Dossie norma culta 1.3
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SuponhamosQuinta, 26 de maio de 2011, 21h12
O livro Por uma vida melhor, do MEC,contm trecho sobre usar a expresso "oslivro"25 de maio de 2011
Divulgao
Srio PossentiDe Campinas (SP)
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Para fazer a denncia das aventuras de Palocci, um jornal conta ao leitor queanalisou documentos, fez clculos etc. Nos dias seguintes, revela maisdetalhes, cita os desmentidos, os desmentidos dos desmentidos, novosnomes, novos nmeros. Retoma-se o caso Francenildo etc.
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Suponhamos que a mdia tratasse da mesma forma o caso livro do MEC. Emuma pgina, encontra duas ou trs passagens das quais suspeita. Ento, l ocaptulo, depois, l o livro. Acha que tem alguma coisa estranha. Vai maisfundo: considera o fato de que se trata de um livro aprovado e distribudo peloMEC. Obviamente, querer saber se h mais algum implicado. Analisa outroslivros de portugus abonados pelo Ministrio. Encontra coisas semelhantes,
pelo menos em um captulo em cada manual. Desconfiada, porque nunca ouviufalar disso (s conhecia o manual da redao), decide investigar se coisa doPT. Avana sobre os livros de portugus distribudos no governo anterior, nacerteza de que no encontrar nada disso (imagina!). Mas encontra. Tentadescobrir que conversa essa.
O reprter pede uma diria extra, ou pede socorro sucursal e ganha umreforo (parece ser coisa que vale a pena...). Lem os Parmetros
Curriculares, do primeiro governo FHC (e que so um pouco confusos, masdeixa pra l). Encontram passagens como "A discriminao de algumasvariedades lingusticas, tratadas de modo preconceituoso... Por isso mesmo,
o preconceito lingstico...". Ficam apavorados. Verificam quem so osculpados. Consultam a bibliografia e encontram uma lista de autores, nacionaise estrangeiros, uns mais antigos, outros mais recentes. Do umas googladas(linguistic prejudice etc). Acham os temas meio complicados! Incrdulos,conferem os "crditos": Presidente da Repblica: Fernando Henrique Cardoso
(continuaria comunista?); Ministro da Educao: Paulo Renato Souza.
Como tm interesse em apurar a verdade, procuram Paulo Renato, que foi o"ministro dos PCNs". Querem entender melhor essa coisa estranha. Eleinforma que vrios dos que trabalharam na elaborao dos Parmetros sopaulistas, e fizeram um trabalho semelhante durante o governo Montoro (umpetista doente!). Basta ir CENP, rgo da Secretaria da Educao do Estado,e ver os documentos, ele diz. Vo. Descobrem os textos do Projeto IP (como
so radicais!), que foram distribudos a todas as escolas do Estado,distribuio seguida de numerosos cursos para professores de portugus, emdiversas cidades do Estado e, na capital, para coordenadores pedaggicos ecoordenadores da rea. Est escrito: Governador: Montoro; Secretrio daEducao: Paulo Renato. Dois criptocomunistas, eles pensam. Mas era apenaso primeiro governo democrtico do Estado depois dos interventores!
Na CENP, encontraro tambm, e lero (acredito na imprensa livre e objetiva!),uma PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO DE LNGUAPORTUGUESA - 1 GRAU. Descobrem que mais radical do que o livro doMEC. E que o documento de 1991. Governador? Fleury Filho, notrioesquerdista. Secretrio de Educao? Fernando Morais (escreveuA Ilha, xii!!),
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um dos que falaram mal do livro do MEC na ISTO da semana. Pode-se suporque leu pelo menos o documento da Secretaria que comandava, secretriocompetente e responsvel que era.
No intervalo, lem reportagem da FSP, ao lado da qual est um texto clarssimode Thas Nicoletti. Decidem no levar em conta (concluem que a FSP tambm
est recheada de comunas). Souberam de um artigo de Hlio Schwarztman naFolha.com, que disseminava as idias stalinistas de Noam Chomsky (ele sechama Noam Avram, suspeito!) e as leninistas de Steven Pinker. No gostam;sentem-se mais confortveis com Augusto Nunes e Alexandre Garcia.
Podero ler tambm Criatividade e gramtica, assinado por Carlos Franchi,que de 1998 (o governador era o xiita Mrio Covas e a Secretria daEducao, a maosta Teresa Neubauer da Silva!), um documento dirigido a
professores, que, entre outras coisas, reduz a p algumas anlises gramaticaisque fazem sucesso, por serem simples... e erradas (pode-se demonstrar, no questo de ideologia, e dizem respeito a categorias como advrbio, sujeito,no variao lingustica, esse tema de extrema esquerda). Do mesmo autor,podero ler um fascculo breve, menor que o registro de uma empresa, euacho (mas nunca vi um), chamado Mas o que mesmo "gramtica"?, capazde desasnar uma pessoa (que o deseje) em pouco mais de uma hora.
Na CENP, algum lembra vagamente que houve um primeiro movimento nessadireo j durante o governo do amigo de comunistas Paulo Egydio (que oseguinte, de Paulo Maluf, enterrou; ele gostava mais da ROTA). Pedemreforo. O jornal poderia enviar um especialista como faz quando o furo(barriga?) relativo a um tema um pouco menos bvio?
Por que este caso no foi rastreado?
No entendi
No entendi (mesmo!) a bronca em relao ao livro Por uma vida melhor. Numtexto que escrevi para o cadernoAlis (Estado, 22/05), cheguei a dizer que ocaptulo era conservador. Reafirmo que . Por isso, no consigo mesmo atinarcom a origem da estrondosa reao. Afinal, o prof. Pasquale ministroucentenas de aulas do mesmo tipo na TV Cultura. A diferena principal que ele"partia" de letras de msica nas quais identificava um "erro" e, em seguida, diziaqual era a regra que deveria ser seguida "no formal". Mas ele nunca corrigiu as
letras das msicas. Nenhuma diferena de fundo, portanto. Foi a palavra"preconceito"? Foi "pode"?
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Srio Possenti professor associado do Departamento de Lingustica da
Unicamp e autor de Por que (no) ensinar gramtica na escola, Os humores dalngua, Os limites do discurso, Questes para analistas de discurso e Lngua naMdia.
Fale com Srio Possenti: [email protected]
Opinies expressas aqui so de exclusiva responsabilidade do autor e no necessariamente esto de acordo com osparmetros editoriais de Terra Magazine.
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Variao e mudana
Quinta, 27 de novembro de 2008, 20h07
Srio Possenti
De Campinas (SP)
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A maioria absoluta dos brasileiros - talvez no s os brasileiros - alfabetizadosou letrados tem uma idia completamente equivocada do que seja uma lngua.Para eles, lngua a que a escola ensina, ou o que est nos manuais do tipo
"no erre mais". O resto erro. Todos consideram que as variantes so erros.
Ocorre que o que a escola ensina tambm mais ou menos variado. Edepende muito tambm do desempenho lingstico dos professores. Comoeles so membros da sociedade, so afetados pelas mudanas que a lnguasofre com o correr do tempo, de forma que seu "portugus" , de algumaforma, o portugus de seu tempo. O que no necessariamente ruim.
Isto quer dizer que o portugus que os professores falam e mesmo o queescrevem no necessariamente o portugus dos livros adotados nasescolas. O que vale para professores de portugus vale tambm para os dasoutras disciplinas, claro. E vale tambm para os jornalistas e para aspersonalidades que eles entrevistam, tenham elas a formao que tiverem (emgeral, so especialistas em alguma coisa, sempre especialistas). s ouvir osdebates ou os programas de entrevistas para verificar isso.
Dou dois exemplos banais. Duvido que haja 10% de professores ou falantesletrados que profiram o dito futuro (aplicareiminha poupana em aes daempresa X). Todos dizem "vou aplicar". Outro exemplo? Quase ningum diz"ns". Diz-se "a gente". Como pouco se diz "tu", exceto em algumas regies, a
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conjugao verbal do futuro
Eu vou aplicar
Voc vai aplicar
Ele/ela vai aplicar
A gente vai aplicar
Vocs vo aplicar
Eles/elas vo aplicar.
Ou no ? Quem no fala assim que atire a primeira pedra. No vou dizer (!!)
que todos falam sempre assim porque sei que uma lngua sempre apresentavariao. Alguns entrevistados, ou jornalistas, diro (!!), talvez, de vez emquando, no meio da conversa, "falaremos disso na prxima entrevista", claro,sendo mais formais. Em compensao, alguns tambm diro "vamo fal dissona prxima veiz", sendo bem mais informais. E ningum nota que falou erradodurante a entrevista. Por que? Porque ningum fala errado mesmo! Isso no erro. Esse o portugus falado culto do Brasil hoje. um fato. S isso.
Numa certa ocasio, fui entrevistado por uma emissora de TV (eu no estdio eum folclorista em outra cidade). Argumentava que a linguagem popular no tinhanada de errado, era s diferente, e era enfrentado pela apresentadora que"defendia nossa lngua". Para dobr-la, s me restou um recurso: ficar atentoao que ela dizia e citar os "erros" que ela ia cometendo, segundo os prprioscritrios dela. Ficou meio sem jeito, e eu tive que insistir que ela falavacorretamente... o portugus real (e que aquele que ela defendia no existemais, pelo menos na fala).
O que muita gente no entende - ou no quer entender, porque significariaperder uma boa teta! - que a variao tem tudo a ver com a mudana. Todosacham normal que aquila tenha derivado para guia, que asinus tenhaderivado para asno (tem muita coisa mudada a, mas o bsico que a palavralatina proparoxtona se torna paroxtona), mas acha ridculas formas comofosfro (para fsforo), corgo (para crrego),xicra e chacra (paraxcara echcara), embora a regra antiga que explica a mudana e a atual que explica avariao sejam a rigor a mesma (os falantes seguem regras, no erram!!!),sem contar que dizem, numa boa, sem se dar conta do que fazem,xicrinha echacrinha. Qu!
Variao tem tudo a ver com mudana. Mas, se entendssemos isso, muita
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gente perderia uma grana preta!!
