Drenagem Urbana
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1- INTRODUÇÃO
As inundações em áreas urbanas na cidade de Montes Claros mostram-se cada vez
mais intensas e requer um olhar mais criterioso das autoridades responsáveis pelo serviço de
drenagem urbana devido aos impactos que provocam nas atividades comerciais, nos serviços,
na interrupção dos transportes e no alagamento das áreas residenciais. As alterações
climáticas sentidas em todo o globo tem provocado variações nos regimes pluviométricos,
fazendo com que as precipitações sejam mais irregulares e intensas, a intervenção do homem
no meio principalmente na impermeabilização dos solos e falhas na projeção de redes de
drenagem tornam as áreas urbanas cada vez mais suscetíveis às inundações provocadas por
cheias, ou seja, devidas ao transbordo de cursos de água que atravessam as áreas urbanas ou
pela deficiência do sistema de drenagem urbana.
À tendência crescente nos últimos anos de aumento dos desastres e das pessoas
afetadas está relacionada principalmente ao acréscimo populacional em áreas de risco (áreas
de inundação); aumento do crescimento urbano e pressão sobre o meio ambiente como
urbanização; variabilidade e mudança climática que altera os condicionantes de convivência
da população com os recursos naturais. TUCCI, Carlos E.M. (2007).
2- JUSTIFICATIVA
Montes Claros é um centro urbano de médio porte e registra um crescimento urbano
acelerado e desordenado com aumento populacional de 20% em 5 anos, esse aumento é
devido ao crescimento de instituições de ensino que atraem estudantes e consequentemente
gera vários empregos indiretos aumentando assim o volume populacional fixo e flutuante na
cidade. Outro fator que influencia no crescimento desordenado é o recente financiamento de
casas próprias onde diversos profissionais desenvolvem edifícios e moradias de menor porte
sem um planejamento visando o desenvolvimento urbano sustentável na região, o objetivo
principal desses construtores é apenas construir o maior número de residências e ter um maior
lucro, sendo necessária uma gestão pública eficiente que regulamente a ocupação do solo, sua
integração à infraestrutura e a conservação do ambiente urbano.
Ainda segundo TUCCI, Carlos E.M. (2007), os principais componentes da estrutura de
gestão da cidade envolvem os seguintes elementos:
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Planejamento e gestão do uso do solo: Trata da definição, através do Plano diretor
Urbano, de como a cidade é prevista para ser ocupada e suas correções em relação ao
cenário do passado e do presente.
Infraestrutura viária, água energia, comunicação e transporte: Planejamento e
gestão desses componentes da infraestrutura que podem ser de atribuição de
implantação pública ou privada, mas devem estar regulados pelo município.
Gestão socioambiental: A gestão do meio ambiente urbano é realizada por entidades
municipais, estaduais ou federais, de acordo com a estrutura institucional. A gestão
envolve a avaliação e aprovação de projetos, monitoramento, fiscalização e pesquisa
para que o desenvolvimento urbano seja socioambiental sustentável.
A gestão mal empregada do uso e ocupação do solo no que diz respeito ao
esgotamento sanitário é um problema típico quando problemas não previstos no projeto das
redes de esgotos como ligações de saídas de condomínios e edifícios onde deveriam existir
habitações pequenas, provocam uma vazão acima do esperado e somando com as ligações de
rede pluviais clandestinas à mesma rede provocam inundações aos primeiros picos de chuva
intensos.
De acordo com TUCCI, Carlos E.M. (2007), “O escoamento pluvial pode produzir
inundações e impactos nas áreas urbanas devido a dois processos que ocorrem isoladamente
ou combinados”. Esses impactos são as inundações nas áreas ribeirinhas e inundações devido
à urbanização.
A cidade de Montes Claros teve um histórico no mês de dezembro de 2010 de 104
milímetros em menos de uma semana, onde os bairros mais atingidos foram Morrinhos, Santa
Rita I e II, João Botelho, Vila Guilhermina, Vila Campos, Vila Oliveira, Antônio Pimenta,
Sumaré, Canelas, Barcelona Park e Todos os Santos, além de outros nove bairros afetados
pela forte precipitação ocorrida em um curto intervalo de tempo.
