Eclesiastes - Joel Leitão de Melo

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As lições contidas no livro de Eclesiastes passamdespercebidas à maioria dos crentes, principalmente

 porque é um registro da frustração do autor, Salomão.E essa característica parece destoar dos outros livros

que fazem parte das Escrituras.Mas a mesma frustração motivou uma profundasabedoria, resultando na discussão de temas essenciaisda nossa existência: o sentido da vida, a administraçãodo mundo, a sabedoria e a loucura, o despotismo e a

 benevolência, o trabalho e os prazeres. Neste comentário versículo por versículo, você poderáfinalmente compreender a mensagem de Eclesiastes eaplicar à sua vida as lições desse livro que nos parecetão obscuro, mas que é cristalino em sua conclusão:“Temer a Deus e guardar os seus mandamentos,este é o dever de todo homem”.

 Autor Ministro do Evangelho, durante 52 anos pastoreouigrejas no Nordeste e no Estado do Rio de Janeiro. Eautor dos livros Sombras, tipos e mistérios da Bíblia eConheça os tesouros da saraiva.

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JOEL LEITÃO DE MELO

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Todos os direitos reservados. Copyright© 1999 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

Copidesque: Alexandre Coelho

Revisão: Gláucia VicterCapa: Eduardo Souza

223.8 - EclesiastesMELe Melo, Joel Leitão de

Eclesiastes Versículo por Versículo.../Joel

Leitão de Melo

Ia ed. —Rio de Janeiro: Casa Publicadora dasAssembléias de Deus

p. 96. cm. 14x21

ISBN 85-263-0203-5

1. Comentário Bíblico 2. Eclesiastes

CDD223.8 - Eclesiastes

________ :------------ --------------- —   -----------------------

Casa Publicadora das Assembléias de Deus

Caixa Postal 331

20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

6a impressão Abril 2013 - Tiragem 1.000

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PREFÁCIO....................................................................................

INTRODUÇÃO.................................................................... 9

ECLESIASTES EM RELAÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO 11

A POESIA NA LITERATURA HEBRAICA................................15

PECULIARIDADES DO LIVRO DE ECLESIASTES.................17

O AUTOR SALOMÃO........................................................... 21

TESTEMUNHO DOS RABINOS SOBRE A AUTORIA  DE 

SALOMÃO.......................................................................... 25

OS ERROS DE SALOMÃO........................................ 27

PALAVRAS E FRASES SALIENTADAS EM ECLESIASTES .... 29

TEMPO PARA TODO PROPÓSITO DEBAIXO DO CÉU .... 33

LÓGICA PALINDRÔMICA NO ECLESIASTES....................35

ESBOÇO DO LIVRO............................................................. ...

COMENTÁRIO...................................................................... 4 lBIBLIOGRAFIA...................... Qe

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A minha esposa Ruth, aos filhos Airton e Cláudio, aos netos,noras e sobrinhos.

Aos crentes que desejam conhecer a Palavra de Deus.

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enti uma grande emoção ao receber o convite para prefaciar um livro do provecto ministro de Deus,reverendo Joel Leitão de Mello. Que honroso

 privilégio e enorme responsabilidade!Fui seu aluno no Seminário Teológico

Congregacional do Rio de Janeiro, em Pedra de

Guaratiba. Professor simples, amigo, homem deDeus. Na sua enorme bagagem cultural, umvastíssimo conhecimento do Antigo Testamento,cujas aulas ministrava com amor e dedicação.

Os seus livros, como o de agora,  Eclesiastes Versículo por Versículo,  têm uma peculiaridade

inigualável. São verdadeiros best-sellers quanto aoseu enfoque. A maioria dos comentários bíblicosexplica o que já sabemos e se omite sobre o quenão entendemos. Os livros do reverendo Joel Leitãode Melo são diferentes. Conhecedor profundo dasSagradas Escrituras, trata justamente dos assuntos

mais complexos e, por isso, não encontrados namaioria dos comentários bíblicos.

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 Eclesiastes Versículo por Versículo vem preencher uma enormelacuna encontrada na literatura exegética e responder aos anseios

dos que amam a Palavra de Deus e buscam conhecê-la ainda mais.A relação de Eclesiastes com o Antigo Testamento, a sua poesia,

a vida de Salomão, o significado de uma gama de palavras queSalomão usa, o estudo das formas palindrômicas e o comentárioverso a verso são bênçãos encontradas neste livro.

O leitor diligente, que já leu Conheça os Tesouros da Saraiva, 

vai conhecer agora “os tesouros” de Eclesiastes. Vai enriquecer asua biblioteca, aumentar os seus conhecimentos bíblicos edesvendar o que parecia mistério na elucidação das preciosas einspirativas informações do seu douto autor.

Foi gratificante ler os originais do inesquecível mestre paraescrever este prefácio simples, porém sincero. Só Deus poderá

retribuir-lhe a humildade de oferecer tão grande honra a um ex-aluno.

Rogo a Deus que continue abençoando a vida do queridomestre e que  Eclesiastes Versículo por Versículo  possa serinstrumento de edificação para o povo de Deus.

Daniel Gonçalves Lima Pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Venda das Pedras, RJ, e ex-presidente da Junta Geral da União das Igrejas 

 Evangélicas Congregacionais do Brasil 

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livro de Eclesiastes encerra muitos ensinamentosque passam despercebidos pelos crentes em geral.

Alguém pode achar difícil entender esse livro.O autor apresenta uma experiência de frustraçãoque parece não estar de acordo com as outras

 partes das Escrituras Sagradas.A mensagem de Eclesiastes mostra que a vida

sem o temor de Deus termina em desespero porque “tudo é vaidade”.

O dever de todos é buscar a Deus, antes quevenham os maus dias (12.1). Porque, quando o

corpo voltar ao pó da terra (12.7), o espírito irá aDeus que o deu.

E Deus há de trazer a juízo todas as obras doshomens, sejam boas, sejam más (12.14).

Quando Jesus Cristo pronunciou a parábolado semeador, falou de quatro qualidades de terreno

onde caiu a semente. A cena da semeadura era fato bem conhecido dos discípulos, mas o sentido

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espiritual eles não entendiam. Em particular, pediram a Jesus queexplicasse a parábola. Antes de atender ao pedido, Jesus disse: “A

vós é dado saber os mistérios do Reino de Deus” (Mc 4.10,11).Os que buscaram a Jesus ficaram sabendo o efeito da palavra

de Deus nos corações dos vários ouvintes. Os outros só ouviram a parábola e nada aproveitaram.

Quem não compreende as lições de Eclesiastes, faça comoaqueles discípulos: peça sabedoria a Deus, que a todos dá

liberalmente (Tg 1.15).O Espírito Santo está conosco para nos ensinar todas as coisas

(Jo 14.26) e consolar os ansiosos e frustrados.Pensando em ajudar os que desejam conhecer melhor as lições

de Eclesiastes, lançamos este pequeno comentário, esperando queseja proveitoso para cada leitor.

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E c l e s i a s t e s e m R e l a ç ã o  

a o A n tif io J è s ta m e n to

s livros do Antigo Testamento estão divididos deacordo com os assuntos e o estilo em: Lei, Históriae Profecia.

Os históricos apresentam o amor de Deus no passado, os da Lei, o amor de Deus no presente, eos proféticos, o amor de Deus no futuro.

Além desses três estilos, estão incluídos oscinco livros poéticos chamados: Jó, Salmos,Provérbios, Eclesiastes e Cantares.

Os livros poéticos se ocupam mais com olouvor e a adoração a Deus. De um modo maiscompleto, são louvores o livro de Salmos e o deCantares, que é uma alegoria do amor de JesusCristo. Provérbios tem um pouco, Jó alguns

 pensamentos e Eclesiastes também alguma coisade louvor a Deus.

O Eclesiastes não é todo em verso, por isso os judeus não o consideram poético. A maior parte éem prosa. Em verso, são somente os trechos: 3.2-8; 7.1-14; 11.7 e 12.7.

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Livros da sabedoria

São considerados livros da sabedoria três dos livros poéticos:Jó, Provérbios e Eclesiastes, embora Jó seja realmente um livro deespécie única.

Essa classificação é baseada no feto de tratarem esses três livrosdos problemas que mais interessam à humanidade. Jó trata do

 problema do sofrimento, Provérbios, do problema do dever moral,

e Eclesiastes, do problema da felicidade.Os livros chamados de Sabedoria são diferentes da literatura profética de Israel porque expressam melhor a filosofia dos pensadores do que as determinações das mensagens de Jeová. Nãose encontra neles a frase: “Assim diz o Senhor”, quando falam dos problemas da vida e das conclusões dos homens.*

Os sábios anunciaram as verdades como um tratado de filosofiamoral, usando palavras de profundeza mais elevada do que seusconhecimentos, de modo que só tempos depois é que puderamser interpretadas.

Provérbios e Eclesiastes apresentam principalmente esse fato.

Eclesiastes e as cisternas rotasSalomão procurou a felicidade nos bens materiais e, quando

conseguiu tudo que desejaram seus olhos e que dava alegria aoseu coração, concluiu que “tudo era vaidade e correr atrás do vento,e nenhum proveito havia debaixo do sol” (2.10,11).

Sua conduta lembrava os filhos de Israel que “... deixaram o

manancial de águas vivas e cavaram... cisternas rotas” (Jr 2.13).Depois de reconhecer seus erros, Salomão lembrou-se dos

deveres espirituais, que se resumem nas palavras: “temer a Deus eguardar os seus mandamentos é dever de todo o homem” (12.13).Então compreendeu que “Deus dá sabedoria, conhecimento e

 prazer ao homem que lhe agrada” (2.26). A felicidade se encontra

no ato de agradar a Deus.

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Eclesiastes e a água da vida

Jesus Cristo, diante do poço de Jacó, mostrou a diferença entrea água do poço e a água da vida que Ele dá.

“Qualquer que beber desta água tomará a ter sede: mas aqueleque beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo 4.13,14).

Alguém disse que a água do poço (v. 13) representa amensagem de Eclesiastes e a água que Jesus dá é a mensagem deCantares, a suficiência do amor de Deus.

Outra aplicação encontra-se em Eclesiastes. Salomão, buscandoas coisas materiais, bebeu da água do poço. Quando se arrependeue buscou a Deus, bebeu da água da vida e encontrou o prazer (2.26).

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A Poesiana

as várias formas da literatura hebraica, aparecemos três estilos de poesia: lírica, didática e dramática.

A poesia lírica expressa o sentimento do poeta;na poesia didática, o poeta procura comunicar aosoutros o conhecimento. Isso é comum emProvérbios, que se ocupa com os conselhos morais.

A parte poética de Eclesiastes tem a forma didática.A poesia dramática tem como base o drama

em ação. Os livros de Jó e Cantares, além de outrascaracterísticas, são dramáticos. Em Cantares, oestilo dominante é o lirismo, mas as cenas queenvolvem a noiva são claramente dramáticas.

O livro de Jó tem a forma de diálogo, mas o prólogo e o epílogo são em forma didática.

Em geral, é difícil determinar com exatidão oslimites entre o lirismo e o drama nas EscriturasSagradas.

Um ponto interessante na poesia hebraica é o

 paralelismo, quando há uma correspondência deidéias repetidas com diferentes palavras.

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Há um equilíbrio de idéias na poesia hebraica rimando averdade com a verdade. A métrica do pensamento alcança o ouvido

da alma. O que a rima e o ritmo são para o ouvido, o pensamentoé para a alma.

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P e c u l i a r i d a d e s d o  

livro de-Eelesiastes

nome

A palavra “Eclesiastes” vem do grego. É o títulodo livro na Septuaginta e significa: ‘Aquele que falaa uma assembléia”.

 No hebraico é Qohéleth.  Pode ser traduzidade muitos modos como: “o Pregador, o Sábio, oVelho, O que sabe, o Sapiente Venerado, oColecionador de Máximas, O que sabe que nãosabe”.

Como a palavraQohéleth tem forma feminina,

alguém pensa que deve significar uma assembléiaou reunião. A mesma palavra de 1.1 aparece em7.27, significando a sabedoria dada por Deus parainspirar Salomão. Pode ser entendida como a

 própria sabedoria pregando a sabedoria.Qohéleth, “Pregador”, é empregado aqui como

um nome de Salomão.O Eclesiastes revela um esforço buscando afelicidade. O autor procurou o bem supremo na

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sabedoria, nos pra2eres, na política, nos bens materiais, e concluiuque tudo é vaidade e aflição de espírito.

Tem sido considerado o livro mais misterioso do CanonSagrado. Para uns, é a esfinge da literatura hebraica.Alguém acha que o texto apresenta uma alma em desespero,

afirmando um materialismo puro ou um niilismo ativo.Há uma opinião considerando o Eclesiastes um monólogo em

que o Pregador expõe sozinho suas idéias, ao contrário dos outros

livros da Bíblia que, em geral, têm uma forma de diálogo com Deus.

Doutrina do livro

Eclesiastes não é uma exposição de materialismo, porque expõe:a) a imortalidade da alma (3.11,15; 12.7);

 b) o pecado como causa da miséria (7.25,26; 8.3,13);

c) o juízo de Deus (11.9; 12.14).A conclusão do livro é: viver esquecido dos deveres para com

Deus é falhar e perder o sentido da existência, chegando ao pontode o coração exclamar: “tudo é vaidade”.

O livro de Eclesiastes é um espelho em que se vê o resultadode uma vida passada sem submissão aos deveres espirituais.

Esquecer-se de Deus é perder o sentido dos valores maisimportantes da existência.

Eclesiastes é teocêntrico

O vocábulo “Deus” é mencionado quarenta vezes. O livroensina que a soberania divina é o agente determinante de tudo o

que acontece na vida humana.Deus é o Criador de todas as coisas, orientador de todos os

acontecimentos e o Juiz das atividades de todos os seres.

Eclesiastes refere-se a Jesus Cristo

Ele aqui é “o único Pastor” (12.11).Para o crente, Jesus é “meu pastor” (SI 23.1), por isso “nadame faltará”.

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 No Evangelho de João, Ele é “o bom Pastor” (Jo 10.11), quedá a vida pelas ovelhas e conhece todas as que lhe pertencem.

Para os pastores, Ele é o “supremo Pastor” (2 Pe 5.4) que daráa coroa aos fiéis.

 No Eclesiastes, e o unico Pastor. Essa palavra não pode se referira um homem, porque tem havido muitos, tanto bons como maus

 pastores. Jesus Cristo é o único em seus atributos.

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alomão foi o rei mais famoso do mundo em seutempo, possuidor de grande sabedoria e muitasriquezas (1 Rs 4 e 9).

Sua sabedoria era superior à de todos os doOriente, fenícios, persas e egípcios. São

mencionados nomes de sábios conhecidos em suaépoca: Etã ezraíta, Hemã, Calcol e Darda.Os dois primeiros eram os maestros

responsáveis pela música no reinado de Davi (1 Cr6.33-44; 15.17-19). Calcol e Darda são nomesdesconhecidos para nós.

Quando Salomão chegou ao reino de Israel,Deus lhe apareceu em sonho e disse: “Pede o quequeres que eu te dê”. Salomão pediu sabedoria para

 julgar e dirigir o povo (1 Rs 3.5-15; 2 Cr 1.7-17).Pediu um coração sábio para escutar e entendertudo o que Deus dissesse.

Ele não pediu poder ou glória, mas pediusabedoria, a coisa mais preciosa que incluía

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todas as outras, pois através desta poderia conseguir asdemais.

Deus tornou a falar, prometendo-lhe além da sabedoriasuperior a todos os outros sábios, riquezas e glória, de modo quenão haveria rei igual a ele por toda a sua vida.

A fama de Salomão se espalhou por todas as nações, de ondevinham os reis para conhecer a grandeza do seu reino.

 No Cânon Sagrado há três livros de autoria de Salomão:

Provérbios, Eclesiastes e Cantares, além de dois salmos: o 72 e o127.Salomão teve três nomes. Quando nasceu, seu pai lhe deu o

nome de Salomão, “Pacífico”. O profeta Natã, encarregado de suainstrução religiosa, chamou-o Jedidias, ‘Amado por Jeová”. Quandoescreveu Eclesiastes se apresentou como Qohéleth, “Pregador”.

Quando escreveu Cantares era jovem, empolgado com o amore merecia o nome de ‘Amado”.Provérbios foi escrito na idade adulta e ensinava a viver bem

em sociedade, a fim de que os homens tivessem paz uns com osoutros. Ali, honrava seu nome de “Pacífico”.

 Na velhice, decepcionado com as coisas materiais e

reconhecendo o valor da aproximação de Deus, escreveu oEclesiastes como “Pregador”.Certa vez, um moço estudante de literatura nos perguntou se

Salomão aparecesse hoje neste mundo, não seria medíocre.Respondemos que se ele viesse à terra, poderia não saber manejarum computador ou ignorar as leis de trânsito, mas a produção que

ele deixou prova sua inteligência excepcional e seus conhecimentosadmiráveis.Ele compôs três mil provérbios e 1.005 cânticos. O provérbio

é um pensamento ou máxima que encerra muitas lições em poucas palavras. É o contrário de nossas falas comuns, que têm muitas palavras e pouca coisa proveitosa.

Ainda o texto diz que ele “falou das árvores, desde o cedro doLíbano até o hissope da parede; também falou dos animais, dasaves, dos répteis e dos peixes” (1 Rs 4.32,33).

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Dizem os judeus que Salomão possuía uma intuiçãoexcepcional e memória poderosíssima para assimilar qualquer

ciência. Ele era poeta, historiador, psicólogo, botânico, zoólogo, político e economista.

