[E-Book PTBR] Fisioterapia 2006

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 Janeiro / Fevereiro de 2006            F            i         s            i         o            t         e         r         a         p            i         a     B     r    a    s     i     l     A    n    o     7      n    o      1 www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1518-9740 Traumato Mastectomia e amplitude de movimento do ombro Risco de trombose venosa profunda Osteoartrite do joelho e fortalecimento do quadríceps Ultra-som Conformidade e manutenção dos equipamentos Infecção Agentes patogênicos em eletrodos de borracha Staphylococcus aureus em serviços de fisioterapia Respiratório Mobilidade torácica durante a gestação Amplitude tóraco-abdominal em indivíduos jovens Fisioterapia e bipap pós cirurgia cardíaca

Transcript of [E-Book PTBR] Fisioterapia 2006

Brasil Ano 7 - no 1

Janeiro / Fevereiro de 2006ISSN 1518-9740

Traumato Mastectomia e amplitude de movimento do ombro Risco de trombose venosa profunda Osteoartrite do joelho e fortalecimento do quadrceps

Fisioterapia

Ultra-som Conformidade e manuteno dos equipamentos

Infeco Agentes patognicos em eletrodos de borracha Staphylococcus aureus em servios de fisioterapia

Respiratrio Mobilidade torcica durante a gestao Amplitude traco-abdominal em indivduos jovens Fisioterapia e bipap ps cirurgia cardaca

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Brasil Ano 7 - no 2

Maro / Abril de 2006ISSN 1518-9740

Traumato Instabilidade patelofemoral Alongamento msculos isquiotibiais

Anatomia Sndrome do piriforme

Fisioterapia

Lombalgia Lombalgia e gestao Isostretching e lombalgia crnica Quebec Back Pain Disability Scale

Respiratrio EMG em portadores de distrofinopatias

Ultra-som Interao com os tecidos biolgicos

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Brasil Ano 7 - no 3

Maio / Junho de 2006ISSN 1518-9740

Cardiorespiratrio Lupus eritematoso sistmico Capacidade vital em crianas Fora muscular respiratria em idosos

Fisioterapia

Traumato-ortopedia Leses msculo-esquelticas e ginstica rtmica Alongamento e fora dos isquiotibiais

Sude da mulher Fisioterapia na sala de parto

Paralisia cerebral Fisioterapia em crianas com paralisia cerebral Estimulao eltrica neuromuscular na paralisia espstica

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Brasil Ano 7 - no 4

Julho / Agosto de 2006ISSN 1518-9740

Postura Lombalgia em motoristas de nibus Postura sentada da criana escolar Sintomas osteomusculares em professores

Fisioterapia

Sade da mulher Fora muscular do perneo Fatores de risco da incontinncia urinria

Hidroterapia Temperatura, freqncia cardaca e presso arterial

Esporte Treinamento respiratrio em atletas de natao

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Brasil Ano 7 - no 5

Setembro / Outubro de 2006ISSN 1518-9740

Paralisia cerebral Equoterapia e encefalopatia espstica Estimulao eltrica neuromuscular em paralisia cerebral Estilo de vida e paralisia cerebral

Fisioterapia

Traumato Leses msculo-esqueltico por arma de fogo Flexo do joelho e alongamento do fmur pelo mtodo de Ilizarov

Gravidez Adaptaes fisiolgicas do perodo gestacional

Ergonomia Fisioterapia preventiva na avaliao ergonmica de um escritrio

Profisso H preferncia pelo sexo do fisioterapeuta para a terapia?

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Brasil Ano 7 - no 6

Novembro / Dezembro de 2006ISSN 1518-9740

Fisiologia Fora de preenso e lateralidade em crianas

Fisioterapia

Ergonomia Anlise qualitativa da postura esttica Condio Ergonmica dos postos de trabalhos Interveno da fisioterapia em funcionrios de indstria txtil

Dermato Vacuoterapia no fibro edema gelide

Acupuntura Acupuntura para pacientes com hrnia de disco lombar Acupuntura na reabilitao da terceira idade

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Fisioterapia Brasil(vol.7, n1 janeiro/fevereiro 2006 - 1~80)EDITORIAL Seis anos de revista e muito trabalho pela frente, Jean-Louis Peytavin ................................................................................................... 3 ASSOCIAO Criao da Associao Brasileira de Fisioterapia em Sade da Mulher - ABRAFISM, Cristine Homsi Jorge Ferreira ................................................................................................................................................................................ 4 ARTIGOS ORIGINAIS Mobilidade torcica e presses respiratrias mximas durante a gestao, Ftima Caromano, Eliane Sayuri, Cludia Marchetti Vieira da Cruz, Juliana Monteiro Candeloro, Juliana Schulze Burti, Luciana Zazyki de Andrade ............................................................................................................................................. 5 Efeitos siolgicos da sioterapia respiratria convencional associada aplicao de BiPAP no ps-operatrio de cirurgia cardaca, Kamilla Tays Marrara, Aline Marques Franco, Valria Amorim Pires Di Lorenzo, Fernanda Negrini, Srgio Luzzi ...................................................................... 8 Ocorrncia de bioagentes patognicos nos eletrodos utilizados na Estimulao Nervosa Eltrica Transcutnea nos servios de sioterapia da Baixada Fluminense RJ, Jos Tadeu Madeira de Oliveira, Antnio Neres Norberg, Fbio dos Santos Borges, Glria Maria Moraes Vianna da Rosa, Ingrid Jardim de Azeredo Souza, Rafael Jardim de Azeredo Souza, Ailton da Silva Gonalves, Betnia Martins Alhan de Oliveira, Fabiano Sanches Guerra ......................................................................... 14 Risco de trombose venosa profunda em pacientes traumatoortopdicos hospitalizados, Luciano Pereira de Oliveira, Vagner Wilian Batista e S .................................................................................................................................. 18 Ocorrncia de Staphylococcus aureus em sioterapeutas que atuam em clnicas e hospitais de Governador Valadares MG, Daniel de Assis Santos, Mariane Cndida Medeiros Oliveira, Liliane Lisboa Oliveira, Ludmila Reis Milardi, Sabrina Ferreira Almeida, Lgia Jordo Valentim, Bartira Pereira Neves, Mario Antonio Barana, Ruiz Angelo Ventura da Silva ........................................................................................... 22 Medida da amplitude traco-abdominal como mtodo de avaliao dos movimentos do trax e abdome em indivduos jovens saudveis, Audrey Borghi-Silva, Renata Gonalves Mendes, Elisabeth Santos Silva, Higia L. Paulucci, Paula C. Picchi, Valria Amorim Pires Di Lorenzo ................................................................. 25 Anlise da amplitude de movimento do ombro de mulheres mastectomizadas submetidas a um programa de exerccios e alongamentos musculares, Ana Cristina da Nbrega Marinho, Alexsandro Alcantara de Macedo ........................................................................................................................................................................ 30 Comparao dos lasers diodo 904 nm e 670 nm na viabilidade do retalho cutneo randmico isqumico em ratos, Lvia Ribeiro de Assis, Alexandre Marcio Marcolino, Carlos Eduardo Pinldi, Rodrigo Paschoal Prado, Fbio Lourencin, Lydia Masako Ferreira ................................................................... 36 Comportamento do lactato sanguneo de pacientes com sndrome isqumica aguda nas 48 horas de internao na unidade coronariana submetidos reabilitao cardaca fase I, Cintia Godinho Junqueira, Regina Roque da Glria, Slvia Mesquita, Miguel Houri Neto ....................................................................... 40 Correlao entre estresse e dor em pilotos de helicpteros do Grupamento de Radio Patrulha Area da Polcia Militar na cidade de So Paulo, Kelly Cristina Diniz, Tabajara de Oliveira Gonzalez, Joo Pedro Arantes, Emlio Luiz Santana Panhosa, Cezar Gallettii Jnior ........................................... 44 REVISES Fatores que interferem na reabilitao prottica de idosos amputados de membros inferiores, Jnea Mara Gonalves Moraes, Daniele Sirineu Pereira, Gisele de Cssia Gomes, Leani Souza Mximo Pereira................................. 49 O exerccio fsico e a regenerao muscular, Fabiana Elisa Toressan Faria, Viviane Balisardo Minamoto ..................................... 55 Importncia da conformidade dos equipamentos de ultra-som teraputico com a NBR-IEC 1689, Elton Antnio Valentini, Carlos Dias Maciel, Nivaldo Antonio Parizotto ................................................................................................... 59 Osteogenese imperfeita caractersticas clnicas, moleculares e tratamento, Gabriela Pinheiro Rebouas Martins, Marcus Vinicius Amaral, Henrique Douglas Melo Coutinho ....................................................... 66 ESTUDOS DE CASO Distroa muscular intermediria entre Duchenne e Becker, Elaine Maria Bueno da Silva, Thas Helena Brunheroto Nucci, Cristina Iwabe, Maria da Graa Baldo Deloroso ................................................................................... 69 Benefcios de um programa de fortalecimento excntrico do quadrceps no tratamento da osteoartrite de joelho, Andressa Souza Milagres, Igor Magalhes e Souza, Johnathan O. Coura Pereira, Roger Duarte da Paz, Flvia Maria Campos de Abreu .................................................................................................................................... 73 NORMAS DE PUBLICAO ................................................................................................................................................................... 79 EVENTOS .......................................................................................................................................................................................................... 80

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Fisioterapia Brasil - Volume 7 - Nmero 1 - janeiro/fevereiro de 2006

