DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Educação Infantil de qualidade e o Referencial...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Juliana da Rocha Costa Dias Nobre
Orientador
Profa. Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicomotricidade.
Por: Juliana da Rocha Costa Dias Nobre
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela
sabedoria divina e fé, pois se não fosse
da vontade dele nada aconteceria. À
minha família, aos meus pais e meu
marido que sempre me deram o apoio
necessário para o meu crescimento
profissional.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus pais
Therezinha e Cesar e ao meu marido
Tiago, que sempre me apoiaram e me
deram inspiração para escrever. Amo
vocês!!
RESUMO
O presente trabalho aborda a importância da Educação Infantil para o
desenvolvimento das crianças entre 3 e 6 anos de idade tendo como respaldo
legal a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que assegura e a
Educação Infantil de qualidade e o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil que norteia o professor apresentando a proposta do brincar
aliado aos objetivos gerais da Educação Infantil para o processo ensino-
aprendizagem . Será conceituada a Psicomotricidade e os objetivos da mesma
e ressaltarei as fases de desenvolvimento infantil segundo Piaget, Gallahue,
Wallon e Vygotsky e como as brincadeiras relacionadas às psicomotricidades
funcional e relacional podem atuar nas diferentes fases com a finalidade de
estimular o desenvolvimento infantil.
METODOLOGIA
A pesquisa será realizada através de investigações bibliográficas e
webgráficas, agrupando ideias de diferentes autores especialistas no assunto,
são estes: Le Boulch, Gallahue, Vitor da Fonseca, Vygotsky, Jean Piaget, Henri
Wallon, Lapierre, entre outros, especificando a importância da psicomotricidade
para o processo de aprendizado e desenvolvimento global da criança na
Educação Infantil.
Será abordado também o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, apresentando a proposta do brincar aliado aos objetivos gerais da
Educação Infantil para o processo ensino-aprendizagem e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, a fim de esclarecer o leitor quanto à finalidade
da Educação Infantil e em que faixa etária a mesma deve ser oferecida em
Creches e Pré Escolas.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................08 CAPÍTULO I - A Educação Infantil.....................................................................10 CAPÍTULO II - Psicomotricidade.......................................................................23 CAPÍTULO III – A contribuição da Psicomotricidade na Educação Infantil para crianças de 3 a 6 anos de idade........................................................................34 CONCLUSÃO....................................................................................................43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .....................................................................44 WEBGRAFIA.....................................................................................................46 ÍNDICE...............................................................................................................47
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INTRODUÇÃO
É nos primeiros anos de vida que a criança experimenta as primeiras ações
e emoções. E nesta fase, das primeiras relações sociais, torna-se fundamental
estimular e construir o conhecimento através de brincadeiras com
intencionalidades pedagógicas. É preciso valorizar o brincar na Educação
Infantil, pois a criança aprende mais através da brincadeira, onde a mesma
está livre para criar e descobrir o seu potencial do que através de atividades
“robotizadas”. A Psicomotricidade é de suma importância, pois trabalha
brincadeiras que auxiliam no desenvolvimento integral da criança.
O presente trabalho tem como objetivo geral investigar a importância da
Educação Infantil para o desenvolvimento das crianças e como as
Psicomotricidades Funcional e Relacional na faixa etária de 3 a 6 anos de
idade da Educação Infantil podem construir uma relação harmônica entre os
aspectos físico, social, intelectual e emocional da criança.
Objetivou-se também compreender as fases do desenvolvimento infantil;
pesquisar sobre a definição e importância das Psicomotricidades Funcional e
Relacional na Educação Infantil, sugerindo atividades psicomotoras para o
desenvolvimento integral da criança.
É através do movimento que a criança explora e relaciona-se com o seu
mundo interno e externo, por meio de experiências concretas. E por meio
dessas experiências concretas que a criança desenvolve a consciência de si
mesma e do mundo exterior. Mas não basta brincar por brincar, é preciso ter
intencionalidade pedagógica para que os objetivos das brincadeiras sejam
alcançados. No primeiro capítulo a Educação Infantil será enfatizada sendo
assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e será
abordado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil que
norteia o professor apresentando a proposta do brincar aliado aos objetivos
gerais da Educação Infantil para o processo ensino-aprendizagem.
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Ao planejar na Educação Infantil é necessário entender o
desenvolvimento da maturação da criança como fruto entre a hereditariedade e
a sua relação com o meio externo (meio ambiente), para que sejam sugeridas
atividades desafiadoras adequadas às fases das crianças. A fim de
compreender as fases do desenvolvimento infantil, serão citados ainda no
primeiro capítulo: Piaget, Gallahue, Wallon e Vygotsky, correlacionando as
ideias dos autores sobre as quais devem-se levar em conta no momento do
planejamento das atividades pedagógicas.
No segundo capítulo a Psicomotricidade terá as suas definições, seus
objetivos, áreas de atuação esclarecidas. Pelo fato da Psicomotricidade ser tão
ampla, desenvolvendo a criança de maneira integral, ela se divide em
Psicomotricidade Funcional e Psicomotricidade Relacional. A Psicomotricidade
funcional tem o objetivo de desenvolver o esquema corporal, equilíbrio,
coordenação motora global, coordenação motora fina (óculo manual e óculo
pedal), lateralidade, estrutura espacial, estrutura temporal e ritmo. No entanto,
a Psicomotricidade Relacional enfatiza a comunicação, expressão, afetividade,
agressividade, limite e corporeidade.
No terceiro capítulo será norteada a contribuição da Psicomotricidade na
Educação Infantil para crianças de 3 a 6 anos de idade, será ressaltado como a
Psicomotricidade pode contribuir para o desenvolvimento integral da criança e
a formação de sua identidade sendo apresentadas sugestões de atividades
que desenvolvem diversas funções psicomotoras das crianças de 3 a 6 anos
de idade.
Então, a Psicomotricidade na Educação Infantil é de suma importância
para o desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança, onde os
pilares de seu desenvolvimento estão começando a ser construídos. Pois não
desenvolvemos apenas as nossas “mentes”, nossa educação é de corpo
inteiro!!!
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CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO INFANTIL
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica no Brasil. Ela
é vista como a base, alicerce, pilar que se os mesmos não estiverem bem
preparados para receberem uma “carga” mais pesada, firmes e bem
estruturados, desabarão. Ou seja, uma fase delicada da construção da
aprendizagem, que se a mesma não for tratada com a devida importância,
implicará no desenvolvimento da criança em diversos aspectos. 1.1 A importância da Educação Infantil segundo a LDB e
objetivos da Educação Infantil segundo o RCNEI
A Educação Infantil é o ponto de partida da Educação Básica e deve ser
valorizada como o início do desenvolvimento global da criança.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996)
Apesar da Educação Infantil não ser de matrícula obrigatória, é de
fundamental importância a valorização da educação escolar neste primeiro
estágio de desenvolvimento da criança, em que através do brincar, ela possa
crescer e se desenvolver de maneira saudável, construindo a sua identidade e
conhecendo melhor o seu corpo, suas potencialidades, funcionalidades e o
mundo em que a cerca.
Para Antunes (2004), se registros científicos mostram que o espaço de
tempo que vai do início da gestação até aos seis anos de idade da criança é o
mais importante na organização das bases para as competências e habilidades
desenvolvidas ao longo da existência humana, prova-se que a fase
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educacional referente a essa faixa etária, a Educação Infantil é imprescindível
para o seu desenvolvimento.
No artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que se
refere ao oferecimento da Educação Infantil discorre o seguinte texto:
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.
