DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · possibilidades de sucesso escolar de seus...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM PEDAGOGIA
ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS SUPERDOTADAS / ALTAS HABILIDADES
LAIANA OMATSU FRANCISCO
ORIENTADORA: PROFESSORA MSC. ANDRÉA VILLELA MAFRA DA SILVA
RIO DE JANEIRO 2010
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM PEDAGOGIA
ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS SUPERDOTADAS / ALTAS HABILIDADES
LAIANA OMATSU FRANCISCO
26 páginas de conteúdo
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia. Orientadora: Profª MSC. Andréa Villela Mafra da Silva.
RIO DE JANEIRO 2010
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a todos àqueles que de
alguma forma me deram forças para que esta caminhada fosse possível: aos meus
irmãos Leuci e Leilson, meu noivo Pedro e principalmente meus pais Sebastião e
Suely por estarem sempre presentes.
Enfim, agradeço aos professores pela dedicação e a Deus por estar sempre
ao meu lado, tornando possível a conclusão da minha monografia e do meu curso
em si.
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EPÍGRAFE
“Uma competência se apresenta, primeiramente, como uma
excelência virtual, em outras palavras, como a capacidade
latente, interiorizada, de fazer certas coisas consideradas
difíceis: tocar flauta, datilografar, ler ou falar uma língua
estrangeira, redigir uma carta, construir um triângulo
retângulo. A competência não é o que o torna possível, mas
isso ainda não nos diz nada de sua exata natureza!”
Perrenoud (1999, p. 44)
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“Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos
alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre.”
Paulo Freire (“A importância do ato de ler: em três artigos
que se Completam”, São Paulo: Autores Associados: Cortez,
1989, p. 31)
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“Sem autenticidade, sem educação, sem liberdade no seu
significado mais amplo - na relação consigo mesmo, com as
próprias ideias pré-concebidas, até mesmo com o próprio
povo e com a própria história - não se pode imaginar um
artista verdadeiro; sem este ar não é possível respirar.”
Ivan Turgueniev. (Fonte: "A propósito de 'Pais e Filhos'" /
Tema: Artista)
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RESUMO
É o objetivo principal desta pesquisa, apresentar algumas informações sobre a educação do aluno com altas habilidades, relevantes de serem conhecidas pelo professor da sala de aula regular. A este, é atribuída a tarefa de propiciar condições favoráveis à aprendizagem, desenvolvimento de talentos e realização do potencial de seus alunos. Especialmente neste momento da História, em que se observam um movimento em direção à Escola Inclusiva e reformas vêm ocorrendo na Educação Especial, é fundamental que o professor esteja melhor equipado para propiciar uma educação de boa qualidade, levando em conta as diferenças individuais e encorajando o desenvolvimento de talentos, competências e habilidades diversas. Ressaltando algumas condições necessárias para a efetivação da educação inclusiva, como treinamento e desenvolvimento profissional; recursos materiais e profissionais disponíveis ao professor; e apoio administrativo.
PALAVRAS CHAVES: altas habilidades, educação especial e educação inclusiva.
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METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa bibliográfica de levantamento de dados através de
livros, revistas, Internet e artigos, do tipo exploratório. O método utilizado é o
dialético visando se aprofundar e se interar na visão de alguns teóricos da
Educação e também nos meios técnicos para garantir a objetividade e precisão dos
estudos dos fatos. Este trabalho objetiva o estudo, do processo de aprendizado de
crianças com altas habilidades / superdotadas e a sua preocupação está em como
ocorre a alfabetização. Como primeira fase, será realizada coleta de documentos
textuais como: legislações atualizadas, doutrinas pertinentes e publicações de
caráter técnico. Após o levantamento bibliográfico, procederei, leituras e
fichamentos, para a seguir, serem realizadas análises das questões. Feito todo o
fichamento, passarei a efetuar a textualização e montagem da presente monografia.
Esta pesquisa será fundamentada pelo teórico Lev Vygotsky, o estudioso
Humberto Maturana e também nos estudos de Joseph Renzulli com seu modelo dos
três anéis, assim como outros autores. Vygotsky, porque fala da interação, ele
sustenta que a inteligência é construída a partir das relações com o meio. O
aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá pela
interação social. “A idéia de que quanto maior for o aprendizado não justifica o
ensino enciclopédico. A pessoa só aprende quando as informações fazem sentido
para ela”. (Matéria extraída da Revista Nova Escola, de jan/fev de 2001,
nº 139). Ele é construtivista em suas concepções do desenvolvimento intelectual.
Maturana, porque diz respeito ao emocional. Ele estudou no campo da
educação, as situações que motivam comportamentos aberrantes e como modificá-
las através de premissas simples e profundas. Segundo ele, “Uma criança que
cresce no respeito por si mesma pode aprender qualquer coisa e adquirir qualquer
coisa e qualquer habilidade se o desejar”. (Maturana; Rezepeka, 2002, p. 12).
Para ele toda atividade humana ocorre em conversações quer dizer, um
entrelaçamento da linguagem com o emocionar. Ele diz que os seres humanos são
seres pertencentes ao presente de uma história amorosa, não de agressão ou de
competição. É por este motivo que o âmbito escolar deve ser amoroso e não
competitivo, onde se corrige o fazer e não o ser da criança. Joseph Renzulli, porque
é uma das conceituações e teorias mais respeitadas na atualidade, renomado
pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso, da
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Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, ele considera que os
comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de traços, em seu
Modelo dos Três anéis: habilidade acima da média em alguma área do
conhecimento (não necessariamente muito superior à média); envolvimento com a
tarefa (implica em motivação, vontade de realizar uma tarefa, perseverança e
concentração); criatividade (pensar em algo diferente, ver novos significados e
implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em outro). (Renzulli, 1998). Nem
sempre a criança apresenta este conjunto de traços desenvolvidos igualmente, mas,
se lhe forem dadas oportunidades, poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu
potencial.
