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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DO CONFLITO CONSTRUTIVO DE MARY PARKER FOLLETT NAS ORGANIZAÇÕES Por: Aline Ferreira Pedro Orientador Prof.: Vinicius Calegari Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DO CONFLITO CONSTRUTIVO DE MARY PARKER FOLLETT NAS ORGANIZAÇÕES

Por: Aline Ferreira Pedro

Orientador

Prof.: Vinicius Calegari

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DO CONFLITO CONSTRUTIVO DE MARY PARKER FOLLETT NAS ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Recursos

Humanos

Por: Aline Ferreira Pedro

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela experiência da vida, aos

meus pais, irmã e amigos que me

impulsionam e apóiam. Ao Luiz, por ser

meu companheiro em todo o tempo.

À todos os docentes que contribuíram

para minha formação acadêmica e à

AVM por essa oportunidade de

profissionalização e crescimento.

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DEDICATÓRIA

In Memoriam de minhas avós Léa e Órfila

que me ensinaram tanto com palavras,

como no silêncio de suas doces e sábias

atitudes.

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EPÍGRAFE

Mas o medo da diferença é medo da

própria vida.

Mary Parker Follett

RESUMO

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Este trabalho se debruça sobre o tema do Conflito, seus métodos de

gerenciamento, seus aspectos positivos e negativos e foca em apresentar a

teoria do Conflito Construtivo de Mary Parker Follett.

São apresentados os conceitos de Integração, as bases da Integração e

Resposta Circular; com a finalidade de compreender como se aplica o Conflito

Construtivo no mundo corporativo.

O Conflito Construtivo é comparado aos outros métodos de resolução

de conflitos e, então, é apontado como a solução que satisfaz ambos os lados

da lide, através do processo de Integração dos interesses dos lados.

Ressalta-se, também, o vanguardismo das ideias de Follett (década de

20 do século XX) e o resgate do tópico do Conflito Construtivo na atualidade

por outros teóricos e administradores contemporâneos, às vezes sem saber

que estão seguindo o pensamento de Follett.

A síntese deste trabalho e sua relevância se encontra na opinião do

reconhecido Peter Drucker: “Em outras palavras, sabemos que Mary Parker

Follett não estava apenas certa, mas soberbamente pertinente, e sua

relevância persiste ainda hoje” (apud Graham (ed.) 1979:9).

Palavras-chave: Mary Parker Follett. Conflito Construtivo. Conflito

Organizacional. Integração. Resposta Circular.

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METODOLOGIA

O primeiro momento desta dissertação será investigativo, onde os

conceitos e informações serão baseados em livros como “Mary Parker Follet:

profeta do gerenciamento” organizado por Pauline Graham, “Dynamic

Administration” organizado por Henry C. Metalf e L. Urwick, “Escola e

Democracia” de Maria Lúcia R. D. Carvalho e “Creative Experience” de Mary

Parker Follett. Todos apresentam os escritos e idéias de Mary Parker Follett

sobre Conflito Construtivo.

O segundo momento será de descrever a aplicabilidade dos conceitos

que envolvem o método do Conflito Construtivo, mostrando como esta forma

soluciona conflitos e gera resultados positivos para as empresas através dos

conflitos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Vida e Obra de Mary Parker Follett 11

CAPÍTULO II - O que é Conflito 14

CAPÍTULO III - Conflito Construtivo 20

CAPÍTULO IV - Análises sobre o questionário 37

CONCLUSÃO 51

ANEXOS 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 63

BIBLIOGRAFIA CITADA 64

INTRODUÇÃO

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O conflito organizacional é freqüente nas empresas e não é dada a

devida atenção ao tema, que tem consumido tempo e dinheiro. A obra de Mary

Parker Follett tem uma visão global e à frente de sua época sobre o tema, que

aponta que o conflito é inerente ao homem e é a manifestação das diferenças

humanas. As divergências de opiniões, necessidades e interesses no ambiente

de trabalho acabam gerando conflitos, que diminuem o rendimento da equipe.

Muitas vezes esses conflitos não são solucionados e acabam por se tornar

recorrentes e por danificar o clima organizacional. Gera-se, assim, muito

desconforto com interesses não atendidos, tanto através dos métodos de

conciliação quanto de dominação na tentativa de resolver os conflitos. Para

que ocorra um bom relacionamento entre os colaboradores faz-se necessário

utilizar métodos eficazes para gerenciar e solucionar conflitos.

E a teoria do Conflito Construtivo trata o conflito na dimensão positiva e

diz que para se resolver o conflito precisa ocorrer uma integração dos

interesses dos demandantes, ou seja, a solução não está nas alternativas de

cada demandante nem no meio-termo entre elas, e sim, em achar uma terceira

alternativa aonde as necessidades de ambas as partes sejam atendidas. A

visão de Follett é que se pode tirar proveito do conflito e fazer com que o

“conflito funcione e que ele realize algo para nós”(1).

Follett diz que: “Integração envolve invenção, e a coisa inteligente é

reconhecer isso, não permitindo que o pensamento permaneça dentro dos

limites de duas alternativas que são mutuamente excludentes”.(2) Resolver os

conflitos através do método de integração é uma solução que precisa ser

tomada constantemente pelos gestores e colaboradores, e que tende a ser

mais eficaz ao longo prazo do que as demais alternativas, podendo até mesmo

gerar boas inovações dentro da empresa. Como exemplo, temos este caso

que Follett apresentou: “Os homens que vieram para baixo da colina (a central

leiteira era um posto abaixo) achavam que deveriam ter prioridade; os homens

que subiram o morro achavam que deveriam descarregar em primeiro lugar. O

pensamento de ambos os lados da controvérsia, foi assim, confinado dentro

das paredes dessas duas possibilidades, e isso os impediu de tentar encontrar

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uma forma de resolver a disputa que evitaria essas alternativas. A solução foi,

obviamente, mudar a posição da plataforma para que tanto os que estivessem

em cima quanto os que estivessem em baixo da colina pudessem descarregar

ao mesmo tempo.”(2)

Percebe-se que este tema pode aperfeiçoar o gerenciamento das

empresas e ser instrumento de inovação e mudanças positivas na resolução

dos conflitos.

CAPÍTULO I

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VIDA E OBRA DE MARY PARKER FOLLETT

Mary Parker Follett nasceu em 1868, em Massachusetts (EUA), e

estudou no Radcliffe College quando o instituto ainda não havia recebido este

nome, também no estado de Massachusetts. Foi uma talentosa escritora e

conferencista, discorrendo sobre Ciência Política, Psicologia de Grupo e

Administração de Indústrias. Seus escritos e palestras sobre Conflito

Construtivo são da década de 20, pouco antes de sua morte em 1933 aos 65

anos.

No Radcliffe College estudou História, Inglês e Economia Política.

Posteriormente estudou Leis, História, Ciência Política e Filosofia no Newham

College, Massachusetts. Tendo terminado seus estudos no Radcliffe College,

período em que escreveu e publicou seu primeiro livro: The Speaker of the

House of Representatives, em 1896, e como a maior parte da obra de Follett,

não se encontra traduzido para o português.

Logo após sua conclusão dos estudos, Mary Parker Follett passou a

trabalhar na área de assistência social. Fundou e participou de diversos

comitês de clubes sociais, esportivos e educacionais; voltados para os jovens.

Dessa forma, contribuiu para o uso do espaço escolar pelos jovens fora do

horário de aulas e, também, para criação de centros noturnos de ensino em

algumas escolas de Boston, Massachusetts.

Dando continuidade ao seu trabalho de assistência social, Follett criou

agências para alocação de jovens necessitados na indústria. Isso levou a um

convite dos diretores do sistema escolar de Boston para participação em um

comitê; onde, posteriormente, se criou um departamento oficial de orientação

vocacional, local onde Follett trabalhou até seus últimos dias de vida.

É a partir deste momento, que ocorreu por volta de 1910, que Follett

começou a entrar em contato com o mundo industrial. Trabalhando nessa

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agência empregatícia, ela pode conhecer e mapear as exigências para se

trabalhar no setor industrial da época. E desse momento em diante, passou a

se interessar não somente por questões políticas e sociais, mas, também,

pelas relações industriais, organização e administração de indústrias.

E iniciou sua carreira de conferencista sobre Administração Industrial

no ano de 1925, na cidade de Nova Iorque. Sua carreira como conferencista

nessa área foi prolífera, chegando a ser convidada em diversas cidades e até

mesmo pela Escola de Economia de Londres; local onde realizou suas últimas

conferências. Terminava assim o legado de Mary Parker Follett, nos deixando

com 4 (quatro) livros e diversos textos de palestras, que, posteriormente, foram

reunidos em livros pelos mais diversos editores desde 1942 até 2014.

Os livros de Follett versam sobre assuntos muitos distintos entre si. O

primeiro, de 1896, The Speaker of the House of Representatives trata-se de

uma coletânea de conferências realizadas por Mary Parker Follett a respeito do

papel do líder da Câmara dos deputados federais norte-americanos; que,

naquela época, tinha suas funções mais restritas à pratica oral do que escrita.

Já o segundo livro, The New State, foi o responsável pelo seu

reconhecimento internacional. Publicado em 1918, bem no ano de término da

Primeira Guerra Mundial, o livro distingue-se pela preocupação com o bem-

estar do indivíduo e da sociedade. Neste livro, ela também traça uma definição

de Estado, as várias formas que o Estado pode assumir e as diversas

utilidades e soluções que tipos de Estado diferentes abrangem.

