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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE INDISCIPLINA NA SALA DE AULA Gabriel Nazaré Fortunato Orientador: Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro 2007 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

Gabriel Nazaré Fortunato

Orientador: Prof. Antônio Fernando Vieira Ney

Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

Gabriel Nazaré Fortunato

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Pós -graduado em Supervisão Escolar

Rio de Janeiro 2007

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AGRADECIMENTOS

- A Deus pela força espiritual que me manteve firme na fé para realização desta

Pós-Graduação;

- A Escola Municipal Profº José Teodoro Borges e Escola Municipal São Miguel,

campo de pesquisa deste trabalho;

-As professoras, supervisoras e alunos que foram entrevistados das escolas

municipais, dando subsidio prático para as minhas análises e resultados. E que

ainda pediram para manter-se no anonimato;

-A Universidade Cândido Mendes, que idealizou o Projeto A vez do Mestre, dando

possibilidades de ampliar meus conhecimentos e atuar como supervisor escolar;

-Ao Professor Antônio Fernando Vieira Ney, pela leitura do Pré-projeto e orientação

desta monografia mesmo distante foi uma luz no meu caminho, não medindo

esforços para que alcançasse resultado satisfatório;

-A Regina Maria dos Santos Silva que auxiliou na formatação e contribuiu comigo

na leitura do texto;

- A Diretora Sônia Bernardes, por abrir as portas da instituição e me apresentou a

indisciplina na sala de aula;

-A minha esposa e filhos, por entender a minha ausência, durante a produção

desta monografia.

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DEDICATÓRIA Dedico à memória da minha mãe Joana Ferreira Fortunato, que sonhou em vida ter um filho formado. Ao meu Pai Edson Fortunato, a minha esposa, meus filhos Fernando e Fabrício amigos, companheiros de trabalho na Educação e familiares.

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RESUMO

Este estudo tem como finalidade pesquisar sobre o conceito, origem, causa

e responsáveis pela indisciplina na sala de aula. Em primeiro lugar buscou a

contribuição teórica de diferentes autores, suas concepções, análises e reflexões.

Em um segundo momento, através da pesquisa de campo, a contribuição de 2

(dois) especialistas, 8 (oito) professores e 4 (quatro) alunos das Escolas Municipais

de Nova Ponte- MG. O resultado encontrado aponta para a indisciplina como um

fenômeno complexo e multidimensional que vai desde desentendimentos

corriqueiros até questões familiares e sócio-políticos. Está ,portanto , dentro e fora

da escola. A responsabilidade é do aluno, professor, escola, família e sociedade. O

caminho para minimizá-lo é o diálogo.

Palavra-Chave: Indisciplina – Escola- Responsáveis- Supervisão Escolar

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METODOLOGIA

Crianças irrequietas, com dificuldade para se concentrarem nos exercícios

de sala de aula, donas de uma vasta lista de xingamentos e ofensas. A cena

descrita é muito mais comum do que se pode imaginar. E pior. Tem atrapalhado

muito o aprendizado de muitas crianças. O nome dado a esse vilão? Indisciplina. E

vivenciando esse quadro todos os dia, por ser também professor na Educação

Básica decidi estudar o tema e, por meio de uma discussão, procurar saídas para o

problema.

A indisciplina em sala de aula não é nenhuma temática nova, mas requer

novas posturas e ações, por parte de todos os sujeitos envolvidos. A mesma tem

sido intensamente vivenciada na escola, apresentando se como uma fonte de

estresse nas relações interpessoais, particularmente quando associada a situações

de conflito em sala de aula. Mas, além de constituir um problema a indisciplina na

escola tem algo a dizer sobre o ambiente escolar e sobre a própria necessidade de

avanço pedagógico e institucional. Trata se de uma questão a ser debatida e

investigada amplamente .

Tendo em mente o desafio de escrever sobre este assunto e as

possibilidades de abrir novos horizontes, não medi esforços para que os meus

objetivos fossem alcançados, entre os quais, de dar uma contribuição teórica para

que os supervisores, professores, profissionais da educação, reflitam e tentem

amenizar a indisciplina em sala de aula e consequentemente na escola como um

todo.

Para desenvolver meu estudo, segui dois caminhos: Primeiro busquei a

contribuição teórica de diferentes autores, suas concepções, análises e reflexões.

Percebi o quanto é vasto as produções e a preocupação dos autores sobre

indisciplina, o que demonstra que a mesma prejudica a aprendizagem dos

alunos.No entanto isto me possibilitou um horizonte diferente quando fui

acompanhar a prática no universo da escola,percebi que a indisciplina tem tirado o

sono de muitos dirigentes de instituições educadoras e também de pais.Mas para

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intervir,é preciso compreendê-la e, antes de tudo defini-la. Foi exatamente por isto

que me preocupei em ressaltar as origens,causas e responsáveis pela

indisciplina,assuntos tratados nos capítulos iniciais,com suporte teórico de alguns

autores que se preocupam muito em diagnosticar a indisciplina na sala de aula e

consequentemente na escola.

Num segundo momento fiz uma pesquisa de campo, através de

entrevistas,conversas informais,reuniões com supervisores, professores e alunos

da Escola Municipal São Miguel e Escola Municipal Professor José Teodoro

Borges, ambas do município de Nova Ponte, Estado de Minas Gerais. Com o

propósito de levantar subsídios para entender, analisar, sugerir e escrever sobre a

indisciplina na sala de aula. Uma análise preliminar dos dados já pode levar a

algumas conclusões. “A indisciplina é, sem dúvida, um problema que envolve

inúmeros fatores, que vão desde a política educacional da escola até a própria

coordenação do trabalho em sala e o relacionamento do aluno em casa, com a

família”.

Após visualizar o universo das escolas que me abriram as portas, coletei e

analisei os dados a mim apresentados, que passaram a fazer parte do meu arquivo

pessoal. Conclui que seria muito importante escrever nos capítulos finais um texto

apresentando o resultado desta coleta e um voltado para os supervisores

pedagógicos,por acreditar que o fazer pedagógico constitui a alma da escola e

pode ser peça fundamental , se bem trabalhado e direcionado , poderá resolver ou

amenizar os problemas da indisciplina a sala de aula.

Nas entrevistas, a maioria dos alunos concordam que são indisciplinados e

que isso atrapalha a aprendizagem, mas alegam também que ficam mais

interessados quando a maneira do professor “dar aula” é diferente e os conteúdos

interessantes e atualizados. Além disso, surpreende que os estudantes queiram

que os pais sejam chamados à escola para resolver os problemas de indisciplina.

Em relação aos professores, detectamos que muitos atribuem os problemas de

indisciplina a desestrutura familiar, bem como à falta de uma metodologia

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diversificada, que muitas vezes não é aplicada por falta de condições de trabalho,

inclusive material didático-pedagógico. Eles também sugerem que haja maior

participação da família e dinamização do trabalho docente. Neste sentido percebi e

tive certeza da importância do supervisor pedagógico,que pode ser um norte ,um

orientador para auxiliar nestas questões.Para que isto aconteça é necessário que o

mesmo se sinta como integrante do contexto da indisciplina,revendo suas práticas

e apontando sugestões para o debate acerca do tema.Baseado nisto este texto

procura apontar algumas reflexões ,que servirá como referencia para o supervisor

pedagógico utilizar em sua tarefa de mediador ,transformador e parceiro em todas

ações a serem desenvolvidas dentro das escolas,

Com base nos dados colhidos, acredito que a problemática da indisciplina é

um grande desafio a ser enfrentado, pois está relacionado à competência técnica,

humana e política do educador. Porém não podemos desconsiderar o envolvimento

da família e interesse dos alunos para o êxito da aprendizagem. Na verdade, o

problema é complicadíssimo, pois envolve a formação do caráter, da cidadania e

da consciência do sujeito, responsabilidade essa, não apenas da escola, mas de

toda uma sociedade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................08 CAPÍTULO I- Conceito de Indisciplina.......................................................13 CAPITULO II - Origens e causas da Indisciplina........................................19 CAPITULO III - Responsáveis pela Indisciplina.......................................30 CAPÍTULO IV- A Supervisão Escolar no Contexto da Indisciplina...........34 CAPÍTULO V- Análise e Interpretação de Dados.......................................40 CONCLUSÃO...............................................................................................44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................48 ANEXOS.......................................................................................................49

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INTRODUÇÃO

Os problemas causados pela indisciplina na sala de aula vêm atrapalhando

a aprendizagem dos alunos e dificultando também, o trabalho do professor.

Lecionando a muitos anos na Escola Pública – Ensino Fundamental, sempre

encontro alunos que não querem copiar a matéria, não interessam pelas

atividades. Ficam andando pela sala, brigam com os colegas, fazem “aviõezinhos”

e colocam papéis em tubos de canetas para jogar no teto, rasgam as folhas dos

cadernos, escondem, quebram e rabiscam os materiais dos colegas.

No recreio querem pular o muro, dar rasteiras e jogar água uns nos outros,

quando são advertidos, respondem mal a professora e até a diretora. Dão chutes

nas portas, rabiscam as paredes, gritam pelos corredores. No banheiro, jogam

papel higiênico no vaso sanitário.

Quando os pais são chamados à escola, falam que “não dão conta dos

filhos”, e que em casa eles são terríveis, não os respeitam. Assim, temos motivos

para acreditar que esta realidade descrita é parte integrante do cotidiano de muitos

professores, de muitas escolas, em muitas cidades.

Verificamos que muito se tem investigado, falado e escrito sobre indisciplina.

Para La Torre :

“A indisciplina, a violência, são fenômenos complexos

multidimensionais. Cada caso transporta consigo uma

história de vida, uma família, ou a falta dela, um

percurso dela, um percurso escolar feito de in)

sucessos, uma integração social melhor ou pior

conseguida, em suma, uma trajetória de vida

popular”(1994,p.53).

