Documentos Em No Me

32
1º frequencia cognição e liguagem Livro: pensamento e linguagem de Vygostsky 1. O problema e a abordagem Na velha psicologia tinha-se como ponto assente que a relação entre duas funções nunca variava: aceitava-se, p.e, que as relações entre a perceção e a atenção, entre a antenção e a memória e entre a memória e o pensamento eram constantes e poderiam ser anuladas e ignoradas no estudo das funções isoladas. Como as consequências das relações eram nulas, via-se o desenvolvimento autonomo das funções isoladas. Tudo o que sabemos do desenvolvimento psiquico indica que a sua essencia é constituida pelas variações ocorridas na estrutura inter-funcional da consciência. Estes são os pontos fulcrais do estudo. Um ponto de vista: Aqueles que identificam o pensamento com o discursofecham a porta ao problema. Á primeira vista, os partidários do ponto de vista contrário à psicolpogia velha encaram o discurso como simples manifestação externa, como simples adereço que reveste o pensamento e ao tentarem libertyar o pensamento de todas as suas componentes sensoriais, incluindo as palavras não se limitam a por o problema das relações existentes entre as duas funções como tentam resolve-lo. Mas são incapazes de dar-lhe uma solução real. Tendo tornado o pensamento e o discurso independentes e tendo estudado cada uma destas funções isoladamente, são forçados a ver as relações entre ambas como uma conexão mecanica, externa, entre dois processos distintos. A separação da analise do processo do pensamento verbal em dpois elementos impede o estudo das relações intrinsecas entre o pensamento e a linguagem. O erro está nos metodos de analise adotados. Dois metodos de analise são possiveis no estudo das estruturas psicológicas.O primeiro analisa os conjuntos psicologicos complexos em elementos. A palavra e o pensamento são estudados em separado. No decurso das analises as propriedades do pensamento verbal desaparecem. O investigador indaga a interação mecanica dos dois elementos na esperamnça de reconstruir as propriedades do todo. Esta induz-nos a erros ao ignorar a natureza unitária do processo, pois cinde em duas partes: a unidade viva entre o som e o significado a que chamamos palavra e parte da hipótese de que essas duas partes só se mantékm unidas por simples ações mecanicas. O som e o significado são dois sons separados afetou o estudo de ambos os aspetos da linguagem, o fonético e o semântico. O estudo

description

Na

Transcript of Documentos Em No Me

Page 1: Documentos Em No Me

1º frequencia cognição e liguagemLivro: pensamento e linguagem de Vygostsky

1. O problema e a abordagemNa velha psicologia tinha-se como ponto assente que a relação entre duas funções nunca variava: aceitava-se, p.e, que as relações entre a perceção e a atenção, entre a antenção e a memória e entre a memória e o pensamento eram constantes e poderiam ser anuladas e ignoradas no estudo das funções isoladas. Como as consequências das relações eram nulas, via-se o desenvolvimento autonomo das funções isoladas. Tudo o que sabemos do desenvolvimento psiquico indica que a sua essencia é constituida pelas variações ocorridas na estrutura inter-funcional da consciência. Estes são os pontos fulcrais do estudo.Um ponto de vista: Aqueles que identificam o pensamento com o discursofecham a porta ao problema. Á primeira vista, os partidários do ponto de vista contrário à psicolpogia velha encaram o discurso como simples manifestação externa, como simples adereço que reveste o pensamento e ao tentarem libertyar o pensamento de todas as suas componentes sensoriais, incluindo as palavras não se limitam a por o problema das relações existentes entre as duas funções como tentam resolve-lo. Mas são incapazes de dar-lhe uma solução real. Tendo tornado o pensamento e o discurso independentes e tendo estudado cada uma destas funções isoladamente, são forçados a ver as relações entre ambas como uma conexão mecanica, externa, entre dois processos distintos. A separação da analise do processo do pensamento verbal em dpois elementos impede o estudo das relações intrinsecas entre o pensamento e a linguagem. O erro está nos metodos de analise adotados.

Dois metodos de analise são possiveis no estudo das estruturas psicológicas.O primeiro analisa os conjuntos psicologicos complexos em elementos. A palavra e o pensamento são estudados em separado. No decurso das analises as propriedades do pensamento verbal desaparecem. O investigador indaga a interação mecanica dos dois elementos na esperamnça de reconstruir as propriedades do todo. Esta induz-nos a erros ao ignorar a natureza unitária do processo, pois cinde em duas partes: a unidade viva entre o som e o significado a que chamamos palavra e parte da hipótese de que essas duas partes só se mantékm unidas por simples ações mecanicas.O som e o significado são dois sons separados afetou o estudo de ambos os aspetos da linguagem, o fonético e o semântico. O estudo dos sons da fala como simples sons, independentemente da sua conexão com o pensamento terá a ver com a sua função como linguagem humana, na medida em que não dilucida as propriedades fisicas e psicológicas da linguagem falada, mas apenas as propriedades comuns a todos os sons existentes na natureza.O segundo método chama-se analise em unidades e é a via mais crreta. Entendemos por unidade o produto de análise que conserva todas as propriedades fundamentais do todo. Qual a unidade do pensamento verbal que satisfaz esses requisitos fundamentais? Podemos encontra-la no aspeto interno da palavra, no seu significado. É no significado que o pensamento e o discurso se unem em pensamento verbal. É no significado que encontramos a respostas ás perguntas sobre a relação entre o pensamento e o discurso.Uma palavra não se refere a um objeto simples, mas a um grupo ou a uma classe de objetos e, por conseguinte, cada palvra é já de si uma generalização. A generalização é um ato verbal de pensamento e reflete a realidade duma forma diferente da sensação e da perceção. A distinção qualitativa entre a sensação e o pensamento é a presença no ultimo de um reflexo generalizado da realidade, que é também a essencia do significado das palavras e de que o significado é uma parte da palavra pertencendo tanto ao dominio da

Page 2: Documentos Em No Me

linguagem como ao do pensamento. Como o significado das palavras é pensamento e linguagem, constitui a unidade do pensamento verbal. O método a seguir é a analise semantica que é o estudo do densenvolvimento, do fundamento e da estrutura desta unidade, que contém o pensamento e a linguagem interligados.Para estes, a função da linguagem é a comunicação, intercâmbio social. A transmissão racional, intencional de experi~encias e de pensamentos exige um sistema mediador, que tem por prototipo a linguagem humana. A psicologia descreveu esta quesstão a partir da hipotese de que o meio de comunicação era o signo (a palavra ou o som); de que um som poderia ir-se associando com o conteúdo de qualquer experiência, passando a servir para transmitir o mesmo conteúdo a outros seres humanos. A comunicação real exige o significado, isto é, a generalização, tanto quanto os signos. Edward Sapir- o mundo da experiencia tem que ser simplificado e generalizado antes de poder ser traduzido em simbolos. So asssim se torna possivel a comunicação, pois a experiencia pessoal habita exclusivamente na propria consciencia do individupo e não é transmissivel. Para se tornar comunicavel terá que subsumir-se em determinada categoria que a sociedade humana encara como uma unidade. Se faltar o conceito adequado não é possivel uma compreensão total.A conceção do significado das palavras como unidade simultanea do pensamento generaçlizante e do intercambio social permite uma análise genético-casual, um estudo sistemático das relações entre o desenvolvimento da capacidade inteletiva da criança e do seu desenvolvimento social.Considera-se como objeto de estudo secundário a relação mútua entre a generalização e a comunicação.O mais importante de todos é a relação entre o aspeto fonético da linguagem e o significado. A linguyistica tradicional, com a sua conceção do som como elemento independente da linguagem, usava o som isolado como unidade de análise. Em resultado disto, centrava-se na fisiologia e na acústica mais do que na psicologia do discurso. A linguistica moderna utiliza o fonema, é a caracteristica da linguagem humana distinta dos outros sons.Pensando agora, na relação entre o intelecto e o afeto, a sua separação como objetos de estudpo é uma debilidade da psicologia tradicional poius faz com quue o processo de pensamento surja como uma corrente autonoma de “pensamentos que pensam por sio próprios”, dissociada dos impulsos pessoais de quem pensa.A análise por unidades demonstra que existe um sistema dinâmico de significados em que o afetivo e o intelectual se unem, mostra que todas as ideias contém, uma atitude afetiva para com a porção de realidade a que cada uma delas se refere. Permite-nos seguir trajetorias entre as necessidades e os impulsos e a direção tomada pelos seus pensamentos, e o caminho inverso, dos seus pensamentos ao seu k.

