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Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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DOUTRINA DA SALVAOJUSTIFICAO PELA FHans K. LaRondelle Braslia 1982 SEMINRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO Estrada de Itapecerica da Serra, Km 23 Santo Amaro So Paulo

Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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NDICECaptulo I: O EVANGELHO ETERNO E A JUSTIFICAAO PELA F ....... 3 "O Evangelho Eterno": O Concerto Eterno da Graa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Inter-relao de Evangelho e Adorao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 A Adorao de Israel Uma Religio Revelada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Cristo Condiciona a Adorao Revelao e o Novo Nascimento . . . . . . . . . . . . 10 Dois Princpios de Adorao: Expiao pela Graa ou Justificao pelas Obras ...12 Fundamentos do Evangelho Apostlico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Jesus Cristo, o Senhor Justia Nossa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 O Cristo Indivisvel: A Unidade da Justificao e Santificao . . . . . . . . . . . . . 18 A Esperana Apocalptica de Justificao: Uma Proteo contra o Perfeccionismo 25 A Restaurao Final da Verdadeira Adorao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 A Restaurao do Evangelho Eterno em sua Plenitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 A Restaurao do Sbado como um Sinal da Justificao pela F . . . . . . . . . . . 33 Os 144.000 Frutos da Chuva Serdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 O Propsito da Mensagem Laodicia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Captulo II: O SIGNIFICADO DECISIVO DA CRUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 O Sentido do Propsito Divino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Captulo III: A EFICCIA DA CRUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Cruz Proporciona Paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Nossa Permanente Necessidade da Cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Necessidade da Cruz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 47 49 51

Captulo IV: A SUFICINCIA COMPLETA DA CRUZ . . . . . . . . . . . . . . 53 A Funo Decisiva da F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Captulo V: PERFIL DA DOUTRINA BBLICA DA SALVAO . . . . . . 59 A Esperana Apocalptica de Glorificao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Unio com o Prprio Cristo . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

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O EVANGELHO ETERNO E A JUSTIFICAO PELA FEmbora este tema encontre sua base em Apocalipse 14, no pretende ser um estudo exegtico desta poro das Escrituras. Pelo contrrio, enfatiza a justificao pela f como a experincia essencial no preparo da Igreja para seu testemunho final no tempo do fim. "O Evangelho Eterno": O Concerto Eterno da Graa notvel que, antes que o anjo de Apocalipse 14:6 pronunciasse sua mensagem "Temei a Deus, e dai-lhe glria. ...", Joo escreve que este anjo proclama um "evangelho eterno. . . aos que habitam sobre a terra" (Apoc. 14:6). Tudo o que o anjo diz no versculo 7, Joo o resume antecipando-o no versculo 6 como "o evangelho eterno". Isto qualifica ao primeiro anjo como um anjo evanglico e, consequentemente, aos pregadores da Trplice Mensagem Anglica como essencialmente ministros do Evangelho. Por que razo as Escrituras caracterizam a mensagem do primeiro anjo, especificamente como um "evangelho eterno (ainion)"? A combinao de "evangelho" com "eterno" enfatiza a natureza permanente e divina do evangelho e seu incontestvel carter soberano (cf. ainions em Heb. 9:14; 13:20; I Tim. 2:10; 1 Pedro 5:10). Esta nfase parece sugerir que o evangelho divino seria ameaado por sua distoro ou falsificao nos ltimos dias. O perigo de qualquer mudana ou perverso do evangelho de Cristo visvel devido solene declarao de Paulo, que diz que qualquer que pregar um "evangelho" contrria ao que ele estava pregando, mesmo que este fosse um anjo do Cu ou um apstolo, seria "antema" porque este seria "outro evangelho" (Gl. 1:6,9). Porque razo Paulo foi to intolerante com respeito a qualquer desvio do seu evangelho da graa? Ele responde:"Mas fao-vos saber, irmos, que o evangelho que por mim foi anunciado no segundo os homens (no grego: de acordo com o homem)...

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 4 mas pela revelao de Jesus Cristo" (Gl. 1:11, 12). No tempo de Paulo, alguns pregadores zelosos pregavam "outro Jesus", "outro evangelho", transmitindo "outro esprito" (II Cor. 11:4). Na igreja apostlica falsos mestres j estavam introduzindo secretamente "heresias de perdio", as quais prometiam liberdade, porm transformavam em dissoluo a graa de nosso Deus, e negavam a Deus, nico dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo (II Ped. 2:1, 19; Jud. 4). O apstolo Paulo, aplicando as pregaes de Daniel acerca da grande apostasia e a abominao assoladora dentro da igreja de Deus, anuncia:"Porque eu sei isto, que, depois da minha partida, entraro no meio de vs lobos cruis, que no perdoaro ao rebanho. E que dentre vs mesmos se levantaro homens que falaro coisas perversas, para atrarem os discpulos aps si" (Atos 20:29, 30).

O primeiro ataque coerente ao evangelho apostlico veio da filosofia religiosa, a qual o perverteu ao fazer distino entre a corpo e o esprito, Cristo e Jesus, redeno e moralidade, lei e graa. A primeira carta de Joo contm um ataque definido e est distoro doctica do evangelho, defendendo a unidade essencial da redeno e a moral, da lei e do evangelho, como no exemplo de Cristo o Senhor (I Joo 2:1-6). Nesta perspectiva histrica, a nfase muito significativa na ltima advertncia da mensagem de Deus em relao ao "evangelho eterno". O evangelho do anjo de Apocalipse 14 oferece a restaurao completa e final do evangelho apostlico para preparar um povo para o dia do juzo e a gloriosa vinda de Cristo. Portanto, deveramos definir o termo "evangelho eterno" (utilizando o livro Questions on Doctrine) da seguinte maneira:"So as mesmas inalterveis e imutveis boas novas que Deus tem comunicado ao homem desde que o pecado entrou no mundo, embora percebidas atravs de diversas pocas com variados graus de clareza e nfase" (SDA's Answers Questions on Doctrine, 1957, p. 613).

Esta definio de "evangelho eterno" de Apocalipse 14 parece implicar especificamente no fato de que a igreja remanescente, que

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 5 particularmente a ltima gerao que estar preparada para o tempo anterior ao juzo e Segunda Vinda de Cristo, no ser salva por outro evangelho a no ser o de todas as geraes precedentes desde a queda de Ado. Portanto, no h outro evangelho diferente provido para a salvao dos 144.000, mencionados em Apoc. 14:1-5, os quais so os frutos visveis da Mensagem dos Trs Anjos. So vistos em p sobre o monte de Sio junto ao Cordeiro, tendo Seu nome e o nome do Pai escritos em suas testas para mostrar a quem pertencem. Eles tambm"seguem o Cordeiro por onde quer que vai e na sua boca no se achou engano; porque so irrepreensveis" (Apoc. 14:4,5). Este carter,

completamente santificado da ltima gerao de homens pecadores, ser o glorioso resultado da total restaurao do genuno evangelho apostlico e no de um super evangelho. Por conseguinte, cada coisa depende da correta compreenso e a experincia desta mensagem em sua plenitude. Isto requer, como revelado nos quatro evangelhos e nas cartas apostlicas, a considerao de toda a Bblia, particularmente do Antigo Testamento e o evangelho de Israel como se apresentou em seus divinos concertos, promessas e culto (cf. Rom. 9:4). Os apstolos testificam que "a ns foram pregadas as boas novas, como a eles (Israel antigo)" (Heb. 4:2), e que, embora os lideres Judeus tenham rejeitado a Jesus de Nazar como o Cristo da profecia, "em nenhum outro h salvao, porque tambm debaixo do cunenhum outro nome h, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4:12).

To logo entrou o pecado no mundo, Deus revelou um Salvador que definitivamente feriria a cabea da serpente, mas que primeiramente deveria sofrer nesta luta (Gn. 3:15; cf. DTN, 189, 190). O plano divino de salvao atravs de Cristo no foi, portanto, uma atitude posterior, mas preparado como o concerto eterno da graa de Deus antes da queda, antes mesmo da fundao do mundo, para restaurar o homem cado em sua justia e dignidade original (Efs. 1:4; I Pedro 1:20; Heb. 13:20; DTN, 17, 18, 758, 759, 797, 198; 7BC, 934). Portanto, em Jesus Cristo, a

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 6 graciosa escolha de Deus da raa humana pecadora, proveu a fonte e segurana para justificar o homem por meio d f no Substituto. Consequentemente, desde o incio a f no prometido Salvador expressa no derramamento de sangue do sacrifcio, foi a condio para receber o perdo e justificao vista de Deus (ver Heb. 11:4; 9:22). Tambm Abrao recebeu este concerto eterno como o evangelho da graa restauradora centralizada no Filho de Deus (Gn. 12:3; Gl.3:8; PP, 384, 385; 6BC, 1114). Como o Dr. E. Heppenstall tem observado em nossa Conferncia Bblica anterior: "A galxia dos santos do Antigo Testamento registrada em Hebreus 11 mostra que o homem foi salvo pela f desde o princpio" ("The Covenants and the Law", em Our Firm Foundation, vol. 1, 1953, p. 473). A verdade evanglica de que o concerto de Deus com os patriarcas, renovado a seguir com o antigo Israel, foi essencialmente um concerto de justificao pela graa e no um concerto de justificao pelas obras da lei, sendo redescoberto pela Reforma no sculo XVI. Joo Calvino, claramente explicou por meio das Escrituras que o concerto de Deus com Abrao, Moiss e os doze apstolos (a igreja) "realmente um e o mesmo", posto que todos "tiveram e conheceram a Cristo como Mediador" (Institutes of the Christian Religion (AD 1559), 11, 10, 2). No obstante, ningum apresentou a unidade dos concertos de Deus do Antigo Testamento e do Novo Testamento, centralizada no evangelho, de maneira profunda e completa, luz do concerto eterno da graa ode Deus, como o fez Ellen G. White no capitulo "A Lei e os Concertos ", em seu livro Patriarcas e Profetas (1890, 1913), pgs. 363-373). Suas concluses baseadas nas Escrituras esto resumidas nas seguintes citaes:"O concerto da graa foi feito primeiramente com o homem no den, quando, depois da queda, foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher feriria a cabea da serpente. A todos os homens este concerto oferecia perdo, e a graa auxiliadora de Deus para a futura obedincia mediante a f em Cristo. Prometia-lhes tambm vida eterna sob condio de

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fidelidade para com a lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperana da salvao." (PP, 370). "Cristo era o fundamento e centro do sistema sacrifical, tanto da era patriarcal como da judaica. . . . Ado, No, Abrao, Isaque, Jac e Moiss compreenderam o evangelho. Esperavam a salvao por meio do Substituto e Fiador do homem." (PP, 366). "A obra de Deus a mesma em todos os tempos, embora haja graus diversos de desenvolvimento e diferentes manifestaes de Seu poder, para satisfazerem as necessidades dos homens nas vrias pocas. . . . O Salvador tipificado nos ritos e cerimnias da lei judaica, precisamente o mesmo que se revela no evangelho. . . . O ensinador o mesmo em ambas as dispensaes. As reivindicaes de Deus so as mesmas. Os mesmos so os princpios de Seu governo. " (PP, 373).

