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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A aprendizagem no cérebro adolescente sob uma perspectiva neurocientífica e vivência na sala de aula Beatriz Silva Sobreira de Souza ORIENTADOR: Prof a Marta Relvas Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A aprendizagem no cérebro adolescente sob uma perspectiva

neurocientífica e vivência na sala de aula

Beatriz Silva Sobreira de Souza

ORIENTADOR: Profa Marta Relvas

Rio de Janeiro 2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência aplicada à Pedagogia. Por: Beatriz Silva Sobreira de Souza

A aprendizagem no cérebro adolescente sob uma perspectiva

neurocientífica e vivenciada em sala de aula.

Rio de Janeiro 2017

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AGRADECIMENTOS

Aos meus professores e colegas que me

ajudaram a crescer.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais por terem me dado suporte

e incentivo para chegar cada vez mais longe.

Também dedico esta monografia ao meu melhor

amigo e companheiro Diego F. Gomes.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo explicitar a importância de considerar os aspectos

biológicos e emocionais ao planejar uma aula para adolescentes. Para tal fim,

serão apresentadas algumas nuances do sistema nervoso humano. Isso se faz

necessário para que se possa entender o funcionamento do encéfalo,

especialmente durante a adolescência, ou seja, o aspecto biológico. Depois, se

fará necessário falar de memória, uma vez que o aprendizado é uma memória

consolidada. E por fim, este trabalho também relacionará alguns exemplos do

cotidiano relacionados à aprendizagem e adolescentes.

Palavras-chave: cérebro adolescente, vínculo afetivo, ensino e aprendizagem.

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METODOLOGIA

Este trabalho é uma revisão bibliográfica dos conhecimentos teóricos

de Eric Kandel, Ivan Izquierdo, Marcus Lira Brandão, Marta Pires Relvas, Silvana

Regina de Melo, Suzana Herculano-Houzel, Roberto Lent entre outros

neurocientistas e psicólogos,como: Arthur W. Toga, Paul M. Thompson e

Elizabeth R. Sowell em Mapping Brain Maturation, Sarah-Jayne Blakemore e

Suparna Choudhury em Development of the adolescente brain: implications for

executive function e social cognition Jordana Konrad em Aprendizado de Língua

Estrangeira durante a pré-adolescência e a (des)motivação a partir das

contribuições das neurociências.

A leitura desses pesquisadores, e outros citados na bibliografia, em

artigos online possibilitou a análise de caminhos para o aprendizado

neurobiologicamente eficazes em alunos entre 12 e 18 anos. Considerando esse

o período denominado adolescência segundo o Estatuto da Criança e do

Adolescente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE NEUROANATOMIA E

NEUROFISIOLOGIA PARA COMPREENDER O ENCÉFALO ADOLESCENTE

10

CAPÍTULO II

A TRANSFORMAÇÃO TEMPORAL DO ENCÉFALO: DA INFÂNCIA À

ADOLESCÊNCIA 22

CAPÍTULO III

MEMÓRIAS MEMORÁVEIS NOS ADOLESCENTES 32

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45

WEBGRAFIA 47

ÍNDICE 49

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INTRODUÇÃO

As palavras “chato”, “preguiça” e “desinteresse” (e geralmente seus

sinônimos) frequentemente vêm à mente dos adultos quando o assunto é

adolescência. Isso também acontece frequentemente na cabeça de muitos

professores. São raríssimos os professores que conheci ou convivo que dizem

ter prazer em ensinar adolescentes.

Por esse motivo, escolhi escrever a luz do seguinte problema: Como

alcançar o aluno adolescente para que o mesmo aprenda durante as aulas.

Uma vez que, segundo minhas observações, o que mais desestimula um

professor a ensinar é ver que seus esforços não estão sendo eficazes devido

ao desinteresse do aluno.

Consequentemente, essa monografia argumentará sobre a eficiência

de utilizar os sentidos humanos e conectar emocionalmente o adolescente com

a atividade pedagógica para facilitar o seu aprendizado, uma vez que emoção

e aprendizado (memória) estão intrinsicamente ligados.

Portanto, debater este assunto é necessário, pois existem muitos

professores que não acreditam, e consequentemente não aderem às práticas

que surgiram após suas formações. Esses profissionais limitam-se a copiar a

maneira em que foram ensinados na escola. Sendo assim, quem perde são os

alunos, e principalmente o adolescente cujo cérebro não se empolga

facilmente, desse novo século. Afinal, como ressaltou Mário Sérgio Cortella, os

alunos não são mais os mesmos que antigamente. Por isso, cabe ao professor

se reinventar.

É necessário que o professor entenda o que está acontecendo

dentro do encéfalo adolescente para que o mesmo possa planejar suas aulas

de modo que alcance a maioria de seus alunos.

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Os principais objetivos desta monografia são compreender o

funcionamento das estruturas cerebrais ligada à memória no período da

adolescência e o funcionamento do sistema límbico também nesse período.

Para alcançar esse primeiro objetivo o primeiro capítulo apresentará

brevemente as células que compõem o sistema nervoso humano, suas demais

estruturas e o conceito de plasticidade cerebral. Ressalto que o foco deste

trabalho será nas áreas e estruturas cerebrais responsáveis pela memória e

emoções. Sendo assim, o primeiro capítulo também explicitará o que é o

sistema límbico.

No segundo capítulo o assunto principal serão algumas diferenças

entre o encéfalo de crianças e o de adolescentes, enfatizando sempre o

desenvolvimento das áreas pertinentes ao aprendizado. Neste capítulo também

será exposto explicações biológicas para o comportamento típico adolescente

e como isso interfere em quesitos pedagógicos.

O segundo objetivo é apresentar as possibilidades de propiciar uma

aprendizagem significativa no aluno adolescente por meio de atividades que

utilizem o máximo de sentidos possíveis, como os sentidos visual, olfativo,

auditivo, tátil e gustativo. Atrelando essas possiblidades com outras que

mexam com o emocional do aluno adolescente.

A fim de concretizar esse objetivo, o terceiro e ultimo capítulo

apresentará os tipos de memória e abordará os caminhos neurais que os

estímulos recebidos pelo aluno fazem a fim de formar memórias. Nesse

capítulo também será exposto alguns pontos chaves para alcançar o

adolescente e propiciar um ambiente propício à aprendizagem. Esses pontos

chaves serão exemplificados com atividades pedagógicas aplicadas por mim

em sala de aula, como professora de língua inglesa.

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CAPÍTULO I

CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE

NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA PARA

COMPREENDER O ENCÉFALO ADOLESCENTE

O objetivo deste capítulo é apresentar os componentes do corpo

humano que estão ligados de alguma forma ao encéfalo. Sendo o estudo do

sistema nervoso muito extenso, neste capítulo encontram-se informações vitais

para o entendimento do funcionamento das partes do encéfalo responsáveis

pelo aprendizado, no período da adolescência, e também para entender por

onde os estímulos trafegam até chegar ao sistema nervoso central.

1.1. O que é o sistema nervoso?

Atribui-se o nome de “sistema nervoso” ao conjunto de estruturas

responsáveis por coordenar o funcionamento do organismo humano por inteiro.

Dessa forma, é possível dizer que o sistema nervoso possui quatro tipos de

funções: integradora, sensorial, motora e adaptativa.

Diz-se que esse sistema é “integrador” por coordenar o

funcionamento dos órgãos, “sensitivo” por reconhecer diversos estímulos,

“motor” por controlar contrações musculares e “adaptativo” por possuir a

capacidade de perceber alterações no ambiente interno do corpo e externo ao

mesmo. Uma vez detectadas essas alterações, o sistema nervoso trabalha

para reestabelecer o equilíbrio entre esses ambientes para que o organismo

humano trabalhe de forma eficiente e harmônica. Este fenômeno chama-se

homeostasia.