2. A teoria de piaget sobre a linguagem e o pensamento das criançasPiaget desenvolveu o método clinico de investigação das idéias das crianças. Começou a estudar a perceção e a lógica infantis. Centrou a atenção nas caracteristicas distintivas do pensamento das crianças e demonstrou que a diferença entre o pensamento das crianças e dos adultos era mais qualitativa do que quantitativa. Piaget evita fazer generalizações para não invadir os dominios correlatos da lógica, da teoria do conhecimento da história da filisofia. Ele serve-se dpo empirismo puro.O elo que liga todas as caratcteristicas especificas da lógica infantil é o egocentrismo do pensamento das crianças. Este descreve o egocentrismo como ocupando uma posição

Page 3: Documentos Em No Me

intermédia, genética, estrutural e funcionalmente, entre o pensamento autistico ee o porientado. O orientado é consciente, isto é, prossegue objetivos presentes. É inteligente, isto é, encontra-se adaptado á realidade. É suscetivel à verdade e erro, e pode ser comunicado através da linguagem. O autistico é subconsciente, isto é, os objetivos que pressegue e os problemas que põe a si proprio não se encontram presentes na consciência. Não se encontra adapatado à realidade externa, antes cria para si proprio uma realidade. Tende a estabelecer verdades mas a recompensar desejos e permanece individual e incomunicável visto que opera por meio de imagens e para ser comonicado tem que recorrer a metodos indiretos como simbolos e mitos, os sentimentos que o guiam. O pensamento orientado é social. Á medida que se desenvolve vai sendo influenciado pelas leis da experiencia e da lógica. O pensamento autistico é individualista e obedece a um conjunto de leis especiais que lhe são próprias. Podemos dar o nome de pensamento egocentyrico á forma in termédia onde a sua função é a satisfação das necessidades pessoais, englobando algumas adaptações mentais, um pouco de orientação para a realidade. O mecanismo do pensamento ego. ou sincrético representa uma transição entre a lógica dos sonhos e a da lógica do pensamento.Piaget defende que o egocentrismo se encontra a meio caminho entre o autismo extremo e a lógica da razão, tanto cronológica, como estrutural e funcionalmente. O pensamento das crianças é originalmente autistico e só se transforma em pensamento realista por efeito de uma longa pressão social. Isto não desvaloriza-rá a inteligência da criança. A imaginação é importante para resolver problemas. A necessidade de verificamos e comprovarmos surge mais tarde. Essa desfazagem acontece que porque o pensamento começa a servir a satisfação imediata muito antes de procurar a verdade, forma mais espontanea do pensamento. Até à idade de sete ou oito anos é dificil distinguir a intervenção deliberada, da fantaasia. Resumindo, o autismo é a mais primitiva, do pensamento. A lógica aparece tarde. O pensamento egocêntrico é o elo genético entre amobos. Piaget segue os traços do egocentrismo na sua evolução e até a natureza da atividdade prática da criança até ao posterior desenvolvimento das atitudes sociais.Do ponto de vista genético, temos que partir da atividade da criança para podermos compreender o seu pensamento, e essa atividade egocentrica e egoista. O instinto social só se desenvolve mais tarde por volta dos sete, 8 anos.Os traços egocêntricos não desaparecem instantaneamente. Desaparecem das operações sensoriais da criança, mas continuam cristalizados na área mais abstrata do pensamente verbal.Leva-se a concluir que o egocentrismo do pensamento encontra-se relacionado com a natureza psiquica da criança que é impermeável à experiencia. As influencias a que os adultos submetem as crianças são assimiladas, que dizer, são deformadas pelo ser vivo que as sofre e implantam-se na sua própria substância.

IIAs suas observações sintemáticas levaram Piaget a concluir que todas as conversações das crianças se podem classificar em um de dois grupos: o egocentrismo e o socializado. A diferença entre ambos reside nas suas funções. No discurso egocêntrico a criança fala apenas dela própria. É semelhante a um monólogo. No discurso socializado, ela não procura estabeleer um intercãmbio com os outros.A experiencias demonstraram que a parte mais importante das conversas das crianças em idade pré-escolar é constituida por falas egocêntricas. Além dos seus pensamentos

Page 4: Documentos Em No Me

expressos as crianças têm muitos pensamentos não expressos. Alguns desses pensamentos ficam por exprimir precisamente porque são egocêntricos, isto é, incomunicáveis. Assim o coeficiente de pensamento egoc~entrico será mais elevado do que o coeficiente da fala egocêntrica.Em primeiro lugar, não há vida social persistente em crianças com menos de 7 anos, em segundo lugar, a verdadeira linguagem social das crianças, quer dizer, a linguagem utilizada é o jogo, é uma linguagem de gestos, moviemntos e mímica, tanto quanto uma linguagem de palavras. O discurso egocêntrico não cumpre nenhuma função no k da criança. Nas perspetivas mais recentes, cremos que este discurso assume um papel definido e importante na atividade da criança.As interrupções do livre desenrolar da atividade são estimulos importantes para o discurso egocêntrico. Esta descpoberta adequa-se com duas premissas. Uma delas é a chamada lei da consciencia, segundo a qual os obstáculos de uma atividade automática fazem com que o autor dessa atividade se aperceba dela. A outra premissa é a que afirma que o discurso é uma expressão desse processo de tomada de consciencia. (Piaget)Numa perspetiva mais recente, o discurso egocentrico já nao se limita a ser um acompanhamento da atividade da criança. Para além de ser um meio de expressão e de libertação de tensão em breve se torna um instrumento de pensamento- um instrumento +para buscar e planear a solução de um problema. O discurso egocentrico começa a assumir uma função diretora, de planeamento, e elevando a atividade da criança ao nivel de um k com objetivos conscientes.O discurso egocêntrico é um estádio na evolução do discurso vocaçl para o discurso interior. As crianças mais velhas, examinavam a situação em silêncio encontrando posteriormente uma solução. Quando inquiridos sobre o que estavam a pensar davam respostas que se assemelhavam bastante ao pensamento em voz alta das crianças em idade pré-escolar. Na criança em idade escolar, se encontram relegadas para o discurso interior sem som, as mesmas operações mentais que a criança em idade pré-escolar leva a cabo em voz alta, por meio do discurso egocêntrico. A conclusão a tirar daqui seria que se, como Piaget defende, o discurso egocêntrico precede o discurso socializado, então o discurso interior também precede o discurso socializado- pressuposto que, do ponto de vista genético, é insústentavel.O discurso interior do adulto representa o “pensar de si para si” mais do que a adaptação social, isto é, desempenha a mesma função que o discurso egocêntrico das crianças. Tem também as mesmas caracteristicas estruturais: fora do contexto seria incompreensivel para os outros, porque omite “mencionar” o que é óbvio para o “locutor”. Estas semelhanças levam-nos a presumir que, quando desaparece da vista, o discurspo egocêntrico continua o seu curso e “mergulha nas profundidades”, isto é, se transforma em discurso interior.Para Piaget, o desenvolvimento do pensamento processa-se por uma gradual socialização dos estados mentais mais profundamente intimos, pessoais, autisticos. Até o discurso social é apresentado como um discurso que sucede e não que precede o discurso egocêntrico.A hipótese que se propõe é inverter esta trajetoria.Considera-se que o desenvolvimento total segue a seguinte evolução: a função primordial da linguagem, tanto nas crianças como nos adultos, é a comunicaçãi, o contato social. A fala mais primitiva das crianças é uma fala essencialmente social. De inicio, é global e multifuncional, mais tarde as suas funções tornam-se diferenciadas. Numa certa idade o discurso social subdivide-se bastante no discurso egocêntrico e discurso comunicativo- Piaget designa por socializado. Deste ponto de vista, as duas formas, a comunicativa e a

Page 5: Documentos Em No Me

egocêntrica, são ambas sociais. O discurso egocêntrico emerge quando a criança transfere as formas sociais coopoerativas de k para a esfera das funções psiquicas pessoas internas. Piaget descreve como as discussões entre crianças dão origem às primeiras manifestações de reflexão lógica. Algo semelhante acontece quando a criança começa a conversar consigo própria. O discurso egoc~entrico, dissociado ao discurso social geral, acaba por conduzir ao discurso interior que serve simultaneamente o pensamento autistico e o pensamento lógico.O discurso egocêntrico como forma linguistica separada, autonoma e o elo genético altamente importante na tansição entre o discurso oral e o discurso interior, um estádio intermédio entre a diferenciação dsa funções do discurso oral e a transformação final de uma parte do discurso oral em discurso interior. Assim, o nosso esquema de desenvolvimento- primeiro, o discurso social, depois o discurso egoc~entrico, depois o discurso interior- diverge da sequeência de Piaget- que passa do pensamento autistico para o discurso socializado e o pensamento lógico através do discurso e do pensamento egocêntrico. A verdadeira trajetória de desenvolvimento do pensamento individual, mas do pensamento socializado para o individual.

IIIA psicologia moderna e a infantil, mostram tendencias para combinarem as questões psicológicas com as filosóficas. Ach resumiu esta inclinação ao observar que é apenas uma filosofia experimental. Na verdade, muitas questões do complexo campo do pensamento infantil encontram-se na fronteira da teoria do conhecimento, da lógica teórica e de outros ramos da filosofia. Apesar da sua expressa intenção de evitar teorizações, não consegue manter a sua obra dentro do quadro da ciência puramente factual.Piaget propõe que se substituia a explicação genética em termos de sequência temporal e pela aplicação de uma fórmula de conceção matemática da interpenetração funcional dos fênomenos. O investigador reserva-se o direito de organizar a sua descrição dos dados da forma que melhor servir os seus objetivios embora confira uma posição preferencial ao fenômeno mais primitivo do ponto de vista do desenvolvimento.Esta substituição da interpretação causal pela interpretação funcional subtrai ao conceito de desenvolvimento todo e qualquer conteúdo real. Piaget reconheçe que o estudioso do desenvolvimento mental tem por obrigação explicar a relação os fatores sociais e biológicos.Mas, para começar, escolhemos o idioma sociológico, mas reservamos o direito de voltarmos a adotar a explicação biológica da criança, e a traduzir nos termos que lhe são próprios.Esta conceção reduz toda a demarche de Piaget a uma escolha arbitrária. O trabalho de Piaget há uma sequência genética de duas formas opostas de inteleção que a teoria psicanalítica descreve como duas formas que se encontram ao serviço do principio do prazer e do principio da realidade. Do nosso ponto de vista, a pulsão dinâmica de satisfação das necessidades e a pulsão de adaptação à realidade não podem ser consideradas como coisas separadas. Uma necessidade só pode ser satisfeita através de uma certa adaptação à realidade. A adaptação é sempre orientada pelas necessidades.Piaget compartilha com Freud não só a conceção indefensável da existência de um principio de prazer mas também a abordagem metafisica que eleva o principio de prazer do seu verdadeiro estatuto de fator secundário, ao nivel de uma força vital independente, de primor-motor do desenvolvimento psíquico. Como separou a necessidade e o prazer da adaptação à realidade, Piaget é forçado a apresentar o pensamento realístico como algo

