Respiração Cósmica A A Respiração Cósmica que estamos a vivenciar vem por intermédio do Espírito,
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO METRE
AGRESSIVIDADE INFANTIL NA ESCOLA
AUTOR:
ALESSANDRA DE MATTOS TORRES Trabalho Monográfico apresentado
como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Arteterapia em
Educação e Saúde.
Rio de Janeiro, RJ, abril/2003
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------06
CAPÍTULO I: AGRESSIVIDADE------------------------------------------------09
2.1. AGRESSIVIDADE: DEFINIÇÃO--------------------------------------------10
2.2. AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA--------------------------------------- --12
2.3. AGRESSIVIDADE NA FAMÍLIA--------------------------------------------15
2.4. AGRESSIVIDADE NA ESCOLA--------------------------------------------18
CAPÍTULO II: ARTETERAPIA---------------------------------------------------26
3.1. ARTETERAPIA: DEFINIÇÃO-----------------------------------------------27
3.2. TÉCNICAS DE ARTETERAPIA--------------------------------------------31
4. CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------38
5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA---------------------------------------------39
6. ANEXOS---------------------------------------------------------------------------41
RESUMO
No presente trabalho é proposto o estudo sobre a agressividade na
escola, de uma forma prática e concisa.Esclarecendo as distintas abordagens
feitas por pais e profissionais que lidam com essas crianças.
São apresentadas as principais teorias sobre a agressividade, suas
causas e manifestações na criança na fase escolar e também o papel da escola e
da família nesse processo.
Através dos conceitos relacionados à agressividade nesta fase da
vida, poderemos analisar e identificar técnicas de arteterapia que venham
favorecer o desenvolvimento intelectual e principalmente, amenizar a
agressividade da criança.
Encerrando o trabalho, podemos verificar e compreender como a
arteterapia podem oferecer ferramentas úteis e indispensáveis para uma maior
interação da criança com o mundo, num processo contínuo de fortalecimento da
auto- estima.
INTRODUÇÃO
O tema da presente monografia é o estudo da agressividade infantil
na escola com o objetivo de abordar mais detalhadamente este assunto que aflige
toda a sociedade.
Esse estudo contribui, de forma positiva, para pais e profissionais
que atuam com crianças agressivas, fornecendo-lhes mais uma ferramenta para o
crescimento e desenvolvimento social desta criança.
Numa sociedade com tantas injustiças sociais onde a fome e a
miséria crescem a cada dia o ser humano, que se tornou vítima de si mesmo,
perdeu o interesse por valores intelectuais e culturais. Afinal, em meio a tanta
violência e pobreza, é mais fácil para alguns comercializar drogas e obter mais
recursos materiais, do que estar enclausurado numa sala de aula por muitos anos
sem ter a certeza de um retorno financeiro que satisfaça as suas necessidades
básicas.
Há indivíduos que não tem a opção de escolher, pois nascem em
meio à criminalidade e vão “arrastados” para ela sem reação por desconhecerem
outra forma de viver.
A injustiça social não é caracterizada apenas pelas diferenças
financeiras; existe um fator que atualmente é determinante a inversão de valores.
A televisão mostra a todo o momento um modelo de felicidade onde a aquisição
de bens materiais e o consumo desnecessário é incentivado e estão no topo
desta felicidade. E esta é a consciência da classe baixa e o que gera tanta
violência na nossa sociedade.
Os cidadãos preocupados em buscar respostas para esta triste
realidade, muitas vezes, delegam a função de educar a família e à escola,
esquecendo que o processo educacional precisa ser vivido em parceria.
Veremos neste trabalho o papel da educação na sociedade e a sua
importância no preparo do indivíduo para o exercício da cidadania.
Finalizamos o trabalho, focalizando a utilização da arte e atividade
lúdicas, como meio de amenizar a agressividade da criança na fase escolar.
AGRESSIVIDADE
Muitas vezes, pais e profissionais não têm certeza se devem ou
não se preocupar com o comportamento de uma criança. Embora haja um padrão
geral de desenvolvimento infantil, cada criança se desenvolve num ritmo distinto e
numa direção distinta: assim, sempre existe a tentação de pressupor que a
criança vai sair da fase problemática naturalmente.
O comportamento indesejado pode ser ainda mais reforçado
pela reação intensa de um adulto, que poderá fazer todo o possível para evitar o
confronto com tal comportamento. Durante muito tempo, incidentes podem ter
sido tolerados. Mas o ressentimento se acumula à medida que o adulto, na
tentativa de evitar o estigma que acompanha o fato de ter uma criança difícil,
tenta se convencer de que a criança está apenas atravessando uma fase ruim.
Assim, não se inicia a intervenção necessária, que indicaria à
criança que há alguém que se preocupa com ela e que lhe daria o sentimento de
estar sendo controlada.
Chega o dia inevitável em que o adulto não agüenta mais e
então; sentimentos de vergonha, impotência e rejeição são liberados com muita
força.Nos casos em que criança infligiu um estresse prolongado a um adulto, os
danos contra- infligidos poderão ser graves. Os adultos que maltratam crianças
não acreditam na força de sua própria frustração.
Assim, é importante que sempre que pais, professores e outros
profissionais que cuidam de crianças sentirem-se estressados com uma criança,
eles adotarem medidas de intervenção.Devem buscar ajuda, e os profissionais a
quem recorrerem devem reconhecer que se nada for feito, podem ter perdido uma
boa oportunidade de evitar um grande problema no futuro. Ouvir é parte essencial
de qualquer programa de tratamento.
CONCEITO
Em todas as teorias sobre a agressividade há um tema comum: a
agressividade não é uma reação daquilo que ocorre em torno da pessoa, mas sim
um impulso inato e incontrolável. Os seres humanos nascem com um instinto
agressivo.
Agressividade é um impulso, uma força que vem de dentro de nós.
E dependendo da intensidade e da forma com que ele sai, pode leva a um
caminho positivo, para o nosso crescimento, ou para um caminho negativo para si
próprio e para os que os rodeiam.
Alguns pesquisadores acreditam que várias áreas do cérebro
controlam impulsos como a agressividade ou a fuga; afirmam que as explosões
de raiva podem ser ativadas ou inibidas por meio da estimulação elétrica.
Consideram a agressividade como um estado de equilíbrio, no qual o equilíbrio é
mantido pelas partes do cérebro responsáveis por ativação e inibição. A
estimulação elétrica em episódios de agressividade.