Em sua terceira obra, Creative Experience, Follett se volta para

investigação dos fenômenos psicológicos. Publicado em 1924, apresenta,

entre outros, o conceito de Resposta Circular (Circular Response) e de

Comportamento Integrativo (Integrative Behavior); que serão trabalhados nesta

monografia. Em linhas gerais, o livro versa sobre o comportamento humano e

as relações humanas e como ambas se retroalimentam. Também é falado,

mais uma vez, sobre sociedade e indivíduo, dessa feita com uma visão mais

psicológica desta inter-relação.

E sua última obra, The Giving of Orders, é um ensaio publicado em

1926. Nele, Follett aborda os temas de controle e autoridade na gestão de

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negócios. Ela relata que as pessoas respondem mais às situações do que

ordens de um gestor, ou seja, a autoridade não emana de uma posição

hierárquica e, sim, de cada situação experienciada que necessitará de ordens

específicas para seu enfrentamento. É apresentada, dessa maneira, a Lei da

Situação (Law of the Situation), como Mary Parker Follett diz: “Minha solução é

despersonalizar a entrega de ordens, para unir todos os envolvidos em um

estudo da situação, para descobrir a lei da situação, e obedecer a isso”.(3)

CAPÍTULO II

O QUE É CONFLITO

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Antes de começarmos a esmerilhar o conceito de Conflito Construtivo,

faz-se necessário definir o que é conflito. Para Mary Parker Follett, conflito é a

diferença, não importando em qual grau hierárquico ele ocorra. A definição de

Conflito de outros teóricos também precisa ser apresentada para melhor

entendimento do tema.

2.1 – Definição de Conflito

No decorrer da história da Administração, o Conflito foi visto e tratado

de diferentes formas. No período inicial da Administração, Abordagem Clássica

ou Tradicional, ele era visto como um mal a ser extirpado para não atrapalhar a

produção nas fábricas. O que mostra a visão de futuro de Follett, pois mesmo

pertencendo a esse período (início do século XX) não tratava o trabalhador

como mais uma peça na engrenagem e conseguiu ter uma visão para o

Conflito que só veio a ser adotada na Teoria de Contingência (a partir da

década de 70 do século XX). Mas antes disso teve o período da Abordagem

das Relações Humanas (pós Grande Depressão de 1929), aonde o Conflito

ainda era considerado negativo, mas já era fato que ele era algo natural das

relações humanas, e, portanto, inevitável. Somente no período da Abordagem

de Contingência, já citado, é que o Conflito começou a ganhar uma dimensão

positiva e ser visto não como ameaça, mas como oportunidade para as

empresas.

É notório que essas mudanças de abordagens são resposta ao

ambiente externo, como as mudanças sociais, econômicas e no campo das

ciências. O mundo foi se tornando mais globalizado a partir da década de 70, a

Psicologia Comportamental foi se tornando reconhecida a partir da década de

40, entre outros fatores; e, logo, as empresas foram passando por diversas

mudanças e precisando se adaptar. Uma dessas mudanças foi perceber os

“Recursos Humanos” da empresa como investimento e fonte de recursos e

inovação, não mais como uma despesa. E durante este processo, a

Administração foi evoluindo para responder melhor às mudanças e ainda gerir

adequadamente o capital dos empresários.

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É interessante tentar imaginar o quanto a Administração já teria

avançado se tivesse acatado as idéias de Follett já na década de 20. Mas é

fato que o mundo não estava preparado para tal e que sua visão a fez merecer

o título de “profetisa do gerenciamento” dado por Peter Drucker. Follett é

considerada uma das precursoras da Teoria das Relações Humanas. Contudo,

o estudo de seus escritos comparado às teorias contemporâneas, mostra que

ela foi precursora de outros conceitos e teorias mais atuais. Realmente, Follett

foi uma pensadora muito além de seu tempo.

Atentemos agora, para as mais diferentes formas como o Conflito tem

sido definido por diferentes teóricos. De acordo com Pickering (2002), conflito é

a existência de competição ou de opções incompatíveis. Já para Berg (2012),

conflito é um estado antagônico de idéias, pessoas ou interesses e não passa,

basicamente, da existência de opiniões e de situações divergentes ou

incompatíveis. Já para Martinelli e Almeida (2015), o conflito está ligado à

frustração, fato que o desencadeia. Enquanto que Burbridge e Burbridge

(2012) dizem que: “Conflitos são naturais, e em muitos casos, necessários.

São o motor que impulsiona as mudanças. Sem os conflitos, tudo continuaria

igual, nada mudaria, o que não seria bom”.(4)

E esta definição dos Burbridge se assemelha bastante ao conceito de

Conflito Construtivo de Follett. Pode-se destacar que o conceito

contemporâneo de Conflito está em consonância com o conceito de Follett: o

Conflito constrói algo novo e traz inovação; e não faz parte daquela visão em

que é considerado como algo destrutivo e indesejado.

2.2 – Estratégias para Administrar Conflitos

Grande parte dos teóricos divide os conflitos em 3 (três) tipos: pessoais,

interpessoais e organizacionais. O conflito pessoal ou conflito interno é o

conflito que o indivíduo tem consigo mesmo; quando há uma dissonância entre

o que o indivíduo faz e pensa ou entre aquilo que o indivíduo gostaria de fazer

e aquilo que ele realmente realiza. É uma inquietação, como diz Berg (2012).

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Já o conflito interpessoal é aquele que acontece entre duas ou mais

pessoas quando há diferenças de opiniões e/ou de necessidades. E o conflito

organizacional é quando o conflito interpessoal ocorre dentro das empresas. O

conflito organizacional pode ser intragrupal ou intergrupal. O intragrupal ocorre

entre membros de uma mesma equipe e o intergrupal ocorre entre equipes de

áreas diferentes da mesma companhia.

Antes de apresentar modos de lidar com os conflitos, vale cita a

ponderação de Pickering e de Berg. Resumidamente, eles alertam que o

indivíduo precisa ter resolvido seus conflitos internos, para ser capaz de propor

soluções. Berg (2012) diz que: “Um conflito não poderá ser administrado

externamente de modo satisfatório enquanto o indivíduo não tiver o controle

interno de si mesmo”. Isto se deve ao fato de que se o indivíduo está passando

por conflitos internos pode não perceber as nuances e os verdadeiros intentos

da pessoa com quem está tendo um conflito interpessoal. E é preciso ter

clareza de idéias e emoções para saber negociar e saber o que realmente

deseja para, assim, obter uma satisfatória solução de conflitos interpessoais.

Desta forma, a pessoa percebe com maior clareza o seu intento e

necessidades, assim, como, o intento e necessidades da outra parte.

A partir disto, passa-se para o próximo nível, que se encontra sintetizado

neste pensamento de Pickering:

“Se o conflito é logo identificado e atitudes são

tomadas para modificar a situação e controlar as emoções, ele

pode transformar-se numa oportunidade. Se não for

identificado a tempo, torna-se um perigo para todos os

envolvidos”. (2002:29)

Pensamento este que está em conformidade com os escritos de Follett,

que diz que não devemos temer enfrentar os conflitos e que eles são

oportunidades para as instituições; oportunidades de melhoria e de

crescimento.

Ao longo dos anos, os administradores encontraram diversas estratégias

para gerenciar conflitos. Algumas se aproximam das idéias de Follett e outras

não. A maioria dos teóricos contemporâneos não acredita em um modo de

resolução universal de conflitos, e sim, que cada conflito deva ser analisado

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individualmente e o gestor deve decidir a melhor forma de lidar com cada um.

Esta premissa já tinha sido apresentada por Follett (The Giving of Orders:

1926), a qual ela denominou Law of the Situation (Lei da Situação). Ou seja,

cada situação demandará ações específicas e os envolvidos tendem a

responder a cada situação em particular e não à ordens superiores que não

levem em conta as especificidades situacionais.

Algumas das estratégias de resolução de conflitos mais relevantes e

comumente encontradas na literatura administrativa serão elencadas a seguir.

Abordaremos 5 (cinco) tipos de resolução de conflitos mais em voga na

literatura acadêmica: Passividade, Colaboração, Evitar preocupar-se com os

outros, Dominação e Compromisso. A nomenclatura pode variar, mas os

conceitos permanecem semelhantes e esta conceituação foi criada por

Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, conforme gráfico abaixo:

A Passividade é quando um dos lados cede totalmente e não tem suas

necessidades atendidas. A Colaboração é o famoso “ganha-ganha”; aonde

ambos os lados cooperam para encontrar alternativas que atendam aos

interesses de ambos os lados. Este é o tipo que mais se aproxima da teoria do

Conflito Construtivo de Follett. O Evitar preocupar-se com os outros é o que

evita as discussões e tenta deixar a resolução de conflitos sempre para depois,

achando que os problemas se resolverão sozinhos ou com o tempo; é o

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conhecido “em cima do muro”. Já a Dominação é quando um dos lados quer

sair vencedor a qualquer custo e impõe sua vontade ao outro lado. E o

Compromisso, também chamado meio-termo, é quando ambos os lados

cedem para chegar no acordo, no meio-termo da querela. Também se chama

Compromisso, pois ambos os lados cedem e, então, se comprometem com a

decisão acertada.

Existem, ainda, outras formas de resolução de conflitos. Estas,

geralmente, colocam uma terceira parte, que não esteja envolvida no conflito,

para atuar junto às partes com o objetivo de dar cabo do conflito. As mais

comuns são: Mediação, Arbitragem e Negociação, conforme figura abaixo:

Nível de Controle da terceira parte sobre o resultado

Alto Baixo

Nível de Controle da terceira parte sobre processo

Alto "Inquisição"

Mediação

Conversas sobre o processo

Baixo Arbitragem Negociação

Fonte: LEWICKI, R. J. ET alii. Think before you speak: a complete guide to strategic

negotiation. Canadá: John Wiley & Sons, 1996. p. 181.