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SUMÁRIO
Introdução ____________________________________________________ 12
1. Conceito de Superdotado ______________________________________ 13
2. Origem das altas habilidades/ superdotação________________________ 16
2.1.Características mais comuns dos superdotados__________________17
2.2. Características dos superdotados e os problemas Educacionais
concomitantes segundo Seagoe ______________________________19
2.3. Como se identifica as altas habilidades/ superdotação ____________21
3. Amparo legal para o atendimento ao superdotado ___________________ 23
3.1. Alternativas para o atendimento ao superdotado ________________ 25
4. Professores _________________________________________________ 26
4.1. Atitudes freqüentes de professores de superdotados que prejudicam
o seu desenvolvimento segundo Novaes__________________________ 28
5. O papel da Educação Especial ao aluno superdotado_________________ 30
5.1. O ensino repetitivo desestimula superdotado ___________________ 31
5.2. Problemas escolares ______________________________________ 32
5.3. Desperdício de tempo _____________________________________ 33
5.4. Hostilidade dos colegas ___________________________________ 34
5.5. Superdotado não é gênio__________________________________ 34
6. Conclusão__________________________________________________ 36
Referências Bibliográficas________________________________________ 38
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INTRODUÇÃO
Meu interesse pelo tema surgiu pela curiosidade de entende como ocorre a
alfabetização destas crianças, pois existem mitos sobre esta temática, enfatizando
que o aluno aprende sozinho. Ao pesquisar o tema, senti a necessidade de um
material que me embasasse sobre o processo que criança com altas habilidades
percorre, para chegar à aprendizagem. Segundo SABATELLA (2005, p. 57) várias
são as razões, para justificarmos a necessidade de uma atenção justificada ao
superdotado. Uma delas é por ser o potencial superior um dos recursos naturais
mais preciosos, responsável pelas contribuições mais significativas ao
desenvolvimento de uma civilização. Vamos adiante e acrescentamos as grandes
possibilidades de sucesso escolar de seus companheiros, pois no trabalho
colaborativo e na aprendizagem com o outro os alunos tem possibilidades de
sucesso maior, principalmente aqueles com dificuldades de aprendizagem.
A alfabetização de crianças superdotadas ocorre de forma precoce, porque
elas funcionam muito mais rápido que as outras crianças, por isso elas precisam ser
estimuladas e o papel dos pais e professores é fornecer materiais necessários,
sobre temas do seu interesse.
O termo "super" dá a idéia que a criança tem potencial, para desenvolver-se
sozinha e isso não é verdade. Se ela não tiver seu potencial desenvolvido, seja
pelos pais, ou na escola, ela poderá apresentar grandes dificuldades emocionais
psicológicas de ajustamento. O superdotado também pode apresentar na escola,
desmotivação, dificuldade de relacionamento, rejeição por parte dos colegas, do
professor, além de problemas de auto-estima. A idéia que se tem é que o
superdotado se sai bem em todas as áreas e não é verdade, ele pode ser muito bom
em matemática e não ter o mesmo desempenho em português. Por isso a questão
de se trabalhar seu potencial.
Cabe ressaltar que as pessoas com um potencial inteligente superior não
gostam de sentir-se o centro das atenções ou ser colocado em evidência diante de
seus companheiros, apesar da necessidade de ser reconhecida, valorizada e
estimulada. Devemos estar atentos para o aluno tenha autoconfiança e auto-estima
de forma sentir-se parte de processo educacional, responsável pelas suas
contribuições e atitudes perante os outros.
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CAPÍTULO 1
CONCEITO DE SUPERDOTADO
Embora, alguns autores digam que, ainda não exista uma definição universal
de altas habilidades/superdotação, inúmeras pesquisas têm sido realizadas com
finalidade de definir superdotação. Tanto que a literatura especializada é rica quanto
às citações de diferentes autores. Dentre elas, cita-se as seguintes:
A Política Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação /
Secretaria de Educação Especial (1994) adota o conceito de Marland, que define
como pessoas – crianças e adultos com altas habilidades / superdotação as que
apresentam desempenho acima da média ou elevada potencialidade em qualquer
dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral;
aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de
liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora.
Um conceito atualmente aceito por vários autores sobre o que seja a pessoa
superdotada é a de Renzulli, (1994) no seu Modelo dos Três Anéis.
Segundo este pesquisador o comportamento superdotado consiste na
interação entre os três grupamentos básicos dos traços humanos: habilidades gerais
e/ou específicas acima da média, elevados níveis de comprometimento com a tarefa
e elevados níveis de criatividade.
Para ele, “Altas Habilidades” podem melhor ser compreendidas dentro de
amplas categorias: a superdotação acadêmica e a produtivo-criativa. A primeira
poderia ser facilmente medida por testes de inteligência, pois estaria intimamente
ligada à aprendizagem de conteúdos e, consequentemente, mais próximas da
realização destes testes. Já a segunda, descreve aspectos da atividade humana que
se relaciona à criação de produtos originais, inéditos, demandando assim uma alta
criatividade. É quase impossível medí-la por testes de inteligência, pois não
abrangem estas visões criativas. Seu conceito vem da sua Teoria dos Três Anéis,
que atribui aos Portadores de Altas Habilidades um conjunto constante de
características que se mantém estáveis ao longo de suas vidas. Habilidade acima da
média, alta criatividade e um grande envolvimento com as tarefas, ou seja, uma alta
motivação. Estes grupos se entrelaçam entre si e precisa haver uma interseção
destes três "anéis" para que se possa afirmar que alguém é portador de altas
habilidades.
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Habilidade acima da média: referem-se aos comportamentos observados,
relatados ou demonstrados que confirmariam a expressão de traços
consistentemente superiores em qualquer campo do saber ou do fazer. Assim, tais
traços apareceriam com freqüência e duração no repertório de uma pessoa, de tal
forma que seriam percebidos em repetidas situações e mantidos ao longo de
períodos de tempo.
• Criatividade: são os comportamentos visíveis por intermédio da demonstração
de traços criativos no fazer e no pensar, expressos em diferentes linguagens,
tais como: falada, gestual, plástica, teatral, matemática, musical, filosóficas ou
outras.
• Envolvimento com a tarefa: relacionam-se aos comportamentos observáveis
por meio de expressivo nível de interesse, motivação e empenho pessoal nas
tarefas que realiza.
Um dos aspectos que Renzulli dá ênfase em sua concepção é o motivacional.
Esse aspecto inclui uma série de traços, como: perseverança, dedicação,
esforço, autoconfiança e uma crença na sua própria habilidade de desenvolver
um trabalho importante.
Segundo Alencar (1986, p. 32) esses aspectos podem ser assim
compreendidos:
• Habilidade intelectual geral: inclui indivíduos que demonstram características
tais como: curiosidade intelectual, poder excepcional de observação,
habilidade de abstrair e desenvolver atitudes de questionamentos.
• Talento acadêmico: inclui aqueles que apresentam um desempenho
excepcional na escola, que se saem muito bem em testes de conhecimento e
que demonstram alta habilidade paras as tarefas acadêmicas.
• Habilidade de pensamento criativo: inclui alunos que apresentam idéias
originais e divergentes, que demonstram uma habilidade para elaborar e
desenvolver suas idéias originais e que são capazes de perceber de muitas
formas diferentes um determinado tópico.
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• Liderança: inclui os estudantes que emergem como os líderes sociais ou
acadêmicos de um grupo, e que se destacam pelo uso do poder, autocontrole
e habilidade de desenvolver uma interação produtiva com os demais.