Assim como Moiss e os profetas do Antigo Testamento caracterizaram o concerto da graa de Deus com Abrao e Israel como um "concerto eterno" (Gn.17:7; Jer.32:40; 50:5; Ezeq. 16:60; 37:26; Isa. 24:5; 55:3; 61:8) o qual foi marcado para sempre pela expiao de Cristo n cruz, parece ser justo identificar este concerto eterno basicamente com o "evangelho eterno" da ltima mensagem de graa e misericrdia gratuita de Deus de Apocalipse 14 (ver Heb. 13:20; 7BC, 934). Ellen G. White identifica tambm a Terceira Mensagem Anglica de Apocalipse 14 com o evangelho do apstolo Paulo no sentido mais completo, quando declara: "Quando este evangelho [de Paulo] forapresentado em sua plenitude aos judeus, muitos aceitaro a Cristo como o Messias" (AA, 380; cf. Ms. 87, 1907). Instando-nos "na proclamao final do Evangelho" a manifestar "particular interesse no povo judeu que se fala em todas as partes da terra" ela destaca especificamente a nica forma

eficaz para instruir aos judeus:"Ao verem o Cristo da dispensao evanglica retratado nas pginas das Escrituras do Antigo Testamento, e perceberem quo claramente o Novo Testamento explica o Antigo, suas adormecidas faculdades despertaro e eles reconhecero a Cristo como o Salvador do mundo. Muitos recebero a Cristo pela f como seu Redentor. . . . O Deus de Israel far que isto suceda em nossos dias." (AA, 381). (Para mais doze splicas

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 8 e promessas, ver Counsels for the Jews from the Writings of Ellen G. White; Lay Activities Leaflet, N 29, General Conference of Seventh-day Adventist, 1968). Inter-relao de Evangelho e Adorao O mensageiro anglico insta com todos os habitantes da Terra a adorarem a Deus como seu Criador no temor do Senhor, a fim de darLhe a glria que somente Ele merece (Apoc. 14:7). Quo importante considerar esta exortao para adorar o Criador no como algo adicional ao evangelho, mas como a verdadeira inteno e propsito do evangelho eterno. O evangelho libera o pecador da escravido do pecado a fim de deixa-lo livre para o servio e o louvor de seu Criador e Redentor. Esta a gloriosa mensagem da restaurao do homem sua perfeio original e de liberdade para adorar a Deus por meio do concerto da graa de Deus. O problema real na grande controvrsia entre Deus e Satans sempre tem sido quanto a quem ns adoramos. O Diabo sempre desejou veementemente ser adorado, a tal ponto de oferecer todos os reinos do mundo a Cristo se o Filho de Deus Se inclinasse e o adorasse (Mat. 4:9; Luc. 4:7). Mas Jesus, apelando santa vontade de Deus revelada nas Escrituras, respondeu: "Vai-te, Satans, porque est escrito: Ao Senhor teu Deus adorars, e s a ele servirs" (Mat. 4:10). A parte das Escrituras qual Jesus Se referiu, parece ser uma combinao de duas passagens de Moiss: "Ao Senhor teu Deus temers, e a ele servirs" (Deut. 6:13); e"Porque te no inclinars diante de outro deus; pois o nome do Senhor Zeloso, Deus zeloso ele" (xo. 34:14).

Estas passagens de Moiss e o apelo de Jesus para enfrentar a tentao de Satans levam-nos a focalizar especificamente a adorao como uma assunto decisiva vista de Deus e Satans. Portanto, a Mensagem do Terceiro Anjo encerra o conflito perene sobre a adorao

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 9 na histria da redeno, quando admoesta solenemente a cada indivduo contra a adorao da besta e a sua imagem (Apoc, 14:9). Tanto Deus como Satans consideraro este chamado e prova de adorao de ordem apocalptica-universal como algo de fundamental importncia e seriedade. Enquanto Satans procurar fazer a imagem falar e matar a todos os que no a adorem (Apoc. 13:5 .p.), Deus proclamar que todo aquele que "adora a besta, e a sua imagem" (Apoc. 14:9), receber irrevogavelmente o clice da ira "pura" de Deus que o tormento das sete ltimas pragas (Apoc.14:10, 11; 15:1, 7). Como ambos, Deus e Satans enviam Seus trs anjos ao mundo habitado, ningum poder permanecer neutro ou ignorar a hora final da deciso (Apoc. 16:13, 14; 14:6, 8). O mundo inteiro se volver para o monte Carmelo, cada um sendo convocado pelo Elias dos ltimos dias, para escolher ficar a favor ou contra o verdadeiro e vivente Deus de Israel (Mal. 4:5; I Reis 18:21). O destino eterno, portanto depende tanto da correta compreenso como da verdadeira resposta a uma adorao tal que seja aceitvel vista de Deus. A Adorao de Israel Uma Religio Revelada A fim de preservar a verdadeira adorao ao Criador e Redentor, Deus escolheu a Israel e o Monte Sio na antiga dispensao como um testemunho para as naes gentlicas: "Porque a minha casa ser chamada casa de orao para todos os povos" (Isa. 56:7 .p.). Isaas, o profeta evanglico, testifica que a salvao do Deus de Israel oferecida a todos os povos em seu templo: "Olhai para mim, e sereis salvos, vs, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e no h outro" (Isa. 45:22). Entretanto, a salvao de Israel e de "todos os termos da terra" no est baseada nos sentimentos do homem para consigo mesmo, para sua prpria felicidade, mas em primeiro lugar, em sua adorao ao nico "Deus justo e Salvador" (Isa. 45:21), como explica Isaas na passagem seguinte:

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"Por mim mesmo tenho jurado; saiu da minha boca a palavra de justia, e no tornar atrs: que diante de mim se dobrar todo o joelho, e por Tim jurara toda a lngua" (Isa. 45:23).

Consequentemente, na mensagem de Isaas, o evangelho e a adorao no so duas mensagens diferentes ou independentes, conectadas entre si, mas reveladas como uma unidade fundamental e indissolvel. O Salvador de Israel e do mundo espera uma adorao agradecida e leal. Evidentemente, no existe um evangelho que no nos leve adorao! O evangelho do Antigo Testamento teocntrico por excelncia e foi dado para restaurar a Deus no centro da vida e do louvor do homem."Ao Senhor teu Deus temers, a ele servirs, e a ele te chegars, e pelo seu nome jurars. Ele o teu louvor" (Deut. 10:20, 21 p.p.).

To centralizado era o louvor e gratido a Deus na adorao de Israel, que eles possuam um livro completo de 150 salmos para cantar no templo suas doxologias e splicas a seu bondoso e Santo Deus. O Santo de Israel, "o que habitas entre os louvores de Israel" (Sal. 22:3) no Se contentava at que todos os limites da terra se lembrassem e se convertessem ao Senhor, e todas as geraes das naes adorassem perante a Sua face (Sal. 22:27; 86:9). Cristo Condiciona a Adorao Revelao e o Novo Nascimento Cristo tambm viu a salvao (evangelho) e a adorao em ntima unio, quando disse mulher Samaritana: "Ns adoramos o que sabemos porque a salvao vem dos judeus" (Joo 4:22). Jesus fez a distino entre "adorao" e "salvao" indicando uma certa ordem de relao. Em harmonia com a ordem do captulo 45 de Isaas, as palavras de Jesus implicam no fato de que a verdadeira adorao est condicionada e motivada pela salvao. Enquanto a mulher de Samaria tinha problemas com as formas cerimoniais de adorao, fosse esta no templo ou no monte ou noutro templo ou monte o lugar correto de adorao (Joo

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 11 4:20), Jesus referiu-Se ao corao e a raiz da verdadeira adorao dizendo: "Mas a hora vem, e agora , em que os verdadeiros adoradoresadoraro o Pai em esprito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus Esprito, e importa que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade" (Joo 4:23, 24). Jesus quer significar que a

adorao aceitvel no deve ser somente uma adorao moralmente sincera e verdadeira do corao do adorador. Ele, especialmente, deseja expressar que o adorador somente pode se comunicar com o Cu se est na verdade e tem o Esprito de Deus, ambas as coisas que a divindade revelou ao homem, e particularmente a Israel. Ellen G. White faz um comentrio sobre estas importantes palavras de Jesus:"A religio que vem de Deus a nica que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, mister nascermos do divino Esprito. Isso purificar o corao e renovar a mente, dando-nos nova capacidade para conhecer e amar a Deus. Comunicar-nos- voluntria obedincia a todos os Seus reclamos. Esse o verdadeiro culto." (DTN, 189).

Para Cristo Jesus, a adorao de maneira contraditria e com um esprito em oposio revelao dada por Deus a Israel, conforme demonstrou mulher Samaritana, adorao "que no sabemos" (Joo 4:22). Certamente, o povo "escolhido" sabe que a adorao aceitvel a Deus e agradvel sua vista, no meramente porque conhece a revelao de Deus da verdadeira forma de adorao (atravs de Moiss e da ), mas tambm porque eles experimentaram a salvao a qual oferecida ao corao segundo o caminho ordenado por Deus. A criao prpria de adorao ou alguma forma inspirada em outra fonte que no seja o Deus de Israel no pode manter comunicao com o Cu ou oferecer salvao da escravido do pecado. A adorao matizada pelo temor, algumas vezes ainda tem dado lugar e alentado a idia de que a ira de Deus pode ser apaziguada e Sua aprovao pode ser obtida por meio de rituais e sacrifcios humanos.

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) Somente Dois Princpios de Adorao: Expiao pela Graa ou Justificao pelas Obras

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Com base na autoridade messinica de Jesus, de vital importncia para cada pessoa buscar a verdade revelada sobre a adorao a experimentar Seu Esprito salvador e santificador. Desde que Deus prometeu no Paraso a vinda de um Salvador (Gn. 3:15), a adorao foi ordenada a fim de expressar f no Salvador vindouro, em Sua expiao justa e substitutiva pelo derramamento de sangue do animal. Isto se tornou claro luz do testemunho no Novo Testamento quando testifica que na adorao de Israel "sem derramamento de sangue no h remisso" (Heb. 9:22 .p.). Para prevenir a falsa idia de confiar na existncia de alguma virtude expiatria prpria no sangue do animal, Deus explicou, atravs de Moiss, o seguinte: "Porque a vida da carne est no sangue. Eu vo-lotenho dado sobre o altar, para fazer expiao pela vossa alma, porquanto o sangue que far expiao em virtude da vida." (Lev. 17:11). Israel no

ofereceu o sangue sacrifical a Deus, mas o Senhor o deu a eles. Os adoradores de Israel aceitavam dessa maneira o sacrifcio e a mediao do Cordeiro provido por Deus, reconhecendo o justo clamor da Santa Lei de Deus a seus prprios pecados. As Escrituras, portanto, indicam que a diferena bsica entre o sacrifcio de Abel e o de Caim no foi a forma externa de adorao em si mesma (Gn. 4:3, 4), mas "pela f Abel ofereceu a Deus maior sacrifcio do que Caim" (Heb. 11:4). Que tipo de f era expressa na oferta de Abel? Hebreus 11:1 o indica: "Ora, a f o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se no vem". Esta definio pressupe uma promessa especial de salvao por meio da revelao divina e como a confiana na vinda do Salvador deveria ser expressa na adorao. Ellen G. White explica com maior clareza a experincia de Caim e Abel dizendo: "Estavam cientes da providncia tomada para a salvao dohomem, e compreendiam o sistema de ofertas que Deus ordenara. Sabiam

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que nessas ofertas deveriam exprimir f no Salvador a quem tais ofertas tipificavam". (PP, 71),

Consequentemente, a f no Salvador e a forma de adorao estavam inseparavelmente unidas na ordem de Deus. Primeiramente necessrio f nas promessas reveladas e a seguir obedincia forma ritual de adorao indicada por Deus para expressar verdadeira f na justia salvadora de Deus. Esta ordem clara em Gnesis 4: "E atentou oSENHOR para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta no atentou" (vs. 4, 5). Em primeiro lugar Deus olhou para o corao dos

adoradores, e depois olhou tambm para as suas ofertas, a fim de ver se correspondiam forma divinamente prescrita ou direo de uma adorao auto-criada, prpria. Sobre a adorao de Caim, a Sra. White escreveu:"Sua ddiva no exprimia arrependimento de pecado. . . . Preferiu a conduta de dependncia prpria. Viria com seus prprios mritos. No traria o cordeiro, nem misturaria seu sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu trabalho. Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovao divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifcio, prestou, porm, apenas uma obedincia parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluda." (PP, 72).

