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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ENTENDENDO O UNIVERSO DE UMA CRIANÇA COM TDAH DRIÉLI FERNANDES DE LIMA Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ENTENDENDO O UNIVERSO DE UMA CRIANÇA COM TDAH

DRIÉLI FERNANDES DE LIMA

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ENTENDENDO O UNIVERSO DE UMA CRIANÇA COM TDAH

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação

em Psicopedagogia da faculdade AVM para

obtenção do título de pós-graduação em

Psicopedagogo Institucional.

Professor orientador: Vilson Sérgio

Rio de Janeiro

2015

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por me dar coragem e força para transpor todas as barreiras ao longo desse caminho.

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RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar as causas, sintomas,

diagnósticos e tratamento para o portador de TDAH. Enfatizando também a

formação do professor que atuar com crianças com esse transtorno.

Diante de todas as dificuldades que a criança enfrenta na escola, sem

saber controlar suas emoções, sua agitação e a falta de atenção nas

atividades, e ainda se depara com professores que não estão preparados para

lidar essas situações. Devido a essa falta de preparação dos profissionais, a

criança, não se desenvolve e acaba sendo levada ao fracasso escolar.

Portanto, o professor precisa está capacitado para identificar tais sintomas, e

deve encaminhar o quanto antes para uma equipe multidisciplinar, para dá

inicio ao tratamento. A intervenção do Psicopedagogo no tratamento é

fundamental, pois esse profissional será responsável por criar técnicas que

venham a melhorar o desempenho escolar da criança com TDAH.

Palavra-chave: TDAH, formação do professor, dificuldade, tratamento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

CAPÍTULO I ....................................................................................................... 8

Breve histórico do TDAH .................................................................................... 8

1.1. Definição ................................................................................................... 11

1.2. Avaliação e Diagnóstico ............................................................................ 13

1.3. As manifestações dos sintomas de falta de atenção e impulsividade ....... 17

CAPÍTULO II .................................................................................................... 20

A intervenção Psicopedagógica ................................................................... 20

CAPÍTULO III ................................................................................................... 27

Formação de professores e sua capacitação para atuar com crianças com TDAH ............................................................................................................... 27

CAPÍTULO IV ................................................................................................... 36

Entender o universo de uma criança com TDAH e sua dificuldade no ambiente escolar ............................................................................................ 36

4.1. A rotina de uma criança com TDAH .......................................................... 37

4.2. O portador de TDAH na escola ................................................................. 38

4.3. O comportamento ...................................................................................... 40

4.4. A organização ........................................................................................... 41

4.5. A intervenção no contexto familiar ............................................................ 44

CONCLUSÃO .................................................................................................. 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 51

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH), vem sendo reconhecido através dos estudos e

pesquisas, realizados pelos grandes cientistas e estudiosos.

Esses estudos têm como base esclarecer as causas, sintomas,

diagnósticos, medicamentos e tratamento para o transtorno.

Para os educadores, nem sempre é fácil lidar com uma criança com

Déficit de Atenção e Hiperatividade em sala de aula. Pois, a criança passa

grande parte do dia “no mundo da lua”, não presta atenção e não realiza as

atividades, sem contar que sua agitação é constante e atrapalha o rendimento

escolar.

Os pais encontram muitas dificuldades para se relacionar com seu filho,

pela agitação e também pela falta atenção. Isso ocorre pela falta de

compreensão por parte dos pais com relação ao transtorno e diagnóstico que

essa criança carrega em sua vida.

O diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

precisa ser realizado com a participação de uma equipe multidisciplinar, onde

cada profissional encontre informações contundentes a conclusão do mesmo.

No presente trabalho será descrito informações necessárias para um

melhor entendimento de como compreender a vida de uma criança com TDAH

e as dificuldades que a enfrenta no convívio familiar e escolar.

O I Capítulo descreve informações do histórico do TDAH, definição,

avaliação, diagnóstico e também as manifestações dos sintomas de falta de

atenção e impulsividades.

No Capítulo II evidenciará a importância da intervenção do

Psicopedagogo na vida acadêmica da criança com esse transtorno. Mostrando

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algumas estratégias para melhorar o desempenho e interação da criança com

os demais.

No Capítulo III define a formação do professor para trabalhar com

crianças com Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ressaltando que esse

profissional precisar está apto a reconhecer e identificar as dificuldades da

criança. No entanto, necessita de uma formação continuada e qualificada.

O Capítulo IV descreve como entender o universo da criança com

TDAH e as dificuldades que à enfrenta no ambiente escolar. Destacando que a

falta de organização e de comportamento são fatores que acompanham a

rotina de uma criança com TDAH. Ainda nesse capítulo, será relatada a

importância da participação e compreensão dos pais na rotina e no tratamento

do transtorno.

A elaboração desse trabalho foi realizada com base em pesquisa

bibliográfica, de autores conceituados no que se refere ao Transtorno de Déficit

de Atenção e Hiperatividade, e também autores que escrevem sobre a

Formação do Professor.

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CAPITULO I

BREVE HISTÓRICO DO TDAH

Nas últimas décadas tem se falado muito no Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade, mais conhecido como TDAH. Caracteriza-se por um

conjunto de sinais e sintomas, sendo por meio de uma tríade sintomatológica

clássica: impulsividade, desatenção e hiperatividade, porém não há

necessidade que esses sintomas apareçam simultaneamente. (TEIXEIRA,

2014)

Historicamente, há estudos que vem mostrando que esses problemas

afetam muitas crianças de grandes civilizações. Um dos primeiros profissionais

a prescrever sobre essas impaciências, implicações e cólicas infantis foi o

médico grego Galen. Por volta de 1890, os médicos trabalhavam no tratamento

de pessoas que apresentavam danos cerebrais e sintomas de inquietação,

desatenção e impaciência, e também com um modelo parecido com conduta

exibido por indivíduos retardados que não apresentam traumas. (BENCZIK,

2008)

No ano de 1902, foi descrito por um médico inglês George Frederic Still,

um problema encontrado em crianças, que foi denominado por ele como

defeito na conduta moral. Still percebeu que esse problema era resultado de

inabilidade da criança para internalizar regras e limites, assim também uma

manifestação de sintomas e inquietação, desatenção e impaciência. Segundo

Lewis e Wolkmar (1993):

“Em 1908, Tredgold elaborou o termo “disfunção

cerebral mínima”, um de uma sucessão de muitos termos

para classificar crianças que se mostravam impulsivas,

desatentas e hiperativas. Esse termo afigurou-se

particularmente apropriado quando se notou que as

crianças com danos cerebrais óbvios, por exemplo, pós –

encefalites apresentavam problemas na atividade e na

atenção”. (p.386)

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Entre os anos 1917 e 1918, Hohman descreveu a partir de uma erupção

de encefalites, que os profissionais da saúde notificaram que um grande grupo

de crianças fisicamente recuperadas das encefalites, mas que apresentavam

inquietação, desatenção, impaciência e hiperatividade. No entanto, esses

comportamentos não eram apresentados antes da doença. (BENCZIK, 2008)

Em 1937, o médico Charles Bradley que trabalhava em uma clínica

psiquiátrica infantil, experimentou medicamentos estimulantes em crianças que

apresentavam comportamento emocionalmente perturbadas. Neste mesmo

ano, Molitch e Eccles investigaram o efeito trazido pelo bezendrine na

inteligência das crianças. Foi então que Bradley observou uma grande

modificação nas respostas das crianças que estavam sendo ministradas por

essa medicação. Durante o efeito do bezendrine, essas crianças ficavam mais

calmas, mais positivas, menos oposicionistas, prestavam mais atenção e

aprendiam melhor. (TEIXEIRA, 2013)

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, os pesquisadores

tiveram a grande oportunidade de estudar uma ampla variedade de prejuízos

trazidos pela guerra, principalmente os traumas cerebrais. Nesses estudos

foram constatados que todos os prejuízos de qualquer parte do cérebro

frequentemente resultavam de comportamentos de impaciência, desatenção e

inquietação. (BENCZIK, 2008)

A década de 40 foi marcada com o surgimento de uma nova designação

da Lesão Cerebral Mínima. Esse termo apoiou-se nas evidências que

demonstravam associações de alterações comportamentais, que elevavam

principalmente a hiperatividade, com lesão no sistema nervoso central. Dessa

forma esse transtorno foi inicialmente classificado como distúrbio neurológico,

associado a uma lesão cerebral, (Lesão Cerebral Mínima). No entanto, foram

encontradas algumas dificuldades para objetivar a existência dessa tal lesão,

provocaram uma mudança significante no foco das pesquisas, na

conceituação, no diagnóstico e no tratamento do transtorno. A partir daí,

surgiram novas nomenclaturas para o transtorno, como Hiperatividade, Lesão

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Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome Hipercinética,

Distúrbio de Déficit de Atenção com Hiperatividade e etc...( BENCZIK,2008)

Em 1962 como as hipóteses de lesão cerebral nas crianças não foram

afirmadas, então redefiniram essas crianças como exibindo uma disfunção

cerebral, surgindo assim a Disfunção Cerebral Mínima (DCM). (BENCZIK,

2008)

Ainda na década de 60, surgiu a necessidade de definir essa síndrome

sob os parâmetros mais funcional, dando–se ênfase a caracterização da

hiperatividade, como uma síndrome de conduta. Nesse mesmo período o DSM

II (Manual de Diagnósticos e Estatísticas dos Transtornos Mentais), utilizou o

termo Reação Hipercinética para descrever características da síndrome.

