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0 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE LIXO: MARCA INCÔMODA DA MODERNIDADE Por: Joana D’arc Ribeiro Ferreira Orientador Prof. Dr. Celso Sanchez Urutaí - Go Julho/2008 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

LIXO: MARCA INCÔMODA DA MODERNIDADE

Por: Joana D’arc Ribeiro Ferreira

Orientador

Prof. Dr. Celso Sanchez

Urutaí - Go

Julho/2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

LIXO: MARCA INCÔMODA DA MODERNIDADE

Joana D’Arc Ribeiro Ferreira

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em: Educação Ambiental.

Urutaí – GO

Julho/2008

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por ter sido

generoso em oportunizar este Curso.

Agradeço com carinho, ao meu esposo e

amigo Orlando Vicente Ferreira, pela a

paciência e dedicação, agradeço com grande

afeto a minha irmã Maria Amélia (Leia) pelo

apoio e solidariedade. e com humildade

agradeço ao meu professor orientador Dr.

Celso Sanchez.

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DEDICATORIA

Este trabalho é dedicado com todo arinho ao meu

esposo Orlando Vicente Ferreira e ao meu filho

João Marcos Ribeiro Ferreira, pela tolerância e

compreensão que sempre demonstraram com

relação à minha ausência durante todo o Curso.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01: Aterro controlado de Urutaí – GO------------------------------------------------- 19

Figura 02: Veiculo de tração manual, utilizado no transporte do lixo em Urutaí-Go-26

Figura 03: Veiculo tracionada por trator, em Urutaí – GO----------------------------------27

Figura 04: Caminhão tipo caçamba, em Urutaí – GO---------------------------------------28

Figura 05: poluição social nos lixões------------------------------------------------------------ 45

Figura 06: Vista parcial do município de Urutaí – GO---------------------------------------58

Figura 07: Erosão num bairro do município de Urutaí – GO------------------------------59

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Técnica de destinação do lixo-----------------------------------------------------30

Quadro 02: Procedimentos da Coleta de lixo------------------------------------------------ 48

Quadro 03: Vantagens e desvantagens dos processos de disposição do lixo------ 49

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------- 11

CAPITULO I

O LIXO------------------------------------------------------------------------------------------------13

1.1 Problemas com o lixo e possíveis soluções----------------------------------------16

1.2 Aspectos econômicos e sociais do lixo público------------------------------------20

1.3 Coleta Seletiva-----------------------------------------------------------------------------22

1.4 Transporte do lixo coletado--------------------------------------------------------------25

1.5 Tratamento e destinação final do lixo público-------------------------------------- 28

1.6 A importância do retorno-----------------------------------------------------------------31

1.6.1 O lixo como adubo-----------------------------------------------------------------32

1.6.2 O lixo como fonte de energia----------------------------------------------------33

CAPITULO II

O LIXO E O MEIO AMBIENTE------------------------------------------------------------------35

2.1 Considerações sobre a educação ambiental---------------------------------------38

2.2 O papel da educação ambiental na escola-----------------------------------------39

2.3 Lixo, o incômodo da modernidade----------------------------------------------------42

CAPITULO III

A RECICLAGEM DO LIXO------------------------------------------------------------------------46

3.1 A reciclagem do lixo urbano dentro do contexto econômico---------------------50

3.2 A reciclagem do lixo urbano dentro do contexto preservativo e social--------53

3.3 Breve histórico do município de Urutaí------------------------------------------------55

3.4 Benefícios advindo da coleta seletiva e reciclagem do lixo para a

comunidade urutína------------------------------------------------------------------------56

CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------------------- 62

BIBLIOGRAFIA------------------------------------------------------------------------------------ 64

ANEXOS--------------------------------------------------------------------------------------------- 66

.

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RESUMO

Embasada em fontes bibliográficas que destacam a problemática atual do lixo de modo geral, esta monografia mostra a definição do lixo como entulho - que não é possível de reaproveitamento – e como resíduos sólidos que e configuram no rol de possível reciclagem. Inicialmente, a monografia relaciona os problemas ambientais, econômicos e sociais causados pelo acúmulo exagerado de lixo, bem como possíveis soluções. Enfoca com mais abrangência o lixo público e/ou urbano, mostrando a definição e o valor da coleta seletiva. Apresenta os recursos do manejo e transporte do lixo produzido no município de Urutaí – GO, bem como a sua disposição final, que é num aterro controlado onde se efetua a compactação. Ainda neste contexto inicial, foi comentada a importância do retorno advindo da coleta seletiva. Considerando ainda a importância da Educação Ambiental na Escola, visto que a preservação ambiental está altamente ligada à educação e cogitada, especialmente pela necessidade, a monografia segue como informação sobre o lixo e o meio ambiente, porém, realçando que nos lixões dos grandes centros urbanos do Brasil, a maior degradação é a social, ou seja, dezenas de pessoas fazem do lixo seu meio de sobrevivência, sendo possível ver inclusive crianças em idade escolar, colhendo restos de comida (lixo orgânico), Por fim, a monografia fez várias observações sobre a reciclagem do lixo público e os possíveis benefícios que a comunidade urutaína pode adquirir com esta prática, ou pelo menos, com a coleta seletiva. O lixo vale muito, se reciclado, evita sérios danos ao meio ambiente e não descaracteriza os arredores das cidades. Palavras-chaves: lixo coleta seletiva reciclagem, educação, Urutaí, meio ambiente.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa monográfica ou Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

deverá ser desenvolvido por meios de estudos bibliográficos e práticos que poderão

fornecer uma ampla visão acerca do tema. Ocorre que, segundo VERNIER (1994, p.

12) “nem as leis, nem as taxas obrigarão os cidadãos a respeitar o meio ambiente se

esse respeito, espontâneo, não lhes foi vinculado pela educação” e o melhor meio de

adotar novos posicionamentos é o trabalho com a pesquisa e experimentação. Sabe-

se que os estudos sobre o lixo urbano têm se ampliado porque a mídia, os

movimentos ecológicos e outros tipos de veiculação mostram referências sobre ele,

pois provavelmente, o lixo urbano é um dos maiores responsáveis pela poluição

ambiental, portanto, é imprescindível que se explore o maior numero possível de

bibliografias relativas a ele.

Devera ser uma pesquisa descrita que tem como objetivo principal a

descrição do que é o lixo urbano, das suas características e o estabelecimento de

relações entre conceitos e características com a construção de hipóteses para resolver

os problemas dele decorrentes.

Trata-se de um projeto que se propõe, fundamentalmente, a identificar

algumas medidas que possam aperfeiçoar a destinação final do lixo nos municípios

que ainda não dispõe de recursos apropriados para isso, especialmente, o município

de Urutaí-Go que pode ser inexpressivo nas questões sociais inerentes aos lixões das

grandes cidades, mas, ainda não conseguiu uma fórmula adequada para solucionar os

problemas que afetam o seu meio ambiente. Os dados coletados deverão representar

a realidade desses problemas de forma dedutiva com base em técnicas bibliográficas,

documentos e teorias, dentro da abordagem qualitativa, tendo como principais

referencias teóricas:

SCARLATO, Francisco Capuano; PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho ao lixo:

ambiente, sociedade e educação. 3º ed. São Paulo; Atual, 1994.

COZETTI, Nestor. Ecologia e desenvolvimento. Ano 11, nº. 96. Rio de

Janeiro: Ed. Terceiro Milênio, 2001.

Revista Química & Sociedade. Ensino Médio, nova geração, módulo 1. São

Paulo, 2003.

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SILVA, Rubislei Sabino da Disputa e intenções políticas: Urutaí, a

construção de um lugar. 1947 – 2002. Trabalho Monográfico da Universidade Federal

de Catalão-Go – 2002.

VERNIER, Jacques – O meio ambiente – Tradução de Marina Appenzeller

Campinas, SP – Papirus, 1994.

Para que um trabalho com o lixo possa atingir os objetivos a que se

propõe, é necessário que toda a comunidade, principalmente escolar (professores,

funcionários, alunos e pais) assuma novas posturas. .

Os estudos sobre o lixo urbano têm se ampliado porque a mídia, os

movimentos ecológicos e outros tipos de veiculação mostram referências sobre ele,

pois provavelmente o lixo urbano é um dos maiores responsáveis pela poluição

ambiental, portanto é imprescindível que se explore o maior número possível de

bibliografias relativas a ele.

Para realizar o trabalho de pesquisa centrou-se a atenção no projeto

realizado por uma moradora do município de Urutaí-Go. Ana Maria de Andrade. O

campo de pesquisa foi à própria. Rua Mª Uchoa nº. 04 – Centro Urutaí – Go.

A metodologia desenvolvida nesta pesquisa foi:

- Visita ao local da coleta com levantamento dos conhecimentos prévios

da Diretora do Projeto.

- Levantamento das mudanças ocorrido.

- Construção do conceito de meio ambiente.

Atividades desenvolvidas

Para verificar os conhecimentos prévios da Diretora sobre o conhecimento

do meio ambiente, foi feita uma entrevista com questões selecionadas ligadas aos

problemas ambientais atuais.

- O que a levou a desenvolver o trabalho com lixo?

- Quais objetivos podem ser alcançados com a reciclagem?

- Que destino tem todo o lixo que é recolhido durante a coleta?

Em seguida propôs-se que a diretora levasse para dentro da Escola

Municipal “Maria Cândida de Jesus”, seus conhecimentos e experiências no assunto.

Juntamente com a Diretora do Projeto desenvolveu-se uma gincana entre

alunos da referida Escola, onde o grupo que coletasse o maior volume de lixo seria

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premiado. O resultado foi animador. A escola garantiu meios para que os alunos

pusessem em prática todas as teorias ali veiculadas.

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INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo maior provocar na sociedade urutaína o

conhecimento do valor que é atribuído ao lixo, bem como, as vantagens que a coleta

seletiva e a reciclagem do mesmo, podem trazer em âmbito geral.

Até então, o meu interesse pelo o tema era tímido, mas, pó ser testemunha

ocular de um local inadequado para a destinação final do lixo urutaíno, nasceu a

preocupação de analisar, estudar e avaliar as definições dos tipos de lixo, os

problemas maiores que o seu acumulo pode oferecer e as possíveis solução

apresentadas com base em experimentações nos grandes centros urbanos.

Sendo a coleta seletiva como principio prático desse conhecimento, a

monografia descreve as formas de transporte para o lixo público, o seu tratamento e a

disposição final. É óbvio, que ao implantar a praticidade da coleta seletiva, o acúmulo,

tratamento do lixo e disposição sofrerá alterações consideráveis. Mesmo porque, a

questão ambiental, vem sendo um assunto polêmico por apresentar soluções que

dependem de incentivos de todos os gêneros. O lixo, como problema, tem assumido

uma dimensão mais perigosa, em função da mudança do seu perfil e, poucas são as

cidades que estão investindo pesado numa solução mais definitiva. A saída ideal está

na reciclagem, porque ela traduz o retorno econômico, além de amenizar, em grande

escala, a degradação ambiental.

A produção do lixo está associada à população e seus consumos. Hoje

somos seis bilhões de habitantes, mas seremos mais, e quando mais formos mais lixo

produziremos, desta forma, a reciclagem do lixo tem forte influência dentro do contexto

econômico, preservativo e social, pois, se nem a preservação de um meio saudável

parece suficiente, é conveniente acordar para o fato de que lixo é dinheiro.

A reciclagem foi amplamente enfocada porque a sociedade moderna

conseguiu romper os ciclos da natureza, fazendo crescer montanhas de lixo. Mas,

antes que a reciclagem possa se efetivar, é importante reformular a concepção de lixo.

Isso quer dizer que, o saco de lixo que colocamos para fora para ser recolhido é

apenas o começo da alteração do ciclo degradante do ambiente e da oposição às

regras aceitas de saúde pública e estética.

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Mas, não são apenas a pessoas que atuam nesta alteração, as instituições

produtoras e tecnologias sofisticadas aumentam o acúmulo e são adversárias das

tendências de conscientização do problema.

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CAPÍTULO I

O LIXO

Sabe-se que o lixo é formado por resíduas sólidas (sobras) das atividades

humanas: papeis, plásticos, metais, vidros, couro, borracha, tecidos, madeira, terra,

cerâmica restos de alimentos, etc. Logo, propõe-se a seguinte definição:

“Lixo é uma massa heterogênica de resíduos sólidos, resultantes das

atividades humanas, os quais podem ser reciclados e parcialmente utilizados”

(PROJETO VERDE VALE, 1999,p. 09), gerando, entre outros benefícios proteção à

saúde pública e economia tanto da energia como dos recursos naturais.

Muito se tem discutido sobre as melhores formas de tratar e eliminar o lixo

gerado pelo estilo de vida da sociedade contemporânea. Todos concordam no

entanto, que o lixo é espelho fiel da sociedade, sempre tão mais geradora de lixo

quanto mais rica e consumista. Qualquer tentativa de reduzir a quantidade de lixo ou

aterrar sua composição pressupõe mudanças no comportamento social. Para

determinar melhor tecnologia para o tratamento, o aproveitamento ou a destinação

final do lixo é necessária conhecer a sua classificação segunda a sua origem.

Acredita-se que, definindo dessa forma, fica estabelecido um novo

paradigma que vai, inclusive, contribuir para um melhor entendimento do problema,

dentro dos aspectos descritos a seguir:

• Mostrar que o lixo não pode ser considerado apenas um conjunto de

materiais sólidos, sem utilidade;

• Mostrar que a estética de uma lata de alumínio amassada e suja ou de

uma garrafa quebrada não invalida seu potencial energético e de

reaproveitamento;

• Mostrar que muitos dos problemas relacionados com o lixo, além dos

gastos envolvidos no tratamento e na destinação final, são reduzidos

quando se recupera a identidade de alguns dos materiais descartados

como lixo, a exemplo dos papeis, metais, plásticos,etc.

• Mostrar que se torna necessário repensar o nosso modelo de

desenvolvimento e a reciclagem de materiais, incentivando a minimização

e o controle do desperdício e dos impactos ambientais associados.

