Eaic família heteronormativa um padrão imposto pelos ritos escolares

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FAMÍLIA HETERONORMATIVA: UM PADRÃO IMPOSTO PELOS RITOS ESCOLARES Jonathan Amorim Peres (CESUMAR), Isaias Batista de Oliveira Júnior (PPE-UEM), e-mail: [email protected] Centro Universitário de Maringá/Licenciatura em Pedagogia /Maringá, PR. Área: Ciências Humanas. Subárea: Educação Palavras-chave: configurações familiares, escola, políticas educacionais Resumo Este estudo busca demonstrar as novas configurações familiares e sua relação com a escola. A escola, no desempenho de seu papel, busca dividir a tarefa com a família buscando integrá- la ao âmbito escolar. No entanto na maioria das vezes desconhece ou ignora as novas organizações familiares. O objetivo dessa pesquisa será apresentar afirmações de teóricos, através de revisão bibliográfica sobre as novas famílias e sua inserção na escola, bem como a necessidade de se atentar às diferenças e estruturas que as compõem na atualidade. Concluímos que investir na capacitação e formação da comunidade escolar é necessário, objetivando o respeito mútuo, ética, respeito à diversidade e acolhimento dos sujeitos (alunos/família) oriundos dessas novas configurações familiares. Introdução ANAIS DO 21º EAIC / 2º EAITI | ISSN - 1676-0018 | www.eaic.uem.br Universidade Estadual de Maringá | 9 a 11 de outubro de 2012 | Maringá –PR 1

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FAMÍLIA HETERONORMATIVA: UM PADRÃO IMPOSTO PELOS RITOS

ESCOLARES

Jonathan Amorim Peres (CESUMAR), Isaias Batista de Oliveira Júnior (PPE-UEM), e-mail: [email protected]

Centro Universitário de Maringá/Licenciatura em Pedagogia /Maringá, PR.

Área: Ciências Humanas. Subárea: Educação

Palavras-chave: configurações familiares, escola, políticas educacionais

Resumo

Este estudo busca demonstrar as novas configurações familiares e sua relação com a escola. A escola, no desempenho de seu papel, busca dividir a tarefa com a família buscando integrá-la ao âmbito escolar. No entanto na maioria das vezes desconhece ou ignora as novas organizações familiares. O objetivo dessa pesquisa será apresentar afirmações de teóricos, através de revisão bibliográfica sobre as novas famílias e sua inserção na escola, bem como a necessidade de se atentar às diferenças e estruturas que as compõem na atualidade. Concluímos que investir na capacitação e formação da comunidade escolar é necessário, objetivando o respeito mútuo, ética, respeito à diversidade e acolhimento dos sujeitos (alunos/família) oriundos dessas novas configurações familiares.

Introdução

Temos assistido, nos últimos anos, na maioria dos países ocidentais desenvolvidos, a formulação de políticas públicas educacionais objetivando a participação e cooperação entre as famílias e a escola. O Brasil não ficou alheio a essas tendências mundiais e consequentemente temos presenciado iniciativas governamentais que seguem na mesma direção.

Porém quando se fala na desejável parceria escola–família e se convoca a participação dos pais (termo genérico para pais e mães) na educação, como estratégias de promoção do sucesso escolar não são levadas em consideração:a) As relações de poder variáveis e de mão dupla, relações de classe, raça/etnia, gênero e idade que, combinadas, estruturam as interações entre essas instituições e seus agentes;b) A diversidade de arranjos familiares e as desvantagens materiais e culturais de uma parte considerável das famílias;

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c) As relações de gênero que estruturam as relações e a divisão de trabalho em casa e na escola (CARVALHO, 2004, p.42).

Essas políticas impõem, pois para Carvalho (2000, p.149) “em primeiro lugar, adotam um modelo único de família: afluente, do qual se distanciam um grande número de famílias”. E também porque “permanecem implícitas as relações de classe e, sobretudo de gênero” (2000, p.144), desconsiderando assim os avanços sofridos nas últimas décadas que deram origem a novas estruturas familiares: família homoafetivas, recompostas, monoparentais, recasadas, alargadas, mães solteiras, produções independentes, entre outras. Sendo assim, a concepção que a escola tem de família afeta diretamente como ambas se relacionarão e como os alunos serão investidos e vão perceber a escola. A instituição familiar passou a refletir as mudanças que ocorreram na sociedade e no decorrer destas alterações se formaram diferentes núcleos familiares que deixaram de se basear no modelo predominante, fato ignorado pela escola.