(BENCZIK, 2008)

Na década de 70 não ocorreram grandes modificações na nomenclatura,

a Classificação Internacional das Doenças (CID- 9), manteve uma

denominação semelhante – Síndrome Hipercinética. (BENCZIK, 2008)

A partir da década de 80, devido o grande resultado de investigações, o

DSM III, modificou o termo para Distúrbio de Déficit de Atenção, foram

enfatizados os aspectos cognitivos, principalmente a falta de atenção e a falta

do autocontrole ou impulsividade. Em 1987, o DSM III foi revisado e ressaltou

novamente a Hiperatividade. Modificando assim o nome do transtorno para

Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção. (BENCZIK, 2008)

No ano de 1993, o CID 10 não alterou a nomenclatura, mantendo como

Transtornos Hipercinéticos. Em 1994, o Manual Diagnóstico e Estatístico das

Doenças Mentais, DSM IV, notificou como Transtorno de Déficit de Atenção/

Hiperatividade, utilizou dois grupos de sintomas com o mesmo peso para o

diagnóstico: desatenção e hiperatividade/ impulsividade. (BENCZIK, 2008)

Nos estudos mais recentes, esse transtorno está associado a alterações

do córtex pré-frontal e de suas projeções a estruturas subcorticais do cérebro.

Sendo causado por alterações no desenvolvimento neuroemocional. Podendo

ser genético/ hereditário ou também por alterações nos neurotransmissores,

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afetando a atenção e a coordenação motora. Esse transtorno é relacionado ao

desenvolvimento neurobiológico que interfere no comportamento,

desestruturando os mecanismos de atenção e memória, muito utilizados na

aprendizagem. O TDAH vem contribuindo muito para o fracasso escolar de

crianças e adolescentes. (TEIXEIRA, 2014)

Muitas crianças apresentam prejuízos acadêmicos que, quando

comparados ao potencial intelectivo, geram distorções no processo de

investigação. Os fracassos em suas vidas acadêmicas ocorrem não por não

serem capazes de aprender, mas por não conseguirem manter a atenção

necessária para garantir a aprendizagem. (FREITAS, 2014)

1.1-Definição

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade também pode ter

ligação com Toc (Transtorno Obsessivo- Compulsivo) ou ST (Síndrome de

Tourette, transtorno de tiques). Portanto deve-se ter bastante atenção ao

fechar um diagnóstico. Para fazer uma avaliação do TDAH, é necessário a,

observação cautelosa de alguns sinais como, a duração, a freqüência e a

intensidade dos sintomas, levando em conta também o grau de prejuízos dos

mesmos. Portanto, é necessário considerar que devem está presentes pelo

menos seis sintomas de desatenção ou seis sintomas de

hiperatividade/impulsividade presentes na vida da criança ou adolescente.

Essas observações são fundamentais, para que futuramente não venham

prejudicar a vida acadêmica do paciente.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, jamais pode ser

tratado apenas pela Psicologia e tão pouco pela fonoaudiologia. Sendo

considerado um ato criminoso, tratar um distúrbio tão sério apenas com terapia,

ou com técnicas de fonoaudiologia. Para iniciar o tratamento de uma criança

com TDAH é necessário a presença de uma equipe multidisciplinar, como o

professor, o neuropediatra, o psicopedagogo, e psicólogo.

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O DSM-IV- Manual de Diagnósticas e Estatísticas dos Transtornos

Mentais (Associação Americana de Psiquiatria) e o CIE-10 – Classificação

Internacional de Enfermidades (Organização Mundial de Saúde), definem o

TDAH em três tipos, mesmo que a maioria dos indivíduos tenham alguns

sintomas de desatenção como de hiperatividade e impulsividade, tendo

predominâncias nesses padrões. O tipo 1 - é classificado como transtorno por

déficit de atenção com hiperatividade, esse tipo tem predomínio de déficit de

atenção; o tipo 2 - transtorno por déficit de atenção com hiperatividade, tendo

como predomínio hiperativo-impulsivo; tipo 3 – transtorno por déficit de atenção

como hiperatividade, tipo combinado. Ou seja, esse último vem agregado do

tipo 1 e 2, tendo com predominância déficit de atenção, hiperatividade e

impulsividade. (PERES, 2014)

Segundo o DSM –IV, o índice de crianças com idade escolar, que

possuem o transtorno varia de 5 a 7%. Portanto, isso significa que em uma sala

de aula, uma a duas crianças são portadoras de TDAH. (FREITAS, 2014)

Estudos mostram que, os novos cientistas, vem se baseando nas teorias

que investigam fatores de risco, que podem predispor o transtorno e buscam

explicações contundentes do bom funcionamento cerebral de uma criança que

sofre com seu comportamento, e que tem em risco a adequação familiar, social

e pessoal. Esses especialistas se dedicam em encontrar para essas crianças,

uma melhor relação e adaptação com o meio em que vivem.

As características e os sintomas do TDAH começam a aparecer bem

cedo, bem antes dos seis anos de idade. Geralmente isso ocorre na maioria

dos casos. Muitas das vezes, esses sintomas podem ser confundidos com

birras ou falta de limites. Portanto, deixando de ser encaminhados

precocemente para um especialista competente. Por outro lado, também há

crianças que começam a evidenciar esse quadro após os sete anos de idade,

apresentando assim maiores dificuldades no desenvolvimento, em relação

aqueles que foram avaliados e diagnosticados precocemente. Infelizmente,

muitas crianças e adolescentes apresentam concomitantemente ao TDAH com

outros transtornos ligados a saúde mental. É denominado comorbidade, a

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relação de um transtorno a outros. Esses problemas mais comuns podem ser

ligados ao comportamento. Sendo classificados como os mais comuns;

agressividade, transtorno de conduta, transtorno desafiador opositor, dislexia e

discalculia. (FREITAS, 2014)

1.2. Avaliação e Diagnóstico

O Diagnóstico de TDAH, conclui-se por meio do diagnóstico clinico. Não

existem exames laboratoriais ou de imagem que o detecte o transtorno. A

investigação do TDA-H se dá por base de fundamentação no Questionário do

DSM –IV, para pais e professores e por intermédio de um médico dedicado,

informado e comprometido com o bem estar de uma criança. (TEIXEIRA, 2014)

De acordo com o Manual dos Transtornos Escolares (2014), a criança

com TDAH apresenta algumas características do transtorno na escola;

• Deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido

em atividades.

• Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades

lúdicas.

• Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

• Não segue instruções ou não termina seus deveres escolares. Tem

dificuldade para organizar tarefas e atividades.

• Evita antipatiza ou reluta em envolver-se em atividades que exijam

esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de

casa).

• Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo:

brinquedos, lápis, livros etc.).

• É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.

• Apresenta esquecimento em atividades diárias.

• Agita as mãos ou os pés, ou se remexe na cadeira.

• Abandona sua cadeira em sala de aula, ou em outras situações nas

quais se espera que permaneça sentado.

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• Corre ou escala em demasia, em situações nas quais fazer isso é

inapropriado (em adolescentes e adultos pode estar limitado a

sensações subjetivas de inquietação).

• Tem dificuldade para brincar ou se envolve silenciosamente em

atividades de lazer.

• Fica “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”.

• Fala muito.

• Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido

completadas.

• Tem dificuldade para aguardar a vez.

• Interrompe ou se mete em assunto dos outros (por exemplo:

intromete-se em conversas ou brincadeiras).

O diagnóstico exige um olhar multidisciplinar, pois é muito complexo. O

mesmo deve ser realizado com o suporte de uma equipe multiprofissional e

pautado para três vertentes: uma avaliação psicopedagógica, uma avaliação

cognitiva e uma avaliação neuropsicológica, todas com o mesmo objetivo em

compor um diagnóstico diferencial e de posição. (GONZÁLEZ, 2007)

O diagnostico diferencial é determinado com base nos sintomas de

déficit de atenção, impulsividade e hiperatividade, sendo observados e

relatados pelos pais. A principio esses sintomas são verificados e se

correspondem a um transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade ou a outro

problema. (GONZÁLEZ, 2007)

O diagnóstico de posição é realizado através de um levantamento de

dados, de como um transtorno afeta a vida de uma criança de forma concreta e

sendo também determinado o plano de intervenção adequada. O avaliador,

deve realizar um exame completo que inclua inúmeras provas até que seja

necessário em cada caso, González (2007), destaca as mais frequentes:

1- Provas de desenvolvimento intelectual.

2- Provas pedagógicas.

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3- Provas cognitivas.

4- Provas de desenvolvimento emocional.

Para obtenção de um diagnostico precoce, é de fundamental importância

a observação clinica do professor, afinal maior parte dos sintomas, são

observados no ambiente escolar, onde são detectados os prejuízos

acadêmicos.