Page 6: Documentos Em No Me

que existe dissociado das necessidades concretas, dos interesses e das aspirações concretas.O pensamento autistico- é, em nossa opinião, uma evolução tardia, um resultado do pensamento realistico e do seu corolário, o pensamento conceptual, que nos conduz a autonomia relativamente á realidade, permitindo assim a satisfação das necessidades pela vida real. Esta conceção do autismo é coerente com a de Bleuler. O autismo é um dos efeitos das diferenciação e da polarização das várias funções do pensamento.As nossas experiências trouxeram a primeiro plano outro ponto importante: o papel da atividade da criança na evolução dos seus processos intelectivos. O discurso egocêntrico está relacionado com a forma como a criança lida com o mundo exterior real. A atividade racional vai progressivamente servindo para resolver ceryos problemas. Este processo é desencadeado pelas ações da criança, os objetos com que esta lida representam a realidade e modelam os seus processos de pensamento.As conclusões de Piaget exigem o certo número de clarificações relativamente a dois pontos importantes. Primeiro- as pecularidades do pensamento das crianças, não abarcam um dominio tão vasto como Piaget julga. Sentimo-nos inclinados a pensar que a criança pensa de uma forma sincrética em àreas de que não possui conhecimentos, mas não recorre ao sincretismo em relação a coisas que lhe são familiares- e o número destas coisas depende do método de educação.O segundo ponto, a aplicabilidade das descobertas de Piaget às crianças em geral. As suas experiências levam-no a acreditar que as crianças são impermeáveis à experiência. Piaget diz que o homem primitivo só aprende com a experiência.Mas este contato efêmero e parcial com a realidade não afeta a sua maneira de pensar.A criança nunca entra em contato real e verdadeiro com as coisas, pois não trabalha: brinca com as coisas, ou aceita-as como ponto assente.As condições de Piaget não são leis da natureza, são leis histórica e socialmente determinadas. Stern já havia criticado Piaget por ele não dar importância ao meio social. O carácter mais egocêntrico ou mais social da fala das crianças depende não só da sua idade, mas também das condições ambientes.Piaget admite que é necessário comparar o k de crianças de ambientes sociais diferentes para podermos estabelecer a diferença entre o social e o individual. Também estamos convencidos de que o estudo do desenvolvimento das crianças provenientes de ambientes sociais diferentes e em especial de crianças que, ao contrário das crianças de Piaget, trabalham, levará necessariamente a resultados que nos permitirão formular leis com um âmbito de aplicação muito mais vasto.3 A teoria de Stern sobre o desenvolvimento da linguagemWilian Stern apresenta uma conceção intelectualista do desenvolvimento da fala na criança tendo como ponto de vista a “genética-personalista” que para Vigotski essa conceção revela as limitações e incoer~encias do personalismo filosófico e psicológico de Stern, os seus fundamentos idealistas e a sua falta de validade cientifica. É uma teoria antidesenvolvimentista.Stern distingue 3 raizes da fala: a tendência expressiva, a social e a intencional. Ele define intensionalidade como uma meta voltada para um determinado conteúdo ou significado. Segundo Stern “ E um determinado estágio do seu desenvolvimento psíquico o homem adquire a capacidade de referir-se a algo objetivo por meio da emissão de sons”. Esses atos intencionais já são atos de pensamento.Stern enfatiza o fator lógico no desenvolvimento da linguagem. A fala humana desenvolvida possui um significado objetivo, pressupondo, assim, um certo nivel no desenvolvimento do

Page 7: Documentos Em No Me

pensamento, e é necessário levar em conta a intima relação existente entre a linguagem e o pensamento, afirma Vigotski.Segundo Vigotski, o problema é que Stern considera a intensionalidade como uma das raizes do desenvolvimento da fala genéticamente equiparado à tendencia expressiva e comunicativa. Ao ver a intensionalidade dessa forma substitui uma explicação genética por uma expressão intelectualista. Esse método de “explicar” uma coisa pela própria coisa é uma falha na teoria de Stern.Para Stern a criança de um ano e meio, cada coisa tem um nome. No entanto, todos os estudos realizados sobre esse problema, surgem uma resposta negativa, segundo Vigotski. São operações intelectuais complexas. Tanto a observação quanto os estudos experimentaiis indicam que só muito mais tarde a criança aprende a relação entre o signo e o significado, ou o uso funcional dos signos; isso está muito além do alcance de uma criança de dois anos e nunca resulta de uma descoberta ou invenção instantanea por parte da criança. Stern acredita que a criança descobre o significado da linguagem de uma vez por todas. No entanto, na verdade se trata de um processo que tem sua “história natural”, assim como a sua “história cultural”. Stern ignora os caminhos intrincados que levam ao amadurecimento da função do signo. De igual modo a teoria da invennção deliberada da linguagem, a teoria racionalista do contrato social e outras teorias intelectuais famosas, segundo Vigotski, negligenciam as realidades genéticas e não explicam nada.Segundo Vigotski, também a teoria de Stern não sustenta vários outros pesquisadores, nos seus estudos de crianças normais, e no estudo de crianças surdas-mudas que constataram outra realidade feito por Buehler.De fato, há um momento de descoberta, que para uma observação mais grosseira, parece repentino. O momento critico decisivo no desenvolvimento linguistico, cultural e intelectual da criança, descoberto por Stern, realmente existe- embora ele estivesse errado ao dar-lhe uma interpretação inteletualista. Nesse momento há o aparecimento de perguntas sobre os nomes dos objetos e o consequente aumento, acentuado e aos saltos, do vocabulário da criança, ambos de grande importância para o desenvolvimento da fala.A busca ativa de palavras por parte da criança indica uma nova fase em sua evolução linguistica. E por essa que o “grandioso sistema de sinais da fala” (no dizer de Pavlov) surge para a criança, a partir da profusão de todos os outros sinais e assume uma função especifica no k. Essa foi uma grande realização de Stern, que no entanto, falha na sua explicação.Stern comete erro, também, à medida que atribui ao intelecto uma posição de primazia, quase metafisica, de origem e causa primeira, não analisável, da fala com significado.Segundo Vigotski, a abordagem apontada por Stern, ao estabelecer um intelectoo já formado, bloqueia uma investigação das interações dialéticas entre o pensamento e a fala. O tratamento dado por Stern a esse aspeto fundamental do problema da linguagem é cheio de incoerências e é a parte mais vulnerável do seu livro.Tópicos tão importantes como a fala interior, seu surgimento e sua conexão com o pensamento são apenas mencionados por Stern e ignora as funções, a estrutura e o significado evolutivo desse tipo de fala, a interior.A interpretação dada às primeiras palavras da criança é a pedra de toque de todas as teorias da fala infantil, é o ponto de convergência onde todas as principais tendências das modernas teorias da fala se encontram e se cruzam toda a estrutura de uma teoria é determinada pela tradução das primeiras palavras da criança.

Page 8: Documentos Em No Me

Stern reconhece o grande mérito de Meumann, segundo a qual as primeiras palavras de uma criança designam, na verdade, os objetos como tais. No entanto, não compartilha o pressuposto de Meumann, de que as primeiras palavras nada mais são que a expressão das emoções e dos desejos das crianças. Conclui, ainda que essas palavras contém uma determinada orientação em direção a um objeto, e que essa “referência objetiva”, ou função designativa, em geral “predomina sobre o tom moderadamente emocional”. De inicio, a palavra é um substituto convencional do gesto, aparece muito antes da crucial “descoberta da linguagem” por parte da criança e antes que ela seja capaz de operações lógicas. Stern recusa a traçar a história genética dessa tendência.Stern apresenta uma abordagem antigenética. Esta abrodagem é uma consequência direta as premissas filosóficas do personalismo, que é o sistema desenvolvido por Stern.Stern contrapõe sua visão pessoal do desenvolvimento da fala, à visão de Wundt, segundo a qual a fala infantil é produto do meio ambiente, Stern tem o cuidado de não negligenciar o papel da imitação no desenvolvimento da fala, ou o papel da atividade espontânea da criança, ao ampliar a essas questões o conceito de “convergência”: a conquista da fala pela criança ocorre por meio de uma interação constante de disposições internas, que levam a criança à fala, e condições externas- isto é, a fala das pessoas ao seu redor que propiciam o estimulo e o material para a realização dessas disposições.Para Stern, a convergência é um principio geral a ser aplicado à explicação de todo o k humano. Stern estimou de mais os fatores orgânicos internos.Para Stern, a “pessoa” é uma entidade sicofisicamente neutra. Essa conceção idealista, monadista, da pessoa individual, leva naturalmente a uma teoria que vê a linguagem como algo enraizada na teologia- dai o intelectualismo e a tendência antigenética da abordagem de Stern aos problemas do desenvolvimento linguistico.Segundo Vigotski, o personalismo do Ster, aplicado ao mecanismo eminentemente social do k da fala, ignorando, como faz, o aspeto social da personalidade, leva a absurdos evidentes. A conceção metafisica de personalidade, que deriva todos os processos evolutivos de uma teologia pessoa inverte as relações genéticas reais entre a personalidade e a linguagem. Em vez de uma história evolutiva da personalidade, em si, em que a linguagem desempenha um papel que está muito longe de ser secundário, temos a teoria metafisica, segundo qual a personalidade gera a linguagem a partir da busca de objetivos, caracteristica de sua própria natureza essencial.

4 As raizes genéticas do pensamento e da linguagem- O autor inicia o texto com a tese a ser defendida em todo o seu decorrer: a relação entre pensamento

e linguagem muda quantitativa e qualitativamente durante o processo de desenvolvimento da criança.

- Ressalta a independência das raízes genéticas de pensamento e linguagem e passa a tratar de experimentos com chimpanzés, realizados principalmente por Köhler, que tiveram por objetivo verificar nos antropoides os motivos pelos quais o desenvolvimento cultural resulta impossível para os animais.