Com esta luz percebe-se claramente que a f salvadora e a forma de adorao so uma unidade inseparvel vista de Deus, sendo ambas um dom do Criador e Redentor. A aceitao da salvao provida em Cristo, exige uma obedincia completa para com a vontade revelada de Deus, renunciando toda dependncia de si mesmo e a justificao pelas obras. A nica adorao aceitvel a Deus a adorao que vem de Deus."Ningum pode servir a dois senhores; porque ou h de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotar a um e desprezar ao outro. No podeis servir a Deus e s riquezas." (Lucas 16:13). O princpio de uma anttese

fundamental e de uma arraigada intolerncia entre a verdadeira e a falsa adorao, dramaticamente representada em Caim e Abel, ilustrando o

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 14 problema real no grande conflito entre o bem e o mal, entre a f e a infidelidade, entre os verdadeiros e os falsos adoradores."Caim e Abel representam duas classes que existiro no mundo at o final do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifcio indicado para o pecado; a outra arrisca-se a confiar em seus prprios mritos; o sacrifcio desta destitudo da virtude da mediao divina, e assim no apto para levar o homem ao favor de Deus." (PP, 72 e 73).

A seriedade da obedincia sincera adorao revelada por Israel, surge notavelmente da lei mosaica onde cada intento de abandonar a lealdade a Jeov, o Deus de Israel, por um deus estranho, era considerado como alta traio e, portanto, castigado com a morte (ver Deut. 13). Deus requeria dedicao total e clamava por um culto de adorao exclusivo por parte de Israel. "No ters outros deuses diante de mim" (xo. 20:3). Por que? Porque somente Ele "te tirou do Egito, da casa da servido" (xo. 20:2; cf. Deut. 13:5, 10). Uma vez mais se torna claro que a redeno plena e livre, fundamenta e motiva a exclusiva splica de Deus com respeito adorao de Seu povo. Nenhum outro deus havia manifestado seu poder criador e redentor para com Israel como Jeov; consequentemente, nenhum outro deus tinha direito adorao de Israel. Qualquer compromisso religioso de Israel para com os cultos pagos significaria infidelidade e apostasia, ocasionando a maldio de Deus. Vozes de severa censura e repreenso foram levantadas por Deus atravs de Elias, Nat e Joo Batista, com mensagens que levavam o povo de Deus a uma decidida reforma e reavivamento para uma nova dedicao a Deus atravs de um genuno arrependimento. Enquanto a falsa religio, que o desconhecimento dos mandamentos de Deus, sempre ocasionou a perseguio aos verdadeiros adoradores, o amor e a compaixo para com os semelhantes foi o sinal distintivo daqueles que adoram a Deus em Esprito e em verdade (Os. 6:6; Tiago 1:27; I Joo 3:10-18). Aqui nos dada uma admirvel frmula para distinguir entre a verdadeira e a falsa religio (cf. BS, 37).

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 15 O profeta Isaas explicitamente combina uma dupla reforma em sua profecia do grande reavivamento que anunciara o glorioso Reino de Deus: A restaurao do santo Sbado de Jeov na adorao de Israel e a compaixo pela humanidade sofredora (Isa. 58). Esta predio com sua dimenso escatolgica, enfatiza completamente a unidade da adorao e do evangelho em ao. Alm disso, a carta de Tiago reala a necessidade de uma f que opera por amor (Tia. 2:14-17), a qual leva a Sra. White a declarar: "A unio da obra crist para o corpo e obra crist para a alma a verdadeira interpretao do evangelho" (BS, 32, 33).FUNDAMENTOS DO EVANGELHO APOSTLICO

Jesus Cristo, o Senhor Justia Nossa Quais so os fundamentos, os elementos constitutivos do evangelho apostlico e eterno? Em que sentido adoramos a Deus e Lhe oferecemos louvor e glria de acordo com a evangelho apostlico? Qual o meio de salvao do antigo concerto cumprido pelo povo, confirmado e continuado no novo concerto de Jesus Cristo com Seus discpulos? E em que sentido o culto de Israel interrompido e abolido pelo evangelho? Jesus de Nazar inaugurou em Si mesmo a mensagem do reino Messinico prometido no Antigo Testamento, e Seus sofrimentos como o Servo-Messias de Isaas 53 encontram seu cumprimento em Sua prpria vida e morte substitutiva."Ento, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura [Isa. 61:1-22] que acabais de ouvir." (Luc. 4:21). "Depois de Joo ter sido preso, foi Jesus para a Galilia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo est cumprido, e o reino de Deus est prximo; arrependei-vos e crede no evangelho." (Mar. 1:14, 15). ". . . E eis aqui est quem maior do que Jonas. . . . E eis aqui est quem maior do que Salomo." "aqui est quem maior que o templo."

(Mat. 12:41, 42, 6).

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"Que pensais vs do Cristo? De quem filho? . . . Se Davi [em Sal. 110:1], pois, lhe chama Senhor, como ele seu filho?" (Mat. 22:42, 45). "Ento, lhes disse: Isto o meu sangue, o sangue da nova aliana, derramado em favor de muitos." (Mar. 14:24; Mat. 26:28 "para remisso

dos pecados")."Ento, lhes disse Jesus: nscios e tardos de corao para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, no convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glria? E, comeando por Moiss, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras." (Luc. 24:25-27).

As primeiros confisses do credo da igreja crist primitiva como se encontra no Novo Testamento, testificam que f crist estava centralizada na f em Cristo. Jesus o Senhor (I Cor. 12:3; Rom. 10:9). Jesus o Cristo (I Joo 2:22). Jesus o Filho de Deus (Atos 8:37). Jesus Cristo veio em carne (I Joo 4:2). Embora o Antigo Testamento no apresente uma frmula uniforme da f crist, as diferentes frmulas de f mostram que o centro de gravidade a constante proclamao de que Jesus de Nazar o Cristo, o Messias prometido de Israel e que presentemente Ele est reinando como Senhor Soberano (Efs. 1:20-23). O apstolo Paulo distingue dois aspectos definidos do Senhor Jesus, os quais so os componentes do Filho de Deus. Ele declara que o Filho de Deus: a) descendeu da linhagem de Davi segundo a carne (kata sarka) Rom. 1:3; b) foi declarado Filho de Deus com poder, segundo o Esprito (kata pneuma) de santidade pela ressurreio dos mortos Rom. 1:4. Paulo reconhece que Cristo, como Filho de Deus, descendeu em carne humana e logo ascendeu com poder a Senhor, desde Sua

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 17 ressurreio. Em Fil. 2:6-11, Paulo explica de maneira mais ampla este progresso histrico e redentor na obra de Cristo, de reconciliar o mundo com o Pai. Nesta profunda descrio da preexistncia do Filho de Deus que "aniquilou-se a si mesmo" (v. 7)"Sua divindade ocultou-se na humanidade . . . Sua grandeza e majestade ocultas" (DTN, 23) que "humilhou-se a si mesmo, sendo

obediente at morte, e morte de cruz" (v. 8), Paulo revela como, atravs de Cristo, o carter de Deus revelado como um amor santo e abnegado. A misericrdia e a justia so ambas reivindicadas. Portanto, a obra redentora de Cristo tem implicaes csmicas. "Por meio da obra redentora de Cristo, o governo de Deus fica justificado." (DTN, 26). No de se maravilhar que Paulo culmine esta interpretao Cristolgica do Servo Justo com uma suplicante doxologia para com o Pai e o Filho."Pelo que tambm Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que est acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos cus, na terra e debaixo da terra, e toda lngua confesse que Jesus Cristo Senhor, para glria de Deus Pai." (Fil. 2:9-11).

Aqui se torna evidente que o grande objetivo do plano de salvao de Deus "Diante de mim se dobrar todo joelho, e jurar toda lngua." (Isa. 45:23 .p.) ser cumprido na exaltao de Jesus Cristo como o Senhor, "para glria de Deus Pai." (Fil. 2:11 .p.). Para o antigo Rabino que encontrava sua glria e justificao nas obras da lei, a salvao veio quando encontrou em Jesus sua nica justificao diante de Deus. O apstolo de Cristo, um homem com o corao transformado, confessou: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, seno na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl. 6:14 p.p.; I Cor. 2:2). O enfoque central da mensagem evanglica de Paulo a respeito da cruz de Cristo, como o cumprimento de Isa. 53, pode ser visto em suas resumidas palavras: "Aquele que no conheceu pecado, o fez pecado por ns; para que nele fssemos feitos justia de Deus" (II Cor. 2:21). Por meio de Seus sofrimentos e morte substitutiva, Jesus Cristo tornou-Se o "SENHOR, Justia nossa" (Jer. 23:6). Portanto, nossa

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 18 salvao j no mais expressa nas formas de culto da antiga lei cerimonial e a prefigurao do sangue do sacrifcio (Heb. 10:1, 5-10), mas no oferecimento de "sacrifcios espirituais agradveis a Deus por Jesus Cristo" (I Ped. 2:5 .p.); um "sacrifcio de louvor, isto , o fruto dos lbios que confessam o seu nome" (Heb. 13:15). O apstolo Paulo faz um resumo dizendo: "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesuse em teu corao creres que Deus o ressuscitou dos mortos, sers salvo"

(Rom. 10:9). Ellen G. White confirma esta passagem evanglica de plena salvao em Cristo quando declara: "A justia de Deus acha-se concretizada em Cristo. Recebemos a justia recebendo-O a Ele" (aplicao de Isa. 54:17; Jer.23:6)" (MDC, 23). O Cristo Indivisvel: A Unidade da Justificao e Santificao No somos chamados a nos concentrar sobre um estudo escolstico das duas naturezas de Cristo (a fim de determinar precisamente onde termina a natureza divina e onde inicia a natureza humana), mas a respeito da Pessoa vivente de Jesus Cristo e Seus benefcios para conosco. Recebemos a justificao recebendo-O a Ele (MDC, 23). De acordo com as Escrituras, a justificao de Deus possui dois aspectos inseparveis: O aspecto judicial e o de poder dinmico. Quo significativo o fato de que Paulo, que desenvolveu de forma to benfica a justia imputada de Deus por meio da f em Cristo, registrou tambm um dos mais extraordinrios hinos de amor j escritos I Corntios 13. Em sua mais veemente epstola contra o legalismo judaico (Glatas), Paulo, com firmeza, protege tambm poderosamente a unidade intrnseca de Cristo de f e amor por ns e em ns. Aos cristos da Galcia o apstolo afirma a verdade evanglica: "que o homem no justificado pelas obras da lei", mas somente "pela f em Jesus Cristo" (Gl. 2:16; com um apelo de Sal. 143:2). Embora, tendo declarado que a justificao vem pela f, sem as obras da lei, ele protege imediatamente esta verdade do conceito mal-entendido de uma mera