A Mediação ocorre quando uma equipe neutra participa ouvindo a

discussão dos lados envolvidos, e encoraja ambos os lados a encontrarem

uma solução. A Arbitragem é quando cada lado apresenta a sua versão e uma

equipe neutra, após análise, escolhe um dos lados. A decisão da Arbitragem

deve ser acatada por todos e não cabe recurso. Já a Negociação ocorre

quando as partes discutem o conflito na presença de um agente externo e as

partes precisam chegar a um meio-termo, ambos precisam ceder. Ressalta-se

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que a “Inquisição” não poderia ser considerada como uma ferramenta de

resolução de conflitos, conforme salienta Martinelli e Almeida, por se tratar da

imposição da decisão de uma terceira parte e pelas partes envolvidas não

terem nenhuma influência na decisão tomada; diferente da Arbitragem onde

ambos os lados são ouvidos por uma equipe neutra. Dentre essas 3 (três)

ferramentas apresentadas, a mais próxima do conceito de Follett seria a

Mediação. Visto que Follett também cita a possibilidade de uma terceira parte

intervir no conflito para facilitar que as partes envolvidas tenham novas idéias e

cheguem numa solução que atenda a ambos.

Vale ressaltar que existem outros métodos de resolução de conflitos,

envolvendo uma terceira parte, como escreve Burbridge e Burbridge (2012):

Poder, Litígio, Ouvidoria, Conciliação, Coaching, Comitês e Facilitação, por

exemplo. Cada um com níveis diferentes de satisfação das necessidades das

partes. Burbridge e Burbridge (2012) mencionam algo muito importante: “Os

conflitos são uma parte normal do dia a dia da organização...; no entanto,

nunca deveriam ocorrer em conseqüência de falta de diálogo ou de

conhecimento de meios alternativos para sua resolução”. Por isto é muito

importante saber que a Administração desenvolveu as mais variadas

ferramentas para diversas situações de conflito, e também, ressalta a

importância da comunicação; que possui conexão com a teoria de Follett que

será aprofundada adiante.

CAPÍTULO III

CONFLITO CONSTRUTIVO

Primeiramente, há a necessidade de contextualizar a importância do

pensamento de Follett. Apesar de não ser um nome conhecido dos

administradores atualmente, Follett esteve em evidência durante sua vida e era

bem-sucedida e influente escritora, conferencista e consultora; conforme nos

esclarece Peter Drucker na introdução do livro “Mary Parker Follett: Profeta do

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Gerenciamento”. Entretanto, dez anos após o falecimento de Follett (1933),

suas idéias haviam caído no esquecimento.

Isto se deve, majoritariamente, ao fato de que os pensamentos de

Follett, especialmente na área do conflito, eram avançados e dissonantes para

o espírito da época que veio após o seu falecimento, a década de 40. Esta

época foi marcada por uma luta constante de classes (trabalhador e

empregador, por exemplo) nos Estados Unidos da América (EUA). Naquele

momento, a tentativa de compreender o outro lado do conflito seria

considerada como traição pela sua classe, pelo seu grupo. Desse modo, as

empresas não tentavam buscar soluções que atendessem ambos os lados, e

sim, como os lados se reconheciam como inimigos, os conflitos eram vistos de

forma a sempre terem perdedores e vencedores.

Com o passar dos anos, esta visão mudou tanto nos EUA, quanto ao

redor do mundo. E realmente era preciso que mudasse. Afinal, a empresa é

una, deve ser una e não ter dois lados antagônicos que não se falam, não

cooperam e que pensam não possuir interesses em comum. O interesse e o

objetivo de todos devem ser o objetivo, a missão e a visão da organização.

Follett apresenta a postura correta para lidar com os conflitos empresariais:

uma solução integradora e que “trabalhe” para a organização, para “nós”, visto

que não existe somente um grupo de “eu” soltos numa empresa.

3.1 - A Estratégia do Conflito Construtivo

A estratégia do Conflito Construtivo começa no processo de

comunicação, na capacidade de entender o outro lado da disputa. Follett

aponta que não devemos assumir que um dos lados é que possui razão e sim

que ambos os lados possuem razão, ambos os lados apresentam um ponto de

vista racional que está certo para quem o emite. Ou seja, que devemos

perguntar e nos questionar se ambos os lados estão apresentando respostas

para a mesma pergunta. Peter Drucker (1997) sintetiza, assim: “O uso correto

do conflito é, portanto, perguntar: O que estas pessoas, que diferem e se

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opõem a mim, devem ver como a pergunta correta, se sua posição é racional

e, de fato, correta?”

Atentemos para o fato de que nem sempre as pessoas podem estar

entendendo exatamente qual é a questão levantada e, muito menos, qual é a

posição que o outro lado está adotando. Dessa forma, irão emitir opiniões e

criar disputas em cima de sua interpretação dos fatos, e não em cima da

realidade em si. Aí é que entra o processo de comunicação: entender o que

realmente está sendo dito pelos lados e qual é a disputa que cada lado está

vendo e respondendo. É necessário entender corretamente o interesse de

ambas as partes, para, só assim, compreender o conflito. Se o gestor não

procurar entender as partes, quando precisar tomar uma decisão rápida sobre

o conflito, ele acabará por resolver o problema errado e isto custará caro para

ele, a equipe e a companhia. Um gestor afobado e querendo “mostrar serviço”

pode ser tão danoso quanto um gestor que não resolve os conflitos de sua

equipe. Além de ter em mente que precisa entender as partes, o gestor precisa

colocar em prática o conhecimento já estabelecido de que o processo de

comunicação é somente 20% (vinte por cento) verbal. Somente assim, será

realmente possível compreender ambas as partes do conflito.

O uso adequado das ferramentas de comunicação verbal aliadas às não

verbais, como expressão facial, linguagem corporal, entre outros, é capaz de

descodificar as necessidades de ambas as partes. Um bom exemplo disso é o

caso da janela da biblioteca apresentado por Follett. No livro “Mary Parker

Follett: Profeta do Gerenciamento”, temos os pormenores deste exemplo:

“Certo dia, na Harvard Library, numa das salas

menores, alguém queria a janela aberta, sendo que eu a

desejava fechada. Abrimos a janela da sala vizinha, onde não

havia ninguém sentado. Essa não foi propriamente uma

conciliação, porque não houve restrição do desejo; ambos

conseguimos aquilo que realmente queríamos. Eu não queria

uma sala fechada. Simplesmente não queria o vento norte

soprando diretamente sobre mim; também o outro ocupante

não queria aquela janela aberta em particular, ele

simplesmente queria mais ar na sala”. (1997:73)

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Fica claro que, de início, ambas as partes não souberam comunicar

exatamente o que desejavam. Se não tivesse ocorrido diálogo e a tentativa de

encontrar uma solução satisfatória; ambos teriam discutido sobre abrir e fechar

uma janela em específico e isto não levaria a lugar algum. E, infelizmente,

existem conflitos deste tipo no ambiente de trabalho e que seriam resolvidos

facilmente com uma boa comunicação.

E durante esta primeira etapa, de entender os lados da disputa, é que o

gestor pode conhecer mais as particularidades dos seus funcionários. Isso se

deve ao que estabelece Pickering:

“Por que as pessoas gastariam grande parte do tempo

e energia emocional com coisas inúteis a elas? As pessoas

tendem a se envolver emocionalmente com coisas com as

quais se preocupam. Por isso, conflitos podem ser um sinal

genuíno de preocupação. Conflitos podem ajudar a clarear

emoções e servem para identificar valores subentendidos”.

(2002:14)

Isto quer dizer que ao defender uma posição sobre o conflito, o indivíduo

também deixa transparecer seus princípios, necessidades e desejos. Um bom

administrador precisa estar atento para, desta maneira, conhecer mais os seus

subordinados e até mesmo usar esse conhecimento para delegar tarefas mais

apropriadas ao perfil de cada um. E também precisa estar atento para se

autoanalisar e saber o que o está movendo, seus desejos e necessidades. E

ao fazer isso, poder identificar quais valores são compatíveis com os da

companhia e quais não. Ao entender os valores das partes e seus interesses é

possível tratar de forma eficiente o conflito. E ao lidar de forma eficiente com o

conflito, o gestor está investindo em seu crescimento, como salienta Pickering:

“Porque o conflito está enraizado em emoções, ele tem

potencial tanto para o bem e para o mal. Ele oferece a

oportunidade tanto de crescimento quanto de perda. Quando

você lida com o conflito eficientemente, há três áreas de

crescimento: sua personalidade...seu poder...sua

perspectiva...”. (2002:90-91)

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Já a segunda etapa do Conflito Construtivo, após entender ambas as

partes, é a integração de ambas as posições. Para que o conflito “trabalhe

para nós”, como diz Follett, é necessário integrar ambas as propostas em uma

nova e diferente proposta que atenda os interesses de ambas as partes. Não é

achar um meio-termo, não é conciliação onde ambas as partes precisam ceder

em parte do que consideram correto para achar uma resposta que fique no

meio do caminho. É algo diferente, algo novo, que satisfará os interesses de

todos os envolvidos.