- Embora apresentem rudimentos de linguagem (semelhantes à linguagem humana predominantemente nos aspectos fonéticos), os chimpanzés não a utilizam a não ser com um tom emocional, capaz de influenciar os comportamentos de outros animais da mesma espécie (meio de contato emocional ou “contágio”) sem, entretanto, significar/representar ou descrever algo objetivo. O animal tem sua percepção e sua inteligência limitadas ao campo visual direto, à situação imediata, o

Page 9: Documentos Em No Me

que constitui a condição inclusive para o uso de instrumentos (aqueles que estiverem fora do alcance da visão deixam de existir objetivamente na qualidade de instrumentos).

- Vigotski corrobora a ideia de Bühler, segundo a qual as formas mais evoluídas do pensamento técnico instrumental não se relacionam com a linguagem e com os conceitos, o que demonstra que as relações entre pensamento e linguagem, mesmo no adulto, não são constantes e não estão presentes em todas as suas atividades. Contrapõe-se, no entanto, ao pressuposto do autor segundo o qual a criança tomaria consciência da palavra como símbolo ainda antes dos dois anos de idade.

- Os estudos vigotskianos permitem afirmar que:1. Tanto na filogênese quanto na ontogênese, pensamento e linguagem possuem raízes

genéticas diferentes.2. Seu desenvolvimento segue linhas distintas e independentes uma da outra.3. No desenvolvimento filogenético, a relação entre pensamento e linguagem assume

diferentes magnitudes.4. Ao estudar os chimpanzés é possível verificar algumas aproximações em relação aos

seres humanos: sua linguagem possui desenvolvido aspecto fonético, além das funções emocional e social. Já seu intelecto se aproxima do humano pela capacidade rudimentar de empregar instrumentos.

5. Nos chimpanzés pensamento e linguagem não guardam entre si nenhum tipo de conexão.

6. Na filogênese e na ontogênese é possível reconhecer uma fase pré-linguística do pensamento e uma fase pré-intelectual da linguagem.

7. É possível concluir que as raízes do pensamento e da linguagem humanas estão no reino animal. O uso de instrumentos pelos chimpanzés denota isso, como advertiu Marx. No entanto, cabe ressaltar que se trata de raízes distintas para o pensamento e para a linguagem.

- De acordo com Vigotski, na fase pré-intelectual do desenvolvimento, durante o primeiro ano de vida, a função social da linguagem se desenvolve intensamente. A criança em contato com os adultos desenvolve, desde muito cedo, recursos comunicativos em resposta às atividades comunicativas estabelecidas por eles.

- Por volta dos dois anos de idade as duas linhas até então separadas se juntam e a criança faz, segundo Stern, a maior descoberta de sua vida: a de que cada coisa possui um nome. Verifica-se, então, a ampliação ativa do vocabulário da criança, de forma extraordinariamente rápida.

- Podemos entender que desde o momento de intersecção, o pensamento se verbaliza e a linguagem se intelectualiza.

- Em contraposição a Watson (cujo intento de descobrir o elo intermediário entre a linguagem externa e a linguagem interna é bastante meritório), Vigotski ressalta que não existem razões para admitir que a linguagem interna resulte apenas de um processo mecânico de redução progressiva da sonoridade (fala externa è sussurro è fala interna). Existem diversas justificativas que permitem chegar a esta (contra)posição: estruturalmente, o sussurro não se diferencia da fala em voz alta nem apresenta as características específicas da linguagem interna; não possui nenhum traço funcional da linguagem interna; embora possa ser despertado na criança, não se desenvolve espontaneamente antes da idade escolar.

- Neste caminho, Vigotski afirma que a linguagem egocêntrica assume a função de elo intermediário entre a linguagem externa e a linguagem interna. Não se trata, pois, de mero acompanhamento da

Page 10: Documentos Em No Me

atividade infantil, tendo em vista que, com grande facilidade, se converte em pensamento, com uma função planificadora que auxilia a resolução de dificuldades no decorrer das atividades da criança.

- A linguagem se internaliza psicologicamente antes que fisiologicamente. Esta afirmação vigotskiana se justifica pelo fato de que a linguagem egocêntrica da criança é uma linguagem para si mesma, interna por sua função e quase incompreensível para aqueles que a rodeiam.

- Mas por que a linguagem se internaliza? Vigotski afirma que, assim como todas as demais funções psíquicas, a linguagem passa por quatro etapas fundamentais.

o Etapa primitiva ou natural: a operação se apresenta da mesma forma em que se

formou nas primeiras fases do comportamento (etapa pré-intelectual da linguagem – balbucio - e etapa pré-verbal do pensamento – pensamento visual por ações);

o Etapa da psicologia ingênua: a criança se relaciona com seu próprio corpo ou com os

objetos ao seu redor de forma imperfeita, experimental, tateante. Em relação à linguagem, corresponde ao uso de estruturas e formas gramaticais sem a compreensão das relações lógicas que as fundamentam;

o Etapa do signo externo: O apoio para o exercício das funções psíquicas está

externamente posicionado (uso dos dedos como apoio para contar; de objetos para lembrar). Em relação à linguagem, trata-se da fala egocêntrica.

o Etapa de “crescimento para dentro”/ internalização: conversão da operação externa

em operação interna, com profundas modificações. Trata-se do cálculo mental, da memória lógica e, na linguagem, da fala interna.

- Com relação à criança, cabe salientar que, de acordo com Wallon (e diferentemente do que afirma Stern), as primeiras palavras não são mais que um dos atributos dos objetos, não constituindo símbolos. Esta asserção também confirma dados da pesquisa piagetiana. Não há, assim, a menor possibilidade de que a criança, aos dezoito meses, possa descobrir as propriedades simbólicas da linguagem. Trata-se do domínio da estrutura externa que é anterior ao domínio da estrutura interna (palavra-objeto è estrutura simbólica).

- Ao enfocar a relação entre linguagem e pensamento cabe salientar, sobretudo, que se trata de um desenvolvimento não natural, mas historicamente condicionado. A linguagem interna resulta da acumulação de prolongadas mudanças funcionais e estruturais da linguagem externa. A diferenciação progressiva entre as funções social (comunicativa) e egocêntrica (controle da conduta) produzem/são produzidas por tais transformações. As novas estruturas da linguagem se convertem, pois, em estruturas fundamentais do pensamento.

- A experiência sócio-cultural da criança e o domínio da linguagem (meios sociais do pensamento) permitem que o pensamento infantil se estruture sobre novas bases.

- Vigotski salienta que no adulto não é possível identificar os processos da linguagem e do pensamento. O pensamento verbal não esgota todas as possibilidades tanto do pensamento quanto da linguagem (é o caso do pensamento instrumental e técnico, bem como da inteligência prática).

Resenha do livro: arvore do conhecimentoCapítulo I – Conhecendo o conhecerNo primeiro capítulo, os autores discorrem sobre a reflexão, conceituando-a como um processo de conhecer como conhecemos, um ato de nos voltarmos sobre nós mesmos. Eles dizem que durante a reflexão, temos a oportunidade de descobrir nossas cegueiras e de conhecer que as certezas eos conhecimentos dos outros são, respectivamente, tão necessários e tênues quanto os nossos. Toda experiência de certeza é um fenômeno individual, cego ao ato cognitivo do outro, em uma

Page 11: Documentos Em No Me

solidão que é transcendida somente no mundo criado com esse outro. Os autores relatam que em um zoológico em Nova Iorque, há um grande pavilhão especialmente dedicado aos primatas. No entanto, há uma cela separada, nos fundos, cercada por fortes grades. Quando nos aproximamos, lemos a seguinte placa: “O primata mais perigoso do planeta”. Ao olharmos por entre as grades, vemos nosso próprio rosto, através de um espelho. Esclarece o letreiro que o homem já destruiu mais espécies sobre o planeta do que todas as outras espécies conhecidas. De observadores passamos a observados. Deacordo com os autores, ver nosso reflexo no espelho é sempre um momento muito peculiar, pois é quando tomamos consciência daquele nosso aspecto que não podemos conhecer de nenhuma outra maneira. Toda reflexão, inclusive sobre os fundamentos do conhecer humano, se dá necessariamente na linguagem, que é nossa forma particular de sermos humanos e estarmos no fazer humano. Por esse motivo, a linguagem também é nosso ponto de partida, nosso instrumento cognitivo e nosso problema. Nosso objetivo é examinar o fenômeno do conhecer, considerando sua natureza universal do fazer na cognição – esse gerar de um mundo – de modo a revelar seu fundamento. Os autores exemplificam que a magia é tão explicativa para os que a aceitam como a ciência o é para quem a prefere. A diferença específica entre a Entende-se por organização as relações que devem se dar entre os componentes de um sistema para que ele seja reconhecido como membro de uma classe específica. Entende-se por estrutura os componentes e as relações que constituem uma determinada unidade e realizam sua organização. Falamos de um fenômeno em que a possibilidade de distinguir algo do todo depende da integridade dos processos que o possibilitam. Se interrompermos a rede metabólica celular, descobriremos que, após algum tempo, não teremos mais uma unidade para observar. A característica mais marcante do sistema autopoiético é que ele se levanta por seus próprios cordões, e se constitui como distinto do meio circundante mediante sua própria dinâmica, de modo que ambas as coisas são inseparáveis. Os seres vivos diferenciam-se entre si por terem estruturas diferentes, mas a são iguais em sua organização. São autônomos: podem especificar suaspróprias leis, aquilo que é próprio dele. O que os distingue é que sua organização é tal que seu único produto são eles mesmos, inexistindo separação entre produtor e produto. O ser e o fazer de uma unidade autopoiética são inseparáveis, e esse constitui seu modo específico de organização.As proteínas, com maleabilidade e flexibilidade quase que ilimitada, deram condições para a formação de unidades autopoiéticas. Tal momento é o ponto que podemos assinalar como a origem da vida.Cada classe de unidades especifica uma fenomenologia particular. As unidades autopoiéticas especificam a fenomenologia biológica como a fenomenologia própria delas, com características distintas da física (o fenômeno que geram ao operar como unidades autopoiéticas, depende da sua organização e do modo como esta se realiza e não da natureza física de seus componentes, que só determinam seu espaço de existência). Como exemplo, os autores citam uma célula interagindo com uma molécula X, incorporando-a a seus processos. O que ocorre como conseqüência dessa interação é determinada não pelas propriedades da molécula X, mas pelo modo com que essa molécula é vista ou tomada pela célula quando esta a incorpora em sua dinâmica autopoiética.