Segundo Silvana de Melo (2015) existem pelo menos três

classificações para o sistema nervoso: anatômica, funcional e embriológica.

Como já foi exposta a cima as funções do sistema nervoso como um todo, não

há necessidade de esmiuçar a sua classificação funcional; apesar de uma das

metas desse trabalho é esclarecer o funcionamento do sistema nervoso

relacionado a uma aprendizagem efetiva. Dessa forma, este estudo revisitará

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apenas a classificação anatômica para que seja possível compreender os

outros capítulos. Anatomicamente, o sistema nervoso divide-se em central e

periférico.

1.1.1. Sistema nervoso central.

Ainda segundo Melo (2015), o sistema nervoso central (SNC) é

formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. É relevante ressaltar que a

estrutura comumente chamada de “cérebro” não é a massa, em sua totalidade,

que se encontra dentro da caixa craniana, mas apenas uma parte do encéfalo.

Esse por sua fez é formado pelo cérebro (telencéfalo e diencéfalo), tronco

encefálico (mesencéfalo, bulbo e ponte) e cerebelo.

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/

O telencéfalo é dividido em hemisfério esquerdo e direito os quais

estão unidos por uma estrutura chamada corpo caloso cuja responsabilidade é

fazer a passagem de informações de um hemisfério para o outro.

A noção do que é o “córtex cerebral” também é importante. De

acordo com Marcus Lira Brandão:

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O córtex forma a superfície com circunvoluções do

cérebro em homens e animais superiores. Consiste

em camadas múltiplas de neurônios

interconectados de forma complexa. (BRANDÃO,

2004, p.13)

Por sua vez, o córtex divide-se em lobos, são eles: o frontal,

parietal, temporal, occipital e límbico. Torna-se fácil memorizar a localização de

cada um deles ao colocar sua mão em determinadas partes de sua cabeça

(dica passada pela professora Marta Relvas em uma de suas aulas sobre

neuroanatomia). Mais ou menos na parte da testa, encontra-se o lobo frontal,

mais ou menos no topo da cabeça encontra-se o lobo parietal, na parte de trás

da cabeça encontra-se o lobo occipital e bem acima das orelhas (sua mão

deverá estar deitada, e não em pé) encontra-se o lobo temporal. O lobo límbico

(ou lobo da ínsula) é único que não está na superfície, mas sim, localizado

internamente, perto do diencéfalo e mesencéfalo.

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/telencefalo/

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Cada lobo cerebral é responsável por funções distintas. Nos

próximos capítulos serão abordadas as estruturas encontradas nesses lobos

que participam do processamento e armazenamento de memórias e também

as que estão ligadas ao comportamento e emoções.

1.1.2. Sistema nervoso periférico (SNP)

O sistema nervoso periférico (SNP) é aquele encontrado fora da

caixa craniana e da coluna vertebral (que protege a medula espinhal). O

mesmo é formado por nervos (cordões que conectam o SNC aos órgãos

periféricos) que se conectam ao encéfalo (nervos cranianos) e à medula

espinhal (nervos espinhais), gânglios (grupamentos de corpo celular de

neurônios), terminações nervosas e receptores (cuja função é captar

informações do ambiente interno e externo e transformá-las em impulso

nervoso).

Fonte: http://neurocientifico.blogspot.com.br/2013/06/divisao-anatomica-do-sistema-nervoso.html

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1.2. Células Nervosas

Tanto o SNC quanto o SNP são cobertos pelo tecido nervoso que

por sua vez é composto por células nervosas chamadas neurônios e

neuróglias. Assim como sistema nervoso, existem classificações morfológicas e

funcionais para esses dois tipos de células, todavia, somente algumas delas

serão destacadas por sua relevância a este trabalho.

1.2.1. Neurônios Segundo Roberto Lent (2002) neurônio é “a principal unidade

sinalizadora do sistema nervoso e exerce as suas funções com a participação

dos gliócitos”.

Segundo Brandão (2004), existem duas diferenças entre os

neurônios e outras células do corpo. A primeira diferença é a capacidade dos

neurônios de mandar sinais bioelétricos por longas distâncias sem perder sua

força, enquanto que a segunda é a sua conexão com outras células nervosas,

células musculas e glandulares.

As informações processadas pelos neurônios, vindas de dentro ou

de fora do corpo (estímulos), resultam em uma resposta adequada visando o

bom funcionamento do organismo. E são esses estímulos que geram impulsos

nervosos que passam para outros neurônios, glândulas ou músculos.

O processo denominado “impulso nervoso” é quando h á

polarização da membrana de um neurônio (carga negativa no interior da

membrana e carga positiva no exterior da mesma porque o neurônio está em

repouso) é revertida (chamado de potencial de ação) e se propaga através da

membrana como uma corrente. Depois que essa "corrente" passa

despolarizando a membrana, a membrana retorna ao seu estado original, ou

seja, volta a ficar polarizada (carga negativa no interior da célula) podendo

assim ser estimulada novamente. Essa despolarização e repolarização são

provocadas por íons de cálcio e potássio.

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Parece irrelevante destacar esse fenômeno, entretanto, sem o

potencial de ação não há aprendizagem uma vez que é ele que gera as

sinapses químicas e sem sinapses não há aprendizagem.

1.2.2. Composição geral dos neurônios

Os neurônios não possuem uma única forma e nem tamanho,

porém possuem componentes gerais em sua estrutura, são eles: dendritos,

axônio e corpo celular. Em Neuroanatomia: Pintar para aprender encontram-se

as definições de cada um desses componentes que estão a seguir.

Os dendritos são finos prolongamentos, geralmente no formato de

galhos de árvore, encontrados nas exterminados do neurônio. Eles são

responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para fora de neurônios pré-

sinápticos e para dentro de neurônios pós- sinápticos.

O axônio é a região onde passam os impulsos elétricos que vão

para outro neurônio. Existem neurônios com axônios longos, curtos

(revestidos ou não por mielina) e uns até sem axônios (células amácrinas).

Por último, o corpo celular é a parte mais volumosa do neurônio.

Nele encontramos o núcleo e várias estruturas citoplasmáticas; sendo assim,

é o corpo celular que é responsável pelo metabolismo do neurônio. É

também o principal local da produção de proteínas (incluindo os

neurotransmissores). O conjunto de corpos celulares é que atribui a

coloração acinzentada de algumas partes do encéfalo, denominada de

massa, matéria ou substância cinza.

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Fonte: http://www.sogab.com.br/anatomia/sistemanervosojonas.htm

1.2.3. Funções dos neurônios

Em termos funcionais, existem os neurônios sensitivos (ou

aferentes), motores (ou eferentes) e interneurônios (de associação). Eric

Kandel, em Em busca da memória (2009), relata que foi o anatomista Santiago

Ramón y Cajal que descobriu que os neurônios possuem funções distintas.

Os sensitivos são localizados na pele e em outros órgãos sensoriais

e são responsáveis por levar os estímulos do meio ambiente de origem

sensorial, como por exemplo, luz e som, para o SNC.

Os motores levam as informações do SNC, através de seus

prolongamentos, para glândulas e músculos (SNP).

Por fim, os interneurônios fazem a conexão entre esses dois tipos

de neurônios.

1.2.4. Sinapses

Segundo Silvana de Melo (2015), sinapse é “o local de comunicação

entre neurônios ou entre neurônios e outras células”. E ela ainda destaca o

quanto as redes neuronais são complexas dizendo: “cada neurônio tem

capacidade de fazer 60 mil sinapses. Cada sinapse pode receber até 100 mil

impulsos por segundo”.

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De acordo com os elementos participantes na sinapse, é atribuído

um nome diferente. Por exemplo, se a comunicação entre os neurônios

acontece devido ao contato do axônio de um e os dendritos de outro, acontece

a sinapse axodendrítica, se o contato é entre dois axônios é a sinapse

axoaxônica e etc. Entretanto esse distinção não é relevante para esse trabalho

e nem o conhecimento aprofundado das sinapses elétricas. O que é mais

relevante para a interpretação aqui feita é o conhecimento das sinapses

químicas.

