Edição 22 - Revista Geração Sustentável

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Relatórios de sustentabilidade

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Apoio:

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

06 Editorial

07 Mundo Digital

08 Sustentando

11 Educando para o Futuro

49 Publicações e Eventos

30 Gestão Sustentável

38 Economia Sustentável

48 Responsabilidade Social

Ano 5 • edição 22

A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista.Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Colu

nas

Mat

éria

s

14 Entrevista Ramon Andres Doria

18 Capa Gestão transparente e preocupada com o futuro

26 Visão Sustentável No caminho do bem

32 Responsabilidade Ambiental Plantio direto - Terra mais forte e desenvolvimento econômico do Paraná para os campos do Brasil

40 Gestão de Resíduos Limpeza sustentável acima de tudo

44 Energias Renováveis Ventos e resíduos no futuro da energia brasileira

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18Capa

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02 Unimed PR

04 e 05 Banco do Brasil

17 Teclab

25 Civitas

29 Estação Business School

31 Consult

37 IBF

43 DFD

50 Vitrine Sustentável

51 ABTD/PR

52 Reciclação

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Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 • SAC 0800 729 0722 • Ouvidoria BB 0800 729 5678Defi ciente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088 ou acesse bb.com.br

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Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 • SAC 0800 729 0722 • Ouvidoria BB 0800 729 5678Defi ciente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088 ou acesse bb.com.br

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Editorial

6 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho ([email protected]) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula ([email protected]) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR ([email protected]) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck ([email protected]) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas:

Criselli Montipó, Lyane Martinelli e Tania Kamienski ([email protected]) • Assinaturas [email protected] • Fale conosco [email protected] • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 22ª Edição • março/abril • Ano 5 • 2011A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.- Errata: Na última edição (22) da Geração Sustentável na página 13, a foto dos alunos e seus trabalhos na aplicação no programa Nosso Planeta Nossa Casa saiu sem o crédito para a professora Carmem Cenira Costa, educadora da E.M. Cel. Durival Britto e Silva, a quem queremos mais uma vez parabenizar pelo excelente trabalho de conscientização dos alunos de sua turma, a exemplo do que fizeram os demais educadores do Núcleo de Educação do Cajuru, em Curitiba.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.brA revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opini-ões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminante-mente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

O papel não aceita tudo!O famoso ditado de que o papel é escravo do autor e que aceita tudo, já foi uma realidade também para os relatórios de sustentabi-

lidade. Esses materiais (volumosos) nasceram descrevendo projetos socioambientais com exagerados conteúdos jornalísticos, rechea-dos de fotos de crianças sorrindo e de membros de uma comunidade feliz, mas a efetividade desses relatórios sempre foi questionável.

Atualmente as empresas estão elaborando seus relatórios de forma criteriosa e com metodologias mais confiáveis, pois eles passa-ram a ser uma das principais ferramentas de comunicação entre os stakeholders. Os resultados são apresentados em dimensões que contemplam, conjuntamente, o triplo desempenho (econômico, social e ambiental) dentro de uma formatação sistêmica e estratégica. Abordar as mudanças nos processos produtivos, o engajamento da empresa com a sociedade, a redução e destinação de resíduos são alguns dos exemplos que passam a compor esses relatórios, salientando principalmente a apresentação de indicadores qualitativos que mensuram a afirmação e a evolução dos projetos.

Outro fator relevante, que também está sendo incorporado, é a participação das auditorias externas nos relatórios. Esse proce-dimento, que já é adotado há muitos anos nos balanços contábeis, passam a dar maior credibilidade às ações socioambientais dos negócios, visto que a empresa passa a agir com mais transparência também perante a sociedade. Dessa forma, não é mais suficiente afirmar que a empresa é uma organização responsável, agora é necessário também comprovar.

Esses relatórios, além de auditados, precisam comunicar muito bem a empresa para os investidores, governo e toda a sociedade, por meio de uma linguagem simples e abrangente. Atuar em projetos relacionados ao negócio é fundamental para sustentar a posição da empresa, em relação ao mercado e também para valorização da sua marca. Não adianta a empresa apenas participar de um progra-ma de plantio de árvores, afinal, se a empresa causa impacto, por exemplo, nos recursos hídricos, cedo ou tarde a sociedade irá cobrar essa dívida, pois a conta não está fechando.

Essa edição tem como objetivo orientar você leitor e gestor de negócios para que possa conhecer e utilizar as metodologias/crité-rios de elaboração de relatórios de sustentabilidade. Ganha destaque aquilo que é relevante na elaboração desses materiais para que a sua empresa seja de fato sustentável na gestão e na comunicação.

Boa Leitura!Pedro Salanek Filho

Conheça o perfil do nosso leitor

Maiores informações acesse nosso mídia kit: www.geracaosustentavel.com.br/sobre

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Nós profissionais envolvidos com a produção da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, disponibilizamos novas formas de nos aproximar, ainda mais de você leitor, e envolvê-lo em debates sobre desenvol-vimento sustentável. Abaixo destacamos nossos espaços virtuais! Não deixe de participar e mostre como cada um de nós, pode contribuir para criar um geração mais responsável e equilibrada.

Mundo Digital

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Conheça o mundo digital da Geração SuStentável

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Aquecimento Global em cartunsO assunto aquecimento global é coisa séria, mas pode ser visto com muito bom humor. Ainda mais quando o assunto é quadrinhos. É por isso que o cartunista Léo Valença, em parceria com o portal Brazil Cartoon, lançou o projeto chamado Aquecimento Global em Cartuns. A proposta do livro é dar um alerta para a vida, no qual os cartunistas têm o desafio de mostrar o risco que o planeta e a humanidade correm. Para o projeto, foi realizado um processo de seleção de cartunistas, no qual foram selecionados 25 trabalhos inscritos para a publicação. A coletânea visa criar um espaço de divulgação de novos talentos do humor gráfico e desenvolver uma reflexão sobre a questão ambiental. O livro poderá ser comprado pelo site da POD editora. A impressão do livro é feita no formato Print On Demand, que é realizada apenas sob demanda. O POD é uma ferramenta de administração de recursos, ao invés de produzir estoques de livros impressos, estes são impressos à necessidade em que são requeridos. Dessa forma, evita-se desperdício financeiro e ambiental.

Shopping de Curitiba ganha ares de sustentabilidade O Shopping Total, em Curitiba, ganhou ampliação, que foi toda realizada seguindo princípios da sustentabilidade. A obra foi executada com base em um criterioso Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Tudo foi pensado para garantir reutilização dos materiais. Além das tubulações de incêndio e escadas rolantes recicladas, também a caliça formada por restos de concreto, argamassa e areia, foi encaminhada para ser triturada e assim poder ser novamente utilizada pelo mercado em novas construções ou estradas. Concluída a ampliação do Shopping Total, a obra vai passar agora pela análise de uma auditoria ambiental externa independente, a qual irá verificar todos os procedimentos adotados e deverá emitir um laudo de conformidade ambiental.

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Essa premiação visa inspirar e reconhecer as empresas que efetivamente implementaram estratégias para o desenvol-vimento sustentável dos seus negócios, com base num novo olhar sistêmico que contemple todas as dimensões da susten-tabilidade, tendo a inovação como elo integrador e mola pro-pulsora.

Do grego Kaiños (ka-hee-nos), esta palavra tem o sentido e significado de algo inédito, inusitado, surpreendente; diz respeito à mudança para uma nova direção do pensar, viver e ser. Portanto, o Prêmio KAIÑOS tem o propósito de abraçar novas ideias para a mudança organizacional em busca desta transformação que a torne com-petitiva de forma continuada. O prêmio reconhecerá as em-presas nas três categorias men-ciondas abaixo: - Negócios Inovadores- Processos Eficientes- Produtos e Serviços

Maiores informações podem ser obtidas pelo email: [email protected]

Co-criação:

KAIÑOS Prêmio Inovação para a

Sustentabilidade EmpresarialProjeto infantil voltado a preservaçãoOutro projeto que envolve o meio ambiente e as histórias em quadrinhos está na Turma do Prancha, projeto idealizada em 2006 que faz das pranchas de surf personagens dos cartuns. Os personagens vivem várias aventuras dentro e fora da água, trazendo diversão e bons incentivos à garatoda. A Turma do Prancha faz parte da Cartoon Wave Brasil, uma empresa paranaense, localizada em Curitiba, preocupada em levar educação ambiental para a criançada, além de estimular a prática esportiva. Mais informações sobre o projeto você encontra no site www.turmadoprancha.com.br

Bactérias marinhasPela primeira vez foi observado por cientistas que bactérias marinhas digerem plástico nos oceanos. O estudo analisou bactérias encontradas em sacos plásticos e em pedaços de linhas de pesca, no Atlântico Norte, onde é estimado o número de mais de 100 toneladas de plástico flutuando no mar. Essa descoberta pode ser a solução para um mistério, pois mesmo com o aumento da poluição, a quantidade de detritos plásticos nos mares continua estável. Mais pesquisas serão feitas sobre o tema, para que uma conclusão mais concreta seja encontrada. O estudo foi apresentado na 5ª Conferência Internacional sobre Lixo Marinho, que aconteceu no Havaí, neste ano.

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Compras ecológicasQuem gosta de andar na moda e ao mesmo tempo estar em dia com o meio-ambiente vai encontrar boas opções de compra na Eco.lógica Design - uma loja virtual que reúne vários designers brasileiros, artesãos e ONGs que empregam a sustentabilidade nas suas produções. A loja propõe contribuir para a sustentabilidade do planeta com a criação, produção e comercialização de objetos de design ecologicamente corretos. Entre as opções estão acessórios, bijuterias, móveis, objetos de decoração e muitos outros produtos para agradar os olhos e também a natureza. Para conhecer, basta acessar http://www.ecologicadesign.com.br/

Carvão, o barato que sai caroUm estudo realizado pela Harvard Medical School sobre o carvão mineral concluiu que o custo real para o Estado da energia gerada por esse combustível é quase três vezes maior do que se costuma afirmar. A notícia torna as fontes eólicas e solares, por exemplo, muito mais competitivas. Além do impacto ambiental da extração e da combustão do carvão, a pesquisa contabilizou também os problemas de saúde causados pela sua produção e pelo seu uso. Hoje, 45% da energia dos Estados Unidos é proveniente da queima do carvão. No entanto, segundo dados da The American Lung Association, a poluição gerada pelas usinas termoelétricas é responsável por quase 10 mil hospitalizações e mais de 20 mil ataques cardíacos por ano no país.

Avião que usa apenas energia solarO Solar Impulse é um avião que está voando muito perto do futuro. Afinal, ele não precisa de combustível derivado do petróleo para cumprir sua missão de dar a volta ao mundo usando apenas energia solar. O Solar Impulse, que iniciou seus primeiros vôos no ano passado, continua sua fase de teste. Os criadores do projeto pretendem que o avião seja capaz de voar uma noite inteira, apenas com a energia solar acumulada durante o dia. O aparelho tem uma envergadura de 61 metros é movido por quatro motores elétricos e foi projetado para voar dia e noite ao armazenar a energia excedente gerada pelas 12 mil células solares em baterias de alto desempenho.

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Educando para o Futuro

Um dos valores que a Junior Achievement preza é a cultura de sustentabilidade, e estamos nos empenhando para que esse valor seja adotado pela maioria da popula-

ção do nosso país e, como colaboradores, promove-mos nas escolas esse aprendizado, a fim de ensinar a importância de cuidar dos aspectos ambientais, sociais e econômicos e buscar alternativas para sus-tentar a vida na Terra sem prejudicar a qualidade de vida no futuro.

Precisamos criar a responsabilidade social em nossos alunos, para que sejam autos suficientes no futuro sem ficarem na dependência de outras pes-soas.

Mas ser auto-sustentável requer alguns impor-tantes requisitos: ser economicamente possível, socialmente justo, culturalmente aceito e ecologica-mente correto.

