DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · DESENVOLVIMENTO HUMANO: O PAPEL DO ORIENTADOR...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. Solange Maria Nogueira Orientadora Monica Melo Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · DESENVOLVIMENTO HUMANO: O PAPEL DO ORIENTADOR...

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR.

Solange Maria Nogueira

Orientadora Monica Melo

Rio de Janeiro 2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: O PAPEL DO

ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR.

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e Pedagógico.

Por: Solange Maria Nogueira

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AGRADECIMENTOS

À Professora de Psicologia do Desenvolvimento em Orientação Educacional, Dayse Serra, pelo estímulo e competência acadêmica, numa visão de educador-aprendente e de um educando sujeito e protagonista da sua aprendizagem.

A Orientadora, Mônica Melo, pela atenção e delicadeza com as informações, de forma paciente e prática para a conclusão do trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao, Cláudio César dos Santos, marido e companheiro na jornada amorosa e humanizante da vida.

À Professora de Psicologia do

Desenvolvimento em Orientação Educacional, Dayse Serra, pelo encorajamento, confiança e oportunidade, na continuidade dos estudos através da Psicopedagogia Especializada e Clínica.

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RESUMO

Na aprendizagem e desenvolvimento humano, existe a inerência de aprender.

Neste sentido, este trabalho oferece, em linhas gerais, algumas contribuições

interdisciplinares sobre a Aprendizagem e o desenvolvimento humano. Sua

articulação com a Orientação Educacional e Pedagógica através de

intervenções de modo planejado e intencional. Pontua, também os atores

deste processo através da família, do próprio educando e das Políticas

Públicas que definem o cenário legal por onde se desenha a educação formal

escolar. Ao final, ficam alguns horizontes que desafiam a OE e OP.

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METODOLOGIA

Este trabalho tem por objetivo ressignificar o papel do orientador

educacional e pedagógico e sua intervenção no processo da aprendizagem

escolar. A Orientação Educacional e Pedagógica com suas características

constitutivas e sua atuação específica, possui um importante papel pelas

contribuições valiosas que pode oferecer ao próprio Projeto Educativo. Neste

entendimento, é preciso observar como e onde a OE e OP podem contribuir

para a aprendizagem escolar e o desenvolvimento do educando.

Os autores Mírian Paura Grinspun Zippin, William Heard Kilpatrick e Zygmund

Bauman, com suas obras literárias, contribuíram de modo especial para a

elaboração das reflexões a cerca do que é a Orientação Educacional e sua

atuação no Projeto Educativo, oferecendo uma contextualização histórica no

desenvolvimento e atuação profissional. Uma visão de pós-modernidade com

suas características e exigências para se entender o mundo hodierno e saber

atuar contribuindo para pertinentes intervenções no universo escolar. E

finalmente, reabilitar o olhar para uma educação que se consolida em meio à

profundas, progressivas e permanentes mudanças irrompendo novos

paradigmas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO 10

CAPÍTULO II - ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA 21 CAPÍTULO III – INTERVENÇÕES DA OE E OP NA APRENDIZAGEM ESCOLAR 26 CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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INTRODUÇÃO

A importância da aprendizagem no desenvolvimento humano: o papel

do Orientador Educacional e Pedagógico no processo da aprendizagem

escolar traz por concepção que aprender é um ato humano. O ser humano

nasce aprendendo.

A aprendizagem escolar, de certa forma, sistematiza saberes e fazeres

através do conhecimento histórica, social e culturalmente construído e

compartilhado.

São várias as abordagens de Teorias de aprendizagens e

desenvolvimento humano, é um trabalho interdisciplinar e complexo. Aprender

é tarefa árdua e depende de vários fatores que podem contribuir, dificultar ou

até mesmo impedir a aprendizagem. O Projeto Pedagógico e suas concepções

de referência; o contexto sócio-econômico que poderá influenciar através de

ofertas ou de carência de possibilidades, ambiente físico, emocional,adequado

que pode estimular ou não a aprendizagem, condicionamentos fisiológicos,

orgânicos que participam do como, o que, onde, com quem, para que e porque

aprender determinada seleção curricular, objetivos da família, dos

responsáveis e da própria sociedade.

A aprendizagem não é neutra. Desde a Psicologia Humanista, a

Pedagogia crítica-educativa, a perspectiva da Neurociência, as Teorias

Psicogenéticas de aprendizagem, até as Políticas Públicas, que responsabiliza

o Estado em garantir o direito à Educação escolar para todos, encontra a

permanente e desafiadora tarefa de articular o educando como sujeito deste

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processo, no desenvolvimento de sua autonomia, na construção de um projeto

de vida responsável que aos poucos vai sendo formado.

A Orientação Educacional e Pedagógica possui e colabora com valiosa

intervenção mediando, dialogando, ajudando a escola a construir um Projeto

Educativo mais libertador, rico em experiências pedagógicas de

aprendizagens, de convivência que promove este aluno à transformação e ao

engajamento numa vida de realizações pessoal e de futuro profissional no

exercício de sua vocação. Acompanha, orienta, subsidia os professores para

uma ampla compreensão da pessoa do aluno, não apenas para o rendimento

escolar. Tarefa igualmente exercida com as famílias e responsáveis, ajudando,

apoiando e, muitas vezes, questionando procedimentos em vista do melhor

desempenho do aluno na excelência acadêmica, mas também pela cidadania

e construção de valores, pautados na ética, no respeito, na justiça, busca da

verdade, solidariedade.

A OE e OP ajuda nas vivências de crises pedagógicas assombradas

pelo fracasso escolar, da repetição, denunciando e sugerindo um processo

avaliativo como espaço de aprendizagem. Ajuda o processo de inclusão diante

das necessidades educacionais especiais. Intervém nos Conselhos de Classe

e em todos os espaços destinados, principalmente aos educandos e sua

aprendizagem.

Contribui com a permanente formação dos educadores e da própria

comunidade educativa. É um profissional que cuida também da sua própria

formação, permanente, contínua e progressiva para ser capaz de ter e exercer

um planejamento de Orientação Educacional e Pedagógica com competência

técnica e humana.

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CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO

1.1 - A inerência humana de aprender

Aprender é um ato humano. Dotado de conhecimento,o ser humano,

pode apoderar-se do sentido que cada descoberta que se apresenta nos

eventos de sua existência.Tanto o conhecimento mais elementar, intuitivo até o

sistematizado, mais elaborado com o rigor das relações e o da interpretação

que visa a explicação com argumentos sistematizados, disciplinados, abre-se

ao humano a sua especificidade, sua condição de especialização em sua

contingência histórica, necessita aprender e, a partir da aprendizagem, reagir,

interagir, atuar e interpretar o mundo ao seu redor. A aprendizagem se

processa no intelecto. Tem origem no próprio surgimento da vida onde se dá

seu desenvolvimento.

Segundo MONDIN(1980), o intelecto se apresenta como fonte do

conhecimento onde a aprendizagem é uma de suas operações:

"O conhecer humano é portador de um caráter intelectivo e que a fonte de tal conhecimento se encontra no próprio homem. Por meio dessa faculdade, ou seja da razão, o homem consegue tirar, a partir dos dados que lhe são fornecidos, pelos sentidos, idéias gerais, juízos universais, sistemas de informação. Na aprendizagem, o intelecto abstrai a idéia universal, e oferece ao juízo e ao raciocínio associar, separar ou construir novas idéias."(p.175)

Aprender é uma atividade árdua. Exige despojamento do habitual, saída

da zona do conforto do já aprendido, e prontidão para reiniciar, pois a

aprendizagem gera sempre uma descoberta e alguma transformação naquilo

que já se sabe. A aprendizagem se processa na totalidade da pessoa. Toda a

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corporeidade participa da aprendizagem. Ela não se limita ao domínio da

"cabeça-pensante", está permeada de sentimentos, emoções, ambiente,

relações sociais, cultura. Não é um mecanismo interno, mental exclusivo.