A sinapse química ocorre quando neurotransmissores (substâncias

químicas) são liberados, dentro de vesículas, pelo neurônio pré-sináptico na

fenda sináptica (espaço entre os neurônios que estão se comunicando) e se

acoplam nos receptores do outro neurônio (pós-sináptico).

Dependendo do resultado que o neurotransmissor cause no

neurônio em que ele se acoplou, classifica-se a sinapse química em excitatória

ou inibitória. Sendo que a excitatória faz com que o impulso elétrico passe

adiante no neurônio pós-sináptico. Enquanto que sinapse inibitória coíbe esse

disparo.

1.2.5. Neurotransmissores

“Neurotransmissor” é o nome atribuído a um dos quatro tipos de

transmissores sinápticos, pois sua classificação depende de como esses

transmissores sinápticos agirão na célula-alvo. Para Brandão (2004), a

identificação de um neurotransmissor “baseia-se fundamentalmente na

demonstração de que uma substância contida em um neurônio é liberada por

aquele neurônio para transmitir informação para seu alvo pós-sináptico”.

Segundo Brandão (2004), os principais neurotransmissores são:

Acetilcolina, Aminas Biogênicas (Adrenalina, Serotonina, Noradrenalina e

Dopamina), Aminoácidos (principais: Glutamato e GABA) e Neuropeptídios.

Concentrações desses neurotransmissores são encontradas em diversas

partes do encéfalo. A pouca produção dos mesmos podem gerar doenças,

como o Alzheimer ou transtornos, como o TDAH.

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Os neurotransmissores são fundamentais para a aprendizagem por

diversos fatores. Primeiramente, são eles que transmitem informações entre os

neurônios. Em segundo lugar, eles provocam reações inibitórias (impedindo a

passagem dos impulsos elétricos) ou excitatórias (aumentando a

permeabilidade e permitindo que substâncias chequem à membrana) nos

neurônios pós-sinápticos. Dependendo do tipo e da quantidade de

neurotransmissor que estiver circulando no cérebro, um estudante pode obter

um aproveitamento e comportamento satisfatório ou insatisfatório.

Os neurotransmissores que evidentemente interferem no processo

de aprendizagem e no comportamento humano são a Acetilcolina,

Noradrenalina, Serotonina, Dopamina, Glutamato e Encefalinas e Endorfinas.

A acetilcolina regula as atividades cerebrais relacionadas à

memória, aprendizagem e atenção. A noradrenalina excita o indivíduo

mentalmente e fisicamente e induz o bom humor. A serotonina é conhecida

como o neurotransmissor do “bem-estar”. A Dopamina controla várias partes

motoras do cérebro. O glutamato é fundamental para estabelecer o vínculo

entre os neurônios por ser o principal neurotransmissor excitante do cérebro

(já o GABA é o principal neurotransmissor inibidor). E por último, as

Encefalinas e Enforfinas controlam os níveis de estresse.

1.2.6. Neuróglias.

Ainda no livro citado acima de Silvana de Melo encontra-se que as

neuróglias (ou células da glia) também são células nervosas, porém menores,

localizadas externamente ao neurônio.

Essas células são responsáveis pela cor esbranquiçada do cérebro,

parte chamada de massa, matéria ou substância branca. Marta Relvas (2009)

destaca: “A coloração acinzentada é produzida pela agregação de milhares de

corpos celulares, enquanto branca é a cor da mielina”.

As neuróglias são responsáveis pela sustentação, nutrição,

processamento de informação, defesa e controle do metabolismo do neurônio.

Ao contrário dos neurônios, as neuróglias não geram sinais elétricos e se

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multiplicam ao decorrer da vida. Sem as células da glia, os neurônios não

funcionariam.

Não diferente dos neurônios, as células da glia também apresentam

nomenclaturas diferentes de acordo com seu aspecto ou função, a saber:

macróglias (subdividida em astrócitos e oligodendrócitos), micróglias e as

células ependimária. Por exemplo, Relvas (2009) destaca que as células de

Schwann são um tipo de célula glia cuja função é produzir uma sustância

gordurosa chamada “mielina”; que por sua vez envolve os axônios de alguns

neurônios com essa substância (formando a bainha de mielina) permitindo que

os impulsos elétricos passem corretamente pelo axônio, evitando assim a

dispersão de informações.

1.3. Sistema Límbico

De acordo com Lent (2002), denomina-se sistema límbico o conjunto

de regiões neurais responsáveis pelas emoções, as quais estão geralmente

localizadas em áreas corticais e subcorticais no meio do encéfalo, porém

também há outras que não estão nessa parte medial.

As estruturais comumente classificadas como parte desse sistema

são: giro do cíngulo, ístimo do giro do cíngulo, giro parahipocampal,

hipocampo, hipotálamo, núcleos anteriores do tálamo, epitálamo, área septal,

amigdalas cerebrais e algumas partes do tronco encefálico.

É indispensável a apresentação desse sistema neste trabalho uma

vez que, como destaca Lent (2002), as emoções humanas podem resultar em

sentimentos positivos ou negativos, que liberará substância químicas no

encéfalo e que resultará em um comportamento.

Ou seja, uma vez que um adolescente se encontra numa sala de

aula, o professor será responsável por trazer a tona emoções que trarão

sentimentos para a superfície, que por sua vez, serão manifestados com ações

físicas em consequência de substâncias que estão sendo liberadas no sistema

nervoso central daquele aluno. Nas palavras de Brandão (2004): “[...] a emoção

seria a consequência de um comportamento motivado, quer tenha ou não

cumprido a sua finalidade”.

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Também é essencial explicitar, sem aprofundamento, a diferença

entre emoção e sentimento para que as observações de Lent apresentadas

acima fiquem claras. Em uma entrevista para a revista Galileu em 2013, o

neurocientista António Damásio explica que emoção é uma reação biológica,

ou seja, algo incontrolável inerente ao corpo que pode ser verificada através de

testes. Enquanto que o sentimento é “a experiência mental daquilo que está se

passando no corpo”, ou seja, é um processo psicológico, subjetivo que

depende da interpretação de cada indivíduo.

Lent (2002) exemplifica uma emoção negativa, como a raiva,

dizendo que é verificável que os batimentos cardíacos e respiração aceleram

quando um indivíduo tem uma emoção desse tipo.

1.4. Plasticidade Cerebral

Segundo Brandão, a plasticidade cerebral define-se como:

Modificações que ocorrem no sistema nervoso central dos

organismos com o fim de adequá-los às novas exigências impostas

pelo meio, seja no nível funcional através do aumento da eficiência

da transmissão sináptica, seja no nível estrutural através do

crescimento neuronal. (BRANDÃO, 2014, p. 207)

Lent (2002) diz que existem vários tipos de plasticidade e é de

acordo com a intensidade de estímulos externos que os neurônios modificam-

se. Por exemplo, se uma pessoa sofre uma lesão no encéfalo, a adaptação

acontecerá de uma maneira. Se essa pessoa passa por uma experiência que

afeta extremamente o seu emocional, a mudança neuronal será diferente da

primeira e caso, essa pessoa receba uma informação que não haja

envolvimento emocional, novamente, a adaptação dos neurônios será

diferente. Ou seja, toda vez que o ser humano passa por uma experiência

nova, o cérebro modifica-se.

Admite-se que essa capacidade de adaptação cerebral é maior nos

anos iniciais de desenvolvimento cerebral, porém, ela não para de acontecer já

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que o ser humano está em constante aprendizado. Nas palavras do Marcus

Brandão (2004): “a plasticidade é uma resposta adaptativa do cérebro frente às

necessidades impostas pela vida de relação”.

