Doença e diagnóstico nosológico em psiquiatria
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Transcript of Doença e diagnóstico nosológico em psiquiatria
ObrigadoA propriedade essencial de uma doença é sua
etiopatogenia, dado que possibilita a classificacão
científica de doenças, como fizeram Linneu e Leontiev com
a Biologia e a Química.
São quatro os obstáculos ao conhecimento da verdade: a frágil e indigna autoridade, o costume, a opinião do povo
indouto e a própria ignorância dissimulada por conhecimento
fictício Rogério BACON (c1212-c1290)
Doença humana é uma afecção danosa que compromete uma pessoa, da qual se conhece ou, ao menos tenha uma hipótese razoável de sua etiopatogenia.
Primeiro, existiu o conhecimento chamado comum.
Depois, surgiu a filosofia e esta gerou todas as ciências fáticas
(naturais, do homem e da sociedade) e formais (matemática, lógica).
O que é Certeza?
A convicção e segurança de saber a verdade, de que uma proposição
é verdadeira, enquanto não for verificada falsa.
E que a busca da verdade exige:
Esforço e dedicação, modéstia e honestidade,
amor pela verdade e liberdade (objetiva e subjetiva).
O que compromete a liberdade
Superstição, ignorância, interesses, desonestidade,
neurose,alienação e subjugação
(objetiva e subjetiva).
Existem três modos de conhecer:
- o conhecimento vulgar ou senso comum,
- o conhecimento filosófico e- o conhecimento científico.
O conhecimento consiste na apropriação pelo sujeito
cognoscente de propriedades do objeto que estiver sendo
conhecido por ele.
O conhecimento comum (senso vulgar, senso comum): é mais ou menos
espontâneo, impreciso assistemático e casual; superficial e associativo, auto-
contraditório e acrítico, fragmentário e ametódico. É dirigido pelas
características formais e pela aparência e impressão superficial das coisas e se
refere a objetos específicos.
Mescla opinião e crença, dados cognitivos e afetivos; mas se caracteriza por não ter compromisso com o rigor,
a exatidão, a comprobabilidade ou a veracidade. É predominantemente
subjetivo e mesmo quando se refere a fatos objetivos, sofre decisiva influência da subjetividade, é acrítico, não inclui a dúvida, nem qualquer outro critério de verdade; é heterogêneo e contraditório
consigo mesmo.
O Conhecimento Vulgar não persegue a coerência ou a objetividade de suas
informações entre si ou com o restante do conhecimento, nem se
dirige pela confrontação com a realidade, além de que valoriza mais os
elementos qualitativos que os quantitativos de seu objeto de estudo
em seu modo de conhecer.
O conhecimento científico é estruturado e adquirido sistematicamente acerca de um objeto definido; voltado para ir além
das características da aparência, buscando os elementos essenciais dos objetos
conceituais. Nas ciências, o estabelecimento da causalidade deve fugir a toda explicação aparente e superficial.
Cada ciência particular é uma teoria ou um sistema de teorias a cerca de seu objeto. Estrutura-se da forma para o
conteúdo, da aparência para a essência, da simplicidade para a complexidade e
dos casos particulares para generalidades cada vez mais amplas,
num processo permanente de retroalimen-tação cognitiva.
Características identificáveis nas ciências fáticas e em todas as suas manifestações teóricas e práticas
(Bunge)
A noção de fato se refere ao que é dado pela experiência (conhecimento
espontâneo, originado em ter sido vivido pelo indivíduo cognoscente) ou pelos
sentidos (íntegradas através da senso-percepção).