Acentuando a dimensão relacional destes fenômenos, acredito que, mais do

que controlar a indisciplina e a violência, a escola deverá preocupar-se com a sua

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prevenção, ficando em aberto o enorme espaço criativo ao dispor de cada um de

nós para a construção de novos equilíbrios relacionais.

Segundo o professor Lajonquiére:

“Vários dispositivos legais são criados para fazer

funcionar regras e leis como garantia de uma

retaguarda ao desenvolvimento da criança. No

entanto, a escola não está conseguindo dar conta

dessa atribuição como deveria. Está descaracterizada;

perdeu o eixo: conhecimento, tradição. E isso está

causando um mal estar nos professores que se

sentem impotentes frente a estas demandas; têm que

preparar o aluno para a vida, fornecer-lhes as

ferramentas/conhecimentos com que poderá atuar

para conduzir a civilização. Há a idealização de um

futuro sem referências ao passado, sem uma aposta

na criança. E, frente à magnitude do dever e falta de

embasamento no passado, vê-se impedido de ensinar,

vê-se em escolas que não conseguem segurar o aluno

dentro da sala de aula, muito menos despertar e

manter seu interesse pelos conteúdos curriculares

específicos.

De outro lado, percebemos claramente que as

medidas adotadas não têm atingido o âmago da

questão, agindo mais como paliativo, para acalmar os

ânimos no momento das ocorrências de indisciplina.

Indisciplina que, na atualidade, se apresenta não mais

como um evento específico e esporádico, mas como

um dos mais graves e generalizados obstáculos

pedagógicos ao trabalho educativo com alunos de

todas as idades.”(l996,p.25)

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É possível verificarmos que as questões relativas a este tema são complexas e

apresentam limitações quando professores tentam materializar na prática o que

teoricamente já está explicado.

Neste sentido, pretendo, por meio desta pesquisa, encontrar subsídios que

nos ajudem responder ás seguintes questões:

- O que está por trás da manifestação do problema da indisciplina?

- Indisciplina na sala de aula, responsabilidade de quem?

- Como minimizar o problema da indisciplina na sala de aula?

Com base nestes questionamentos, surge a hipótese de que a origem

destes comportamentos de indisciplina está na escola, quando o aluno perde o

interesse por ela.

Mas também, outro aspecto que pode interferir no comportamento do aluno,

são os problemas familiares, condições financeiras, falta de limites.

Acredito que esta questão de indisciplina não acontece só na nossa sala de

aula, porque presenciamos semelhantes com nossos colegas de profissão.

Portanto, este trabalho procurou desenvolver uma pesquisa que investigue também

sobre a questão da indisciplina nas outras escolas de Nova Ponte, ouvindo

professores, alunos e especialistas em Educação do município.

Sendo assim neste estudo busco como linha de trabalho:

-Pesquisar sobre o conceito, origem, causas e responsáveis pela indisciplina

na sala de aula;

-Identificar o que especialistas, professores e alunos de Nova Ponte pensam

sobre a questão.

Espero assim, encontrar meios que nos ajudem a compreender e

desenvolver melhor o nosso trabalho pedagógico, tendo condições para ajudar,

também, nossos colegas e alunos no processo de ensino aprendizagem e

conseqüentemente, na vida pessoal.

Optei pela pesquisa bibliográfica, pois por meio dela adquiri conhecimento

da produção teórica existente sobre a temática, os limites e avanços já realizados.

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Não obstante a esta linha de trabalho, achei importante realizar uma

pesquisa de campo, pois ela permite saber mais sobre a escola e a sala de aula,

entender o cotidiano da prática escolar, reconstituindo as linguagens dos atores

sociais e suas formas de comunicação, relevando os encontros e desencontros e

os significados que serão criados e recriados no dia a dia do seu fazer pedagógico.

Para isso, foram realizadas entrevistas em duas escolas, com duas

especialistas em educação (anexo I), quatro professores regentes mais

experientes, de 1ª à 4ª séries do Ensino Fundamental (uma de cada série) e

também com quatro alunos de 4ª série. Todos entrevistados pertencem às escolas

municipais de Nova Ponte( cidade pequena do interior de Minas Gerais,localizada

no Triângulo Mineiro,mas que não está longe dos registros de violência dos

grandes centros).Sendo elas: Escola Municipal São Miguel e Escola Municipal

Profº José Teodoro Borges.

Os entrevistados responderam a um questionário com questões abertas,

onde puderam expressar livremente o que pensam sobre esta questão, quais as

alternativas que propõem para superar as dificuldades apresentadas, oferecendo

dados que contribuam para minimizar a problemática da indisciplina, na nossa sala

de aula e nas escolas municipais de Nova Ponte.

Dentro deste contexto e desta perspectiva, o primeiro capítulo desta

monografia retrata alguns conceitos de indisciplina, não como fórmulas prontas e

acabadas, mas com o propósito de analisar as várias concepções de diversos

autores inclusive meus entrevistados e interlocutores. O segundo capítulo, Origens

e Causas da Indisciplina, não evidencia uma única vertente para o problema, até

porque a indisciplina em sala de aula é um fenômeno complexo e

multidimensional, que vai desde desentendimentos corriqueiros até questões

familiares e sócios políticas.

O terceiro capítulo Responsável pela Indisciplina, não se preocupa em

definir um único responsável, pois a responsabilidade é do aluno, professor,escola,

supervisor,família e a sociedade, ou seja de um conjunto de seguimentos da

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comunidade escolar,e o caminho para minimizar, talvez seja o diálogo,a

compreensão e o envolvimento de todos.

No quarto capítulo, A Supervisão Escolar no Contexto da Indisciplina,

procuro evidenciar a importância do trabalho desse profissional no universo da

escola ,como agente capaz de transformar a realidade dos envolvidos com a

educação dentro e fora da escola ,como parceiro atuante para propor

soluções,buscar alternativas em conjunto com os professores , direção,pais e

alunos , com objetivo de orientar e tentar resolver os problemas disciplinares na

sala de aula.Para isto é necessário que o supervisor reveja também sua prática

diária e sinta –se como um elo de ligação entre todos os segmentos da escola,

No quinto capítulo, Análises e Interpretação de Dados, de posse dos

relatórios do trabalho de campo, faço uma releitura da indisciplina nas salas de

aula das escolas acima mencionadas, e relaciono aos questionários respondidos

pelos alunos,professores e supervisores,interpretando os dados apresentados, o

que tornou possível, acredito eu, dar uma pequena contribuição para que os

supervisores possam na prática orientar os professores para amenizar a

indisciplina na sala de aula.

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CAPÍTULO I

Conceito de Indisciplina É grande o desafio que os educadores têm encontrado em relação à

indisciplina em sala de aula e na escola, tanto na rede pública como na particular,

todavia com manifestações diversas. Sabemos também que não se trata de um

problema apenas brasileiro, apesar das peculiaridades encontradas aqui; temos

relatos, por exemplo, de gangues estudantis que têm batido nos professores na

França, do alto número de mortes nas escolas públicas americanas,fruto da

violência, das conseqüências nefastas da rígida disciplina japonesa,levando ao

suicídio e à falta de criatividade.

Esta questão tem ocupado um espaço cada vez maior do cotidiano escolar

no País. É grande também a insatisfação daí decorrente, chegando até a se

constituir em causa de abandono do magistério. Houve época em que a

reclamação partia de professores que trabalhavam com alunos maiores,

atualmente, tem vindo até dos que lecionam na Pré-escola. Gostaria de deixar

claro que não estou generalizando, mas procurando apontar uma tendência, que

é preocupante e precisa ser revertida.

VASCONCELOS afirma que:

“A indisciplina se apresenta como uma série de

produtos bastante dispare que vão desde os

desentendimentos mais corriqueiros de se recusar

a emprestar um simples material ao colega, ao

cúmulo de destratar e ofender professores,seja

com palavras, seja com atos agressivos, como

jogar bola de papel em suas costas enquanto o

professor escreve na lousa, colocar cola ou

alfinetes em sua cadeira,acomodar a lata de lixo

sobre a porta, a fim de que o conteúdo caía sobre

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o professor quando este adentrar na sala para

ministrar sua aula.”(l996,p.18).

Destacam-se ainda, os extremos de agressões físicas entre alunos e alunas

durante as aulas, com professores dentro da classe, a destruição de cortinas, de

vidros da sala de aula, além dos armários e materiais escolares de outras turmas

que ocupam a mesma sala em outros períodos.

Verificamos o comentário de TIBA:

“A disciplina não depende exclusivamente de um

indivíduo: pressupõe a existência do disciplinador e do

disciplinado em função de um objetivo, num

determinado contexto. Em qualquer atividade que

envolva seres humanos,temos que contar com suas

diversas personalidades e com o relacionamento

estabelecido entre eles. O contexto da disciplina

relaciona-se com o local, o horário e os valores

culturais vigentes. Daí a complexidade de abordar o

tema,pois uma regra pode variar conforme a hora, o

lugar e as pessoas envolvidas.

Sendo assim, as variáveis são inúmeras.

Disciplinar é um ato complementar, isto é, depende

das características pessoais do disciplinador e do

disciplinado. Portanto, diferentes professores

conseguirão diferentes resultados em uma mesma

classe.

A recíproca é verdadeira: diferentes classes

promoverão diferentes comportamentos num mesmo

professor. Por isso, chamo atenção para algumas

características psicológicas dos relacionamentos

humanos. Eles são interativos, isto é, ação provoca

reação, que, por sua vez, passa a estimular novas

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reações, numa seqüência. O resultado final é o

relacionamento interpessoal.”(1998,p.135).

O que é mesmo disciplina? O que é “estar no lugar” e “estar fora do lugar,

em nosso sistema educacional ? Conforme comenta Araújo (2004, p.141), a

resposta depende de nossa análise. Se esta não ficar restrita ao comportamento

do aluno, veremos que a sala de aula é apenas um lugar para onde convergem

as mazelas sociais de uma sociedade, esta sim, marcada por uma “indisciplina” ,

ou mais que isso, por uma violência cada dia mais incontrolada.

