D.scarlatti Em Portugal

download D.scarlatti Em Portugal

of 18

Transcript of D.scarlatti Em Portugal

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    1/18

    Domenico Scarlatti em Portugal:

    O Som Italiano no MM 58 da

    Universidade de Coimbra

    JOS MARIA PEDROSA CARDOSO

    Para conhecer Domenico Scarlatti (1685-1757), a sua vida e a sua

    obra, obrigatrio segui-lo em Portugal. Por aqui andou e aqui deixou

    marcas indelveis, como o seu retrato da Casa-Museu dos Patudos, atri-

    budo a Domingo Antonio Velasco [1738] e os manuscritos musicais

    dispersas do Norte ao Sul, alguns dos quais como fonte nica.

    Todavia, para alm de estudos pontuais, no existe uma avaliao

    rigorosa e completa do rasto portugus de Scarlatti: desde a sua nomea-

    o para mestre de capela da Embaixada de Portugal em Roma em 1714,

    at sua investidura como Cavaleiro de Santiago em 1738, passando

    pela contagem incerta do seu tempo em Lisboa entre a sua chegada em

    Novembro de 1719 e a sua partida para Espanha em 1729. Do mesmo

    modo, falta a correcta avaliao e justificao da sua obra portuguesa: a

    que foi intencional e a que produziu e deixou ao cuidado e interesse dos

    seus amigos.

    Sem pretender eliminar a lacuna do conhecimento, este trabalho res-

    ponde simplesmente a um desafio feito

    sombra da celebrao do tricen-

    tenrio do nascimento de Carlos Seixas (1704-1742) em Coimbra e luz

    dos manuscritos da Universidade: explicar a presena de uma sonata de

    Domenico Scarlatti, como n 10 do ndice de um volume com 30 Tocatas

    de Carlos Seixas. Uma presena devidamente anunciada por Santiago

    Kastner', explicada por Ralph Kirkpatrick- e abordada por estudiosos

    1. Kastner, 1947.

    2. Kirkpatrick, 1985.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    2/18

    46 Revista Msica, So Paulo, v . 11 45-62 2006

    como Gerhard Doderer' e Joo Pedro d' Alvarenga , entre outros. Sabendo

    da existncia de outras peas de D. Scarlatti, vocais e instrumentais, nos

    arquivos portugueses', conhecendo outros testemunhos da msica italia-

    na na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), tais como

    o MM 57, tambm dedicado a Carlos Seixas, e o MM 60, este com o

    ttulo de Obras Romanas , fiquemos de momento na velha Universida-

    de, contemplando o MM 58, um dos pilares da msica de tecla do com-

    positor portugus.

    O MM 58 um volume manuscrito que ostenta o ttulo de Tocatas

    Per Cembalo y Organo del Sigr. Gioseppe Antnio Carlos di Seyxas .

    Mede 22,5 x 29,5 em e tem 36 folhas numeradas a lpis, cada uma das

    quais leva 10 pautas (cinco sistemas). Copiado nos incios da segunda

    metade do sculo XVIII, est encadernado em inteira de carneira com

    ferros a ouro nas pastas e na lombada e mantm-se em estado de conser-

    vao razovel, mau grado a presena constante de uma mancha de

    humidade. No rodap da primeira folha l-se o pertence: Da livraria do

    Real Mosteyro de Sta Cruz de Coimbra . Saliente-se a propriedade do

    ttulo para cravo e rgo que, no invalidando a pluralidade de execu-

    o consentnea com a esttica do tempo, acusa no entanto algum con-

    tedo explicitamente organstico. Trata-se, pois, de uma manuscrito que

    o clebre Mosteiro crzio adquiriu, j depois da morte do compositor

    conimbricense.

    Carlos Seixas, depois de suceder a seu pai como organista da S de

    Coimbra, tinha partido muito cedo, apenas com 16 anos, em direco a

    Lisboa, onde tudo lhe correu de feio, convertendo-se em organista e

    vice-mestre de capela da corte de D. Joo V. A sua fama deve ter-se

    alargado e a procura de cpias das suas composies deve ter sido gran-

    de. Apesar do desastre do terramoto de 1755, que fez desaparecer a Bi-

    blioteca Real de Msica, onde as obras de Seixas constariam provavel-

    mente em autgrafo, vrias cpias subsistem das suas obras, espalhadas

    por vrios arquivos portugueses.

    No se conhecem dados sobre o contacto de Carlos Seixas com os

    Cnegos Regrantes de Santo Agostinho, nem os de Coimbra nem os de

    Lisboa, apesar de, j no seu tempo, serem conhecidos como especial-

    3. Doderer, 1991.

    4. Alvarenga, 2002.

    5. Alvarenga, 2002, pp. 185-186.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    3/18

    Revista Msica, So Paulo, v. l

    pp 45-62

    2006 47

    mente devotos da arte musical. Sabendo-se, hoje, que a formao musi-

    cal de Carlos Seixas passou essencialmente pela escola da S de Coirnbra,

    no to estranho como pode parecer que, durante os anos da sua forma-

    o, o jovem organista no tivesse contactos estreitos com os Crzios.

    Na verdade, sintomtico que as honras fnebres aparentemente oficiais

    em honra do falecido organista e vice-mestre da Capela Patriarcal? se

    tivessem celebrado no Convento da Graa de Lisboa e no no Mosteiro

    de S. Vicente de Fora. Pode supor-se, com naturalidade, que havia uma

    relao familiar de Seixas com os Agostinho do Convento da Graa, tal-

    vez fomentada por uma relao anterior com os mesmos Agostinhos Ere-

    mitas do Convento da Graa de Coimbra. No havendo, pois, uma rela-

    o prxima com os Cnegos Regrantes, como se explica a existncia de

    manuscritos de msica de Seixas na Biblioteca do Mosteiro de Santa

    Cruz? A resposta s pode estar na fama consolidada do malogrado msico

    de Coimbra, merecendo, por isso, o interesse dos organistas e msicos

    do Mosteiro crzio.