a) uma ciência fática sempre se limita aos fatos (qualquer atividade científica se inicia no estabelecimento dos fatos e está limitada ao estudo destes fatos como acontecimentos
ou objetos reais, ainda que possam ser objetivos ou subjetivos (mas, neste último
caso, devem ser objetiváveis), e dos fenômenos que se dão nos fatos ou nas
relações entre eles), e sua elaboração e suas conclusões não devem ultrapassar os fatos;
b) a atividade científica transcende os fatos só em suas conclusões - por sua natureza, o resultado da atividade científica se dirige
sempre para além dos fatos e objetos estudados, assim, cria novos fatos e se orienta para além dos eventos que lhes acontecem, as ciências sempre buscam explicação, origem e conseqüências dos
objetos e fenômenos que estuda;
c) toda ciência consiste em um corpo de conhecimento fundamental e inicialmente
analítico de seu objeto (conhecimento iniciado na evidenciação e nominação, segue pela
descrição e a explicação, trajetória lógica que vai do simples ao complexo, do particular ao geral,
da forma ao conteúdo, da aparência à essência - em busca de meios de quantificar e registrar fielmente os fenômenos porque a exatidão da
descrição influi mais ou menos positivamente na qualidade da explicação);
d) todo conhecimento científico é especializado, porque se refere a um objeto especial a um segmento da natureza, da sociedade ou do pensamento humano
(apenas no sentido de que o conhecimento científico e a investigação da ciência se referem a um objeto específico e sempre
especificado, nunca a um método especial ou, muito menos, a um especialista);
e) todo conhecimento científico deve ser comunicável de forma clara e precisa,
da maneira a mais exata possível, tanto no que diz respeito aos seus enunciados, seus problemas, quanto à solução destes problemas e às conclusões permitidas
por sua atividade;
f) para isto, a ciência necessita criar sua própria linguagem inventando
símbolos para expressar seus conceitos mais importantes e, muitas vezes, criar uma sintaxe que lhe seja própria (mas estes símbolos devem ser simples e ter
significado exato, preciso e serem universalmente entendidos);
g) toda ciência ou conhecimento científico deve ser verificável empiricamente e
criticável na prática e em teoria (suas conclusões devem poder ser submetidas a verificação ou comprovação mediante
experimentais ou lógicas que sejam suficientes para comprovar seu teor de
verdade que, geralmente, se refere à sua sintonia com a realidade);
h) o conhecimento científico é metódico, sistemático e geral (seus procedimentos de
investigação devem atender às exigências da metodologia científica, ser organizados como um sistema teórico consistente e devem estar voltados para descobrir o que há de geral e
essencial nos diversos níveis de com-plexidade dos fenômenos que estuda e suas conexões
com os demais);
i) a ciência é legal (concretiza-se na descoberta das leis que regem seu objeto
e permitam generalizar, seja este um grande campo da natureza, do homem
ou da sociedade ou se resuma a um único objeto ou fenômeno natural,
humano ou sócio-cultural);
j) o conhecimento científico é explicativo e preditivo (não se
contenta com descrever, mas visa explicar e prever, ainda que sua explicabilidade e previsibilidade sejam relativas e provisórias);
l) a ciência é aberta, um saber público (sem barreiras "a priori") e deve poder ser adquirido e aceito (não dependendo de
iniciação ou capacitação sistemática, ao contrário das profissões, podendo ser
estudado, conhecido, verificado e praticado por todos, como um
conhecimento público e um sistema de saber aberto que a ciência é);
m) toda ciência é útil, porque busca a verdade e a emprega não apenas
para prever e explicar o mundo, mas para modificá-lo, de modo a atender
às necessidades humanas.
O conhecimento filosófico deve ser considerado uma forma radical e rigo-rosamente diferente do conhecimento
vulgar e do científico. Um saber valora-tivo de construtos não sujeitos
à observação ou à experimentação que abrange a totalidade universal
desses, até suas causas e conseqüências últimas. Ocupa-se da
essência e do valor de tudo que existe no mundo..
Sumo dos Critérios de Cientificidade
ExatidãoObjetividade e Especificidade,
Verificabilidade e Sistematicidade,Fidedignidade e Validade,
Reprodutibilidade.
O conhecimento filosófico, ou ciência das generalidades,
caracteriza-se pela extensão ilimitada de seu objeto.
Generaliza e valoriza sobre tudo o que existe. É o saber mais extenso e válido possível e
sempre destinado a ser empregado em benefício da
humanidade.
O pragmatismo (ou utilitarismo) supõe que o conhecimento só
deva ser tido como verdadeiro se for útil aos propósitos para os
quais estiver sendo elaborado. É a utilidade (ou pragmaticidade) que sustenta a validade de qualquer
conhecimento.