Fisioterapia Brasilwww.fisioterapiabrasil.com.br Editor cientfico Prof. Dr. Marco Antnio Guimares da Silva (UFRRJ Rio de Janeiro) Conselho cientfico Prof. Dr. Dirceu Costa (UFSCAR So Paulo) Prof. Dr. Esperidio Elias Aquim (Univ.Tuiuti Paran) Profa. Dra. Ftima Aparecida Caromano (USP So Paulo) Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires UBA Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin Argentina) Prof. Dr. Jos Rubens Rebelatto (UFSCAR So Paulo) Prof. Dr. LC Cameron (UNIRIO Rio de Janeiro) Profa. Dra. Margareta Nordin (Univ. de New-York NYU Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antnio Barana (Univ. do Tringulo Mineiro UNIT Minas Gerais) Profa. Dra. Neide Gomes Lucena (Univ. Fed. da Paraba UFPB Joo Pessoa) Prof Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (UFSCAR So Paulo) Prof. Dr. Norberto Pea (Univ. Federal da Bahia UFBA Bahia) Prof. Dr. Roberto Sotto (Univ. de Buenos Aires UBA Argentina) Profa Dra Tania de Ftima Salvini (UFSCAR So Paulo) Grupo de assessores Dra. Lisiane Fabris (UNESC Santa Catarina) Dr. Antonio Neme Khoury (HGI Rio de Janeiro) Dr. Jorge Tamaki (PUC Paran) Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo (Rio de Janeiro) Dra. Marisa Moraes Regenga (So Paulo) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE Salvador) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Dra. Luci Fabiane Scheffer Moraes (Univ. do Sul de Santa Catarina) Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep So Paulo) Dr. Nilton Petrone (Univ. Estcio de S Rio de Janeiro) Dr. Paulo Henrique Eufrsio de Oliveira (UNIRB Bahia) Dr. Farley Campos (UCB Rio de Janeiro) Dr. Paulo Eraldo C. do Vale (UNICID So Paulo) Profa Hlia Pinheiro Rodrigues Corra (UCB Rio de Janeiro) Dr. Philippe E. Souchard (Instituto Philippe Souchard) Dr. Hlio Pio (Rio de Janeiro) Profa. Solange Canavarro Ferreira (UNESA HFAG Rio de Janeiro) Prof. Dr. Joo Santos Pereira (UERJ Rio de Janeiro)Revista Indexada na LILACS - Literatura Latinoamericana e do Caribe em Cincias da Sade

Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel./Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: [email protected] www.atlanticaeditora.com.br So Paulo Praa Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 So Paulo SP Tel.: (11) 3362-2097 Recife Monica Pedrosa Miranda Rua Dona Rita de Souza, 212 52061-480 Recife PE Tel.: (81) 3444-2083 / 9204-0346 E-mail: [email protected] Assinaturas 6 nmeros ao ano:Brasil - 1 ano: R$ 156,00 Amrica Latina - 1 ano: US$ 160,00 Europa - 1 ano: 150,00

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www.atlanticaeditora.com.brIlustrao da capa: Msculos do pescoso, ilustrao de G. Devy, Trait danatomie humaine de Leon Testut, Paris, 1904.

I.P. (Informao publicitria): As informaes so de responsabilidade dos anunciantes. ATMC - Atlntica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicao pode ser reproduzida, arquivada ou distribuda por qualquer meio, eletrnico, mecnico, fotocpia ou outro, sem a permisso escrita do proprietrio do copyright, Atlntica Editora. O editor no assume qualquer responsabilidade por eventual prejuzo a pessoas ou propriedades ligado confiabilidade dos produtos, mtodos, instrues ou idias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitrio estar em conformidade com os padres de tica da sade, sua insero na revista no uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asseres de seu fabricante.

Fisioterapia Brasil - Volume 7 - Nmero 1 - janeiro/fevereiro de 2006

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Editorial Seis anos de revista e muito trabalho pela frente

Jean-Louis Peytavin, editor

A sua revista Fisioterapia Brasil entra no stimo ano de existncia, com mais de 400 artigos j publicados, e mais de 1000 artigos na lista de espera. No h dia que no recebemos artigos e agradecemos por sua conana e pela qualidade, cada vez melhor, dos trabalhos enviados. Diante desta enorme produo dos fisioterapeutas brasileiros, vamos tentar, com a sua ajuda, desenvolver os nossos servios. Em primeiro lugar, estamos aumentando a cada ano o nmero de pginas, para publicar cada vez mais artigos. So quase 500 pginas por ano, e em breve 600 e mais. Estamos tambm melhorando o procedimento de avaliao dos trabalhos, com os mais renomados professores das universidades brasileiras. Temos de agradecer aqui a todos os membros do conselho cientco da revista que no poupam o seu tempo para redigir pareceres documentados e de grande interesse para os autores. Rero-me em particular a Jos Rubens Rebelatto, Dirceu Costa e Tnia de Ftima Salvini, da Ufscar, a Ftima Caromano, da USP, sem esquecer Esperidio Elias Aquim do Paran, ou ainda nosso amigo Mario Antnio Barana de Uberlndia, nem todos os revisores annimos que nos ajudam a construir uma revista que seja o espelho da pesquisa em sioterapia.

Nosso objetivo publicar o melhor da produo e criar ferramentas teis para a consulta e pesquisa. Por isso, estamos reformando o nosso site, para apresentar, de uma maneira eciente, os artigos, os autores e os temas. Est demorando um pouco, mas estar pronto em breve. Todos os assinantes recebero uma senha para consultar vontade os arquivos da revista e dos congressos. No se desesperem se o seu artigo no est ainda publicado, estamos trabalhando para enviar uma resposta a todos. Do seu lado, ajudem-nos respeitando as normas de publicao e diminuindo o comprimento dos artigos: quanto mais curtos, mais tm chances de serem publicados rapidamente, e tambm mais chances tm de serem lidos... Estamos tambm preparando outras publicaes e edies, para utilizar o melhor possvel o material que recebemos, com o objetivo de criar pouco a pouco uma verdadeira enciclopdia da sioterapia nacional. Com a sua ajuda e suas assinaturas, conseguimos construir, em seis anos, uma revista independente, hoje indispensvel. Temos ainda muito trabalho pela frente, para torn-la uma revista de nvel internacional e representativa da variedade dos temas de pesquisa da sioterapia, que cresce, a cada ano, na rea das cincias da sade. Mas acreditamos que no vamos esperar mais seis anos para chegar l.

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Associao Criao da Associao Brasileira de Fisioterapia em Sade da Mulher (ABRAFISM)Profa. Dra. Cristine Homsi Jorge Ferreira Presidente da Associao Brasileira de Fisioterapia em Sade da Mulher

A sade das mulheres um importante indicador da sade de uma nao. Isso porque, historicamente, tm sido atribudos s mulheres os cuidados com os demais membros da famlia, e porque estas representam o maior contingente de cuidadoras formais na rea da sade. Alm disso, as mulheres necessitam de cuidados especicamente voltados sua sade reprodutiva, que devem incluir desde a possibilidade de escolher e utilizar um mtodo contraceptivo, at uma assistncia multiprossional de qualidade na gestao, parto, puerprio e climatrio. Essas so algumas das razes que justicam a necessidade de programas especcos de sade da mulher. Nesse sentido, diversos esforos mundiais tm sido empreendidos para melhorar os indicadores de sade da mulher, envolvendo tambm a sioterapia. Um exemplo importante a International Organization of Physical Therapy in Women s Health (IOPTWH), um subgrupo da World Confederation of Physical Therapy (WCPT) que tem como objetivos difundir e incentivar a prtica clnica e a pesquisa em sioterapia na sade da mulher, alm de incentivar a criao de outros grupos no mundo. No Brasil, sioterapeutas de todo o pas reunidos em assemblia que ocorreu no XVI Congresso Brasileiro de Fisioterapia em So Paulo, no dia 07/10/2005, criaram a Associao Brasileira de Fisioterapia em Sade da Mulher (ABRAFISM). O encontro comeou com o discurso da secretria geral da WCPT, Dra. Brenda Myers, que falou sobre a importncia das associaes para o crescimento da sioterapia. Os principais objetivos desta nova associao foram declarados na sua criao e so: encorajar a promoo Sade da Mulher; promover a cooperao entre os sioterapeutas que trabalham na rea de Sade da Mulher; encorajar a melhora na assistncia sioteraputica prestada em Sade da Mulher; contribuir para denir o papel da sioterapia em Sade da Mulher no mbito pblico e privado; facilitar o aprimoramento da prtica sioteraputica em Sade da Mulher atravs da troca de informaes em mbito nacional e internacional; difundir o

papel da sioterapia em Sade da Mulher junto aos sioterapeutas, outros prossionais da rea da sade e comunidade leiga atravs da promoo de fruns, debates, campanhas, simpsios e congressos; encorajar a pesquisa cientca e colaborar para o desenvolvimento de novos conhecimentos na rea de Sade da Mulher; colaborar para ampliao e preservao do mercado de trabalho do sioterapeuta na rea de Sade da Mulher; buscar apoio e cooperao com associaes nacionais e internacionais que tenham objetivos semelhantes, e ainda incentivar a criao de uma especialidade na rea de sioterapia, em Sade da Mulher. Esses objetivos s sero concretizados se houver uma participao crescente dos sioterapeutas que atuam na rea de Sade da Mulher na vida associativa. A diretoria da ABRAFISM, eleita por unanimidade, agradece a conana e est extremamente motivada a trabalhar para que os sioterapeutas possam ocupar o seu espao e contribuir, com suas habilidades e competncias, para uma melhor qualidade de vida e sade das mulheres brasileiras.