    A referncia do pertence, constante na folha de rosto do Ms, salienta

    a livraria e no o coro ou o noviciado do mesmo, como consta de outros

    manuscritos hoje conservados. Vale a pena, por isso, consultar o catlo-

    go da mesma livraria, para se conhecer o local e a importncia que a

    msica de Seixas teve no acervo dos livros de Sta Cruz. O seu autor, D.

    Pedro da Encarnao, ao referir as obras existentes na livraria do mostei-

    ro fala de cinco volumes - So 5 os volumes que dizem ser de Joseph

    Antonio

    Carlos'.

    Pareceria bvio que todos eles constassem no fundo

    de Sta Cruz existente na rea de msica da BGUC, mas no o caso: ali

    encontram-se apenas dois volumes correspondentes aos MM 57 e 58.

    Um terceiro volume referido naquele catlogo certamente o MM 5015

    da Biblioteca Nacional, adquirido em Novembro de 1994, por oferta de

    Antnio Sampaio Madahil , Este, como os dois restantes em falta, acusa

    a disperso desastrosa da celebrada biblioteca do Mosteiro de Santa Cruz

    de Coimbra.

    No que se refere apenas ao MM 58, e tentando refazer o seu percur-

    so desde o encerramento do Mosteiro em 1834, sabe-se que ele perten-

    ceu Biblioteca do Antigo Liceu Jos Falco e que foi registado com o

    6. Queirs, 2004, p. 75.

    7. Pimentel, 2004, p. 15.

    8. Cardoso, 2004, pp. 96-97.

    9. Alvarenga, 1994, pp. 177-180.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    4/18

    48 Revista Msica, So Paulo, v.

    11,

    45-62,

    2006

    n 1631 do Fundo Geral dos Manuscritos da Biblioteca da Universidade.

    Outro caminho seguiu, porventura, o MM 57, que Joaquim de Vascon-

    cellos encontrou na Biblioteca da Universidade antes de 1870

    Este

    biblifilo conheceu bem o contedo do livro, ao verificar que as 30 sonatas

    no so tal, mas apenas 28 uma vez que uma delas atribuda a Alessandro

    Scarlatti e outra a Giovanni Giorgi.

    O contedo do MM 58 so, pois, tocatas (sonatas) de Carlos Seixas:

    esto numeradas at 30, mas, na realidade, uma delas apresenta a atribui-

    o de Domenico Scarlatti (Vd Apndice). No que respeita a autoria, o

    Ms apenas regista o nome de Seixas em 12 casos. Todavia Kastner no

    tem dvidas em atribuir-lhe todas as restantes, quer pela concordncia

    quer pelo estilo tipicamente seixasiano, embora mantenha dvidas a res-

    peito da autoria da tocata n 8 (K. 73). O mesmo musiclogo admite

    como princpio que em colectnea de autoria nica, s necessrio de-

    clarar um autor se diferente: Quando os copistas introduziam nessas

    colectneas composies de outros autores, costumavam assinalar essas

    com o respectivo nome': . o caso, aparentemente, do MM 58, em que,

    num universo de composies de Carlos Seixas, a tocata n 10 atribu-

    da a Domenico Scarlatti. O mesmo ter acontecido ao MM 57, com o

    ttulo igualmente abonatrio de Carlos Seixas -

    Tocatas de orgao / Author

    oze An.

    to

    Carlos de Seixas / Organista / da S, See Patriarchal / escri-

    tas / por /

    o

    P . Caetano da Silva, e Oliveira -

    em que a tocata n 16

    atribuda a [Alessandro] Scarlate e a n 27 a Mestre Joo Jorge .

    De resto as tocatas de Carlos Seixas constantes do MM 58 constitu-

    em fonte nica em 17 casos sendo nos restantes concordantes com outras

    fontes de Coimbra ou Lisboa. A maioria, 14 sonatas, apresentam-se em-

    parelhadas com um minuete e apenas nove constam de um nico anda-

    mento, sendo as restantes quatro com trs andamentos e duas com qua-

    tro. Caracterstica a presena quase sistemtica do minuete nas sonatas

    de vrios andamentos, com a excepo das 17 (K. 48),19 (K. 33), 23 (K.

    13), a primeira das quais explicitamente composta para rgo.

    10. Vasconcellos, 1870, n p. 164.

    11. Sobre a ambigidade nominal de tocata e sonata , cf. Kastner, 1947,

    p.

    136.

    12. Kastner, 1992,

    p.

    XVIlI.

    Pode perguntar-se: porqu msica de Scarlatti entre as sonatas de

    Seixas? A colectnea da BGUC com sonatas de Carlos Seixas que leva

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    5/18

    Revista Msica, So Paulo,

    v. 11 45-62

    2006 49

    por ttulo MM 58 foi escrita sensivelmente entre 1750 e 1770

    13

    Nessa

    altura o organista de Coimbra, morto em 1742, gozavajde grande fama,

    como pequeno gnio da cidade do Mondego e como compositor de rara

    fecundidade. A sua memria estava ainda fresca e no admira que as

    suas composies fossem procuradas. De facto, apesar dos desastres da

    histria, existem composies suas, pelo menos, em vrios arquivos de

    Lisboa, Coimbra, Viseu, vora e Elvas. Aquele manuscrito pode ter sido

    copiado ou de uma colectnea rigorosamente igual (e repare-se na ten-

    dncia para juntar nmeros redondos: dos cinco MM constantes da Li-

    vraria de Santa Cruz, o 57, o 58 e outro perdido continham 30 sonatas)

    ou a partir de autgrafos de Carlos Seixas, admitida a suposio do desa-

    parecimento deste no terramoto de 1755.