Precisamos mostrar que a coletividade é uma forma de crescer, que a divisão de tarefas e res-ponsabilidades pode proporcionar qualidade nos resultados de nossas intenções, e que um grupo de pessoas pode transformar a sociedade. Dessa forma nossos alunos estarão convivendo com conceitos de sustentabilidade, conteúdos e aprendizados que fi-carão por toda a vida. E transformaremos o mundo

Sustentabilidade para o Mundo

através de pequenas atitudes, primeiramente reali-zadas por pequenos grupos.

A Junior Achievement desenvolve e aplica pro-gramas como, Nossa Região, Vamos Falar de Ética, Vantagens de Permanecer na Escola e a Miniempre-sa sendo este o programa que estimula o empreen-dedorismo e sustentabilidade.

O programa MINIEMPRESA proporciona a estu-dantes do Ensino Médio, a experiência prática em economia e negócios, na organização e operação de uma empresa. É desenvolvido em 15 semanas, em jornadas semanais, com duração de 3h, reali-zadas nas escolas, das 18h30min as 21h30min. Os estudantes aprendem conceitos de livre iniciativa, mercado, comercialização e produção. É um progra-ma totalmente sem custos para a escola e para os alunos e acompanhado por quatro profissionais vo-luntários das áreas de marketing, finanças, recursos humanos e produção. Neste programa, são explica-dos os fundamentos da economia de mercado e da atividade empresarial através do método Aprender--Fazendo, onde cada participante se converte em um miniempresário.

Uma curiosidade que observamos nas miniem-presas, são os produtos desenvolvidos, na sua maioria são feitos de materiais recicláveis. Isso mostra que nossos alunos estão cada vez mais in-formados e conscientizados da importância da sus-tentabilidade. A Junior Achievement fica muito feliz em poder colaborar com o futuro, formando pessoas preocupadas não apenas com o seus próprios mun-dinhos mas sim com o mundo todo.

Manoele Ruiz, Gestora de marketing e Comuni-cação Junior Achievement Paraná

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Vida Urbana

Uma cidade rica, perfeita e encantada, lá nas Arábias, chamava-se Masdar, que em árabe significa “fonte”.

Isto mais parece um conto das Mil e Um Noites, mas é na verdade a concretiza-ção de um projeto arrojado para provar que é possível existir uma cidade moderna, com conforto, luxo e, acima de tudo, verde.

Em 2007, o governo dos Emirados Árabes anunciou o plano de construir a primeira cida-de do mundo livre de carbono, nos arredores de Abu Dhabi. De início mais parecia um plano de marketing, mas logo que as primeiras eta-pas começaram a ser concluídas, o mundo se surpreendeu e agora espera ansioso o fim da construção ousada.

Projetada pela empresa Foster & Partners, Masdar será um quadrado perfeito, erguida sobre uma base de sete metros de altura para aproveitar a brisa do deserto. Entre seus labi-rintos de ruas de pedestres, uma frota de car-ros elétricos deverá trafegar por túneis.

A cidade será murada e construída em uma área de seis quilômetros quadrados e terá ca-pacidade para abrigar até 50 mil habitantes e 1,5 mil estabelecimentos comerciais. A cidade sediará uma universidade, o Masdar Institute os Science and Technology, além de outras empresas. Em sua construção, estão envolvi-dos entidades como Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), General Electric, BP, Royal Dutch Shell, Mitsubishi, Rolls-Royce, Otal S.A., Mitsui, Fiat e Conergy.

Norman Foster, o principal sócio da firma responsável pelo projeto, misturou um design high-tech com desenhos da arquitetura árabe tradicional para criar um modelo de comuni-dade sustentável, onde cultura milenar, o rico dinheiro do petróleo e infinitas possibilidades possam conviver harmoniosamente.

Os principais aliados de Foster para o pro-jeto foram o calor e o vento – abundantes da região. Para aproveitar ambos, o projeto co-loca a cidade sobre um platô elevado e conta

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com ruas estreitas para potencializar o vento e as sombras. A ideia é baixar a temperatura local e economizar mais da metade do total de energia necessária para fazer a cidade fun-cionar. Em vez de ar condicionado, as constru-ções vão ter torres para coleta e resfriamento do vento.

Do total de energia usado, 90% será solar e o restante obtido a partir da incineração de rejeitos, que serão inteiramente reaproveita-dos. Os serviços de purificação e incineração são todos subterrâneos. E os painéis fotovol-taicos ficam fora da cidade. O consumo de eletricidade também deverá ser 51% menor do que a média dos edifícios de Abu Dhabi. O sistema de fornecimento de energia deve-rá produzir um excedente de cerca de 60% - o qual será doado à rede pública de fornecimen-to dos Emirados.

O conjunto deverá consumir 54% menos água potável e água será produzida em uma usina de dessanilização a energia solar. Ou-tra novidade é o transporte público da nova cidade que, de acordo com o planejamento urbano, não terá carros e nenhum pedestre terá que andar mais de 200 metros para ter acesso ao transporte público. A maioria das ruas terá somente três metros de largura e 70 de comprimento para facilitar a passagem de ar e incentivar a caminhada.

Apesar de tantas vantagens ambientais, o projeto de Masdar, que tem o apoio da ong WWF, também está sendo alvo de críticas. Isso por causa das contradições locais. Afinal, Abu Dhabi é uma das cidades líderes do mundo em emissões de carbono per capita. Muitos dizem que o novo empreendimento não irá mudar em nada no impacto ambiental da região. Ou-tros temem ainda que Masdar se transforme em apenas mais um empreendimento de luxo, com acesso privilegiado somente aos grandes milionários árabes.

Serviço: Quer saber mais sobre o projeto de Masdar? Basta acessar o site www.masdar.ae

Uma ideia verdedas ArábiasMasdar

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Vida Rural

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Secretário Ortigara recebe comenda de Engenheiro Agrônomo Honorário

Associação dos Engenheiros Agrôno-mos do Paraná-Curitiba (AEAPR-Curiti-ba) promoveu no dia 28 de fevereiro, mais um DebatePapo Agronômico que

visa discutir assuntos relevantes para a área agronômica paranaense. Nesta edição o tema foi Ações de governo para a Agricultura Paranaense e o papel dos profissionais da Agronomia nos próximos quatro anos do Governo Beto Richa. O secretário de Estado da Agricultura e do Abaste-cimento do Paraná, economista Norberto Ortigara conversou com profissionais de diversas entida-des do Estado sobre o Sistema de Agricultura do Paraná (Sistema Siagri) planejado para ser execu-tado no Governo Beto Richa.

Também estiveram presentes os engenheiros agrônomos Florindo Dalberto, diretor-presiden-te do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR); Rubens Niederheitman, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater); Luiz Dâmaso Gusi, di-retor-presidente das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa); João Carlos Zandoná, diretor do Centro Paranaense de Referência em Agroeco-logia (CPRA); Carlos Alberto Scotti, diretor-presi-dente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar); Silvestre Dimas Staniszewski, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvi-mento Agropecuário do Paraná (Codapar); Álvaro Cabrini Junior, presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Esta-

do do Paraná (CREA-PR); José Eduardo de Paula Alonso, presidente do Sindicato de Aguaí/SP, e Luiz Lucchesi, presidente da AEAPR-Curitiba.

Durante o DebatePapo Agronômico, houve o pronunciamento de todos os participantes. “O foco principal foi o papel da ciência, da tecnolo-gia, da inovação e da ética no resgate do Sistema Siagri, onde a sustentabilidade do agronegócio, a educação, a gestão do meio, e qualidade de vida no meio rural, a produtividade, qualidade e sani-dade da produção foram as tônicas principais da discussão”, comenta Luiz Lucchesi, presidente da AEAPR-Curitiba.

Durante o evento, o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná Nor-berto Ortigara recebeu a comenda de “Enge-nheiro Agrônomo Honorário”. A homenagem foi recebida das mãos do presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Florindo Dalberto, também presidente do IAPAR, na pre-sença do presidente do CREA-PR, Álvaro Cabrini Junior e de diversas Associações de Engenheiros Agrônomos Regionais. “O CREA-PR parabeniza a AEAPR-Curitiba pela realização de mais um De-batePapo Agronômico, que sempre apresenta temas de extrema importância às profissões e aos profissionais da área. Esta edição merece destaque pela discussão sobre o Sistema Siagri e reuniu as principais lideranças deste sistema, demonstrando o valor e o respeito à Associação”, comenta Cabrini Junior.

agenda de eventos da aeaPr-Curitiba 2011• 27 de abril – DebatePapo Agronômico Atribuições e Responsabilidades do Engenheiro Agrônomo• 28 de abril – Lançamento da IV ANB - Agronegócio Brasil 2011 - Setor de Ciências Agrárias da UFPR• 4 a 7 de maio – Reciclação• 4 a 6 de maio – II Reunião Paranaense de Ciência do Solo• 6 de maio – III Simpósio Nacional de Reciclagem Agrícola. Resíduos de Origem Urbano, Rural e Industrial.

A AEAPR-Curitiba promove o III Simpósio Nacional de Reciclagem Agrícola: Resíduos de origem Urbana, Rural e Indus-trial no dia 6 de maio. O evento integra a programação da sexta edição da ReciclAção - Feira Brasileira de Reciclagem, Preservação e Tecnologia Ambiental, que será realizada em Curitiba de 4 a 7 de maio, no Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba. O simpósio trará abordagens práticas sobre a destinação sustentável de materiais orgânicos, como restos de alimentos, cascas e folhas, que podem ser reutilizados, desafogando os aterros e contribuindo para a atividade agrícola. De acordo com o engenheiro agrônomo e professor do curso de agronomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, presidente da AEAPR-Curitiba, desde que atenda aos padrões adequados de tratamento e de aplicação no campo, o processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo é extremamente viável.

Serviço: Para participar dos eventos técnicos científicos que acontecerão simultaneamente a feira, acesse o site www.montebelloeventos.com.br/reciclacao2011 ou entre em contato pelo telefone (41) 3203-1189.

III Simpósio nacional de reciclagem agrícola

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Quando os desafios da humanidade são grandes, o negócio é arregaçar as mangas e mãos à obra! É dessa forma simples que o engenheiro civil Ramon Andres Doria, sócio fundador da empresa Doria Construções Civis, encara o trabalho de unir a área da construção civil à sustentabilidade.

Nascido em Ponta Porâ (MS), Doria possui acervo técnico de aproximadamente um milhão de metros qua-drados em obras residenciais, comerciais e industriais. Ele também já foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-PR), participou de diversos conselhos no Serviço Social da Indústria (Sesi) e atualmente é Conselheiro no Conselho Temático Permanente de Responsabilidade Social na Confederação Nacional da Indústria (CNI). É ainda coordenador do Conselho Temático de Responsabilidade Social da Fede-ração das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e coordenador do Fórum do Desenvolvimento do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, além de conselheiro da Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre).

Em entrevista à Geração Sustentável ele mostra seu entusiasmo sobre a sustentabilidade e conta de forma prática como é possível dar um lar com conforto ao homem e ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente e a sociedade. Tudo é uma questão de processo, planejamento e muito trabalho – assim como qualquer obra, construção ou reforma.

Entrevista

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Ramon Andres Doria

Sustentabilidade em construção

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Engenheiro civil e empresário Ramon Andres Doria fala sobre o respeito à sociedade e ao meio ambiente na construção civil

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Como gerenciar resíduos na construção civil?O gerenciamento de resíduos da construção ci-vil na Doria ocorre pela caracterização e separa-ção dos resíduos conforme as classes (CONAMA 307/02). No canteiro de obras acondicionamos os resíduos em baias, para melhor preservação e fa-cilidade no recolhimento. O transporte é feito por empresas terceirizadas, que nos fornecem uma via do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), do-cumento comprobatório de que os resíduos foram entregues em locais devidamente licenciados.