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Pode at ser que o preconceito racial diminua com o tempo ou que venha a semanifestar de forma diferente, menos agressiva, mais "cordial" (como sugere o
caderno especial da Folha de 23/11/2008). Mas o preconceito lingstico estmais firme do que nunca (mais ou menos sutil): Fernando de Barros e Silvaescreveu na Folha (24/11/2008) que o "pobrema" mais embaixo. Por queuma forma lingstica popular representa um problema mais embaixo? lembaixo que est o povo? E o colunista diz isso logo em uma poca em queficou claro que o problema bem mais em cima!!
A FSP, alis, useira e vezeira em referir-se a autoridades menos letradascomo "otoridade" e a polticos nordestinos como aqueles que exercem o"pud". No se d conta do que h nisso de preconceito? E de burrice?
Srio Possenti professor associado do Departamento de Lingstica da
Unicamp e autor de Por que (no) ensinar gramtica na escola, Os humores dalngua e de Os limites do discurso.
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Aceitam tudo
Quinta, 19 de maio de 2011, 21h22
Trecho do livro "Por uma Vida Melhor" apresenta a pergunta "posso falar'os livro'?"
18 de maio de 2011Reproduo
Srio PossentiDe Campinas (SP)
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De vez em quando, algum diz que lingistas "aceitam" tudo (isto , que achamcerta qualquer construo). Um comentrio semelhante foi postado na semanapassada. Achei que seria uma boa oportunidade para tentar esclarecer de novoo que fazem os linguistas.
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Mas a razo para tentar ser claro no tem mais a ver apenas com aquelecomentrio. Surgiu uma celeuma causada por notas, comentrios, entrevistasetc. a propsito de um livro de portugus que o MEC aprovou e que ensinariaque certo dizerOs livro. Perguntado no espao dos comentrios, quandofiquei sabendo da questo, disse que no acreditava na matria do IG, primeirafonte do debate. Depois tive acesso indigitada pgina, no mesmo IG, e
constatei que todos os que a leram a leram errado. Mas aposto que muitos acomentaram sem ler.
Vou tratar do tal "aceitam tudo", que vale tambm para o caso do livro.
Primeiro: duvido que algum encontre esta afirmao em qualquer texto delingustica. uma avaliao simplificada, na verdade, um simulacro, da posiodos linguistas em relao a um dos tpicos de seus estudos - a questo da
variao ou da diversidade interna de qualquer lngua. Vale a pena insistir: dequalquer lngua.
Segundo: "aceitar" um termo completamente sem sentido quando se trata depesquisa. Imaginem o ridculo que seria perguntar a um qumico se ele aceitaque o oxignio queime, a um fsico se aceita a gravitao ou a fisso, a umornitlogo se ele aceita que um tucano tenha bico to desproporcional, a umbotnico se ele aceita o cheiro da jaca, ou mesmo a um linguista se ele aceitaque o ingls no tenha gnero nem subjuntivo e que o latim no tivesse artigodefinido.
No s no se pergunta se eles "aceitam", como tambm no se pergunta seisso tudo est certo. Como se sabe, houve poca em que dizer que a Terragira ao redor do sol dava fogueira. Semmelveis foi escorraado pelos mdicosque mandavam em Viena porque disse que todos deveriam lavar as mosantes de certos procedimentos (por exemplo, quem viesse de uma autpsia efosse verificar o grau de dilatao de uma parturiente). No faltou quem
dissesse "quem ele para mandar a gente lavar as mos?"
Ou seja: no se trata de aceitar ou de no aceitar nem de achar ou de no acharcorreto que as pessoas digam os livro. Acabo de sair de uma fila desupermercado e ouvi duas lata, dez real, trs quilo a dar com pau. Eu deveriamandar esses consumidores calar a boca? Ora! Estvamos num caixa desupermercado, todos de bermuda e chinelo! No era um congresso cientfico,nem um julgamento do Supremo!
Um linguista simplesmente "anota" os dados e tenta encontrar uma regra, isto ,uma regularidade, uma lei (no uma ordem, um mandato).
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O caso manjado: nesta variedade do portugus, s h marca de plural noelemento que precede o nome - artigo ou numeral (os livro, duas lata, dezreal,trs quilo). Se houver maias de dois elementos, a complexidade pode sermaior (meus dez livro, os meus livro verde etc.). O nome permaneceinvarivel. O linguista v isso, constata isso. No s na fila do supermercado,mas tambm em documentos da Torre do Tombo anteriores a Cames.
Portanto, mesmo na lngua escrita dos sbios de antanho.
O linguista tambm constata the books no ingls, isto , que no h marca deplural no artigo, s no nome, como se o ingls fosse uma espcie de avessodo portugus informal ou popular. O linguista aceita isso? Ora, ele no temalternativa! um dado, um fato, como a combusto, a gravitao, o bico dotucano ou as mars. O linguista diz que a escola deve ensinar formas como oslivro? Esse outro departamento, ao qual volto logo.
Fao uma digresso para dar um exemplo de regra, porque sei que umconceito problemtico. Se dizemos "as cargas", a primeira slaba destasequncia "as". O "s" final surdo (as cordas vocais no vibram para produziro "s"). Se dizemos as gatas", a primeira slaba a "mesma", mas nspronunciamos "az" - com as cordas vocais vibrando para produzir o "z". Por quedizemos um "z" neste caso? Porque a primeira consoante de "gatas" sonora,e, por isso, a consoante que a antecede tambm se sonoriza. No acredita? V
a um laboratrio e faa um teste. Ou, o que mais barato, ponha os dedos nasua garganta, diga "as gatas" e perceber a vibrao. Tem mais: se dizemos"as asas", no s dizemos um "z" no final de "as", como tambm reordenamosas slabas: dizemos as.ga.tas e as.ca.sas, mas dizemos a.sa.sas ("as" sedividiu, porque o "a" da palavra seguinte puxou o "s/z" para si). Dividimos "asas"em "a.sas", mas dividimos "as asas" em a.sa.sas.
Volto ao tema do linguista que aceitaria tudo! Para quem s teve aula de certo /
errado e acha que isso tudo, especialmente se no tiver nenhuma formaohistrica que lhe permitiria saber que o certo de agora pode ter sido o erradode antes, pode ser difcil entender que o trabalho do linguista completamentediferente do trabalho do professor de portugus.
No "aceitar" construes como as acima mencionadas ou mesmo algumasmais "chocantes" , para um linguista, o que seria para um botnico no"aceitar" uma gramnea. O que no significa que o botnico paste.
Proponho o seguinte experimento mental: suponha que um descendente seunasa no ano 2500. Suponha que o portugus culto de ento inclua formascomo "A casa que eu moro nela mais os dois armrio vale 300 cabral" (achoque no ser o caso, mas s um experimento). Seu descendente nunca
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saber que fala uma lngua errada. Saber, talvez (se estudar mais do quevoc), que um ancestral dele falava formas arcaicas do portugus, como 300cabrais.
Outro tema: o linguista diz que a escola deve ensinar a dizerOs livro? No.Nenhum linguista prope isso em lugar nenhum (desafio os que tm opinio
contrria a fornecer uma referncia). Alis, isso no foi dito no tal livro, emboratodos os comentaristas digam que leram isso.
O linguista no prope isso por duas razes: a) as pessoas j sabem falaroslivro, no precisam ser ensinadas (observe-se que ningum falao livros, o queno banal); b) ele acha - e nisso tem razo - que mais fcil que algumaprenda os livros se lhe dizem que h duas formas de falar do que se lhedizem que ele burro e no sabe nem falar, que fala tudo errado. H muitos
relatos de experincias bem sucedidas porque adotaram uma postura diferenteem relao fala dos alunos.
Enfim, cada campo tem seus Bolsonaros. Merecidos ou no.
PS 1 - todos os comentaristas (colunistas de jornais, de blogs e de TVs) queeu ouvi leram errado uma pgina (sim, era s UMA pgina!) do livro que deuorigem celeuma na semana passada. Minha pergunta : se eles defendem alngua culta como meio de comunicao, como explicam que leram to mal umtexto escrito em lngua culta? no teste PISA que o Brasil, sempre temfracassado, no ? Pois , este foi um teste de leitura. Nosso jornalismo seriareprovado.
PS 2 - Alexandre Garcia comeou um comentrio irado sobre o livro emquesto assim, no Bom Dia, Brasil de tera-feira: "quando eu TAVA naescola...". Uma carta de leitor que criticava a forma "os livro" dizia "ensinam osalunos DE que se pode falar errado". Uma professora entrevistada que criticou
a doutrina do livro disse "a lngua ONDE nos une" e Monforte perguntou"Onde FICA as leis de concordncia?". Ou seja: eles abonaram a tese do livroque estavam criticando. S que, provavelmente, acham que falam certinho! Nose do conta do que acontece com a lngua DELES mesmos!!
Srio Possenti professor associado do Departamento de Lingustica da
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T E R A - F E I R A , 1 7 D E M A I O D E 2 0 1 1
"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitosde certo e errado.
Por Daniela Jakubaszko*
A polmica que se cr iou em torno do livro Por uma vida melhor, da
coleo Viver, aprender, adotado pelo MEC, intil e representa um
retrocesso para a Educao.
Como lingista e professora de portugus defendo ardorosamente a
utilizao do livro. Vou explicar, mas antes fao alguns esclarecimentos:
1. A escola o lugar por excelncia da norma culta, l que devemos
aprender a utiliz-la, isso ningum discute, fato.
2. O livro NO est propondo que o aluno escreva ns pega como
esto divulgando por a - ele est apenas constatando a existncia da
expresso no registro popular. Do ponto de vista cotidiano, a expresso
vlida porque d conta de comunicar o que se prope. E ela mais que
comum e, sejamos sinceros, a linguagem que o leitor dessa obra usa e
entende. Ser que inteno da escola se comunicar com ele de
verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Umagramtica cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno no consegue
nem memorizar, com certeza, no vai conseguir.
3. O que o livro est propondo trocar as noes de certo e errado
por adequado e inadequado. E isso mais que certo. Vou explicar a
seguir.