    A incluso de uma sonata de D. Scarlatti, devidamente identificada

    deve ter sido intencional, obedecendo a uma homenagem ao nome do

    compositor italiano porventura ainda vivo (+ 1757), ou ideia de aproxi-

    mar dois compositores famosos de msica de tecla, ou ainda ao propsi-

    to de fixar para a posteridade a aproximao de ambos os nomes, prova

    essa necessria para a discusso do real valor dos mesmos, nos Crculos

    culturais da poca, de que prova o clebre episdio narrado por Jos

    Mazza, no qual o Infante D. Antnio quis saber, junto de Scarlatti, o real

    valor do jovem Carlos Seixas, reconhecido como gigante pelo mestre

    italiano

    15.

    De qualquer modo, a cpia de uma sonata de Scarlatti entre 29 de

    Seixas no pode interpretar-se por menos que a citao de um modelo j

    consagrado a nvel europeu, no sentido de dignificar a produo do seu

    antigo colega na Corte de Lisboa.

    Seja qual for o motivo que justificou a incluso de Scarlatti entre a

    msica de tecla de Seixas, a verdade

    que o copista prestou um bom

    servio aos investigadores do compositor italiano. Uma sonata de Do-

    menico Scarlatti ocupa o n 10 do MM 58 da BGUC e consta de quatro

    andamentos: Allegro, Fuga, Giga e Minuete. Este facto seria j motivo

    suficiente, se outros no houvesse, para justificar a ateno dos especia-

    listas para o Ms de Coimbra, uma vez que poucas so as sonatas de

    Scarlatti com pluralidade de andamentos. O copista no teve dvidas a

    13. Alvarenga, 1995, p. 3.

    14. Roberto Pagano (2002, p. 403) fala de colectneas-tipo, standard 30 pieces per

    volume.

    15. Cit. in Cardoso 2004, p. 96.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    6/18

    50 Revista Msica, So Paulo, v. li, 45-62 2006

    o primeiro problema levantado pelo MM 58 de Coimbra a realidade

    de uma sonata de Scarlatti em vrios andamentos. No se trata propria-

    mente de uma anomalia, uma vez que este facto, contrariando embora a

    estrutura da grande maioria das sonatas scarlatianas, pode explicar-se no

    sentido das unidades maiores (suites, concertos, sonatas de vrios anda-

    mentos), segundo copistas e editores da poca do compositor.

    provvel que a transmisso da msica de tecla de Scarlatti fosse

    filtrada pelo gosto e pelas convenes do seu tempo. Em princpio nada

    obstava que uma sonata de Cmara fosse conhecida pelas suas partes

    antes de se afirmar como um todo. A integrao de peas derivadas de

    danas pde fazer de uma forma artificial dependente apenas da aproxi-

    mao de tonalidades e do princpio contrastante. hoje ponto assente

    que algumas sonatas de C. Seixas puderam ser executadas com ou sem

    minuetes: estes alis, concebidos como verdadeira mania da msica

    ibrica do sculo XVIII, circularam separados ou acrescentados a esta

    ou aquela sonata do mesmo cornpostor . Pela sua brevidade, simplici-

    dade e at semelhana eles tero desempenhado uma papel flexvel na

    este respeito passando para o papel indicaes precisas: depois do 1

    andamento escreveu segue a Fuga e, depois do segundo, inicia a cpia

    da Giga na mesma pgina, o mesmo acontecendo com o Minuete, no fim

    do qual acrescentou Fine . Mais uma vez, depois da exactido do ttulo,

    a constatao de um trabalho consciente por parte do profissional, que

    estava a copiar sonatas de Seixas com um, dois, trs e quatro andamentos ,

    Este quatro andamentos, todos em F maior - Allegro, Fuga, Giga e

    Minuete - tomados pela lgica dos investigadores, correspondem s so-

    natas hoje conhecidas como K 85, K 82, K 78, K 94, como se pode

    verificar sucintamente no quadro:

    P-Cug MM 58, 10 Kirkpatrick, 1953 Longo, 1906-10

    Pestelli, 1967 Fadini, 1978

    C 10' Allegro K 85

    L 166

    P24

    F46

    C io - Fuga

    K 82

    L30 P 25

    F43

    C 10' Giga K78 L 75 P 26 F40

    C 10 Minuete K 94

    P 27

    16. O que contraria o pensamento de Santiago Kastner (1992, p. XVIll a este

    respeito.

    17. Kastner, 1947, pp. 89 ss.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    7/18

    Revista Msica, So Paulo, v.

    11

    pp

    45-62

    2006 51

    sua execuo. No sonhara, pois, o copista do MM 58 que alguma vez, e

    provavelmente na mesma poca, mas em regies diferentes, os anda-

    mentos da sua tocata fossem tratados como sonatas individualizadas,

    como se ver.

    Mas ser que o copista do MM 58 foi o primeiro a sancionar a uni-

    dade na pluralidade das sonatas de Scarlatti? A julgar pela datao, em-

    bora aproximada do seu trabalho, no o foi com certeza.