(BRASIL, 1996)
É nesta fase que a criança começa a construir seus esquemas motores
e cognitivos e a formar a sua personalidade. É através da interação com outras
crianças e adultos que as crianças se desenvolvem com mais desenvoltura.
Atualmente a Educação Infantil no Brasil é norteada a partir das
propostas e objetivos gerais descritos no Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil, são estes:
“• Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais
independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas
limitações;
• Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de
cuidado com a própria saúde e bem-estar;
• Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo
sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de
comunicação e interação social;
• Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos
poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,
respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
• Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se
cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio
ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
• Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades;
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• Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)
ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de
significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
• Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de
interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.”
(RCNEI, 1998, vol. 1, p. 63)
Os objetivos gerais supracitados descritos no Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil visam o desenvolvimento da identidade,
criatividade, autoestima, autonomia, brincadeira, socialização,
responsabilidade, curiosidade, observação, compreensão, expressão corporal
e comunicação. Observa-se que a brincadeira e a socialização são os
principais meios de atingir os outros objetivos, servindo como um elo entre
todas as propostas da Educação Infantil.
1.2 Educar, cuidar e o brincar na Educação Infantil
Na Educação Infantil, educar, cuidar e brincar andam juntos. A maneira
do educar vai muito mais além do que aulas teóricas de conteúdos imutáveis e
com objetivos inflexíveis antecipadamente traçados. A criança aprende através
de vivências de situações simples do dia-a-dia como por exemplo: no momento
da escovação dentária, no banho, no momento de lavar as mãos antes de
comer e depois de ir ao banheiro; são situações em que a criança pode
aprender sobre higiene, meio ambiente (não desperdiçar água), partes do
corpo e cuidados com o seu corpo, etc. É preciso valorizar a interação social
como um meio de construção de conhecimento, e a brincadeira, que se dá
através dessa interação e construção de laços de amizade.
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito
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e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (RCNEI, 1998, vol. 1, p. 23)
O cuidar é reconhecido como parte integrante da educação, no cuidado
com a criança, ela passa a compreender a importância de ajudar o outro e de
cuidar de si mesma e dos seus objetos pessoais e coletivos.
Além da dimensão afetiva e relacional do cuidado, é preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar suas necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de forma adequada. Assim, cuidar da criança é sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tornarão mais independente e mais autônoma. (RCNEI, 1998, vol. 1, p. 25)
O relacionamento interpessoal e o afeto são de grande importância para
que a criança confie e acredite no adulto que está se propondo a ensinar e
transmitir conceitos para ela.
O respeito à criança lhe ensina que ela é amada não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir. Sentindo-se amada, ela se sentirá segura para realizar seus desejos. Portanto, deixá-la tentar, errar sem ser julgada, ter seu próprio ritmo, descobrir coisas permite a criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Falhar não significa uma catástrofe afetiva. Assim , a criança vai desenvolvendo a auto-estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades. (TIBA, 2002, p. 55)
O brincar é a principal linguagem infantil. É através da brincadeira que a
criança recria seu mundo interior e exterior, imaginando, criando e recriando
experiências anteriores, que viram e viveram. “Se a brincadeira é uma ação
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que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o
domínio da linguagem simbólica.” (RCNEI, 1998, vol. 1, p. 27)
Desta forma, no brincar é preciso diferenciar o que é real e o imaginário.
A criança entre 3 e 6 anos de idade, sabe, por exemplo, que quando ela brinca
de massinha de modelar fazendo pizzas, sabe que a massa da pizza na
verdade é massinha de modelar e não pode comer de verdade porque a pizza,
no entanto, só existe em sua imaginação.
Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. (RCNEI, 1998, vol. 1, p. 27)
Existem várias formas de brincar: o faz-de-conta, os jogos de construção
e jogos com regras (como os jogos de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos,
corporais, etc. Todos eles favorecem a construção de conhecimentos através
de trocas ocasionadas entre o ambiente que a criança está inserida, com
outras crianças e adultos e com ela mesma. Desta forma o desenvolvimento
infantil ocorre num processo dinâmico em progressão pedagógica, em que as
crianças passam por fases de desenvolvimentos e não são adultos em
miniaturas, tão pouco uma esponja que absorvem o conhecimento, e sim
autores de seus conhecimentos através da interação social.
1.3 Fases do desenvolvimento infantil
É de suma importância o conhecimento das fases de desenvolvimento
das crianças, em todos os aspectos, pois através deste conhecimento, o
professor de Educação Infantil poderá entender melhor a criança, suas
possibilidades, vontades e necessidades, afim de favorecer e ser o mediador
do seu conhecimento através de atividades lúdicas desafiadoras.
Serão apresentadas as principais ideias sobre o desenvolvimento infantil
segundo os autores: Gallahue, Piaget, Vygotsky e Wallon.
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1.3.1 Gallahue
Gallahue divide o desenvolvimento motor da criança em quatro fases,
são elas: fase motora reflexa, dividida em dois estágios: estágio de codificação
de informações e estágio de decodificação de informações; fase dos
movimentos rudimentares, dividida em dois estágios: estágio de inibição de
reflexos e estágio de pré-controle; fase dos movimentos fundamentais, dividida
em três estágios: estágio inicial, estágio elementar e estágio maduro e a fase
dos movimentos especializados, dividida em três estágios: estágio transitório,
estágio de aplicação e estágio de utilização permanente.
As fases do desenvolvimento infantil vão até o estágio maduro da fase
dos movimentos fundamentais, sobre as quais a pesquisa estará focada.
Fase motora reflexa
A fase motora reflexa acontece desde os primeiros movimentos do feto
no útero materno até o primeiro ano de vida. Porém, os primeiros movimentos
reflexos são denominados reflexos primitivos em que o bebê começa a agrupar
informações (codificação de informações) de tudo o que está a sua volta, isto
acontece até os quatro meses de idade.
Os reflexos primitivos são mecanismos de sobrevivência como os
reflexos de sugar e de pesquisar pelo olfato. Pois é desta forma que o recém-
nascido age instintivamente para obter alimento.
Gallahue (2005) afirma que: Os primeiros movimentos que o feto faz são reflexos. Os reflexos são movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade reflexa, o bebê obtém informações sobre o ambiente imediato. As reações do bebê do toque, à luz, a sons e a alterações na pressão provocam atividade motora involuntária. (2005, p. 57)
Os reflexos posturais são a segunda forma de movimentos involuntários.
A criança encontra-se nesta fase dos quatro meses ao primeiro ano de idade.
Nesta fase o bebê experimenta o estágio de decodificação de informações,
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onde há diminuição dos reflexos. Tais reflexos servem como meios de teste
neuromotores para a formação de mecanismos estabilizadores, locomotores e
manipulativos que serão utilizados na próxima fase com controle consciente do
movimento.
Por exemplo, os reflexos de pisar e de se arrastar relembram os
movimentos voluntários da caminhada e de engatinhar. Já o reflexo palmar de
agarrar relembra o movimento voluntário de pegar e soltar.
Fase dos movimentos rudimentares
O estágio de inibição dos reflexos é o primeiro estágio da fase dos
movimentos rudimentares. É durante este estágio que se constituem os
primeiros movimentos voluntários que se dá do nascimento até o segundo ano
de vida aproximadamente. Neste estágio, há uma substituição dos reflexos
primitivos para movimentos voluntários, ocasionando a inibição dos reflexos.
Esses primeiros movimentos ainda são descontrolados e grosseiros, por
exemplo, ao movimentar a mão em busca de um objeto, o bebê apresentará
falta de controle do movimento e recrutará atividade motora de forma global da
mão inteira, pulso, ombro e até do tronco.
Para Gallahue, “os movimentos rudimentares são determinados pela
maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento altamente
previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais”.