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 19 justificao extrnseca, explicando que na justificao seu "Eu" foi crucificado com Cristo. Portanto, "vivo, no mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gl. 2:20; Efs. 3:17). Outra vez, testificando que "separados estais de Cristo, vs os que vos justificais pela lei" (Gl. 5:4), o apstolo imediatamente explica que a f em Cristo no permanece s, mas ser "a f que opera por amor" (Gl. 5:6). Devemos, aqui, nos proteger contra a sntese medieval de "f" e "amor", a qual foi desmascarada pela Reforma como uma distoro escolstica do evangelho. A f era considerada como um mero assentimento intelectual voluntrio s doutrinas da igreja ou a fatos histricos da Bblia relativos redeno. Uma f assim, to intelectualizada, supunha ser complementada pelo princpio do amor e as boas obras, de tal modo que o amor era o que oferecia f sua substncia e contedo. Neste esquema romano, a "f" sozinha, obviamente, no suficiente para a justificao, santificao e redeno. Os reformadores rejeitaram, unanimemente, esta sntese medieval das duas etapas da f, a primeira sem amor, e a seguir uma segunda, plena de amor atravs da infuso d graa sacramental. Eles restauraram a natureza religiosa da f, como: O ceder voluntrio do corao ao poder de atrao do Esprito Santo por meio da pregao de Cristo; como a confiana sincera nas promessas de Deus, como a aceitao de Cristo (Rom. 10:17; Joo 6:44; 12:32). Em resumo, para eles, a " f " somente merecia ter esse nome se fosse uma f salvadora, uma f que unia o corao a Cristo (Rom. 10:9). Para os reformadores, a f sempre f em Cristo, o Cristo vivente das Escrituras e, portanto, as f sempre ativa em amor. As boas-novas de verdadeira obedincia fluem espontaneamente da f. Sem f, o amor estaria saturado de egosmo. A justificao e a santificao so apenas uma porque o homem no justificado pela f e obras (o amor acrescentado f), mas pela f que opera. Lutero oferece uma clssica apresentao da unidade da f e o

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 20 amor em seu sermo sobre "a evangelho dos dez leprosos" no ano de 1521:"Agora, a f e o amor so a essncia total de um homem cristo, como tenho dito freqentemente. A f recebe, o amor d. A f leva o homem a Deus, o amor leva Deus ao homem. Por meio da f, a homem pode fazer o bem perante Deus, por amor ele faz o bem perante o homem. O homem cr, recebe todas as coisas de Deus e abenoado e enriquecido. Portanto, ele no necessita de nada no futuro; ao contrrio, qualquer que seja sua maneira de viver ou atuar, o que ele faz para o bem-estar e prosperidade de seus semelhantes, o faz por amor, como Deus tem feito por ele mediante a f. Deste modo, ele recebe bens de cima por meio da f e oferece o bem sobre a terra mediante o amor" (ver especialmente a negligncia de Lutero

em Treatise on Good Works of 1520 [Selected Writing of Martin Luther. Ed. T. G. Tappert. Philadelphia: Fortress Press, 1967. vol. I, pp. 97-196]). Calvino tambm enfatizou que a f que salva une a alma com Cristo e Sua graa. Se Cristo permanecesse fora de ns, estaramos separados dEle e "tudo o que Ele sofreu e fez pela salvao da raa humana seria intile sem valor para ns. Portanto, para compartilhar conosco o que Ele receber do Pai, necessita ser nosso e habitar em ns" (Institutes of the

Christian Religion, III, I, 1. "Library of Christian Classics", vol. XX, p. 537. Philadelphia: The Westminster Press, 1964, fourth printing). Por conseguinte Calvino diz:". . . ns no sonhamos nem com uma f desprovida de boas obras nem tampouco com uma justificao sem elas. . . Por que, ento, somos justificados pela f? Porque por meio da f alcanamos a justia de Cristo, pela qual somos reconciliados com Deus. Entretanto, no alcanaramos isto sem obtermos ao mesmo tempo a santificao. 'O qual para ns foi feito por Deus sabedoria, e justia, e santificao, e redeno' [I Cor. 1:30]. Portanto, Cristo no justifica a quem ao mesmo tempo no santifica. Estes benefcios esto unidos por um vnculo eterno e indissolvel, de tal modo que aqueles a quem Ele ilumina com Sua sabedoria, tambm redime; aos que Ele redime, justifica; aos que justifica, santifica. "Sendo que o problema se relaciona somente com justificao e santificao, situemo-nos sobre isto. Embora possamos distingui-los, Cristo mantm a ambos inseparveis em si mesmo. Desejamos, ns, obter

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santificao em Cristo? Necessitamos, ento, primeiramente ter a Cristo, mas no podemos t-Lo sem ser participantes de Sua santificao, pois Ele no pode ser dividido em partes [I Cor. 1:13]. Ento, desde que unicamente tendo a Cristo em ns que recebemos estes benefcios para desfrut-los, Ele nos outorga a ambos ao mesmo tempo, nunca um sem o outro. Consequentemente, podemos claramente ver quo verdadeiro o fato de que no somos justificados sem as obras, tampouco por meio destas, pois ao ter parte com Cristo, o qual nos justifica, somos to santificados como justificados" (Institutes, III, 16, 1)

Ellen G. White, em harmonia com Lutero e Calvino, descreveu a f salvadora como a confiante segurana na expiao do sacrifcio do Filho de Deus e a experincia crescente do corao no poder salvador de Cristo."O pecador s pode ser justificado mediante a f no sacrifcio expiatrio feito pela amado Filho de Deus, que Se tornou um sacrifcio pelos pecados do mundo culpado. Ningum pode ser justificado por quaisquer obras prprias. S pode ser liberto da culpa do pecado, da condenao da lei, da pena da transgresso, pela virtude do sofrimento, morte e ressurreio de Cristo. A f a condio nica de obter a justificao, e a f abrange no s a crena mas tambm a confiana. "Muitos possuem uma f nominal em Cristo, mas nada sabem da vital confiana nEle, a qual se apropria dos mritos de um Salvador crucificado e ressurreto. Dessa f nominal diz Tiago: 'Tu crs que h um s Deus; fazes bem. Tambm os demnios o crem, e estremecem. Mas, homem vo, queres tu saber que a f sem as obras morta?' S. Tia. 2: 19 e 20. Muitos concordam que Jesus Cristo seja o Salvador do mundo, mas ao mesmo tempo se conservam afastados dEle, e deixam de arrepender-se de seus pecados, e de aceitar a Jesus como seu Salvador pessoal. Sua f apenas o assentimento da mente e do juzo verdade; mas esta no introduzida no corao, para santificar a alma e transformar o carter. . . "O chamado e a justificao no so a mesma coisa. O chamado o atrair do pecador para Cristo, e a operao do Esprito Santo no corao, convencendo do pecado e convidando ao arrependimento. "Muitos se acham confundidos quanto ao que constitui os primeiros passos na obra da salvao. O arrependimento considerado uma obra que o pecador deve realizar por si mesmo, a fim de poder chegar a Cristo.

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Pensam que o pecador deve por si mesmo conseguir a habilitao para obter a bno da graa de Deus. Mas, conquanto seja verdade que o arrependimento deve preceder o perdo, pois unicamente o corao quebrantado e contrito que aceitvel a Deus, o pecador no pode produzir em si o arrependimento, ou preparar-se para ir a Cristo. A menos que o pecador se arrependa, no pode ele ser perdoado. . . . "Homem algum pode de si mesmo arrepender-se, tornando-se digno da bno da justificao. O Senhor Jesus est constantemente procurando impressionar o esprito do pecador e atra-lo a fim de que O contemple, como Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. No podemos dar um passo rumo da vida espiritual, a no ser que Jesus atraia e fortalea a alma, e nos leve a experimentar aquele arrependimento do qual no h arrepender-se. "A f que para salvao no uma f casual, no o mero assentimento do intelecto, a crena arraigada no corao, que abraa a Cristo como Salvador pessoal, com a certeza de que Ele pode salvar perfeitamente aos que por Ele se chegam a Deus. Crer que Ele salve a outros, mas no vos salvar a vs, no f genuna; mas quando a alma se apoia em Cristo como a nica esperana de salvao, ento se manifesta f genuna. Esta f leva seu possuidor a colocar em Cristo todas as afeies da alma; seu entendimento fica sob o controle do Esprito Santo, e seu carter moldado segundo a semelhana divina. Sua f no uma f morta mas sim que opera por amor, e o leva a contemplar a formosura de Cristo, e a tornarse semelhante ao carter divino. . . . " Deus quem circuncida o corao. Toda obra do Senhor, de princpio ao fim. Pode dizer o pecador, a perecer: 'Sou um pecador perdido; mas Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Diz Ele: Eu no vim chamar os justos, mas sim os pecadores. S. Mar. 2:17. Sou pecador, e Ele morreu na cruz do Calvrio para me salvar. Ele morreu e ressurgiu para minha justificao, e me salvar agora. Aceito o perdo que prometeu." "Devemos crer com o corao para justia, e com a boca fazer confisso para salvao. Os que so justificados pela f, confessaro a Cristo. 'Quem ouve a Minha palavra, e cr nAquele que Me enviou, tem a vida eterna, e no entrar em condenao, mas passou da morte para a vida'. S. Joo 5:24." (ME, 1, 389-392).

Existem dois erros que ameaam nossa compreenso da relao bblica entre a justificao e a santificao. Um deles a separao das

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 23 duas, o qual ilegitimamente vai alm da distino que Paulo faz das mesmas. O outro a identificao total das duas, de tal maneira que uma delas absorvida pela outra. Joo Wesley, por meio da interpretao de "vestido nupcial" na parbola de Mat. 22:12, exps a diferena bblica entre justificao e santificao, da qual surgiu, em 1790, um cristo aptico e indiferente."No est a expresso 'justificao dos santos', indicando na parbola o que 'vestido nupcial?' a 'santidade, sem a qual ningum ver o Senhor'. A justia de Cristo indubitavelmente necessria para que qualquer alma possa entrar na glria. Mas, alm disso, h uma santidade pessoal para cada ser humano. fundamentalmente necessria observar que ambas so indispensveis em diferentes aspectos. A primeira necessria para habilitar-nos para o Cu; a segunda qualifica-nos para o Cu. Sem a justia de Cristo no podemos pretender a glria: sem a santidade no teramos aptido para isso. Atravs da primeira tornamo-nos parte de Cristo, filhos de Deus e herdeiros do Reino Celeste. Mediante a segunda 'somos participantes da herana dos santos em luz'." (The Works of the Rev. John

Wesley, A.M, vol. VII, London, 1831, p. 314). Ellen G. White tambm estabeleceu diferena entre a justificao e santificao, embora tenha vinculado ambas numa unidade inseparvel:" meu sincero desejo, quanto aos nossos jovens, que eles encontrem o verdadeiro sentido da justificao pela f, e da perfeio do carter que os preparar para a vida eterna" (MJ, 289). "O que est sendo santificado pela verdade, exercer domnio prprio e seguir os passos de Cristo at que a graa se perca na glria. imputada a justia pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados, comunicada. A primeira nosso ttulo para o Cu; a segunda, nossa adaptao para ele". (MJ, 35).