A observação dos pais também é um fator muito importante em relação

ao quadro apresentado. É imprescindível que a família relate os marcos do

desenvolvimento do transtorno. Esse momento pode acontecer quando a

família e o profissional se reúnem para analisar a vida do paciente desde a

gestação, relatando as queixas e fazendo anamnese. (TEIXEIRA, 2014)

Crianças com TDAH apresentam muitas dificuldades nas áreas de

Língua Portuguesa e Matemática, pois exigem muita concentração prolongada

para desenvolver as competências nos conteúdos. No entanto, podendo haver

problemas na caligrafia, pois muitas das vezes a coordenação motora não é

bem desenvolvida. (FREITAS, 2014)

È notório perceber que os resultados das avaliações não são desejáveis,

mesmo com tantos estudos. A repetência é fator relevante em comparação

com uma criança que não tenha o déficit. (NETO, apud FREIRAS, 2014)

As crianças que tem TDAH sofrem por não conseguir manter a atenção,

algumas delas não conseguem compreender o que foi relatado em um dialogo.

Portanto, essas características contribuem ainda mais para dificultar o

processo de aprendizagem. Sendo assim submetidos a fazer um exame de

audição mais específico, pois as audiometrias comuns não evidenciam o

problema. O exame do processamento auditivo central pode indicar de forma

mais exata, caso haja alguma alteração significativa na audição da criança. È

responsabilidade do profissional a quem a crianças foi encaminhada a solicitar

o aprofundamento nas investigações, sendo o trabalho minucioso, a fim de

trazer à tona possíveis transtornos que comunguem com o TDAH. No entanto o

professor deve enviar por meio de uma ficha de observação para a realização

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de um diagnostico diferencial e interdisciplinar, poderá sinalizar eventuais

desvios auditivos. (FREITAS, 2014)

É imprescindível para a avaliação do TDAH uma equipe multidisciplinar.

Neste caso, o professor, o neuropediatra, o psicopedagogo, e/ou psicólogo

devem participar. Cada Profissional atuante deverá analisar as prioridades a

depender de como se manifestam os sintomas. O tratamento não ocorre de

forma unilateral, ou seja, apenas focando a criança. Ele deverá ocorrer de

forma aprofundada, atingindo a criança, a família e a escola em suas

necessidades particulares. (ROTTA, OHLWELLER e RIESGO, 2006 apud

FRESTAS 2014).

Normalmente é o professor que observa os primeiros sintomas de TDAH

nas crianças. No entanto, o mesmo deve está capacitado a perceber e

distinguir características comuns aos sintomas específicos da síndrome. Esse

profissional, não pode em hipótese alguma levantar para a família um possível

diagnostico. Quando a escola toma essa postura, acaba atrapalhando o

encaminhamento do aluno ao profissional competente. Pois os pais, muitas das

vezes achando que é falta de competência do professor em dar limites a esse

aluno com TDAH. Dessa forma, os pais se sentem perseguidos e acabam

retirando o filho da instituição. (FREITAS, 2014)

O professor tem um papel fundamental, pois é através da parceria com a

família e de focar nos sintomas e na necessidade de investigar para descartar

ou confirmar hipóteses para favorecer a aprendizagem da criança. (FREITAS,

2014)

O papel do neuropediatra é de realizar uma avaliação clinica pautada na

validação dos sintomas apresentados. Realizar investigação por meio de

exame neurológico (NE) e do exame neurológico evolutivo (NEE), esses dados

facilitam no diagnostico. (FREITAS, 2014)

O psicopedagogo será responsável por fazer uma avaliação

aprofundada por meio de provas cognitivas, estabelecendo a relação entre

maturação dos esquemas cognitivos e da idade cronológica, levando a analisar

a preservação do potencial intelectual da criança. Também será aplicado

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provas afetivas, que será possível perceber a relação da criança com ela

mesma, com a família, a escola, excluindo a possibilidade de as condutas

negativas inadequadas estarem contribuindo para a organização de um falso

quadro do transtorno. (FREITAS, 2014)

O psicólogo fará o mapeamento do perfil sistêmico onde está inserido a

criança, e avaliará questões comportamentais e afetivas. Também deverá

apoiar a família, podendo agir nos casos em que os transtornos

comportamentais se apresentem juntamente com o TDAH, tendo como

objetivos minimizar os efeitos destes na vida socioafetiva da criança.

(FREITAS, 2014)

Dependendo da demanda do caso investigado será necessário á

participação de outros profissionais que venham a contribuir na investigação do

diagnóstico.

No momento do processo do diagnóstico é importante identificar ou

excluir possíveis síndromes ou transtornos associados, como comorbidades ao

TDAH, ou a possibilidade de que os sintomas apresentados não sejam

decorrentes de outros sintomas ou síndromes. (FREITAS, 2014)

1.3- As manifestações dos sintomas de falta de atenção e

impulsividade

O comportamento da criança é controlado pelo adulto, pois a criança

encontra-se em um processo de descobertas e desenvolvimento. Cabe o

adulto sinalizar e orientar grande parte do comportamento que uma criança

deve ter diante da família, escola e em geral na sociedade. As normas

externas e impostas acabam sendo internalizadas pela criança no decorrer do

seu processo de desenvolvimento, de forma que o controle externo dá lugar ao

autocontrole. Entretanto, é extremamente difícil para uma criança que possui

sintomas do TDAH, obedecer essas regras de comportamento ditas como

certas pelo adulto. Pois, o autocontrole está alterado em criança hiperativa, em

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que a impulsividade é o aspecto mais elevado desse transtorno. (BENCZIK,

2008)

O comportamento impulsivo manifesta-se em uma criança, como

impaciência, dificuldade de adiar uma resposta, respondendo antes mesmo

que concluam a pergunta, não consegue esperar sua vez para participar de

uma atividade em grupo, e tem dificuldade para se expressar adequadamente.

A criança que apresenta esses sintomas tem um comportamento desagradável,

interrompendo os assuntos dos outros, interfere nas conversas alheia, pega

objetos dos demais, mexendo em coisas que não deveria tocar e faz

comentários desnecessários. A impulsividade também pode causar acidentes,

como por exemplo, tropeça em objetos a sua frente, não olha por onde anda,

derruba objetos das mãos, utiliza objetos pontudos em suas brincadeiras, sobe

em árvores altas, sem temer qualquer perigo. Não se preocupa nas

conseqüências que pode acontecer com seu comportamento impulsivo.

(BENCZIK, 2008)

A falta de atenção atrapalha muito o desenvolvimento cognitivo da

criança. Geralmente não presta atenção em pequenos detalhes, como por

exemplo na escola, não copia frases completas do quadro, não finaliza as

atividades, esquece de pontuar as frases, não coloca pingo no I e não faz o

traço do t. Ao realizar as contas, faz adição no lugar de subtração, isso não

quer dizer que não saiba fazer, pelo contrario, não prestou atenção no sinal.

Apresenta atividades desordenadas no caderno, escreve do fim para o inicio do

mesmo, escreve o conteúdo de Ciências no caderno de Matemática e ainda

possui caderno sem capa e com muitas orelhas. Foge do controle dos pais, a

quantidade de material que já foi recolocado na mochila dessa criança,

frequentemente perde lápis, borracha, caderno, etc. Sua mochila é uma

verdadeira bagunça, nunca encontra o que procura. (BENCZIK, 2008)

A criança desatenta evita participar de atividades que requer esforço

mental, ou seja, que exija atenção, organização e concentração, como leitura,

jogos de tabuleiro (dama e xadrez), pois não consegue manter a atenção até o

fim da atividade. Geralmente essas crianças, parecem está com a mente em

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outro lugar, ou de não escutar o que acabou de ser falado. Dá a impressão de

está desconectado do mundo e depois de alguns instantes retorna, e sempre

pergunta a mesma coisa; “o quê? ” ou “o que é pra fazer mesmo? ”.

Dificilmente consegue terminar as tarefas de sala de aula, pois alega que não

tem tempo suficiente, diz que o colega está conversando muito e atrapalhou a

realização da mesma. Tais crianças distraem-se com muita facilidade com

estímulos sem importância, interrompem as atividades que estão realizando

para prestar atenção em barulhos em outros locais ou até em conversas

alheias, coisas que são facilmente ignoradas por outras crianças. (BENCZIK,

2008)

O comportamento (...) pode passar despercebido

(...), mas quando ela ingressa na escola, mesmo os

casos mais leves tendem a se tornar mais evidentes

(...). Além do fato de se exigir mais atenção e da

necessidade de ficar parado em um mesmo local por

mais tempo.