4. A questo : como ensinar a norma culta num pas de tradio oral, e
no qual existe um abismo entre a lngua oral e a lngua escrita? Como
fazer isso com jovens adultos que j apresentam um histrico de
fracasso em seu processo formal de educao e, muito provavelmente,na aquisio dos termos da gramtica e seus significados. Se esse jovem
no assimilou at o momento em que procurou o EJA (Educao de Jovens
e Adultos) a concordncia de nmero, como o professor vai faz-lo usar
a crase? Isso para mencionar apenas um dos tpicos mais fceis da
gramtica e que a maioria das pessoas, inclusive as mais cultas e
graduadas, algumas at mesmo com doutorado, ainda no sabem
explicar quando ela necessria.
Por que abolir os conceitos de certo e errado?
Vou mencionar apenas 3 razes, para no cansar demais o leitor, masexistem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a
bibliografia.
1. Primeiro, por uma questo de honestidade com o aluno. A lngua viva,
Mulheres deFibraO blog Somos Mulheres de Fibraparticipa do movimento deblogueiros progressistas que
procuram contribuir, de formaresponsvel, para ademocratizao e a pluralidade dainformao e da comunicao nasociedade brasileira. Nosso blogse apresenta como um espaoaberto a debates sobre temasdiversos como poltica nacional einternacional, questes de gnero,atividades culturais emanifestaes de diferentescategorias sociais.
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18/05/2011 Mulheres de Fibra: "Por uma vida melh
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assim como a cultura, e no pode ser dirigida, por mais que tentem. Por
isso, no existe nem certo nem errado: as regras so convenes e
so alteradas de tempos em tempos por um acordo entre pases falantes
de uma mesma lngua. O que era errado h alguns anos, hoje pode ser
certo. Agora correto escrever lingstica sem trema - o que discordo -
e ideia sem acento. Assim, o que existe o adequado norma culta e o
inadequado norma culta. E essa norma uma conveno, no uma lei
natural e imutvel. Alm disso, por mais que a escola seja representante
da norma culta, isto no significa que ela deva ficar surda diante dos
demais nveis de fala. A lngua portuguesa ou qualquer lngua nopode ser reduzida sua variante padro. To pouco as aulas de portugus
devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por
exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno dever escrever uma fala
(verossmil) para ele? Escrever de forma inverossmil certo? Alis, o que
seria dos poetas e escritores se no fosse o registro popular da lngua?
Acho que Guimares Rosa nem existiria.
Com certeza a crtica ao livro parte de setores conservadores e
normativos. Eu, como lingista e professora, no apoio a retirada dos
livros porque no acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala
errado, at porque no , s no est de acordo com a norma culta, o que muito diferente. Depois que voc explica isso para o aluno que ele
entende o que est fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferena.
2. Segundo, porque quando voc diz para um aluno sucessivas vezes que
o que ele fez est errado voc passa por cima da subjetividade dele e
acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Da, ela no fala certo e
tambm no sabe quando fala errado. Assim, quando na presena de
pessoas que ela julga mais letradas que ela prpria, no tenha dvida, vai
ficar muda. A formao da identidade do sujeito passa obrigatoriamente
pela aquisio da linguagem, viver apontando os erros desconsiderar a
experincia de vida daquela pessoa, diminu-la porque ela no teve
estudo. E no se engane: ela pode se tornar at uma profissional mais
desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas no
necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.
3. Em terceiro, porque urgente trocar o ponto de vista normativo pelo
cientfico. A lingstica reconhece que a lngua tem seu curso e muda
conforme o uso e a cultura: j foi muito errado falar (e escrever) "voc",
por exemplo. A lingstica tambm reconhece que a lngua instrumento
de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramtica
normativa. Isto no significa deix-la de lado, mas precisamos exercitar
uma viso mais cr tica. Esse aluno sente na pele a discriminao social
devido ao seu nvel de fala, nada mais natural que ele rejeite a normaculta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padro.
compreensvel, ainda, que ele no entenda grande parte do que se diz em
sala de aula. O que no compreensvel o professor, ou melhor, a
Escola, no entender a razo de isso acontecer.
Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em
questo no iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, s ficou
validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o
distanciamento cientfico. E os lingistas no saem por a corrigindo
ningum, eles observam, e voc, leitor, bem sabe como funciona a cincia
- e um aluno de pelo menos 15 anos j precisa comear a ouvir falar dopensamento cientfico. Alm disso, muito bom que eles percebam se o
nvel de fala que usam tem prestgio ou no, e o porqu.
Por que ignorar o estudo da lngua oral em sala de aula? Eu fazia um
trabalho nesse sentido com os meus alunos e s depois de transcrever
Luis Nassif Online
A invaso dos carroschineses
Tijolao - O Blog do
Brizola NetoBrizola, assim , tirariaeste sapato
Richard Jakubaszko"Por umavidamelhor":por queabolir osconceitos
de certoe errado.
Cloaca NewsNSROUBEMOASPALAVRADE OUTROBLOG
Viomundo - O que
voc no v na mdiaMarcos Bagno :
Discusso sobre livrodidtico s revelaignorncia da grandeimprensa
CartaCapitalMarcha LGBT quer reunir
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18/05/2011 Mulheres de Fibra: "Por uma vida melh
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8/6/2019 Dossie norma culta 1.3
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entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar conscincia
de seu registro lingstico: nossa como eu falo gria! Eu nem percebia!.
A sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer
"os peixe", mas que na prova preciso escrever "os peixes", no seminrio
preciso dizer os peixes, mas ele precisa estar vontade para fazer
isso. A realidade em sala de aula que os alunos no entendem onde
esto errando. Quando voc explica o conceito de norma culta eles
entendem. Cria-se um parmetro e no uma tbua de salvao
inatingvel. aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais
uma possibilidade de uso da lngua para ele que vai surgir o esforo paraaprender. Se voc insistir no certo e no errado ele vai ficar com raiva
e rejeitar o novo. Quer apostar?
Ter uma boa comunicao no sinnimo de usar bem as regras da
gramtica. Para ensinar os conceitos de "gramtica natural" e "gramtica
normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam
porque eles partem do princpio que voc nunca pode escrever ou falar
nada errado na frente do aluno. Para mim isso hipocrisia: o aluno tem
direito de saber que o registro que ele usa em casa diferente daquele
que ele usa na rua, no estdio de futebol, na escola, no trabalho, em
frente ao juiz. E tem o direito de saber que o correto se define poraquele que tem mais prestgio social. Essas so s as primeiras noes de
sociolingstica, para quem quiser abr ir a cabea e saber. Ou ser que a
lngua portuguesa se aprende descolada da realidade? isso que se est
tentando mudar. to difcil assim perceber isso?
Quando me perguntam qual a funo do professor de portugus na
escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de
conscincia lingstica; oferecer instrumentos para que ele possa transitar
conscientemente entre os diversos nveis de linguagem. S depois de
realizada essa operao o aluno vai conseguir escrever conforme as
regras da norma culta. E falar a norma padro com naturalidade. Ou,
ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua
subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as
suas origens). bom ficar claro que a funo do professor no se reduz a
"corrigir" o aluno. Isso, o google, at o word, pode fazer. Ajudar o aluno a
ter conscincia de seu nvel de fala outra histria...
O problema no uma pessoa dizer ns pega, o problema ela no
entender que esse uso no adequado em determinados contextos, o
problema no saber dizer ns pegamos. Ou sequer compreender
porque no pode falar ns pega... , leitor, tem muito aluno que no
entende porque precisa aprender uma lista de nomes difceis que nada
significam para ele e que ele no enxerga a relao direta entre uso danorma culta e como esta vai ajud-lo a melhorar de vida.
Conheo quilos, ou toneladas, de gente formada, ps-graduada, que fala
seje e no tem conscincia de que est falando assim, e ainda critica
quem fala menas. Ouvir a si mesmo uma das coisas mais difceis de
fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo , sem dvida, abolir o certo e o errado. Enquanto o
professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele
e nada do que ele disser vai entrar na cabea dessa pessoa preocupada
em acertar uma coisa que no entende, tem vergonha de dizer que noentende, ento no pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o
resultado ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa...
Puxa, ningum estuda mais psicologia da educao? Isso bsico!
E ento, leitor, o que mais honesto com esse aluno que chega no EJA
30 mil pessoas emfrente ao Congresso
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mulheres de fibra
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com a autoestima l em baixo? Comear falando a lngua dele e depois
traz-lo para a norma padro ou comear de cara a humilh-lo com uma
lngua que ele no entende?
muito srio quando pessoas leigas comeam a emitir, levianamente,
juzos de valor sobre assuntos que no dominam. Alguns jornalistas,
blogueiros e opineiros de planto, por exemplo, sem conhecimento dos
conceitos e tcnicas de ensino em lingstica, sem a menor noo do que
est acontecendo nas salas de aula desse pas, comeam a querer dizer
para os professores o que eles tm de fazer, como eles tm de ensinar!Isto sim, nivelar por baixo! detonar, mais ainda, a autoridade do
professor, j to desprezada no pas. Ah, e ainda fazem isso sem
perceber que freqentemente cometem erros crassos; eu estou cansada
de l-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televiso. No que
precisem, ou usamos com eles os mesmos critrios que defendem?
E ento, qual mesmo o tipo de educao que o Brasil precisa?
* Daniela Jakubaszko bacharel em lingstica e portugus pela FFLCH-
USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois dedar aula por 15 anos e virou redatora porque no agentava mais ouvir:
"voc trabalha alm de dar aulas?"
** Ah, eu tenho uma dvida: at quando eu posso usar otrema? At 2012?
Postado por mulheres de fibra s 15:53
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mdia, economia e cultu ra por Glauco Cortezmdia, economia e cultu ra por Glauco Cortez
Outra proposta para o ensino degramtica
Alngua um fenmeno curioso. Nela, existe algum mistrio que est alm do simples certo ou errado, alguma fora maior que a
faz viver em movimento constante, de forma mltipla e particular. Ao falar sobre questes lingusticas deveria se ter mais
cuidado, um mnimo de conhecimento e, principalmente, uma postura no daquele que julga, mas daquele que antes busca
conhecer.