Diretoria da ABRAFISMCristine Homsi Jorge Ferreira (SP) Vice-presidente: Elza Baracho (MG) Secretria Geral: Andra Marques (SP) Diretora Cientca: Adriana Moreno (SP) Diretora de Defesa Prossional: Elaine Caldeira Guirro (SP) Diretora Tesoureira: Maria Cristina Cortes Carneiro Meirelles (SP) Diretora de Comunicao: Pollyana Drea (BA) Diretora Cultural: Telma Chiarapa (MS) Conselheira Consultiva: Dbora Bevilaqua Grossi (SP) Presidente: Para informar-se sobre como se tornar um membro da ABRAFISM, envie e-mail para [email protected]

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Artigo original Mobilidade torcica e presses respiratrias mximas durante a gestaoThoracic mobility and maximum breathing pressures during the pregnancyFtima Caromano, D.Sc.*, Eliane Sayuri**, Cludia Marchetti Vieira da Cruz**, Juliana Monteiro Candeloro**, Juliana Schulze Burti***, Luciana Zazyki de Andrade*** *Profa. Dra. do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP, Laboratrio de Fisioterapia e Reatividade Comportamental do Curso de Fisioterapia da USP (LaFi-ReaCom) **Fisioterapeuta e Pesquisadora Voluntria do LaFi ReaCom, ***Graduanda do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP

ResumoA sioterapia atua no preparo fsico/funcional da mulher durante o perodo gestacional e na recuperao ps-parto. Parte essencial das intervenes sioteraputicas inclui a reeducao respiratria, que deve ser adaptada para as diferentes fases deste perodo. Com o objetivo em compreender melhor as alteraes funcionais respiratrias decorrentes da gestao, este estudo analisou as presses inspiratria e expiratria mximas e toracometria num grupo de 200 mulheres, sendo 150 gestantes divididas em trs grupos, 50 no primeiro trimestre de gestao, 50 no segundo trimestre e 50 no terceiro trimestre de gestao, sendo que 50 mulheres no gestantes formaram o grupo controle. Encontrou-se que a diminuio da mobilidade torcica e das presses respiratrias ocorre a partir do primeiro trimestre, aumentando com o desenvolver da gravidez e dependente dos reajustes hormonais e das adaptaes biomecnicas.Palavras-chave: gestao, respirao, avaliao e sioterapia.

AbstractPhysical therapy prepares pregnants during pregnancy and after delivery. A essential part of the physical therapy interventions includes the respiratory reeducation that have to be adapted to the different phases of this period. Aiming a better comprehension of the respiratory changes that occurs during pregnancy, the objective of this study was to analyse maximal inspiratory and expiratory pressures in a group of 200 women. In this group 150 women were pregnant and 50 not pregnant. In the pregnant group, 50 were in the rst trimester, 50 in the second and 50 in the third trimester. It was found that decrease of the thoracic mobility and breathing pressures starts from the rst trimester, increases with the development of the pregnancy and is dependent of hormonal readjustment and biomechanical adaptations.Key-words: pregnancy, breathing, evaluation, physical therapy.

IntroduoA gravidez provoca grandes mudanas no organismo a m de prepar-lo para implantar, formar e desenvolver uma nova vida durante a gestao. No primeiro trimestre ocorrem diversas alteraes endcrinas, sendo que o elemento bsico para tais alteraes a placenta, que sintetiza vrios hormnios com funes prprias durante a gestao, como a gonadotropina corinica (HCG), a somatotropina placentria, a tireotropina placentria, os estrgenos, a progesterona

e os andrgenos. A tireide, o pncreas, a supra-renal e a hipse tambm tm suas atividades aumentadas nesta fase, alterando o metabolismo materno e, desta forma, fazendo com que corao, rins e pulmes trabalhem de forma mais intensa [1]. Quanto s alteraes cardiopulmonares, o aumento da progesterona, particularmente, provoca uma diminuio na tenso alveolar, podendo haver congesto tissular e hipersecreo no trato respiratrio superior, alm de diminuio na presso diastlica logo no incio da gestao, devido

Recebido 10 de maio de 2004; aceito 15 de dezembro de 2005. Endereo para correspondncia: Profa. Dra. Ftima Caromano Curso de Fisioterapia da USP, Laboratrio de Fisioterapia e Reatividade Comportamental, Rua Cipotnea, 51 Cidade Universitria da USP 05360-000 So Paulo SP, E-mail: [email protected].

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diminuio na resistncia vascular perifrica. Como h um aumento de 15 a 20% no consumo de oxignio, somado a um estado natural de hiperventilao (pela maior necessidade de O2 na gestao e pela sensibilizao do centro respiratrio na medula pela progesterona), o trabalho respiratrio aumenta, podendo-se observar dispnia durante exerccios leves logo nas primeiras semanas. Ocorrem alteraes biomecnicas na funo dos arcos costais (estimuladas por hormnios) que precedem o crescimento uterino, observado pelo aumento progressivo do ngulo subcostal, que desloca as costelas para cima e para fora e pelo aumento dos dimetros torcicos ntero-posterior e transverso em cerca de dois a trs centmetros cada (a circunferncia torcica total aumenta de 5 a 7 cm). Devido s alteraes na posio das costelas o diafragma eleva-se aproximadamente quatro centmetros. Curiosamente, a freqncia respiratria no se altera, mas ocorre um aumento da incurso da respirao; o volume corrente e a ventilao por minuto aumentam, mas a capacidade pulmonar no se altera ou diminui [2]. No segundo trimestre, o crescimento do beb que se alimenta pela placenta prevalece. Ocorre um aumento na atividade da tireide materna, o que eleva ainda mais o metabolismo e a prolactina produzida pela hipse dobra de quantidade. Pode continuar ocorrendo dispnia pela inadequao entre a demanda e a resposta ventilatria e podem surgir palpitaes quando a gestante faz exerccios fsicos de baixa a moderada intensidade, j que sua freqncia cardaca de repouso apresenta uma mdia de 15 batimentos por minuto a mais que a da mulher no grvida [3]. No terceiro trimestre a expanso do tero impede a descida total do diafragma durante a inspirao, sendo que, perto do parto, este msculo pode elevar-se at quatro centmetros ou mais. A presso que o feto faz para cima pode deslocar as costelas, aumentando o permetro costal inferior da me de 10 a 15 cm e aumentando o ngulo subcostal. Nessa fase da gestao a excurso respiratria ca limitada nas bases dos pulmes e tornase mais ativa no pice e na regio medial, o que aumenta ainda mais a diculdade de respirar no nal da gravidez [2]. A relaxina torna as articulaes costocondrais mais mveis, tornando mais comum a ocorrncia de dores, contuses e at rompimentos [4]. Durante toda a gestao as glndulas mamrias so estimuladas pelos hormnios de forma a aumentar seu volume, adaptando-se para o perodo de lactao. Esse aumento no volume da mama por um aumento da massa, causa uma resistncia mobilidade na parte superior anterior do trax, dicultando ainda mais as inspiraes, principalmente na postura de decbito dorsal [5]. Do ponto de vista biomecnico, ocorre um aumento da base de sustentao para compensar o deslocamento corporal anterior provocado pelo tero aumentado. A maioria das grvidas refere dores nas costas e pode-se observar um aumento na lordose lombar [4]. Esta adaptao modica o posicionamento das inseres dos pilares posteriores do msculo diafragma, diminuindo sua ecincia biomecnica.

H aumento na volemia e, em conseqncia, na pr-carga cardaca devido ao aumento da freqncia cardaca e ao aumento no condicionamento das bras cardacas em resposta aos estrgenos, visando melhorar a irrigao uterina [6]. As paratireides da me passam a car maiores e mais funcionantes nesse perodo para suprir as necessidades fetais de clcio. A prolactina dobra de quantidade novamente e as concentraes de HCG e progesterona caem quando se aproxima o perodo do parto para que possam ocorrer as contraes uterinas e a conseqente expulso do feto [1]. Quando se iniciam as contraes h um reexo neuroendcrino que, via medula e hipotlamo, leva liberao de ocitocina que auxilia na dilatao para o parto (por meio das contraes) e na contrao das clulas mioepiteliais em volta das arolas mamrias para que haja ejeo do leite para a amamentao [5]. Verica-se que, desde a concepo, ocorrem mudanas siolgicas e biomecnicas que alteram a funo respiratria da gestante, no existindo na literatura ndices que quantiquem os efeitos das alteraes nas presses inspiratria e expiratria na mobilidade do trax.

ObjetivoFrente ao colocado, este estudo se prope a avaliar a mobilidade torcica em trs fases gestacionais, utilizando a mensurao da toracometria e das medidas das presses respiratrias mximas.

Material e mtodosForam selecionadas 200 mulheres, com biotipos semelhantes e faixa etria entre 18-25 anos. As participantes foram divididas em quatro grupos: 50 no grvidas (controle NG), 50 gestantes na primeira quinzena do terceiro ms de gestao (grupo 1 G1), 50 mulheres na primeira quinzena do sexto ms de gestao (grupo 2 G2) e 50 participantes na primeira quinzena do nono ms de gestao (grupo3 G3). Para a mensurao da toracometria, foram utilizados um manuvacumetro e ta mtrica. As participantes foram gestantes que eram acompanhadas no Departamento de Ginecologia e Obstetrcia do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, sendo que todas deveriam ser saudveis, sem nenhuma complicao, estarem na primeira gestao, com biotipo e faixa etria semelhantes. Todas foram convidadas e assinaram um termo de consentimento ps-informado sobre o estudo. As gestantes e as mulheres do grupo controle foram submetidas a mensuraes de toracometria utilizando a tcnica de cirtometria dirigida [7], quando foram coletadas medidas de trs regies: axilar, processo xifide e ltimos arcos costais, durante bipedestao. As mulheres eram orientadas a expirar profundamente, e o sioterapeuta realizava a primeira medida, depois faziam a inspirao profunda para a realizao da

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segunda medida. Em seguida calculava-se a diferena entre as duas medidas. O procedimento era repetido trs vezes, utilizando-se para o estudo a maior das trs medidas. Em seguida, realizava-se as medidas das presses inspiratria e expiratria mximas, com as mulheres em postura sentada, por meio de manovacumetro. Tambm foram coletadas trs medidas em cada teste e, para efeito de estudo, utilizou-se a maior das trs medidas. Entre cada coleta de medida foi feito um intervalo de trs minutos para repouso. Foi realizada anlise estatstica descritiva e teste t de Student.

nal da gravidez, em funo da compresso do diafragma desencadeada pelo crescimento do feto. Tambm interessante observar que a presso inspiratria mxima a medida que diminui de forma mais acentuada, o que explica a diculdade para respirar durante a realizao de pequenos a mdios esforos no nal da gestao.Tabela III - Valores das mdias das diferenas das cirtometrias em inspirao profunda e expirao profunda.Grupos No gestante - NG Grupo 1 - G1 Grupo 2 - G2 Grupo 3 - G3 Axilar 8,1 0,5 6,2 0,8 5,4 1,3 5,1 2,0 Xifidea 6,9 0,8 5,3 0,3 4,8 1,1 4,5 1,8 Abdominal 1,2 1,2 0,7 0,3 0,5 0,9 0,3 1,2