(SCAHILL E SCHWAB-STONE apud CARVALHO,

2003, p.11)

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CAPITULO II

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

A Psicopedagogia é uma área de atuação ampla, esse profissional pode

atuar na clínica juntamente com uma equipe multidisciplinar entre eles

psicólogo, neuropediatra e fonodiólogo, trabalhando em consultórios atendendo

crianças com vários níveis de dificuldades de aprendizagem. Na parte

institucional, o psicopedagogo trabalha junto com a equipe pedagogia;

diretores, coordenadores e professores. (BOSSA, 2011). Segundo essa mesma

autora:

“Cabe ainda, ao psicopedagogo assessorar a escola,

alertando – a para o papel que lhe compete, seja

reestruturando a atuação da própria instituição junto a

alunos e professores, seja ainda redimensionando o

processo da aquisição e incorporação do conhecimento

dentro do espaço escolar, seja encaminhando alunos

para outros profissionais”. (2011, p.105)

Como assessor o psicopedagogo promove:

1- O levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e

suas relações com a aprendizagem;

2- O apoio psicopedagógico a todos os trabalhos realizados no espaço

da escola;

3- A ressignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das

relações que o sujeito estabelece entre o objeto de conhecimento e

suas possibilidades de conhecer, observar e refletir a partir das

informações que já possui;

4- A prevenção dos fracassos na aprendizagem e a melhoria da

qualidade do desempenho escolar.

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O psicopedagogo é um profissional que possui extrema importância na

intervenção do trabalho com uma criança com TDAH. Ele é o responsável por

fazer essa mediação, criando inúmeras estratégias de trabalho para tentar

suprir as lacunas ainda existentes na criança que sofre com o Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade. (CARVALHO, 2003)

Na avaliação de criança com TDAH, o psicopedagogo tem um papel

importantíssimo, pois o mesmo precisa trabalhar em prol da adequação da

criança para melhorar seu rendimento escolar, e também possibilitando e

ajustando da melhor forma o entrosamento dessa criança com a equipe

pedagógica e com os demais alunos da instituição. (CARVALHO, 2003)

De acordo com Carvalho (2003), para iniciar a avaliação do portador de

TDAH, o Psicopedagogo precisar iniciar o contato com os pais ou responsáveis

da mesma, para a realização de Anamnese, pesquisa e conclusão da história

escolar, entretanto, bem como todos os dados colhidos anteriormente. Esse

profissional precisa ser firme em sua observação, portanto não pode ter receio

em fazer uma pesquisa minuciosa para obter um melhor resultado, sendo

assim, precisa observar alguns itens:

• Habilidades metalinguísticas:

- Consciência fonológica

- Evocação de palavras e influencia verbal

• Leitura;

- Conhecimento do alfabeto e evocação do som das letras.

- Uso da via fonológica ou lexical do conhecimento das palavras.

- Leitura de palavras e pseudopalavras.

- Leitura de frases.

- Leitura de textos (Silenciosa e oral).

- Compreensão de leitura.

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• Escrita;

- Ortografia.

- Produção textual.

- Aspectos gráficos.

• Matemática;

- Cálculos

- Solução de problemas.

- Nível de pensamento.

• Outras habilidades;

- Noções espaciotemporais.

- Lateralidade.

- Memória.

Tendo em vista os itens observado o Psicopedagogo precisa promover

uma interação entre o aluno, professor, professor e pais, fazendo com que a

família participe cada vez mais da vida acadêmica do seu filho, tendo

conhecimento de tudo que está relacionado à aprendizagem na sala de aula.

Mostrar a importância que a família tem diante a vida escolar da criança, o que

os pais precisam fazer e saber com relação às dificuldades da criança com

TDAH.

Os problemas mais relevantes que surgem em sala de aula, é a não

realização das tarefas, principalmente as de casa, com isso, a criança tende a

ficar com defasagem nos conteúdos, e também atrasado em relação á turma

que está inserida, prejudicando seu processo de aprendizagem. A criança

portadora do TDAH não consegue realizar suas tarefas em equivalência

temporal as outras crianças de sua faixa etária, com tudo, suas habilidades

geralmente não apresentam desenvolvimento favorável ao esperado. É nesse

momento, que o psicopedagogo precisa tomar a frente dessa situação e intervir

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com algumas estratégias para melhorar o desempenho do mesmo. (FREITAS,

2014)

Seguem algumas orientações que, em casos como estes podem auxiliar

o desempenho favorável da compreensão segundo ROTTA, OHLWEILER e

RIESGO apud FREITAS, 2014.

1- Realização da leitura em voz alta;

2- Ilustração de histórias lidas;

3- Levantar aspectos importantes do texto que será lido auxiliando a

seleção de informações importantes;

4- Discutir o assunto antes da leitura, levantar conhecimentos prévios ou

hipóteses sobre o assunto;

5- Discutir depois da leitura, enfatizando o que foi relevante no texto;

6- Utilizar gravadores. Podem ser usados tanto para a sua leitura como

para a leitura dos colegas;

7- Estimular o uso de livros diversificados abordando o assunto de formas

variadas. A criança de forma geral, e principalmente a criança com

TDAH, é bastante motivada por meio das novidades.

• Escrita

A escrita é uma aquisição muito conflituosa na visão cognitiva. Sendo

um sistema simbólico que exige uma relação diversificada, tendo

como principal foco a relação entre grafema e fonema.

Segundo Zorzi (2007, p.13), “é possível listar alguns

aspectos que são relevantes para a construção da linguagem

escrita, os chamados “pré-requisitos” para a alfabetização, os

mais citados são; habilidades motoras finas, coordenação

motora e visual bem estabelecida, noções espaciais, noções de

lateralidade, descriminação e memória visual e auditiva, noções

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temporais, atenção, interesse e assim por diante, geralmente

denominadas “funções básicas” ou “funções

neuropsicomotoras”.

A criança precisa visualizar a figura e compreender o que ela deseja

escrever, em seguida construir a palavra minuciosamente com seus fonemas.

• Grafia

As crianças podem apresentar um distúrbio de integração visual. Isso

ocorre por não conseguirem transmitir as informações visuais ao sistema

motor, contribuindo para a desorganização do seu trabalho escrito. Para essas

crianças, o traçado da letra é lento e muitas, vezes estressantes. Esse

transtorno é conhecido como disgrafia e pode ser minimizado por meio de

algumas orientações (CHAMAT apud FREITAS 2014).

1. Permitir o uso do computador na sala de aula. Sabe-se que hoje

muitos livros didáticos são oferecidos em um recurso multimídia,

facilitando a aprendizagem, tornando-a mais dinâmica;

2. Auxiliar a elaboração de recursos, esquemas e mapas mentais;

3. Não cobrar cópias extensas e permitir o uso do gravador durante

as explicações.

• Ortografia

Na disortografia é comum encontrar alguns sintomas como; trocas,

inversões e omissões. O que vem a diferenciar esses sintomas a erros comuns

é que a correspondência ou não de valor sonoro pode ocorrer. As principais

causas se remetem por meio da fixação do símbolo de correspondente valor

sonoro que ocorre ou não de forma facultativa. No entanto, cabe ao professor

ensinar por meio de atividades de fixação:

1- Permitir o uso do computador; pois essa ferramenta assinala

automaticamente os erros cometidos, auxiliando a identificação e

a correção;

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2- Incentivar o uso do dicionário e a criação de um dicionário

particular;

3- Evitar correções de erros quando a atividade não se referir á

Língua Portuguesa;

4- Evitar o uso de canetas vermelhas poluindo as atividades com

correções. Estas, além de gerarem um sentimento de

incompetência, não contribuem para a melhora da ortografia;

5- Valorizar a escrita e explicitar seus ganhos e suas expectativas

quando das aquisições futuras.

Essas são algumas orientações que, segundo ROTTA, OHLWEILER e

RIESGO apud FREITAS, 2014, podem contribuir bastante para o

desenvolvimento ortográfico de uma criança com TDAH.

• Produção texto

Geralmente é muito comum as crianças terem dificuldades para escrever

textos, isso se agrava principalmente as crianças com TDAH. Incentivar a

escrever pequenos textos espontâneos pode ser um recurso inicial. No entanto,

para que isso ocorra é necessário seguir alguns critérios como atenção,

planejamento e capacidade de execução. Competências essas que são

altamente afetadas pelo transtorno. Segundo ROTTA, OHLWEILER e RIESGO

apud FREITAS 2014, alguns procedimentos poderão favorecer a construção

destas competências:

1- Realizar atividades que foquem a organização estrutural de cada

gênero;

2- Traçar passos para se organizar o material escrito;

3- Incentivar a releitura do material e a conseqüente revisão das

produções;

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4- Ter claro que revisar não é corrigir ortografia e sim melhorar a

produção, deixando o texto atrativo para o leitor. Tratar a

produção como algo social dando função a atividade.

• Matemática

A discalculia é um dos distúrbios que podem estar ligados ao TDAH.

O mesmo é caracterizado pela dificuldade ou incapacidade de

resolver situações problema onde prevalece a desordem em

situações em que os cálculos são necessários.

Segundo ROTTA, OHLWEILER e RIESGO apud FREITAS, 2014,

seguem algumas orientações que podem ser seguidas:

1- Solicitar que sejam grifados os passos ou o que é desejado na

atividade;

2- Oferecer uma folha de papel para que possa realizar os

cálculos. O trabalho mental deve ser estimulado em algumas

situações, mas nunca nas avaliações;

3- Iniciar os assuntos rememorando conteúdos necessários a

nova aquisição que será apresentada em segunda;

4- Oferecer material concreto que deve ser proporcionado

principalmente até o final do primeiro ciclo de Ensino

fundamental;

5- Incentivar a revisão das atividades e das avaliações.

