DOENÇA MENTAL E PSICOLOGIA.doc

9
DOENÇA MENTAL E PSICOLOGIA FOUCAULT, M. Pensador e epistemólogo Francês contemporâneo, nascido no dia 15 de Outubro de 1926, em Poiters. Formou-se em Psicologia e Psicopatologia. Foi titular da Cadeira de Sistemas de Pensamentos no Collège de France, filho de um pai médico, morreu de Aids em 25 de Junho de 1984. Em seu livro Doença mental e psicologia questiona sobre o direito de propor uma interpretação neuro-sócio-psico-existencial sobre a loucura. O livro possui 98 p. que está dividido em duas partes: uma, As dimensões psicológicas da doença, fazendo um apanhado geral da evolução e história da doença mental; a outra, Loucura e cultura, que fala sobre a constituição histórica da doença mental e a estrutura global da loucura. A grande qualidade deste livro se refere, a maneira que o autor apresenta e classifica as perturbações psiquiátricas, sua atividade prática dentro do Hospital Geral, e como ele percebe o individuo. No capitulo 1, Foucault coloca questões com relação à concepção de doença no campo psicológico e a relação desta com a patologia orgânica, quando as psicopatologias se organizam entre os pólos de aceitação ou não da dualidade normal- patológico, os quais, se vinculam ao orgânico. É na relação historicamente definida que deve ser encontrada a raiz da patologia mental. "Para alem das patologias mental e orgânica, há uma patologia geral e abstrata que as domina, impondo-lhes, à maneira de prejuízos, os mesmos conceitos, e indicando-lhes os mesmos métodos à maneira de postulados". Inicialmente, a medicina mental tratou de identificar a essência da doença de acordo com os sintomas apresentados, mas anterior e independente deles e, por outro lado se constituiu uma nosografia sobre as formas de doença e sua evolução. Esse paralelo entre a doença mental e orgânica deixam escapar o problema da unidade humana e da totalidade psicossomática, ainda em aberto. (p. 13). No capítulo 2, é possível compreender que o doente possui uma estrutura de raciocínio que ocupa os espaços com reações e funções diferentes das executadas por outras pessoas o que provoca o interesse em pesquisar a constituição mental desses usuários de serviços psiquiátricos. "É preciso, então, dando crédito ao próprio homem, e não às abstrações

Transcript of DOENÇA MENTAL E PSICOLOGIA.doc

DOENA MENTAL E PSICOLOGIA

DOENA MENTAL E PSICOLOGIA

FOUCAULT, M. Pensador e epistemlogo Francs contemporneo, nascido no dia 15 de Outubro de 1926, em Poiters. Formou-se em Psicologia e Psicopatologia. Foi titular da Cadeira de Sistemas de Pensamentos no Collge de France, filho de um pai mdico, morreu de Aids em 25 de Junho de 1984. Em seu livro Doena mental e psicologia questiona sobre o direito de propor uma interpretao neuro-scio-psico-existencial sobre a loucura. O livro possui 98 p. que est dividido em duas partes: uma, As dimenses psicolgicas da doena, fazendo um apanhado geral da evoluo e histria da doena mental; a outra, Loucura e cultura, que fala sobre a constituio histrica da doena mental e a estrutura global da loucura. A grande qualidade deste livro se refere, a maneira que o autor apresenta e classifica as perturbaes psiquitricas, sua atividade prtica dentro do Hospital Geral, e como ele percebe o individuo. No capitulo 1, Foucault coloca questes com relao concepo de doena no campo psicolgico e a relao desta com a patologia orgnica, quando as psicopatologias se organizam entre os plos de aceitao ou no da dualidade normal-patolgico, os quais, se vinculam ao orgnico. na relao historicamente definida que deve ser encontrada a raiz da patologia mental. "Para alem das patologias mental e orgnica, h uma patologia geral e abstrata que as domina, impondo-lhes, maneira de prejuzos, os mesmos conceitos, e indicando-lhes os mesmos mtodos maneira de postulados". Inicialmente, a medicina mental tratou de identificar a essncia da doena de acordo com os sintomas apresentados, mas anterior e independente deles e, por outro lado se constituiu uma nosografia sobre as formas de doena e sua evoluo. Esse paralelo entre a doena mental e orgnica deixam escapar o problema da unidade humana e da totalidade psicossomtica, ainda em aberto. (p. 13). No captulo 2, possvel compreender que o doente possui uma estrutura de raciocnio que ocupa os espaos com reaes e funes diferentes das executadas por outras pessoas o que provoca o interesse em pesquisar a constituio mental desses usurios de servios psiquitricos. " preciso, ento, dando crdito ao prprio homem, e no s abstraes sobre a doena, analisar a especificidade da doena mental, buscar as formas concretas que a psicologia pde atribuir-lhe; depois determinar as condies que tornaram possvel este estranho status da loucura, doena mental irredutvel a qualquer doena".(p. 21).