Capítulo III: História: reprodução e hereditariedadeNo terceiro capítulo, são apresentados os conceitos de réplica, cópia, hereditariedade e variação reprodutiva. O tema central é a reprodução. Segundo os autores, a reprodução está inserida em nossa história como seres humanos e na história de nossos componentes celulares individuais. A reprodução pressupõe duas condições básicas: a unidade original (um ser vivo) e o processo que a reproduz (deve terminar com a formação de pelo menos uma outra unidade autopoiética, distinta da que se considera ser a primeira). A reprodução não pode ser parte da organização do ser vivo porque, para que algo se reproduza, é preciso que antes seja uma unidade e tenha uma organização que o defina. De acordo com os autores, os seres vivos são capazes de existir sem se reproduzir. Os autores conceituam que réplica é um mecanismo que ao operar pode gerar repetidas unidades da mesma classe. O mecanismo de

Page 12: Documentos Em No Me

produção e o produto são sistemas operacionalmente distintos. As unidades produzidas são historicamente independentes umas das outras. Falamos de cópia sempre que temos uma unidade modelo e um procedimento de projeção para gerar uma unidade idêntica. Se o mesmo modelo é usado para fazer várias cópias sucessivas, as cópias das séries serão historicamente independentes umas das outras. Mas, se o resultado de uma cópia é usado para fazer a cópia seguinte, gera-se uma série de cópiasrelacionadas, pois o que acontece a cada uma delas quando se tornam individuais, antes de serem usadas como modelo, determina as características da cópia seguinte. Falamos de reprodução quando uma unidade sofre uma fratura que resulta em duas unidades da mesma classe. As unidades que resultam não são idênticas a original e nem idênticas entre si. No entanto, pertencem a mesma classe da original, possuem a mesma organização. Para que a fratura de uma determinada unidade resulte no fenômeno da reprodução, a estrutura da unidade deve se organizar de modo distribuído e não-compartimentalizado. O central no processo de reprodução é que tudo acontece na unidadecomo parte dela mesma e não há separação entre o sistema reprodutor e o sistema reproduzido.Se tomarmos uma célula em seu estágio de interfase (fora do seu processo de reprodução) e a fraturarmos, o resultado não será duas células. Durante a interfase a célula é um sistema compartimentalizado, ou seja, há componentes que estão segregados do resto ou estão presentes emquantidades únicas. Durante a mitose (divisão celular), todos os processos que ocorrem consistem numa descompartimentalização celular. Tudo ocorre sem interrupção da autopoiese celular, mas como resultado dela. A própria dinâmica autopoiética que causa a fratura celular no plano de reprodução.A hereditariedade se apresenta sempre que se forma uma série histórica. Configurações estruturais próprias de um membro de uma série reaparecem no membro seguinte. Já a variação reprodutiva, apresenta-se como aspectos da estrutura inicial da nova unidade que avaliamos como sendodiferentes da unidade original. Os autores explicam que a afirmação de que “o gene constitui a informação do ser vivo” está errada por duas razões: primeiro porque confunde o fenômeno da hereditariedade com o mecanismo da réplica e também porque dizer que o DNA contém o necessário para especificar um ser vivo tira esses componentes de sua inter-relação com o restante da rede. O erro está em confundir participação especial com responsabilidade única.

Capítulo IV: A vida dos metacelulares

No quarto capítulo, os autores falam sobre a vida dos metacelulares. Conceituam acoplamento estrutural e dão exemplos para ilustrar a teoria. Duas ou mais unidades autopoiéticas podem ter suas ontogenias acopladas quando suas interações adquirem um caráter recorrente ou muito estável. Nessas interações, a estrutura do meio apenas desencadeia as mudanças estruturais das unidades autopoiéticas (não as determina nem informa), e vice-versa para o meio. O resultado será uma história de mudanças estruturais mútuas, desde que a unidade autopoiética e o meio não se desintegrem. Haverá acoplamento estrutural. Como exemplo, os autores citam o transporte ativo de íons (cálcio e sódio) através da membrana de uma célula. Na presença desses íons, a célula reage incorporando-os a sua rede metabólica. Se fossem outros íons, as mudanças estruturais interromperiam aautopoiese. Segundo os autores, a vida de um indivíduo multicelular como unidade passa pela operação de seus componentes, mas não está determinada pelas propriedades destes. No entanto, cada um desses indivíduos pluricelulares resulta da divisão e segregação de uma linhagem de células, que se originam no momento da fecundação de uma só célula, o zigoto, produzida por alguns órgãos ou parte do organismo multicelular. Se não houver geração de novos indivíduos, não haverá continuidade da linhagem. O ciclo de vida de um organismo metacelular constitui uma unidade cujaontogenia (história da mudança estrutural de uma unidade sem que esta perca sua organização) ocorre em sua transformação de unicelular em multicelular, mas em que a reprodução e as variações

Page 13: Documentos Em No Me

reprodutivas ocorrem durante a etapa unicelular. A partir de uma célula inicial, o processo de divisão e diferenciação celular gera um indivíduo de segunda ordem por meio de um acoplamento entre as células resultantes dessas divisões. O indivíduo assim formado possui uma ontogenia de extensão variada que leva à etapa reprodutiva seguinte, com a formação de um novo zigoto.

Resenha do modelo da gramatica universalO presente trabalho tem por finalidade, fazer um apanhado de três aspectos relacionados ao inatismo e também ao racionalismo. O primeiro deles é com relação ao Modelo Gerativista, este explica que aquisição da linguagem é inata, ou seja, nasce com a criança e a aquisição da língua materna é o amadurecimento desta, com relação à língua.Termos como competência e desempenho, também são relacionados à aquisição da língua. A Competência é o conhecimento que o falante tem da gramática de sua língua e oDesempenho é o uso desse conhecimento.Esta hipótese defende ainda, que as produções das crianças não são simples imitações de adultos, pois existem produções que não se verificam na fala dos adultos, por isso são originais. Portanto estes defendem que as crianças possuem suas próprias regras de fala, mas que com o convívio com os adultos vão moldando sua fala as regras deles.Segundo Chomsky adepto do gerativismo, a criança possui um Dispositivo de Aquisição da Linguagem, DAL e que é acionado através de frases ou falas, IMPUT, dos adultos, gerando assim a gramática a qual a criança está contextualizada. Mas neste sistema somente algumas regras serão ativadas, pois a criança escolhe quais regras serão usadas para uso da língua nativa, descartando as que não se adequão.Um outro assunto abordado, é a Gramática Universal, a criança já nasce com uma gramática em sua cabeça, onde se guardam todas as regras, de todas as línguas, uma enorme quantidade de conteúdo. Mas a criança transforma esta gramática, na gramática de sua língua, retirando só o que necessário para o uso e aprendizagem da mesma e descartando o restante.O último assunto a ser abordado é a teoria dos Princípios e Parâmetros, estes são na verdade uma releitura da Gramática Universal, devido a novas descobertas na área e também por causa de vários questionamentos a respeito. Então se postula que a gramática é regida por Princípios ou “Leis”, que são constantes usadas em todas as línguas, contendo os Parâmetros ou “Leis” que tem representações nas línguas em que se encontrem, ocasionando divergências entre as línguas e a transformação dentro de uma mesma língua.Tentando desvendar como se dão os valores aos Parâmetros três hipóteses são propostas: A primeira diz que no inicio os parâmetros não estão completamente presentes só com o aprofundamento da linguagem é que eles aparecem, os mesmos foram organizados geneticamente, devendo ocorrer de acordo com o amadurecimento, cujos fatores são responsáveis pela transcrição da gramática universal e gramática da língua nativa. A segunda está dividia em dois aspectos: a da competência

Page 14: Documentos Em No Me

plena/total, o entendimento que se tem é que os princípios estão presentes desde o inicio do processo, caso não ocorra é por algum problema, como por exemplo à memória. A aprendizagem lexical, os princípios estão completamente presentes, a evolução sintática só depende da interiorização morfológicas e lexicais novas, o que necessita da interação com o meio. A explicação porque as fontes de suporte são tão escassas a resposta de Chomsky é na existência da gramática universal enquanto conceitos inatos, biologicamente determinados que constituem a mente humana. Outra questão é a dissociação dos dispositivos de aquisição da linguagem das demais instâncias cognitivas comportamentais, a aquisição da língua se por meio de gramática universal, e a definição dos parâmetros não são obrigatoriamente atrelados aos sistemas cognitivos.Pretendemos aqui levantar algumas questões relacionadas a aquisição da linguagem pela criança dento de uma perspectiva racionalista ou mais especificamente inatista, buscando explicitá-las de uma maneira simples, a fim de que se tenha uma visão dos princípios defendidos por essa tendência teórica lingüística.Desse modo, o trabalho em pauta está divido em cinco partes. Na segunda parte abordaremos o Modelo gerativista, que postula a existência de um dispositivo de aquisição da linguagem, com o qual a criança já nasce possuindo, utilizando-se desse, para em contato com uma língua mãe, amadurecer sua capacidade inata de se comunicar. Sustenta ainda, que as línguas, indistintamente, são dispostas em estruturas, das quais a mais importante é a estrutura profunda ou o sentido, tendo como principal defensor Noam Chomsky.Na terceira parte iremos trabalhar com a Gramática Universal, também legado de Chomsky, onde a resposta para a, de certa forma, rápida aprendizagem de uma língua por uma criança, deve-se a presença de uma Gramática composta de todas as regras possíveis de todas as línguas, inserida na estrutura da mente do homem e a qual é parte exclusiva da carga genética da espécie humana tomando a linguagem como uma faculdade inerente ao ser humano, portanto, essa gramática é universal.Na quarta, iremos discorrer a respeito da Teoria de Princípios e Parâmetros, cuja representou uma adequação dos conceitos já postulados pela Gramática Universal, sendo que nessa abordagem, não se afirma mais que as crianças nascem dotadas com todas as regras das línguas, mas com parâmetros, os quais terão seus valores definidos pela língua a que a criança será exposta.Na quinta parte elaboraremos algumas conclusões a respeito dos três assuntos trabalhados no artigo, a fim de apreendermos e compreendermos melhor o que de mais significante essas tendências tem a oferecerem para o estudo e para aprendizagem da linguagem.O MODELO GERATIVISTASeguindo uma tendência Inatista e, por sua vez Racionalista, o modelo gerativista se propõe explicar as manifestações da aquisição de linguagem partindo do principio de que a criança já nasce dotada de ”... uma capacidade inata de aquisição da linguagem”.