De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina

é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez

é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso

recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos

lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental

importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a

indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por

isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e

estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.

Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como

toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se

relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da

história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”.

Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação

de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo

Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos

jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”. Diante dessa

idéia, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960,

conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta

de forma autoritária, com ameaças e castigos.

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Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a

subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se

posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram

considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como

donos do saber.

À indisciplina gerada dentro da sala de aula, atribuímos à falta de limites que

não são mais impostos pela família, a qual não tem mais controle sobre seus

filhos e conseqüentemente a palavra RESPEITO deixou de fazer parte do

vocabulário cotidiano. A solução mais eficaz é um trabalho de estruturação

familiar, pois a escola está deixando a desejar na sua função de desenvolver as

habilidades e o conhecimento dos seus alunos, devido às diversas tarefas que

impuseram a ela. Para agravar este quadro, por deficiência na formação, os

professores não estão preparados para educar, mas na grande maioria são

formados apenas para lidar com o conhecimento e não ensinar cidadãos capazes

de conviver dentro de uma sociedade. Devido a isto a escola não preenche os

anseios de seus alunos e tudo isso se reflete na indisciplina, a qual é a resposta

mais evidente que algo está errado. E aí ? A culpa cairá novamente em cima

daqueles que fazem da arte de ensinar o ofício mais nobre.

Indisciplina é apenas fruto da liberação desmesurada dos meios de

comunicação, então LA TAILLE (1996, p.9) afirma que : “Temos que questionar

até mesmo a propalada perda de valores do mundo contemporâneo.”

Voltemos, pois a pergunta: O que é mesmo disciplina? Boa educação,

conformismo, medo de castigo, subserviência? Ora, estas atitudes favorecem a

aprendizagem? Recorrendo novamente a Araújo (2004, p.142), se disciplina é

apenas obediência a certas normas, a indisciplina pode significar tanto uma

revolta contra elas quanto a seu mero desconhecimento.

Ele observa ainda que a origem da indisciplina não está apenas numa “falha”

dos métodos do projeto Político Pedagógico da escola, nem o professor e nem a

figura do aluno. Ela é o sintoma de um tempo de mudança ou de crises que ainda

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não foram assimiladas pelo aluno, pelo professor, pela escola, pela família e pela

sociedade.

Sobre esta questão, Vasconcelos (1996, p.23) argumenta que a

indisciplina é o mau comportamento, falta de limite e respeito, provocações, que

afinal são sinais exteriores de algo que vai mal à interioridade emocional e afetiva

dos alunos.

O conceito de indisciplina apresenta uma complexidade que precisa ser

considerada. Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina

escolar precisa integrar diversos aspectos. É preciso, por exemplo, superar a

noção arcaica de indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental.Ainda,

é necessário pensá-la em consonância com o momento histórico desta virada de

século.

Para fins de desenvolvimento conceitual, a noção de indisciplina será

considerada através de três de seus principais planos de expressão na escola. De

um lado, é possível situá-la no contexto das condutas dos alunos nas diversas

atividades pedagógicas, seja dentro ou fora da sala de aula. Em complemento,

deve-se considerar a indisciplina sob a dimensão dos processos de socialização e

relacionamentos que os alunos exercem na escola, na relação com seus pares e

com os profissionais da educação, no contexto do espaço escolar - com suas

atividades pedagógicas, patrimônio, ambiente, etc.Finalmente, é preciso pensar a

indisciplina no contexto do desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Sob esta

perspectiva, define-se indisciplina como a incongruência entre os critérios e

expectativas assumidos pela escola (que supostamente refletem o pensamento da

comunidade escolar) em termos de comportamento, atitudes, socialização,

relacionamentos e desenvolvimento cognitivo, e aquilo que demonstram os

estudantes.

Mas este modo de conceituação situa a indisciplina como uma disposição em

relação a

algum referencial. Assim, o conceito engloba um duplo movimento. Também do

lado da escola pode ocorrer alguma incongruência em relação aos referenciais

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assumidos, de tal forma que também ela pode ser eventualmente considerada

“indisciplinada”.

É papel da escola considerar o quadro concreto das condições e

desenvolvimento dos alunos e de suas necessidades, bem como garantir as

condições apropriadas ao processo de ensino aprendizagem. Assim, as

expectativas da escola, por exemplo, devem refletir não uma disposição autoritária

elaborada por um determinado grupo responsável por processos decisórios na

escola, mas uma orientação de base consensual que reflita a contribuição de toda

a comunidade ligada à escola, e não apenas dos profissionais da educação que

nela atuam.

A ausência de bases democráticas no modo como se articulam as relações

entre professores e estudantes no interior da escola, por exemplo, pode

desencadear resistência e contestação por parte dos estudantes aos próprios

esquemas da escola, o que deve ser considerado uma expressão de indisciplina

carrega uma legitimidade e pertinência difíceis de negar.

É necessário, ainda superar a noção de indisciplina que a toma apenas

como uma questão de comportamento. Se a escola se preocupa somente em

resolver “problemas de comportamento” nunca chegará a ver indisciplina

resolvida.O “bom comportamento” nem sempre é sinal de disciplina,pois pode

indicar apenas adaptação aos esquemas da escola,simples conformidade.sendo

assim e tendo clareza quanto à própria natureza da indisciplina, cabe as escolas

desenvolver uma política disciplinar institucional, que especifique estratégias de

prevenção e intervenção, tanto a nível da escola como um todo, quanto quanto a

nível de sala de aula.

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CAPÍTULO II

Origens e Causas da Indisciplina

Diante de suas formas de expressão, causas e implicações a indisciplina

escolar desafia os profissionais da educação a refletir, propor e repensar as

estratégias de ação pedagógica.

Sabemos que a indisciplina não pode ser considerada com um fenômeno

estático e suas expressões na escola têm se mostrado numa complexidade

crescente nas últimas décadas. (Garcia, 1999)

Tal fato não nos causa estranheza se levarmos em consideração

[...] a expansão da escolaridade obrigatória e a

conseqüente multiplicação dos alunos em espaços

que, por vezes, mal os comportam e se

considerarmos a própria evolução das sociedades

ocidentais, com seus desequilíbrios sociais e

econômicos e suas crises de valores e autoridade

que não podem deixar de se refletir na escola.

(Estrela, 2002, p.28).

Constatamos através de nossa prática profissional em escolas de

educação básica que a preocupação por parte do professor com a indisciplina

escolar vem aumentando cada vez mais. Compõe a fala desses professores a

queixa de que a indisciplina é responsável pelo estresse entre eles e pelo

insucesso muitas vezes constatado no processo de ensino-aprendizagem.

Tais fatos nos levam a refletir sobre a indisciplina escolar inserida numa

perspectiva de gestão pedagógica.

Devido às configurações adquiridas pelas expressões de indisciplina na

escola exige-se dos profissionais da educação um repensar sobre o conceito de

indisciplina, que não mais pode ser considerado como “problema de

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comportamento”, uma vez que, de acordo com Garcia, esse conceito deve ser

superado e outras dimensões devem ser consideradas. É importante considerar

[...] a indisciplina no contexto das condutas dos

alunos, dentro ou fora da sala de aula, nas diversas

atividades pedagógicas, a dimensão dos processos

de socialização e relacionamentos que os alunos

exercem na escola e também considerar a

indisciplina contextualizada o desenvolvimento

cognitivo desses alunos. (1999,p. 102).

Segundo o autor trabalhar a indisciplina a partir de mecanismos de

controle comportamental se trata de uma visão já superada do fenômeno. A visão

que se tem atualmente é da indisciplina enquanto fenômeno de aprendizagem.

Sendo assim, posso dizer que aquele aluno considerado indisciplinado não o é

somente por haver rompido com regras da escola, mas porque não está

desenvolvendo suas possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. Desta forma:

[...] a indisciplina escolar não pode ser vista como

existindo em si mesma, como uma qualidade inerente

ao próprio comportamento, mas tem antes que ser

analisada e compreendida no contexto da relação

pedagógica em que a situação emerge e é

categorizada enquanto tal. É no contexto da relação

pedagógica que o professor categoriza alguém ou

algum ato como sendo indisciplinado e, sendo assim,

ao mesmo tempo em que emerge a relatividade deste

conceito, é todo o contexto pedagógico que aparece

implicado na situação e não apenas o sujeito que

praticou um dado ato. (Cabrita e Fernandes, 1987,

p.17).

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Portanto, há indisciplina nos dias atuais deve ser vista como um

“fenômeno interativo que ocorre no contexto da sala de aula”. (Amado, 2001 p.17).

Dessa forma, a indisciplina escolar está intimamente ligada a tudo que

diz respeito ao ensino, aos objetivos, às práticas e perspectivas que a orientam,

além dos “condicionantes próprios da aula, da escola, da comunidade e do

sistema”. (Amado, 2001 apud Oliveira, 2004, p. 45). sendo assim posso dizer que,

como reflexo da sociedade, a escola surge como um dos palcos possíveis de

violência.

Desde os comportamentos mais comuns de indisciplina, com os quais nos

habituamos a conviver nas nossas escolas, às situações ditas “muitos graves”, que

a comunicação social se encarrega de divulgar, os problemas da

disciplina/indisciplina/violência, apresentam fronteiras tão tênues quanto variáveis

no tempo e no espaço.

Na opinião de LA TAILLE ( 1996, p. 27), se torna necessário e pertinente,

que se faça uma reflexão sobre a dificuldade de compatibilizar uma educação que

assente na partilha de poderes e a manutenção de um equilíbrio a nível disciplinar.

Acreditamos que na escola atual o professor não deve impor a disciplina (de fora

para dentro),mas, procurar construí-la de forma participada com os alunos,fazendo

com que eles possam perceber o que é melhor para todos.