(2005, p. 58).
A forma como essas habilidades motoras rudimentares aparecem,
depende de fatores biológicos, ambientais e da tarefa e cada criança na
mesma faixa etária pode estar em um nível mais avançado ou em um nível
mais atrasado.
O estágio de pré-controle é o segundo estágio da fase dos movimentos
rudimentares. Inicia-se aproximadamente durante o primeiro e o segundo ano
de idade. A criança começa a ter mais controle de seus movimentos
voluntários. Há uma diferenciação entre os sitemas motor e sensorial e um
ajustamento entre informações motoras e perceptivas.
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Neste estágio, as crianças têm a capacidade de aprender a equilibrar-
se, manipular objetos e a mover-se pelo espaço com mais eficiência e controle.
Fase motora fundamental
No estágio inicial da fase motora fundamental as crianças aprendem a
responder a estímulos com maiores controle e competência motoras,
adquirindo um desenvolvimento motor para realizar pequenos movimentos em
série e com continuidade.
De acordo com Gallahue:
As habilidades motoras fundamentais da primeira infância são conseqüência da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. É um período para descobrir como desempenhar uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e, então, de modo combinado. (1995, p. 60)
Atividades locomotoras correspondem a movimentos como a corrida e o
pular, as manipulativas são movimentos de arremesso e pegar e
estabilizadoras estão relacionadas aos movimentos de caminhar com
segurança e equilibrar-se em um pé só. Estes são alguns exemplos de
movimentos fundamentais que precisam ser construídos nos primeiros anos da
idade.
Estas habilidades são desenvolvidas não somente com a maturação da
criança, mas sim pela interação entre a tarefa (brincadeira/atividade que
estimule o desenvolvimento infantil), o ambiente em que a criança interage e a
sua maturação. A criança deve ser encorajada, estimulada e ter situações que
a desafie a construir, criar e experimentar.
O estágio elementar, o segundo estágio da fase motora fundamental
manifesta-se aproximadamente entre o terceiro e o quarto ano de idade, onde
as crianças têm maiores controle e coordenação rítmica dos movimentos
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fundamentais. Há uma melhora considerável da interação entre elementos
espaço-temporais do movimento, mas a maioria de seus movimentos são
reduzidos e exagerados, porém mais coordenados.
O terceiro estágio da fase motora fundamental é o estágio maduro,
refere-se às crianças entre cinco e seis anos de idade. A principal característica
deste estágio é o desempenho motor eficiente, controlado e coordenado.
Piaget também fez um estudo do desenvolmimento humano, utilizando-
se da teoria psicogenética.
1.3.2 Piaget
Piaget em sua teoria psicogenética, divide o desenvolvimento da criança
em períodos, são eles: sensório- motor, pré-operatório, operatório concreto e
operações formais. Os períodos do desenvolvimento na Educação Infantil vão
até o pré-operatório, sobre as quais a pesquisa se focará.
Em Bock (2001),
Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa seqüência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida. (BOCK, 2001, p. 133)
Sensório- motor
No período sensório-motor, a criança ainda não tem a capacidade de
fazer formulações, ou seja, ela não raciocina, pois não cria, apenas imita
movimentos e a fala. Nessa fase, o determinismo biológico é a especialização
da criança, pois ela só chora e só imita a fala e os movimentos quando
necessita de algo. Como por exemplo: se está com fome, com dores, calor, frio,
et.
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A primeira fase do período sensório-motor abrange os dois primeiros
meses de vida. As emoções primárias são os reflexos afetivos, ou seja, se
alguém a trata com carinho e dá alimento, ela sente o amor e sorri; se a trata
mal, ela chora e faz cara feia.
A segunda fase do período sensório-motor, entende-se por volta dos três
meses aos seis meses de idade. A criança começa a organizar suas
percepções e seus esquemas de ação, ela se diferencia do que está a sua
volta. Nessa fase, ela começa a distinguir o prazer da dor.
A terceira fase do período sensório-motor vai dos sete meses aos dois
anos de idade. O indivíduo começa a manipular os objetos, explorando-os,
através disto, os esquemas da ação vão se aperfeiçoando, mas o determinismo
biológico ainda é forte, pois ele não pensa por si só, imita os pensamentos do
adulto. Ele começa a construir noções de objeto, espaço, causas e tempo. O
determinismo psíquico ainda é uma “semente”.
Pré-operatório
O período pré-operatório inicia-se aos dois anos e vai até os quatro anos
de idade. Caracteriza-se pela função simbólica, a criança desenvolve o
pensamento representativo e é capaz de reconstruir suas ações passadas em
forma de fala, aumenta a sua capacidade de imitar e criar através da
imaginação, mas ainda não tem lógica. Nesta fase a criança começa a pensar
para falar e também fala sem pensar. O determinismo psíquico começa a
“brotar”.
A segunda fase do período pré-operatório vai dos quatro aos sete anos
de idade. E tem como característica o raciocínio intuitivo. Esta forma de
raciocinar ainda está presa aos objetos, possui grande centração perceptiva
(irreversibilidade do pensamento). O determinismo psíquico está “criando
galhinhos um pouco mais fortes” e o determinismo biológico está “começando a
sofrer devastação”
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Vygostky em sua visão sócio-interacionista, entende que a
aprendizagem se dá com a interação do indivíduo com o meio social e
histórico.
1.3.3 Vygostky
Vygostky acreditava que aprendemos e humanizamos através da
interação com a nossa cultura, utilizando a linguagem para isto. Quando
estamos de frente a uma situação difícil de resolver, precisamos utilizar mais
recursos como pensamentos e funções psico-superiores, interagir mais com o
meio, utilizar mais a linguagem, seja ela falada, por signos e símbolos (escrita
ou desenho) para haver a internalização (assimilação/entendimento e solução
do problema).
Entre essa interação e a solução do problema, está a zona de
desenvolvimento proximal. Ou seja, o indivíduo age mas não consegue agir
sozinho, precisa de uma pessoa que o auxilie e do ambiente. Na educação de
uma pessoa, o professor, a escola, a família, seus amigos e a sociedade em si,
são vistos como recursos para o seu desenvolvimento porque para Vygostky o
ser humano muda, desenvolve-se de acordo com as interações sociais de vida.
“... A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz. Vygotsky (1989:109), ainda afirma que: é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança.” (VYGOTSKY. apud WAJSKOP, 1999, p.35)
Por isso, é importante que a criança pratique atividades lúdicas e
brincadeiras que sejam coletivas e desafiadoras. Se o indivíduo é bem
estimulado e interage bastante com as pessoas e com a sua cultura, ele
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amadurece mais as funções psíquicas superiores. Será esta interação que
determinará sua potencialidade. Passamos por este processo durante a vida
toda, então estamos em constante aprendizagem.
Wallon entende a sociedade como uma “necessidade orgânica” e é esta
que delimita o desenvolvimento do ser humano e a sua inteligência.
1.3.4 Wallon
Wallon acredita que a motricidade vem anteriormente à linguagem e vê
o movimento como a característica principal e primordial da criança.
Divide o desenvolvimento humano em estágios, porém, entende que o
desenvolvimento humano não acontece de forma fixa ou em sequência que se
não forem seguidas, ou se a criança pula fases, ela possa prejudicar a sua
aprendizagem. Porém, ele acredita que o próximo estágio sempre vai ampliar o
estágio anterior. O desenvolvimento não se dá de forma harmoniosa, mas sim
em conflitos internos e externos. É normal que durante o desenvolvimento,
aconteça interrupções e retrocessos.