Quanto à destinação, a construtora Doria prioriza o reuso dos resíduos inertes no próprio canteiro de obra como material de aterro, quando não for possível reutilizá-los desta forma, estes são enca-minhados a locais devidamente licenciados.

Devido a nossa preocupação com o meio ambien-te, nossos princípios são a utilização de materiais sustentáveis e redução quanto à geração dos re-síduos. Conscientizamos a todos os nossos pro-fissionais e colaboradores que atuam na empresa quanto à importância de suas participações na

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Como os gestores poderão de fato implantar projetos socioambientais em seus negócios?Os gestores ao implantarem em suas empresas o desenvolvimento social de seus colaboradores devem fazê-lo com ética e com respeito à preser-vação do meio ambiente onde sua empresa está inserida. Nas implantações dos projetos socioam-bientais devemos sempre levar em conta a orien-tação acadêmica, a fim de obter indicadores que observem: estímulo ao voluntariado empresarial, investimento social, ações socioculturais, preven-ção e redução de danos ambientais e educação ambiental.

O empresário paranaense está preparado para gerir esses projetos em suas empresas?Acredito que a maioria dos empresários paranaen-ses não possui condições de gerir esses projetos, uma vez que se trata, esta porção, de micro e pe-quenas empresas, as quais têm como foco princi-pal, e muitas vezes único, a sua sobrevivência no mercado. Mas, insisto, existe sempre um espaço em nossas empresas para esses projetos. É uma questão de despertar. Despertar-se para uma ges-tão moderna, sustentável e rentável, sem desviar o foco principal, apenas colocando, para isto, um novo “ingrediente”.

Como ser sustentável e lucrativo ao mesmo tempo?A prática nos ensina que quando nos aprofunda-mos na gestão de nossos negócios, colocando um “ingrediente” sustentável, é possível desenvol-vermos soluções interessantes que nos levam a aumentar o desempenho e, consequentemente, a lucratividade.

Em que etapas da atividade da construção ci-vil é possível ser menos impactante no meio ambiente?Considero duas etapas principais, as quais devem ser repensadas. A primeira é em relação à escava-ção, uma vez que a legislação atual, aplicável à espécie, acaba por incentivar o assentamento dos veículos junto ao nível abaixo do meio fio, medida que proporciona o aumento da área permissível a ser construído. Se houvesse uma mudança de legislação, neste sentido, seria possível alterar a guarda os veículos acima do nível do meio fio, di-minuindo o impacto no meio ambiente. A segunda etapa que deve ser trabalhada é quanto ao proces-so construtivo e é neste aspecto que está o gran-de lance de construir, criando indicadores para se aprimorar o desempenho.

A prática nos ensina que quando nos aprofundamos na gestão de nossos negócios, colocando um “ingrediente” sustentável, é possível desenvolvermos soluções interessantes que nos levam a aumentar o desempenho e, consequentemente, a lucratividade.

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gestão dos resíduos para o meio ambiente.

Quais são os projetos socioambientais que a sua empresa desenvolve atualmente?Em função da grande quantidade de resíduos só-lidos gerados pela atividade da construção civil, a Doria Construções Civis identificou uma oportuni-dade de ação sócio-ambiental através de projetos idealizados por associações.Com a prática de coleta seletiva dos resíduos, separação por classes, a obra representa grande fonte de materiais para esse projeto. Reduzindo acarga de materiais enviados para aterros e desti-nando de forma ambientalmente inteligente os resíduos para reciclagem.Os Projetos derivam de parcerias que envolvem di-versas instituições. As atividades propostas pelos projetos são realizadas há vários anos e objetivam melhorar a qualidade de vida, as condições de tra-balho, e a organização da coleta seletiva e da des-tinação correta dos resíduos, tornando o processo de reciclagem completo.Atualmente, fazem parte da estrutura dos projetos

Entrevista

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diversos parques de reciclagem que possibilitam a armazenagem e manuseio dos materiais, contan-do também com vários catadores, os quais são or-ganizados através de associações e cooperativas.

Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da revista Geração Sustentável?Estamos cientes que muita coisa poderemos fazer para desenvolver as atividades de nossas empre-sas observando os principais desafios que deverí-amos respeitar para que nossas empresas sejam sustentáveis. Entre eles: garantir a disponibilidade de recursos naturais, respeitar os limites da bios-fera para absorver resíduos e poluição e solucio-nar a questão social, visando reduzir a pobreza.Vamos então à luta! Reflitam com prudência os desafios mencionados. A possibilidade de êxito é grande. As empresas do setor industrial dispõem do “modelo SESI de sustentabilidade” que permi-te avaliar, práticas e performances e comparar o seu nível de competitividade com lideres do setor e com líderes em sustentabilidade.

Estamos cientes que muita coisa poderemos fazer para desenvolver as atividades de nossas

empresas observando os principais desafios que deveríamos respeitar para que nossas empresas sejam sustentáveis. Entre eles:

garantir a disponibilidade de recursos naturais, respeitar os limites da biosfera para absorver

resíduos e poluição e solucionar a questão social, visando reduzir a pobreza.

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LASREB

www.teclabambiental.com.br| [email protected]

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NBR ISO 9001:2008 / NBR ISO 14001:2004NBR ISO IEC 17025:2005

Qualidade total em laboratórios

Análises de água (água potável, mineral, purificada, in natura, termais e outras);

Análises de efluentes domésticos e industriais;

Análises de solos (Passivos, fertilidade, compostagem, outros);

Análises de alimentos;

Análises de resíduos (classificação NBR 10.004/2004, coprocessamento, compostagem, outros);

Análises ocupacionais (NR 15-MT, ACGIH, NIOSH, OSHA);

Testes de ecotoxicidade aguda e crônica – Biomonitoramento Ambiental;

Análises de metais preciosos em minérios, metais pesados em diversas matrizes ambientais por Absorção Atômica;

Testes de compostos orgânicos por cromatografia gasosa;

Controle de qualidade de fármacos e matérias-primas.

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Criselli Montipó

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Relatórios de Sustentabilidade devem demonstrar que a gestão da empresa inclui, de fato, princípios sustentáveis

Gestão transparente e preocupada com o futuro

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ais de 3 mil empresas em todo o mundo emitem relatórios de susten-tabilidade. A prática, que deve estar inserida na governança corporativa,

é uma tendência em constante evolução, pois não basta divulgar as informações de forma apre-sentável, que fique interessante aos olhos da comunidade, dos funcionários, dos clientes, dos investidores ou dos fornecedores, é preciso inse-rir a sustentabilidade na gestão da empresa. Em outras palavras: “Tinha muito blá-blá-blá, muita historinha e foto bonita, ou seja, foco apenas nas iniciativas sociais da empresa, quando, na verda-de, a sustentabilidade precisa estar inserida na governança corporativa. O relatório precisa tratar da questão social, da história da empresa, do meio ambiente e dos dados econômico-financei-ros, precisa ser mais completo, com abordagem quantitativa e qualitativa”, comenta Mauro de Almeida Ambrósio, da Horwath RCS Auditoria e Consultoria, empresa que audita e elabora relató-rios de sustentabilidade.

A opinião é compartilhada por Estevam Perei-ra, da Report, agência especializada em comuni-cação da sustentabilidade, tendo como um de seus principais produtos os relatórios de susten-tabilidade, muitos já premiados. “Antes os relató-rios de sustentabilidade contemplavam apenas o aspecto de marketing, mas o mercado passou a exigir relatórios que tivessem informações socio-ambientais, e trouxe a necessidade de adotar o padrão internacional GRI”, ressalta Pereira.

A Global Reporting Initiative (GRI) – organiza-ção não-governametal criada em 1997, com sede em Amsterdã, na Holanda – oferece a metodo-logia mais bem aceita internacionamente, que permite comparabilidade a empresas do mesmo setor em qualquer parte do mundo. A rede GRI oferece diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade e criou, também, suplemen-tos setoriais e protocolos. A orientação para a elaboração de relatórios, na forma de princípios e indicadores, é fornecida gratuitamente. Segun-do dados da GRI, cerca de mil organizações em mais de 60 países declararam usar a estrutura de relatórios de sustentabilidade da GRI.

O Brasil é hoje é um dos cinco países do mun-do em que a GRI atua que conta com um ponto focal, ou seja, um representante da entidade alo-cado no país com o objetivo de ampliar a disse-minação das diretrizes da organização. Os outros países que contam com representantes são Aus-trália, Índia, China e EUA. “Pretendemos ter outro

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M

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

ponto focal na África do Sul”, conta Gláucia Terreo, representante da GRI no Brasil. Ela explica que a metodologia GRI é bastante utilizada nos Estados Unidos, na Espanha, e em terceiro lugar no Bra-sil, com 132 empresas que seguem os princípios da organização. Gláucia comenta que o perfil das empresas que utilizam a metodologia é, na maio-ria, composto por empresas de capital aberto.

Pereira, da Report, ressalta que os princípios da GRI acabam apontando muito claramente para a qualidade do que é reportado. “Tem tornado os relatórios mais precisos, mais relevantes para o que tem que publicar, para não desperdiçar tem-po e recursos com algo que não seja relevante”, comenta. Ele exemplifica que as informações que precisam constar nos relatórios devem ser perti-nentes ao tipo de negócio da empresa. “Um ban-co deve trazer dados sobre acesso a crédito, uma mineradora, sobre o impacto ambiental, ou seja, focar mais o conteúdo”.

A sócia da BSD Brasil, Maria Helena Meinert, também destaca que os relatórios de sustentabi-lidade devem priorizar aquilo que é, de fato, rele-vante para a empresa em questão. Vale ressaltar que a BSD é uma consultoria especializada em desenvolvimento sustentável, responsabilidade social empresarial e comércio justo. É, também, uma das prioneiras na oferta de auditoria para relatórios de sustentabilidade, pois oferece o ser-viço há cerca de seis anos. Maria Helena acres-centa um exemplo: uma usina hidrelétrica deve focar nos impactos ambientais e sociais nas áre-as inundadas. “O importante é que a empresa defina quais são os assuntos mais relevantes em processos estruturados de consulta e engajamen-to de stakeholders”.

Pereira lembra que não é preciso falar de tudo, mas sim, ser mais específico. “O ideal é fa-zer uma coleta consistente dos indicadores. Se a empresa usa estes indicadores apenas uma vez por ano, só na hora de relatar, mostra que não está fazendo a gestão correta. O relatório de sus-tentabilidade não pode ser um produto, mas o processo de gestão que a empresa gera, que pre-cisa falar de sustentabilidade 365 dias por ano”, considera. Segundo ele, os relatórios de susten-tabilidade auxiliam na gestão do negócio, pois melhoram o desempenho da empresa.

Maria Helena salienta uma mudança qualitativa na produção dos relatórios. “Apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido, muitas empre-sas demonstram evolução nos seus relatórios pela apresentação de temas críticos e dilemas, buscan-

“Se a empresa não aplica a metodologia

GrI corretamente no relatório de

sustentabilidade não usufrui benefícios de melhoria de gestão.

não adianta fazer por fazer, é gastar discurso e

recursos à toa”, destaca Gláucia Terreo, ponto focal da GRI no Brasil

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20 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Segundo a organização, para assegurar alto grau de qualidade técnica, credibilidade e rele-vância, a Estrutura de Relatórios de Sustentabi-lidade da GRI é desenvolvida e continuamente melhorada por meio de um intenso engajamento multistakeholder que envolve organizações rela-toras e especialistas que, juntos, desenvolvem e revisam o conteúdo da Estrutura de Relatórios.

Os níveis de aplicação das diretrizes GRI va-riam de acordo com os indicadores relatados pela empresa que vão dos níveis “C” até “A”. Para definição de conteúdo dos relatórios de sus-tentabilidade os principais princípios da GRI são materialidade, inclusão das partes interessadas, abrangência, e contexto da sustentabilidade. Já para assegurar a qualidade do relatório, os prin-cípios são equilíbrio, comparabilidade, exatidão, periodicidade, clareza e confiabilidade.