Segundo Araújo (2004), os problemas disciplinares , as notas ruins e as

eventuais repetências são sintomas de um mal-estar, de um sofrimento psíquico da

criança ou do adolescente, pois sua estrutura afetiva está estremecida. E às vezes

ele recorre, como mecanismo de defesa, a comportamentos indesejados, vistos

como pura indisciplina.

Todo professor deve ter histórias de sobra para contar, sobre o “sofrimento

escondido” do aluno que leva à desatenção ou à indisciplina, às vezes até à

violência: separação mal resolvida dos pais, que utiliza os filhos como joguete entre

eles; situação familiar de pobreza ou de misérias, pais desempregados, doença

grave na família, familiares envolvidos com drogas ou tráfico de drogas, etc. Temos

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também casos de crianças que são muito “paparicadas” e não têm limites para

suas ações.

Ao refletir sobre o sofrimento do aluno desconcentrado ou indisciplinado, é

essencial levar em conta o sofrimento do professor. Neste contexto, torna-se

pertinente o comentário abaixo,

“(...) O esvaziamento e a fragmentação na formação

dos professores, a diminuição drásticas nos salários, o

profundo mal-estar presente nos meios educacionais,

a desvalorização da educação e do magistério(...)

acabando por gerar uma grave crise de identidade da

escola e o enfraquecimento do papel da escola

(LUCINDA,2001).”

O descuido público com a educação, à mercê de um capitalismo que devora

ou desqualifica os valores não-mercantis, atinge profundamente tanto o aluno

quanto o professor.

Todavia, na prática, muitas vezes, estes ideais divergem. Essa divergência

surge devida, entre outros fatores, à diferença de nível de escolaridade, da faixa

etária e do ambiente onde os intervenientes estão inseridos. Freqüentar uma

instituição escolar deve significar decerto, entre outras coisas, para qualquer ser

humano, a evolução e o progresso intelectual contínuos. Cremos estar certos que

essa evolução e progresso intelectual são obtidos, não só nas escolas, como

também na família e na sociedade. Com efeito, sabemos que esses três espaços

(família, sociedade e escola) são importantes na aquisição do conhecimento e na

formação dos alunos, como também, temos de ter a consciência de que, grosso

modo, dos indivíduos pensa que a escola constitui a única instituição para

desempenhar tal tarefa.

O ambiente familiar constitui o berço do ensino/aprendizagem de qualquer

ser humano e nele o aprendiz está sujeito a ser influenciado decisivamente, quer

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pela negativa, quer pela positiva, como está, também, sujeito a presenciar vários

tipos de indisciplina que podem dificultá-lo no processo de aquisição normal de

conhecimentos. O ambiente familiar, entendido como o primeiro espaço de

ensino/aprendizagem, pode ser importante para que tenhamos uma sociedade e

uma escola de referências como também pode ser decisivo para que tenhamos

uma sociedade e uma escola à margem daquilo que almejamos.

Com efeito, a família tem um papel importante na educação, pois dela

dependem, de certo modo, a sociedade e a escola. Ela deve conhecer e cumprir

seu dever como “célula” nuclear da educação e do processo de

ensino/aprendizagem. Ela não pode prescindir desta tarefa, esperando que a

escola desempenhe o papel que cabe a ambas. Aliás, vários investigadores da

área da educação chegaram à conclusão de que muitas famílias não têm estado a

cumprir o seu papel e, por conseguinte, deixam-no à escola que, por sua vez, não

consegue cumprir o dela e nem tão-pouco o da família. Por conseguinte, as

escolas, a sociedade e a própria família deparam-se com grandes problemas no

seu funcionamento normal e tentam buscar a sua origem e, raras vezes,

descobrem que a origem está no incumprimento do dever de cada uma delas. A

família é um espaço privado e fechado constituído por agregados que podem não

estar preparados para moldar os aprendizes antes de entrarem na sociedade e na

escola. Com efeito, e de modo geral, a sociedade e a escola estão dependentes do

ambiente familiar, isto é, tendo uma família bem estruturada, organizada e

disciplinada a probabilidade é de termos uma sociedade e uma escola de sucesso;

como também, tendo uma família desestruturada, desorganizada e indisciplinada a

probabilidade é de termos uma sociedade e uma escola de insucesso. Certo é que

esses três espaços constituem elementos importantes na mudança e na

transformação dos alunos. A sociedade, como um dos espaços onde os seres

humanos aprendem, constitui, aliás, segundo muitos teóricos da educação, um

lugar privilegiado de ensino/aprendizagem. A família e a sociedade constituem

aquilo que é tradicionalmente chamada “a universidade da vida” onde o homem

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aprende empiricamente. Tal como o espaço familiar, também a sociedade pode

influenciar os indivíduos pela negativa, ou pela positiva, e essa influência pode ser

maior ou menor de acordo com a faixa etária, personalidade de cada indivíduo e

ambiente que o rodeia. Neste espaço, há algo que o sujeito cognoscente pode e

deve aprender e que contribui para a alteração da sua conduta, tanto num sentido

positivo como negativo. A disciplina e a indisciplina são inerentes a qualquer

sociedade, de modo que os indivíduos que compõem a sociedade humana estão

sujeitos a presenciá-las, praticá-las ou optar por uma e rejeitar a outra. Em

qualquer uma dessas opções, os indivíduos, como componentes importantes da

sociedade, são influenciados por ela. Certo é que, antes de os indivíduos entrarem

numa instituição escolar passam, primeiro pela família e pela sociedade que, como

já foi dito, são, também, espaços importantes e decisivos no processo de

ensino/aprendizagem e, sendo assim, chegam às instituições escolares com

alguns pré-requisitos que podem influenciá-los positiva ou negativamente.

A escola é considerada pelos teóricos da pedagogia, como também pelo

senso comum, como terceiro espaço, e não menos importante, na transformação e

no processo do seu ensino/aprendizagem. É visto como um lugar por onde todos

os homens devem passar uma boa parte da sua vida. Todos os homens passam

pela família e vivem na família, todos passam e vivem na sociedade, mas nem

todos passam pela escola como instituição educativa e modificadora cuja função

educar, transformar e preparar os indivíduos para viverem e estarem na sociedade,

na família, no mercado de trabalho e na vida.

Apesar de atribuirmos às escolas a tarefa nobre de educar e transformar

alunos e, apesar destes as freqüentarem com o intuito de terem o seu papel na

sociedade, nem sempre acontece nestas escolas ou nos alunos o que almejamos.

A escola é freqüentada por pessoas que tiveram uma boa preparação na família e

também na sociedade e que estão preparadas para enfrentarem as dificuldades e

desafios da vida; como também pelas pessoas que tiveram má preparação na

família e na sociedade. Desta forma, encontramos no mesmo espaço a confluência

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de dois tipos de pessoas: uma com preparação, cujos objetivos estão bem

definidos e que se empenha na busca de um caminho certo, de uma estratégia

para atingir tais objetivos; e a outra sem preparação e sem objetivos definidos que

se preocupa mais com o distúrbio e a indisciplina, mas que, no entanto, ocupa tal

espaço pelo fato de ter direito para tal ou porque tem condições para o freqüentar.

As estatísticas mostram que, nos últimos séculos, a indisciplina nas salas de

aula tem vindo a aumentar, principalmente, nos países mais ricos do mundo ou em

vias de desenvolvimento. Esta indisciplina, praticada pelos alunos é direcionada

aos professores, aos colegas de turma ou da escola, aos funcionários e ao próprio

corpo diretivo da escola.

As causas de indisciplina podem ser encontradas na família, na sociedade e

na própria escola. Muitas vezes, o sistema, os professores, as normas das escolas,

os programas... São causas de indisciplina. Vejamos algumas manifestações

concretas da indisciplina na sala de aula apresentadas pela Ariana Cosme e Rui

Trindade:

quando o professor abusa do método expositivo;

quando dá aulas monótonas que não mobilizam os alunos para realizar

atividades,

aulas repetitivas;

atividades mais ou menos dispersantes;

ausência do sentido da matéria lecionada;

exercício inadequado do poder por parte do professor;

quando o discurso do professor é pouco estruturado,

quando o professor se alheia da turma e depende demasiado tempo a atender a

solicitações individuais;

os alunos acabam as tarefas e permanecem sem saber o que fazer, aguardando

novas instruções;

quando o discurso do professor oscila entre temas diversos e sem qualquer

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conexão entre si;

quando as salas são pequenas e o rato não é o desejável...

A indisciplina escolar não apresenta uma causa única, ou mesmo principal.

Eventos de indisciplina, mesmo envolvendo um sujeito único, costumam ter origem

em um conjunto de causas diversas, e muito comumente reflete uma combinação

complexa de causas. Esta complexidade é parte do perfil da indisciplina e deve ser

considerada, se desejamos compreendê-la e estabelecer soluções efetivas.

Para fins de sistematização, as diversas causas da indisciplina escolar

podem ser reunidas em dois grupos gerais: as causas externas à escola e as

causas internas. Entre as primeiras vamos encontrar, por exemplo, a influência

hoje exercida pelos meios de comunicação, a violência social e o ambiente familiar.

As causas encontradas no interior da escola, por sua vez, incluem o ambiente

escolar e as condições de ensino-aprendizagem, os modos de relacionamento

humano, o perfil dos alunos e sua capacidade de se adaptar aos esquemas da

escola. Assim, na própria relação entre professores e alunos habitam motivos para

a indisciplina, e as formas de intervenção disciplinar que os professores praticam

podem reforçar ou mesmo gerar modos de indisciplina.

É necessário também clarificar as relações e distinções entre a indisciplina

escolar e outros fenômenos sociais que perpassam a escola, tais como a violência.

Assumir que violência social e indisciplina sejam sinônimos implica estreitar

demasiadamente a compreensão das especificidades destes dois fenômenos. Se

de um lado a violência está entre as causas da indisciplina, ela não é capaz de

explicá-la totalmente. Se focalizarmos nossa atenção apenas no problema da

violência social, estaremos perdendo de vista um fenômeno complexo, que

apresenta uma singularidade própria dentro da escola. Esta, aliás, não é a

instituição pública particularmente responsável por lidar com a violência social,

embora padeça deste mal.