    O primeiro a faz-lo foi Thomas Roseingrave nas XLII Sutes des

    pieces pour le clavecin ... composes para Domenico Scarlatti 1739, na

    sua edio aumentada dos Essercizi per gravicembalo di don Domenico

    Scarlatti Cavaliero di San Giacomo e Maestro de serenissimi prencipe e

    prencipessa delle Asturie y c. [Londres, 1738], edio reimpressa entre

    1754 e 1756 em Londres j com o ttulo em Ingls: Forty two Suits of

    Lessons for the harpsychord composed by Sigr. Domenico Scarlaui ,

    Depois, em 1744, foi impressa em Londres uma obra com o ttulo de

    Twelve Concerto s in Seven Parts for four Violins, one Alto Viola, a

    Yioloncello, and a Thorough Bass done from two of Lessons for the

    Hapsychord, uma obra com arranjos para estes efectivos, feita por Charles

    Avison, de 29 das sonatas publicadas antes por Roseingrave. Vendo-se,

    assim por exemplo, o Concerto I composto pelas sonatas 91 em Sol

    maior (transposta), 24 em L maior, 91 (ltimo andamento) e 26 em L

    maior, respectivamente convertidas em Adagio, Allegro, Amoroso e

    Allegro, e Concerto II composto das sonatas 91c, 13 em Sol maior, 4 em

    sol menor e 2 em Sol maior, com os ttulos respectivamente de Largo,

    Allegro, Andante e Vivace. A edio de Avison foi mais tarde publicada

    em Paris j com o ttulo em Francs XII Grands Concertos a sept parties.

    clara a arbitrariedade da publicao destes concertos sobre as sonatas

    de Scarlatti: todavia o seu autor, Charles Avison, ter utilizado apenas e

    simplesmente as convenes do seu tempo, juntando peas segundo to-

    nalidades comuns ou afins e o carcter dos andamentos.

    Aparentemente foi o que fez A. Longo (1903), ao publicar as sona-

    tas de Scarlatti em suites de cinco: a sua viso foi, todavia, menos musi-

    cal que editorial juntando as sonatas de cinco em cinco, independente-

    mente de terem ou no um nico andamento e at mesmo do carcter

    18. Segundo Kirkpatrick 1985, p. 384, Roseingrave foi o primeiro de uma larga

    srie de editores da sua obra que tentou ordenar em suites as sonatas de Scarlatti, tentati-

    va que, apesar de ser boa do ponto de vista musical, parece que nunca esteve na mente de

    Scarlatti.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    8/18

    52 Revista Msica. So Paulo. v.

    11.

    45-62.

    2006

    dinmico dos mesmos andamentos, em que acontecem ter colocado trs

    e quatro Allegros seguidos.

    Como se poder justificar em Scarlatti a reunio de sonatas aparen-

    temente consideradas individualizadas numa sonata de vrios andamen-

    tos? A questo comea verdadeiramente pela concepo de sonata: trata-

    se de um pea declaradamente unitria, suficente na sua forma bipartida,

    a que em seu tempo se chamou tambm tocata, ou de uma composio

    polivalente que tanto pode ser unitria como plural? admissvel a lti-

    ma hiptese, supondo to abusivo o emprego do ttulo de tocata para

    uma composio com vrios andamentos como o de sonata para apenas

    um andamento embora bipartido.

    De qualquer modo, a polivalnca desta estrutura tem o seu funda-

    mento. Na verdade, se a maior parte das sonatas so unidades indepen-

    dentes, algumas h que praticamente em todas as fontes apresentam uma

    diversidade de andamentos. Neste sentido o primeiro dado uma certa

    tendncia para a formao das sonatas em pares, algumas das quais de-

    terminadas pelos prprios manuscritos, como o caso do volume portu-

    gus

    Libra di Tocate Per Cembalo: Domenico Scarlatti

    em que a sonata

    n

    Q

    33 apresenta dois andamentos,

    Andante e Cantabile

    e

    Allegrissimo:

    ao

    contrrio de quase todas as sonatas deste manuscrito, em que o nico

    andamento bipartido termina por sistema com a palavra Fine , neste

    caso, aps o primeiro andamento em Mi bemol maior, Andante e Canta-

    bile, bipartido, aparece a palavra Siegue chamando o seguinte anda-

    mento, Allegrissimo, igualmente bipartido, findo o qual aparece a ex-

    presso

    Fine .

    O mesmo parece acontecer em outras fontes manuscritas,

    o que levou Kirkpatrick a afirmar: Em alguns casos esta ordenao pa-

    rece acdental, mas, pelo menos, em 388 sonatas, esta ordenao em pa-

    res

    to lgica nos manuscritos de Venza, Parma e Mnster, que fica

    absolutamente claro que foi intencional. preciso recordar que a unio

    de dois andamentos era uma prtica corrente nas sonatas para teclado

    dos contemporneos de Scarlatti, por exemplo nas de Alberti, Durante e

    Paradies ...2o . Faltou acrescentar Carlos Seixas, cujas sonatas se apre-

    sentam com muita freqncia em dois andamentos, pelo menos.

    diferente a valorao documental de P-Cug MM 58, 10. Para A.

    Longo, a sonata de Coimbra era desconhecda: no seu catlogo, as Sona-

    19. Doderer, 1991, pp. 123-126.

    20. Kirkpatrick, 1985, p. 120.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    9/18

    Revista Msica, So Paulo,

    v.

    11, pp45-62, 2006 53

    tas em F maior L 30, L 75 e L 166, correspondentes a C

    i o

    C

    i o

    e C

    10

    so transcritas da fonte primria de Veneza, V 1742, e inscritas res-

    pectivamente nas suas suites VI, XV e XXXIV, constando L 75 de Giga

    e Minuetto.

    Kirkpatrick (1953) pretendeu seriar as sonatas cronologicamene.

