Oliveira (2001) a supervisão exerce uma ação direta na
prática pedagógica que, por sua vez, atua sobre o processo de ensino/
aprendizagem promovendo assim o desenvolvimento do aluno e do professor em
formação.
A Lei 9.394, aprovada em 1996, marcou a Reforma Educacional Brasileira, e
contemplou algumas reivindicações marcantes de setores organizados da
sociedade civil, como por exemplo, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública
que, entre outras colocações, reivindicou a ‘Gestão Democrática nas Instituições
Públicas’ que estabelece os seguintes princípios norteadores do ensino:
concentração do poder e a centralização das decisões (FERREIRA, 2003, p.151).
Essa democracia descentralizou o poder, dentro das escolas públicas, e
interferiu diretamente na coordenação das ações e no planejamento diário, pois o
17
material que chegava pronto para o professor e era por imposição transmitida sem
modificações, passa a ser reflexível e resultado da reflexão coletiva e do consenso
de ideias daqueles que não são mais considerados apenas executores, mas,
também, os idealizadores de um Projeto de Ensino, mudando assim o paradigma.
Assim na década de XX, a escola passa a ser o local onde todos aprendem
e ensinam cada um ocupando o seu lugar onde o Supervisor tem uma contribuição
específica e importante a dar no processo de Ensinar e Aprender.
1.1 - A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR.
A Supervisão surgiu com a industrialização, nos séculos XVIII e início do
século XX, sua função era supervisionar os operários, somente em 1841, que a
Supervisão começa a ter um olhar voltado para o pedagógico.
No início do Século XX, a Supervisão adquire um novo papel, o de
transmitir, explicar, mostrar, julgar e recompensar o trabalho escolar; com isso
começa a ser um líder democrático, pois assume um “caráter de liderança, de
esforço cooperativo para o alcance dos objetivos, com a valorização dos processos
de grupo na tomada de decisões.” (RANGEL, 2011).
Com o Decreto Lei 19.890 de 18/04/1931 de Francisco Campos, surgiu no
Brasil a Supervisão Escolar, que apresentou um papel bem diferente daquele que
vinha sendo realizado, que era fiscalizar e inspecionar o trabalho docente. Segundo
Ferreira (2003) cabia também ao Supervisor presidir os exames dos professores e
lhes conferir o diploma, autorizar a abertura das escolas particulares e até rever os
livros, corrigi-los ou substituí-los por outros.
Em 1950, no Brasil a nomenclatura de Supervisor Escolar veio substituir a
de Inspetor que é utilizada até hoje. A formação dos primeiros supervisores se
mediou por cursos promovidos pelo Programa América - Brasileiro de Assistência ao
Ensino Elementar (PABAEE), durante os períodos de 1957 a 1963, sendo que sua
atuação abrangeria somente o ensino primário.
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A partir da LDB 4.024/1961, a formação do Supervisor Escolar passou para
o Ensino Normal, após sua promulgação ficou estabelecido que os governos
estaduais e municipais se incumbissem de organizar e executar os serviços
educativos, através da função do Supervisor.
Com a Lei 5.540/1968, a Supervisão passa a ter a sua formação em nível
superior, englobando em sua prática, todas as atividades de assistência técnica,
pedagógica e de inspeção administrativa, a fim de, não só atender a escola, mais
todo ensino, nos anos 80, surgiram críticas sobre os papéis dos especialistas a fim
de eliminá-los das escolas.
A nova LDB 9.394/1996 que se tornou um “indicador para as políticas
educacionais no País e, consequentemente, para a discussão das políticas de
democratização”, propõe que a formação dos especialistas em educação será
oferecida nos Cursos em nível de Pós-Graduação ou Complementação
(GIANCATERINO, 2010, p. 54).
1.1.1 - A Supervisão no Brasil.
Com a vinda dos primeiros jesuítas, em 1549, tem início a organização das
atividades educativas no país. No Plano de Ensino aviado pelo padre Manuel da
Nóbrega, a ideia de Supervisão não se manifesta apesar da função Supervisora
estar presente. Mas, no Plano Geral dos jesuítas, o Ratio Studiorum, que é adotado
no Brasil, já se faz presente à ideia de Supervisão na figura do Prefeito Geral de
Estudos, que era assistente do Reitor (MEDINA, 2002).
Esse cargo de Prefeito de Estudos foi extinto, e junto com ele, o sistema de
ensino que ocorreu devido à expulsão dos jesuítas e as Reformas Pombalinas,
havendo nos aspectos educacionais um retrocesso, pois começaram a serem
admitidos, para as aulas régias, introduzidas pelas reformas de Pombal, professores
totalmente leigos, que não tinham nem pratica nem teoria sobre processos
educativos.
19
A ideia de Supervisão continuava presente, porém, englobada nos aspectos
políticos e administrativos, como inspeção e direção na figura do Diretor Geral, que
também acumulava a função nos aspectos de direção, de fiscalização, coordenação
e orientação do ensino, no cargo de Diretores de Estudos.
A primeira Lei para a instrução pública foi formulada em 15/10/1827, após a
Independência do Brasil, que instituiu as Escolas de Primeiras Letras, baseadas no
Ensino Mútuo, método em que concentram no professor as funções de docência e
supervisão, ou seja, instruir os monitores e supervisionar as atividades de ensino e
aprendizagem dos alunos.
No período Imperial, O regulamento educacional, estabelecia que a função
Supervisora devesse ser exercida por agentes específicos, desta forma, a missão foi
atribuída ao Inspetor Geral, cujo papel era supervisionar todas as escolas e
estabelecimentos de educação, públicos e privados (BRANDÃO, 2003).
No início do Período Republicano a reforma de Benjamim Constant, sob a
influência do positivismo, com o auxílio de Rui Barbosa, é aprovada, e a pedagogia
tradicional se articula no Brasil.
No período conhecido como a Primeira República, a função de Supervisor
era exercida pelo inspetor que deveria ser uma pessoa qualificada, e em suas
atribuições incluíam fiscalizar e padronizar as rotinas escolares às normas oficiais
emanadas das autoridades centrais, através de visitas corretivas e registros
permanentes, confecção de relatórios a serem encaminhados aos órgãos centrais,
objetivando fiscalizar o grau maior ou menor de desvio da ação pedagógica em
relações aos padrões estabelecidos pela Lei.