Até 2010 a GRI oferecia três tipos de selos para todos os níveis. O selo de auto-declaração, o verificado por terceira parte e o GRI Check. Os selos da auto-declaração e da verificação esta-vam disponíveis gratuitamente via download no site do GRI. Entretanto, desde janeiro deste ano a organização não oferece mais estes dois selos. “A própria empresa, ao fazer o relatório pode de-clarar: ‘Utilizei a metodologia GRI nível A ou nível B’. O selo estampado dava a impressão de chan-cela da GRI, o que não acontece nestes casos”, explica Gláucia, da GRI.

Atualmente, a GRI fornece apenas o selo “GRI Checked”. Para isso, é preciso enviar o relatório para a GRI. O custo é em Euro (1.700) ou gratui-tamente para membros da organização. Neste caso, o relatório entra na base de dados da GRI como “checado pela GRI”.

Gláucia explica que a medida foi tomada por-que, infelizmente, muitas empresas apresenta-vam relatórios de baixa qualidade, mas inseriam selos da GRI, sem utilizar os princípios de forma adequada. “Se a empresa não aplica a metodolo-gia GRI corretamente no relatório de sustentabili-dade não usufrui benefícios de melhoria de ges-tão. Não adianta fazer por fazer, é gastar discurso e recursos à toa”, destaca.

do uma melhor contextualização da atuação da empresa na região onde atua. De forma geral, as empresas estão em um processo de aprendizado sobre a sustentabilidade empresarial”, acredita.

Uma questão de princípios • A GRI fornece, gratuitamente, princípios e indicadores para ela-boração dos relatórios de sustentabilidade. Afi-nal, a visão da GRI é que os relatórios de desem-penho econômico, ambiental e social elaborados por todas as organizações sejam tão rotineiros e passíveis de comparação como os relatórios fi-nanceiros.

“A rede GRI confirma essa visão ao desen-volver e melhorar continuamente sua estrutura de relatórios de sustentabilidade, além de criar competência para sua utilização, cujo compo-nente essencial são as Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade. Outros com-ponentes da estrutura de relatórios são os suple-mentos setoriais e os protocolos”, destaca o site em português da GRI.

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21 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido, muitas empresas demonstram evolução nos seus relatórios pela apresentação de temas críticos e dilemas, buscando uma melhor contextualização da atuação da empresa na região onde atua. De forma geral, as empresas estão em um processo de aprendizado sobre a sustentabilidade empresarial”, acredita Maria Helena Meinert, da BSD Brasil

Ela enfatiza que a produção do relatório preci-sa ir a fundo na gestão empresa. No caso da ges-tão de risco, por exemplo, ela usa a metáfora do iceberg. “Em geral, as empresas relatam apenas o que se vê, e esquecem que a parte de baixo é o suporte da empresa. Não estão acostumadas a medir, a analisar a empresa. Se não mede, não vai gerenciar de forma correta. As diretrizes GRI são uma forma de olhar o que está abaixo, o ice-berg todo”, comenta.

Evolução das diretrizes GRI • Gláucia lem-bra que a GRI quer formar massa crítica, por isso, constrói suas diretrizes pensadas globalmente, multistakeholder. É um trabalho em rede. Ela conta que em 1997 foi feito o primeiro rascunho das diretrizes, sendo que a primeira versão foi lançada em 2000, ano em que a metodologia GRI chegou ao Brasil. “Mas ainda era uma colcha de retalhos. A Natura foi a primeira empresa brasilei-ra a testar a ferramenta. Lançou seu relatório de sustentabilidade com princípios GRI em 2001 e por vários anos serviu como inspiração e exem-plo para outras empresas”, lembra Gláucia.

Em 2002 foi lançada uma versão melhorada, mas ainda não trazia muita clareza para a produ-ção de relatórios de sustentabilidade. “Afinal, relatório bom é o que vai direto ao ponto”, es-clarece. A terceira geração de diretrizes GRI – a chamada G3 – foi lançada em 2006. Segundo Gláucia, que é a representante da organização no Brasil desde 2007, começa aí o crescimento do uso da metodologia em território brasileiro. Afi-nal, as diretrizes foram disponibilizadas em por-tuguês, o que tornou mais amigável o manuseio da ferramenta.

No dia 23 de março deste ano, a GRI lançou a G3.1, uma versão atualizada das diretrizes, com mais indicadores (sobre relações com a comuni-dade, gênero e direitos humanos). “É um proto-colo para ajudar a entender melhor a materialida-de no conteúdo das informações. No entanto, a empresa que quiser continuar usando a G3, pode continuar, pois não difere muito”, explica Gláucia.

A quarta geração de diretrizes, a G4, deve ser lançada em maio de 2013, durante a próxima con-ferência de Amsterdã. “Quanto mais gente usan-do e concientizada, a probabilidade de a minha filha de seis anos ter um mundo melhor é maior”, comenta Gláucia. Ela ressalta que este é o senti-do geral da ferramenta.

Entretanto, para usar as diretrizes de forma eficaz, a representante da GRI no Brasil sugere que a empresa planeje seu relatório internamen-

te, antes entrar em contato com a consultoria que confeccionará o documento. Segundo ela, é preciso, antes de tudo, ter clareza do processo. A decisão deve ser coletiva, bem como o plane-jamento. Deve ser pensado sobre o tamanho da equipe que trabalhará na composição dos dados, se o texto será impresso, quais níveis de aplica-ção terá. É preciso definir a materialidade e for-mar um comitê, pois a produção do relatório de sustentabilidade depende de um intenso diálogo interno e grande conexão com as partes interes-sadas. “O relatório de sustentabilidade deve ser fruto do processo de gestão”, lembra Gláucia. Somente depois é possível partir para o processo de publicação e asseguração. Ela sugere, no caso da realização do primeiro relatório da empresa, o prazo de pelo menos um ano de trabalho para que o resultado seja de qualidade.

A representante da GRI no Brasil comenta que a organização idealiza que 100% das empre-sas estejam usando o modelo em breve. “E que agregue a avaliação de desempenho financeiro e também socioambiental”, lembra. Afinal, é pre-ciso que a sustentabilidade esteja no discurso e na ação das empresas. Por isso a GRI tem lutado para integrar as três dimensões dos relatórios. Neste sentido, formou, em 2010 o Comitê Interna-cional para Integração dos Relatórios (Internatio-nal Integrated Reporting Committee – IIRC - www.integratedreporting.org) em parceria com a A4S - Accounting for Sustainability. O Brasil tem dois representantes no IIRC.

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De acordo com Gláucia, alguns países já tor-naram os relatórios integrados obrigatórios. “Na África do Sul empresa listada na bolsa tem que apresentar relatório integrado. Na Suécia em-presa estatal é obrigada a apresentar relatório de sustentabilidade. A autoregulação é um bom sinal, pragmatiza”, destaca. Seguindo esta ten-dência, o intuito do IIRC é apresentar a proposta ao Grupo dos 20 (G20), formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais de 19 países mais a União Europeia, entre eles o Brasil.

Gláucia enfatiza que a inclusão da sustenta-bilidade na gestão das empresas é uma neces-sidade urgente. “Temos inúmeros problemas no planeta e ainda há quem não dê conta para isso”, comenta, elencando algumas necessidades como manutenção da biodiversidade e a proteção à saude. Também lembra que a responsabilidade é de todos e as empresas são partes muito inte-ressadas no processo, já que não podem colocar a sobrevivência de seus negócios em risco. “Por isso precisam fazer parte da solução do proble-ma, e não estarem fora. É um jeito de atuar para contribuir com melhorias no planeta”, considera.

A auditoria de relatórios de sustentabili-dade • Ambrósio, da Horwath RCS, lembra que a realização de auditoria é recente no Brasil, se comparada à Europa e aos Estados Unidos. “Pou-cas empresas submetem seus relatórios a audi-toria. Podemos dizer que de cada dez empresas, seis a sete, ou seja, 60%, audita. No Brasil, de cada dez uma ou duas faz auditoria, ou seja, de 10% a 15%”, comenta.

Mas Ambrósio destaca que este cenário co-meça a mudar. “Temos recebido muitas empre-sas interessadas em auditar seus relatórios, por dois fatores fundamentais: as empresas querem se adequar aos princípios do GRI com padrão checked (auditado), ou possuem muita infoma-ção nos relatórios de sustentabilidade e querem dar mais credibilidade e transparência”, explica.

O auditor destaca que, como os relatórios são anuais – a maioria é produzido entre dezembro e janeiro e é publicado entre abril e maio – o ideal é que o auditor se envolva desde a produção. O trabalho de checagem pode levar de 30 a 45 dias, pois depende da complexidade dos relatórios.

Maria Helena, da BSD, também ressalta que nos últimos anos tem se observado um grande aumento da quantidade de relatórios de sus-tentabilidade publicados. “Contudo, este cres-cimento não significa necessariamente que as informações publicadas sejam confiáveis. Com a preocupação de garantir informações de qua-lidade aos stakeholders, algumas empresas pas-saram a submeter seus relatórios à verificação externa. O estabelecimento de procedimentos sistemáticos de verificação independente das in-formações publicadas contribui para o aumento

22 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Poucas empresas submetem seus relatórios a auditoria. Podemos dizer que de cada dez empresas, seis a sete, ou seja, 60%, audita. no Brasil, de cada dez uma ou duas faz auditoria, ou seja, de 10% a 15%”, comenta Mauro Ambrósio, da Horwath RCS

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da confiança dos stakeholders”, enfatiza. Ela explica que o processo de assurance (cer-

tificação) contempla algumas atividades básicas, que fundamentam as conclusões do verificador (Declaração de Garantia). Estas ações são iden-tificação da origem das informações para elabo-ração do relato; avaliação dos controles internos, processos de registro e atualizações relacionadas às informações do relato; avaliação da relevância das informações quanto à gestão da sustentabi-lidade e o contexto da empresa; e avaliação de processos de engajamento de stakeholders.

“Internamente, o processo contribui signi-ficativamente com a melhoria dos processos e controles internos, além do maior envolvimento das equipes internas e da alta administração. Além disso, reduz riscos por meio da identifica-ção de temas críticos e aumenta a confiança dos stakeholders na empresa”, considera a auditora.

Maria Helena ressalta que a auditoria dos relatórios dá mais credibilidade ao processo. “A verificação proporciona ao leitor uma opinião in-dependente clara sobre os temas relevantes para a empresa. As conclusões da verificação são pu-blicadas na Declaração de Garantia, ao final do relatório”, conta.

A auditora também comenta que os leitores de relatórios buscam informações relevantes que de fato reflitam a estratégia de gestão de susten-tabilidade empresarial. Por isso, segundo ela, cada vez mais, é preciso investir esforços no de-senvolvimento de relatórios focados em assuntos materiais e com informações confiáveis examina-das por terceira parte.

Empresas interessadas na qualificação dos relatórios • A cada dia, novas empresas buscam os serviços de consultorias e auditorias para seus relatórios de sustentabilidade. O intui-to é qualificar a publicação. É o caso da Copagaz, empresa nacional com 50 anos de atividade, in-tegrada na distribuição de GLP (gás de cozinha).

A Copagaz, que publicou seu primeiro relató-rio em 2001, entende que o relatório de susten-tabilidade é um importante instrumento de co-municação e gestão para que a empresa tenha a oportunidade de prestar contas e relatar aos seus stackholders, à sociedade e ao mercado suas me-lhores práticas rumo à sustentabilidade.