[...] nessas etapas, as formas de atividade construídas pela criança passam por reformulações. Ora preponderam os aspectos afetivos, voltados para o mundo humano, ora os cognitivos, voltados para o mundo físico, que se alternam, proporcionando características próprias de cada etapa. A ordem para a realização do desenvolvimento, além disso, é permeada pela cultura e pelo ambiente onde a criança está inserida. (NASCIMENTO,2004, p.52)
Galvão (1993) destaca que os cinco estágios de desenvolvimento do ser
humano exposto por Wallon, acontecem em fases, sendo predominados os
aspectos motor, afetivo e cognitivo. Tais fases são: impulsivo emocional,
sensório-motor e projetivo, personalismo, categorial e adolescência. Os
períodos do desenvolvimento na Educação Infantil vão até o personalismo,
sobre as quais a pesquisa se focará.
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Impulsivo emocional
Ocorre no primeiro ano de vida e destaca o fechamento da consciência
de si, ou seja, para a diferenciação entre si e o outro. Tem como predominância
o afeto que estimula as primeiras reações do bebê em contato com as pessoas
a sua volta, que terão a incumbência de serem mediadores da interação entre
o bebê e o mundo.
Sensório-motor e projetivo
Esta fase vai até os três anos de idade. O desenvolvimento do caminhar
e da preensão dá à criança maior autonomia na exploração de objetos e
espaços. A criança passa a ver significados nos objetos. Nesse estágio, a
criança vivencia mais os signos e a linguagem. A criança exterioriza seus
pensamentos através de ações.
Personalismo
Inicia-se esta fase entre os três aos seis anos. O desenvolvimento da
consciência de si, sua personalidade, através das interações sociais, leva a
criança a interessar-se pelo mundo, colocando-se em situação de oposição,
sedução e imitação.
Todas as fases de desenvolvimento são de suma importância e devem
ser vividas, experimentadas de maneira ampla com o objetivo do pleno
desenvolvimento da pessoa em seus aspectos físico, emocional/ afetivo e
intelectual. A Psicomotricidade é uma maneira de experimentar vivências com
o próprio corpo, com o ambiente e com o outro.
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE
A consciência do corpo é alcançada pela percepção do mundo exterior, da mesma forma que a consciência do mundo exterior acontece por meio do corpo. E a linguagem que a criança estabelece por meio desse corpo é de fundamental importância no processo educativo. (BUENO,1998, p.57)
2.1 O que é Psicomotricidade?
No dicionário on line Priberam em 24/09/2012, a palavra
Psicomotricidade significa “(psico + motricidade). Integração das funções
motrizes e mentais sob o efeito da educação e do desenvolvimento do sistema
nervoso.” Ou seja, é a interligação entre corpo, mente e ação.
"É a ciência que tem como objeto de estudo o homem por meio do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. (S.B.P. 1999, apud ALMEIDA, 2010, p.17).
Psicomotricidade então, para ALMEIDA (2010) pode ser entendida como
a organização dos movimentos e a integração dos mesmos, em decorrência
das experiências vividas pelo indivíduo sendo, estas, resultado da sua
individualidade, sua linguagem e socialização. É constituída por três elementos:
o movimento, o intelecto e o afeto/ emoção.
“Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo da relação
entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, atende todas as áreas
que trabalham com o corpo e com a mente do ser humano.” (ALVES (Org.),
2011, p.52)
24
Entende-se a Psicomotricidade como uma forma de desenvolver o corpo
de “corpo inteiro”. Cada parte de nosso corpo tem a sua importância e deve ser
desenvolvida com um componente de um todo. Se algo não está em equilíbrio,
irá refletir sobre outros aspectos deste corpo.
2.2 Objetivos da Psicomotricidade
A Psicomotricidade tem como objetivos a aprendizagem motora, a
criatividade, a socialização e o conhecimento de si mesmo e do mundo exterior
através do movimento, movimento este realizado em formas de brincadeiras e
atividades lúdicas, expressivas e espontâneas, as quais favorecem o
desenvolvimento global da criança.
“O movimento permite à criança explorar o mundo exterior por meio de
experiências concretas sobre as quais são construídas as noções básicas para
o desenvolvimento intelectual. É importante que a criança viva o concreto.”
(ALVES, 2012, p.19)
Há várias formas de trabalhar a psicomotricidade dependendo de cada
fase da vida da pessoa e de suas características. O Psicomotricista trabalha
harmonicamente cada aspecto funcional ou relacional, avalia e reavalia cada
função psicomotora e se necessário, reorganiza outro trabalho psicomotor para
trabalhar o que ainda está em déficit.
2.3– Áreas de atuação
A Psicomotricidade pode ser dividida em diversas formas, cada qual tem
as suas características que podem ser de: estimulação, educação, reeducação
e terapia. Entretanto, destaca-se a este estudo a estimulação psicomotora e a
educação psicomotora.
25
2.3.1- Estimulação Psicomotora
Desde a concepção o bebê deve ser estimulado ao desenvolvimento,
ou seja, ainda no ventre materno a criança, ao mesmo tempo que cresce,
também desenvolve-se. Ela começa a realizar movimentos reflexos e a adquirir
a audição! A estimulação psicomotora pode começar a partir deste momento,
conversando com o bebê e acariciando a barriga da mãe.
Após o nascimento os movimentos reflexos ganham mais força, pois, a
estimulação pode ser mais abrangente: com brinquedos coloridos, móbiles,
brinquedos que emitem sons e com diversas texturas, enfim, tudo que seja
novo e leve a criança a interagir com o ambiente e com as pessoas que estão
nele.
O ser nasce com as condições anatomofisiológicas dos reflexos, mas, para que estes se manifestem, é indispensável que o meio atue, sob a forma de estímulos, que irão quebrar o equilíbrio da organização, provocando a reação reflexa. O reflexo constitui-se em uma modalidade assimiladora, que se acomoda ao meio, quando se põe em funcionamento. (ALVES, 2012, p.37)
É de grande importância estimular o desenvolvimento do bebê dando
desafios a ele, apresentando novos brinquedos e novas formas de brincar,
deixando também a criança descobrir o objeto para fazer as assimilações e
acomodações.
Colocar a disposição das crianças diferentes tipos de objetos e observar a forma como eles os utilizam, como eles os investem progressivamente, é, com efeito, muito rico em ensinamentos. Além disso, as situações, assim, espontaneamente criadas, ordenam-se frequentemente em torno de um tema, consciente ou inconsciente, que é necessário perceber e explorar, penetrando assim nas motivações profundas do grupo.
Trata-se de uma situação de liberdade aparente, de falsa liberdade. Mesmo que o educador se abstenha de toda intervenção, ele está sempre presente como personagem; foi ele quem “deu” os objetos, permitiu a situação e espera
26
dela alguma coisa. (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1988, p.16)
Para ALVES (2012), nesta primeira fase da criança, há a organização da
estrutura motora, do tônus de fundo e da propriocepção e o desaparecimento
das reações primitivas. Todavia, é necessária a estimulação psicomotora, pois
o desenvolvimento não é sinônimo de aprendizagem, o desenvolvimento
favorece a aprendizagem, porém se não há estímulo e interação com o meio a
aprendizagem fica defasada. Para VIGOTSKY (2008), o aprendizado não está
envolvido diretamente no desenvolvimento, já o desenvolvimento é uma pré-
condição para o aprendizado.
Quando os movimentos reflexos começam a desaparecer, torna-se
fundamental o desenvolvimento de atividades que favoreçam o aparecimento
dos movimentos rudimentares, estes, devem ser trabalhados através da
Educação Psicomotora.