Os profissionais da educação, também conhecidos como Técnicos em
Escolarização surgiram na década de 20, constituindo-se como uma nova categoria
profissional. Concomitantemente, é criada a ABE - Associação Brasileira de
Educação, e, com a reforma de João Luís Alves, em 1924, criou-se o DNE -
Departamento Nacional de Ensino e o CNE - Conselho Nacional de Ensino,
separando, assim, a parte administrativa da parte técnica, que antes estavam unidas
num mesmo órgão, o CSE - Conselho Superior de Ensino.
Em 1925, o Supervisor começa a aparecer como um líder democrático, e na
década de 30 a sociedade brasileira sofre profundas transformações sociais,
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econômicas e políticas que refletem no modelo educacional, onde foi constituído
pelo Presidente Getúlio Vargas, o Ministério da Educação e o da Saúde Pública.
Com a Ditadura Militar em 1964, a educação passa a ser oferecida nos
moldes da Pedagogia Tecnista, onde o autoritarismo e a repressão são alicerces
dessa pedagogia, o trabalho é fragmentado e mecanista, buscando resultados
imediatos com a burocracia.
Neste contexto, foram aprovadas as reformas de 1.º e 2.º graus e
Universitária, e com isto foi reformulado o Curso de Pedagogia que ganhou novas
habilitações: administração, inspeção, supervisão e orientação, assim a função de
Supervisor Educacional que foi profissionalizada, transformando o profissional num
especialista em educação, com a função de controlador do processo de produção,
com características de coordenação e direção, atuando como mediador no processo
do ensino/aprendizagem.
Segundo Villas Boas (2003) a análise do serviço de supervisão escolar, nas
escolas brasileiras nos condiciona a concepções construídas para a educação atual.
Pode-se identificar, na tradição pedagógica brasileira, a presença de algumas
tendências que foram fundamentais para a construção das propostas de ensino.
Aconteceram várias mudanças no âmbito educacional interferindo no papel
do Supervisor, anseia-se que “o Supervisor Escolar do século XXI, tenha uma
postura de pesquisador, cooperador, companheiro, flexível, integral e acima de tudo
comprometido com a eficiência no exercício das práticas pedagógicas”, e que seja
também um conhecedor das leis, para poder entender as normas que o regem
(GIANCATERINO, 2010, p. 54).
1.2 - O supervisor como instrumento de mudanças.
O Supervisor é um líder pedagógico ele deve buscar o desenvolvimento
contínuo de cada pessoa que com ele trabalha, seja professor, aluno, funcionário
seja membro da comunidade sob sua responsabilidade.
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O supervisor apresenta-se como um líder, que se identifica com os
interesses coletivos, e mobiliza instrumentos de mudança na sociedade em que
exerce a sua função. Onde o seu papel passa, a ser redefinido com base em seu
objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina
e o aluno que aprende passa a construir o núcleo do trabalho do supervisor na
escola SILVA (1997).
Pesquisador do cotidiano escolar, o supervisor deve realizar um trabalho
que faça sentido, baseando-se na observação das realidades existentes na escola,
na família e na comunidade. Em concordância com este pensamento, Villas Boas,
(2003, p. 45) reintegra que é indispensável o profissional possuir competência
teórica, técnica humana, política, e disponha de tempo necessário para tornar
possível a relação entre vivências dos alunos fora da escola e o trabalho do ensinar
e aprender na escola.
A regulamentação do exercício da Profissão de Supervisor Educacional é
regido pelo Projeto de Lei nº 4.412/01 que aponta dentre as suas várias atribuições,
a coordenação do processo de construção coletiva e execução da Proposta
Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos Regimentos Escolares, investigação,
diagnósticos, planejamentos e avaliação e implementação do currículo em
integração com outros profissionais.
De acordo com Rangel (2002, p. 78, apud Giancaterino, 2010, p. 95), o
objetivo específico da supervisão escolar em nível de escola é o processo de ensino
e aprendizagem. Neste caso, inclui: currículo, programas, planejamento, avaliação,
métodos de ensino e recuperação. Ainda assinala o autor que a Resolução n.º 2, de
07/04/1998, do Conselho Nacional de Educação, focaliza em participar pontos que
precisam ser abordados na ação pedagógica, a destacar, o Inciso IV, alínea a:
Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade de ação pedagógica na diversidade nacional. A base comum nacional e a sua parte diversificada deverão integrar-se em torno de paradigma curricular que vise estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida cidadã, por meio da articulação entre vários dos seus aspectos como: a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a ciência e a tecnologia, a cultura e as linguagens.
22
Em se tratando da práxis supervisora e seus procedimentos de
coordenação, é importante criar elos que venham a propor uma discussão de temas
que estejam vinculados a valores, á cidadania, tendo como alicerce o currículo. Um
bom supervisor é também um apreciador das diferentes manifestações culturais e
da inclusão escolar.
1.2.1 - Políticas Públicas educacionais da Educação Básica.
São diretrizes, programas, leis ou projetos através dos quais os governos
programam, regulam ou modificam determinada ação na área educacional.
Inúmeras reformas oficiais aconteceram na década de 90, onde a educação
foi o foco, houve diversas políticas educacionais que propuseram mudanças na
organização do sistema, no currículo e no cotidiano das escolas.
No Ensino Fundamental, as ações praticadas pelo MEC - Ministério da
Educação foram: o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), a instituição de
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a implantação do Fundo de Manutenção
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), o Programa de
Informatização das Escolas (PROINFO), o Sistema de Avaliação da Escola Básica
(SAEB) e o Programa TV Escola, sem falar dos diferentes projetos e programas de
iniciativa dos governos estaduais implantados nesse período.
O SAEB, ao lançar as Matrizes Curriculares de Referência para a Avaliação
(1997 e 1999), afirmando que o documento está em sintonia com os PCNs, está
contribuindo para instituir as bases curriculares, para dizer como os PCNs devem
ser lidos nas escolas. Também o Programa do Livro Didático, ao selecionar e
classificar os livros produz as bases sobre quais saberes, conhecimentos e
conteúdos são dignos de serem ensinados.