Sendo assim, não é correto pensar em plasticidade cerebral em

processos de reestruturação decorrentes somente a lesões, como por exemplo,

quando há lesões em um dos hemisférios cerebrais e depois de um tempo, o

outro hemisfério passa a apresentar funções antes processadas pelo

hemisfério danificado. Mas também pensar que essas “modificações que

ocorrem no SNC” partem desde a menor interferência no cérebro humano.

Como os valores passados pela escola, família e até por um programa de

televisão. Ou seja, todas as informações que chegam ao cérebro fazem com

que ele mude de alguma forma.

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CAPÍTULO II

A TRANSFORMAÇÃO TEMPORAL DO ENCÉFALO: DA

INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA

É inegável que as partes contidas dentro da caixa craniana sofrem

modificações estruturais e funcionais em certas fases da vida humana; assim

como todo o corpo humano. Este capítulo apresentará algumas dessas

mudanças que agirão indireta ou diretamente com o processo de aquisição de

memórias; ou seja, com o aprendizado.

2.1. Anos iniciais do desenvolvimento cerebral

2.1.1. Células nervosas

No artigo intitulado Mapping Brain Maturation (Mapeando a

Maturação Cerebral, em tradução livre), Arthur W. Toga, Paul M. Thompson e

Elizabeth R. Sowell (2006) destacam que não só uma boa gestação é

necessária para o bom desenvolvimento cerebral, mas também os estímulos

recebidos pelo indivíduo após o nascimento. Esses autores (2006) acreditam

que os primeiros vinte anos de vida são os mais importantes em termos de

desenvolvimento cerebral.

Eles também expõem que um ser humano nasce com cerca de 100

milhões de neurônios, porém sua massa cerebral ainda crescerá

significativamente sendo moldada por caracteres genéticos e interação com o

mundo.

Não se pode pensar que a massa cerebral aumenta porque os

neurônios se multiplicam, pois o cérebro humano já nasce com a quantidade de

neurônios para a vida toda. Entretanto, com o passar do tempo, alguns

neurônios morrem, processo natural chamado de “poda sináptica” (essa poda

acontece em regiões diferentes do cérebro em tempos diferentes). Os autores

citados acima dizem que esse processo ajuda na eficiência das sinapses.

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Suzanna Herculano-Houzel (2005) defende que nos primeiros anos

de vida do ser humano o número de sinapses realizadas chega a ser duas

vezes maior do que as que acontecem em um cérebro adulto com a mesma

quantidade de neurônios. Entretanto, essa “exuberância sináptica”, que atinge

o seu auge aos 12 meses, é vista como sinal de imaturidade. E assim como

Arthur W. Toga, Paul M. Thompson e Elizabeth R. Sowell (2006), a autora

também destaca que esse excesso de sinapses atrapalha a eficácia das trocas

sinápticas e que o processo de poda é como se fosse um processo de

lapidação de uma jóia rara.

Admite-se que na infância a potencialidade de aprender qualquer

coisa é maior uma vez que o cérebro da criança ainda não sofreu este

processo de lapidação. Essa exuberância sináptica é benéfica nos primeiros

antes de vida, pois ela está atrelada a novas possibilidades cognitivas. De

acordo com Herculano-Houzel:

É como se o cérebro fosse um bloco de mármore

que vai sendo esculpido de acordo com a vida de

cada um, que dita quais sobras remover, até que

uma bela estrutura emerge, muito mais bonita e

significativa que o bloco origina, bruto.

((HERCULANO-HOUZEL, 2005, p. 67).

Jordana Konrad (2014) ainda destaca a fala dos autores Cosenza e

Guerra (2011) que ratificam que o cérebro de uma criança é mais plástico do

que de um adulto por ser capaz de fazer e desfazer conexões entre os

neurônios com mais facilidade devido às interações com os ambientes externos

e internos. Entretanto, como visto anteriormente, não é possível concluir que

essa plasticidade deixa de existir com o passar dos anos.

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2.2. O encéfalo adolescente

Por causa da reestruturação do cérebro e do papel

direcionador das experiências vividas, a

adolescência, tanto quanto a infância, é mais uma

fase quando o ambiente como um todo e os pais

em particular podem exercer uma grande influência

sobre os caminhos do cérebro em reestruturação

toma (HERCULANO-HOUZEL, 2005, p. 64-65)

2.2.1. Mudanças químicas e estruturais

Existe uma crença popular de que os adolescentes são seres

rebeldes e que mudam totalmente de comportamento ao atingir mais ou menos

os 12 anos de idade por causa da enxurrada de hormônios que passam a

produzir. Suzana Herculano-Houzel (2005) acredita que não se deve culpar os

hormônios por tudo.

O cérebro adolescente não só passa por uma mudança química

(como produção de hormônios e alteração no número de neurotransmissores)

como também por uma mudança estrutural. Como por exemplo, a alteração da

capacidade de trocas sinápticas entre os neurônios, o aumento ou diminuição

da massa encefálica e o amadurecimento dos lobos e seus componentes.

Uma mudança estrutural significativa e relevante para o este estudo

é a redução dos núcleos da base, apontado por Herculano-Houzel (2005). Ela

argumenta essa redução dificulta a realização de tarefas que promovam um

aprendizado motor. Estudiosos dizem que os núcleos da base atinjam o

tamanho definitivo aos 13 anos de idade. Por isso que a probabilidade de

encontrarmos um aluno que entrou em contato com uma língua estrangeira

nessa idade com um sotaque igual a de um nativo é baixa. Os movimentos do

sistema fonador também é um aprendizado motor.

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2.2.2. Sinapses durante a adolescência

Na adolescência, apesar da quantidade de matéria cinza estar em

declínio, acredita-se que não há comprometimento no desenvolvimento

cognitivo justamente por estar acontecendo o processo de poda sináptica.

Herculado-Houzel (2005) explica que as conexões sinápticas são eliminadas

por falta de uso, ou seja, se um ser humano não necessita mais de uma

determinada informação, a tendência é o cérebro limpar essa informação

desnecessária do seu arquivo. Entretanto, quando essas conexões são

reforçadas, por serem usadas constantemente, elas se tornam duradouras.

Em outras palavras, na adolescência, o encéfalo guarda apenas o

que acha necessário para o desenvolvimento do indivíduo, sendo essa seleção

feita de acordo com a interação do indivíduo com o mundo.

Essa poda sináptica é extremamente essencial para o

desenvolvimento e bom funcionamento cerebral. O adolescente começa a sair

da fase de imaturidade cerebral em diferentes regiões cerebrais aos poucos.

Sobre esse amadurecimento das estruturais cerebrais, Arthur W. Toga, Paul M.

Thompson e Elizabeth R. Sowell (2006) ressaltam a comprovação de que as

áreas sensório-motoras são as primeiras a amadurecer seguidas das áreas

responsáveis pela orientação espacial e linguagem (entre os 11 e 13 anos).

2.2.3. Aumento da massa branca e diminuição da massa cinza

Como já exposto no capítulo I, as neuróglias são capazes de se

multiplicar, por isso que o volume de massa branca só aumenta com o tempo.

Também já foi exposto que as neuróglias são responsáveis pela mielinização.

Como Sarah-Jayne Blakemore e Suparna Choudhury ressaltam em

seu artigo intitulado Development of the adolescente brain: implications for

executive function e social cognition, na adolescência, as camadas de mielina

espessam-se, especialmente no lobo frontal, evitando a dispersão dos sinais

elétricos. Sendo assim, a velocidade de transmissão das informações entre os

neurônios aumenta consideravelmente.

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Os autores de Mapping Brain Maturation (2006) ressaltam que testes

de ressonância magnética mostraram que crescimento da massa cinzenta

cerebral para de crescer exponencialmente aos 6-7 anos e começa a cair

durante a adolescência, porém a massa branca continua a crescer com o

decorrer dos anos.