2.3.2- Educação Psicomotora
A Educação Psicomotora abrange os aspectos da Psicomotricidade
Funcional como: equilíbrio, coordenação motora global, coordenação motora
fina: óculo-manual, coordenação motora fina: óculo-podal, esquema corporal,
lateralidade, estrutura espacial, estrutura temporal e ritmo; e os aspectos da
Psicomotricidade Relacional como: comunicação, expressão, afetividade,
agressividade, limite e corporeidade. Todos estes aspectos psicomotores
devem ser trabalhados harmoniosamente que haja um desenvolvimento global
saudável.
O desenvolvimento psicomotor, quando acontece harmoniosamente, prepara a criança para uma vida social próspera, pois já domina seu corpo e utiliza-o com desenvoltura, o que torna fácil e equilibrado seu contato com os outros. As reações afetivas e as aprendizagens psicomotoras estão interligadas. A Psicomotricidade é abrangente e pode contribuir de forma plena para com os objetivos da educação. (ALVES (Org.), 2011, p.25)
27
Para as crianças entre 3 e 6 anos de idade, na Educação Infantil,
prevalecerá as brincadeiras que desenvolvam os aspectos supracitados pois a
criança aprende muito mais de forma lúdica do que com exercícios de
repetição. É brincando que a criança interage com o outro, criando e recriando
a sua realidade, desenvolvendo o pensamento imaginário, sua criatividade, seu
conhecimento de mundo, suas possibilidades com seu próprio corpo e seu
raciocínio.
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base da escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, e situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1982 apud, ALMEIDA, 2010, p.27)
Uma criança da Educação Infantil com desenvolvimento psicomotor bom,
ao chegar no Ensino Fundamental terá mais facilidade para se alfabetizar e
adquirir novos conhecimentos de mundo do que uma criança que não praticou
brincadeiras psicomotoras.
2.4– A Psicomotricidade Funcional
A Psicomotricidade Funcional está ligada aos aspectos motores da
criança, como ela se reconhece e utiliza o seu corpo. Tais aspectos funcionais
são: equilíbrio (dinâmico e estático), coordenação motora global, coordenação
motora fina (óculo-manual), coordenação motora fina (óculo-podal), esquema
corporal, lateralidade, estrutura espacial, estrutura temporal e ritmo.
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• Equilíbrio
O equilíbrio é o principal pilar para a coordenação motora ampla. É
dividido em equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico.
Para FONSECA (1995), o equilíbrio estático pode ser caracterizado pela
forma como o equilíbrio é adquirido em determinada posição, ou pela
capacidade de realizar uma postura e manter-se sobre uma base.
Já o equilíbrio dinâmico é a capacidade de manter-se equilibrado com o
corpo em movimento, com constantes alterações da base de sustentação.
• Coordenação motora global
Utilizamos a coordenação motora ampla para a realização de movimentos
amplos e sequenciados.
Segundo FONSECA (1995), a coordenação motora ampla é quando o
indivíduo possui o controle e organização da musculatura ampla para a
realização de movimentos complexos.
• Coordenação motora fina: óculo-manual
FONSECA (1995), define a coordenação motora fina: óculo-manual
corresponde como todos os movimentos finos que envolvem os pequenos
músculos das mãos, associando a função de coordenação dos movimentos
dos olhos com as mãos.
• Coordenação motora fina: óculo-podal
Para FONSECA (1995), a coordenação motora fina: óculo-podal
compreende todas as tarefas motoras finas que recrutam os pequenos
músculos dos pés, interligando a função de coordenação dos movimentos dos
olhos com os pés.
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• Esquema corporal
Segundo FONSECA (1995), é tomada de consciência de seu corpo,
reconhecimento de suas partes, e das diversas formas de expressar-se por
meio do mesmo.
O esquema corporal é uma noção, quer dizer, um conhecimento intuitivo e sintético de nosso corpo, abrigando a presença do mundo, essa que se expressa nas diferentes ações e nas diferentes comunicações- isto que se convencionou chamar de esquema corporal é a síntese de um conjunto de informações; podem-se então, conceber atividades orientadas para facilitar ou desenvolver tal ou tal aspecto da consciência de si ou tal ou tal capacidade de organização de si, de uma forma dinâmica. (VAYER, 1978/1986, apud, FERREIRA, 2011, p.30)
Quando a criança descobre e utiliza o próprio corpo com controle, o
esquema corporal é desenvolvido, então, passará a ter consciência e controle
do corpo, suas possibilidades e sua relação com o meio.
• Lateralidade
Para FONSECA (1995), é a capacidade motora de perceber que nosso
corpo possui dois lados que se integram (direito e esquerdo).
Todos nós temos uma dominância lateral, mas para que isso aconteça,
devemos perceber e experimentar os dois lados do corpo para descobrir nossa
dominância.
Desde a Educação Infantil, deve-se trabalhar com os dois lados do corpo
durante as brincadeiras, porém, sem citar os termos direita e esquerda, pois
nesta idade as crianças ainda não têm a lateralização bem definida.
30
• Estrutura espacial
FONSECA (1995) entende estrutura espacial como a forma como o
indivíduo localiza-se no espaço que está a sua volta e como as coisas estão
organizadas neste espaço, umas em relações às outras.
“ Para a criança assimilar os conceitos espaciais, precisa ter uma lateralidade
bem definida. A lateralização é a base da estruturação espacial.” (ALVES,
2012, p.80)
• Estrutura temporal
Para FONSECA (1995), corresponde à forma como a pessoa se organiza
no tempo (horas, dias, meses, anos, etc.).
A estruturação temporal garantirá experiências de localização dos acontecimentos passados e uma capacidade de projetar-se para o futuro, fazendo planos e decidindo sobre a sua vida. A estruturação temporal insere o homem no tempo, onde ele nasce, cresce e morre, e sua atividade é uma sequência de mudanças condicionadas pelas atividades diárias. (ALVES, 2012, p.86)
Então, a estruturação temporal é de suma importância para a organização
da nossa vida e do dia-a-dia. Uma pessoa que possui déficit em sua
estruturação temporal, também terá grandes chances de ser uma pessoa
desorganizada durante as suas atividades diárias.
• Ritmo
Segundo FONSECA (1995), quando trata-se de movimento, o ritmo pode
ser definido como a ordem específica de um ato motor.
Os ritmos podem ser: motor, auditivo e visual.
31
Ritmo motor: está ligado ao movimento do organismo que se realiza em um intervalo de tempo constante. Ritmo auditivo: normalmente é trabalhado em associação com algum movimento como: cantar, dançar ou tocar instrumentos. Ritmo visual: envolve a exploração sistemática de um ambiente visual muito amplo para ser incluído no campo visual em uma só fixação. (ALVES, 2012, p.88 e 89)
Cada um tem um ritmo, e este ritmo é construído através de vivências,
experimentando vários ritmos durante atividades variadas, mesclando os
diferentes ritmos: motor, auditivo e visual.
A Psicomotricidade não é apenas funcional, também tem aspectos
relacionais da Psicomotricidade que devem ser levados em conta na educação.
2.5– A Psicomotricidade Relacional
A Psicomotricidade Relacional está ligada ao aspecto emocional do
indivíduo, a construção e a interação do indivíduo com o meio e com as outras
pessoas.
A Psicomotricidade Relacional traz em sua proposta a ousadia de responsabilizar, além da família, também a escola e por consequência a sociedade, pela construção mais ou menos saudável da personalidade da criança e do jovem, sendo um dos aspectos do seu poder de transformação social. Sua finalidade na escola é especialmente preventiva, atendendo a uma perspectiva pedagógica que visa a potencializar o desenvolvimento emocional, a socialização e o desenvolvimento cognitivo global, com o objetivo final de auxiliar a criança, o adolescente e também o professor a viver com o outro e se realizar pessoal e socialmente. (FERREIRA, 2011, p.56)
A Psicomotricidade Relacional tem seis aspectos psicomotores que devem
ser desenvolvidos, são eles: comunicação, expressão, afetividade,
agressividade, limite e corporeidade.