Aprendizagem é um sistema aberto, interage com expectativas, com a

necessidade de saúde e de bem estar.

O ser humano ávido por conhecer, busca pelo entendimento de tudo o

que o cerca. Deseja compreender sua história, origem e destino último que o

ultrapassa em significado. Pelo exercício do pensar, não se contenta com o

que descobre, e recomeça a busca pela compreensão de sua própria

existência numa interminável tarefa de pensamentos a cerca de tudo.O

pensamento se torna uma elaboração de raciocínios, analogias, relações,

lembranças, conhecimentos, informações, experiências que vão se traduzindo

em atitudes, comportamentos, escolhas, verdades. O pensamento vai

determinando sua trajetória de ser no mundo. Como o pensamento possui em

sua constituição uma universalidade de possibilidades de conteúdos e

experiências estendidas pelo tempo e espaço, é fundamental aprender a

pensar.

1.2 - Como se dá a aprendizagem: alguns recortes de um vasto cenário de contribuições interdisciplinares

1.2.1 - Na psicologia humanista, ROGERS,C.(1961) propõe que a

aprendizagem se dá a partir do indivíduo que se descobre em suas

experiências significativas e a partir delas realiza as mudanças que influenciam

seu comportamento.

"Cheguei à conclusão de que a única coisa que se aprende de modo a influenciar significativamente o comportamento é um resultado da descoberta de si, de algo que é captado pelo indivíduo." (p.249)

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Esta concepção de aprendizagem, possui um caráter funcional

promovendo utilidade ao conhecimento em vista de mudanças de

comportamento, orientação de atitudes e personalidade. Torna-se uma

aprendizagem significativa mais profundamente assumida e comprometida

pelo indivíduo. Em, ROGERS,C.(1961),

"Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais que uma acumula fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência." (p.253)

1.2.2 - Na pedagogia crítica-educativa, contextualizando a educação como

prática libertadora, FREIRE, P. propõe que a aprendizagem se dá pela

construção, tendo o educando como sujeito de sua aprendizagem. Trata-se da

formação da consciência crítica sobre o mundo, a sociedade e suas

articulações com posicionamento de autonomia e participação. A história de

vida do educando é parte integrante do “currículo” assim como o seu ambiente

social, sua estrutura econômica. A avaliação deve ser um instrumento da

aprendizagem.

1.2.3 - Nas teorias psicogenéticas de aprendizagem, serão citadas três

contribuições fundamentais para se ter um contorno desta discussão, Henry

Wallon (1879-1962); Lev S. Vygotsky (1896-1934) e Jean Piaget (1896-1980) .

Na perspectiva psicogenética, Piaget e WALLON, abordam a dimensão

genética para o desenvolvimento humano.

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Para Wallon, a gênese da pessoa, sua afetividade e inteligência

organizam em cinco estágios de forma descontínua e assistemática com

alternância entre o afetivo e o cognitivo.

O estágio impulsivo-emocional, considerado o primeiro na teoria de

Wallon e, que abrange crianças de zero a um ano de idade, a afetividade está

presente pelas reações corporais de proprioceptiva (sensiblidade dos

músculos) e de interoceptivas (sensibilidade das vísceras). Nesta etapa, a

criança aprende pela fusão com o outro. O ensinar e aprender está centrado

nas manifestações corporais, de contato: carregar no colo, embalar, segurar

nos braços. Nestas experiências, forma-se a fusão onde a criança participa

intensamente com o outro, com o ambiente e, aos poucos, com os desafios

próprios da aprendizagem, vai decifrando suas percepções e

consequentemente, construindo o seu processo de diferenciação.

No estágio, sensório-motor e projetivo, conhecido como o segundo na

teoria de Wallon, abrange crianças de um a três anos de idade. A criança

possui a sensibilidade exteroceptiva, ou seja, abre-se ao mundo externo

entrando numa forte relação de aprendizagem e descobertas com os objetos

ao seu redor. Quer saber o que são, para que servem, como funcionam, como

se chamam. A aprendizagem dos alunos está relacionada à disposição afetiva

do professor, que é ofertar, a maior variedade de situações, para que todos os

alunos participem igualmente, de modo dinâmico e criativo, de sua insistência

em conhecer o mundo ao seu redor, permitindo, facilitando a diferenciação em

relação aos objetos.

O agir sobre os objetos, no entendimento psicogenético, vai além do

reconhecimento de características próprias de cada um, há um acréscimo de

algo ao real, a partir do momento que a criança faz combinações,

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associações, realiza deduções com as características que foram percebidas,

extraídas da ação com os objetos. Ela aprende com este conhecimento

gerado em sua ação com os objetos. Segundo Piaget(1973)

“ [...] a experiência física consiste, com efeito, em agir sobre os objetos de maneira a descobrir as propriedades que ainda são abstratas nesses objetos como tais: por exemplo, sopesar um corpo a fim de avaliar seu peso.” (p.37)

A esta relação do sujeito que age sobre os objetos estabelecendo ou

construindo novas relações, para Piaget, trata-se da “abstração reflexiva ou

construtiva” (PALANGANA,1998).

O personalismo, momento de ir na direção de si mesmo, marca o

terceiro estágio de desenvolvimento segundo Wallon e, abrange as crianças de

três a seis anos de idade. Nesta etapa a criança se descobre diferente das

outras crianças e do adulto.

Em se tratando de aprendizagem escolar, etapa da Educação Infantil, o

professor precisa levar em conta e estar atento à capacidade de escolha das

crianças pelas atividades que mais lhes interessam. Na dimensão da

afetividade, o professor precisa identificar, respeitar as diferenças que

aparecem pelas atividades propostas que facilitem este processo dando

espaço para criança se expressar. Ela vai sendo reconhecida por seu

aprendizado e descobertas, sobretudo por aquilo que a diferencia do outro. É

importante ser chamada pelo nome e a convivência em grupo, com crianças de

diferentes idades, vai oferecer novas apreensões de aprendizagens e de

aceitação.

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Entre seis a onze anos de idade, Wallon caracteriza este período de

categorial formando assim o quarto estágio de desenvolvimento. É o momento

de mais clareza da diferenciação entre o eu e o outro. O período escolar de

educação básica está sendo formalizado com propostas pedagógicas de

aprendizagem mais elaboradas, com maior complexidade cognitiva se

apresentando com mais rigor nas respostas, interpretações e intervenções.

Agrupar, classificar, categorizar, vão exigindo atividades com maior e

diferentes capacidades de abstração até alcançar o pensamento categorial. É

o predomínio da razão. A criança vive um forte racionalismo nas explicações

diante de suas descobertas e na busca de decifrar e entender o mundo ao seu

redor. É um longo processo de formação de conceitos e princípios na

diferenciação.

A etapa seguinte, a da puberdade e adolescência, segundo Wallon, vai

de onze anos de idade em diante, conhecido como quinto estágio. Algumas

das características desta etapa do desenvolvimento são: busca de autonomia,

questionamentos, confronto com regras e valores pré-estabelecidos, auto-

afirmação. Cognitivamente, há um aumento de exigências na abstração. Se

desponta, com maior profundidade, a inquietação por respostas mais

existenciais: quem sou eu? Quais são meus valores? Qual será o meu futuro?