    Conhecendo j a sonata de Coimbra, dedica-lhe no seu catlogo os n-

    meros respectivamente de 85, 82, 78 e 94, mas indicando para os trs

    primeiros a mesma fonte de Longo, embora juntando a concordncia

    portuguesa, e reconhecendo que o ltimo andamento, K 94, tem corno

    nica fonte P-Cug.

    Giorgio Pestelli (1967) conheceu igualmente a fonte coimbr, que

    reconheceu como fonte primria, atribuindo no seu catlogo aos anda-

    mentos da sonata de Coimbra os n 24,25,26 e 27.

    Joel Sheveloff (1980)21por sua vez, transmitiu por igual as cataloga-

    es anteriores mas considerou P-Cug MM 58 como fonte primria de K

    82 (L 30, P 25), K 85 (L 166, P 24) e K 94 (P 27), atribuindo a K 78 (L 75,

    P 26), correspondente a C lOc, a fonte primria de V 1742, o que intei-

    ramente verdade para o seu

    minuetto

    original, que no para a Giga.

    Sheveloff, a quem seguiu Malcolm Boyd , fez esta diferenciao, pelo

    facto de assumir as sonatas com mais que um andamento como compos-

    tas para contnuo.

    Estudos mais recentes, citados por Gerhard Doderer+' e por Maria

    Ester-Sala , apontam como determinantes da produo de Scarlatti no

    apenas o estilo mas tambm a qualidade dos instrumentos utilizados pelo

    compositor e pelos seus rgios alunos, sobretudo a Infanta de Portugal,

    depois Rainha de Espanha, Maria Brbara .

    natural que instrumentos

    mais antigos, ou documental mente mais limitados na sua construo,

    no possam explicar sonatas cujo mbito ultrapassa os dados tcnicos

    dos respectivos cravos ou clavicrdios.

    Qual ser, pois, a data da Sonata n

    Q

    10 de P-Cug MM 58? Por um

    lado, parece que ela, pelo menos nos seus dois primeiros andamentos de

    composio contnua, se deve reportar s primeiras produes scarlatia-

    nas, eventualmente material trazido de Itlia ou produzido nos primeiros

    21. Sheveloff, 1980.

    22. Boyd, 2002.

    23. Doderer, 1991.

    24. Ester-Sala, 1992.

    25. Doderer, 1991, p. 41.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    10/18

    26. Cit. in Doderer, 1991,

    ibidem.

    7Idem,

    p. 42.

    28. Kirkpatrick, 1985, pp. 126-127.

    29. Alvarenga, 2002, p. 185.

    30. Doderer, 1991, op

    cit.,

    p. 26.

    54 Revista Msica, So Paulo,

    v . 11, pp45-62,

    2006

    anos da sua estada em Lisboa. Sabendo que o mbito dos trs primeiros

    andamentos da sonata de D-d' (4 oitavas, 49 teclas), segundo o

    critrio de Van der Meer , estes andamentos teriam sido escritos cerca

    de 1700. No entanto, o ltimo andamento, o Minuete alarga o seu mbito

    para D-r' (51 teclas), o que, segundo o mesmo musiclogo, faria que

    o Minuete pudesse ter sido escrito j em Portugal ou nos primeiros anos

    da etapa espanhola de Scarlatti. este facto certamente que faz Kirkpa-

    trick pensar que a sonata de Coimbra anterior aos

    Essercizi:

    Parece

    que estes andamentos so relquias da poca passada por Scarlatti em

    Portugal... Em ambas composies [os dois primeiros andamentos] a es-

    crita a duas partes de Scarlatti, ao chegar s cadncias, transforma-se em

    arpejados brilhantes que anunciam os Essercizi , o que levou mais re-

    centemente Joo Pedro Alvarenga considerar os andamentos da sonata

    unanimamente reconhecidos como prEssercizi 29. Por outro lado, no

    se pode esquecer que a colectnea em que aparece a Sonata de Scaralatti

    , no seu todo, atribuda aos anos 50-70. Pelo que, ou o copista pretendeu

    consagrar por escrito uma sonata antiga j muito divulgada nos crculos

    musicais de Lisboa, ou ter escolhido um exemplar representativo do

    melhor Scarlatti e ento teria escolhido das ltimas peas publicadas em

    Londres ou em Paris ou circulantes em manuscritos prximos dos copia-

    dos em Espanha e preservados nos volumes de Veneza. Ao fim e ao cabo

    no assim que se justifica, atravs de cpias enviadas sucessivamente

    de Espanha para Portugal, o volume de Scarlatti da coleco do Conde

    Redondo? A troca do minuete final, sobre a sonata K. 78 (L 75), que

    Longo, Kirkpatrick e Sheveloff fazem depender de Veneza, no poder

    ter sido feita de propsito pelo copista portugus para marcar uma prefe-

    rncia, com base numa composio mais moderna ou mais ao seu gosto

    e dos seus coetneos? De facto comparada a verso do minuete ligado

    Giga de K. 78 e o minuete de C lOd (K 94) parece que a modernidade

    est do lado portugus.

    Passando agora a uma abordagem crtica da sonata n 10 do MM 58

    de Coimbra preciso, antes de mais, verificar alguns erros gerais do

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    11/18

    Revista Msica, So Paulo, v.