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CAPITULO III

FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E SUA

CAPACITAÇÃO PARA ATUAR COM CRIANÇAS COM

TDAH

No Brasil a formação do professor se deu a partir de um modelo que

teve origem na Europa. O seu inicio ocorreu através do “Ratio Studionrum”

(Plano de Estudos dos jesuítas), passando pelo iluminismo italiano, em seguida

pelo método de Lancaster e Bell e depois com as influencias do Positivismo e

do Neoliberalismo. (VIEIRA, 2008)

Conforme assinala Nóvoa (1998) apud Mendonça e Ramos (2007, p.22),

importa não perder nunca de vista o modelo escolar moderno e seu

prolongamento pela escola de massas são fenômenos que tiveram sua origem

na Europa: a sua difusão a nível mundial.

Os Jesuítas tiveram grandes influencias nesse processo de formação,

entre os anos de 1549 até 1759. Eles ensinavam as crianças indígenas a

palavra de Cristo de forma oral. No entanto, era necessário formar novos

pregadores da palavra, esses pregadores participavam de seminários, e

quando os mesmos se encontravam preparados, eles começavam a educar os

homens. Segundo Cavalcanti, “para progredir, a Companhia precisava recrutar

novos membros. Ela os queria inteligentes, instruídos, a par das idéias e das

doutrinas, capaz de debater publicamente em qualquer tempo, lugar e situação,

com interlocutores diversos”. ( 2013, p.15)

De acordo com Lei Áurea da Educação elementar, em 15 de outubro de

1827, estabeleceu os primeiros exames para mestres e mestras. Esses

exames aconteciam em praça publica e os candidatos aprovados deveriam

pagar parte do seu salário ao governo para conquistar sua legal nomeação.

Alguns exemplos de artigos do Decreto Lei 15 de outubro de 1827:

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Art.6° Os professores ensinarão a ler, escrever, as

quatros operações de aritmética, praticas de quadrados,

decimais e proporções, as noções mais gerais da

geometria prática, a gramática da língua nacional, e os

princípios de moral cristã e da doutrina da moral católica

e apostólica para as leituras a Constituição do Império e a

Historia do Brasil.

Art.7°Os que pretenderem ser aprovados nas cadeiras

serão examinados publicamente perante os Presidentes

em conselho; e estes proverão o que for julgado o mais

digno e darão parte ao Governo para sua legal

nomeação.

Art.12° As mestras, alem do Art. 6°, com exclusão das

noções de geometria e limitado a instrução de aritmética

só as suas quatro operações, ensinaram também as

prendas que serve á economia doméstica; e serão

nomeadas pelos Presidentes em Conselho, aquelas

mulheres, que sendo brasileiras e conhecidas de

honestidade, se mostrem com mais conhecimentos nos

exames feitos na forma do Art.7°.

Art.13° As mestras vencerão os mesmos ordenados e

gratificações concedidas aos mestres.

No século XIX surgiram novas influencias dos Europeus com o método

intuitivo, um manual de práticas pedagógicas, com exigências que os

professores deveriam seguir.

Diante de muitas dificuldades encontradas no campo da Educação, uma

delas foi a precária formação dos professores no pais. Para minimizar essas

lacunas na questão educacional, as primeiras Escolas Normais foram fundadas

no Período da Regência (1831 -1840) e nas primeiras décadas do Segundo

Reinado. “Até a década de 1860, perfaziam um total de seis escolas em todo o

país, localizadas nos centros mais populosos das regiões Norte, Nordeste e

Sudeste”. (XAVIER, 1994, p.84)

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O Positivismo se fez presente através da Reforma de Beijamin Costant

(1890) e na de Rivadavia Correia (1891), influenciando na formação dos

professores. (VIEIRA, 2008)

Após a Segunda Guerra Mundial, a formação dos Professores se

desenvolveu através dos ideários iluministas. Nesse mesmo período o governo

brasileiro começou a pensar como deveria ser sua própria educação e

fundamentar a política para a formação dos professores. (VIEIRA, 2008)

No ano de 1932 o processo de formação de professores foi influenciado

pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação, dando suporte com o Ideário da

escolanovista. Entre os objetivos em disputa, incluía-se a formação para o

magistério. Também é relevante atentar para a coincidência de propostas entre

a carta-monumento e a lei anisiana: ambas previam a elevação da formação

docente a nível superior, o que, para o Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova, deveria revesti-se de caráter universitário. (VIDAL, 2013)

A Constituição de 1934 revela a presença do Ministério da Educação

(MEC), criado em 1930, o mesmo almejava regulamentar, organizar e gerir a

Educação Nacional.

Surgem em 1964 com o Golpe Militar, as exigências para adequação

para o campo da Educação. Segundo Cunha, foi durante esse período que

tomou forma a doutrina da reforma universitária brasileira, expressa em dois

decretos-leis e na lei 5.540, de novembro de 1968. O anteprojeto dessa lei foi

elaborado pelo um grupo de trabalho do qual fizeram parte os membros do

Conselho Federal de Educação e professores universitários, todos versados no

idealismo alemão. (MENDONÇA 2007)

A formação de professor em nível superior surgiu com a Lei 5.692/71,

com licenciatura curta de três anos e licenciatura plena de quatro anos. Já para

o curso de Pedagogia, era exigido a formação de professor para habilitação

especifica de magistério.

A intensificação da formação do professor no Brasil se deu na década de

80. Quando os educadores criaram um movimento de formação, onde os

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mesmos produziram e evidenciaram concepções avançadas para a formação

do educador, destacando a necessidade de um profissional qualificado, com

pleno domino e compreensão da realidade educacional, com desenvolvimento

da consciência critica, que leve a refletir, interferir e transformar o ambiente

escolar. (FREITAS, 2002)

De acordo com as informações do Ministério da Educação (2015), esse

órgão vem mostrando a influencia do Fundef e do Fundeb na valorização do

profissional da educação:

“Ainda em 1996, o Ministério da Educação criou o Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef), para

atender o Ensino Fundamental. Os recursos para o

Fundef vinham das receitas dos impostos e das

transferências dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios vinculados à educação”.

“O Fundef vigorou até 2006, quando foi

substituído pelo Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos profissionais da Educação (Fundeb). Agora, toda a

educação básica, da creche ao ensino médio, passa a

ser beneficiada com recursos federais. Um compromisso

da União com a educação básica, que se estenderá até

2020”.

A Lei de Diretrizes e Base 9394/96 que também é desse período, nos

traz um artigo com relação á formação do docente:

Art.62. A formação de docentes para atuar na

educação básica far-se-á em nível superior, em curso de

licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação, admitida, como

formação mínima para o exercício do magistério na

educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

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fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade

Normal. (Regulamento)

§ 1° A União, o Distrito Federal, os Estados e os

Municípios, em regime de colaboração, deverão

promover a formação inicial, a continuada e a

capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído

pela Lei n°12.056, de 2009)

§ 2° A formação continuada e a capacitação dos

profissionais de magistério poderão utilizar recursos e

tecnologias de educação á distância. (Incluído pela Lei

n°12.056, de 2009)

Entre os anos de 1996 até 2006, aconteceu o Advento dos Institutos

Superiores de Educação e das Escolas Normais. De acordo com a LDB de

2013, estabelece como nova alternativa para os Cursos de Pedagogia e

Licenciatura os Institutos Superiores de Educação e as Escolas Normais

Superiores. No entanto, para a LDB, esses institutos são vistos como de

segunda categoria, sendo considerado um ensino menos qualificação em

comparação ao Curso de Pedagogia. (Saviani, 2008)

Mesmo diante de todas as exigências da LDB para a qualificação do

profissional que atua na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino

Fundamental, ainda encontramos muitos profissionais graduados, porém

existindo uma grande lacuna de dificuldades em sua formação, para atuar com

crianças portadoras de necessidades especiais.

“Permanece na escola um vazio [...] A Pedagogia, no âmbito do

processo de ensino-aprendizagem, não tem contemplado as

diferentes situações advindas da própria escola, como por

exemplo o desempenho do professor, os conteúdos de ensino e

o processo afetivo- cognitivo, apenas justapondo informações

sem conseguir articulá-las”. (Bossa, 2011, p. 108)

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Por isso, surge a grande necessidade de um novo profissional em

aprendizagem com a formação de Psicopedagogo, sendo obrigatória a partir de

um curso de pós-graduação, o mesmo capaz de desempenhar um trabalho

específico na demanda que exige a ação educativa. Segundo dados do Censo

Escolar 2013, apenas 30% dos professores da Educação Básica possuem Pós-

Graduação na sua área de atuação. A deficiência na formação inicial dos

docentes é um dos grandes entraves na melhoria da qualidade da educação.