Resultados e discussoNo foi encontrada diferena estatisticamente signicativa (p < 0,005) na idade e altura entre os quatro grupos e, como esperado, encontrou-se diferena signicativa de peso entre os grupos em funo do ganho de peso durante a gestao. Os dados mostram que os grupos estudados eram semelhantes quanto idade, altura e peso no grupo NG (Tabela I).Tabela I - Valores das mdias de idade, peso e altura nos quatro grupos estudados.Grupo No gestante - NG Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Idade 23,5 1,9 22,9 2,1 23,1 1,2 23,3 1,8 Peso 52,6 3,9 53,1 5,0 61,7 7,8 63,2 5,3 Altura 1,57 0,02 1,57 0,03 1,55 0,05 1,56 0,03

Como pode ser observado na Tabela III, a mobilidade torcica da populao estudada era predominantemente axilar. A diminuio da expansibilidade diminuiu em aproximadamente um tero nas regies axilar e xifide, quando comparamos os quatro grupos e, chama a ateno o fato da mobilidade dos ltimos arcos costais, no grupo G3, ser um quarto do valor encontrado no grupo NG, demonstrando o efeito biomecnico que ocorre em funo da expanso do volume abdominal em direo caixa torcica.

ConclusoOs achados so compatveis com as informaes sobre as modicaes impostas gestante pelas alteraes orgnicas que ocorrem a partir do primeiro trimestre. Desta forma, os programas de atividade fsica a serem elaborados para esta populao devem considerar os exerccios compatveis com a sobrecarga imposta, a possibilidade de execuo de movimentos compensatrios durante o perodo de gestao, especialmente de musculatura respiratria, o treinamento das posturas de repouso e o controle voluntrio da respirao, dentro do padro respiratrio mais funcional para a gestante.

Vericou-se que a mobilidade torcica, nos trs segmentos avaliados e as presses inspiratria e expiratria mximas diminuram de forma signicativa (p < 0,005) entre os grupos NG e G1, G1 e G2 e, G2 e G3, demonstrando uma sobrecarga orgnica que se inicia no primeiro trimestre, decorrente principalmente das alteraes hormonais e cardiocirculatrias e, que se acentuam com o desenvolvimento do feto e conseqente compresso biomecnica do corao e pulmes associada com a mudana dos ngulos de origem e insero dos msculos respiratrios (Tabela II e III).Tabela II - Valores das mdias da PIMx (presso inspiratria mxima) e PEMx (presso expiratria mxima) nos quatro grupos estudados.Grupos Presso Inspiratria Mxima -81,2 15,1 -54,6 12,6 -41,7 9,3 -33,9 10,9 Presso Expiratria Mxima +80,9 23,9 +52,7 13,6 +47,6 11,0 +41,5 12,4

Referncias1. Peixoto S. Pr-Natal. 2 ed. So Paulo: Manole; 1981. 2. Kisner C, Colby LA. Exerccios teraputicos Fundamentos e tcnicas. 3 ed. So Paulo: Manole; 1998. 3. Polden M, Mantle J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrcia. 7 ed. So Paulo: Livraria Santos; 1997. 4. Tedesco JJA. A grvida. Suas indagaes e as duvidas do obstetra. So Paulo: Atheneu; 2000. 5. Martins JAP. Manual de obstetrcia. 1 Fisiologia. So Paulo: EDUSP; 1982. 6. Guyton e Hall. Fisiologia humana e o mecanismo das doenas. 6 ed. So Paulo: Guanabara Koogan; 2000. 7. Caromano FA, Durigon OFS, Landaburu C, Pardo MS. Estudo comparativo de duas tcnicas de avaliao da mobilidade torcica em mulheres jovens e idosas saudveis. Fisioter Bras 2003;4(5):349-52.

No gestante - NG Grupo 1 - G1 Grupo 2 - G2 Grupo 3 - G3

Pode-se observar na Tabela II que a alterao mais signicativa nas presses respiratrias mximas ocorre no primeiro trimestre de gestao, desfazendo o mito de que a gestante vai apresentar maior diculdade para respirar somente no

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Artigo original Ocorrncia de bioagentes patognicos nos eletrodos utilizados na Estimulao Nervosa Eltrica Transcutnea nos servios de sioterapia da Baixada Fluminense RJOccurrence of pathogenic bioagents on electrodes used in Transcutaneous Nerve Stimulation in physical therapy services in Baixada Fluminense RJJos Tadeu Madeira de Oliveira, M.Sc.*, Antnio Neres Norberg, D.Sc.*, Fbio dos Santos Borges, M.Sc.*, Glria Maria Moraes Vianna da Rosa, M.Sc.*, Ingrid Jardim de Azeredo Souza**, Rafael Jardim de Azeredo Souza***, Ailton da Silva Gonalves****, Betnia Martins Alhan de Oliveira*****, Fabiano Sanches Guerra****** *Docentes da Universidade Iguau, **Docente da Universidade Iguau, Especialista em Fisioterapia Cintica Funcional, ***Docente da Universidade Iguau, Especialista em Fisioterapia Cintica Funcional, ****Farmacutico graduado pela Universidade Iguau, *****Farmacutica graduada pela Universidade Iguau, Especialista em Parasitologia, ******Iniciao cientca da Universidade Iguau

ResumoA Estimulao Nervosa Eltrica Transcutnea (TENS) uma corrente de baixa intensidade, onde o contato entre o eletrodo e a pele so mecanismos indispensveis da tcnica teraputica. Os eletrodos so constitudos de borracha siliconizada, acoplados superfcie cutnea com o uso de um gel eletricamente condutivo. Esses eletrodos de tamanho e marcas diversicadas, utilizados em pacientes, foram submetidos frico longitudinal com o auxlio de um suabe, em um tempo mximo de duas horas e foram semeados em meio de cultura Brewer e Sabouraud. O crescimento obtido foi repicado para meios de cultura Agar-sangue, Agar-hipertnicomanitol e meio seletivo para Pseudomonas e Staphylococcus. As colnias foram identicadas por caracteres culturais e provas bioqumicas de identicao, atravs de sistema BioMerieux Vitek. O crescimento fngico foi identicado por caracteres morfolgicos, culturais, provas bioqumicas e morfolgicas quando necessrias. Os resultados demonstraram 59,5 % de positividade nas amostras avaliadas para a presena de agentes fngicos e bacterianos. Sugere-se uma necessidade de preveno da transmisso de bioagentes por contato, e melhoria na qualidade do atendimento em sioterapia.Palavras-chave: bioagentes patognicos, eletrodos.

AbstractThe transcutaneous Nerve Stimulation (TNS) is a low intensity current where contact between electrode and skin are indispensable mechanisms of therapy. The electrodes are made of silicone rubber coupling to cutaneous surface using a electrically conductive gel. These electrodes of size and mark diversied used in patients, were submitted to longitudinal friction with support of a swab, in maximum time of two hours and were seed in Brewer and Sabouraud medium. The growth obtained was transplanted to Agar-blood media, Agar-hipertonic-manitol and selective medium to Pseudomonas and Staphylococcus. The colonies were identied by characters of culture and biochemical proof of identication through the BioMerieux Vitek system. The fungal growth was identied by morphological characters, cultural, biochemical and morfological proof when necessary. The results showed 59,5 % of positivity in evaluated samples for the presence of fungal and bacterium agents. Its suggested necessity of preventing bioagents transmission by contact and advance in attendance quality in physical therapy.Key-words: Pathogenic bioagents, electrodes.

IntroduoDurante sculos, a estimulao eltrica vem sendo utilizada para o alvio da dor. Na Grcia, enguias eltricas foram utilizadas pelos antigos egpcios no tratamento de

leses e dores de cabea [1]. Em Roma, um escravo de nome Antero, emancipado pelo Imperador Tibrio, passeava s margens do rio Tibre, tropeou em um peixe eltrico e curou-se de sua crise de gota. Fatos histricos relataram outras situaes. William Gilbert, no sculo XVI

Artigo recebido em 3 de agosto de 2004; aceito em 15 de dezembro de 2005. Endereo para correspondncia: Jos Tadeu Madeira de Oliveira, Av. Mirandela, 1354 casa 02 Centro 26520-099 Nilpolis RJ, Tel: (21) 37617152/9614-8940, E-mail: [email protected]

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considerado pai da eletroterapia moderna, Joham Jottob Krugger, em 1744, e Jean Louis Jalbert tambm utilizaram a eletricidade como recursos teraputicos e novos adventos impulsionaram a eletroterapia como conhecimento cientco. O reconhecimento da eletroterapia como recurso oriundo da eletricidade esttica e a corrente galvnica que surgiu aps a Revoluo Francesa mostram a evoluo deste procedimento teraputico [2]. Na dcada de 60, aps a publicao da Teoria da Comporta por Melzack & Wall em 1965, os aparelhos de estimulao eltrica passaram a ser utilizados no controle da dor [2]. A Estimulao Nervosa Eltrica Transcutnea (TENS) uma corrente de baixa intensidade onde o contato entre o eletrodo e a pele so mecanismos indispensveis na tcnica teraputica. Esses dados foram raticados por Kitchen & Basin [3]. Os eletrodos so constitudos de borracha siliconizada com impregnao de carbono. Tais eletrodos so reutilizveis, geralmente acoplados superfcie cutnea com o uso de um gel eletricamente condutivo. Existem outros tipos de eletrodos disponveis, porm Nolan relatou que os eletrodos de borracha-silicone so mais ecazes e economicamente viveis [4]. Jadassohn [5] observou uma reao eczematosa em paciente medicado com iodofrmio, utilizado como cicatrizante. Alguns dias aps, j com a melhora do quadro clnico, o autor reaplicou iodofrmio no tegumento do paciente, obtendo intensa reao eczematosa. No V Congresso Alemo de Dermatologia, Jadassohn comunicou sua observao, relatou que os agentes externos, chamados de contactantes representam uma grande fonte de contaminao. Andrade et al. [6] relataram que o meio hospitalar, incluindo o ar, a gua e as superfcies inanimadas que cercam o paciente, guardam ntima relao com as infeces hospitalares, podendo proporcionar focos de contato e de transmisso. Apesar das principais causas de infeco hospitalar estarem relacionadas com a susceptibilidade do doente infeco e com os mtodos de diagnstico e teraputicos, no se pode deixar de considerar os aspectos de assepsia e de higiene do ambiente hospitalar. Muitos recursos para se evitar a ocorrncia do problema vm sendo utilizados. O Center for Disease Control [7] referiu que as organizaes de sade tm desenvolvido normas de assepsia e higiene hospitalar. Schaefer [8] raticou que essas normas so universais porque devem ser aplicadas a todos os doentes, em todos os tipos de tratamentos e para todos os instrumentos e equipamentos. Os protocolos propostos atribuem nfase especial s barreiras de proteo contra os microrganismos. Segundo Russo et al. [9], a crescente incidncia de doenas transmissveis conduz necessidade de uma conscientizao sobre os riscos reais de contaminao das mais diversicadas formas teraputicas, dentre elas em especial a sioterapia.