Políticas de monitoramento também foram criadas, como o próprio censo
educacional, que são vistas como elementos de coleta de dados e informações
estatístico-educacionais capazes de subsidiar a elaboração de propostas para a
melhoria da qualidade do ensino. Também foram criados pelo Ministério de
23
Educação sistemas de avaliação da educação como o como o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
Exame Nacional dos Cursos (ENC).
Segundo a Revista Nova Escola (edição 005, dez 2009/jan 2010)1
O Brasil buscou, por mais de 70 anos, ter um documento que distinguisse as ações em Educação nos estados em diversos níveis e modalidades. Após muitas tentativas, conseguimos. Está em vigor, desde 2001, o Plano Nacional de Educação (PNE), lei aprovada pelo Congresso Nacional que abrange ações até 2011 (Lei nº 10.172/2001). Mesmo assim, o Ministério da Educação (MEC) lançou, em 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com intervenções previstas até 2022. Um dos argumentos do MEC é que o PDE teria como foco a qualidade do ensino, enquanto o PNE, a quantidade de ações.
O caráter inovador da educação centra-se na construção da relação
pedagógica entre professor e supervisor. E no conhecimento deste profissional em
relação às políticas públicas e aplicação de inovações dentro do cotidiano da
instituição escolar que deve ser construída a partir da ótica da heterogeneidade, que
desvela as diferenças sociais, os conflitos e as contradições (GIANCATERINO,
2010, p. 100).
O Supervisor Escolar torna-se, assim, um problematizador do desempenho
docente, sempre numa posição de perguntar, comparar, buscar com o professor
uma forma diferente de agir perante a classe. No desempenho do trabalho
profissional do Supervisor Escolar e do professor é que se configura o sentido de
Supervisão na escola, abrindo campo para ação e reflexão, com uma visão
conjunta, valorizando a produção do trabalho do professor em sala de aula, num
constante ensinar e aprender.
1 http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/legislacao/nossos-planos-leis-educacionais-pne-
pde-515722.shtml
24
CAPÍTULO II
2 - A SUPERVISÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE GESTÃO
Alarcão (2003) pontua que o supervisor atua como especialista na
coordenação do processo curricular, em todas as suas áreas, seja em sua
formulação, execução, avaliação ou reorientação, além de trabalhar no processo de
construção do projeto político-pedagógico da escola.
Freinet, Rousseau e Emília Ferreiro são os teóricos que têm norteado a
ação profissional dos supervisores e seu comprometimento com o trabalho e
amparo ao processo de gestão. Neste contexto para Piaget, Vygotsky, Libâneo,
Philippe Perrenoud, são teóricos que se respaldam nos quatro pilares da educação
que são: ser, conhecer, fazer e conviver, que também embasam o trabalho do
Supervisor como gestor de propostas renovadas, lançando um novo olhar para os
diferentes contextos de seu trabalho.
O Supervisor Educacional encontra-se compromissado com o trabalho
coletivo e para isso deve ter uma visão geral do todo processo escolar e da sua
relação com o contexto, para que haja no cumprimento de suas atividades a
articulação de ações e o estímulo a criar novas oportunidades de discussão coletiva,
crítica e contextualizada num trabalho diferenciado (RANGEL, 2011).
Agindo desta forma o Supervisor não se limita ao simples controle, ou ao
repasse de técnicas ou instruções aos professores, mas pode trabalhar num sentido
mais amplo de assessoramento diante dos problemas do cotidiano, criando
condições favoráveis ao trabalho de parceria em todo o processo de gestão dentro
do contexto escolar.
A organização do trabalho nas unidades escolares sob a responsabilidade
do Supervisor constitui tarefa árdua, e numa visão contemporânea, administrar
consiste em orientar, dirigir e avaliar os esforços de um grupo de pessoas para um
objetivo comum. Um bom Supervisor é naturalmente, aquele que possibilita a sua
equipe de assessores alcançarem os objetivos institucionais com o mínimo de
25
dispêndio de recursos, de esforços e habilidade para minimizar os atritos com outras
atividades úteis.
Para Rangel (orgs., 2007) ao coordenar necessidades e aspirações, o
Supervisor certamente não pode permitir que se revigore seu antigo papel de
controlador a serviço dos interesses estabelecidos, mais há interesses a estabelecer
e necessidades a atender que estão inseridos no contexto de transformação social.
A primeira função do Supervisor na história foi como um especialista, que
também tem caráter de Educador. Sendo assim nessa mesma perspectiva, o
Supervisor deve ser um profissional que esteja empenhado em desenvolver um
trabalho que esteja voltado às questões sociais e políticas da educação, além de
estar presente desde a gestão escolar.
A Supervisão escolar precisa ser dinâmica e apresentar propostas concretas
e geradoras de movimentos. O termo "supervisão" implica sempre na memória
lançada para frente, é um exercício prospectivo, uma vez que se organiza algo que
está por vir, mas que tem como referência o caminho já percorrido e, mais ainda, o
ponto e as circunstâncias em que se está (BRANDÃO, 2003).
Segundo Vasconcellos (2002), dentro do processo de gestão, o
desenvolvimento profissional como Supervisão Escolar na escola é um serviço de
assessoramento de todas as atividades que tenham influência no processo de
ensino-aprendizagem. Isso implica em um planejamento adequado das ações, onde
se envolvam a coordenação e a execução, para que as necessidades e expectativas
do educando e da comunidade sejam contempladas e o processo educativo alcance
seus objetivos com sucesso como já citado por, algumas vezes.
O compromisso político do educador supervisor se faz necessário para que
se possa fazer uso de um discurso qualitativo nos espaços instituídos, fazendo uma
reinterpretação e reintegração crítica da burocracia imperante no sistema, a fim de
colocá-la a serviço das atividades da escola.
A liderança do supervisor escolar deve ter como princípio básico, criar
estratégia para um processo contínuo, visando promover a autonomia da escola e
atingir o ápice das metas objetivadas por todos da equipe escolar.