    11,

    45-62,

    2006 55

    copista. Alm de pequenos lapsos, como notas prximas trocadas, deve

    referir-se a armao tonal dos dois primeiros andamentos. Se o Allegro

    comea com a armao de F, com o respectivo bemol, a partir da segun-

    da pgina o copista renunciou ao bemol no incio do sistema e resolveu

    como pde o problema da justeza tonal e das modulaes. J na Fuga o

    copista renunciou deliberadamente definio tonal da armao da cla-

    ve, resolvendo com dificuldade a identificao das sensveis.

    claro que

    o problema no seria muito menor, colocando o bemol no incio do siste-

    ma, uma vez que a escrita muito modulante.

    mais importante a definio da forma global da sonata n 10 de

    Coimbra (C 10). Ficou j explicado que os quatro andamentos que a

    compem correspondem a outras tantas sonatas individualizadas em

    Kirkpatrick e Pestelli e apenas a trs sonatas de Longo e Padini. A redu-

    o neste ltimo deve-se ao facto de ele ter considerado unitria ajuxta-

    posio da Giga e Minuetto da fonte veneziana de 1742, por ele conside-

    rada primria. Tudo seria fcil, separando as duas danas que, em segunda

    perspectiva, seriam consideradas sonatas isoladas: neste caso haveria

    sempre quatro andamentos de uma nica sonata, ou quatro sonatas inte-

    grando uma possvel suite. Mas o problema complica-se porque o Mi-

    nuetto de Veneza diferente do Minuete de Coimbra, o que levou Kirk-

    patrick a classificar este como nova sonata (K. 94). notria a diferena

    do Minuete veneziano transmitido por Longo (L 75) e o integrado no

    MM 58 de Coimbra (C lOd):

    Veneza: XIV, 44

    A 8 cc

    T

    8 cc

    T

    Coimbra: MM 58, lOd A (a+b)

    8 cc

    T

    B (c+d+a+e) 18 cc

    T

    Avaliando os dois exemplos, enquanto as frases da fonte veneziana

    so sempre repetidas e o seu esquema rtmico rigorosamente o mesmo,

    baseado apenas em trs figuras rtmicas, os membros do minuete de

    Coimbra, mais longo, para alm da repetio em B de uma frase de A,

    apresentam uma grande diversidade rtmica e uma interessante linha

    modulante.

    Por sua vez, o Allegro e a Fuga de C. 10 colocam mais abertamente

    o problema harmnico e performativo da msica de tecla de D. Scarlatti

    e da sua poca. Efectivamente, se na verso de Longo da fonte venezia-

    na, o Allegro rigorosamente a duas partes, no MM de Coimbra alterna

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    12/18

    56 Revista Msica, So Paulo,

    v . 11,

    pp

    45-62,

    2006

    uma escrita a duas e trs partes, em que esta se resolve tanto sobre oita-

    vas como em claro preenchimento harmnico. No h qualquer cifragem,

    certo, como acontece em algumas sonatas de Carlos Seixas no mesmo

    MM, mas sim e apenas a indicao de oitava em determinados passos.

    A idia do preenchimento harmnico na msica de tecla barroca j

    foi explicada por especialistas, como Santiago Kastner e a sua valoriza-

    o por parte dos executantes foi acentuada com autoridade por Jos

    Eduardo Martins, no Colquio Internacional de Coimbra sobre Carlos

    Seixas, em Junho de 2004

    32

    interessante, todavia, salientar o sentido

    de improviso ou liberdade performativa que o copista faz passar quando

    harmoniza determinados motivos no princpio da composio, deixando

    de o fazer na sequncia da mesma, como visvel nos cc. 10-11 e nos cc.

    36-37. Por outro lado a intencionalidade harmnica pode verificar-se

    tambm em pequenas variantes que acompanham as principais clulas

    meldicas nas suas sucessivas aparies.

    Confrontando C 10 com a verso consagrada por Longo verificam-

    se diferenas substanciais no que respeita ao baixo. Contrariando a

    estilizao deste pelo editor italiano, numa viso demasiado romntica,

    o baixo de C 10 no apenas uma linha mas uma base harmnica expl-

    cita ou, pelo menos, sugerida. A idia do fraseado explorada por Longo

    sua maneira, para o qual muito contribui o emprego de pausas, no apa-

    rece primeira vista no MM de Coimbra, onde as pausas quase no exis-

    tem. Diferenas palpveis entre Longo e C 10, sobretudo na dimenso

    harmnica, encontram-se nos cc. 37-38,44-45,50, etc, para o qual ser

    suficiente comparar entre si os exemplos I e 2.

    Na Fuga, pese embora uma clara definio tonal, o Si bemol no

    aparece na armao da clave, talvez devido ao facto da modulao fre-

    qente. Outro descuidos so bvios, como o caso da irregularidade da

    colocao dos trilos. Mais significativas aparecem as diferenas em rela-

    o verso apresentada por Longo, o que torna C 10 imprescindvel a

    qualquer edio crtica. No sendo possvel apresentar exemplos refe-

    rentes aos cc. 23-24, 30, 38, 43, 76-77, 99ss, etc., saliente-se a diferena

    da cadncia em ambas as verses (exemplo 3), na qual Longo acrescenta

    um compasso

    verso de CIO explorando, assim, o brilhantismo

    cadencial de Scarlatti.

    31. Kastner, 1947, p. 101.

    32. Martins, 2004, p. 65.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    13/18

    Revista Msica, So Paulo,

    v . 11, 45-62,

    2006 57

    Sendo uma composio essencialmente contrapontstica, como se

    depreende de uma fuga, a intencionalidade harmnica aparece, no obs-

    tante, em ambas as verses, por vezes mais em Longo do que em C 10

    (cc. 23-24, em que Longo explora as terceiras na mo direita, que o Ms

    no faz), mas geralmente em C lOque se nota a procura de uma conso-

    nncia mais completa, com uma textura por vezes a 4, no apenas na

    duplicao do baixo (cc. 137ss e 183ss) mas na colocao de trades em

    marchas harmnicas (Sol-D, F-Si, Mi-L) com recurso ao intervalo de

    7 (cc. 59ss).