Sabe-se que, em termos de sioterapia, pouco se conhece sobre os aspectos microbiolgicos que envolvem esta atividade, fato que despertou receio e apreenso sobre o mecanismo de se identicar focos de contato e de transmisso de agentes patognicos, dentre elas os causadores de dermatite de contato, com registros em outros pases, evidenciando-se a necessidade de reconhecer a situao para estabelecermos uma abordagem mais especca com resultados mais concretos.

Material e mtodosForam coletadas 24 amostras para pesquisa nos servios de sioterapia, situados na regio da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, no perodo de maio a julho de 2002. A anlise dos materiais foi realizada no laboratrio de microbiologia e imunologia do programa de mestrado em cincias biolgicas da Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade da Universidade Iguau. Os eletrodos condutores de eletroestimulao, de tamanho e marcas diversicadas utilizados em pacientes, foram submetidos frico longitudinal na superfcie horizontal com o auxlio de um suabe embebido em soluo salina (cloreto de sdio 0,9 %). No tempo mximo de duas horas aps a coleta foram semeadas em meio de cultura de Brewer e Sabouraud. O meio de Brewer foi incubado em estufa a 37 C por 24 horas. O crescimento obtido foi repicado para meios de cultura Agar-sangue, Agar-hipertnico-manitol e meio seletivo para os gneros Pseudomonas e Staphylococcus. As colnias desenvolvidas foram identicadas por caracteres culturais e provas bioqumicas de identicao, atravs do sistema BioMerieux Vitek. O crescimento fngico no meio de Sabouraud foi identicado por caracteres morfolgicos, culturais e provas bioqumicas quando necessrias.

ResultadosDas 24 amostras dos eletrodos de borracha siliconizada carbonizada de eletroestimulao analisadas, 59,5 % apresentaram a ocorrncia de agentes bacterianos e/ou agentes fngicos, nos servios de sioterapia por municpios pesquisados na regio da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Encontrou-se uma freqncia mais elevada para os bioagentes fngicos (42,5 %), enquanto que os bacterianos apresentaram 17,0 % (Tabela I). De acordo com a ocorrncia de agentes bacterianos nos eletrodos de eletroestimulao, foi encontrada uma freqncia igualmente distribuda entre Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus (Tabela II). Na ocorrncia de agentes fngicos, houve uma freqncia bem distribuda de acordo com a seguinte ordem: Alternaria spp. 4,25 %, Aspergillus spp. 8,5 %, Cladosporium spp. 4,25 %, Candida albicans 8,5 %, Penicillium spp. 8,5 %, Nigrospora spp. 4,25 %, Sporothrix spp. 4,25 % (Tabela III).

10 Tabela I - Distribuio de bioagentes bacterianos e fngicos em 24 amostras coletadas nos eletrodos de eletroestimulao, utilizados nos servios de sioterapia por municpios pesquisados.Municpios Agentes bacterianos N Belford Roxo Mesquita Nova Iguau Japer Queimados So Joo de Meriti Totais 00 02 01 01 00 00 04 (%) 00 8,5 4,25 4,25 00 00 17,0 Agentes fngicos N 02 04 00 02 02 00 10 (%) 8,5 17,0 00 8,5 8,5 00 42,5 Totais N 02 06 01 03 02 00 14 (%) 8,5 25,5 4,25 12,75 8,5 00 59,5

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Tabela II - Ocorrncia de agentes bacterianos por gnero e espcies em 24 amostras coletadas nos eletrodos de eletroestimulao, utilizados nos servios de sioterapia.Gnero e especies Pseudomonas aeruginosa Staphylococcus aureus Totais N 02 02 04 (%) 8,5 8,5 17,0

Tabela III - Ocorrncia de agentes fngicos por gnero e espcies em 24 amostras coletadas nos eletrodos de Eletroestimulao, utilizados nos servios de sioterapia pesquisados.Gnero e especies Alternaria spp Aspergillus spp Candida albicans Cladosporium spp Nigrospora spp Penicillium spp Sporothrix schenckii Totais N Amostras + 01 02 02 01 01 02 01 10 (%) 4,25 8,5 8,5 4,25 4,25 8,5 4,25 42,5

DiscussoLima et al. [10] relataram que grande parte das infeces cutneas causada por fungos e bactrias, estando estas isoladas ou em conjunto. Enfatiza-se a possibilidade da ocorrncia de infeco hospitalar, no somente pela existncia de bioagentes patognicos, mas pela suscetibilidade do indivduo infeco independente dos aspectos de limpeza do ambiente e respectivos equipamentos. Schaefer [8] relatou a importncia das normas universais de assepsia, desinfeco e esterilizao para todos os pacientes, instrumentos e equipamentos como forma de controle de infeco e biossegurana, chamando-nos a ateno para a realizao de um estudo mais especco voltado sioterapia.

Santos [11] corroborou com Rey [12], quando disse que a alta umidade entre diversos segmentos corporais suporta a atividade e o crescimento de grande quantidade de bactrias, fungos e leveduras. Em nossos estudos, das 24 amostras dos eletrodos de borracha siliconizada carbonizada de eletroestimulao analisadas, houve uma freqncia de 59,5 % de agentes bacterianos e/ou fngicos, conrmando a necessidade de conscientizao dos prossionais de sioterapia sobre os riscos de contaminao por microrganismos. Silva [13] deniu que a infeco implica a colonizao de clulas, tecidos ou cavidades corporais do hospedeiro, enquanto que a colonizao indica a presena do microrganismo sem causar doena. Diaz & Rojas [14] alertaram para o fato de que todas as superfcies, principalmente as horizontais, devem ser limpas, pois a fora de gravidade facilita a produo e proliferao de microrganismos veiculadores de contaminao e infeco. Rey [12] relatou que a pele apresenta uma microbiota, com predomnio de espcies do gnero Staphylococcus aureus, alm de bacilos gram-negativos, representados principalmente por enterobactrias. A freqncia de positividade nos eletrodos de eletroestimulao em nosso estudo para agentes bacterianos apresentou-se menor que para agentes fngicos (17,0 % e 42,5 %, respectivamente). Com relao aos agentes bacterianos, foi encontrada uma freqncia igualmente distribuda entre Pseudomonas aeruginosa (50 %) e Staphylococcus aureus. Adams et al. [15], Levy et al. [16], Santos et al. [17], Santos et al. [18] e Gould [19] raticaram que o Staphylococcus aureus, enquanto um dos membros patognicos da microbiota do homem, encontrado em inmeras partes do corpo, como fossas nasais, mos, garganta, intestino, e principalmente pele e mucosas. O mesmo foi descrito por Zaits et al. [20] quanto aos elementos fngicos, citando a candidose como ubqua e a Candida albicans como integrante desta microbiota. E este microorganismo pode ser transmitido de pessoa para pessoa, atravs do contato direto ou indireto [21,22]. Morrinson et al. [23], Hosking et al. [24], Jantunem et al. [25], Verscharaegen et al. [26], Wald et al. [27] evidenciaram que as infeces por Aspergillus representam a segunda causa mais comum de infeco por fungos em pacientes. Cahill [328], ao realizar bipsias de pele com aspergilose cutnea por Aspergillus niger, conrmou sua patogenia colocando a pele contaminada como transmissor e a gua como veiculadora do patgeno, o que ratica a possibilidade de as placas eletrocondutoras serem mediadoras destes patgenos com a pele. Enquanto que Austwich & Longbottom [29] se referiram a uma outra espcie, o Aspergillus fumigatus, como sendo de importncia clnica nas infeces e alergias. Nossos estudos apontaram para uma freqncia bem distribuda de agentes fngicos na seguinte ordem: Alternaria spp. 4,5 %, Aspergillus spp. 8,5 %, Candida albicans 8,5 %, Penicillium spp. 8,5 %, Cladosporium spp. 4,25 %, Nigrospora spp. 4,25 % e Sporothrix spp. 4,25 %. Frampton [1] alertou sobre a irritao cutnea durante a aplicao prolongada, fazendo-se necessria a limpeza da rea a serem aplicados os eletrodos a m de evitar essas irritaes.

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Frampton [1] raticou que a resposta alrgica aos eletrodos, ta adesiva, ou ao gel representam o principal problema aplicao do TENS. A Organizao Mundial de Sade (OMS/ WHO) considera as parasitoses como elementos de mxima importncia nas cincias da Sade. Baseados nessas informaes, Madeira-Oliveira et al. [30] relataram a relevncia da incluso da disciplina de parasitologia na formao acadmica de sioterapia, da qual pouco se conhece sobre os aspectos microbiolgicos que envolvem a prtica teraputica. O resultado da pesquisa aponta para a necessidade de um protocolo de assepsia ecaz destes eletrodos, nos servios de sioterapia, promovendo o bem estar fsico e a integridade dos pacientes.