• Artes visuais e cênicas: engloba indivíduos que apresentam habilidades
superiores para pintura, escultura, desenho, filmagem, dança, canto, teatro e
para tocar instrumentos musicais.
• Habilidades psicomotoras: indivíduos que apresentam proezas atléticas,
incluindo também o uso superior de habilidades motoras refinadas e
habilidades mecânicas.
Nem todos os alunos com altas habilidades / superdotados ou talentosos
apresentam as mesmas características e habilidades, nem todos têm o mesmo
potencial, nem todos materializam plenamente seu potencial. Cada um tem um perfil
próprio e uma trajetória singular de realização, mas todos necessitam de
atendimento especial.
Segundo Campello (2007, p. 19 - 50), afirma que outra forma de descobrir
esse traço na criança é pelo teste de QI (Quociente de Inteligência), que consiste
num conjunto de tarefas e problemas a serem resolvidos. A quantidade de acertos
nesse teste é comparada com a média geral das pessoas, que gira em torno de 100,
determinando maior ou menor nível de inteligência. "Esse é o método tradicional e o
teste pode ser aplicado quando a criança é pequena, a partir dos cinco ou seis anos,
desde que apresente bom domínio da leitura e da escrita". Um psicólogo com
conhecimentos na área de desenvolvimento intelectual ou na de educação também
pode ajudar a criança e a família nessa descoberta.
Como são criativos demais e se interessam muito pelas tarefas que escolhem,
os Portadores de Altas Habilidades podem ser enquadrados em diversos tipos, de
acordo com o Ministério da Educação e da Cultura.
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CAPÍTULO 2
ORIGEM DAS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO
Como na grande maioria das demais áreas da vida humana, a discussão
científica sobre o talento tem sido permeada por defesas da herança biológica e da
estimulação ambiental. Da mesma forma que nos demais casos, é muito difícil poder
apontar com exatidão quanto de determinação cabe a um e a outro. Entretanto,
pode-se afirmar, com razoável segurança, que ambos contribuem para o processo
de desenvolvimento de uma pessoa dotada de altas habilidades/superdotação, e
que um ambiente estimulador favorece a manifestação de suas características.
Segundo um artigo, a origem das altas habilidades/superdotação é um
assunto importante para ser estudado. Falsas ideias e muitos mitos foram sendo
criados sobre essa questão, gerando incertezas, preocupações e medos diante de
situações que merecem atenção e encaminhamento específico.
O grande avanço da tecnologia vem permitindo ao homem obter respostas
sobre o que antes era um mistério e que, hoje, tornou-se objeto de estudo da
ciência, com explicações bem elaboradas e respostas precisas: o cérebro humano.
Com as pesquisas sobre essa parte do sistema nervoso, passamos a compreender
melhor como se processa a inteligência.
Esse conhecimento contribuiu para o redimensionamento dos estudos sobre
as altas habilidades/superdotação. Sabemos que o cérebro é o “comando geral” do
corpo, cujas ações dependem do bom funcionamento cerebral. No entanto, essa
composição biológica poderá ter o seu funcionamento comprometido se o meio
ambiente não lhe for favorável.
Para percebermos isso, basta analisarmos este simples exemplo: imagine
que, ao sair do trabalho, você sente sede, muita sede! Ao entrar no ônibus, você
olha pela janela e vê um desconhecido retirar da bolsa uma garrafa de água bem
gelada e bebê-la. De nada adiantará você ver o desconhecido bebendo água, isso
não saciará a sua sede. O seu corpo enviará ao seu cérebro um comando que não
será atendido porque o meio em que você está inserido não lhe permite ter acesso à
água. Por isso você sentirá sede até chegar a um local onde possa atender à sua
necessidade.
A pessoa superdotada apresenta, em sua constituição biológica, um
funcionamento cerebral favorecido, ou seja, um potencial cognitivo elevado. Ela
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apresentará rapidez na aprendizagem, uma memória extraordinária e alto nível de
análise e síntese, podendo ou não ampliar o desenvolvimento dessa sua condição
biológica, dependendo do meio em que está inserida.
Diante disso, podemos afirmar que não se pode transformar uma pessoa com
uma condição biológica comum em uma pessoa superdotada, mesmo com o uso
dos mais sofisticados estímulos e métodos de treinamento intensivo. O meio
ambiente tem seu papel determinante na identificação das altas habilidades e no
desenvolvimento do potencial apresentado por pessoas que as possuem. Não
conseguiremos identificar a condição biológica para superdotação se o meio
ambiente não criar oportunidades para que ela se manifeste e se desenvolva. Isso
seria o mesmo que dizer que o corpo está apresentando uma necessidade e o meio
está negando ou criando impedimentos para atendê-la, que, no caso da
superdotação, de modo geral, é a necessidade de conhecimento.
Quando uma criança bem pequena pergunta à mãe ou à professora como se
escreve uma palavra ou como se lê determinado código, estará indicando uma
necessidade de conhecimento que precisa ser atendida. Se negarmos a resposta,
dizendo a ela que aprenderá isso mais tarde, que ela é muito nova para
compreender o assunto, estaremos deixando de nutrir um cérebro que está carente
da informação solicitada. Ao contrário disso, se oferecemos as respostas
adequadas, proporcionamos à criança a condição de se expressar e de desenvolver
seu potencial e sua capacidade de aprender.
2.1.CARACTERÍSTICAS MAIS COMUNS DOS SUPERDOTADOS
Suas características variam, porque cada um apresenta um perfil
diferenciado, de pensar, de aprender, de agir e de desenvolver seu potencial.
Entretanto, há um elenco de características consideradas universalmente, como:
curiosidade e vivacidade mental; motivação interna; persistência na área de seu
talento; facilidade de compreensão e percepção da realidade; capacidade de
resolver problemas; energia; habilidade em assumir riscos; sensibilidade;
pensamento original e divergente; conduta criativa.
Nem todos apresentam as mesmas características, visto que elas podem variar em
grau de intensidade e na forma de sistematizar os comportamentos.
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Segundo a psicóloga Mariana Milani (2003), em um artigo, geralmente,
quando pensamos em superdotados, imaginamos aquele garoto “nerd” de óculos,
estudioso ou aquele geniozinho cientista. Acontece que esses estereótipos nem
sempre revelam um superdotado e, certamente, não abarcam a totalidade de perfis
de pessoas superdotadas. Os Portadores de Altas Habilidades, como também
podem ser chamados os superdotados, são curiosos, criativos e aprendem tarefas
com facilidade. Muitas vezes, surpreendem os pais com habilidades precoces,
vocabulário avançado em comparação com crianças da sua idade e raciocínios
complexos.
Ser um superdotado, ou Portador de Alta Habilidade (PAH), significa situar-se
acima da média das pessoas em relação a alguma habilidade relevante. As
características pessoais dos superdotados variam muito, mas existem alguns traços
comuns entre eles.