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É necessário, ainda, superar a noção de indisciplina que a toma apenas

como uma questão de comportamento. Se a escola se preocupar somente em

resolver “problemas de comportamento” nunca chegará a ver a indisciplina

resolvida. O “bom comportamento” nem sempre é sinal de disciplina, pois pode

indicar apenas adaptação aos esquemas da escola, simples conformidade ou

mesmo apatia diante das circunstâncias.

Tendo clareza quanto à própria natureza da indisciplina, cabe às escolas

desenvolver uma política disciplinar institucional, que especifique estratégias de

prevenção e intervenção, tanto em nível da escola como um todo quanto em nível

de sala de aula em particular.

A indisciplina é, sem dúvida, perturbadora do ambiente escolar e um dos

grandes obstáculos ao processo de ensino/aprendizagem. Ela assume

hodiernamente várias naturezas: passa pela simples perturbação da aula com

barulho que dificulta o professor a dar a sua aula com normalidade e dificulta a

aprendizagem dos alunos, principalmente aqueles que têm um objetivo definido

com os estudos e assim não entendem a matéria com precisão; passa também

pelo atraso na chegada às aulas, pois é costume muito aluno chegarem atrasados

à aula, isto é, chegam alguns minutos após o toque do sino e encontram o

professor já dando aula e têm que pedir licença para entrar e acabam por desviar a

atenção dos outros alunos como também quebram o ritmo da aula; quando, dentro

da sala de aula alguns alunos começam a atirar papéis ou outros objetos aos

outros, tendo o agredido tem de chamar o professor para fazer parar o colega que

está a brincar dentro da sala de aula; às vezes quando o professor faz uma

pergunta à turma e alguns alunos respondem à questão em tom de brincadeira

provocando riso e perturbação; quando o aluno espera nota alta. Nos testes e

acaba por ter uma nota baixa e resolve rasgar o teste na sala frente ao professor e

aos outros colegas ou até mesmo o fato de alguns alunos, ultimamente, entrarem

na escola com arma branca ou de outro tipo e cujo objetivo é o de agredir os

professores ou os colegas. Na verdade, muitos outros exemplos podiam ser dados

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para ilustrar que a indisciplina constitui um dos grandes fatores que muito têm

contribuído para o insucesso do processo de ensino/aprendizagem dos alunos.

Como se depreende através do já exposto e, apesar da família e da

sociedade constituírem espaços privilegiados na educação dos alunos, digamos

que, a indisciplina é adquirida nesses espaços e muitas vezes na própria escola. O

espaço, por si só, não explica a indisciplina, pois a ele se devem associar outros

fatores que também são determinantes e importantes na explicação deste

fenômeno, tais como, o ambiente social, econômico e político onde estão inseridos,

a personalidade e a natureza biológica dos alunos.

A escola e os professores, na medida em que cumprem os seus papéis, têm

uma tarefa importante na transformação e mudança dos alunos de modo que, nem

aquela e nem estes, devem ficar indiferentes perante a situação de indisciplina dos

alunos. Algo deve ser feito pela escola e pelos professores para contornarem a

situação: a escola deve, sobretudo, criar condições materiais, humanas e

ambientais no sentido de proporcionar um clima de convivência agradável entre os

dois tipos de alunos anteriormente mencionados. A escola nunca deve pensar que

é impossível mudar ou transformar o aluno, pois caso pense assim, deixa de

cumprir a sua nobre função. Cabe a ela produzir mecanismos que apóiem os

alunos no sentido destes modificarem atitudes e comportamentos indesejáveis e

criar equipes preparadas para acompanhar e orientar os alunos durante todo o seu

percurso estudantil. Os professores devem, sobretudo, acreditar que têm uma

tarefa árdua ,mas, estimulante pois têm de ter a hombridade, conhecimento e

empatia suficientes para se dedicarem ao serviço da mudança dos alunos. A

transformação e mudança, no verdadeiro sentido do termo, não se fazem a curto

ou médio prazo, mas sim em longo prazo e, com persistência, tenacidade e

coragem. Mudança e transformação são tarefas árduas e difíceis, mas nunca

impossíveis.

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Tudo isso será possível, a partir do momento em que os professores passem

a usufruir de um salário compatível com a nobre tarefa que desempenham, pois,

enquanto continuarem a buscar empregos paralelos para complementarem o

mísero salário enquanto docentes, perdurarão nas escolas estes e outros

problemas. Por outro lado não podem fazer do salário tábua rasa, como se fosse o

único instrumento que justifica a insatisfação e desânimo para o emprego de

métodos que afinem os problemas indisciplinares , ou mesmo seja tratado como

único sujeito responsável pelas suas origens.

Portanto, os problemas da indisciplina estão dentro e fora da escola. Neste sentido

é necessário o envolvimento de todos os sujeitos, e que os mesmos se sintam

como responsáveis pela busca constante de inovações,criando, reinventando

medidas,posturas e ações, pois, a meu ver não existe uma fórmula pronta e

acabada.Cada escola , cada sala de aula de aula tem características próprias ,

portando os problemas indisciplinares devem ser tratados de modos

diferenciados.Dentro deste contexto, acredito que seja muito

interessante,desenvolver ações preventivas,para que não fiquemos quebrando a

cabeça buscando as origens e muito menos julgando ou condenando algum sujeito

como responsável pela indisciplina dentro e fora da escola.

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CAPÍTULO III

Responsáveis pela Indisciplina

Quando se fala em indisciplina, muitos são unânimes em afirmar que não

existe um único responsável, mas,todos envolvidos no processo educacional,

escola, família e sociedade. Na opinião de TIBA (1998, P.123), a escola não pode

abrir mão da sua responsabilidade quanto à disciplina que, realmente, é um

problema bastante complexo.

Sabemos que a indisciplina dos alunos tem a ver com o professor. Pois em

aulas que o aluno não se interessa ele conversa, se levanta, grita e muitas vezes

fazem coisas piores. Então o professor deve atrair a atenção dos alunos com

assuntos interessantes e ligados diretamente ao seu convívio em família. O

professor também deve impor limites e principalmente demonstrar respeito perante

os alunos, não rindo de qualquer coisa, conciliar conflitos em sala e antes de tudo

também demonstrar respeito para com os alunos. Porém, o respeito deve ser

mútuo. Pois, são vários os responsáveis pela indisciplina.

Só não se pode incorrer no preconceito de achar que os alunos são

indisciplinados por pertencerem às classes menos favorecidas. Quem dá aulas em

escolas particulares sabe o quanto à indisciplina dos “filhinhos de papai” é difícil de

resolver. Muitos acham que podem tudo por estar pagando. Alguns chegam a dizer

que o professor é seu “empregado”. O desleixo dos pais “endinheirados” é

terrivelmente prejudicial à formação desses alunos. Acham que basta dar dinheiro,

negligenciando a atenção, o carinho, o diálogo e o bom exemplo.

O consumo de drogas, como disse anteriormente é um problema

crescente,precisa ser constantemente trabalhado nas escola, o que também

contribui com a indisciplina. Entretanto, os alunos, de todas as classes sociais que

estão sujeitas a se envolverem neste mundo, estão se descobrindo, conhecendo

novos horizontes.buscando perspectivas diferenciadas daquelas propostas pelas

escolas e pelo trabalho do professor em sala de aulaMais uma vez, recorrendo a

VASCONCELOS :

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“É importante considerar que faz parte do

desenvolvimento dos alunos irem contra o professor e

a escola, desafiá-los. Escola e professor precisam

estar cientes de que os alunos estão num exercício de

diferenciação, buscando autonomia, e agindo de

forma explicita a situação, evitando revolta ou apatia, o

que é muito importante e revela

maturidade.”(199,p.75)

O que o conjunto da sociedade, em especial dos educadores deseja, é uma

disciplina ativa e consciente, marcada pelo respeito, responsabilidade, construção

do conhecimento, interação, participação, formação do caráter e da cidadania.

Em tempos de grandes mudanças, não é nada fácil para os pais e

educadores identificarem com clareza os limites saudáveis da verdadeira disciplina,

a arte do bem viver. Hoje vemos sérios problemas de violência, vandalismo, baixo

interesse e rendimento escolar, sucessivas migrações de alunos para escolas de

menor exigência programática, diminuição da qualidade de vida familiar, todos eles

intimamente relacionados com a indisciplina, o grande mal da educação moderna.

Muitas crianças estão bem criadas, porém mal educadas. Com dificuldades

de dizer não e serem identificados como autoritários, os pais se sufocam sob os

filhos folgados.

Tentando repetir o modelo autoritário de educação que aprenderam no

passado, os pais e professores perderam a noção da medida do limite e criaram

uma geração de prazer sem custos. A conseqüência direta da indisciplina

globalizada.

Para melhorar a educação, nos últimos anos, muitas medidas têm sido

tomadas, com a promoção automática, salas de apoio pedagógico, etc, e nem por

isso constata-se melhora no panorama disciplinar que, ao contrário, agrava-se,

pois, as maiorias das medidas tomadas não estão produzindo os efeitos desejados.

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O que ocorre é que, cada vez mais, segundo alguns autores, a escola está se

afastando das suas possíveis funções: transmitir saberes e socializar o aluno,

preparando-se para a cidadania.

É que no caso da socialização a tarefa não seria exclusiva da escola.

Associa-se a ela a família. Neste caso, a indisciplina reflete as condições das

relações familiares e sociais.

Parece que não estão sendo tomadas medidas adequadas, ou seja, mudam-

se regras e regimentos, enfatizando a punição, quando deveriam ser incentivadas

outras medidas, como fortalecer o corpo docente, instrumentalizando-o através de

cursos; estudos; capacitação constante e adequada. Além de medidas legais

coerentes, que não aprovem alunos sem condições.