PARTE I. As Dimenses Psicolgicas da Doena.

Nesta primeira parte do livro, h uma exposio ampla sobre a dificuldade do doente em relao ao tempo e ao espao; sua conscincia est desorientada, obscurecida, limitada, fragmentada, o que desencadeia reaes que parecem exageradas e violentas. A doena no s ausncia de condutas, aptides e memria, "a essncia da doena no est somente no vazio criado, mas tambm na plenitude positiva das atividades de substituio que vm preench-lo." (p. 24). Sempre preenchido por exemplos de casos estudados por vrios autores, a seguir apresentada evoluo da noo de neurose. Segundo Freud como regresso individual, a interpretao de Jackson sobre a doena, tendo a infra-estrutura cerebral como base fsica da conscincia e a de Janet quanto regresso do doente a formas arcaicas de comportamento, com linguagem, gestos e imaginao destoante. Estas anlises, segundo o autor, situam-se nas fronteiras do mito da substncia psicolgica (libido, fora psquica) em evoluo ou regresso, ou da identidade entre o doente, o primitivo e a criana. Em seguida, analisa a insuficincia destas grandes linhas explicativas da doena mental. A diferena e a relao entre evoluo patolgica e histria individual determinante para o entendimento das teorias psicolgicas.

A evoluo psicolgica integra o passado ao presente numa unidade sem conflito; A histria psicolgica ignora uma juno semelhante do anterior e do atual. (p. 39). O doente tem a necessidade de se defender do presente, por isso se protege e foge dele; assim, a defesa psicolgica uma conseqncia histrica; em torno desta teoria da defesa desenvolve-se a psicanlise. "Assim como o medo reao ao presente exterior, a angstia a dimenso afetiva desta contradio interna".(p. 50). Afirma-se a doena a partir de uma ligao entre presente e passado em que no existe uma integrao progressiva "o doente vive sua angstia e seus mecanismos de defesa numa circularidade que o faz defender-se contra a angstia com os mecanismos que lhe esto ligados historicamente, que, por isso, exaltam-no, ao mximo, e ameaam incansavelmente faz-la ressurgir". Em oposio histria do indivduo normal, esta monotonia circular o trao da histria patolgica. (p. 51). Para Foucault, a psicologia da evoluo deve ser completada pela psicologia da gnese que descreve o sentido atual das regresses. Evitar ter como modelo s fases biolgicas para encontrar as significaes psicolgicas pelas quais se ordenam as condutas mrbidas. (p. 52).

A doena exige um novo tipo de anlise, muito diferente das cincias da natureza. Uma anlise sobre a prpria existncia, para alm das manifestaes da doena, a compreenso fenomenolgica a partir do interior da experincia, embora a doena mental resista a qualquer compreenso. A compreenso da conscincia doente e a reconstituio do seu universo patolgico so as tarefas de uma fenomenologia da doena mental.