Sarah-Jayne Blakemore e Suparna Choudhury ressaltam, também

após estudos com testes de ressonância magnética, que esse aumento da

massa branca no cérebro do adolescente acontece mais nas áreas dos lobos

frontal e parietal.

Herculano-Houzel (2005) reforça exatamente que esse

amadurecimento cerebral acontece de trás para frente, a partir das estruturas

encontradas no lobo occipital até chegar ao lobo frontal. O que encaixa

perfeitamente com a observação cotidiana de pais e professores acerca do

comportamento de um adolescente de 11-12 antes e outro no final da sua

adolescência, em torno dos 18 anos. Pois, segundo Jordana Konrad (2014),

lobo frontal é responsável pela flexibilidade mental, raciocínio sobre a

impulsividade, tomadas de decisão e motivação.

2.2.4. Modificações nas funções executivas.

De acordo com Luria (1966) e Shallice (1982), função executiva é

um termo usado para descrever a capacidade do ser humano de planejar e

controlar seus pensamentos e comportamento. Dentre as habilidades descritas

por função executiva estão a capacidade de tomar decisões, atenção seletiva,

memória de trabalho (ou de curto prazo) e inibição de resposta voluntária.

Como essas habilidades são encontradas na área do lobo frontal, e

o mesmo tem desenvolvimento tardio durante a adolescência, aquelas funções

também demoram a amadurecer.

Segundo os autores de Mapping Brain Maturation, após os 13 anos

áreas mais complexas do cérebro começam a amadurecer. São elas

responsáveis, por exemplo, pelas funções executivas e racionalidade. Sendo

que, a parte do lobo frontal é uma das últimas partes a amadurecer.

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Essas funções são extremamente necessárias na vida escolar,

portanto, quando o professor percebe que seu aluno não está evoluindo como

deveria no aperfeiçoamento dessas funções, pode ser sinal de algum

transtorno. Como por exemplo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade, discalculia, dislexia, autismo entre outros, como apontam os

autores do artigo intitulado Alterações das funções executivas em crianças e

adolescentes, escrito em 2010.

Outro fator que pode alterar as funções executivas, também nos

adolescentes, é a síndrome metabólica. De acordo com a Dra. Maria Helena C.

de Carvalho essa síndrome é reconhecida como “uma entidade complexa que

associa fatores de risco cardiovasculares bem estabelecidos, como hipertensão

arterial, hipercolesterolemia, e diabetes, entre outros, com a deposição central

de gordura e a resistência à insulina”.

Po Lai Yau, Mary Grace Castro, Adrian Tagani, Wai Hon Tsui e

Antonio Convit testaram 49 adolescentes com a síndrome metabólica e 62 sem

essa síndrome. Esses adolescentes tinham a mesma idade, situação

socioeconômica, gênero, ano escolar e etnia. Os testes foram: endócrinos,

neuropsicológicos e de ressonância magnética.

Esses autores, no artigo Obesity and Metabolic Syndrome and

Functional and Structural Brain Impairments in Adolescence, mostram os

resultados desses testes. Para este trabalho não é relevante citar os resultados

da avaliação endócrina.

Os resultados dos testes neuropsicológicos mostraram que os

adolescentes com essa síndrome obtiveram notas baixas em ortografia e

aritmética. Os mesmo também tiveram uma pontuação baixa no nível de

atenção e flexibilidade mental e apresentam um QI relativamente mais baixo.

Porém, nem a eficiência da memória nem a eficácia do controle psicomotor

foram afetados.

E na ressonância magnética, não foram encontradas diferenças

significativas no volume da parte da caixa craniana que abriga o cérebro e no

volume da região dorsolateral do córtex pré-frontal. Entretanto, os adolescentes

com a síndrome metabólica mostraram ter um volume menor na área

hipocampal e um maior volume de líquido cefalorraquidiano.

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2.2.5. Amadurecimento dos lobos cerebrais, amigdala e hipocampo.

Quando o ser humano sai da infância e entra na adolescência, foi

possível observar através de exames de imagem que seu encéfalo amadurece

de trás para frente, ou seja, começa pelo lobo occipital até chegar ao frontal.

De acordo com Lent (2002) o lobo occipital é onde se

encontram a grande maioria das funções relacionadas à visão. O lobo temporal

concentra as funções auditivas, alguns aspectos da visão, memória e

compreensão linguística. No lobo parietal encontram-se funções relacionadas a

reconhecimento espacial e sensibilidade corporal. E no lobo frontal, funções

motoras, expressões linguísticas, memória, e planejamento mental do

comportamento. Sarah J. Blakemore, em uma palestra ministrada em 2012,

explica que o lobo frontal também é responsável por funções cognitivas de alto

nível, como tomada de decisões, interação social e percepção de si mesmo.

A amigdala é uma estrutura que deve ser destacada nesse

estudo. Segundo Brandão (2004) a amigdala está situada no lobo temporal e

possui muitos núcleos (complexo amigdaloide). Cada núcleo é composto por

estrutura interna, conexões e neurotransmissores diferentes. Ele também

ressalta que muitos autores já reconhecem o papel da amigdala na

aprendizagem e na “memória de informações condicionadas aversivas”, ou

seja, situações consideradas ruins para o indivíduo.

Outra estrutura que se destaca de acordo com o objetivo desse

estudo é o hipocampo, localizado no lobo temporal, estrutura vital para o

processo de formação de memórias de longo prazo. Brandão (2004) diz que o

hipocampo é essencial para o reconhecimento de objetos, memória espacial e

para situações que requeiram a memória explícita, mas não a memória

implícita. O capítulo três apresentará mais detalhes sobre a conexão do

hipocampo com os tipos de memória.

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Fonte: https://sites.google.com/site/lacospsychelogos/sss/a-genetica-e-o-cerebro/o-sistema-nervoso-

central

Segundo Melo (2015), o lobo límbico coordena o

comportamento emocional do ser humano, algumas funções olfativas e a

memória. Ela também ressalta que não há consenso sobre as estruturas que

compõe o lobo límbico. Porém o giro paraterminal, giro do cíngulo, istmo do

giro cíngulo, giro para-hipocampal e unco são estruturas comumente

encontradas na literatura como parte desse lobo. O sistema límbico é

encontrado nesse lobo e, como visto no capítulo anterior, algumas estruturas

são compartilhadas com o lobo límbico.

A modificação do lobo frontal tem destaque na adolescência. O

fato dele ser o último a amadurecer, explica o comportamento do aluno no

início da adolescência. Blakemore (2012) destaca que esse amadurecimento

tardio e a grande sensibilidade do sistema de recompensa a correr riscos do

adolescente resultam no comportamento visto como irresponsável do

adolescente.

Na escola onde trabalho, é comum ouvir professores

reclamando do comportamento dos alunos do 6º ano (11-12 anos). Nessa

época, eles são a personificação do termo “sem-noção”. Levantam no meio da

explicação para falar com outro colega, gritam, não largam o celular e ainda

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fazem brincadeiras consideradas infantis, como esconder o material de um

colega. Tudo isso é explicado pela maturação tardia do córtex frontal.

No próximo capítulo, serão abordadas sugestões de atividades

pedagógicas para minimizar esse comportamento caótico nesse estágio do

desenvolvimento cerebral. Pois, segundo Blakemore (2012): “The environment,

including teaching, can and does shape the adolescent development brain”. [O

meio ambiente, incluindo o de ensino, pode e modifica, sim, o cérebro em

desenvolvimento do adolescente].

2.2.6. A busca pelo prazer na adolescência.

No cérebro humano, existe o chamado “circuito do prazer” ou

“sistema de recompensa”. Konrad (2014) destaca que ele é formado pelo

córtex pré-frontal, núcleos Accumbens e pela área tegmentar central. Esse

centro do prazer é localizado dentro do sistema límbico.