Confira algumas características de superdotados:
• Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações;
• Criatividade;
• Capacidade para analisar e resolver problemas;
• Independência de pensamento;
• Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática ou
outros talentos;
• Curiosidade e senso crítico exagerados;
• Senso de humor;
• Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;
• Bom relacionamento social e liderança;
• Aborrecimento com a rotina;
• Hipersensibilidade.
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2.2. CARACTERÍSTICAS DOS SUPERDOTADOS E OS PROBLEMAS
EDUCACIONAIS CONCOMITANTES SEGUNDO SEAGOE (1976).
Em meados de 1970, SEAGOE (1970 apud Novaes, 1979, p.139), elaborou
uma lista bastante completa de traços típicos dos superdotados e dos possíveis
problemas escolares resultantes:
Característica: Poder agudo de observação, pronta receptividade, senso do
significativo, capacidade para estabelecer o diferente.
Problemas Resultantes: Possibilidade de rejeição grupal, oposição ao meio.
Característica: Poder de abstração, de associação e de síntese, interesse pela
aprendizagem indutiva e resolução de problemas, prazer na atividade intelectual.
Problemas Resultantes: Resistência ocasional à imposição de tarefas, omissão de
detalhes, não aceitação de atividades de rotina, intolerância.
Característica: Interesse nas relações causa - e - efeito, habilidade para perceber
relações, interesse na aplicação de conceitos.
Problemas Resultantes: Dificuldade para aceitar o ilógico, o superficial e
conhecimentos mal estruturados e pouco definidos.
Característica: Gosto pela estrutura e pela ordem, pela consistência, seja de valores
ou números.
Problemas Resultantes: Invenção dos próprios sistemas, por vezes, em conflito com
os pré-estabelecidos na escola.
Característica: Capacidade de retenção, de reorganização do conhecimento.
Problemas Resultantes: Desinteresse pela rotina, necessidade de precoce domínio
das habilidades.
Característica: Habilidade verbal, amplo vocabulário, facilidade de expressão,
interesse pela leitura, extensão da informação às diversas áreas do conhecimento.
Problemas Resultantes: Necessidade precoce de especialização no vocabulário da
leitura, resistência às imposições dos pais e professores, fuga no verbalismo.
Fundamentais.
Característica: Atitude de indagação, curiosidade intelectual, espírito inquisidor,
motivação.
Problemas Resultantes: Falta de estimulação familiar e escolar apropriada,
desestímulo, indiferença.
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Característica: Espírito crítico, ceticismo, avaliação e autocrítica.
Problemas Resultantes: Atitude crítica em relação aos outros, desencorajamento,
exigência interna excessiva.
Característica: Poder de concentração e atenção.
Problemas Resultantes: Resistência à interrupção quando concentrado nas
atividades.
Característica: Comportamento persistente e dirigido para metas.
Problemas Resultantes: Obstinação, certo desligamento do desnecessário e
secundário.
Característica: Sensibilidade, intuição, empatia pelos outros, necessidade de suporte
emocional.
Problemas Resultantes: Necessidade de sucesso e reconhecimento, sensibilidade à
crítica, vulnerabilidade à rejeição dos colegas.
Característica: Energia, vivacidade, agilidade, períodos de intenso e voluntário
esforço, precedentes aos da invenção.
Problemas Resultantes: Frustração com a inatividade e ausência de progresso,
impaciência.
Característica: Independência no trabalho e no estudo, preferência pelo trabalho
individualizado, necessidade de liberdade de movimento e ação, necessidade de
isolamento.
Problemas Resultantes: Não-conformismo com as pressões dos pais e grupos de
colegas, problemas de rejeição e de antagonismo, quando pressionado.
Característica: Versatilidade e virtuosidade, diversidade de interesses e habilidades,
muitos passatempos, competência em diferentes aspectos como música ou desenho
e assim por diante.
Problemas Resultantes: Falta de homogeneidade no trabalho de grupo, necessidade
de individualização e de ajuda para explorar e desenvolver interesses, como também
de adquirir competências básicas.
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2.3. COMO SE IDENTIFICA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO
Segundo o departamento de Educação Especial, o propósito principal da
identificação, jamais deve ser o de rotular, mas sim motivo para estabelecer uma
ação pedagógica adequada, que venha ao encontro das necessidades
educacionais, sociais e emocionais dos alunos e esteja expressa no projeto político
pedagógico da escola. Há duas linhas direcionais levando à identificação: uma
através de medidas estandardizadas, apoiadas em um critério fixo, ou ponto de
demarcação, indicando o limite mínimo de produção que deve ser alcançado, antes
que seja reconhecida a existência de talento; outra, ao contrário, desenhando um
processo de identificação ao longo de uma dimensão de tempo, baseado na
seqüência de acontecimentos naturais do dia-a-dia, orientado pela observação
contínua, direta e cuidadosa, nas mais diversas situações de ação, produção,
posição e desempenho nas quais as crianças estiverem envolvidas. (GUENTHER,
2000, p.33).
Contudo, é importante destacar que reconhecer crianças como superdotadas
não significa predizer um futuro brilhante para elas. Pessoas que alcançaram a
notoriedade só o conseguiram após muitos anos de dedicação e esforço na mesma
área, com apoio e estímulo, alto grau de criatividade, além de enfrentar a
concorrência no campo de atuação. Os pais precisam identificar, o quanto antes, a superdotação do filho e dar
instrumentos para que ele possa colocar seu talento em prática. A observação da
criança e a aplicação de testes de inteligência podem ser muito úteis. Um psicólogo
pode ajudar e orientar os pais nesse processo.
Os pais de um superdotado precisam ser claros com seu filho, explicando que ele
tem um talento especial, mas que não é melhor do que os outros. É importante
ressaltar que no grupo social é a diversidade de talentos que traz a diversão e o
desenvolvimento e que cada pessoa tem uma contribuição valiosa a dar.
Ele precisa ter a certeza de que seus pais o compreendem e de que poderá
falar quando quiser sobre suas dificuldades. Dessa forma a família o ajudará a
desenvolver uma boa auto-estima.
Estimular a convivência com outras crianças, encontrando amigos capazes de
desenvolver e compartilhar determinadas atividades e descobrindo os talentos
complementares dos outros, também faz parte do papel dos pais.
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Além disso, os pais precisam acompanhar seu filho na busca de materiais e
informações que o ajudem a dar vazão à sua curiosidade. Se ele gostar de Ciência
ou História, por exemplo, pais e professores deverão ajudá-lo a encontrar livros,
sites e estudos interessantes sobre o assunto.