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T e s t e m u n h o d o s R a b i n o s s o b r e

ncontramos um livro de um mestre judeuconfirmando que o Eclesiastes foi escrito porSalomão. A referida obra é de Rabbi Meir Zlotowitz(Megillas Koeles - Eclesiastes.  Nova Iorque:Messorah, 1991- É uma nova tradução em inglês,

com um comentário antológico do Talmude, doMidrashim e fontes rabínicas.Esse livro traz uma introdução de outro rabino,

Rabbi Nosson Schermann, com o título Uma  supervisão - eternidade e futilidade.

 Nas considerações do rabino Schermann, pode

ser observado que aquele mestre judeu acreditaser Salomão o autor de Eclesiastes. Seguemalgumas citações mencionando a autoria deSalomão:

1. “Dos três livros sagrados de Salomão - Shir   Hashirim   (Cantares),  Misblei  (Provérbios) e

Qohéleth  (Eclesiastes). Ainda diz o Midrash quetodos os livros das Escrituras são sagrados, mas o

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ShirHashirim é o santo dos santos”.Pág. XXXIV

2. “Salomão conta 28 tempos diferentes em Eclesiastes 3.2 a 8”.Pág. XXXVI3. “A primeira lição de Eclesiastes é que o trabalho do homem,

seus planos e realizações, tudo é aflição de espírito. Salomão seconsidera o mais experiente nesse assunto. No capítulo 2, fala desuas conquistas materiais: construções, hortas e jardins, gado e

ovelhas, estudo e divertimentos, e conclui que tudo é vaidade”.Pág. XXXVIIOutra demonstração de que o “Pregador” de Eclesiastes é

Salomão, é o uso da primeira pessoa do verbo, tão freqüente notexto do livro:

a) “Disse comigo” -1.16; 2.1;

 b) “Passei a considerar” - 2.12;c) “Vi... debaixo do sol, no lugar do juízo, reinava a maldade” —

3.16;d) “Vi todos os viventes que andam debaixo do sol” - 4.15;e) “Experimentei-o e disse...” - 7.23;f) “Tudo isto vi quando me apliquei a toda obra” - 8.9;

g) “Vi debaixo do sol” - 9.11.

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lém de buscar o bem supremo nas realizaçõesmateriais, Salomão desobedeceu diretamente àsrecomendações da lei de Deus sobre os deveresdo rei.

Em Deuteronômio 17.14-17, a lei diz que orei: a) não devia ter muitos cavalos; b) não deviafazer o povo voltar ao Egito; c) não devia ter muitasmulheres; d) não devia possuir muita prata e muitoouro.

Salomão transgrediu essas quatro cláusulas da

lei, por isso desagradou a Deus e chegou àquelefracasso e tédio na velhice. Sua vida de luxúria davaa impressão de felicidade, mas tendo se unido àsmulheres daquelas nações proibidas por Deus, foicastigado.

Atendeu às mulheres edificando altares para

seus deuses e cooperando com a idolatria. Por isso,Deus se indignou contra ele (1 Rs 14.1-9). Depoisde procurar a felicidade nos seus planos e

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realizações, decepcionou-se, arrependeu-se e mostrou suaexperiência, quando aprendeu que só o temor de Deus traz

felicidade. A verdadeira sabedoria é a religião.Salomão não teve inimigos estrangeiros em seu reinado. Seu

dever era defender-se das más inclinações, mas falhou nisto.O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus para

andar segundo a orientação divina e cooperar com os planos doSenhor. Se o homem usa sua inteligência somente para alcançar

vantagens materiais, torna-se igual aos irracionais.Salomão teve paixão pelo estudo (1.12,18), pelo luxo (2.1-

14), ambição por riquezas e edificações. Deixou de observar a leide Deus e chegou a uma decepção profunda. Por fim, surge ohomem consciente, o crente humilde e arrependido, pregando quea única coisa proveitosa é o temor de Deus.

Salomão era filho de Davi. Rei, filho de um rei; sábio, filho deum sábio; justo, filho de um justo. Davi e Salomão foram os maioresreis de Israel, mas eram diferentes personalidades com diferentesmissões. A missão de Salomão era promover a santidade e aproveitaras bênçãos de Deus, para si mesmo e para Israel.

Os banquetes e festas eram ocorrências diárias. As tentações

apareciam continuamente, mas essas coisas eram só aparência defelicidade, pois trouxeram decepções que o fizeram exclamar:“Vaidade das vaidades, é tudo vaidade” (1.2).

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Palavras e Frases

1.“Vaidade”. Ocorre 37 vezes. Essa palavra étraduzida por: futilidade, frivolidade, aparência vã,vapor, fumaça, exalação.

“Vaidade das vaidades”. É um hebraísmo quesignifica a vaidade mais exagerada (como Cânticodos cânticos era o cântico mais aprimorado; Santo

dos santos, o lugar mais santo de todos). Significatambém: nuvem que se evapora, ausência desubstância, névoa do nada.

2. ‘Mição de espírito” (1.14). Fomedevenvento que desaparece, procura de vento, corridaatrás do vento, pastagem de sopro, fome vã.

3. “Coração” (1.3). Tradução: mente, vontade,interioridade do homem, parte emocional doindivíduo (em contraste com “cabeça”, natureza ou

 parte intelectual).4. “Sabedoria” e “conhecimento” (1.16).

Hebraico: kokmá, sabedoria, saber vivido, sabedoria

 prática de que sabe das coisas;dá-ath, conhecimentoadquirido por estudo ou pela erudição.

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 No capítulo 2, verso 25, Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer a quem lhe agrada.

5- “Eternidade”. Ocorre sete vezes (1.4,10; 2.16; 3.11,14; 9.6;12.5). Hebraico: olam, eternidade, perpetuidade.

Em 3.11: “pôs a eternidade no coração do homem”. O sentidoé: Deus deu ao homem o senso ou a idéia da eternidade. O homemtem um anseio pelo que é eterno.

6. “O homem” (1.3; 12.13). Hebraico: adam,  o nome do

 primeiro homem (Gn 1.26; 2.7,19,21-23). Na Bíblia há seis palavras que significam homem. São qüatro

do hebraico e duas do grego:a)  Adam ou Adão querem dizer somente “homem”;b) Iche (Zc 6.12) quer dizer “varão forte, homem completo”;c)  Enox (SI 8.4; 73.5) quer dizer “mortal, homem fraco”;

d) Gehver   (Êx 10.11; Zc 13.7) é “homem de valor” ou “de prestígio”;

e)  Ântropos, no grego, é igual a adam do hebraico;f)  Âner, no grego, é igual a iche do hebraico.O Eclesiastes dá uma atenção especial ao homem. A palavra

adam vem no texto 46 vezes, iche, sete vezes, e enox, duas vezes.

 Adam aparece em 1.3; 2.12,22; 3.21,22; 6.11; 7.2,20; 8.6; 9.12;11.8; 12.1 etc.

Deus fez o homem (adam) do pó da terra, à sua imagem (Gn1.27; 2.7), diferente de todas as outras criaturas, quer sejam seresda terra, quer sejam celestiais ou anjos.

Os animais crescem e se reproduzem. Além disso, não podem

escolher o que é bom e o que é mau, e não podem tomar-se melhores.Só o homem nasce com um potencial e uma responsabilidade

de realizar o progresso ou a melhora de sua pessoa e de seu procedimento.

A palavra adam tem um significado especial combinando como tema do livro de Eclesiastes.

Há outra palavra no hebraico, adamah (Gn 1.25; 6.17,20; 7.8),que significa terra, solo, campo, região, país. É diferente de éretz (Gn 1.1), que significa o planeta Terra.

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 Adamah é a terra, substância, matéria. Adam ou Adão, o homem foi tirado da terra e voltará à terra

(Gn 3.19).A terra, o solo, tem uma possibilidade de produzir colheita,que encerra o fruto para alimentar todas as criaturas.

O homem é semelhante à terra, possui uma capacidade de produzir frutos, bênçãos, progresso para ser feliz e tornar-se bênção para os outros. O homem, adam, nasceu da terra, adamah.  Sua

missão é crescer espiritualmente, alcançar sua felicidade e a dosoutros sob a orientação de Deus.O nome adam, homem, tem uma relação com a terra, adamah. 

 Na parábola do semeador (Mt 13.1-23), as pessoas são comparadasaos vários tipos de terra.

7. “Debaixo do sol”. Essa expressão aparece 24  vezes, e

“debaixo do céu”, três vezes. Refere-se ao ambiente, à oportunidadeou ao tempo de que dispomos aqui no mundo.O período de nossa existência na terra é expresso pelas palavras

“debaixo do sol”. Define nossos gostos, nossos planos, nossaatividade, repouso e toda a possibilidade de ação.

8. “Tempo”. No texto de Eclesiastes, a palavra “tempo” aparece

38 vezes. Nenhum outro livro da Bíblia emprega tantas vezes essevocábulo. Nos Salmos, vem 18 vezes, e em Jeremias, 31. Todos osoutros têm menos.

O homem tem sua época de vicissitude e de prosperidadeindependentemente de sua vontade, porque Deus fixou um tempo

 para cada coisa. Os acontecimentos e as épocas são imposições do

destino. Ninguém pode escolher a ocasião para chorar ou para rir, pois tudo vem de uma supervisão ou providência divina.O Pregador menciona 28 finalidades do tempo, e essa lista

desperta tantas idéias que vale a pena examiná-la com atenção. Nocapítulo seguinte, há algumas considerações sobre o tempo.

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T em p o p a ia 

T o d o P r o p ó s i t o  

d e b a i

Pregador fala dos tempos que nos atingem numalista de 28 ocasiões diferentes, formando pares narelação de contraste.

Tudo tem seu lugar na ordem do tempo, eDeus controla os acontecimentos, ordenando aoshomens que cumpram os propósitos divinos. Ohomem não pode evitar as determinações dotempo. Não pode escolher a hora de nascer, demorrer, de chorar, de rir etc. Deve, com humildade,receber o que Deus determina em tudo nesta vida.

Os “tempos” e a numerologia em Ec 3.1-8

São 28 frases declarando finalidade de tempo,com a forma “Há tempo de...”: mais uma vez a

 palavra do versículo 1, sem finalidade específica.Em nossas bíblias vêm duas vezes no v. 1,

 porém, no hebraico, apenas uma vez. Literalmente,a tradução do versículo 1 é: “Há tempo para tudo

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e para todo propósito debaixo do céu”. Portanto, são 29 vezes queaparece a palavra tempo nos versículos 1 a 8.

Os rabinos, pensando no significado dos números e nasoberania de Deus, dizem que o número 29 aqui corresponde aomês lunar. A lua observa as suas fases como testemunho do governode Deus. (ZLOTOWITZ, Rabbi Meir.  Koheles Eclesiastes.  NovaIorque: Messorah Publications, 1969).

Também o número 28 é múltiplo de sete (7 x 4=28). Sete é a

 perfeição na relação do homem com Deus e quatro é o número dohomem, do mundo ou da humanidade.

Os 28 “tempos” e a tipologia do jumento

O doutor E. W. Bullinger, em seu livro Number in Scripture, 

faz um estudo sobre os 28 “tempos” de Eclesiastes 3.2-8, aplicando-o ao jumento na tipologia bíblica.

Há na Bíblia 28 histórias de jumentos, usados individualmente,e Bullinger diz que essas histórias correspondem à lista dos“tempos” daquela passagem. Encontramos, num exame pessoal,17 casos de atividade individual envolvendo o jumento. Cada um

desses corresponde a uma das afirmações de Salomão. Faltam 11aplicações.

Os 11 restantes são os jumentos dos filhos de Jacó (Gn 44.3-13) indo ao Egito comprar trigo, mas nesse caso, a finalidade dos11 era uma só. (Em nosso livro Conheça os Tesouros da Saraiva, há o artigo “O Jumento na Bíblia”).

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alíndromo é uma palavra, verso ou frase que tem omesmo sentido quando se lê da esquerda para adireita ou da direita para a esquerda. Chama-setambém anacíclico e sotádico.

Exemplos:A MALA NADA NA LAMA.

ATAI A GAIOLA SALOIA GAIATA.Haroldo Campos, professor da PUC de São

Paulo, em seu livro Qohélet  -  Eclesiastes, cita umestudo de Norbert Lohfink publicado em sua obra

 Kohélet, Die Neue Ecbter Bible  (Stuttgard: EchterVerlag, 1908).

Lohfink afirma que o livro do Sapiente(Eclesiastes) possui uma construção palindrômica.Demonstra que o livro apresenta uma seqüência denove partes. A primeira e a última seriam molduras.Primeira: 1.2,3, e última: 12.8, compreendendo arecursividade circular do refrão havei havalim, 

“vaidade de vaidades”. Daí vem a imagem da reversãodo texto em forma de palíndromo.

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Entre essas molduras, desdobrar-se-iam sete partes:Ia (1.4-11) - Cosmopolita;

2a (1.12 — 3.15) - Antropológica;3a (3.16 — 4.16) - Crítica social 1;4a (5.1-6) - Crítica religiosa;5a (5.7— 6.10) - Crítica social 2;6a (6.11—9-6) - Crítica ideológica;7a (9.7-12.7) -Ética.

Para tornar mais claro esse pensamento de Lohfink, armamosum gráfico com a relação dessas sete partes. O desenvolvimento daidéia do Pregador segue o mesmo caminho, partindo da sétima parte para a primeira, ou partindo da primeira para a sétima.

íaparte (1.4-11) 7aparte (9.7—12.7) Ética.Cosmopolita. A observação desse mundoObservação do mundo: se faz com sabedoria ouo sol, os ventos, os rios. com loucura. 0  temor deTudo criado por Deus. Deus é dever de todos.

2aparte (1.12-3.15) (Aparte (6.11 — 9.6)

Antropológica. Ideológica.Atividade do homem: Administração do mundo.esforços, Caminho certo

 prazeres, riquezas. a tomar na vida. ,

3aparte (3.16—4.16) 5aparte (5.7—6.10) CríticaCrítica social 1. social 2.

0  justo e o ímpio. Opressão.Autoridade Confiança na riqueza.

humana Dever.- gozar a vida

Injustiças. como dom de Deus.

4aparte (5.1-6) - Crítica religiosa.

Cuidado com os deveres para comDeus. Moderação nas palavras.

Cumprimento de votos.

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0 raciocínio palindrôraico está na relação das sete partes entresi. A sétima tem ligação com a primeira; a sexta com a segunda; aquinta com a terceira; e a quarta é o centro.

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Esboco-dolivro

Prólogo - Todo homem é vaidade (1.1-11)I - A vaidade em todas as coisas (1.12—6.9)A sabedoria humana (1.12—18)Os prazeres (2.1-11)

As riquezas (2.12-26)Os esforços humanos (3.1-22)A autoridade humana (4.1—5.6)A ansiedade pelo acúmulo de bens (5.7—6.9)II - Palavras de sabedoria (6.10—12.8)O caminho certo da vida (6.10—7.25)

Uma mulher e um rei (7.26—8.9)A administração do mundo (8.10—9.12)A sabedoria e a loucura (9.13—10.15)O despotismo e a benevolência (10.16—11.3)O trabalho, prazeres da vida e temor a Deus no tempo damocidade (11.4—12.8)

Epílogo - “Temer a Deus e guardar os seus mandamentos, esteé o dever de todo homem” (12.9-14).

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Capítulo 1

1. “Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém” (ARA).Salomão, o autor, se apresenta aqui com o nome de Pregador. Esseverso, comparado com o verso 12, “... rei de Israel em Jerusalém”,

 prova a autoria de Salomão. Depois da divisão do reino, a partenorte foi chamada reino de Israel, e nenhum rei de Israel, depoisde Salomão, governou em Jerusalém. Quem reinava emjerusalémera o rei de Judá.

2. “Vaidade de vaidades” era um hebraísmo que significava avaidade mais acentuada. É como as expressões “Santo dos santos”

ou “Cântico dos cânticos”. A frase pode ser entendida como:ausência de substância, nuvem que se evapora.

 Nesse verso, constam cinco referências sobre a vaidade (trêsvezes no singular e duas no plural).

3. “Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho...debaixo do sol?” (ARA). Esse pensamento vem em 2.22 e 3.9. Parece

expressar o maior pessimismo sobre a vida. A humanidade vivecorrendo numa atividade contínua, uns temendo a falta de sustento,

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e outros, dominados pela ambição das riquezas. 0 Pregador pergunta para que serve isso.

Porém, mesmo no texto de Eclesiastes, aparece uma idéiadiferente respondendo à pergunta e mostrando que háoportunidade de aproveitar o resultado do trabalho. Diz que é “boae bela coisa: comer, e beber, e gozar cada um do bem de todo o seutrabalho... porque esta é a sua porção” (5.18).

Paulo mostra o dever de se trabalhar pelo sustento material,

dizendo que em Tessalônica trabalhava noite e dia para não ser pesado a ninguém. E adverte aos preguiçosos que “se alguém nãoquiser trabalhar, não coma também” (2 Ts 3.8-10).

Trabalhar sem cuidar das necessidades espirituais é frustração, perda de tempo e de esforços.

4. Uma geração passa, vem outra com os mesmos erros, os

mesmos fracassos e o ambiente deste mundo continua do mesmomodo.

5. O sol se levanta aos nossos olhos cada dia, mas-o que podese observar é a rotina de sempre e o homem sem felicidade.

6. O vento norte e o vento sul eram os mais fortes na Palestinae no Egito. Os círculos do vento simbolizam a vida humana,

 percorrendo o círculo da vaidade sem progredir, sem sair disto.Esse verso prova a inspiração da Bíblia, porque naquele tempo oshomens ainda não sabiam que os ventos formam círculos (alísiosou alisados).

7. “Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche”(ARA). O sol levanta a água do mar, o vento leva-a sobre a terra, a

água forma os rios, que correm para o mar e ele não transborda.Do mesmo modo, o homem trabalha, corre e segue o mesmo círculode atividade. Sua canseira e seus problemas permanecem por todasas gerações.