É aqui que entra o processo de criação e a diferenciação da proposta de

Follett das demais estratégias já apresentadas e conhecidas da literatura

acadêmica. Nunca ter perdedores nem vencedores, nunca ter um lado certo ao

tentar compreendê-los e sempre achar soluções colaborativas e integradoras

que os satisfaçam. Um dos exemplos que ilustram isto é o já apresentado caso

da central leiteira. Cada lado dos colaboradores queria descarregar o leite

primeiro na plataforma e a solução encontrada não foi nenhuma das propostas

apresentadas; e sim, uma terceira via que trouxe inovação ao descarregarem

ao mesmo tempo e que satisfez o interesse de ambos os lados. Pois o real

interesse de cada lado não era descarregar primeiro, e sim, que o outro lado

não descarregasse antes dele. Ao entender cada lado é que pôde ser possível

apresentar uma solução que integrava os desejos de ambos e onde ninguém

precisou ceder.

Neste momento cabe salientar que na estratégia de meio-termo,

também chamada conciliação, ambos os lados ficam frustrados, pois nenhum

tem suas necessidades totalmente atendidas. A longo prazo, novos conflitos

podem surgir desta prática, como, por exemplo, um lado achar que está saindo

mais prejudicado, que sempre precisa ceder mais do que o outro. Isto é algo

prejudicial para o clima organizacional e pode se tornar um conflito ainda

maior, uma verdadeira bola de neve.

E essa é a administração de conflitos que Follett apresentou já na

década de 20 e que Peter Drucker resumiu adequadamente em “Mary Parker

Follett: Profeta do Gerenciamento”: “O resultado final do gerenciamento de

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conflito –na verdade, a única maneira de resolver um conflito- não é “vitória”,

nem “acordo”. É a integração de interesses”. (1997:5)

A partir do momento que para Follett o conflito é a manifestação da

diferença e que a diferença é inevitável; logo a única forma de resolver

conflitos seria focar nas semelhanças entre as posturas dos lados e fazê-los

enxergar essa integração que pode existir apesar da diferença, do

antagonismo ilusório, do que é percebido como conflito.

Neste diapasão, as demais estratégias para administrar conflitos

acabam por tentar apagar as diferenças, e não usando as diferenças como

força motriz para criação e integração das partes. Pois as divergências de

opinião continuarão a existir, quer se use a Mediação, Meio-Termo ou até

mesmo o Conflito Construtivo. Afinal, mesmo que todos saiam plenamente

satisfeitos com uma solução integradora, as pessoas continuarão a ter seus

próprios interesses e necessidades.

O grande diferencial de Follett é a sua visão que precisa ser adota nas

companhias: conflito é oportunidade, inclusive de integrar equipes em prol de

um mesmo objetivo. Logo, tentar ter uma companhia sem conflitos não é

somente insensato como humanamente impossível.

Neste momento, cabe uma pergunta: a estratégia do Conflito

Construtivo pode ser aplicada para qualquer situação de conflito? Follett

defendia que esta era a melhor forma de verdadeiramente resolver um conflito,

mas não considerava a integração de interesses possível em todos os casos.

Um dos exemplos de não integração que Follett citou em seu ensaio Conflict

Construtive foi: “Quando dois homens querem casar com a mesma mulher,

não pode haver integração...” (Graham, 1997: 77). Follett salientava que: “Tudo

o que digo é que, se vivemos para as vantagens da vida, podemos, muitas

vezes, integrar, em lugar de conciliar” (Graham, 1997:77). Mas deve-se

ponderar sobre a possibilidade dos interesses não serem possíveis de se

integrar, se realmente forem antagônicos.

Um exemplo fictício seria se um indivíduo quer uma sobremesa de

banana e outro indivíduo uma sobremesa de chocolate e precisam comprar

uma só sobremesa para dividir, mas o indivíduo que gosta de banana não

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come chocolate e vice-versa. Neste caso, não poderíamos ter uma solução

integradora, como, por exemplo, uma sobremesa de banana coberta com

chocolate, pois os interesses de ambos não seriam atendidos e ficariam

frustrados. A princípio, eles teriam de comprar uma sobremesa de um outro

sabor que atendesse a ambos e, então, os dois teriam cedido e feito um

acordo de Meio-Termo. Ou seja, infelizmente, nem todos os interesses podem

ser integrados. E este é o primeiro “porém” no pensamento de Follett e o

gestor precisa saber quando usar Conflito Construtivo e quando não for

possível, usar os outros métodos de resolução de conflitos já elencados.

Depois que entender os interesses das partes em conflito, o gestor

precisa analisar se existiria uma solução que atendesse a ambos ou não.

Assim, também, todos os que estão envolvidos precisam fazer essa análise.

Cabe salientar que os interesses que são contrários aos valores da empresa,

na sua maioria, não poderão ser alcançados num processo de integração

devido à incompatibilidade com as necessidades macro da organização.

O segundo e último “porém” no pensamento de Follett é o custo e o

tempo que a solução integradora pode ter. Ainda no exemplo da sobremesa,

existiria uma possibilidade de criação que integraria os interesses de ambos:

os indivíduos poderiam criar uma sobremesa metade de banana e metade de

chocolate. Mas essa opção pode não ser viável ou pelo custo ou pelo tempo. O

custo para criar uma nova receita, comprar ingredientes, fazer os testes e,

então, disponibilizar a sobremesa devem ser levados em conta no momento de

análise do conflito.

E fazendo um paralelo com o mundo corporativo, os custos para

implementar mudanças, criar novos produtos e processos, enfim, o custo para

a companhia deve ser calculado e comparado com o custo de outros modelos

de resolução de conflitos. Também precisa ser analisado o custo a curto e a

longo prazo dos métodos, pois o investimento no uso do Conflito Construtivo

pode ser bem mais vantajoso, a longo prazo, do que usar os outros métodos

como Meio-Termo, por exemplo, que desgastam as relações interpessoais no

ambiente de trabalho.

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Ressalta-se que o posicionamento ideal é sempre tentar optar pelo

Conflito Construtivo. E se por motivos financeiros ele não puder ser adotado de

imediato que, então, se faça um planejamento para sua implantação. Afinal,

novos produtos e melhores formas de se fazer algo não podem ser

desperdiçados pelo administrador; pelo contrário, precisam ser o objetivo, a

busca de um bom gerente.

Em relação ao tempo, ainda no exemplo da sobremesa, o tempo para

se preparar essa nova sobremesa metade banana metade chocolate é maior

do que simplesmente comprar outra sobremesa de um terceiro sabor, solução

apresentada anteriormente. Trazendo para o ambiente organizacional, o

gestor, muitas vezes, tem pouco tempo para tomar uma decisão num conflito,

principalmente se o conflito estiver impedindo o andamento do trabalho.

Nesses casos, pode-se anotar a solução do Conflito Construtivo para ser

adotada e implementada posteriormente e, num primeiro momento, tomar

outra estratégia de resolução de conflitos para agilizar o trabalho. Mas isto do

custo e do tempo não são um impeditivo para o Conflito Construtivo, afinal, os

interesses podem ser integrados, só serão integrados posteriormente por uma

decisão estratégica e gerencial bem fundamentada do administrador.

Conclui-se que nem sempre o Conflito Construtivo poderá ser adotado

como instrumento de gerenciamento de conflitos, mas que o gestor precisa

saber analisar quando utilizá-lo e dar preferência por ele visto que esta é a

única forma em que ambos os lados saem satisfeitos. Logo, mesmo que a

longo prazo, o Conflito Construtivo é a melhor opção para um clima

organizacional e ambiente de trabalho sadios e colaborativos.

3.2 – As Bases da Integração

O fundamento do Conflito Construtivo está na integração dos interesses.

Por isso, cabe explicar o que Follett(5) considera como Integração em seu livro

Creative Experience:

“Integração poderia ser considerada um ajustamento

qualitativo; compromisso, um ajustamento quantitativo. No

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primeiro há uma mudança nas ideias e suas tendências para a

ação; no segundo há apenas permuta de preferências

opostas”. (1930:163 apud Carvalho, 1979:40)

A Integração, como parafraseia Carvalho (1979:39), “implica uma

solução na qual ambas as partes se fundem de tal modo que nenhuma tenha

que sacrificar-se e as duas fiquem satisfeitas”. Já foi apontado este conceito

anteriormente, mas precisamos analisar como colocá-lo em prática.

O poder de Integração é proveniente das diferenças. Pauline Graham

em “Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento” diz que: “Sem conflito, sem

diferença, não haveria progresso. Em todas as suas obras, Follett

repetidamente enfatizava o valor da diferença” (1997:21). Ou seja, Follett

acreditava que ao se compreender as diferenças, os verdadeiros interesses de

ambas as partes e ao trabalhar numa solução unificadora, se estaria

contribuindo para o progresso empresarial e social. Afinal, se todos pensassem

iguais e tivessem os mesmos interesses, quando ocorreriam mudanças?

Quando, por exemplo, teria sido criado o primeiro carro, se todos gostassem

das charretes e não apresentassem interesse nessa novidade?

Follett entendia isto e levava este conceito para as relações

interpessoais. Logo, se o debate de opiniões nas empresas fosse estimulado,

ao invés de abafado, mais melhorias organizacionais seriam implementadas. E

este conceito tão claro para nós hoje e que os mais diferentes teóricos

defendem; era considerado perigoso e subversivo para a sociedade de Follett.

Contudo, ela palestrou sobre o tema para os empresários de sua época,

sempre apresentando bons exemplos para que seus conceitos fossem

assimilados.

Um exemplo que Follett apresentou, no livro Creative Experience

(1930:158, apud Carvalho, 1979: 40), sobre Integração é o que se segue:

“Numa reunião recente de nosso comitê de manufatura

surgiu a seguinte questão: nosso jornal custava seis cents, e a

firma competidora reduziu seu preço para 5 ¾ cents.