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CAPÍTULO 3
AMPARO LEGAL PARA O ATENDIMENTO AO SUPERDOTADO
A Secretaria de Educação Especial (Seesp) desenvolve programas, projetos e
ações a fim de implementar no país a Política Nacional de Educação Especial. A
partir da nova política, os alunos considerados público-alvo da educação especial
são aqueles com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas
habilidades/superdotação. Dentre as ações desenvolvidas pela Seesp está o apoio
técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino para a oferta e garantia de
atendimento educacional especializado, complementar à escolarização, de acordo
com o Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Para apoiar os sistemas de
ensino, a secretaria desenvolve o Programas de Formação Continuada de
Professores na Educação Especial - presencialmente e a distância -, Programa de
Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, Programa Escola Acessível
(adequação de prédios escolares para a acessibilidade), Programa BPC na Escola e
Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que forma gestores e
educadores para o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos.
Destacam-se ainda as ações de garantia de acessibilidade nos programas
nacionais do livro, implementados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE).
Dentre os documentos legais existentes sobre esta temática, podemos
destacar:
LDBEN nº. 9394/96.
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 02/2001
DELIBERAÇÃO Nº02/03 – CEE.
Existem diferentes formas e olhares sobre um real significado da educação
especial, na qual se enquadra a superdotação, com isso também surgem várias
formas de se entender a legislação sobre esse tema.
VEGA apud ORTIZ (1988, p. 20) afirma que toda educação é especial uma
vez que deveria responder às características e necessidades de cada indivíduo; não
seria outra coisa senão uma forma de individualizar a educação, de adaptar
programas e métodos a pessoas e situações concretas, de tal maneira que, na
medida em que as atuações especiais, preventivas e terapêuticas alcançassem os
objetivos propostos, ela mesma não teria sentido. ROSALES (1985, p.134)
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complementa quando diz que é necessário elaborar “procedimentos de ensino
diferenciados que forneçam as bases para uma metodologia de ensino adaptada
para o encontro de igualdade de possibilidades de formação de todos os alunos”.
Conhecida é a expressão “a Educação Especial dá mais ênfase às limitações, aos
defeitos que às potencialidades de desenvolvimento dos deficientes”, sendo artífice
da formação do estigma e do preconceito. Existem aqueles que não postulam a
eliminação total e imediata dessa modalidade de ensino, propondo uma
aproximação gradual das ações desenvolvidas junto aos alunos atendidos pela
Educação Especial e aqueles atendidos pela educação dita regular, criando um novo
modelo educativo acessível para todos os alunos, deficientes ou não, que ofereça
uma educação diferenciada em função de suas necessidades.
Essas reflexões parecem permitir considerar-se desnecessária a edição de
legislações específicas para a Educação Especial, disciplinando atividades de
pessoas que, em tese, possuem os mesmos direitos dos outros cidadãos e estão
protegidos pelos mesmos dispositivos legais e, a esse respeito se pronuncia Ferreira
(1993, p. 36): a legislação de ensino “especial” apresenta uma contradição peculiar:
de um lado está o convencionamento de que a criação de legislação específica para
pessoas deficientes pode resultar em aumento da segregação e estigmatização dos
indivíduos; de outro lado está a crença de que a referência legal é um patamar
mínimo para assegurar o atendimento de direitos básicos dos deficientes, inclusive
na área de educação.
Carvalho (1997, p.92) diz que”a legislação existente para os ditos normais
não deveria servir para os excepcionais, já que para eles deveria ser uma lei
especial. Uma lei especial, uma escola ou classe especial ... diferente e à parte do
regular ou comum ...”
Adotando uma postura radical, Sassaki (1997, p.148) afirma que as
legislações funcionam como discriminação às avessas - enquanto na vida real se
combate agressivamente a sociedade por esta ser discriminatória contra as pessoas
deficientes, a lei discrimina contra outros segmentos da sociedade ao proteger os
portadores de deficiência.
Diante destas afirmações, temos a necessidade de elaborar com mais clareza
as leis, caminho ideal para que todas as pessoas, deficientes ou não, possam se
sentir parte integrante da sociedade onde estão inseridas, tornando um cidadão com
direitos, igualdade de oportunidades e acesso.
25
3.1. ALTERNATIVAS PARA O ATENDIMENTO AO SUPERDOTADO
Segundo as diretrizes básicas traçadas pelo Ministério de Educação – MEC,
no Brasil, as alternativas utilizadas são: enriquecimento curricular e aceleração, ou
as duas combinadas. Tanto uma quanto a outra devem estar de acordo com as
características da escola e adequadas à realidade do aluno.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que pelo menos 5% da
população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano passado, haviam
sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais
qualificado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Núcleos
de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados. Apesar de
ainda pouco estruturados, esses órgãos que têm o papel de auxiliar as escolas
quando elas reconhecem alunos com esse perfil em suas salas de aula. Assim como
os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência, os que têm altas
habilidades precisam de uma flexibilização da aula para que suas necessidades
particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser
incluído na rede regular de ensino. "O que devemos oferecer a eles são desafios",
resume a presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação, Susana Graciela
Pérez Barrera Pérez.
Na revista Nova Escola o atendimento educacional especializado – altas
habilidades, trás uma matéria sobre os superdotados, onde aborda que o
superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da
professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da
média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou
ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados
têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no
desempenho e no interesse muito maiores por um determinado assunto.
Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a
criança ou o jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa
oficial de estímulo, com atividades extraclasse e orientações para o professor e a
família. Instituições não governamentais também apoiam professores e familiares
que procuram ajuda para desenvolver talentos.
26
CAPÍTULO 4
PROFESSORES
É importante apontar que nenhum professor necessita apresentar altas
habilidades para ensinar alunos que as apresentam.
O que compete ao professor é a identificação das áreas de altas habilidades
do aluno, observando como estas estão sendo utilizadas no contexto escolar, e
planejando as atividades de ensino de forma a promover o crescimento de acordo
com o ritmo, as possibilidades, interesses e necessidades do educando.
Toda ação pedagógica utilizada com o superdotado pode ser utilizada com
qualquer aluno. Considerações como estas Novaes (1981, p. 82) em seu artigo
“Benefícios da Educação do Superdotado Extensivo a Todos”, chama atenção para
o fato de que propostas de enriquecimento curricular e estratégias tem sido também
aproveitados em situações de aprendizagem com alunos não necessariamente
superdotados.
PICKARD (1976 apud NOVAES, P. 41), afirma que professor, em geral,
aprecia na criança três características: habilidade acadêmica, alta motivação e
conformismo social. De uma forma ou outra, essa criança agrada a pais e
professores, seu trabalho será apreciado por todos e na escola terá maior
capacidade de tolerância que as demais. Assim, é de se supor que as crianças que
fogem a tais moldes (como é o caso da esmagadora maioria dos superdotados)
tornem-se insatisfeitas e frustradas e desapontem pais e professores.