No contexto escolar, a dimensão afetiva, sobretudo do professor, como

facilitador da aprendizagem, é ajudar, permitir e orientar a discussão das

diferenças, das indagações, inquietudes, oposições, primando pelo respeito de

expressões sem abdicar dos limites, pautadas, por exemplo, por um convívio

mais solidário, de bem estar comum. Favorecer a descoberta das

possibilidades, ajudar a identificar as motivações, os valores. Procurar construir

um ambiente de credibilidade e confiança que incentive os alunos a assumir

escolhas e decisões de modo mais compartilhado, mais dialogal.

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A dimensão afetiva possui importância fundamental no desenvolvimento

do processo ensino-aprendizagem. Nesta relação, o papel do professor é de

fundamental relevância na interação com o aluno, para gerar o seu

desenvolvimento e aprendizagem. A afetividade está na raiz deste binômio.

Neste sentido, o Orientador Educacional e Pedagógico é um mediador

do “afeto” da relação professor-aluno.

A Discussão de aprendizagem numa abordagem Piagetiana, precisa ser

compreendida como Teoria de Desenvolvimento mental organizado em

períodos: sensório-motor,pré-operacional, operacional-concreto e operacional-

formal. O processo de aprendizagem se dá pela assimilação e acomodação.

Segundo, PALANGANA 1998, “do ponto de vista piagetiana, o processo de

conhecimento implica a disponibilidade de esquemas operativos, uma vez que

este só se realiza com a ação”. Portanto, nestes esquemas se dá a

aprendizagem.

“ aprendizagem, em sentido estrito, refere-se aos conteúdos

adquiridos em função da experiência. A aprendizagem em sentido amplo, refere-se às aquisições que não são devidas, diretamente, à experiência, mas construídas por processos dedutivos. Quando Piaget fala em aprendizagem em sentido mais amplo refere-se ao processo de constituição das estruturas operatórias do pensamento, refere-se à constituição das formas de pensamento. Quando Piaget fala em aprendizagem no sentido geral, ele está se reportando ao processo de desenvolvimento. Para Piaget, o processo de aprendizagem é subjugado ao processo de desenvolvimento, sendo por este condicionado. Admitir que o processo de desenvolvimento antecede a aprendizagem significa priorizar a atividade do sujeito em detrimento das contribuições provenientes do objeto de conhecimento – do meio social. ” (p.77)

Em ambiente escolar, a visão piagetiana coloca o aluno sujeito da sua

aprendizagem mas é preciso que a escola esteja comprometida com as

necessidades deste aluno, pois estas, revelam seus interesses e assim

demonstra que o seu nível de organização mental está apto para realizar tal

demanda, estas revelam as estruturas cognitivas que o aluno possui. A

necessidade do aluno estando satisfeita, atendida, a aprendizagem torna-se

necessária.

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O Orientador Educacional e Pedagógico precisa estar atento na

observação, acompanhamento, elaboração de estratégias educacionais e

pedagógicas, diante dos planejamentos de ensino e de suas práticas, para

garantir que este processo ocorra o mais satisfatoriamente possível em visata

da aprendizagem e do desenvolvimento do aluno.

Os trabalhos de Piaget, segundo, MOURA(2010)

“concentraram em estudos experimentais na perspectiva psicogenética voltados para temas como número, espaço, tempo, causalidade,objeto permanente, velocidade, quantidades físicas, acaso e probabilidades, lógica elementar (classes e relações) e lógica do adolescente, bem como estudos sobre a memória, percepção, imagem mental. A partir da década de 1970, Piaget formula pesquisas a respeito do funcionamento cognitivo, através de mecanismos como a tomada de consciência, a contradição, a generalização, as correspondências e outros importantes estudos sobre a equilibração e a abstração reflexiva.”(p.25)

Ainda é preciso ressaltar que a aprendizagem, segundo Piaget, é

oriunda de situações externas, mas o desenvolvimento é um processo

espontâneo. Segundo PALANGANA(2010):

“O desenvolvimento é um processo espontâneo, ligado a embriogênese e que se refere, em última análise, à totalidade das estruturas de conhecimento. Para Piaget, o desenvolvimento do pensamento, que tem início com o nascimento e termina com a aquisição do raciocínio lógico, é comparável ao crescimento orgânico: como este, o desenvolvimento do pensamento orienta-se para um estado de equilíbrio. Assim sendo, o desenvolvimento pode ser entendido como um processo de equilibração progressiva.”(p.81)

A intervenção do professor é também de provocação ao “desequilíbrio”,

ou seja, oferecer, oportunizar novos desafios, buscas, para que a criança se

reestruture mentalmente buscando um novo equilíbrio, novos esquemas de

assimilação para adaptar-se a uma nova situação. O ensino precisa ativar este

processo. Precisa ser desafiador.

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Na teoria do desenvolvimento humano, VYGOTSKY, L., enfatiza o

estudo de aspectos filogenéticos e ontogenéticos para as funções da

linguagem oral e escrita, memória, atenção e o próprio pensamento. Portanto,

falar, escrever, armazenar informações, estar atento e lidar com o próprio

pensamento, suas conjecturas, associações diversas desde a emoção, o

afetivo, a reflexão, entre outras, que fazem parte da rotina escolar, exigem uma

aprendizagem como processo para toda a vida humana.

Na aprendizagem, os aspectos culturais, em suas particularidades,

precisam também ser considerados. Muitas vezes, as características da cultura

podem ir contra o que é aceitável do ponto de vista da sobrevivência da

espécie.

Segundo OLIVEIRA(1992)

“ a dimensão social do desenvolvimento humano. O ser humano se constitui como tal na sua relação com o outro social. A cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico.”(p.24)

A aprendizagem é também uma dimensão social. Para Vygotsky, o

homem é essencialmente social, a uma apropriação daquilo que e

culturalmente construído e elaborado. Segundo GÓES(1993)

“apropriação que se dá por intermédio de contato social, onde gradualmente, através de um processo de internalização, a criança vai tornando seus os modos de ação que inicialmente eram partilhados com os outros.”(p.153)

Neste sentido, a importância da escola no desenvolvimento da criança.

A escola é um espaço social privilegiado de construção e socialização de

conhecimento e de aprendizagens. O Orientador Educacional e Pedagógico

atua com relevância na mediação desse processo escolar como facilitador,

intervindo, propondo, acompanhando, orientando as práticas pedagógicas nos

seus princípios que as orientam e definem os próprios rumos do Projeto

Educativo.

19

Segundo PALANGANA(1993)

“ Na perspectiva vygotskyana, a constituição das funções

complexas do pensamento é veiculada principalmente pelas trocas sociais e, nesta interação, o fator de maior peso é a linguagem, ou seja, a comunicação entre os homens. A linguagem intervém no processo de desenvolvimento da criança desde o nascimento.”(p.97)

Para Vygotsky, o homem é um ser por excelência social. Neste sentido

a escola tem um papel fundamental na elaboração da consciência que ocorre a

partir da progressiva apropriação dos modos de ação culturalmente

elaborados.

1.2.4 - Na perspectiva da neurociência a aprendizagem se dá no

desenvolvimento do cérebro que se molda aos estímulos do ambiente.