    No que respeita a Giga, uma pea que adapta a forma bipartida ca-

    racterstica do compositor, h igualmente divergncias entre ambas as

    fontes mas nada que singularize o Ms de Coimbra, excepto a cadncia

    claramente mais contida neste do que na verso italiana de Longo.

    Em termos de concluso, bem se pode afirmar que a variedade da

    fonte enriquece o prprio documento.

    O

    achado de uma sonata de Scarlatti,

    por polmica que esta seja em si mesma, no de per si um feito

    musicolgico bombstico: a cada passo aparecem notcias da descober-

    tas de inditos de grandes msicos.

    O

    que mais interessa na Sonata n 10

    do MM 58 da BGUC reside na composio em si mesma - pelas sua

    especificidade formal, pela novidade da sua escrita, pelas sugestes que

    apresenta em ordem execuo da msica de tecla barroca - mas re~ide

    tambm no amigvel confronto entre Domenico Scarlatti e Carlos Seixas,

    os dois colegas da Capela Patriarcal de Lisboa que, pelos vistos, cons-

    cincia de saberem tanto quanto, juntaram o interesse de uma mtua,

    natural e, pelos vistos, frutuosa aprendizagem. Atravs de um exemplo/

    modelo de Scarlatti, o manancial desta colectnea do compositor portu-

    gus aparece como caucionado, ou melhor justificado, aos olhos do

    encomendador e dos utentes do volume ao longo dos tempos. Na verda-

    de, mesmo sem qualquer intuito comparativo entre ambos os composito-

    res, elementos h no MM 58 que, codificados pela mesma pena, transmi-

    tem ao estudioso uma viso unitria da msica da poca. No fundo, com

    as diferenas e as aproximaes visveis nas composies do MM 58 da

    Universidade de Coimbra, atravs de dois nomes de produo e estatura

    diferentes, aparece mais clara a mensagem de uma msica essencial-

    mente igual que continua a merecer a ateno do mundo.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    14/18

    58 Revista Msica, So Paulo, v.

    45-62

    2006

    Apndice

    P-Cug MM 58 - Tocattas per C em balo y O rgano

    Descrio

    Kastner Autor explcit

    Cone.

    Tocata I, L menor, Al1egro 2/4-

    66

    Minuete (Presto) 3/8.

    Tocata 2, R menor, Allegro, C.

    22

    (Estilo muito caract. de Seixas)

    Tocata 3, Sol menor, Allegro, 3/8. 51

    La 17

    Lic29

    Tocata 4, Mi maior, Presto (Bastante

    34

    rpido), C - Minuete

    3 J I .

    Tocata 5, L menor, Allegro, C -

    67

    Minuete 3/8. (Escritura tipicamente

    Seixasiana)

    Tocata 6, R menor, Allegro, C -

    26

    Minuete 3 J I .

    Tocata 7, L menor, Allegro, 2/4.

    70

    Tocata 8, L menor, AlIegro 3/8.

    73

    Tocata 9, D maior, Allegro, C - 2

    Minuete 3 4

    Tocata 10 F maior: Allegro, Fuga,

    D. Scarlatti

    Giga e Minuete

    Tocata 11, D maior, sem indicao

    3

    de andamento, 2/4

    Tocata 12, D maior, Allegro, 6/8. 4

    (Em relao a estas duas ltimas

    tocatas, no h certeza de que sejam

    de Seixas)

    Tocata 13, D menor, AlIegro, 3/8 -

    11

    Ln 338,

    Minuete 3 J I .

    ff.23v-24

    Lic 30

    Tocata 14, R maior, Allegro (Jiga)

    20

    Ln 338, ff.

    3/8 - Minuete

    3 J I .

    37v-38

    Tocata 15, Sol menor. Allegro, 3/8-

    52

    Cug 57.19

    Minuete 3/8.

    Tocata 16. L menor, Allegro, C- 72

    Minuete 3/8.

    Tocata 17, para Orgam, Sol maior.

    48

    Lic 23

    Moderato.

    Cug 57.24

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    15/18

    Revista Msica, So Paulo, v. n

    pp

    45-62, 2006 59

    Continuao

    Descrio

    Kastner

    Autor explcit

    Cone

    Tocata 18, Si Bemol maior, Allegro, C 79

    Lic 32

    - Minuete 3/8.

    Tocata 19, Mil Bemol maior,

    33

    Lic 35

    Moderato, C.

    9

    Tocata 20, D maior, Allegro, 6/8.

    5

    Tocata 21, Sol menor, Allegro, 2/4; 54

    liga, Presto; Minuete

    Tocata 22, Sol menor, Allegro, 2/4 -

    55

    Ln 338,

    ff

    Minuete 3/8. 39v-40

    Tocata 23, D menor, Allegro 2/4 - 13

    Adgio % - Preste 6/8.

    Tocata 24, L menor, [Allegro] %-

    71

    Cug 57,13

    Minuete 3/8., em L Maior; Minuete,

    L Maior 3/8.

    Tocata 25, L maior, Allegro C,

    62

    Minuete %.

    Tocata 26, F maior, [Allegro], 3/8-

    39

    Minuete 3/8.

    Tocata 27, D menor, Allegro 2/4-

    17

    Minuete %.

    Fuga 28, L menor, [AlIegro], ( .

    76 La9

    Lic4

    Cug 57,IS

    Tocata 29., R menor, Adgio C -

    23

    Cug 57, 5

    liga AlIegro 12/8 - Minuete %.