Segundo Netto (1977, p. 84), parece ser mais ou menos disseminada a idéia
segundo a qual, por uma espécie de milagre, o superdotado em alguma aptidão ou
talento encontrará meios de desenvolver ao máximo suas potencialidades, mesmo
submetido aos mesmos procedimentos, esquemas, ritmos de aprendizagem e
ensino e aos seus companheiros menos dotados. Não é raro que a criança
superdotada seja até hostilizada, direta ou indiretamente, por professores que
constatam que ela já sabe tudo quanto lhe pretendem ensinar ou que domina, em
poucos dias, o que os companheiros de classe levam semanas ou meses. Em outras
ocasiões, supõe-se que "ela sabe mais, aprende demais, então pode-se deixá-la
entregue à sua própria sorte".
Como conseqüência, o superdotado muitas vezes acomoda-se, já que os
desafios propostos pela escola estão muito abaixo da sua capacidade, produzindo
27
muito menos do que é capaz simplesmente por estar desestimulado. Em outras
palavras, seu desenvolvimento é bloqueado e, caso não conte com pais que o
estimulem e pessoas que o persuadam a, por si só, empenhar-se mais a fundo, fora
da escola, no mundo dos conhecimentos e das práticas correspondentes à sua
dotação, o superdotado procurará realizar rapidamente os deveres escolares e
desperdiçar a quase totalidade do seu tempo em simples recreação inconseqüente.
Neto (1979 apud NOVAES, p. 27 - 79) acrescenta que é comum haver falta
de motivação para a aprendizagem escolar devido à existência de muitos outros
interesses, e também lista uma série de atitudes de professores que podem
prejudicar ao desenvolvimento do superdotado.
A autora Angela Cristina Munhoz Maluf, comenta em um artigo, que os
procedimentos mais adequados ao atendimento aos educandos com AH/S, implicam
em inovações, desafios e especialmente que atendam à curiosidade do educando, a
sua necessidade de descobrir e de progredir no seu próprio conhecimento. Contudo,
são proporcionadas, ao educando com altas habilidades/superdotação poucas
oportunidades de desenvolvimento de suas habilidades. Neste enfoque, muitos
estudiosos como: Renzulli, Tomlinson, Guenther, Alencar & Fleith, Maia-Pinto &
Fleith, têm chamado a atenção para a importância de se reconhecer e estimular, em
sala de aula, o potencial de alunos superdotados e talentosos.
Os educadores precisam estimular a construção do conhecimento dos
educandos, por meio de aprendizado voltado para a ampliação de conceito, que
valoriza a responsabilidade, o espírito de equipe, a ética, o respeito, a cidadania e
práticas educativas que desenvolvam a curiosidade, a capacidade criadora, a
socialização, o raciocínio lógico do educando entre outras.
Profissionais comprometidos e estimulados compreenderão o processo de
aprendizagem, proporcionarão aos educandos um maior desenvolvimento de suas
potencialidades, conseqüentemente, os educandos terão maiores chances de
realização pessoal e profissional.
28
4.1. ATITUDES FREQUËNTES DE PROFESSORES DE SUPERDOTADOS QUE
PREJUDICAM O SEU DESENVOLVIMENTO.
Segundo pesquisas e teorias a respeito deste tema, os professores devem estar
atentos e dispostos a aprender e se preparar cada vez mais para esta nova
realidade que os cercam. Constantemente nos deparamos com profissionais que
relutam em assumir que o aluno possa lhe acrescentar algo novo. Ao invés de
sentirem-se subestimados, devem agir com naturalidade e tentar integrar os outros
alunos, fazendo com que haja interação na sala de aula. Tornando a aula agradável
e produtiva.
Veja algumas atitudes dos professores que constantemente prejudicam seus
alunos, segundo Novaes (1979).
• Comentários como "tal aluno deve tirar boas notas porque é inteligente" e
outros do gênero fazem com que o superdotado abdique e desista de seus
talentos e aptidões, uma vez que, por tê-los, tem mais preocupações e
obrigações do que os outros colegas.
• Os professores, por constatarem que tal aluno é mais inteligente ou talentoso
do que os seus colegas de classe, freqüentemente, passam a exibi-lo ou a
protegê-lo, distinguindo-o dos demais e prejudicando suas relações com os
colegas, os quais passam a rejeitá-lo.
• Por vezes, o professor se identifica com o superdotado e projeta nele suas
aspirações e desejos, sendo a imagem daquele que gostaria de ter sido, do
filho idealizado ou do indivíduo superior. Entretanto, pode também não aceitá-
lo, desenvolvendo atitudes de antagonismo e oposição permanentes.
• Professores que tiveram alunos brilhantes geralmente têm prazer em contar,
mais tarde, sua experiência; embora no ensino tenham tido dúvidas se tais
crianças eram realmente superdotadas, ou problemáticas, diferentes,
estranhas.
• Muito raramente o professor é tão talentoso como seu aluno em sua área
específica, e não tem tanta imaginação nem criatividade quanto ele.
• O aluno superdotado é curioso, inquisidor, instável e, por vezes, irritado e
agressivo, exigindo muito da pessoa do professor. Nem sempre ele (o
professor) está psicologicamente preparado para enfrentá-lo e, portanto, sente-
29
-se inseguro, inferiorizado e perseguido, porquanto aquele é o aluno que sabe
mais, que faz perguntas difíceis e que abala seu status de saber e de
autoridade.
• Muitos professores competem com seus alunos superdotados e não admitem
que estes últimos saibam mais do que eles ou que possam ter idéias mais
criativas ou originais.
30
CAPÍTULO 5
O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL AO ALUNO SUPERDOTADO
A Educação Especial deve atuar na relação pedagógica para assegurar
respostas educacionais de qualidade às necessidades especiais do aluno com altas
habilidades/superdotação, por meio de serviços, recursos e metodologias em todas
as etapas ou modalidades da Educação Básica, que dela necessitarem para o seu
sucesso escolar.
Vygotsky (apud REGO, 2001, p. 115), o desenvolvimento é fruto de uma
grande influência das experiências do indivíduo. Mas cada um dá um significado
particular a essas vivências. O jeito de cada um aprender o mundo é individual. Para
ele, desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados, nós só nos
desenvolvemos quando aprendemos.
O desenvolvimento não depende apenas da maturação, o ser humano tem o
potencial de andar ereto, articular sons conquistar modos de pensar baseado em
conceitos. Mas isso é resultado dos aprendizados que tiver ao longo da vida dentro
do seu grupo cultural.
A idéia de que quanto maior o aprendizado será maior o desenvolvimento
levou as interpretações erradas. Para que as informações sejam assimiladas, elas
precisam fazer sentido. Isso acontece no que Vygotsky citado em Chaiklin (2003,
pág. 59), chamou de zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre
aquilo que a criança sabe fazer sozinha (o desenvolvimento real) e o que é capaz de
realizar com a ajuda de alguém mais experiente (o desenvolvimento potencial).