A fim de entender a unidade orgnica de uma total e diria justificao e de uma diria e progressiva santificao precisamos compreender que a unidade desta experincia religiosa tem sua origem no companheirismo e na adorao de um Deus pessoal. Somente quando o corao entregue diariamente a Cristo, de forma pessoal, ser possvel superar a obedincia legalstica para com a lei. Quanto mais

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 24 unida estiver a alma com Cristo e com Este crucificado, maior ser a percepo do horror de sua prpria indignidade e pecaminosidade inerente. Os progressos da santificao, portanto, sero caracterizados por um profundo arrependimento e falta de confiana em si mesmo, em cada vitria sobre o pecado. Em vez de sentir-se gradualmente mais santa, a alma que contempla a Cristo diariamente, sentir cada vez mais a sua incapacidade."Coisa alguma aparentemente mais desamparada, e na realidade mais invencvel, do que a alma que sente o seu nada, e confia inteiramente nos mritos do Salvador" (CBV, 182; cf. TN, 361). semelhana de

Pedro, que confiava em si mesmo (ver Nat. 26:33), o crente necessita a dolorosa mas necessria poda do Podador Celestial. Necessitamos ser salvos de ns mesmos, a fim de que o fruto do Esprito Santo possa ser cultivado: "caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, f, mansido, temperana ... E os que so de Cristo crucificaram a carne com as suas paixes e concupiscncias" (Gl. 5:22-24). Somente quando escolhemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, inicia realmente em ns a batalha contra o eu (ver Gl. 5:17; Rom. 7:14-25; 8:13-23). O velho homem pode ser considerado legalmente morto por meio da f, crucificado com o corpo histrico de Cristo na cruz (II Cor. 5:14 .p.; Rom. 6:11; Gl. 2:20), mas na realidade prtica o velho homem ainda est vivo (na cruz). Somos instados a sujeitar o velho homem, o homem natural ao poder do Senhor (Efs. 6:10). Devido a indicativa redeno da cruz de Cristo podemos obedecer imperativa redeno. "No reine portanto o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscncias" (Rom. 6:12; considerar o "portanto"; ver alm Col.3:3,S). Nem todos travam exatamente a mesma batalha no aperfeioamento do carter cristo."Enquanto alguns so continuamente hostilizados, afligidos e encontram-se em problemas por causa de seus desventurados traos de carter, tendo que lutar com o inimigo interior e a corrupo de sua natureza, outros no precisam combater nem a metade de tudo isso" (Testimonies,

vol. II, pgs. 74, 75).

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 25 Mas, nossa unio com Cristo e nossa vitria sobre o pecado o que proporciona o sentimento pessoal de perfeio moral, de estado de impecabilidade inerente? A Esperana Apocalptica de Justificao: Uma Proteo contra o Perfeccionismo Existe na escatologia Paulina uma perspectiva de vitria sobre o pecado na vida dos crentes cristos atravs do derramamento do Esprito Santo, de modo que a batalha contra o "eu" (de Gl. 5 e Rom. 7) seja gradualmente coisa do passado e todos os impulsos pecaminosos extinguidos? Vislumbra Paulo este progresso de etapas sucessivas de Rom. 7 e 8 na vida religiosa do crente santificado: Uma fase de sentimentos de "desventura" e frustrao (Rom. 7), e a seguir a fase da alegria pela libertao do pecado ("pecado original") no corpo (Rom. 8)? Ou, por acaso, o livro de Apocalipse descreve a igreja triunfante que precede a Segunda Vinda de Cristo como os 144.000? Mas, em que sentido? Possuiro eles, em virtude da Chuva Serdia do Esprito Santo uma santidade inerente, a qual, entretanto, no foi acessvel aos apstolos e igreja apostlica? As respostas a estas perguntas dependem da verdadeira apreciao da conscincia de pecado em Moiss, os Salmos, os profetas, Jesus e o apstolo Paulo, como tambm do conhecimento de conflito bsico entre Roma e a Reforma com respeito ao "pecado original" nos crentes batizados; conflito este que permaneceu no Protestantismo motivado por uma histrica conversao entre Wesley e Zinzendorf em 1741 (ver LaRondelle, Perfection and Perfectionism, Vol. III, A.U. Monographs, 1971, pp. 319f.). M. R. Cannon declara corretamente: "O que poderia surgir como umadiferena superficial, manifestada na rejeio dos reformadores em expressar que o homem inerentemente justo neste mundo, contra a insistncia de Wesley de que ele justo, realmente de fundamental

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 26 importncia" (The Theology of Wesley). Para Wesley, propriamente dito, nada era pecado, com exceo do pecado consciente, "transgresso voluntria de uma lei conhecida". Ao defender esta defeituosa doutrina sobre o pecado, Wesley afirma que aqueles que agora so perfeitos em amor no sentem mais a pecaminosidade, um conceito que eficazmente criticado como inadequado at por alguns eruditos metodistas, tais como R. N. Flew H. E. Sangster (ver E. H. H. Vick, "John Wesley's Teaching Concerning Perfection", AUSS IV (1966), 201-2l7; para um extensivo comentrio ver Perfection and Perfectionism, pp. 309-324. Ellen G. White oferece-nos ao mesmo tempo um conceito de crescimento da conscincia pecaminosa no processo ascendente da santificao (ver CC, cap. 3 que fala sobre o "Arrependimento") e do crescimento da perfeio do carter cristo."Toda a verdadeira obedincia vem do corao. Deste procedia tambm a de Cristo. E se consentirmos, Ele por tal forma Se identificar com os nossos pensamentos e ideais, dirigir nosso corao e esprito em tanta conformidade com o Seu querer, que, obedecendo-Lhe, no estaremos seno seguindo nossos prprios impulsos. A vontade, refinada, santificada, encontrar seu mais elevado deleite em fazer o Seu servio. Quando conhecermos a Deus como nos dado o privilgio de O conhecer, nossa vida ser de contnua obedincia. Mediante o apreo do carter de Cristo, por meio da comunho com Deus, o pecado se nos tornar aborrecvel. "

(DTN, 668)."A perfeio de carter do cristo alcanada quando o impulso de auxiliar e abenoar a outros brotar constantemente do ntimo quando a luz do Cu encher o corao e for revelada no semblante" (PJ, 384).

Ellen G. White no diz que de um perfeito carter cristo os bons impulsos brotam "naturalmente" de dentro, mas sim que brotam "constantemente" de dentro. Ela, mais adiante, explica que um impulso de amor e simpatia, mesmo nos selvagens, mostrou a atuao da graa de Cristo em seus coraes.

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) (PJ, 385).

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"O Esprito Santo implantou a graa de Cristo no corao do selvagem, despertando nele a simpatia contrria sua natureza e sua educao" "Cristo a fonte de todo bom impulso" (CC, 26). "Nossos impulsos e paixes tm no corpo sua sede" (MJ, 235). "Existe entre a mente e o corpo misteriosa e admirvel relao" (TS, Vol. 1, 415). "No podeis dominar os pensamentos, os impulsos, as afeies. . . No podeis mudar vosso corao, no podeis por vs mesmos consagrar a Deus as suas afeies; mas podeis escolher servi-Lo. Podeis dar-Lhe a vossa vontade; Ele ento operar em vs o querer e o efetuar, segundo o Seu beneplcito. Deste modo toda a vossa natureza ser levada sob o domnio do Esprito de Cristo; vossas afeies centralizar-se-o nEle; vossos pensamentos estaro em harmonia com Ele" (CC, 47, 48). "No h um impulso de nossa natureza, nem uma faculdade do esprito ou inclinao do corao, que no necessite achar-se a todo o instante sob a direo do Esprito de Deus." (PP, 421).

O cristo, ainda que o mais privilegiado, nunca pode caminhar um nico momento sozinho e permanecer em p, mas "deve andar semprehumildemente perante o Senhor, rogando pela f que Deus lhe dirija todo o pensamento e domine todo impulso" (PP, 421). Ellen G. White adverte-nos sobre a realidade existente nos mortais, "um poder inerente em si mesmos para realizar grandes e boas obras" (Testimonies, Vol. I, 294; cf. 6BC,

1070). Nunca, nesta vida, os filhos de Deus recebero "carne santa" ou a perfeio da carne, embora possam obter coraes santos mediante o sangue expiatrio de Cristo (cf. ME, Livro Dois, 32)."No podemos dizer: 'sou imaculado', enquanto este corpo vil no for mudado e transformado semelhana de Seu glorioso corpo" (EGW, em

ST, Maro 23, 1888). O apstolo Paulo falando aos cristos que possuam a testemunho interior do Esprito Santo de que "so filhos de Deus" (Rom. 8:14-16), indica ao mesmo tempo que os cristos agora so salvos em esperana.". . . ns, que temos as primcias do Esprito, igualmente gememos em nosso ntimo, aguardando a adoo de filhos, a redeno do nosso corpo.

Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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Porque na esperana fomos salvos. Ora, a esperana que se v no esperana; pois o que algum v, como o espera?" (Rom. 8:23, 24). "Porque ns, pelo Esprito, aguardamos a esperana da justia" (Gl. 5:5).

Estas duas passagens das Escrituras sobre uma futura redeno e justificao apocalptica, atuam como uma proteo contra o erro do perfeccionismo que mantm a idia de que agora mesmo a conscientizao de pecado deve ser apagada da mente dos verdadeiros crentes, que a justificao ou a perfeio pode ser sentida. Aos que estavam angustiados pela conscientizao de sua natureza pecaminosa, Lutero diz o seguinte:"Irmo, voc quer ter uma conscincia de justificao; isto , voc deseja ser consciente da justificao da mesma forma em que consciente do pecado. Isto no suceder. Mas sua justificao precisa transcender sua conscientizao de pecado e voc precisa confiar de que justo vista de Deus. Isto significa que sua justificao no visvel e no consciente; mas esperada como algo que ser revelado no tempo oportuno. Portanto, no precisa julgar com base em sua conscincia sobre o pecado, o qual o aterroriza e lhe causa dificuldades, mas com base nas promessas e ensinos da f, por meio das quais lhe prometido Cristo como sua perfeita e eterna justificao" (Luther's Works. St. Louis: Concord Publishing House, Vol.

27, p. 21). O Esprito de Profecia oferece tambm a confortante segurana de que no o conhecimento de nossa santificao o que fundamenta e d certeza de nossa salvao, mas a conhecimento da justificao pela f:"No devemos estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam de ns, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto. Vs sois aceitos no Amado" (ME, Livro 2, 32, 33).