A distribuio do livro Por uma vida melhor, da professora Helosa Ramos, com supostos erros gramaticais pelo Programa
Nacional do Livro Didtico, do Ministrio da Educao, tem feito muito barulho e dentro de todo esse barulho muita coisaequivocada foi dita. O livro busca dar maior importncia linguagem oral, contemplando-a juntamente com a linguagem escrita
e sua norma culta, neste sentido, leva em considerao que frases como ns pega o peixe poderiam ser consideradas corretas
em certos contextos.
Os defensores da gramtica e da norma erudita condenaram o livro e a sua linha de proposta
pedaggica dizendo que isso um desrespeito lngua portuguesa, que agora se ensina erradonas prprias escolas, que se est jogando a toalha e a educao no vale mais nada. Enfim, eles
temem pela lngua.
A questo ser que h mesmo algo a temer pela lngua? Ser que ela precisa mesmo de
tantos jornalistas, gramticos e escritores atacando as formas da linguagem oral porque esta
pode destruir a norma culta e a sim seremos um pas de pessoas analfabetas que no sabem
escrever e falar corretamente? H um medo absurdo em toda essa crtica que chega ao
desespero tpico dos que matam uma nova forma, para no mexer no esquema das antigas.
Em primeiro lugar, deve ser dito que muitos dos jornalistas que esto criticando o livro
didtico e sua proposta ao falarem e redigirem seus textos cometem muitos dos erros que
eles tanto condenam, sem dizer que, a maioria no tem conhecimento mnimo de lingustica
para sair falando e revestem seu discurso de tanto preconceito que no h espao para
qualquer tipo de reflexo.
Em segundo lugar, deve se lembrar de que os gramticos tm muita dificuldade em lidar com
as formas novas da lngua, afinal, elas exigem mudanas nos sagrados manuais, assim, elesabraam a causa de uma lngua que supostamente deve ser defendida a todo custo, inclusive da prpria lngua. Pois faz parte do
movimento da lngua introduzir formas novas como os livro.
Alm disso, ao dizer os livro, por exemplo, no h um problema comunicacional, possvel entender o que se diz, a construono est de todo equivocada, o problema que existe a de outra ordem e obviamente deve ser estudado, no entanto,
importante sim que as gramticas e os livros didticos contemplem essas novas formas explicando por que uma lngua permiteque surjam construes como essa e dizendo, obviamente, qual a norma culta, a forma consagradamente correta de dizer.
Sem dvida, a gramtica que for dinmica como a prpria lngua, ser uma gramtica muito mais completa e eficiente, afinal,
quando simplesmente se aponta uma forma como errada, perde-se muito mais do que quando se procura entender quais
mecanismos mentais e sociais propiciaram que aquela forma existisse. Por isso, pode-se dizer que esse livro didtico ao invs de
pisotear a norma culta est colocando-a no mais alto patamar, pois no se aprende uma lngua sem abrir-se para a sua totalidade.
Se fssemos levar em considerao todas essas crticas que tm sido feitas, um escritor como Guimares Rosa poderia ser
apedrejado em praa pblica por inventar palavras e frases que desmerecem a sagrada norma culta. No entanto, muitos dos
ornalistas, escritores e membros da Academia que esto agora condenando o livro didtico da professora Helosa Ramos, rendem
ao escritor vastas homenagens. E o incrvel que com os escritos de Guimares a lngua no parece ter se perdido, muito pelo
contrrio.
Abaixo, alguns trechos de notcias e comentrios que saram na imprensa sobre o assunto:
MEC lava as mos no caso dos livros com erros
18/05/2011 LIVRO APROVADO PELO MEC ALVO
glaucocortez.com//livro-aprovado-p 1/3
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Mande aos amigos:3
BLOGUEIROS ESTO SE ORGANIZANDO POR TODO PAS EM TORNO DE PROPOSTAS COMO A REGULAO DA
MDIA E A BANDA LARGA PBLICA
PEDIDO DE IMPEACHMENT DE GILMAR MENDES, MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, J EST NO SENADO
Do Globo
Por Cssio Bruno
Escritores e educadores criticaram ontem a deciso de distribuir o livro, tomada pelos responsveis pelo Programa Nacional do Livro Didtico. Para Mrian
Paura, professora do Programa de Ps-graduao em Educao da Uerj, as obras distribudas pelo MEC deveriam conter a norma culta:
- No tem que se fazer livros com erros. O professor pode falar na sala de aula que temos outra linguagem, a popular, no erudita, como se fosse um dialeto.
Os livros servem para os alunos aprenderem o conhecimento erudito.
Na obra Por uma vida melhor, da coleo Viver, aprender, a autora afirma num trecho: Posso falar os livro? Claro que pode, mas dependendo da
situao, a pessoa pode ser vtima de preconceito lingustico. Em outro, cita como vlidas as frases: ns pega o peixe e os menino pega o peixe.
Autor de dezenas de livros infantis e sobre Machado de Assis, o escritor Luiz Antnio Aguiar tambm contra a novidade:
- Est valendo tudo. Mais uma vez, no lugar de ensinar, vo rebaixar tudo ignorncia. Esto jogando a toalha. Isso demonstra falta de competncia para
ensinar. (Texto completo)
Livro adotado pelo MEC defende erro
Da redao O Estado de S.Paulo
Ns pega o peixe ou os menino pega o peixe. Para os autores do livro de lngua portuguesa Por uma Vida Melhor, da Coleo Viver, Aprender, adotado
pelo Ministrio da Educao (MEC), o uso da lngua popular ainda que com seus erros gramaticais vlido.
A obra tambm lembra que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer preconceito lingustico.
Diz um trecho do livro, publicado pela Editora Global: Voc pode estar se perguntando: Mas eu posso falar os livro? Claro que pode. Mas fique atento,
porque, dependendo da situao, voc corre o risco de ser vtima de preconceito lingustico. Muita gente diz o que se deve e o que no se deve falar e
escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padro de correo de todas as formas lingusticas. (Texto completo)
Os livro mais interessante esto emprestado
Coluna do Augusto Nunes
A meno a leituras informa que a frase reproduzida no ttulo do post no foi pinada de alguma discurseira de Lula. Mas os autores do livro didtico Por uma
vida melhor, chancelado pelo MEC, decerto se inspiraram na oratria indigente do Exterminador do Plural para a escolha de exemplos que ajudem a ensinar
aos alunos do curso fundamental que o s no fim das palavras to dispensvel quanto um apndice supurado. O certo falar errado, sustenta o papelrio
inverossmil.
A lio que convida ao extermnio da sinuosa consoante um dos muitos momentos cafajestes dessa abjeta louvao da norma popular da lngua
portuguesa. No preciso aplicar a norma culta a concordncias, aprendem os estudantes, porque o fato de haver a palavra os (plural) j indica que se
trata de mais de um livro. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem achar que ns pega o peixe. E s podem espantar-se com um medonho
Os menino pega o peixe os elitistas incorrigveis.
Muita gente diz o que se deve e o que no se deve falar e escrever tomando as regras estabelecidas para norma culta como padro de correo de todas
as formas lingusticas, lamenta um trecho da obra. Por isso, o estudante que fala errado com bastante fluncia corre o risco de ser vtima de preconceito
lingustico. A isso foram reduzidos pelo Brasil de Lula e Dilma os professores que efetivamente educam: no passam de preconceituosos lingusticos. (Textocompleto)
Leia mais em Educao Poltica:
PROJETO DE LEI NO RS REVELA OBSESSO POR UMA LNGUA PURA
ESCOLA PBLICA RESERVA UM TEMPO PARA O APRENDIZADO DA CULTURA POPULAR BRASILEIRA POR MEIO
DA TRADIO ORAL
AS PALAVRAS E SEUS SIGNIFICADOS DIZEM ADEUS AO PAPEL E MIGRAM PARA AS TELAS DIGITAIS
VEJA AS PALAVRAS E EXPRESSES MAIS USADAS COM HFEN, DE ACORDO COM A NOVA ORTOGRAFIA
AGNCIA EP, NOTCIA Brasil, CULTURA, EDUCAO, escrita, gramtica, Jornalismo, lngua, norma popular, normal culta, NOTCIA, oralidade
18/05/2011 LIVRO APROVADO PELO MEC ALVO
glaucocortez.com//livro-aprovado-p 2/3
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Aguardamos voc com caf e torradas aqui e com maiores intimidades direita. ==>>
Sergio Leo
Arte, cultura, jornalismo, para quem tem mais a fazer com o prprio tempo
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Lobato entra de sola na nova polmica com o MEC
May 18th, 2011
bysleo.
Est divertido ver a patrulha do gramaticalmente correto ( qual perteno, alis, embora no
entre na histeria atual) contra um livro distribudo pelo MEC para educao de jovens e adultos. Dizem at que o livro quer impor a fala das ruas eavacalhar a norma culta, quando ele faz o contrrio, tentando dar o conhecimento da norma culta a quem conhece pouco mais que o linguajar popular,
como se v no captulo polmico, AQUI.
(Se voc estava preso em uma mina no Chile, s agora foi salvo e no est entendendo do que falamos aqui no Stio, o tema desse post o que bem
esclarece esse blogue AQUI).
18/05/2011 Lobato entra de sola na nova polmica
opsblog.org//lobato-entra-de-sola- 1/6
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8/6/2019 Dossie norma culta 1.3
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Divertida a polmnica porque pouco tempo atrs metiam o pau no MEC acusando o governo de querer censurar Monteiro Lobato porque um
conselho pediu cuidado com os trechos racistas do escritor, ao distribuir seus livros nas escolas. Agora querem censurar o livro Por uma vida melhor
do MEC, que tem uns trechos que me fizeram lembrar Lobato, embora menos agressivo em suas propostas do que os escritos do velho escritor
paulista.
Esclareo que no perteno turma que acha a defesa da norma culta um preconceito lingustico; j falei disso aqui no Stio. Autores como Marcos
Bagno (popularssimos hoje em dia nas escolas de letras) apontam questes relevantes, como a necessidade de reconhecer o valor da fala popular, mas
misturam isso num caldeiro ideolgico para acusar a norma culta de ser apenas um instrumento de dominao, seleo e controle de classe. Para mim
evidente que no isso, mas seria assunto para outro post. (Nada contra a ideologia tambm, , apenas contra certos usos dela).