• Comunicação
32
Segundo o dicionário on line Priberam, em 04/10/2012, comunicação
significa “Informação; participação; aviso; transmissão; notícia; convivência”.
Nos relacionamos com os outros através da comunicação que pode ser
verbal ou não verbal (através de expressões).
Temos a necessidade de escutar o outro e fazer com que o outro nos
entenda para que haja a comunicação e por consequência a interação social e
a aprendizagem.
• Expressão
No dicionário on line Priberam, em 04/10/2012, a palavra expressão
significa “ato ou efeito de exprimir; maneira de exprimir: frase, palavra;
manifestação de um sentimento.”
Com a expressão a criança aprende a expor os seus sentimentos, aumenta
o seu processo criativo e a imaginação quando a expressão é espontânea. A
expressão está interligada com a comunicação, uma vez que uma
complementa a outra.
• Afetividade
Segundo WALLON (1995), a afetividade refere-se à capacidade da pessoa
ser afetada pelo mundo externo/ interno por sensações ligadas ao contexto de
sua vida. Ou seja, todas as nossas atitudes afetam o outro e também somos
afetados pelo outro, isso repercutirá no convívio social. Se afetamos o outro
com boas atitudes, isso o levará a sentir prazer em estar perto de nós,
facilitando a comunicação e o convívio social. Se o afetamos com atitudes
ruins, o outro tenderá a se afastar por insatisfação ou responder também com
atitudes desagradáveis.
LIBÂNIO (1990), apoia a importância da integração da dimensão afetiva no
exercício da docência. Estas afirmações reforçam a necessidade dos
educadores proporcionarem um ambiente saudável e acolhedor, que incentive
o desenvolvimento harmônico da criança enriquecendo o sua aprendizagem.
33
• Agressividade
Segundo o dicionário on line Priberam, em 05/10/2012, agressividade
significa “qualidade do que é agressivo; combatividade”. É um componente da
afetividade do indivíduo que já nasce conosco.
“A agressividade é uma maneira de se relacionar com o outro, uma
comunicação” (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1988, p.62)
Todos nós temos nosso lado agressivo, porém, deve ser trabalhado e
controlado. Na Educação Infantil, a agressividade deve ser vivenciada através
da brincadeira em que o adulto deve participar, deixando que a criança vivencie
a agressividade simbolicamente e sem culpa.
Quando nossas ações são de agressividade, criamos obstáculos e
conflitos no convívio social.
• Limite
De acordo com o dicionário on line Priberam, em 05/10/2012, a palavra
limite significa “restringir; moderar; conter-se”. Cada indivíduo possui o seu
limite. O limite é dado na educação familiar através dos seus valores e dos
valores da sociedade em que o indivíduo está inserido. É o espaço entre o
poder e o não poder fazer, ou seja, a permissão e a proibição.
• Corporeidade
Segundo o site Wikipédia, em 05/10/2012, corporeidade “é a maneira pela
qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o
mundo.”
Então, entende-se que é a vivência do corpo durante a interação com o
outro e com o meio e o reconhecimento do próprio corpo construído por
experiências sensório-motoras vivenciadas, por isso está intimamente ligada à
identidade.
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CAPÍTULO III
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA
EDUCAÇÃO INFANTIL PARA CRIANÇAS DE 3 A 6
ANOS DE IDADE
O corpo é entendido como uma função, como um instrumento, como esquema corporal, como imagem que se conecta e se manifesta através das emoções da pulsão e do desejo que, necessariamente, serão veiculados pela funcionalidade e pela instrumentação do corpo. São dois polos que pertencem a uma unidade indissolúvel sempre em construção. (SÁNCHEZ, 2003, p.33)
3.1– A Psicomotricidade na Educação Infantil
Tendo em vista que a criança nesta faixa etária de 3 a 6 anos de idade
está em constante construção do seu desenvolvimento psicomotor e o brincar é
a principal linguagem da criança nesta faixa etária, a Psicomotricidade utiliza-
se de brincadeiras com intencionalidades pedagógicas para desenvolver os
aspectos funcionais e relacionas que servirão de base para a aprendizagem de
novos conhecimentos. Quanto mais vivências com o seu corpo, com diversos
ambientes e com os outros a criança tiver, mais rico fica a sua bagagem de
conhecimento.
No nascimento existem potencialidades que, para desenvolver-se, não requerem só a manutenção dos processos orgânicos, mas principalmente o intercâmbio com outras pessoas. A importância da relação é geral... Na primeira infância, a qualidade desta relação tem uma influência marcante na formação da personalidade e no desenvolvimento da inteligência. É por meio da relação com os outros que a personalidade e a inteligência se constroem pouco a pouco. Mas, se a qualidade da relação humana incide diretamente no desenvolvimento psicomotor (funcional), a recíproca é verdadeira; a experiência do outro e as possibilidades de estabelecer intercâmbios são estimuladas pelo desenvolvimento psicomotor (relacional). O relacional e o funcional não são só dois aspectos simplesmente complementares, mas há uma estreita relação
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de interdependência que os une de uma maneira dialética. (LE BOUCH, 2001, p. 27 apud, FERREIRA, 2011, p.182)
As atividades devem ser interessantes e diversificadas, utilizando
diferentes tipos de materiais para que a criança vivencie e explore, adquirindo
novas habilidades com pneus, cordas, bambolês, livros, bolas, espelhos,
diversos papéis, bexigas de aniversário, túnel de pano, tecidos, músicas,
brinquedos cantados, tinta guache, cola colorida, tesouras sem ponta, materiais
naturais como: sementes, folhas de árvores, etc.
Deve-se observar o interesse do aluno sobre a brincadeira. Brincadeiras
em grupo e desafiadoras que estimulem a curiosidade e a criatividade das
crianças são as mais recomendadas. As atividades práticas são as mais
valorizadas, pois a criança aprende muito mais com o que vê, sente e
experimenta. Atividades práticas não desenvolvem apenas o corpo da criança,
mas também a mente, pois não há uma separação do corpo de sua mente.
Os primeiros anos de vida têm uma importância capital: o desenvolvimento da inteligência, da afetividade, das relações sociais é tão rápido que sua realização determinará em grande parte as capacidades futuras. Qualquer perturbação poderá também, se não foi detectada a tempo e tratada de maneira adequada, diminuir consideravelmente as capacidades futuras. (ALVES, 2012, p.21)
Uma criança que vivencia a Psicomotricidade na Educação Infantil
cresce com maior potencial para aprender novos conhecimentos além de
aprender com mais facilidade a leitura e a escrita. Para a criança aprender a ler
e a escrever, ela precisa entender que a escrita começa da esquerda para a
direita, deve ser feita em linha reta e ter coordenação motora “desenhar” as
letras. Antes disso ela deve vivenciar atividades que desenvolvam: lateralidade,
estruturação espacial e temporal, coordenação motora ampla para conseguir
realizar atividades de coordenação motora fina (pois o movimento da
coordenação motora fina começa com os grandes músculos responsáveis pela
coordenação motora ampla).
Ou seja, a criança deve experimentar brincadeiras que desenvolvam
aspectos da Psicomotricidade Funcional para ter a capacidade motora de ser
alfabetizada. E também vivenciar brincadeiras que desenvolvam aspectos da
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Psicomotricidade Funcional, a fim de favorecer na construção de sua
identidade, pois ela relaciona-se mais com o outro e com o meio social, isto faz
com que ela se diferencie dos outros e se reconheça como uma pessoa e suas
características.