O apstolo Paulo culmina sua passagem apocalptica sobre a ressurreio do corpo da morte, registrada em I Cor. 15, com a revelao do mistrio que somente no momento final, ante a ltima trombeta (v. 52), ambos, a morte e o pecado dos santos sero absorvidos pela vitria (vs. 54-56). Ao chegar ao clmax, sua concluso clara: "Ora o aguilho da morte o pecado, e a fora do pecado a lei" (v. 56). Em outras palavras: at a Segunda Vinda de Cristo os crentes precisam reconhecer

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 29 a Santa Lei de Deus e, atravs de sua atividade espiritual (ver Rom. 7:14), a poderosa realidade de pecado em seus corpos, em sua carne e sangue, isto , neles mesmos (cf. I Cor. 15:51, "seremos transformados"). Mesmo que o recado no tenha mais domnio dos pensamentos, palavras e atos dos cristo, a existncia do pecado como o poder que induz morte no ser aniquilado em vitria antes que o "corpo fsico" (psychikon) seja transformado em um "corpo espiritual" (pneumatikon) (I Cor. 15:44). Por conseguinte, a lei espiritual de Deus ainda vigora sobre os cristos! Por isso, no se aplica totalmente a referncia de Rom. 7:14-25 luta moral do homem irregenerado antes de ser cristo. O cristo enfrenta uma feroz batalha, a qual mais do que uma luta entre a razo e as paixes: Ele enfrenta uma batalha religiosa contra sua "carne" como a totalidade de sua natureza antiga (o eu em suas manifestaes mais espirituais). Esta real batalha tambm apresentada em Rom. 8:13, 23 ("gememos em nosso ntimo"), e continuar at o dia da glorificao (Rom. 8:23). A confisso do apstolo Paulo "miservel homem que eu sou", expressada ao mesmo tempo com gratido a Deus e atravs de Jesus Cristo pela promessa de liberdade, converte-se em uma permanente e diria confisso dos santos redimidos na presena de seu Deus (ver a aplicao de Rom. 7:18 por E. G. White em AA, 561; 2ME, 32; PJ, 161). Consequentemente, a liberdade mencionada em Rom. 7:25 no encontra seu cumprimento final no renascimento dos cristos, mas estende-se mais alm, cumprindo-se plena e fundamentalmente na Segunda Vinda de Cristo, como deduzimos de Rom. 8:23. (Para um estudo comparativo de Rom. 7:14-25 e Rom. 8:1-13, ver Perfection and Perfectionism, pp. 211-227). Neste contexto, a epstola de I Joo ainda mais significativa. Mantendo perante a igreja o privilgio e dever de viver sem cometer pecado pelo poder protetor de Cristo (I Joo 3:9; 5:18), o apstolo Joo adverte ao mesmo tempo aos cristos a no se julgar sem pecado para

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 30 no enganar-se a si mesmos (I Joo 1:8, 10). Resguardando-se contra o engano gnstico da doutrina de que "uma vez salvos, salvos para sempre", Joo adverte aos crentes de que ainda que eles estejam certos de que"somos filhos de Deus, e ainda no se manifestou o que haveremos de ser. . ."

(I Joo 3:2). A responsabilidade dos cristos permanecer nEle diariamente pelo que amor que leva obedincia aos mandamentos de Deus (I Joo 2:4-6), para que "quando ele se manifestar, tenhamos confiana, e no sejamos confundidos por ele na sua vinda" (I Joo 3:2, ERC) Tal esperana apocalptica, santificar a conduta presente. "E qualquer que nele tem est esperana purifica-se si mesmo, como tambm ele puro" (I Joo 3:3).A RESTAURAO FINAL DA VERDADEIRA ADORAO

A Restaurao do Evangelho Eterno em sua Plenitude Os trs anjos com sua trplice mensagem a um mundo em rebelio, cumprem nos ltimos dias a mesma funo que cumpriu Elias quando Deus o enviou para levar o mundo a tomar uma deciso final a favor ou contra a adorao revelada do Criador (ver Mal. 4:5; cf. 4BC, 1184). Joo Batista foi o cumprimento indicado do Elias prometido por Malaquias, instando nao israelita a retornar ao temor do Senhor ante a evidncia da aparente iminncia do Messias. Sua mensagem foi a veemente mensagem dos profetas da antigidade, os quais chamaram Israel ao arrependimento e a fazer um real concerto espiritual de companheirismo com Deus ou a punio do castigo de Deus cairia sobre eles. Ams proclamou ao Israel de seu tempo, aparentemente religioso, no entanto apstata:"Portanto, assim te farei, Israel! E porque isto te farei, prepara-te, Israel, para te encontrares com o teu Deus" (Ams 4:12).

Elias tambm chamou o Israel apstata ao arrependimento e ao retorno verdadeira adorao de Jeov. Seu apelo final constitui-se o

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 31 momento decisivo para aqueles que se haviam reunido no Monte Carmelo:"At quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor Deus, segui-O; e se Baal, segui-O" (I Reis 18:21).

Todos os que recusaram o arrependimento ante o apelo de Elias e diante da inconfundvel e evidente aprovao divina, foram executados li Reis 18:40; cf. PR, 153, 154). Aqueles que volveram seus coraes e sua adorao ao Deus de Israel receberam as abundantes chuvas das postergadas bnos do Cu (I Reis 18:45). A mensagem de Elias continha dois elementos essenciais: a) A restaurao da verdadeira adorao a Deus ("E reparou o altar do Senhor, que estava quebrado", I Reis 18:30 .p.); b) O retorno dos coraes e vidas para seguir os mandamentos do SENHOR (ver I Reis 18:18, 37). Estas caractersticas da reforma de Elias se encontravam nos escritos de Moiss como elementos indispensveis da verdadeira adorao a Deus sobre o qual eles seriam provados (Deut. 13:1-5; 18:9-14)."Aps o Senhor vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis" (Deut. 13:4). "Perfeito sers, como o Senhor teu Deus" (Deut. 18:13).

Joo Batista reviveu a espiritualidade e a verdade da adorao de Israel a Deus "pregando o batismo de arrependimento, para o perdo dos pecados" (Luc. 3:3), e indicando a Jesus como "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Joo 1:29). O apstolo Joo, assim, ofereceu a seu povo, o conhecimento de salvao pelo arrependimento de seus pecados. Alm disso, exaltou o concerto da Santa Lei quando reprovou o pecado de Herodes ao ignorar o stimo mandamento (Luc. 3:19; cf. PE, 154). Joo Batista foi decapitado por proclamar intrepidamente, sem temor, o santo clamor de Deus sobre Seu povo. Sua mensagem foi uma unidade poderosa de lei e evangelho. Ele foi escolhido por Deus no momento oportuno como um cumprimento do anjo do concerto de Mal.

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 32 3:1, que iria diante do Senhor "no esprito e poder de Elias . . . e habilitar para o Senhor um povo preparado" (Luc. 1:17). A mensagem de Elias era de preparo a fim de poder se encontrar com o Senhor Jesus em Sua primeira vinda. A pregao de Mal. 4:5, 6 entretanto relacionou o envio do Elias como Dia do Juzo Final (cf. Mal. 4:1-3). Uma repetio da mensagem de preparo apresentada por Joo numa escala global a fim de preparar o mundo inteiro para o encontro com seu Criador ou enfrentar a Juzo final, est, portanto, includa na profecia de Mal. 4:5, 6. O livro de Apocalipse revela com evidente clareza a gradual apario de uma trplice mensagem de advertncia, a qual sintetizar o evangelho e o concerto eternos no contexto definida e nico dos ltimos dias. Ellen G. White enfaticamente testificou (oito vezes) que a igreja remanescente o Elias do tempo do fim, devendo, portanto, proclamar principalmente a mesma mensagem de restaurao pregada por Elias e Joo Batista."Joo viera no esprito e virtude de Elias, para proclamar o primeiro advento de Jesus. Representava os que sairiam no esprito e virtude de Elias, para pronunciar o dia da ira, e o segundo advento de Jesus" (PE,

155)."Neste Tempo de apostasia quase universal, Deus chama a Seus mensageiros para proclamar Sua lei no esprito e poder de Elias. Como Joo Batista ao preparar o povo para a primeira vinda de Cristo, chamou a ateno para os Dez Mandamentos, ns tambm devemos dar um sonido certo mensagem: "Temei Deus e dai-lhe glria; porque vinda a hora do seu juzo'. Devemos esforar-nos a fim de preparar o caminho para a Segunda Vinda de Cristo com o entusiasmo que caracterizou o profeta Elias e Joo Batista" (SH, Maro 21, 1905; 4BC, 1184). "Hoje, como nos dias de Elias, a linha de demarcao entre o povo que guarda os mandamentos de Deus e os adoradores de falsos deuses est claramente definida" (PR, 187, 188; ver 254, 715, 716).

Em meio confuso e enganos satnicos dos ltimos dias, a trplice mensagem de Elias enviada "no momento oportuno" (Testimonies, vol. V, 254), apresentar com grande poder as verdades que decidiro o destino

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 33 das almas. Os Trs Anjos, mediante seus apelos, transformaro o mundo inteiro num grande Monte Carmelo."Caiu, caiu Babilnia, aquela grande cidade . . . Sai dela, povo meu, para que no sejas participante dos seus pecados, e para que no incorras nas suas pragas; porque j os seus pecados se acumularam at ao cu, e Deus se lembrou das iniqidades dela" (Apoc. 14:8; 18:4, 5).

Ellen G. White expressa claramente o que isto significa, da seguinte maneira:"Entre as leis de homens e os preceitos de Jeov, travar-se a maior batalha de controvrsia entre a verdade e o erro. Nesta batalha estamos agora entrando no uma batalha entre igrejas rivais lutando pela supremacia, mas entre a religio da Bblia e as religies de fbulas e tradio" (PR, 625).

O grande conflito est centralizado na verdadeira e falsa adorao, sobre a obedincia aos mandamentos revelados de Deus ou aos mandamentos do homem, mas fundamentalmente ser uma prova de f em Cristo Jesus."Aqui est a perseverana dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a f em Jesus" (Apoc. 14:12).

A lei e o evangelho se uniro na plenitude do evangelho eterno. A Restaurao do Sbado como um Sinal da Justificao pela F A grande mensagem de Reforma de Isaas 58 encontrar seu glorioso cumprimento com o estabelecimento da moderna apostasia de "Gnesis". F.D. Nichol assim o declarou:"O Movimento adventista o nico corpo religioso com uma mensagem que desafia diretamente a heresia-chave de nossos dias a teoria da evoluo e convida a todos os que desejam sair de Babilnia, deixar a apostasia, a aceitar o verdadeiro sinal de lealdade e fidelidade para com o Deus vivo, o Criador" (Answers to Objections, F. D. Nichol, Review and

Herald Publishing. Association, 1952, p. 709). Corretamente compreendido e praticado no evangelho, o sbado no meramente um problema de dia correto de adorao, mas um

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 34 assunto de crena ou descrena em Cristo, como o Criador e Redentor, conforme revelado desde Gnesis 1 at Apocalipse 22."Todas as grandes verdades das Escrituras centralizam-se em Cristo; devidamente compreendidas, todas levam a Ele. Seja Cristo apresentado como o Alfa e o mega, o princpio e o fim do grande plano da redeno"

(Ev., 485). Somente quando a Sbado do Quarto Mandamento for apresentado como o sinal do poder criador de Cristo bem como da graa salvadora, ser aprova final de salvao para o homem. Quando Cristo apresentado no Sbado, ambos se elevam ou decaem juntos. A questo Domingo-Sbado pode, ento, ser desmascarada como um sinal de dicotomia entre o Criador e o Redentor, o smbolo de um dualismo gnstico entre um elevado Deus Redentor e um inferior Deus Criador. O Sbado manifesta-se como a inquebrantvel unidade de trabalho de Deus na Criao e na Redeno (xo. 31:12-17). O Criador o Salvador e utiliza todo o Seu poder criativo para a salvao do homem. O Sbado, portanto, eleva-se como sacramento do poder salvador e santificador de Cristo, entrando no repouso de sua graa (Heb. 4:3; cf. Ezeq. 20:12, 20). Para os que conhecem a Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal, e deleitam-se na lei de Deus, o Sbado ser novamente restaurado como o Selo incontestvel da justificao e santificao, realizadas unicamente pela atuao de Deus como sinal da justificao pela f. A observao de E. Heppenstall profundamente verdadeira:"O mandamento do Sbado, mais do que qualquer outro, expressa a unidade entre a lei e o evangelho. Significa o repouso da obra de Deus completada na alma, o repouso da justificao pela f. Ao longo da histria de Israel o Sbado do stimo dia constituiu a prova da obra do Esprito por meio do concerto eterno" (Our Firm Foundation, vol. I, p. 489).