Os trechos a seguir esto no livroPrefcios e Entrevistas, ltimo tomo das obras completas do autor, editora Brasiliense, de 1949. Falei dele aqui noStio, antes .Vamos ao Lobato, pois, to defendido pelos articulistas que hoje acham coisa de maluco da Al Qaeda dizer que no errado dizer
pescar os peixe:
Essa lngua descende da que os portugueses introduziram e que alijou a lngua geral ento existente nesses territrios: o tupu-guarani. Ficou a lngua
portuguesa sendo a lngua geral do Brasil e at hoje o . E por que o ? Porque aprendemos o portugus de duas maneiras, de ouvido e de leitura. Se
o aprendessemos s de ouvido, como acontece com o jeca, a nossa lngua geral estaria hoje to distanciada da lngua portuguesa que um portugus
no a entenderia. O que conserva as lnguas e impede que caminhem com velocidade excessiva pela tentadora estrada da evoluo a escrita.
Mas como o jeca nunca soube ler nem escrever, a evoluo da lngua portuguesa em sua boca se fez a galope
Por que nossos fillogos no extraem a gramtica dessa lngua do jeca? Que interessante seria! Quanta mutao vocabular, quanta variao de
sintaxe, da prosodia, de tudo! Troca do b pelo v: cumbrsa, brso, cuvrta o lh substitudo pelo i: abia, pia, mia (malha) O ou
reduzido a : fum, bot, junt Quantos aspectos!
Devamos fazer a gramtica da interessantssima lngua do jeca como os franceses fizeram a gramtica da lngua de oc; e devamos enviar essa
gramtica s escolas, lado a lado com a gramtica portuguesa Que vantagem haveria nisso? Oh, grande _ podermos falar com os 15 milhes de
jecas que h no territrio brasileiro.
A evoluo da lngua curiosssima e inteligentssima, como todas as evolues no atrapalhadas pelos breques dos artificialismos. A forma escrita das
lnguas um artificalismo tremendamente embaraador da evoluo natural das lnguas. To emperrado que, no ingls, a
lngua falada est pra c e a escrita est pra l. Mr Churchill escreve enough e diz inf. O jeca teve a felicidade de no saber ler nem escrever, de
no se preocupar com a Academia de Letras, de usar dos jornais unicamente o papel _ e graas a isso evoluiu a lngua portuguesa s de ouvido esempre de acordo com as injunes da lei do menor esforo e da lei da melhor compreenso. E como suprimiu besteiras inteis! Os verbos, por
exemplo. Ns, por causa da tirania da escrita, ainda estamos com tantas variaes quanto o latim. Di8zemos: Eu tenho, Tu tens, Ele tem, Ns temos,
Vs tendes, Eles tm. H um grave defeito aqui. Se opronome j indica a pessoa do verbo, por que indic-la de novo com a variao do verbo?
Redundncia, bobagem perda de esforo. O jeca, porque vive na maior das penpurias, diz: Eu tenho, vanc tem, ele tem, ns tem, Vnces tem, eles
tem. O ingls diz: I have, You have, He has, We have, You have, they have e tanto o jeca como o ingls exprimem perfeitamente a pessoa que tem,
18/05/2011 Lobato entra de sola na nova polmica
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sem estarem latinescamente variabndo o pobre verbo.
O jeca forma os seus plurais com a mesma inteligncia e economia do ingls; diz, por exemplo, as casa, os home, as
mu, em vez de dizer redudantemente como o portugus, as casas, os homens, as mulheres. O ingls diz the men, the women, the houses
a mesma coisa que o jeca, s que invertido. Se pondo apenas o artigo no plural a frase fica perfeitamente clara, para que botar no plural tambm o
substantivo? pensa com muita razo o jeca e o ingls faz o mesmo raciocnio quando pluraliza o substantivo e no mexe no artigo.
Mais adiante, no livro, que tem rpefcios a granel, muitos para livros obscuros dos amigos do escritor, como o caso do Nho Bento que motivou essa
pea de lingustica amadora de Lobato:
o mesmo direito que tiveram os portugueses de corromper o latim e transform-lo em lnguaportuguesa temos ns, letrados, de
corromper a lngua portuguesa e transform-la na lngua brasileira; e tem o iletrado jeca de evolu-la em outro rumo. maiscientificamenter, podemos dizer que a lngua portuguesa bno Brasil est sofrendo duas variaes: uma lenta, de gente que sabe ler e
escrever e outra rpida, de gente da roa segregada do urbanismo , do livro, do jornal e do rdio o abenoadop jeca que tem a sorte de
no ler os jornais do governo nem da oposio e de no ouvir a Hora do Brasil.
Quem condena como coisa errada o modo de falar ou a lngua do jeca revela-se curto de miolo. Os modos de avriao duma lngua so
fenmenos naturais, en no h erro nos fenmenos naturais. Erro coisa humana. Temos de estudar essas variaes em vez de tolamente
conden-las, pois conden-las equivale, por exemplo, a condenar os anis de Saturno em nome dos planetas que no tem anis.
Tem mais. Sei no, acho que, contra toda censura, deveriam distribuir esse texto do Lobato nas escolas.
18/05/2011 Lobato entra de sola na nova polmica
opsblog.org//lobato-entra-de-sola- 3/6
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A encomenda de Chvez que era do assessor do assessor
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EsclarecimentossobreolivroPorumavidamelhor,paraEducaodeJovenseAdultosUma frase retirada de seu contexto na obra Por uma vida melhor, cuja responsabilidadepedaggica da Ao Educativa, vem gerando intensa repercusso na mdia. Diante da
enormequantidadede informaes incorretasou imprecisasque foramdivulgadas, aAo
Educativa se coloca disposio dos rgos de imprensa para promover um debatemais
qualificado,eesclarece:
1. Escreverdiferentedefalar.Comooprprionomedocaptuloindica,osautoressepropem,emumtrechoespecficodolivro,aapresentaraoestudantedamodalidade
deEducaodeJovenseAdultos(EJA)asdiferenasentreanormacultaeasvariantes
queeleaprendeuatchegarescola,ouseja,variantespopularesdoidioma.
2. Os autores no se furtam, com isso, a ensinar a norma culta. Pelo contrrio, alinguagem formal ensinada em todo o livro, inclusive no trecho em questo.No
captulomencionado,osautoresapresentamtrechosinadequadosnormacultapara
que o estudante os reescreva e os adeque ao padro formal, de posse das regras
aprendidas.Por isso, levianaaafirmaodequeo livrodesprezaanormaculta.
Aindamaisincorretaaafirmaodequeolivrocontmerrosgramaticais.
3. Para que possa aprender a utilizar a norma culta nas mais diversas situaes, oestudanteprecisa ter conscinciadamaneira como fala.Apartirdeento,poderescolher amelhor forma de se expressar. Saber, assim, que no dilogo com uma
autoridadeouemumconcursopblico,porexemplo,deveusaravariantecultada
lngua.Masnoquerdizerquedevaabandonlaaofalarcomosamigos,ououtras
situaesinformais.
4. importantefrisarqueolivrodestinadoEJAEducaodeJovenseAdultos.Aofalar sobre o tema, muitos veculos omitiram este detalhe e a mdia televisiva
chegouailustrarVTscomsalasdecrianas. Nessamodalidade,necessriolevarem
consideraoabagagemculturaldoadulto,construdaporsuasvivnciasebiografias
educativas.
5. OlivroPorumavidamelhorfazpartedoProgramaNacionaldoLivroDidtico.Pormeio
dele,
o
MEC
promove
a
avaliao
de
dezenas
de
obras
apresentadas
por
editoras,submeteasavaliaodeespecialistasedepoisofereceasaprovadaspara
quesecretariasdeeducaoeprofessoresfaamsuasescolhas.Olivroproduzidopela
Ao Educativa foi submetido a todas essas regras eescolhido,pois se adequa aos
parmetroscurricularesdoMinistrioeaosmaisavanadosparmetrosdaeducao
lingustica.
6. AAoEducativatemlargaexperincianotema,eacoleoViver,Aprenderumdosdestaques da rea. Seus livrosj foram utilizados como apoio escolarizao de
milhesdejovenseadultos,antesdeseradotadopeloMEC,emvriosestados.
Conheaolivro!Leiaocaptulonantegra,empdf,aqui.
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/ESCLARECIMENTOS_AE.pdf2011-04-18
-
8/6/2019 Dossie norma culta 1.3
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LeiatambmartigodeVeraMasago,coordenadorageraldaAoEducativa,sobreocaso
(pgina3).
Contexto:outrostrechos,domesmocaptulo,nomencionadosnacoberturadaimprensaAlnguaescritanoosimplesregistrodafala.FalardiferentedeescreverComoalinguagempossibilitaacessoamuitassituaessociais,aescoladevesepreocuparemapresentaranormacultaaosestudantesAnormacultaexistetantonalinguagemescritacomonalinguagemoral,ouseja,quandoescrevemosumbilheteaumamigo,podemosserinformais,porm,quandoescrevemosumrequerimento,porexemplo,devemosserformais,utilizandoanormacultaAlgosemelhanteocorrequandofalamos:conversarcomumaautoridadeexigeumafalaformal,enquantonaturalconversarmoscomaspessoasdenossafamliademaneiraespontnea,informal.Assim,osaspectosquevamosestudarsobreanormacultapodemserpostosemprticatantooralmentecomoporescrito
Fontes:Paraobteroscontatosdosespecialistaslistadosabaixo,falecomnossaAssessoriadeImprensa:(11)31512333ramal160(Ana)ou170(Fernanda)
VeraMasagoDoutoraemeducao,CoordenadoraGeraldaAoEducativaHelosaCerriRamosumadasautorasdolivroAlgumasfontesconceituadasnocampolingusticopodemserconsultadassobreotema:
MarcosBagnoDoutoremLingusticapelaUSPeprofessordaUnB
MagdaBeckerSoaresProfessoraemritadaUFMG,especialistaemalfabetizaoeletramento
SrioPossentiProfessorassociadonoDepartamentodeLingusticadoInstitutodeEstudosda
Linguagem(IELUnicamp)
-
8/6/2019 Dossie norma culta 1.3
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MarcoAntniodeOliveiraDoutoremLingusticapelaUniversidadedaPennsylvania,professordaPUCMG
EgonRangeldeOliveiraProfessordoDepartamentodeLingusticadaFaculdadedeComunicaoeFilosofiada
PUCSP
RodolfoIlariProfessordesemnticadaUnicamp
MiltondoNascimentoDoutoremLingusticapelaUniversidadedeParisVIII,St.Deniseprofessorde
LingusticadaPUCMG MariaCecliaMollica
ProfessoratitulardeLingusticadaUFRJ AtalibadeCastilho
ProfessortitulardaUniversidadedeSoPaulo(USP) MariaJosNbrega
Consultora
especialista
em
ensino
de
lngua
portuguesa
ABRALINAssociaoBrasileiradeLingustica
ARTIGOLivroparaadultosnoensinaerros
UmafraseretiradadaobraPorumavidamelhor,cujaresponsabilidadepedaggicadaAoEducativa,vemgerandoenormerepercussonamdia.AobradestinadaEducaode
JovenseAdultos,modalidadeque,pelaprimeiraveznesteano,teveaoportunidadede
receberlivrosdoProgramaNacionaldoLivroDidtico.Pormeiodele,oMinistrioda
Educaopromoveaavaliaodedezenasdeobrasapresentadasporeditoras,submeteas
avaliaodeespecialistasedepoisofereceasaprovadasparaquesecretariasdeeducaoe
professoresfaamsuasescolhas.