“A princípio era apenas um Balanço das Ações Sociais, sem muito envolvimento das diversas áreas. A partir de 2005, passamos a utilizar as orientações do Ibase – Instituto Brasileiro de Aná-lises Sociais e Econômicas e em 2006, agora com envolvimento dos diversos gestores da empresa, utilizamos, além do Ibase, as diretrizes do Global Reporting Iniciative – GRI. Iniciamos a auditoria

23 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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externa a partir de 2009. De certa forma, uma evo-lução gradativa”, comenta Elizete Neto Tavares Paes, assessora do Diretor-Presidente e coordena-dora do Comitê de Sustentabilidade da Copagaz.

Segundo ela, há um comprometimento com o imperativo da transparência das atividades da Copagaz no seu desempenho social, ambiental e econômico, seguindo a metodologia G3 da GRI. Elizete destaca que o grande desafio de qualquer empresa na confecção de seus relatórios é a pres-teza no atendimento e o engajamento de todos

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24 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

os envolvidos no processo, considerando-se os stakeholders externos e internos. “O relatório é sempre uma ferramenta que estimula o desenvol-vimento de melhores práticas de gestão e esta-belece caminhos específicos para cada setor da organização”, acredita.

A empresa adere aos princípios da GRI, que estabelece indicadores para medir e relatar seu desempenho. “São orientações que continuam a evoluir a cada ano por meio de um consenso entre representantes de empresas, sociedade civil, setor financeiro, trabalhadores, academia e outros”, lembra Elizete.

Além disso, a coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Copagaz ressalta que a au-ditoria independente garante às partes interessa-das a transparência, a credibilidade e a materiali-dade das informações constantes no relatório. É uma revisão necessária, segundo ela.

“Para os stakeholders, o relatório de susten-tabilidade é um instrumento que permite a eles tomarem conhecimento das práticas desenvolvi-das pela organização durante o ano de vigência do relatório. Além disso, há o processo de engaja-mento, já realizado em anos anteriores, onde são apontados pelos stakeholders os temas de maior interesse e relevância nos relatórios, proporcio-nando dessa forma, uma comunicação clara e personalizada com seus grupos de interesse”, salienta Elizete.

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No caminho do bem

entendimento da importância da sus-tentabilidade e a busca pela promoção de uma nova realidade para o planeta foram alguns dos motivos que levaram

o grupo Ecoverdi, de Curitiba, a investir em uma linha especial de produtos para a sociedade. A linha ECOnsciente, que recentemente estreou no mercado brasileiro, busca oferecer soluções para um problema do dia a dia de pessoas e empre-sas: o descarte de lixo.

Tradicional fabricante de papel e celulose no mercado brasileiro, a Ecoverdi (a holding que reúne as empresas Cocelpa, Conpel e Arpeco), percebeu no mercado uma demanda sustentá-vel ao alcance de suas mãos: a substituição das tradicionais sacolas de plástico por opções que agridem menos o meio ambiente. Com isso criou a linha ECOnsciente, que traz para o mercado na-cional duas soluções para fazer a diferença nos hábitos das pessoas e empresas: as sacolas para

Grupo Ecoverdi investe na criação de linha de produtos que promovam a sustentabilidade nas empresas

O

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

26

lyane Martinelli

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

divulgação

compra em Supermercados e os sacos de lixo ECOnsciente. Com uma tecnologia que apenas duas empresas no país têm, a Ecoverdi desenvol-veu seus produtos pensando nas vantagens para o comerciante e para o consumidor.

O carro chefe da entrada desses produtos no mercado são as sacolas. Produzidas em pa-pel Kraft, as sacolas apresentam uma resistên-cia muito superior às de plástico, o que permite que cada unidade transporte muito mais peso do que as em uso nos supermercados brasileiros. De acordo com Rinaldo Dalaqua, Diretor comer-cial do grupo Ecoverdi, “a sacola pequena da linha ECOnsciente substitui, pelo menos, 4 das de plástico; e a maior 8 sacolas plásticas Além disso, pela sua resistência, as sacolas podem ser reutilizadas pelos consumidores pelo menos mais quatro vezes sem sofrer deformações. Isso aumenta e muito sua vida útil”. A grande diferen-ça nessas sacolas é o conforto para o consumi-dor, em função de suas alças. Com um tecnologia pouco usada no Brasil, as alças são planas e fei-tas de papel kraft (e não com barbantes), o que garante a alça a mesma resistência da sacola.

A tecnologia das sacolas foi testada durante 18 meses em uma rede de supermercados de Curitiba. Ali foram comprovadas as característi-cas do material e a adesão do público a novida-de. “As pessoas aprovam a iniciativa da sacola de papel, pois ela diminui resíduos nas residências,

é reutilizável e também mostra ao consumidor o conceito de responsabilidade ecológica do am-biente que ela frequenta”, afirma Dalaqua.

Disponíveis para venda em massa há pelo menos dois meses no mercado brasileiro, os primeiros resultados são animadores. “Já temos bons clientes para esse produto. Além de Curiti-ba, Minas Gerais e Santa Catarina são os princi-pais compradores”, conta Dalaqua. Uma das ex-plicações é a lei municipal da capital mineira que proíbe a oferta de sacolas plásticas em supermer-cados. “As sacolas não surgem necessariamente como concorrentes das de plástico, mas sim como uma alternativa para diminuir a produção de lixo e também de respeito ao meio ambiente”, comenta Dalaqua. O material de que são feitas as sacolas é 100% reciclável, além do uso de tintas atóxicas e hidrossolúveis, que permitem que o papel utilizado seja reciclado e retorne a ser sa-cola, sem restrições de uso.

Sacos de lixo recicláveis • Nem só das sa-colas funciona a ECOnsciente. A linha disponibi-liza também sacos de lixo estruturados, uma no-vidade no mercado. Os novos modelos, também produzidos em papel Kraft, são produzidos com uma estrutura especial, que dispensa o uso de lixeiras para sustentação. Os sacos são produzi-dos com o intuito de facilitar a separação correta do lixo, e por isso tem indicações dos respectivos

“as sacolas não surgem necessariamente como

concorrentes das de plástico, mas sim como

uma alternativa para diminuir a produção de

lixo e também de respeito ao meio ambiente”,

Rinaldo Dalaqua, Diretor comercial do grupo

Ecoverdi

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materiais recicláveis que recebem – de acordo com a norma do Conama (resolução nº 275/2001) – papel, metal, plástico, vidro, orgânico e não re-ciclável. Didáticos, os sacos também colaboram com a educação para o reaproveitamento do lixo.

Cada saco de lixo dessa linha suporta até 15kg e podem ser utilizados por até 30 dias sem neces-sidade de substituição. “Existem sacos maiores desse material que são para recolher o lixo. Em uma empresa, por exemplo, o lixo é recolhido ao final do dia e os sacos ainda estão em perfeito estado para serem reutilizados. Os sacos absor-

e também não é um agente potencializador em caso de grandes fenômenos naturais, como gran-des chuvas e enchentes. O material se desinte-gra e permite que o ambiente seja respeitado”, afirma Dalaqua. Atualmente, o grupo Ecoverdi possui a capacidade de produzir 20 milhões de sacolas por mês e 20 milhões de sacos de lixo ao mês. “A demanda ainda não está aquecida, mas estamos no início do projeto. Em pouco tempo acreditamos que estaremos trabalhando com ca-pacidade máxima”, garante.

Grupo Ecoverdi • O grupo Ecoverdi foi es-

truturado em 2010, mas reúne empresas com mais de 50 anos de atuação no mercado de papel e celulose. Atento as mudanças e a necessidade da responsabilidade com o ambiente e com a manutenção do planeta, a Ecoverdi decidiu fazer parte do processo de conscientização da popu-lação. “A forma que temos como empresa para promover a sustentabilidade do planeta em larga escala é oferecer opções que ajudem na cons-cientização da população para a mudança de há-bitos”, argumenta Dalaqua.

Além disso, a Ecoverdi está investindo na mu-dança dentro da sua realidade. Com um depar-tamento direcionado em sustentabilidade desde 2010, muitas ações estão em andamento com o objetivo de trazer um novo posicionamento da empresa também junto ao seu público interno. Desde que o conceito de sustentabilidade foi inserido nas empresas do grupo, são realizadas ações focadas nos colaboradores, como ginásti-ca laboral e saúde do colaborador, além do con-tato com as comunidades próximas as fábricas, criando um processo de transparência dentro das regiões onde atua ativamente.

Hoje, o Grupo Ecoverdi conta com quatro fá-bricas (três no Paraná e uma na Paraíba) e é o 2º maior produtor de papel Kraft do país. Com grande atuação na produção de sacos para cal, cimento e para o transporte de alimentos, o gru-po ocupa a 2ª posição entre os fornecedores de sacos valvulados no país. O grupo conta hoje com quase mil colaboradores e realiza um processo verticalizado de produção, com gerenciamen-to completo sobre a cadeia (desde o manejo de florestas plantadas até a produção de embala-gens), e com isso exporta para 11 países. Focada também em sustentabilidade, suas unidades de produção de papel absorvem aparas, sendo que a fábrica em João Pessoa é responsável pela pro-dução de papel reciclado.

28 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

vem pequenas quantidades de líquidos, como os restos de café e água dos copos, sem deixar odo-res. Assim, o lixo sai seco e permite que o saco continue a ser utilizado”, explica Dalaqua.

Todo papel utilizado na fabricação da linha ECOnsciente é proveniente de madeira de flores-tas plantadas, manejadas de acordo com práti-cas sustentáveis e em áreas previamente degra-dadas. “Não estamos destruindo florestas para produzir esse material. Além de tudo, oferecemos um produto que se decompõe em 60 dias no am-biente sem emitir gases, resíduos ou poluentes

divulgação

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sperar passivamente a ação dos go-vernantes deixará de ser a nossa única opção nos próximos dez anos, se qui-sermos reverter parcialmente o caos no

sistema de abastecimento de água e geração de resíduos provocados pela aglomeração das pessoas nas grandes cidades, a falta de inves-timentos no setor e a expansão populacional.

Na medida em que o padrão de vida das pessoas aumenta, o consumo de água tam-bém aumenta, pois há uma corrente sucessiva de eventos na mesma direção. Em tese, se eu ganho mais, consumo mais, as empresas pro-duzem mais, o desafio do lixo aumenta e a dor de cabeça dos governos conscientes também. E onde quer você decida atuar ou se beneficiar, não há como não pensar em água.

Por um lado, as classes mais favorecidas se defendem já que possuem recursos financeiros e, na crença de que isso é papel do governo, não estão muito preocupadas com a situação. Por outro, as menos favorecidas não querem perder o bonde do crescimento econômico e vão abar-rotando suas casas de aparelhos eletrodomésti-cos e outras facilidades tecnológicas na esperan-ça de amenizar um pouco a sua triste condição.

A questão é intrigante: se todas as classes lutam ferozmente para melhorar o padrão de vida ou para preservar o que já conseguiram, quem é que vai abrir mão de algo para preservar o pouco que ainda nos resta?

O individualismo exacerbado que tomou conta do ser humano nas três últimas décadas não permite um olhar sistêmico sobre o meio ambiente, ou seja, vivemos o hoje como se não houvesse manhã. Na prática, o “salve-se quem puder” desencadeia inúmeras correntes de ideias contrárias a tudo aquilo que é necessário fazer para reverter a situação.

Você conhece alguém que optou por tomar menos banho ou tomar banho em menos tem-po para economizar água? Ou alguém que deixa o carro na garagem e segue para o trabalho de ônibus para reduzir os índices de emissão de gás carbônico na atmosfera? Ou ainda alguém que evita lavar a calçada apenas com o esgui-char da mangueira?

Apesar de tudo, existem iniciativas louvá-veis nesse sentido. Um bom exemplo é o con-domínio ecologicamente correto que surgiu na área rural de Piraquara, município da Região Metropolitana de Curitiba. Não se trata de es-

tratégia de marketing de alguma incorporadora. A ideia é simples. Um grupo de amigos apaixo-nados pela natureza decidiu comprar terrenos na mesma região, próximo às nascentes do Rio Iraizinho. Atualmente, são 22 proprietários, to-dos indicados pelos próprios vizinhos.