Todos esses episódios de agressividade, expressados através da
raiva, são destrutivos e conseqüentemente acompanhados de uma grande culpa
em relação a quem agredimos, principalmente se for os pais, o irmão ou um
amigo.Essa culpa fica ainda pior, quando essa explosão vem acompanhada de
uma perda ou punição: uma amizade ou uma semana sem sair de casa.É
evidente que esse ato agressivo sai de forma inadequada.
A cada dia aumentam os noticiários de adolescentes doentes, que
comentem crimes. E tudo isso ocorre porque as pessoas não estão sabendo lidar
com sua agressividade.
Os psicanalistas acreditam que o caráter de uma pessoa é uma
combinação de sua experiência do mundo. Segundo esta teoria, os seres
humanos nascem com certas qualidades e as dificuldades vivenciadas na vida
podem criar características como teimosia ou meticulosidade. Existe uma
tendência inata para o amor, uma tendência para destruição.Tais tendências ou
impulsos variam entre uma criança e outro. No entanto, desde o início da vida, a
criança também interage com o mundo a seu redor.
Normalmente, somos agressivos ou quando queremos nos defender
ou quando necessitamos adquirir algo como alimento. Na agressividade movida a
raiva, no entanto, estamos num estado de mobilização emocional; em casos
extremos, a recompensa pela agressividade poderá ser a dor que infligimos a
outra pessoa.
Crianças altamente agressivas poderão estar agindo
agressivamente na tentativa de vivenciar o sentimento da própria existência. Esse
pode ser o único veículo de contato com os outros. Quanto mais vulneráveis
forem as crianças, mais elas expressam a agressividade movida a raiva e mais
intensa e grave será sua reação.A agressividade que destrói, na verdade costuma
ser composta de muita raiva acumulada que se põe para fora de uma só vez, sem
ver nada e nem ninguém pela frente.
Muitas vezes, a agressividade é uma ação de defesa que a
pessoa devolve quando sente muito medo, ou seja: com medo de ser agredido, a
pessoa torna-se um agressor.Age impulsivamente.No entanto, toda a
agressividade que fica retida traz muita infelicidade para a pessoa que
guarda.Torna-se uma pessoa com repressão constante, sem expressar seus
verdadeiros sentimentos.
AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA
Qualquer tipo de crescimento implica algum grau de agressividade.
Se nascêssemos sem agressividade, seríamos incapazes de sobreviver durante
os primeiros estágios da vida e posteriormente, não poderíamos progredir em
nosso desenvolvimento. A agressividade advém de uma tendência inata para
crescer e dominar o mundo a nosso redor. Pode ser percebida como uma
característica de todas as formas de vida.
No início da vida, o bebê é completo. Ele e a mãe são únicos. O
bebê recebe o alimento através dela, e tudo que ele necessita e deseja é
nomeado pela mãe. Isto o torna totalmente dependente da mãe.
No decorrer do seu desenvolvimento, entra em cena um “terceiro”
que tanto pode ser o pai biológico ou algo que desvie o olhar da mãe, ou seja, a
“função paterna”.O pai, então, vai “cortar” este vínculo, para que o indivíduo possa
ganhar um lugar como sujeito.
A criança vive essa separação de forma “violenta”, pois é tirada de
um lugar onde tudo era completo para outro, onde ela vai ter que se relacionar
para conseguir algo. Inicia-se a fala e outras tentativas de expressar seus
sentimentos com o seu corpo. Para ela, a diferença entre o seu corpo e o mundo
externo não existe.
E na medida em que se desenvolve em suas brincadeiras e na
relação com o outro, a criança vai obtendo a oportunidade de vivenciar sua
agressividade de forma lúdica: construindo, destruindo, montando e desmontando
brinquedos.
Conclui-se, então que a agressividade é parte do desenvolvimento de
qualquer criança. É necessária para a sobrevivência desde o nascimento.À
medida que a criança cresce, a agressividade se modifica qualitativamente. A
criança passa da utilização da agressividade para suprir necessidades físicas à
sua utilização apenas quando se sente ameaçada. Ao progredir para a vida
adulta, sua agressividade bruta é refinada até o ponto em que se disfarça na
forma de mecanismos sutis de defesa, que lhe permitem manter seu senso de
identidade.(Train,2001,p.41)
Nas pré-escolas, têm sido observados três tipos de categorias
amplas de agressividade infantil.Há crianças que, durante o jogo, tornam-se
fisicamente descontroladas e perdem os limites. Sua agressividade é muito bruta
e intimida a todos, mas limita-se às situações que geralmente envolvem a
fantasia.Em outros momentos, elas são tímidas, conversam muito pouco e fazem
poucas tentativas de organizar o outro. Têm pouco sucesso na resolução das
disputas.
Outras crianças são fisicamente agressivas em disputas e se
mostram muito controladoras. Especializam-se em provocar os outros e, mesmo
sem terem sido provocadas, dirigem agressividade repetidamente à mesma
pessoa, continuamente provocando-a e ameaçando-a Conversam pouco e,
quando isso acontece, muitas vezes falam sussurrando. Essas crianças estão
entre as mais agressivas e violentas.
Um terceiro grupo inclui as crianças que são agressivas e
dominadoras em sua fala, mas não são fisicamente violentas. Sua agressividade
ocorre fora do contexto do jogo. Elas geralmente são percebidas pelas outras
crianças como chatas, por causa de sua preocupação excessiva consigo mesma.
São vista como crianças mais bem adaptadas socialmente. Seu nível de
agressividade é relativamente baixo e demonstram pouca violência em todas as
situações. Podem ser muito persuasivas, não apenas dominadoras, e embora
falem muito, podem ser muito interessantes. Tendem a não se preocupar com
seus relacionamentos com os outros.
Esses padrões de comportamento geralmente persistem ao menos
até a idade de 7 ou 8 anos.
Precisa-se da agressividade para sermos capazes de controlar
nosso ambiente. Pois é dessa forma que nos tornamos independentes. A
agressividade geralmente é maior quanto mais próximos estivermos da infância. À
medida que se envelhece, adquirimos cada vez menos dependentes dos outros.
Sente-se menos ameaçados e assim é menos provável que tenhamos reações
agressivas.