    Tocata 30, D maior, Andante-Allegro

    7

    Lic 37

    2/4. Minuete, D menor, 3/8. (Nada

    Cug 57,17

    indica que este Minuete pertence

    tocata n 30.)

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    16/18

    60 Revista Msica, So Paulo, v. 11, pp45-62, 2006

    Exemplos:

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    17/18

    Revista Msica, So Paulo, v. 11, pp.

    45-62

    2006 61

    Bibliografia

    ALVARENGA,oo Pedro d'. Obras Inditas de Carlos Seixas: Breve Notcia de uma Nova

    Fonte Recentemente Identificada .

    Revista da Biblioteca Nacional,

    vol. 9 (n. 2),

    1994, pp. 177-180.

    ___ o

    12 Sonatas: Edio

    Facsimilada

    do Manuscrito MM 5015 da Biblioteca Nacio-

    nal de Lisboa. Lisboa, Musicoteca, 1995.

    __ o

    Dornenico Scarlatti: O Perodo Portugus (1719-1729) . In

    Estudos de Musico-

    logia. Lisboa, Edies Colibri / Centro de Histria da Arte da Universidade de

    vora, 2002.

    BoYD, Malcolm. [Giuseppe] Dornenico Scarlatti , In: SADIE,Stanley (ed.). The New

    Grove Dictionary of Music and Musicians. London, Macrnillan Publishers, 2002,

    vol. 22, pp. 408 ss.

    BRlTO,Manuel Carlos de. Novos Dados sobre a Msica no Reinado de D. Joo V . In:

    Maria Fernanda Cidrais Rodrigues, Manuel Morais, Rui Vieira Nery.

    Livro de Ho-

    menagem a acrio Santiago Kustner.

    Lisboa, Fundao Calouste Gulbenkian,

    1992, pp. 513-533.

    CARDOSO,. M. Pedrosa (coord.). Carlos Seixas, de Coimbra. Coimbra, Imprensa da

    Universidade, 2004.

    DODERER,Gerhard. Aspectos Novos em Torno da Estadia de Domenico Scarlatti na

    Corte de D. Joo V (1719-1727). In

    Libro di Tocate Per Cem balo: Domenico

    Scarla tti

    (repr. Em facsmil). Lisboa, Instituto Nacional de Investigao Cientfica,

    1991.

    ESTER-SALA,Maria. Domenico Scarlatti - E. Granados: Noticia sobre Ia Localizacin de

    un Manuscrito de Tecla Extraviado. 1nMaria Fernanda Cidrais Rodrigues, Manuel

    Morais, Rui Vieira Nery. Livro de Homenagem a Macrio Santiago Kastner. Lis-

    boa. Fundao Calouste Gulbenkian, 1992, pp. 229-252.

    GILBERT,Kenneth (ed.). D. Scarlatti Sonates. Voz . 11 K. 53-103. Paris, Heugel y Cie,

    1980.

    KASTNER,Santiago. Introduo . In

    Carlos Seixas - 80 Sonatas para Instrumentos de

    Tecla. Lisboa, Fundao Calouste Gulbenkian, 1992, pp.VII-XXVII.

    Carlos de Seixas.

    Coimbra, Coimbra Editora, 1947.

    KELLER,Hermann. Domenico Scarlatti - Ein Meister des Klaviers. Leipzig, Edition Peters,

    1957.

    KIRKPATRICK,alph.

    Domenico Scarlatti.

    Madrid, Alianza Editorial, 1985.

    LONGO,Alessandro.

    Opere complete per clavicembalo di Domenico Scarlatti criticamen-

    te rivedute e ordinate informa di Suites. Milano, G Ricordi y Cia, 1906.

    MARTINS,Jos Eduardo. As Sonatas para Teclado de Carlos Seixas Interpretadas ao

    Piano , In: CARDOSO,. M. Pedrosa (coord.).

    Carlos Seixas, de Coimbra.

    Coimbra,

    Imprensa da Universidade, 2004, pp. 55-68.

    PAGANO,Roberto. (Giuseppe) Domenico Scarlatti . In: SADlE,Stan1ey (ed.).

    The New

    Grove Dictionary of Music and Musicians .

    London, Macmillan Publishers, 2002,

    vol. 22, pp. 398-417.

    PIMENTEL,Antnio. O Retrato Gravado de Carlos Seixas: Uma Hiptese de Interpreta-

    o . In: CARDOSO,. M. Pedrosa (coord.). Carlos Seixas, de Coimbra. Coimbra,

    Imprensa da Universidade, 2004, pp. 13-16.

  • 7/25/2019 D.scarlatti Em Portugal

    18/18

    62 Revista Msica, So Paulo, v. 11, pp. 45-62, 2006

    QUEIRS,Ablio. Carlos Seixas: Memrias Coirnbrs . In: CARDOSO,J. M. Pedrosa

    (coord.). Carlos Seixas, de Coimbra. Coimbra, Imprensa da Universidade, 2004,

    pp.69-77.

    Scarlatti e Portugal- No Tricentenrio do Nascimento de Domenico Scarlatti (Npoles,

    1685 -

    Madrid,

    1757). Exposio. Lisboa, Ministrio da Cultura, 1985.

    SHEVELOFF,oel. Domenico Scarlatti . In: SADIE,Stanley (ed.).

    The New Grove Dictionary

    of Music and Musicians. London, Macmillan Publishers, 1980, vol. 16, pp. 568-

    578.

    VASCONCELLOS,oaquim de. Os

    Musicos Portuguezes.

    Porto, Imprensa Portugueza, 1870,

    2 vols.