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Entretanto, mesmo que esses aspectos sejam realmente entendidos, o

conceito mais atual do lixo se refere a tudo aquilo que ninguém quer ou que não tenha

valor comercial. Neste caso, pouca coisa que joga fora pode ser chamada de lixo. Por

essa razão, se estabelecer a tipologia do lixo que é definida de acordo com o local em

que ele é gerado. Conhece-se, portanto:

O Lixo Domiciliar: formado pelos resíduos sólidos denominado de

domésticos ou residencial, constituídos de restos de alimentos, embalagens, papéis,

plásticos, vidros,,latas e uma grande diversidade de outros itens;

O Lixo Comercial: todo resíduo sólido gerado em estabelecimento

comercial, ou seja, pelo terceiro setor, sendo composto por matéria orgânica, cujas

características dependem das atividades ali desenvolvidas;

O Lixo Industrial: é aquele que se origina das atividades do setor

secundário (indústrias), sendo bastante variado. Nesta categoria inclui-se a grande

maioria do lixo considerado tóxico, mas nem todos os resíduos produzidos podem ser

designados como lixo industrial, pois algumas indústrias do meio urbano produzem

resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais como

tecidos, couros, produtos químicos poderão ser enquadrado neste tipo de lixo e ter o

mesmo destino,dependendo muito de sua composição;

O Lixo das Áreas de Saúde: Proveniente de hospitais, clínicas,

laboratórios, farmácias, postos de saúde e casas veterinárias. É um tipo de lixo muito

perigoso que deve ter um tratamento diferenciado, especial, desde a coleta até a sua

deposição final porque, em contato com o meio ambiente ou misturado ao lixo

doméstico, poderá conter patógenos ou vetores de doenças, devendo ser destinado à

incineração;

O Lixo Especial: todo resíduo sólido que, em função de determinadas

características peculiares que apresenta, passa a merecer cuidados especiais em seu

acondicionamento e manipulação, até a sua disposição final;

O Lixo Atômico: Produto resultante da queima do combustível nuclear,

composto de urânio enriquecido com isótopo 235, no qual a elevada radioatividade

constitui um grave perigo à saúde da população, por isso deve ser enterrado em local

próprio, inacessível;

O Lixo Espacial: Proveniente dos artigos lançados pelo homem no espaço,

que circulam ao redor da Terra com velocidade de cerca de 28.000Km/h e são

estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e

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fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram

destruídos pela ação das armas anti-satélites;

O Lixo Radiativo: É um resíduo tóxico e venenoso formado por substância

radioativa resultantes do funcionamento de reatores nucleares e, como não há um

lugar seguro para armazenar esse lixo, a alternativa recomendada pelos cientistas foi

colocá-lo em tambores ou recipientes de concretos impermeáveis e a prova de

radiação e enterra-lo em terrenos estáveis, no subsolo;

O Lixo Público: É formado pelos resíduos sólidos resultantes das

atividades da limpeza de vias praças, parque, “playgraunds”, etc. e pelos resíduos de

capina, poda, limpeza de terrenos baldios, etc. O Lixo público inclui também a parcela

de lixo constantemente abandonada nos locais públicos (móveis usados, entulhos,

podas, etc.).

É, justamente sobre o lixo público, que ocorre a preocupação de defini-lo

melhor, até porque o seu volume é considerado o maior e com mais condições de

reaproveitamento, pois implica na disposição das pessoas em jogar latas e frascos

descartáveis, papelão e outros tipos de entulhos que podem ser coletados nas ruas e

ou terrenos baldios.

O lixo público que pode ser associado ao lixo urbano, está intimamente

ligado aos hábitos de consumo da população. Isso quer dizer, que, quanto mais a

população consome, mais lixo se acumula. Nas grandes cidades, em geral, são as

embalagens descartáveis que lideram esse acúmulo. O Brasil chega a produzir

240.000 toneladas de lixo por dia(isso em 2001). Cerca de 75% do lixo vai para os

grandes lixões. É impressionante a demora que alguns materiais jogados fora

apresentam para a decomposição, chegam a levar mais de três séculos para se

decompor.

Segundo VERNIER (1994, p.52), “nem as leis, nem as taxas obrigarão os

cidadãos a respeitar o meio ambiente se esse respeito, espontâneo, não lhes for

vinculado pela educação”. Deve-se sublinhar que mesmo com a educação atual e a

modernização dps hábitos de consumo, o tratamento do lixo continua sendo de forma

inadequada. Até a década de 70, a grande maioria dos produtos alimentícios era

produzida em casa, hoje compra-se tudo; o que explica um significativo aumento na

quantidade de embalagens descartáveis, jogadas no lixo todos os dias.

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Estudando o ambiente, sociedade e educação, SCARLATO & PONTIN

(1994, p. 52), mostram que:

“Pesquisando-se o lixo de uma cidade como São Paulo, levando-se em consideração a presença dos refugos ligados à industrias dos produtos descartáveis, vamos ver que as classes mais abastadas são suas maiores produtoras, tanto em quantidade como em qualidade. Nos despojos dessas classes podemos encontrar uma infinidade de produtos, entre eles, as embalagens (...). No entanto, não se destacam hoje em dia somente as embalagens.”

Entende-se que elas são portadores de produtos mis acessíveis à

população, porém, encontram-se também aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e

outros lixos de residências sofisticadas.

Sabe-se que os estudos sobre o lixo ainda são precários, mas, toda a mídia

e todos movimentos ecológicos, mostram referências sobre eles, por ser o lixo

intimamente ligado com as questões ambientais e as vantagens de programas de

reciclagem do lixo urbano. Provavelmente, é o lixo um dos maiores responsáveis pela

poluição ambiental. Sobre esta afirmação SCARLATO &PONTIN (1994, p. 53), dizem

o seguinte:

“Junto com a população mundial, cresceu também o problema de como destinar o lixo produzido pelas cidades. Para os países do Terceiro Mundo, o problema é ainda mais grave: neles, além do crescimento populacional ser mais acelerado do que nas nações do Primeiro Mundo, a população tende a concentrar-se nas regiões metropolitanas. “Amontoados” nas cidades, os pobres contribuem para a produção do lixo e são obrigados a conviver com ele.”

Tendo estas teorias bem definidas, é possível fazer um embasamento e

conceituar todos os pormenores, as formas, a disposição e o tratamento de forma

objetiva.

1.1 PROBLEMAS COM O LIXO E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Como antes da Primeira Revolução Industrial o lixo era constituído quase

exclusivamente de matéria orgânica e as cidades eram menores, era comum uma

prática utilizada ainda hoje em parte da zona rural e pequenas comunidades: enterrá-

lo. Isso é eficiente do ponto de vista sanitário por impedir a proliferação dos vetores de

transmissão de doenças (ratos, baratas, moscas e outros insetos).

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Com o avanço da industrialização e o crescimento populacional e urbano,

principalmente após a Segunda Guerra Mundial, houve um grande aumento no volume

do lixo produzido e uma enorme diversificação em sua composição. Basta pensar no

lixo gerado quando se compra um pacote de biscoito num supermercado: embalagens

sacola e cupom de compra do estabelecimento e, antes disso, o lixo criado nas etapas

de produção dos biscoitos (cultivo, transporte, consumo de energia, industrialização e

distribuição).

Os problemas e dificuldades enfrentados pela execução da Coleta de

Resíduos e Limpeza Pública nos municípios são enormes destacando-se a falta de

investimento nesse setor, tornando-se caótico a situação, Principalmente, nos

municípios considerados pequenos que não possuem trabalhadores especializados e

equipamentos para a realização desses serviços. A solução para moradores de região

aonde as medidas e melhorias no saneamento não chegam ou são incompletas, com

relação ao descarte dos resíduos sólidos gerados são os lixões a céu aberto, terrenos

baldios, entroncamento de ruas, encostas e barracos nos morros.

Os Resíduos sólidos constituem problema sanitários de grande importância,

quando não recebe os cuidados convenientes, mas o reaproveitamento destes

resíduos, observando-se critérios sanitários e econômicos representa novas

oportunidades de trabalho e de renda para milhares de pessoas (Barros, 1995). As

medidas tomadas para a solução adequada do problema dos resíduos sólidos têm sob

os aspectos sanitários saneamento: preveni e controlar doenças a eles relacionadas.

Além desse objetivo, visa-se ao efeito psicológico que uma população limpa exerce

sobre os hábitos de todos facilitando a instrução de hábitos corretos.

Do ponto de vista sanitário e ambiental, a adoção de soluções inadequadas

para o problema do lixo faz com que seus efeitos indesejáveis se agravem: os riscos

de contaminação do solo, do ar e da água, a proliferação de vetores e de doenças e a

catação. Com a maior concentração de pessoas na cidade e o aumento da produção

individual de lixo, os locais de tratamento e destinação final devem inspirar maiores

cuidados, de modo a não tornar irreversíveis os danos ambientais decorrentes. E do

ponto de vista econômico, pois a produção exagerada de lixo e a disposição final sem

critérios apresentam um desperdício de materiais de energia. Em condições

adequadas, estes materiais poderiam ser reutilizados, diminuindo consumo dos

recursos naturais; a necessidade de tratar, armazenar e eliminar os dejetos; os riscos

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para a saúde e para o meio ambiente; e os gastos com a limpeza e manutenção das

vias públicas.

As possíveis soluções para o problema do lixo urbano são várias,

dependendo da fonte produtora. Para o lixo hospitalar, por exemplo, não há outra

saída a não ser a incineração, dada a sua alta periculosidade (risco de contaminação).

No entanto, os despejos hospitalares, em muitos lugares, ainda são lançados no lixo

comum.

No caso do lixo domiciliar, há várias possibilidades, algumas dependentes

das condições econômicas de cada país. Para o lixo orgânico, em muitos países, há

usinas de compostagem para o seu processamento, transformando-o em adubo e

obtendo gás metano, que pode ser usado como combustível. Já para o lixo inorgânico,

o ideal seria a coleta seletiva que possibilita a reciclagem de grande parte dos

materiais contidos no lixo domiciliar e industrial. Vidros, plásticos, latas de alumínio e

latão, papéis e vários tipos de metais podem ser reciclados. Isso é feito de forma

significativa em países europeus e Japão.

Muitos países instalaram usinas de incineração de lixo. Mas, a não ser que a

energia produzida seja utilizada para algum fim, como no caso de Paris, que a utiliza

para o aquecimento do metrô, essa é uma saída pouco racional e de energia, além de

poluir o ar. A queixa do lixo público ou urbano em grandes volumes não é adequada à

realidade brasileira, pois a instalação e o funcionamento de incineração de grande

porte são dispendiosos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle

de todos os fatores do meio físico onde o homem habita e que exercem ou podem

exercer efeitos prejudiciais ao seu bem estar físico, mental ou social. Assim, a limpeza

urbana deve ser considerada uma das principais funções dos governos municipais,

envolvendo, além de investimentos, a valorização dos profissionais da engenharia

sanitária. Porém, com raras exceções, esse serviço não tem recebido a atenção e os

investimentos necessários por parte do poder público. Segundo o IBGE, em 1999,

79% dos domicílios e entidade pública brasileiras contavam com a coleta de lixo, mas

quase 90% do lixo coletado era despejado nos lixões, onde as agressões ambientais

são grandes.

Mesmo a construção de aterros sanitários, embora minimize os impactos

ambientais, não pode ser apontada como solução para o problema do lixo.

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No Brasil, o tratamento do lixo é realmente uma tragédia: 76% dos milhões

de quilos produzidos por dia são lançados a céu aberto, 10% em lixões controlados,

9% em aterros sanitários e apenas 2% é reciclado. Essa informação é de fevereiro de

2001 e, segundo o levantamento da Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), no

Brasil o índice de reciclagem de alumínio supera os Estados Unidos, perdendo apenas

para o Japão. (Informação disponível em <www.ecogui.com.br/index¹. html>).

Com relação ao município de Urutaí-Go, a produção do lixo público é

considerada pequena embora todas as repartições públicas sejam ativas. O lixo

público e domiciliar é coletado três vezes por semana e despejado no aterro

controlado distante da cidade, aproximadamente três km. Lá, todo lixo é compactado,

conforme mostra a Figura 01

Figura 01: Aterro Controlado de Urutaí-GO. Autora: FERREIRA, Joana D’Arc Ribeiro, 2008.

O lixo mudou. Ele deve ser encarado não como um problema sem solução,

mas sim como uma solução extremamente viável para a sobrevivência do planeta.

Não mais o fim do ciclo de consumo, mas o início de um novo ciclo, onde papel velho

se transforma em papel novo, restos de comida se transformam em adubo e assim por

diante.

Protege-se, por um lado, a natureza, ao se evitar a extração de novas

matérias-primas com o aproveitamento dos materiais usados; por outro, reduz-se

consideravelmente a decomposição de lixo “in natura” em áreas de aterros, com

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20

potenciais riscos de degradar o meio ambiente e contaminar lençóis freáticos – fontes

de vida.

1.2 ASPECTOS ECONÕMICOS E SOCIAIS DO LIXO PÚBLICO

A exclusão social característica própria das realidades marcadas pelas

desigualdades sociais, apresenta em sua essência níveis alarmantes de pobreza e

disparidades de renda do ponto de vista econômico e, do ponto de vista social a

discriminação e a exclusão social. O presente texto mostra que a educação aliada à

tarefa de reciclar resíduo pode ser transformadora pois, provoca a inclusão de

trabalhadoras e trabalhadores no âmbito do cooperativismo. Assim, é tarefa

complementares o reciclar, o educar e o conscientizar, pois alterarão a lógica

excludente do modelo econômico neoliberal.

Os problemas ocasionados pelo homem ao meio ambiente têm sido

debatidos por amplos segmentos da sociedade neste século, principalmente pelos

cientistas os quais observam como a sociedade moderna relaciona-se com a natureza.

Os problemas agravaram-se a população nas cidades, a produção intensiva de bens

de consumo e o descarte precoce de bens usados, onde o impacto deste processo foi

à degradação dos espaços e ambiental de baixa qualidade de vida.

Um dos grandes problemas atuais é a produção crescente sólidos, os quais

contribuem de maneira dilaceradora com a destruição do meio ambiente; problema

esse proveniente de um estilo de vida adquirido pela sociedade, cujo padrão e

conforto basearam-se no excesso de consumo e desperdício. Uma das formas

encontradas para minimizar a questão em foco é a reciclagem, que é realizada através

da coleta seletiva.

Quando se menciona que existem pessoas que sobrevivem da reciclagem

do lixo, observa-se que são pessoas simples e marginalizadas que só têm essa forma

de sustento. Entretanto, extrapolar esta situação para altos lucros empresariais é

temerário, ou seja, arriscado. O lucro que é obtido, quando a “nossa” cidade implanta

um sistema de reciclagem e compostagem, relaciona-se com o lucro devido a

proteção ambiental e ao reaproveitamento de materiais, que resulta na economia

direta de energia e recursos naturais; à absorção organizada de mão-de-obra

marginalizada; às melhorias da saúde pública, da qualidade de vida da população, etc.