Lück (2011) diz que a busca da qualidade total da gestão democrática é
papel de todos que fazem a escola parte integrante de si. Além do seu processo de
26
crescimento pessoal e intelectual; dentro de uma sociedade plural, o espaço escolar
precisa adequar e transformar suas visões de futuro.
2.1 - Áreas de atuação do supervisor
O Projeto de Lei 4.412 de 2001 determina, em seu Art. 3º, que a área de
atuação do Supervisor Educacional compreende os órgãos centrais e regionais dos
sistemas de ensino e os estabelecimentos de ensino em todas as áreas que
desenvolvem ação de formação (VASCONCELLOS, 2002).
As áreas de atuação do Supervisor Escolar podem ser ampliadas para além
das instituições de ensino, desde que haja necessidade de organizar espaços de
formação, podendo também abranger um espaço dentro da Secretaria de
Educação, partindo para a área administrativa.
Segundo Rangel (orgs., 2007) o Supervisor tem como áreas de ação o
currículo, o ensino-aprendizagem e o processo educacional. Na área do Currículo, a
atuação do Supervisor será em órgãos de Coordenação do Sistema Educacional,
em nível Federal, Estadual e Municipal.
Suas competências abrangem o planejamento da implantação do Currículo;
a coordenação da execução das Diretrizes Curriculares; o acompanhamento e
avaliação das Propostas de Currículo das Unidades Escolares; dentro das unidades
escolares terá a função de coordenação e o planejamento curricular; acompanhará
as atividades curriculares e a avaliação do currículo.
Na área do ensino-aprendizagem, o desempenho deste profissional abrange
o treinamento em serviço do pessoal docente, planejamento, coordenação,
acompanhamento e avaliação da aplicação do sistema.
Já na área do Processo Educacional, sua atuação será em órgãos de
Coordenação do Sistema Educacional em nível Federal, Estadual ou Municipal e
suas competências abrangem a participação no planejamento e na avaliação do
sistema educacional; a coordenação e acompanhamento do processo educacional;
27
coordenação do sistema de supervisão; participação no treinamento de supervisores
e professores.
O trabalho da Supervisão Escolar deve estar interligado a todas as pessoas
que estejam envolvidas no processo: pais, professores, funcionários, direção e
especialistas da educação, pois todo seu trabalho se justifica se estiver relacionado
à situação de ensino-aprendizagem, e da forma como se desenvolvem as relações
humanas na escola, numa interação mútua e contínua, onde seus membros
embasados na comunicação, no diálogo e na liderança positiva, perfazem suas
atividades com cooperação, e aceitação mútua, focando o aluno como centro
máximo de atenção.
Para isso salienta-se que o supervisor faz parte do corpo de professores e
tem especificidade do seu trabalho caracterizado pela escola e equipe escolar,
numa organização em comum, visando atividades didáticas e curriculares e a
promoção do estimulo de oportunidades coletivas de estudo.
Colocando neste contexto, o supervisor é aquele que busca junto aos
professores e a gestão escolar, minimizar as eventuais dificuldades do contexto
escolar em relação ao ensino e a aprendizagem, no foco da atenuação do fracasso
escolar e na busca continua da melhoria da qualidade do ensino.
2.2 - Funções supervisoras na Administração Escolar
Segundo Rangel (2001 apud Ferreira, 2003) o objeto específico da função
supervisora em nível escolar é o processo de ensino-aprendizagem. E a
abrangência deste inclui tanto os processos administrativos (que tem como
características básicas: a supervisão do currículo, a supervisão dos programas, a
supervisão na seleção dos livros didáticos, a supervisão do planejamento de ensino,
a supervisão dos métodos de ensino, a supervisão da avaliação), quanto os
aspectos pedagógicos.
A Supervisão do Currículo da Escola Básica tem parâmetros legais, e
pedagógicos reformulados no fim dos anos 90. Estes parâmetros encontram-se na
28
Resolução nº 2/98 do Conselho Nacional de Educação (CNE) uma das principais
referências normativas, seus objetivos são o de planejar “cientificamente” as
atividades pedagógicas e controlá-las de modo a evitar que o comportamento e o
pensamento do aluno se desviassem de metas e padrões e programas pré-definidos
pelo MEC e pela instituição escolar. Segundo Libâneo (2005, p. 43) “o currículo
deve centrar-se em atividades, projetos e problemas extraídos da realidade para a
formação de cidadãos”.
Em relação à supervisão dos Programas, Alarcão (2003) diz que o
Supervisor Escolar sabe ver além das evidências do cotidiano, e deve colocar-se em
diferentes ângulos a fim de projetar as muitas faces da realidade da Educação,
procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las através da pesquisa, do
estudo, pelo diálogo, num processo coletivo de reflexão e ação que alimenta
continuamente a caminhada de toda a comunidade educativa, e tem como foco
principal a construção de sujeitos que são capazes de criar sua própria história
através também da elaboração e execução desses programas.
Os programas pertinentes a cada disciplina são construções coletivas de
professores e toda equipe pedagógica escolar, o significado da ação do supervisor
em especial é de incentivo e planejamento de oportunidades, com foco em criar
programas que possam abranger diversas disciplinas de uma mesma série ou de
séries diferentes, pois, desta forma facilita a escolha dos livros didáticos adotados
como material de apoio ao estudo dos alunos, além de contemplar uma visão a
respeito da metodologia a ser aplicada.
A supervisão voltada ao Planejamento de Ensino prevê as ações didáticas,
onde se inclui traçar os objetivos, os conteúdos, os procedimentos, a avaliação, a
bibliografia. O planejamento é um encaminhamento de ações refletidas num
conjunto, que é orientado por critérios e conceitos que procuram garantir
oportunidades para construção coletiva do conhecimento. Cabe ao Supervisor
orientar, supervisionar e avaliar o planejamento buscando uma dimensão formativa,
indo ao encontro das dificuldades apresentadas pelos alunos e pela escola.