ConclusoRegistra-se na regio da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, nos servios de sioterapia, a ocorrncia de bioagentes patognicos nos eletrodos de borracha siliconizada com impregnao de carbono, utilizados na eletroanalgesia transcutnea. Entre as amostras analisadas, 59,5 % conferiram positividade de patgenos com predominncia dos elementos fngicos em 42,5 % e bacterianos em 17 %. Levanta-se a suposio de que a freqncia de microrganismos patognicos nos eletrodos associados a microbiota cutnea do homem, baixa do sistema imune e tcnica inadequada de aplicao promovam a ocorrncia de possveis doenas dermatolgicas. Considerando-se a anlise dos resultados, relata-se a necessidade da realizao de tcnica assptica na regio cutnea de aplicao da eletroanalgesia no homem e nos eletrodos. Faz-se necessrio um cuidado preventivo e de biossegurana no que se refere prtica sioteraputica em relao a bioagentes patognicos. preciso, tambm, que se d continuidade na pesquisa com fundamentao na investigao dos bioagentes patognicos na abordagem sioteraputica, identicando procedimentos apropriados para desinfeco dos eletrodos e da pele.

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Artigo original Efeitos siolgicos da sioterapia respiratria convencional associada aplicao de BiPAP no ps-operatrio de cirurgia cardacaPhysiological effects of the conventional respiratory physical therapy associated to BiPAP in post cardiac surgeryKamilla Tays Marrara*, Aline Marques Franco*, Valria Amorim Pires Di Lorenzo, D.Sc.**, Fernanda Negrini, M.Sc.***, Srgio Luzzi**** *Graduandas do curso de Fisioterapia do Centro Universitrio de Araraquara UNIARA, **Professora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de So Carlos UFSCar, ***Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitrio de Araraquara UNIARA, ****Mdico cirurgio da equipe de cirurgia cardaca da Santa Casa de Misericrdia de Araraquara

ResumoO objetivo deste estudo foi avaliar as alteraes da funo pulmonar pela Fora Muscular Respiratria (FMR-PImax e PEmax), Capacidade Vital (CV), Freqncia Respiratria (FR) e Oxigenao (SpO2) do pr-operatrio ao 1 ps-operatrio (PO) e deste pr-alta; e vericar a eccia da Fisioterapia Respiratria Convencional (FRC) associada Ventilao no-invasiva (BiPAP) no PO de cirurgia cardaca. Incluiu-se 27 pacientes, 12 tratados com FRC associada BiPAP (Grupo1-G1) e 15 com FRC (Grupo2G2), com avaliao das variveis citadas no pr-operatrio, 1PO, 3PO e pr-alta. Para a anlise utilizou-se Friedman ANOVA e Mann-Whitney (p 0,05). Quanto a FMR, apenas G1 aumentou signicativamente do 1PO para pr-alta, e os valores de PImax apresentaram-se signicativamente maiores que G2. Em ambos os grupos, a CV aumentou signicativamente do 1 para o 3PO, mas apenas G1 mostrou valores da pr-alta prximos ao pr-operatrio. A oxigenao aumentou do 3PO pr-alta para ambos, mas apenas o G1 aproximou-se dos valores do pr-operatrio. Quanto FR, apenas o G1 reduziu signicativamente no PO. A FRC associada BiPAP mostrou-se mais eciente do que a FRC isolada, no aumento da FMR, CV e oxigenao, e na reverso da FR, apesar dos valores no terem sido recuperados completamente at a pr-alta.Palavras-chave: ventilao no-invasiva, cirurgia cardaca, sioterapia respiratria, funo pulmonar.

AbstractThe aim of this study was to evaluate the pulmonary function alterations by the Respiratory Muscular Force (RMF- MIP and MEP), Vital Capacity (VC), Breathing Frequency (BF) and Oxigenation (SpO2) from the Pre-operation to the 1st post-operation (PO) and from that one to the pre-discharge; and to verify the efciency of the Conventional Respiratory Physical Therapy (CRP) associated to the Non-invasive ventilation (BiPAP) in the cardiac surgery PO. 27 patients were included; 12 of them were treated with FRC associated to the BiPAP (Group 1-G1) and 15 with FRC (Group 2-G2). These patients were evaluated in the pre-operation ,1st PO, 3rd PO and pre-discharge as for the mentioned variables. To the analysis were used Friedman ANOVA and Mann-Whitney (p 0,05). As for the RMF, only G1 increased signicantly from the rst PO to the pre-discharge, and the values of MIP were signicantly bigger than G2. In both groups, the VC increased signicantly from the 1st to the 3rd PO, but only G1 presented pre-discharge values near to the pre-operation. The oxigenation increased from the 3rd PO to the pre-discharge for both, but only the G1 came near to the preoperation values. As for RF, only the G1 decreased signicantly in the PO. In conclusion, the CRF associated to the BiPAP seemed be more efcient than the isolated CRF, in the RMF increasing, VC and oxigenation, and in the RF reversion, despite of the values have not been completely recuperated until the pre-discharge.Key-words: non-invasive ventilation, cardiac surgery, respiratory physical therapy, pulmonary function.

IntroduoA cirurgia cardaca predispe a alteraes sistmicas que demandam cuidados especcos no Ps-Operatrio

(PO) [1]. Dentre essas alteraes destacam-se o tempo de Circulao Extra-Corprea (CEC), uso de anestsicos, dor ps-operatria, medo, presena de fatores de risco, entre outros, sendo comum ocorrer mudanas no padro respira-

Artigo recebido em 4 de junho de 2004; aceito em 15 de janeiro de 2006. Endereo para correspondncia: Kamilla Tays Marrara, Av. Filomeno Rispoli, 179 Parque Santa Marta 13564-200 So Carlos SP, Tel.: (16) 33762559, E-mail: [email protected]

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trio, incoordenao muscular e diminuio na complacncia pulmonar devido s alteraes nas propriedades mecnicas do pulmo e da parede torcica. A anestesia est associada a efeitos deletrios sobre a funo pulmonar, sendo que a alterao do padro respiratrio, que se torna supercial, e a disfuno diafragmtica causam a hipoventilao alveolar, reduo da resposta ventilatria e hipoxemia. As alteraes siolgicas e mecnicas somam-se para diminuir a funo pulmonar e a Fora Muscular Respiratria (FMR), de maneira a comprometer a recuperao do paciente no PO de cirurgia cardaca, pois a manuteno adequada da FMR essencial para a ventilao pulmonar e para a facilitao da desobstruo das vias areas [2]. A anormalidade na mecnica pulmonar aps cirurgia cardaca caracterizada por um padro restritivo com reduo da Capacidade Vital (CV) e da Capacidade Residual Funcional (CRF) [3]. A CV est geralmente reduzida a aproximadamente 40% dos valores properatrios, durante um perodo de no mnimo dez a quatorze dias [4,5]. Para preveno e tratamento dessas complicaes ps-operatrias, a Fisioterapia Respiratria Convencional (FRC) tem sido amplamente utilizada, demonstrando ser to eciente quanto outras tcnicas de expanso pulmonar, recuperando a funo pulmonar. Os pacientes que receberam FRC associada Ventilao No-Invasiva (VNI) por dois nveis de presso positiva (BiPAP) [6], tambm apresentaram diminuio signicativa da incidncia dessas complicaes, em comparao aos pacientes que no realizaram qualquer abordagem sioteraputica [7-9]. O uso da VNI reduz o trabalho respiratrio e aumenta a complacncia do sistema respiratrio por reverter microatelectasias do pulmo e, tanto o padro respiratrio restritivo, como a hipoxemia no podem ser prevenidos, mas modicados [10], sem mudana nos ndices de FMR [9,11], no dependendo do esforo do paciente para gerar inspiraes profundas. Sendo assim, apresenta uma vantagem em relao a outros mtodos, principalmente em PO imediato, no qual o paciente pouco cooperativo ou incapaz de realizar inspirao mxima, promovendo aumento dos valores de volumes e capacidades pulmonares [12]. tambm vericado que a utilizao de VNI, por pelo menos dois a trs dias aps a cirurgia, leva a efeitos bencos na funo pulmonar e ndices de oxigenao [7]. Tendo em vista o nmero de complicaes que ocorrem no PO de cirurgia cardaca e os efeitos bencos da FRC associada BiPAP constatados na literatura, justica-se a realizao deste estudo, contribuindo com maior nmero de trabalhos cientcos que fundamentem a associao desta tcnica de ventilao como forma de reverso das complicaes ps-operatrias. Os objetivos deste estudo foram avaliar as alteraes da funo pulmonar do pr-operatrio para o 1 PO e vericar a evoluo das medidas de FMR, CV, Freqncia Respiratria (FR) e Oxigenao (SpO2) no 1 PO at a pr-alta, vericando a eccia da aplicao de BiPAP na diminuio das alteraes da mecnica pulmonar frente ao ato cirrgico.