Nas propriedades, tudo é pensado para re-duzir o impacto ambiental: a maior parte da ve-getação nativa é preservada; o esgoto é tratado em um sistema com raízes de plantas; a água utilizada vem de poços artesianos ou é capta-da da chuva; e as paredes das construções são de tijolos de solo-cimento (que não são aque-cidos em fornos, portanto sem emitir gases na atmosfera); entre outras soluções. Além disso, a intenção é formar um corredor de biodiversi-dade até a Serra do Mar a partir das matas de cada propriedade.

Essa é uma das iniciativas pensadas por al-guém que deseja o melhor para os seus filhos e netos. Quando buscamos as estatísticas de consumo no Brasil e comparamos com os paí-ses da Europa, por exemplo, ficamos chocados em saber que utilizamos água na proporção de quatro, cinco ou até mesmo dez vezes mais do que eles todos os dias.

Em algumas regiões do Brasil, o consumo di-ário per capita chega a 600 litros, muito inferior ao da Europa onde o consumo varia entre 60 a 100 litros. Não há civilização nem planeta que resista a um consumo dessa natureza, portanto, se não começarmos a nos mexer agora, não há esperança para nós. Meu objetivo não é pregar o caos no futuro, mas despertar a consciência para o caos que já faz parte de nossas vidas.

A grande realidade é que, para solucionar os problemas da escassez da água e suas impli-cações, seria necessário repensar toda a nossa condição de vida, dos hábitos de consumo aos hábitos de conscientização. E não são muitas as pessoas que estão dispostas a fazê-lo.

Por essas e outras razões, John Gray, reno-mado filósofo britânico e Professor de Oxford, concluiu que a população da Terra será reduzi-da a 500 milhões de pessoas até o ano 2150. Se você deseja perpetuar o seu DNA até lá, comece a pensar em como preservar as nascentes, cul-tivar água limpa, consumir menos, poluir me-nos, fazer a parte que lhe cabe nesse latifúndio. Seus bens são de propriedade exclusivamente sua. Goste ou não, a água é de propriedade in-discutivelmente coletiva.

E

O individualismo exacerbado que tomou conta do ser humano nas três últimas décadas não permite um olhar sistêmico sobre o meio ambiente, ou seja, vivemos o hoje como se não houvesse manhã

30 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

jerÔnimo mendesAdministrador de

Empresas, Consultor,Escritor e Mestre em

Organizações eDesenvolvimento

A água nossa de cada dia

GESTÃO

ÁSUS EN VEL

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32

Responsabilidade Ambiental

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Técnica trazida para os Campos Gerais pelos imigrantes holandeses revolucionou a agricultura brasileira

PLANTiO DiRETO Terra mais forte e desenvolvimento econômico do

Paraná para os campos do Brasil

Fernanda Cheffer e Juliana Sartori

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U

33 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

o Sistema de Plantio Direto possui muitas vantagens, como o aumento da vida útil das máquinas, controle sobre a época da semeadura, economia com fertilizantes e combustíveis. o consumo de diesel chega a ser 70% menor e acredita-se que o custo de produções possa ser até 14% mais baixo do que nos sistemas convencionais.

m dos maiores desafios do Brasil é con-seguir levar a sustentabilidade para a agricultura. Ao longo de séculos, o modelo de desenvolvimento no país

evoluiu do extrativismo e da agricultura de sub-sistência para uma exploração agroindustrial in-tensa, com a aplicação de tecnologias modernas.

Os recursos para a produção de alimentos, que são as sementes, solo, matéria orgânica e água são renováveis. O que faz pensar que a agricultura seja uma atividade altamente sus-tentável. No entanto, a agricultura atual tem características mais próximas de uma indústria extrativa, o que tende a torná-la extremamente impactante ao meio ambiente.

Mas um método hoje utilizado em grande escala Brasil afora chegou por aqui justamente para diminuir esse impacto. É o chamado Siste-ma de Plantio Direto (SPD) - método criado na Inglaterra que se espalhou pelos Estados Unidos e Europa e que chegou ao Paraná na década de 70, revolucionando a história do Estado e se es-palhou pelos solos do país.

O plantio direto atualmente atinge mais de 80% da área destinada à produção de grãos no Paraná e 50% das lavouras do Brasil, de acor-do com informações da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha.

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Responsabilidade Ambiental

34 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Na palha • Esse método consiste em deixar a palha e os restos vegetais na superfície do solo, revolvendo apenas no sulco, no qual são depo-sitadas sementes e fertilizantes. Ou seja, em vez de serem plantadas diretamente na terra, as se-mentes ficam sobre a palha e outros restos de plantações, trazendo benefícios incríveis. Entre as principais vantagens desse sistema estão a redução da erosão, melhoria de condições físi-cas e fertilidade do solo, aumento do teor da ma-téria orgânica, redução de impactos ambientais, aumento da atividade biológica do solo, redução da oscilação térmica e ainda o aumento da água armazenada no solo.

O SPD também possui vantagens econômi-cas, como o aumento da vida útil das máquinas, controle sobre a época da semeadura, economia com fertilizantes e combustíveis - o consumo de diesel chega a ser 70% menor. Acredita-se que o custo de produções possa ser até 14% menor do que nos sistemas convencionais.

“Além dos benefícios ambientais de proteção ao solo, o plantio direto garante melhora consi-derável da fertilidade do solo, em termos físicos, químicos e microbiológicos”, garante o coorde-

nador do setor de Solos e Nutrição das Plantas da Fundação ABC para Assistência e Divulgação Técnica Agropecuária, Gabriel Barth.

O sistema de plantio direto utilizado no Brasil é tão eficaz que passou a figurar como modelo de agricultura indicado pela Fundação das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) e o Banco Mun-dial para ser aplicado em vários outros países. As entidades assumiram a tecnologia como bandeira fundamental da agricultura do futuro e chegaram a chamar o plantio direto de verdadeira “Revolu-ção Azul”, por garantir a produção de alimentos para a humanidade e ao mesmo tempo preservar os recursos naturais para as futuras gerações.

Do interior do Paraná para os campos do Brasil • O modelo de plantio direto brasileiro tem uma história muito interessante, com raízes na região dos Campos Gerais paranaenses – lu-gar que foi transformado com a criatividade de profissionais ligados à agricultura.

Historiadores apontam que até 1870, as ter-ras dos Campos Gerais eram usadas apenas para criação de gado, para a comercialização do leite e da carne. Em seguida, veio a extração de ma-

“além dos benefícios ambientais de proteção ao solo, o plantio direto garante melhora considerável da fertilidade do solo, em termos físicos, químicos e microbiológicos”, Gabriel Barth, coordenador do setor de solos da Fundação ABC

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35 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

deira e cultura da erva mate, que dominava a economia paranaense na época.

Foi no início do século seguinte que imigran-tes holandeses começaram a se instalar na re-gião. Ali encontraram uma terra com solo fraco e arenoso, na qual predominava o campo nativo com pequenas matas próximas a rios e córregos. Assim, eles perceberam que seria difícil produzir naquelas terras e por isso também investiram no gado e laticínios, fundando em julho de 1925, a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Laticínios, a primeira cooperativa de produção do Brasil, que hoje é a Batavo.

Tentativas de melhorar os solos fracos e pouco profundos da região começaram nos anos de 40 e 50. Antes, produzia-se apenas batata-doce, bata-tinha e milho para consumo na pecuária, caracte-rizando a agricultura de subsistência. Nos meses de agosto ou setembro, os pastos eram queima-dos e durante alguns meses, o gado comia a nova grama que surgia depois da queimada.

Porém, com a chegada dos tratores criou-se a possibilidade de arar grandes áreas, e a cultu-ra do arroz de sequeiro se espalhou em grande escala, por conta da facilidade em cultivá-lo e

por não exigir o tratamento da terra com calcá-rio. Como não havia herbicidas, após dois anos devia-se mudar a cultura para terras de campo virgem, livres de plantas daninhas.

Para auxiliar os imigrantes com o cultivo das terras dos Campos Gerais, a Holanda passou a enviar técnicos para o Brasil em 1951, que vi-nham através da Cooperativa Central de Imigra-ção e Colonização.

Os técnicos chegaram ao local entre as dé-cadas de 50 e 70, onde passaram a estudar e a ensinar novas técnicas agrícolas para melhorar a produção local até chegarem ao plantio direto.

A necessidade de um sistema que conser-vasse a terra começou no final da década de 60, quando os colonos, observando as oportunida-des do trigo e da soja, passaram a se dedicar mais à agricultura. Logo, perceberam a acelera-ção da degradação do solo, devido à tecnologia disponível na época, a queima da palha e os in-tensos processos de preparo de solo.

“Começamos a fazer o plantio direto por ne-cessidade mesmo, não porque estávamos que-rendo inovar algo. Nosso solo estava cada vez mais comprometido pela degradação por causa

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da forma como estava sendo explorado. Aí que surgiu o conhecimento do plantio direto e come-çamos a apostar nele aqui na região dos Campos Gerais”, conta um dos fundadores da Fundação ABC, Franke Dijkstra.

Data de 1968, o primeiro experimento do SPD no Brasil na colônia holandesa de Não-me-Toque, no Rio Grande do Sul, e logo em seguida, em Londrina aconteciam também as primeiras pes-quisas. Em 1972, a Cooperativa Batavo arrenda o primeiro campo demonstrativo experimental, com seis hectares. Algum tempo depois, adquire uma área de 13 hectares, também para testes.

Outros campos experimentais foram produzi-dos em cidades vizinhas, e por outras instituições e fazendeiros, somando 134 hectares, nos quais foram produzidos desde soja e milho à feijão e batatas. Entendia-se, com base nas condições de solo, clima, topografia e vegetação natural, que o que fosse aprovado nos campos experimentais, seria aplicável em qualquer solo da região.

Os campos demonstrativos experimentais são mantidos até hoje, a maioria através de insti-tutos de pesquisa. Nos Campos Gerais, a Funda-ção ABC, fundada em 1984, cumpre esse papel

de testar novas formas de aprimorar e diminuir o custo da produção agrícola.

“Essa fase fez parte da história porque mar-cou uma nova proposta, um novo horizonte para a agricultura brasileira. O plantio direto nos Cam-pos Gerais começou logo após as primeiras ex-periências no Norte do Paraná. Depois chegaram os técnicos para garantir cientificamente que es-távamos no caminho certo”, explica o fundador. Depois logo fizemos convênio com a Emprapa e criamos a Fundação para ajudar na divulgação e pesquisa, mostrando a técnica pra o Brasil afo-ra”, complementa.

Os principais experimentos da Fundação con-sistem em testar insumos e novas máquinas, ava-liar sistemas de produção, rotações de culturas, custos de produção e desenvolver alternativas para aumentar a produtividade. A ABC também atua em parceria com a Embrapa, IAPAR, Ocepar, Universidade Estadual de Ponta Grossa e Univer-sidade Federal do Paraná, concentrando assim em locais distintos as pesquisas realizadas por essas instituições e acompanhando os trabalhos realizados. A Fundação ABC é hoje referência mundial no segmento de pesquisa agrícola.

Responsabilidade Ambiental

36 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Começamos a fazer o plantio direto por necessidade mesmo, não porque estávamos querendo inovar algo. nosso solo estava cada vez mais comprometido pela degradação por causa da forma como estava sendo explorado.” Franke Dijkstra um dos idealizadores do projeto.

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judas Tadeu Grassi mendes

Pós-doutor em economia pela Ohio

State University (USA) e Diretor Presidente da

Estação Business School

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Tecnologia e inovação para um caminho sustentável

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

razão de ser de 100% das empre-sas do mundo inteiro é a de pro-duzir bens e serviços que venham atender as necessidades huma-

nas, que são as molas propulsoras da econo-mia. O problema econômico aparece porque os recursos econômicos são escassos e, por isso, não geram produção suficiente para atender a todas as necessidades. Daí, surge o desafio ou o problema econômico.