A sociedade exerce influência sobre o desenvolvimento da criança
por meio de suas definições culturais e, em particular, pela maneira como atribui
papéis para homens e mulheres. As crianças são expostas a essas tradições a
partir do momento de seu nascimento.
Muitas das dificuldades apresentadas por homens e mulheres
jovens poderiam ser evitados se fossem consideradas suas necessidades.Pode-
se chegar as próprias conclusões sobre as razões que levam as crianças a se
comportarem da forma agressiva, e depois formular algum plano de ação. Talvez
um princípio norteador seja o de que é preciso distanciar-se dela, olhar sua
agressividade como um estado que requer atenção, em vez de ser parte de seu
estilo interacional.As crianças agressivas são agressivas porque são
emocionalmente frágeis e reagem com extrema sensibilidade ao contexto no qual
se encontram.
Essas crianças vulneráveis e agressivas necessitam de fortes
sentimentos de segurança, de pertencer a um grupo e de controle externo.Antes
de serem capazes de se tornar independentes, precisam saber que sempre
pertencerão àquele grupo. Eles têm uma percepção distorcida do mundo a seu
redor e necessitam que alguém esclareça seus objetivos, protegendo-as de
críticas insensíveis e fornecendo-lhes par6ametros claros de regras justas e
coerentes. Se não houver quem faça isso, na sua frustração, elas reagirão com
agressividade e raiva.
A FAMÍLIA
A criança vulnerável encontra dificuldade para lidar com as
exigências emocionais de sua família, mas ao mesmo tempo necessita de algum
tipo de ambiente protegido no qual possa sentir segura.Seu ambiente familiar
deve oferecer coerência nas rotinas e regras e regulamentos claramente
definidos; as decisões, quer tomadas individualmente pela mãe ou pelo pai quer
tomadas em conjunto, não devem resultar em discórdia e conflito. Os membros da
família devem ter prazer nas experiências partilhadas, pois essas experiências
são a pedra fundamental da disciplina e do controle.
“A violência nas famílias parece ser quase endêmica. O
espancamento de esposas sempre ocorreu: na época dos romanos, era
considerado um direito conjugal. Os antropólogos reconhecem que, desde que as
pessoas passaram a viver juntas em pequenas unidades, construindo paredes em
volta de si, começaram a se agredir”.(Train,2001,p.80)
A violência ocorre mais freqüentemente nas famílias do que em
outros contextos e a maioria dos incidentes não é denunciada; as crianças, a
despeito dos maus-tratos que possam ter recebido, são leais aos pais. Se existe
violência em nossa sociedade, é justamente aqui que ela ocorre, nas complexas
interações emocionais da família.
Não se deve, no entanto, presumir que é somente o ambiente da
criança que a torna agressiva. Os pais, particularmente, deveriam reconhecer
que, embora tenha trazido a criança ao mundo, não são responsáveis pela
natureza desse ser humano único; se tiverem outros filhos, saberão que cada um
reage de maneira diferente aos estresses inevitáveis da convivência em família.
No mundo inteiro, a enorme freqüência e gravidade dos maus
tratos contra criança e adolescentes vêm mobilizando profissionais de diversas
áreas e a sociedade em geral. Os maus tratos praticados pelos próprios pais e
responsáveis são extremamente comuns, assumindo índices assustadores
naqueles países que se organizam para o recebimento de denúncias e que
mantém pesquisas regulares. Nos Estados Unidos, por exemplo, são registrados
anualmente mais de 1,5 milhão de casos de maus tratos contra criança e
adolescente, com mil óbitos anuais, 3000 mil casos registrados de abuso sexual
contra crianças e adolescentes e, entre esses, 4 mil casos de incesto
pai/filha.”No Reino Unido, uma das causas mais comuns de morte entre pré-
escolares é o resultado dos maus-tratos dos pais. Os pais que espancam vêm de
todas as classes sociais e a ocorrência é mais comum em famílias nas quais a
mãe tem entre 20 e 30 anos de idade e o pai cerca de 26 anos”.(Train,2001,p.80)
Proteger crianças e adolescentes é uma tarefa que requer
sensibilidade, habilidade e alguns conhecimentos específicos. Quando os maus
tratos ocorrem dentro da família, isto significa que os pais ou responsáveis não
estão conseguindo cuidar e proteger suas crianças. Nesses casos, a intervenção
dos profissionais que lidam com a violência doméstica se faz necessária.
A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei 8069 de 13/07/1990) dispõem sobre a proteção da criança e do adolescente
contra qualquer forma de maus tratos, e determinam penalidades, não apenas
para os que praticam o ato, mas, também, para os que se omitem.Como por
exemplo, o Art.130: “Verificada a hipótese de maus tratos, opressão ou abuso
sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá
determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia
comum”.
As crianças também sofrem nas mãos de irmãos e irmãs; 80% das
crianças entre 3 e 17 anos se envolvem em pelo menos um incidente anual de
conflito violento com seus irmãos. Um entre dez adolescentes faz uma investida
violenta contra seus pais anualmente; 35 desses ataques podem ser
considerados como ataque físico sério.
No Brasil o trabalho realizado por órgãos do governo e
organizações, (CRANI/SP, ABRAPIA/RJ), em vários estados brasileiros vem
demonstrando que a violência doméstica aqui é tão freqüente quanto nos países
do Primeiro Mundo.Inúmeros são os fatores que desencadeiam, facilitam e
perpetuam os maus tratos contra crianças e adolescentes. Há, no entanto, um
fator comum a todas as situações: o abuso do poder do mais forte (o adulto)
contra o mais fraco (a criança).
Muitas pessoas têm dificultado em comunicar possíveis casos de
violência às autoridades. No entanto, as conseqüências de não notificarem podem
ser fatais. Outro fator que dificulta a denúncia é a descrença nas possíveis
soluções.
O lar que melhor conduz o desenvolvimento de crianças bem
ajustadas é aquele no qual os pais estão no controle, e seu controle é bem vindo
porque envolve progressivamente as crianças no processo de tomada de decisão
conforme elas crescem.Se os controles tiverem sido aplicados com eficácia, seu
sistema de valores inerente será utilizado pela criança pelo resto da vida. Isso a
proverá de pontos coerentes de apoio para suas atitudes e seu desempenho.
