DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO - ufpel.edu.br · ACIDOSE RUMINAL SINONÍMIAS Intoxicação por...
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12/1/2014
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DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO
Beatriz Riet Correa
Tatiele Mumbach
Prof. Marcio Nunes Corrêa
ACIDOSE RUMINALACIDOSE RUMINAL
SINONÍMIASSINONÍMIAS
Intoxicação por carboidratos
Ingurgitamento por carboidratos
Sobrecarga por grãos
Sobrecarga ruminal
Acidose láctica
Indigestão ácida
Indigestão tóxica
Impactação ruminal aguda
ETIOLOGIA
Excessiva ingestão de carboidratos de fácil digestão, solúvel ou não estrutural
• Grãos: milho, trigo, sorgo, arroz
• Frutas: pêra, maçã, uva, laranja
• Tubérculos: batata, beterraba, mandioca, nabo
• Farinhas e farináceos: fubá, farelo de trigo
• Sub-produtos industriais: melaço, polpa de laranja, malte de cervejaria, soro lácteo, pão
• Ração concentrada comercial
Mudanças bruscas de alimentação• Sistema extensivo para intensivo (confinamento)
• Sem adequada adaptação
Livre acesso a depósitos de ração
Preparo de animais para exposições
Erro no oferecimento de ração• Confinamento: máquinas desreguladas
Etiologia
Grau de severidade da ALR
1. Tipo de carboidrato solúvel
2. Tipo de grão
3. Tipo de processamento
ETIOLOGIA
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Tipo de carboidrato solúvel
RISCO DE ACIDOSEMAIOR
MENOR
MONOSSACARÍDEOS
(Frutas)
DISSACARÍDEOS
(Melaço e Lactose)
POLISSACARÍDEOS
(Amido)
RAÇÃO CONCENTRADA
RISCO DE ACIDOSE
MAIOR
MENOR
Tipo de Grão Processamento
Trigo
Cevada
Milho
Aveia
Arroz
Sorgo
Flocos cozidos
Umidificados
Pó
Prensado
Inteiro Seco
PATOGENIA
Excesso de carboidratos
↑ produção de AGV (↑ Propiônico e ↓ Acético)
pH < 5,540%
propiônico
↓ Gram (-), lactilíticas e protozoários
Streptococcus bovis (G+)
PATOGENIA
Excesso de carboidrato
↑ produção de AGV (↑ Propiônico e ↓ Acético)
pH < 5,5(↓ Gran (-), lactilíticas e protozoários)
↑ Streptococcus bovis (G+)
pH < 5,0Lactobacillus sp (G+)
Produção de ácido láctico
A acidificação mais a presença
de substrato favorável
↑ Streptococcus bovis (G+)
ácido lácticaACIDOSE ruminal
PATOGENIA
Acúmulo de Ácido láctico
• Causa queda no pH ruminal (>5)
• Aumento da osmolaridade ruminal
• Passagem de água e íons do sangue para o rúmen
• DESIDRATAÇÃO intensidade variada
ACIDOSE RUMINALClínica
Atonia ruminal
Hiper-ventilaçãoDepressão
Laminite
Ruminite
Toxemia Diarréia
Osmolaridade
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Sinais clínicos
• Inicialmente
• Rúmen repleto
• MR reduzidos
• Parada da ruminação
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
�Aumento de volume abdominal� Mucosas congestas
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Sinais clínicos
• 24-48 horas• Animais deitados ou estação apáticos• ↑ FC e FR
• Desidratação
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
�Diarreia� Depressão
Decúbito
ApatiaHiporexia
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Sinais clínicos
• Rúmen distendido e diminuição dos movimentos ruminais• Marcha cambaleante (Laminite e decúbito)• Dor no flanco e rumenite
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Laboratório clínico
• Cor
• Consistência
• Odor
• Sedimentação e Flutuação
• pH do fluído ruminal
• Protozoários
• Bactérias Gram +
• ↑ Hematócrito
• pH urinário = 5
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Laboratório clínico
• Cor – Cinza, amarelo leitoso
• Consistência- Primeiro viscoso depois aquoso
• Odor - Ácido
• Sedimentação e Flutuação- Sedimentação muito rápida e flutuação ausente (inatividade)
• pH do fluído ruminal - 5,5
• Protozoários- diminuídos ou ausentes
• Bactérias Gram +
• ↑ Hematócrito
• pH urinário = 5
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Achados de necropsia
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
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ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Milho
Avermelhamento Edema
ACIDOSE LÁTICA DOS RUMINANTES
Anamnese – tipo de alimentação
Manifestações clínicas
Exame do líquido ruminal
• Leitoso, coloração acinzentada, odor ácido
• Flotação e sedimentação de partículas sólidas
• Aumento do tempo de redução do azul de metileno
pH urinário - ácido