Segundo INÁCIO,S. R. da Luz, em seu artigo sobre a importância da

Neurociência na aprendizagem e educação:

"Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar novas

sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro

reage aos estímulos do ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais

“intensas”. Como conseqüência, estas se constituem em circuitos que

processam as informações, com capacidade de armazenamento

molecular." ([email protected])

1.3 - Aprender a pensar: tarefa para quem ensina

Nos animais, ações, conservação do ser e da própria espécie, são a

partir dos instintos. Nos humanos, diferentemente dos animais, ultrapassa a

sobrevivência. Existe um apelo pelo desenvolvimento, crescimento, pela

aprendizagem permanente, progressiva e dinâmica. Suas ações são

20

orientadas, influenciadas, determinadas por um sistema complexo de

ensinamentos e valores a partir de um modelo moral, ético, jurídico, estético,

religioso, de comunicação, ou seja, pelos elementos fundantes de uma cultura

e da civilização humana como um todo. A vida humana em sua força suprema

é realizada pela possibilidade da aprendizagem.O ser humano possui a

possibilidade através dos ensinamentos, organizar, planejar, dar

intencionalidade à sua vontade em sentido pessoal e como comunidade em

sociedade, acolhendo a vida em si e modificando-a permanentemente.

Aprender a pensar torna-se tarefa essencial ao ser humano, que em sua

peregrinação mundante, é sempre "um já, mas ainda não." Tomado pela

inquietude de ser no mundo, assume a vida que lhe é dada, plenamente mas

ainda por fazer. Busca aprender, precisa aprender.Segundo QUINTÁS(2004):

" O ser humano é chamado pelo seu próprio ser põr em ação a capacidade que a natureza lhe outorga, vê-se impelido a cuidar de sua saúde psíquica, biológica e espiritual."(p.56)

É aprendendo que o humano se faz e realiza, constrói a sua existência.

Assume a história, atua e transforma, interpretando e interagindo com o mundo

ao seu redor.Aprender é a condição mais legítima e constituinte do ser

humano. É tarefa de toda a sua vida desde a mais tenra experiência do existir

às complexas relações do conhecimento nas várias dimensões do sentir, do

ser, do saber, do fazer, individual e coletivamente organizado em sociedade.

.

21

CAPÍTULO 2

ORIENTAÇÃO EDUCCIONAL E PEAGÓGICA

2.1 – A Orientação Educacional e Pedagógica: características

constitutivas

É preciso compreender qual é o lugar social do Orientador Educacional

e Pedagógico no processo pedagógico educacional. Algumas considerações

da histórica da profissionalização do Orientador Educacional e Pedagógica é

necessária para um posicionamento correto, ético e atualizado no exercício da

profissão em sua atuação escolar. Segundo, (GRINSPUN,2008), em cada

período histórico da Orientação Educacional, precisa de uma análise nas

dimensões social, político e pedagógico sobre a importância da atuação da

Orientação Educacional como parte integrante ao processo pedagógico como

um todo, em vista do aluno, procurando superação nas dificuldades de

compreensão do papel do Orientador.

É importante ressaltar alguns aspectos bem significativos sobre a

importância da Orientação Educacional em todo o processo educacional, a

saber:

1) A Orientação Educacional é inerente à própria Educação, pois o aluno é

o sujeito e o objeto do processo educacional, portanto a sua prática

refere-se a “orientar, guiar, conduzir o indivíduo.

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2) O desenvolvimento científico e tecnológico hodiernos, validam a prática

da Orientação Educacional pela necessidade da humanização, de dar

significado de uma nova leitura na estreita relação da comunicação com

interação social. Fomentando a articulação dos diferentes atores do

processo educacional em vista de diálogos mais humanos e justos.

Também na mediação das “contradições e conflitos, da afetividade e

cognição como características interligadas ao indivíduo.

Apresenta o papel fundamental do Orientador Educacional, segundo

GRINSPUN(2008)

“ao estudo da realidade mais concreta e objetiva do aluno (conhecimento, pensamento e linguagem; questões do imaginário social, da linguagem, da auto-estima, auto-imagem e auto-realização; dos valores e da ética) em vista do seu desenvolvimento e formação em um novo tempo, com atenção às novas necessidades.” (p.29)

O Orientador Educacional é um especialista da Educação no campo do

Magistério. Existe uma base legal que regulamenta o Orientador Educacional

como profissão reconhecida.

Neste sentido, é importante uma breve contextualização para

proporcionar ao Orientador Educacional maior segurança no exercício de suas

funções e na luta pelos seus interesses.

Um breve itinerário pela história, segundo, (GRINSPUN,2006), delineia a

concepção da Orientação Educacional e Pedagógica no processo educacional

brasileiro:

Década de 60

- reconhecimento da profissão de Orientador Educacional

- trabalhar com os alunos e com a Escola em suas propostas educacionais

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Década de 70 e 80

- redefinição dos cursos de Pedagogia

- expressiva fundamentação psicológica e pouca atenção à dimensão

pedagógica na formação do OE

A partir de 1990

- criação da Associação Nacional pela formação dos Profissionais da

Educação (ANFOPE)

- busca de nova identidade para o Curso de Pedagogia

- distinção entre profissionais da educação (Cursos de Pedagogia e de

Licenciatura de nível universitário) de trabalhadores da educação (demais

trabalhadores da escola)

- A formação do Orientador Educacional ocorrerá, preferencialmente, na Pós-

Graduação

Dentro e a partir da complexa caminhada histórica da legalidade do

exercício da profissão e da formação do Orientador Educacional, fica a

confirmação da relevância e importância do seu papel, a ser desempenhado,

na formação do aluno (valores) como objeto, sujeito e protagonista do

processo educativo.

2.2 – A atuação do OE e do OP na Escola

A pertinência fundamental da escola é a socialização do conhecimento.

O conhecimento nunca é neutro. Existe uma intencionalidade em sua

formulação e um “destinatário” a quem ele serve. A escola é o lugar social

privilegiado na construção e socialização do conhecimento. Historicamente é

sabido que a escola esteve a serviço do poder hegemônico que a produz

ideologicamente. Esta dependência está vinculada ao sistema capitalista que

define seus interesses em padrões sociais, político, econômico e culturais.

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A importância da escola se amplia enquanto ela é assumida, pelas

classes populares, como espaço de apropriação consciente histórico-política

da luta pela transformação da sociedade a partir da apropriação, transmissão e

ampliação do saber historicamente acumulado pela humanidade.

Compete à Orientação e Supervisão Educacional “mobilizar os

diferentes saberes exercidos pelos profissionais que atuam na escola” em vista

da aprendizagem dos alunos.

Neste sentido vale ressaltar alguns aspectos da especificidade e

importância do papel da Orientação Educacional consciente comprometida

com a transformação da sociedade, para: Investigar, compreender e trazer a

realidade, ou seja, realizar a socialização do saber sobre o aluno no sentido

(sócio-econômica-cultural: valores, relação e formação de seu grupo;

compreensão e representação da sociedade; expectativas em relação à

escola, linguagem própria e usual, interesses, experiências de trabalho e

outros elementos de seu universo) para um planejamento curricular mais

adequado ao desenvolvimento da capacidade crítica de pensar a sociedade e

de habilidades pessoais e de grupo mais adequadas para participação,

progredindo em habilidades à organização coletiva da transformação da

sociedade com interdisciplinaridade e politicamente assumida; fomentar a

discussão política da prática pedagógica pela mobilização da escola, família

e comunidade em vista de uma educação de qualidade; comprometida com a

aprendizagem contextualizada, cabe a Orientação, promover, orientar e

acompanhar o “autoconhecimento e o conhecimento de mundo e o

autoconceito positivo do aluno”; regatar o aspecto político-pedagógico das

diversas relações entre os atores do universo educacional, pois a Orientação

Educacional é especialista em relações.