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Assim os aspectos econômicos ligados ao lixo público dizem respeito aos

benefícios indiretos relativos à proteção ambiental e à melhoria da qualidade de vida

da população.

Os aspectos econômicos reais estão, com certeza, vinculados aos seguintes

fatores básicos.

• Melhoria ambiental;

• Melhoria da saúde pública;

• Aumento da vida média e da produtividade do homem;

• Geração de empregos;

• Comercialização de produtos;

• Redução do desperdício;

• Valorização das terras pela extinção do lixão (e implantação do aterro);

• Melhoria da fertilidade do solo;

• Incentivo dos pequenos e médios agricultores;

• Aumento de vida útil na área do aterro.

Quanto aos aspectos sociais, a coleta e reciclagem do lixo público servem

não só para eliminar a condenável “prática da cotação”, como garantem a absorção

da mão-de-obra para possíveis usinas.

Um outro aspecto social de relevância é a implantação de projetos de coleta

seletiva. Esses projetos só atingem seus objetivos caso haja participação comunitária

em todos os níveis, criando-se assim, oportunidades para a comunidade se reunir,

participar, discutir e decidir sobre a solução dos problemas originados pelo lixo. São

inúmeras as formas de organização e participação da comunidade na coleta seletiva.

Grupos de jovens, associações de bairros ONGs, sindicatos, entidades filantrópicas,

repartições públicas, rede escolar, etc., podem se juntar numa parceria mais

expressiva. Aliás, esse é um dos objetivos da pesquisa: provocar a conscientização

popular tanto dos problemas, quanto das soluções.

Conhecidos os aspectos econômicos e sociais de reutilização do lixo (em

geral), mas, com mais ênfase do lixo público é importante frisar esta questão, que

deve ser o prefácio da coleta seletiva. O que acontece quando se joga lixo nas

calçadas e rua?

Numa cidade em que latas de refrigerantes, embalagens, restos de comida,

jornais e revistas se acumulam por onde as pessoas circulam, pode haver a

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proliferarão de doenças. Sob o ponto de vista econômico, para manter a cidade limpa,

a prefeitura tem de aumentar os impostos ou diminuir os gastos em outros setores

para aplicar mais dinheiro em limpeza pública.

Nas cidades a coleta e o tratamento do lixo podem ser realizados tanto pelo

governo quanto por empresas privadas, mas é sempre o poder público o responsável

pela fiscalização e administração desses serviços. O que não impede a população de

coletar e comercializar o lixo que pode ser reciclado.

1.3 COLETA SELETIVA

O Relatório Preliminar da Política Nacional de Resíduos Sólidos no capitulo.

ART. 2º define selecionados nas fontes geradoras, com o intuito de encaminhar-los

para reciclagem, compostagem, recuo, tratamento e outras destinações alternativas,

como aterros, co-processamento e incineração.

Esta prática de separação dos resíduos orgânicos (restos de alimentos,

cascas de frutas, legumes, etc.) e dos resíduos inorgânicos (papéis, vidros, plásticos,

metais, etc.) facilita a reciclagem porque os materiais, estando mais limpos, têm maior

potencial de reaproveitamento e comercialização (INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA E ESTATISTICA, 2000).

Os problemas ambientais causados pelo lixo podem diminuir através da

reutilização de diversos tipos de lixo, que passa a não ser mais lixo, se tornando em

uma mercadoria importante para a utilização nas indústrias de reciclagem, uma

técnica cientifica que não surgiu recentemente, e sim do conhecimento empírico e que

foi aos poucos propiciando ao homem a reutilização de produtos recicláveis. (...) “

sabemos que o conhecimento técnico e cientifico não parte numa do espaço-zero. Ele

é histórico, significa que o mesmo é acumulativo”

SCARLATO e PONTIN (1992 p. 57).

É importante ressaltar que nos lixões e aterros sanitários espalhados no

planeta, são jogados aquilo que poderia solucionar determinados problemas

econômico, sociais e ambientais.

No Brasil, ainda é tímida a preocupação com o destino do lixo e com os

lucros que o seu reaproveitamento pode garantir, através do tratamento e reciclagem.

SCARLATO & PONTIN (1994, p. 64) afirmam que “lixo é caro – custa tempo, energia,

espaço e também dinheiro”.

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A produção do lixo então passou a ser analisada e surgiram algumas formas

para o seu tratamento, tais como: aterro sanitário, enterramento, esgoto lixão,

lançamento em corpos de água, incineração, piro lise e tratamentos para

reaproveitamento, entre eles a reciclagem. Porém, para que a reciclagem seja

executada, antes acontece a coleta seletiva que é a ação simples e prática de

coletar materiais, como garrafas, latas, plásticos, papelão, entre outros e leva-los

para que sejam reciclados. É evidente que por ser seletiva estes materiais chegam ao

processo de reciclagem, conforme suas próprias características, pois seletar significa

separar.

Á princípio é interessante entender que a geração do lixo público começa

em nossas residências, de modo que, a partir da sua origem o lixo, deve ser

acondicionado, com critérios, em recipientes apropriados que proporcionem:

• Segurança, vedação e resistência;

• Capacidade para armazenar o lixo durante o intervalo mais longo da

coleta;

• Facilidade de manuseio pelo usuário e pela equipe de coleta.

Quanto à coleta ela tem como objetivo básico remover do modo rápido e

seguro o lixo para tratamento ou destinação sanitária final, evitando problemas

estéticos, ambientais e de saúde pública. A eficiência da coleta do lixo depende do

bom planejamento técnico, do pessoal treinado, equipamentos específicos,

participação e parceria entre a população e o órgão responsável pelos serviços. Em

alguns casos, o serviço torna-se eficiente quando é parcialmente terceirizada, ficando

a prefeitura com órgão fiscalizador. O planejamento da coleta deve ser feito por um

profissional habilitado e qualificado para a função (engenheiros, sanitaristas, etc.).

Este planejamento conta com alguns dados básicos, que são:

a) Caracterização do lixo que envolve a quantidade gerada, o peso

específico dos vários constituintes, o volume e a composição

gravimétrica.

b) Característica do sistema viário que envolve informações sobre todas as

características das avenidas e ruas onde se encontra o lixo.

c) Levantamento das zonas de geração do lixo, que envolvem as zonas

onde se situam instituições públicas.

d) Dados populacionais que envolvem a população física e diária que

trabalham nas instituições.

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e) Informações sobre os hábitos e costumes dessas populações.

f) Tratamento e destinação final que é a especificação do local que

receberá esse lixo, bem como a distancia desse local até a área da

coleta.

g) Freqüência de coleta que é a definição de vezes que a remoção do lixo

será feita na semana.

h) Horário da coleta.

i) Posturas municipais que é o termo técnico usado, para definir o local em

que os usuários devem deixar o lixo para imediata coleta. Estas posturas

municipais devem ser amplamente divulgadas para a população.

De posse dos dados se projetos de coleta, isto é, o itinerário por onde o

veiculo coletor deverá passar para efetuar a coleta do lixo. Esse itinerário é feito de

forma que o veiculo coletor esgote sua capacidade de carga e, então dirija se ao local

de tratamento ou destinação final.

A coleta do lixo carece de transporte. Para isso existe uma variedade de

veículos que são geralmente empregados para o transporte do lixo público.

No Brasil, ainda é tímida a preocupação com o destino do lixo e com os

lucros que o seu reaproveitamento pode garantir, através do tratamento e reciclagem.

SCARLATO & PONTIN (1994, p. 64) afirmam que “lixo é caro – custa tempo, energia,

espaço e também dinheiro”.

O lixo é geralmente separado em lixo seco (reciclável) e lixo úmido

(orgânico), mais usual no sistema de coleta porta a porta, porém algumas cidades

utilizam PEV que coletam o lixo seco misturado. Entretanto é mais interessante o

emprego de PEV nas quatro categorias descritas na Resolução CONAMA 275/01. Em

países onde a reciclagem faz parte da cultura há um tempo maior, como no Japão os

resíduos sólidos são classificados em até 32 categorias: cinco tipos de papéis, onze

tipos de plásticos, dois tipos de metais ferrosos, dez tipos de metais não ferrosos, três

tipos de vidros e materiais orgânicos. Embora já exista no mercado mundial tecnologia

de reprocessamento para quase a totalidade do material possível de ser reciclado,

ainda não existem empresas reprocessadoras atuando efetivamente no Brasil na

reciclagem de todos os tipos de material de acordo com MINGO (2002).

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1.4 TRANSPORTE DO LIXO COLETADO

O transporte do lixo coletado é mais uma das preocupações que a

administração pública precisa ter. A escolha do veiculo para executar uma

determinada coleta é feita em função dos seguintes pontos principais:

• Tipo do lixo;

• Facilidade de acesso

• Tipo de pavimentação, topografia, etc.;

• Disponibilidade financeira do município;

• Capacitação de técnica de manutenção.

Há atualmente uma larga variedade de veículos e equipamentos com alto

grau de sofisticação, para uso no transporte do lixo e demais serviços de limpeza,

carros coletores totalmente mecanizados para receber o “container” de lixo domiciliar,

fazer o despejo do lixo, lavar o “container” e devolve-lo limpo para o usuário, que é

quem comanda a operação.

Geralmente, na coleta convencional, utilizam-se veículos motorizados com

apropriados equipamentos de carga montados sobre chassis de caminhão de carga

comum. Cada caminhão tem uma equipe ou guarnição, formada pelo motorista e 3 ou

4 auxiliares de coleta (denominados coletores ou garis).

Dentre os veículos frequentemente usados têm-se:

• Veículos de tração manual – executados em várias formas e modelos,

os veículos de tração manual vão desde os “carros-de-mão” comuns, até

os modelos adaptados a partir destes para aumentar a capacidade de

carga, apresentando-se com um ou dois pneus. Nas principais ruas de

Urutaí utiliza-se desse veículo, o atual funcionário Ricardo, para a coleta

de resíduos.

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Figura 02: Veiculo de tração manual, utilizado no transporte de lixo em Urutaí-GO. Autora: FERREIRA, Joana D’Arc Ribeiro, 2008.

• Veículos de tração animal - bastante usados em cidades de pequeno

porte e apropriados para a coleta em vilas e municípios das zonas rurais,

geralmente, os animais tracionam carroças cujos modelos e capacidade

de cargas são variados. Essas carroças devem sempre manter altura

adequada para facilitar o carregamento manual.

• Carreta tracionada por trator – constitui-se em um veiculo muito usado

nos municípios de pequeno porte e em zonas rurais, dados a

disponibilidade deste tipo de equipamento (trator) nas prefeituras. Um

mesmo trator pode tracionar de duas a três carretas, conforme demonstra

a Figura 03

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Figura 03: Carreta tracionada por trator, em Urutaí-GO. Autora: FERREIRA, Joana D’Arc Ribeiro, 2008.

• carroceria basculante, que é usado para o transporte de lixo, em muitas

cidades. Sua larga utilização deve ao fato de que ele é útil para outros

serviços da prefeitura. Assim nas cidades de pequeno porte, num mesmo

dia ele pode coletar o lixo e executar outras tarefas de cargas. O caminhão

caçamba apresenta a desvantagem de ter a carroceria bastante elevada, o

que dificulta o trabalho e exige grande esforço dos coletadores.

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Figura 04: Caminhão tipo caçamba, em Urutaí – GO. Autora: FERREIRA, Joana D’Arc Ribeiro, 2008.

• Caminhão compactador – é um veículo especial, projetado

especificamente para o transporte do lixo urbano. Como já foi dito, existem

várias carrocerias com equipamentos de compactação patenteados. Essas

carrocerias são montadas em chassis de caminhão convencionais, em

função da potência do motor “versus” a capacidade de carga do projeto.

É importante destacar que só foram ilustrados os veículos que são comuns

no município de Urutaí – GO.

1.5 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO PÚBLICO

Muito se tem discutido sobre as melhores formas de tratar e eliminar o lixo

gerado pelo estilo de vida da sociedade contemporânea. Sabe-se que o lixo é o

espelho fiel da sociedade consumista, portanto qualquer tentativa de reduzir a

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quantidade de lixo ou alterar sua composição pressupõe mudanças no comportamento

social.

A nova Enciclopédia Barsa – (1998, p. 89): vol. 9.

“A concentração demográfica nas grandes cidades e grande aumento do consumo de bens geram uma enorme quantidade de resíduos de todo tipo, procedente tanto das residências como das atividades públicas e dos processos industriais. Todos esses materiais recebem a denominação de lixo, e sua eliminação e possíveis reaproveitamentos são uns desafios ainda a ser vencido pelas sociedades modernas.”

Realmente, ao considerar os principiais tipos de lixo e que juntos, os tipos

doméstico e comercial constituem o chamado lixo domiciliar que, com o lixo público

representam a maior parte dos resíduos sólidos produzidos nas cidades, o desafio fica

ainda maior.

Existem, portanto, mecanismo de tratamento em que o lixo coletado pode

passar por algum tipo de beneficiamento a fim de reduzir custos de transporte e

inconvenientes sanitários e ambientais. As opções de tratamento do lixo público

podem ocorrer de forma associada e são: compactação, que reduz o volume inicial

dos resíduos em até um terço, trituração e incineração. Boa opção do ponto de vista

sanitário é a incineração, porém, é condenada por acarretar poluição atmosférica.

O PROJETO VERDE VALE (1999, p.39) sugere que: “os livros clássicos sobre

tratamento de lixo consideram como método de tratamento a incineração a pirólise e a

compostagem; e, como método de disposição final o aterro sanitário”.

Somando todo o conhecimento teórico sobre estes métodos foi possível

apreciar estas definições.

- A incineração - que é um processo de queima do lixo em unidades

especialmente projetadas para esse fim. O objetivo é efetuar a queima total,

controlada, do lixo formando-o em material inerte, diminuindo assim o peso e volume.

- A pirólise – que é um processo de composição física e química da matéria orgânica,

ocorrido em alta temperatura (700 a 1.100ºC), e em condições de ausência de

oxigênio: ou seja é outro processo que prevê a queima de resíduos.

- A compostagem - que é um dos processos biológicos mais antigos de tratamento de

que o homem tem conhecimento. Trata-se de um processo que transforma a matéria

orgânica em húmus, portanto é uma reciclagem.

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- O aterro sanitário - define como um método de disposição do lixo no solo, com

cuidados especiais, a fim de evitar danos ao meio ambiente e prejuízos à saúde

pública. O lixo depositado nos aterros sanitários é conveniente para compostagem e

reciclagem, sendo que esses dois processos associados constituem a mais importante

forma de recuperação energética.