Nesse sentido, a formação continuada representa um grande aliado, na medida

que possibilita que o professor supra lacunas na sua formação inicial ao

mesmo tempo em que se mantém em constante aperfeiçoamento em sua

atividade profissional. (Fonte: Plano Nacional da Educação)

O professor é um dos primeiros profissionais a perceber os sintomas do

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em uma criança. No entanto,

jamais pode afirmar para os pais tal descoberta em seu filho. Pois, quando a

escola toma essa iniciativa de diagnosticar o aluno, gera um desequilíbrio na

base familiar, o que normalmente compromete o encaminhamento. Dessa

forma cabe ao professor juntamente com a equipe pedagógica da escola

encaminhar primeiramente a criança para o Fonoaudiólogo. (FREITAS, 2014)

Por falta de informação e formação profissional dos professores, é

comum encontrar nas escolas, docentes confundindo falta de limites com

hiperatividades, pois os sintomas característicos dos dois podem ter

semelhanças. O que acaba por confundir ainda mais é fazer o “pré-

diagnóstico” da criança. Habitualmente professores realizam um diagnóstico

prévio da criança, sem ao menos ter conhecimento Cientifico do que se dá

sobre a especificidade da hiperatividade. (FREITAS, 2014)

O professor é o responsável por organizar material adequado, planejar

aulas e atividades adequadas para as necessidades de cada aluno. Cabendo a

ele sempre se atualizar sobre o assunto e sobre o desenvolvimento e do

tratamento do aluno, conversando com os responsáveis e informando seu

desempenho escolar. (FREITAS, 2014)

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Atualmente os professores recebem muitos alunos com suas

necessidades especiais, no entanto, pela falta de formação profissional, o

mesmo não consegue realizar um bom trabalho com essas crianças, dessa

forma acabam deixando-as no canto da sala, apenas somando mais um

número. E essa criança por sua vez, por ser hiperativa, agita muito, não

aprende e ainda “atrapalha” o desempenho cognitivo da turma como um todo.

Portanto, o professor tem a grande missão de entender e compreender as

necessidades dos seus alunos. De acordo com FREITAS (2014):

“Para atender ás diversas demandas, contribuindo

também ao sucesso acadêmico de crianças que

necessitam de abordagens diferenciadas, o educador

deverá dominar não só os conteúdos inerentes á faixa

etária escolar a qual leciona, mas também deter

estratégias que visem aos comportamentos que

favoreçam o desenvolvimento de toda a turma”. ( p.151).

Portanto, esse profissional, precisa se atualizar na área buscando um curso de

especialização, podendo ser a Psicopedagogia, onde o objeto de estudo é o

sujeito e sua interação com o meio físico e social.

Para Bossa, “a Psicopedagogia trabalha com uma

concepção de aprendizagem segundo a qual participa

desse processo um equipamento biológico com

disposições afetivas e intelectuais que interferem na

forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas

disposições influenciam e são influenciadas pelas

condições socioculturais do sujeito e do seu meio”. (2011,

p.34)

De acordo com o artigo 3 da LDB 9394/96, “ a igualdade de condições

para o acesso e permanência na escola”. No entanto, esse artigo remete

também a ter um “olhar” minucioso e questionador no que se refere ao trabalho

dos profissionais que atuam na educação, enfatizando os recursos materiais e

incentivos ao trabalho docente, destacando o salário digno, formação

adequada nas universidades e um ambiente propício ao desenvolvimento de

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um compromisso com o ensino- aprendizagem. Ainda ressaltando esse artigo,

é imprescindível destacar que todos os alunos, independente de suas

necessidades, tenham direito e igualdade para permanecer na instituição e

receber um ensino de qualidade que atenda suas necessidades especiais.

Alem da formação adequada para lidar com o TDAH, o professor

necessita de uma busca continua pela formação continuada, pois é preciso

almejar novos conhecimentos, saber mais sobre o transtorno, como lidar e

como ajudar esses alunos, e ainda mostrar sua grande dedicação pelo ensino

aprendizagem.

“Segundo Perrenoud, a formação continua visava- e

sempre visa – atenuar a defasagem entre o que os

professores aprenderam durante sua formação inicial e o

que foi acrescentado a isso a partir da evolução dos

saberes acadêmicos e dos programas, da pesquisa

didática e, de forma mais ampla, das ciências da

educação” (2002, p.21)

Nos últimos anos a valorização do docente está relacionada de acordo

com sua formação. No entanto, não basta o profissional ter apenas uma boa

graduação e pós-graduação, é essencial que ele continue estudando sempre.

Pois, o mundo está em constante modificação, a cada dia surge algo novo.

Portanto, o docente necessita de estar aprendendo e se atualizando

constantemente, para atender a grande demanda das necessidades dos seus

alunos.

O professor precisa de uma formação qualificada onde ele seja capaz de

atender os desafios que surgem todos os dias no ambiente escolar.

A formação, inicial e continua, embora não seja o único

vetor de profissionalização progressiva do oficio de

professor, continua sendo um dos propulsores que

permitem elevar o nível de competência dos profissionais.

Além de aumentar seus saberes e seu savoir-faire, ela

também pode transformar sua identidade, sua relação

como saber, com a aprendizagem, com os programas;

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sua visão da cooperação e autoridade, seu senso ético

[...] (PERRENOUD, 2002, p.12)

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CAPITULO IV

ENTENDER O UNIVERSO DA CRIANÇA COM TDAH E

SUAS DIFICULDADES NO AMBIENTE ESCOLAR

Para um ser tão inocente, uma criança tão pequena, um portador do

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, viver rodeada em um mundo

tão abrangente de diversidades culturais e raciais, é muito diferente e

complicado ao mesmo tempo, construir a socialização da criança nesse meio.

A criança hiperativa tem uma grande dificuldade em realizar todas as

exigências que o mundo exterior demanda. O que remete para a criança como

um impacto negativo a sua vida, já que muita das vezes por ser “diferente”,

acaba sendo excluída pelos colegas, pais e até professores. A maior frustração

da criança hiperativa não é ela não conseguir se concentrar em alguma coisa,

mais sim, ela sente a necessidade de participar de tudo o que acontece ao seu

redor. Por tanto, uma das grandes características da hiperatividade é a

agitação; na necessidade de prestar atenção em todas as coisas, ela acaba

ficando sobrecarregada de muitas informações, que não consegue ter a

mesma atenção que as outras crianças, por outro lado, possui uma visão mais

ampla do que assimilação das ações a realizar, sendo assim, destaca a

característica de desatenção. (FREITAS, 2014)

“A impulsividade dessa criança pode levá-la no

desempenho desejável para a delicada tarefa de interagir

socialmente. Em alguns momentos, pode atropelar a

atividade do grupinho com interrupções ou gestos

bruscos, querem dominar as brincadeiras e impor regras,

e insistir indelicadamente na continuidade da brincadeira,

sem se dar conta de que os coleguinhas já estão

cansados”. (SILVA, 2010, p.56)

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A vida da criança portadora de TDAH não é muito agradável, a todo

momento tem alguém reclamando da sua agitação, dos problemas causados

por ela e da sua falta de atenção a realizar as tarefas de casa e também da

escola. Essa criança está sempre em evidencia e sendo tachado de autor de

todos os conflitos. (PHELAN, 2005)

Reflexão: “A imperfeição tem sua beleza e seus mistérios”. (PERES,

2014, p.31)

4.1 - A Rotina de uma criança com TDAH

O comportamento de uma criança com TDAH não é relativo á sua idade,

ou seja, o portador de TDAH tem um comportamento infantilizado que não está

de acordo com sua idade real. Essa criança mexe-se muito durante o sono e

quando está acordado move-se constantemente como se estivesse ligado a um

motor elétrico. Geralmente apresenta atraso na fala, trocando as letras por um

período mais longo que o considerável normal, encontra dificuldade para

internalizar as idéias, e selecionar as informações irrelevantes a favor da

relevância do assunto tratado. No momento de concentrar- se ou receber uma

explicação, não estabelece uma linha de fixação a maior parte da memória,

não sendo capaz de reproduzir na imaginação tudo o que foi transmitido para

seu conhecimento. Sendo assim, todas as informações estão armazenadas na

sua cabeça. Em casa, esses sintomas nem sempre são determinantes para

definir um quadro de TDAH. No entanto, na escola, eles são peças

fundamentais para chegar a definir o quadro. (Cunha, 2012)

A interação e o relacionamento de uma criança com TDAH é muito

conflituosa, gerando brigas constates, pois o mesmo não sabe controlar suas

reações e emoções, reagindo por impulso. Essas dificuldades de

relacionamentos ocorrem devido ás características especificas ou pelo tipo de

exigências que a própria escola atribui. De acordo com Cunha, “os

relacionamentos com os outros e os trabalhos escolares exigem reflexão,

planejamento, estratégia, estabelecimento de objetivos e, por tudo isso, uma

complexa gestão de tempo. Estas são competências que estas crianças são

incapazes de exibir quando as circunstancias as exigem.” (2012, p.37)

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“A criança com TDA sofre de um caso grave de “baixa

tolerância à frustração”. Tudo isso é um grande problema

para ela, por ser extremamente competitiva, muitas das

vezes tenta modificar ou criar regras que atendam a seu

objetivo de vencer a todo custo. “ (PHELAN,2005, p.40)

4.2 - O portador de TDAH na escola

A criança portadora de TDAH necessita de uma atenção e

acompanhamento especial no ambiente escolar, não podendo passar

despercebido pelos colegas e professores, pois o hiperativo não consegue

impedir o avanço dos seus instintos, perturbando a vida dos colegas e

atrapalhando o desenvolvimento da rotina da sala de aula. Segundo Cunha, ” é

preciso aplicar uma ação didática pedagógica direcionada para este aluno,

visando estimular sua auto-estima, levando em conta sua falta de

concentração, criando atividades diversificadas como jogos, atividades lúdicas

e pedagógicas para que haja harmonia dentro da sala de aula. ” (2012, p.13-

14)

De acordo com GILDA RIZZO apud CUNHA:

“Proporcionar atividades variadas que ocupem a criança

o maior período de tempo possível, dando a ela a

liberdade de escolha e de movimentos, pode auxiliar a

ela uma melhor conduta no trato com o hiperativo.