Uma manchete do dia 18/11/2010 publicada no site Montesclaros.com, relata:
...em quatro regiões da cidade, várias casas foram inundadas. Segundo os
bombeiros, ninguém ficou desabrigado. Os bombeiros dizem que a inundação foi
provocada por bueiros entupidos. Não há registro de acidentes nas rodovias que
cortam a região de Montes Claros. O temporal de ontem à tarde derramou 65
milímetros de água sobre Montes Claros. A chuva da madrugada desta quinta-feira foi
de 39 milímetros. Ou seja, nas últimas 24 horas já choveu cerca de 104 milímetros na
região central de Montes Claros. A previsão para hoje é "sol com muitas nuvens;
pancadas de chuva à tarde e à noite"...
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Figura 1 - Alagamento no bairro todos os santos - Fonte : http://www.viacomercial.com.br/2010/11/17/chuva-forte-inunda-residencias-em-montes-claros-veja/
Devido aos problemas de obstrução de rios, canais e condutos por lixos e sedimentos,
a frequência dessas inundações e o risco de doenças veiculadas pela água aumentam
indiscriminadamente, sendo de extrema importância estudar e propor soluções que sejam
viáveis técnica e economicamente, tema este que será abordado como objetivo principal deste
trabalho, com foco na eficiência dos sistemas de drenagem urbana através da manutenção e
monitoramento dos bueiros da cidade.
3- OBJETIVOS
3.1- Objetivos Gerais
Propor soluções para a minimização das inundações urbanas na cidade de Montes Claros.
3.2- Objetivos Específicos
Levantar informações sobre o cenário atual brasileiro;
Avaliar a gestão municipal quanto á manutenção das redes de drenagem pluvial;
Quantificar custos relativos à implantação de bueiros ecológicos;
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4- REFERENCIAL TEÓRICO
4.1- Inundações devido à urbanização
Segundo TUCCI, ET AL. (2001), “... O planejamento da ocupação do espaço urbano
no Brasil, através do plano diretor urbano não tem considerado aspectos de drenagem urbana
e qualidade de água,...”
Esse mau planejamento traz prejuízos e transtornos à população e ao meio ambiente,
numa proporção de crescimento que acompanha o desenvolvimento urbano, e
consequentemente o aumento na produção de sedimentos, das inundações e na má qualidade
da água. O aumento dos sedimentos e material sólido durante o desenvolvimento urbano é
direcionado ao escoamento da bacia hidrográfica causando assoreamento das seções de
drenagem diminuindo a capacidade de escoamento dos condutos, rios e lagos urbanos e
também contaminam as águas pluviais por transportarem poluentes agregados às partículas do
sedimento como óleos, produtos químicos, etc.. Esses sedimentos são considerados
temporários e diminuem à medida que os trabalhos de urbanização são concluídos,
diferentemente de outro problema maior que é o lixo, resíduo sólido gerado diariamente nas
atividades humanas e que é descartado nas ruas acaba entupindo os bueiros, influenciando
ainda mais na perda de eficiência dos dutos de drenagem urbanos.
TUCCI, ET AL. (2001) cita: “... O lixo obstrui ainda mais a drenagem e cria condições
ambientais ainda piores...”.
4.2- Medidas de controle para drenagem em áreas urbanas
A intensidade das inundações aumenta devido à urbanização causada pela
impermeabilização do solo, construção de redes pluviais e pela obstrução ao escoamento
aumenta as vazões máximas da bacia e escoam todo seu volume para jusante, onde as
canalizações causam o estrangulamento ao longo seu do curso. As medidas de controle podem
ser estruturais e não estruturais, as estruturais envolvem maiores custos, por isso as medidas
não estruturais de caráter preventivo têm papel importante como ferramenta de gestão.