falso o mito de que o doente ignora sua loucura. Ele tem uma conscincia original sobre sua doena, tomada no interior dela mesma, ou seja, inserida no processo. "A maneira pela qual um sujeito aceita ou recusa sua doena, o modo pelo qual a interpreta e d significao a suas formas mais absurdas, tudo isto constitui uma das dimenses essenciais da doena." (p. 58). Essa conscincia se dirige a um mundo patolgico de estruturas existenciais com caracterstica singular, em que h perturbao: *Das formas temporais, aumento de catstrofes, fragmentao, saltos, repetio do tempo, noo de eternidade, passado que no passa. *Das formas espaciais, distncias desmoronam-se, vises e vozes que se sabe longe esto aqui, num quase-espao. *Os objetos se aproximam e distanciam, misturam-se; em outros casos, o espao torna-se solitrio e rgido, os objetos perdem seu ndice de insero, no podem ser utilizados, no tm vnculo com os demais (da a importncia dos muros, de tudo que fecha e protege em funo da ausncia de unidade interna nas coisas). *Do mundo social e cultural, o outro passa a ser o estranho; h estranheza diante da linguagem e do corpo do outro, da certeza de existncia dele; distanciamento de um universo inter-humano; os smbolos adquirem a gravidade dos enigmas; ou ento h pseudo-reconhecimentos, em que os outros so um outro maior, com mscaras que escondem um mesmo perseguidor. *Da esfera individual o prprio corpo deixa de ser o centro de referncia e altera-se, torna-se espesso, tende a uma objetividade na qual a conscincia no pode mais reconhecer seu corpo (p. 66). *O sujeito se sente mquina impulsionada por uma exterioridade misteriosa; ou se tem uma conscincia plena do corpo que se enfraquece at ser conscincia de uma vida incorporal, que se esgota numa morte lenta que ela prepara pela recusa de qualquer alimento, de qualquer cuidado corporal, de qualquer preocupao material.(p. 66). A anlise fenomenolgica recusa a distino priori entre o normal e o patolgico, mas o mrbido manifesta-se no decorrer da investigao, como carter fundamental deste universo. Binswanger lembra a propsito da loucura, o dito de Herclito a propsito do sono: "Os que esto acordados tm um mundo nico e comum; o que dorme volta-se para seu prprio mundo".

PARTE II. Loucura, Cultura e Histria o Carter tico.

A segunda parte do livro apresenta a psicologia como fato de civilizao. A loucura est estreitamente ligada cultura; a doena s tem realidade e valor de doena no interior de uma cultura que a reconhece como tal.(p. 71). A relatividade do mrbido no clara. Para Durkheim, um fenmeno seria patolgico ao afastar-se da mdia, marcando um estgio superado de uma sociedade ou esboando um posterior estgio de desenvolvimento que ainda mal se esboa. Tal concepo encarada sob um aspecto negativo e virtual: a doena seria marginal por natureza e relativa a uma cultura somente na medida em que uma conduta que a ela no se integra.(p. 73) virtual porque o contedo da doena definido pelas possibilidades no mrbidas que nela se manifestam.

O lado positivo da doena encontra-se nas sociedades que a reconhecem como tal e reservam a ela status e funo, como ocorre entre os "Zulus com relao a xam", uma cultura que reserva um papel social ao doente. "Nossa sociedade, v na doena o sentido do desvio que necessita ser excludo, pois foge norma, essa sociedade no quer reconhecer-se no doente que ela persegue; no mesmo instante em que ela diagnostica a doena, exclui o doente".(p. 74). A histria da psiquiatria mostrava o louco da Idade Mdia como preso em redes de significaes religiosas e mgicas. Com a objetividade de um olhar mdico e cientfico descobriu-se a deteriorao da natureza onde se decifravam perverses sobrenaturais. Na Grcia, uma parte da loucura j estava vinculada patologia e a suas prticas. Os primeiros estabelecimentos reservados aos loucos so abertos no sculo XV na Espanha (Saragosa) e depois na Itlia, como prticas localizadas, pois a loucura experimentada no estado livre, ela circula, faz parte do cenrio e da linguagem comuns.