Somente o trabalho livre e diversificado pode favorecer

esse tipo de criança que também se mostra satisfeita na

obrigação de realizar tarefas auxiliando o professor. ”

(2012, p.36)

A criança com esse transtorno acha o ambiente escolar o local mais

chato do mundo, essa é uma palavra muito usada pelo portador de TDAH para

descrever a escola. No entanto, a escola exige que essa criança permaneça

sentada durante horas e que esteja prestando atenção e participando de todas

as atividades. (PHELAN, 2005).

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Para Silvia (2010) é também nesse ambiente que surgem as primeiras

dificuldades da criança. Na escola, ela precisa atender as solicitações e

cumprir a rotina. Recebe recompensa ou punição pela sua atuação e seu

desempenho nas atividades, e no relacionamento com os colegas.

Por falta de atenção e concentração nas atividades, uma das estratégias

bastante utilizadas é a repetição, pois é um condicionamento que pode ser uma

poderosa e positiva ferramenta educacional. Reuven Feuerstein apud Peres

(2014), afirma que o rendimento baixo na escolaridade é produto do uso

ineficaz daquelas funções que são os pré-requisitos para um funcionamento

cognitivo adequado, conjuntos de ações internalizadas, organizadas e

coordenadas, pelas quais se elabora a informação precedente das fontes

internas e externas de estimulação.

Visando o melhor desenvolvimento e interação de uma criança com

TDAH no ambiente escolar, Gladys Troconis apud Peres (2014) sugere as

seguintes estratégias:

• Não permita jamais que os outros alunos zombem de um aluno com

TDAH.

• Nunca castigue um aluno com TDAH deixando-o sem recreio.

• Insista em que as crianças tomem algo no meio da manhã, evitando

açúcar, chocolate e corantes.

• Os professores devem ser muito cuidadosos com o que dizem ao

aluno diante de situações onde o aluno se comportou muito mal.

• Ajude os alunos a se auto-observarem melhor.

• Repita a pergunta e motive-os para que respondam.

• O colégio ideal seria aquele em que tem poucos alunos na sala de

aula (12 a 15 crianças no máximo)

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4.3 - O comportamento

O comportamento de uma criança com TDAH é muito conturbado, pois

apresenta dificuldades de se organizar, seguir rotinas, focar em um único

objetivo, se distrai com muita facilidade e age como se estivesse no mundo da

lua, parece não está presente no ambiente, apenas com o corpo presente.

Portanto, o portador de TDAH, muitas das vezes não consegue concluir seus

deveres de casa, freqüentemente perdem brinquedos e materiais escolares.

Dessa forma vele ressaltar que é dever dos pais e professores, contribuir para

que essa criança consiga se organizar na sua rotina, e assim, alcançar o

sucesso acadêmico. (TEIXEIRA, 2014)

A criança mostra-se inquieta movimentando constantemente mãos e

pés, não conseguindo permanecer sentada por muito tempo na cadeira da sala

de aula ou em um almoço de família, também não foca a atenção na atividade

até o fim, fala excessivamente e geralmente não brinca em silencio, sempre

fazendo algum som com a boca ou batendo em algo. (TEIXEIRA, 2014)

O portador de TDAH apresenta algumas características

comportamentais, emocionais e cognitivas, mas no âmbito didático, esses

aspectos serão avaliados separadamente. (GONZÁLEZ, 2007)

A criança hiperativa e com falta de atenção, demonstra algumas

manifestações comportamentais e também manifestações do tipo cognitivo.

Segundo González (2007), é possível destacar algumas manifestações

comportamentais mais comuns. Essas manifestações de desatenção têm

origem a partir de um déficit cognitivo e não apenas da falta de motivação para

realizar as atividades.

• Não terminam as tarefas que começam.

• Cometem muitos erros.

• Não se concentra nos jogos.

• Muitas vezes parecem não escutar quando se fala diretamente com

elas.

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• Tem dificuldades para se organizar.

• Evitam as tarefas que exigem esforços.

• Com muita freqüência perde coisas de que precisam (por exemplo

brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros e roupas).

• Distraem-se com qualquer coisa.

• São muito descuidados nas atividades.

A conduta impulsiva está relacionada a falta de controle emocional e

motor, onde leva a criança hiperativa a agir sem ponderar as conseqüências de

suas ações, sendo impulsionada por um desejo de satisfação imediata e sendo

influenciado meramente por sua baixa tolerância a frustração. González (2007),

ressalta as manifestações mais comuns da conduta impulsiva:

• Precipitam-se em responder antes que se tenham completado as

perguntas.

• Têm dificuldade para esperar a vez.

• Costumam interromper ou interferir nas atividades de outros (por

exemplo, intrometem-se em conversas ou brincadeiras).

4.4- A organização

A organização de estudo é muito importante para estabelecer uma rotina

na vida da criança com TDAH. Segundo Teixeira (2013), “a organização do

estudo baseia-se no planejamento desse momento de aprimoramento e

assimilação dos conteúdos ensinados em sala de aula. ” Nesse momento do

dia que a criança dedica realizar os deveres de casa e também revisar o que

foi ensinado na escola.

“A criança hiperativa se caracteriza por uma desorganização pessoal

interna e externa, que faz com que seja mais difícil se comportar de uma forma

autônoma”. (GONZÁLEZ, 2007, p. 298)

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De acordo com Teixeira (2013), é importante listar alguns passos que as

crianças devem seguir para sua rotina de estudo em casa:

1° Horário de estudo

O horário fixo de estudo é muito importante para o estabelecimento de

rotinas e para facilitar a organização do aluno.

2° Local de estudo

Um local de estudo fixo, para facilitar o estabelecimento de uma rotina,

será necessário.

3° Qualidade do estudo

A qualidade do estudo é muito importante. Não adianta passar horas na

frente dos livros pensando no futebol ou no jogo do Playstation III. Saber

aproveitar o tempo destinado ao estudo de casa será muito importante.

O professor é peça fundamental na rotina e no desenvolvimento da

criança. No entanto, Teixeira (2014) dar algumas dicas que os professores

devem seguir para um melhor desempenho dessas crianças:

• Crie agenda escola- casa (comunicação entre pais e professores)

• Faça o aluno se sentar na frente da sala de aula, longe de janelas e

próximo do professor.

• Agende disciplinas mais difíceis no início das aulas (enquanto os

alunos estão mais descansados e atentos).

• Estipule pequenas pausas regulares a cada quarenta minutos de

aula.

• Ordens devem ser dadas de maneira objetiva e breve para facilitar o

entendimento do aluno.

• Ensine técnicas de organização e estudo.

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• Permita tempo extra para que esse aluno possa responder com

atenção as perguntas.

• Estimule e reforce positivamente atividades assertivas através de

elogios.

• Questione o aluno sobre duvidas em sala de aula.

• Convide o aluno a apagar o quadro–negro, para reduzir a

inquietação.

O portador de TDAH geralmente tem uma baixa autoestima, pois á todo

momento recebe reclamações e criticas, dessa forma pode se tornar

desestimulado a freqüentar a escola. No entanto, é importante elogiar e

estimular seu reforço, para que o mesmo se sinta valorizado e sucessivamente

sua autoestima será protegida. (TEIXEIRA, 2013)

Algumas estratégias para atrair a atenção do aluno em sala de aula,

segundo Teixeira (2013)

• Acender e apagar as luzes da sala de aula.

• Diga frases do tipo: “Atenção, todo mundo! “, “Vamos lá, turma! ”

• Bata palmas.

• Utilize giz ou marcadores coloridos no quadro.

• Faça contato visual durante todo o tempo com os alunos,

especialmente com os mais desatentos.

• Utilize recursos multimídia, como computadores, retroprojetores,

vídeos, musicas e internet.

“É muito importante pensar que o ambiente estruturado trará ganhos não

só para a criança com TDAH, mas também para todo o grupo”. (ROTTA,

OHLWEIILER e RIESGO apud FREITAS, 2014)

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De acordo com González (2007), o desenvolvimento socioemocional da

criança hiperativa, revela que ela apresenta ser mais imatura que seus colegas

da mesma idade, caracterizando por:

1- Baixa tolerância à frustração.