Abaixamos, então, o preço para 5 ½ cents e responderam

abaixando mais. Colocava-se, para nós, o problema de saber

se deveríamos fazer outra redução. Parte do grupo era a favor

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e parte contra. A solução veio quando algo novo foi sugerido:

deveríamos sustentar uma qualidade mais alta de jornal e fazer

um preço apropriado”.

E este é um exemplo do poder de progresso e inovação da Integração.

O que foi feito em primeiro lugar foi compreender qual era o verdadeiro conflito

e os interesses das partes a favor e contra a nova redução do valor do jornal.

O real conflito não era a redução do valor do jornal, antes, os interesses de

ambos os lados era em manter a competitividade do jornal. A parte que era a

favor da redução acreditava que esta era a única forma de manter a

competitividade. Já a parte contrária à redução, percebeu que para reduzir

ainda mais o valor do jornal precisariam diminuir a qualidade do mesmo e,

entendiam, que se a qualidade do jornal caísse, a competitividade e as vendas

do jornal também cairiam. Após o diálogo franco e aberto, ambos os lados

puderem perceber os seus reais interesses e que eles não eram conflitantes.

Desta maneira, conseguiram chegar numa nova proposta aonde nenhum dos

lados saiu perdedor e ambos os lados trabalharam em unidade numa solução

integradora e que poderia de forma mais eficaz garantir a competitividade do

jornal. Chegaram na solução integradora defendida por Follett: aonde nenhum

dos lados precisa ceder, aonde a solução não está limitada às propostas de

ambas as partes que eram mutuamente excludentes e aonde a inovação foi

alcançada.

Carvalho (1979::40) diz que “no processo de integração devemos

analisar, diferenciar e discriminar as tendências em conflito”. Mas quais são os

passos que o gestor precisa seguir para obter integração em sua área? O

primeiro passo é “explicitar as diferenças”(6). Parece óbvio: para podermos

integrar as diferenças, precisamos saber quais elas são. E é nesse momento

de explicitar as diferenças que ambas as partes demonstram se realmente

estão desejando um acordo ou não. Às vezes não dizer exatamente o que se

quer é um artifício utilizado pelos lados para que ao invés de um acordo, ocorra

uma Dominação; afinal, se um dos lados não sabe a real exigência do outro

lado como poderá negociar apropriadamente? O exemplo de Follett a seguir,

ocorrido após a Primeira Guerra Mundial, sintetiza esta questão:

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“Conheço uma fábrica onde, depois da Guerra, os

empregados pediram um aumento de 5% nos seus salários,

mas não estava claro, para nenhum dos lados, se isso

significava um aumento de 5% sobre os salários atuais ou

sobre os salários anteriores à Guerra. Além disso, verificou-se

que nenhum dos lados tinha interesse em saber! Naturalmente,

os empregados preferiam que fosse o primeiro; os gerentes,

sobre o último. Passou algum tempo até que ambos os lados

estivessem dispostos a encarar a questão exata; cada um,

inconscientemente, esperava vencer, mantendo todo o

problema obscuro”. (Graham, 1997: 77-78)

O que significa que antes mesmo do primeiro passo, explicitar as

diferenças, o que é necessário é o desejo de negociação de ambos. Somente

após se verificar esta disposição de ambas as partes, é que se poderá ter uma

fidedigna compreensão das exigências de ambos. Como anteriormente citado,

este é o momento de conhecer as verdadeiras intenções das partes; ir além do

que está sendo dito e entender no âmago qual é a natureza do Conflito. Follett

coloca desta forma:

“Nas empresas, o patrão, ao lidar tanto com seus

sócios quanto com seus empregados, tem de descobrir o que

existe por baixo de toda a camuflagem, tem de discernir a real

exigência em oposição à exigência proposta. Tem, ainda, de

distinguir o motivo declarado, do real motivo; a causa alegada,

da causa real; e lembrar-se de que, às vezes, o motivo

implícito está deliberadamente oculto e que, às vezes, ele

existe inconscientemente” (Graham, 1997:79).

Desta forma, trazendo à tona as reais intenções das partes, poderá ser

analisada as opções de resolução de conflitos e as possibilidades de integrar

os interesses. E neste processo de análise é de suma importância conhecer os

reais interesses, para, assim, poder tomar a decisão mais acertada; e para que

ambos os lados consigam verdadeiramente compreender os lados da questão.

E a partir desta análise é que ocorre a reavaliação dos interesses das partes.

Quando uma das partes reavalia seus interesses tendo como base de

comparação o interesse apresentado pela outra parte e “a reavaliação é a

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melhor parte da comparação”(7). Carvalho (1979:41) sintetiza essa reavaliação

como um “reexame do problema sob diversas perspectivas, tendendo-se a

uma unidade”. E este processo de reavaliação e comparação ocorre de forma

natural nas interações humanas, afinal, o ser humano é um ser social e valida

suas escolhas através das escolhas de seus semelhantes. Por isso, Follett

afirma que:

“Muitas vezes, a integração é um fluxo conjunto mais

espontâneo de desejos do que se poderia pensar, a partir do

que eu disse; a reavaliação dos interesses de ambos os lados

pode levar a que se adaptem uns aos outros, de modo que

todos encontrem um espaço na solução final” (Graham, 1979:

80).

A segunda etapa do processo de Integração é considerar as exigências

das partes e destrinchar os elementos das exigências, ou seja, saber

reconhecer cada pequena parte que constitui os interesses dos lados da lide. E

este método, chamado por Follett de “dividir os todos”, é a forma com que se

lida com os problemas empresariais: dividir o problema em cada pequeno

subproblema que dele faz parte, para, assim, tendo conhecimento de cada um,

analisar quais as melhores providências a serem tomadas para cada

subproblema.

Ao se fazer essa análise pormenorizada, Follett alerta que

perceberemos que isso envolve a “análise dos símbolos”, ou seja, analisar de

forma cuidadosa a linguagem utilizada para, assim, se chegar na essência do

que está sendo dito pelas partes. Desta forma, se conhece a real vontade das

partes e no processo de Integração consegue se preencher as reais vontades

das partes. Um exemplo que Follett deu e que ilustra esta investigação dos

subproblemas e da “análise dos símbolos” é esse:

“Uma amiga desejava ir à Europa, mas não queria

gastar o dinheiro que isso exigiria. Havia alguma integração?

Sim, ela encontrou uma. A fim de compreendê-la, usemos o

método que estou defendendo: perguntemos, o que “ir à

Europa” simbolizava para ela? Para fazer isso, temos de dividir

esse todo, “ir à Europa”. O que “ir à Europa” representa para

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as diferentes pessoas? Uma viagem marítima; ver belos

lugares; conhecer novas pessoas; um descanso ou mudança

das obrigações diárias; e uma dúzia de outras coisas. Agora,

essa mulher havia lecionado durante alguns anos, após deixar

a universidade, levando uma vida um tanto reclusa durante uns

bons anos. “Ir à Europa” representava para ela um símbolo.

Não de montanhas cobertas de neve, catedrais, quadros, mas

de conhecer pessoas – que era aquilo que desejava. Quando

lhe pediram que lecionasse num curso de férias, para jovens

de ambos os sexos, em que conheceria uma equipe bastante

interessante de professores e um grupo muito especial de

estudantes, imediatamente aceitou. Essa foi sua integração.

Isso não foi uma substituição de sua vontade, foi sua real

vontade preenchida” (Graham (ed.), 1997:83)

Ter a “real vontade preenchida” e fazer a “real vontade preenchida” da

outra parte é objetivo central do Conflito Construtivo, através da Integração

entre as partes. Sempre alertas para o simbolismo, tão presente na linguagem,

e que muitas vezes encobre o que realmente é o desejo das partes.

E o terceiro passo da Integração é a “antecipação da resposta”. É tentar

antecipar o conflito, ou seja, saber o que levará ao conflito e, assim, agir antes

do Conflito se manifestar. Nem sempre será possível evitar o conflito, mas é

válido tentar integrar os interesses antecipadamente. Um exemplo, de Follett,

para clarificar esta ideia é o seguinte: “Um homem gostava de andar de carro,

sua esposa de caminhar; ele antecipou qual poderia ser sua resposta a uma

sugestão de que eles fossem andar de carro no domingo à tarde, fatigando-a

no jogo de tênis pela manhã” (Graham (ed),1997:85). É saber o que é provável

que a outra parte responda e Follett compara isto a um jogo de xadrez:

“Um amigo meu diz que minha teoria da integração é

como um jogo de xadrez. Acho que é algo assim. O

principiante tem de encontrar sua solução, fazendo seus

movimentos concretos, pelo método primitivo de mudar os

lugares de suas pedras. Um bom jogador de xadrez não

precisa fazer isso. Ele vê as possibilidades, sem declará-las. O

homem de negócios, ao lidar com as firmas concorrentes, se

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assemelha ao bom jogador de xadrez. Uma vez que o conflito

real entre dois bons jogadores de xadrez é um conflito de

possibilidades, que seriam percebidas se eles as

demonstrassem, da mesma forma nas empresas, você não

tem de fazer todos os movimentos para realizar suas

integrações; você lida com antecedentes, sintomas

premonitórios, etc. Você não evita fazer certas coisas, você as

fez sem fazê-las” (Graham (ed.),1997: 85).

Mas não basta antecipar a resposta, é preciso preparar o caminho para

a resposta; e este é o quarto e último passo para o processo de Integração.