As necessidades humanas são crescen-tes porque: a) a população mundial continua crescendo e b) a renda dos consumidores, apesar da péssima distribuição da riqueza, também continua crescendo. Com mais gen-te e com mais renda, a demanda global por bens e serviços se expande, pressionando por mais recursos econômicos.

Entre os recursos econômicos, há os re-cursos naturais, os humanos e o capital, sendo que este nada mais é do que a com-binação dos dois primeiros. Por exemplo, uma máquina (considerada capital) resulta da combinação de minérios de ferro con-vertidos em aço com a participação do ser humano. Não há capital sem os recursos hu-manos.

O desafio da sustentabilidade • Com esta pressão da população por mais bens e serviços, o grande desafio é o de atender as necessidades humanas, preservando os recursos naturais, que são extraídos direta-mente da natureza, tais como solos (urba-nos e agrícolas), os minerais, as águas (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos, e do subsolo), a fauna, a flora, o sol, e o vento (como fontes de energia), entre outros. Este

o grande problema da utilização de tecnologia no Brasil é que investimos muito pouco, algo como apenas uS$ 50 por brasileiro por ano, enquanto na média dos países desenvolvidos de um modo geral ultrapassa US$ 400 por habitante/ano

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é o grande desafio, o da sustentabilidade, por ser um pro-blema de manutenção e ampliação da capacidade produ-tiva da economia.

Tecnologia e inovação: o caminho inteligente • De um lado, a sociedade pressiona por mais bens e serviços e por isso, aumenta a demanda por mais recur-sos econômicos, inclusive os naturais. De outro lado, as empresas, pelo ambiente econômico de crescente com-petição (concorrência), são pressionadas a serem com-petitivas, se quiserem sobreviver e crescer. Para atender simultaneamente a estes dois desafios (maior demanda por recursos por parte da população com maior competi-tividade das empresas), a via tecnológica é o caminho in-teligente que o ser humano dispõe para resolver o proble-ma econômico e tornar as empresas mais competitivas.

Pela inovação e uso de novas tecnologias é possível aumentar a produtividade (que é a relação entre o volu-me produzido e a quantidade utilizada de recursos). A maior produtividade resulta em duas coisas simulta-neamente: a) aumenta a produção de bens e serviços, ajudando, assim, a resolver o problema econômico, ou seja, é o caminho para uma sociedade atender melhor suas necessidades; b) possibilita a uma empresa reduzir o custo unitário, isto é, o custo médio de produção, que, na verdade é a única variável nas mãos de uma empresa, porque o preços dos produtos dependem da decisão dos consumidores.

Portanto, a inovação é o principal caminho tanto para resolver o problema econômico de uma sociedade como também para tornar suas empresas mais competitivas (com custos menores).

O desafio da inovação no Brasil • O grande proble-ma da utilização de tecnologia no Brasil é que investimos muito pouco, algo como apenas US$ 50 por brasileiro por ano, enquanto na média dos países desenvolvidos de um modo geral ultrapassa US$ 400 por habitante/ano. Como a economia brasileira até poucos anos atrás era muito fechada, não havia muitos estímulos para as empresas serem competitivas, como acontece atualmen-te por pressão do mercado, que está num ambiente de muita competição.

Um exemplo: agricultura • A agricultura brasileira é um excelente exemplo de adoção de novas tecnologias que permitiram duplicar a produção de grãos nos últimos quinze anos, expandindo apenas 30% a área cultivada, o que significa dizer que a maior produtividade (pela via tecnológica) da terra no Brasil possibilitou o agronegócio o Brasil ser competitivo internacionalmente. Em suma, o desafio humano é do aumentar o bem-estar (isto é, mais produção de tudo), preservando os recursos naturais. A tecnologia é o grande caminho para resolver este desafio. Pense nisso!

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Gestão de Resíduos

er em mãos a possibilidade de mudar a realidade com soluções que aliam con-sumo racional, redução de custo, pre-ocupação ambiental e saúde. Este é o

conceito inserido na linha de produtos de limpe-za Simple Clean, da empresária Renata Ribeiro, presente no Paraná, Santa Catarina e Rio Gran-de do Sul que está em franca expansão para outras regiões brasileiras. Esta linha possui um conceito inovador, que é a possibilidade de re-alizar limpezas em ambientes residenciais e co-merciais com produtos biodegradáveis e de alta eficiência, trazendo uma alternativa sustentável para a realidade brasileira.

A Simple Clean, marca criada por Renata há três anos, oferece produtos que não agridem a natureza. Entre suas principais características está o fato de não conter substâncias prejudiciais à saúde como soda cáustica e amoníaco, comuns em outros produtos do gênero. “Suas fórmulas contêm tensoativos biodegradáveis que garan-tem as características anticorrosivas, não abrasi-vas e não tóxicas em todos os itens da série”, afir-ma Renata, que ministra palestras corporativas sobre “Limpeza Sustentável e o Meio Ambiente”.

As fórmulas, guardadas a sete chaves pela empreendedora, são inovadoras e super concen-tradas, e funcionam quando diluídas em água.

TSimple Clean apresenta soluções para reduzir custo com a limpeza dos ambientes

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Limpeza sustentável acima de tudo

lyane Martinelli

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Isso, porém, significa economia porque os pro-dutos são usados em quantidades menores e com maior eficiência na limpeza. Além disso, há pouca produção de espuma, o que garante maior economia de água na remoção de sujeiras”, ex-plica Renata. Cada cinco litros de um dos pro-dutos Simple Clean concentrado rende até 4 mil litros de produto para uso diário. Com isto, reduz a quantidade de lixo com embalagens plástica no meio ambiente.

Treinamentos • A empresária e sua equipe realizam treinamentos específicos in loco para demonstrar aos consumidores a maneira mais efi-

ciente e econômica de utilizar os produtos. “Nós ensinamos a utilizar a proporção exata da matéria--prima e sua diluição na água para se obter o me-lhor rendimento”, explica Renata, ao destacar que os produtos são diferenciados por cores para faci-litar o manuseio. “Durante o treinamento, mostra-mos que não há segredo para identificar o produto ideal para cada situação. É só seguir as indicações das cores”, afirma. Outra característica do produto é a reutilização de embalagens. “Na primeira com-pra, além dos frascos, o cliente leva os recipientes para fazer a diluição. A partir da segunda compra, o cliente adquire apenas a embalagem refil com o produto concentrado”, explica Renata.

41 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Serviço: Mais informações dos produtos ou palestras podem ser encontradas no endereço www.simpleclean.com.br

Origem • A linha Simple Clean não surgiu da noite para o dia. Há oito anos, Renata conheceu produtos semelhantes originais dos Estados Uni-dos e se encantou com a eficiência. Ela resolveu então investir na comercialização deles no Brasil. Hoje, Renata possui as fórmulas desses produ-tos. Inicialmente, investiu na produção no Rio Grande do Sul e depois mudou de fábrica, para a região metropolitana de Curitiba, onde ela encon-trou um parceiro com quem conseguiu aprimorar as fórmulas e hoje toda a produção está con-centrada no município de Almirante Tamandaré. “Aqui, acompanho a produção, a qualidade das matérias-primas e o retorno dos meus clientes”, conta Renata.

Plano de expansão • Com o fortalecimen-to do negócio, Renata Ribeiro almeja novos vôos para sua marca. “Hoje oferecemos quatro produ-tos e pretendemos ampliar a linha nos próximos anos. O objetivo é oferecer ainda mais segurança e praticidade aos usuários quando se trata de limpeza comercial e doméstica”, garante. Além disso, a empresária também tem planos de ex-pansão, que necessariamente passa pelas fran-quias que pretende criar para atender o cresci-mento da demanda. “Além de vender produtos, vamos vender o conceito Simple Clean, que está nos valores e na prática de consciência ambiental que a linha promove onde estiver”, afirma.

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Gestão de Resíduos

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“além de vender produtos, vamos vender o conceito Simple Clean que está nos valores e na prática de consciência ambiental que a linha promove onde estiver”, empresária Renata Ribeiro

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Energias Renováveis

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Energia eólica cresce no Brasil e CDR já tem tecnologia nacional

Ventos e resíduos no futuro da energia brasileiratania Kamienski

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45 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

ma tragédia como a do Japão, onde os perigos da energia nuclear preocupam o mundo, pode causar comoção, mas também um certo alívio para os brasi-

leiros. Afinal vivemos em um país com diversida-de geográfica e ambiental que possibilita o uso de energias limpas.

Segundo dados da ONG Greenpeace, que estão na segunda edição do relatório Revolução Energética, verifica-se que até 2050, cerca de 93% da eletricidade produzida no Brasil pode ter origem em fontes renováveis como solar, eólica ou biomassa. Isso poderá gerar três milhões de empregos com desenvolvimento e produção de equipamentos de ponta. E os investimentos em energias limpas podem significar economia en-tre R$ 100 bilhões e R$ 1 trilhão no período entre 2010 e 2050.

O uso de tecnologias limpas como a eólica vem crescendo a cada ano. O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) liberou somente em março R$ 790,3 milhões de financiamentos para nove parques eólicos no Brasil. (ver quadro de-monstrativo dos outros valores).

Para Clécio Eloy, diretor superintendente da empresa Casa dos Ventos, se os investimentos do Brasil forem comparados aos da Europa, Es-tados Unidos e Ásia estamos muito atrasados, porque demoramos a despertar para a importân-cia da energia eólica na formação de uma matriz energética limpa, renovável e de baixo impacto ambiental.“Entendo, que esse fenômeno que é o crescimento da produção de energia eólica che-gou para ficar e teremos cada vez mais a presen-ça de aerogeradores fazendo parte da paisagem brasileira”, ressalta.

Opinião semelhante tem o empresário João Marcos Prosdócimo Moro, presidente da empre-sa paranaense JMalucelli Energia, que está in-

vestindo no Rio Grande do Norte cerca de R$ 710 milhões no setor. “Os benefícios ambientais são grandes e os custos baixaram muito, porque as empresas que constroem os aerogeradores es-tão agora no Brasil e ficaram competitivos”,fala o presidente. O empresário João Marcos acres-centa que a empresa pretende investir no Paraná neste setor nos próximos anos também.

O Paraná apesar de ter sido pioneiro em 1990, com instalação da primeira Usina Eólica do país na cidade de Palmas, não teve investimen-tos significativos nesta área na última década. Segundo o consultor da Companhia Paranaense de Energia (Copel) para o assunto, Dario Jacks Scholtz, a empresa pretende investir mais, parti-cipar de alguns leilões nacionais. Ele explica que quando foi construída a usina de Palmas, foi re-alizado um estudo científico que detectou além daquela região, somente na Serra do Mar pode-riam ser instalados os aerogeradores. Mas com o aprimoramento da tecnologia, com torres mais altas, há a possibilidade de novos projetos no estado. A usina de Palmas tem cinco geradores e gera 2.500 kW, que abastece um terço da cidade.

Em 2010, a Copel fez uma chamada pública para fazer parceria com empresas que já tinham projetos e deve continuar a estudar sua parti-cipação no setor nos próximos anos. “O preço da energia eólica já consegue competir com a gerada em pequenas usinas hidráulicas o que

o uso de tecnologias limpas como a eólica

vem crescendo a cada ano. o Banco nacional

do Desenvolvimento (BnDeS) liberou

somente em março R$ 790,3 milhões de

financiamentos para nove parques eólicos

no Brasil

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46 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

possibilita que a Copel invista mais neste tipo de energia limpa”, explica o consultor.

Para que o setor cresça mais, há a necessidade de uma definição clara do que as autoridades es-peram e pretendem para a energia eólica no Bra-sil, reclama o superintendente. Ele relata que nos locais onde a energia eólica mais se desenvolveu aconteceu uma participação forte dos governos.