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É de fundamental importância à função da Orientação tratar a questão

do trabalho na escola tão bem elucidado, segundo GARCIA(1994)

“ se os alunos trabalham, os conteúdos deve ter relação com o seu trabalho, ampliando o conhecimento sobre o seu objeto de trabalho, o que lhes possibilitará auto-afirmação e conquista de respeito social. O trabalho passa a ser o eixo norteador de toda a atividade pedagógica proporcionando ao aluno, todo o nexo escola-vida assimilando e construindo o conhecimento em situação.”(p.20)

Na escola de qualidade a construção é participativa e coletivamente

assumida onde a Orientação assume papel relevante pela “mobilização da

escola para a discussão política da prática pedagógica e a mobilização da

comunidade para a definição de uma qualidade articulada aos interesses das

classes populares”.

Diante do “fracasso escolar”, é preciso uma ação transformadora, para

além de um discurso de mudança, estarão, de certo modo, intensificando o

sistema de “práticas autoritárias, em pacotes pedagógicos, na concentração de

funções gratificadas perpetuando a manutenção da hegemonia dominante de

poder” ferindo profundamente todo o processo de transformação da sociedade

em vista do pleno exercício da cidadania.

26

CAPÍTULO 3

INTERVENÇÕES DA OE E OP NA APRENDIZAGEM ESCOLAR

3.1 – Importância do OE e OP no Processo de Aprendizagem

O aluno e sua aprendizagem, em ambiente escolar, é um desafio

permanente para o Orientador Educacional e Pedagógico.

É preciso considerar algumas características do aluno hoje, com

destaque às mais desafiadoras para o trabalho da OE e OP. Estas dificuldades

estão inseridas no contexto deste aluno, ou seja, a Pós-Modernidade marcada

pelo niilsmo, velocidade gerando o processo do descartável com ausência de

vínculos duradouros e permanentes afetando profundamente todo o processo

de comunicação e de relacionamento. Desconfiança e mudanças constantes e

muito rápidas. Uma geração “ágrafa” que da oralidade migra para o visual

como culto e valor quase absoluto. Do universo analógico para o digital,

encadeiam-se diversos mecanismos, que oferecem à Educação Escolar e ao

Orientador Educacional e Pedagógico desafios, mas também possibilidades,

com sua importância, entre eles: a dificuldade em perceber o papel e a

importância da escola; a escola produz e socializa o conhecimento. Existe uma

intencionalidade e planejamento dentro de uma rotina exigente de saberes e

fazeres. A OE e OP possui o papel fundamental de mediar os espaços formais

da construção dos conhecimentos, como o currículo com suas metodologias,

avaliações, conteúdos, diagnósticos, programação no sentido de gerar

27

aprendizagem. Inserir, orientar e acompanhar este aluno nesta rotina ajudando

a dialogar e interpretar “seu mundo” com o “mundo” ao seu redor para atuar e

intervir em vista de perceber o significado para a sua vida pessoal de

realização e desenvolvimento e como coletividade em sociedade na

perspectiva da transformação.

É preciso oferecer elementos e valores que possam subsidiar o

interesse e referências motivadoras que alimentam a esperança e humanizam

as relações. Engajá-lo dentro da vida, ouvindo seus argumentos, mas também

oferecendo questionamentos que possam ser confrontados pela descoberta e

superação de comportamentos alienantes como o preconceito, a indiferença,

preguiça, comodismo.

A dificuldade de processar informações tendo a realidade através da

virtualidade, o simulacro, aliados à velocidade das informações geram uma

visão fragmentada da realidade que compromete a formação do conhecimento.

A facilidade ao acesso pela internet com “hiperjanelas” de consultas, ao

mesmo tempo disponibiliza uma vasta possibilidade de informações, traz

também a dificuldade em priorizar, selecionar, sintetizar, interpretar e

compreender o que se pede e como relacionar com a vida. O isolamento

povoado pela multidão dos contatos oferecidos pela variedade de ferramentas

que a internet propicia com uma linguagem extremamente atraente conectadas

aos sentidos humanos, está construindo um novo, um outro vocabulário e

outras formas de pensar, sentir, fazer e ser. Os diferentes e desafiadores

modelos de família – “pai-mãe-parente-quem cuida da gente” ou “pai-mãe-tia-

quem te cria”, exige outro tipo de atenção ao modo de convivência e de

aprendizagem. Na escola, estas e outras questões, potencializam-se tornando

28

imprescindível ao OE e OP um permanente aprofundamento e cuidado no trato

com toda a Comunidade Educativa, principalmente com o aluno.

3.2 – Os atores sociais envolvidos na aprendizagem escolar

A Educação é um processo que permite o desenvolvimento integral da

pessoa em todas as suas dimensões afetiva, social, espiritual, cognitiva,

psicológica, comunicação e seus desdobramentos em permanente relação

sistêmica com tensões e conflitos. O indivíduo humano é sujeito do processo

educativo. As dimensões humanas, o pensamento lógico, a sociabilidade, o

trabalho, a técnica, a linguagem e todos os outros códigos de comunicação,

pressupõem sua existência, na educação.

A tarefa da educação não é fácil. O homem enquanto pessoa, sente

necessidade de elaborar seus procedimentos segundo os elementos que

observa, interage e percebe. O ser humano é um organismo complexo, está

envolvido por diversificados elementos como estímulos, impulsos orgânicos,

distribuição de necessidades, motivos inconscientes e conscientes, emoções,

atitudes, idéias, patrimônios culturais, normas, valores, exigências de

relacionamento e aceitação, papéis sociais, associações grupais de referência,

pressões institucionais. Tudo acontecendo dinamicamente em seu ser, na sua

contingência histórica de ser limitado, finito. Por outro lado, transcendendo a si

mesmo em busca de sua realização. Vivendo sua provisoriedade de ser-no-

mundo, experimentando todos os condicionamentos em seu corpo, em

ambientes e múltiplas situações.

E o ambiente escolar é espaço sociopolítico privilegiado para promover

e garantir sua realização. Segundo Figueiredo(1995):

29

a escola, como instituição de cultura, é articuladora de todo e qualquer processo de educação que promova e reencontro da razão com a vida; que faça coincidir o espaço onde reside a vida com as aspirações do ser criativo, em contínuo desenvolvimento, a adquirir e a produzir cultura, segundo as suas necessidades essencialmente vitais, as suas aspirações e conhecimentos. (p.30)

O Projeto Educativo é um instrumento teórico e metodológico que

possibilita a intervenção e mudança da realidade através da escola. É o

planejamento global da escola, um processo de Planejamento construído

coletivamente mostrando, não de forma definitiva, fechada, qual é a ação

educativa que se quer realizar. Ele é compreendido na articulação do Marco

Referencial, através dos Marcos Situacional, Doutrinal (filosófico) e Operativo,

Diagnóstico e Programação. O Marco Referencial, segundo Vasconcelos

(2002):

é a tomada de posição da instituição que

planeja em relação à sua identidade, a visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o rumo, o horizonte, a direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia, das ciências, da fé. Implica, portanto, opção e fundamentação.(p.182)

O Projeto Educativo não é apenas o Marco Referencial, é formado

também pelo Diagnóstico e a Programação de maneira dinâmica e articulada.

“Grosso modo, o Marco Referencial corresponde à dimensão da finalidade; o

Diagnóstico, à realidade e a Programação, à Mediação”

VASCONCELOS(2002).