O profeta Isaas apresenta o Sbado como um sinnimo e resumo do concerto de salvao de Deus (vs. 4, 6), indicando-o como o smbolo universal da unidade de adorao e orao de todos os povos (vs. 7, 8). Somente aqueles que deixam suas obras de pecado e justificao prpria podem entrar no descanso sabtico ( ) do

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 35 descanso de Deus (Heb. 4:9,10). Mas este repouso da graa est inseparavelmente ligado com as bnos e a santificao ou santidade do "stimo dia" "porque nele descansou de toda sua obra, que Deus criara e fizera" (Gn. 2:3). Os 144.000 Frutos da Chuva Serdia A profecia da mensagem dos Trs Anjos no somente uma predio do evangelho restaurado em sua plenitude, mas tambm uma promessa de restaurao total do poder do evangelho de salvao. A primeira seo de Apocalipse 14 apresenta os gloriosos frutos (vs. 1-5) da ltima mensagem da verdade de Deus (vs. 6-12): os 144.000 selados (cf. Apoc. 7:4) em p junto ao Cordeiro sobre o Monte de Sio. A viso mostra o povo remanescente com a terminologia e a linguagem figurada do Velho Testamento. Por conseguinte, no deveramos nos perguntar se os 144.000 significam um nmero literal (cf. "Que nenhum homem procure numerar Israel hoje" PR, 189) mas, qual o significado teolgico do nmero dos 144.000 das doze tribos de Israel? Os 144.000 israelitas de Apocalipse 7 e 14 no so uma reproduo de Judeus Cristos sobre uma montanha do Oriente Mdio. Sendo Cristo a Norma decisiva para a definio de todos os termos teolgicos, os 144.000 apresentam-se como cristos na crise final e no perodo de prova, os quais so o cumprimento de todas as profecias apocalpticas do Velho Testamento do fiel Israel remanescente (cf. Joel 2:32; Dan. ll:44; 12:1; Sof. 3:11-13; etc.). Eles pertencem ao Pai e ao Filho (cujos nomes esto escritos em suas testas, 14:1). Eles cantam "um cntico novo" mostrando a grande experincia de salvao, expresso da angstia de Jac e do tempo das sete ltimas pragas. Eles saram de Babilnia (as igrejas apstatas) com o corao e a alma ("virgens"; cf. Apoc. 17:5; II Cor. 11:2), "comoprimcias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca no se achou engano; porque so irrepreensveis diante do trono de Deus" (Apoc. 14:4, 5).

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 36 Com a designao "primcias" (aparch) indicar-se-ia aqui a qualidade de carter do verdadeiro Israel, do povo do concerto fiel. Eles resistiram a prova final de lealdade, enfrentando a mea de morte (Apoc. 13:15-17; 15:2). Eles so selados com o especfico selo apocalptico da proteo de Deus, porque eles esto "irrepreensveis", em perfeita harmonia com Deus e Seu concerto. Eles andaram com Deus e seguiram o Cordeiro sobre a Terra em todos os aspectos, conforme Enoque o fez. Eles foram trasladados sem ver norte (Apoc. 14:14-16). importante o ponto de Vista de Ellen G. White relacionando tipologicamente Enoque e os 144.000:"O carter piedoso deste profeta representa o estado de santidade que deve ser alcanado por aqueles que ho de ser comprados da Terra (Apoc. 14:3), por ocasio do segundo advento de Cristo. . . . Mas, como Enoque, o povo de Deus procurar pureza de corao, e conformidade com Sua vontade, at que reflitam a semelhana de Cristo. Como Enoque, advertiro o mundo da segunda vinda do Senhor . . . Assim como Enoque foi trasladado para o Cu antes da destruio do mundo pela gua, assim os justos vivos sero trasladados da Terra antes da destruio desta pelo fogo."

(PP, 88, 89). necessrio enfatizar, entretanto, que a santidade de Enoque era justificao pela f."Pela f, Enoque foi trasladado para no ver a morte; no foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladao, obteve testemunho de haver agradado a Deus" (Heb. 11:5).

Citando este texto, Ellen G. White diz:"Deus nos est chamando para uma comunho tal. Semelhante de Enoque deve ser a santidade de carter dos que sero redimidos dentre os homens por ocasio da segunda vinda do Senhor" (Testimonies, Vol. VIII, pg. 331).

Para uma santidade semelhante de Deus tm sido chamados todos os santos, tanto do Velho como do Novo Testamento (Lev. 11:44; I Ped. 1:15,16). Pureza de corao e uma conduta irrepreensvel tem sido sempre a condio do companheirismo com Deus (Sal. 15; 24:4; 73:1; Mat. 5:8), mas ao mesmo tempo tem sido reconhecido que o

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 37 arrependimento um dom do perdo e da graa protetora de Deus (Sal. 51:lD; Atos 15:9)."Bem-aventurado aquele cuja transgresso perdoada, e cujo pecado coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor no imputa maldade, e em cujo esprito no h engano" (Sal. 32:1,2). "Quem h que possa discernir as prprias faltas? Absolve-me das que me so ocultas. Tambm da soberba guarda o teu servo, que ela no me domine; ento, serei irrepreensvel e ficarei livre de grande transgresso."

(Sal. 19:12, 13). Jesus reconhecia tal santidade de alma em Natanael: "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem no h dolo" (Joo 1:47). Como "seguidores do Cordeiro" os 144.000 so considerados verdadeiros israelitas, por serem redimidos da escravido do pecado (Joo 8:33-44; cf. 5BC, 911), em cujo esprito no h engano e nem mentira em sua boca. A perfeio de seu carter (Tiago 3:2) no se deve a nenhuma virtude inerente, mas unio espiritual com o Salvador, o Senhor de Israel, como as varas na Videira (cf. Sof. 3:12, 13)."Pela f nEle como Salvador pessoal, forma-se esta unio. O pecador une a sua fraqueza fora de Cristo, seu vazio plenitude dEle, sua fragilidade perdurvel resistncia do Salvador. Assim ele possui a mente de Cristo." (DTN, 675).

A todos os discpulos que nEle confiassem, Cristo prometeu-lhes"uma srie de ininterruptas vitrias, que aqui no pareceriam s-lo, mas reconhecidas como tais no grande porvir" (DTN, 679). Os 144.000 revelam

a justificao de Cristo, a qual sobre eles e neles em sua total vitria sobre a "besta e a sua imagem" (Apoc, 15:2). No somente lavaram os vestidos do seu carter e "os branquearam no sangue do Cordeiro" (Apoc. 7:-14; I Ped. 1:19; cf. CS, 629), mas tambm receberam o derramamento do Esprito de Deus e a Chuva Tempor e Serdia (Joel 2:23, 28-32). O profeta Ezequiel revelou que o dom do Esprito de Deus limparia e criaria um corao novo dentro de uma perfeita obedincia para com a santa lei de Deus (Ezeq. 36:26, 27). Ainda assim, prometido um propsito mais elevado na purificao do povo do concerto.

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"No por amor de vs que eu fao isto, casa de Israel, mas pelo meu santo nome, . . . Vindicarei a santidade do meu grande nome. . . as naes sabero que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha santidade perante elas." (Ezeq. 36:22, 23).

Embora este propsito divino esteja sendo cumprido no verdadeiro Israel desde o Dia do Pentecostes em Atos 2, e em todos os fiis seguidores de Cristo atravs de todas as pocas, o ltimo livro da Bblia evidencia o auge de seu cumprimento no especifico grupo dos 144.000. Em que sentido , ento, este grupo especial nico em relao com os anteriores Israelitas vitoriosos? T. H. Jemison, em sua experincia "The Companions of the Lamb", em Our Firm Foundation, V. II (1953), pp. 405-424, apresenta onze surpreendentes experincias pelas quais o povo remanescente passar e que se assemelharo s que o Salvador experimentou na Terra, reveladas pelo Esprito de Profecia (pgs. 411-417)."Passo a passo, prova aps prova, esforo aps esforo, a experincia do remanescente semelhante do Salvador. Eles tm sido provados como Ele o foi e tm vencido como Ele venceu. Sero exaltados como Ele foi exaltado e sero seus seguidores especiais por toda a eternidade" (Ibid.,

416). Seu conhecimento experimental da profundidade do sacrifcio e sofrimento de Cristo a razo da intimo companheirismo cm o Redentor."De todas as geraes dos homens, os 144.000 tm participado mais plenamente do companheirismo com Cristo em Seus sofrimentos. Somente eles tm avaliado o que significa enfrentar a irrefrevel ira do maligno. Somente eles tm se sentido sem um Mediador ante o trono de Deus, sabendo que uma imperfeio de carter, um pecado, os excluiria da entrada ao reino. Sob estas circunstncias tm eles dado a demonstrao final da validade e vindicado a lei e o carter de Deus" (Ibid., 416).

Nisto baseia-se a singular experincia dos 144.000, no no fato de que eles so inerentemente santos ou moralmente mais perfeitos do que os outros santos ("Esto inteiramente cnscios da pecaminosidade de suas vidas, vem sua fraqueza e indignidade" GC, 588), mas em que eles

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 39 perseveraram unicamente pela f para honrar o santo nome de Deus ante a tentao e sofrimentos sem precedentes. Mas, como podemos, em tempos de prosperidade, avaliar realmente o que pode sobrevir unicamente como resultado de uma experincia pessoal de sofrimento com Cristo? No , ento, difcil de compreender a seguinte citao de Ellen G. White se no sofremos com Cristo?"E de todos os dons que o Cu pode conceder aos homens, a participao com Cristo em Seus sofrimentos o mais importante depsito e a mais elevada honra." (DTN, 225).

Nossa responsabilidade, hoje, consiste em no ser negligentes no preparo necessrio para receber a Chuva Serdia, porque este refrigrio habilitar-nos- para viver vista de um Deus Santo durante o tempo de prova e na luta do Dia do Senhor (PE, 71). A Chuva Serdia, acessvel desde o Pentecostes com a manifestao do Esprito de Cristo, tem vindo "no com energia modificada, mas na plenitude do divino poder" (DTN, 671) a fim de purificar o corao e para fazer do crente um participante da natureza divina (II Ped, 1:4; Efs. 3:19; 5:18), "para vencer toda tendnciahereditria e cultivada para o mal, e gravar Seu prprio carter em Sua igreja" (DTN, 671). A Chuva Tempor do Esprito Santo " concedida segundo as riquezas da graa de Cristo, e Ele est pronto a suprir toda alma segundo sua capacidade para receber" (DTN, 672).

nosso dever e privilgio dirio ser batizados com o Esprito Santo, o qual constantemente "oferecido em infinita plenitude" (AA, 50)."A Chuva Serdia [do Esprito Santo] no desenvolver a semente at perfeio, se a Chuva Tempor no fizer seu trabalho" (TN, 506). Esperar

que o poder da Chuva Serdia supra as falhas contnuas do crescimento do carter "erro terrvel" (TN, 507)."A no ser que nos estejamos desenvolvendo diariamente na exemplificao das ativas virtudes crists, no reconheceremos as manifestaes do Esprito Santo na chuva serdia. Pode ser que ela esteja

Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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sendo derramada nos coraes ao nosso redor, mas ns no a discerniremos nem a receberemos" (TM, 507). "Vi que ningum poderia participar do 'refrigrio' a menos que obtivesse a vitria sobre toda tentao, orgulho, egosmo, amor ao mundo, e sobre toda m palavra e ao" (PE, 71). "Minha mensagem que nossa nica segurana estarmos prontos para o refrigrio celeste, tendo nossas lmpadas preparadas e ardendo"

(ME, I, pg. 192), O Propsito da Mensagem a Laodicia Esta mensagem tem o propsito de despertar a Igreja de Laodicia a fim de que veja sua real condio de apostasia, alcance um fervoroso arrependimento e habilite-se para a recepo da Chuva Serdia de Cristo como a Testemunha Verdadeira que envia um testemunho direto a Seu povo atravs de Apoc. 3:14-22 (ver TS, Vol. 1, 64, 65). Revela uma idolatria de justia prpria e uma miservel nudez, mas encerra com o apelo para dominar "seus pecaminosos traos no subjugados" (Apoc, 3:21; cf. TS, Vol. I, pg. 65), Cristo aconselha Seu povo a comprar dEle ao preo de abandonar sua vontade prpria "ouro provado no fogo", "vestidos brancos, para que te vistas" e "que unjas os teus olhos com colrio, para que vejas" (Apoc. 3:18). Cristo oferece-nos Sua justia imputada e comunicada em toda sua plenitude. Cair diariamente sobre a Rocha em abnegao, lutar com Deus como Jac junto ao Jaboque, ocultar-se no Homem do Calvrio, obedecer todos os Seus mandamentos, somente pela f, e demonstrar amor a todos, isto ser nossa justificao."Os que satisfazem em todos os pontos e resistem a toda prova, e vencem, seja qual for o preo, atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira, e recebero a chuva serdia, estando assim aptos para a trasladao" (TS, Vol. I, p. 65).