Muitos adultos se preocupam com a agressividade e a violência na
televisão e com o impacto que isso tem sobre as crianças. Mas o efeito mais forte
da violência na televisão está na exposição repetida.Uma boa educação familiar
reduz este efeito, onde a criança começa a aceitar que são permitidas soluções
violentas para os problemas.
No entanto, se for utilizada de forma seletiva, a televisão pode ser
uma influência positiva, mesmo que alguém estaria controlando o comportamento
da criança.Se os pais debatessem com os filhos o conteúdo dos programas, e
possível que se torne menos vulneráveis.
A AGRESSIVIDADE NA ESCOLA
Na verdade, os profissionais da área da educação, no Brasil, não
estão preparados para conduzir casos de maus tratos contra criança, tão
freqüentes em sala de aula. Não existe, nas nossas escolas e universidades, uma
abordagem específica para o assunto. Os diagnósticos, muitas vezes óbvios, não
são esclarecidos, e, a vítima continua a ser maltratada, correndo o risco de vida.
Outras vezes, o diagnóstico é firmado, mas o profissional da educação por falta
de orientação ou medo das implicações legais, abandona o caso, supondo que
apenas as medidas emergenciais são de sua responsabilidade.
É dever do professor, quando têm em sua sala de aula uma
criança ou adolescente vítima de maus tratos, fazer um relatório com seu parecer,
e encaminhar este relatório ao Comitê de Defesa da Criança e Adolescente ou ao
Diretor da Escola. Quando necessário, haverá intervenção das autoridades
competentes, Juizado da Infância e da Juventude e Conselhos Tutelares.
É importante, também, a questão da reprodução da violência:
crianças maltratadas freqüentemente se tornam adultos violentos. Nessas
circunstâncias é necessário proteger a criança e prevenir novas agressões. Uma
criança que chega na escola com graves lesões, possivelmente já sofreu maus
tratos menos severos sem que nada fosse feito.Muitas das vezes, esta série de
omissões leva uma criança ao hospital, com lesões que irão ocasionar seqüelas
físicas e emocionais, podendo até levar à sua morte.
Identificar maus tratos e notifica-los às autoridades são obrigações
dos profissionais que lidam com crianças e adolescentes e, em especial, dos
profissionais da área de educacional. Estes,devem atuar também,
preventivamente.Ou seja, antes que ocorra a agressão.É importante que eles
conheçam e considerem a realidade da vida de seu aluno, orientando os pais ou
responsáveis sobre a necessidade de respeitar a criança em situações de risco,
sobretudo às que vivem em famílias com dificuldades sócio-econômicas.
Proteger essas crianças e adolescentes é uma tarefa que requer
sensibilidade, habilidade e alguns conhecimentos específicos. Quando os maus
tratos ocorrem dentro da família, isto significa que os pais ou responsáveis não
estão conseguindo cuidar e proteger suas crianças. Nesses casos, a intervenção
dos profissionais que lidam com a violência doméstica se faz necessária.
Na escola, a criança pode utilizar a agressividade para questionar
e perguntar, pois isso faz parte do desejo de buscar conhecimento, pesquisar e
diferenciar-se do colega e do professor. Essa agressividade leva o indivíduo a
pensar e a simbolizar, o que é extremamente necessário no processo de
aprendizagem.Para que haja aprendizagem, então, é necessário que a criança,
busque de modo ativo, que haja investimento e no mundo externo. Mesmo em
situações favoráveis de educação, as crianças manifestam fantasias agressivas.
É fundamental que qualquer pessoa que esteja trabalhando com
uma criança difícil e agressiva tenha ajuda e apoio de outras pessoas. As
crianças agressivas conseguem depositar uma enorme quantidade de estresse
sobre os que estão a seu redor. Uma terceira pessoa pode aliviar
consideravelmente esse peso, mesmo que um pai, um professor ou uma pessoa
responsável pelos cuidados da criança está passando.(Train,2001,p.203)
Crianças que aprendem através da violência tendem a pensar que
essa é a única forma de conseguir as coisas. Por causa disso, sofrerão muito até
descobrirem (se descobrirem) que existem vários e melhores meios de conviver
com outras pessoas e resolver os problemas.Sabe-se que os problemas existem,
e os conflitos acontecem. Ter problemas é natural, o que não é natural é que eles
acabem por gerar mais problemas e violência.
EDUCAÇÃO E VIOLENCIA; QUAL É O PAPEL DA ESCOLA?
Nos últimos anos muito se tem falado de violência, até porque esta
passou a fazer parte do nosso cotidiano, o que explica o interesse em discuti-la.
Esta motivação é comprovada em pesquisa realizada recentemente pelos meios
de comunicação, sobre os problemas que mais inquietam a população. A
violência, entre outros, foi destacada por pessoas de diferentes camadas, como
um dos principais problemas, principalmente aquela que atinge a vida e a
integridade física dos indivíduos.
Para que possa entender melhor o determinante da violência e o
papel da educação, algumas questões nos parecem pertinentes para ajudar a
minha reflexão. De que forma a violência é engendrada na nossa sociedade?
Quais os valores que tem norteado as diferentes práticas sociais e, entre estas, a
educacional?
Estas são perguntas fundamentais.A violência escolar se manifesta
de forma subjetiva nas relações sociais no interior da escola.
E a sociedade do mundo capitalista que valoriza, essencialmente, o
consumo, as coisas materiais, a aparência em detrenimento da essência da
pessoa humana. É um total desvirtuamento do significado de ser gente, ser
sujeito, ser pessoa. Valores como solidariedade, humildade, companheirismo,
respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social,
quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência
destas práticas dá lugar ao individualismo. A lei do mais forte, à necessidade de
se levar vantagens em tudo, e daí a brutalidade e a tolerância.
A agressividade escolar necessita encontrar pela frente algo que
lhe oponha resistência, isto é, um limite. Então, no caso da escola, o professor
deve utilizar-se deste potencial agressivo e canaliza-lo para a aprendizagem, para
a criatividade, para o desafio de conhecer. Quando não é proporcionado à criança
esse espaço para que ela expresse a agressividade de forma saudável,
diferenciadora e lúdica, a agressividade será atuada ao invés de ser simbolizada,
manifestando-se como ato agressivo.
No ato agressivo a criança não utiliza a sua capacidade de
simbolizar. Isso quer dizer que ela não consegue refletir, pensar no que está
fazendo. Muitas vezes são encontradas na escola crianças que batem nos
colegas por qualquer motivo e são rotuladas de agressivas. E, se, em vez de
rotular essa criança de agressiva, tentarmos traduzir o que quer dizer com esse
ato agressivo.