8. A extensão da vaidade é monótona. As palavras humanasnão conseguem expressar o que os olhos e os ouvidos percebem

neste mundo.A insatisfação continua num movimento interminável, nada

de novo existe.

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9. Desde a antiguidade, a inclinação para a vaidade é a mesma.0   homem procura ser feliz por seus esforços e não consegue.

Lembra a queixa do povo de Israel no deserto: ‘Agora, porém, seca-se a nossa alma” (Nm 11.6, ARA). O caso pode ser colocado nestestermos: apesar dos esforços humanos, permanece a aflição deespírito. Não há solução neste mundo para o problema da felicidade.

10. “Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo?”.Esse verso é ligado ao 9. Entende-se assim: “O que vemos agora, as

gerações antigas já praticaram”.11. “Já não há lembrança das coisas que precederam”. A

humanidade se esquece do passado, por isso algumas coisas parecem novas, mas tudo continua sem novidade.

12. “Eu, o Pregador... rei de Israel, em Jerusalém” (ARA). Essas palavras servem para identificar o autor do livro, Salomão. Depois

dá divisão do reino, o do norte (Israel) nunca teve como capitalJerusalém. Essa cidade era sede de Judá. Salomão, que era filho deDavi (1.1), reinou sobre todo o Israel, em Jerusalém.

13. ‘Apliquei o coração a esquadrinhar...” (ARA). Deus deuinteligência e oportunidade, mas Salomão conseguiu sabedoria porum esforço tão grande que ele considerou um “enfadonho

trabalho”.14. ‘Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e

eis que tudo era vaidade e aflição de espírito”. Outra tradução diz:“tudo é... correr atrás do vento”.

Quando observou as obras humanas, Salomão concluiu quetudo é vaidade. Lembra Oséias 12.1: “Efraim se apascenta de vento”.

Sem pensar na obediência a Deus, quem procura conhecer o quehá na vida só encontra enfado e canseira.

15. ‘Aquilo que é torto não se pode endireitar”. O imperfeitoé fruto do pecado. Não adianta reformar sem reconhecer que acausa é o pecado. Uma tradução mais clara da frase pode ser: “Oque é torto não pode corrigir seu defeito”.

“O que falta não pode ser calculado”. Onde há um vácuo, umaanomalia da vida, não se encontra a solução.

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Faz lembrar a história de Belsazar (Dn 5.27). Foi pesado na balança de Deus e achado em falta. Ouviu a sentença de reprovação

e acabou sua vida aqui no mundo.16 . “... sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mimexistiram em Jerusalém” (ARA). Na cultura terrena, Salomão foimais sábio do que todos os sacerdotes e reis que vieram antes dele.

 Na sabedoria espiritual, foi inferior a Moisés (Nm 12.3-8; Dt 34.10-12; Tg 1.5; 3.17). “... meu coração tem tido larga experiência da

sabedoria e do conhecimento”. O sentido é: “tenho visto, tenhoconcluído”.

17. ‘Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o queé loucura” (ARA). Salomão usou a lei de contraste comparando asabedoria com a loucura e descobriu que tudo é aflição de espírito.

 Na tentativa de resolver o problema, concluiu que tudo é vaidade.

18.  “Na muita sabedoria há muito enfado”. A sabedoria restritaao ambiente “debaixo do sol” conduz à canseira e ao enfado. Oscírculos da vida vão se repetindo sem nenhuma melhora. Quantomais o homem compreende as coisas da vida, mais afliçãoexperimenta.

A sabedoria prática ou relacionada com a vontade de Deus

tem resultado diferente. Vem a alegria pela experiência de realizaras determinações de Deus.

Capítulo 2

1. “Disse eu no meu coração”, ou “disse comigo”. “Eu t provarei com a alegria”. Depois de mostrar que a sabedoria nãotrouxe a felicidade, o Pregador procurou-a no prazer e concluiuque também fracassou neste caminho, porque igualmente isso évaidade.

Falar com seu próprio coração lembra o exemplo do moçorico que disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e folga” (Lc 12.19),e fracassou porque não estava bem com a vontade de Deus. Ocaminho do prazer não pode aliviar a sede espiritual que o homemsente continuamente na vida.

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0 Pregador se dirige à sua alma convidando-a para a alegria. Na realidade, ele está ansioso procurando paz para a sua pessoa. O

 prazer nos divertimentos pode ser insensatez (Pv 10.23). As festase o vinho trazem uma alegria falsa e passageira (10.19). Tudo issoconduz ao mesmo fracasso.

2. O riso produzido pelos prazeres deste mundo é loucura, ea alegria é ilusória, de nada serve.

3. “Resolvi... dar-me ao vinho... e entregar-me à loucura” (ARA).

Procurou o prazer no comer e beber, preparou banquetes eobservou a atitude dos homens que tomavam parte nessas reuniões.

4. “Empreendi grandes obras” (ARA). Edificou prédios e plantou vinhas. Tudo o que Salomão fez nos versos 4 a 8 tinhamum só motivo: atender aos desejos de sua pessoa. A expressão “paramim” vem cinco vezes nesses versos. As “casas” lembram as

construções (1 Rs 7.1-14; 10.18-23; 2 Cr 8.3-6). Nessas construçõesnão se fala na “Casa do Senhor” porque aqui são mencionadas asde Salomão. Com essas obras, casas e vinhos, não foi alcançada afelicidade.

5. “Hortas e jardins”. Os reis antigos costumavam ter jardinssuntuosos para demonstrar grandeza. Referências a isso aparecem

na história do Egito, de Babilônia e outros. Em Cantares 6.2,3,11,aparecem os jardins com bálsamo, lírios, nogueiras, romeiras evides, onde o noivo encontrava a noiva.

6. “Fiz... açudes, para regar... o bosque em que reverdeciam asárvores” (ARA). Além dos jardins, Salomão tinha esse bosque, queera mais uma demonstração de realeza.

 No tempo de Neemias ainda existia um desses açudes, que erachamado “o açude do rei” (Ne 2.14, ARA). Era um reservatório de água

 para regar as plantas dos jardins, dos pomares e do bosque. Mesmocom essas plantas úteis e de ornamentação, continuava o tédio.

7 . “... possessão de vacas e ovelhas, mais do que todos os quehouve antes de mim, em Jerusalém”. Dedicou-se à criação de gado

em grande escala. Esses bois e ovelhas lembraiii as provisões diáriasde sua casa (1 Rs 4.22,23). “Era o provimento diário... dez boiscevados, vinte bois de pasto, cem carneiros”, afora as caças.

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8. ‘Amontoei também para mim prata e ouro”. Os tesourosvinham das “províncias”, que podem ser do reinado persa ou dasregiões em que seu reino foi dividido, no sistema de abastecimento(1 Rs 4.7-19). Tudo isso era riqueza pessoal de Salomão.

“Provi-me de cantores e cantoras” (ARA). Nos banquetes e nascomemorações de vitória eram usados cantores (2 Sm 19.35). Aexpressão “mulheres e mulheres” é traduzida por alguns comomultidão de mulheres; por outros, concubinas ou amantes. O certoé que Salomão procurou muitas mulheres e se deteve a ouvir as vozesdos cantores. Tudo foi em vão quanto à busca de paz e tranqüilidade.

9. “Engrandeci-me e aumentei mais do que todos os que houveantes de mim em Jerusalém”. A primeira palavra a que se refere assuas riquezas, “aumentei”, repete o que foi dito antes. Quanto maiscrescia em sabedoria (1.16,18) mais aumentavam suas riquezas (2

Cr 9.22). “Perseverou também comigo a minha sabedoria”. Nãorevelava um sentido piedoso para com os empreendimentos nessesversículos, apenas eram planos materiais como os de Faraó (Êx1.10), ou a sagacidade de Jonadabe (2 Sm 13.3) ou a arrogância dorei da Assíria (Is 10.12). Nesses exemplos, era usada uma sabedoriaterrena e carnal (Tg 3.15,16).

10. “E tudo quanto desejaram meus olhos não lhos neguei”.Os olhos apelam para a ostentação, enquanto o coração, nesse verso,lembra os prazeres, o sentimento interior. Tudo foi feito parasatisfazer o coração e expor ao público a sua glória.

As atividades geraram prazer momentâneo, mas seguia-se umafadiga que anulava toda a satisfação. A alegria era rápida demais, eo que dominava a alma era o desespero.

11. “E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhasmãos”. Enfrentou os fatos, avaliou todas as suas atividades e seuenvolvimento pessoal. O trabalho tinha sido cansativo.

Antes analisara o resultado da sabedoria, agora considera oesforço pela alegria ou prazer, e a conclusão é a mesma. Tudo évaidade, correr atrás do vento, nenhum proveito debaixo do sol.

12. “Passei a considerar a sabedoria e a loucura” (ARA). Ocomentarista Michael A. Eaton, no livro Eclesiastes—Introdução e

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Comentário, traduz esse verso assim: “Voltei-me para considerar asabedoria e a loucura e a estultícia; pois que tipo de pessoa seguirá

ao rei, no que concerne àquilo que foi feito?”Depois de demonstrar o fracasso da sabedoria e do prazer paraa solução do problema, o Pregador pensa no que poderá resolver aquestão, o seu substituto. Mais adiante, nos versos 18 e 19, elevolta a pensar no homem que virá depois dele. Seu pensamentoera: “Que tipo de rei será o que há de vir depois de mim? Que tipos

vieram antes de mim?”13. Na comparação que fez entre a sabedoria e a estultícia,achou uma dupla resposta. ‘A sabedoria é mais excelente do que aestultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas”.

O Pregador não combate a sabedoria como ela é, mas asabedoria como base de confiança ou auto-suficiência. O temor de

Deus é que deve orientar a sabedoria. Através do livro de Eclesiastes,o Pregador descreve todas as funções e vantagens da sabedoria bemorientada. Ela traz sucesso (10.10), preserva e protege a vida (7.12),dá força (7.19), alegria (8.1), é melhor do que a força (9.16). Mesmoo ato de livrar uma cidade depende da sabedoria (9.15).

14. “Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda

em trevas”. A sabedoria é ilustrada pela luz, e a luz vem de Deus. Olouco vive em trevas, o que lembra o pecador que ama as trevas (Jo3.19; Ef 5.8). A sabedoria tem solução para o problema da morte,

 porque “o mesmo sucede a todos”. Ninguém evita o destino. Pode ser considerado como um

fatalismo, uma outra decepção da vida. Também pode a morte ser

encarada com humildade e submissão a Deus, que determina tudo.15. “Como acontece ao tolo, assim sucederá a mim. Então porque busquei eu mais a sabedoria?” A morte vem para todos. OPregador, notando isso, achou que não valia a pena ter feito tantoesforço em busca da sabedoria, que também é vaidade.

16. “... a memória não durará para sempre” (ARA). Morrem o

sábio e o tolo, e as gerações seguintes se esquecem de ambos.Em Provérbios 10.7, há uma promessa que está em contrastecom essa conclusão do Pregador. ‘A memória do justo é abençoada,

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mas o nome dos ímpios apodrecerá”. Deus abençoa a memóriados seus servos, mas o Pregador, observando somente o ambiente

material, não se lembrou desse fato.17. Diante dessas conclusões, veio um aborrecimento ao

Pregador, levando-o a reconhecer que todas as suas obras debaixodo sol foram unicamente canseira e enfado. Se a morte anula asabedoria, a vida se torna penosa. É o sentido da palavra de Jacó:“... poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida” (Gn 47.9).

Em seguida, a vida será apresentada em termos diferentes. Avida é o tempo de gozar o bem (3.12; 5.20) porque é concedida

 por Deus (5.18). Os prazeres dela são a parte concedida por Deus(9-9).

18. “Aborreci todo o meu trabalho”. Depois de sentir aborrecimento da vida, vem aborrecimento do trabalho com quese cansou durante a existência. “O meu ganho havia de deixar aquem viesse depois”. O trabalho significa o esforço ou o desgastede forças para executar as tarefas e o peso da responsabilidadecontínua. O lucro ou vantagem que conseguiu passará para outro.

19. “Quem sabe se será sábio ou tolo?” Seu substituto no tronoteria capacidade administrativa? Parecia já prever que Roboão, seufilho, não teria a prudência necessária para conservar o que eleconquistara (1 Rs 11.41—12.24). Ainda que não seja uma referênciaa Roboão, o Pregador concluiu que o ganho de todo o seu trabalhoera ilusão e vaidade.

20. “... me empenhei por que o coração se desesperasse de

todo [o meu] trabalho...” Desaparecia a esperança de tirar proveitode tantos anos de trabalho. A sabedoria e o prazer acabam com amorte. O esforço humano será esquecido pelas gerações vindouras,e o valor do trabalho passará para quem não trabalhou e poderáestragar tudo. A conclusão é um final de desespero porque otrabalho foi inútil.

Essa experiência de frustração é a antítese da mensagemdo Novo Testamento: “Vosso trabalho não é vão no Senhor” (1Co 15.58).

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21. “Há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, ciência edestreza... deixará... a quem por ele não se esforçou... isto é vaidade

e grande mal”.“Sabedoria” aqui é senso prático, “ciência” é informação e“destreza” é perícia. Ter lucro ou sucesso no trabalho e deixar paraquem não trabalhou é realmente um grande mal, o contrário do

 bem supremo que o Pregador procurava.22. “Que mais tem o homem de todo o seu trabalho e da fadiga

do seu coração?” É o pensamento que começou em 1.3, continuano verso 21 e aqui tem outra vez a forma de pergunta. O trabalho éduro, a mente se esgota e vem a fadiga do coração que resulta dostraumas e decepções. O Pregador mais uma vez reconhece que étudo inútil.

23. “Todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é desgosto”.

O Pregador não está analisando um problema, mas interessado navisão da vida toda. As palavras “dores” e “desgosto” significamdepressão física e angústia mental. E a mesma conclusão de 1.18:“Até de noite não descansa o seu coração”.

A perturbação entra pela noite produzindo insônia. Em 5.12aparece uma conclusão diferente. O Novo Testamento dá um

exemplo de Jesus Cristo dormindo diante de uma tempestade (Mc4.38), e Pedro conseguia fazer o mesmo, preso, algemado e marcado para morrer no dia seguinte (At 12.6).

24. Aseçãoquecomeçaaquivaiaté3.22. Na parte que terminou(de 1.1—2.23), Deus não aparece como solução do problema. Foireferido só uma vez (1.13) como causa do problema: “este

enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens” (ARA).Daqui para diante há uma saída para o pessimismo: fé em Deus.“Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que asua alma goze o bem do seu trabalho... isto vem da mão de Deus”(ARA).

A vida de fé (w. 24-26). O Pregador põe de lado a limitação

que se refere a “debaixo do sol” e mostra a ação de Deus na vida. Oconselho não é simplesmente aproveitar as coisas materiais, maslembrar-se da obra de Deus. Paulo expõe o assunto em 1 Timóteo

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4.4: “Tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ação de graças,nada é recusável” (ARA).

25. “Separado deste (de Deus) quem pode comer ou quem pode alegrar-se?” (ARA). Sem agradecer a Deus não há satisfaçãona vida. Salomão teve todos os bens e todas as oportunidades enão conseguiu felicidade. Só com temor de Deus alguém podeser feliz.

26. “Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem

que lhe agrada” (ARA). O Pregador, depois das consideraçõessobre a vida, reconhece que viver feliz depende de ser agradávela Deus. Três elementos são dados por Deus: sabedoria, que dáo bom êxito no trabalho e protege dos prejuízos (7.12);conhecimento, que é a experiência da vida, e prazer, alegriaverdadeira baseada na aprovação de Deus (8.12). A fé que Deus

aceita é crer “que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

‘Ao pecador dá trabalho”. Pecador aqui se refere a quem nãovive em harmonia com Deus, que fica limitado aos seus planos eesforços. As riquezas materiais ficam aqui no mundo. Quem vivesem Deus chega ao enfado e à canseira, vendo que trabalhou emvão, e deixa para outro o produto do seu trabalho. “A riqueza do pecador é depositada para o justo” (Pv 13.22). O Novo Testamentoensina mais alguma coisa nesse sentido: “os mansos herdarão aterra” (Mt 5.5), “tudo é vosso” (1 Co 3.21), “como nada tendo e

 possuindo tudo” (2 Co 6.10).

Salomão deixou a Palavra de Deus e viveu dominado pelosinteresses materiais. Os tesouros que acumulou foram levados porSisaque, rei do Egito (2 Cr 12.1-9). As conquistas do capítulo 2foram vaidade.

Aqui, o Pregador mostra duas maneiras de viver. Uma atividadedominada pelos prazeres, um trabalho inútil e uma sabedoria fútil

em comparação a uma vida dirigida por Deus, firmada na fé comsegurança e paz, porque Deus trata com justiça tanto os justos comoos ímpios.

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Capítulo 3

Esse trecho, dos versos 1 a 8, enfatiza o efeito do tempo sobre

a vida e o trabalho do homem. Embora seja uma linguagem de beleza poética, revela insatisfação e pessimismo.

Deus exerce uma supervisão sobre os tempos e as estações.Cada acontecimento desta vida tem seu tempo: a chuva (Lv 26.4), adestruição dos inimigos (SI 917), a concepção (2 Rs 4.16). O crentediz: “Os meus tempos estão nas tuas mãos” (SI 31.15).

O Pregador organiza 14 copias ou pares nos versos 2 a 8, quealcançam todas as atividades do homem.

1. No cumprimento dos propósitos de Deus há uma ordenaçãode tempo ligada a todas as coisas. “Tempo” aqui é ocasião, e“propósito” é resolução da parte da pessoa.

2. “Tempo de nascer e tempo de morrer”. O Pregador começa

com os pontos mais importantes da vida: nascimento e morte. Nascemos quando Deus quer, onde Ele determina e como é permitido por Ele. Do mesmo modo, Ele controla nossa morte.