3.2- A construção da identidade
Para WALLON, a construção da identidade se intensifica entre os 3 e 6
anos de idade. É a fase em que as crianças devem experimentar cada vez
mais atividades práticas para o reconhecimento do seu corpo e relacionando-
se com outras pessoas. Atividades com espelhos e que envolvam:
comunicação, expressão, afetividade, agressividade, limite e corporeidade
devem ser valorizadas nesta faixa etária, a fim de favorecer o desenvolvimento
da construção da identidade.
É afinal a época em que deixando de designar-se na terceira pessoa emprega por vezes com ostentação, os pronomes “eu sujeito” e “eu complemento”. Por extensão do seu sentimento pessoal aos objetos, o “meu” ganha um significado bem preciso de posse: existe o objeto emprestado, cuja utilização é apenas momentânea, e aquele que pertence permanentemente a outra pessoa (WALLON, 1979, p.158)
Para que isto aconteça, é importante que haja interação com outras
pessoas, desta forma, a criança consegue distinguir o outro de si mesmo,
entendendo que ela não está sozinha no mundo e para viver no mundo
precisamos interagir com outras pessoas e compartilhar coisas. Aprendendo a
conhecer o outro e a construir a sua personalidade.
“a brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos fundamentais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere”. Vygotsky (1989, apud MEYER, p.35)
37
Durante as brincadeiras, é comum haver episódios de egocentrismo das
crianças nesta faixa etária, já que ainda não conseguem dividir os seus
brinquedos. Cabe ao professor auxiliar e negociar a situação, afim de que
todas as crianças possam participar do momento do brincar. Nestes momentos
é preciso ensiná-las regras de convívio social e limites durante o convívio
social.
3.4- Sugestões de brincadeiras psicomotoras
As sugestões abaixo são atividades que utilizo no meu dia-a-dia na
prática como professora de crianças de 3 a 6 anos de idade matriculados na
Educação Infantil. Cada aspecto psicomotor terá uma brincadeira que o
desenvolva.
Equilíbrio
Brincar de passar por uma ponte bem estreita (pode ser um banco
estreito ou uma corda esticada no chão) e fazer de conta que a ponte passa
por cima de um lago cheio de jacarés.
A brincadeira tem como objetivo desenvolver o equilíbrio dinâmico
favorecendo também o desenvolvimento da imaginação utilizando o faz-de-
conta.
Coordenação motora global
Brinquedo cantado: Andar diferente
Agora eu vou andar devagarinho, devagarinho, devagarinho.
Agora eu vou andar abaixadinho, abaixadinho, abaixadinho.
Agora eu vou andar bem lá no alto, bem lá no alto, bem lá no alto.
Agora eu vou andar batendo o pé, batendo o pé, batendo o pé.
Agora eu vou andar de marcha ré, pra trás, de marcha ré, de marcha ré.
Agora eu vou andar batendo a mão, batendo a mão, batendo a mão.
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Agora eu vou andar com a mão no chão, com a mão no chão, com a mão no
chão.
Eu vou andar que nem um avião, um avião um avião, um avião.
Agora eu vou pular igual a um sapo, igual a um sapo, igual a um sapo.
Agora eu vou nadar igual a um peixinho, igual a um peixinho, igual a um
peixinho.
Eu vou andar que nem um caranguejo, um caranguejo, um caranguejo.
Eu vou voar que nem um passarinho, um passarinho, um passarinho
Agora eu vou saltar igual a um coelho, igual a um coelho, igual a um coelho.
Agora eu vou andar igual a um gatinho igual, a um gatinho, igual a um gatinho.
Eu vou me arrastar igual a uma cobra, igual a uma cobra, igual a uma cobra.
Vou galopar que nem um cavalinho, um cavalinho, um cavalinho.
Agora eu vou andar devagarinho, devagarinho, devagarinho.
Agora eu vou andar abaixadinho, abaixadinho, abaixadinho.
Devagarinho, devagarinho...
Este brinquedo cantado tem objetivo de desenvolver a coordenação
motora ampla e a expressão corporal, utilizando mais uma vez o faz-de-conta
com os pequenos.
Coordenação motora fina (óculo-manual)
Brincar de massinha. Brincadeira livre com a massinha de modelar,
tendo como objetivo desenvolver a coordenação motora fina e a criatividade.
Coordenação motora fina (óculo-podal)
Chute ao gol. Utiliza-se uma bola e duas traves. A criança deverá tentar
fazer o gol a uma distância de uns 3 metros aproximadamente, dependendo do
espaço utilizado e da capacidade da criança.
Esta brincadeira tem o objetivo de desenvolver a coordenação óculo-
podal de forma divertida, pode-se também incentivar as outras crianças que
estão a espera de chutar a torcer pelo amigo, trabalhando o espírito de
companheirismo.
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Esquema corporal
Brinquedo cantado: Tia Mônica
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá
Assim faz cabeça, a cabeça faz assim, assim faz cabeça, a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá
Assim fazem os ombros, os ombros fazem assim, assim fazem os ombros, os
ombros fazem assim. Assim faz cabeça, a cabeça faz assim, assim faz cabeça,
a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá
Assim faz cotovelo, cotovelo faz assim, assim faz cotovelo, cotovelo faz assim.
Assim fazem os ombros, os ombros fazem assim, assim fazem os ombros, os
ombros fazem assim. Assim faz a cabeça, a cabeça faz assim, assim faz
cabeça, a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá
Assim faz o quadril, o quadril faz assim, assim faz o quadril, o quadril faz assim.
Assim faz cotovelo, cotovelo faz assim, assim faz cotovelo, cotovelo faz assim.
Assim fazem os ombros, os ombros fazem assim, assim fazem os ombros, os
ombros fazem assim. Assim faz a cabeça, a cabeça faz assim, assim faz
cabeça, a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá
Assim fazem joelhos, joelhos fazem assim, assim fazem joelhos, joelhos fazem
assim. Assim faz o quadril, o quadril faz assim, assim faz o quadril, o quadril faz
assim. Assim faz cotovelo, cotovelo faz assim, assim faz cotovelo, cotovelo faz
assim. Assim fazem os ombros, os ombros fazem assim, assim fazem os
ombros, os ombros fazem assim. Assim faz cabeça, a cabeça faz assim, assim
faz cabeça, a cabeça faz assim.
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Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá.
Assim faz tornozelo, tornozelo faz assim, assim faz tornozelo, tornozelo faz
assim. Assim fazem joelhos, joelhos fazem assim, assim fazem joelhos, joelhos
fazem assim. Assim faz o quadril, o quadril faz assim, assim faz o quadril, o
quadril faz assim. Assim faz cotovelo, cotovelo faz assim, assim faz cotovelo,
cotovelo faz assim. Assim fazem os ombros, os ombros fazem assim, assim
fazem os ombros, os ombros fazem assim. Assim faz cabeça, a cabeça faz
assim, assim faz cabeça, a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalá.
Assim faz corpo inteiro, corpo inteiro faz assim, assim faz corpo inteiro, corpo
inteiro faz assim. Assim faz tornozelo, tornozelo faz assim, assim faz tornozelo,
tornozelo faz assim. Assim fazem joelhos, joelhos fazem assim, assim fazem
joelhos, joelhos fazem assim. Assim faz o quadril, o quadril faz assim, assim
faz o quadril, o quadril faz assim. Assim faz cotovelo, cotovelo faz assim, assim
faz cotovelo, cotovelo faz assim. Assim fazem os ombros, os ombros fazem
assim, assim fazem os ombros, os ombros fazem assim. Assim faz cabeça, a
cabeça faz assim, assim faz cabeça, a cabeça faz assim.