Page 15: Documentos Em No Me

Nessa abordagem a aquisição de uma língua materna é o resultado direto do amadurecimento dessa criança, ou seja, uma conseqüência de sua capacidade de formular suposições, respostas às questões que lhe surgem e de procurar e encontrar algumas semelhanças presentes na língua a ser adquirida.Desta forma, quanto maior for à capacidade cognitiva da criança, maior será o número de suposições formuladas por ela e mais próxima da linguagem do adulto ela estará. Com efeito, essa teoria dá mais importância para a sintaxe, em detrimento de morfologia e fonologia, descrevendo a aquisição da linguagem termos de competências e desempenho. A competência pode ser entendida como “...o conhecimento que o falante tem de gramática de sua língua...” e o desempenho como “...o uso que a fonte faz desse conhecimento.”Segundo a hipótese gerativo-transformacional, as frases produzidas pelas crianças não são simples imitações aproximativas da fala dos adultos, mas que essas possuem algumas disposições e ordenações que não se verificam na fala dos adultos, portanto são produções originais da criança. Baseado nisso, o gerativismo sugere que a fala da criança é ordenada por regras próprias, mas que em contato com as regras da fala dos adultos, as crianças vão moldando o seu sistema de regras.Para Chomsky, adepto do gerativismo, a criança possui um mecanismo que lhe permite adquirir a linguagem, chamado de Dispositivo de Aquisição da Linguagem (DAL), o qual é parte da herança genética de sua espécie e que esse é acionado pelas frases ou falas (imput) dos adultos, com as quais irá atuar, gerando assim a gramática da língua na qual a criança está contextualizada.No gerativismo é sustentada a concepção de que“... as línguas comportam uma estrutura profunda que se transforma, por meio de regras, numa estrutura superficial. Essas regras têm como domínio estruturas intermediarias entre a estrutura profunda e a estrutura superficial”.Por isso, no decorrer do processo de aquisição da linguagem, a criança nota as disposições que há na língua e adiciona a sua gramática.Ainda segundo Chomsky, esse dispositivo constitui-se de um conjunto de regras, sendo que somente algumas dessas serão ativadas, uma vez que a criança escolhe, baseada na influência que sofre da língua nativa, quais as normas devem ser usadas na língua que está adquirindo especificamente e quais devem ser descartadas. Após esse processo, segue-se produção das falas da criança.A GRAMÁTICA UNIVERSALNa visão inatista de Chomsky é proposto que a criança “...possui uma Gramática Universal incorporada à própria estrutura de sua mente.” , isto é a criança já nasce biologicamente (geneticamente) equipada com uma gramática onde se encontrem todas as regras possíveis da todas as línguas, um enorme conteúdo de informações, isto é, uma gramática universal.

Page 16: Documentos Em No Me

Essa abordagem postula que a criança realiza operações mentais que transforma a gramática universal na gramática da língua a que está exposta, da seguinte forma: a gramática universal constitui-se de um conjunto de regras, das quais a criança irá selecionar as que serão empregadas para que possa efetivamente adquirir a linguagem que está submetida e excluir todas as demais.Chomsky pauta seus argumentos para validar a teoria da gramática universal desta forma:“...a criança, que é exposta normalmente a uma fala precária, fragmentada, cheia de frases truncadas ou incompletas, é capaz de dominar um conjunto complexo de regras ou princípios básicos que constituem a gramática internalizada do falante. (...). Um mecanismo ou dispositivo inato de aquisição da linguagem (...), que elabore hipóteses lingüísticas sobre dados lingüísticos primários (isto é, a língua a que a criança está exposta), gera uma gramática especifica, que é a gramática da língua nativa da criança, de maneira relativamente fácil e com um certo grau de estantaneidade. Isto é, esse mecanismo inato faz “ desabrochar “ o que “já está lá”, através da projeção, nos dados do ambiente, de um conhecimento lingüístico prévio, sintático por natureza”.Assim, a linguagem é atrelada a características inerentes a espécie humana, o que reafirma seu caráter universal, tomando a linguagem como um fator biológico e cognitivo. Ao assumir essa postura admite-se que o ser humano por natureza é detentor de uma gramática universal que possui princípios universais que fazem parte da faculdade da linguagem e parâmetro que serão definidos pela influencia do meio e/ou da língua nativa.A TEORIA DE PRINCÍPIOS E PARÂMETROSElaborada por Chomsky, em 1984, a Teoria de princípios e parâmetros significou uma adequação dos conceitos da gramática universal face aos questionamentos surgidos em torno da mesma, bem como diante das novas descobertas na área da aquisição da linguagem. Nessa releitura “...postula-se que a criança nasce pré-programada com princípios (universais) e um conjunto de parâmetros que deverão ser fixados ou marcados de acordo com os dados da língua a que a criança está exposta. A criança não escolhe mais as regras, nesta versão da teoria de princípios e parâmetros, mas valores, paramétricos”.Em outras palavras podemos dizer que se passou a acreditar que a gramática universal é disposta por princípios ou “leis” que são constantes e que são usadas igualmente em todas as línguas; contendo também parâmetros ou “leis” que tem representações definidas pela língua que se encontre, ocasionando as divergências entre as línguas e as transformações dentro de uma mesma língua. Nessa teoria a função da criança é analisar todas as partes do imput e depois processá-lo a fim de atribuir o valor que cada parâmetro deve possuir.Para um melhor esclarecimento, vamos exemplificar do seguinte modo: partindo da concepção de que todas as frases, indistintamente da língua, requerem um sujeito,

Page 17: Documentos Em No Me

contudo esse sujeito não necessariamente tem que estar explicito, sendo esse parâmetro ou valor que deve ser fixado. A criança, dependendo do sistema lingüístico em que se encontra, decidirá se o sujeito deve ou não constar obrigatoriamente na frase realizada.Entretanto, muitas perguntas sobre a problemática dos parâmetros ainda esperam por uma explicação, tais como: ”...quantos são os valores dos parâmetros? no estado inicial da GU, um dado parâmetro já tem uma marcação especifica ou não tem marcação alguma? é possível haver reparametrização? o que desencadearia a parametrização?...”Buscando desvendar como se dá à atribuição dos valores aos parâmetros temos três hipóteses que se propõem da conta de tal questão. A primeira afirma que no começo do processo os parâmetros não estão completamente presentes e só com o prosseguimento da aquisição da linguagem é que esses surgem, crendo também que os mesmos são organizados geneticamente, de modo a ocorrerem em determinadas etapas do amadurecimento do individuo, cujos fatores motivadores de tal processo são responsáveis pela transcrição da gramática universal para a gramática da língua nativa.A segunda hipótese divide-se em duas perspectivas, a da competência plena/total o entendimento que se teve é que todos os princípios estão presentes no começo do processo, caso não ocorra à delimitação logo, o motivo pode ser um problema de memória, por exemplo, na referida delimitação. Já a hipótese de aprendizagem lexical explica, segundo Pinker (1984), que os princípios estejam completamente presentes, a evolução sintática depende da interiorização de partes morfológicas e lexicais novas, o que pressupõe a interação com o meio que rodeia o individuo.Outras partes primordiais da teoria de parâmetros da aquisição da linguagem é a explicação da aprendizagem da língua, vista as fontes que dão suporte as crianças são tão escassas. A resposta de Chomsky fundamenta-se exatamente na existência da gramática universal enquanto conjunto de “...princípios inatos, biologicamente determinados, que constituem o componente da mente humana – faculdade da linguagem”. ( Há também a questão da dissociação dos dispositivos de aquisição da linguagem das demais instâncias cognitivas comportamentais, ou seja, a aquisição da língua deu acionamento da Gramática Universal e da definição de parâmetros não são obrigatoriamente atrelados aos outros sistemas cognitivos, memória por exemplo, bem como a interação social.CONCLUSÃOConclui-se a partir do que foi lido e discutido nesse artigo, acerca dos estudos de Chomsky, discutimos três vertentes de seu pensamento: o modelo gerativista, a gramática universal e o modelo dos princípios e parâmetros.O modelo gerativista se fundamenta no inatismo e também no racionalismo, que acreditam que a criança já nasce dotada de uma capacidade inata de aquisição da linguagem, e que o aprendizado da língua materna é o resultado de um amadurecimento