Preparar o caminho para a resposta é tentar formar uma determinada atitude

na outra parte. Neste ponto, Follett cita que podemos fazê-lo usando da

Resposta Circular, pois o “nosso comportamento influencia o comportamento

dos outros”(8). O conceito de Resposta Circular é um conceito da Psicologia

que significa que a natureza desta resposta “é a mudança que ela provoca na

atividade que causou, por assim dizer, a resposta” (Carvalho, 1979:28). De

forma mais prática, para que o conceito seja compreendido, temos: “Um bom

exemplo de resposta circular é um jogo de tênis. A faz o saque. O modo como

B devolve a bola depende, em parte, da maneira como ela foi sacada. A

próxima jogada de A dependerá de seu próprio saque inicial mais a devolução

de B, e assim por diante” (Follett em Graham (ed.), 1997:86). Isto significa que

durante o processo de Integração influenciamos e somos influenciados, logo, o

modo como agimos pode preparar uma determinada resposta que queiramos

alcançar na integração dos interesses. Percebemos, dessa maneira, que o

conceito de Resposta Circular é fundamental no Conflito Construtivo, visto que

“agora percebo que nunca consigo lutar com você, estou sempre lutando com

você mais eu”(9).

Recapitulando, as bases para a Integração são: explicitar as diferenças,

desejo de colaboração dos lados, destrinchar as exigências (“dividir os todos”),

análise dos símbolos, antecipação da resposta e preparação do caminho para

a resposta. O bom gestor deve usar dessas bases acompanhadas do

sentimento de celebração da diferença que permeia os escritos de Follett, pois

Integração não é acabar com diversidade e, sim, fazer com que todos

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trabalhem com um objetivo em comum, mesmo com suas diferenças pessoais,

como pontua Follett (apud Graham (ed.), 21): “...não queremos acabar com a

diferença, mas acabar com a desordem”. E este é um pensamento antigo na

humanidade, conforme apresenta o filósofo Heráclito (apud Follett, The New

State, pg. 34): “A natureza deseja ardentemente os opostos e, a partir deles,

completa a harmonia, e não a partir de semelhantes”.

E tendo sempre em mente que através do processo de Integração

podemos agregar valor, conforme enfatiza Follett (apud Graham (ed.), 21):

“...não queremos acordo. Nós queremos os valores a mais do conflito”.

3.3 – Obstáculos à Integração

Por último, ponderemos sobre os obstáculos à integração, apresentados

por Follett. Salienta-se que os próprios obstáculos apresentam a sua solução:

não praticá-los ou fazer o oposto deles.

O primeiro obstáculo apresentado é a tendência que as partes possuem

em lutar contra uma decisão ao invés de agir e propor soluções. É costumeiro

assumir uma posição de luta e não de colaboração. Como remédio à esta

posição, tomemos o pensamento de Follett (apud Carvalho, 1979: 42): “Nossos

oponentes são nossos co-criadores, pois eles têm a dar algo que nós não

temos. A base de toda atividade cooperativa é a diversidade integrada”.

O segundo obstáculo é que culturalmente fomos moldados para apreciar

a Dominação; gostamos da emoção de ganhar por estarmos mais

familiarizados com o combate. Para muitos, a Integração acaba com a

“emoção” da conquista e é vista como algo insosso por não ter conquistadores

nem triunfadores. Ao invés de buscar a “emoção” da vitória, busquemos a

elevação do espírito humano que está contido no pensamento de Carvalho

(1979:39): “Toda diversidade sabiamente discutida e bem conduzida leva a

algo novo, o que significa um grande estímulo para o espírito criativo do

homem”.

O terceiro obstáculo é que, muitas vezes, a disputa fica somente no

campo da teoria e não é adotada como uma atividade proposta. Ou seja,

muitas vezes, o campo do debate é na teoria e quando a tarefa deveria ser

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colocada em prática é percebido que não ocorreu integração, na verdade, nem

mesmo ocorreu uma resolução de conflitos; pois enquanto um mero “acordo

intelectual não traz integração completa” (Follett apud Graham (ed.): 88). Desta

forma, no momento da prática, todo o processo de discussão é retomado, visto

que as partes não tinham compreendido o que havia sido debatido

anteriormente de tão teórico e desligado da realidade que o debate anterior foi.

Faz-se necessário que ambas as partes estejam falando um “dialeto”

compreensível por ambos; quer um lado seja administrativo e outro

operacional, quer de um lado esteja um gerente e do outro um subordinado.

O quarto obstáculo a ser considerado é a linguagem utilizada.

Precisamos utilizar uma linguagem respeitosa e que propicie uma atitude

favorável à colaboração. Follett aponta:

“Não entendo por que não somos mais cuidadosos

quanto à nossa linguagem nas empresas, pois nas situações

mais delicadas, muito conscientemente, escolhemos aquela

que não despertará antagonismo. No café da manhã, você diz

à sua esposa: ‘Vamos reconsiderar aquela decisão a que

chegamos na noite passada.’ Você não diz: ‘Eu quero deixar

claro que não concordo com a decisão que você tomou na

noite passada.’”. (apud Graham (ed.) 1997:89)

O uso de antagonismo na linguagem é um obstáculo que precisa ser

quebrado. Empregado versus empregador, capital versus trabalho, sindicato

versus empresa, eram os antagonismos fortemente presentes nas falas da

época de Follett e que, em muitos casos, ainda persistem nos dias de hoje; e

eles são nocivos ao processo de Integração. Outros mais atuais, como peão

versus chefe, também precisam ser afastados das falas no momento de

resolução de conflitos.

O quinto obstáculo é a falta de treinamento para a Integração. Era assim

na época de Follett e é ainda hoje. Existem muitos treinamentos disponíveis no

mercado sobre negociação, mas poucos especificamente sobre Integração.

Maior parte desses cursos sobre negociação é focada em venda e em como

fazer com que sua proposta seja vencedora. E muitos desses cursos pecam

em focar somente nos gestores; ainda se tem a visão de que a

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responsabilidade de resolver os conflitos é puramente do gestor e, com isso,

os funcionários não recebem instrução para saber como lidar nas mais

diversas situações de conflitos. De acordo com Follett: “Parece que os

métodos da legítima reunião ainda precisam ser aprendidos” (apud Graham

(ed.) 1997:90); o que, infelizmente, ocorre até hoje visto que reuniões de

resoluções não são reuniões, e sim, tentativas de forçar o aceite de planos já

decididos pelos gestores. E Follett nos aponta uma visão que deve permear as

empresas: “... é necessário simplesmente um respeito tão grande pelo seu

próprio ponto de vista como pelo dos outros, e uma empresa que sustente o

dela até que você esteja convencido” (apud Graham (ed.) 1997: 90).

Existem outros obstáculos à Integração, mas Follett não intentou fazer

uma lista exaustiva deles; uma vez que ela não considerava ser possível

abranger tudo nos seus ensaios, mais especificamente o ensaio Conflict

Construtive. E, finalizando, aponta-se que um dos principais obstáculos a ser

combatido é o nosso preconceito sobre conflitos, conforme sintetiza muito bem

Follett:

“Nossa visão é estreitada, nossa atividade é restringida,

nossas chances de sucesso nos negócios largamente

diminuídas, quando nosso pensamento fica mantido dentro dos

limites do que tem sido chamada uma situação ou isto ou

aquilo. Nunca deveríamos nos permitir ser intimidados por um

‘ou isto ou aquilo’. Muitas vezes existe a possibilidade de algo

melhor do que cada uma de duas alternativas dadas. Cada um

de nós, interessado em qualquer forma de trabalho construtivo,

está procurando os valores a mais da nossa atividade”. (apud

Graham (ed.), 1997:91)

E este algo melhor só é possível de ser alcançado por meio da

diversidade de opiniões, interesses, necessidades, soluções, etc. Follett

resume isto da seguinte maneira: “É possível conceber o conflito, não

necessariamente como uma inútil explosão de incompatibilidades, mas como

um processo normal pelo qual se registram diferenças socialmente valiosas

para o enriquecimento de todos os envolvidos” (apud Graham (ed.), 1997:92).

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CAPÍTULO IV

ANÁLISES SOBRE O QUESTIONÁRIO

No período de 20/03/2015 até 29/06/2015 foi realizada uma pesquisa

com 103 (cento e três) colaboradores e gestores de diversas empresas

brasileiras. Esta pesquisa foi realizada online no sítio http://bit.ly/1VmCMDr.

Pretende-se com este questionário traçar um panorama em relação às 3

(três) formas de resolução de conflito mais comuns nos ambientes

empresariais e suas relações com o clima organizacional.

Os resultados da pesquisa foram transformados em gráficos, que se

encontram no corpo deste Capítulo.

4.1 – Perfil dos Entrevistados

O perfil dos entrevistados é de maioria do sexo masculino (55,3%) e do

público jovem da faixa etária de 25 até 34 anos (59,2%). A distribuição da

natureza das empresas está equilibrada, sendo quase metade privada (48,5%)

e quase a outra metade em alguma medida de origem pública, seja totalmente

pública ou mista (total=49,5%). Ou seja, quase metade dos entrevistados

possui algum tipo de estabilidade em seu emprego. E o número de líderes

entrevistado também está bem equilibrado (47,9%) em comparação com os

que não possuem nenhum cargo de chefia (52,1%). Salientando que para

cálculo da pergunta sobre ter cargo de liderança só foram levados em

consideração os entrevistados que informaram já ter passado por conflitos no

trabalho, de forma a ter uma análise balizada sobre o assunto. Logo, por essa

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amostra de dados que foi coletada possuir considerável harmonia, tem-se que

as respostas obtidas têm um maior alcance, um espectro maior de realidades

está sendo retratado.