O
trecho
que
gerou
tantas
polmicas
faz
parte
do
captulo
Escrever
diferente
de
falar.
No
tpicodenominadoconcordnciaentrepalavras,osautoresdiscutemaexistnciade
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variedadesdoportugusfaladoqueadmitemquesubstantivoeadjetivonosejam
flexionadosparaconcordarcomumartigonoplural.Namesmapgina,osautorescompletam
aexplanao:nanormaculta,overboconcorda,aomesmotempo,emnmero(singularplural)
e
em
pessoa
(1
2
3)
com
o
ser
envolvido
na
ao
que
ele
indica.
Afirmam
tambm:anormacultaexistetantonalinguagemescritacomonaoral,ouseja,quando
escrevemosumbilheteaumamigo,podemosserinformais,porm,quandoescrevemosum
requerimento,porexemplo,devemosserformais,utilizandoanormaculta.
Podeseconstatar,portanto,queosautoresnoestosefurtandoaensinaranormaculta,
apenasindicamqueexistemoutrasvariedadesdiferentesdessa. Aabordagemadequada,
poisdiversosespecialistasemensinodelngua,assimcomoasorientaesoficiaisparaarea,
afirmamquetomarconscinciadavariantelingusticaqueseusaeentendercomoa
sociedadevalorizadesigualmenteasdiferentesvariantespodeajudarnaapropriaoda
norma
culta.
Uma
escola
democrtica
deve
ensinar
as
regras
gramaticais
a
todos
os
alunos
semmenosprezaraculturaemqueestoinseridosesemdestituiralnguaquefalamdesua
gramtica,aindaqueestanoestejacodificadaporescritonemsejasocialmenteprestigiada.
Defendemosaabordagemdaobraporconsiderarquecabeescolaensinarregras,massua
funomaisnobredisseminarconhecimentoscientficosesensocrtico,paraqueaspessoas
possamsaberporqueequandouslas.
Odebatepblicofundamentalparapromoveraqualidadeeequidadenaeducao.
preciso,entretanto,tomarcuidadocomadivulgaodematriascomintuitospolticospouco
educativoseafirmaesdesrespeitosasemrelaoaoseducadores.AAoEducativaest
disposta
a
promover
um
debate
qualificado
que
possa
efetivamente
resultar
em
democratizaodaeducaoedacultura. Valelembrarquepolmicascomoessaocupama
imprensadesdequeoModernismobrasileiroem1922incorporoualinguagempopular
literatura.Felizmente,desdeento,opasmudoubastante.Muitaspessoastemconscincia
dequenosedevediscriminarningumpelaformacomofalaoupelolugardeondeveio.Tais
mudanassopossveis,semdvida,porquecadavezmaisbrasileirospodemirescolatanto
paraaprenderregrascomoparardesenvolverosensocrtico.
VeraMasagoRibeirodoutoraemEducaoecoordenadorageraldaAoEducativa
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quarta, 18 de maio de 2011
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Nota Pblica: Livro para adultos no ensina e rros
Posicionamento institucional da Ao Educativa sobre a polmica envolvendo livro distribudo peloMEC.
Uma frase retirada da obra Por uma vida melhor, cuja responsabilidade pedaggica da AoEducativa, vem gerando enorme repercusso na mdia. A obra destinada Educao de Jovense Adultos, modalidade que, pela primeira vez neste ano, teve a oportunidade de receber livros do
Programa Nacional do Livro Didtico. Por meio dele, o Ministrio da Educao promove a avaliaode dezenas de obras apresentadas por editoras, submete-as avaliao de especialistas edepois oferece as aprovadas para que secretarias de educao e professores faam suasescolhas.
O trecho que gerou tantas polmicas faz parte do captulo Escrever diferente de falar. Notpico denominado concordncia entre palavras, os autores discutem a existncia devariedades do portugus falado que admitem que substantivo e adjetivo no sejam flexionadospara concordar com um artigo no plural. Na mesma pgina, os autores completam a explanao:na norma culta, o verbo concorda, ao mesmo tempo, em nmero (singular plural) e em pessoa(1 2 3) com o ser envolvido na ao que ele indica. Afirmam tambm: a norma culta existetanto na linguagem escrita como na oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo,podemos ser informais, porm, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos serformais, utilizando a norma culta.
Pode-se constatar, portanto, que os autores no esto se fur tando a ensinar a norma culta,apenas indicam que existem outras var iedades diferentes dessa. A abordagem adequada, poisdiversos especialistas em ensino de lngua, ass im como as orientaes oficiais para a rea,afirmam que tomar conscincia da variante lingustica que se usa e entender como a sociedadevaloriza desigualmente as diferentes variantes pode ajudar na apropriao da norma culta. Umaescola democrtica deve ensinar as regras gramaticais a todos os alunos sem menosprezar acultura em que esto inseridos e sem destituir a lngua que falam de sua gramtica, ainda que estano esteja codificada por escrito nem seja socialmente prestigiada. Defendemos a abordagem daobra por considerar que cabe escola ensinar regras , mas sua funo mais nobre disseminarconhecimentos cientficos e senso c rtico, para que as pessoas possam saber por que e quandous-las.
O debate pblico fundamental para promover a qualidade e equidade na educao. preciso,entretanto, tomar cuidado com a divulgao de matrias com intuitos polticos pouco educativos e
afirmaes desrespeitosas em relao aos educadores. A Ao Educativa est disposta apromover um debate qualificado que possa efetivamente resultar em democratizao daeducao e da cultura. Vale lembrar que polmicas como essa ocupam a imprensa desde que oModernismo brasileiro em 1922 incorporou a linguagem popular literatura. Felizmente, desdeento, o pas mudou bastante. Muitas pessoas tem conscincia de que no se deve discriminarningum pela forma como fala ou pelo lugar de onde veio. Tais mudanas so possveis, semdvida, porque cada vez mais brasileiros podem ir escola tanto para aprender regras como paradesenvolver o senso crtico.
Acesse o captulo do livro na ntegra
Imprensa: Acesse aqui um kit de informaes sobre o caso.
Ao na Justia
Educao de Jovens e
Adultos
Juventude
Ao na escola
Divers idade, raa eparticipao
Observatrio daEducao
Espao de Cultura
18/05/2011 Ao Educativa - Nota Pblica: Livro p
acaoeducativa.org.br/portal/index.php 1/1
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Captulo 1 Escrever diferente de falar 11
Captulo 1
Escrever diferente de falar
Preciso entregar esse texto e queria que voc
lesse antes, para ver se est bom.
A frase acima traduz uma situao bastante
comum. Mesmo algum experiente na leiturae na escrita sente necessidade da avaliao de
outra pessoa sobre o que escreve. Escritoresconsagrados, do passado e da atualidade, tam-
bm mantiveram, e mantm, o hbito de trocarcorrespondncias sobre sua obra.
H momentos em que surgem dvidas sobre
a graa das palavras (se tm acento, se levam ums ou dois...), sobre a pontuao, o emprego de
maisculas etc. s vezes, somos dominados poruma insegurana que nos impede at mesmo
de saber ao certo qual nossa dvida. Sentimosque falta algo no texto, mas no sabemos o que
. Isso natural, pois se trata de uma diculda-de enfrentada por todos que esto aprendendoo
funcionamentoda lngua escrita. medida queampliamos nosso conhecimento sobre ela, essas
sensaes vo sendo superadas.
A lngua escrita no o simples registro da
fala. Falar diferente de escrever. A fala es-pontnea, por exemplo, menos planejada,apresenta interrupes que no so retomadas.
Alm disso, conta com outros recursos, como osgestos, o olhar, a entonao. J a escrita possui
muitas convenes. Ela precisa ser mais cont-nua, sem os cortes repentinos da fala, e mais
exata, porque geralmente no estamos perto do
leitor para lhe explicar o que queremos dizer.
Voc, que falante nativo de portugus,
aprendeu sua lngua materna espontaneamen-te, ouvindo os adultos falarem ao seu redor. O
aprendizado da lngua escrita, porm, no foiassim, pois exige um aprendizado ormal. Ele
ocorre intencionalmente: algum se dispe aensinar e algum se dispe a aprender. Geral-
mente h local, momento e material prpriospara isso. Obviamente, em algumas ocasies,
possvel improvisar: um irmo mais velho pode
ensinar o que j aprendeu na escola para o ir-mo mais novo, por exemplo. De qualquer for-
ma, dicilmente aprendemos a ler e a escreverpor acaso, sem ter a inteno disso.