2- Baixa auto-estima ou auto-estima aparentemente exagerada que

se agrava com a chegada da adolescência.

3- Maior índice de sentimentos depressivos.

4- Defasagem entre a capacidade intelectual e emocional: a

imaturidade.

5- Grande dependência da aprovação dos adultos.

6- Necessidade de chamar atenção.

7- Dificuldade nas relações sociais.

4.5 – A intervenção no contexto familiar

A chegada de uma criança portadora de TDAH no ambiente familiar gera

uma mudança muito significativa e conturbada para a familiar. Essa família

passa a conviver com conflitos constantes, nas quais outras famílias não têm

de lidar. O ambiente é barulhento, tenso e com muitas confusões, esses

conflitos propiciam competições intermináveis entre os irmãos, a relação dos

pais são abaladas, normalmente gerando até divórcio. O momento das

refeições nem sempre são agradáveis e muito menos os passeios em família,

pois os conflitos tornam a acontecer. (PHELAN, 2005)

A participação e interação dos pais na recuperação e no tratamento da

criança com TDAH é indispensável. Pois são eles que representam a

segurança e a estrutura que a criança necessita. Nesse momento, a família

precisa realmente abraçar a situação, acolhendo e apoiando a criança, para

que a mesma se sinta acolhida e segura para seguir com o tratamento e

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acompanhamento dos especialistas. A criança precisa que sua família esteja

integrada em um ambiente estruturado, organizado, sereno, afetivo e acima de

tudo acolhedor, esses aspectos serão peças fundamentais para um bom inicio

de tratamento. GONZÁLEZ (2007), enfatiza que a criança precisa de:

“[...] uma família que reconheça o esforço realizado pela

criança, que a encoraje e que lhe dê superproteção

excessiva, que a ajude a se situar e a se organizar, mas

sem se deixar manipular por seus caprichos, mantendo

os limites educacionais de forma racional, estável e

imutável, e a ajude a encarrar os problemas[...]” (p.306)

A família precisa manter um contato diário com a escola, para

acompanhar a rotina da criança, também deve fazer a “ponte” que leva as

informações da criança até o neurologista, psicopedagogo e o professor de

sala de aula. No entanto, a família também necessita se estruturar e organizar

o ambiente familiar, ou seja, criar alguns hábitos como; não perder a calma

diante da criança, não mostrar ansiedade diante das dificuldades, estabelecer

regras de condutas para um bom convívio, esses aspectos serão

fundamentais, pois estará contribuindo para um ambiente mais estruturado.

Caso contrário, as condições de situações tornarão o ambiente confuso,

dificultando e atrapalhando o equilíbrio emocional da criança (GONZÁLEZ,

2007)

“As situações em que os limites devem ser impostos

também é um fator que contribuirá para a construção de

modelos de condutas. Bater, gritar e realizar imposições

de forma agressiva que certamente repercutirá em outros

ambientes freqüentados por ela. Esse será o modelo

internalizado pela criança para ser usado como cópia. ”

(MATTOS, 2005 apud FREITAS, 2014, p.160)

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Ainda com base nessa autora, a mesma apresenta exemplos de como

os pais podem evitar problemas com seus filhos hiperativos prevendo situações

conflituosas.

SITUAÇÃO PREVENIMOS

• Se precisamos ficar na sala

de espera do dentista.

• Levamos lápis, um caderno

e um brinquedo.

• Se fazemos uma viagem

longa de carro.

• Levamos um livro de jogos

e fitas com contos, e

fazemos paradas

suficientes antes que se

altere.

• A criança é muito lenta ao

se vestir pela manhã e além

disso, se distrai com

qualquer coisa.

• É melhor acordá-la 15

minutos antes, e todos

devem estar mais

relaxados.

• Lembra-se das coisas na

última hora.

• Arrumamos a mochila a

noite.

• Não gosta de fazer os

deveres.

• Gravamos os desenhos da

televisão, e ela vê depois,

se tiver tempo.

De acordo com Peres (2014), alguns aspectos podem ser vivenciados no

ambiente familiar para melhorar a relação com os filhos.

• Reforce a relação entre pai e filho baseando no respeito mútuo.

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• Alimente em seu filho (e combine com os familiares) formas de

expressar seus sentimentos, compartilhar emoções, e falar de suas

dificuldades e problemas.

• Confie que a criança é capaz de terminar suas responsabilidades.

Aposte nisso!

• Desenvolva a capacidade da criança em estar no lugar do outro e de

se expressar (técnicas de role playing – representação, aulas de

teatro, dramatizações).

• É muito importante ter claro que a justiça é fundamental para a

harmonia familiar.

• Esteja atento para que seu filho não seja o centro das atenções e

preocupações de toda a família.

• Mude o foco e o discurso do negativo para o positivo.

• Seja generoso manifestando à criança afeto, sorriso, carinho e amor.

• Proponha aos professores que trabalhem o tema “ valores”, com

atividades onde a família tenha de participar junto com a criança – a

história do Pequeno príncipe de Antoine de Saint- Escupéry ou Em

busca da felicidade de Deepak Chopra são boas sugestões.

• Expressividade emocional.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que, os estudos relacionados á TDAH vem avançando

gradativamente ao longo dos anos, tendo como objetivo compreender as

causas, sintomas e tratamentos. Durante todos esses anos, ocorreram muitas

modificações com relação a nomenclatura, até a definição do Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade.

O diagnóstico deve ser realizado com respaldo no quadro clinico, pois,

o mesmo é complexo e exige um olhar especializado da equipe multidisciplinar

(o professor, o neuropediatra, o psicopedagogo e o psicólogo), cada

profissional contribuindo com a sua função, para concluir com sucesso o

resultado do diagnóstico do portador de TDAH.

Como educadora foi difícil assimilar e enxergar o comportamento do

portador de TDAH, diferenciando de uma criança sem limites. É preciso ter um

“olhar clinico”, tendo a sensibilidade para perceber as necessidades da criança

com esse transtorno. Portanto, o professor precisa ter conhecimento das

características e sintomas relacionados ao quadro do Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade.

Vale ressaltar que o sabemos a respeito desse transtorno, nunca será

suficiente para entender o portador de TDAH. A capacitação na formação do

professor é essencial, para compreender as dificuldades e resolver as lacunas

existentes no desenvolvimento dos alunos. É preciso buscar novos

conhecimentos para auxiliar e intervir no processo de aprendizagem, tentando

remediar a grande demanda de dificuldades que as crianças levam para a

escola. O professor necessita de uma formação qualificada, onde ele esteja

apto a atender os problemas educacionais, e que tenha como maior objetivo o

sucesso na vida acadêmica dos alunos. Portanto, não basta o professor ter

uma formação mínima de graduação, sendo indispensável á busca pela

especialização em sua formação. Relembrando que o professor é um dos

primeiros profissionais a perceber os sintomas, através do comportamento

inadequado, que a criança apresenta na escola.

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A participação da escola é primordial para a descoberta desse

transtorno, e para o encaminhamento da criança á uma equipe multidisciplinar.

Cabendo lembrar que, é nesse ambiente que a criança passa maior parte de

seu dia, interagindo com os colegas e professores, e também desenvolvendo o

processo de ensino aprendizagem.

Mudanças serão necessárias para o êxito e melhoria do

desenvolvimento da criança. Essas mudanças devem começar na organização

do ambiente escolar e na família, visando sempre á rotina adequada para o

desempenho da criança. Ela precisa aprender a controlar seus sintomas, para

isso, é necessário se estruturar no espaço e ser compreendida pelos demais á

sua volta. Todas essas mudanças, só serão possíveis através do auxilio e

parceria da escola, dos profissionais competentes e inclusive da própria família.

O Psicopedagogo deve intervir de modo a conscientizar a equipe

pedagógica e a família, a respeito do diagnóstico da criança. Criar técnicas

apropriadas para melhorar o desempenho da mesma, e fazer também novas

adequações curriculares na escola, mirando como meta, a promoção e o bom

desempenho acadêmico da criança portadora desse transtorno. Destacando

que, um dos maiores problemas enfrentados pela criança com TDAH é o

fracasso escolar, devido sua falta de atenção e hiperatividade. Sendo assim, é

possível amenizar esse quadro com a intervenção do psicopedagogo, onde

desenvolva algumas técnicas para “prender a atenção” da criança em

determinados assuntos.

Receber o apoio e afeto da família no tratamento do TDAH, é algo

muito significante e estimulante para a criança, pois é nos pais que a criança

encontra a segurança e estrutura que precisa para enfrentar a longa

caminhada do tratamento. No entanto, esse laço familiar deve ser mantido e

fortalecido junto a equipe pedagógica e também a equipe multidisciplinar.

“No mais profundo do meu ser, eu sei por que estou

aqui. Meu coração sabe. Vim para um novo mundo de

transformações, para uma nova sociedade. Sou um construtor

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de um novo mundo... Só que meus pais e professores ainda não

sabem ou não recordam nosso acordo”. (PERES, 2014, p.115)

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