É necessário dá a criança a oportunidade de pensar e simbolizar.
Muitas vezes, ela está repetindo ativamente o que sofre passivamente no seu
relacionamento com a família, dotado de agressões físicas e maus tratos.
Quando um adulto não consegue lidar bem com sua agressividade,
ele tem receio de deixar que a criança manifeste a sua, reprimindo-a, censurando-
a.
Geralmente o ato agressivo é dirigido ao professor como
representante da autoridade e não à pessoa. Com freqüência, este se identifica
com o agredido, criando uma situação de confronto, colocando-se no mesmo
nível da criança.
Outras vezes, a criança atua agressivamente, batendo nos colegas
porque eles têm uma posição de destaque. Isso remete a uma situação vivida em
família, da qual a criança não tem consciência muitas vezes, sentindo-se
excluída. Então a escola vai atuar. Se o ato é interpretado, abre0se uma
possibilidade à criança de sair do nível da imaginação e passar para um nível
simbólico.
Freqüentemente observa-se em escola, crianças que se expressam
de forma agressiva e com manifestações de ansiedade, para encobrir um
rendimento escolar insatisfatório.Isso geralmente interfere em seu relacionamento
com colegas, com professores e com a equipe pedagógica. Ë necessário, então,
que se avalie esta criança, eliminando os rótulos, identificando as causas dessas
manifestações, para que se encontre uma forma de ajuda.
No entanto, percebe-se que o comportamento agressivo pode estar
mascarando uma inadequação do meio escolar, o que tem imobilizado o
educando, impedindo à busca de novas soluções.
A escola é tida como espaço de violência porque quando o
professor fala que um aluno está perdido porque ele é indisciplinado ou então,
quando acredita que o aluno não quer nada com a escola e que por ele já está
reprovado. E o mais interessante é que os professores não vêem estas formas de
relacionamento com os alunos como desrespeitosas ou violentas.Para estes, a
violência na escola aparece, basicamente, na relação entre os alunos e destes
para com o professor. É como se o professor pudesse ficar isento de tais práticas,
mas, na verdade, todos nós somos produtos do conjunto das relações sociais e
de uma determinada sociedade da qual fazemos parte. Daí a importância de
termos conhecimentos de como essas relações são produzidas para podemos
pensar alternativas de superação.
Se entendermos que a educação é um processo de construção
coletiva, contínua e permanente de formação do indivíduo, que se dá na relação
entre os indivíduos e entre estes e a natureza. A escola é, portanto, o local
privilegiado dessa formação, porque trabalha com o conhecimento, com os
valores, atitudes e a formação dos hábitos.
Dependendo da concepção e da direção que a escola venha
assumir, está poderá ser local de respeito e de busca pela materialização dos
direitos de todos os cidadãos, ou seja, da construção da cidadania.
Entende-se que um projeto de escola que busque a formação da
cidadania, precisa ter como objetivos tratar todos os indivíduos com dignidade,
com respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom, fazer com
que a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela, trabalhar
a problemática da violência e dos direitos humanos, a partir do processo de
conscientização permanente, relacionado esses conteúdos ao currículo
escolar,incentivar comportamentos de troca, de solidariedade e de diálogo
pública.
A escola hoje é o lugar privilegiado pela educação numa todo. Ao
mesmo tempo tornou-se “culpada”, e responsável pelos desmandos da atual
sociedade, da qual é um verdadeiro espelho. Cada profissional que compõe a
escola poderá, como muitos outros profissionais de outras áreas, estar envolvido
por uma ética, fruto de um subjetivo marcante que, possivelmente, norteará a sua
postura. Assim, boa parte das ações violentas ligadas por um solipismo: só o eu
importa.
O resultado desta característica negativa, firmada na modernidade,
é que toda a comunidade escolar poderá estar vulnerável a ideologia do interesse
de poucos incentivando a violência. A filosofia educacional será hedonista educar-
se-á para a competição, a informação estará acima da transformação.A noção de
cidadania será de ‘ter mais’. A escola deve buscar a alteridade, contando com a
ambivalência humana, por mais que ela seja utópica. Atribuir a violência a um mal
externo e misterioso e não levar em conta que a violência é praticada por homens
e mulheres e,ainda que a sociedade violenta é uma opção humana, é cair na
alienação, tornar-se apático e sentir-se importante diante da alienação.
Todo educador, em especial o professor, ao analisar a situação
perceberá que o caminho deve ser, ao contrário, o de cessar o surto de violência
também nas escolas.Seu trabalho nesse sentido exige três atitudes emergenciais:
escuta, esforço educativo e reconhecimento da alteridade. É preciso desarmar as
pessoas, facilitar o diálogo, a abertura à identidade para que o outro posso existir,
para que a diferença encontre sua cidadania.
Mas é preciso também que os professores sejam treinados para
lidar com crianças difíceis na escola.Os cursos de treinamento devem abarcar
técnicas preventivas e dar ênfase ao fato de que os professores são empregados
justamente porque as crianças precisam deles como pessoas. Se o
comportamento das crianças fosse visto como preocupação primária e não como
questão secundária, seria possível o currículo ser trabalhado num processo muito
mais tranqüilo. As crianças difíceis não seriam vistas como um aborrecimento, e
suas necessidades seriam atendidas. E como resultado, os outros se
beneficiariam.
Se todos os professores adaptassem os seus recursos e o currículo
de forma a atender as necessidades da criança difícil, o comportamento difícil
cessaria. E o trabalho de apoio à família pode resultar numa diminuição dramática
no nível do comportamento perturbado. Os pais ficam fortalecidos a tal ponto que
conseguem começar a controlar os filhos; as crianças sentem que alguém está
começando a compreender sua vida pessoal.
Um fator que se tornou muito freqüente atualmente, é a exclusão
escolar.Quando se exclui uma criança da escola é porque provavelmente não
está do interesse das outras crianças que ela permaneça ali, pois deve ter
cometido alguma ofensa séria. Algumas vezes trata-se de um episódio isolado,
mas, diante da gravidade do episódio, a exclusão torna-se inevitável.Na maioria
dos casos, no entanto, a ofensa que resulta na exclusão é a última gota, ou seja,
o auge de uma série de episódios anti-sociais.Ao chegar neste momento, a
criança terá se tornado extremamente malquista e antipática para o restante da
escola.