“Tempo de nascer” também pode ser aplicado a Israel. Deus permitiu que Israel morresse como nação, mas promete revivificá-la (Dt 32.39; Os 6.2; Hc 1.12; 3.2).

Os três pares seguintes (2b e 3) falam de atividades humanas.2b . “Tempo de plantar e tempo de arrancar”. Pode ser cultivar as

 plantas úteis e depois colher o fruto, e pode lembrar a ação de Deusfundando ou destruindo nações e estabelecendo ou removendo igrejas(SI 44.2; 80.8,12,13; Jr 18.7,9; Am 9.15; Mt 15.13; Ap 2.5).

3. “Tempo de matar”. Pode ser judicialmente ou em tempo de

guerra. Deus mesmo determina o dia da morte de cada um. Podeser entendido no sentido figurado: “... o zelo mata o tolo” (Jó 5.2).“Os néscios são mortos por seu desvio” (Pv 1.32, ARA).

“Tempo de curar”. Deus cura literalmente (Is 38.5,21);figuradamente (Dt 32.39; Os 6.1); espiritualmente (SI 147.3).

Referências a curas espirituais: “Converter-se-ão ao Senhor, eele mover-se-á às suas orações e os curará” (Is 19.22). “... para osque estão perto, diz o Senhor, e eu os sararei” (Is 57.19).

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“Tempo de derribar”. Cidades como Jerusalém por Nabucodonosor. “Tempo de ediflcar”. Ex.: Jerusalém no tempo de

Zorobabel. Pode ser espiritualmente: tornarei a levantar a tendade Davi... e a edificarei como nos dias da antiguidade” (Am 911).Essas atividades são controladas por Deus.

4. Os dois pares desse verso tratam de emoções: primeirochorar e rir, que são sentidas em particular; depois prantear e saltarde alegria, que se manifestam em público.

“Tempo de chorar”. Pode ser por mortos, como Abraão chorou amorte de Sara (Gn 23.2). “Tempo de saltar de alegria” (ARA), comoDavi (2 Sm 6.12-14; SI 30.11). Tem também sentido espiritual (Mt 9.15).

5. Nesse verso, os dois pares lembram amizade e inimizade.“Tempo de espalhar pedras” pode referir-se à limpeza de uma vinha(Is 5.2) ou à destruição do templo (Mc 13.1,2).

“Tempo de ajuntar pedras” fala de construção. Figuradamente,os gentios formam o edifício espiritual (Ef 2.19,20). As pedras sãotipos dos filhos de Abraão (Mt 3.9). Também lembram a restauraçãodos judeus (SI 102.13,14; Zc 9.16). Juntar pedras pode significardemonstração de amizade e também referir-se a preparativos paraconquistas militares.

“Tempo de abraçar”. Deus abraça — aceita e protege — o seu povo (J12.16; Ct 2.6; 8.3; Jr 13.11).

“Tempo de afastar-se de abraçar”. Também Deus rejeita aqueleque persiste no erro, como Saul: “... visto que rejeitaste a palavrado Senhor, já ele te rejeitou” (1 Sm 15.26).

6. Os dois pares do verso 6 falam de posses e nossas atitudes

nesse sentido. “Tempo de buscar”. No esforço pela aquisição de bens, deve-se ter sempre o ideal de consegui-los honestamente.

“Tempo de perder”. Se Deus quer que tenhamos perdas,devemos estar conformados com isso.

“Tempo de guardar”. Pode ser evitar dar auxílio a quem nãoquer trabalhar (2 Ts 3.10). “Tempo de deitar fora”—em beneficência

(Pv 11.24). E o caso de lançar o pão sobre as águas (11.1). Pode sertambém lançar fora um objeto de estima para não perder a alma(Mc 9.43).

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7. “Tempo de rasgar”. Vestidos, como sinal de tristeza, ouflguradamente rasgar o coração, humilhando-se ou demonstrando

arrependimento (Jl 2.13). “Tempo de coser”. Rasgar e coser tambémse referem a castigar e restaurar nações (1 Rs 11.30,31; Ez 37.15,22).

“Tempo de estar calado” diante de uma calamidade (Jó 2.13;Am 5.13) ou não murmurar quando Deus prova (Lv 10.3; Sl

39.1,2,9).“Tempo de falar” quando Deus dá oportunidade ao seu povo

(At 8.4; 1 Co 16.9; 2 Co 2.12). Os verbos desse verso — rasgar,coser, falar e estar calado — representam as atividades do homemexpressas pela fala, criando ou destruindo as coisas.

8. “Tempo de amar”. Essa frase parece difícil, porque o amor éuma virtude que não se pode omitir. É permanentemente destacadana vida, no trabalho e na atividade do crente.

Amar a Deus (Dt 6.5; 10.12; 11.1; Mt 22.37).Amar o próximo (Lv 1918; Mt 19-19; 22.39).Amar os irmãos (Rm 12.10).Amar os inimigos (Mt 5.44). Nesse verso, “amar” serve para estabelecer contraste com

“aborrecer”.“Tempo de aborrecer” o pecado e tudo o que é contra Deus

(Lc 14.26). Há tempo em que Deus faz o mundo amar o seu povo(Gn 47.6), e tempo em que faz o mundo odiá-lo ou aborrecê-lo (Êx

1.8,10; Sl 105.25).“Tempo de guerra e tempo de paz”. A igreja e a criação gemem

desejando a paz (Rm 8.22,23). Virão guerras, depois virá o Príncipeda Paz (Is 54.10,13; 55.12; 66.12; Ez 37.26; Zc 9-15-17).9. Os versos 1 a 8 mostram a dependência da vida em relação

ao tempo sem mencionar o fato de que Deus o controla.Os versos 9 a 15 completam o ensino explicando a importância

que isso tem na vida. Aparece a parte do Senhor Deus e o Pregador

completa o pensamento de 1.3: “que vantagem tem o trabalhadornaquilo em que trabalha?” Em parte responde essa pergunta assim:“Isso faz Deus para que haja temor diante dele” (3.14b).

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10. o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens paracom ele os afligir”. O esforço do homem é inútil porque não confiou

em Deus. Por isso ficou sujeito a um trabalho com aflição.11. “Tudo fez formoso em seu tempo”. Ao contrário, o homem

 põe tudo fora do lugar e do tempo (v. 9). “Pôs a eternidade nocoração do homem” (ARA). Na tradução francesa de Louis Segond,está assim: ‘7/ a mis dans leur coeur la pensée de la eternité”, ouseja, “Ele tem posto em seu coração a idéia da eternidade”.

Deus deu ao homem a idéia da eternidade. Existe no coraçãodo homem um anseio pelas coisas eternas. Há no ser humano umvazio que só pode ser preenchido pelas coisas eternas.

A eternidade foi perdida quando Adão pecou (Gn 3.22); umaaliança eterna foi prometida (Gn 9-16) — “para me lembrar daaliança eterna”—por um Deus eterno (SI 90.2). Deus, que é benigno

e misericordioso, lembra-se sempre da sua aliança (Sl 111.4,5) e dáao seu povo o gozo eterno (Is 35.10).

Deus coloca no coração do homem a capacidade de entendero mundo (como reflexo da sabedoria divina), sua beleza, sua ordeme seu tempo (Rm 1.19,20). Fomos dotados de um senso que nosfaz entender as promessas de Deus e a glória futura, esperada pelos

que obedecem ao Evangelho.Há um pensamento de Agostinho sobre o assunto: “Tu nos

fizeste para ti mesmo, e nossos corações não descansam enquantonão encontram paz em ti”.

12. “Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se” (ARA). O homem deve se alegrar com os dons de Deus e fazer o

 bem aos outros. Essa parte nunca está fora de tempo (Gl 6.9,10).Depois de chegar a uma conclusão triste buscando gozar o

 bem, agora o Pregador mostra que podemos alcançar este alvo.Reconhecendo que Deus lhe concedeu esse privilégio, o homem pode encontrar a alegria na vida.

13- O trabalho costumeiro sem um motivo religioso é somente

aflição e canseira. Quando se recebe as coisas materiais comodádivas de Deus, a paz vem ao coração.

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 prosperam e ele “de contínuo era afligido”. Quando entrou nosantuário de Deus, entendeu (SI 73.1-17).

18. Continua a experiência do verso 16. Deus permite esseestado de coisas, mantendo o livre arbítrio dos homens, paramostrar seu poder e sua justiça. Com isso, os homens podem verseu fracasso e que não são superiores aos animais (Jó 36.8-9).

19- “O que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais...todos têm o mesmo fôlego de vida...” (ARA). Os incrédulos são

fisicamente iguais aos animais.O pó da terra é a origem comum ao homem e aos animais. O

fôlego de vida espera a morte para um e para os outros. Diante denossa observação, não há diferença, todos se transformam em pó.

20. Continuação do verso 19. “Todos ao pó tornarão”. Por esse pensamento, alguém conclui que Eclesiastes prega o materialismo.

Porém, o autor defende a idéia do juízo e do destino do homemaliados à responsabilidade espiritual (3-17; 12.7).

O fato de sermos feitos com o mesmo material do mundo provanossa fragilidade. O sopro (respiração) e o pó (matéria) constituemum ser vivo, mas bem limitado e fraco (Sl 104.29).

21. “Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se

dirige para cima, e o dos animais para baixo, para a terra?” (ARA). Osentido aqui é que há uma diferença entre o homem e os animaisdepois da morte. Outra idéia no mesmo texto é que em geral ohomem não é capaz de notar a diferença no destino ou no que viráapós a morte.

O Salmo 49 diz: “... vê-se morrerem os sábios e perecerem

tanto o estulto como o inepto... seu pensamento... é que suas casasserão perpétuas... o homem não permanece em sua ostentação; é,antes, como os animais, que perecem” (Sl 49.10-12, ARA).

Em Jó 32.8, há uma afirmativa sobre o espírito: “Na verdade,há um espírito no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz sábio”(ARA). Por isso, dentro de nós existe uma inclinação para buscar a

Deus (Is 26.9).A pergunta do verso 21 está ligada ao ponto de vista comum,

“debaixo do sol”. Quando o homem se volta para Deus, a conclusão

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é o que expressa 12.7: “0 pó volte à terra e o espírito volte a Deusque o deu”.

22. “Melhor... alegrar-se o homem nas suas obras”. A coismelhor da vida é alegrar-se agradecendo a Deus os dons querecebeu. “Quem o fará voltar para ver o que será depois dele?”

 Ninguém pode saber como ficarão suas obras depois da morte.Deus faz com que os que o buscam gozem das bênçãos terrenas:trabalho, comida, riquezas, família e seu resultado (5.18,19; 9.9).

Depois da morte, não participaremos do ambiente destemundo.

Capítulo 4

1. “As opressões... as lágrimas dos que foram oprimidos... mas

eles não tinham nenhum consolador”. Uns oprimem; outros sentema opressão, e não há consolo para os sofredores. A injustiça é açãodominante em todo o mundo. Não se espera que as opressões sejamsuportadas em silêncio.

É comum no Antigo Testamento a compaixão pelos oprimidos.As lágrimas são comuns ao povo de Deus. “Rios de águas correm

dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei” (Sl119.136). “Jesus chorou” (Jo 11.35). ‘Alguns homens piedosossepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele” (At 8.2, ARA).

Há opressão de um rei sobre seu povo (Pv 28.16); de um senhorsobre seu servo (Dt 24.14); do rico sobre o pobre (Pv 22.16); etudo isso é visto com indignação. A frase “mas eles não tinham

nenhum consolador” é repetida, mostrando desamparo. Osrecursos humanos não dão alívio.2. “Tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os

que ainda vivem” (ARA). Se não fosse a religião, os que morreramcedo seriam os mais felizes, porque não sofreriam a opressão.

A tristeza sem Deus conduz a insinuações suicidas (Mt 27.5; 2

Cr 7.10). Quem se refugia em Deus encontra alento: “O que meconsola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica” (Sl119.50, ARA). ‘Aniquilará a morte para sempre” (Is 25.8).

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3. “Tenho por feliz aquele que ainda não nasceu” (ARA).Pensando só nas vantagens materiais, seria melhor morrer antesde nascer. A experiência desses dois versos está explicada emSalmos 73.16,17. “Quando pensava em compreender isso, fiquei

 perturbado... até que entrei no santuário de Deus, entãoentendi...”

4. “Todo trabalho e toda destreza... provêm da inveja do homemcontra o seu próximo” (ARA). A inveja é um dos sentimentos mais

 perversos do homem. Consiste em sentir-se mal com o bem-estardo outro, ou no desejo de tomar o que é do outro.

O Pregador observou que toda a destreza nas obras dos homensé movida pela inveja, no desejo de destruir a felicidade dos outros.Tudo se move pela competição humana, pela ambição das riquezas.O homem não somente quer gozar vantagens mas suplantar ouimpedir a vantagem do próximo. A ausência do amor fraternaldomina todos os empreendimentos.

5. “O tolo cruza as suas mãos e come a sua própria carne”. A palavra “tolo” aqui tem o sentido de mau ou ímpio. Cruza os braços,adota a preguiça (“come a própria carne”), pratica o suicídio, nuncase satisfaz. “Um pouco para dormir... um pouco para encruzar os

 braços... assim será a tua pobreza” (Pv 24.33,34). No verso 4, a atividade humana é inspirada na inveja. Há um

esforço para prejudicar os outros. No verso 5, a luta contra o próximo é substituída por um abandono ao trabalho, que incluiindiferença ou desânimo.

6. “Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãoscheias de trabalho” (ARA). É um contraste entre o sossego e ainquietação. Lembra duas passagens do livro de Provérbios: “Melhoré o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouroonde há inquietação” (Pv 15.16); “A bênção do Senhor é queenriquece e ele não acrescenta dores” (Pv 10.22).

7e8. “... outra vaidade debaixo do sol... um homem... [que]não tem filho nem irmã... não cessa de trabalhar... e não diz: Paraquem trabalho eu?” (ARA). É o quadro de um homem sem herdeiros,trabalhando sem repouso. A infidelidade está na ambição contínua.

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As realizações lucrativas não têm um alvo, porque não há um parente, um companheiro, um amigo que possa aproveitar.

Embora o Eclesiastes não fale aqui de Jesus Cristo, alguns bispos, como Ambrósio e Jerônimo, achavam que o companheiroque faltava naquele caso era Cristo, “que é tudo em todos”

(Cl 3.11).9. “Melhor é serem dois”. Contraste com “um homem só” do

verso 8. Os laços de união, casamento, amizade, comunhão religiosa,

são melhores que a solidão. O companheirismo ajuda a remover asdificuldades. Pela cooperação, muitas vezes vem o bom resultadonas atividades. “Sede fortes, não desfaleçam as vossas mãos; porquea vossa obra terá recompensa” (2 Cr 15.7). “Herança do Senhorsão os filhos” (Sl 127.3).

10. “Se um cair, o outro levanta o seu companheiro”. Se houver 

um acidente físico ou espiritual, o auxílio do companheiro seráimportante. O pensamento vai além de um acidente comum; podeser um lapso, um engano, uma queda moral. Em qualquer caso defalha ou de carência, a presença do amigo ajuda ou ameniza asituação.

11. “... se dois dormirem juntos, eles se aquentarão”. A primeira

idéia é de marido e mulher, mas pode ter outras aplicações. Nasnoites de inverno em Israel, os viajantes dormiam juntos, e os que podiam usavam outros meios para se aquecer na hora do frio. Orei Joaquim tinha uma casa de inverno e acendia um braseiro (Jr

36.22,23).Os laços sociais e a união da fraternidade cristã ilustram esse

quadro. Quando Paulo estava preso em Roma, recebeu a visita dealguns irmãos, deu graças a Deus por isso e sentiu-se mais animado

(At 28.15).12. “O cordão de três dobras não se quebra tão depressa”.

É uma frase proverbial do hebraico falando da família: o marido,a esposa e os filhos que, unidos, vencem os inimigos da paz.

Também se refere à comunhão dos crentes. Jesus mandousetenta discípulos, de dois em dois, para anunciar o Reino de

Deus (Lc 10.1,9).

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Capítulo 5

1. “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus”.Exortação à reverência que deve ser observada para com as coisasreligiosas. Quem se dirige a Deus deve lembrar-se da santidadedEle e da importância do louvor e adoração que lhe devemos.

A “Casa de Deus” pode ser o templo, a casa de cultos, mas pode referir-se a qualquer lugar onde Deus se revela. A Moisés,

Deus falou de dentro da sarça ardente (Êx 3.2-5). AJacó, num lugardeserto (Gn 28.10-17). Aqui o pensamento é o templo, que foiconstruído por Salomão no século X a.C. Para os israelitas, era o

 ponto ou a sede do culto e de toda meditação reverente, o localonde a glória divina se achava.

“Ouvir”. A palavra inclui escutar e obedecer ao que Deus

manda: “Vede pois como ouvis” (Lc 8.18). “Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Atendei ao que ides ouvir” (Mc 4.23,24).

“Sacrifícios de tolos”. São atos de idolatria. Nas religiões pagãs,eram oferecidos sacrifícios de animais, que em seguida serviam derefeições. Religião sem obediência a Deus é um mal e não uma

 bênção. Exemplo: a oferta de Caim. “Caim trouxe do fruto da terra

uma oferta ao Senhor” (Gn 4.3,5). Mas o Senhor não se agradoudaquela oferta.