Nós temos uma tia, a tia Mônica que quando vai às compras dizemos ulalálálá.
Este brinquedo cantado tem o objetivo de desenvolver o esquema
corporal em conjunto com a expressão corporal de maneira divertida!
Lateralidade
Boliche com garrafas pet. A criança deverá derrubar as garrafas pet com
uma bola utilizando uma mão para jogar a bola e depois a outra mão também.
Pode-se decorar as garrafas com números ou letras coloridas para que a
criança os reconheça.
Esta brincadeira tem como objetivo levar a criança a tomar consciência e
utilizar os dois lados do corpo e aos poucos ir determinando a sua dominância.
Estrutura espacial
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Brincar de carrinho desviando de obstáculos que estiveram pela
“estrada”. A criança desenvolverá a noção do espaço que ela irá percorrer com
o carrinho e direcionalidade para não esbarrar nos obstáculos.
Estrutura temporal
O professor contará uma história com figuras que represente os
personagens, logo após, a criança recontará a história tentando seguir a
mesma ordem das cenas. Esta brincadeira desenvolve a estrutura temporal no
momento em que a criança presta atenção na história e se organiza para
representar na mesma ordem dos fatos anteriores.
Ritmo
Brincar de baile, onde o professor coloca várias músicas de diferentes
estilos e a criança possa dançar em diferentes ritmos. A criança aprende criar o
seu próprio ritmo e também a dançar no ritmo da música.
Comunicação
Telefone feito com dois copos descartáveis e barbante amarrado no
fundo dos copos, cada ponta do barbante de uns 2 metros aproximadamente,
amarrado no fundo de um copo. Nesta brincadeira a criança aprende a falar e a
ouvir no momento certo para que a comunicação seja feita com perfeição.
Expressão
O professor contará uma história, logo após as crianças reinventam a
história sendo os personagens da mesma. Desta forma eles se expressam
como os personagens da história de forma criativa e espontânea.
Afetividade
Brinquedo cantado: Viver em união
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Aperte a mão do coleguinha e dê um sorriso pra ele
Aperte a mão do amigão e cante esta canção!!
Quão bom e quão maravilhoso é que os coleguinhas vivam em união.
Quão bom e quão maravilhoso é que os coleguinhas vivam em união.
Aperte a mão do coleguinha e dê um sorriso pra ele
Aperte a mão do amigão e cante esta canção!!
Quão bomm!!
Este brinquedo cantado estimula a união e o cumprimento dos colegas.
Agressividade
Brincar de pique pega do Lobo Mal. Quem o lobo pegar vira Lobo Mal
também e deverá ajudar o lobo Mal a pegar os outros coleguinhas.
As crianças brincam de ser más no faz-de-conta liberando a energia de
agressividade.
Limite
O limite pode ser trabalhado em todos os jogos com regras, pois a
brincadeira só poderá dar certo se todos os participantes seguirem as regras.
Durante uma brincadeira de amarelinha, por exemplo, a criança deve esperar a
sua vez e se pisar na linha, ou jogar a pedrinha fora do quadrado, tem que dar
a vez para outro colega.
Corporeidade
Rolar em colchonetes ou em grama, dar cambalhota, correr, dançar na
frente do espelho, sentir diferentes texturas de papéis, tecidos, argila, etc
Enfim, trabalhar a corporeidade é trabalhar atividades que desenvolvam
o corpo e a expressão de maneira geral favorecendo o conhecimento de si
mesmo.
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CONCLUSÃO
Em face do objetivo proposto pela pesquisa conclui-se que a
Psicomotricidade é de suma importância para o desenvolvimento da criança
entre 3 e 6 anos de idade na Educação Infantil pois trabalha-se de maneira
integral todos os aspectos: físico, intelectual e emocional da criança, ou seja,
desenvolvendo o corpo, mente e emoção através de brincadeiras divertidas e
desafiadoras.
A brincadeira é a principal linguagem da criança na Educação Infantil,
porém na escola ela deve ser utilizada com intencionalidade pedagógica para
que os objetivos psicomotores possam ser alcançados. Desta forma, é
necessário que o educador conheça os objetivos da Psicomotricidade, os
aspectos psicomotores, as fases de desenvolvimento infantil e os seus alunos,
para criar atividades que coincidem com a fase que a criança está e os
aspectos psicomotores funcionais e relacionais que devem ser trabalhados
com mais frequência. É de grande importância portanto, a valorização das
características individuais dos alunos, respeitando seus limites e sua “bagagem
cultural”.
A Educação Infantil vai muito além das atividades monótonas com lápis
e papel e cada um sentado em uma cadeira. A criança deve experimentar o
mundo, expressar-se, conhecer o seu corpo, pessoas e tudo que há a sua
volta. Isto é, viver a Psicomotricidade!! O educador deve ser o mediador do
conhecimento, estimular a experimentação de novas sensações e criar
situações que instigam seus alunos a construir de novos conhecimentos.
Com a Psicomotricidade a criança aprende muito mais de maneira
prazerosa!!
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em Psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 6 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2010. ANTUNES, Celso. Educação Infantil: prioridade imprescindível. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 5 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012 ALVES, Fátima (Org.). Como aplicar a Psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011 BOCK, Ana Mecês Bahia; FURTADO, Odair. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia.13 ed. São Paulo: Saraiva, 2001 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Poder Executivo, Brasília: 1996 BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998.
Brasília, MEC/SEF, vol. 1, 2 e 3
FERREIRA, Carlos Alberto de Mattos;HEINSIUS, Ana Maria. Psicomotricidade escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011 FONSECA, V. Manual de Observação psicomotora: Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995. GALLAHUE, Ozmun. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Photer, 2005 GALLAHUE, D.L., OSMUN, J.C. Understanding Motor development: Infants, Children, Adolescenters, Adults, Dubuque: BROWM & BENCHMARK PUBLISHERS, 1995 GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In:Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo: F.D.E., 1993 LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER,B. A simbologia do movimento - Psicomotricidade e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988 LIBÂNIO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1990 MEYER, Ivanise. Brincar & Viver. Rio de Janeiro: Wak, 2011
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO..............................................................................................................08 CAPÍTULO I - A Educação Infantil..............................................................................10 1.4 A importância da Educação Infantil segundo a LDB e objetivos da Educação
Infantil segundo o RCNEI..................................................................................10 1.5 Educar, cuidar e o brincar na Educação Infantil................................................12 1.6 Fases do desenvolvimento infantil....................................................................14 1.6.1 Gallahue............................................................................................................15 1.6.2 Piaget.................................................................................................................18 1.6.3 Vygostky............................................................................................................20 1.6.4 Wallon................................................................................................................21 CAPÍTULO II - Psicomotricidade.................................................................................23 2.3 O que é Psicomotricidade?................................................................................23 2.4 Objetivos da Psicomotricidade..........................................................................24 2.3 Áreas de atuação..............................................................................................24 2.3.1 Estimulação psicomotora..................................................................................25 2.3.2 Educação Psicomotora.....................................................................................26 2.4 A Psicomotricidade Funcional............................................................................27
2.5 A Psicomotricidade Relacional...........................................................................31
CAPÍTULO III – A contribuição da Psicomotricidade na Educação Infantil para crianças de 3 a 6 anos de idade..................................................................................................34 3.1 A Psicomotricidade na Educação Infantil...........................................................34 3.2 A construção da identidade................................................................................36 3.3 Sugestões de brincadeiras psicomotoras...........................................................37 CONCLUSÃO...........................................................................................................43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................44 WEBGRAFIA.................................................................................................................46 ÍNDICE..........................................................................................................................47