Page 18: Documentos Em No Me

dessa criança, isto é, uma conseqüência de suas suposições, respostas ou conclusões, a respeito da língua a ser adquirida.Então, quanto maior for à capacidade cognitiva, maior será a possibilidade de suposições levantadas por ela, e mais perto ficará da língua do adulto. A aquisição da linguagem possui ainda termos de competência e desempenho. A competência seria o entendimento que se tem da gramática de sua língua e o desempenho é como se usa esse conhecimento.A hipótese gerativo-transformacional diz que a fala da criança não é simples imitação da fala do adulto, pois possue fatos que não aparecem na língua do adulto, então a fala das crianças é original possui suas próprias regras, que através da convivência com o adulto é que vão se moldando.Para Chomsky, a criança possui um dispositivo de aquisição da linguagem chamado de DAL, que lhe permite adquirir a linguagem, que é acionado através de fala ou frases, IMPUT, de adultos, ajudará no desenvolvimento da língua a que a criança esta inserida.Chomsky diz ainda, que nesse processo de desenvolvimento da língua a criança irá conhecer muitas regras, mas escolherá somente aquelas que usará no contexto da língua em que esta inserida e que eliminará as outras.A respeito da gramática universal, Chomsky afirma que esta já nasce com a criança, cheias de regras de todas as gramáticas que esta usará. E que esta se transforma em gramática da língua, a partir do momento que a criança separa as regras que usará em determinadas línguas, ou seja, na língua em que está inserida.Quanto à teoria dos princípios e parâmetros, é uma releitura da gramática universal, esta postula que língua possui princípios ou leis, que são usados igualmente por todas as línguas, e parâmetros ou leis que possuem representações na língua em que se encontre, a partir disso cabe a criança selecionar o imput que melhor se adeque e depois processar o valor de cada parâmetro.Para solucionar essa teoria, três proposições acerca do assunto foram propostas. A primeira delas diz que no começo os parâmetros não estão presentes, só com o processo de aquisição da língua é que eles aparecem, e que são organizados geneticamente e são programados a aparecerem em determinadas fases do amadurecimento das crianças, cujos fatores responsáveis por tal processo é que transformam a gramática universal em gramática da língua. A segunda hipótese é dividida em duas fases: a da competência plena/total é que todos os princípios estiveram presentes desde o começo, caso a delimitação não ocorra desde o começo é porque houve algum problema com por exemplo memória. A outra é a da aprendizagem lexical que diz que os princípios estão completamente presentes, mas que a evolução sintática depende da interiorização de partes morfológicas e lexicais novas, o que exige uma interação com o meio. Outra é a explicação porque as fontes de suporte são tão escassas, a reposta de Chomsky sobre o assunto é na existência da gramática universal enquanto conceitos inatos, biologicamente determinados que constituem a mente humana. Outra questão é a

Page 19: Documentos Em No Me

dissociação dos dispositivos de aquisição da linguagem das demais instancias cognitivas comportamentais, a aquisição da língua se dá por meio da gramática universal, e a definição dos parâmetros não são obrigatoriamente atrelados aos sistemas cognitivos.

Resumo do pensamento e linguagem de vygotski e piagetEstes dois pesquisadores assemelham-se em algumas teorias. Ambos tiveram interesse na génese dos processos psiquicos, quer ao nível nos mecanismos de aquisição de estruturas durante a infância. Na década de 80 a história da Psicologia do desenvolvimento teve um marco. Os motivos deste trabalho tem como base descrever e analisar o modo como a psicologia do desenvolvimento evolui e ultrapassa um momento de crise e um impasse teórico derivado do choque entre duas posições epistemológicas extremas ancoradas num dualimo radical: a primeira ligada ao racionalismo e às suas formas de mentalismo- de que a psicanálise é o exemplo mais redutor, e a segunda comprometida com uma visão empirista e organicista, inspirada no materialismo mecanicista.Inicialmente aborda-se alguma sequencia de noções importantes para esta pesquisa. A primeira diz respeito à distinção entre fase etária e estádio de desenvolvimento, distinção que ajuda a perceber o modo como se processa o desenvolvimento no ser humano. A fase etária é a idade fisica e o estádio de desenvolvimento irá basear-se numa determinada estrutura que vai condicionar a sua própria existência. Os estádios de desenvolvimento operam como estruturas e como sistemas que estão também abertos à mudança e continua transformação. As estruturas estão em constante mudança e transformação, sempre num sentido ascendente. A fase linguistica- Lições de Piaget e Brunner. O primeiro descreve o modo como no esquema construtivista, onde o periodo pré operatório servirá para a criança desenvolver a inteligência representativa, ligada à aquisição de linguagem. E nesta fase que a criança desenvolve a capacidade de representar qualquer coisa por meio de outra coisa. A função simbólica aparece.A visão Brunniana introduz a representação simbólica como uma ferramenta. A linguagem permite ao homem possuir uma cultura, uma técnica, uma educação, dando-lhe, em termos de identidade, uma coerência interna (lógica).-CivilizaçãoOs investigadores da àrea oscilavam entre os dois pólos antagónicos: os defensores da homologia linguagem-mundo, e a outro, a heterogeneidade mundo-linguagem. A tese da homologia permitia a fusão entre a ideia e a palavra e a tese dissociativa a total separação entre as duas. Os autores que se inscrevem no pólo da homologia fundem pensamento e linguagem e por isso o problema da relação entre a ideia e a palavra não é resolvido, sendo evitado.Os que defendem o pólo de sentido contrário vêm esta como uma expreção exterior do pensamento. Ao dissociarem o pensamento verbal nos seus elementos estes tentam

Page 20: Documentos Em No Me

imaginar a ligação entre ambos, como se a relação entre os dois processos fosse puramente exterior e mecânica.Vygotski intererá uma terceira via, utilizando a análise que possa reduzir totalidades complexas a unidades. Apira-se, então, à substituição do método dissociativo por um outro que possa identificar essas unidades indissussiaveis que conservam em si as propriedades do fenómeno enquanto totalidades. O psicólogo encontra essas propriedades no chamado lado interior da palavra, ou seja, o seu significado.Vygotski tratou a ligação entre duas funções da linguagem; a comunicativa e a cognitiva. Para este, só é possivel transmitir a outra pessoa uma determinada sensação ou um determinado conteúdo de consciência se esse conteúdo estiver associado a uma determinada classe ou grupo de fenómenos- generalização. Esta apreensão generalizada da realidade é feita através do pensamento. A teoria de Piaget vai ser comentada posteriormente, onde se vai incidir no exame à linguagem egocêntrica e o modo como se processa a orientaação da investigação, isto é, se se caminha do individual para o social ou se, pelo contrário, o sentido é o inverso: do social para o individual.Acerca da primeira questão, sabemos que o nó unificador está no egocentrismo do pensamento infantil. A marca egocêntrica vai ser vista como uma forma intermédia e de transição entre o pensamento autista e o pensamento racional. O seu desaparecimento é algo certo e inevitável. Tal ideia é rejeitada por Vygotski, que em vez de extinção fala em transformação desta fase egocêntrica. A segunda diz respeito ao trajeto evolutivo do pensamento na infância. Existem duas vias que apontam para direções contrárias. A primeira orienta esse caminho do individual para o social. Na segunda avança-se do social para o individual. A primeira é defendida por Piaget, e a segunda é de Vy.A função da primeira linguagem é a função primeira da linguagem é a função de comunicação, de partilha social e de influência sobre os outros. A forma da linguagem infantil é puramente social. O construtivismo é defendido por estes dois autores e deitam por terra as antigas dicotomias. Para Piaget, se a ontogenese é considerada como pólo organizador e primordial, como fator primário alojado na primeira criança, constituindo a sua substância psicológica., a filógenese surge como imposição externa, como uma força estranha à criança que anula as caracteristicas de pensamento, correspondentes à sua natureza interior, substituindo-as por esquemas de pensamento estranhos à criança, os quais lhe são impostos do exterior.Esta preferência e reconhecimento de Piaget pelo pólo do biológico em detrimento do social. Já Vy. opta pela linguagem sociológica. Negligenciar qualquer um destes pólos, ontógenese/filogénese, ou biológico/social é, nas palavras de Vy, esquecer metade da realidade.

Page 21: Documentos Em No Me

Notas para a formulação do problema1. O sujeito e o ambiente

A separação exigida entre instinto e aprendizagem é um mito. Hoje é cada vez mais aceite, e quase concensual, que a aprendizagem implica plasticidade, enquanto o instinto implica estar preparado. O dominio por excelência onde se descobre tal fenómeno é o da aquisição da linguagem. A plasticidade que a criança alcança na aprendizagem de um vocabulário é not+avel. A escolha das palavras é finita, mas a criança não aprendeu que necessitava de um armazém de vocabulário: Nasceu com ele e com uma grande curiosidade para aprender. Instinto e aprendizagem, ou individuoe meio surge com as teorias de Vy e Piaget. Wiliam James propunha que o homem tinha mais capacidades de aprendizagem e mais instintivos, e não mais aprendizagens e menos instintos. Tais fatos confirmam a ideia de que a opção pela oposição extrema entre a plasticidade inerente ao ser humano e o estar preparado não tem hoje qualquer fundamento, e é uma posição abandonada, por insustentável. O campo da linguagem está para confirmar a intima relação entre instintos e aprendizagem.As estruturas gramaticais e o desejo de falar, não são aprendidos por simples imitação. As crianças desenvolvem pura e simplesmente a linguagem. Estas têm no cérebro um orgão da linguagem como afirma Chomsky. Este dispositivo está pronto e à espera de aplicar as regras básicas alusivas ao desenvolvimento de uma determinada linguagem. Como afirma Chomsky, existe uma estrutura profunda que é universal para todas as linguas do mundo e que está programada no cérebro humano. As investigações dete revelaram que tais estruturas de funcionamento da linguagem, muito gerais, são inatas e não apreendidas. Daí seja necessário ensinar gramática às crianças, elas parecem pressentir a estrutura básica que regula a língua, e passam a vida a generalizar aas regras que aprenderam. Ou seja, a predisposição para aprender uma linguagem como afirma Matt Ridley. A plasticidade que permite ao cerebro aprender um certo vocabulário e uma certa sintaxe está ligada ao instinto, a um instinto para a aprendizagem.Antes de avançar convém identificar e particularizar o sujeito com que se está a lidar. Ressalta-se a noção de estrutura. Estamos na presença óbvia de uma pessoa que tem várias sub-estruturas: psicológicas, sociológicas, linguisticas e outras. De qualquer forma todas elas pressupõe 3 caracteristicas essenciais, a de se apresentarem como um todo; a de serem suscetiveis de determinadas transformações; e por último a de serem capazes de uma certa auto-regulação. A conceção de estrutura tem de ser vista como totalidade: as leis não são de alguma forma “associações cumulativas”, remetem para um sentido dinâmico. A sua explicação só é compreendida caso ela seja considerada como um

