Dom Volodemer Koubetch, OSBM - Crise - Oportunidade de Crescimento

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CRISE: OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO Não é fácil definir o que é crise. O dicionário do Aurélio apresenta 13 significados. Vejamos os principais: “estado de dúvidas e incertezas: crise religiosa; crise moral”; “fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos fatos, das ideias: período de crise; crise familiar; crise literária; crise política; crise agrícola”; “momento perigoso ou decisivo: crise histórica”; em termos de Economia: “ponto de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão, ou vice-versa”; em Sociologia: “situação grave em que os acontecimentos da vida social, rompendo padrões tradicionais, perturbam a organização de alguns ou de todos os grupos integrados na sociedade”. Podemos entender a crise como um processo de separar, conotando a ideia de ruptura; daí, também discernir, julgar. O termo é empregado hoje no sentido de perturbação violenta ou ruptura de um processo. Em Psicologia, fala-se da crise da idade. Na Sociologia da cultura, fala-se das fases conturbadas de transição. Neste sentido, fala-se hoje em crise do mundo moderno e crise da civilização ocidental, necessitada de uma revisão fundamental e um juízo crítico de todos os valores em que ela repousava (Fernando Bastos de Ávila). É bem verdade que o mundo de hoje passa por uma série de crises. Cada uma dessas crises precisaria de muitas páginas para ser estudada e compreendida e, aos poucos, solucionada. Temos a crise ecológica, ambiental, que é mundial, sobretudo por causa do aquecimento global. O Brasil padeceu de uma gravíssima crise política com inúmeros políticos corruptos. Essa crise gera muitas outras crises. Sofremos as diversas crises de cunho social, causadas pelos maus governos, tanto federais e estaduais quanto municipais: a miséria econômica e cultural, a exclusão, a injustiça, a desigualdade, o desemprego, a falta de saneamento básico, as doenças, a insegurança, a violência. Percebemos a crise dos valores com a inversão ou predominância exagerada de certos valores, porque enlouquecidamente se buscam mais os bens materiais, o dinheiro, a fama, o poder, os prazeres da vida. E isso muitas vezes de forma desleal e geralmente dentro de um individualismo e egoísmo gigante. Numa palavra, a sociedade atual passa por uma gravíssima crise moral. Tudo isso se reflete nas instituições: na escola, na política, no Estado, no governo, na Igreja, nas ordens e congregações religiosas, na família e nos movimentos eclesiais. É natural que uma pessoa passe por diversas crises no decorrer de sua vida: crise do parto, crise da adolescência, crise da juventude, crise da meia-idade, crise da velhice, crise da morte. Também as instituições passam por crises, dependendo de seu momento histórico, quando surgem grandes mudanças na sociedade e na cultura. A instituição entra em crise quando não vê com clareza seus objetivos e não consegue realizá-los. Ela entra em crise quando perde sua identidade institucional, quando não se renova em seu ideário, ou seja, em seu sistema de valores, em suas ideias e em seus projetos fundamentais. Cai na crise, quando não se renova em sua ação e em seus membros. А crise em si não é o fim, a destruição ou fracasso. A crise pode ser a oportunidade de um grande recomeço para uma pessoa ou para uma instituição. É claro que depende da capacidade de discernimento da pessoa ou do grupo em compreender sua própria crise e em superá-la. Sabemos que toda crise bem superada conduz à maturidade e à renovação. Toda crise é oportunidade para evoluir, para crescer, para traçar novos caminhos e novas metas. Uma determinada instituição, que está em crise, supera-a, quando se reestrutura, se renova, se recicla, se atualiza, respondendo adequadamente aos desafios de seu tempo, solucionado seus problemas institucionais e de seus membros. Melhor ainda, quando a instituição se renova preocupando-se com o bem maior da sociedade onde ela se encontra e do bem do planeta Terra. Quem supera sua crise, vai continuar crescendo e amadurecendo, realizando seu projeto de vida, que é a razão de seu ser e existir. Quem não supera sua crise já está a caminho da falência e da morte, pois não realiza seu projeto de vida, que é sua opção fundamental, sua decisão essencial, sua vocação, sua profissão: dom que Deus lhe deu. Dom Volodemer Koubetch, OSBM

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Não é fácil definir o que é crise. O dicionário do Aurélio apresenta 13 significados. Vejamos

os principais: “estado de dúvidas e incertezas: crise religiosa; crise moral”; “fase difícil, grave, na

evolução das coisas, dos fatos, das ideias: período de crise; crise familiar; crise literária; crise

política; crise agrícola”; “momento perigoso ou decisivo: crise histórica”; em termos de Economia:

“ponto de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão, ou vice-versa”; em

Sociologia: “situação grave em que os acontecimentos da vida social, rompendo padrões

tradicionais, perturbam a organização de alguns ou de todos os grupos integrados na sociedade”.