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RuralUrbanizada
Figura 2 - Hidrograma de bacial rural após urbanização
Fonte Inundações Urbanas - TUCCI, Carlos E.M. (2007) pg.70
As medidas de controle que visam evitar os problemas causados pela ocupação urbana
se definem em 10 princípios:
1. Plano de drenagem urbana;
2. Princípio da não ampliação da cheia natural;
3. A contemplação da bacia específica do plano de drenagem urbana;
4. Minimização do impacto causado pelo escoamento pluvial;
5. Planejamento de áreas urbanas a serem desenvolvidas e de áreas a serem
densificadas;
6. Considerar a bacia como um todo;
7. Meio de implantação de controle de enchentes através do plano diretor urbano
e legislações vigentes;
8. Controle permanente;
9. Educação Ambiental;
10. A aplicação do conjunto destes princípios;
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Tempo
Vazão mm
Analisando os impactos da drenagem urbana por outros dois contextos espaciais
diferentes, segundo TUCCI, ET AL. (2001):
1. Impactos que extrapolam: o município, ampliando as enchentes e contaminado a rede de
rios para jusante, denominado impacto da enchente e poluição difusa nos rios que
envolvem as cidades;
2. Impacto dentro das cidades: estes impactos são disseminados dentro da cidade, que
atingem a sua própria população. O controle nesse caso é estabelecido através de medidas
desenvolvidas dentro do município através de legislação municipal e ações estruturais
específicas;
4.3- Obstruções ao escoamento
As obstruções ao escoamento sejam de sedimentos advindos do desenvolvimento
urbano ou da geração de resíduos sólidos acontecem durante todo o ano, mas apenas são
notadas durante a época de chuva onde ocorrem as inundações, conotando assim uma falha do
sistema de limpeza urbano dos dutos de drenagem, TUCCI, ET AL. (2001) cita:
“... podem ocorrer vários problemas de escoamento em função da falta de limpeza do
sistema de drenagem e de projetos inadequados que não consideram o assoreamento...”.
5- MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido através de revisão bibliográfica e levantamento de dados
estatísticos.
Na revisão bibliográfica foras feitas pesquisas sobre o assunto abordado em livros,
trabalhos científicos, legislação, manuais de gerenciamento e sites.
6- ESTUDO DE CASO - SOLUÇÕES PROPOSTAS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estipulada pelo Governo Federal e
regulamentada em 2010, entre outras questões, diz que os municípios deverão realizar um
plano que contribua para a melhora eficiente e correta da destinação do lixo das cidades. O
objetivo é trazer iniciativas concretas para a cidade de Montes Claros que ajudarão a obter a
verba que o Governo destina para esse propósito através deste projeto.
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Atualmente no Brasil, cada subprefeitura tem em média 15 mil bueiros e bocas de
lobos para administrar e um gasto médio mensal de R$ 150 mil. No Brasil há três tipos mais
comuns de bueiros: caixa com grelha, boca-de-lobo e sistema combinado.
Parte desse lixo polui os córregos e rios, causando enchentes, transtornos à população
e ao trânsito, comprometendo imóveis e até perda de vidas. Conforme a Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS - Lei 12.305, as administrações municipais são responsáveis por
impedir que o lixo siga junto com as águas de chuva para os bueiros.
Dentro desse contexto as soluções encontradas para resolver o problema da cidade de
Montes Claros são as seguintes:
1. Implantação de meio de controle de enchentes através de implantação de
ECCO-FILTROS nos bueiros da cidade e monitoramento dos mesmos pelo
software ECCO-GESTOR especializado para a atividade, seguindo o princípio
da gestão permanente.
2. Programa de educação ambiental para conscientização da população seguindo
a legislação de meio ambiente e o princípio nº 9;
3. Alteração na legislação municipal prevendo multa para lançamento e
disposição inadequada de resíduos sólidos por moradores ou condutores de
veículos;
4. Instalação e manutenção de lixeiras no centro da cidade visando diminuir a
quantidade de resíduos destinados aos ECCO-FILTROS;
6.1 ECCO-FILTROS E ECCO-GESTOR
O ECCO-FILTRO é um dispositivo simples, mas muito eficiente desenvolvido pelo o
empresário e diretor da Ecco Sustentável, Carlos Chiaradia, que adaptou de maneira
ecologicamente correta, uma forma de filtro que retém todo aquele o lixo que vem das ruas e
que vão parar em bueiros de toda cidade e um sistema de gestão para esse filtro chamado de
Ecco Gestor.
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Figura 3 - ECCO-FILTRO - Fonte: www.eccosustentavel.com.br
O Ecco Filtro é feito de plástico e inteiramente sustentável (com capacidade para
300 litros), tem o objetivo de conter os resíduos sólidos impedindo o entupimento de bueiros
bem como o envio desses materiais aos rios através das vias pluviais. A figura 3 mostra a
situação de um bueiro convencional sem o dispositivo de retenção.
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Figura 4 - Bueiro entupido com resíduos sólidos; Fonte: WWW. eccosustentavel.com.br;
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O funcionamento do ECCO-FILTRO é bastante simples, ele á instalado dentro do
bueiro e assim que sua capacidade for atingida ele é limpo e recolocado.