Articulação que provoca uma nova relação interna em três dimensões:

Acontece que em cada uma das partes do Projeto, temos uma nova articulação interna entre as três dimensões. No caso do Marco Referencial, é clara a correspondência respectivamente entre Marco

30

Situacional e Realidade, Marco Filosófico e Finalidade, e Marco Operativo e Mediação. No Diagnóstico o ponto de partida é a Realidade, confrontada com a Finalidade, tendo em vista a Mediação. Na Programação, a referência inicial é a Realidade do Diagnóstico e a proposta de ação é sempre acompanhada de um o que – Mediação – e um para que – Finalidade (p.171).

Portanto, a escolha do planejamento com o seu referencial teórico e

metodológico é uma decisão fundamental para a prática da Orientação

Educacional e Pedagógica, pois, é neste espaço, de múltiplas relações, que a

concepção de educação se fortalece.

Não somente o Projeto educativo, mas o próprio aluno/educando é

também ator do processo da aprendizagem.

Poderíamos perguntar sobre quem é esse aluno hoje? Êle é mais

envolvido com a cultura visual do que a escrita. Vive em um contexto pós-

moderno com mais aparatos tecnológico (vídeo, computador, game, entre

outros). É mais crítico e desafiador de paradigmas. Busca emoções/sensações

novas do prazer imediato. Tem dificuldade de perceber o papel e a importância

da escola. Usa uma linguagem própria ou a do grupo que se filia. Afirma o

popular e ignora, às vezes, com aversão ao clássico, erudito. Possui

dificuldade de processar informações em relação a quantidade e

desconstrução. Sob o ponto de vista mercadológico, é mais competitivo e mais

confuso, decreta o fim das certezas.

A pessoa do aluno/educando, ator e sujeito da sua própria

aprendizagem, é um ser de complexidades, necessitando, sobretudo na

Educação Básica, de orientação e acompanhamento. Neste sentido, o papel

do OE e OP para ajudar a avaliar contribuindo para o desenvolvimento pessoal

do aluno. Ajudá-lo em seu imediatismo de resultados, perceber o processo,

31

estimular o vínculo duradouro, valorizar seu conhecimento insistindo na

importância e no papel da escola para o seu desenvolvimento. Contribuir com

as descobertas fruto de um bom trabalho vocacional com a presença e

participação da família, do responsável.

A OE e OP ajuda a escola a organizar e realizar a sua proposta

pedagógica para compreender o comportamento dos alunos agindo de

maneira adequada dialogando, mediano e oferecendo orientações.

3.3 - Orientação Educacional e Pedagógica e o papel da família

Família e escola é um binômio de desafios desde a escola moderna a

partir do século 16. Existe um clamor de pais, professores, especialistas e das

próprias políticas educacionais, sobre a relação e distinção dos seus papéis. A

sociedade se organiza, também por esta relação de definições, de

responsabilidades num processo dinâmico de mudanças que afetam suas

funções. A escola se queixa que assume muitas tarefas que são próprias da

família e esta, exige cada vez mais da escola, uma presença na totalidade

educativa do aluno.

Somente a partir do século 18, o Estado assume o papel de cidadania,

em sentido de concepção, passa a se responsabilizar pelos cidadãos através

das políticas públicas como educação, moradia, trabalho, saúde, segurança,

entre outros. Daí a exigência de uma permanente organização familiar em vista

de uma reorganização social.

A família concebe a criança e torna-se o espaço privilegiado, importante

e intransferível, não único, de cuidar, proteger, orientar e educar seus

membros, sobretudo, as crianças.

32

É preciso também entender que a família, não é mais uma instituição

homogênea, embora ainda persista dentro da concepção tradicional o modelo

patriarcal, apesar de muitas delas, terem a mulher na liderança do papel de

provedor, no passado quase que exclusivo do homem.

A família no cenário da contemporaneidade mudou e, de certa forma

avançou. Não só pelas relações de gênero, mas pela interação com outras

forças socialmente constituídas como a Lei Federal do Estatuto da Criança e

do Adolescente, somente para citar um exemplo. Outros argumentos como o

da sexualidade, antes restrita, hoje exigida como discussão, aprofundamento e

educação familiar de maneira ampla e responsável.

A escola, ao lado da família, ajuda neste desenvolvimento da formação

integral dos alunos, assumindo a sua excelência acadêmica de produzir e

socializar conhecimento.

A Orientação Educacional tem um papel relevante de mediação nesta

relação, sobretudo de ajudar a amadurecer a construção de sentido que

pautam os melhores comportamentos, baseados no respeito, na ética, na

valorização da vida em espaço pessoal, mas também coletivo de cidadania.

Ajudar no fortalecimento dos laços humanos de convivência para enfrentar os

desafios de relações provisórias, descartáveis, de inércia, e de permanente

insatisfação, que afeta dramaticamente, principalmente as crianças e os

jovens.

A sociedade sustentável, precisa se sustentar nas qualidades de caráter

que mantém o vínculo entre os seres humanos.

3.4 - Orientação Educacional e Pedagógica e o Papel das Políticas

Públicas

33

A Orientação Educacional e Pedagógica, possui um universo amplo de

atuação, sobretudo no contexto escolar. Para o pleno exercício de suas

atividades, é indispensável se ter uma boa visão e, se possível, aprofundada

sobre as Políticas Públicas, através das Diretrizes Educacionais Brasileira

regulamentada na forma da Lei.

Estar ciente que na diversidade das Áreas de atuação, quer seja na

Educação Básica, Ensino Profissionalizante, Educação Especial, Educação de

Jovens e Adultos entre outras, é preciso orientar o trabalho que será

desenvolvido, junto às instituições de ensino, famílias, educando, docentes,

articulando a compreensão da Lei com as demandas oriundas das práticas

pedagógicas e das experiências que brotam da própria vida com a rotina

escolar.

Desenvolver um saber legal que propicie o diálogo, os questionamentos,

uma reflexão capaz de indicar melhores caminhos e possibilidades na sua

efetivação. A Orientação Educacional e Pedagógica poderá exercer uma

valiosa contribuição, participando da mediação, nos espaços em que atua, dos

processos pedagógicos de aprendizagens, por exemplo, e as garantias,

condições de seu pleno exercício para um planejamento educacional honesto

e responsável.

O Estado, também na Educação, assume suas responsabilidades frente

da Sociedade e mediante o Sistema Educacional Brasileiro regulamentado na

forma de Lei. A partir das aulas, sobre Políticas Públicas, será oportuno um

breve esboço de pontos importantes que a Orientação Educacional e

34

Pedagógica necessitará ter presente como pressupostos ao norteamento de

suas práticas.

- A Lei 4.024, de 20.12.1961 - Constitui a 1a LDB

- A Lei 5.692, de 11.08.1971 - origem ao ensino de 1o Grau; do ensino de

Segundo Grau profissionalizante e expressou as diretrizes do ensino superior

mais claramente.

- A Lei 7.044, de 18.10.1982, tornou opcional a profissionalização.

- A atual Constituição Federal de 05.10.1988, expressa o Estado Democrático

de Direito.

- A Lei 8.069, de 13.07.1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA que

adotou a proteção integral da criança e do adolescente.