Diagnóstico Tratamento
� Sinfonagem� Transfaunação� Correção da desidratação� Soluções tamponantes
Tratamento Tratamento
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• Rever dieta e manejo alimentar• Esvaziamento do rúmen por sondagem ou ruminotomia• Antibioticoterapia- Penicilina• Correção da desidratação• Alcalinizantes� 500g/450 kg de hidróxido de magnésio VO� Bicarbonato de sódio 5% 5L/450kg IV
Tratamento
PREVENÇÃO
Adaptação gradual a novas dietas
• Concentrados misturados aos alimentos fibrososTampões na dieta de bovinos de engorda
• Bicarbonato de sódio � 0,5-1% na matéria seca
Ionóforos
• Monensina sódica� 30mg/kg com base na matéria seca reduz o crescimento
das G+ (S. bovis): confinamento de gado de corte� 10-20 mg/kg- vacas leiteiras
Prevenir o acesso acidental a ração
ALCALOSE RUMINAL:PUTREFAÇÃO
ALCALOSE RUMINAL
Etiologia
• Dietas ricas em proteína de fácil digestão
• Volumoso de baixa qualidade
• Ingestão de uréia (substituto protéico de baixo custo)
• Uréia no rúmen sofre ação de ureases produzindo amônia(NH3+)
Patogenia
• Excesso de NH3 - ↑ de pH
• NH3 absorvido = alcalose sistêmica
ALCALOSE RUMINAL
Sintomatologia
• Anorexia
• Diminuição da ruminação
• Diminuição da motilidade ruminal
• Diarreia passageira
• Diminuição da produção de leite
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ALCALOSE RUMINAL
Achados do líquido ruminal:
�Cor;
�Cheiro;
�Viscosidade
�Sedimentação e Flutuação
�pH: 7,4-8,0 ou 7,4-7,6
�Atividade redutiva
�Protozoários
ALCALOSE RUMINAL
Achados do líquido ruminal:
�Cor - acinzentada
�Odor - amoniacal
�Viscosidade - aquoso
�Sedimentação e Flutuação
�pH: 7,4-8,0 ou 7,4-7,6
�Atividade redutiva
�Protozoários - mortos
ALCALOSE RUMINAL
�Diagnóstico diferencial
�Acidose ruminal e indigestão simples
ALCALOSE RUMINAL
�Tratamento casos leves
�Correção da alimentação
�Transfaunação (8-16 L vaca adulta)
�Acidificação do conteúdo ruminal –
� 1-1,5L de ácido acético (2ml/kg de PV)-monitorar o pH
ALCALOSE RUMINAL
�Tratamento casos graves
�Correção da alimentação
�Transfaunação
�Acidificação do conteúdo ruminal –
�Soluções acidificantes: 6-9 litros de uma mescla de duas partes de NaCl a 0,9% e uma parte de KCl a 1,1%
MeteorismoRuminal:(Timpanismo)
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TIMPANISMO GASOSO
Bolha de gás no saco dorsal
Dilatação rápida e excessiva do sistema retículo-ruminal
METEORISMO RUMINAL = TIMPANISMO RUMINAL
ACÚMULO ANORMAL
DE GÁS
TIMPANISMO ESPUMOSO
Mistura de gás e alimento (espuma)
Meteorismo ruminal
Gás
Parcialmente digerido
Forragem: partículas finas de alta densidade
Forragem: partículas densidademédia
Forragem grosseira: partículas de baixa densidade
Gás
Estratificação do conteúdo no Rúmen
CARACTERIZAÇÃO
�Gasoso:
Bolha de gás no saco dorsal
Acomete 1 animal isolado
Perda econômica reduzida
�Espumoso:
Mistura de gás com alimento (espuma)
Acomete muitos animais simultaneamente
Perda econômica ↑
Forragem: partículas finas de alta densidade
EPIDEMIOLOGIA
Trifolium repens (“trevo branco”)
Trifolium pratensis (“trevo vermelho”)
� Pastagens com mais de 50% leguminosas� Genêro Trifolium (T. repens, T. pratense e T. subterraneum), e Medicago (M. sativa e M. hispida)� Fase de rápido crescimento das pastagens
ETIOPATOGENIA
�Meteorismo Espumoso
�Determinado pelas caracteristicas e componentes doalimento e de sua digestão
Leguminosas:• Pouca fibra
• São rapidamente digeridas
ETIOPATOGENIA
�Meteorismo Espumoso
Dietas deleguminosas
Aprisionambolhas gases
Ausência Ausência erutação
Proteínas solúveisdas folhas
Espuma nosreceptores no cárdia
Ruptura das célulasdas folhas
Liberação doscloroplastos
Rapidamente colonizadasMicroflora ruminal
Estas partículas decloroplastos
Formação de ESPUMA
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ETIOPATOGENIA
Grãos:
� Aumentam a produção de muco (pelas bactérias),
� captura dos gases de fermentação
� Formação de espuma
� Particulação dos grãos:
� finamente particulada - produz mais espuma doque as não particuladas
ETIOPATOGENIA�Normal:
Bolhas de gás União das bolhas de gás
Bolsa de gás Eructação
Conteúdo rumenal
ETIOPATOGENIA�Timpanismo:
Bolhas de gás continuam dispersas
Formando espuma e produzindo ↑ anormal do conteúdo rumenal -
Inibindo a eructação
ETIOPATOGENIA
ESPUMA Distensãorumenal
Receptores debaixo limiar