O desconhecimento das novas concepções de família reproduz a separação do público masculino/feminino e a dicotomia de papéis sexuais e de gênero em casa e na escola. Coloca as mais pesadas expectativas sobre as mães, reproduzindo a assimetria de papéis sexuais e de gênero que faz recair sobre as mulheres toda a responsabilidade pela educação das crianças, em casa e na escola. Ao usar o termo genérico pai, mantém invisível e deixa de reconhecer o trabalho educacional importante e exclusivo das mães (CARVALHO, 2004, p. 55).

As instituições educacionais em seus ritos escolares ao privilegiar um estilo particular de exercício da paternidade/maternidade, baseado em um modelo tradicional de família, poderá enfraquecer a autonomia dessas organizações e a liberdade dos pais e mães. Essa questão é marcante em datas comemorativas como “dia das mães” e “dia dos pais”, feito através do reforço de um discurso heterossexista, baseado em categorias heteronormativas, atribuindo causas e consequências para os sujeitos que não correspondem aos seus padrões de normatividade.

O desconhecimento e/ou preconceito da quanto às novas configurações familiares poderão ser fatores contrários às suas próprias políticas de aproximação da família na escola na contribuição da melhoria do processo ensino-aprendizagem de seus filhos/alunos. Para Reis (2010, p. 23) quando se fala em parceria entre família e escola e convocam-se os pais a participarem dela, “deve se levar em consideração as mudanças históricas e as diversidades culturais nos modos de educação e reprodução social”.

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De tal maneira, o presente trabalho tem como objetivo principal indagar a concepção das “novas configurações familiares”, que as escolas apresentam em seus ritos escolares e como recebem os membros oriundos dessas instituições.

Revisão de Literatura

Para essa pesquisa buscamos uma fundamentação teórica através de revisão bibliográfica das fontes de informação sobre o objeto de estudo.

Resultados e Discussão

O modelo clássico de família heteronormativa, em que o casamento era visto como uma instituição indissolúvel, constituído pelo pai, mãe e filhos, com papéis claros e definidos começou a ruir a partir do século XX. Com a introdução da mulher no mercado de trabalho, a legalização do divórcio, o aumento do número de adoções, as novas formas de procriação, os novos arranjos familiares criados socialmente e amparados legalmente ajudaram a compor o mosaico das atuais famílias.

Conclusões

Entramos no século XXI tendo de encontrar formas de lidar com as novas configurações familiares. Para a Escola da atualidade, não é mais possível contar apenas com o modelo familiar nuclear como ambiente de formação da subjetivação humana, porque as mudanças sociais levaram a um esquecimento dos símbolos que marcavam os espaços familiares tradicionais, enfraquecidos pela ausência da mulher na casa; pela terceirização da educação inicial da criança, agora partilhada com a escola, pelas mães que trabalham fora, pelas mudanças no mercado de trabalho, que vêm abalando a imagem do pai provedor do sustento/ mãe provedora de afeto, que a dupla de genitores tradicionais mantinha e pelas novas formas de uniões familiares.

A verdade da vida está a desnudar aos olhos de todos, homens ou mulheres, jovens ou velhos, conservadores ou arrojados, a mais esplêndida de todas as verdades: neste tempo em que até o milênio muda, muda a família, muda o seu cerne fundamental, muda a razão de sua constituição, existência e sobrevida, mudam as pessoas que a compõem, pessoas estas que passam a ter a coragem de admitir que se casam principalmente por amor, pelo amor e enquanto houver amor. Porque só a família assim constituída - independentemente da diversidade de sua gênese -

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pode ser mesmo aquele remanso de paz, ternura e respeito, lugar em que haverá, mais que em qualquer outro, para todos e para cada um de seus componentes, a enorme chance da realização de seus projetos de felicidade (HIRONAKA, 2011).

Portanto, preconceitos, estereótipos, idealizações devem ser reconhecidos e afastados do ambiente escolar, principalmente no que se refere à família, a fim de adequar as relações dessas instituições, através de capacitação e formação da comunidade escolar sobre os paradigmas vigentes de família na atualidade, estimulando o respeito mútuo e o acolhimento entre escola e família, qualquer que seja a sua configuração.

Agradecimentos

Agradeço ao professor Isaias Batista de Oliveira Júnior por partilhar comigo seus conhecimentos nessa empreitada e aos nossos mosaicos familiares pelo apoio e compreensão durante nosso processo formativo.

Referências

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Relações entre a família e escola e suas implicações de gênero. Cadernos de Pesquisa, nº 110, p. 143-155. julho/2000.

______. Modos de educação, gênero e relações escola-família. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, p. 41-58, jan./abr.2004.

HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Família e Casamento em Evolução. In: Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, nº 1, pp. 7 a 17, abr./jun. 1999.

REIS, Liliane Pereira Costa dos. A participação da família no contexto escolar /Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. Salvador, 2010.

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