Se você for um dos pais, nunca deve lutar contra uma proposta de
excluir seu filho da escola, quer o motivo seja justificado ou não, você pode ter
certeza de que, se sugeriram a exclusão, ele não é querido lá.
Para evitar um aumento no número de crianças excluídas da escola,
precisamos reconhecer que essas crianças necessitam de adaptações especiais
e que precisam ser tratadas como cidadãos.
Mas, onde entra a arteterapia nisso tudo? A arte se define pela
diversidade, por propor algo que é pessoal e único. O que ela oferece ao
indivíduo é que este entre em contato consigo mesmo, que se conheça e se
aceite como um sujeito único que pode e deve exercer esta singularidade. Ao se
conhecer e se acolher pode também aceitar os outros com suas características
próprias e a partir daí travar com eles relações de complementaridade e não de
dominação ou rivalidade. É a partir destas relações que a troca se estabelece,
que se encontram os meios de fazer valer os direitos e deveres dos que vivem em
sociedade. Atos isolados demandam muita energia e resultam em pouco. A união
de forças potencializa os efeitos, muito embora cada um deva contribuir com sua
parte.
ARTETERAPIA: DEFINIÇÃO
A arteterapia, segundo Anjela Phillippini:
“Não se traduz apenas pela terapia através da arte, e
sim com um processo terapêutico decorrente da utilização de modalidades
expressivas diversas, que servem à materialização de símbolos. Estas criações
simbólicas expressam e representam níveis profundos e inconscientes da psique,
configurando um documentário que permite o confronto, no nível da consciência,
destas informações, propiciando insights e posterior transformação e expansão da
estrutura psíquica”.(Phillippini,1998,p.5)
Este conceito demonstra o verdadeiro significado e a importância
da Arteterapia em qualquer tratamento psicoterapêutico.
A arte surge, a princípio como meio mágico de relação do homem
com o mundo. Toda forma de arte nasce do vazio dessa relação, de onde surge a
magia do instinto religioso. A necessidade premente da humanidade de
compreender essa realidade em sua totalidade, a remete à Deus, que encerra em
si todas as verdades.
Segundo Jung, essa religiosidade torna possível o encontro do
consciente com fatores do inconsciente, dotados de grande poder.Essa
característica faz da arte a expressão do sublime, para a representação divina.
Nessa procura do sublime a arte expressa os valores dos povos, que se
manifestam através da interpretação que o artista faz do seu tempo.(Silveira,
1994, p.154)
As teorias e técnicas da arteterapia foram sendo desenvolvidas na
prática, visto não ter ela um início demarcado, ou um teórico que se fundamenta
de forma clara e objetiva.Essa característica da arteterapia tem como
conseqüência à diversidade de abordagens sob este nome.
Pode-se afirmar também que a arte é um meio de comunicação. Ela foi
usada para perpetuar a história dos povos, mesmo daqueles que já dispunham da
escrita, da qual ela também é precursora.Ela nasce da necessidade humana da
representação simbólica. Essa representação é a invocação do ausente, através
do qual, ele se torna presente. Ela está impregnada de sinais/símbolos que
carregamos desde tempos imemoriais, alguns com a sua significação perdida
desde muito tempo, porém não necessariamente sem força ou apelo.
Quando empregada num processo terapêutico; a arte é vista como
elemento capaz de produzir mudanças intra e interpessoais. Criando novas
formas, o paciente busca transformar sua vida e suas relações com os outros.
A arte assim praticada é uma forma de trabalho interior, que se
concretiza em séries de produções, que exigem empenho, energia.Um trabalho
que vai, aos poucos, mudando a vida cotidiana, ampliando a consciência e a
liberdade de quem produz. Partindo de um brincar com materiais,
descompromissado e lúdico, o paciente na arteterapia pode experimentar, como a
criança, as novas possibilidades de uma relação progressivamente mais madura
e criativa com os materiais expressivos, com si mesmo e com os outros. Pode
experimentar uma arte que não produza um prazer momentâneo, mas uma
transformação vital.
É através dom prazer promovido pela experiência sensorial que o
trabalho se dá. Nessa experiência o corpo se descobre capaz e integrado, unindo
sensação, emoção, pensamento e ação.Envolvendo experimentação,
conhecimento das formas e materiais empregados, esforço, sucessos e
fracassos, alegrias e sofrimentos, aprendizado e crescimento. Está longe,
portanto, desta crença no dom especial, que se aplica apenas a um pequeno
punhado de grandes gênios, e que, aliás, não é suficiente para explicar o
desempenho destes.
Sua principal característica é o diálogo do indivíduo com a matéria.
Nessa relação, as possibilidades são infinitas, limitadas apenas pelas leis da
física e da química: a matéria é o que é.
Podemos falar em arteterapia levando em consideração o realizar
como meio terapêutico. Essa realização dá ao participante a verdadeira noção de
sua autonomia e resgata valores da auto-estima.
Esse fazer vem acompanhado de comunicação que produz
profundo alívio nos que a praticam. É comum colher depoimentos de participantes
que revelam o aspecto de desabafo do trabalho de criação espontânea. A
criatividade promovida pela liberdade de expressão é capaz de falar na linguagem
apropriada do inconsciente. Porém, a arteterapia não se restringe a promover
emoções de satisfação. Muitas vezes no processo se faz necessário o enquadre
de aspectos dolorosos. Por vezes ela revela situações das quais o autor-artista
preferia não tomar conhecimento, fazendo com que ele rejeite o trabalho. Porém,
sem dúvida é mais fácil elaborar essa dificuldade no campo das imagens,
podendo posteriormente resgata-la exatamente como concebida.
Como atividade criativa, a arte apresenta, segundo Rollo Mary, duas
características iniciais a de um encontro e de um engajamento.É preciso para
produzir criativamente que se estabeleça uma relação e uma relação
comprometida.