Dessa forma o que é zona de desenvolvimento proximal hoje vira nível de
desenvolvimento real amanhã.
Portanto o bom ensino é o que incide na zona de desenvolvimento proximal.
Ensinar o que a criança já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode
aprender é ineficaz. O ideal é partir do que ela domina para ampliar seu
conhecimento.
Para ele, a aprendizagem gera o desenvolvimento mental, em suas palavras
“o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma seriam
impossíveis de acontecer”. Vygotsky, (BOCK, 1999, p. 124).
31
5.1. O ENSINO REPETITIVO DESESTIMULA SUPERDOTADO
Segundo um artigo de Mariana Gallo em maio de 2006, deixar o superdotado
livre para o aprendizado e conhecer suas características pessoais é uma das
melhores formas para se trabalhar e integrar essa criança ao espaço escolar. É no
que acredita Maria Lucia Sabatella, especialista no assunto e autora do livro "Talento
e Superdotação - Problema ou Solução?".
Segundo a autora (2006, p. 1) o fato de conhecer os indícios de superdotação
ajuda também a quebrar mitos sobre como lidar com eles em sala de aula. "É
importante para as pessoas saberem que não há um exame que detecta a
superdotação e que o superdotado é uma pessoa normal com uma inteligência
especial". Para a especialista, o professor deve saber compartilhar com esse
estudante seu conhecimento para estimulá-lo em sala.
Para estimular o superdotado, o professor não deve insistir na repetição de
um mesmo tema, deve procurar inovar nas tarefas dadas e deixá-lo livre para buscar
seu próprio aprendizado. "Os superdotados precisam de uma só explicação para
entender determinada tarefa, por isso, muitas vezes, ele se sente subestimado ao
ficar fazendo exercícios que exijam repetição", alertou. O superdotado gosta de
desafios, está sempre disposto e ansioso para aprender novas coisas dentro e fora
da sala de aula. Para a autora, é importante que os professores deixem os jovens
desenvolverem sua própria habilidade de raciocínio e aprendizado, muitas vezes
enquanto o professor está explicando o problema de matemática, o superdotado já
pensou em uma série de formas diferentes de resolver a questão, o que é importante
porque é uma forma dele aprender. "Não adianta o professor tentar segurar o aluno
para ele cumprir o programa do ano. Deixe que ele se desenvolva”.
A especialista acha importante que o professor valorize o conhecimento do
superdotado para que ele se sinta importante dentro da sala. "Mesmo sabendo que
o superdotado responderá corretamente as questões perguntadas, o professor não
deve deixá-lo de lado como muitas vezes ocorre", isso faz o aluno se sentir isolado e
distante do resto da sala, prejudicando assim seu aprendizado.
Ao contrário do que pensam, os superdotados são pessoas comunicativas e de
grande humor.
32
5.2. PROBLEMAS ESCOLARES
A escola é a área da vida onde o superdotado pode apresentar o melhor
ajuste ou o pior desajuste. Tanto sua capacidade superior pode ajudar-lhe nos
estudos e contribuir para um desempenho excepcionalmente bom, como a mesma
capacidade pode levar ao tédio, aborrecimento ou rebeldia são capazes de provocar
desempenho insatisfatório. Além disso, dificuldades tendem a surgir devido ao fato
do superdotado ser um indivíduo excepcionalmente inteligente mergulhado num
mundo de pessoas com intelecto mediano; fato este que pode gerar uma série de
dificuldades de adaptação.
Segundo pesquisas, Drews (1961, apud SOUZA, 2002) desenvolveu um
estudo no qual analisou o comportamento de estudantes divididos em três
categorias: líderes sociais, conformistas estudiosos e intelectuais criativos. Ela
observou que os alunos criativos não apresentam preocupação com suas notas.
Segundo ela, enquanto os outros estudantes se preparavam para as provas, os
intelectuais criativos poderiam estar lendo um texto científico universitário, um livro
de filosofia ou mesmo revistas de ficção científica, ou então engajando em atividades
que não tivessem qualquer influência no seu rendimento escolar. Como resultado,
eles obtiveram as piores notas, mas, graças à sua leitura ampla, variada e
automotivada, seu desempenho em testes de conhecimento acadêmico foi melhor
do que o dos estudiosos e os líderes sociais. Alguns autores sustentam a teoria de
Stephens (apud Novaes 1979, p. 81 - 90), afirma que a criança criativa rebela-se
perante a abordagem rígida na qual se diz a ela o que ela deve aprender e o que ela
deve considerar como verdadeiro.
Falta de atenção, dispersão, inquietação, atitudes impulsivas, desobediência
as regras. Estas são características apresentadas por crianças que têm problemas
disciplinares ou algum distúrbio de conduta, como o de déficit de atenção e
hiperatividade. O problema é mais comum do que se imagina e faz parte do dia-a-dia
de qualquer criança. A maioria dos professores, entretanto, não sabe como
identificá-lo ou lidar com ele, o que agrava a situação. Afinal, se mal-administrados,
os problemas disciplinares e, sobretudo, os distúrbios de conduta podem excluir a
criança do ambiente escolar e social em que vive.
Segundo pesquisas realizadas por especialistas, cerca de 4% das crianças
podem ter problemas deste tipo. Os meninos são os mais atingidos, em uma
33
proporção de três meninos para uma menina. Diante deste quadro, preocupado com
a quantidade de crianças que desenvolvem o problema e com a falta de
esclarecimentos a cerca dele, o docente e pró-cientista da Faculdade de Educação,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Francisco de Paula Nunes
Sobrinho, publicou, recentemente, o livro "Dos Problemas Disciplinares aos
Distúrbios de Conduta: Práticas e Reflexões". A publicação reúne alguns textos de
estudiosos sobre o assunto, discutindo e indicando como identificá-lo e tratá-lo.
Existem diversas situações que podem desencadear os problemas
disciplinares e os distúrbios de conduta na infância. Dentre elas, Francisco Nunes
destaca as condições ambientais de pobreza; a superexposição da violência na
mídia; os problemas de linguagem, de fala e de comunicação; as propostas
pedagógicas mal planejadas; as maneiras equivocadas de interação professor-
aluno; os padrões de relacionamento social entre pais e mães e os traços pessoais
da própria criança. "E ainda observamos que estes fatores, quando
desconsiderados, podem acarretar graves problemas na fase adulta, como o
estresse e a depressão", esclarece Francisco, que obteve o título de PhD em
Educação Especial pela Wanderbilt University, e concluiu o Mestrado em Educação
na George Peabody College for Teachers.