Material e mtodosForam avaliados 40 pacientes, com idade mdia de 58,1 9,06 anos, submetidos a cirurgia cardaca eletiva de revascularizao do miocrdio com inciso mediana e CEC realizada no Hospital Santa Casa de Misericrdia de Araraquara, dos quais 13 no concluram o protocolo de tratamento devido a instabilidade hemodinmica, arritmias no-controladas e desistncia do tratamento no PO. Todos os pacientes assinaram um Termo de Consentimento mediante orientaes sobre o protocolo proposto, em atendimento resoluo 196/96 do CNS, e este estudo foi aprovado pelo Comit de tica do Centro Universitrio de Araraquara. Foram excludos os pacientes submetidos a cirurgia de emergncia, baixo nvel de compreenso e idade inferior a 50 anos. Os pacientes foram selecionados e agrupados randomicamente em dois grupos, compondo um Grupo 1 (G1) com 12 pacientes, tratado com FRC associada a aplicaes de BiPAP (duas vezes ao dia, com durao de 30 minutos cada aplicao), e Grupo 2 (G2) com 15 pacientes, tratado com FRC, duas vezes ao dia. As avaliaes foram realizadas no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e pr-alta, sendo que no pr-operatrio os pacientes receberam informaes sobre os procedimentos cirrgicos e sioteraputicos a serem executados nos diferentes perodos de sua recuperao (perodo de internao), sendo todos submetidos a uma avaliao clnica na qual constavam os dados pessoais, antropomtricos, diagnstico mdico, antecedentes pessoais, dados relacionados cirurgia, alm de medidas especcas como: FMR (PImax e PEmax), CV, FR e SpO2. A FMR foi obtida com um manovacumetro da marca Ger-Ar escalonado em cmH2O, segundo metodologia proposta por Black&Hyatt [13]. Para a realizao da manobra o paciente foi instrudo a realizar um esforo inspiratrio mximo aps expirao completa para a mensurao da Presso Inspiratria Mxima (PImax). Da mesma forma, o paciente foi instrudo a realizar um esforo expiratrio mximo ao nal de uma inspirao mxima para a mensurao da Presso Expiratria Mxima (PEmax). Para a obteno da CV utilizou-se um Ventilmetro de Wright da marca Omedha, e o paciente foi instrudo a inspirar profundamente e expirar lentamente, atravs de um bucal, at soltar todo ar, utilizando clipe nasal. A FR foi mensurada pelos movimentos da caixa torcica durante os ciclos respiratrios realizados em um minuto. A SpO2 foi obtida de forma no invasiva atravs do oxmetro de pulso porttil 1001 acoplado a um dos dedos do paciente, indicador ou anular, sendo vericado sem utilizao de mscara de oxignio e antes da aplicao de BiPAP. Essas medidas especcas foram obtidas de forma padronizada pelo mesmo examinador, com o paciente sentado de forma confortvel. Aps a realizao da cirurgia cardaca, os pacientes receberam o tratamento proposto de acordo com o seu grupo, sendo que a FRC constava de exerccios

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Fisioterapia Brasil - Volume 7 - Nmero 1 - janeiro/fevereiro de 2006 Figura 1 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel PImx no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G1. *p 0,05; **p < 0,01.

respiratrios diafragmticos associados movimentao ativa e/ou ativo-assistida nos membros superiores, mobilizao de membros inferiores, manobras desobstrutivas, auxlio da tosse e tcnicas reexpansivas. A aplicao de BiPAP foi utilizada na modalidade espontnea, ciclada em dois nveis de presso positiva, com um nvel pressrico durante a inspirao (IPAP) de 8 a 12 cmH2O e um nvel pressrico durante a expirao (EPAP) de 4 a 6 cmH2O. Para cada varivel estudada foi realizado o clculo das Mdias e dos Desvios Padres e aplicada a anlise de Friedman ANOVA (p 0,05) entre as situaes, e a anlise Mann-Whitney para comparao dos grupos quanto ao ndice de Ganho do 1 PO pr-alta ( =((Pr-alta 1PO)/1PO*100) ).

ResultadosA Tabela I mostra as caractersticas antropomtricas, demogrcas, clnicas e cirrgicas dos pacientes envolvidos neste estudo para G1 e G2. As guras 1, 2, 3 e 4 ilustram o comportamento dos valores de FMR (PImax e PEmax), onde se pode constatar uma queda signicativa entre o properatrio e o 1 PO tanto para G1 como para G2. Apenas para o G1 (FRC + BiPAP) houve aumento signicativo dos valores do 1 PO para pr-alta, sendo este aumento observado a partir do 3 PO. Quando comparado o ndice de Ganho, em percentual, do 1 PO para pr-alta hospitalar, nos diferentes protocolos utilizados, observou-se que o G1 apresentou valores de PImax signicativamente maiores do que os do G2, sendo que para PEmx, o ndice de Ganho entre os grupos no se mostrou signicativo. No que se refere a CV, as guras 5 e 6 demonstram os resultados obtidos entre as fases pr-operatrio e pr-alta, sendo observado, do pr-operatrio para 1 PO, diminuio signicativa dos valores, tanto para G1 como para G2, e um aumento signicativo de 1 para 3 PO, mas apenas o grupo tratado com FRC associada BiPAP mostrou valores de pr-alta prximos aos de pr-operatrio. Quando comparados G1 e G2, quanto ao ndice de Ganho de 1 PO para pr-alta hospitalar, foi observado que no houve diferena signicativa entre eles.Tabela I - Caractersticas antropomtricas, clnicas e cirrgicas em mdia e desvio padro dos pacientes estudados.Variveis G1 G2

Figura 2 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel PImx no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G2. *p 0,05; **p < 0,01.

Figura 3 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel PEmx no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G1. *p 0,05; **p < 0,01.

Idade (anos) 58,7 8,5 57,7 9,76 Sexo 11 homens / 1 mulher 11 homens / 4 mulheres Peso (kg) 76,6 14 67,00 11,3 Altura (m) 1,70 0,11 1,64 0,07 ndice de massa corprea 24,22 25,00 Tempo total de cirurgia (horas) 3,08 0,6 2,95 0,65 Tempo de perfuso (min) 71,75 10,96 77,81 26,35

Fisioterapia Brasil - Volume 7 - Nmero 1 - janeiro/fevereiro de 2006 Figura 4 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel PEmx no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G2. *p 0,05; **p < 0,01.

15 Figura 7 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel SpO2 no properatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G1. *p 0,05; **p < 0,01.

Figura 5 - Evoluo das Mdias e Desvios Padres da varivel CV no pr-operatrio, 1 PO, 3 PO e Pr-alta para o G1. **p 40 anos Idade > 65 anos* Infeco grave Variz de grosso calibre Grande queimadura Obesidade (IMC 30) Anticoncepcional oral **Alto risco: Idade Sexo Peso (kg) Altura (m) IMC Clnica: Etiologia Sndrome nefrtica Infarto agudo Miocrdio TVP/EP + 2 anos Doena autoimune Restrio ao leito > 5h* Imobilizao Anestesia geral Cirurgia prolongada + 60` Trauma grave* Trauma AVE ICC TRM** Outros Classificao do risco: BAIXO (0 a 1 ponto) MDIO (2 a 4 pontos) ALTO (5 ou mais pontos) Leito:

Proc. Teraputico Eclmpsia Pr-eclmpsia Puerprio Neoplasia Ilete regional Retocolite ulcerativa Diabetes

Grande cirurgia ortopdica quadril/joelho Prostectomia trans. / grande cirurgia p/ cncer Traumatismo raquimedular

Trombofilia (sndrome pr-trombtica) TVP/EP a menos de 2 anos

Legenda: IMC ndice de Massa corporal; TRM Traumatismo Raquimedular; AVE Acidente Vascular Enceflico; ICC Insuficincia Cardaca Congestiva; TVP/EP Trombose Venosa Profunda/Embolia Pulmonar

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A utilizao do protocolo dada da seguinte forma: para cada fator de risco assinalado conta-se 1 ponto, para os fatores de risco marcados por um asterisco (*) conta-se 2 pontos. Ento, o somatrio de todos os fatores de risco assinalados determina se o paciente em questo pertence a uma classe de risco baixo, se for somado zero ou 1 ponto; risco mdio, se somarem 2 a 4 pontos; ou alto, se a pontuao for igual ou maior a 5 pontos. Os fatores de risco: Grande cirurgia ortopdica quadril/joelho, Prostectomia trans./Grande cirurgia p/cncer, Traumatismo raquimedular, Trombolia -Sndrome pr-trombtica e TVP/EP (Trombose Venosa Profunda/Embolia Pulmonar a menos de dois anos) so considerados fatores de alto risco. Os dados foram coletados por sioterapeuta, semanalmente, diretamente do pronturio e por entrevista com o paciente ou o seu responsvel. No foram solicitados exames complementares com o objetivo de avaliar todas as condies patolgicas contidas no formulrio padro. Somente foram assinaladas as patologias diagnosticadas que constavam no pronturio do paciente, ou relatadas pelo prprio paciente ou familiar. Toda fratura fechada foi considerada como pertencente ao fator de risco trauma, enquanto que as fraturas expostas, os politraumatismos e as amputaes (cirrgica ou traumtica) foram considerados como fator de risco trauma grave. As infeces de ps-operatrio e as pseudoartroses infectadas pertenceram ao fator de risco infeco grave. Determinou-se um tempo de restrio no leito em cinco horas tendo como base o estudo de Campos [23], pois o fator de risco Restrio prolongada no leito contida no protocolo de Bastos [21] no contemplava tal informao. O item Traumatismo raquimedular (TRM), foi acrescido de dois asteriscos (**) para indicao direta de alto risco de desenvolvimento de TVP.

Ao nal de cada avaliao, obteve-se a identicao da classe de risco para desenvolvimento de TVP do paciente. O risco baixo teve a menor prevalncia, somente 8 (8%) pacientes. Quanto ao risco mdio e alto, houve uma equivalncia na prevalncia, para ambos, de 44 (46%).Tabela 1 - Distribuio da amostra nos principais fatores de risco de TVP avaliados em 96 pacientes internados nas enfermarias de traumatoortopedia do HERF.Fatores de risco Freqncia 83 52 48 36 35 12 12 9 7 5 6 2 2 1 1 1 % 86,46 54,17 50,00 37,50 36,46 12,50 12,50 9,38 7,29 5,21 6,25 2,08 2,08 1,04 1,04 1,04

Trauma Imobilizao Restrio ao leito > 5h Idade > 65 anos Idade entre 40 e 65 anos Cirurgia prolongada > 60 minutos Outros Trauma grave Diabetes Infeco grave Anestesia geral Obesidade Grande cirurgia ortopdica Quadril/Joelho Sndrome nefrtica Infarto Agudo do Miocrdio Acidente Vascular Enceflico

A gura 2 ilustra a distribuio da amostra na classicao de risco para desenvolvimento de TVP.Figura 2 - Distribuio percentual da classicao de risco de desenvolvimento na amostra estudada.