A Chuva Serdia dada atravs do Forte Clamor, como o poder para testificar sobre a suficincia total da justia de Cristo. Portanto,

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 41 nossa mensagem no uma mensagem negativa nem tampouco originalmente uma voz de advertncia e condenao. Ellen G. White insta-nos, dizendo:"Cristo deve ser pregado, no em forma de controvrsia mas de maneira afirmativa . . . Exaltai-O, ao Homem do Calvrio, cada vez mais alto. H poder na exaltao da cruz de Cristo" (Ev, 187). "A mensagem do terceiro anjo deve ser apresentada como a nica esperana de salvao de um mundo que perece" (Ev., 195, 196).

* ** *

Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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O SIGNIFICADO DECISIVO DA CRUZ"AJOELHADO ANTE A CRUZ, O PECADOR ALCANA A POSIO MAIS ELEVADA A QUE A HUMANIDADE PODE CHEGAR"

A confisso comum de f da cristandade ocidental, o to conhecido credo Apostlico, declara: "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador doCu e da Terra; e em Jesus Cristo, Seu nico Filho, nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Esprito Santo; nascido da Virgem Maria; padeceu sob Pncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu tumba e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu aos Cus e est sentado direita de Deus o Pai Todo-Poderoso, de onde h de vir a julgar os vivos e os mortos" (Creeds of the Churches, L. Leith, ed. Garden City, N.Y.:

Doubleday & Company, Inc. 1963, p. 24).Sobre esta confisso da Trindade, a qual remonta ao segundo sculo DC., os cristos Adventistas do Stimo Dia podem sinceramente dizer: "Amm!"

No devemos olvidar o significado decisivo da cruz de Cristo, o ministrio do sofrimento de Jesus. A igreja primitiva procurou confessar alm dos meros fatos histricos sobre os sofrimentos e a morte de Jesus. Por trs desta doutrina histrica est a profunda confisso de que f que, na agonizante morte de Jesus: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (II Cor. 5:19). Este evento sobrenatural no foi evidente percepo da viso natural. Foi visto atravs dos olhos da f e apoiado unicamente na interpretao da cruz de Cristo por Seus apstolos, aps a ressurreio de Jesus. O Novo Testamento registrou que, quando Joo Batista viu que Jesus vinha para ser batizado, anunciou: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Joo 1:29). possvel que haja dvidas de que Joo tenha aplicada a profecia do sofrimento do servo de Isaas 53 a Jesus de Nazar: "O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de ns todos . . . como um cordeiro foi levado ao matadouro" (Isa. 53:6, 7). O nico significado de Isaas 53 enfatizado na histria do Etope, ministro das finanas, que estava lendo o rolo de Isaas enquanto viajava

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 43 em seu carro de Jerusalm para Gaza. Quando Felipe ouviu que lia Isaas 53:7, 8, perguntou: "Entendes tu o que ls"?"E respondendo o eunuco a Felipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Ento Felipe, abrindo a sua boca, e comeando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus" (Atos 8:34, 35).

A primeira compreenso crist de Isaas 53 foi expressa numa aplicao cristolgica. Jesus de Nazar era o Servo do Senhor, enviado com a divina misso de sofrer e morrer substitutivamente por Israel e pelas naes do mundo. Cristo sofreu em nosso lugar, por nossa causa, levando sobre Si nossa culpa e castigo. "Para que, pela graa de Deus, provasse a morte por todos" (Heb. 2:9 .p.). Sempre que uma pessoa morre, isto acontece devido o seu pecado, mas Cristo morreu "pela graa de Deus". Sua morte um benefcio para ns. Cristo no morreu simplesmente como um mrtir por seus ideais. Ao contrrio, o Novo Testamento diz que Cristo deu Sua vida voluntariamente como um sacrifcio. "Ningum a tira de mim; pelo contrrio, eu espontaneamente a dou" (Joo 10:18). Jesus esperava completar Sua misso com uma morte violenta, mas esta no seria o resultado inevitvel de Seu ministrio mas o verdadeiro propsito de Sua divina misso. Ao morrer, Ele cumpriria um propsito divino. Predisse, portanto, enfaticamente a aproximao de Seu fim em Jerusalm em termos da mais elevada "necessidade". Anunciou Ele trs vezes a Seus discpulos que "importava que o Filho do homem . . . fosse morto, mas que depois de trs dias ressuscitaria" (Mar. 8:31, cf. 9:31; 10:33, 34). Quando Pedro se ops rendio de Cristo nas mos dos sacerdotes e escribas, dizendo: "Senhor, tem compaixo de ti; de modo nenhum te acontecer isso" (Mat. 16:22), Jesus respondeu com as duras palavras: "Para trs de mim, Satans, que me serves de escndalo; porqueno compreendes as coisas que so de Deus, mas s as que so dos homens" (Mat. 16:23).

Enquanto muitos profetas foram mortos como conseqncia de sua pregao a respeito dos juzos de Deus sobre um Israel apstata, Isaas

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 44 predisse a chegada do Servo nico de Jeov que seria enviado para ajudar Israel, tomando seu lugar no juzo de Deus. A misso de Jesus de ir a Jerusalm a fim de morrer voluntariamente, pode ser corretamente compreendida unicamente se percebermos que Jesus divisou toda a Sua vida e misso luz de Isaas 53. Ellen G. White sintetiza a misso de Jesus: "Toda a Sua vida foi um prefcio de Sua morte na cruz" (FEC, 382). O Sentido do Propsito Divino Trs passagens especficas de Cristo mostram claramente Sua concepo a respeito do propsito divino. Pouco antes de Jesus ser preso, Pedro assegurou-Lhe que estava pronto para acompanh-Lo no somente priso, mas norte (Luc. 22:33). Diante disso, Jesus respondeu:"Porque vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo que est escrito: E com os malfeitores foi contado [citao de Isa. 53:12]; porque o que est escrito de mim ter cumprimento" (Luc. 22:37). Esta resposta

prova indiscutivelmente que Jesus estava convicto de que Ele havia sido enviado para cumprir a misso da Servo do Senhor, predito em Isaas 53. Este senso de misso motivou todas as Suas aes. Ele sabia que seria "desprezado, e o mais indigno entre os homens" (Isa. 53:3; cf. Mar. 9:12; 8:31). Mais explcitas ainda foram as palavras que Cristo expressou a respeito do significado de Sua vida: "Porque o Filho do homem tambmno veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mar, 10:45; cf. Mat. 20:28). Esta avaliao prpria nos leva ao

ponto de partida com respeito ao Servo do Senhor, pronunciada palavra por palavra, por Isaas. A idia de "resgate" tomada do requerimento legal do Antigo Testamento, de acordo com o qual, em certos casos se podia legalmente pagar o resgate de sua prpria pessoa com dinheiro (xo. 21:30; cf. Nm. 35:31). Citando o fato de renunciar esta vida como um "resgate para muitos", Jesus expressou o conceito de que Sua morte significaria a

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 45 salvao para outras pessoas. Outros se tornariam livres ou seriam salvos pela Sua morte, pois Ele morreria em seu lugar. A expresso literal, original no grego, : "um resgate em lugar de (anti, Mar. 10:45) muitos". Esta declarao de resgate , provavelmente, a expresso mais clara do conceito de satisfao de Deus, apresentada tambm em diferentes formas em outras passagens do Novo Testamento (I Tim. 2:6; Tito 2:14; [Grego]; I Ped, 1:18, 19; 1 Cor. 6:20; 7:23; Gl. 3:13; 4:5). A morte redentora de Cristo somente adquire seu pleno significado bblico se Ele Se coloca a Si mesmo em nosso lugar sob o juzo de Deus, satisfazendo e penalidade divina por nossa culpa perante Deus. Finalmente, Cristo manifestou a expresso mais clara do significado de Sua morte, em Suas palavras ao instituir a Ceia do Senhor: "E,enquanto comiam, Jesus tomou o po, e, abenoando-o, o partiu, e o deu aos discpulos, e disse: Tomai, comei, isto o meu corpo. E, torrando o clice, e dando graas. deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos; porque isto o meu sangue do Novo Testamento, que derramado por muitos, para remisso dos pecados" (Mat. 26:26-28).

Neste quadro da pscoa judaica; Jesus expe a entrega de Seu corpo e Seu sangue como o sacrifcio expiatrio por excelncia como a substituio do sacrifcio pascoal do antigo concerto e os meios de salvao de novo concerto para muitos. Ele colocou Sua vida em lugar da de Seus discpulos como um sacrifcio expiatrio para perdo dos pecados deles. Jesus, dessa maneira, harmonizou a promessa de Isaas 53 (o sacrifcio substitutivo em favor de muitos) com a de Jeremias 31 (o novo concerto com o perdo dos pecados). Poderia algum imaginar uma evidncia mais autntica e direta do significado redentor da morte de Jesus do que a prpria instituio da Ceia do Senhor realizada pelo prprio Cristo? Neste sacramento, o prprio Cristo concentrou toda a Sua mensagem evanglica em Sua morte expiatria. No testemunho final de Cristo o Seu anelo foi de que os olhos da igreja crist se fixassem para

Doutrina da Salvao (Justificao pela F) 46 sempre na cruz, onde Ele havia derramado sua alma at a morte por nossos pecados. Quo verdadeiras so, ento, as concluses de Ellen G. White:"Sem, a cruz, o homem no teria conexo com o Pai. Nisto baseia-se todas as nossas esperanas. . . Quando o pecador alcana a cruz e olha para Aqueles que morreu para salv-lo, pode regozijar-se plenamente porque seus pecados foram perdoados. Ajoelhado ante a cruz, o pecador alcana a posio mais elevada a que a humanidade por chegar" (Review and

Herald, Abril 29, 1902).

Doutrina da Salvao (Justificao pela F)

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A EFICCIA DA CRUZ"A VIRTUDE REDENTORA DA CRUZ NO EST BASEADA NUM RACIOCNIO FILOSFICO OU LGICO, MAS EXCLUSIVAMENTE NA PROMESSA DA PALAVRA DE CRISTO"

A cruz de Cristo no se explica por si mesma. Aceitar o fato de que o sofrimento de Crist