Segundo Konrad (2014) é devido ao amadurecimento tardio do

lobo frontal que o adolescente está sempre buscando por novidades e formas

diferentes de prazer.

Konrad (2014) e Herculano-Houzel (2005) chamam a atenção

para o fato de que o circuito do prazer do adolescente está sofrendo

transformações e uma dessas modificações é a significativa perda de

aproximadamente um terço dos receptores para a Dopamina. O prazer sentido

ao passar por uma experiência é proporcional ao nível de Dopamina que foi

jogado no cérebro. Quando mais prazer, mais Dopamina.

Dessa forma, o adolescente é dificilmente estimulado; ainda

mais se for por algo que ele fazia sempre quando criança. Pois o adolescente

já conhece aquela atividade e seus efeitos, portanto, aquela atividade não é

atraente para ele. Diferentemente de uma atividade nova a qual ele terá que

prever os resultados daquilo. A imaginação é uma forte aliada nesse momento.

Essa redução no número de receptores para uma substância

que proporciona bem-estar e prazer é, portanto, outra explicação para a busca

de experiências novas e cada vez mais perigosas. E consequentemente, como

é mais difícil atingir o sistema de recompensa do adolescente, ele acaba sendo

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rotulado como “preguiçoso”, pois poucas coisas provocam interesse, e como

resultado, fazem com que ele não faça nenhuma ação.

Herculano-Houzel (2005) ainda especula a possibilidade do

órgão vestibular, localizado no ouvido, está diretamente ligado com o sistema

de recompensa e não só possuir a função de proporcionar equilíbrio corporal.

O que explicaria o gosto por escutar música alta na adolescência. Como utilizar

isso a favor da aprendizagem formal/escolar está no próximo capítulo.

Outra consequência comportamental exposta pela autora é que

essa busca pelo novo acontece em todos os setores da vida do adolescente.

Ele passa a querer novos bens materiais, a querer conhecer pessoas novas

(por isso não quer mais passar tanto tempo com sua família), a adquirir

conhecimentos novos, devido aos novos interesses e até a buscar pelas

drogas. Ou seja, todo esse novo comportamento do adolescente, está

basicamente ligado à sua necessidade, e não vontade, de ativar o seu sistema

de recompensa que sofreu uma grande mudança.

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CAPÍTULO III

MEMÓRIAS MEMORÁVEIS NA ADOLESCÊNCIA

“Para aprender não basta só ouvir por fora, é necessário entender por dentro”.

- Padre Antônio Vieira

O principal objetivo desse capítulo é apresentar práticas

pedagógicas para potencializar o aprendizado do adolescente baseados nos

conhecimentos neurocientíficos aqui já abordados. Para tal fim, será

apresentada a interferência das emoções no processo de aprendizado, o

funcionamento de estruturais cerebrais relacionadas à memória e algumas

experiências pessoais como professora de língua inglesa.

3.1. Memória e aprendizagem.

É de extrema importância destacar o que Brandão diz em seu

livro “As bases biológicas do comportamento humano”:

Não é possível demostrar a localização isolada

de qualquer vestígio de memória em nenhuma

parte do sistema nervoso. Determinadas regiões

podem ser essenciais para a aprendizagem ou para

a retenção de uma atividade específica, mas o

engrama está representado em toda parte.

(BRANDÃO, 2004. p. 99)

Portanto, é errôneo dizer que apenas duas ou três estruturas

cerebrais são responsáveis pelo processamento e armazenamento da

memória. A memória humana é um mecanismo complexo e até hoje enigmático

e algumas nuances.

Kandel (2009) expõe em seu livro Em busca da memória que graças

aos estudos em cima do caso do paciente Henry Gustav Molaison (H.M.) da

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neuropsicóloga Brenda Milner que novas descobertas sobre o armazenamento

da memória foram feitas.

O paciente H.M. sofria graves crises epiléticas que o deixavam

inconsciente várias vezes por dia. Na tentativa de acabar com as convulsões,

foi realizada uma cirurgia na qual retiraram parte do seu lobo temporal,

incluindo o hipocampo. A partir desse dia, H.M. não era mais capaz de

converter memórias novas em memórias permanentes. Porém, não perdeu as

memórias antigas que tinha. Ou seja, o hipocampo faz parte do processo de

conversão de memórias de curto para longo prazo, mas não é o local onde se

armazenam memórias.

Outro aspecto é que o hipocampo não participa da memória

armazenada de forma implícita, pois H.M. foi capaz de melhorar o desenho de

uma estrela depois de certo tempo realizando a mesma atividade todo dia. Ou

seja, ele criou um tipo de memória de longo prazo que não depende do

hipocampo. Apesar dele nunca se lembrar de ter desenhado aquela estrela no

dia anterior.

Kandel (2009) diz que atualmente se acredita que a as memorias

armazenadas de forma explícita são armazenadas por toda a extensão do

córtex cerebral; na mesma área em que são processadas. Por exemplo, se o

estimulo é visual, ele será processado e armazenado na minha área córtex. Já

as memórias armazenadas de forma implícita, são armazenadas no cerebelo,

no estriado e na amigdala.

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Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=3340

Sendo assim, é essencial que o professor promova estímulos

diversos para que os mesmos trafeguem por redes neuronais diferentes e

cheguem a estruturas também distintas. Uma vez que não existe um único

local para o armazenamento de memórias.

Uma vez que as informações provenientes dos estímulos do

meio ambiente, que o ser humano recebe a todo momento, chegam ao

cérebro, Ivan Izquierdo (1989) esclarece que primeiro essas informações

passam por um selecionamento. Nem tudo a que o homem é exposto é

armazenado pelo seu cérebro. O cérebro seleciona aquilo que julga ser

importante. Essa seleção é a primeira etapa do processo de formação de

memórias. Ambos o hipocampo quanto à amigdala são responsáveis por fazer

essa seleção.

Em consequência desse processo de seleção natural, o

professor precisa mostrar ao seu aluno adolescente a relevância daquele

conteúdo a ser ensinado para a sua própria vida. Essa orientação pode ser

feita de forma clara, como fazendo perguntas para os seus alunos semelhantes

a: “Qual é a utilidade desse assunto?”. Caso contrário, o cérebro adolescente

achará que aquela informação não é importante para o mesmo e não a

selecionará.

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Outro ponto importante que Izquierdo (1989) menciona no seu

artigo é que memórias recentes são mais suscetíveis a modificações, pois elas

ainda não foram bem consolidadas no cérebro. Porém, uma vez consolidada é

difícil de ser alterada.

3.1.1. Tipos de memória.

Encontram-se dois tipos de classificação a cerca da memória. As

memórias explícitas e implícitas estão relacionadas com maneira do encéfalo

humano de adquirir e armazenar informações.

Já as nomenclaturas de memória de curto ou longo prazo estão

relacionadas com a duração da permanência dessas informações no córtex

cerebral. A saber:

• Memória explícita (ou declarativa): Segundo Paul Lombroso em seu

artigo Aprendizagem e Memória, esse tipo de memória de manifesta de

forma intencional através das palavras. Segundo Kandel (2009), esse

tipo de memória é capaz de recordar pessoas, eventos, lugares, fatos e

objetos e é dependente do funcionamento do hipocampo.

• Memória implícita (ou não-declarativa ou de procedimento). Segundo

Brandão (2004) esse tipo de memória é de aquisição lenta, por isso a

repetição é crucial para o seu estabelecimento. Depois de estabelecida,

esse tipo de memória se manifesta de forma inconsciente. Lombroso

(2004) exemplifica essa manifestação inconsciente com a memorização

de como andar de bicicleta. Já Kandel (2009) ressalta que esse tipo de

memória está ligado com o condicionamento clássico e exemplifica com

a fala, pois quando alguém se torna fluente em uma língua, essa pessoa

não pensa mais sobre onde posicionar o verbo, sujeito e outros

elementos da frase. Ou seja, a memória explícita se transformou em

implícita depois de muitas repetições fazendo com que as palavras

saiam de forma inconsciente. Outra observação, é que essa maneira de

armazenamento de informação é independente do hipocampo.