Figura 5 - Bueiro com ECCO-FILTRO instalado; Fonte: www.eccosustentavel.com.br
Figura 6 - Retirada do ECCO-FILTRO para manutenção: Fonte: WWW. eccosustentavel.com.br;
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Ecco Gestor é um sistema que monitora em tempo real qual a situação do escoador.
Este software identifica em qual capacidade encontra-se o filtro e quando ele chega a 80%,
emite uma mensagem ao centro de gestão da empresa, que repassa a informação para a um
órgão que fará a limpeza e manutenção. O software dispõe de recursos GIS e dá relatórios e
dados estatísticos para uma melhor gestão.
Figura 7 - Localização de Bueiro pelo aplicativo: Fonte: www.eccosustentavel.com.br;
6.2 CUSTOS OPERACIONAIS E DE INSTALAÇÃO
Os custos de implantação de ECCO-FILTROS e ECCO-GESTOR são relativamente
baixos e o processo é mais eficiente, pois diminui o tempo de limpeza convencional de
aproximadamente 40 minutos por bueiro para apenas 5 minutos, além do aumento da
salubridade dos funcionários da limpeza, pois em relação a outros sistemas de limpeza que
não são tão eficazes e são perigosos para quem faz a manutenção.
Outro sistema usado para limpeza de bueiros é o VAC-ALL, que constitui de um
caminhão equipado com uma bomba de vácuo acoplada a um sistema de mangueira que faz a
sucção dos resíduos depositados nos bueiros. Os custos médios desse sistema são
apresentados abaixo:
Vac-All aspiradora mecânica 11m3 un R$ 294.672,50
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Custo de material de manutenção de Equipamento combinado,
vácuo/hidrojato, com custo horário corrido de utilização, incluindo abastecimento de
água, despejo de material retirado e equipe de operação, com tanque de água e de
resíduo de 8000l, bomba de alta pressão e alto vácuo, acionadas através de tomada de
força, carretel para acinamento da mangueira de alta pressão, mangote de 4" e demais
acessórios, para limpeza de sistemas de drenagem de águas pluviais e esgotos
sanitários - equivalente ao elementar IEQ004300 un R$ 198.000,00;
O total de custos do sistema VAC-ALL, totaliza quase R$ 500.000 apenas de material
e dispositivo, sem levar em conta a mão-de-obra e o custo de treinamento da mesma.
A cidade de Montes Claros possui cerca de mil bueiros e gasta mensalmente cerca de
30 mil reais em manutenção dos mesmos, com um custo unitário de R$ 30,00 para a
manutenção dos mesmos a implantação desse sistema geraria uma despesa em torno de R$
70.000 com retorno em longo prazo.
Custo do ECCO-
FILTRO un
Custo do ECCO-
GESTOR
Custo total para
1000 bueiros
Custo total do
projeto
Custo de manutenção
de cada bueiro
50,00 20,000 50.000 70.000 5,00
O retorno do investimento para a cidade gerará uma economia de R$ 25.000 reais por
ano após três anos da implantação além dos benefícios ambientais e econômicos à população
devido à redução das ocorrências das inundações em pontos críticos da cidade.
7- CONCLUSÃO
A gestão eficiente do sistema de drenagem é primordial para garantir o
desenvolvimento sustentável urbano na cidade de Montes Claros, garantindo assim uma maior
eficiência dos sistemas de drenagem e uma maior qualidade de vida para a população urbana e
ribeirinhas à jusante da nossa bacia hidrográfica, além dos benefícios econômicos pela
redução das ocorrências das inundações em todo o município.
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8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TUCCI, CARLOS E. M – Inundações Urbanas. ABRH/RHAMA. 2007
TUCCI; MARQUES, DAVID – Avaliação e controle da drenagem urbana. Editora
ABRH/2001.
Eco Soluções Inteligentes – Site oficial. Disponível em: <http://
www.eccosustentavel.com.br/>. Acesso em: 22 jun. 2012.
Site de notícias Viacomercial – Site oficial. Disponível em: <
http://www.viacomercial.com.br/2010/11/17/chuva-forte-inunda-residencias-em-montes-claros-
veja//>. Acesso em: 24 jun. 2012.
Site de notícias MontesClaros.com – Site oficial. Disponível em: <http://
http://montesclaros.com/noticias.asp?codigo=51539/>. Acesso em: 24 jun. 2012.
Mais informações: Secretaria de obras de Montes Claros
Gilmar - 3229-3426
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