H na Frana, no comeo do sculo XVII, loucos clebres com os quais o pblico gosta de se divertir; alguns como Bluet dArbre escrevem livros que so publicados e lidos como obras de loucura. At cerca de 1650, a cultura ocidental foi estranhamente hospitaleira a estas formas de experincia.(p. 78). Nos meados do sculo XVII, o mundo da loucura vai tornar-se o mundo da excluso, com a internao no mesmo espao de loucos, pobres, velhos, desempregados, doentes venreos, libertinos, pais de famlia dissipadores, religiosos infratores, em resumo todos aqueles que, em relao ordem da razo, da moral e da sociedade, do mostras de alterao. (p. 78), no esto a para ser tratado, porque no se deve mais fazer parte da sociedade. O internamento que o louco, juntamente com muitos outros recebem na poca clssica, no pe em questo as relaes da loucura com a doena mas, a relao da sociedade com ela prpria que se reconhece ou no na conduta dos indivduos (p. 79). Nesse tipo de instituies, pratica-se o trabalho forado, tanto para o sustento do hospital quanto para sano e o controle moral. A categoria comum que agrupam todos aqueles que residem nas casas de internamento, a incapacidade em que se encontram de tomar parte na produo, na circulao ou no acmulo de riquezas (seja por sua culpa ou acidentalmente). A excluso a que so condenados est na razo direta desta incapacidade e indica o aparecimento no mundo moderno de um corte que no existia antes.

O internamento foi ento ligado nas suas origens e no seu sentido primordial a esta reestruturao do espao social.(p. 79). Por outro lado, a loucura criou parentescos novos e estranhos no ambiente do internamento com exclusos os mais diversos, com as culpas morais e sociais. "A loucura muito mais histrica do que se acredita geralmente, mas muito mais jovem tambm".(p. 80). A partir do sculo XVIII a renasce a inquietao das vozes que buscam o fim do internamento de uma classe miservel, mas continua confinando apenas os loucos, que restitudos liberdade, podem tornar-se perigosos para sua famlia e o grupo no qual se encontram. (p. 81) O internamento toma a significao mdica com a reforma de Pinel, Tuke, Wagnitz e Riel, smbolos, na medicina, do advento humanista e da cincia positiva. O asilo ideal, montado por Tuke em York, tem a caracterstica de uma quase famlia, no qual o louco submetido a um controle social e moral ininterrupto; a cura significar lhe devolver o sentimento de dependncia, humildade, culpa, reconhecimento que so a armadura moral da vida familiar. Foram utilizados meios para consegui-los como: ameaas, castigos, privaes alimentares, humilhaes, em resumo, tudo o que poder ao mesmo tempo infantilizar e culpabilizar o louco.(p. 82).

As prticas mdicas referentes loucura na idade clssica eram psicolgicas e fsicas ao mesmo tempo; foram tomadas por Pinel e seus sucessores num contexto repressivo e moral, como a ducha e a mquina rotatria, ambas de carter punitivo. A partir desse momento, a loucura deixou de ser considerada um fenmeno global relativo ao corpo e alma, por meio da imaginao e do delrio. No novo mundo solitrio da moral que castiga, a loucura tornou-se um fato que diz respeito alma humana, sua culpa e liberdade; ela inscreve-se na dimenso da interioridade; e por isso, pela primeira vez, no mundo ocidental, a loucura vai receber status, estrutura e significao psicolgicos.(p. 83). A psicologia objetiva, positiva ou cientfica encontrou sua origem histrica e seu fundamento numa experincia patolgica, o homem s se tornou uma espcie psicologizvel a partir do momento que sua relao com a loucura foi definida pela dimenso exterior da excluso e do castigo e pela dimenso interior da hipoteca moral e da culpa (p. 84, 85).

A vinculao da psicologia com a esfera moral impede as experincias diretas com a loucura, no que ela se apresenta como porta ao conhecimento de si mesmo. Esta experincia da Desrazo na qual, at o sculo XVIII, o homem ocidental encontrava no escuro da sua verdade, permanece ainda para ns, a via de acesso verdade natural do homem. A psicologia somente uma fina pelcula na superfcie do mundo tico no qual o homem moderno busca sua verdade e a perde. Nunca a psicologia poder dizer a verdade sobre a loucura, j que esta que detm a verdade da psicologia. Levada at sua raiz a psicologia da loucura, seria o domnio da doena mental e conseqentemente a possibilidade de seu desaparecimento. Mas a destruio da prpria psicologia e o reaparecimento desta relao essencial, no psicolgica a relao da razo com a desrazo.(p. 85, 86).

Capitulo VI. A Loucura, Estrutura Global.