A criatividade se caracteriza ainda pela intensidade de percepção e
por um alto nível de consciência. Mary destaca que a criatividade envolve níveis
não controlados, diretamente pela vontade, mas deve ficar bem claro que
pertencem a áreas nas quais trabalhamos com afinco e dedicação. A
determinação é um fenômeno muito mais complexo do que a força de
vontade.(May,1982,p.45)
Alguns só compreendem a arteterapia se ela fizer acompanhar da
elaboração através da fala, para resgate ao consciente do processo inconsciente
que se deu no trabalho. Mas não é essa a realidade observada na prática. O
resgate se dá no próprio processo e não através da fala, apesar desta ser um
meio importante.A realidade inconsciente exposta no trabalho, muitas vezes é
indizível, um segredo a ser velado até para seu próprio autor. O arteterapeuta se
torna assim, um guardião dos segredos mais profundos e sagrados.
TÉCNICAS DE ARTETERAPIA
A arte guarda, em seu aspecto prático, uma forte característica do
lúdico. Na arte, a criação é fonte de prazer, a medida que cores, texturas, formas
e materiais se oferecem à exploração e, a partir desta, à criação livre e
espontânea.
Winnicott diz:
”a terapia acontece no encontro do brincar criativo do
paciente e do terapeuta. Mas quando o paciente não é capaz de brincar, o
trabalho a ser realizado é criar o meio ambiente favorável para o desenvolvimento
de sua capacidade criativa, na qual o brincar é a primeira expressão”
.(D.W.,1975,p.60)
Todos reconhecem a importância das brincadeiras de criança. É
durante a brincadeira que a criança começa a conseguir enfrentar o seu mundo.
Ela existe nas próprias fantasia e apenas gradativamente será capaz de manejar
o mundo a seu redor. Ao brincar, explora sentimentos e dissipa ansiedades;
ensaia eventos no intuito de controlar resultados; e pratica habilidades sociais.
É por meio da brincadeira que a criança desenvolve a capacidade
de utilização da linguagem e,em seguida, do pensamento simbólico. Se sua
habilidade nessa área for restringida, sua capacidade para uma comunicação
eficaz será, por sua vez, limitada. Ela pode se tornar frustrada e excessivamente
agressiva.
Segundo Alan Train, ao brincar, as crianças gradativamente se
tornam capazes de se separar dos pais. O vínculo entre mãe e filho, que permite
a sobrevivência da criança ao nascimento,vai enfraquecendo. À medida que a
criança se separa, ela se utiliza de apoios transicionais- objetos com os quais se
identifica. Esses objetos se tornam uma parte dela mesma, tanto quanto a mãe
era, mas ela se apóia neles cada vez menos, conforme encontra formas de se
relacionar com os outros. O caminho do desenvolvimento em direção a um eu
separado é amenizado pelo processo do brincar.
Esse é o princípio da representação simbólica, que invoca o
ausente através de algo que não é ele. Winnicott vê na religião e nas artes esse
mesmo princípio. O jogo de transformar algo que “não é” em “com se fosse” que
se inicia o brincar.
A brincadeira, como arte, exerce sua importância na interseção, que
o sujeito faz, entre a realidade externa objetiva e realidade interna psíquica. O
brincar e a arte são experiências criativas.
O autor descreve, no resumo de sua teoria sobre o brincar, pontos
perfeitamente compatíveis com a prática de arte criativa: ele observa a
preocupação da criança na brincadeira, a qual podemos comparar com o enlevo
que toma o artista no momento da criação, forjando uma área de difícil acesso,
para outros, e difícil abandono, para a criança; que esta área está fora da criança,
porém não é mundo externo, como arte, onde a obra, mesmo sendo objeto
externamente percebido, pertence a realidade interna; que os objetos utilizados
nela são fenômenos e materiais provenientes do meio externo, mas se encontram
a serviço da realidade interna, idem à arte; que essa atividade envolve o corpo
devido o manuseio de objetos e porque alguns núcleos de interesse acarretam
excitação corporal, como na arte, onde o material apela à sensorialidade; que o
brincar satisfaz, mesmo quando leva a certo grau de ansiedade; e que esse
brincar é precário pois trata-se de um jogo na mente da criança entre o que é
subjetivo e o que objetivamente percebido. Todas essas afirmações pertinentes
ao brincar e, que se enquadram na atividade artística criativa, nos permite afirmar
que criação artística é uma extensão do brincar criativo.
O autor afirma que “é no brincar que o indivíduo, pode ser criativo e
utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo
descobre o eu”. (D.W.,1975,p.80)
Por esse comentário ele observa que, na arte, não é a qualidade
da produção que torna possível o encontro do “eu”, mas o gesto verdadeiramente
criativo. Não intencional, sem relação causal ou de conseqüência.
Mas, uma pergunta emerge: o que seria o brincar? Qual seria esse
espaço de interseção entre mundo interno e realidade externa, onde esse ato
criativo acontece?
Winnicott passa a tratar do que ele chamou de experiência cultural.
Ele afirma que a experiência cultural é o fruto do brincar criativo da criança. Esse
brincar, que tem seu espaço delimitado entre a realidade objetiva e o
subjetivamente concebido, só é possível no espaço de confiança conquistado
pela mãe, junto ao bebê.Ele traça o seguinte raciocínio: a mãe, perfeitamente
adaptada às necessidades do seu bebê, promove na criança seu
desenvolvimento; ela, mãe, conquista, junto a essa criança, através do seu
cuidado, a confiança necessária para que a criança permita seu afastamento,
elegendo um símbolo para a união entre elas. Essa confiança também será
concedida ao meio, do qual essa mãe é representante.
Essa ausência cria o espaço potencial, que é preenchido pelo
brincar criativo, pelo símbolo e por todos os elementos que, no desenvolvimento
da criança, formarão a cultura.
Podemos então afirmar que, para a inserção cultural do indivíduo,
faz-se necessário a formação de ambiente propício, onde a confiança seja
exercida, possibilitando a separação do que antes estava unido na indiferença,
promovendo o espaço necessário para o brincar criativo, que é o princípio da
experiência cultural.
Nesse espaço potencial que se forma, serão colocados, além da
experiência pessoal da criança, a própria tradição cultural, que será para essa
criança o legado deixado a ela pela humanidade, na vivência dessa mesma
experiência.
Brincar é parte essencial do desenvolvimento. No entanto, pais e
profissionais às vezes se preocupam com o fato de que, ao permitir que uma
criança brinque de luta ou com facas e revólveres de brinquedo, eles poderiam
estar estimulando a agressividade.
Estudos demonstram que as brincadeiras de guerra das crianças
não promovem maior agressividade do que quaisquer outras brincadeiras e que
as crianças podem ser tão agressivas com um urso de pelúcia quanto com um
revólver de brinquedo.