Page 22: Documentos Em No Me

sistema de transformações. A caracteristica que diz respeito ao dinamismo intrínseco e à sua própria auto-conservação é a fundação onde se assenta todo o modelo teórico. É nestas premissas que Piaget vai fundamentar, aliás, o seu modelo construtivista.Nota: Por isso diz se que o estruturalismo de Piaget assume um papel construtivista na medida em que as diferentes estruturas dos estádios do desenvolvimento humano se geram e se transformam possibilitando assim a sua adaptação à realidade e a resolução dos seus problemas. Este paradigma procura explicar o densenvolvimento do pensamento como um processo contínuo de adaptação do organismo ao meio, marcado pelos estádios. Cada uma deles representa um estágio de equilibrio,estável, entre o organismo e o meio, onde ocorrem de determinados mecanismos de interação, como a ssimilação e a acomodação. Todo o conhecimento começa por uma assimilação pelas estruturas e esquemas do sujeito dos dados que recebe do exterior. Estas estruturas e esquemas são meios que permitem o conhecimento. Tal assimilação implica a sua modificação. A acomodação consiste na modificação destas estruturas ou esquemas para se adaptarem aos novos dados que emergem da interação. A inteligência surge então como o conjunto das estruturas e esquemas de que um organismo dispõe em cada fase do seu desenvolvimento. A adaptação constitui a expressão do equilibrio atingido entre a assimilação e a adaptação. As dimensões que mais interessam a este trabalho são os aspetos cognitivos e linguisticos que estão na base de toda esta espiral materializada num modelo desenvolvimentalista.

2. A fase etária e o estádio de desenvolvimentoCada individuo possui uma estrutura pessoal onde é possivel distinguir diversos fatores esseciais, entre os quais se destacam os aspetos do pensamento e da linguagem. Como defenderá Alarcão Tavares, eles encontram-se associados a muitos outros: os do relacionamento social, os axiológicos, os afeticos, entre vários. Eles vão surgindo em etapas propiciadoras, e vão predominando ao longo do tempo da existencia humana.

Nota: Nos primeiros tempos predominam os aspetos psicomotores e afetivos, depois os cognitivos e, finalmente, os axiológicos e de relacionamento social. A predominância de um ou outro desses aspetos imprime à personalidade da criança ritmos e caracteristicas próprios que se exprimem em linguagens e k.

Os termos que definem o estádio passam pela ordem de sucessão das aquisições ser uma constante. Essa sequência deve obedecer a uma integração, isto é, as estruturas que foram construidas num determinado estádio devem ser integradas nas estruturas do estádio seguinte. As caracteristicas seguintes devem corresponder a uma ideia de conjunto. Daí decorre que se distinguir no interior de cada uma delas o seu inicio, o estado de preparação, e

Page 23: Documentos Em No Me

um momento final, o denominado estado de acabamento. Finalmente, a última caracteristica do estádio do desenvolvimento realça de se apresentar na sua ordem natural de sucessão um processo de formação (de génese) e as suas formas de equilibrio final.A distinção entre fase etária e estádio de desenvolvimento tendo em atenção estes conceitos. A fase etária tem como principio básico a idade fisica. Já o estádio de desenvolvimento baseia-se numa detreminada estrutura que condiciona a sua própria existência. O estádio pode ocorrer em simultaneo com uma determinada fase etária, não é de todo estabelecido necessariamente em função da idade: Parece que todas as pessoas as pessoas passam pelos mesmos estádios, mas podem atingi-los e sair deles em tempos diferentes.Segundo Piaget, o desenvolvimento do ser humano é uma reorganização dinãmica das estruturas cognitivas contruidas através da ação do sujeito. Esta ação implica uma troca funcional entre uma organização biológica e o meio, pressup~ies uma estrutura interna e conduz a uma estruturação do meio. Na origem desta capacidade é o interacionismo.O desenvolvimento cognitivo que decorre através dos vários estádios, é o resultado da interação entre o sujeito e o ambiente. Associado ao interacionismo está o próprio estruturalismo. O que se desenvolve são as estruturas, os chamados conjuntos de esquemas, que possuem um nivel de preparação e de acabamento. Como sistemas que estão abertos à mudança e à continua transformação: as estruturas construídas numa idade dada, tornam-se parte integrante das estruturas da idade seguinte. Este caracter integrativo é um fenómeno fundamentais para o funcionamento da máquina construtivista de Piaget.

A fase Liguistica1. O periodo pre-operatório

Segue-se depois do Sensório-moto, que vai desde o nascimento até aos 2 anos. A criança começa a desenvolver a sua intelig~encia, prática e manipulativa (sensório-motora) que consiste numa diferenciação entre ela e o mundo. No estádio sensório-motor possui-se apenas sensações internas-prazer, dor- é capaz de acompanhar com o olhar um objeto que se desloque no seu campo visual. Vai reconhecendo a autonomia dos objetos e reconhecendo-se diferentes deles.No periodo pré-operatório, a criança desenvolve a inteligência representativa, ligada à aquisição da linguagem. Está presente a função simbólica: linguagem, gesto simbólico, imagem mental.Piaget vai sustentar a tese de que a passagem do estádio sensório-motor para o das operações concretas se faz, sobretudo, através da representação. “Esta capacidade cognitiva permite representar os objectos da percepção independentemente da sua presença; ou seja, na sua ausência”. Só através da integração desta característica é

Page 24: Documentos Em No Me

permitido inaugurar o estádio da inteligência. A criança começa a fazer aquisições na dimensão linguistica.A linguagem está enraizada e mantém-se solidária com as aquisições feitas ao nível da inteligência. O fenómeno presente é a assimilação, que garante a integração de novos objetos ou de novas situações e acontecimentos em esquemas anteriores. A linguagem segue este modelo para constituir mais tarde a função simbólica ou semiótica.Alguns autores, na esteira de Brunner, chamam a este tempo, a fase linguistica por excelência, devido à velocidade avassaladora com que a criança adquire os requisitos linguisticos e comunicacionais.Os exercicios privilegiados passam pela sinalização e simbolização: As coisas do mundo são objeto da perceção, para serem, depois, imagens, sinais, simbolos, palavras, frases, linguagem. Ela comunica-se ainda em grande media em esquemas de ação, de representação figurativa e não propriamente em esquemas operatórios.A par desta descoberta, a função simbólica ou semiótica também concorre para o efeito final. O papel semiótico, entre os dois e os quatro anos de idade e está baseado nesta espécie de imagem mental que pressupões já a aquisição da capacidade representativa. Isto vai se manifestar ainda de um modo muito incipiente.A criança liberta-se num ápice dessas amarras redutoras e abre-se ao mundo.Esta maior abertura que a linguagem lhe proporciona está, num movimento recíproco. Neste campo novo a criança tem a possibilidade de exercitar continuamente as suas novas aquisições e aprendizagens, que lhe permitem situar a sua ação no meio de outros sujeitos e objetos, ao mesmo tempo que reivindica para si a sua quota de individualidade.A interação com o meio, ganha uma forma mais ou menos coerente. Tal fato permite à criança ir transformando, os seus esquemas de ação em esquemas operatórios ou de conhecimemento á medida que se forem atingindo os diversos estádios de desenvolvimento.O sub-estádio medeia os dois e os quatro anos, é fundamental para o exercicio e o aprofundamento das atividades associadas à função simbólica, tendo como premissa a imitação representativa. Este instinto permite á criança dedicar-se à formação de significantes cada vez mais variados e complexos e integrá-los num sistema de símbolos que estará na base do jogo simbólico.O egocentrismo não desaparece. Esse género de pensamento permanece e continua a ditar as suas leis. Esse predominio substituirá até aos seis, sete anos, isto é, até ao aparecimento das operações concretas.

2. A linguagem como ferramentaNo campo da psicologia experimental, Brunner aposta num modelo diferente do de Piaget. Em Brunner os mecanismos da linguagem assumem uma relação estreita com

Page 25: Documentos Em No Me

um sistema de valores, com uma filosofia de vida, e até com os laços que se estabelecem com a aprendizagem no processo educativo e no quadro social.É possivel a busca permanentemente do homem inserido na cultura e que se exprime através da linguagem. Este autor articula tres estruturas onde assenta a educação: a do desenvolvimento, a do conhecimento, e a da aprendizagem.A criança num determinado itenerário de desenvolvimento, segmentado em diversos estádios. Três grandes niveis ou estádios: o estádio de representação ativa, o estádio da representação icónica e o estádio de representação simbólica.No primeiro estádio predomina a ação: a criança representa o mundo que o rodeia através da ação. No segundo estádio, a criança vai representar o mundo através de imagens.Por fim surge o estádio da representação simbólica. Esta só é possivel de compreensão tendo como plataforma primeira a estrutura da linguagem.Esta estrutura da linguagem, por onde passam os feixes de uma cultura, de uma comunicação, onde se estabelecem as relações Eu/Tu, e Eu/Vós é, no modelo brunneriano, uma estrutura mais complexa do que as atividades pré-linguistiicas ou proto-simbólicas do saber fazer.