A Casa dos Ventos tem hoje 1.200 mW em de-senvolvimento para entrarem em operação entre 2012 e 2013, sendo que desses 85% na região de João Câmara, no Rio Grande do Norte, e 15% em Tiangua, no Ceará. A empresa e seus parcei-ros pretendem desenvolver e implantar cerca de 10.000 mW nos próximos dez anos, em um to-tal de R$ 40 bilhões em investimentos, gerando energia necessária para abastecer mais de dois milhões de domicílios.

“Entre os benefícios que os investimentos trouxeram, temos o exemplo do potencial eólico da região de Sobradinho, na Bahia, onde se pode produzir a mesma energia gerada a partir da usi-na de Paulo Afonso - obra que fez desaparecer quatro municípios. Com a energia eólica não é preciso alagar um palmo de terra “, fala Eloy.

Restos que viram energia • Menos conhe-cida e ainda pouco usada no Brasil, a energia limpa gerada com combustível derivado de re-síduos (CDR), já conta com tecnologia nacional. Um exemplo disso está na Usina Verde no Rio de Janeiro. Pioneira na geração de energia elé-trica através da queima do lixo no Brasil, a Usina Verde foi construída pela iniciativa privada em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e usa tecnologia 100% brasileira. Proces-sa na Ilha do Fundão no Rio 30 toneladas dia de resíduos sólidos que, depois de separados os materiais recicláveis, são queimados e geram energia elétrica para 50 mil pessoas.

Segundo Luis Carlos Malta, diretor da Usina Verde, a tecnologia é considerada limpa e os ga-ses produzidos pela queima do lixo são destruí-dos termicamente, restando no processo somente água e CO2. Os gases ácidos resultantes da inci-neração do lixo são lavados com água alcaliniza-da. Ocorre então uma reação química que trans-forma essas substâncias em sais minerais e água.

A Usina Verde produz o chamado CDR a partir do tratamento mecânico do lixo, onde há a sepa-ração das partes (orgânica, úmida, verde, vidros,

Energias Renováveis

a usina produz o chamado CDr a partir do tratamento mecânico do lixo, onde há a separação das partes orgânica, úmida, verde, vidros, metais ferrosos e não ferrosos e pedras, além de outros materiais que não queimam

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• Foram aprovados financiamento de R$ 790,3 milhões para nove parques eólicos. Oito deles serão construídos no Ceará, com capacidade instalada total de 211,5 MW. O nono parque eólico, em Tramandaí, no Rio Grande do Sul, terá 70 mW de potência instalada.

• Hoje são 51 parques eólicos em operação no Brasil possuem capacidade instalada de 937 MW. Além destes, outros 18 projetos estão em construção, com mais 500,8 mW para entrar em opera-ção ao longo de 2011.

• As autorizações para investimentos em energia eólica cuja construção ainda não foi iniciada já atingem 3.600 MW, distribuídos por 134 projetos.

• No BNDES, já foram assinados ou estão em processo de assinatura, incluindo as duas opera-ções recém-aprovadas, 51 contratos de financiamento diretos e indiretos, no valor total de R$ 4,1 bilhões, para a implantação de 1.369 MW. Além desses, outras 44 operações estão em análise, demandando financiamentos da ordem de R$ 3,3 bilhões.

Fonte: BNDES

De vento em popa

47 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

metais ferrosos e não ferrosos e pedras) e outros materiais que não queimam. O que sobra é um material que contém plásticos flexíveis e sujos, papel e papelão molhados e sujos, tecidos e ou-tros materiais “bons para queimar”, porém que não são recicláveis devido ao alto custo de tra-tamento, explica Lúcia Coraça, diretora de Quí-micos e Energia da Pöyry, empresa finlandesa de consultoria na geração de energia.

O potencial de crescimento do CDR no Brasil é muito grande, uma vez que se trata de um projeto de reciclagem de materiais e energia, em última instância. Contudo, há que se verificar sempre a viabilidade econômica dos projetos, já que não existe no Brasil um mercado estabelecido para co-

mercialização de CDR, nem subsídios para produ-ção de energia a partir de lixo, enfatiza a diretora.

Para implantar a tecnologia usada na Usina Verde e processar 150 toneladas por dia, segundo Luis Carlos, o custo gira em torno de 40 milhões de reais. “Estamos desde 2004, quando foi im-plantada a usina, aprimorando a tecnologia que se compara com as melhores do mundo e tem custos inferiores por ser nacional e já estamos comercializando para outros locais”, comenta o diretor. Além de produzir energia limpa, projetos como a Usina Verde podem ter o recebimento de crédito de carbono, pois usa resíduos sólidos em substituição ao combustível fóssil, como o petró-leo, para produzir energia, conclui o diretor.

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odas as empresas engajadas na via do de-senvolvimento sustentável apresentam um postulado que a responsabilidade socio-ambiental cria valor para os acionistas. Nas duas últimas décadas vários estudos foram

publicados sobre o tema, produzindo uma profun-da e densa reflexão. Um indicador que podemos considerar é justamente a quantidade de empresas que passaram a publicar e divulgar relatórios de sus-tentabilidade. Relatórios que no Brasil começaram através do Balanço Social, do IBASE, tendo como su-porte a figura ética e transparente do Betinho. Hoje, apesar de algumas empresas ainda usar o formato de Balanço Social preconizado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a inovação e o próprio Ethos orientam para o desenvolvimento de modelos mais atualizados como a GRI. A imple-mentação destas ferramentas tem sido de funda-mental importância para o sucesso das empresas que procuram ter uma gestão responsável.

Em 1999 foi publicado um estudo com uma sín-tese das reflexões de um grupo de trabalho forma-do pelos presidentes da Volvo, Electrolux, Monsan-to e Deutsche Bank, chamado Consortium Report que tinha como objetivo a perspectiva da criação de valor e aumento de valor a partir da utilização de estratégias de desenvolvimento sustentável. Este estudo identificou a existência de seis efei-tos virtuosos das estratégias de desenvolvimento sustentável, e até hoje seguem como premissas importantes:

Antecipação das ameaças e prevenção dos ris-cos: A criação e uso permanente dos indicadores socioambientais no sistema de gestão deixaram a empresa responsável mais preparada face aos riscos que ameaçam sua reputação e seu desem-penho: riscos sociais, acidentes industriais ou am-bientais, mudança brusca das regulamentações, riscos jurídicos, greves. Enfim, os possíveis gran-des geradores de passivos que reduziriam em mui-to o resultado econômico final da empresa.

Redução de custos: Poluição ou os resíduos são custos que não correspondem a um valor agre-gado para os clientes: neste momento, critérios ambientais juntam-se aos critérios econômicos. A empresa passa a limitar seu consumo e reduzir produção de resíduos, e assim realiza economias substanciais. Hoje já implica até em redução de impostos e juros bancários.

Inovação: Usando a estratégia de avaliação das possíveis ameaças e transformando-as em fonte de oportunidades potenciais, a responsabilidade

Valor para o acionista: Os seis efeitos virtuosos de uma estratégia de Desenvolvimento Sustentável

T

o estudo chamado Consortium report tem como objetivo a perspectiva da criação e aumento de valor a partir da utilização de estratégias de desenvolvimento sustentável

juVenaL correia fiLhoPsicólogo com MBA

em Direção Estratégicae Consultor em

Responsabilidade Social

socioambiental gera um novo olhar para atividade empresarial estimulando a inovação e criatividade. A necessidade de evolução dos produtos na dura-bilidade e novas tecnologias para incorporar cada vez mais qualidade, serviços e valor agregado para os clientes, criando a possibilidade de ganhar mais fidelidade. Além disso, a necessária resolução dos problemas socioambientais leva ao surgimento de novos setores de atividades econômicas. Um exemplo é o crescente mercado de tecnologias ambientais que avançará muito após o desastre nuclear do Japão.

Vantagem competitiva de mercado, diferencia-ção e aumento do valor da marca: Esta estratégia permite alimentar o posicionamento da empresa graças a novos critérios de diferenciação como ino-vação nos produtos ou serviços, novas formas de relacionamento com os stakeholders baseadas na escuta e nos valores compartilhados, o que aumen-ta o valor percebido da marca. Aqui a busca do pon-to doce da sustentabilidade se fortalece bastante. Podemos ver as mudanças havidas no mercado de alimentos com a Pepsico e a Coca-Cola, numa corri-da que favorece os consumidores, ao direcionarem sua produção para uma “alimentação saudável”, utilizando sucos, chás e águas.

Reputação: A melhoria da reputação da empre-sa e a confiança que lhe atribuem seus públicos de interesse é o resultado combinado dos fatores precedentes. A “Licença para Operar” da empresa é assegurada, o que lhe abre novas oportunidades de desenvolvimento em outros países e mercados. Além de aumentar a motivação e fidelidade de um conjunto de stakeholders como acionistas, funcio-nários e clientes, principalmente.

Desempenho econômico e financeiro: Este efei-to é consequência lógica dos fatores precedentes. A exploração mais detalhada das diversas alavan-cas de criação de valor ligadas ao desenvolvimento sustentável tem progredido ao longo dos anos, a partir dos trabalhos sobre o tema e da experiência acumulada das empresas nessa direção.

Assim, a questão para os empresários hoje não é tanto “Em que medida os progressos de minha empresa em matéria de responsabilidade socio-ambiental afetam seu desempenho?”, mas: “Qual o impacto de tal aspecto de responsabilidade so-cioambiental sobre os elementos do desempenho da empresa são mais importantes para mim?”. A resposta a esta questão direcionará a empresa para uma gestão mais sustentável e com criação de valor para o acionista.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVELJosé Carlos BarBieri e Jorge emanuel reis CaJazeiraeditora saraiVa

MANUAL DO EMPREENDEDORComo construir um empreendimento de sucessoJerônimo mendeseditora atlas

AqUECIMENTO gLOBAL ECRéDITOS DE CARBONOrafael pereira de souza (org.)editora quartier latin

ORgANIZAÇÕES INOVADORAS SUSTENTÁVEISJOSé CARLOS BARBIERIMOySéS ALBERTO SIMANTOBUma reflexão sobre o futuro das organizaçõesJosé Carlos BarBierimoysés alBerto simantoBeditora atlas

AUDITORIA AMBIENTAL fLORESTALJulis oráCio felipeeditora CluBe dos autores

gESTãO PARA A SUSTENTABILIDADEJulis oráCio felipeeditora CluBe dos autoreseditora atlas

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Responsabilidade Social

Empresarial e Empresa

SustentávelDa teoria à prática

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Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

� o porque ainda não existe um consenso universal sobre o real sig-

ni� cado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda

estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribui-

ção a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabili-

dade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar

esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na in-

tenção de re� etir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o

tema com super� cialidade. Se os autores focam demais em uma

questão ou em um grupo pequeno de temas, � ca difícil transmitir

uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretan-

to, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadi-

lhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro

entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto

na profundidade quanto na abrangência.

• ALAN BRYDEN Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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José Carlos Barbieri

Jorge Emanuel Reis C

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José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

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Publicações e Eventos

A CICI é um projeto que faz parte da iniciativa Cidades Inovadoras que é um movimento articulado em rede, que promove ações com foco na sustentabilidade, equilíbrio social e maior harmonia entre o homem e o meio ambiente. Agende-se de 17 a 20 de maio de 2011 em Curitiba/PR. Saiba mais: www.cidadesinovadoras.org.br

A ECO Business é um evento de disseminação de conceitos e práticas sustentáveis. A Feira e Congresso Internacional de Econegócios e Sustentabilidade, promovida pela MES Eventos desde 2008 em São Paulo, reúne empresas que desenvolvem projetos sustentáveis, ecoprodutos e serviços, com o intuito de gerar negócios, promovendo integração, troca de informações e geração de conhecimento nas esferas social, ambiental e econômica. Agende-se: 01 a 03 de junho em São Paulo. Saiba mais: www.cidadesinovadoras.org.br

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