- No art. 21- A educação escolar compõe-se de:

I- educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e

ensino médio;

II- educação superior (artigos de 43 ao 57); o ensino a distância, art. 80;

- No Art. 9, competirá a União incumbir-se-á de:

I- elaborar o Plano nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios;

- Art. 205CF/88, diz que - “A educação direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

- Artigo 206CF/88, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I- igualdade para o acesso nas escolas;

IV- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

- LDB 9.394/96 - Da Organização do Sistema Educacional no Art. 9º A União

incumbir-se-á de: (...) estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios competências e diretrizes para a educação infantil, o

ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus

conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; coletar,

analisar e disseminar informações sobre a educação; assegurar processo

nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e

35

superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição

de prioridade e a melhoria da qualidade do ensino. No Parágrafo 1º, diz que na

estrutura organizacional haverá um Conselho Nacional de Educação, com

funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. Na

Educação Infantil, Art. 29: A educação infantil, primeira etapa da educação

básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis

anos de idade, em, seus aspectos físicos, psicológicos,intelectual e social,

complementando a ação a família e da comunidade. (Lei 11.274/2006)

Do Ensino Fundamental - Art. 32: O ensino fundamental, com duração de nove

anos(Lei 11.274/2006), obrigatório e gratuito na escola pública, terá por

objetivo a formação do cidadão. No Parágrafo 1º é facultado aos sistemas d

ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos. No Parágrafo 4º é

fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como

complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. No Art. 33:

sobre o ensino religioso, de matrícula facultativa...

A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de

trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período

de permanência na escola.

O Ensino Médio, segundo o Art. 35 é a etapa final da educação básica,

com duração de três anos.

A Educação de Jovens e Adultos, segundo a CF/Art. 37, diz que:

“a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiverem acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.”(Decreto5622www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/.../D5622.htm)

36

E no Art. 38, refere-se que:

“os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudo em caráter regular. Parágrafo 1º: Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I- no nível de conclusão do ensino fundamental

para os maiores de 15 anos; II- no nível de conclusão do ensino médio, para os

maiores de 18 anos.” (educador.brasilescola.com/trabalho.../a-educacao-jovens-adultos.htm)

Mas é importante verificar a relação entre o direito constitucionalmente

assegurado e a prática do seu efetivo exercício. Neste sentido vale, por

exemplo, revisitar o VII ENEJA (Fóruns de EJA), realizado em 2005 -

Brasília/DF, com o Tema da “Diversidade na EJA: papel do Estado e dos

movimentos sociais nas Políticas Públicas”, onde foram colocadas algumas

questões norteadoras para a Educação Indígena, que permanecem presentes

e atuais:

“Tem sido garantida a alfabetização e a continuidade da alfabetização/escolarização de jovens e adultos indígenas? Como? Que tipo de educação? Há financiamento? Qual o papel do poder público municipal, estadual e federal? E da sociedade civil? Há articulação entre as instituições que têm responsabilidade em desenvolver (poder público em seus vários níveis e entre si) e aquelas que desenvolvem a alfabetização e a continuidade da EJA? O que almejamos? O que se faz necessário para que ela se concretize desta forma? E quanto ao FUNDEF e ao FUNDEB? Como ter uma política pública de EJA indígena?(Formação; material didático; alimentação; transporte; acompanhamento; hospedagem...)”. (www.forumeja.org.br/node/108)

A CF/Art. 13- coloca o papel do educador no processo pedagógico:

“Os docentes incumbir-se-ão de: I- participar da elaboração da proposta

pedagógica do estabelecimento de ensino; II- elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a

proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

37

III- zelar pela aprendizagem dos alunos; IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V- ministrar os dias letivos e horas-aulas estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional.“

(www.dji.com.br/constituicao_federal/cf012a013.htm)

A Resolução Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação

Básica (CEB) nº 1, de 5 de julho de 2000 que estabelece as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação e Jovens e Adultos, consta no seu

artigo 17:

Art. 17 - A formação inicial e continuada de

profissionais para a Educação de Jovens e Adultos terá como referência as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e para o ensino médio e as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, apoiada em: I - ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica; II - investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas; III - desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática; IV - utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens apropriados às situações específicas de aprendizagem. (portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012000.pdf)

Entretanto, a Formação de Professores inicial e continuada, do VII

ENEJA, apontou para algumas importantes questões que continuam

merecendo atenção e investimento:

“Tem sido garantida a formação de professores: inicial e continuada? Qual o tipo de formação político-pedagógica desenvolvida? Que formação almejamos? O que se faz necessário para que ela se concretize da forma que almejamos? Tópico: formação de professores empreendida: desafios, dificuldades e avanços, tendências, proposições ao MEC, SEE, SME, escola, educadores e demais profissionais, universidades, sociedade civil e

38

Fórum de EJA.” (www.unesp.br/prograd/ixcepfe/Arquivos%202007/8eixo.pdf)

Da Educação Especial, no art. 58, entende-se por educação especial,

para efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com

necessidades especiais. No Parágrafo 3º diz que: a oferta de educação

especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a

seis anos, durante a educação infantil.

As diretrizes educacionais brasileira, na forma da Lei, versa também

sobre os profissionais da educação, sua formação acadêmica que os habilita

no exercício da profissão para docência. Para a Supervisão Pedagógica, o

artigo 4º são descritas as atribuições: coordenar o processo de construção

coletiva e execução da Proposta Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos

Regimentos Escolares; investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar

o currículo em integração com outros profissionais da Educação e integrantes

da Comunidade; supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula

estabelecidos legalmente; velar o cumprimento do plano de trabalho dos

docentes nos estabelecimentos de ensino; assegurar processo de avaliação da

aprendizagem escolar e a recuperação dos alunos com menor rendimento, em

colaboração com todos os segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a

definição de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino; promover

atividades de estudo e pesquisa na área educacional, estimulando o espírito

de investigação e a criatividade dos profissionais da educação, emitir parecer

concernente à Supervisão Educacional; acompanhar estágios no campo de

Supervisão Educacional; planejar e coordenar atividades de atualização no

campo educacional; propiciar condições para a formação permanente dos

educadores em serviço; promover ações que objetivem a articulação dos

educadores com as famílias e a comunidade, criando processos de integração

com a escola; assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e

privadas nos aspectos concernentes à ação pedagógica.

39

Na relação entre a Orientação Educacional e Pedagógica e Políticas

Públicas, é preciso saber que os recursos financeiros são igualmente

garantidos pela conforme o artigo 69: “ a União aplicará, anualmente, nunca

menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e

cinco por cento,ou o que consta nas respectivas Constituições e Leis

Orgânicas.

O Plano de Desenvolvimento da Educação, PDE, possui como objetivo,

através do Ministério da Educação, mostrar à sociedade tudo o que

se passa dentro e fora da escola e realizar uma grande

prestação de contas com a fundamental participação de toda a

sociedade no processo.

O Plano de Desenvolvimento da Educação/PDE, representa as

diretrizes e metas para a Educação Básica, Educação Profissional e Educação

Superior, a serem alcançadas, a longo prazo; atingir elevação global do nível

de escolaridade da população; melhoria da qualidade do ensino em todos os

níveis; redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e

a permanência na escola.

40

CONCLUSÃO:

A atuação do orientador educacional em contexto escolar é um trabalho

de equipe e gestão. É uma presença direta e permanente, sobretudo com os

alunos, não somente no rendimento escolar, mas também ajudando no

desenvolvimento pessoal. Para isto, é preciso de um bom acesso junto aos

professores e às famílias, bem como toda a comunidade educativa.

Precisa de um bom processo de planejamento técnico, político,

administrativo, sistêmico ou estratégico, tático que possa dar segurança ao

trabalho e permita avaliar o seu desenvolvimento. Mas também é necessário

uma boa formação humana, pautada em valores que edificam a vida com

referências éticas, de respeito, justiça, solidariedade de modo responsável e

atuante.