Podemos entender a crise como um processo de separar, conotando a ideia de ruptura; daí,

também discernir, julgar. O termo é empregado hoje no sentido de perturbação violenta ou ruptura

de um processo. Em Psicologia, fala-se da crise da idade. Na Sociologia da cultura, fala-se das fases

conturbadas de transição. Neste sentido, fala-se hoje em crise do mundo moderno e crise da

civilização ocidental, necessitada de uma revisão fundamental e um juízo crítico de todos os valores

em que ela repousava (Fernando Bastos de Ávila).

É bem verdade que o mundo de hoje passa por uma série de crises. Cada uma dessas crises

precisaria de muitas páginas para ser estudada e compreendida e, aos poucos, solucionada. Temos a

crise ecológica, ambiental, que é mundial, sobretudo por causa do aquecimento global. O Brasil

padeceu de uma gravíssima crise política com inúmeros políticos corruptos. Essa crise gera muitas

outras crises. Sofremos as diversas crises de cunho social, causadas pelos maus governos, tanto

federais e estaduais quanto municipais: a miséria econômica e cultural, a exclusão, a injustiça, a

desigualdade, o desemprego, a falta de saneamento básico, as doenças, a insegurança, a violência.

Percebemos a crise dos valores com a inversão ou predominância exagerada de certos valores,

porque enlouquecidamente se buscam mais os bens materiais, o dinheiro, a fama, o poder, os

prazeres da vida. E isso muitas vezes de forma desleal e geralmente dentro de um individualismo e

egoísmo gigante. Numa palavra, a sociedade atual passa por uma gravíssima crise moral. Tudo isso

se reflete nas instituições: na escola, na política, no Estado, no governo, na Igreja, nas ordens e

congregações religiosas, na família e nos movimentos eclesiais.

É natural que uma pessoa passe por diversas crises no decorrer de sua vida: crise do parto,

crise da adolescência, crise da juventude, crise da meia-idade, crise da velhice, crise da morte.

Também as instituições passam por crises, dependendo de seu momento histórico, quando surgem

grandes mudanças na sociedade e na cultura. A instituição entra em crise quando não vê com

clareza seus objetivos e não consegue realizá-los. Ela entra em crise quando perde sua identidade

institucional, quando não se renova em seu ideário, ou seja, em seu sistema de valores, em suas

ideias e em seus projetos fundamentais. Cai na crise, quando não se renova em sua ação e em seus

membros.

А crise em si não é o fim, a destruição ou fracasso. A crise pode ser a oportunidade de um

grande recomeço para uma pessoa ou para uma instituição. É claro que depende da capacidade de

discernimento da pessoa ou do grupo em compreender sua própria crise e em superá-la. Sabemos

que toda crise bem superada conduz à maturidade e à renovação. Toda crise é oportunidade para

evoluir, para crescer, para traçar novos caminhos e novas metas. Uma determinada instituição, que

está em crise, supera-a, quando se reestrutura, se renova, se recicla, se atualiza, respondendo

adequadamente aos desafios de seu tempo, solucionado seus problemas institucionais e de seus

membros. Melhor ainda, quando a instituição se renova preocupando-se com o bem maior da

sociedade onde ela se encontra e do bem do planeta – Terra. Quem supera sua crise, vai continuar

crescendo e amadurecendo, realizando seu projeto de vida, que é a razão de seu ser e existir. Quem

não supera sua crise já está a caminho da falência e da morte, pois não realiza seu projeto de vida,

que é sua opção fundamental, sua decisão essencial, sua vocação, sua profissão: dom que Deus lhe

deu.

Dom Volodemer Koubetch, OSBM