O professor ou a classe de professores pode escorregar no equívoco

institucional e psicológico de que “tudo é culpa de um outro (dirigente ou poder

público) nada tenho ou nada temos a fazer, somos apenas vítimas.”Mais uma vez,

temos de nos lembrar que raríssimas mudanças ocorrem de cima para baixo.

“Esperar sentado” só piora as coisas. A resistência e a luta contínuas,

politicamente organizadas e criativas, é que podem mudar os atuais rumos da

Educação, nos planos nacionais e regionais.

Os professores têm que começar estas mudanças dentro da própria sala de

aula, e da escola, para isto, precisam trabalhar a afetividade do aluno e também a

sua, seu sentimento de realização ou frustração no trabalho. Pois nós, professores,

desejamos situar-nos no mundo (na escola, na sociedade) como sujeitos que

constroem e não apenas que “sofrem” sua própria história. Nosso bem estar afetivo

depende também, essencialmente, de nossas iniciativas, individuais e coletivas, de

nosso modo de resistir para transformar o mundo ( escola, família, sociedade) ao

qual pertencemos.

Os alunos e professores não podem ser vistos neste cenário como

únicos responsáveis pela indisciplina, mas toda a comunidade escolar. E neste

desafio o supervisor escolar deve assumir um papel extremamente importante,

por ser um dos profissionais de educação que estabelecem um contato mais direto

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com o trabalho docente, cabe ao supervisor escolar fomentar discussões sobre o

processo ensino-aprendizagem e a indisciplina escolar.

Dessa forma, cabe ao supervisor escolar analisar, em ação conjunta com

os professores, as contradições existentes entre o fazer pedagógico e a proposta

pedagógica da escola. Também é necessário que o mesmo demonstre,

fundamentado cientificamente, que quando se trata de indisciplina na escola as

ações voltadas para a prevenção desta são mais eficazes do que medidas

baseadas em mecanismos de intervenção, ou seja, é fundamental que se avance

para uma mentalidade preventiva quando o assunto é indisciplina escolar,

encarando esse fenômeno como previsível e deixando de vê-lo apenas no nível de

intervenção.

Enfim, quando as ações disciplinares estiverem alinhadas ao projeto

pedagógico da escola como resultado de uma construção coletiva baseada na

reflexão por parte da comunidade escolar, entre os quais encontram-se

professores e supervisores, certamente a prioridade recairá sobre a prevenção da

indisciplina escolar, reduzindo, com isso, situações de estresse e exaustão por

parte dos professores e demais membros que compõem a equipe pedagógica da

escola. Em situações contrárias a essa, ou seja, aquelas nas quais se prioriza a

prática de mecanismos intervencionistas, certamente os problemas relacionados à

indisciplina escolar tenderão a se repetir, a se aprofundar, tornando-se,

conseqüentemente crônicos.

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CAPÍTULO IV

A Supervisão Escolar no Contexto da Indisciplina

A Supervisão escolar foi praticada no Brasil por algum tempo em condições

que produziam o ofuscamento e não a elaboração da vontade do supervisor. O

objetivo pretendido com a supervisão escolar que foi introduzido , era o de uma

educação controlada, para uma sociedade controlada, um supervisor controlador e

também controlado.Era passado para os supervisores uma lição de autoritarismo,

que eles deveriam ser autoritários.Mas com as mudanças da sociedade , novas

posturas foram sendo exigidas destes especialistas em educação.No que diz

respeito a indisciplina, anteriormente o supervisor determinava ao professor, que o

mesmo deveria tomar sérias medidas , ser firme em suas decisões , não voltar

atrás em relação a medida tomada e que a indisciplina em sala de aula era

incompetência do professor regente.

Hoje o supervisor deve ter uma outra didática , em função dos novos

paradigmas que são atribuídos a sua função.e para que o mesmo seja visualizado

e necessário ser prestativo , buscar o diálogo , ser parceiro do professor e de todos

os seguimentos que compõem a comunidade escolar, ser ético , eficiente e eficaz

o supervisor precisa estar atento as mudanças , principalmente no que diz respeito

á indisciplina. Não basta controlar, é necessário participar ,não pode recriminar, é

importante aceitar e entender as diferenças dos alunos, dos professores e da

comunidade.O supervisor tem que ser um agente de transformação , sugerindo ,

buscando , orientando novas medidas para que a indisciplina não aconteça dentro

e fora da sala de aula.Como mediador ele será o elo de ligação para que o fazer

pedagógico aconteça em todos os momentos em diversos ambientes no universo

escolar.

Na Escola Municipal São Miguel e Municipal Professor José Teodoro Borges

ao observar o trabalho das supervisoras , pude perceber o quanto as mesmas se

envolvem com questões administrativas, não que isto esteja errado , o supervisor

deve e pode auxiliar, mas se o trabalho for concentrado nas questões

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pedagógicas , as ações ficarão mais fáceis de serem resolvidas, principalmente

as que envolvem medidas para sanarem a indisciplina em sala de aula.Não como

ditador de regras , mas como um elo capaz de fomentar , e interligar o debate a

cerca dessas questões no universo da escola, e com isto contribuir para uma

mudança de atitude dos educadores das escolas mencionadas. Sendo assim

espero que este trabalho possa ser um contribuo para os especialistas de modo

em geral, tendo em vista que é possível o supervisor ser um agente de mudanças

das pessoas que estão em sua volta , o que vai com certeza atingir toda a escola e

a comunidade escolar como um todo.

As pessoas e as instituições crescem, interrogam-se e interrogam suas

circunstâncias e com isso, muitas perguntas foram crescendo, aos poucos tornou-

se necessário que o supervisor integrasse à participação no debate educacional

que se estabelecia. O Supervisor educador foi se dando conta de que em relação à

indisciplina a verdade não estava pronta e depositada em suas mãos para que ele

à distribuísse, em fim, sua tarefa não era transmitir uma mensagem pronta e

acabada,mas reunir os educadores para que eles pudesse comemorar em conjunto

sua própria mensagem e com ela tentar mudar para melhor a vida de todas as

pessoas inclusive dos alunos e das salas de aula em relação a indisciplina.

Para que isto se torne realidade o Supervisor deve trabalhar de forma

coletiva, com todos da unidade escolar, professores, direção, etc. Propondo uma

análise consciente sobre o cotidiano escolar, principalmente no que diz respeito à

questão da indisciplina , uma vez que a mesma gera conflitos e prejudica o ensino

aprendizagem.Neste sentido é necessário também que o supervisor repense a

sua prática diária , e que o mesmo procure se atualizar e informar ,e que a sua

formação esteja voltada para atender as necessidades e aspirações da

comunidade escolar.Isto significa que a sua prática será coletiva , para atender

necessidades coletivas,consequentemente será mais fácil resolver os conflitos

indisciplinares.

O supervisor no contexto da indisciplina na sala de aula deve ter

constantemente em sua bagagem a concepção de que é importante estabelecer

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parcerias com o professor. Para Medina (1997), essa parceria entre professor e

supervisor leva ambos os profissionais a terem, politicamente, posições definidas,

dentro das quais avaliam seus próprios desempenhos profissionais na instituição

social, que é a escola. Para essa autora, dentro de uma sociedade capitalista, com

todas as suas contradições, “o supervisor atua como um “par de olhos” para

focalizar, com os professores, o contexto no qual trabalham, por que trabalham,

como trabalham e para quem trabalham” (1997:34).

O necessário envolvimento da supervisão com o processo de gestão escolar

representa outra forma de parceria importante para encontrar medidas cujos

objetivos sejam sanar questões relativas à indisciplina, o que caracteriza o

elemento administrativo do seu trabalho. Assim concebida, a gestão implica

desconcentração de poder e cria possibilidades de participação, adequadas a cada

situação, e o supervisor, por sua importante contribuição pedagógica, torna-se um

elemento fundamental nesse processo.

O elemento relacional também é abordado na medida em que a autora coloca

nas mãos da supervisão a responsabilidade pela criação de um clima cooperativo,

de respeito ao trabalho e às opiniões de todos, e receptivo às experiências do

cotidiano escolar. Esse clima criaria condições favoráveis ao desenvolvimento de

uma ação crítico - reflexiva junto aos professores, o que nos remete ao papel do

supervisor estimulador e sustentador do trabalho docente. O papel atribuído ao

supervisor por Medina (1997) é o de problematizado do desempenho do professor,

“o que significa assumir uma atitude de indagar, comparar, responder, opinar,

duvidar, questionar, apreciar e desnudar situações de ensino em geral e, em

especial, as da classe regida pelo professor.” Dessa forma, constrói-se uma

parceria político-pedagógica entre o supervisor e o professor, que contribui na

formação em serviço deste último, num movimento de formação continuada no

qual os saberes e os conhecimentos se confrontam. O que resulta desses

confrontos são referências que sustentam a ação prática do professor em sala de

aula. A ação problematiza dora também promove a integração desses dois

agentes educacionais com a comunidade na qual a escola se insere.

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Para que isto aconteça, entre tantas outras posturas, é necessário pesquisar

supervisão, ou seja, estar atento, estudar e rever suas práticas,buscando

compreender que para cada momento existe um fazer pedagógico diferenciado.

Isto significa conscientemente, examinar a prática que se desenvolve e ainda

investigar as situações que possam contribuir para o desenvolvimento qualitativo

da sua atuação.A partir do momento que o supervisor entender a dimensão da sua

importância ,ele irá sintonizar com o todo da escola,inclusive para ajudar a

resolver os problemas de indisciplina.