5.3. DESPERDÍCIO DE TEMPO
Por serem indivíduos diferenciados do restante das pessoas, os superdotados
requerem um tipo de educação especial que seja adequado às suas necessidades
específicas. A menos que tais necessidades sejam atendidas no lar, na escola e na
comunidade, é provável que estes estudantes falhem na realização de seu potencial
pleno.
De acordo com as pesquisas realizadas por Hollingworth (1952), citadas em
Novaes (1979, p. 38), uma criança de QI 140 aproveita apenas 50% de uma aula
comum, sendo o resto, para ela, apenas a tediosa repetição do óbvio; e uma criança
com um QI 170 praticamente nada aproveita das aulas normais.
Considerando-se um superdotado como tendo um QI de 126 ou mais, em
uma aula típica, este tipo de aluno tem cerca de 7 minutos ou mais de tempo ocioso,
que pode levar a distrações que o desinteressem por completo.
34
5.4. HOSTILIDADES DOS COLEGAS
Para o neuropsicólogo Daniel Fuentes, "o descaso com o superdotado é tanto
que, por ignorância, ele pode ser visto como um ET pelos colegas e professores".
Por ser diferente, ele nem sempre participa de grupos, questiona a orientação do
colégio e dispensa a companhia dos amigos para estudar. O resultado, admite
Fuentes, é a angústia e o isolamento. A maior parte dessas crianças necessita de
apoio terapêutico para desenvolver com harmonia suas potencialidades. Em geral,
as habilidades surgem nos primeiros anos de vida. Quem explica é Marsyl Mettrau,
doutora em psicologia da educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
que há 27 anos se dedica ao ensino de crianças com inteligência especial.
“O apoio dos pais e dos médicos é decisivo para o aproveitamento do
potencial dessas crianças”, diz o psicoterapeuta Cláudio Guimarães, 41 anos, que
trabalha com superdotados na Unidade de Reabilitação Neuropsicológica, em São
Paulo. Em sua opinião, a maioria dos superinteligentes tem dificuldade para aliar
competência nas disciplinas escolares com boa sociabilidade.
Segundo um artigo sobre o superdotado no ambiente escolar, a autora
Melissa Holetz, aborda os estudos de Hurlock (1964), citado em Novaes (1979, p.
21), ressalta que uma criança superdotada é frequentemente encarada como uma
ameaça pelos companheiros, pois, ela pode fazer com que os padrões de trabalho
da classe passem a ser mais rigorosos e o professor passe a esperar mais de seus
alunos. Além disso, as crianças de QI médio não se sentem confortáveis quando
junto a uma criança muito "inteligente", porque parecem "estúpidas" quando
comparadas com essa última.
5.5. SUPERDOTADO NÃO É GÊNIO
Quando se ouve o termo "superdotado", a primeira coisa que vem à cabeça é
a do gênio, que sabe tudo sobre todas as coisas, como Albert Einstein ou Leonardo
da Vinci. Mas não é bem assim. Hoje, já é consenso que o superdotado não precisa
ser bom em tudo. "Ele pode ter desenvolvimento abaixo da média em determinadas
disciplinas ou não se sentir estimulado com o ensino convencional", afirma Marília
Gonzaga, gerente do programa de apoio à aprendizagem de superdotados da
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
35
É justamente o fato de ter habilidades surpreendentes em áreas específicas,
mas de não ser, necessariamente, brilhante em tudo, o que diferencia o superdotado
do gênio. "O gênio muda a concepção do mundo de sua época, com propostas
inusitadas, antecipatórias. Já o superdotado faz propostas criativas, reformula
soluções. Por isso, todo gênio é superdotado, mas nem todo superdotado é gênio",
define a professora de Educação da Uerj Marsyl Mettrau, presidente da Associação
Brasileira para Superdotados (ABSD).
Estímulos - Como os superdotados nem sempre tiram dez em todas as
disciplinas, muitas vezes demoram a ser identificados por pais e professores, o que
pode comprometer o desenvolvimento do potencial. Pior: sem os estímulos
necessários, perdem o interesse pela escola e passam a apresentar problemas de
comportamento.
36
CONCLUSÃO
Os Portadores de Altas Habilidades / Superdotados são, na verdade uma
minoria (estima-se que uma parcela composta de 1 a 3% da população segundo a
OMS), mas uma minoria que não pode ficar sem uma educação assim como os
cegos, os surdos, por exemplo. A Educação não deve priorizar seus programas e
sua clientela, tampouco marginalizá-los, mas sim preocupar-se cada vez mais em
atender a todos sem distinção. Considerando-se a diversidade que a escola abriga,
não somente em raças, culturas e religiões, a escola deve estar atenta a todos, pois
lida com seres humanos, e estes são altamente diferenciados em seus ritmos,
saberes e naquilo que apreciam ou não. Ao que tudo indica, os alunos superdotados são diferentes dos demais em
diversos aspectos. Eles aprendem com maior facilidade e rapidez, sente uma
necessidade quase compulsiva de fazer as coisas à sua própria maneira, são
extremamente exigentes com os seus educadores, tem várias áreas de interesse
intelectual, muitas vezes são academicamente superiores a colegas e professores, e
são vistos como diferentes pelos demais alunos. Sendo as suas necessidades e
características psicológicas relevantemente diferentes das dos alunos em geral,
estes alunos precisam de um atendimento educacional também diferenciado.
Considerando ainda que o professor não pode estar sozinho nesta tarefa,
necessitando contar com o comprometimento de todos da escola e a colaboração
entre todos aqueles envolvidos no processo educacional, incluindo a família e
membros da comunidade. Deve-se considerar também que a adequação da inclusão
deve ser decidida caso a caso, ressaltando que, para algumas crianças, o melhor é
um ambiente segregado.
Observa-se a complexidade que há no ser humano. Cabe enfatizar que
superioridade intelectual, acadêmica ou criativa, não significa capacidade para
resolver sempre bem os problemas pessoais e sociais que a vida apresenta. É
preciso ficar atento às diferenças e a consciência de que não se pode nem deve
rotular. A educação antes de qualquer objetivo deve nutrir e acolher, pois então
teremos cidadãos conscientes do seu papel na sociedade em que vivem. É uma
questão delicada onde exige profissionais capacitados e competentes o suficiente
para atender as exigências de crianças brilhantes, mas antes de qualquer coisa -
crianças!
37
De um modo geral, resultado escolar é aprender a ler, escrever e fazer
contas, mas, educação é muito mais do que isso. Não é apenas o cognitivo que
conta, mas igualmente o emocional. Que adianta uma criança saber ler e escrever
se ela não sabe como relacionar-se, não está preparada para lidar com a frustração
ou situações de competitividade. Esse aprendizado não deveria acontecer em
separado, e sim paralelamente à alfabetização.
38
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