“Não sabem que fazem o mal”. Também se traduz essa frasedoutras maneiras: “assim eles praticam o mal”; “quando praticamo mal” ou “ao praticarem o mal”. O tolo oferece um sacrifício queDeus não aceita e com isso está praticando o mal e perdendo a

 bênção de Deus.2. “Nãoteprecipitescomatuaboca... nem o teu coração... sejam

 poucas as tuas palavras”. Deus atende às palavras sinceras, que devemser poucas, para evitar a imprudência: “Os gentios... pensam que pormuito falarem serão ouvidos” (Mt 6.7). As palavras imprudentes sãoreflexo do coração. Jó observou isso: “Sou indigno; que te responderia

eu? Ponho a mão na minha boca” (Jó 40.4, ARA).O Pregador lembra que a precipitação nas palavras é semp

um erro e isso pode acontecer na angústia ou ressentimento: “Deus

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está nos céus e tu na terra”. Há duas lições sobre a pessoa de Deusque lembram o começo da oração do pai-nosso. A invocação é: “Pai

nosso, que estás nos céus”. Pensando nessas duas verdades—Deusé Pai e não devemos ter dEle um medo covarde; e Deus está noscéus, é elevado, é santo, é soberano —, sejamos humildes esubmissos porque estamos na terra.

3. “Porque da muita ocupação vêm os sonhos”. Essa conjunção“porque” mostra a ligação desse verso com o anterior. Os muitos

trabalhos podem produzir inquietação e prejudicar o cuidado naoração. As muitas palavras pronunciadas sem concentração são

 palavras néscias, não trazem solução para os problemas.É preciso cuidado na oração como faziam os crentes no começo

da Igreja (At 4.24-31). Adoravam a Deus (v. 24), lembravam asEscrituras (w. 25-28) e faziam um pedido direto (v. 29). O resultado

veio acompanhado de um milagre.4. Nos versos 4 a 7, o Pregador se ocupa com os votos feitos

 para Deus. O voto era uma promessa que poderia ser parte de umaoração pedindo bênçãos (Nm 21.2). Jonas disse: “Eu te oferecereisacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei” (Jn2.9).

“Quando a Deus fizeres algum voto não tardes em cumpri-lo”.Em Provérbios há uma advertência nesse sentido. “Laço é para ohomem dizer precipitadamente: É santo! E só refletir depois defazer o voto” (Pv 20.25, ARA). O voto dado não deve ser esquecido.“Fazei votos e pagai ao Senhor, vosso Deus” (Sl 76.11).

5. Continuação do verso 4 sobre o voto. Na lei, a questão do

voto vem nestas palavras: “Quando fizeres algum voto ao Senhorteu Deus, não tardarás em cumpri-lo... o Senhor... o requererá deti... porém, abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti”(Dt 23.21,22, ARA).

6. “Não consintas que a tua boca te faça culpado” (ARA). Aculpa aqui seria um voto não cumprido. “O mensageiro de Deus”

 pode ser: um anjo (Jó 33.22,23) — ‘A sua alma se vai chegando àcova,... se com ele houver um anjo intercessor...”; ou o sacerdote(Ml 2.7). “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o

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conhecimento,... porque ele é mensageiro do Senhor...”, diante dequem era feito o voto (Lv 5.4,5). No Antigo Testamento, não ha

distinção entre anjo e mensageiro. ‘Aquele que jura com dano próprio e não se retrata” (Sl 15.4) é quem pode habitar notabernáculo do Senhor e morar no seu santo templo” (Sl 15.1).

7. “... na multidão dos sonhos há vaidade... assim também nasmuitas palavras...”. Os sonhos sao vaidade, coisa sem proveito. Assimsão as muitas palavras que demonstram falta de reverência e

sinceridade.“Teme a Deus”. Quando as pessoas cultuam a Deus, em geral

falam sem pensar e pecam por isso. O remédio para evitar a quebrade votos e as palavras perdidas é temer a Deus.

8. “Sevires... o p r e s s ã o de pobres e o roubo em lugar do direito

e da justiça... não te maravilhes”. Novamente o Pregador fala do

 problema da pobreza e da riqueza. Nos versos 8 a 12, menciona “o pobre” (v. 8), “o dinheiro” (v. 10), “bens” (v. 11), “o [homem] rico”(v. 12). Os ricos oprimem e o pobre não pode esperar solução; nãohá remédio por meio da ação dos homens.

“O que está [no] alto tem acima de si outro mais alto... e sobreestes,... outros mais elevados que também exploram” (ARA). Um

oficial cuida dos interesses do outro seguindo os vários níveis deautoridade. Mas Deus esta acima de todos e, no tempo certo, julgara

os injustos. /9. “O proveito da terra é para todos”. O que a terra produz e

 para atender às necessidades de todos. Esse verso é complementodo oito. O Senhor punirá os que roubam dos pobres: “Não roubes

ao pobre... nem... ao aflito... porque o Senhor defenderá a causadeles e tirará a vida aos que os despojam” (Pv 22.22,23, ARA). Ouviisto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís osmiseráveis da terra... Jurou o Senhor:... Eu não me esquecerei detodas as suas obras para sempre!” (Am 8.4-7, ARA).

10. “Quem ama o dinheiro... e quem ama a abundância, nunca

se farta da renda” (ARA). O castigo do ambicioso é a insatisfação.“Dinheiro” aqui quer dizer bens, possessões, e abundância

lembra colheita ou lucros nos investimentos, a esperança de

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rendimentos. Tudo isso é vaidade, pois não traz felicidade se ohomem não buscar a bênção de Deus.

11. “Onde a fazenda se multiplica, aí se multiplicam tambémos que a comem”. Quem junta muitas riquezas vê muitos comeremdelas. Quem se deleita no Senhor experimenta a satisfação de notarque “o meu cálice transborda” (Sl 23.5).

As bênçãos vêm mais do que se esperava: Deus é poderoso para fazer mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). O proveito

do dono é só “ver com os seus olhos”. Contemplar as riquezas edeixá-las para outros.

12. “Doce é o sono do trabalhador”. O trabalhador honesto efiel a Deus tem um sono agradável. A fartura do rico não o deixadormir. O rico opressor vive inquieto, desejando mais e temendo

 prejuízos, ladrões e inimigos. O trabalho do pobre é sem

 preocupação, por isso vem acompanhado de um sono profundo. Afartura do rico aqui não fala de seu estômago farto, mas de suasriquezas, que sem o temor de Deus são acompanhadas de

 preocupações.13. “Grave mal debaixo do sol” (ARA) é um mal tão

desagradável quanto uma doença, uma riqueza adquirida e

guardada que não trouxe proveito ao dono. O castigo de Deus caisobre o homem que foi dominado pela ambição e gastou seu tempoe suas forças acumulando bens materiais, sem observar a vontadede Deus.

14. “Tais riquezas se perdem... ao filho... nada lhe fica na mão”(ARA). A “má aventura” vem e o filho do rico fica pobre. Durante a

vida o rico não foi feliz porque vivia agitado, procurando adquirirmais riquezas. Subitamente, os bens foram perdidos em negóciossem êxito ou devido a mudanças circunstanciais, e o filho ficousem nada.

15. “Como saiu do ventre de suamãe, assim nu voltará... e do seutrabalho nada poderá levar consigo” (ARA). Quem se preocupa só com

a riqueza material não se lembra de que nada levará deste mundo.16. “... como veio, assim ele vai; e que proveito lhe vem de

trabalhar para o vento?” É inútil gastar a vida trabalhando para o

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vento. Quando o homem tem um grande capital, ele se esquece deque nada levará deste mundo. “Não temas quando alguém se

enriquece... quando morrer, nada levará consigo” (Sl 49.16,17).17. “Nas trevas, comeu... com muito enfado, com enfermidadese indignação” (AM). Aqui vem explicado o preço que o rico pagou

 para conseguir as riquezas materiais. Em “trevas”, vivendo noengano. Com “enfado”, cuidados e desgaste pelo esforço contínuo.Com “enfermidades”, ou prejuízo da saúde. “Indignação”,

aborrecimentos, ocasiões em que teve raiva diante dos problemas,na luta contra planos escusos.18. “Boa e bela coisa: comer, e beber, e gozar... do bem de

todo o seu trabalho... os dias da sua vida que Deus lhe deu; porqueesta é a sua porção”. O melhor é usar os dons desta vida dandograças a Deus e reconhecendo a dependência dEle (3.12,13,22; 1

Co 7.31).Tildo o que adquirimos neste mundo é provisão de Deus, numavida bem rápida. “Comer e beber”, além do proveito para o corpo,significa companheirismo, alegria e satisfação. Pode lembrar aindaas celebrações religiosas. “... come-o ali perante o Senhor teu Deus,e alegra-te, tu e a tua casa” (Dt 14.26). Esse verso lembra a impressão

da alegria pacífica do reinado de Salomão. “Eram... os filhos deJudá e Israel muitos, como a areia... do mar; comiam, bebiam e sealegravam” (1 Rs 4.20, ARA).

19. “Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bense lhe deu poder para deles comer... e gozar... isto é dom de Deus”(ARA). Saber usar os dons de Deus é felicidade, aproveitando com

sabedoria esta vida.A riqueza pode vir com a possibilidade de gozá-la. O incrédulo pensa que essas duas coisas vêm juntas, mas nem sempre issoacontece. A vontade de Deus dirige tudo, dando riquezas e

 possibilidade de aproveitá-las. O homem deve aceitar as condiçõesde vida que a providência divina lhe concede. Paulo diz: “... aprendi

a viver contente em toda e qualquer situação... tenho experiência,tanto de fartura como de fome; assim de abundância como deescassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13, ARA).

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20. O homem temente a Deus não se preocupa com as coisastristes. “Deus lhe enche o coração de alegria” (ARA). Essa alegria é

uma resposta às orações dos que esperam nEle.Há um trabalho que traz enfado e frustração (1.13; 4.8). O

incrédulo vive num mundo vão, cheio de decepções (1.15). A vidaconcedida por Deus é de fé e de alegria diante de quaisquercircunstâncias.

Capítulo 61 e 2. Uma pessoa conseguiu os bens que desejava, poré

nada gozou desses bens, nem deixou para os filhos. Um estranho équem os aproveita.

Recebeu dons de Deus, mas foi dominado pela incredulidade

e pela avareza; as riquezas passaram para um estranho que não eraseu herdeiro (Lm 5.2; Jr 51.51; Os 7.9). No capítulo anterior, versos 18 a 20, há uma cena do homem

que recebeu a bênção de Deus, adquirindo bens e possibilidade decomer, beber e gozar, reconhecendo que tudo foi concedido porDeus. Aqui é um quadro inteiramente oposto: um rico que deixa

tudo para outros; sua vida de trabalho foi inútil, só frustração evaidade. “Dizei aos justos que bem lhes irá, porque comerão dofruto das suas obras” (Is 3.10).

3. “Se alguém gerar cem filhos... viver muitòs anos... e se a sualma não se fartar do bem...” (ARA). Ter muitos filhos, longa vida eriquezas não é bastante para ser feliz."... não tiver sepultura...” No

Oriente, não ter uma sepultura é a maior degradação. “Um abortoé mais feliz”.

4 e 5. Continua a figura do aborto, um ser que veio antes dtempo, não teve nome, não provou as coisas da vida. O homem doverso três é menos honrado do que ele.

6. De novo aparece a idéia da longa vida mencionada no vers

três. Uma vida prolongada, sem comunhão com Deus, ainda quedure dois mil anos, será inútil, porque não alcançará a paz. “Vãotodos para o mesmo lugar”. Ricos e pobres que não buscam a Deus

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terão todos o mesmo fim. 0 destino é um só, não importando otempo gasto para chegar lá.

7. “Todo trabalho do homem é para a sua boca”. “Boca” significaalimentação material. O trabalho do homem não é feito por prazer,mas pela necessidade da comida, da sobrevivência material.

A satisfação não é alcançada porque “Não só de pão viverá ohomem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor” (Dt 8.3,ARA).

8. “Que vantagem tem o sábio sobre o tolo?” (ARA). O sábioque se deleita em Deus é tão infeliz quanto o tolo. “Que tem o

 pobre que sabe andar perante os vivos?” A palavra “andar” aquisignifica viver ou modo de viver. Essa pergunta é respondida noverso nove.

9. “Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça”. A

“vista” é a capacidade de ver o bem, de reconhecer a dependênciade Deus. Com isso, é possível encontrar alegria. O vaguear, ou andarocioso, significa viver separado de Deus. Os ambiciosos que só

 buscam os lucros materiais nunca se satisfazem. “Os que queremser ricos caem... em muitas concupiscências... que submergem oshomens na perdição e ruína” (1 Tm 6.9).

10. ‘A tudo quanto há de vir já se lhe deu o nome” (ARA). Onome foi dado pelo Pregador, desde o começo do livro. TUdo oque há no muito, para uma observação material, só merece serchamado: vaidade. “Sabe-se que é homem e que não podecontender com o que é mais forte do que ele”. O homem é fraco,limitado, incompetente e não pode contender com Deus, que é

chamado aqui de “o mais forte”. O resto do livro esclarece o assunto,definindo o que é o bem supremo.

11. “Há muitas coisas que aumentam a vaidade”. O homemnão pode mudar os acontecimentos. As palavras e atitudes só fazemaumentar a vaidade. Deus é soberano. Se o homem obedecer à suaPalavra, poderá aproveitar a vida gozando as vantagens da bênção

de Deus.12. “Quem sabe o que é bom nesta vida para o homem... os

quais gasta como sombra?” A humanidade não tem sabedoria em si

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mesma. 0 Pregador pergunta quem é capaz de dizer o que é quesatisfaz. A vida tão rápida do homem aqui no mundo é comparada

a uma sombra. “Quem declarará ao homem o que será depois deledebaixo do sol?” Nesse verso há duas perguntas que mostram um

 problema duplo causado pela fraqueza e ignorância do homem-.“Quem sabe...?” — a humanidade não tem capacidade e nãoencontra quem a ajude; “Quem pode...?” — ninguém tem podernem certeza para pôr em prática um plano adequado, ou achar

uma solução para seu caso. No capítulo sete, o Pregador apresenta respostas a essas

 perguntas.

Capítulo 7

Esse trecho, dos versos 1 a 14, mostra aspectos da vida que

causam tristeza. Aparecem sete frases, em forma de provérbios,começando com as palavras “melhor... do que”. Falam da morte,do luto e dos sofrimentos, mas afirma que a sabedoria protege e dávida, e é bom considerar as obras de Deus.

1. “Melhor é a boa fama do que o melhor ungüento” e “o diada morte [melhor] do que o dia do nascimento”. Esses versos podem

ser entendidos nestes termos-, assim como um bom nome é melhordo que um perfume, o dia da morte é melhor do que o dia donascimento. Boa fama ou bom nome não é a reputação perante oshomens, mas a realidade diante de Deus.

O ungüento precioso tem uma fragrância que dura poucotempo; o nome que Deus dá é permanente (Ap 3.12). “Melhor que

o dia da morte...” Não é uma censura a Deus por ter criado ohomem. Para quem vive bem com Deus, morrer é melhor do queviver (Fl 1.23).

2. “Melhor é ir à casa onde há luto do que... onde há banquete”.Onde há banquete, existe a tentação de esquecer-se de Deus. Dianteda morte é mais fácil lembrar o fim de cada um e a necessidade de

 preparar-se para o juízo de Deus. A morte nos fez pensar na vida. “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos coraçãosábio” (Sl 90.12). Cada funeral alheio fez lembrar nosso próprio funeral.

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3. “Melhor é a tristeza do que o riso”. O riso pode ser loucura(2.2). Na hora da tristeza é mais comum buscar a Deus: se faz

melhor o coração”. A vida interior pode julgar os acontecimentosdum modo mais correto diante da cena da morte. Pode haver maishumildade refletindo a fraqueza humana.

4. “O coração dos sábios está na casa do luto”. O sábio pensaseriamente na vida e nos que sofrem. “Mas o coração dos tolos, nacasa da alegria”. O tolo é inclinado à alegria sensual. O sábio vive

 preocupado com a morte e o luto, e pode refletir com seriedade einteresse pelos outros. O insensato é cego quanto às coisasespirituais, gosta da alegria dos irresponsáveis.

5. “Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que... a cançãodo tolo”. A repreensão do sábio é segundo Deus, desagrada a carnemas beneficia o coração. A canção do insensato agrada a carne e

insulta o espírito.‘A canção do tolo” pode ser a adulação ou lisonja, e pode tersentido literal: a canção alegre das festas mundanas.

Um exemplo de “repreensão do sábio” é a palavra do profeta Natã a Davi em 2 Sm 12.1-12. A canção dos tolos é descrita porAmós: “ [Vós] que cantais à toa ao som da lira...” (Am 6.5, ARA).

6. “Qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal éo riso do tolo; também isso é vaidade”. Os maus são comparados aespinhos. “Os filhos de Belial serão todos lançados fora como osespinhos” (2 Sm 23.6). O barulho dos espinhos no fogo ilustra oriso dos tolos. O juízo do Senhor virá “... como chama de fogo...diante dele tremem os povos...” (J1 2.5,6). A superficialidade do

insensato faz parte da vaidade da vida, que em Eclesiastes écaracterística deste mundo e do próprio homem.7. ‘A opressão faz endoidecer até o sábio”. A opressão, sendo

ato injusto, pode trazer a tentação de vingança, procurando retribuircom a mesma moeda. Porém, em geral, são os poderosos queoprimem, e os opressos não têm condição de revidar. Um dos

castigos preditos ao povo de Israel, no caso de desobediência aDeus, seria a opressão. “... serás oprimido e roubado todos os dias”(Dt 28.29). “O suborno corrompe”. Às vezes, um que sempre foi

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honesto, vendo a vantagem do suborno, é tentado a cair naarmadilha.

8 . “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”.Literalmente, a tradução é: melhor é o fim da palavra do que o seucomeço, ou: melhor é a palavra final do que a primeira (melhor o fimdo discurso...; melhor o fim de um assunto...; melhor o fim das coisas...).

O fim da vida de quem espera em Deus é a recompensa, arealidade do que se esperou. Deus abençoa os que crêem nEle.

“Melhor é o paciente do que o arrogante” (ARA). ‘A tribulação produz paciência” (Rm 5.3).