A Orientação Educacional e Pedagógica, gerencia conflitos vindos do

processo da aprendizagem e da convivência estabelecida pela rotina escolar;

orienta as famílias e responsáveis, atua nos espaços pedagógicos de sala de

aula, conselhos de classe, reuniões da equipe diretiva, espaços de formação

com a docência e a comunidade escolar, participa da construção do Projeto

Educativo da unidade escolar ou de um sistema de ensino, cuida da própria

informação, formação com permanentes atualizações, realiza investimentos

pessoais e assistidos de programas oferecidos pelas oportunidades de

capacitação, que em certos casos, as próprias instituições oferecem. Integra a

escola com a comunidade, exerce vigilância atenta ao fracasso escolar,

fazendo intervenções com os profissionais da educação, com o próprio aluno.

Participa, orienta e acompanha o processo de inclusão das

necessidades educacionais especiais, é ativo.

41

Algumas questões permanecem como busca para os desafios da

Orientação Educacional e Pedagógica: aprendizagem escolar, transformação

social e cidadania tendo o aluno como sujeito da aprendizagem. Levar em

conta o desenvolvimento humano como processo educacional. Estar ciente e

atuar nas dificuldades e deficiências muitas vezes presentes no processo da

aprendizagem escolar.

42

ANEXOS: Internet A Importância Da Neurociência Na Aprendizagem E Educação.

O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro. Conhecer como o

cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor maneira

de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem e a educação estão

intimamente ligadas ao desenvolvimento do cérebro, o qual é moldável aos

estímulos do ambiente. Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar

novas sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro

reage aos estímulos do ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais

“intensas”. Como conseqüência, estas se constituem em circuitos que

processam as informações, com capacidade de armazenamento molecular.

O estudo da aprendizagem une a educação com a neurociência.

A neurociência investiga o processo de como o cérebro aprende e lembra,

desde o nível molecular e celular até as áreas corticais. A formação de padrões

de atividade neural considera-se que correspondam a determinados “estados e

representações mentais”

O ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de conexão sináptica,

afeta a função cerebral. Por certo, isto também depende da natureza do

currículo, da capacidade do professor, do método de ensino, do contexto da

sala de aula e da família e comunidade.

Todos estes fatores interagem com as características do cérebro dos

indivíduos.

A alimentação afeta o cérebro da criança em idade escolar. Se a dieta é de

baixa qualidade, o aluno não responde adequadamente a excelência do ensino

fornecido.

Neurociência cognitiva e Educação.

43

A neurociência cognitiva utiliza vários métodos de investigação (por ex. tempo

de reação, eletroencefalograma, lesões em estruturas neurais em animais de

laboratório, neuroimageamento) a fim de estabelecer relações cérebro e

cognição em áreas relevantes para a educação. Está abordagem permitirá o

diagnóstico precoce de transtornos de aprendizagem. Este fato exigirá

métodos de educação especial, ao mesmo tempo a identificação de estilos

individuais de aprendizagem e a descoberta da melhor maneira de introduzir

informação nova no contexto escolar.

Investigações focalizadas no cérebro averiguando aspectos de atenção,

memória, linguagem, leitura, matemática, sono e emoção e cognição, estão

trazendo valiosas contribuições para a educação.

Pesquisadores em educação têm uma postura otimista de que as descobertas

em neurociências contribuam para a teoria e práticas educacionais. Destarte,

uma avalanche de artigos leigos em jornais diários e revistas de divulgação e

mesmo periódicos científicos, têm exagerando os benefícios desta

contribuição, variando daqueles totalmente especulativos àqueles

incompreensíveis e esotéricos. Exemplos incluem empreendimentos para

desenvolver currículo sob medida, para atender fraqueza/excelência daqueles

alunos que usam preferencialmente um dos hemisférios. Este “neuromito” é

uma informação infundada do que a neurociência pode oferecer à educação

Bruer (2002) o qual argumenta que a neurociência possivelmente nunca

contribuirá para a educação devido a desarticulação de conhecimentos entre

as duas áreas, contrapõe-se a postura de Connell (2004). O pesquisador da

Universidade Harvard argumenta que, introduzindo o “nível de análise” com

agregação da neurociência computacional, elimina as fronteiras específicas.

Assim, a neurociência, psicologia e ciências cognitivas somadas à educação,

trazem novo enquadramento e integração destas áreas do conhecimento.

44

Neurociência e prática educativa.

A pesquisa em neurociência por si só não introduz novas estratégias

educacionais.

Contudo fornece razões importantes e concretas, não especulativas, porque

certas abordagens e estratégias educativas são mais eficientes que outras. A

tabela 1 sugere como o cérebro aprende em determinado ambiente de sala de

aula.

Princípios da neurociência com potencial aplicação no ambiente de sala de

aula.

1. Aprendizagem e memória e emoções ficam interligadas quando ativadas

pelo processo de Aprendizagem. A Aprendizagem sendo atividade social,

alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos. Ambiente tranqüilo

encoraja o estudante a expor seus sentimentos e idéias.

2. O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como

resultado da experiência. Aulas práticas/exercícios físicos com envolvimento

ativo dos participantes fazem associações entre experiências prévias com o

entendimento atual.

3. o cérebro mostra períodos ótimos (períodos sensíveis) para certos tipos de

aprendizagem, que não se esgotam mesmo na idade adulta. Ajuste de

expectativas e padrões de desempenho às características etárias específicas

dos alunos, uso de unidades temáticas integradoras.

4. O cérebro mostra plasticidade neuronal (sinaptogênese), mas maior

densidade sináptica não prevê maior capacidade generalizada de aprender. Os

Estudantes precisam sentir-se “detentores” das atividades e temas que são

relevantes para suas vidas. Atividades pré-selecionadas com possibilidade de

escolha das tarefas aumenta a responsabilidade do aluno no seu aprendizado.

45

5. Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no

transcurso de nova experiência de aprendizagem. Situações que reflitam o

contexto da vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na

compreensão anterior.

6. O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões

quando testa hipóteses. Promover situações em que se aceite tentativas e

aproximações ao gerar hipóteses e apresentação de evidências. Uso de

resolução de “casos” e simulações.

7. O cérebro responde, devido a herança primitiva, às gravuras, imagens e

símbolos. Propiciar ocasiões para alunos expressarem conhecimento através

das artes visuais, música e dramatizações.

A neurociência oferece um grande potencial para nortear a pesquisa

educacional e futura aplicação em sala de aula. Pouco se publicou para

análise retrospectiva. Contudo, faz-se necessário construir pontes entre a

neurociência e a prática educacional. Há forte indicação de que a neurociência

cognitiva está bem colocada para fazer esta ligação de saberes.

Autor: Sandra Regina da Luz Inácio

46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

- BOSSA, Nádia. Dificuldades De Aprendizagem: o que são? Como tratá-las?

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51

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO 10

1.1 - A inerência humana de aprender 10

1.2 - Como se dá a aprendizagem: alguns recortes de 11

um vasto cenário de contribuições interdisciplinares

1.3 - Aprender a pensar: tarefa para quem ensina 19

CAPÍTULO 2:

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA 21

2.1 – A Orientação Educacional e Pedagógica:

características constitutivas 21

2.2 – A atuação do OE e do OP na escola 23

52

CAPÍTULO 3:

INTERVENÇÕES DA OE E OP NA

APRENDIZAGEM ESCOLAR 26

3.1 – Importância da OE e OP no processo

da aprendizagem 26

3.2 - Os atores sociais envolvidos na aprendizagem

Escolar 28

3.3 - OE e OP e o Papel da família 30

3.4 - OE e OP e o Papel das Políticas Públicas 32

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 51