Contraçõesruminais
Hipermotilidade
Mistura da espuma
Com ingestaDistensãorumenal
Receptores dealto limiar
Inibem aMotilidade
Atonia
Acumulo de gásDificulta eructação
SMITH, 1993
da capacidade pulmonar
ETIOPATOGENIA
Compressão dasVísceras torácicas
Pressão do diafragma
- inibição reflexa da motilidade- contrações que poderiam aliviar a distensão através da erutação
Distensõesextremas
Morte
ETIOPATOGENIAPapel da Saliva:
�Efeito físico de diluição da ingesta rumenal
�Contém mucina – impede a formação de espuma
�Alimento ↓ fibra ↑ concentração de água diminuem a quantidade
de saliva secretada
� Susceptibilidade individual
� Estrutura e motilidade ruminal, composição e quantidade de
saliva, velocidade e grau de destruição física dos alimentos no
rumen
� Menor capacidade dos animais resistentes de hidrolisar
mucoproteínas de efeito antiespumante
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ETIOPATOGENIA
Meteorismo gasoso:
� causado por transtornos dinâmicos e mecânicos queimpedem a eructação
• obstrução esofágica por corpos estranhos,
• compressão da parede do esôfago (tuberculose,papilomatose, leucose),
• alterações da motilidade dos pré-estômagos ou reflexo deeructação por toxinas,
• lesão do nervo vago
Eructação alterada gases da fermentação acumulam acima do alimento
Dilatação do rúmen-retículo
Compressão do diafragma e grandes vasos
Dificuldades respiratória e circulatória
Morte por asfixia
ETIOPATOGENIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Distensão abdominal – dilatação dos pré-estomagos
Timpanismo espumoso Timpanismo gasoso
Bolsa DorsalDe gás
�20 minutos
� Timpanismo
� Dispnéia
� Salivação
� Dificuldade de erutação
� Membros abertos
� Pescoço estendido
� Narinas dilatadas
� Boca aberta
� Protusão da língua
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
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Característica do fluido ruminal do bovino com timpanismo espumoso.
COUTINHOO, et al . Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 1, p. 288-293, jan./mar. 2009
Fonte: Benesi, F. J
TRIFOLIUM REPENSLesões macroscópicas
� Diferenciação dos tipos (uso de sonda)
Resultados da intubação
Causas prováveis do meteorismo
não passa • Obstrução esofagiana
Passa com resistência e libera gás ruminal
• Compressão esofagiana causada por moléstia inflamatória ou neoplásica
• Alteração no cárdia (inflamação, neoplasia)
Passa facilmente, com liberação de gás ruminal
• Estase ou ↓ dos MR (distúrbios fermentativo, hipocalcemia)
• Obstrução do cárdia com material ingerido
Tubo passafacilmente, semliberar gás ouliberando quantidade↓ de material espumoso
• Meteorismo espumoso
• Conteúdo ruminal espumoso, provocado pormotilidade anormal (algumas formas de indigestãovagal)
DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO
• Anamnese
• Número de animais acometidos
• Tipo de alimentação utilizada
• Avaliação do líquido ruminal
• Passagem da sonda- avaliar saída de gás
• Presença de espuma
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Diferenciar de outras doenças agudas
� Carbúnculo sintomático
� Hemoglobinúria bacilar
�Carbúnculo hemático
TRATAMENTO
� TRATAR DE ACORDO COM A CAUSA
� Gasoso – tratamento da doença primária
� Remover animais do pasto ou alimento causador
� Trocarte e cânula: ??? (Emergência)
� Alívio do diafragma
� Espumoso – não resolve
� Sondagem
� Promoção da salivação- desnaturação da espuma estável
�Bicarbonato de sódio (150 -200 g em 1L)
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TRATAMENTO
• Medicamentos de ação anti-espumante:
• Diminuir a tensão superficial da espuma
• 250 a 500 mL bovinos adultos
• Administrado: sonda
• Naturais:
• Óleo de soja (vegetal), vaselina (mineral)
• Sintéticos:
• Polímeros de silicone, poloxalenos (50-100 ml VO)
COUTINHOO, et al . Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 1, p. 288-293, jan./mar. 2009
�Tratamento cirúrgico – rumenotomia para retirada da espuma
� Manejo estratégico
�Princípio: Diminuir taxa de fermentação do rúmen
� Técnicas de liberação contínua
�Cápsula de monensina: 300mg/cabeça/dia/100 dias
� Escolha das forragens
�Relação gramínea:leguminosa (50%)
� Manejo do pastoreio
�Alimentar previamente feno
� Orvalho
� Pastoreio com cerca elétrica por tempodeterminado
CONTROLEOBRIGADA!