É muito importante frisar que a questão – o que fazer com o lixo? Se analisada

sob os diversos aspectos, pode também ser vista como um problema social, ou como

uma solução. Tudo depende de como o lixo é tratado. A recuperação do lixo pode ser

uma alternativa a ser explorada diante do esgotamento de recursos não renováveis.

Daí, as técnicas convencionais do tratamento do lixo permitem, entre outras coisas,

obter energia. A opção por uma ou pela combinação de duas ou mais dessas técnicas

vai depender da composição do lixo e da política sanitária do local.

Observe no quadro a seguir, a descrição esquemática de cada uma das

técnicas, já que elas foram apenas conceituadas.

Quadro 01: Técnicas de destinação do lixo.

Fonte: SCARLAT & FONTIN, 1994 p. 54-55.

TÉCNICA VANTAGENS DESVANTAGENS

ATERRO

SANITÁRIO

• Respeitadas as rigorosas normas

de instalação funcionamento

constitui uma técnica

ambientalmente confiável.

• Baixo custo operacional.

• Comprometimento físico de áreas

extensa.

• Se não for rigorosamente

administrado, o aterro pode

transformar-se num foco e difundir

todo tipo de organismos

patogênicos (baratas, ratos e

insetos) – “lixão”.

INCINERAÇÃO • Reduz significativamente o volume

original.

• Produz um resíduo sólido estéril.

• Processo em si é higiênico quanto

a proliferação de organismo

patogênicos.

• Apropriado para lixo hospitalar.

• Pode-se obter energia – processos

recuperativos.

• Explorar isoladamente, não há

reciclagem de vários materiais de

interesse.

• A heterogeneidade do lixo pode

trazer sérios problemas ao

incinerador.

• Pode se tornar uma fonte de

poluição atmosférica.

• Sem separação do lixo, há

desperdício de materiais

reaproveitáveis.

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COMPOSTAGEM

• Reduz o volume do lixo.

• O produto final (composto) pode

ser usado como adubo e como

cobertura de aterros sanitários.

• Obrigatoriamente há uma

classificação do lixo, podendo esta

se constituir uma fonte de renda.

• Relativa às outras técnicas há uma

baixa taxa (velocidade) de

processamento.

• Emissão de gases mal cheirosos

para a atmosfera.

RECICLAGEM • Minimização do impacto ambiental.

• Reaproveitamento de diversos

materiais.

• Desenvolvimento de know-how em

recuperação de:

- Papel: hidrólise – produção de

diversas substâncias químicas.

- Plásticos: - produção de vários

utensílios (bacias, cinzeiros,

vasilhames, etc.).

- Metais – reutilização direta ou

indireta na produção de objetos

metálicos.

1.6 A IMPORTÂNCIA DO RETORNO

A urbanização da população brasileira observada nas ultimas décadas

ocasionou um adensamento no volume de lixo gerado, trazendo problemas ambientais

em função da má distribuição espacial desse resíduo.

A compostagem de resíduos orgânicos é um dos métodos mais antigos de

reciclagem, durante o qual a matéria orgânica é transformada em fertilizante orgânica.

Além de ser uma solução para os problemas dos resíduos sólidos, o processo de

compostagem proporciona o retorno ao solo. Este processo é resultado da

decomposição biológica aeróbica do substrato orgânico, sob condições que permitam

o desenvolvimento natural de altas temperaturas, com formação de um produto

suficientemente estável para armazenamento e aplicação ao solo, sem efeitos

ambientais indesejáveis. (Hang, 1980; Mesquita e Pereira Neto, 1993).

O problema da destinação final do lixo é conseqüência de um modo de via

baseado no prepara e consumo rápidos de produtos e na facilidade existente em

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“jogar no lixo”. Nos últimos trinta anos, o lixo do mundo multiplicou-se por três,

principalmente por causa dos restos das embalagens. A lei da reciclagem, válida por

toda a natureza não é obedecida. Ao contrário, o que se observa é um fluxo contínuo e

unidirecional do campo para a cidade. Sem retorno. Se não há retorno alguma coisa

deve estar sendo perdida no campo. Sabe-se que as minas se esgotam, mas não só

elas, os solos também se esgotam se não forem renovados. Tem-se aí um paradoxo:

fertiliza-se a cidade com tonto lixo, o que é desnecessário e esgota-se o campo, onde

a fertilização é indispensável.

A solução para esse estado e coisas é fechar o ciclo natural, fazendo voltar

para o campo os fertilizantes que, incorporados aos alimentos e às matérias-primas e,

finalmente, ao lixo, tinham aí se originado. Em outras palavras, proceder a reciclagem

dos recursos naturais renováveis. Quanto aos recursos não renováveis como os

metais, vidros, plásticos, etc. – podem ser recicladas industrialmente, voltando às

fábricas como matérias primas. Em lugar de poluírem as praias e as ruas da cidade,

ou de ocuparem espaço nos aterros sanitários, voltam a serem utilizados.

1.6.1 O LIXO COMO ADUBO

A compostagem é um processo que pode ser utilizado para transformar

diferentes tipos de resíduos orgânicos em adubo que, quando adicionado ao solo,

melhora as suas características físicas, físico-químicas e biológicas.

Consequentemente se observa maior eficiência dos adubos minerais aplicados às

plantas, proporcionando mais vida ao solo, que apresenta produção por mais tempo e

com mais qualidade. Portanto, a redução do uso de fertilizante químico na agricultura,

a proteção que a matéria orgânica proporciona ao solo contra a degradação e a

redução do lixo depositado em aterros sanitários pelo uso dos resíduos orgânicos para

compostagem, contribuem para melhoria das condições ambientais e da saúde da

população. A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de acelerar

com qualidade a estabilização (também conhecida como humificação) da matéria

orgânica.

Na natureza a humificação ocorre sem prazo definido, dependendo das

condições ambientais e da qualidade dos resíduos orgânicos. Na produção do

composto orgânico vários passos devem ser seguidos, onde diversos

questionamentos vão surgindo.

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O homem pratica a reciclagem do lixo no ambiente rural há séculos. Nos

sítios e fazendas do interior, antes de ser introduzido o uso dos “fertilizantes químicos”,

todos os restos da cozinha eram utilizados na composição da lavagem destinada aos

porcos. O resto, juntamente com resíduos da lavoura, palha, frutos podres, detritos de

estábulos e galinheiros eram enterrados, transformando-se em adubos. Esses adubos

orgânicos apresentam a grande vantagem de originar uma porosa, permitindo a

penetração livre de ar e água para as raízes das plantas, possui a propriedade de

fixar os sais nutrientes, impedindo o seu arrastamento pela água das chuvas. Ao

contrário quando são usados os “adubos químicos” em solos desprovidos de húmus, a

maior parte dos elementos contidos no adubo é perdida, sendo transportada para os

rios e lagos (Revista Fogo – 1998).

1.6.2 O LIXO COMO FONTE DE ENEGIA

Há muitos anos atrás os habitantes de algumas favelas estabelecidas num

bairro novo de são Paulo, construído sobre um antigo depósito de lixo, tiveram uma

surpresa que considerou providencial, embora envolvesse altos riscos: as fendas do

solo recém-aterrado emitiam gás combustível. Algumas dessas fontes de gás

localizavam-se mesmo, dentro das casas: bastava dispor algumas pedras ou tijolos

em torno de um buraco para se ter fogão, permanentemente combustível. O que esses

felizes moradores não sabiam é que estavam sobre uma poderosa bomba de altíssimo

poder destruidor. Dependendo da percentagem de mistura com o ar, o gás metano

explode violentamente.

Felizmente a explosão não ocorre naquele episódio, mas tem ocorrido em

construções efetuadas sobre antigos aterros sanitários. Esses aterros constituem uma

maneira cômoda de dispor o lixo de uma cidade. Consiste na sua colocação em

camadas, cada qual, recoberta por uma porção de argila e bem compactada com o

auxilio de tratores. É uma solução precária, pois:

- Não se aproveita nada do lixo;

- Ocupa grandes áreas das cidades;

- Contamina 0o lençol freático e os próprios rios.

Em alguns desses aterros, têm sido feitos dispositivos que permitem

canalizar e aproveitar o gás combustível, o biogás, de alto poder calorífico. Esses são

os aterros energéticos (REVSTA FOGO, 1998).

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O lixo sólido urbano e os refugos empresariais devem figurar entre as

grandes questões que a todos preocupam neste final de milênio. Ocorre que enormes

quantidades de rejeitos de origem industrial, comercial e residencial têm sido

espalhadas de modo displicente e desordenadas por todo o planeta, aí incluído o

espaço sideral próximo, negligenciando-se as possibilidades de reaproveitamento de

um vasto conjunto de materiais e substâncias. Neste cenário sombrio para o próprio

futuro da humanidade, convém examinar cuidadosamente todas as alternativas de

utilização de resíduos, em especial como fonte de energia. Aparentemente inviável

para a iniciativa privada, o uso dos subprodutos do lixo não pode deixar de ser

estimulado pelo poder público, na medida em que pode produzir benefícios para a

população, melhorando as condições de saúde pública, reduzindo a poluição

ambiental ou aumentando a eficiência de aproveitamento dos recursos naturais,

renováveis ou não. (Felix Alberto Farret).

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CAPITULO II

O LIXO E O MEIO AMBIENTE

A Constituição Federal brasileira de 1988 no artigo 23, inciso VI, já é

suficientemente clara quanto à obrigação do Estado para com a preservação

ambiental, quando diz que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em

qualquer de suas formas.

A política Nacional de meio ambiente visa, entre outras coisas, à

compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação ecológica.

Ela impõe aos infratores da lei ambiental poluidores e predadores a obrigação de

recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, a contribuição pela

utilização dos recursos ambientais para fins econômicos.

A questão ambiental surgiu de maneira explosiva há menos de 20 anos. Até

então, apenas os aspectos sanitários do problema eram a bordados, principalmente

com a vida moderna e o aumento da população, observa-se vastos amontoados de

lixo. O lixo hoje é uma ameaça à própria Terra, pois não há lugares suficientes para

depositá-lo e, nele, há substâncias químicas prejudiciais à saúde do homem e do

próprio meio ambiente. Segundo NISKIER & MENDES, 1991,p.74-75:

“No Brasil, a quantidade de lixo hoje, corresponde a um quilo por pessoa a cada dia e grande parte dele vai para o subsolo, contaminando o solo e as águas subterrâneas (...) A multiplicação dos aterros sanitários é prejudicial ao meio ambiente e enfeita a paisagem.”

É importante frisa que esse problema não é da mesma data da explosiva

questão ambiental, pois desde a lenta aparição do homem como espécie animal,

existe, mesmo que inconveniente, um pensamento ecológico. Na busca de garantir

sua sobrevivência, o homem foi gradativamente notado a existência de uma relação

entre ele mesmo, os demais seres vivos e o ambiente.

Com o passar dos anos, o homem foi, cada vez mais, explorando e

transformando os recursos naturais. No início, o homem já agredia o seu ambiente,

porem os ciclos naturais de reorganização da natureza (equilíbrio ecológico) ia

recompondo essas transformações, visto que eles ocorriam, em pequena escala em

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função do beneficiamento e da fabricação de produtos de consumo. Esses produtos,

após o uso, são descartados.

Desse modo, além da demanda e exploração cada vez mais crescente de

recursos naturais criando impactos ambientais muitas vezes irreversíveis, tem-se

como resultado o despejo de substâncias tóxicas que, além de contaminantes, têm

lenta degradação no meio ambiente.

São vários os tipos de lixões despejados no meio ambiente, sem nenhum

controle. O próprio lixo domiciliar (oriundo de residências e comércios) traz várias

substâncias tóxicas, como resinas, tintas, solventes e outros produtos químicos de

grande periculosidade. Segundo (o Manual da Educação, 2002, p.100):

“64% dos municípios brasileiros deposita seu lixo de forma inadequada, em locais sem nenhum controle ambiental ou sanitário. (...) Além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro, os lixões são verdadeiros focos de contaminação (ver anexos 04), causando vários problemas e de saúde pública.”

O mais agravante ainda é a convivência com o lixo eletrônico, que são os

computadores, telefones celulares, televisores e outros tantos aparelhos e

componentes que, por falta de destino apropriado, são incinerados e depositados em

aterros sanitários. É, realmente uma batalha acirrada das autoridades e simpatizantes

dos movimentos ecológicos, provocar a conscientização da população quanto ao

acúmulo do lixo.

Esse mesmo acúmulo provoca uma série de desgaste para a natureza e,

consequentemente, para a sobrevivência, tais como:

• Os lixos orgânicos produze um gás tóxico (metano e inflamável que

mata a vegetação e, associado a outros gases, provocam o aquecimento

da Terra;

• Os lixões são focos de doenças;

• Os lixões se apresentam como prejuízo para o sistema imobiliário;

• Os resíduos industriais liberam substâncias químicas nocivas no meio

ambiente;

• As embalagens de plásticos tornam as cidades sujas e provocam a

morte de animais, entre outros inconvenientes.

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Quanto às embalagens, o Manual da Educação (2002, p. 104), descreve que:

“O pior é que as embalagens estão ficando cada vez mais sofisticadas e complexas. Com o aperfeiçoamento das técnicas de conservação de produtos, novos materiais foram agregados às embalagens para torná-las mais eficientes. Estas misturas, no entanto, dificultam tanto a sua degradação natural como a separação dos materiais par reciclagem.”

A alternativa do consumo sustentável vem para enfocar situações que

agridem o meio ambiente, de forma que, produz embalagens ou até mesmo o lixo

mais comum, deverá ter o conhecimento suficiente para devolver materiais menos

agressivos ao meio ambiente, o que implicará na redução dos volumes de lixo

encaminhados à destinação final.

Mesmo que em nosso país exista um número reduzido de municípios que

tem sistemas adequados d coleta seletiva, manejo, tratamento e disposição final do

lixo, até porque, nem todos os Estados brasileiros têm leis regulamentadas quanto ao

tema, seria interessante que as empresas começassem a buscar soluções para o

problema dos lixões.