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4.2 – Pergunta-filtro

A pergunta-filtro é para determinar se o indivíduo já enfrentou situações

de conflito no ambiente de trabalho. A grande maioria respondeu já ter sofrido

situações de conflito no trabalho (93,2%). A partir de então, as respostas só

levarão em conta os dados de quem já passou por conflitos no trabalho, para

evitar uma distorção nos dados, uma vez, que, quem não passou por conflitos

não teria como dar informações como satisfação a respeito de método de

resolução de conflito adotado. Nota-se que o número de pessoas que já

sofreram situações de conflito é altíssimo e está levando em consideração

todas as idades, tipos de empresas (até mesmo ONGs), posições hierárquicas

e todos os sexos.

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Somente os gráficos “Qual é o seu sexo?”, “Qual é a sua faixa etária?”,

“Sua empresa é:” e “Você já enfrentou situações de conflito em seu ambiente

de trabalho?” possuem os pesquisados que nunca enfrentaram conflitos no

trabalho (6,8% dos entrevistados). Isto foi adotado para não distorcer as

respostas a cerca de conflito, visto que esses indivíduos não teriam como

fornecer informações balizadas sobre o tema.

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4.3 – Análises sobre o questionário

A pergunta: “Geralmente os conflitos ocorreram com pessoas de qual

hierarquia?” revela que na maioria dos casos ocorreu com alguém de

hierarquia acima (42,7%) e de mesma hierarquia (37,5%); e a minoria ocorreu

com pessoas de hierarquia abaixo (19,8%). Isso pode demonstrar, também,

uma tendência de que pessoas que estão subordinadas acatem decisões sem

questionar, mesmo que não concordem. Podendo até ser motivadas por medo

de perder o emprego ou por falta de abertura com o líder.

Na pergunta sobre qual modo de resolução de conflitos é mais usado na

empresa, foram utilizadas as definições: Ambos os lados cedem para se

chegar a um meio-termo (Conciliação ou Meio-Termo), Somente um dos lados

tem seus interesses atendidos (Dominação) e As partes encontram uma

alternativa que abrange os interesses de ambos os lados (Conflito Construtivo).

As respostas mostram uma dualidade impressionante: quase metade se utiliza

do Conflito Construtivo (43,8%) e quase metade se utiliza da Dominação

(42,7%). Se de um lado é animador saber que as empresas estão se

esforçando em fazer diferente ao tentar acolher os interesses das partes; em

contrapartida é preocupante perceber que um número quase similar de

empresas se utiliza do pior método de resolução de conflitos, que até mesmo o

bom senso é capaz de aferir que não é um método satisfatório e que não

soluciona conflitos. Ao que tudo indica, falta bom senso para esses mais de

42% de empresas e isso 90 (noventa) anos após os ensaios de Follett terem

sido apresentados em palestra.

Não é de se espantar que a maioria dos entrevistados tenha dito não ter

ficado satisfeito com o modo de resolução de conflitos pelo qual passou

(52,1%). Contudo, um número expressivo, também, disse estar satisfeito

(47,9%). Já em relação a considerar se conflitos atrapalham motivação e

desempenho, o número de pessoas que disse se desmotivar e ter baixa em

seu desempenho foi massivo, 71,9%. Nada diferente do que dizem os teóricos.

O próprio Pickering (2002:11) aponta que um dos efeitos negativos do Conflito

é a diminuição da produtividade. E sabe-se que esta diminuição geralmente

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vem associada à baixa motivação. O Conflito Construtivo é considerado o

modo mais eficiente de resolver conflitos com 68,8% dos votos. É interessante

notar a preferência dos indivíduos pelo Conflito Construtivo, mas, também,

notar que ele não é uma unanimidade, ainda tem quem prefira quando ambos

os lados cedem (30,2%).

Fazendo uma análise mais aprofundada dos dados, percebemos que

naquelas empresas aonde a Dominação é mais usada, a grande maioria disse

estar insatisfeita com o método de resolução de conflitos (90,2% de

insatisfação). Já nas empresas aonde o Meio-Termo é mais comum, a maioria

disse estar satisfeita com o modo de resolução de conflitos (61,5%). Mas nada

supera o alto índice de satisfação apresentado pelas empresas em que os

entrevistados disseram que geralmente é usado o Conflito Construtivo: índice

de satisfação de 81%. Se compararmos com o índice de satisfação geral, que

abrange todos os métodos, temos um aumento significativo de 69% na

satisfação dos indivíduos. O que corrobora os estudos já apresentados e o

pensamento de Follett. Já nas empresas em que é adotado com maior

frequência o Meio-Termo na resolução de conflitos, os entrevistados

apresentaram um alto índice para a pergunta sobre motivação e desempenho:

69,2% consideram que o conflito afeta a sua motivação e desempenho. E as

empresas do Conflito Construtivo ainda apresentam um índice alto, 57,1%,

mais da metade dos entrevistados considera que o conflito afeta o

desempenho. Contudo, foi o método com a maior taxa dos que consideram

que não afeta o desempenho: 33,3%. Taxa maior em 77% do que quando se

consideram todos os métodos de lidar com conflitos. Mas o número mais

aterrador é o da Dominação: 87,8% dos entrevistados que trabalham em

empresas que usam Dominação consideram que o conflito atrapalha o

desempenho e motivação deles. É notório que essas mudanças de percepção

se devem, em boa parte, pelo método usado e pelo grau de satisfação

alcançado com ele. Somente uma empresa que não queira progredir, que

queira desmotivar seus funcionários e ver sua produção cair é que ainda usaria

este método. E ainda existem tantas empresas que usam este método, que

não evoluíram; só com estes entrevistados são mais de 42%. O que demonstra

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o frescor das ideias de Follett e a necessidade de divulgar e treinar os

indivíduos para o Conflito Construtivo.

E por último, podemos comparar o quanto quem já passou por um tipo

de resolução de conflitos considera que o mesmo seja eficiente. Começando

pela Dominação, temos que, para os entrevistados das empresas que usam

majoritariamente a Dominação, apenas 2,4% consideram este método eficiente

para lidar com conflitos. A maioria considerou mais eficiente o Conflito

Construtivo (68,3%). Apesar de ser um número quase insignificante, que votou

na Dominação, é perceptível como a cultura da conquista ainda persiste, visto

que ainda existem pessoas que consideram como melhor forma de resolver

um conflito quando somente uma das partes tem seus interesses atendidos. E

nas empresas que usam o Conflito Construtivo, nenhum dos entrevistados

votou na Dominação; ficaram na sua maioria com o Conflito Construtivo

(66,7%) e, também, com o Meio-Termo (33,3%). O mesmo padrão foi

encontrado nas empresas do Meio-Termo: maioria com o Conflito Construtivo

(76,9%), uma parte com o Meio-Termo (23,1%) e nenhum com a Dominação.

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CONCLUSÃO

Podemos sintetizar esta dissertação aprendendo que conflito não é

problema; conflito é oportunidade. Oportunidade para conhecer melhor sua

equipe, se conhecer melhor como gestor (ver do que você é feito e se sabe

lidar com situações delicadas e embaraçosas) e oportunidade para gerar valor

para a empresa, seja através de uma inovação, seja através da melhoria no

clima organizacional graças a uma solução satisfatória para ambos os lados.

Pois o gestor precisa ter em mente que ao adiar lidar com um conflito ou

lidando de maneira equivocada e muitas vezes autoritária, está gerando

prejuízo para a companhia. Funcionários irritados e desmotivados produzem

menos; os demitidos que ficaram frustrados causam prejuízo à imagem da

instituição, pois com certeza passarão adiante a sua desdita. Um bom gestor

precisa olhar todas essas variáveis e sempre pensar que todo e qualquer

problema em sua equipe tem de ser problema dele também: conceito básico

da gestão de pessoas na Administração.

Um bom administrador deve saber analisar as situações de conflito e

aplicar o mais adequado método para gerenciá-lo. Mas acima de tudo deve

possuir o espírito de olhar para o conflito com os olhos de Mary Parker Follett:

conflito é algo natural da vida e não é essencialmente ruim; o modo como

lidamos com ele é que o tornará positivo ou negativo para a empresa. E este é

o maior legado que Follett nos deixou no campo da administração de conflitos:

gerar valor para as companhias e inovação através dos conflitos. Essa é a

visão do bom administrador: não se lamuriar pelo aconteceu, e sim, “fazer do

limão uma limonada”; fazer doces e lucrativas limonadas.

E para finalizar deixo aqui o apelo que Follett fez em 1925 no grupo de

conferência do Bureau of Personnel Administration:

“Estou falando do que talvez possa ser. Só podemos

descobrir isso pela experiência. Isso é tudo aquilo em que

insisto: que tentemos experiências em métodos de solucionar

diferenças; diferenças no conselho de diretores; com colegas

gerentes ou chefes de departamento; com empregados ou em

outras relações. Se fizermos isso, poderemos tomar uma

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atitude diferente para com o conflito” (apud Graham (ed.)

1979:75).

ANEXOS

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Índice de anexos

Os anexos apresentados visam contextualizar e mostrar a atualidade

dos escritos de Mary Parker Follett, que têm inspirado muitos escritores e

administradores da atualidade. Assim, demonstrando que quase um século

depois, ainda precisamos avançar no pensamento da psicologia organizacional

e nos estudos de comportamento e clima organizacional.

Anexo 1 >> Reportagem: JOHNSON, Lauren Keller. O conflito saudável deve

ser encorajado: HSM Management Update nº 59 - Agosto de 2008;

Reportagem: SHINYASHIKI, Eduardo. O conflito pode ser

construtivo: Revista Psique Ciência e Vida nº 91 - Julho de 2013;

Anexo 2 >> Questionário.