Não cabe mais, hoje, na realidade das escolas um supervisor que somente

preocupa em olhar diários, dar vistos em planejamentos e provas dos

docentes,muito mais do que isto, é necessário que o mesmo se expresse como

educador e especialista.Dele espera-se que aja como cimento possível da

passagem para a coletividade dos educadores daquelas iniciativas e realizações

que os pequenos grupos das escolas conseguirão produzir por seu apoio e

orientação. Do caos teórico-político-institucional com que hoje se debate o

supervisor, deverá emergir uma práxis essencialmente pedagógica na qual o ponto

obrigatório de referência constituir-se a de no encaminhamento das soluções

possíveis para as grandes questões do cotidiano do ensino

Uma dessas questões, que é a indisciplina em sala de aula, se não for

trabalhada, em conjunto com toda a comunidades escolar poderá prejudicar o

ensino e aprendizagem dos alunos.o supervisor poderá propor a criação e atuação

dos conselhos escolares,reuniões com pais , alunos e professores , orientar os

docentes a rever as práticas adotadas , sugerir projetos que resgatem a auto-

estima da comunidades escolar.Mas reafirmo que o supervisor não tem que cuidar

de todas essas ações sozinho , ele pode ser parceiro e mediador, até porque ele

não deve perder o foco da sua atenção voltada para o apoio ao trabalho do

professor.

Medina (1997), compartilhando o mesmo princípio, numa perspectiva de

análise mais voltada para a relação professor-supervisor, entende a supervisão

como ação (compreendida como um fazer coletivo envolvendo reação), pensada

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com base na prática cotidiana da escola. Afirma que “o trabalho do supervisor está

tramado na ação do professor”, portanto o trabalho do professor é que dá sentido

ao trabalho do supervisor. Alerta, no entanto, para que o trabalho do supervisor,

centrado na ação do professor, não seja confundido com assessoria ou consultoria,

por ser um trabalho que requer envolvimento e comprometimento. Dessa maneira,

sendo o objeto do trabalho do supervisor a produção do professor (e, em última

instância, do aluno) no ato de aprender e ensinar, o primeiro se afasta de uma

atuação linear, burocrática e hierarquizada, passando a contribuir para um

desempenho docente mais qualificado.

Apesar disso, Medina não deixa de apontar o objeto específico de trabalho .

Cada um desses atores educacionais, segundo a sua ótica:

Nesse processo, professor e supervisor têm seu

objeto próprio de trabalho: o primeiro, o que o aluno

produz; e o segundo, o que o professor produz. O

professor conhece e domina os conteúdos lógico-

sistematizados do processo de ensinar e aprender; o

supervisor possui um conhecimento abrangente a

respeito das atividades de quem ensina e das formas

de encaminhá-las, considerando as condições de

existência dos que aprendem (alunos). (...) No diálogo

do professor com o supervisor surgem à formas para

encaminhar o acompanhamento da aprendizagem dos

alunos. (MEDINA,1997)

A realização de todas essas atividades de articulação e integração entre

pessoas tão distintas em seus objetivos, sua formação, seus interesses e suas

possibilidades, como são os diversos professores,alunos com problemas

indisciplinares e famílias,indiscutivelmente exigem não somente uma função

específica na escola para viabilizá-las,como um profissional devidamente habilitado

e qualificado para esse fim.No entanto verifica-se a impossibilidade de o professor

sozinho ter o conhecimento e o controle de todas as variáveis que interferem em

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seu trabalho na sala de aula,principalmente no que se refere ao nosso objeto de

estudo que é a indisciplina.

Neste sentido a supervisão poderá contribuir decisivamente para o

reconhecimento de seu papel de articulador do projeto pedagógico de uma

coletividade, ou seja, o supervisor trabalhando em conjunto todos da comunidade

escolar (professores,alunos,diretores,pais, etc,), refletindo ,analisando,tendo uma

visão crítica, tanto da comunidades escolar, como da sociedade, buscando a

elaboração de uma nova visão de mundo,sendo solidário,reconhecendo o indivíduo

com a síntese de múltiplas determinações ajudando a construir a vontade coletiva

,o mesmo passa a ser peça importante no combate a indisciplina em sala de aula

Por último, espera-se que as reflexões aqui apresentadas sirvam de pretexto

para uma auto-análise por parte dos cursos de Pedagogia, neste momento de

mudanças, e por parte dos supervisores educacionais em ação nas escolas, de

modo que a educação brasileira possa contar com a atuação efetiva e competente

desse educador transformado e transformador, na luta pela formação de homens e

mulheres capazes de transformar este país.

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Capítulo V

Análise e Interpretação dos Dados

A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada junto a oito professores de

1ª à 4ª séries do ensino fundamental, dois especialistas em educação que atuam

no mesmo nível de ensino e quatro alunos da 4ª série do ensino fundamental, por

meio de questionário contendo seis perguntas abertas, onde puderam refletir sobre

o que é indisciplina na sala de aula, o que é disciplina, quais as principais causas

da indisciplina na sala de aula, quem é o responsável por ela e como resolver o

problema da indisciplina na sala de aula, para depois respondê-las.

O tempo de trabalho dos professores e especialistas no magistério varia de

doze a vinte anos. Já os alunos, sendo repetentes, estudam, em média, seis anos

na escola.

Na concepção dos alunos, professores e especialistas, quando indagados

sobre o que é indisciplina na sala de aula, estão presentes a idéia de que é um

comportamento não adequado para que haja aprendizagem, tais como brigas,

conversas fora de hora, não fazer tarefas na sala de aula, palavrões, desrespeito

ao professor e colegas, falta de interesse, brincadeiras, falta de participação,

desorganização de atitudes, bagunça, xingamentos e agressões físicas aos

colegas.

Este conjunto de dados demonstra que existe unanimidade entre eles ao

afirmar que, todos estes comportamentos e atitudes dos alunos é que geram a

indisciplina em sala de aula.

Apenas um especialista respondeu que indisciplina está relacionada com

rebeldia e aspectos emocionais referentes não só ao comportamento do aluno

como também do professor.

Ficou evidente também que existe unanimidade entre eles ao conceituar

“disciplina” como sendo todos os comportamentos contrários aos apresentados

pelos alunos citados na pergunta “indisciplina”, ou seja, disciplina é participar

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ativamente da aula, com respeito a si, ao outro e ao professor e ele aprende, ou

seja, relaciona disciplina com o sucesso do aluno no resultado da aprendizagem.

Na análise das respostas dos professores e especialistas com relação às

principais causas da indisciplina em sala de aula, todos eles responsabilizam em

primeiro lugar a família (ausência, desestruturação, pais separados...) e às

condições sócio-econômicas (desigualdade social, necessidade financeira...).

Em segundo lugar, quatro professores apontam como causa da indisciplina

em sala de aula o próprio professor (aulas mal planejadas, sem criatividade,

professores despreparados, sem compromisso....) e o aluno pela dificuldade de

aprendizagem (aluno aprovado sem aptidão, dificuldades para acompanhar a

turma, repetência...) e pela falta de limite.

Em terceiro lugar, aparece com três indicações a falta de interesse do aluno

como causa da indisciplina em sala de aula.

Outras idéias presentes, mas com apenas uma indicação cada, é o excesso

de energia do aluno, problemas emocionais e rótulos dados ao mesmo.

Ao analisar os dados apresentados pelos alunos, em suas respostas,

apontam como as principais causas da indisciplina em sala de aula, a conversa, a

bagunça, ser mal educado, desrespeito, o andar na sala e a falta de interesse dos

próprios alunos. Este conjunto de dados indica os comportamentos e atitudes deles

mesmos, como das principais causas que contribui para a indisciplina na sala de

aula.

Nas respostas dadas pelos especialistas e professores sobre quem é

responsável pela indisciplina na sala de aula, houve três indicações de que aluno e

professores dividem esta responsabilidade, que ambos devem repensar suas

atitudes e tentar melhorar para que haja melhor interação entre eles. Depende do

momento que cada um está vivendo, da situação problema de cada um.

Outra resposta que aparece também com três indicações é a de que não há

um responsável pela indisciplina,mas vários fatores que causam a mesma.

Responsabilizando todos os envolvidos no processo educacional: alunos,

professores, administração e estrutura da escola, a família, a sociedade, a forma

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do professor ministrar aula, o próprio sistema educacional brasileiro aprovando o

Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e não explicando como respeitá-lo

corretamente; e a própria criança que já trás para a escola a extensão do processo

de indisciplina em casa (falta de limite).

Já as respostas dos alunos mostram que, segundo eles, os responsáveis pela

indisciplina na sala de aula são os próprios alunos, porque são eles que fazem

bagunça (duas respostas). Mas o professor que não ensina direito e não avisa o

aluno para consertar o que fez de errado, também é responsável pela indisciplina

na sala de aula (duas respostas).

Quando perguntei sobre como resolver o problema da indisciplina na sala de

aula, observei que todas convergem para um mesmo ponto: é um trabalho que

deve ser feito em conjunto com todos envolvidos no âmbito educacional: diálogo

com professores, alunos, família, diretoria, supervisores, Secretaria de Educação,

órgãos públicos (assistência às famílias carentes).

Nas respostas apresentadas tanto por professores quanto especialistas, há

indicadores de que o professor tem contribuições a dar para resolver o problema

da indisciplina na sala de aula, no seu relacionamento com o aluno: aulas mais

dinâmicas e criativas, ter mais autoridade sobre o aluno; ensinar limite; valorizar a

diversidade dos alunos; levantar a auto-estima deles, mostrando que são

importantes e capazes de ser úteis como cidadãos; estabelecer relações de

confiança e respeito mútuo garantindo o convívio com condições igualitárias de

participação, ouvindo mais os alunos e ensinar cidadania. Apesar de estes

indicadores serem um de cada professor e especialista, consideramos relevante

para a pesquisa que seja registrada.

Outra idéia presente nas respostas dos professores, foi a indicação da

importância do diálogo e da participação de toda a comunidade escolar, família e

sociedade como forma de contribuição para minimizar o problema da indisciplina

na sala de aula, pois ela também começa aí.