Fora a questão da agressão ao meio ambiente, o lixo ainda se apresenta

como um forte agravante contra o aspecto social. A Revista Nova Escola – agosto

2003, traz um encarte (Meio Ambiente – conhecer para preservar) com o titulo

“Consumo e Desperdício, os pecados das cidades grandes”, que mostra que a água, a

eletricidade e o lixo configuram-se com uso dispendioso, quase sempre mais do que

necessário o que faz agravar os problemas ambientais. Esta é a descrição feita no

encarte da Revista Nova Escola (2003, p. 3ª):

“No início dos anos 2000, as cidades brasileiras produziam mais de 90 mil toneladas de lixo por dia”. No entanto, 27% dos domicílios não dispunham de qualquer tipo de coleta. Apenas 60% dos resíduos eram recolhidos, o restante acabava nos rios, nas ruas e em lixões clandestinos, gerando produtos tóxicos que se infiltram no solo e contaminam os lençóis subterrâneo de água. O lixo brasileiro tem forte presença de restos de alimentos, que representam mais de 50% da composição. Esse dado reforça a possibilidade de seu reaproveitamento. (...) A verdade é que muita gente sobrevive graças ao lixo. Segundo o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mais de 40 mil pessoas vivem diretamente da “catação em lixões e outras 30 mil da “catação” nas ruas.”

Com esses dados é possível perceber que o lixo é um indicador curioso de

desenvolvimento de um país. Quanto mais o Brasil crescer, mais sujeira vai produzir.

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Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais (Abrelpe).

Assim, calcula-se que o Brasil perde atualmente, cerca de quatro bilhões de

dólares anuais com materiais que deixam de ser aproveitado, fazendo com que o lixo

se torne um desafio de múltiplas faces, sobretudo social e ambiental.

2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O surgimento da Educação Ambiental se dá a partir do final da década

de60, sob a influencia da contracultura e dos movimentos sociais que reivindicam uma

melhor qualidade de vida e questionam o padrão desenvolvimento da sociedade

ocidental. A chamada Educação Ambiental desponta como alternativa, mas, sobretudo

como uma importante estratégia na busca de saídas possíveis para a busca de novos

rumos que possam dar canta de nossa trajetória comum, que deverá passar a ser

sustentada, agora, desde a tomada de consciência de que o planeta vive uma crise

sem precedentes em sua história. No cenário oficial, a Educação Ambiental é lançada

em 1972, na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, em

Estocolmo, Suécia. Assim esta atividade passa então a ser uma importante ferramenta

na construção de um futuro necessariamente sustentável e comum a todos. A partir

deste pressuposto, o mundo observa os importantes encontros de autoridades

internacionais. Ainda na conferencia de Estocolmo, em 1968, a recomendação 96,

resultante do documento final da conferencia dizia:

“O desenvolvimento da Educação Ambiental é o elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo” sendo de “grande importância estratégica dentro dos esforços de busca de melhoria de qualidade de vida” (In: DIAS,1992).

Após quase duas décadas de atraso, depois de difíceis negociações e

pressões internacionais, o governo brasileiro começa os primeiros movimentos de

aceitação das novas tendências mundiais e apenas durante a década e 80., o Brasil

começa a promover uma série de medidas a fim de regulamentar a Política Nacional

de Meio Ambiente. Através da lei federal nº. 6938, de agosto de 1981, que aprova a

criação do SISNAMA, Sistema Nacional de Meio Ambiente, do CONAMA, Conselho

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Nacional de Meio Ambiente e do Cadastro Técnico Federal de Atividades e

Instrumentos de defesa Ambiental.

O CONAMA define a Educação Ambiental como sendo:

“um processo da formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais, de atividades que levam à participação das e comunidades na preservação do equilíbrio ambiental”.

Na lei 6938/81 a Educação Ambiental aparece no Artigo 2º item x onde se

lê: “Educação Ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacita-la para a participação ativa na defesa do meio

ambiente”.

É obvio que a letra da lei e seu cumprimento existem uma distância

considerável. Mesmo hoje a Educação Ambiental ainda não é oferecida a todos,

ficando muitos de fora dessa conscientização ecológica. Outra questão a considerar é

a forma como a Educação Formal através de uma disciplina, prática condenada, ou

através do Projeto Político Pedagógico da Escola, o que muitas vezes conduz a uma

dispersão do tema.

2.2 O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

A inserção da questão ambiental em todos os níveis de ensino surge como

uma possibilidade frutífera de engajamento entre professores e alunos em situações

de ensino-aprendizagem, nas quais a problematização pode ser mais facilmente

atingida, por envolver, direta ou indiretamente, questões vitais na esfera individual e

coletiva (OLIVEIRA et al., 2000). Seguindo a Política Nacional de Educação Ambiental

no ensino superior é facultada a criação de disciplinas nas áreas voltadas aos

aspectos metodológicos da Educação Ambiental, nos cursos de pós-graduação e de

extensão. De outro modo, se existe uma maneira de fomentar a incorporação da

Educação Ambienta na formação dos futuros profissionais, o melhor seria fazê-lo por

meio de programas sólidos e articulados. Segundo alguns pesquisadores do Programa

de Ambientalização Curricular do Ensino Superior (Rede ACES), financiado pela

Comissão Européia (FREITAS & OLIVEIRA, 2004: 307), uma perspectiva promissora

seria “promover processos de intervenção nas práticas formativas com a finalidade de

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introduzir mudanças no currículo de modo a estimar que o futuro profissional atue

como agente de mudanças em relação aos aspectos ambientais”.

A Educação Ambiental, na medida em que se centra em “situações-

problemas, ou situações-potenciais”, poderá permitir a interação dos professores das

disciplinas, e a construção de marcos referenciais convergentes que possibilitem, ao

longo do processo educacional, a construção da interdisciplinaridade e da

compreensão da complexidade do mundo contemporâneo.

Considerando a Educação Básica podemos destacar:

No ensino fundamental são perseguidos os objetivos de sensibilização em

relação aos problemas e potencialidades ambientais, Nas séries iniciais, usando as

atividades como uma resposta às necessidades e características psicológicas da

infância, as questões ambientais cumprem um papel fundamental, permitindo a ação

orientada dos alunos, desafiando-os a imaginar, deliberar, sentir descobrir algumas

inter-relações simples entre fenômenos naturais e saciais. Os procedimentos das

atividades não se impõe pela natureza do conteúdo mas provem dos motivos e

interesses do educando, da sua capacidade de investigar, descobrir compreender o

mundo que o rodeia. Nas séries finais, num ensino por áreas de caráter transversal, é

possível avançar na concretização de projetos integrados e adequados à construção

de uma concepção mais complexa das questões ambientais.

No ensino médio, se poderá avançar em projetos de intervenção sócio

ambiental e comunitário destacando o papel das ações responsáveis participativas. O

educando poderá ter uma ação mais aprofundada inserindo-se nos processos de

transformação da sociedade.

A incorporação da Educação Ambiental ao currículo escolar de forma

transversal ou por meio de projetos pedagógicos abertos, de modo a atingir a

comunidade, com a finalidade de um maior conhecimento das realidades sócio

ambientais dos alunos, perseguindo a intervenção e participação na solução de

problemas locais e suas múltiplas interações e determinações a nível regional,

nacional e global, exige muito do trabalho conjunto do coletivo escolar, a fim de

integrar esta visão no projeto pedagógico da unidade escolar.

O currículo de Educação Ambiental deve ser o resultado de um processo de

interação e negociação; onde os alunos tracem suas experiências vitais, concepções e

crenças pessoais, valores, interesses, problemas e expectativas; o educador aporta

uma visão do conhecimento cientifico e historico-social, que seria desejável adquirir, a

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bagagem de metodologias e técnicas pedagógicas potencialidades sócio-ambientais

que e sua própria experiência social e profissional, o conjunto de problemáticas e/ou

potencialidades sócio-ambientais que interessa investigar, compreender e transformar

formar, além das concepções filosóficas e os valores éticos que pretende construir

junto aos educandos. (Mininni-Medina, 1996).

“Unir a Educação à vida, associa-la com objetivos concretos,

estabelecer uma correlação estrita com a sociedade, e inventar ou redescobrir uma educação em estreita relação com o ambiente. É neste sentido que se deve buscar novos caminhos. Aprender a pensar em forma livre e critica, a amar o mundo e faze-lo mais humano, a realizar-se mediante o trabalho criador, pode ser este o caminho para a construção da sociedade do futuro. Para isto, será necessário que se cumpra na realidade a possibilidade de igualdade de acesso educacional. A igualdade de oportunidades para aquisição do conhecimento historicamente acumulado é condição sine qua nom da realização de outras novas modalidades em educação.” (Mininni-Medina, 1994).

As atividades de Educação Ambiental poderão ser planejadas em conjunto

com os alunos e, desta formas poderão permitir que estes assumam uma importante

parcela na execução dos projetos de Educação Ambiental. Se responsabilizem

progressivamente pela realização de tarefas concretas relativas ao tema e atuem em

equipe, exercitando na prática a importância da cooperação e do trabalho conjunto.

A Educação Ambiental implica a revalorização do professor e do seu papel

no processo de planejamento educativo. Pretende alcançar um conhecimento

significativo e compreensivo, a partir de um processo permanente de reflexão sobre a

prática cotidiana do docente, que conduzirá a mudanças, numa concepção do ensino

aprendizagem no qual o eixo central seja constituído pelo aprendizado significativo do

aluno e não pela acumulação de conteúdos ensinados. Paralelamente, procura a

incorporação de novos valores e atitudes éticas, exigindo, portanto, modalidades

diferenciadas de avaliação, para que o aluno possa exercer efetivamente uma

cidadania qualificada na sociedade.

Para cumprir com os objetivos propostos para a Educação Ambiental, o

caminho é longo, complexo e difícil, que serão necessários investimentos importantes

na capacitação e orientação dos professores, mas, ao mesmo tempo, reconhece-se

que se necessita estar à altura dos desafios que o novo milênio se coloca. Para que

sejam capazes de se construir novos caminhos da Educação Ambiental no Brasil,

necessita-se muita confiança e capacidade. A Escola, como instituição responsável

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pela formação integral dos cidadãos, tem o dever social de desenvolver o sistema de

conhecimento , habilidades e valores que sustem uma conduta e comportamento

próprios de proteção ao meio ambiente. Desde o ponto de vista pedagógico, essa

educação se concebe como um processo educativo permanente porque as pessoas

cobram consciência do seu meio ambiente e adquirem os conhecimentos, valores, as

atitudes, a experiência e a determinação que permitam atuar, individualmente e

coletivamente par resolver os problemas ambientais presentes e futuros.

A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo de

muitos anos através de estudos de inúmeros especialistas, que têm uma visão global

das necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em um objetivo comum que

é a manutenção da qualidade de vida de todos os seres do planeta.

2.3 LIXO, O INCÕMODO DA MODERNIDADE.

A valorização do lixo começa a surgir no período industrial e amplia-se por

causa da guerra. O lixo devera ser transformado em dinheiro. Numa sociedade

capitalista, geralmente só se atribui valor a coisas que podem gerar lucro. Este valor

foi atribuído ao lixo, devido à possibilidade de sua transformação em matéria-prima.

Assim, em 1896, os tropeiros iniciam suas atividades intensificando-as a partir de

1918. Existiam dois tipos de trapeiros: o catador e o atacadista. O primeiro fazia a

separação dos materiais encontrados no lixo e os enfardava para serem vendidos

como matéria-prima. Ele era o “operário”, enquanto que o atacadista – o

“atravessador” – era o patrão. Havia uma tensão entre as indústrias de trapos e o

Serviço Sanitário, apesar delas terem sido toleradas até o término da Primeira Guerra

Mundial. Em várias situações os trapos eram importados, sobretudo da Argentina e,

mais tarde, da Europa. O Serviço Sanitário começou a exigir a desinfecção dos fardos,

que apresentavam um “aspecto repugnante”. Essa medida foi dificultando a

importação de trapos e, consequentemente, a sua comercialização (Miziara,2001).

Com o avanço da industrialização, o individuo é necessariamente um

consumidor. Por ser racional, ele é privilegiado pela prática da cidadania e está de

certa forma, incluso na sociedade, logo incluso também na economia do país. E

quanto maior for sua renda, mais ela consumirá – e mais lixo será gerado.

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Esta poderia ser uma abordagem para uma teoria de saneamento básico,

mas, na verdade, a questão é o lixo domestico ou gerado por atividades produtivas.

(COZETTI, 2001,p.12) é enfático quando diz;

“O destino do lixo é um dos temas da maior gravidade. Trata-se de saber como se livrar do que é considerado inservível e de reconhecer que se está diante de um problema ambiental de grandes proporções. Consome-se sem qualquer preocupação com a destinação do lixo e menos ainda com a sustentabilidade dos recursos naturais.”

Entende-se, portanto, que a geração do lixo cresce à medida que aumenta o

consumo. Quanto mais se adquiri mercadorias, mais recursos naturais se consomem e

mais lixo é gerado, provocando a integração entre crescimento demográfico,

concentração da população e adoção de estilo de vida dos paises ricos.

A modernidade tem sugerido esta integração de forma acelerada, e o lixo

urbano e/ou público tornou-se um indicador do padrão de vida e do consumo da

sociedade.

ASSUNÇÂO (1994,p.79) propõe um simples calculo aritmético que

comprova a dimensão deste problema:

“Se em média cada habitante produz diariamente uma quantidade estimada em 0,6 kg de resíduos quando multiplicamos esse valor pela quantidade de população chega-se à extensão do problema. Assim, para melhor exemplificar, observa-se que em uma cidade de 20.000 habitantes são produzidos diariamente um total de 12 toneladas de lixo (0,6 kg x 20.000 = 12.000 kg).”

Necessariamente, há uma estima relação entre o lixo público e/ou urbano

com a modernização, pois o acúmulo do lixo está se tornado cada vez maior, já que a

sociedade capitalista mantém uma produção ininterrupta, sob pena de haver uma

diminuição dos ganhos das empresas. Daí a publicidade estimula as pessoas a

consumirem cada vez mais, ao mesmo tempo em que surgem as novas necessidades

individuais e sociais.

Para acelerar o circuito produção-consumo, atividade produtiva se

diversificou, e os produtos são feitos para durarem cada vez menos, fazendo com que

tudo que é possível tornou-se descartável. Muitas vezes, as embalagens são mais

dispendiosa para a administração pública.

Cabe lembrar, que a maior parte do lixo urbano é constituída por materiais

que foram extraídos da natureza. Como somente parte desses materiais é

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aproveitada, a outra parte significa o desperdício de recursos que poderão faltar no

futuro. Mas, o preço mais alto e mais incômodo da modernidade acontece nos grandes

depósitos de lixos.

Numerosas pessoas, a maioria crianças e mulheres disputam a coleta de

resíduos desprezados pela população e pelas firmas das grande cidades.

É muito importante ressaltar, que ao problematizar as relações humanas

com a modernidade e desta com o consumo, é preciso antes entender a dimensão

local em que se materializam essas relações. No caso especifico de Urutaí, que não

comporta indústrias, grandes centros comerciais e vasta população, mesmo que seja

em pequena escala, o problema do lixo público e/ou urbano já mostra sua face, a

começar pela descaracterização das ruas, bem como da inadequação do local de sua

destinação final. Essas questões, mesmo que simples, merecem atenção para se

construir futuras formas de atuação, tendo em vista a superação destes problemas

que, certamente, provocam a origem de outros mais agravantes.

COZETTI (2001,p.12-13) mostra uma das faces dos problemas com o lixo:

“Para a legislação vigente, cabe às prefeituras a tarefas de gerenciar a coleta e destinação final dos chamados resíduos sólidas. Mas, 46 milhões de pessoas moram em lugares onde não se conta com recolhimento de lixo(...) A imagem dos lixões que se multiplicam pelo Brasil, representa, um dos maiores desafios dos administradores municipais.”

Por certo, os administradores municipais têm poucos incentivos políticos e

financeiros para corrigir erros e encontrar soluções tanto para a abundância de lixo

quanto para sua destinação, até porque a modernização propõe produção e consumo

acirrados. Mas, o desafio, de qualquer maneira se impõe a todos, pobres e ricos;

consumir de forma sustentável para poupar os recursos naturais, conter os

desperdícios e reciclar em maior quantidade.

Cabe lembrar, que a maior parte do lixo urbano é constituída por materiais

que foram extraídos da natureza. Como somente parte desses materiais é

aproveitada, outra parte significa o desperdício de recursos que poderão faltar no

futuro.

Mas, o preço mais alto e mais incomodo da modernidade acontece nos

grandes depósitos de lixos (Figura 05), que é a poluição humana e social.

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Figura 05: Poluição social nos lixões. Fonte: Internet. 2008

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CAPITULO III

A RECICLAGEM DO LIXO

À medida que a nova sociedade urbano-industrial se consolidou, o

consumismo encontrou amplo espaço e, tanto sociedades avançadas quanto a

subdesenvolvidas, fizeram aumentar o volume de lixo. O primeiro e grande engano é

acreditar que o que produzido é consumido, pois numa economia como a de hoje, que

imita os padrões americano e europeu, usa-se muito material para fabricar tudo. Os

automóveis, por exemplo, exigem equipamentos enormes, milhares de componentes

e, quase tudo possui uma embalagem externa, outra interna, e inclui um papel de

embrulho e um saquinho para carregar. Tudo isso, mais dias, menos dias, vira lixo.

Segundo Baima ( 2001,p. 65-67):

“A reutilização e a reciclagem estão ganhando adeptos na indústria e nos bares, mais ainda é pouco expressiva diante da montanha de excessos que destinamos aos lixões, aterros sanitários e incineradores. (...) Nos próximos anos, este conflito trará uma discussão profunda.”

O conflito a que se refere a escritora, é a falta de espaço para esses lixões,

aterros e incineradores. Os aterros não podem ser construídos perto das cidades, os

incineradores custam muito caro, e os lixões, muitas vezes, foram definidos como

nocivos à saúde pública.

Segundo a mesma escritora (Baima 2001,p. 65-67), “no Brasil, de 5.507

municípios, apenas 135 praticam algum tipo de coleta seletiva.” Isso quer dizer que a

destinação final do nosso lixo se concentra em sua grande maioria nos lixões, apesar de

atingirmos o percentual de 73% da produção nacional da reciclagem d alumínio.

Uma das etapas mais onerosas do tratamento do lixo em função de seu

aproveitamento é a separação adequada do lixo produzido. Uma primeira classificação

pode ser realizada pela população, o que depende da vontade pública para

conscientizar a população do valor d cooperação.

A separação doméstica do lixo é simples: basta colocar em recipiente

separados os detritos orgânicos e inorgânicos. Já a separação pública, pode contar

com recipiente qualificados e/ou personalizados em lugares estratégicos.

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Sabendo-se que o papel é um material totalmente reciclável e bastante

procurado no mercado, é fácil concluir que a coleta seletiva tem de tudo para obter

sucesso, inclusive em termos econômicos. O plástico, também tem grande valor

reciclável, e o vidro apresenta grande eficácia e abrangente porcentagem de reciclagem.

SCARLAO & PONTIN (1994, p. 60) mostram que:

“Algumas experiências de outros países mostram que a reciclagem é um processo viável dos pontos de vista ecológico e econômico. Em Berlim, na Alemanha, as empresas são estimuladas a partir de um processo de reestruturação com vistas à reciclagem, e para isso, recebem incentivos financeiros. O Governo britânico lançou, em 1989, um programa de reciclagem do lixo urbano que, até o ano 2000 pretendia estar reutilizando metade de todo lixo doméstico reciclável.”

Conforme já fora mencionado, o lixo acaba se tornando meio de

sobrevivência de uma parcela social. Como a coleta de lixo deve ser feita de forma

diferenciada, de acordo com a características, tipo de ocupação e região de cada

cidade, obedecendo alguns procedimentos, essa parcela social já tem pontos

estratégicos para separar o que é conveniente para a sua sobrevivência e

comercialização. Desta forma a reciclagem pode abrir novos empregos e mudar essa

situação.

BARBOSA NETO (2002, p. 11), consciente de que “o lixo não é apenas um

problema do governo, mas de cada um de nós”, editou um manual que mostra os

procedimentos triviais da coleta seletiva:

“Conscientizar a população de que o material reciclável não é propriamente lixo, devendo ser recolhido separadamente; promover e oferecer condições para que a população possa separar papéis, plásticos, vidros e metais, instalando recipientes adequados em praças e locais de fácil acesso; implantar um centro de triagem para separação, classificação e armazenamento dos materiais até a sua comercialização; promover estudo de mercado sobre a viabilidade do material reciclado; a coleta seletiva deve prever ainda o recolhimento dos resíduos orgânicos, que poderão ser aproveitados como adubo ou gerar energia.”

Hoje, quando a sociedade se preocupa em difundir a prática da coleta

seletiva do lixo com vistas à reciclagem, essa técnica aparece para muitos como uma

conquista recente da ciência e da tecnologia. Porém, sabe-se que o conhecimento

técnico é acumulativo. Desde algumas décadas, a coleta seletiva já era uma prática

viável. Alguns coletores primários, portadores de veículos de tração humana e animal,

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recolhiam junto ao lixo das residências e fábricas, objetos de alumínio, papel e vidro,

para comercializar-se.

Por essa razão, pode-se dizer que a coleta seletiva e a reciclagem do,lixo

são práticas antigas, mas, que atualmente estão ligadas aos interesses público e

privado, como também está ligada às questões ambientais. É interesse perceber que

uma alternativa artesanal para ambulantes, agora é uma bandeira de luta em favor da

ecologia.

SCARLATO & PONTIN (1994, p. 58) são categóricos quando afirmam que:

“De todas as opções ditas terminais em relação ao tratamento do lixo, a reciclagem é considerada a mais adequada, por razões ecológicas e também econômicas. (...) Não se deve, porém, contar com a reciclagem como única fonte alternativa para o fornecimento de matérias-primas para a produção industrial. (...) Atualmente, o volume de matéria-prima está muito abaixo das necessidades da indústria (...), a reciclagem é uma forma de reintroduzir o lixo no processo industrial, retirando assim do “fluxo terminal” os resíduos cujos destinos seriam os aterros, a incineração ou a compostagem.”

Sem dúvidas, a responsabilidade destinada à reciclagem parece maior que

a sua importância, mas, a sua função específica é elaborar produtos que ao serem

consumidos, diminuem a demanda de recursos naturais que exigem muito dos

ecossistemas.

Desta forma, a coleta de lixo é vista como uma propulsora na elaboração

desses produtos e, para que ela ofereça um percentual razoável de eficácia, deve

obedecer alguns procedimentos. (Quadro 02).

Quadro 02: Procedimentos da coleta de lixo.

Fonte: BARBOSA NETO, 2002, p 10.

Área

Freqüência

Período

Observação

Residencial Dias alternados Diurno Diárias em áreas mais

adensadas.

Comercial Industrial Diária Diurno/noturno O período dependerá do tamanho

da cidade e da produção do lixo.

Áreas de posse, áreas

de ocupação

desordenada e

Diária Diurno O planejamento dependerá das

características e particularidades

de cada área

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precária, terrenos

acidentados.

Feira, festas e locais

de vendas de

pescados.

Eventual Imediatamente

após a realização

do evento.

A coleta deverá ser iniciada

imediatamente após a varrição.

Obedecidos estes procedimento, o lixo segue à sua destinação final,

entretanto, o enfoque do trabalho está na adoção da coleta seletiva, que ao ser

descrita anteriormente, sugere-se como ação simples e prática de coletar materiais,

porém, para fazer uma coleta seletiva, é necessário que os materiais recicláveis sejam

separados nos lugares onde o lixo é gerado. Eles são, então, acondicionados em

recipientes adequados, coletados e enviados para a indústria de reciclagem.

Sabe-se que num programa de coleta seletiva recuperam-se, geralmente,

cerca de 90% dos materiais, como papéis plásticos, vidros e metais. Os 10% restantes

são os materiais que não podem ser reaproveitados, como isopor, trapos, papel

carbono, fraldas descartáveis, couro, louça, cerâmica e objetos produzidos com peças

de diferentes materiais.

Como qualquer projeto, a coleta seletiva e a reciclagem oferecem também

algumas desvantagens, de forma que a adoção desses métodos sugere estudo

detalhado de cada município. A disposição final do lixo é o método mais preocupante

dentro do quadro das desvantagens. A Revista Química & Sociedade (2003) – a

ciência, os materiais e o lixo – mostra as vantagens e desvantagens (quadro 03) dos

mais cogitados métodos de disposição do lixo.

Quadro 03: Vantagens e desvantagens dos processos de disposição do lixo.

Fonte: QUIMIA & SOCIEDADE, 2003, p. 81

PROCESSO VANTAGENS DESVANTAGENS

Aterro Sanitário

• Evita o contato humano direto com

o lixo.

• Diminui o risco de contaminação

das águas subterrânea, quando

executado adequadamente.

• Controla a proliferação de ratos e

insetos.

• Pode aproveitar áreas

topograficamente inutilizadas.

• Não reaproveita materiais para

reciclagem quando não precedido de

coleta seletiva ou tratamento prévio.

• Contamina o meio ambiente pelo

chorume quando não é conduzido

adequadamente.

• Inutiliza grandes áreas físicas.

• Aumenta geralmente, o custo com

transporte devido à necessidade da

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50

• Possui um baixo custo

operacional.

distancia de áreas urbanas.

Incineração • Reduz consideravelmente o

volume do lixo.

• Produz material estéril, que evita a

contaminação por agentes

patogênicos.

• Possibilita o aproveitamento de

energia.

• Diminui a distancia de transporte,

pela possibilidade de instalação

em áreas próximas aos centros

urbanos.

• Tem custo operacional muito elevado

• Apresenta problemas operacionais.

• Pode contaminar o ar com gases

poluentes, se não usar sistemas de

filtros apropriados.

• Não reaproveita materiais para

reciclagem quando não é precedido

de coleta seletiva ou tratamento

prévio.

Compostagem • Produz adubo para a agricultura .

• Reduz o número de agentes

patogênicos.

• Implica obrigatoriamente a

separação inicial de materiais que

podem ser reciclados.

• Pode contaminar as plantações com

metais pesados que ficam retidos no

adubo.

• Demora vários dias para processar o

lixo.

• Pode emitir gases malcheirosos, se

não for bem controlada.

Se cada cidadão reconhecer que a sua cota de produção anual de lixo é

cerca de 180 quilogramas e rever a redução de desperdício, todo o material

descartado e que se transforma no lixo de nossas cidades, pode ser em sua maioria,

recuperado, se tornando novos objetos para o uso das pessoas. Reciclar é aproveitar

uma embalagem, um papel, um objeto que foi jogado fora, evitando que ele vire lixo.

A reciclagem do lixo é a parte importante da solução do problema, mas para

que ela se efetive é inegável que todos devam encarar o ciclo como algo essencial,

ininterrupto e progressivo. Só assim, no futuro, chega-se a excelência de reutilizar

integralmente os resíduos inorgânicos, hoje, transformados em lixo.

3.1 A RECICLAGEM DO LIXO URBANO DENTRO DO CONTEXTO ECONÔMICO

Este trabalho, como foi explicado em seu inicio, está enfocando o lixo

público (ou urbano) por ser ele de maior volume e de condições de aproveitamento. É

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óbvio que não se trata de um trabalho obrigatoriamente integral, uma vez que dados,

pesquisas e orientações são feitas embasadas em teorias fidedignas, entretanto,

cabem restrições.

O trivial é mostrar a tentativa de atualizar esse assunto e criar um paradigma

capaz de ressaltar que, o lixo público, existe produtos e materiais que foram

produzidos com a exploração da natureza, sob alto custo ambiental, econômico e até

social.

É importante sublinhar, que a reutilização ocorre quando se usa uma

embalagem para armazenar o mesmo produto ou dá-se a ela uma nova função. Já a

reciclagem é a transformação do material jogado no lixo, num mesmo, ou num outro

produto, antes do seu uso.

Os aspectos econômicos que se inserem na reciclagem do lixo público, se

destacam porque representam uma atividade econômica indireta, tanto pela economia

dos recursos naturais quanto pela diminuição de doenças e controle de poluição

ambiental, mas representa-se também como atividade econômica direta, em função da

valorização, venda e processamento industrial dos produtos considerados inúteis.

Para se ter uma idéia concreta dessa representação, basta analisar em

várias fontes, que a reciclagem no Brasil movimenta quase o mesmo percentual anual

da indústria do café, um dos nossos maiores propulsores econômicos.

Nesse caso, os benefícios econômicos se apresentam com a redução dos

custos com a disposição final, porque é justamente a disposição final que oferece

alguns problemas, tais como:

• Escassez de áreas para a destinação final;

• Disputa pelo uso das áreas remanescentes com as populações periféricas;

• Valorização dos componentes do lixo como forma de promover a

conservação de recursos;

• Falta de alternativas para os resíduos sépticos.

Realmente são problemas agravantes, até porque o lixo aumenta o seu

volume gradativamente por vivermos num modelo econômico capitalista, que é uma

das barreiras que impedem a consciência ambiental. A base do capitalismo é o

consumismo, e nem a adoção da política, ou da Formula dos RE’s (anexo 02) pode,

em médio prazo reverter o desperdício e a queda econômica de nossos municípios.

Mas, a reciclagem vem como proposta de recompensa econômica, e dentre

os fatores que sustentam essa recompensa, pode-se citar:

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• Redução do consumo de energia;

• Prolongamento da vida útil dos aterros sanitários;

• Melhoria na limpeza e visual das cidades;

• Com o reaproveitamento dos materiais que seriam descartados,

diminui-se o preço do produto fabricado pela indústria;

• Diminuir dos gastos com a limpeza pública, podendo haver mais

incentivos à saúde, educação, etc.;

• Geração de emprego e renda junto às cooperativas de catadores;

• Geração de empregos indiretos com a comercialização do lixo

seletado.

Segundo NEIVA(2001, p. 18):

“Apesar da falta de estudos aprofundados, as informações referentes ao mercado interno de reciclagem revelam bons índices de crescimento, especialmente nos últimos cinco anos. (...) Em 2002, o índice de reciclagem de latas de alumínio chegou a 78,2%. As 32 empresas que fabricam ligas a partir da sucata de alumínio empregam hoje duas mil pessoas diretamente e mais cerca de seis mil indiretamente. Alem disso, um contingente de 150 mil pessoas trabalha com a coleta de latas no Brasil.”

As informações que são divulgadas a respeito da reciclagem se resumem

mais no âmbito da observação ambiental, mas, a realidade está mudando. Hoje, as

pessoas compromissadas com o bem–estar recorrem a alternativas que deverão

valorizar (economicamente) até os “catadores” dos lixões, que na maioria das cidades,

contribuem com uma significativa parcela no processo de reciclagem dos materiais

descartados.

No caso de Urutaí – GO, a realidade é a estagnação, ou seja, existem

pessoas compromissadas, mas, não havendo iniciativas concretas, não se efetiva nem

mesmo a coleta seletiva, de forma que o lixo público ainda é descartado, não podendo

oferecer nenhuma contribuição econômica ao município. Sendo assim, é preciso

concordar com NEIVA (2001, p. 19), quando ele diz: “o principal problema enfrentado

para o crescimento dos índices de reciclagem dos mais diversos materiais é a

inexistência ou funcionamento precário de programas de coleta seletiva.”

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3.2 A RECICLAGEM DO LIXO URBANO DENTRO DO CONTEXTO

PRESERVATIVO E SOCIAL

A área ambientalista tem recebido uma atenção considerável nos últimos

anos, por causa da necessidade urgente de conscientização. Tecnologias para o

tratamento do lixo e reciclagem de produtos vêm sendo desenvolvidas para a proteção

do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida. No entanto, esses conhecimentos

precisam chegar a todas as camadas da população, para tornar todos os cidadãos

conscientes e participantes desse movimento.

Com o aumento populacional, a poluição e o espaço reduzido, hoje se busca

meios para resgatar as reservas naturais, flora e fauna. Sob este prisma, a coleta

seletiva e reciclagem do lixo vão favorecer imensamente para que não continue

havendo a contaminação do solo e dos lençóis subterrâneos; a proliferação de animais

e insetos transmissores de doenças; a disseminação de diversos e graves doenças; o

entupimento d bueiros, que descaracterizam as ruas e avenidas.

Já no contexto social, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística-IBGE(2000), cerca de 71,5% das cidades brasileiras com serviço de

limpeza urbana, o lixo é depositado em lixões a céu aberto. E, praticamente em todos

esses lixões existem pessoas trabalhando, inclusive crianças.

De acordo com documento do Ministério do Meio Ambiente (criança,

catador, cidadão-experiência de gestão participativa no lixo, UNICEF,1999):

“Muitas das crianças nascidas no lixão são filhas de pais que também nasceram ali. São meninas e meninos de diferentes idades. Desde os primeiros dias de vida são expostos aos perigos dos movimentos de caminhões e de máquinas, à poeira, ao fogo, aos objetos cortantes e contaminados, aos alimentos podres. Ajudam seus pais a catar embalagens velhas, a separar jornais e papelões a carregar fardos pesados, alimentares porcos. (...) O lixo é a sala de aula, seu parque de diversões, sua alimentação e sua fonte de renda. (...) Realizam um trabalho cruel. São crianças no lixo. Uma situação comum e dramática no Brasil.”

Mesmo que a reciclagem garanta ganhos sociais imensuráveis, com a

geração de empregos diretos, a possibilidade de união e organização da força

trabalhista mais marginalizada, e a oportunidade de incentivar a mobilização

comunitária para o exercício da cidadania, na busca de soluções de seus próprios

problemas, é impossível existir justiça social num pais onde existem crianças que são

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expostas ao abuso sexual, gravidez precoce, ao uso de drogas, etc., em vez de

brincar ou receber educação escolar.

Um outro aspecto influente dentro do contexto social, são os fortes vínculos

que as atividades de reciclagem têm com a formação e educação ambiental de

crianças, jovens e adultos. Essas instalações, além de serem unidades de tratamento

de lixo, podem funcionar como laboratórios de ciências, onde são discorridas várias

áreas e atividades relacionadas com a reciclagem do lixo urbano.

Alem desse fato, vale ressaltar a importância que os professores têm no

processo educacional sobre reciclagem, despertando nos alunos uma revisão de

posicionamentos diante do consumismo imposto pelo capitalismo.

Quanto aos aspectos políticos (e institucionais), estes são pouco

expressivos pois, tanto a coleta quanto à reciclagem do lixo, ainda são feitas de

maneira informal no Brasil. Isso quer dize que essas iniciativas vêm acontecendo

devido à ação isolada de pessoas ou grupos.

Para Projeto Verde Vale (1999, p. 62).

“Com todo o potencial para a reciclagem e as carências do País, não existe, até o presente momento, nenhuma lei ou regulamentação que institucionalize esta atividade. Não há duvida de que um programa institucional (em nível nacional) seria um importante mecanismo para mobilizar as comunidades, criar parcerias como o poder público e ressaltar a participação indispensável do cidadão no sucesso e alcance dos objetivos do processo, além de destacar seus vários benefícios para a coletividade.”

Essa ressalva quanto ao mecanismo mobilizador é mesmo trivial porque, o

principal motivo de milhares de pessoas se optarem pelo trabalho nos lixões é a

situação sócio-econômica do Brasil, ou seja, quem não tem escolaridade ou não tem

qualificação profissional, se submete a trabalhar nestas condições.

É muito comum ouvir dizer, que fazer ciência é pensar em alternativas e

criar modelos. Mas, quando se busca modelos explicativos para a constituição da

matéria, deve-se pensar antes, nas formas com as quais os conhecimentos científicos

e tecnológicos possam ser usados para encontrar soluções para os problemas sociais,

bem mais complexos, bem mais desumanos.

SCARLATO & PONTIN (1994, p. 58) sugerem que a adoção de “reciclagem

significa ainda assumir um novo comportamento”, logo esse comportamento pode ser

de natureza ambiental, política, sanitária e, principalmente social.

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Assim, nas mudanças de características do lixo e do aumento do volume –

que são problemas urbano-ambientais, como já foi assinalado, criam-se novos

interesses para a participação do processo de reciclagem.

Cabe ao poder local, mediante formas de incentivo à coleta seletiva que

deverá começar do lixo doméstico, intervir nas formas como se produz e se apropria

do lixo, que está emergindo como uma nova mercadoria bastante significativa.

Deve-se assinalar, que a coleta seletiva e a disposição do lixo

domestico/urbano são atribuições municipais, de forma que este trabalho deveria ser

realizado no município, porém, o tema se estendeu, porque em Urutaí-GO, o lixo como

“mercadoria” ainda é um objetivo. O consumo é compatível com a população, mas os

movimentos de conscientização ainda estão engatinhando. Se autores propõem um

novo comportamento, mesmo que seja pequena a proporção do lixo reciclável no

município, não é possível fugir da responsabilidade de agregados.

3.3 BREVE HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE URUTAÍ

Urutaí integra o grupo de municípios goianos que cresceram em função da

construção da estrada de ferro. A passagem dos trilhos atraiu inúmeras famílias para

trabalhar como funcionários e operários da ferrovia. Com a inauguração da estação

ferroviária no município, em 15 de novembro de 1914, intensificou a ocupoção em

torno do prédio.

Nesta fase inicial do povoamento também contribuiu o fluxo migratório vindo

dos estados de Minas Gerais, São Paulo e da região Nordeste do país.

No ano seguinte, 1915, já havia formado em torno da estação uma porção

de ruas, casas residenciais bem construídas e armazéns para depósitos de

mercadorias.

Outro fator que contribuiu bastante para o rápido crescimento da localidade

foi a Fazenda Modelo que o Governo Federal mantém desde 1910, hoje Centro

Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Não tardou muito para que o pequeno

arraial se transformasse em vila estabelecendo-se vida comercial, industrial e social.

O povoado de Urutaí foi elevado a distrito em 15de junho de 1915, mais

tarde o titulo foi revogado. Só em 22 de outubro de 1917, por Lei Municipal nº. 100,

dependente do termo judiciário e comarca do município de Ipameri. Pela Lei Estadual

nº. 45, de 15 de dezembro de 1947, foi criado o município de Urutaí, desmembrando-o

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de Ipameri. Pela Lei Estadual nº. 707, de 14 de novembro de 1952 a cidade passa a

ser definida como Comarca de Primeira Entrância, categoria que a caracteriza até

hoje.

Em termos técnicos pode-se dizer que Urutaí está localizado entre os

paralelo 17º 15’ 11” e 17º 35’ 33” e os meridianos 48º 23’ 59” e 48º 01’ 43”. Ele está na

região Centro-Oeste ocupando o Sudeste do Estado de Goiás na microrregião

Sudeste Goiano.

Limita-se ao norte com os municípios de Pires do Rio e Orizona, ao sul com

Ipameri, a lese com Ipameri e a oeste com Pires do Rio.

O seu relevo é caracterizado pela ocorrência de chapadas com uma

topografia que varia de 654 m a 988 m, aproximadamente, observando-se dois níveis

altmétricos 800 m acima e abaixo de 800m.

Na região onde está inserido o município, ocorre o clima tropical úmido,

típico das áreas de ocorrência da vegetação de cerrado. Caracteriza-se pela reduzida

oscilação anual de temperatura e ocorrência de 80% das chuvas entre os meses de

outubro a março. Tais oscilações térmicas ficam entre 18ºC e 13ºC, ficando a uma

temperatura média anual em torno de 23ºC. No período de setembro a outubro ocorre

a temperatura máxima absoluta de 30ºC e, entre os meses de junho a julho, a mínima

é inferior a 15ºC.

A precipitação média anual de chuvas está entre 1.000 mm a 1.500 mm

(MELLO 1995, p. 22).

A distância do município de Urutaí à capital do Estado è de 170 km e da

capital do Brasil 261km.

Pelos relatos históricos, o município obteve uma diminuição gradual de

habitantes, pois em outras épocas era bem mais habitado chegando inclusive a ter um

numero aproximado de 8.000 habitantes. Atualmente conta uma população de

aproximadamente 3.100 habitantes.

3.4 BENEFICIOS ADVINDO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DO LIXO

PARA A COMUNIDADE URUTAÍNA

O objetivo deste trabalho monográfico é um aprofundamento na educação

ambiental que, além de ser uma face da educação para a cidadania, se posiciona

dentro dos temas transversais, e estes estão sendo altamente enfocado nos currículos

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escolares de todos os níveis. Mas, ao analisar bibliografias relativa ao tema, veio a

certeza de que a comunidade urutaína pode ser beneficiada se o lixo que ela produz

for convertido em matéria-prima.

Obviamente, qualquer planejamento sugere uma conscientização

sistemática e uma análise em torno do que pode ser realizado. Quando há uma

referência de que os movimentos estão apenas se engatinhando, é porque no

momento está havendo apenas a integração de elementos (ou adeptos) ao movimento

para efeitos social e ambiental.

Sabe-se que a preocupação das pessoas é expulsar o lixo que se encontra

em suas residências, se esquecendo do que essa alternativa pode provocar para a

natureza e para si mesmas.

Em Urutaí, praticamente todas as residências possuem recipientes para

armazenar seu lixo, configurando-se no maior compromisso para manter a cidade

limpa. Mesmo que o trabalho de limpeza pública não seja completo em todas as ruas e

avenidas, o saldo que se vê é uma cidade relativamente limpa. A figura 01 mostra a

vista parcial da cidade, cujo município possui uma área de 626,03 km², localizado no

sudeste do Estado de Goiás, Urutaí é um dos 35 municípios goianos com área inferior

a 1000 km². Não existem áreas residenciais definidas, apresentando pequena área

urbana, com 3100 habitantes; não existe também, uma zona industrial definida, e o

comércio está praticamente restrito às imediações da Praça Manoel Benjamin Cotrin,

assim como os Órgãos administrativos, de prestação de serviços, saúde, escolas e

igrejas, de forma que é também nesta área a maior concentração de lixo.

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Figura 06: vista parcial do município de Urutaí –GO Autor: Donizete Borges, 2003:

A infra-estrutura urbana básica, no que se refere à pavimentação, meio-fio e

canalização de águas pluviais, são elementos básicos, cuja ausência geralmente

contribui para a degradação do solo urbano.

Foi pensando assim que o Sr. Angelino Deodoro da Silva, prefeito de 1974 e

1977 começou a analisar a produção do lixo no município. Nesta época, essa

produção era pequena, pois, a cidade não era asfaltada e o lixo doméstico,

especialmente o lixo orgânico (restos de comida), era aproveitado pela população que

criavam suínos.

Vencendo seu mandato, entrou o Sr. Olegário Pires Sobrinho (1977-1982)

que centralizou sua gestão na melhoria da infra-estrutura urbana. Começou a produzir

broquetes e calçar com eles o centro da cidade. Quando venceu o seu mandato,

quem o sucedeu foi o Sr. Gerson Justino da Silva (1982-1988) que tinha como vice-

prefeito o Sr. Anézio Domingos da Silva, e este, argumenta que “o lixo foi crescendo,

havendo a necessidade de colocar cesto de plástico ao redor da praça e/ou área

comercial” (2004). O que se entende é que a coleta se dava por veiculo tracionado por

caçamba que levava o lixo para uma erosão dentro da cidade – conhecida como

desbarrancado, conforme mostra a figura 07.

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Figura 07: Erosão num bairro do município (desbarrancado). Fonte: FERREIRA, Joana D’Arc Ribeiro, 2008

De 1988 a 1992, Anésio Domingos da Silva, agora prefeito, viu a

necessidade de comprar400 tambores e de colocar garis para varrer as ruas, já que o

aumento da produção do lixo estava sendo significativo devido os novos padrões de

consumo da população.

Em 1992 retorna o Sr. Olegário Pires Sobrinho que investiu em

aproximadamente 100 tambores e em mais veículos para transportar o lixo urbano que

já estava sendo destinado ao “lixão”. Em 1996, o Sr. Emivaldo Gonçalves assume a

prefeitura e junto com sua gestão novos consumo, mais população ativa e maior

produção de lixo que motivou a análise e construção de um aterro sanitário para a

destinação final do lixo que passa a ser tratado e/ou disposto dentro das trincheiras –

que são “valas” – construídas com declividade na longitudinal e na transversal, para

facilitar a drenagem do charume e do percolado das águas das chuvas.

Com a administração de Dr. Mario Candido Ribeiro e com atual

administração de Ezio Bento Lemos do Prado trabalham de forma mais intensiva com

o tratamento do lixo produzido no município. Conforme foi descrito em 1.4- Transporte

do Lixo Coletado – Cap. 01 desta monografia, faz-se a coleta do lixo assiduamente

com o uso de alguns tipos de veículos que conduzem o lixo coletado para o aterro

sanitário.

Desta forma, a infra-estrutura básica de Urutai é de quase toda a cidade

asfaltada com tambores de coleta em quase todas as residências, mas, mesmo assim,

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um projeto social de coleta seletiva é de suma importância, por vermos que nos

arredores do comercio ainda nota-se muito volume de lixo concentrado nas calçadas,

modificando a paisagem do município e desvalorizando a economia quando já podia

estar sendo comercializado ou doado, em ultima hipótese.

Quanto aos aspectos educacionais, o município é privilegiado, pois conta

com um CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica – que por sinal conta com

recipientes de coleta seletiva , duas escolas que ministram a educação infantil, ensino

fundamental e médio, e ainda uma escola municipal que sustenta a educação infantil e

fundamental em seu primeiro ciclo. É justamente pela esfera educacional, que os

projetos da coleta seletiva deverão começar. A imposição de campanhas que irão

mostrar o conhecimento, mesmo informal, sobre o processo de reciclagem do papel,

plástico, metal e vidro, deverão ser o suporte para o inicio de uma conscientização

plena que atinja inclusive os interesses econômicos do município.

SOUZA (In: RODRIGUES< 1998, p. 17) foi feliz quando afirmou:

“Se todo conhecimento cientifico é social na sua constituição e nas conseqüências que produz, só os conhecimentos cientificam da sociedade permite compreender o sentido da explicação do mundo “natural” que as ciências sociais produzem (...). Por isso, as ciências sociais são epistemologicamente prioritárias em relação às ciências naturais”.

É o real sentido da conscientização: para que a sociedade seja capaz de

traduzir um conhecimento cientifico em seu favor, ela deve antes apreciar os

benefícios que serão destinados ao seu meio natural, o que certamente confere o

verdadeiro significado da coletividade que impera desde o primitivismo. Se a

cidadania dá o direito de usufruir da qualidade de vida urbana, com acesso aos

equipamentos e meios de consumo coletivos, também as conseqüências desses

meios de consumo devem ser inseridas no cotidiano das pessoas, como primeira

forma de conscientização. O lixo produzido pela sociedade é o principal, senão um dos

principais meios para a formação dessa consciência. Evita o consumo desenfreado,

especialmente num município como Urutai, que gera muita pouca fonte de renda, é

positivo para a sobrevivência das pessoas e do comercio,e importante para a redução

do volume do lixo que até então, apenas se destina ao “lixão”.

A ausência de amadurecimento das relações políticas e socioculturais do

município deve deixar de existir, e a conscientização sobre a coleta seletiva e

reciclagem já é um dos caminhos para isso.

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Quanto aos benefícios que a comunidade urutaína pode receber no

momento eles são apenas educativos e ambientais.

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CONCLUSÃO

Os conhecimentos sobre os problemas do lixo público/ou urbano são vários,

são objetivos e fundamentos em situações comprovadas. Esta pesquisa monográfica

permite mostrar que os conhecimentos científicos, universitários, voluntários e

particulares vêm mostrando um modo de vida mais simples e prático que reduz o

consumo ao necessário.

Esta iniciativa, certamente agradará o meio ambiente, diminuirá as doenças

e destinará uma vida mais digna às famílias que são obrigadas a conviver no local de

destinação final do lixo.

Sendo assim, o lixo público e/ou urbano, produzido pelos hábitos de

consumo da população de cada município, além de ser um desperdício econômico; de

apresentar um longo período para se decompor; de fazer proliferar doenças e vírus e

descaracterizar as ruas e arredores desses municípios, ainda é desvalorizado. É óbvio

que as conseqüências em função de seu acúmulo são pejorativas, mas, o lixo tem

valor. E este valor pode ser revertido para a assistência social, que ainda apresenta

um dos menores índices de aperfeiçoamento no Brasil.

Urutaí (GO), sem dúvidas, vai se beneficiar deste trabalho, tanto na teoria

quanto na prática, pois, mesmo que a reciclagem ainda não possa ser efetivada, o

processo de coleta seletiva deverá tomar rumos positivos que favorecerão a

comunidade.

Sabe-se que a recuperação dos recursos naturais consiste no manejo do

lixo para alguma função economicamente útil, mas para reaproveitar o lixo, as

empresas sofrem três problemas crônicos: localização, pureza e oscilações do

mercado. Em conseqüência disso, o desinteresse impera e a degradação também.

O apoio para a superação desses problemas seria a participação pública,

mas esta, não passa dessas iniciativas peculiares: despertar a conscientização; criar

atitudes que influenciem ações; e conseguir pequenas cooperações para resolver tais

problemas. Mas, a conscientização, que é o início, está legada a alcançar parte das

pessoas politicamente ativas e nunca a comunidade inteira, de maneira que a

reciclagem do lixo deve ser amparada por uma liderança política do tipo construtiva e

compromissada com a população de cada município.

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Por isso, para solucionar o problema do lixo é preciso, antes, conhecer a

realidade do município. Em Urutaí, essa realidade se transformou gradativamente

conforme pôde ser verificado no decorrer da monografia.

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NOVA ESCOLA. A revista do Professor – encarte: Meio Ambiente – conhecer

para preservar. Nº. 164, ago. 2003.

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”. Educação Ambiental, Módulo II, p. 15-18.

PROJETO VERDE VALE. Manual quanto vale nosso lixo. Belo Horizonte:

Impressão Gráfica Orion, 1999.

REIGOTA, M. Meio Ambiente e Representação Social. São Paulo: Cortez,

1994.

___________ Tendências da Educação Ambiental do Brasil. São Paulo:

Cortez,1999.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção e consumo do e no espaço:

problemática ambiental urbana. São Paulo: Hucitec, 1998.

SCARLATO, Francisco Capuano; PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho ao lixo:

ambiente, Sociedade e educação. 3ª ed., São Paulo: Atual, 1994.

SILVA, Rubislei Sabino, Disputas e intenções políticas: Urutaí a construção de

um lugar 1947-2002. Trabalho Monográfico da UFG – Catalão-GO, 2002.

VERNIER, Jacques. O meio ambiente. Tradução de Marina Appenzeller.

Campinas-SP: Papirus, 1994.

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ANEXOS

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ANEXO I Tempo correspondente à decomposição de alguns resíduos considerados lixo.

Resíduos Tempo de decomposição

Papel fino De 03 a 06 meses

Restos orgânicos 03 meses

Tecidos de algodão De 06 meses a 01 ano

Filtro de Cigarro Mais de 05 anos

Gomas de mascar 05 anos

Latas de aço (óleo) 10 anos

Madeira pintada Mais de 13 anos

Náilon Mais de 20 anos

Embalagens longa vida Mais de 100 anos

Plásticos finos Mais de 100 anos

Metal Mais de 100 anos

Alumínio Mais de 200 anos

Plásticos duros Mais de 400 anos

Vidros comuns Mais de 1000 anos

Vidros resistentes (mesas) Mais de 10.000 anos

Cimento 50.000 anos

Borracha Tempo indeterminado

Fonte:MANUAL DA EDUCAÇÃO; QUIMICA & SOCIEDADE, 2002.

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ANEXO II A Fórmula dos RE’S A fórmula dos RE’s consiste numa apresentação sugestiva de como se pode atingir o

objetivo de conscientização para a prática de reaproveitamento de materiais em

busca da qualidade de vida e preservação do meio ambiente.

1 – REeduzir a geração do lixo – é o primeiro passo e a medida mais racional, que

traduz a essência da luta contra o desperdício. São inúmeros os exemplos domésticos

e industriais para a minimização do resíduos. Sempre que for possível, é melhor

reduzir o consumo de materiais, energia e água, a fim de produzir o mínimo de

resíduos e economizar energia.

2 – REutilizar os bens de consumo – significa dar vida mais longa aos objetos,

aumentando sua durabilidade e reparabilidade ou dando-lhes nova personalidade ou

uso, muito comum com as embalagens retornáveis, rascunhos, roupas, e oficinas de

Arte com sucatas. Após a utilização de um produto ou material (sólido, liquido, energia,

etc.) deve-se recorrer a todos os meios para reutilizá-lo.

3 – REecuperar os materiais – as usinas de compostagem são unidades

recuperadoras de matéria orgânica. Os catadores recuperam as sucatas, antes de

elas virarem lixo.

4 – REciclar – é devolver o material usado ao ciclo da produção, poupando todo o

percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens econômicas e ambientais. A

agricultura e a industria absorvem grandes quantidades de resíduos, aliviando a “lata

de lixo” das cidades. A reciclagem deve ser aplicada somente para materiais não

reutilizáveis. Embora a reciclagem ajude a conservar recursos naturais, existem custos

econômicos e ambientais associados a coleta de resíduos e ao processo de

reciclagem.

5 – REpensar os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior parte das

pessoas tais atos são compulsivos e, muitas vezes, poluentes. É preciso também

desmistificar a ação de jogar fora, porque, na maioria dos casos, o “fora” não existe. O

lixo não desaparece depois da coleta e acaba sendo destinado a aterros,

incineradores ou usinas, localizados próximos à nossa residência. A educação

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ambiental é básica para que os esforços em prol dos RE’s sejam vistos com seriedade

pela população.

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ANEXO III

Ministério Público denuncia

contaminação ambiental

em cidade goiana

Brasil - Um posto de gasolina, um cemitério e um lixão são suspeitos de causar problemas ambientais e de saúde na cidade goiana de Valparaíso. O Ministério Público de Goiás já move ações civis públicas contra os dois primeiros, acusados de contaminar o solo e o lençol freático, e em breve deve processar também o terceiro, instalado próximo a uma nascente. O Lixão de Valparaíso está localizado próximo a uma Área de Preservação Permanente (APP), o que não impede a chegada de lixo doméstico e hospitalar. Moradores da região confirmam que quando chove, chorume e lixo atingem uma nascente próxima. "Com certeza, os córregos daqui estão contaminados, pois este lixão tem cerca de 20 anos funcionando. Só uma análise técnica pode confirmar isso, mas eu acho que não tem como dizer que seja uma água saudável. Eu não tomaria banho neste córrego", afirma José Lenilson Alves Paulino. "Muito tempo atrás, quando nos mudamos para cá, minha mãe e vários outros moradores chegavam a lavar roupa e louça neste córrego", lembra o auxiliar de serviços gerais Antônio Carlos Batista Mendes, morador do bairro há mais de duas décadas. "Hoje, não dá para aproveitar nada. Se a pessoa tomar um banho, vai sair se coçando toda. A chuva vem e leva tudo lá para o córrego". Segundo a promotora de Justiça de Valparaíso, Tarsila Santos, as denúncias motivaram o MP a instalar um inquérito civil público para reunir provas que permitam acionar a Justiça. "Estamos requisitando algumas informações, estudos e documentos que, analisados, vão produzir provas para que, se for os casos, apresentem uma ação civil pública. E assim que tivermos as provas necessárias, pediremos liminares, que são julgadas mais rapidamente". Quando ao posto de gasolina Céu, já interditado, Tarsila informa que investiga denúncias de contaminação do lençol freático por óleo diesel que teria vazado desde 2003. "Sem saber, a população estava usando água de poços contaminados e acabou desenvolvendo algumas doenças. Ainda não está completamente comprovado, mas ficou mais ou menos determinado que o problema ficou restrito à vizinhança do posto". Já em relação ao Cemitério e Crematório Jardim Metropolitano, Tarsila adverte que ainda não há uma perícia conclusiva sobre a possível contaminação do lençol freático, embora a poluição do solo, segundo ela, já esteja comprovada. "Já constatamos irregularidades e também que a poluição do solo está ocorrendo. Só não sabemos ainda o alcance". Segundo a promotora, o cemitério não foi construído conforme o estudo de impacto ambiental

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apresentado por seus donos. "Eles fizeram o estudo, mas não se adequaram a todas as normas estabelecidas". Segundo ela, os túmulos não são adequadamente vedados, o que permite que o necrochorume (líquido resultante da decomposição dos corpos) atinja o solo. "Todos os túmulos têm de ter uma vedação, mas os peritos do MP em Goiânia constataram que há buracos que permitem que o necrochorume entre no solo. Eles também verificaram que vários destes túmulos estavam inundados por água e tentaram checar se esta água era proveniente do lençol freático, da chuva ou da irrigação da grama. Nem a origem desta água está certa, nem há uma conclusão de que o líquido esteja chegando ao lençol freático". Mesmo assim, o MP entrou com uma ação civil pública exigindo a interdição parcial do cemitério. "Na própria ação, a gente pede uma perícia mais detalhada. A primeira foi mais rápida, e só mesmo para constatarmos alguma irregularidade para podermos entrar com a ação, quando vamos analisar tudo de forma mais aprofundada". Quanto ao posto, Tarsila explica que apesar de as denúncias serem antigas, só agora o MP conseguiu prova pericial de que o óleo diesel saiu do local. Ela conta que pediu a interdição do estabelecimento, o que já havia sido feito antes, mas nunca era efetivamente cumprido devido à falta de provas conclusivas. Além disso, o MP também está pedindo indenização e reparação dos danos ambientais. Quanto aos supostos problemas de saúde entre moradores, a promotora reconhece a necessidade de novas análises. “Em uma casa onde a Saneago (Empresa de Saneamento de Goiás) analisou a água, ficou demonstrado que a contaminação vinha da própria fossa sanitária da casa, construída muito perto do local onde a água é armazenada”. Ainda não temos provas suficientes para afirmar que o cemitério esteja contribuindo para qualquer poluição”.