Tendo dito isso, a indicação é de que, se a criança já se mostra
agressiva de início, esse comportamento tende a se exacerbar se a oportunidade
surgir.
Deve-se conceder à criança agressiva toda oportunidade de passar
pelo processo de brincar, mesmo que você tenha de fornecer instalações
especiais. Você se conscientizará de como ele reage a diferentes brinquedos e
jogos. Se tiver dúvidas quanto ao efeito de aumento ou não da agressividade,
tente oferecer algo completamente diferente e procure perceber em sua própria
mente se você se sente mais confortável. Como adulto, confie em sua intuição,
não se prenda a uma abordagem rígida. Se você tiver realizado uma avaliação
precisa do nível de agressividade de seu filho, você será capaz de oferecer-lhe o
tipo certo de brinquedos e jogos. Você deve tomar as rédeas e decidir quais
recursos lúdicos estarão disponíveis. Se brinquedos e jogos agressivos não forem
fornecidos, será negada a ele a oportunidade de estimular a agressividade; se
você permitir uma escolha, ele escolherá brincar de forma agressiva.
A maior parte do trabalho que você será capaz de realizar com uma
criança agressiva focaliza a minimização da possibilidade de uma crise. Quanto
mais ela puder operar de forma não agressiva mais seu novo comportamento
será reforçado.
Depois da fase de socialização do paciente e o terapeuta, onde a
confiança é conquistada reciprocamente, pode inicia o trabalho de construção
através da atividade artística, onde introduz materiais plásticos que resultaram
num trabalho de imagem.O material proposto para crianças de difícil
comportamento, primeiramente será a massinha de modelar, variando-se a
textura com massas caseiras, argila, tintas pouco fluídas, pintura a dedo, cola
colorida, papel marche e outros.Toda a atividade deve ser voltada para a sua
identificação, na matéria, do resultado da ação do participante.
Todas essas técnicas levam tempo até serem adquiridas, e ainda
assim acontecem rejeições e retrocessos no trabalho terapêutico. Deve-se, então
respeitar o tempo e o desenvolvimento de cada paciente, permitindo ele a ser, o
que lhe for possível, em cada momento.
Será observada uma grande dificuldade em produzir um ambiente
suficientemente satisfatório para o desenvolvimento do trabalho criativo. Caso as
experiências com as técnicas anteriores não surtirem efeitos positivos, deve-se
retroceder e aplicar técnicas onde não espunha o paciente ou até mesmo o
terapeuta, como: o giz de cera, lápis de cor ou hidrocória. Estes materiais não
ameaçam a segurança do paciente em ser dominado.
Com a confiança conquistada, o terapeuta pode sugerir atividades
que permitam uma nova fase de experimentação.Essa sugestão não se faz de
maneira direta, mas abrindo caminhos para essa prática, colocando a disposição
do paciente o material que ele já tenha condições de utilizar e promovendo
situações de observação da realidade externa, que foram enriquecendo o mundo
interno.
O paciente com tempo de tratamento pode escolher seu próprio
caminho. Desenvolvendo-se em seu ritmo e tempos próprios, com suas eficiência
e limites sendo respeitados e usufruindo de sua parte na herança que lhe deixou
a humanidade, a própria cultura.
As técnicas propostas variam de acordo com a faixa etária da criança
e a gravidade de sua agressividade. Todas merecem ser consideradas.
Segundo Alan Train,
“Há técnicas que podem ser utilizadas para auxiliar no
autocontrole da raiva. Os desencadeadores que disparam a raiva são
examinados; o sentimento que é provocado e a reação que se segue são
examinados com cuidado pelo especialista e pela criança. Lida-se com a raiva
removendo-se os desencadeadores.Isso é realizado quando a criança faz
afirmações sobre si mesma, passando a reconhecer que, do ponto de vista de
suas ações, ela tem uma escolha. Técnicas de relaxamento podem ser
introduzidas para levar a criança reconhecer que pode controlar a si
mesma”.(Train,2001,p.211)
No entanto, as terapias verbais, nas quais as crianças são ajudadas
a mergulhar no passado, num esforço para avaliar sua ação no presente, devem
ser evitadas. Elas partem do pressuposto que há um grau de estabilidade e
maturidade emocional que as crianças vulneráveis não possuem; ao cavoucar
nas fundações instáveis de suas vidas, pode-se causar prejuízos ainda maiores.
E muito melhor a abordagem na qual as crianças são levadas a considerar os
aspectos positivos de sua existência atual; assim, elas se tornarão fortes o
suficiente para serem capazes de caminhar em direção a um novo futuro.
A prática artística traz em si a necessidade de se submeter a ações
corajosas, criativas e ordenadores que liberem conteúdos muitas vezes
desconhecidos.Isso implica na expansão da comunicação integradora do homem
consigo mesmo, com o outro e o meio. É evidente sua eficácia como instrumento
terapêutico, educativo e social.A incorporação desta prática no cotidiano e na
instrumentação do profissional é o aporte do artista em favor da área científica,
resgatando a arte como agente transformador.
CONCLUSÃO
A agressividade está presente em todos estes contextos, então
saber como lidar, ou pelo menos saber buscar meios, formas para compreender
este tema tão discutido, dentro da sociedade, se faz extremamente necessário.
A educação vai além dos muros da escola e o seu principal objetivo
é levar o aluno a interagir com o social para ser um cidadão crítico e ativo na
sociedade.Além de se comprometer em detectar atitudes de maus tratos e
denunciá-los às autoridades. Podemos concluir que, o sucesso de qualquer
abordagem, seja ela através de técnicas da arteterapia ou não, deve-se à
personalidade do terapeuta e de sua interação com a criança agressiva.
Espera-se com esse trabalho minimizar o número de episódios de
agressividade numa criança, elogiando-a, encorajando-a e dando-lhe atenção em
outros momentos para que ela possa aprender a se relacionar conosco de forma
positiva e agradável. Desta forma seu comportamento indesejável será instinto.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO“
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AGRESSIVIDADE INFANTIL NA ESCOLA
AUTOR: _______________________________________
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AVALIADA POR: _________________________________
DATA DE ENTREGA: __ /__/__
CONCEITO FINAL: _______
Rio de Janeiro,__de____________de 2003.
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