O arrogante será castigado. “Eu invejava os arrogantes, ao vera prosperidade dos perversos” (Sl 73-3, ARA). “Deus é a fortalezado meu coração... os que se afastam de ti, eis que perecem; tudestróis todos os que são infiéis” (Sl 73.26,27, ARA).

9. “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos”. Ou a ira ou a exasperação podem ser contraas injustiças e perseguições sem motivo, podem ser causadas pelaamargura do sofrimento ou pelo procedimento dos familiares ecompanheiros. Seja qual for a experiência da vida, o Pregadorrecomenda que ninguém se apresse a irar-se, porque a ira é peculiar

ao insensato. “Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,tardio para se irar” (Tg 1.19).

10. “Nunca digas: Por que foram os dias.passados melhoresdo que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias”. Osisraelitas se queixavam dizendo: “... na terra do Egito... junto às

 panelas de carne... comíamos pão até fartar! Porque nos tendes

tirado para este deserto, para matardes de fome a toda estamultidão” (Êx 16.3). Esqueciam-se da escravidão, do trabalhoforçado e dos açoites, contra os quais clamaram ao Senhor (Êx 1.11-14-, 3.7,8).

Cada época tem suas dificuldades e possibilidades. Ninguém deve se lamentar pensando que o tempo passado

foi melhor. Afirmar que o passado foi melhor é declarar queDeus não é fiel em suas promessas. Quem tem a verdadeirasabedoria não diz isso.

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11. “Boa é a sabedoria, havendo herança, e de proveito, paraos que vêem o sol” (AM). A primeira frase pode ser traduzida: “Asabedoria é tão boa como uma herança”. A riqueza ou herançadeixada para os filhos é coisa boa, porém, se não for acompanhada

 pela sabedoria, será perdida.A sabedoria pode ser deixada como riqueza para os herdeiros.“Os que vêem o sol” são os que ainda estão vivos (11.7). “... comoaborto... não existiria; como as crianças que nunca viram a luz (Jó3.16). “... eles nunca verão a luz” (Sl 49.19).

12. ‘A sabedoria protege como protege o dinheiro” (AM). O

dinheiro bem aplicado resolve problemas; assim, o conhecimentoe a sabedoria ajudam de um modo superior às riquezas. “[Asabedoria] dá vida”. Proporciona uma vida mais proveitosa, maisagradável. ‘A vida eterna é esta: que conheçam a ti só por únicoDeus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).

13. “Atenta para as obras de Deus, pois quem poderá endireitar

o que ele torceu?” (AM). A condição de decadência e nulidadedeste mundo é exposta no Eclesiastes. Não é obra do acaso, masestá sujeita à vontade de Deus. ‘A criação ficou sujeita à vaidade,não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou” (Rm 8.20).O homem não pode alterar os propósitos de Deus. Deve esperarna restauração de todas as coisas determinadas por Ele.

14. “No dia da prosperidade goza do bem”. A prosperidade deveconduzir o homem à alegria, e este, por sua vez, deve recebê-la como bênção de Deus. “Mesmo no dia da adversidade, considera; porqueDeus fez este em oposição àquele...”. Esta (a adversidade) mostra arealidade da vida e pode conduzir à fé em Deus. Essa alternativa mostraque dependemos da vontade de Deus em tudo e precisamos ser

aprovados por Ele, para que venhamos a alcançar a felicidade. “... paraque o homem nada ache que tenha de vir depois”. Deus é quem tem oconhecimento do futuro. Temos de confiar que Ele prepara o melhor

 para os que esperam na sua providência.15. “Minha vaidade” — a apostasia. Jó faz referência a uma

conclusão semelhante: “Como... vivem os perversos, envelhecem

e ainda se tornam mais poderosos?” (Jó 21.7, ARA).

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honesto, vendo a vantagem do suborno, é tentado a cair naarmadilha.

8 . “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”.Literalmente, a tradução é: melhor é o fim da palavra do que o seucomeço, ou: melhor é a palavra final do que a primeira (melhor o fimdo discurso...; melhor o fim de um assunto...; melhor o fim das coisas...).

O fim da vida de quem espera em Deus é a recompensa, arealidade do que se esperou. Deus abençoa os que crêem nEle.

“Melhor é o paciente do que o arrogante” (ARA). ‘A tribulação produz paciência” (Rm 5.3).

O arrogante será castigado. “Eu invejava os arrogantes, ao vera prosperidade dos perversos” (Sl 73.3, ARA). “Deus é a fortalezado meu coração... os que se afastam de ti, eis que perecem; tudestróis todos os que são infiéis” (Sl 73.26,27, ARA).

9. “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos”. Ou a ira ou a exasperação podem ser contraas injustiças e perseguições sem motivo, podem ser causadas pelaamargura do sofrimento ou pelo procedimento dos familiares ecompanheiros. Seja qual for a experiência da vida, o Pregadorrecomenda que ninguém se apresse a irar-se, porque a ira é peculiar

ao insensato. “Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,tardio para se irar” (Tg 1.19).

10. “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhoresdo que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias”. Osisraelitas se queixavam dizendo: “... na terra do Egito... junto às

 panelas de carne... comíamos pão até fartar! Porque nos tendes

tirado para este deserto, para matardes de fome a toda estamultidão” (Êx 16.3). Esqueciam-se da escravidão, do trabalhoforçado e dos açoites, contra os quais clamaram ao Senhor (Êx 1.11-14; 3.7,8).

Cada época tem suas dificuldades e possibilidades. Ninguém deve se lamentar pensando que o tempo passado

foi melhor. Afirmar que o passado foi melhor é declarar queDeus não é fiel em suas promessas. Quem tem a verdadeirasabedoria não diz isso.

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11. “Boa é a sabedoria, havendo herança, e de proveito, paraos que vêem o sol” (ARA). A primeira frase pode ser traduzida: ‘A

sabedoria é tão boa como uma herança”. A riqueza ou herançadeixada para os filhos é coisa boa, porém, se não for acompanhada

 pela sabedoria, será perdida.A sabedoria pode ser deixada como riqueza para os herdeiros.

“Os que vêem o sol” são os que ainda estão vivos (11.7). “... comoaborto... não existiria; como as crianças que nunca viram a luz (Jó

3.16)."... eles nunca verão a luz” (Sl 49.19).12. ‘A sabedoria protege como protege o dinheiro” (ARA). O

dinheiro bem aplicado resolve problemas; assim, o conhecimentoe a sabedoria ajudam de um modo superior às riquezas. “[Asabedoria] dá vida”. Proporciona uma vida mais proveitosa, maisagradável. “A vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único

Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).13. ‘Atenta para as obras de Deus, pois quem poderá endireitar

o que ele torceu?” (ARA). A condição de decadência e nulidadedeste mundo é exposta no Eclesiastes. Não é obra do acaso, masestá sujeita à vontade de Deus. ‘A criação ficou sujeita à vaidade,não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou” (Rm 8.20).

O homem não pode alterar os propósitos de Deus. Deve esperarna restauração de todas as coisas determinadas por Ele.

14. “No dia da prosperidade goza do bem”. A prosperidade deveconduzir o homem à alegria, e este, por sua vez, deve recebê-la como

 bênção de Deus. “Mesmo no dia da adversidade, considera; porqueDeus fez este em oposição àquele...”. Esta (a adversidade) mostra a

realidade da vida e pode conduzir à fé em Deus. Essa alternativa mostraque dependemos da vontade de Deus em tudo e precisamos seraprovados por Ele, para que venhamos a alcançar a felicidade. “... paraque o homem nada ache que tenha de vir depois”. Deus é quem tem oconhecimento do futuro. Temos de confiar que Ele prepara o melhor

 para os que esperam na sua providência.

15. “Minha vaidade” — a apostasia. Jó faz referência a umaconclusão semelhante: “Como... vivem os perversos, envelheceme ainda se tornam mais poderosos?” (Jó 21.7, ARA).

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0 Pregador não procura explicar os problemas expostos; procura preparar a pessoa para conviver com eles. “Há um justo

que perece na sua justiça”. Aqui fala da morte física, não da morteeterna. Nabote é um exemplo de justo que morreu na sua justiça(1 Rs 21.3).

O crente deve enfrentar os acontecimentos como são. Pedrodá uma exortação nesse sentido. ‘Amados, não estranheis a ardente

 prova... como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos

no fato de serdes participantes das aflições de Cristo” (1 Pe 4.12,13).16. “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente

sábio”. Ninguém pode se considerar justo, pois cairá no erro dosfariseus (Mt 6.1-7,9,14; 23.23,24; Rm 10.3).

Julgar-se sábio (Pv 3.7) é exaltar-se, e qualquer que a si mesmose exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado

(Lc 14.11). “Te destruirias a ti mesmo?”. O sentido é expor-se aocastigo de Deus.

17. “Demasiadamente ímpio”. Não se pode ser “um pouco”mau. A expressão aqui é para fazer contraste com “demasiadamente

 justo”. Pode significar também entregar-se à maldade, sem nenhumdesejo de mudar de vida. “Louco” é contraste com “sábio” do verso

16. A maldade ou perversidade é um fato comum na vida humana.O justo é aquele que evita os extremos: não cultiva a auto-

retidão e não deixa que a corrupção domine sua vida. “Morreriasfora de teu tempo?” A maldade sem freios pode produzir a morteantes do tempo. “Homens de sangue e de fraude não viverão metadedos seus dias” (Sl 55.23).

18. “Bom é que retenhas isto e também daquilo não retires atua mão” (ARA). Isto e aquilo são os dois perigos contra os quais overso 16 avisa. Caminhar no temor de Deus livra dos dois extremos.Esse é o princípio da sabedoria (Pv 1.7; 9-10). “Quem te não temeriaa ti, ó Rei das nações? Pois isso só a ti pertence” (Jr 10.7; Ap 15.4).

19- “A sabedoria fortalece o sábio, mais do que dez

governadores que haja na cidade”. A sabedoria verdadeira é a quevem de Deus. O governo certo é orientado por Deus. “Se o Senhornão guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).

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“Dez poderosos” (AM) ou “dez governadores” pode ser umnúmero indefinido ou um conselho municipal composto dos juizes

de uma cidade. A sabedoria baseada no temor de Deus é maior doque a sabedoria coletiva dos homens.

20. “Não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque”. É um pensamento que vem em 1 Reis 8.46 e 2 Crônicas3.36. Inclui os pecados de omissão “que faça bem” e de comissão“e nunca peque”. Ninguém pense ser justo no verdadeiro sentido,

 pois “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3 23, AM).21. “Tampouco apliques o teu coração a todas as palavras...

 para que não venhas a ouvir que teu servo te amaldiçoa”. O pecadoé tão generalizado que ninguém pode confiar nas palavras que ouve.“Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refreartambém todo o corpo” (Tg 3.2, AM).

 Não se deve dar muita atenção às palavras que se espalham pelo mundo. “Disse Davi a Saul: Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Eis que Davi procura o teu

mal?” (1 Sm 24.9).22. “... muitas vezes que tu amaldiçoaste a outros”. Um exemplo

é Simei (1 Rs 2.44). A inveja, a maldade e a vingança são efeitos do

 pecado e degeneração da humanidade. Comumente são feitasacusações sem base.

23. “Tudo isto experimentei... mas a sabedoria estava longe”(AM). Salomão aprendeu tudo o que aparece nos versos 15 a 22,mas reconheceu que a sabedoria estava longe.

24. “O que está longe e mui profundo, quem o achará?” (AM).

Esse assunto é tão profundo que, sem o auxílio de Deus, o homemnão consegue explicá-lo. Para alcançar o conhecimento verdadeiro,é preciso relacionar tudo o que existe, a maneira como Deus crioutudo e os propósitos de Deus sobre a vida do homem.

“Quem o achará?” Essa pergunta mostra a incapacidade humanae sugere a necessidade de buscar a sabedoria em Deus.

25. ‘Apliquei-me a conhecer, e a investigar, e a buscar asabedoria” (AM). Salomão observou a razão de ser e o significadode tudo, e concluiu que “a perversidade é insensatez e a insensatez,

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loucura”. Isso significa que a humanidade vive de um modocontrário a Deus. O Pregador, depois de uma pesquisa exaustiva,

continuou decepcionado com os homens.26. “Mais amarga do que a morte” é a mulher idólatra (1 Rs

11.3,4), como as que tentaram Salomão para a idolatria. “Quem for bom diante de Deus escapará... mas o pecador virá a ser preso porela”. “Cujo coração são redes e laços”, instinto de caçador para

 prender a caça. “Cujas mãos são ataduras”, força poderosa para

reter. O Pregador reconhece o valor do amor conjugal cultivadocom o reconhecimento da bênção de Deus (9.9).

27e 28. “Eis o que achei... conferindo uma coisa com outra... para... formar o meu juízo” (ARA). Gastou a vida procurando chegara uma conclusão sobre os homens e as mulheres em geral. Depoisdisse: “Entre mil homens achei um como esperava, mas entre tantas

mulheres não achei nem sequer uma” (ARA). Pode ser que o número“mil” seja usado para representar toda a humanidade. Jó fez umafrase semelhante: “Se com ele... houver um mensageiro... um entremilhares...” (Jó 33.23). O único justo encontrado foi Jesus Cristo,que é Deus e homem. “Entre tantas mulheres não achei... uma”(ARA). Salomão teve setecentas rainhas e trezentas concubinas (mil

mulheres) e não achou uma só perfeita.29. Salomão desobedeceu à lei de Deus sobre o casamento.

Deus fez um homem (Adão), e para o casamentp dele fez uma sómulher (Mt 19.4-6). “Deus fez ao homem reto, mas ele buscoumuitas invenções”. O homem foi criado sem pecado e não eraneutro, era “reto”, palavra que descreve um estado disposto à

fidelidade. O pecado entrou (Gn 3.1-7; Rm 5.12).Assim, a humanidade adotou astúcias, espertezas ou invenções

manhosas, que são as manifestações do pecado. “Cada um sedesviava pelo seu caminho” (Is 53.6). Com isso, o homem ficouseparado de Deus e carente da sua graça.

Capítulo 81. ‘A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto, e a dureza

do seu rosto se muda”. Conhecer e observar a Palavra de Deus é a

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5. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhummal”. Observará a Palavra de Deus e estará livre do mal. Antes, o Pregador

mostrou que o homem deve viver de acordo com a determinação divinaque ordena os eventos ou diretamente “os tempos” (3.1-15). Agora, amesma submissão deve existir em relação ao rei.

O homem sábio reconhece que Deus fixa os tempos para cadacoisa e estabelece os poderes ou os governos. “O coração do sábioconhece o tempo e o modo”. Deus esclarece àquele que o busca

sobre a maneira de proceder em todo o tempo.6. “Para todo propósito há tempo e modo”. No capítulo 3,

verso 1, diz o Pregador que “há tempo para todo o propósito”.Aqui afirma que há “tempo e modo”. “É grande o mal que pesasobre o homem” (ARA). O homem desviado de Deus não discerneo modo e o tempo dos fatos que sucedem em sua vida. Não pensa

no juízo que virá sobre sua pessoa, por isso um grande mal pesasobre seu futuro.

7. “Este não sabe o que há de suceder; e, como há de ser,ninguém há que lho declare” (ARA). O ímpio é negligente, não

 procura conhecer a vontade de Deus, ignora o seu futuro e seráapanhado de surpresa (3.22; 6.12; 9.12).

8. “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito”.Em outra versão, a palavra “espírito” aparece como “vento”. A

 palavra “vento”, do hebraico ruah, pode significar “ar, vento, mente”(DAVIDSON, Benjamin. The Analytical Hebrew and Chaldee 

 Lexicon).

A primeira cláusula desse verso diz que o homem é incapaz de

dominar o seu espírito, o sopro da vida (3-19). Segunda cláusula:“nem tem poder sobre o dia da morte”, porque isso é Deus quemdetermina. A terceira frase: “nem há armas nessa peleja”. Essa pelejaé a questão da morte, da qual o homem não pode escapar. Quartafrase: “Tampouco a perversidade livrará aquele que a ela se entrega”(ARA). Nenhuma providência legal ou indigna livra o ser humano

dessa inimiga poderosa, a morte.9- “Há tempo em que um homem tem domínio sobre outro

homem, para arruiná-lo” (ARA). O mau dominador arruina seus

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governados e a si mesmo. Exemplos-. Saul, Roboão, Acabe etc.Tempo de “desgraça” ou de “ruína” em Eclesiastes se refere à ruína

eterna. É como as expressões: “dia da morte” (v. 8) ou “o juízo deDeus sobre os maus” (v. 6 e Pv 8.36).

10. “Os ímpios sepultados”. Enterrados com homenagem e pompa, mas condenados espiritualmente. Estavam no templo, pareciam religiosos e dali foram para a condenação. Joabe estavaagarrado aos cantos do altar e dali saiu para ser morto (1 Rs 2.28,31) •

“Os que freqüentavam o lugar santo foram esquecidos na cidadeonde fizeram o bem” (ARA). O sepultamento em Israel era feitodum modo honroso. Não ser sepultado era grande desgraça: “Se ohomem... viver muitos anos... não tiver um enterro... um aborto émelhor do que ele” (6.3). Na parábola do rico e Lázaro, o primeiro“morreu e foi sepultado”; certamente houve pompa e elogios aos

seus atos. Quanto a Lázaro, só diz que “morreu e foi levado pelosanjos para o seio de Abraão” (Lc 16.22).

11. “Visto como se não executa logo a sentença sobre a máobra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente dispostoa praticar o mal” (ARA). A punição não vem imediatamente, porisso o ímpio continua pecando. A indiferença relaxa a punição, e o

resultado é um estímulo à continuação da injustiça.O coração humano é corrupto na fonte, pronto a praticar o

mal, e, quando nota que a impunidade domina a sociedade, cadavez mais faz aumentar o cinismo, a violência, a desonestidade.