A Metodologia da Filosofia atual está dividida em 3 grandes tendências doutrinárias:
√ os positivismos, √ os antipositivismos e
√ os ecletismos
Os positivismos caracterizam-se por: 1) objetivismo;
2) negam influência à subjetividade; 3) o conhecimento é só a descrição
generalizadora de fatos; 4) emprega só a investigação quantitativa (a
observação e o experimento); 5) expressam posição cientificista (centrada
no método científico quantificado), são agnósticos ou idealistas subjetivos; e
6) recusam a explicacão e a previsão.
•Os antipositivismos se caracterizam por: •1) recusam o positivismo;
•2) julgam o conhecimento baseado na inter-pretação dos fatos pelo sujeito (individual
ou/e social); •3) negam o conhecimento como reflexo ou cópia da realidade objetiva, mas construção; •4) pretendem que só a elaboraçao teórica ou interpretação dos fatos lhes dá sentido; •5) preferem a investigação qualitativa, mas
alguns combinam-na com a quantitativa;
• 5) os antipositivistas, em geral, expressam as posições do humanismo idealista ou verbalista, centrados na problemática subjetiva ou social do ser humano.
•6) na sociologia são principalmente os construtivistas e na psicologia, os
psicoanalistas ortodoxos.
O humanismo científico, sintetizador ou materialista tem as seguintes características: 1) o C está baseado na unidade da teoria e
da prática, da reflexão racional com a observação dos fatos, da elaboração racional do investigador com a verificação empírica;
2) o conhecimento é objetivo, reflejo, imagem ou síntese da realidade objetiva que
existe fora da consciência; 3) valoriza tanto a elaboração teórica quanto
a verificação empírica;
4) os materialismos e o humanismo científico se
caracterizam pela harmonia e integração do humanismo (seja
realista, materialista emergentista em Bunge ou dialético em Marx).
O materialismo gnosiológico (ou realismo) sustenta que todo conhecimento se refere à
matéria ou a algum produto ou qualidade da matéria ou
atribuído a ela.
O “materialismo” ético sustenta que todo comportamento dessa
qualidade objetiva a valores materiais.
O materialismo dialético. Desde Marx, a posição dialética sobre a cognoscibilidade
distingue: as totalidades de seus segmentos particulares, as coisas de suas
relações, o fenômeno (aparência) da essência, a forma do conteúdo e
relacionar a modalidade de conhecimento com o critério de verdade
empregado em sua aferição. O materialismo emergente (Bunge).
Enquanto os positivistas (empiristas, prag-matistas e fenomenistas) dirigem
sua atenção para os objetos materiais, o pensamento dialético se dirige para as
relações entre eles.
E mais, os positivistas só admitem que o conhecimento provenha dos sentidos.
Denomina-se fenômeno à maneira pela qual uma coisa se apresenta aos
sentidos (sua aparência, as informações sensoriais que comunica ao
observador), enquanto a essência se refere às sua propriedades e relações essenciais daquela coisa (objeto ou
processo).
Diferentemente fenômeno, a maneira pela qual uma coisa se apresenta aos
sentidos (sua aparência, as informações sensoriais que comunica ao
observador), a essência se refere às sua propriedades e relações essenciais
(daquele objeto material ou construto). Aquilo que faz aquele objeto material
ou conceitual ou material ser o que é.
A fenomenologia (emprego deste conceito na elaboração do conhecimento) deve ser
diferenciada do fenomenologismo (exagero, superestimação ou
exclusividade dos procedimentos fenomenológicos para conhecer).
Para os materialistas existem três critérios de verdade:
•o critério ideal (coerência das proposições),
•o critério fático (compatibilidade com a realidade) e o
•o critério convencionado.
Definição de Filosofia Filosofia é o modo de conhecer que se ocupa das regularidades universais. É o
conhecimen-to sistemático que objetiva a formulação, a análise e a solução das principais questões de concepção do
mundo, da sociedade e do homem (inclusive sua subjetividade), configu-rado
harmoniosamente como uma visão teórica coesa e unitária sobre o universo e o lugar
que o homem ocupa nele.