O planejamento é uma das armas do supervisor como instrumento de
mudança, ajuda a resolver as situações, porém a ação que produz modificações e
que medidas administrativas são necessárias para produzir resultados. Um
29
planejamento bem feito resulta em uma série de vantagens que recompensam o
tempo e a energia despendidos, por meio dele é possível definir e ordenar objetivos
a serem perseguidos; direcionar ações a serem tomadas; evitar esforços
desnecessários; controlar dificuldades inesperadas (VILLAS BOAS, 2003).
A supervisão dos Métodos de Ensino inclui a observância dos meios
didáticos que na aprendizagem encontram sentido e finalidade e se fazem de
acordo com conteúdos, previstos no currículo escolar. A função supervisora deve
estar atenta às técnicas e métodos aplicados nas aulas pelos professores e, no
momento em que observar a monotonia, a forma tradicional de ensino, disponibilizar
cursos, palestras, reuniões interativas para relatos e trocas de experiências a fim de
reciclar e de uma formação continuada ao professor. Assim procedendo pode-se
verificar alunos motivados e a aprendizagem mais significativa.
O Supervisor no Processo de Avaliação, segundo Rangel, (2011, p. 88)
transcorre um processo em que se determinam os benefícios que um projeto ou
programa obteve, a avaliação é importante para identificar os obstáculos e
impedimentos ao sucesso de um projeto ou tarefa. É um processo de
acompanhamento, que garante a qualidade do processo educativo, avaliando a
instituição e o desempenho dos agentes.
A avaliação do processo de ensino-aprendizagem tem caráter construtivo e
torna-se um instrumento de auxílio para o aluno quanto à sua aprendizagem, como
também ao professor quanto à melhoria de seu ensino. Segundo Villas Boas (2003)
a avaliação constrói um vínculo entre aluno e professor onde ajuda o aluno aprender
e o professor a ensinar, então mudar a avaliação é mudar a escola, é mudar o jogo
entre professores e alunos de uma relação de falta de entendimento e
enfrentamento, para uma relação de cooperação.
Através da avaliação é possível captar erros e saber onde deve haver
correções, replanejamentos, novas aplicações de estratégias de ensino. Ao aluno,
também há a oportunidade de reestruturar suas táticas de estudos, definir seus
pontos fortes e fracos e assim poder adquirir conhecimentos.
A supervisão no Conselho de Classe dentro do Processo Avaliativo deve
caracterizar-se pela imparcialidade. Na opinião de Silva (1997, p. 21), deve ser um
momento de orientação ao aluno e aos pais para que possam expressar suas
30
dúvidas e sugestões; deve ser um momento para deixá-los à vontade e cuidar, ao
mesmo tempo, para que ninguém monopolize a palavra. No final, deve fazer um
resumo sucinto do que foi dito, questionando se tudo ficou esclarecido.
O Diário de Classe faz parte do Processo Avaliativo e na visão do
Supervisor é um dos instrumentos utilizados nas escolas que registra a vivência do
processo educativo vida escolar do aluno, além de ser uma forma para avaliação
dos mesmos. Os diários são organizados para níveis e modalidades de ensino,
atendidos nas escolas e faz parte da função do Supervisor avaliá-lo, acompanhar a
sua utilização por parte dos professores e verificar as notas e frequências dos
alunos para traçar estratégias de ensino ou trabalhar conceitos como a evasão
escolar.
2.3 - Funções supervisoras no processo pedagógico escolar
O papel do supervisor pedagógico na escola pública ou particular é auxiliar o
corpo docente, que visa aperfeiçoar o desempenho deste na utilização dos recursos
didáticos, na metodologia de transmissão do conteúdo e nas propostas de qual o
tipo de avaliação proporcionará resultados mais significativos ao desenvolvimento
dos educandos, fazendo com que a parte burocrática seja aplicada de maneira
plena na pedagógica, tal como nos mostra Libâneo (2005):
A atuação do Supervisor é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (...), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e trabalho em sala de aula. (p.54)
Tudo aquilo que promove uma mudança de processos traz junto a
transformação da cultura na gestão da escola e sempre existe um impacto, que
pode ocorrer em maior ou menor grau. É necessária a ponderação do Supervisor
nos assuntos que dizem respeito aos professores, e a metodologia aplicada por eles
31
no desenvolver do currículo. Pois a falta de reflexão sobre a prática tem levado
estes profissionais a transformar seu saber específico em um fim em si mesmo e
não em um meio para auxiliar o outro a interpretar sua realidade. E atuar segundo
ela, recorrendo ao conhecimento necessário em cada momento da ação. O
supervisor entra com o recurso para a mudança e sua liderança para garantir o
sucesso diante de uma realidade concreta.
Por isso o Supervisor Escolar deve visualizar e considerar a escola como
um projeto coletivo, assim somente o trabalho em conjunto concretiza os objetivos
educacionais. A partir disso, sua ação deverá constituir-se numa visão crítica clara,
da proposta pedagógica da escola, posicionando-se com coragem, coerência e
responsabilidade diante dos imperativos que se apresentam para encontrar
soluções cabíveis.
A mediação entre teoria e prática complementa-se na medida em que o
Supervisor é desafiado a reconstruir e aplicar o paradigma de contextos
emancipatórios e sócio educacionais, como parte do desafio e com base em uma
teoria crítica de sociedade.
Na escola, o Supervisor Escolar deve ser um profissional competente e
comprometido com esse novo tempo e novos sujeitos, reconhecendo suas
necessidades básicas, realizando um trabalho em prol de uma educação de
qualidade, justa e democrática.
A responsabilidade da supervisão dentro de uma instituição de ensino é de
um mediador e orientador de novos caminhos, recursos, escolhas e possibilidades,
onde o Supervisor deve ser um contínuo pesquisador, e deve constantemente estar
disposto a reavaliar sua prática de ensino, com olhar crítico, humano e favorável às
mudanças.
É preciso também que sua formação seja contínua, não restrita a sua
formação inicial, devendo o mesmo sempre estar em reciclagem de conhecimentos.
Sua prática cotidiana deve ser consciente, visando à superação dos conflitos e
problemas típicos das relações humanas em prol da melhoria do trabalho educativo,
projetando inclusive junto aos professores oportunidades de uma formação
continuada.