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ANEXO 1

REPORTAGEM

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ANEXO 1

REPORTAGEM

O conflito pode ser construtivo

As divergências são características naturais e inevitáveis das relações

humanas e, por isso, devem ser tratadas de forma a se aceitar tudo aquilo que

é diferente de nós

por Eduardo Shinyashiki

O conflito é parte natural e inevitável das relações humanas. Mesmo nos

melhores lugares de trabalho ou nas mais harmoniosas famílias podemos

encontrar situações de conflito, pois é exatamente nos momentos de confronto

entre diferentes mentalidades, valores, maneiras de ser e ver o mundo, que o

conflito aparece como elemento fisiológico.

A palavra, do latim confligere, significa “bater junto”, “estar em desavença”,

“golpear”, “atacar”, que evoca, obviamente, o conceito negativo de guerra, luta,

disputa, agressividade, confronto e violência. Mas, de um ponto de vista

diferente, o conflito é a outra face da paz e ele nos exige aprender a mantê-la,

não só quando tudo vai bem e está em harmonia.

Normalmente, o ser humano tende a evitar os conflitos, às vezes fazendo de

conta que não existem e, consequentemente, não os enfrentando. Porém, o

sucesso de um relacionamento pessoal ou profissional não depende da

ausência deles, mas da capacidade e competência comunicativa e

interpessoal de solucionar a situação.

As divergências, pontos de vista e intenções se tornam conflito quando cada

pessoa envolvida quer impor sua opinião sem ouvir a outra parte, quando o

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comportamento de um interfere nas necessidades do outro ou quando existe

um confronto de valores. O conflito, no entanto, pode ter efeitos positivos, tudo

depende das estratégias utilizadas para resolvê-lo: se são construtivas e de

cooperação para chegar a uma solução compartilhada e de compromisso

mútuo ou se nos deixamos envolver pela raiva, pelo julgamento, egoísmo,

individualismo e pelas reações emocionais.

AS DIVERGÊNCIAS SE TORNAM CONFLITO QUANDO A PESSOA QUER

IMPOR SUA OPINIÃO SEM OUVIR A OUTRA PARTE, QUANDO O

COMPORTAMENTO DE UM INTERFERE NAS NECESSIDADES DO OUTRO

OU QUANDO EXISTE UM CONFRONTO DE VALORES

Em um confronto saudável, as nossas ideias são colocadas em discussão de

maneira que outras formas de ver, ser e agir possam ser evidenciadas. Assim,

podemos nos dar conta de como as nossas opiniões e comportamentos

atingem os outros e influenciam o contexto.

As relações interpessoais pedem cada vez mais a capacidade do ser humano

de saber aceitar e gerir tudo aquilo que é diferente de nós, sejam pessoas,

culturas, valores, opiniões, objetivos etc.

A diversidade, fator motivacional da atividade criadora, é considerada

importante em todas as empresas, mesmo sendo propulsora dos conflitos, pois

com diversidade, ideias e visões de mundo diferentes são construídas

organizações mais resistentes, que compreendem mais a realidade mutável do

mercado. No contexto administrativo e empresarial, o conflito, hoje, é

enxergado como algo benéfico e necessário, ou seja, uma oportunidade. Ele é

considerado um elemento de evolução, crescimento, criatividade, em que

precisamos das diferentes visões, e as prospectivas são valorizadas.

O conflito num grupo de trabalho, por exemplo, manifesta-se quando as

pessoas têm interesses e objetivos diferentes ou até contrastantes. O líder

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precisa estar consciente que o confronto é um componente natural e

potencialmente produtivo para a realidade da equipe e das relações

interpessoais. Ele estimula o pensamento e permite que diversas opiniões em

relação a uma situação sejam consideradas para a tomada de decisão,

permitindo uma ampla gama de ideias e soluções.

O ponto não é evitar o conflito e fechar os olhos para os fatos, mas saber geri-

lo de forma a torná-lo eficaz e produtivo para o grupo. Uma liderança eficiente

facilita uma comunicação adequada e permite aos integrantes ouvir outros

pontos de vista com flexibilidade para mudar de ideia, se necessário.

Este é o desafio: conseguir criar condições para que possamos manter o

equilíbrio, a “paz”, mesmo na diversidade, e viver o conflito não como ameaça,

mas como momento de evolução, enriquecimento e abertura ao novo. Ele é

um problema a ser solucionado e, não, uma guerra a ser disputada.

Viver em paz no meio de conflitos é uma arte complexa. Podemos estar em

paz mesmo vivendo em um mundo rodeado de conflitualidade, pois temos a

chance de escolher como reagir a isso para transformar as divergências em

algo construtivo, produtivo e precioso, com serenidade e realização.

(Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, escritor e

especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e

Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos,

colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros

Viva como você quer viver, A vida é um milagre e Transforme seus sonhos em

vida – Editora Gente. Para mais informações, www.edushin.com.br)

ANEXO 2

QUESTIONÁRIO

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Segue questionário como elaborado no sítio Formulários Google e

encaminhado eletronicamente aos entrevistados:

Resolução de Conflitos

Este questionário é parte integrante de minha monografia de Pós Graduação em Gestão de RH pela AVM Faculdade Integrada.

O presente questionário se destina a quem está atuando no mercado de trabalho.

Agradeço sua colaboração.

*Obrigatório Qual é o seu sexo? *

Feminino

Masculino

Qual é a sua faixa etária? *

18 a 24 anos

25 a 34 anos

35 a 44 anos

45 a 54 anos

55 anos ou mais

Sua empresa é: *

Privada

Pública

Mista

ONG

Você já enfrentou situações de conflito em seu ambiente de trabalho? *

Sim

Não

Você possui um cargo de liderança? *

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Sim

Não

Geralmente os conflitos ocorreram com pessoas de qual hierarquia? * (Responda com base no número de maior ocorrência)

Hierarquia acima

Mesma hierarquia

Hierarquia abaixo

Qual dos modos de resolução de conflitos é mais usado em sua empresa? *

Ambos os lados cedem para se chegar a um meio termo

Somente um dos lados tem seus interesses atendidos

As partes encontram uma alternativa que abrange os interesses de ambos os lados

Você ficou satisfeito com o modo de resolução dos conflitos por qual passou? * (Responda com base no número de maior ocorrência)

Sim

Não

Você considera que os conflitos atrapalham seu desempenho e motivação em sua empresa? *

Sim

Não

É indiferente

Dentre os modos de resolução de conflitos abaixo, escolha o que considera mais eficiente: *

Quando somente um dos lados tem seus interesses atendidos

Quando as partes encontram uma alternativa que abrange os interesses de ambos os lados

Quando ambos os lados cedem para se chegar a um meio termo

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CARVALHO, Maria Lúcia Rocha Duarte. Escola e Democracia: subsidios para

um modelo de administração segundo as idéias de M. P. Follett. São Paulo:

E.P.U., 1979

MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de

conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo:

Atlas, 2015

MOSCHETTA, Roberto. Negociação e Solução de Conflitos - Disponível em

<http://solucaoconflitos.blogspot.com.br/> - Acesso em 15/03/2015.

PICKERING, Peg. Como Administrar Conflitos: TransformeTodos os Conflitos

em Resultados Onde Todos Ganham. Tradução de Burati, Heloisa da Graça.

São Paulo: Amadio, 2002.

PIMENTEL, Magda Sílvia Perdiz. Conflito Organizacional: uma ameaça ou uma

oportunidade para as organizações. 2011. 39 páginas. Mestrado em

Comunicação nas Organizações – Universidade Lusófona de Humanidades e

Tecnologias, Lisboa.

The Giving of Orders. Wikipedia – Disponível em <

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Giving_of_Orders> - Acesso em 20/03/2015.

The Mary Parker Follett Network – Disponível em <

http://mpfollett.ning.com/mpf/follett-writings> - Acesso em 20/03/2015.

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - GRAHAM, Pauline (ed.). Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento.

Tradução de Chiocheti, Eliana; Lima, Maria Luiza de Abreu. Rio de Janeiro:

Qualitymark Ed., 1997.

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2 - METALF, Henry C.; URWICK, L (ed). Dynamic Administration: The

Collected Papers of Mary Parker Follett. London: Routledge Ed., 2003.

3 - FOLLETT, Mary Parker. “The Giving of Orders” in Scientific Foundations of

Business Administration. Editado por Henry C. Metalf. Baltimore, Williams

and Wilkins, 1926.

4 - BURBRIDGE, R. Marc; BURBRIDGE, Anna. Gestão de Conflitos: desafios

do mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

5 - FOLLETT, Mary Parker. Creative Experience. Nova Iorque: Longmans

Green and Co., 1930.

6 - GRAHAM, Pauline (ed.). Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento.

Tradução de Chiocheti, Eliana; Lima, Maria Luiza de Abreu. Rio de Janeiro:

Qualitymark Ed., 1997, pg. 77.

7 - GRAHAM, Pauline (ed.). Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento.

Tradução de Chiocheti, Eliana; Lima, Maria Luiza de Abreu. Rio de Janeiro:

Qualitymark Ed., 1997, pg. 80.

8 - GRAHAM, Pauline (ed.). Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento.

Tradução de Chiocheti, Eliana; Lima, Maria Luiza de Abreu. Rio de Janeiro:

Qualitymark Ed., 1997, pg. 86.

9 - GRAHAM, Pauline (ed.). Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento.

Tradução de Chiocheti, Eliana; Lima, Maria Luiza de Abreu. Rio de Janeiro:

Qualitymark Ed., 1997, pg. 86.