O conhecimento filosófico abrange uma visão do mundo (cosmologia) que inclui uma visão da sociedade e da sociedade e do homem (sócio-
antropologia), inclusive do seu conhecimento (epistemologia) e dos
processos racionais (lógica).
•E a Psicologia?
Disciplinas Filosóficas
Cosmologia (concepção do mundo), Antropologia (teoria do H. da
humanidade), Ontologia, teoria do objeto (ou do ser, metafísica),
Gnosiologia, teoria do conhecimento,Lógica, teoria racional e
Metodologia teoria do método.E a ética?
A ontologia estuda a origem, a essência, a causa primeira do cosmos, da vida e do
pensamento (tudo o que existe). O termo permite referir o processo filosófico de estudar o objeto do
conhecimento; neste caso, como aqui, o estudo ontológico de uma ciência é o
estudo de seu objeto (sua definição e sua objetividade). Não é possível pensar em ciência ou qualquer atividade científica
sem ter bem clara a noção de seu objeto de estudo.
A gnosiologia, teoria do conhecimento ou epistemologia, é a disciplina filosófica que estuda o conhecimento em geral, inclusive o conhecimento científico, a
verdade, o erro; a teoria do conhecimento é o estudo do como se conhece, dos processos utilizados para
conhecer. É com a gnosiologia ou epistemologia que se definem as grandes
diretrizes do pensamento científico.
A metodologia ou teoria dos procedimentos operatórios destinados a construir o conhecimento científico, suas exigências de veracidade - a metodologia – inclui a metodologia filosófica quanto a
científica. pode ser incluída como da lógica na maioria das sistematizações. (Destacada aqui por sua importância
relativa para o tema central deste trabalho - a fundamentação científica da
Medicina e da psiquiatria).
A teoria da arquitetura lógica do pensamento, da elaboração racional das idéias, sobretudo do manejo dos juízos,
referida simplesmente como lógica (inclusive a lógica matemática, a lógica formal, a lógica dialética) que preside a
construção dos conceitos, das categorias, das proposições e das
teorias científicas.
1. Materialista. Todo que existe realmente, dentro ou fora do sujeito, é
material, concreto. As propriedades não existem por si, são possuídas por
objetos concretos ou conceituais. Tampouco há idéias autônomas: todas
são processos cerebrais. Ex, um número não existe na natureza nem na sociedade; só existe por ser pensado
por alguma pessoa.
2. Sistemista. Tudo que existe • seja concreto,
conceitual ou semiótico, é um sistema ou componente
de algum sistema.
4. Dinamicista. Todo que existe realmente muda. Só
os objetos conceituales (por exemplo, matemáticos) são imutáveis, porém o são por
convenção.
5. Realista. O mundo exterior ao sujeito cognoscente existe
independentemente deste e é cognoscível, ao menos
parcial gradual e provisoriamente.
6. Cientificista. A melhor maneira de investigar como são as coisas, naturais,
sociais, artificiais ou conceituais, é adotar o método científico. E a melhor maneira de avaliar os princípios filosóficos é exibir sua compatibilidade com a ciência e a técnica do momento; seja seu valor heurístico na investigação científica ou técnica, seja seu
valor no desenho de políticas que objetivem o melhoramento da qualidade da vida.
7. Racioempirista. Combina dos constituintes válidos do
racionalismo e do empirismo. Filosofia que aspira ser clara,
coerente e hipotético-dedutiva, enquanto põe suas hipóteses á prova dos fatos.
8. Exata. Tenta exatificar idéias intuitivas interessantes,
ou seja, convertê-las em idéias que tenham forma
lógica ou matemática precisa.
9. Agatonista. Não há direito sem dever, nem dever sem direito. O
máximo princípio moral deberia ser «Goza a vida e ajuda a viver».
Combinação de egoísmo com altruismo, de utilitarismo com
deontologicismo, e de cognitivismo com emotivismo.
10. Democracia integral (biológica, econômica,
política e cultural) informada pela moral agatonista e a
sociotécnica.