32
CAPÍTULO III
3 - AÇÕES PEDAGÓGICAS DO SUPERVISOR
Dentre as ações pedagógicas do Supervisor está a sua primordial atividade
que é a de assessoramento contínuo ao professor em seus afazeres pedagógicos,
neste contexto, Vasconcellos (2002, p. 56) sintetiza que o supervisor tem como os
maiores desafios:
- Modificar os métodos de Ensino tipicamente tradicionais e arcaicos; - Adequar a Educação mais voltada a um mundo globalizado e tecnológico; - Motivar professores para que haja um real comprometimento com a educação; - Obter respeito como profissional capacitado e com propostas educativas viáveis; - Não ocupar-se somente da função específica da Supervisão Educacional, mas realizar um trabalho interdisciplinar na escola; - Manter o grupo de professores coeso e comprometido com o trabalho docente; - Ter facilidade de comunicação junto ao grupo com a qual trabalha; - Não permitir que suas funções burocráticas obstruam sua visão das dificuldades educacionais.
Para isso é necessário que o Supervisor tenha uma visão mais concisa da
realidade da sala de aula, para que suas atividades pedagógicas obtenham bom
resultado, e seu envolvimento seja comprometido, assim esse profissional é
encarado como um transformador mediando ações entre professores, alunos,
responsáveis e a gestão.
Veiga (2004, apud Rangel, 2011, p. 39) relata que dentre a relação de
atribuições na área pedagógica a serem cumpridas pelo Supervisor destaca-se:
À política na coordenação da interpretação/implementação e da “coleta” de subsídios para o desenvolvimento de novas políticas mais comprometidas com as realidades educacionais; ao planejamento na coordenação, construção e elaboração coletiva do projeto acadêmico/educacional, implementação coletiva, coordenação do acompanhamento sobre seu desenvolvimento e necessárias reconstruções; à gestão na coordenação, propriamente dita, de todo o desenvolvimento das políticas, do planejamento e da avaliação do
33
projeto pedagógico da Escola, construído e desenvolvido coletivamente; à avaliação na análise e julgamento das práticas educacionais em desenvolvimento com base em uma construção coletiva de padrões que se alicercem em três princípios/posturas intimamente relacionados: a avaliação democrática, a crítica institucional e a criação coletiva, e a investigação participante e contínua com o fim na melhoria e da qualificação do processo ensino-aprendizagem.
Outra ação pedagógica que está inserida dentre as funções do Supervisor é
a verificação da evasão e repetência escolar. No Brasil o problema da repetência
costuma ser associado também ao da evasão. Os dados do IDEP mostram que o
aumento do número de estudantes que abandonam a escola foi crescendo nestes
últimos anos, mesmo com alguns programas que o Governo oferece.
O fracasso e a evasão escolar são os principais problemas da educação de
hoje. E é preciso levar em conta a função que a Escola e o Supervisor
desempenham na sociedade, porque são papéis que consiste na transmissão de
conhecimento e igualdade de oportunidade a todos, visando uma promoção social
que beneficie a comunidade em seu conjunto.
Cabe ao Supervisor escolar estabelecer na escola uma boa qualidade das
relações e dos vínculos, propiciando diálogos colaborativos entre a essência e a
existência do educador com vistas a oxigenação de suas práticas docentes,
propiciando ao educador a construção de sua identidade, a percepção de seu papel
diante das demandas sociais.
Nas pesquisas, a história e a experiência tem mostrado que as
possibilidades de superação do fracasso escolar têm sua gênese na investigação e
na compreensão da natureza e da qualidade das relações estabelecidas entre todos
os agentes que atuam no espaço escolar, assim como a busca de uma identificação
cuidadosa dos vários componentes que se entrelaçam e implicam o fracasso
escolar.
Diante da realidade já constatada e da realidade que ainda teima em se
anunciar como tendência, acredita-se que as possibilidades de contribuição do
supervisor escolar, estão situadas na questão de se refletir e construir em conjunto
com a equipe escolar e comunidade.
34
Segundo Rangel (2011, p. 107), é a partir de um espaço democrático e
cheio de perspectivas, que alguns caminhos devem ser tomados, para uma melhor
compreensão e a consequente diminuição dos alarmantes índices do fracasso e
evasão escolar.
Dentre eles a autora destaca o desenvolvimento de trabalho coletivo e
articulado entre Supervisor e professores; a reorganização do tempo e espaço
escolar; a revisão das políticas públicas para a educação; a reestruturação do
ensino-aprendizagem-conhecimento; a revisão dos critérios de seleção do ensino; a
valorização das relações interpessoais; o investimento efetivo na formação inicial e
continuada dos professores; o desenvolvimento de habilidades para lidar com
diferenças; a adequação e contextualização dos conteúdos curriculares; a
valorização da formação do professor como aquele que pesquisa, investiga e critica
sua própria prática (Idem, p. 108).
Outra característica pedagógica do fazer da supervisão que vem sendo bem
discutida na atualidade da educação brasileira é a formação continuada. Nesta
lógica, torna-se necessário investir na compreensão de que esta formação integra
um processo de desenvolvimento profissional, tanto na dimensão individual quanto
na dimensão coletiva/institucional.
3.1 - O supervisor e a formação continuada
Um dos principais papéis da Supervisão é ajudar os professores a induzir
em seus alunos uma formação de cidadania crítica, e ajudar a escola, na
organização e realização de seu projeto pedagógico. Isso significa buscar subsídios,
segundo Grinspun (2008, p. 32), a fundamentação teórica específica de sua área,
bem como os conhecimentos necessários para o entendimento desse novo tempo
que vive a sociedade, formando assim a sua própria história.
De acordo com Moreira (2010), a formação continuada é um elemento
importante de desenvolvimento profissional, mas não é o único (e talvez não seja o
decisivo), pois existe o risco do termo desenvolvimento profissional, ter conotações
35
funcionalistas, quando definido apenas como uma atividade ou um processo para a
melhoria das habilidades.
O professor precisa de novos sistemas de trabalho e de novas
aprendizagens para exercer sua profissão, legitimando a formação quando a mesma
contribuir para o desenvolvimento profissional do professor no âmbito de trabalho e
de melhoria das aprendizagens profissionais.