Outro ponto importante: da mesma formaque uma criana aprende a falar observando os
outros falarem, o aprendizado da lngua escritarequer acesso a textos escritos, ou seja, apren-
demos a ler lendo e a escrever escrevendo.A lei-tura e a escrita necessitam de prtica. Por isso,
mesmo que uma ou outra atividade de escrita
lhe oferea diculdade, voc deve se empenhar
ao mximo para realiz-la. Procure reler e revi-sar o que foi escrito, e, quando necessrio, pas-se o texto a limpo. No comeo, voc pode achar
difcil, mas os resultados compensaro.Neste captulo, vamos exercitaralgumas ca-
ractersticas da linguagem escrita. Alm disso,vamos estudar uma variedade da lngua portu-
guesa: a norma culta. Para entendero que ela
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Ao Educativa - Por uma vida melhor - MEC, 2011
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Unidade 1 Lngua Portuguesa12
e a sua importncia, preciso antes conhecer
alguns conceitos.Em primeiro lugar, no h um nico jeito de
falar e escrever. A lngua portuguesa apresenta
muitas variantes, ou seja, pode se manifestarde diferentes formas. H variantes regionais,prprias de cada regio do pas. Elas so per-
ceptveis na pronncia, no vocabulrio (fala-se
pernilongo no Sul e murioca no Nordeste,por exemplo) e na construo de frases.
Essas variantes tambm podem ser de ori-gem social. As classes sociais menos escolari-
zadas usam uma variante da lngua diferenteda usada pelas classes sociais que tm mais es-
colarizao. Por uma questo de prestgio vale lembrar que a lngua um instrumento de
poder , essa segunda variante chamada de variedade culta ou norma culta, enquanto aprimeira denominadavariedade popular ounorma popular.
Contudo, importante saber o seguinte: as
duas variantes so ecientes como meios decomunicao. A classe dominante utiliza a nor-
ma culta principalmente por ter maior acesso
escolaridade e por seu uso ser um sinal deprestgio. Nesse sentido, comum que se atri-
bua um preconceito social em relao varian-te popular, usada pela maioria dos brasileiros.
Esse preconceito no de razo lingustica,
mas social. Por isso, um falante deve dominaras diversas variantes porque cada uma tem seu
lugar nacomunicao cotidiana.
Como a linguagem possibilita acesso a mui-tas situaes sociais, a escola deve se preocuparem apresentar a norma culta aos estudantes,
para que eles tenham mais uma variedade
sua disposio, a m de empreg-la quando fornecessrio.
H ainda mais um detalhe que vale a penalembrar. A norma culta existe tanto na lingua-
gem escrita como na linguagem oral, ou seja,quando escrevemos um bilhete a um amigo,
podemos ser informais, porm, quando es-crevemos um requerimento, por exemplo,
devemos ser formais, utilizando a norma cul-
ta. Algo semelhante ocorre quando falamos:conversar com uma autoridade exige uma fala
formal, enquanto natural conversarmos comas pessoas de nossa famlia de maneira espon-
tnea, informal. Assim, os aspectos que vamosestudar sobre a norma culta podem ser postos
em prtica tanto oralmente como por escrito.
Neste captulo, vamos ler dois textos. Eles per-mitiro aprofundar questes relativas escrita
e maneira formal de as pessoas se expressa-rem em portugus.
Convite leitura
O primeiro texto um pargrafo produzido por um aluno.
A violncia em nosso pais esta a cada dia que passa se acentuando mais, isto devido a diversos atores
podemos citar o ator economico a ganancia do homem pelo dinheiro, o desemprego dos pais, a alta de
moradias, alimentao e educao impedem o de criar seus flhos dignamente dai a grande violencia
da sociedade o menor abandonado, que sozinho sem ter uma mo frme que o conduza pela vida, parte
para o crime o roubo na tentativa de sobreviver.
VAL, Maria da Graa Costa. Redao e textualidade. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 75. (Fragmento.)
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Emprego de alguns pronomes
Na lngua, alguns pronomes so usados para evitar repeties de
palavras, ou seja, eles substituem substantivos ou expresses mencio-nados antes. Alguns esto apresentados a seguir:
a) O rapaz entregou o dinheiro ao comerciante.Ele entregou o dinheiro ao comerciante. (Ele substitui quem entrega.)
b) O rapaz entregou o dinheiro ao comerciante.
O rapaz entregou-o ao comerciante. (O substitui o que foi entregue.)c) O rapaz entregou o dinheiro ao comerciante.
O rapaz entregou-lhe o dinheiro. (Lhe substitui a pessoa para quem foientregue.)
Os pronomes ele e o substituem termos masculinos no singular e eles
e os substituem termos masculinos no plural. Para os termos femininos,empregam-se ela e a no singular, e elas e as no plural.
Os pronomes lhe e lhes servem para os dois gneros.
comum na linguagem in-formal o emprego de ele e ela no
lugar de o e a. As pessoas dizem,por exemplo, Minha irm viu
ele l. Na norma culta, a fraseseria: Minha irm viu-o l, por-
que o pronome o est substi-
tuindo quem foi visto.
Observao: H casos em que ospronomes o, os, a, as passam poralgumas adaptaes a m de ter suapronncia facilitada.a) Um dos casos quando o verbo
termina em -r. Veja o que ocorre:
Encontraram a aluna e foram chamar aaluna.Encontraram a aluna e foram cham-la.O verbo chamar perde o -r nal e opronome passa a ser la, em vez de a.
b) Outro caso de adaptao ocorre quandoo verbo termina em -m. Examine:
Procuraram as meninas e encontram asmeninas no parque.Procuraram as meninas e encontraram-nas no parque.O pronome passa a ser nas em vez de as.
A concordncia entre as palavras
A concordncia entre as palavras uma importante caracterstica da lin-
guagem escrita e oral. Ela um dos princpios que ajudam na elaborao deoraes com signicado, porque mostra a relao existente entre as palavras.
Verique como isso funciona:
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Captulo 1 Escrever diferente de falar 15
Alguns insetos provocam doenas, s vezes, fatais populao ribeirinha.
insetos (masculino, plural) alguns (masculino, plural)
doenas (feminino, plural) fatais (feminino, plural)
populao (feminino, singular) ribeirinha (feminino, singular)
As palavras centrais (insetos, doenas, populao) so acompanhadas
por outras que esclarecem algo sobre elas. As palavras acompanhantes
so escritas no mesmo gnero (masculino/feminino) e no mesmo nme-ro (singular/plural) que as palavras centrais.
Essa relao ocorre na norma culta. Muitas vezes, na norma popular, aconcordncia acontece de maneira diferente. Veja:
Os livro ilustrado mais interessante esto emprestado.
livro (masculino, singular) os (masculino, plural) ilustrado (masculino, singular)
interessante (masculino, singular)
emprestado (masculino, singular)
Voc acha que o autor dessa frase se refere a um livro ou a mais de
um livro? Vejamos:O fato de haver a palavra os (plural) indica que se trata de mais de um
livro. Na variedade popular, basta que esse primeiro termo esteja no plu-
ral para indicar mais de um referente. Reescrevendo a frase no padro danorma culta, teremos:
Os livros ilustrados mais interessantes esto emprestados.
Voc pode estar se perguntando: Mas eu posso falar os livro?.Claro que pode. Mas que atento porque, dependendo da situao,
voc corre o risco de ser vtima de preconceito lingustico. Muita gentediz o que se deve e o que no se deve falar e escrever, tomando as regras
estabelecidas para a norma culta como padro de correo de todas as
formas lingusticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a va-riante adequada da lngua para cada ocasio.
Existe outro tipo de concordncia:a que envolve o verbo. Observe seu
funcionamento:
Na norma culta, o verbo concorda,ao mesmo tempo, em nmero (singu-
lar/plural) e em pessoa (1./2./3.) com o ser envolvido na ao que ele
indica.
O menino pegou o peixe.menino singularpegou singular
Os meninos pegaram o peixe.meninos pluralpegaram plural
O menino pegou o peixe.menino 3. pessoapegou 3. pessoa
Eu peguei o peixe.eu 1. pessoapeguei 1. pessoa
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Unidade 1 Lngua Portuguesa16
Na variedade popular, contudo, comum a concordn-
cia funcionar de outra forma. H ocorrncias como:Ns pega o peixe.
ns 1. pessoa, plural
pega
3. pessoa, singularOs menino pega o peixe.
menino 3. pessoa, ideia de plural (por causa do os)pega 3. pessoa, singular
Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular,
quem ouve a frase sabe que h mais de uma pessoa envol-vida na ao de pegar o peixe. Mais uma vez, importante
que o falante de portugus domine as duas variedades eescolha a que julgar adequada sua situao de fala.
Observao: Quando se refere concordncia, a palavrapessoano tem o sentido de ser humano.Nesse contexto,pessoa refere-se aosenvolvidos no ato de fala, que no
precisam ser indivduos. Existe aqueleque fala (1. pessoa), aquele com quemse fala (2. pessoa) e aquele de quem sefala (3. pessoa). Exemplos:
No vi sua revista, me.(1. pessoa: o lho; 2. pessoa: a me;3. pessoa: a revista).
Mas eu a deixei aqui!(1. pessoa: a me; 2. pessoa: o lho;3. pessoa: a revista)
Slaba e acento grfco
Para entender o sistema de acentuao grca, preciso conhecer al-guns conceitos. Um deles o de slaba.
Repare que, quando falamos uma palavra, nossa pronncia marca-da por impulsos sonoros. Preste ateno em como pronunciamos as pa-
lavras. Observe: pa la vra. Cada som que voc pronunciou em uma s
emisso de voz representa uma slaba. Assim, palavra tem trs slabas.Atente separao de slabas: vogais idnticas, rr, ss, sc, xc cam separados na
escrita.Exemplos: ca-a-tin-ga; co-or-de-na-o; car-ro; as-sa-do, nas-ci-men-
-to, ex-ce-o etc.Slaba tnica aquela pronunciada com mais intensidade. O acento
grfco o sinal que marca a slaba tnica de algumas palavras na escrita.Os acentos mais empregados com essa nalidade so o acento agudo ()
e o acento circunexo (^).