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• Memória de curto prazo (ou operacional ou de trabalho): Dura apenas o

necessário para que um problema seja resolvido. Pode durar minutos,

horas ou poucos dias. Utiliza-se esse tipo de memoria para memorizar

números de telefone, por exemplo, e para participar de uma conversa.

Kandel (2006) acredita que nesse tipo de memória, as sinapses sofrem

mudanças funcionais e que sem o hipocampo, não é possível

transformar esse tipo de memória em memória de longo prazo.

• Memória de longo prazo: Sua duração pode ser de meses ou anos.

Segundo Kandel (2009), neste tipo de memória, as sinapses sofrem

mudanças estruturais. De acordo com Izquierdo (1989), esse tipo de

memória demora a ser consolidada e pode sofrer interferências ao longo

desse processo, tais como lesões cerebrais, uso de drogas e até

formação de novas memórias.

3.2. Interferência emocional no processo da aprendizagem.

É impossível negar o grande papel que as emoções desempenham

no corpo humano. Já foram comprovadas que várias doenças são

desencadeadas por emoções, principalmente pelo estresse. As emoções não

poderiam deixar de interferir no funcionamento do organismo para alcançar o

aprendizado. Uma explicação possível sobre essa interferência é a

proximidade do hipocampo com as estruturas do sistema límbico, como mostra

a figura a seguir.

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Fonte: http://psicoemocoesbiologicas.blogspot.com.br/

Como ressalta Michael Gazzaniga (2009) em seu livro The

Cognitive Neurosciences: “Emotional stimuli are noticed more quickly and more

often than nonemotional ones and the processing of emotional information is

prioritized so that it can occur even when attentional resources are taxed”

[Estímulos emocionais são percebidos mais rapidamente e frequentemente do

que os que não são provenientes de emoções e o processamento de

informações emocionais é priorizado, para que ocorra até em situações em que

a atenção é dificultada].

Gazzaniga (2009) também expõe que o estímulo emocional também

faz com que a pessoa preste mais atenção no que está sendo exposto,

fazendo com que as informações trafeguem por vias estáveis de memória.

Outro ponto que não pode deixar de ser salientado é a relação da

amigdala com as áreas sensoriais; especialmente com aquelas que trazem

emoções negativas, como o medo. Segundo Vitória Machado (2011) em A

influência da memória no aprendizado, a amigdala é a “janela através da qual o

sistema límbico vê a posição da pessoa no mundo”, pois ela recebe diversos

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sinais neurais, provenientes de praticamente todo o córtex cerebral e em

especial das áreas de associação auditivas e visuais.

Gazzaniga (2009) destaca que em um experimento, pessoas com a

amigdala intacta foram capazes de lembrar mais de expressões faciais que

mostravam medo do que as que tinham expressões neutrais.

Isto quer dizer, em termos práticos educacionais, que se o professor

ofende de alguma forma o aluno (de qualquer idade), o mesmo provavelmente

nunca mais esquecerá aquela ofensa e, portanto, dificilmente terá uma emoção

positiva ao entrar na sala de aula com aquele professor. Dessa forma, o aluno

terá um aproveitamento muito baixo em sala de aula, pois seu corpo liberará

neurotransmissores e outras substâncias aversivas ao aprendizado.

3.3. Práticas pedagógicas

Brandão (2004) ressalta três fatores determinantes para a

aprendizagem: aquisição, armazenamento e evocação de informações.

Quando o adolescente estuda na véspera da prova, os

conhecimentos obtidos não passaram da memória de curto prazo, ou seja,

depois que ele “descarrega” tudo que ele decorou no dia da prova, ele não

sabe mais o que ele estudou. Por esse motivo que professores devem optar

por maneiras significativas de aprendizagem para que as informações

cheguem até a memória de longo prazo.

Brandão (2004) destaca que só se chega ao processo de

consolidação uma vez que determinada informação passou pelos caminhos

neuronais diversas vezes. Para isso, o aluno precisa estudar constantemente e

o professor precisar fazer momentos de revisão em todas as suas aulas. Ou

seja, esse processo nada mais é do que a transformação da memória explícita

em implícita e quem sabe da de curto para longo prazo. Pois só é possível

evocar uma informação quando ela é uma memória de longo prazo.

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3.3.1. Características gerais dos adolescentes

Antes de abordar possíveis soluções para potencializar a absorção

de conteúdo pelo cérebro adolescente, é necessário mencionar as

características em questão do adolescente a fim de aplicar técnicas

adequadas.

Segundo Konrad (2014), as características mais marcantes dos pré-

adolescentes, de 10 a 12 anos são: preocupação com sua identidade,

personalidade e sentido da vida; autoconfiança em formação, sonolência, tédio,

valorização dos grupos de amizade e habilidade com tecnologias (por se tratar

da geração Z). Características essas percebidas pela autora, mas que

perduram durante toda a adolescência em si. Nas palavras da autora:

À vista de tudo o que foi dito anteriormente, percebe-se que são várias as

mudanças que acontecem com o aluno adolescente e que diretamente

influenciam a organização da aula. Por isso há necessidade de compreendê-

los, caso contrário, corre-se o risco de não alcançar o objetivo principal

proposto pela escola, a aprendizagem significativa desse indivíduo

(KONRAD, 2014, p. 24)

3.3.2. O papel da motivação

Segundo Marta Relvas em uma coluna escrita para o site UOl neste

ano, 2016, “para que haja aprendizagem é fundamental que haja motivação”.

Pois uma vez motivado, o aluno se concentra mais em certa atividade fazendo

com o que foi aprendido vá para a memória. Relvas diz: “a motivação ajuda à

fixação da memória”.

Konrad (2014) destaca em seu artigo a motivação intrínseca e a

extrínseca. Sendo a primeira àquela motivação que parte do aluno e segunda

determinada por fatores externos. Por exemplo, considere dois alunos, o aluno

A que gosta do inglês e pediu para frequentar as aulas em um curso e o aluno

B que foi matriculado no curso contra sua vontade e que ganhará um presente

ao final do módulo caso seja aprovado. O aluno A possui a motivação

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intrínseca, vai ao curso por vontade própria e tem prazer naquilo, enquanto o

aluno B possui a extrínseca, o presente.

Porém, independente do tipo de motivação do aluno adolescente, é

inegável o papel da mesma na aprendizagem. Portanto, é essencial que o

professor conheça as preferências dos alunos “Bs” para que possa preparar

atividades que gerem interesse (o suficiente para ativar o circuito de

recompensa dos alunos) e os motivem. Nas palavras de Konrad (2014): “Pois

ele [o professor de língua estrangeira] deve instigar nos aprendizes o gosto por

aprender a língua e precisa ter como objetivo atingir a motivação intrínseca de

seus alunos para o aprendizado”.

Com base na característica da valorização dos grupos de amizade

do adolescente, preparar atividades em duplas ou em pequenos grupos ajuda a

motivar o aluno. Além disso, também trabalha aos poucos o medo de

exposição. Aos poucos o adolescente estará pronto para trabalhar em grupos

maiores ou fazer apresentações para a turma.

Já foi exposto no capítulo anterior que as emoções são um grande

agente determinante para o aprendizado. Portanto, é pertinente relembrar

neste capítulo que o professor em si, em conjunto com os recursos e

abordagem escolhidos para ministrar aquela aula, são estímulos que

desencadeiam emoções. Assim como Brandão (2004) ressalta: “No caso mais

simples a emoção se expressa por um ato motor, de natureza motivacional,

desencadeado por sensações provocadas por estímulos sensoriais do meio em

que se encontra o indivíduo”.