Souza & Oliveira (2003), em conformidade sobre o possível motivo desse
ajustamento, dizem que “acompanhada das modificações no plano infra estrutural,
com as alterações no processo produtivo, a hegemonia do pensamento neoliberal
nas últimas duas décadas buscou, também, generalizar a sua visão de mundo para
todas as esferas da atividade humana”.
Formação continuada, Valorização do Educador, Recursos para melhor
desempenho do educador são algumas das ações exercidas pelo supervisor. É
verificar possibilidades e desafios na rede pública de ensino. É confiando neste
trabalho eficaz, que o Supervisor Escolar se organiza e se desdobra para garantir a
eficiência do ensino, através de ações desenvolvidas na escola, que orientam
professores em sua prática.
As ações de orientação, coordenação, mediação, acompanhamento e
supervisão, além de observar os professores, analisar os livros didáticos, auxiliar na
elaboração do planejamento e projetos, lançar olhares questionadores, que busca
soluções com parcerias, são atribuições inseridas no cargo do Supervisor Escolar, e
segundo Villas Boas (2003) elas ocorrem para:
...a reflexão dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o supervisor está favorecendo a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam (p. 56).
Libâneo (2005, p. 26) afirma que “O trabalho docente é uma atividade
coordenada e planejada, visando atingir objetivos de aprendizagem, por isso precisa
ser estruturado e ordenado”. Analisando as atividades de supervisão da escola
percebe-se o quanto o planejamento é valorizado. É proposto ao supervisor fazer
36
um planejamento quinzenal com os professores para assegurar se as matérias
estão na dosagem certa para que os alunos compreendam e tenham uma
aprendizagem significativa e, principalmente verificar se os objetivos propostos
foram alcançados.
Cabe ao Supervisor monitorar sem dirigir em excesso e proporcionar na
medida em que achar necessário, a formação continuada de seus professores
através de palestras, seminários, e outros que venham a ter ou não parceria com a
Secretaria de Educação, criando desta forma condições propícias, não só de
reflexão, mas também à necessidade do professor-investigador, além de este
mesmo profissional estar sempre em educação continuada para que seu trabalho de
mediação possa ter a criatividade e o conhecimento como base para o exercício de
uma boa função, primando sempre pela excelência da Educação.
3.2 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a
supervisão, família, escola e comunidade
Sendo a escola um local rico em diversidade, pode-se afirmar, sem medo de
errar, que ela é o principal agente da mudança de paradigmas, pois ao se
proporcionar atividades que despertem o respeito ao próximo e suas limitações,
atividades que venham a ressaltar as potencialidades tanto dos alunos quanto dos
professores e aflorar contribuições que favoreçam o ensino aprendizagem, além de
integrar a escola, comunidade e família no mesmo contexto, o Supervisor deve estar
preparado com conhecimentos e estratégias propícias que favoreçam esta
mudança, sempre superando seus limites.
A escola reflexiva é tida como um novo canal de integração, pois a mesma
vê nos problemas motivo de crescimento, onde toda busca gera a aprendizagem.
Está construída a partir da pesquisa-ação, pois como nos apontou Isabel Alarcão
“uma escola reflexiva é uma comunidade de aprendizagem e um local onde se
produz conhecimento sobre educação” - Alarcão (2004, p.38).
37
Tendo a pesquisa-ação como característica a contribuição para a mudança,
a escola reflexiva traz dentro de suas veias profissionais condições de gerir sua
própria ação e dialogar constantemente com ela, pois tem como finalidade a
educação.
O modelo de educação que funciona verdadeiramente é aquele que começa
pela necessidade de quem aprende e não pelos conceitos de quem ensina.
Ademais, a prática pedagógica para afetar os alunos deve ser acompanhada por
uma atitude de empatia do professor. O professor deve confiar em seus alunos. O
amor lança fora as incertezas. Os alunos percebem quando o professor neles
acredita. (MOREIRA, 2010)
Isabel Alarcão (2004) sugere que na escola reflexiva, professores tenham
conhecimentos amplos e aprofundados do conteúdo disciplinar, do currículo, do
aluno e de suas características, seja ele portador de necessidades especiais ou não,
dos contextos de fins educativos, e principalmente de si mesmo e de suas
capacidades profissionais e seus atributos pessoais. Esses conhecimentos são
necessários enquanto base para desenvolvimento de um trabalho que vê no
próximo a extensão de si mesmo.
Relvas (2009, p. 38) enfatiza que “uma aula bem humorada promove um
bem-estar físico, psicológico, afetivo, seguro, liberando neurotransmissores
favoráveis à aprendizagem”. Ao proporcionar uma aula descontraída as emoções
são condicionadas ao prazer que pode variar da satisfação ao êxtase, sendo que,
nesta escala, estão incluídos: o amor, a alegria, a afetividade, facilitando assim a
aprendizagem.
Não ter somente o aluno como centro, mas todo o elemento humano, faz
com que se utilize da observação, conceitualização, generalização e
experimentação nas ações, e assim considere a escola em desenvolvimento e
aprendizado, integrada às pessoas e processos. É necessário ter um projeto,
construído a partir de um diagnóstico inicial, um projeto dialogado e com objetivos
claros, capaz de diagnosticar, refletir e buscar caminhos a partir da análise conjunta
e agir em prol da solução ou intervenção do problema.
Rangel (2011, p. 42), afirma que “o objeto de trabalho do supervisor na
escola é resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina/aprende e o
38
aluno que aprende/ensina.” Esta relação é essencial para as tomadas de decisões e
para o avanço nos processos de mudanças. O Supervisor Escolar é aquele que
orienta, aprende e ensina, tornando-se um parceiro no processo educativo,
procurando formas diferenciadas para auxiliar o professor em sua prática,
participando e observando as vivências escolares. O Supervisor deixa de ser o
facilitador para ser o problematizador, pesquisador e articulador, para que juntos
possam construir um trabalho eficaz.