Toda palavra com mais de duas slabas apresenta uma slaba tnica,que poder ser a ltima, a penltima ou a antepenltima. Exemplos:
modernomo-der-no (a slaba tnica der)modernssimomo-der-ns-si-mo (a slaba tnica ns)
modernizarmo-der-ni-zar (a slaba tnica zar)Portanto:Modernizartem a ltima slaba tnica; moderno tem a penlti-
ma; modernssimo tem a antepenltima.Veja ao lado a classicao que essas
palavras recebem, de acordo com a po-
sio da slaba tnica.
ltima slaba a tnicaPenltima slaba a tnica
Antepenltima slaba a tnica
OxtonaParoxtonaProparoxtona
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Captulo 1 Escrever diferente de falar 17
Existem algumas regras que orientam o emprego dos acentos agudo e cir-
cunexo. Vamos estudar quatro delas.
1. Toda palavra proparoxtona tem a slaba tnica marcada com acento.
Exemplo: pssaro (ps-sa-ro); lmpada (lm-pa-da).
2. Quando palavras paroxtonas ou oxtonas terminam em a, ocorre o seguin-te: as oxtonas tm a slaba tnica acentuada; as paroxtonas, no.
Paroxtonas sem acento
Oxtonas com acento
Essa regra permite marcar a pronncia diferente de palavras escritascom as mesmas letras. Exemplos:
Eu no sabia de nada. (sa-bi-a paroxtona terminada em a: no
acentuada)Um sabi pousou no galho da laranjeira. (sa-bi- oxtona termina-
da em a: acentuada)Na semana anterior, ele comprara o material. (com-pra-ra parox-
tona terminada em a: no acentuada)Na prxima semana, ele comprar o material. (com-pra-r oxtona
terminada em a: acentuada)
3. Quando a vogal i estiver sozinha em uma slaba tnica, ela acentuada.
Exemplos:
A chuva cai sem parar. (cai letra i no est sozinha: no acentuada)Eu ca na escada. (ca- letra i est sozinha na slaba tnica: acentuada)
Essa regra permite marcar a pronncia diferente depalavras escritas com as mesmas letras.
Observaes: Se houver nh na slaba seguinte letra i, que est sozi-
nha na slaba tnica, ela no acentuada. o que ocorre
com rainha (ra-i-nha letra i sozinha na slaba tnica,seguida de nh: no acentuada).
Se houver apenas is na slaba tnica, haver acento. oque ocorre com: egosta (e-go-s-ta apenas is na slaba
tnica: acentuada).
4. Quando uma palavra paroxtona tem na ltima slaba ditongos como-ia, -ie, -io, -ua, -ue etc., ela acentuada.Exemplos:
histria his-t-ria (paroxtona terminada em ia: acentuada)
srie s-rie (paroxtona terminada em ie: acentuada)gua -gua (paroxtona terminada em ua: acentuada)
incndio in-cn-dio (paroxtona terminada em io: acentuada)
Com o ltimo Acordo Ortogrco, osacentos relativos ao item c so vlidosse, na slaba anterior a um i paroxtono,houver apenas uma vogal. Havendoditongo, no se acentua. Exemplos:
Chei-i-nho (Letra i tnica e estsozinha, mas paroxtona e antes delah o ditongo ei. Por isso, a palavra norecebe acento.)
Pi-au- (Ocorre o mesmo, mas a letra i oxtona. Por isso, recebe acento.)
onda on da revista re vis ta economia e co no mi a
sof so f guaran gua ra n tamandu ta man du
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Unidade 1 Lngua Portuguesa18
Essa regra permite marcar a pronncia diferente de palavras escritas
com as mesmas letras. Exemplos:A notcia chegou. (no-t-cia paroxtona terminada em ia:
acentuada)
O jornal noticia as mortes. (no-ti-ci-a
paroxtona terminada em a,no em ia: no acentuada)
Explorandoo universotextual
Voc examinou apenas o primeiro pargrafo de um texto escrito por
um aluno. Mesmo assim, ver que esse trecho possibilita muitas observa-es e descobertas a respeito da lngua escrita. Releia-o:
A violncia em nosso pais esta a cada dia que passa se acentuando mais,
isto devido a diversos atores podemos citar o ator economico a gananciado homem pelo dinheiro, o desemprego dos pais, a alta de moradias,
alimentao e educao impedem o de criar seus flhos dignamente dai a
grande violencia da sociedade o menor abandonado, que sozinho sem ter
uma mo frme que o conduza pela vida, parte para o crime o roubo na
tentativa de sobreviver.
Voc deve ter observado que o tema do texto a violncia, pois isso ca
claro logo no incio. Mas o texto no facilita o trabalho do leitor, e voc,que tentou l-lo, deve saber por qu. A diviso do texto em perodos,
marcados com ponto, no ocorreu.Em uma das partes, o leitor consegue determinar onde poderia estar
o ponto:
A violncia em nosso pas est a cada dia que passa se acentuando mais,
isto devido a diversos atores podemos citar [...]
Nesse trecho, percebe-se que a inteno do autor era escrever:A violncia em nosso pas est a cada dia que passa se acentuando mais.
Isto devido a diversos atores. Podemos citar [...]
Porm, a partir da, o leitor no detecta com facilidade o que o autor
quis dizer. De todas as possibilidades, vamos optar por uma que parea
coerente a m de prosseguir em nossa anlise:Podemos citar o ator econmico, a ganncia do homem pelo dinheiro. O
desemprego dos pais, a alta de moradias, alimentao e educao impedem
o de criar seus flhos dignamente. Da a grande violncia da sociedade.
Esse trecho permite-nos constatar que uma cuidadosa diviso em per-odos decisiva para a clareza dos textos escritos. A lngua oral conta com
gestos, expresses, entonao de voz, enquanto a lngua escrita precisacontar com outros elementos. A pontuao um deles.
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Captulo 1 Escrever diferente de falar 19
Vamos analisar outro aspecto: a relao entre alguns elementos do
texto. Releia o trecho acima, atentando expresso impedem o de criarseus lhos. Impedem quem de criar os lhos? A quem se refere a palavra
o? Pelo sentido que o texto tem, voc provavelmente responder que
impedem os pais. Como a expresso os pais j foi usada anteriormen-te, o autor no precisa mesmo repeti-la; ele pode empregar um pronomeno lugar dela. Repare que a expresso os pais est no plural, por isso
deve ser substituda por um pronome plural, como vimos anteriormente;
no caso, os, no o. Observe:O desemprego dos pais, a alta de moradias, alimentao e educao os impedem
de criar seus flhos dignamente. Da a grande violncia da sociedade.
H ainda outra ocorrncia bastante comum em textos longos: o au-
tor parece perder a sequncia do raciocnio. Vamos examinar um trechopara tornar a questo mais perceptvel:
O menor abandonado, que sozinho sem ter uma mo frme que o conduzapara a vida, parte para o crime o roubo na tentativa de sobreviver.
Voc notou que o perodo comeou e no terminou? O que se passa
com esse menor? Falta completar.Uma maneira de corrigir esse trecho seria eliminando a palavra que. Veja:
O menor abandonado, que sozinho sem ter uma mo frme que o conduza
para a vida, parte para o crime o roubo na tentativa de sobreviver.
E, depois, com a incluso de trs vrgulas:
O menor abandonado,que sozinho, sem ter uma mo frme que o conduza
pela vida, parte para o crime, o roubo, na tentativa de sobreviver.
O trecho original ainda necessita de algumas alteraes. A primeira con-siste em escrever moradia, no singular, porque trata-se da condio de
morar, no geral, no de residncias especcas. Outra mudana que podecontribuir para a clareza do texto o uso da palavra e, em vez da vrgula,
para ligar dois elementos (fator econmico + ganncia do homem). Almdesse acrscimo, convm fazer outro no trecho em que se indicam as ca-
rncias: falta de moradia, de alimentao e de educao. Convm repetir
a palavra de antes de alimentao e educao, caso contrrio, pode parecerque a presena de alimentao e educao impede a criao digna.
No texto original, h erros de acentuao grca. Com base nas regrasque voc estudou, possvel acompanhar as correes: pas (no pais);
da (no dai); est (no esta); econmico (no economico); ganncia eviolncia (noganancia e violencia).
Se juntarmos tudo que foi revisado, teremos:
A violncia em nosso pas est a cada dia que passa se acentuando mais.
Isto devido a diversos atores. Podemos citar o ator econmico e a ganncia
do homem pelo dinheiro. O desemprego dos pais, a alta de moradia, de
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Unidade 1 Lngua Portuguesa20
principe:
tucano:
magico:
cupuau:
maximo:
japonesa:
grafco:
tecnologia:
tecnologico:
onibus:
alimentao e de educao os impedem de criar seus flhos dignamente.
Da a grande violncia da sociedade. O menor abandonado, sozinho, sem
ter uma mo frme que o conduza pela vida, parte para o crime, o roubo,
na tentativa de sobreviver.
Roda deescrita
1. Separe as slabas das palavras destacadas, analise se elas precisam
ou no de acento e reescreva as rases corretamente.
a) Eu percebia uma vantagem na troca de horario.
b) A inancia parecia ter terminado.
c) No inicio a leitura porque no h claridade.
d) A cerimonia j teve inicio.
e) A erida no doia mais.
f) Ns caimos na conversa dele.
2. Leia as palavras da lista abaixo. Reescreva-as dividindo suas slabas, circule a slaba tnica
de cada uma e acentue quando necessrio.
3. Reescreva as rases e, se necessrio, acentue as palavras destacadas.a) Ser que at amanh ela descobrira a resposta?
b) Esta caneta sua ou minha?
c) Antes de terminar o prazo ela j descobrira a resposta.
Lembre-se: todas as palavras proparoxtonas so acentuadas.
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Captulo 1 Escrever diferente de falar 21
Observao: os pronomeso, a, os, as podem aparecer
nas formas lo, la, los, las,no, na, nos, nas.
d) Voc fca irritado quando esta com sono?
4. Leia as rases abaixo e reescreva-as substituindo a palavra
repetida, que est sublinhada, por um dos seguintes pronomes:
ele ela o a lhe; eles elas os as lhes.a) Minha amiga uma pessoa maravilhosa. Minha amiga
sabe como manter as amizades.
b) O rapaz mudou-se, mas o carteiro localizou o rapaz.
c) O rapaz mudou-se, por isso o carteiro no conseguiu localizar o rapaz.
d) Descobriram as ormigas e eliminaram as ormigas.
e) Fui casa de meus avs e apresentei minha noiva para meus avs.
f) Comprei os livros e en