Um problema para a mente humana é: por que Deus permiteque demore tanto a impunidade? Sabemos, porém, que no tempo

certo, Deus pedirá conta de todas as coisas que os homens praticam.12. ‘Ainda que o pecador faça o mal cem vezes... eu sei com

certeza que bem sucede aos que temem a Deus” (ARA). O Pregadorconfia em Deus. A maldade do ímpio pode ser grande (“cem vezes”),e sua vida prolongada, mas há uma certeza de que os que “temema Deus” têm segurança e felicidade.

13. “Mas o perverso não irá bem” (ARA). Do ponto de vista de“debaixo do sol”, parece que o ímpio vai bem, mas quando se olhaguiado pela fé, a questão é resolvida e o coração encontra paz.

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“Será como a sombra”. A ilustração da “sombra” indica insegurança.“Como a sombra que declina, assim os meus dias” (Sl 102.11, ARA).

14. “... justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, ehá ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos”. O Pregadorvia a retribuição e a recompensa invertidas e ficava perplexo comessa observação. Pensa na vida terrena, espera o gozo de comer e

 beber e tenta resolver o problema no verso seguinte.15. “... exaltei eu a alegria... para o homem... melhor... comer,

 beber e alegrar-se... nos dias da vida que Deus lhe dá” (ARA). Outravez o Pregador apresenta sugestões práticas. O coração encontraráalegria completa se, movido pela gratidão, aproveitar os bensmateriais reconhecendo-os como dádivas de Deus.

16. “... nem de dia nem de noite vê o homem sono nos seusolhos”. Esse verso completa o pensamento dos versos 14 e 15. O

homem ambicioso, que despreza o temor de Deus, vive infeliz, nãoacha tempo nem para dormir tranqüilo.

O Pregador fez uma investigação completa, usou a suaexperiência (“sabedoria”) e uma observação cuidadosa (“aplicandoo meu coração a conhecer”), chegando a uma conclusãoimpressionante: “nem de dia nem de noite” o homem tem paz.

17. “... o homem não pode compreender a obra que se fazdebaixo do sol... nem o sábio... [nem] por isso a poderá achar”(ARA). Devemos nos contentar com o fato de não Sabermos tudo.Sem observar a Palavra de Deus, o homem não entende a razão deser de sua vida.

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem

os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55.8). Oesforço do sábio, com sua experiência e perícia, não poderádesvendar o mistério da vida neste mundo. Só com humildade,apelando para a Palavra de Deus, é possível reconhecer nossalimitação e a soberania divina.

Capítulo 91. “Os justos, e os sábios, e as suas obras estão nas mãos deDeus”. Todo o mundo está sob a vontade de Deus, e os homens só

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fazem o que Deus permite. “Se é amor ou se é ódio que está à suaespera, não o sabe” (ARA).

O “amor” e o “ódio” referidos aqui podem ser ações humanas,mas os justos ou retos têm a segurança da aprovação de Deus. O pensamento pode ser completado com a última frase: “Tudo lheestá oculto no futuro”(ARA). Quer dizer que o dia de amanhã écoisa desconhecida, pertence a Deus.

2. “O mesmo sucede ao justo e ao ímpio”. Não só a morte é

desconhecida, como os resultados de nosso procedimento em seusdetalhes. O justo não é aprovado ou recompensado imediatamente

 pela providência, nem o ímpio é repreendido diretamente, ou demodo visível, pela providência. O sofrimento, a prosperidade e amorte, em geral, chegam de surpresa. “Ao que sacrifica, como aoque não sacrifica”. Tanto o que cumpre seus votos de fidelidade na

religião como o negligente passam pelas mesmas experiências navida diariamente.

3. ‘A todos sucede o mesmo... o coração dos filhos dos homensestá cheio de maldade”. O ímpio, vendo que o final da vida é igual para todos, despreza a Palavra de Deus e se entrega ao pecado,

mas seu fim é a morte.

“Os que deixam as veredas da retidão... a sua casa se inclina para a morte” (Pv 2.13,18). A morte é ilustrada como umaguilhão: “O aguilhão da morte é o pecado” (1 Co 15.56). Quemcontinua no pecado vai prestar conta de seus atos na “casa

eterna” (11.9; 12.5,7).4. “Para aquele que está entre os vivos há esperança” (ARA). A

esperança não é um bem temporal (Jó 14.7), é uma possibilidadede arrependimento e salvação. “Melhor é o cão vivo do que o leãomorto”. Cão é um símbolo da pessoa mais vil. ‘A quem persegues?A um cão morto?” (1 Sm 24.14). O leão é o mais nobre dos animais(Pv 30.30). É mais importante uma pessoa humilde que vive doque um nobre que já morreu. Há aqui uma possibilidade de agir,

aproveitar a vida ou ajudar alguém.5. “Os vivos sabem que hão de morrer”. Por isso deviam buscar 

a sabedoria verdadeira (7.1-4; Sl 90.12). Quem morreu não tem

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mais oportunidade de arrependimento (Jó 14.10-12; Is 38.18). ‘Asua memória ficou entregue ao esquecimento”. Os vivos em geral

se esquecem dos mortos: “Estou esquecido no coração deles”(Sl31.12).

O Pregador insiste para que pensemos na vida presentelembrados do julgamento de Deus. Não dá informação da vida alémdo túmulo, mas um aviso de que Deus julgará os justos e os ímpios.

6. ‘Amor, ódio e inveja para eles já pereceram” (ARA). Pela

morte a pessoa sai deste mundo, não participa de coisa alguma naterra. “Com a tua mão, Senhor... [livra a minha alma...] dos homensmundanos, cujo quinhão é desta vida” (Sl 17.14, ARA). A palavratraduzida aqui por “inveja” pode ser entendida como zelo, ciúmeou paixão. Esta também cessa com a morte. “... não tem parte... emcoisa alguma... debaixo do sol”. A porção de gozo ou satisfação

experimentada com as atividades aqui no mundo acaba-se, quervenham de prazeres lícitos, quer sejam de prazeres pecaminosos.

7. “Come... e bebe... pois já Deus se agrada das tuas obras”.Deus aprova quem vive de acordo com a sua Palavra. Os bensmateriais devem ser usados com submissão e agradecimento a Deus,e não com sensualidade.

“E dom de Deus... o homem comer, beber e desfrutar o bemde todo o seu trabalho” (3.13, ARA). “... todos os dias no templo

 partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza decoração” (At 2.46).

8. “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes”. Simbolicamenteé: sê alegre. As vestes alvas significam a pureza de Deus: ‘Ainda que

os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancoscomo a neve” (Is 1.18). “O vencedor será assim vestido de vestiduras

 brancas” (Ap3.5, ARA). “... e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça”.O óleo representa a unção de Deus. “Unges a minha cabeça comóleo” (Sl 23.5; 1 Sm 16.13). Alimento, roupa e óleo são mencionadoscomo gêneros de primeira necessidade (Os 2.5; Lc 7.38,46).

9. “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vidada tua vaidade; os quais Deus te deu debaixo do sol”. O casamentoé um dom de Deus: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18).

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 No meio das frustrações e canseiras da vida, o casamento é umauxílio ou preparação para suportar as responsabilidades.

Deve haver no casamento a demonstração de afeto (“queamas”); cultivo de alegria (“goza a vida”); e animação contínua(“todos os dias da [tua] vida”). “Pelo trabalho com que te afadigaste”(ARA). Lembrando que é dom de Deus, “porque esta é a tua porçãonesta vida”. A vida é rápida e insegura, mas a presença de Deus fazvencer as frustrações e inspira a alegria e a gratidão.

10. “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o”. Após a morte, passa a oportunidade: ‘Aos homens está ordenado morrerem umavez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27). Esse verso completa osentido dos versos anteriores. A obrigação do homem é realizarsuas atividades observando a alegria (v. 7), o conforto (v. 8) e ocompanheirismo (v. 9).

Com isso, os poucos dias de vida aqui na terra serão de energia,confiança e tranqüilidade. “... na sepultura, para onde tu vais...”Depois desta vida, a condição de mortos não os dará mais

 possibilidade de agir.Jesus disse: “Convém que eu faça as obras daquele que me

enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode

trabalhar” (Jo 9.4).11. “Não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes a vitória,nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes ariqueza, nem dos inteligentes o favor; porém tudo depende dotempo e do acaso” (ARA). Não são os mais hábeis e mais espertosque conseguem o êxito. Os deveres são dos homens, mas os

resultados vêm de Deus. Há referência neste verso a cinco atividades,mas nenhuma garante prosperidade: a) o corredor nem sempreganha a corrida; b) o exército não é garantia de vitória; c) o sábionão consegue o bom resultado; d) a prudência não consegue ariqueza; e) o entendimento não alcança o direito e a justiça. O“tempo” e o “acaso” aqui lembram que todas as circunstâncias davida estão nas mãos de Deus.

12. “O homem não conhece o seu tempo”, ou seja, o dia damorte (7.17; Is 12.22). A hora da morte é comparada a uma rede

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traiçoeira como a que apanha a caça e os peixes, e que vem quandoa pessoas não esperam.

Para enfatizar o caso, o Pregador usa as expressões: “mautempo” e coisa que “cai de repente”, advertindo que é necessário

 preparar-se para a morte, fazendo a vontade de Deus.13. “... este exemplo de sabedoria... que foi para mim grande”

(ARA), é explicado nos versos seguintes. O Pregador viu o caso quevai apresentar a seguir. Não é uma ficção ou um pensamento semvalor prático, e sim um exemplo de sabedoria que ele observou.

14. Uma pequena cidade foi sitiada por um grande rei. É umaluta entre o poderoso, “um grande rei”, e a fraqueza, “uma pequenacidade”. A força combatia os “poucos homens”. O assunto édesenvolvido no verso 15.

15. Um homem pobre a livrou pela sua sabedoria, e ninguémse lembrou mais daquele pobre.

 Nas histórias da Bíblia, há alguns exemplos desse caso. A cidadede Ahel-Bete-Maaca foi cercada por Joabe, general de Davi, comum exército bem grande, e uma mulher sábia interferiu, atendeu aJoabe e a cidade foi deixada em paz. A sabedoria daquela mulherlivrou a cidade (2 Sm 20.15-22).

Outro exemplo foi em Tebes, sitiada por Abimeleque, reiusurpador. Outra mulher sábia lançou uma pedra sobre a cabeçade Abimeleque, que teve o crânio quebrado.' Não querendo quedissessem que havia sido morto por uma mulher, pediu aocompanheiro que o matasse com a espada (Jz 9-50-57).

16. “Melhor é a sabedoria do que a força”. Superior à forçafísica, ao poder militar e ao domínio dos maus é a verdadeirasabedoria. “Ainda que a sabedoria do pobre é desprezada”. Asabedoria livra de situações difíceis, mas o pobre que aplica suasabedoria é esquecido pelos que foram ajudados.

 Nos versos 14 a 16 há uma tipologia bem clara. ‘A pequenacidade” é a igreja. “O sábio desprezado”, Jesus Cristo (Is 53.2,3; Ef1.2; Cl 2.3). “O grande rei que atacou a cidade”, Satanás (Jo 12.31).

17. ‘As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem maisdo que os gritos de quem governa entre tolos” (ARA). Os que

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governam são ouvidos pela sua arrogância, e a sabedoria, porque éexercida pelo pobre, perde-se no meio do barulho. A autoridade

não está em harmonia com as palavras sábias. A sabedoria nemsempre prevalece, porque a gritaria do poder a sufoca.18. “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra”. A

sabedoria significa a largueza da mente, o conhecimento doambiente natural, como possuía Salomão (1 Rs 4.29.34). Além disso,é uma capacidade dada por Deus para “discernir o bem e o mal” (1Rs 3.9). Deus deu ao povo de Israel estatutos e juízos, erecomendou: “Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossasabedoria e o vosso entendimento” (Dt 4.6).

O modelo de Eclesiastes é este mesmo: largueza de visão (1.13),capacidade de escolha de pensamentos ou conclusões, observandoa natureza, que é a obra de Deus no mundo físico. Para estasabedoria atingir o valor prático, é preciso não esquecer o temorde Deus e sua sabedoria nos acontecimentos da vida.

Capítulo 10

1. “Como a mosca morta faz exalar mau cheiro e inutilizar oungüento do perfumador, assim é para o famoso em sabedoria eem honra um pouco de estultícia”. A mosca é coisa pequena, mas“um pouco de fermento leveda toda a massa” (1 Co 5.6). Um pecadocausa grande prejuízo numa pessoa de destaque, pelo seu elevadocaráter ou por seu exemplo perante os seus subordinados. A Bíbliaapresenta muitos exemplos nesse sentido: Davi (1 Sm 12.14);Salomão (1 Rs 11); Josafá (2 Cr 18 e 19); Josias (2 Cr 35.22).

As duas partes deste verso formam uma comparação: como amosca morta estraga o perfume, a estultícia estraga a reputação dosábio. O homem nunca deve confiar em sua sabedoria ou suaexperiência. A palavra “estultícia” aqui não tem aplicação intelectual,refere-se à vida moral.

Um pecado, um erro, uma imprudência na vida de um sábio,um líder ou um mestre traz estragos e prejuízos morais para a obraque ele realiza e para seus subordinados. A atividade deve receberdas mãos de Deus a orientação diariamente.

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2.  “0 coração do sábio se inclina para o lado direito, mas o doestulto, para o da esquerda” (ARA). A direita é mais hábil do que aesquerda. Os sábios espiritualmente se guardam do pecado e do

 prejuízo dos estultos. A mão direita dá a idéia de força que apóia e protege: “0 Senhor... está à minha direita, nunca vacilarei” (Sl 16.8).“Eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo:não temas, que eu te ajudo” (Is 41.13). A esquerda está associada àdesgraça e condenação. “... e porá as ovelhas à sua direita mas os

 bodes à esquerda” (Mt 25.33,41).3. “Quando o tolo vai pelo caminho, lhe falta entendimento”.

0 caminho aqui é a vida (Pv 6.12-19). 0 tolo revela sua estultícia pelo modo de proceder. 0 estulto gosta de riso sem sentido (7.5),facilmente fica irado (7.9) e é insensível ao aconselhamento (9.17).

 Não agrada a Deus (5.4).4. ‘A indignação do governador” (ARA). Quando alguém for

acusado pelas autoridades, não fique irado. “0 ânimo serenoacalma... ofensores (ARA)”. ‘A resposta branda desvia o furor” (Pv15.1). Gideão enfrentou os efraimitas, que haviam formado umacontenda, com uma palavra branda que lhes aplacou a ira e serenou

os ânimos (Jz 8.1-3)■

5 e 6. “Um mal que vi... erro que procede do governador: otolo... em grandes alturas, mas os ricos... em lugar baixo”. Em geral,os homens dão honra ao que é tolo segundo Deus; e desprezam osábio nas coisas espirituais. Salomão viu um rei ou governador

 praticar esse ato injusto, sobre o qual dá aqui o seu parecer.É comum nas autoridades que não observam o temor de Deus,

levadas por interesses pessoais ou por não examinarem bem ascoisas, aplicarem honras ou concederem prêmios a quem nãomerece.

7. “Vi servos a cavalo e príncipes andando a pé” (ARA). Essailustração é fácil de compreender, lembrando o tempo do AntigoTestamento, quando o cavalo estava ligado ao rei e à sua riqueza

(Êx 14.9; 2 Cr 1.16). “Príncipes andando a pé” quer dizerhumilhados (2 Sm 15.30).

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8. “Quem fizer uma cova cairá nela” (Sl 7.15; Pv 26.27). Quemvive de vingança e malícia freqüentemente encontra conseqüências

que não espera e é atingido pelos males que desejou para os outros:“Quem rompe um muro, uma cobra o morderá”. Amã foi enforcadona forca que preparou para Mordecai (Et 7).

9. “Quem acarretar pedras será maltratado por elas, e o querachar lenha expõe-se ao perigo”. Quem remove pedras de umaconstrução pode ser atingido por elas. Isso é um provérbio oriental.

A violação da sabedoria acarreta castigo. Rachar lenha e expor-seao perigo é uma frase relacionada com o verso 10. Todas asatividades podem trazer problemas ou perigos.

10. O ferro embotado ou sem afiar exige uma força maior. Issolembra a frase do verso 6: “o tolo em grandes alturas”. Força sem

 bom senso não é eficiente. O tolo é como o ferro embotado ou a

lâmina sem afiar. ‘A sabedoria é excelente para dirigir”. Não é aforça imprudente que dirige bem, mas a sabedoria verdadeira quecomeça com o temor de Deus.

11. “Se a cobra morder antes de estar encantada, não hávantagem no encantador” (ARA). O sentido é: se alguém é capazde resolver um caso difícil e demora em agir, falha. A demora ou

negligência tornou sem efeito a capacidade. Referências aencantamento de serpentes: Sl 58.3-5; Jr 8.17. A serpente,figuradamente, é Satanás (Gn 3.1-15; Ap 12.9). Como o homemescapa da serpente por encantamento, pode evitar a ação docaluniador pela sabedoria que vem de Deus.

12. “Nas palavras... do sábio há favor, mas os lábios do tolo o

devoram”. O sábio toma precaução contra a injúria ou a maldade(v. 11). Os tolos falam usando perversidade e vão para a perdição.‘A boca dos ímpios anda cheia de perversidades” (Pv 10.32).

Todos os livros sapienciais advertem sobre a língua. A fala da pessoa é o teste de sabedoria. A frase inicial deste verso, “Nas palavras... do sábio há favor”, quer dizer: tudo que é bondoso, tudoque é útil.  Em  Salmos 45.2 (ARA), lê-se: “Nos teus lábios seextravasou a graça; por isso, Deus te abençoou para sempre”. A

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última parte do verso, “os lábios do tolo o devoram”, significadestroem a sua reputação (v. 3).1A língua é... mundo de iniqüidade...