3.3.3. O papel da novidade na sala de aula.

Segundo Izquierdo (1989), é o hipocampo que identifica se uma

informação ou experiência é nova. Sendo novidade para o aluno, ele ativa

outras estruturas e acaba fazendo com que substâncias, como a endorfina,

sejam liberadas. Sem novidade o cérebro simplesmente não se interessa pela

situação. Ainda mais o encéfalo do adolescente cujo sistema de recompensa é

difícil de ser ativado, que como foi exposto anteriormente.

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Sendo assim, unindo a eficácia do hipocampo em participar do

processo de memorização e a motivação do aluno adolescente, obtém-se o

resultado de uma memória duradoura. Segundo Izquierdo:

As memórias adquiridas em estado de alerta e

com certa carga emocional ou afetiva são melhores

lembradas que as memórias de fatos inexpressivos

ou adquiridas em estado de sonolência. Os estados

de alerta, afetivos e emocionais se acompanham da

liberação de hormônios periféricos e

neurotransmissores centrais. Várias dessas

substâncias afetam a memoria. (IZQUIERDO, 1989,

p. 97)

Tendo comprovado a necessidade biológica do aluno adolescente

em buscar prazeres novos e em música alta, proponho as seguintes práticas

que podem ser feitas em uma aula de idiomas ou até adaptada para outras

disciplinas.

Em primeiro lugar, variar a forma de iniciar a aula é primordial. No

ensino de língua inglesa somos aconselhados a iniciar as aulas com um ice-

breaker (quebra de gelo) ou warmer (aquecimento). Sendo assim, baseado nos

conhecimento neurocientíficos aqui apresentados, é recomendável variar no

tipo desse aquecimento Se o professor começa sempre com uma citação para

que os alunos a comentem, ele observará que com o passar do tempo seus

alunos não participarão ou, no caso de um curso de inglês, chegarão atrasados

para a aula. Portanto, é vital que o professor ofereça também diferentes tipos

de jogos, utilize recursos visuais, auditivos, táteis e gustativos, se possível,

para motivar seus alunos.

A variação da atividade não só aumentará as chances de ativação

do sistema de recompensa do aluno, como também potencializará a obtenção

do conhecimento formando memórias de longo prazo, uma vez que seriam

explorados vários tipos de inteligência.

De acordo com o psicólogo cognitivista Howard Gardner em sua

Teoria das Inteligências Múltiplas, existem basicamente sete tipos de

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inteligências: lógico-matemática, sinestésica, linguística, intrapessoal,

interpessoal, musical e espacial. Letícia Strehl explicita em Teoria das Múltiplas

Inteligências de Howard Gardner: breve resenha e reflexões críticas o que são

cada uma dessas inteligências.

• Inteligência lógico-matemática: capacidade de utilizar números e usar a

lógica de forma eficiente;

• Inteligência sinestésica: facilidade em utilizar o corpo para expressão

própria e fazer trabalhos manuais;

• Inteligência linguística: habilidade em aspectos relacionados à linguagem

oral ou escrita;

• Inteligência intrapessoal: capacidade de se adaptar ao meio de acordo com

o conhecimento que tem sobre si mesmo;

• Inteligência interpessoal: capacidade em interagir com outras pessoas,

percebendo o humor, sentimentos, motivações, intenções e etc.;

• Inteligência musical: capacidade de distinguir e identificar timbres, ritmos e

tons, perceber e expressar formas musicais;

• Inteligência espacial: habilidade em perceber com detalhes o mundo visuo-

espacial e agir sobre ele e capacidade de representar graficamente ideias.

Sendo assim, com base no exemplo dado acima, o professor que

coloca a citação no quadro e pede para comentá-la está apenas favorecendo

os alunos com inteligência linguística. Para favorecer aqueles com inteligência

visuoespacial, poderia trabalhar em cima de fotos; ou em cima de música,

favorecendo a inteligência musical. Ou até pedir para que os alunos

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movimentem-se para jogar um jogo que utilize a lógica. Dessa forma, os alunos

cujas inteligências são sinestésica e lógico-matemática seriam beneficiados.

3.3.4. O papel da personalização.

Uma etapa crucial que é encontrada nos livros de inglês cujos

autores são adeptos do Método Comunicativo é a personalização. Geralmente

nos últimos exercícios de prática oral ou escrita é permitido que o aluno fale

sobre algo pessoal dentro do assunto ministrado. Essa técnica é um diferencial,

pois além de aumentar a probabilidade de seleção daquela memória pelo seu

cérebro, essa atividade também mexerá com o sistema límbico do adolescente,

pois o mesmo terá algum laço afetivo.

Além disso, o aluno adolescente poderá se sentir mais

motivado por estar falando de algo que tem algum significado para sua vida.

Dessa forma, ele também estará consolidando sua personalidade (uma vez

que poderá usar de ferramentas escolhidas por ele e não impostas pelo

professor) e trabalhando sua autoconfiança.

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CONCLUSÃO

Este presente trabalho possibilitou a reflexão a cerca do

comportamento do aluno adolescente a luz de conceitos neurocientíficos e

neuropsicológicos.

Saliento que a delimitação dos 12 aos 18 anos foi necessária por ser

o período em que os adolescentes se encontram na escola. Entretanto, o

organismo humano não é exato. Dessa forma, os momentos em que

acontecem as modificações típicas da adolescência podem ir até os 20 e

poucos anos. Momento que não é mais descrito como “adolescência” para o

Estatuto da Criança e do Adolescente.

Neste estudo foi possível ratificar que as ações humanas são

resultados vistos a olho nu de reações químicas que acontecem no organismo

humano, em especial no sistema nervoso central que funciona como um centro

de controle.

Portanto, o conhecimento desses acontecimentos no organismo é

necessário para que se possa interferir conscientemente com o objetivo de

propiciar um ambiente favorável à aprendizagem.

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ÍNDICE

CAPA 1

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE NEUROANATOMIA E

NEUROFISIOLOGIA PARA COMPREENDER O ENCÉFALO ADOLESCENTE

1.1. O que é o sistema nervoso? 10

1.1.1. Sistema nervoso central 11

1.1.2. Sistema nervoso periférico 13

1.2. Células nervosas 14

1.2.1. Neurônios 14

1.2.2. Composição geral dos neurônios 15

1.2.3. Funções dos neurônios 16

1.2.4. Sinapses 16

1.2.5. Neurotransmissores 17

1.2.6. Neuróglias 18

1.3. Sistema límbico 19

1.4. Plasticidade cerebral 20

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CAPÍTULO II

A TRANSFOMAÇÃO TEMPORAL DO ENCÉFALO: DA INFÂNCIA À

ADOLESCÊNCIA

2.1. Anos iniciais do desenvolvimento cerebral 22

2.1.1. Células nervosas 22

2.2. O encéfalo adolescente 24

2.2.1. Mudanças químicas e estruturais 24

2.2.2. Sinapses durante a adolescência 25

2.2.3. Aumento da massa branca e diminuição da massa cinza 25

2.2.4. Modificações nas funções executivas 26

2.2.5. Amadurecimento dos lobos cerebrais 28

2.2.6. A busca pelo prazer na adolescência 30

CAPÍTULO III

MEMÓRIAS MEMORÁVEIS NA ADOLESCÊNCIA

3.1. Memória e aprendizagem 32

3.1.1 Tipos de memória 35

3.2. Interferência emocional na aprendizagem 36

3.3. Práticas pedagógicas 38

3.3.1. Características gerais dos adolescentes 39

3.3.2. O papel da motivação 39

3.3.3. O papel da novidade na sala de aula 40

3.3.4. O papel da personalização 43

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45

WEBGRAFIA 47

ÍNDICE 49