A Escola, através do Supervisor e seus projetos, deve abranger as
necessidades de seus alunos, familiares e estar atenta a comunidade local de forma
a trazê-los para o contexto escolar, e a forma mais adequada é através de projetos
que busque soluções coletivas para as dificuldades apresentadas no dia a dia de
forma democrática. Em algumas escolas são inseridas algumas caixas de sugestões
implantadas em locais estratégicos proporcionando a liberdade para que membros
da comunidade, pais e responsáveis, alunos e os próprios participantes da equipe
escolar possam depositar suas críticas, sugestões e apoio no fazer acontecer da
Escola.
E desta forma através das ações do Supervisor que é de fundamental
importância, é visto na Escola o resultado do desenvolvimento de novos canais na
integração, onde a supervisão, família, escola e comunidade trabalham em
conjunto, com parcerias firmadas na visão de propagar uma Escola de Excelência e
um ensino de qualidade.
39
CONCLUSÃO
A função da supervisão é respaldada pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional e surgiu no cenário sócio-político-econômico, historicamente,
como atuação de controle e apesar de algumas mudanças diagnosticadas neste
contexto, sua performance requer as seguintes características: auxiliador,
orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador, inovador,
integrador, cooperativo, facilitador, criativo, interessado, colaborador, seguro,
incentivador, atencioso, atualizado.
Respondendo a questão principal do trabalho de como o supervisor pode
motivar e assim melhorar o desempenho da equipe pedagógica no processo de
ensino aprendizagem, conclui-se que a supervisão aponta diversas abordagens no
processo ensino aprendizagem, e o Supervisor é o que possibilita a compreensão
de mecanismos que aprimoram as atividades pedagógicas como a participação no
Projeto Político Pedagógico da escola e a contribuição com pontos que
correspondem a evoluções dentro do contexto de analisar as relações familiares,
grupais, individuais, em condições socioculturais e econômicas específicas e que
contextuam toda a aprendizagem e a mediação do fazer pedagógico na busca da
educação diferenciada.
Para que essa mudança ocorra o supervisor deve aflorar contribuições que
favoreçam o ensino e a aprendizagem, além de integrar a escola, a comunidade e a
família no mesmo contexto. O Supervisor deve estar preparado com conhecimentos
e estratégias propícias que favoreçam esta mudança, sempre superando seus
limites.
O Supervisor Escolar torna-se, assim, um problematizador do desempenho
docente, sempre numa posição de perguntar, comparar, buscar com o professor
uma forma diferente de agir perante a classe.
40
Por meio dessas ações, o Supervisor obtêm mudanças no processo ensino
e aprendizagem, com inovações de métodos técnicas de ensino ou do próprio
currículo que tornarão o processo ensino-aprendizagem eficazes.
No desempenho de seu trabalho profissional e do trabalho do professor é
que se configura o sentido de Supervisão na escola, abrindo campo para ação e
reflexão, com uma visão conjunta, valorizando a produção do trabalho do professor
em sala de aula, num constante ensinar e aprender.
O papel do Supervisor é como mediador da equipe pedagógica escolar,
tirando dúvidas e melhorando a prática cotidiana na educação, interagindo com toda
rede escolar, comunidade, família e principalmente com os docentes, auxiliando-os
numa melhor maneira de ensinar tornando-os mais receptivos e funcionais com
metodologias e desenvolvimentos inovadores e de qualidade, mediando teoria e
prática.
A Supervisão Escolar exige ações proativas; o profissional é articulador e
mediador das políticas educacionais, junto às escolas das redes públicas e privadas,
oficializado com a LDB e Leis Complementares, existe desde a época dos Jesuítas
intricada nas funções de coordenador e de inspetor e desde então tem caráter
político e transformador. Dentro do PPP a ação supervisora tem de acompanhar,
orientar a prática educacional de pessoas politicamente orientadas. O supervisor
escolar representa uma figura de inovação. Aquele profissional que assume o papel
fundamental de decodificar as necessidades, tanto da administração escolar, a fim
de fazer com que sejam cumpridas as normas e como facilitador da atividade
docente, garantindo o sucesso do aprendizado. Cada Escola está inserida em uma
realidade, o que exige do Supervisor especificidades diferenciadas.
Cada escola tem sua própria forma de caminhar. O trabalho do Supervisor
Escolar deverá considerar os desejos e os projetos desenvolvidos na escola como
unidade do sistema de ensino.
Cabe ao Supervisor reforçar o trabalho em equipe e a democratização
dentro do contexto escolar, realizando com seus conhecimentos e capacidades
transformações voltadas a prática educacional no bom desempenho de suas
funções, sendo um constante motivador da Equipe Pedagógica.
41
BIBLIOGRAFIA
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43
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educacionais-pne-pde-515722.shtml - Acesso em junho de 2014.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ............................................................................................... 02
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ 03
DEDICATÓRIA ....................................................................................................... 04
EPÍGRAFE ............................................................................................................. 05
RESUMO ................................................................................................................ 06
ABSTRAT ............................................................................................................... 07
METODOLOGIA..................................................................................................... 08
SUMÁRIO ............................................................................................................... 09
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
CAPÍTULO I
1 - CONCEITO DE SUPERVISÃO ESCOLAR ...................................................... 15
1.1 - A história da Supervisão Escolar ............................................................ 17
1.1.1 - A Supervisão no Brasil ................................................................. 18
1.2 - O Supervisor como instrumento de mudanças. ....................................... 20
1.2.1 - Políticas Públicas educacionais da Educação Básica .................. 22
CAPÍTULO II
2 - A SUPERVISÃO ESCOLAR E PROCESSO DE GESTÃO ............................. 24
2.1 - Áreas de atuação do Supervisor ............................................................ 26
2.2 - Funções supervisoras na Administração Escolar ................................... 27
2.3 - Funções supervisoras no Processo Pedagógico Escolar ...................... 30
CAPÍTULO III
3 - AÇÕES PEDAGÓGICAS DO SUPERVISOR .................................................. 32
3.1 - O Supervisor e a Formação Continuada ............................................... 34
3.2 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a supervisão, família, escola e comunidade ................................................................. 36
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 41
ÍNDICE ................................................................................................................... 44