é inflamada pelo inferno” (Tg 3.6).13. ‘As primeiras palavras da boca do tolo são estultícia, e as

últimas, loucura” (ARA). “Estultícia” e “loucura”. Essas duas palavrassão a causa de irem os tolos para a perdição.

O fim da conversa do tolo ou a conclusão de suas palavras é a“loucura perversa”, um raciocínio que inclui perversidade. “A

 juventude e a primavera da vida são vaidade” (11.10, ARA). O jovemque não obedece a Deus chega a ter uma vida inútil, que pode serdefinida como vaidade.

14. “O estulto multiplica as palavras” (ARA). Em 5.2, o Pregadorrecomenda a não se precipitar em falar, porque ninguém conheceo que virá depois. O sábio não conhece o futuro e o tolo conhece

muito menos, mas costuma falar demais. Não tem consciência do presente e muito menos do futuro, mas fala como se tivesse certezado que ainda não aconteceu.

15. “O trabalho do tolo o fatiga” (ARA). Quem trabalha sóesperando a vantagem material vive infeliz: “Nem sabe ir à cidade”(ARA). É um provérbio hebraico que significa a ignorância mais

acentuada. Espiritualmente, quer dizer que tolo é quem nãoconhece o caminho da cidade espiritual. O Senhor conduz pelocaminho direito aqueles que clamaram por Ele em sua angústia (Sl107.7).

16. ‘Ai de ti, ó terra, cujo rei é criança”. “Criança” aqui nãotem referência à idade, mas à imaturidade, uma pessoa que

ocupando o trono busca somente os prazeres. “Comem de manhã”. No Oriente, a manhã era a hora dispensada à justiça (Jr 21.12).Quem precisa ser dirigido por um líder experiente é como a criança,que representa imaturidade. Salomão, no começo do seu reino,considerava-se “uma criança” (1 Rs 3.7), por isso precisava dasabedoria de Deus para governar bem o seu povo.

17. “Filho dos nobres”. Não é o nobre de sangue, mas o quesaiba agir com espírito independente. Antes houve uma comparaçãoentre jovens e velhos, agora é entre uma pessoa amadurecida e

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uma outra indecisa, servil: “Cujos príncipes se sentam à mesa atempo para refazerem as forças, e não para bebedice” (ARA). Após

o cumprimento dos deveres, não para o excesso de bebidas.18. “Pela muita preguiça desaba o teto” (ARA). O preguiçoso é

alcançado pela miséria; a negligência nos deveres espirituais trazinquietação e amargura.

A preguiça do tolo não é ato de um momento, é uma atitudedemorada, um procedimento contínuo, que se expressa na falta de

observação dos deveres espirituais.19- “O festim fez-se para rir” (ARA). Em lugar de consertar o teto,

os príncipes (v. 16) fazem festa, comem e bebem. “O dinheiro atende atudo”, quando se trata dos desejos carnais. Roboão anunciou o aumentode impostos e perdeu o apoio de dez tribos. Em Eclesiastes, há quatroreferências ao dinheiro. Salomão sabia o que era ser rico (2.8) e que o

dinheiro não satisfez (5.10). Apesar disso, via nele uma proteção (7.12).A última é essa de 10.19.0 sentido desse verso é que avisão do estultose limita às festas, ao vinho e ao dinheiro.

20. “[Não] amaldiçoes o rei, nem tampouco no mais interior doteu quarto, o rico” (ARA). A recomendação é não amaldiçoar o rei nemem pensamento. Aqui se atribui ao rei a possibilidade de saber tudo.

Quem conhece todos os pensamentos é Deus, mas no ambientehumano, muitas vezes os fatos e as palavras se espalham de maneirasurpreendente: ‘As aves... poderiam levar a tua voz” (ARA).

 No Oriente, acreditavam que as aves tinham uma sagacidadesuperior à capacidade humana. Os sírios acreditavam que o profetaEliseu informava ao rei de Israel tudo o que o rei da Síria dizia em

seu quarto de dormir (2 Rs 6.12). Outra vez, o Pregador afirma quea maior necessidade é enfrentar a vida na sua realidade, lembrandoque dia a dia as mãos de Deus dirigem todos os acontecimentosque experimentamos.

Capítulo 11

1. “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitosdias, o acharás”. “Águas” pode significar multidões (Ap 17.15). A

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lição é: dar alimento a quem precisa traz bom resultado, comoquem semeia e colhe mais tarde.

2. “Reparte com sete e ainda até com oito”. “Sete” é perfeição,“oito” é além da obrigação. “Se qualquer te obrigar a caminharuma milha, vai com ele duas” (Mt 5.41). A primeira milha é aobrigação, a segunda é o amor. “Não sabes que mal haverá”. Anecessidade pode vir ao que agora tem abundância. O sábio vivemovido pela fé e pelo amor fraternal, honrando a Deus e ajudando

o próximo. Assim estará preparado para qualquer calamidade ou prejuízo, porque contará com a providência de Deus.

3. “Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra”.A natureza é controlada por Deus. O homem deve estar preparado para tudo o que pode acontecer. Com as nuvens, vêm o vento e achuva. Quando chega o tempo do mal, pode se esperar o

desagradável. “... caindo a árvore para o sul ou para o norte, nolugar em que... cair... ficará”. Essa frase é a continuação da anterior.

A humanidade não pode controlar as dificuldades da vida,mesmo quando são antecipadas. Quando a árvore é derrubada pelatempestade, fica para um ou para outro lado. Com a morte, ohomem vai para a felicidade ou para o castigo, e cessa a

oportunidade de fazer o bem: ‘Aos homens está ordenado morreremuma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27; Ap 22.11-15).

4. “Quem observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará”. A hesitação traz o prejuízo. Olavrador indeciso não semeia nem ceifa, perde tempo. Ailustração da vida agrícola é uma advertência para o indeciso.

Quem espera um tempo exatamente propício nunca agirá esempre chegará ao fracasso.

5. “Não sabes... o caminho do vento”. A palavra “vento” usadaaqui é no hebraico neshamah, que também significa “espírito”. EmProvérbios vem com esse sentido. ‘A alma do homem é a lâmpadado Senhor” (Pv 20.27). A outra frase do verso completa o sentido

da primeira.“Não sabes... como se formam os ossos no ventre da que estágrávida”. O pensamento aqui é: ‘Assim como você não sabe o

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caminho do espírito na formação dos ossos no ventre daquela queestá grávida”.

É o mistério que há em nossa origem que é obra de Deus. A fénão elimina o problema da nossa ignorância diante dos mistériosde Deus, mas dá a capacidade de convivermos com osacontecimentos.

Em João 3.8, Jesus faz uma referência à relação do vento como Espírito. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz mas não

sabes... para onde vai; assim é todo aquele que é nascido doEspírito”. Ninguém sabe minuciosamente como Deus faz nossocorpo. Em Jó 10.8, lemos: “As tuas mãos me fizeram e meentreteceram”. E em Salmos 139.15: “Os meus ossos não te foramencobertos, quando no oculto fui formado”.

6. “Pela manhã semeia... e à tarde”. O semeador não sabe qualserá a mais próspera, mas semeando sempre terá lucro. ‘Assim comodescem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, sem que

 primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para darsemente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra quesair da minha boca: não voltará... vazia, mas... prosperará naquilo

 para que a designei” (Is 55.10,11, ARA).

7. “Suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol”. “Luz” podeser a vida dirigida por Deus. Esse pensamento vem em 7.11, ondeé usada a palavra “sabedoria” significando a luz do espírito.

O bem da vida é expresso pela palavra “luz” no AntigoTestamento, querendo dizer-, vida feliz, alegria completa. Quem

 possui a luz espiritual, a sabedoria que vem de Deus, vive feliz,apreciando o valor das bênçãos e vencendo os problemas e asaflições.

8. ‘Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todoseles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porqueserão muitos” (ARA). Enquanto o homem vive, alegre-se com a vida,

lembrando-se de que a vida termina. “Dias de trevas” pode seraflição, problemas, doenças e outras coisas desagradáveis. Pode aexpressão também significar a eternidade, o mundo invisível.

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Jó faz referência à morte com esta ilustração: antes que euvá para o lugar de que não voltarei, para a terra das trevas e da

sombra da morte” (Jó 10.21, ARA).9. ‘Alegra-te jovem... anda pelos caminhos que satisfazem ao

teu coração... de todas estas coisas Deus te pedirá contas” (ARA).Se alguém quiser se alegrar com os desejos da carne, faça o quedesejar, mas dará contas a Deus de seu procedimento. O coração éa fonte dos pensamentos e sentimentos, e o jovem tem um anseio

 pela alegria. O Pregador também menciona os olhos, que alcançama beleza visual para perceber e analisar o mundo exterior. Aadvertência é para recordar que tudo deve ser controlado pelo

 julgamento de Deus.

10. ‘Afasta... do teu coração o desgosto” (ARA). Evita aconcupiscência que produz o desgosto: “Remove da tua carne omal”. Esquece os pensamentos sensuais que trazem a dor e a ruína.Os pensamentos se transformam em atos que trazem conseqüências

 boas ou más.

Capítulo 12

1. “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antesque venham os maus dias”. A exortação aqui tem o sentido daquela:“Se, hoje, ouvirdes a sua voz, não endureçais os corações” (Sl 95.7,8;Hb 3.7,8; 4.7).

Diante da brevidade da vida, é conveniente aproveitar a juventude mantendo harmonia com as determinações do Criador.

Os “maus dias” são de angústia, de calamidade, alheios ao prazer. Amocidade não pertence ao moço, mas ao Criador. Salmos 100.3(ARA) diz: “Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e delesomos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”. Agradar aDeus prolonga a alegria até a velhice.

2. ‘Antes que se escureçam o sol... e a lua, e as estrelas” .Esses

astros representam a prosperidade. Se deixarem de iluminar,anunciam prejuízo, decadência e fracasso: “E tomem a vir as nuvensdepois da chuva”. Nuvens lembram trevas ou escuridão, que no

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Antigo Testamento quer dizer incapacidade de desfrutar alegria,tristeza, infelicidade.

Depois de uma chuva que trouxe colheita e lucro, vêm outrasnuvens com inundação, prejuízo e calamidade. A velhice écomparada a uma situação em que já houve tempestade e vêm maisnuvens e inundações.

3. “... tremerem os guardas da casa”. As mãos e os braços protegem o corpo. São esses guardas que pela velhice chegam a

tremer (Gn 49.24). “E se curvarem os homens fortes” refere-se às pernas e aos joelhos, que se encurvam pela idade. “Cessarem osmoedores” são os dentes que vão caindo. “... os que olham pelas

 janelas”. Esses são os olhos que escurecem, ficam mais fracos como tempo.

4. “... as duas portas da rua se fecharem”. Faltando os dentes,

os lábios se fecham mais para a mastigação. O salmista pede que oSenhor guarde essas portas. “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha

 boca; guarda a porta dos meus lábios” (Sl 141,3). “Baixo ruído damoedura” também se traduz assim: “No dia em que não puderesfalar em alta voz”. Sem os dentes, o barulho da mastigação diminui,“...se levantar à voz das aves”. Os velhos se levantam cedo, quando

os passarinhos cantam e eles não dormem mais: “... todas as vozesdo canto se baixarem”. Os órgãos ligados ao canto ficam mais fracos:a voz e o ouvido.

5. “... temeres o que é alto e te espantares no caminho” (ARA).A pessoa idosa tem medo de subir ladeiras e, mesmo no plano, adistância parece grande para o velho. “... florescer a amendoeira”.

A amendoeira, no Oriente, floresce quando as outras árvores nãotêm flor, e suas flores são alvas. A amendoeira fica branca, quandoas árvores são escuras com a folhagem verde. O velho com os cabelos

 brancos no meio dos jovens parece com a amendoeira. “...0gafanhoto for um peso”. 0 idoso, com a espinha curva, a cabeçaalva, os braços e as pernas mais finas, joelhos arqueados e apófise

aumentada, era comparado ao gafanhoto.A figura do gafanhoto ilustra o peso e o desgosto trazidos pela

velhice. “Vai à sua eterna casa” refere-se ao outro mundo. “... perecer 

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o apetite” entende-se como falta de satisfação ou paz na vida. “... os pranteadores rodeando a praça” são os lamentadores profissionais

que choravam diante de um morto para ganhar dinheiro (Jr 9.17;Mc 5.38). Também podem ser os parentes desejando que o velhomorra para se apossarem da herança.

6. “Cadeia de prata... e... copo de ouro”. Essa figura lembra aextensão da vida. Havia naquele tempo um tipo de lâmpada

 pendurada por um cordão. Quando se partia o cordão, a lâmpada

caía e se apagava. Partindo-se o fio da vida, o homem desaparecedeste mundo, “...se despedace o cântaro junto à fonte e... a roda junto ao poço”. Todas essas ilustrações descrevem o fim dessa vida.

7. “E o pó volte à terra... e o espírito... a Deus, que o deu”.“Pó” é o corpo decomposto (Gn 3.19), “espírito”, parte imaterial, aimortalidade. Na morte, há uma separação entre o corpo e o espírito

(Lc 16.22,23; At 7.59; Fp 1.23). O espírito no homem é o princípiode vida e inteligência. Quando se separa do corpo, este se transformaem pó. Nesse verso volta a idéia do que vai “para cima” e “para

 baixo” mencionado em 3.21, ou o outro contraste entre “terra” e“céu” em 5.2.

O Novo Testamento ajuda a compreender o destino do homem

mediante a obra de Jesus Cristo. Paulo diz em 2 Timóteo 1.10:“... nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe àluz a vida e a incorrupção pelo evangelho”.

8. “Vaidade de vaidades”. A referência à velhice e à mente faz oPregador voltar ao sentimento do começo do livro (1.2). A tesecomeçada antes chega agora ao seu fim. A decadência física e a

volta do corpo ao pó da terra são argumentos fortes para advertiros homens que se lembrem da preparação para a eternidade.9. “O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao povo o

conhecimento” (ARA). Ensinou bem porque apresentou os deveres para com Deus. “Compôs três mil provérbios” (1 Rs 4.32). Essa palavra “provérbio”, do hebraico masal,  tem muitos sentidos,

 podendo ser “máxima, enigma, parábola, comparação” etc. Nesse verso, “o sábio ensinou ao povo” representa a parte oral,e “compôs provérbios” representa a parte que escreveu.

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10. “Procurou... palavras agradáveis”. Tomou interesse emdeleitar os ouvintes e transmitir a verdade estimulando o bom

 procedimento. Seu desejo é adaptar sua palavra à realidade da vida.Finalmente, escreveu e falou usando de retidão. Reuniu em seuensino a verdade, realidade das coisas, um modo agradável quedeliciasse os ouvintes e leitores, e usou de toda a honestidade.

11. ‘As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas” (ARA). ‘Aguilhões” eram varasde ponta usadas para castigar os bois no trabalho. “Pregos”—peçasde ferro ou de outro metal usadas para fixar as partes dos móveis eoutros utensílios. “Sentenças coligidas” são lições preparadas pormestres para transmitirem o ensino aos alunos. Nesse verso há um

 paralelismo definindo as palavras dos sábios com três ilustrações.São como “aguilhões...” como “pregos...” e como “sentençascoligidas”.

“Dadas pelo único Pastor”. Esse título só pode ser dado a JesusCristo. Tem havido muitos pastores bons e maus; porém, falandodo único, só Jesus Cristo merece o título. Em 1 Pedro 5.2-4, ele é“o Sumo Pastor”. A sabedoria de Deus inspirou os autores das

Escrituras Sagradas para formarem um tratado único. A liçãotransmitida por um servo de Deus não é somente de aplicação pessoal, mas serve para completar a unidade da revelação.

12. “Não há limite para fazer livros”. As produções humanassão incontáveis, especialmente na produção de livros. Os escritosmais antigos eram gravados em placas de barro, depois em papiro,

uma espécie de papel formado de uma planta, em seguida usaram pergaminhos que eram de couro. Salomão, conhecendo a grandequantidade de escritos do seu tempo, podia dar testemunho deque não há limite para fazer livros. “O muito estudar enfado é dacarne”. Quem estuda demais sem cuidar da saúde do corpo podeaté morrer antes do tempo.

Se alguém estuda os escritos dos homens buscando a paz e afelicidade, chega à decepção (1.18). A palavra “carne” quer dizerfraqueza, limitação física, energia do corpo.

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13. A conclusão do livro é: “Teme a Deus e guarda os seusmandamentos”. É o antídoto contra o seguir a vaidade e o andar

sem Deus (7.16,18). 0 temor de Deus é o reconhecimento do seu poder e sua justiça (3.14). É o princípio da sabedoria (Sl 111.10; Pv1.7; 9-10) e é também o fim, a conclusão de todo o ensino doPregador no livro de Eclesiastes. “Este é o dever de todo homem”.A finalidade desta vida é temer a Deus. Quem ainda não aprendeuessa lição está perdido neste mundo.

14. “Deus há de trazer a juízo toda obra”. O juízo de Deusrevelará a vaidade dos ímpios e o valor da obediência à Palavra deDeus: “... até tudo o que está encoberto”. Os pecados nãoconfessados são conhecidos por Deus e serão julgados no diadeterminado para isso. O Deus anunciado pelo Pregador combinaa graça (2.24; 9-7-9) com o julgamento (11.9; 12.14).

Temos visto em comentários de autores não evangélicos que ofato de o livro de Eclesiastes terminar com a palavra “mau” nãosoaria bem. Dizem eles que os que copiarem ou comentarem esselivro devem repetir o verso 13 depois do 14 (também Isaías,Malaquias e Lamentações terminam com uma palavra desagradável).Achamos, porém, que se o original, o texto hebraico que recebemos

dos judeus, termina com essa palavra, devemos aceitá-la, porqueela completa uma sentença que expressa a revelação de Deus.

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