Resultados e discussoDos 96 pacientes avaliados, 25 (26 % 9%, p < 0,05) apresentavam idade abaixo dos 40 anos; 35 (36,5 % 10% p < 0,05) entre 40 e 65 anos; e 36 (37,5 % 10%, p < 0,05) pacientes acima de 65 anos. O trauma, incluindo o trauma grave, foi o fator de risco que mais esteve presente nas avaliaes. Noventa e dois pacientes (95,8% 4%, p < 0,05) tiveram conrmado o diagnstico de fratura. Tal condio contribuiu para a alta freqncia de imobilizaes (54 % 10%, p < 0,05) e restries ao leito por um tempo maior que 5 horas (50% 10%, p < 0,05). A Tabela I demonstra a distribuio da amostra de acordo com os fatores de risco e freqncia das condies. O tempo mdio dos procedimentos cirrgicos realizados nos pacientes foi de duas horas, contadas a partir da sedao. Portanto, estes pacientes j possuam risco baixo de desenvolvimento de TVP.

Os resultados obtidos neste estudo so semelhantes aos encontrados por Bergqvist et al. [24], realizado no Hospital Geral de Malmo, na Sucia, para preveno de trombose venosa profunda aps cirurgia. Os autores identicaram uma incidncia menor que 10%, para o risco baixo, enquanto que para o risco mdio esse nmero elevou-se, atingindo uma incidncia de 10 a 40% e para o risco alto de 40 a 80%.

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ConclusoO risco baixo para desenvolvimento de TVP teve a menor prevalncia, somente 8 (8%) pacientes. Quanto ao risco mdio e alto, houve uma mesma prevalncia, para ambos, de 44 (46%), estando o trauma, a idade avanada, a imobilizao e a restrio ao leito associados diretamente com o alto risco para desenvolvimento de TVP, seja no paciente hospitalizado ou domiciliado. Estudos futuros devem abordar aes teraputicas e prolticas para reduo do risco de desenvolvimento de TVP em pacientes hospitalizados ou domiciliados.

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Artigo original Ocorrncia de Staphylococcus aureus em sioterapeutas que atuam em clnicas e hospitais de Governador Valadares Minas GeraisStaphylococcus aureus occurrence in physical therapists of Governador Valadares Minas GeraisDaniel de Assis Santos*, Mariane Cndida Medeiros Oliveira**, Liliane Lisboa Oliveira**, Ludmila Reis Milardi**, Sabrina Ferreira Almeida**, Lgia Jordo Valentim**, Bartira Pereira Neves**, Mario Antonio Barana***, Ruiz Angelo Ventura da Silva**** *Doutorando em Microbiologia, Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE, **Acadmicos de sioterapia Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE, ***Doutor em Motricidade Humana Centro Universitrio do Tringulo UNITRI, ****Mestre em Fisioterapia Centro Universitrio do Tringulo UNITRI

ResumoTrinta prossionais sioterapeutas foram selecionados para vericar o estado de portador de Staphylococcus aureus na mucosa nasal. A coleta foi realizada por meio de um swab esterilizado que, posteriormente foi inserido em um tubo contendo caldo de enriquecimento. Para o isolamento e identicao utilizaram-se as provas bioqumicas manita, Dnase, catalase e coagulase. Vericou-se que todos os indivduos pesquisados eram portadores de uma espcie de estalococo, sendo que 52% eram portadores de S. aureus, 43% de S. epidermidis e 5% possuam S. saprophyticcus. Fatores como idade, sexo, rea de atuao prossional, internaes prvias e uso de medicamentos no inuenciaram de forma signicativa os resultados obtidos (p 0,05), constatando assim, que pacientes incentivadas no apresentam melhor desempenho que as no incentivadas. Em nosso protocolo, as frases de incentivo padronizadas buscaram sempre melhorar e no manter o desempenho do paciente, que sempre era acompanhado por um orientador. Constatamos um aumento da freqncia cardaca, freqncia respiratria, presso arterial e Borg quando comparados no incio e no nal do teste de caminhada de 6 minutos, mantendo valores dentro dos parmetros de normalidade (p < 0,05). Esse acrscimo, ocorre pois durante o exerccio, a freqncia cardaca aumenta linearmente com o consumo de oxignio, e a formao de dixido de carbono exige um aumento proporcional na ventilao pulmonar aumentando assim a freqncia respiratria, e o aumento da presso arterial se deve ao aumento do dbito cardaco [23]. Na saturao de oxignio no foi observada alterao signicativa p > 0,05. Brando et al. [22] mostrou em seu estudo que a intensidade de percepo do esforo (Borg), pode ser modicada pelo exerccio, sexo e idade. Com isso verica-se que o exerccio pode aumentar os nveis na escala subjetiva de Borg. Visto que o sistema pulmonar freqentemente atingido pelo LES, avaliamos os comprometimentos pulmonares atravs da realizao de testes de funo pulmonar. Martinez et al. [24], em 2004, relata que o estado funcional dos pulmes de pacientes lpicos, mesmo sem histria de comprometimento pulmonar, revelou um padro restritivo com diminuio da capacidade vital, capacidade pulmonar total e diminuio da difuso de CO2, ao lado de hiperventilao, hipoxemia, hipocapnia e aumento signicativo da diferena alvolo- arterial do oxignio. As alteraes dos testes de funo pulmonar ocorrem freqentemente em pacientes com LES, mesmo quando no h atividade da doena, sintomas respiratrios e alteraes ao exame radiogrco do trax [7]. No existem estudos longitudinais que correlacionem anormalidades seriadas nas provas de funo pulmonar com achados de lavado broncoalveolar ou com achados histolgicos [7]. O diafragma pode apresentar inabilidade para gerar presso normal por fraqueza, diminuio da excurso diafragmtica ou imobilidade devido a possveis adeses pleurais [7,25]. A funo pulmonar anormal bem menos comum se o paciente assintomtico. Segundo Barreto et al. [7], em um estudo realizado por Silberstein et al., mais de 88% dos pacientes com LES, mostraram ter a funo pulmonar anormal.

Em nosso estudo, vericamos alteraes nos testes funo pulmonar quando comparamos valores obtidos com os previstos que foram avaliados por equaes de acordo com idade, sexo e altura. A CVF mensurada por um espirmetro porttil, foi signicantemente menor que o predito p < 0,05. O que discorda dos resultados encontrados por Fujita et al. [1]. no qual demonstraram que os valores de CVF apresentavam -se dentro dos padres de normalidade em pacientes com LES. Quando a CVF encontra-se em valores inferiores ao predito em indivduos com padro restritivo, pode ser resultado de um aumento na quantidade ou no tipo de colgeno ou em qualquer doena que afete a funo de fole da parede torcica ou a distensibilidade do tecido pulmonar [26]. Na musculatura respiratria a fora mensurada atravs de presses respiratrias mximas (PiMax e a PeMax), a velocidade de contrao atravs do uxo areo alcanado, e o encurtamento muscular atravs da variao do volume pulmonar [27]. A PeMax, tambm obteve signicncia de 23,57% quando comparado o obtido com o predito pela equao de Black [11]. diferentemente da PiMax, onde no houve signicncia estatstica p < 0,05. A anlise do pico de uxo expirado, tambm no revelou signicncia estatstica, no detectando assim presena de um processo bronco-obstrutivo. Gibson et al. [25] estudaram a funo diafragmtica e o envolvimento pulmonar em 30 pacientes com LES, e observaram um aumento nas taxas de anormalidades em relao aos testes de funo pulmonar. Em 7 dos pacientes com menor volume pulmonar as medidas de curva de volume pressrico esttico e a presso respiratria mxima indicou uma restrio de volume extra pulmonar. Em 4 pacientes houve grandes anormalidades da funo diafragmtica.

ConclusoAo vericarmos a literatura sobre este tema, parece no haver um consenso, embora o presente estudo concorde com a maioria dos autores. Entretanto estudos adicionais so necessrios devido escassez de trabalhos encontrados. Neste trabalho vericamos que o teste de caminhada submxima (TC6), parece ser um mtodo vlido e de fcil execuo para estimar a capacidade aerbia em mulheres com LES, e que o teste quando realizado com incentivo no demonstra valores signicantemente maiores. A anlise da populao estudada demonstra que pacientes com LES apresentam valores inferiores aos esperados no teste de esforo submximo, quando comparados com os previstos, assim como a presena de comprometimento pulmonar atravs dos resultados obtidos nos testes de funo pulmonar. Podemos concluir assim, que seja vivel para estas pacientes a realizao de uma adaptao cardiopulmonar no sentido de reduzir os efeitos inerentes da prpria patologia de base e portanto melhorar a qualidade de vida.

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Artigo original Avaliao de dois modelos de tbua proprioceptiva com dois tipos de apoios por meio da eletromiograa de superfcie

Assessment of two model of disk training in two different bases of support through surface electromyographyFlvio Boechat Oliveira*, Roger Hungria de Paula*, Carlos Gomes de Oliveira**, Estlio H M Dantas***

*Programa de Ps-graduao Strictu Senso em Cincia da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco, **Instituto de Cincias da Atividade Fsica NUICAF/RJ, ***Professor titular do PROCIMH Universidade Castelo Branco RJ

ResumoO objetivo deste trabalho foi realizar um estudo eletromiogrco de superfcie da musculatura tibial anterior e gastrocnmio, face medial, durante a utilizao de dois modelos de tbua de equilbrio, em dois diferentes apoios. Para tanto foram utilizadas dois modelos de tbua proprioceptiva (T1 e T2), iguais na base de apoio para os ps, porm diferentes no seu contato com o solo. Os 05 (cinco) indivduos, utilizados no teste, foram posicionados em apoio bipodal, sendo captado o sinal eletromiogrco em dois momentos, um com os ps mais separados e outro com os ps mais prximos. Os resultados obtidos evidenciaram maior atividade mioeltrica no msculo gastrocnmio, comparativamente com o msculo tibial anterior, durante os testes tanto com os ps mais prximos qu