Foucault aponta o vo esforo de se tratar o todo da loucura em termos de psicologia, pois se teria ali apenas parte do contexto. O que se chama doena mental apenas loucura alienada, nesta psicologia que ela prpria tornou possvel. Ser preciso um dia tentar fazer um estudo da loucura como estrutura global da loucura liberada e desalienada, restituda de certo modo a sua linguagem de origem.(p. 87). As experincias de valorizaes positivas e negativas, de aceitao ou excluso, marcam o comportamento da sociedade. A loucura no sentido geral, se situa no nvel de assentao dos fenmenos de cultura em que comea a valorizao negativa do que tinha sido aprendido originalmente como o diferente e o insano: "A Desrazo". A, as significaes morais se engajam, as defesas atuam; as barreiras elevam-se e todos os rituais de excluso se organizam.(p. 89)

A tolerncia loucura diferente entre Ocidente e Oriente, nas pocas de paz e crise, pois nesta ocorre baixa das normas integradoras do meio, que se torna mais tolerante. A percepo da loucura torna-se reconhecimento da doena, mas nada a compromete ainda que necessrio a ser diagnosticado de doena mental. Nem a medicina rabe, nem a da Idade Mdia, nem mesmo a medicina ps-cartesiana admitiam a distino entre doenas do corpo e as do esprito; cada forma patolgica referia-se ao homem na sua totalidade.(p. 90). Como exemplo de situao em que a sociedade institui e rejeita, tem-se o aspecto patolgico regressivo. Entretanto, nossa cultura instaura uma diviso entre presente e passado, forando este a desaparecer; A histria individual pareceu formar outra dimenso psicolgica da doena. "Se a doena encontra um modo privilegiado de expresso neste entrelaamento de condutas contraditrias, no significa que os elementos da contradio se justapem, como segmentos de conflitos, no inconsciente humano, mas somente que o homem faz do homem uma experincia contraditria".(p. 93).

A contradio visvel nas relaes sociais, sob a forma de concorrncia, explorao, rivalidade; nas relaes econmicas; nas relaes com a ptria. O mundo, alienando a liberdade do ser, no reconhece sua loucura; a conscincia se liga a um mundo delirante por sofrer o constrangimento real do mundo; querendo escapar-lhe, ultrapassa a realidade. O doente no projeta o seu mundo delirante por ser a nica forma de escapar ao constrangimento, mas por no se reconhecer mais no mundo real. "Quando um homem fica estranho ao que se passa ao seu redor, no reconhece mais o significado da vida humana e deixa de produzir; quando as regras econmicas e sociais o reprimem sem que ele possa encontrar sua ptria neste mundo, ele sendo estranho ao mundo real, enviado a um mundo privado perdendo sua identidade, submetido ao constrangimento deste mundo real e vai experimentar o universo o qual foge como para um destino".

O mundo moderno produz a esquizofrenia, no porque seus acontecimentos o tornam desumano e abstrato, mas, porque nossa cultura faz do mundo uma leitura que o prprio homem no pode mais se reconhecer a. (p. 95,96). Concluindo, as dimenses psicolgicas da loucura devem se situar no interior da relao que o homem estabeleceu consigo mesmo h cerca de dois sculos, que a psicologia; finalmente recolocada na abertura mais ampla. Esta reao a que o homem substituiu sua relao com a verdade, alienando-a neste postulado fundamental "que ele prprio verdade da verdade" (p. 98). Esta relao que fundou a psicologia, foi definida desde o momento em que o grande confronto da Razo e da Desrazo deixou de se fazer na dimenso da liberdade e que, a razo deixou de ser para o homem uma tica para tornar-se uma natureza. (p. 98). A psicologia no dominar jamais a loucura. A psicologia, para Foucault, s foi possvel no mundo uma vez a loucura dominada e j excluda do drama. E quando, atravs de clares e gritos, ela reaparece como em Nerval e Artaud, em Nietzsche ou Roussel, a psicologia que se cala e permanece sem palavras diante desta linguagem que toma o sentido das suas palavras desta dilacerao trgica e desta liberdade de que somente a existncia dos psiclogos sanciona para o homem moderno o pesado esquecimento.