As respostas dos alunos sobre esta questão mostraram que eles são

unânimes em afirmar que é necessária muita conversa com pais e alunos sobre o

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que fez e o que deve ser feito.A maioria dos alunos com problemas de indisciplina

fica com a imagem muito desgastada na escola e a relação com a equipe

pedagógica nem sempre é positiva.Recomenda-se investir na auto estima desses

alunos para que construam vínculos afetivos adequados e passem a acreditar na

própria mudança.

A reconstrução da disciplina exige da escola um projeto pedagógico .Não é

um trabalho somente do professor.Além disso, é preciso verificar de que maneira ,a

família pode participar desse processo,sendo necessário envolvê-la na busca pelo

bom comportamento do filho.

Pela análise dos dados conclui que se faz necessário, também, que a escola

tenha seus limites e códigos de conduta bastante claros, deixando evidentes,

também,as suas formas de sanção,ou seja, como trata cada situação de

indisciplina.É relevante por exemplo, diferenciar as sanções por gravidade e por

situações. Este fato me chamou a atenção ,porque pude perceber que geralmente

todos os alunos com problemas de indisciplinas ,são levados diretamente para a

sala da diretora escolar,que muitas das vezes se restringe em apenas chamar a

atenção e lavrar uma ata,e sempre com o mesmo discurso,que se o aluno repetir

os atos o mesmo será suspenso.

No início do trabalho acreditei que as causas da indisciplina na sala de aula

não se encontravam apenas nela, mas também sofrem a influência da família,

sociedade e de todo o contexto sócio-econômico. Isto foi confrontado com os

relatos a mim apresentados.Sendo assim é necessário o envolvimento de

todos,para que juntos encontrem soluções para resolverem a indisciplina na sala

de aula,que a meu ver é realmente o grande vilão que prejudica a aprendizagem

dos alunos e o seu desenvolvimento como pessoa .

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CONCLUSÃO

Neste estudo nos propus analisar a Indisciplina na sala de aula,

pesquisando sobre o conceito, a origem, os responsáveis por ela e como

minimizar o problema. A partir da pesquisa bibliográfica, foi possível analisar as

concepções teóricas sobre indisciplina e o olhar de alunos, professores e

especialistas de Nova Ponte.

Segundo os teóricos estudados, a Indisciplina é um fenômeno complexo,

multidimensional. Transporta consigo uma história de vida, de uma família ou da

falta dela, um percurso escolar feito de (in)sucessos, de uma integração social

melhor ou pior conseguida, em suma, uma trajetória de vida particular e coletiva.

Há, entretanto, autores que afirmam que a Indisciplina seja apenas

desentendimentos corriqueiros, ofensa aos professores e colegas, agressões

físicas entre alunos dentro e fora da sala. E também a falta de limites que não

são mais impostos pela família, a qual não tem mais controle sobre seus filhos e

a falta de respeito.

A origem da indisciplina não está apenas no aluno ou numa falha dos

métodos do Projeto Político Pedagógico da escola e nem do professor. Ela é

conseqüência de um tempo de mudanças ou de crises que ainda não foram

assimilados pelo aluno, pelo professor, pela escola, pela família e pela

sociedade. Portanto, concluímos que as causas da indisciplina estão dentro da

escola e fora dela.

Os teóricos afirmam também que quando a estrutura afetiva dos alunos está

estremecida, recorrem a indisciplina para se defenderem, trazendo negativos na

aprendizagem e no comportamento.

Outra visão presente é de que as crianças muito paparicadas não têm

limites para suas ações.

A indisciplina do aluno também tem a ver com o professor. Em aulas que o

aluno não tem interesse, ele conversa, levanta, grita.

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A família também tem sua parcela de responsabilidade pela indisciplina,

pois, tentando não repetir o modelo autoritário de educação que receberam, os

pais perderam a noção da medida do limite e criaram uma geração de prazer

sem custos.

Outros responsáveis são a liberações desmesuradas dos meios de

comunicação, a perdas de valores no mundo contemporâneo e o descuido

público.

Para minimizar o problema da Indisciplina na sala de aula os teóricos

apontam para o fortalecimento do corpo docente, instrumentalizando-o por meio

de cursos; estudos; capacitação constante e adequada.

Propõem que o professor deva fazer mudanças começando dentro da

própria sala de aula e da escola, para isto, precisa trabalhar a afetividade do

aluno e também a sua própria, pois, tomando iniciativas individuais e coletivas,

poderão transformar o mundo (escola, família e sociedade) ao qual pertencemos.

Para os especialistas, professores e alunos de Nova Ponte, a Indisciplina é

o comportamento não adequado para que haja aprendizagem, tais como brigas,

conversas fora de hora, não fazer na sala de aula, palavrões desrespeito ao

professor e colegas.

Segundo eles, a origem da Indisciplina está na família (ausência, separação

dos pais), condição sócio-econômicas, professores despreparados, alunos com

dificuldade de aprendizagem ou aprovados sem preparo e falta de limite dos

mesmos.

Apontam como responsáveis pela indisciplina, o aluno, o professor, a

administração, a estrutura da escola, a família e a sociedade. Salientam ainda

que deva haver mais interação e diálogo entre estes.

Para minimizar a Indisciplina, sugerem também, como os teóricos mais

preparo para os professores, maior autoridade e também levantar a auto-estima

destes, mostrando que são importantes e capazes de serem úteis como

cidadãos.

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Com base nos estudos feitos, observando as opiniões dos teóricos e dos

professores, especialistas e alunos de Nova Ponte, podemos perceber que a

Indisciplina é um problema enfrentado por vários professores e que atrapalha a

aprendizagem dos alunos na medida em que dificulta o trabalho pedagógico.

Sendo assim é necessário introduzir inovações educacionais que melhor

instrumentalizem alunos e professores. Assim, por exemplo, pode ser interessante

desenvolver, nos alunos, novas habilidades de estudo, bem como introduzir

estratégias de aprendizagem cooperativa – o que muito provavelmente vai requerer

um avanço na formação continuada, em serviço, dos professores. Além disso,

pode ser importante gerar modificações na atmosfera e na imagem da escola,

através, por exemplo, de atividades extracurriculares, envolvendo a comunidade

escolar como um todo, que ajudem a melhorar a estima pela escola e o valor desta

perante os estudantes. Será importante, também, estimular a valorização do

próprio papel da escola na vida dos estudantes. A escolarização hoje não está

mais associada a vantagens socioeconômicas efetivas para muitos alunos, e teria,

conseqüentemente, perdido parte de seu “valor”. Essa crise de significado

quanto ao papel da escola reflete uma crise social mais ampla de valores e deve

ser encarada sob este nível de complexidade.

Outra melhoria seria oferecer serviços especiais, tais como aconselhamento

e supervisão, sobretudo para aqueles alunos com problemas disciplinares mais

sérios e/ou crônicos. Finalmente, deve se enfatizar a necessidade de ampliar a

comunicação e o envolvimento dos pais nos processos decisórios da escola, como

elemento essencial à mudança que se deseja obter. A participação destes revela-

se um elemento crítico para melhorar a ordem nas escolas com problemas

disciplinares

Deve haver mais empenho por parte dos professores, buscando melhorar

seu trabalho pedagógico e conhecer melhor a realidade dos alunos buscando

diálogo com o aluno, a família, direção e supervisão da escola, enfim, todos

devem contribuir para amenizar o problema. Concluímos então, que o que está

por de traz da indisciplina são questões muito complexas, como contexto, sócio-

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político,familiar e afetivo. E que uma das iniciativas mais urgentes para minimizá-

las é o diálogo. Mas não um diálogo qualquer, mas aquele que valoriza as

iniciativas de abrir as escolas para maior participação dos alunos e dos pais, nas

discussões, planejamentos, avaliação e participação nas decisões.

E a partir deste diálogo, rever metodologias, as relações entre professor,

aluno, escola e destes com os pais (reuniões e conselhos) e com a sociedade.

As causas e origens da indisciplina estão dentro da sala de aula e fora dela.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARAÚJO, J.N.G. (2004). Os afetos e o fazer escolar. In: Veredas – Formação Superior

de Professores: Módulo 6 – Vol. 1. Belo Horizonte: SEE – MG: 125 a 154.

CARITA, A.; FERNANDES , G. Indisciplina na sala de aula: Como prevenir? Como

remediar? Lisboa: presença,1997.

ESTRELA, M. T. Relação pedagógica, disciplina e indisciplina na aula. 3. ed. Portugal:

Porto, 1992.

GARCIA, J. Indisciplina na escola. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba,

n.95, p.101-108, jan./abr.1999.

LAJONQUÉRE, Leandro. Para repensar as aprendizagem. De Piaget a Freud. Petrópolis: Vozes, 1996.

LA TAILLE, Y. de. (1996) A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino, J.

G.(1998). Indisciplina a escola : alternativas teóricas e práticas. São Paulo. Summus.

LA TORRE, Saturnino de.(1994). A criança, “sua” (in) disciplina e a psicanálise. 12. ed.

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TIBA, Içami. (1998). Disciplina,limite na medida certa. 48. ed. São Paulo.Gente.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. ( 1996). Os desafios da disciplina em sala de aula e

na escola. 7.ed.São Paulo. Libertad.

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ANEXOS

Escola Municipal Profº José Teodoro Borges

Escola Municipal São Miguel

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QUESTIONÁRIO

1) ESCOLA___________________________________________________________

A) Você é: ( ) Professora ( ) especialista ( ) aluno(a) B) Série em que estuda__________ leciona___________________ C) Tempo de trabalho no magistério _____________anos

2) O que você entende por disciplina? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Para você, o que é indisciplina em sala de aula? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Quais você acredita que sejam as principais causas da indisciplina em sala de aula? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Em sua opinião, quem é responsável pela indisciplina na sala de aula? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6) No seu entendimento, como resolver o problema da indisciplina na sala de aula?

_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Indisciplina na Sala de Aula

Autor: Gabriel Nazaré Fortunato

Data da entrega:

Avaliado por: Prof. Antônio Fernando Vieira Ney

Conceito: