Edição 39

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Caxias do Sul, agosto de 2010 | Ano I, Edição 39 | R$ 2,50 |S28 |D29 |S30 |T31 |Q|Q2 |S3 TROCA NA AAPECAN Cabeleireiro que era tesoureiro virou presidente da entidade milionária André T. Susin/O Caxiense Galerias: p ioneiras do consumo resistem ao avanço dos shoppings | 1ª parcela: candidatos locais já arrecadaram R$ 405 mil | O Caxiense entrevista: as ideias de Medina (PRP) e Montserrat (PV) Só UM PODE SER FELIZ NO CA-JU Em um clássico histórico, o Caxias batalha para subir e o Juventude luta para não cair

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Em um clássico histórico, o Caxias batalha para subir e o Juventude luta para não cair

Transcript of Edição 39

Caxias do Sul, agosto de 2010 | Ano I, Edição 39 | R$ 2,50|S28 |D29 |S30 |T31 |Q1º |Q2 |S3

TROCA NA AAPECANCabeleireiro que era tesoureiro virou presidente da entidade milionária

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CA-JuEm um clássico histórico, o Caxias batalha para subir e o Juventude luta para não cair

2 28 de agosto a 3 de setembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Quem diz que Caxias abriu mão dos turistas ao se tornar industrial?O governo federal

Troca de turno | 5O vigilante Emilio, do Paraná, cede lugar ao cabeleireiro Modesto, de Caxias, na presidência da Aapecan

Período fecundo | 6Documentário sobre o Cio da Terra conta uma história de luta por liberdadeem Caxias do Sul

mutualismo econômico | 7Ancestrais dos shopping centers, galerias comerciais persistem com variedade de serviços

Dinheiro na urna | 10Arrecadação das campanhas começa devagar – e com problemas nas prestações

O Caxiense entrevista | 11O major Medina, candidato do PRP, quer extinguir a Secretaria de Segurança

Galeria acústica | 13Lindonês pinta Blues Jazz Dance ao vivo

O Caxiense entrevista | 14Montserrat, do PV, pede votos no 1º turno – e que se escolha o “menos pior” no 2º

Guia de Cultura | 16Colete vermelho infantil e ofício do escritor anônimo nas telas

Artes | 18Equívocos libertadores na poesiae uma falha poética na pintura

Clássico dos clássicos | 19O CA-JU histórico deve decidir o futuro da dupla

Guia de Esportes | 22No futebol amador, campeonatos chegam às fases finais

Renato Henrichs | 23Jobim reconvoca o general De Nardi. E Dilma poderá chamar José Martins

www.OCAXiENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio Boffimpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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financiarte perde R$ 700 mil| E o que vão fazer com essa verba? Vai ser inserida no cenário da

“capital da cultura” ano que vem ou vai ficar perdida?Vivi Rasia Cardoso

Greve dos médicos |Absurdo. Fazem greve toda hora, não se importam com o povo

doente nas filas, querem R$ 15 mil para trabalhar 4 horas.Cristhine Spido Basso

Estacionamento pago no iguatemi |O Iguatemi teve 10 anos para implantar o estacionamento pago,

vão fazer justamente quando será aberto o San Pelegrino. Parece que não é o momento mais adequado. Isto poderá aumentar o fluxo para o concorrente e tirar o único diferencial que tinham.

Rodrigo Collaro

No Site

@jczulian Parabéns ao pessoal do @ocaxiense pela cobertura dessa história por trás da Aapecan. #edição38

@heitor245 Há anos pagamos a Aapecan pensando que ajudávamos os necessitados. Vou correndo atrás dessa edição de O Caxiense. #edição38

@Betamattana Se não fosse o JORNALISMO COMPETENTE do @ocaxiense, será que ficaríamos sabendo da maracutaia da Aapecan? #edição38

@danieldalsoto Mais uma vez, parabéns, @ocaxiense Uma grande reportagem e capa. Vale destacar a entrevista com o Julio Flores do PSTU. #edição38

@_Carlane Obrigada pela boa leitura que vocês proporcionam para nós. Fiquei com vontade de ler a #edição38, pois as fotos da capa estão show!

@andrepelinser É que os médicos já ganham pouco, né. O operário nem consegue pagar a consulta, os médicos acham pouco pra comprar suas BMWs. #grevedosmédicos

Parabenizo a equipe de O Caxiense pela ótima nova capa, e por desvendar

os verdadeiros objetivos da Aapecan! Bravo!

Franciele Becher

Caxias do Sul, agosto de 2010 | Ano I, Edição 38 | R$ 2,50|S21 |D22 |S23 |T24 |Q25 |Q26 |S27

RAÍZES DA AAPECANMetade da diretoria mora no Paraná, onde o atual supervisor de RH responde por estelionato

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Renato Henrichs: coquetel pode causar indigestão eleitoral em Alceu e Kalil | Caxias, o filme: retrato de uma cidade contraditória

UM DRAMA EM CARTAZ

Uma histórica tragédia caxiense preocupa os personagens do teatro local: a plateia reclama da escassez de atrações nas agendas; os artistas repetem as falas da falta de espaço e de incentivo; os administradores das casas de espetáculos fazem coro. A casa vazia, porém, é cena rara na cidade

Resposta | Solicitamos que a leitora Patricia Nabinger entre em contato conosco pelo telefone 115, pois não temos registro da sua reclamação e ela não é usuária. Para que possamos averiguar o ocorrido, precisamos do endereço da obra.

Marcus Vinicius CaberlonDiretor-Presidente do Samae

Erramos | Diferentemente do publicado na página 15 da edição 38 (A fé que edifica), 2,5 mil famílias, e não pessoas, receberam alimen-to com o dinheiro das doações de Brasil e França a Béraud, comuni-dade do Haiti.

Conforme O Caxiense antecipou na sua versão online, o Shopping Iguatemi Caxias vai cobrar pelo estacionamento ainda neste ano. A previsão é que a cobrança comece a ser feita em outubro. Comenta-se, que o valor deve ser entre R$ 3 e R$ 4,50. Outra alteração importante é o início do processo de transição na superintendência. Nos próximos meses, Julio Duso participará da procura por um novo executivo para o cargo. “É uma decisão madura, de longa data, que eu tomei com muita calma. Mas eu continuo no shopping nos próximos meses, assumindo um papel de fazer a transição em busca de um novo superintendente”, diz Duso.

Shopping iguatemi

Cultura

Greve dos médicos

Postos de gasolina

Visate

Saúde

Cultura

Estacionamento pago

Apenas 8 inscritos para verba de R$ 1,8 milhão

município tentará impedir paralisação na Justiça

Distância de 1 quilômetro

mais assentos preferenciais

Sindiserv também faz greve

financiarte sem R$ 700 mil

QuiNTA | 26 de agosto

SEXTA | 27 de agosto

QuARTA | 25 de agosto

SEGuNDA | 23 de agosto

TERÇA | 24 de agosto

Iguatemi terá estacionamento pago neste ano e reformas na arquitetura em 2011; 1 quilômetro de distância entre postos na área central; mais bancos preferenciais nos ônibus

www.ocaxiense.com.br 328 de agosto a 3 de setembro de 2010 O Caxiense

Depois da baixa procura pelo Prêmio de Incentivo à Montagem Teatral (apenas 4 inscritos para R$ 60 mil), mais uma excelente iniciativa não recebe respaldo da comunidade cultural. Oito projetos foram inscritos

Os médicos do município querem um aumento de 240% e confirmam greve para a próxima segunda-feira (30). O Município recorreu, na sexta-feira (27), da decisão judicial que permitiu que os médicos reto-massem a greve interrompida em abril. Segundo o procurador-geral, Lauri Romário Silva, os médicos não podem retomar a paralisação até o julgamento do recurso da prefeitura.

Se a lei aprovada na Câmara de Vereadores (17) for sancionada pelo prefeito José Ivo Sartori, os postos de combustível deverão respeitar distância de 1 quilômetro entre os Será ampliado de quatro para seis o

Segunda-feira (30), no mesmo dia em que o Sindicato dos Médicos iniciará uma nova greve que reivin-dica 240% de aumento, o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) iniciará uma paralisação na área da saúde. O presidente do Sindiserv, João Dorlan da Silva, explica que a ideia é paralisar parcialmente, enquanto o Sindicato conversa com os servidores na secretaria e Uni-dades Básicas de Saúde (UBSs). O Sindiserv reivindica aumento real de 8,9%, e rejeitou a primeira proposta da prefeitura, de 2,4%, feita no dia 18. Mais paralisações devem ser feitas.

Os cerca de R$ 700 mil que sobra-ram do Financiarte voltarão para o caixa geral do Município. Um segun-do edital, que seria lançado ainda em julho para disponibilizar a verba excedente às produções culturais, não será viabilizado a tempo, conforme o secretário da Cultura, Antonio Feldmann. A devolução dos recursos se deve à legislação atual, que prevê apenas um edital por ano para o Fi-nanciarte. Para alterá-la, a prefeitura enviou à Câmara um projeto, que foi aprovado na sessão de quinta (26).

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

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epara se tornarem Pontos de Cultura em Caxias do Sul. A iniciativa para descentralizar a cultura na cida-de conta com verba do Ministério da Cultura de R$ 1,2 milhão e de contrapartida da prefeitura de R$ 600 mil, totalizando R$ 1,8 milhão.

postos do Anel Central, onde hoje se concentra a maior quantidade de estabelecimentos desse ramo na cidade. Assim que o projeto chegar na prefeitura, o prefeito tem até 15 dias úteis para sancioná-lo ou não.

número de assentos preferenciais nos ônibus urbanos de Caxias do Sul. Um projeto de lei de autoria do vereador Gustavo Toigo (PDT) e sancionado pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB) definiu que a Visate deve implemen-tar a mudança na reserva dos bancos para idosos, gestantes, lactantes ou mulheres acompanhadas por crian-ças de colo, pessoas obesas e porta-dores de deficiência. A Visate tem até 12 de outubro para se adaptar.

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Roberto [email protected]

O diretor do Ministério do Turismo, Ricardo Martini Moech, despejou um latão de água gelada nas lideranças empresariais e políticas que defen-dem investimentos para a promoção turística da cidade. Durante expo-sição no 22º Fórum de Administra-ção, sustentou que Caxias tinha, em função de suas cantinas, potencial de turismo até a década de 70, quando optou pela industrialização. Por conta disso, abriu espaços hoje ocupados por Bento Gonçalves, que explora a vertente vitivinícola, e Gramado, por sua rede hoteleira e gastronômica. Essa foi, segundo ele, a razão para que os dois municípios tenham sido eleitos para integrar a lista de 65 destinos de turismo que estão sendo promovidos pelo Ministério, com repasses signi-

ficativos de recursos, e Caxias não. Moech afirmou – dirigindo-se ao se-cretário municipal de Turismo, Jaison Barbosa, que o questionara sobre essa conduta –, que a cidade ainda assim se beneficia por estar na rota dos visitantes de Gramado e Bento. Muitos deverão se questionar: para que tanto esforço para trazer feiras, eventos de negócios, congressos e turistas se o Ministério do Turismo sacramentou que a cidade não tem esse potencial por ser industrial? É de se perguntar qual a cidade mais industrializada do país e, ao mesmo tempo, a que recebe um dos maiores números de visitantes no Brasil por dia com a realização de feiras? Vamos ajudar: São Paulo. Está provado que uma condição não exclui a outra.

O empresário José Antônio Fernandes Mar-tins, integrante do Conselho de Administração da Marcopolo, foi feliz em sua definição sobre o Aeroporto Hugo Cantergiani. Afirmou tratar-se de algo virtual, que existe, mas não funciona. A observação foi feita na reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul desta semana na presença do secretário adjunto da Secretaria Estadual Extra-ordinária da Copa, Luiz Fernando Krieger, que veio falar sobre as ações para preparar o Estado para a competição. Para ele, a cidade reúne todas as condições de ser campo base por sua gastro-nomia, hotelaria e infraestrutura. Faltou lembrar que a Copa se dará em julho, em pleno inverno serrano, quando a neblina é uma constante. Por isso, além de ampliar e modernizar a parte física do aeroporto, é imprescindível que se invista em equipamentos. Dá para imaginar uma seleção precisando ir jogar em São Paulo e o aeroporto de Caxias fechado?

A Agência Orca foi a responsá-vel pelo desenvolvimento da nova identidade visual da marca do Havana Café. A mudança conso-lida o “H” como elemento gráfico diferenciado, agora sintetizado em um brasão de formas mais delicadas e contemporâneas. Segundo Douglas Tessari, diretor da agência, a marca sintetiza os três principais elementos do público e o ambiente da casa no-turna: luxo, moda e sensualidade.

Na segunda noite do Fórum de Administração, realizado na semana que passou pela Associação dos Ad-ministradores da Região Nordeste do Estado, o presidente da CIC, Milton Corlatti, não se conteve e desabafou. Sem exceção, todos os palestrantes apontaram a cidade como a que reúne as melhores condições no estado de ser campo base, desde que se resol-vam algumas questões, especialmente transporte aéreo e rodoviário. Corlatti foi contundente. Para ele, Caxias está ilhada no alto da Serra e seu desenvol-

vimento barrado por interesses políti-cos. Lembrou que os estudos sobre o aeroporto estão prontos há muito tem-po, mas falta a decisão política. “Está na hora desta gente parar de brincar conosco”, resumiu. Infelizmente, por compromissos profissionais, Corlatti não pôde fazer esta cobrança à agora também candidata à reeleição Yeda Crusius, que expôs seu plano para um eventual segundo governo em reunião-jantar extraordinária da CIC na noite de sexta-feira (27), ajustada para atender à agenda da governadora.

As empreendedoras Gabriela Vieira e Fernanda Tomassoni Moreira inauguram terça-feira (31) a Yellowfante Baby, loja especiali-zada em artigos para crianças de até dois anos. Localizada na Rua Os 18 do Forte, o espaço de 250 m² oferecerá roupas, acessórios, móveis e artigos para puericultura, entre outros itens. Também haverá área exclusiva para a realização de chás de fraldas.

A Agrale desenvolveu a cartilha denomina-da Respire Melhor direcionada aos filhos dos colaboradores com idades de sete a 16 anos. A iniciativa, que integrou a programação do Dia de Combate ao Fumo, realizado em 29 de agosto, objetiva conscientizar sobre os perigos do cigar-ro à saúde. O material traz informações, jogos, desenhos e curiosidades que despertam para o tema.

O Prataviera Shopping inclui mais uma novidade em seu mix de lojas. Comandada pela empre-sária Liliane Farias, a Sexy Secret oferecerá moda feminina ousada, especialmente peças mais elabo-radas.

O ministro da Cultura, João Luiz Silva Fer-reira, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (30) da CIC de Caxias do Sul. Sua presença marcará o lançamento oficial da segun-da edição do Mês da Cultura, organizada pela entidade com o objetivo de integrar expressões artísticas e valorizar talentos. No evento também ocorrerá a entrega do Troféu Empresa Amiga da Cultura, uma iniciativa da Secretaria Muni-cipal da Cultura. Até o final de setembro haverá atividades diversas na CIC e em outros espaços públicos.

Os vinhos premiados no XIII Concurso dos Melhores Vinhos de Caxias do Sul poderão ser degusta-dos na segunda-feira (30), à noite, em coquetel na CIC. A iniciativa, que encerra as atividades do con-curso, é da Secretaria da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento. Das 229 amostras inscritas por 55 cantinas, 67 foram premiadas.

O projeto Caravana RGE – Educando para a Eficiência promove, de 30 de agosto a 2 de setem-bro, ação interativa educativa em Caxias do Sul. Na segunda-feira (30) será na escola Padre João Schiavo, em Fazenda Souza, e na terça e quarta-feira no Parque da Festa da Uva para alunos das escolas de ensino fundamental do município. Os participantes serão orientados para o consumo responsável e utilização segura da energia elétri-ca a partir de ações que podem fazer a diferença na vida dos cidadãos. Dentre elas, apagar a lâm-pada ao sair do ambiente, diminuir o tempo no banho ou programar o desligamento da televisão antes de pegar no sono.

A Ferrer & Marcon Negócios Imobiliários é a mais nova empresa do segmento de compra e ven-da de imóveis. Comandada por Francisco Ferrer e Elvo Marcon Jr., a empresa aposta na adoção de um projeto inovador, com vendas personalizadas e produtos diferen-ciados.

Enquanto aqui na Região dos Vinhedos se faz pesquisa para saber se é viável reativar o trans-porte ferroviário, em Gramado a situação está praticamente definida. O colunista Miron Neto, em seu site, revela que o formato do projeto do Trem Regional do Sapato deverá estar concluído até o final do ano. A iniciativa de um empreen-dedor criará um roteiro por Canela, Gramado, Três Coras e Igrejinha, cidade onde será constru-ído um centro comercial com 50 lojas de calça-dos a preços de fábrica. Nada melhor do que ter iniciativa e criatividade!

Turismo de Caxias ficou no passadoAeroporto virtual

Reformulação

Contundência

moda infantil

Contra o fumomoda ousada

mês da Cultura

Degustação

Ação educativa

intermediação

Bem à frente...

28 de agosto a 3 de setembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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A Seção Caxias do Sul da So-ciedade de Engenheiros da Mobilidade promove na terça-feira (31) palestra com Mauro Ekman Simões, gerente executivo da MAN Latin America. Ele falará sobre os mecanismos adotados pela montadora para captar os sinais do mercado que mostram as necessi-dades do consumidor de caminhões. Destinado a associados e público em geral, o encontro ocorrerá a partir das 19h30 na Sala Florense da UCS.

A Prefeitura de Caxias do Sul recebe até segunda-feira (30) inscri-ções de empresas interessadas em ocu-

par áreas na Incubadora Empresarial. Podem se candidatas organizações com até dois anos de existência. Atu-almente o prédio de 450 m² abriga oito módulos.

O administrador e professor Gabriel Sperandio Milan receberá do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul o Prêmio Méri-to em Administração no Setor Ensino. A indicação partiu da Associação dos Administradores da Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. A ce-rimônia de entrega ocorrerá na sexta-feira (3), em Porto Alegre.

Curtas

por GRAZIELA ANDREATTA

om o rádio ligado – de preferência numa emissora que toque música – e a tesoura em mãos, Modesto Alvanir Paz, 61 anos, se realiza. É cabeleireiro conhecido na cidade. Está no ramo há mais de 40 anos e coleciona alguns orgulhos. Cortou o cabelo de soldados e oficiais do exército por 29 anos e há mais de 30 atende sua clientela no mes-mo lugar, uma das salas da Galeria São Pelegrino. “Olha que teve gente que passou pelas minhas mãos”, diz, satis-feito.

Modesto aparenta ser exatamente como seu nome descreve: um homem de origem simples, que herdou o ofício do pai, em Cachoeira do Sul, quan-do tinha ainda 14 anos. “Depois que aprendi a cortar cabelo não me imagi-nei mais querendo fazer outra coisa da minha vida. Tem gente que pergunta se eu não enjoo de fazer a mesma coisa há tanto tempo. E eu respondo: até agora, não.” Veste-se com roupa alinhada, de preferência camisa, mantém o cabelo e o bigode impecáveis e diz não fazer questão de luxos.

Com a mesma humildade que fala do trabalho ele relaciona os motivos que o levaram a assumir a presidência da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) de Caxias. Modesto foi conduzido ao cargo em uma reu-nião extraordinária realizada na sede da entidade, no bairro Universitário, na segunda-feira (23), quando tam-bém foram trocados todos os outros membros da diretoria.

Até a semana anterior, Modes-to era o tesoureiro da Aapecan, cargo que ocupou por apenas três meses. An-tes dele, o posto era da manicure Vivia-ni Salete da Silva Correa, que resolveu deixar a entidade. Viviani não quis dar detalhes, mas disse que entre as razões

da sua saída estava o entendimento de que não tinha preparo suficiente para o trabalho que executava. “A entidade movimentava muito dinheiro e era eu quem assinava os cheques. Mas não entendo de contabilidade e me preo-cupei com isso. Por isso, pedi para ser substituída”, justifica a manicure.

Modesto diz que não teve tempo de conhecer a função, porque no perío-do em que a ocupou a tesouraria não precisou executar nenhuma tarefa. E antes que pudesse ficar por dentro de qualquer atividade da área financeira foi promovido a presidente.

O cabeleireiro assumiu o posto do vigilante noturno Emilio de Oliveira, que mora em Jacarezinho, interior do Paraná. Emilio acompanhava de longe a associação que presidia, junto com a mulher, Maria Ivonete Medeiros, que era secretária da diretoria da institui-ção – apesar de também viver a 880 quilômetros de Caxias do Sul. A exem-plo dos dois ex-dirigentes paranaenses, Modesto também não sabe muita coisa sobre a Aapecan.

O novo presidente admite que não conhece a fundo a entidade e que ig-nora as situações e números revelados pelo jornal O Caxiense nas últimas edições. Para o cabeleireiro, sua função é apenas retribuir a ajuda que recebeu. “Eu tive um câncer de pulmão em 2007 e entrei em depressão profunda. Estava no fundo do poço e a Aapecan me res-gatou. Minha família foi até a entidade falar de mim e eles foram à minha casa e ajudaram a me reerguer.”

Modesto afirma, por exemplo, que não tem ideia da arrecadação da enti-dade no Estado. Segundo levantamen-to d’O Caxiense feito com os balanços publicados em jornais, a Aapecan ar-recadou R$ 7.758.464,51 em 2009 na matriz e em cinco de suas filiais. Desse total, apenas R$ 2.675.454,30, aproxi-madamente 1/3, teriam sido aplicados

em filantropia.Modesto também diz não saber

quem são os principais funcionários da associação. Um deles é Cláudio Ciusz, supervisor de Recursos Humanos da Aapecan, que chegou a ser preso pela Polícia Civil do Paraná e, mais tarde, denunciado pelo Mi-nistério Público, em 2006. Ciusz é acusado de integrar um esque-ma que desviou pelo menos R$ 30 milhões de duas organizações não governamentais (ONGs) que atuavam no auxílio a pessoas com câncer no Paraná.

Apesar disso, Mo-desto diz que não está muito preocupado, porque quem conti-nuará conduzindo o negócio será seu fundador e diretor-executivo, Paulo Si-queira Vasques. “É ele quem preside o Conselho Administrativo. Então, tem responsabilidades que não assumo”, diz o cabeleireiro.

modesto garante que não sabe de problemas ou desconfianças a respeito do modo como a associação utiliza o dinheiro que arrecada com doações da comunidade. Segundo ele, tudo que ouviu foram boatos, que ele prefere ignorar, porque nunca viu nada. “Eu não vi nada com meus olhos. O que não se vê, não se escreve. E eu não escrevo aquilo que não vejo.”

Até quarta-feira (25), ele também não havia lido nenhuma das reporta-gens d’O Caxiense sobre a entidade da qual assumiu a presidência. O contato feito pela repórter, porém, o deixou in-trigado. “Me causou preocupação de-pois que falei com você. Até então não era sabedor de vários fatos.”

Até pouco tempo atrás, conforme

o cabeleireiro, tudo que ele sabia so-bre a entidade era na condição de beneficiário. “Não posso te dar mais informações sobre a Aapecan porque desconheço. Se você quiser saber mais coisas, vai ter que perguntar ao Paulo.”

Além de Modesto, compõem a nova diretoria Marli Laran-di, como vice-presi-dente, Euclides Jacinto Appio, tesoureiro, e Vera Brandão, secretá-ria. Diferentemente da composição anterior, que tinha metade dos membros no Paraná, o cabeleireiro garante que todas essas pessoas moram em Caxias, são portadores de algum tipo de câncer e recebe-ram ajuda da entidade.

Teria sido isso que motivou a troca? Modesto também diz não saber. De acordo com o estatuto da Aapecan, as eleições devem ocorrer a cada qua-tro anos. Como a entidade tem cinco anos, deduz-se que o grupo liderado por Emilio a distância – note-se, gran-de distância – teria ainda cerca de três anos pela frente.

O vigilante noturno Emilio, que deixou o cargo antes do previsto, também não quer falar sobre a Aape-can. Ele atendeu O Caxiense por te-lefone, mas a conversa durou menos de dois minutos. O ex-presidente disse que a pessoa mais indicada para dar entrevista seria, também, Paulo Vas-ques. “Nós conversamos e achei me-lhor sair”, foi a única e breve explicação de Emilio. Vasques, como em todas as últimas vezes em que foi procurado pelo jornal, preferiu não se manifestar. Não quer mais comentar o impressio-nante sucesso financeiro da Aapecan. Seria por modéstia?

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lucro filantrópico

O cabeleireiro Modesto Alvanir Paz, 61 anos, teve câncer em 2007: “Estava no fundo do poço e a Aapecan me resgatou”

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O pREsIDENTE, pELO mENOs, é mODEsTOA bem-sucedida Aapecan, que arrecadou mais de R$ 7,7 milhões em 2009, agora é presidida por um humilde cabeleireiro

www.ocaxiense.com.br 528 de agosto a 3 de setembro de 2010 O Caxiense

“Conversamos e achei melhor sair”, diz o vigia noturno Emilio de Oliveira, que presidia a entidade mesmo morando a 880 km de Caxias

por CÍNTIA [email protected]

olos de Super-8, o formato cinemato-gráfico mais em voga no final dos anos 70 e início dos 80, registravam um evento histórico realizado nos Pavi-lhões da Festa da Uva em outubro de 1982. O Cio da Terra, encontro organi-zado pelo movimento estudantil, reu-niu 15 mil pessoas em torno de debates e manifestações artísticas. Os respon-sáveis pelos registros foram Jair Torelly e Mário Nascimento, ambos falecidos. Essa filmagem original virou um do-cumentário longa-metragem que ficou em cartaz no circuito alternativo de ci-nema da capital gaúcha da época. Quem foi atrás destes registros foi o professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Glênio Póvoas. O professor conseguiu os originais com a mãe de Torelly para transformá-los em vídeo. Depois da morte do filho, ela guardou os rolos, juntamente com outros pertences. Quem realizou a te-lecinagem do Super-8, processo que reverte película em vídeo, foi o cineas-

ta porto-alegrense Cacá Nazário, por meio do Fundo Pró-Arte, lei de capta-ção de Porto Alegre.

Na sexta-feira (20), o Santander Cultural, em Porto Alegre, sediou a pré-estreia do filme Cio da Terra, di-rigido por Cacá e apreciado, segundo ele, por uma plateia lotada. “Umas 40 ou 50 pessoas ficaram do lado de fora, sem poder entrar”, afirma. São mais de 80 minutos de material “bruto”. Entre aspas, porque já era editado, mas foi utilizado por Cacá como pano de fun-do para diversos depoimentos de par-ticipantes do Cio da Terra. “Obtive um discurso contemporâneo e não saudo-sista”, explica Cacá. Para o diretor, a importância do Cio foi a de “irradiar discussão sobre ecologia, sexualidade, corpo e política”.

A política foi o diferencial do evento, fato que faz Cacá divergir de quem chama o Cio da Terra de Woo-dstock caxiense. “A relação estética com Woodstock é grande, mas não de conteúdo. Existia vanguarda cultural. Woodstock foi somente um festival de música.” Na época, ditadura correndo

solta, Caxias foi invadida por bandos de cabeludos e de roupas largas. “Foi em Caxias, mas podia ser em outro lu-gar”, admite Cacá.

A captação de recursos, por meio de lei de incentivo, obteve R$ 50 mil. O Banrisul investiu mais R$ 30 mil, um valor não muito alto para o cinema. “A imagem do Super-8 tem peso grande, tem textura. É o filme den-tro do filme, é meta-linguístico”, explica o diretor. Na próxima semana, o documen-tário entrará em cartaz na sala de cinema P. F. Gastal, da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Será apresenta-do sempre às 19h, dos dias 1 a 5 e de 7 a 12 de setembro, no dia 4 haverá um debate. Os nomes dos debatedores ainda não estão confirma-dos, mas fortes candidatos são o histo-riador Eduardo Bueno, o Peninha, e o cineasta Giba Assis Brasil.

Um evento está sendo planejado

para trazer Cio da Terra para Caxias, na mesma época em que o festival foi realizado há 28 anos, nos dias 29, 30 e 31 de outubro. O grupo que organizou a comemoração dos 25 anos do Cio se prepara para trazer o documentário, de acordo com a jornalista Vera Da-

mian, uma das envolvi-das. Para Vera, “a cida-de não entendeu muito o que estava acontecen-do e precisou de uns 20 anos para assimilar que não foi aquilo que quiseram entender na época.”

Três dias de paz, amor e política dese-nharam uma Caxias diferente do que seria sem a efervescência e a ânsia de liberdade do

Cio da Terra. Para Vera, o resultado foi além. “Bom é ver que quem participou traz tatuado na pele esta experiência multicultural, que acabou interferindo inclusive no futuro profissional daque-les guris e gurias, hoje quarentões e cinquentões.”

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Três dias de paz, amor e política, na primavera de 1982, são relembrados pelo documentário Cio da Terra

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“A cidade não entendeu muito o que estava acontecendo e precisou de uns 20 anos para assimilar”, conta a jornalista Vera Damian

Com uma máquina fotográfica e dois rolos de filmes, a jornalista Vera Damian registrou o histórico encontro organizado pelo movimento estudantil

por RODRIGO LOpEs

ara chegar à loja de roupas onde tra-balha, a comerciante Olga Montes Vedana, 35 anos, cruza diariamente o Centro Comercial São Pelegrino. Para quem não associa o nome ao lugar, tra-ta-se da galeria que interliga a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Pinheiro Ma-chado, entre a Feijó Júnior e a Coronel Flores. Além de servir de passagem, é lá dentro que Olga costuma cortar o cabelo e pintar as unhas. Nesse local, a comerciante também almoça, faz lanches rápidos durante os intervalos, leva casacos para pequenos consertos em um atelier de costura e acessa e-mails em um cyber café. Compra fu-mos aromáticos para narguilé em uma tradicional tabacaria e já adquiriu até um chapéu estilo panamá para o na-morado em outra loja ícone da galeria, a Casa Londres (tema de uma repor-tagem de O Caxiense). Traduzindo: o local está intrinsecamente ligado ao cotidiano não apenas de quem traba-lha lá mas de grande parte dos tran-seuntes do bairro.

Dessa breve descrição vem um resu-mo do que o consumidor de rua tem à disposição em outras galerias tradicio-nais da cidade, como a São Pelegrino, a Jotacê, a Müller Martinato, a Fonini, a Central, a Galeria do Comércio e a Ga-leria Florida, entre tantas outras mais recentes. A diversidade de produtos e serviços costuma ser mais abrangente do que em muitos shoppings e centros comerciais, o espaço é mais democrá-tico, os preços são competitivos (tanto para consumidores como para locatá-rios) e, em comparação com os outros comércios de rua, trata-se de um espa-ço mais seguro.

Símbolos de modernidade até mea-dos dos anos 80, as galerias sobrevivem ao avanço dos shoppings, ao envelhe-cimento do Centro e à mudança ve-rificada no comportamento de certas faixas de consumidores ao longo das últimas quatro décadas. O que não muda é a fidelidade de quem, assim como Olga, transita diariamente por esses corredores que cortam boa parte das ruas centrais de Caxias do Sul. “Já conheço todo mundo, eles me chamam pelo nome. Se não tivessem todos esses serviços e lojas ficaria meio órfã aqui”, argumenta.

A partir da década de 90, com a che-gada do conceito de shopping center a Caxias do Sul (o Prataviera abriu as portas em 1993, o Iguatemi, em 1996, o Martcenter, em 1997, e o San Pelegrino debuta em 30 de setembro próximo), alardeou-se o grande impacto que se-ria sentido pelo comércio tradicional de rua, incluindo aí as primeiras gale-rias da cidade – no início daquela dé-cada, elas já somavam três décadas de serviços prestados à população. Algo que não se concretizou de forma tão imediata, mas gradualmente, acompa-nhando tendências visíveis em qual-quer grande centro urbano.

Para o presidente do Sindicato dos Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (Sindilojas), Ivanir Gasparin, os sho-ppings nem chegaram a afetar signifi-cativamente as galerias, pois os perfis de um e outro são completamente dife-rentes. “Os estabelecimentos localiza-dos em galerias são geralmente peque-

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Antigas vias comerciais de Caxias do Sul sobrevivem graças à segmentação dos produtos e serviços

e à fidelidade dos clientes

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Salões de beleza convivem lado a lado na Galeria Central, uma das mais antigas

nos, acabam tendo um atendimento bastante personalizado e mais próximo do cliente”, compara. E isso explica sua longevidade. “Há uma clientela muito fiel nesses locais. Além disso, algumas tornaram-se mais segmentadas, com prestação de serviços, como salões de beleza e barbearias”, completa Gaspa-rin.

A Galeria Central, aberta na primei-ra metade da década de 1960, é um exemplo disso. São 11 salões de beleza abrangendo toda sua extensão entre a ruas Sinimbu e a Os 18 do Forte. Fora as três casas especializadas em produ-tos para cabeleireiros, que oferecem os mais variados tipos de cosméticos, desde shampoos, cremes, esmaltes, la-quês, grampos, escovas e alisadores até cabelo artificial. Os irmãos Saule, 50, e Jair Pezzi, 42, do Sansão Cabeleireiros, fazem da Central uma segunda casa. Atuam no local desde 1981. Desde en-tão, já passaram por quatro salas, sem jamais cogitar sair do ponto. De 1981 a 1986, os Pezzi atuaram no Jean Ca-beleireiros, um dos precursores do conceito “galeria de salões de beleza”. Depois, em parceria com um terceiro colega, abriram um salão próprio em meia sala, defronte ao antigo patrão. O trio permaneceu lá por seis meses. Logo depois, migrou para a sala 11, na metade do corredor, onde atuou por 19 anos. Em 1º de setembro, completam-se exatos quatro anos que os Pezzi, já sem o terceiro sócio, atendem na sala atual, de número 14. Bem em frente, trabalha a esposa de Saule – a também cabeleireira Mary Pezzi – e os sobri-nhos, tatuadores e especialistas na aplicação de piercings. Ou seja, tudo em família.

“A galeria já é ponto de referência na cidade para corte de cabelo, manicure, pedicure, depilação, podologia e trata-mento facial. Inclusive deixamos de fa-zer estoque de produtos. Se falta tinta, é só dar um pulinho aqui do lado”, ar-gumenta Saule, referindo-se ao comér-cio de cosméticos vizinho. “Tu achas

que vale a pena sair daqui?”, questiona.Esse pensamento vai ao encontro do

que afirma a economista e professora da Universidade de Caxias do Sul Ma-ria Carolina Rosa Gullo. Segundo ela, algumas galerias da cidade figuram como guetos especializados em deter-minados produtos e serviços. “Aquelas que conseguem um nicho de mercado ou oferecem serviços que não são en-contrados em shoppings tendem a so-breviver nessa nova realidade comer-cial”, aponta.

Quase três décadas de atuação dos Pezzi na Galeria Central fidelizaram clientes, estreitaram laços com comer-ciantes vizinhos, acompanharam até o crescimento de filhos de frequentadores do sa-lão. Marcos de Oliveira, 23 anos, visita regular-mente o Sansão há 22. Era levado pelos pais, José Marcos Panassol de Oliveira e Laudete Pires da Silveira, para cortar “as pontas” des-de que tinha um ano. “O único que mexe no meu cabelo é o Saule”, argumenta Oliveira. O analista de suprimentos já “experimentou todos os tipos de cor-te: curto, comprido, moicano, rapado, mas nunca “traiu” o Sansão. Aliás, só não tira a barba no salão porque Saule não faz. A opção, daí, é o Salão Cen-tral. Obviamente, em outra galeria: a do Comércio, entre a Júlio de Casti-lhos e a Pinheiro Machado, defronte à Praça Dante Alighieri. É lá que en-contramos mais uma penca de salões de beleza, cabeleireiros, barbeiros e manicures, lancherias, lan houses, sor-veterias, relojoarias e lojas de bijuterias e acessórios. Aliás, em função da loca-lização, muitos costumam confundir a Galeria do Comércio com a Central. “Já marcamos horário no Sansão e al-guns clientes foram até a Praça Dante”,

recorda Saule.Deixando de lado o nome de batis-

mo, algumas galerias são lembradas por lojas e serviços que marcaram o passado recente da cidade. Para quem consumiu vinis e CD´s entre os anos 80 e meados dos anos 90, a Müller Martinato será sempre a Galeria da Piff Discos. A Fonini, no formato “L” e interligando a Sinimbu com a Dr. Montaury, ficou associada à locadora de vídeo Cinema Mudo, ainda quando as fitas de VHS dominavam as prate-leiras. Já a Galeria Jotacê é lembrada principalmente por quatro ícones: a extinta Discoteka Elpídio (também tema de uma recente reportagem de O Caxiense), a antiga sede da Câmara de

Vereadores de Caxias do Sul, o Cine Impe-rial e o laboratório do Círculo Operário Ca-xiense – não por aca-so, muitos passantes chamam-na até hoje de Galeria do Círculo.

Falando em nomes, o Centro Comercial São Pelegrino poderia ser identificado como a Galeria dos Cabelei-reiros. São 19 no total, batendo o número da

Central (11). Só não leva a alcunha por completo graças a presença de outros estabelecimentos. “Galeria é um espa-ço democrático, tem espaço para tudo e todos”, argumenta Olga.

Já a criação, construção e consoli-dação da Galeria Müller Martinato, ligando a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Sinimbu, entre a Marquês do Herval e a Borges de Medeiros, está diretamente ligada à trajetória de Aldo Martinato, 84 anos. O empresário apo-sentado é proprietário de exatamente metade dela, a que vai da Av. Júlio até o primeiro lance de escadarias – a outra, que desemboca na Sinimbu, pertence a herdeiros da família Müler, daí o com-posto do nome.

morador do último andar do edi-fício que abriga as salas comerciais, Martinato recorda que a galeria surgiu em 1962, após o empresário, então com 36 anos, ter passado um mês em Nova York e observado como os americanos usufruíam desses espaços. “Lá, todos os prédios são cortados por galerias. Elas tem formato de cruz, conectando todos os lados do quarteirão. Quería-mos implementar isso aqui, mas nin-guém da vizinhança e da prefeitura apostou no formato. Não acreditavam que as pessoas fossem passar dentro. Daí, a galeria saiu assim”, lembra.

O “marketing” da galeria Müller Martinato, segundo o proprietário, foi o clima. “Torcíamos para ter muito frio e chuva. As intempéries do tem-po obrigavam as pessoas a se abrigar lá, passar pelas lojas e conhecer o es-paço”, recorda. Outro fator que con-tribuiu para a popularização do local foi o movimento de trabalhadores da antiga Eberle. “Eles cruzavam a galeria para pegar o ônibus, que na época pas-sava somente pela Júlio de Castilhos.” Quase meio século depois, histórias como essa soam até engraçadas, mas denotam em parte o conservadorismo que Caxias demonstrou ante à chegada desse formato de comércio e como ele hoje não é devidamente reconhecido como impulsionador da economia pe-las novas gerações. Principalmente da geração shopping center.

A longevidade das galerias – e a clientela fiel em alguns serviços - em plena era dos shoppings tem uma ex-plicação embasada em outras frentes, segundo a economista Maria Carolina. Para ela, o comércio de rua e as galerias atendem a um público específico, mais voltado às camadas populares, mas não somente a elas, pois oferecem uma gama de serviços que nem sempre se encontra em um grande centro comer-cial. “Por exemplo, não há shopping com uma sapataria, uma ferragem, um “armarinho”, etc. Tem ainda o fato de

O salão Sansão Cabeleireiros funciona na Galeria Central desde 1981. Os irmãos Saule e Jair não cogitam sair do espaço: “Tu achas que vale a pena sair daqui?”, pergunta Saule

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“Há uma clientela muito fiel. Algumas tornaram-se segmentadas, com serviços, como salões e barbearias”, diz Gasparin

que o comércio de rua e as galerias, via de regra, estão concentrados no centro da cidade facilitando o deslocamento até eles, principalmente por aqueles que trabalham no Centro ou muito próximo”, analisa.

Instalar-se em um shopping center é algo que já foi proposto à empresária Maria José Moreto Malaman, 66 anos, proprietária do Grão Café, junto à Via do Pátio, no coração de Caxias do Sul. “Nunca me interessei em sair daqui, pois os custos seriam muito mais altos”, argumenta ela, que mora a uma qua-dra da galeria e jamais cogitaria ficar “presa” dentro de um shopping. Uma extensão da Galeria Müller Martinato, a Via do Pátio concentra ainda papela-ria, lojas de suplementos alimentares, boutique e uma casa de artesanato e cursos de pintura. O Grão Café fica nos fundos, no andar superior, adornado por um enorme pé de ficus - herança do pátio do antigo casarão que existia no terreno e cuja fachada original é mantida até hoje.

Trata-se de uma espécie de refúgio em meio ao burburinho do Centro. Conforme Maria José, o café é frequen-tado por clientes que ela conhece pelo nome e que badalam o local graças à propaganda boca-a-boca. Esse, aliás, é um artifício involuntário de quem possui comércio em galerias. “Alguém comenta com outro, que comenta com outro, que elogia o sanduíche árabe, a sopa, o cappucino, e assim vai”, relata Maria José, há 13 anos no ponto. Pelo perfil dos serviços oferecidos e pela lo-jas, a Müller Martinato é considerada, entre as pioneiras da cidade, a galeria mais nobre do Centro.

Para especialistas, dizer que os sho-ppings atraem um público A e B e as galerias ficam com o consumo mais

popular é mais uma sensação do que uma realidade propriamente dita. Mas isso está interligado com a questão do uso das áreas centrais. Para Maria Ca-rolina, a tendência de envelhecimento do centro das cidades brasileiras levou ao empobrecimento destas regiões, visto que os pontos mais nobres agora se situam fora dele. “Caxias ainda não sente tanto essa pressão, mas já é o caso de Porto Alegre, que luta para resgatar o charme do seu Centro”, compara.

A economista argumenta ainda que a descentralização do comércio, em função do surgimento dos shoppings em áreas mais retiradas e até das lojas nos bairros, levou à marginalização das áreas centrais. “Quando isso ocorre, as camadas mais abastadas da sociedade abandonam a região e ela passa a ser daquelas pessoas que utilizam o local como passagem. Dito de outra forma, a sensação é de que o Centro da cidade é lugar de transeuntes, de pessoas que trabalham ou que precisam passar por ali para chegar aonde querem, ao con-trário do shopping, em que você vai até ele com o firme propósito de passear e fazer compras”, finaliza.

Nesse cenário, o presidente do Sin-dilojas avalia que a sobrevivência das galerias, independentemente da classe social a que se destinam, deve estar atrelada a um princípio básico. “Elas devem tirar o melhor proveito dos di-ferenciais que tem, que são justamente a fidelização do cliente, o atendimento personalizado, e a combinação de co-mércio e serviços em um mesmo espa-ço”, completa Gasparin. Uma realidade que Saule, Jair, Olga, Aldo e Maria José trabalham para manter, seja na condi-ção de consumidores, prestadores de serviço, proprietários ou locatários.

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Grão Café, da Via do Pátio, oferece um refúgio no borburinho do Centro

por ROBIN [email protected]

ão é só José Serra (PSDB) que tem encontrado dificuldades para arreca-dar fundos para a campanha eleitoral. Assim como o candidato tucano, que reuniu menos dinheiro do que a presi-denciável do PV Marina Silva, segun-do os dados oficiais, a arrecadação dos concorrentes caxienses à Assembleia Legislativa, à Câmara de Deputados e ao Senado estão abaixo do esperado. A primeira prestação de contas parcial, entregue ao Tribunal Superior Eleito-ral (TSE) no dia 6 de agosto, comprova isto. Os candidatos de Caxias declara-ram ao TSE ter angariado, por enquan-to, R$ 405.029,04 – a próxima presta-ção de contas parcial será no dia 6 de setembro, e a última, completa, em 2 de novembro.

Baixos ou altos, os valores informa-dos ao TSE podem modificar o futu-ro político dos candidatos. O chefe de cartório da 16ª Zona Eleitoral, Marcelo Reginatto, ressalta que, apesar de a lei não prever punição aos candidatos que não prestarem contas durante a corri-da eleitoral, os relatórios parciais po-dem ser usados em uma investigação.

“Não há penalidade para quem não prestar contas parcialmente, mas os números serão analisados pela Justiça Eleitoral. É muito difícil um candida-to apresentar contas zeradas, mesmo na primeira parcial. Apesar de a conta não ter sido movimentada, ele prova-velmente teve gastos pelo menos com combustível”, afirma Reginatto. No entanto, nove dos 26 candidatos de Caxias enviaram relatórios zerados ao TSE e dois nem sequer realizaram prestação de contas parcial.

Entre os cinco candidatos do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), qua-tro anunciaram contas zeradas e um, Lucas de Souza, não apresentou suas

contas. O presidente do partido em Caxias do Sul, Paulo Souza, acredita que os representantes da legenda não receberam doações até o dia 3 de agos-to, data limite para a entrega da presta-ção. A candidata a deputada estadual Aurora Jesus Oliveira confirma que está usando o fundo partidário e carro próprio para fazer campanha. Segundo Reginatto, as doações intra-partidárias devem ser declaradas, assim como o uso de veículos não alugados ou com-prados para a campanha.

O candidato a deputado federal Mauro Pereira (PMDB) também afir-ma usar carro próprio para campanha, mas isso não está em sua prestação. Mauro é, entre os que declararam a arrecadação e os gastos parciais, o que menos arrecadou entre os candidatos daqui à Câmara: R$ 142,52. “Na ver-dade, minha campanha só vai começar mesmo na semana que vem, é quando o pessoal começa a pensar em quem votar. Até agora, não tenho material nenhum, nem adesivo no meu carro. Coloquei pouco mais de R$ 100 na mi-nha conta, que gastei com um site que ainda não foi para o ar”, afirma.

Na prestação de contas, os R$ 142,52 aparecem, no entanto, como doação do partido e como tendo sido gastos com publicidade por materiais impressos. Minutos depois da entrevista, Mauro ligou para corrigir a informação: o di-nheiro foi doado pelo partido e gasto em publicidade oficial. O custo do site, cerca de R$ 35, segundo o candidato, deve aparecer na próxima prestação de contas.

Pepe Vargas (PT) foi, até aqui, quem mais recebeu doações entre os candi-datos locais a uma cadeira na Câmara: R$ 91 mil. O valor é praticamente a metade do que o candidato gastou na primeira vez que se elegeu deputado, R$ 206 mil. “Devo gastar um pouco

mais do que a última campanha, até por causa da inflação. Nós gastamos conforme arrecadamos, não podemos sair da campanha endividados”, diz Pepe. O petista afirma que a maior parte das doações de pessoas jurídicas, que totalizaram R$ 70 mil, é de empre-sas da região. Pepe ainda recebeu R$ 5 mil de pessoas físicas e depositou R$ 16 mil de recursos próprios. Os gastos, R$ 9.848,25 foram com locação/cessão de bens imóveis (R$ 7,5 mil), publi-cidade com materiais impressos (R$ 2.340) e taxas bancárias (R$ 8,25).

O candidato caxiense que mais arre-cadou foi Germano Rigotto (PMDB), que disputa uma vaga no Senado. O ex-governador recebeu R$ 100.139 – R$ 100 mil de pessoas físicas e R$ 139 do seu partido. Gastou com transporte (R$ 768,15), locação/cessão de bens imóveis (R$ 7.862,80), materiais de expediente (R$ 977,31), combustíveis e lubrificantes (R$ 1.384,34) e serviços de terceiros (R$ 2.042). A previsão ini-cial de Rigotto para toda a campanha é reunir R$ 2 milhões. “Estou economi-zando o máximo. Não tenho ideia de quanto ainda vou gastar com os pro-gramas de rádio, TV e folheteria.”

A candidata do PC do B a uma vaga no Senado, Abgail Pereira, arrecadou bem menos, segundo a prestação: R$ 4.005, sendo R$ 4 mil de seu partido e uma doação de R$ 5 de pessoa física. Gastou R$ 4 mil em despesas com pes-soal. “Está muito difícil conseguir fun-dos, o que até reafirma a necessidade de uma reforma política. Acredito que na segunda parcial a arrecadação deva chegar a R$ 13,5 mil”, aponta Abigail. Sobre a incomum doação de R$ 5 de pessoa física, a candidata comenta: “É uma candidatura inusitada.”

Entre aqueles que querem ocu-par um lugar na Assembleia Legislati-va, Maria Helena Sartori (PMDB) foi

a que mais arrecadou. Recebeu R$ 28 mil de pessoas jurídicas e R$ 142,52 de pessoas físicas. Até a primeira pres-tação de contas parcial, Maria Helena gastou R$ 1.780 com locação/cessão de bens móveis e R$ 142,52 com materiais impressos. “Os gastos com combustí-vel devem aparecer na próxima pres-tação de contas, e não são baixos. Uso meu carro para fazer campanha e, às vezes, pego carona. Mas não vou botar o carro de todo mundo na prestação”, diz Maria Helena.

Os únicos recursos angariados por Vinicius Ribeiro (PDT) até a primeira divulgação foram próprios. O candida-to a deputado estadual depositou R$ 2 mil na conta da campanha e utilizou R$ 425 na confecção de materiais im-pressos. “Tivemos uma estratégia de arrecadação no mês de agosto que deve aparecer na próxima declaração. Difi-culdades para arrecadar existem, mas todos e todas as campanhas têm.”

Para o cientista político Rodrigo Giacomet, da Faculdade América La-tina, esta eleição não receberá tantas doações quanto as anteriores. “É uma campanha com fluxo de recursos me-nor porque desde o episódio do men-salão, em 2005, que ficou caracterizado como um caso de caixa dois, órgãos de fiscalização passaram a ser mais rigo-rosos e uma série de empresas prefe-rem não estar formalmente ligadas a políticos ou partidos.” Rodrigo avalia que isso é especialmente prejudicial para quem disputa as proporcionais.

“Os candidatos dependem muito mais da campanha na rua, porque não têm tanto tempo no rádio e na TV. Mas, como todos estão com dificul-dades, isso não atrapalha. Neste ano, certamente haverá um nível de clareza maior de que a doação formal tem que predominar. O caixa dois nas eleições é um problema que, aos poucos, o Brasil vai erradicar”, acredita Rodrigo.

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Caixa Eleitoral

R$ 405 mIL NA ARRANCADA

Primeira prestação de contas parcial dos candidatos locais revela grandes diferenças de arrecadação e omissões nos gastos

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Senadores Deputados federais Deputados Estaduais

por ROBIN sITENEsKI, ROBERTO HUNOff

e RENATO HENRICHs

principal preocupação de Aroldo Me-dina, candidato da coligação Despertar Farroupilha – formado pelo Partido Republicano Progressista (PRP) e pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) – ao Piratini, é a segurança pública. Para melhorá-la, ele apresenta uma pro-posta radical e paradoxal: extinguir a Secretaria de Segurança Pública. Quer investir menos dinheiro em burocracia e mais nas forças policiais que estão nas ruas. Nascido em Santana do Li-vramento, Medina é major da Brigada Militar e formado em Jornalismo. No governo Germano Rigotto (PMDB), chefiou a Defesa Civil do Estado. O candidato do PRP dá continuidade à série de entrevistas do jornal O Ca-xiense com os concorrentes ao gover-no gaúcho.

Nas duas eleições em que foi candidato – a prefeito de Canoas pelo Partido da fren-te liberal (Pfl, atual DEm) e ao governo do Estado pelo Par-tido liberal (Pl, atu-al PRP) –, o senhor não se elegeu. Quais são suas chances em 2010?

Vários líderes mun-diais concorreram várias vezes até serem eleitos, inclusive o próprio Abraham Lincoln. É importante que as pessoas prestem atenção às propostas dos candidatos, porque a eleição pare-ce que vira, às vezes, um jogo de fute-bol, onde o eleitor se comporta como um torcedor. A vitória é o menos im-portante quando se trata do debate das ideias, da proposta do candidato. Eu tenho a oferecer aos eleitores o meu caráter. O meu desafio é ser conheci-do pelos gaúchos como sou pelos meus amigos e familiares. Tenho certeza que, se isso ocorresse, os eleitores não he-sitariam em me conduzir ao governo.

Não seria melhor tentar se eleger de-putado antes de tentar o Piratini?

O grupo de pessoas que me procu-rou fez uma proposta para concorrer a governador. Tenho que me adequar ao que as pessoas esperam de mim. Eu também me identifico mais com o Executivo do que com o Legislativo.

Acho extremamente importante a ta-refa legislativa, mas as pessoas estão clamando por respostas a curto prazo para questões como o aumento da cri-minalidade e a necessidade de escolas em tempo integral. No Poder Execu-tivo vou dar uma resposta muito mais rápida do que como deputado. Por isso eu peço o voto das pessoas no primei-ro turno. Porque mesmo não elegendo, teremos uma votação expressiva para apoiar outro candidato.

O Caxiense mostrou, na edição 37, que é comum a prática de ‘bicos’ entre Pms, e que ela sequer é coibida pela Brigada militar. O senhor pretende acabar com os bicos ou legalizá-los?

O bico na Brigada, infelizmente, é o reflexo de policiais gaúchos civis e mi-litares, peritos criminalísticos e agen-tes penitenciários ganharem o menor salário de polícia do Brasil. Alguns

policiais se obrigam a completar o orçamento e não raras vezes mor-rem nessas atividades. Mas é preferível essa atividade, tolerável no cenário que estou des-crevendo, do que acei-tar a corrupção policial, o desvio de conduta. Defendo uma parceria entre o Estado e o Mu-nicípio para que o poli-cial faça esse bico na ci-dade em que trabalha.

No seu governo os agentes de segu-rança teriam reajustes salariais dife-renciados dos demais membros do funcionalismo público?

Todo o funcionalismo tem que ter uma valorização permanente. Depois de formado, o funcionário tem que ter um programa de qualificação. Defendo um investimento maior nas escolas de formação policial, atualmente esqueci-das, abandonadas e sucateadas. Além da formação e especialização é preciso pagar um melhor salário. Tudo aquilo que o Tesouro permitir eu vou pagar, de forma responsável e gradual. Não vamos prometer algo que não possa ser cumprido. Os policiais precisam de atenção tanto quanto os professores. Eu quero pagar o piso nacional (para professores, de R$ 1.024 por 40h sema-nais), sem recorrer à Justiça, como o atual governo está fazendo.

Qual a sua opinião sobre a PEC 300,

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O Caxiense entrevista

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“É preferível essa atividade(bicos de PMs), tolerável no cenário que estou descrevendo, do que aceitar corrupção, desvio de conduta”

Candidato ao Piratini pelo PRP, Aroldo Medina defende a extinção da Secretaria de Segurança Pública para “resolver de vez o problema da criminalidade”

Medina quer selecionar CCs com ajuda de um profissional de RH

a proposta de emenda constitucional que pretende criar um piso salarial para todos os policias militares a par-tir do piso da Pm de Brasília?

É claro que sou favorável. O soldado da Brigada, que hoje ganha R$ 1 mil, passaria a ganhar R$ 3 mil. Isso repre-senta uma melhora na qualidade do serviço para a população, que está cla-mando por mais segurança, por uma polícia mais ágil e educada. Sempre que pagamos um melhor salário, po-demos exigir muito mais. Mas acredito que a PEC 300 não sai tão cedo.

O senhor quer extinguir a Secretaria de Segurança do Estado. Por quê?

Eu peço o voto dos gaúchos para buscarmos a força política necessária para essa proposta arrojada que é a extinção da Secretaria de Segurança. A pessoa que ler esta entrevista vai se perguntar: ‘o que faz a Secretaria de Segurança na prática?’. Quem está na rua é a Polícia Civil, a Brigada Militar, o perito criminalístico e o agente peni-tenciário. O que fazem os camaradas lá no gabinete? A população me respon-da. Pesquisa aí na internet, vai lá olhar o resultado prático desse trabalho, des-sa grana enorme que vai para o fun-cionamento burocrático da Secretaria. Quero eliminar essa Secretaria porque os gaúchos não aguentam mais o ban-dido solto na rua. A polícia prende e o camarada está solto no dia seguinte. O governo recebe dinheiro para cons-truir presídios e a Secretaria não fez nenhum presídio com o dinheiro de-

positado pelo governo federal. Por que a gente precisa de uma coisa que não funciona? Eu quero pegar essa grana e botar direto na Brigada, na Polícia Ci-vil, fazer uma escola de polícia melhor. E, se não der certo, a responsabilidade vai bater direto no meu peito. Eu não quero interlocutor para resolver de vez o problema do aumento da criminali-dade. Daqui a pouco estamos que nem o Rio e São Paulo, aí vamos levar 20 anos para tomar controle da situação. E a questão da corrupção policial, como o senhor pretende enfrentar?

Tem que ser combatida com toda a força e vigor. É inadmissível o policial mudar de lado. Esse cara tem que ser colocado pra rua. Eu quero, além de fortalecer as corregedorias das polícias, cobrar do chefe de polícia e do coman-dante da Brigada mais agilidade no processo de expulsão de policiais com-provadamente corruptos. Quero criar, junto ao meu gabinete, um gabinete de combate à fraude. O policial corrupto é um traidor. Em outros tempos, tinha que ir para a forca pelo perigo e pela lesão que causa à sociedade.

Como o seu governo lidaria com mo-vimentos sociais como o mST?

Antes de falar no MST, quero dizer que os movimentos sociais no geral jamais serão tratados como questão de polícia. Vou estar ao lado dos professo-res, por exemplo.

O senhor aprova o modo como o go-

verno Yeda (PSDB) usou o aparato da Bm nas manifestações do Cpers?

Claro que não. Jamais vou usar a Bri-gada como barreira entre o governo e os professores. Mas o MST tem invadi-do propriedades, isso é inaceitável. Se o MST fizer uma manifestação ordeira e pacífica, vou ser ordeiro e pacífico com eles. Se o MST quiser invadir terras, eu vou bloquear o acesso deles à proprie-dade que querem invadir. Tenho que garantir, em primeiro lugar, o direito da propriedade. Deixando o MST à vontade, como ele fica aí, estou mos-trando para o resto do mundo que não cumprimos a lei. Essa garantia jurídica para o investidor eu tenho que dar.

Qual sua posição quanto à guerra fis-cal entre os estados?

Sou a favor. Eu tenho dois candida-tos ao Senado, Roberto Gross (PTC) e Germano Rigotto (PMDB). Para mim, o Rigotto é a maior autoridade nacio-nal em reforma tributária. Eleito, creio que ele vai executar essa reforma tri-butária para estabelecer um equilíbrio nas relações fiscais entre os estados. Enquanto isso não acontecer, vou en-trar na guerra fiscal. Quero trazer de volta ao Estado a Grendene, por exem-plo, e a Dell, que foi para São Paulo silenciosamente, ninguém falou nada.

Que setores já poderiam ser benefi-ciados com redução de impostos?

Temos que ter uma equipe técnica, e não política, na Secretaria da Fazen-da. Esse é um setor que não dá para ter

o amigo nomeado secretário. Quero valorizar os quadros do Estado, abrir uma seleção pública para agregar pes-soas que tenham perfil histórico e a ex-periência para lidar com uma matéria tão importante como essa. Os setores metalmecânico e da informática preci-sam de incentivo porque representam uma mão de obra qualificada. Precisa-mos de escolas em tempo integral com cursos na área técnica de eletrônica, de informática e de infraestrutura ae-roportuária. O Simples Gaúcho, por exemplo, tem que voltar.

O senhor falou em abrir seleção pú-blica. Pretende diminuir o número de CCs e aumentar o de concursados?

A seleção que eu me refiro para os cargos de confiança seria trazer um recrutador de recursos humanos. Dá o perfil do candidato para preencher aquele cargo e ele faz a seleção basea-do no histórico da pessoa. Até os atuais militantes dos partidos podem concor-rer. Concurso público é outro assunto.

mas o secretariado seria escolhido por um profissional de RH?

A Secretaria da Fazenda e a de In-fraestrutura têm que ser comandadas por pessoas escolhidas, além das indi-cações que os partidos políticos fazem, com critério técnico, não só amizade, compadrismo, troca de favores. Hoje esses cargos são moeda de troca entre os partidos. Tudo bem, vamos agregar outros partidos ao governo, mas vamos submeter essas pessoas a uma prova.

12 28 de agosto a 3 de setembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por CÍNTIA [email protected]

estidos em trajes de festa, os mane-quins de uma das vitrines da Via De-corata aguardam ansiosos a oportuni-dade para estrear as roupas. Passam os dias invejando o movimento em uma loja do outro lado da rua, onde mú-sicos monocromáticos tocam blues e jazz para bailarinos que riscam o sa-lão com passos coloridos. Durante as tardes, um dueto – pintor e tela – au-menta o clima de inveja, e cria novos instrumentos e coreografias, ao vivo. O espetáculo, de segunda a sexta-feira, fica em cartaz até o dia 18 de setembro.

O artista plástico Lindonês Sil-veira levou o seu ateliê para a galeria Arte Quadro. Algumas horas defronte ao cavalete e à tela, ladeado por suas obras expostas e por uma mesa com potes de tinta e pincéis, são suficientes para o surgimento de mais um qua-dro. “Agora estou nos macros”, diz Lindonês, referindo-se a duas de suas obras mais recen-tes que traduzem de-talhes, como mãos ao piano. Nos 11 acrílicos sobre tela que integram a série, preto e bran-co servem ao jogo da oposição. Ao inverso, ao confronto e à atra-ção dos opostos. Yin e yang, o encaixe per-feito. A cor vibrante é a forasteira que acaba encantando a cidade. No caso, o vermelho, dono de significados apaixonantes, sensuais e fortes. esses tons da aquarela na sua coleção mais recente, chamada Blues Jazz Dance.

A coleção vermelha não é novidade, mas ele avisa que as pinturas envolven-do dança são inéditas, só conhecidas por Caxias. A inspiração não é de um Barishnikov. “Vem da levada da músi-ca, não sou dançarino”, ri, para depois dizer que até arrisca uns passos. A ideia de pintar na galeria surgiu da proprie-tária do espaço, Maria Inês Salvador. Ela e o artista se conhecem há muito tempo, o que possibilitou uma manei-ra diferente de divulgar o trabalho do amigo. “É uma vernissage única. As pessoas podem entrar e conversar com o artista enquanto ele está pintando”, diz ela. Lindonês aprova a ação, pois gosta da interação com o público. “O pessoal gosta de ouvir historinhas do quadro, de onde veio.” Maria Inês con-ta que todas as pessoas que entraram na galeria, que também é loja de deco-ração, gostaram tanto das obras quanto da maneira de expô-las: “é um trabalho de impacto, expressionista.” Ela afir-ma que, às vezes, só a exposição não

chama tanta atenção e clientela como poderia.

A Arte Quadros sempre traz exposi-ções com temas varia-dos e abertas a diver-sas manifestações de arte. “Semana passada, eram cadeiras pinta-das. Agora tem três ao mesmo tempo.” Maria Inês se refere, além da Blues Jazz Dance, de mais uma exposição de quadros de diversos

artistas com preços promocionais e uma de fotografias de magnólias, fruto de uma oficina de foto realizada pela galeria.

Antes de Blues Jazz Dance, a

música inspirou outras obras de Lin-donês. Em uma série anterior, o artista pintou a cena jazz, somente em preto e branco. Tudo começou em uma virada de ano. Ao invés de aceitar os convi-tes dos amigos, resolveu ficar sozinho em casa, trabalhando. “Quis entrar o ano pintando. Peguei uma tela preta e acabou saindo uma guitarra e um case”, diz. Depois, nos meses seguintes, foi ao seu ateliê em Floria-nópolis para produzir. Com telas menores, a intenção era pintar pai-sagens litorâneas para vender aos turistas. Surpreendentemente, a inspiração mudou os planos. “Só pintei cena jazz. Jam sessions ao in-vés de coqueirinhos”, brinca o pintor.

A música, como inspiração, não é um mero acaso na arte de Lindonês. “Em 1912 toquei em umas bandas”, diz o artista, bem-humorado. Ele fez parte de bandas caxienses como a Bandalie-ra, mas afirma que o trabalho de pintor sempre esteve presente, paralelamente. Em uma das suas bandas, as roupas de palco ganhavam pinceladas. A sua arte, porém, vem de muito antes. Lindonês recorda de sua primeira peça, um bus-to de barro. O material era do quintal de casa mesmo e não era proveniente de nenhuma tarefa escolar. Ele tinha 9 anos. Hoje em dia, a peça só existe na lembrança do artista. “Voltou para o barro de onde veio”, diz.

Conforme lindonês, o que o ca-tapultou foi a Lei de Incentivo à Cultu-ra, que financiou um projeto seu, onde fotografava cenas urbanas e transfor-mava em telas. “Se a lei de fomento à

cultura foi válida para alguém, foi pra mim.” Com essa oportunidade, Lindo-nês tinha material para divulgar seu trabalho. Com telas prontas e material de divulgação, o artista viajou pintando paisagens urbanas de diversos municí-pios. “Querem que a lei resolva a vida,

mas tem que batalhar, ir atrás”, diz Lindonês. Alçando voos mais al-tos, ele se viu em São Paulo, visitando gale-rias e oferecendo seu trabalho. O pintor, que ia de porta em porta com quadros embaixo do braço, encontrou grande receptividade. O resultado: hoje 15 galerias paulistas ven-dem obras suas. Com a coleção atual, ele conta

que chegou somente até Curitiba e teve que voltar para casa porque não tinha mais trabalhos a vender. Sucesso abso-luto.

Com ateliê em Caxias, São Paulo e Florianópolis e visitas frequentes a outras cidades que abraçam seus qua-dros, como Belo Horizonte e Goiânia, Lindonês sente falta de apoio de sua cidade natal. O artista conta que, das cenas urbanas que pintou, apenas as de Caxias do Sul não foram vendidas, além de não haver outras galerias ex-pondo seus trabalhos. Mesmo assim, ele fica feliz em estar na vitrine. Por enquanto. “Tenho a ideia louca de co-locar o cavalete na rua essa semana”, diz Lindonês. Nada que não tenha fei-to antes. Finalizou quadros na rua para ganhar tempo. Colocou o material na calçada e trabalhou assim por pura vontade. Hoje, a carreira de Lindonês experimenta uma boa maré. “Estou indo para onde sopra o vento.”

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O artista plástico Lindonês Silveira levou seu ateliê para a Galeria Arte Quadros, onde expõe 11 acrílicos sobre tela

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mÚsICA sOBRE TELAExposição Blues Jazz Dance, de Lindonês Silveira, realiza shows diários de pintura

www.ocaxiense.com.br 1328 de agosto a 3 de setembro de 2010 O Caxiense

“O pessoal gosta de ouvir historinhas do quadro, de onde veio”, diz Lindonês, sobre o contato com o público na galeria

“É uma vernissage única. As pessoas podem entrar e conversar com o artista enquanto ele está pintando, explica Maria Inês Salvador

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por CAmILA [email protected]

ontserrat Martins, médico, 51 anos, candidato do Partido Verde ao gover-no estadual, que nunca exerceu um cargo público eletivo, mas acredita que o programa de governo seja suficiente para comandar o Rio Grande do Sul. Para por o plano em prática, preocupa-se com a eleição de colegas de partido, tanto nas eleições proporcionais quan-to na presidência. “No primeiro turno a gente vota no melhor, no segundo turno a gente vota no menos pior”. Montserrat falou com O Caxiense por telefone na manhã do dia 19, dando sequência à série de entrevistas com os candidatos ao governo do Estado.

É a primeira vez que o senhor con-corre a um cargo eletivo. Que expe-riência em administração pública levaria ao Piratini?

Eu levaria o programa de governo do PV, que propõe, entre outras coisas a desburocratização e a descentralização das ações. O partido apoia um governo local, afinal, os municípios é que estão mais próximos das demandas da popu-lação. Os servidores são quem atende a população e é importante que haja um ambiente humano sadio para que a po-pulação seja bem atendida. O PV é co-nhecido pela defesa do ambiente físico, mas tem no seu programa nacional também a preocupação com esse am-biente humano. Se o Estado não tem uma boa relação com os servidores da educação, da segurança, da saúde, se não ouve as demandas desses servi-dores, isso significa que ele não ouve a população. Então, em primeiro lugar, teria que desburocratizar essa relação do Estado com os servidores.

O seu programa de governo estabele-ce incentivos para atração de indús-trias de tecnologias limpas. O que são tecnologias limpas e o que são tecno-logias sujas, que não teriam aval para se instalarem no Rio Grande do Sul?

O que o Partido Verde quer é estabe-lecer projetos de sustentabilidade, não só ambiental, mas também econômica. Já existe no Rio Grande do Sul, na Fier-gs, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas, que pesquisa o assunto, e o

trabalho deles não é aproveitado. Para dar um exemplo de tecnologia suja, eu cito a usina termelétrica Candiota III, que tem um equipamento obsoleto, importado da China, que é altamente poluente, além de não ser capaz nem de aproveitar adequadamente todo o potencial energético que a usina pode gerar. Vamos estimular as várias alter-nativas de implantação de tecnologias limpas, que dependem ainda de equi-pamentos habitualmente caros que empresas pequenas e médias teriam dificuldade de adquirir. O programa de governo estabelece a formação de equipes que trabalhem facilitando o acesso a esse tipo de equipamen-to. Quando falamos em tornar o Rio Grande do Sul um polo de tecnologias limpas nós queremos mostrar que vale a pena ter uma renúncia fiscal especí-fica para esse tipo de indústria, que vai trazer benefícios para a sociedade. Por exemplo, a relação que a indústria do tabaco tem com a sociedade não é be-néfica. Os problemas de saúde causa-dos pelo fumo vão gerar um custo para o Estado na saúde. Com o aumento da incidência de doenças pulmonares, se gasta mais com tratamento, medica-ção. A Inglaterra já fez um estudo que apontou que os custos que o Estado tem com o atendimento hospitalar em função do uso do cigarro é maior do que os impostos arrecadados. Então não se trata de nenhum preconceito, e sim de uma questão ambiental, social e até econômica. A indústria do taba-co não precisa do incentivo do Estado porque a população já tem o hábito de fumar. Por outro lado, existe um es-tudo que indica que o Brasil deixa de ganhar R$ 8 bilhões por ano por causa do mau aproveitamento de materiais. Acaba enfrentando problemas de des-tinação de resíduos sólidos, mas se es-ses resíduos fossem bem aproveitados, gerariam toda essa receita. Ou seja, é preciso encarar os resíduos sólidos, o lixo, como uma matéria-prima reapro-veitável. É isso que nós entendemos que seja a economia do século XXI. Estamos tendo a oportunidade de que se trate com inteligência a tecnologia limpa, com diretrizes científicas que já existem no Estado e não são utilizadas por nenhum partido para estabelecer incentivos e benefícios econômicos.

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pRImEIRO,O mELHOR. DEpOIs, OmENOs pIORCandidato do PV ao Piratini, Montserrat Martins pede votos para apoiar o programa do partido, voltado ao desenvolvimento ambientalmente sustentável, no 1º turno

Montserrat quer tornar o Estado um polo de tecnologias limpas

www.ocaxiense.com.br 1528 de agosto a 3 de setembro de 2010 O Caxiense

Qual sua posição em relação à guerra fiscal dos governos para atrair em-presas?

A questão da guerra fiscal não é uma questão que dependa somente do Rio Grande do Sul, mas de uma política nacional. A nossa candidata à presi-dência, Marina Silva, já manifestou que quer viabilizar uma outra forma de relacionamento entre os estados para acabar com a guerra fiscal, que é extre-mamente onerosa para todos. No final, todas as unidades da federação perdem enormes parcelas do seu potencial de arrecadação. Há uma insatisfação geral que o governo federal não vem enfren-tando. Tanto o Estado quanto os muni-cípios deixam de arrecadar por falta de uma posição firme do governo federal. Por exemplo, naquela vez que o Estado perdeu aquela fábrica de automóveis, o governo federal teve uma posição a favor da Bahia em detrimento ao Rio Grande do Sul. Há casos em que o go-verno federal beneficia alguns Estados, e há casos em que ele simplesmente se omite. A candidata que está realmen-te comprometida com o fim da guerra fiscal no país, com uma política fiscal firme, é a Marina Silva.

O senhor fala em retomar o projeto Pró-Guaíba. mas como despoluir o Guaíba se os demais rios do Estado, que nele deságuam, não terão o mes-mo tratamento?

Na verdade, o Pró-Guaíba tem uma abrangência bastante grande, incluin-do os efluentes. E ele é só um dos pro-jetos que a gente tem para enfrentar a poluição das águas, que vem a ser um problema de saúde. O tratamento da água que foi poluída é necessário, mas a gente sabe que uma água muito tra-tada perde as propriedades originais e fica com uma maior quantidade de ati-vos químicos, que são potencialmen-te geradores de tumores. Então, além desse projeto do Guaíba, a gente quer que se estabeleçam parcerias com a so-ciedade para que se instale um projeto nos moldes do Água Limpa, de Hori-zontina (RS). É um projeto que traba-lha na preservação das águas desde a nascente, passando pelo cuidado nas matas ciliares das margens dos rios, quer dizer, totalmente voltado para a sustentabilidade. E é algo que pode ser implantado em todos os municípios do Rio Grande do Sul.

O Estado é um dos maiores produto-res agrícolas do Brasil. Qual sua posi-ção em relação aos transgênicos?

Sou médico e sei que a preocupação com os transgênicos diz respeito à se-gurança alimentar. Ainda não se sabe o que pode ocorrer a médio e longo prazo do ponto de vista sanitário com quem consome. Então se depende ain-da de uma dose de precaução, e isso se reflete no mercado. Existem países da Europa que estão atento a essas ques-tões e estabelecem uma preferência por produtos agrícolas não modificados geneticamente. Ou seja, o Rio Grande do Sul poderia se preservar de cultivar produtos transgênicos e garantir ex-portação para a Europa, por exemplo. Isso é compensatório também do pon-to de vista econômico.

No plano de governo, consta a parti-

cipação de voluntários de grupos de autoajuda no tratamento de depen-dentes químicos em postos de saúde. O senhor acredita que seja possível contar com voluntários a longo prazo em um problema tão delicado como é o acompanhamento de usuários de drogas?

O fato é que os melhores tratamentos a usuários de drogas, em qualquer lu-gar do mundo, são aqueles que seguem o modelo dos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, grupos que partem da experiência das próprias pessoas para enfrentar esse problema. São entidades que não se vinculam a nenhum tipo de governo ou empresa, mas é o modelo mais eficaz, e pode ser aproveitado e implantado nos serviços de saúde pública, como os postos de saúde. Esses voluntários que compo-riam as equipes de saúde seriam pes-soas que superaram o vício e que vão ajudar aqueles que ainda precisam se livrar dele. A prática indica que é mais fácil contar com a ajuda de alguém que realmente conhece o teu problema porque viveu aquilo. No meio médi-co há uma aceitação dessa ideia. Mas quem aproveita esse métodos são uni-dades terapêuticas, que estão cobrando do Estado para tratar os pacientes de forma terceirizada. Logo, nada mais óbvio do que incorporar essa prática aos tratamentos de saúde oferecidos diretamente pelo Estado.

O senhor diz que tornaria os cargos de coordenadores regionais de edu-cação eletivos pela comunidade esco-lar, e não por indicação, como ocorre hoje. Quais práticas pretende comba-ter com isso?

Isso se refere a dar à comunidade escolar o poder de decidir. Um proble-ma que assola a educação no Estado é a grande quantidade de servidores em cargos administrativos, o que so-brecarrega os professores que estão na sala de aula. Esse é um ponto. Outra coisa são as diretrizes orçamentárias da educação, que devem ser decididas diretamente pela comunidade, que é quem vivencia as dificuldades e vai sa-ber direcionar os recursos conforme as demandas. Quem deve tomar a frente dessa decisão é uma pessoa indicada pela comunidade escolar, e não por ou-tra que está lá simplesmente por uma questão político-partidária.

O senhor acredita ter chances de se eleger?Não tratamos a eleição como uma aposta de quem vai ganhar, e sim que quem ganha com a eleição do PV, por esse comprometimento é a população.

Em um eventual 2º turno sem a pre-sença da sua candidatura, quem o PV apoiaria?

Estamos focados no 1º turno porque é agora que se define quem vai para um eventual 2º turno. Além disso, já esta-rão eleitos os candidatos das propor-cionais, e é extremamente importante a composição da Assembleia e da Câ-mara para a aprovação ou não das leis que interessam ao Estado e ao país. Por isso, para nós o mais importante é o 1º turno. Como disse a Marina Silva, no 1º turno a gente vota no melhor, no 2º turno a gente vota no menos pior.

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CONVENÇÃO COLETIVA 2010 Os diretores do SIMECS, Reomar Slaviero e Odacir Conte e o presidente em exercício do

Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos Leandro Velho assinaram no dia 24 de agosto a Con-venção Coletiva 2010. Após a oficialidade do acordo, o próximo passo é registrar a convenção junto ao Ministério do Trabalho. A composição das principais cláusulas econômicas ficou sendo a seguinte: Reajuste de 8,1% a partir de agosto, sendo que o reajuste dos meses de junho e julho é de 6%. Não há diferenças a serem pagas nos meses de junho e julho para as empresas que praticaram os 6%, salvo diferença de quinquênio, horas extras, auxílio creche, etc. Os Pisos serão de R$627,00 para empresas com até 50 empregados e de R$710,60 para empresas com mais de 50 empregados. Auxilio creche: Para as mães empregadas metalúrgicas que possuam filhos com idade de até 36 meses matriculados em creche, será pago o valor de R$163,00. Por sua vez, para as demais mães trabalhadoras metalúrgicas que tenham filhos com idade de até 36 meses, será pago o valor de R$71,00 (que representa 10% do piso normativo). Horas extras: Até 22 horas, terá acréscimo de 50%, de 23 a 60 horas terá acréscimo de 100% e as excedentes de 60 mensais terão o acréscimo de 130%; Quinqüênio: 43,50. Todas as cláusulas são retroativas a junho, exceto o percentual de reajuste. A base para o reajuste do próximo ano é o resultado da aplicação dos 8,1%. A Convenção Coletiva atende aos municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, São Marcos, Nova Pádua e Nova Roma do Sul.

SIMECS ENERGIACom o objetivo de orientar e acompanhar as empresas metalúrgicas visando atingir a eficiên-

cia energética, o Programa SIMECS Energia programou para as datas de 15 de setembro, 06 e 27 de outubro e 17 de novembro, importantes palestras técnicas, destinadas às 12 empresas participantes do programa e também para as demais indústrias dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico interessadas neste processo. Os seminários de sensibiliza-ção irão esclarecer as formas de redução de consumo bem como a situação e perspectivas sobre a energia elétrica no Brasil. Lançado em 2009, o Programa SIMECS Energia já concluiu os diagnósticos energéticos em diversas empresas participantes, caracterizando os potenciais existentes, com medições e definição de pontos a melhorar e ganhos possíveis; constituição e treinamento das equipes internas multifuncionais para dar seguimento às ações de melhoria. Além disso, está sendo feita orientação para adequação de contratos e definições métricas de acompanhamento por empresa. A coordenação técnica do trabalho é do engenheiro Frederico Ostermayer.

SEMINÁRIO TECNOLOGIA LASERNo dia 1º de setembro, o SIMECS realizará o Seminário sobre Aplicações Recentes da

Tecnologia Laser nos Aços Inoxidáveis Ferríticos. O evento será realizado em conjunto com a Air Liquide, Arcelormittal e Trumpf e destina-se às empresas metalúrgicas representadas pelo SIMECS. A aplicação dos aços inoxidáveis continua em crescimento no Brasil e seguindo esta tendência, novas famílias de aços estão chegando ao mercado, sendo necessário aprimorar os processos de trabalho nestes materiais. Diante desta realidade, importantes temas serão abordados no encontro, entre os quais: Visão do Mercado Industrial da Serra Gaúcha; Recentes Aplicações dos Aços Inoxidáveis Ferríticos; O Laser como Ferramenta de Manufatura; Novas Famílias de Gases para Uso nos Aços Inoxidáveis. Serão palestrantes: Guilherme Sebben - Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego; Walter Mello - Gerente de Vendas da Trumpf; Paulo Bálsamo - diretor de filial da ArcelorMittal; José Antônio Cunha - Ge-rente de Negócios da Air Liquide Brasil. Vagas limitadas. Inscrições gratuitas pelo fone: (54) 3228.1855.

SID-SEMENTINHAO vídeo ambiental do SIMECS com o personagem Sid-Sementinha que está entre os mais

assistidos em nível nacional pelo Circuito Tela Verde do Ministério do Meio Ambiente, já tem previsão de ser divulgado em pelo menos quatro mil espaços exibidores em todo o Brasil. Lan-çado em 2009 para as escolas da rede pública estadual e municipal fazendo parte da atividade curricular e, posteriormente, transformando-se em campanha oficial do SIMECS em 2010, o vídeo do SIMECS tornou-se referência nacional. Em 2010 o vídeo do SIMECS foi selecionado e enviado para 1.100 espaços exibidores distribuídos por todas as regiões do país. Conforme avaliações do Ministério do Meio Ambiente, a obra Sid-Sementinha esteve presente na maioria das exibições e, o que é ainda mais relevante, consta como um dos vídeos mais discutidos, prin-cipalmente pelo público jovem. O vídeo ambiental do SIMECS está sendo mostrando em uni-versidades, escolas, instituições públicas e privadas, praças públicas, Salas Verdes, Pontos de Cultura, Coletivos Educadores, cineclubes, aldeias indígenas, além de contar com espaços exi-bidores em instituições como a Caixa Econômica Federal e Empresa Brasil de Comunicação.

MISSÃO AO EXTERIORAconteceu no dia 24 de agosto um encontro de preparação para o grupo de mais de 30

pessoas que participará de 15 a 26 de setembro da 20ª Missão Técnico-Comercial do SIMECS ao exterior. Na oportunidade, os participantes receberam diversas informações sobre os pro-cedimentos de viagem bem como detalhes das feiras a serem visitadas, a Automechanika em Frankfurt e a IAA em Hannover, ambas na Alemanha. A Automechanika é uma feira voltada para o setor automotivo e especializada em equipamentos para oficinas, acessórios para au-tomóveis, reparação de automóveis, plataformas elevatórias, carroçarias, pintura de veículos, entre outros. Enquanto isso, A IAA International é a Feira mais completa da indústria automotiva e terá a exposição de caminhões de carga, ônibus e trailers, logística, equipamento para gara-gem e automóveis. O Sebrae/RS é parceiro do SIMECS nesta Missão.

ELETROELETRÔNICONo mês de agosto o SIMECS realizou importantes reuniões com as empresas do setor ele-

troeletrônico. Os encontros serviram para dar andamento ao plano de trabalho através da re-alização de diagnóstico do setor, visando promover estratégias de desenvolvimento na gestão empresarial, qualidade e mercado. Este projeto conta com a participação do SIMECS e Abinee e a coordenação geral do Sebrae-RS. Após a avaliação do cenário do setor e de dados cole-tados com pesquisa realizada pelo setorial, foi identificada a necessidade das empresas em ampliar mercado, buscar desenvolvimento tecnológico, obter certificações de produtos e de qualidade e, promover uma melhora na qualificação da cadeia produtiva.

PONTO ELETRÔNICO

O SIMECS informa que governo federal prorrogou para 1º de março de 2011 o prazo para as empresas se adequarem à nova regulamentação do Registro de Ponto Eletrônico. As novas regras, previstas na portaria 1.510/09, começariam a vigorar no dia 26 de agosto deste ano. No entanto, a portaria nº 1.987, de 18 de agosto de 2010 publicada no Diário Oficial da União (DOU) estabelece a nova data. Segundo o Ministério da Previdência Social, a prorrogação se deu porque estudo da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) mostrou que poderia haver falta de equipamentos necessários para atender à nova regulamentação. A portaria atinge apenas as empresas com mais de dez funcionários e que utilizam o sistema eletrônico para controlar a jornada de trabalho dos empregados. Esse controle pode ser feito de forma manual (livro de ponto), mecânica (relógios de ponto) ou sistema eletrônico de ponto.

GESTÃO DE VIAGENS CORPORATIVASProfissionais que atuam na área de planejamento de viagens corporativas, secretárias e pro-

fissionais de Recursos Humanos das empresas do SIMECS, participaram no dia 10 de agosto do evento sobre Gestão de Viagens Corporativas. Na oportunidade, o professor Gilmar Gianni, palestrante do evento, esclareceu as noções básicas de como administrar o processo como um todo, maximizando recursos internos e externos da organização, visando eficiência e economia. Gianni que atuou por 22 anos na área de agenciamento de viagens, fez uma contextualização do mercado de viagens definindo o que é viagem corporativa, política de viagens, documen-tação e vistos consulares, tarifas aéreas, hotelaria, locação de carro, seguro viagem e como participar de feiras internacionais.

SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 - Caixa Postal 1334 Fone/Fax: (54)

3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul - Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br - [email protected]

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Natália Bianchi| Percepções I |

Natália Bianchi enxerga em tons de cinza. A visão peculiar vem da acromatopsia, uma rara deficiência visual congênita que, no caso da artista, impede a percepção das cores. Entre o preto e o branco, Natália percebe uma infinidade de tons, através de contrastes de luz e sombra. E prefere a sombra. A claridade, que revela as cores para uma visão comum, ofusca os olhos da artista. O escuro que angus-tia as visões coloridas são para ela a zona de conforto. Natália, que já pintou em cores, iniciou recentemente uma investigação sobre o preto como expressão do seu olhar. O resultado está na exposição Trajetórias de uma Percepção (Veja no Guia de Cultura). É o escuro que toma a tela primeiro. Depois, os claros criam manchas – não para iluminar a obra, mas para destacar a escuridão. As colagens de rendas, presentes da avó, revelam o íntimo da artista. Essas também são cobertas de tinta escura, “até ficar esteticamente confortável”. Na obra ao lado, a renda mostra o seu rosa original. Natália explica: “Se aparece cor, é por um erro da artista que não as enxerga”.

Vivo enganos que crioCrio lama e soterro os pésOs ventos me acariciamEnquanto não andoVenço soluços mas não a guerraGritoEntrego as armasQuebro a armaduraTraio os dogmasNão vençoNão percoMas me liberto.

EQUÍVOCOspor JULIANE CAssINI

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolu-ção). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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por fABIANO [email protected]

e mARCELO [email protected]

ada clássico pode se tornar um jogo histórico. A chance de haver um fato extraordinário, que se instale por mui-tos anos na memória dos dois clubes, fica sempre à espreita na beira do gra-mado, pronta para entrar em campo. Um gol de placa, um frango ou uma goleada. Uma derrota ou uma vitória importante. A classificação ou a elimi-nação de um campeonato. Tudo isso tem um gosto – e um peso – diferente quando acontece justamente contra o maior rival. E marca mais.

O CA-JU deste domingo, 29 de agosto de 2010, às 15h30, já coloca de antemão os dois times diante de uma possibilidade histórica. O Caxias, ven-cendo, ou mesmo empatando, além de pisar mais firme no rumo da Série B, pode dar o empurrão que falta à der-rocada do Juventude. Pode condenar o adversário ao rebaixamento para a humilhante Série D do Campeonato Brasileiro, depois de passar mais de uma década (ainda recente) ofuscado pelo brilho alviverde na elite do fute-bol nacional. O Juventude, vencendo ou vencendo (não há saída) o Caxias, pode se reerguer de seu momento mais dramático em pleno Centenário e ain-da interromper a embalada ascensão do esquadrão grená. Antes das hipóte-ses, porém, vamos aos fatos.

Nem os papos mais pessimistas imaginaram ver o clube na situação em que se encontra atualmente. De técni-co novo, precisando desesperadamente de vitórias – possivelmente três, mes-ma quantidade de partidas que ainda tem a disputar – para permanecer na Série C, o Juventude parece ter todos os astros conspirando contra si. E o pior de tudo é a necessidade de buscar essa reação urgente logo diante do Caxias. Se perder ou empatar, e dependendo do resultado entre Brasil de Pelotas e Chapecoense, o alviverde poderá sair do clássico inapelavelmente rebaixado.

Estatisticamente, vencer será uma tarefa bastante complicada para o elen-co esmeraldino. Desde o início do ano, o Ju ganhou apenas dois jogos: 3 a 2 em casa, sobre o Universidade, em 23 de janeiro; e 4 a 2 contra o Inter-SM, em Santa Maria, em 3 de março, am-bos pelo Gauchão. Depois, só empates e derrotas. Resultados positivos vie-ram apenas em amistosos. A série de três empates – um deles o CA-JU do 1º turno da Série C – e a derrota para a Chapecoense decretaram a demissão do técnico Osmar Loss. Então veio Beto Almeida, “não para apagar um incêndio”, como declarou na chegada, mas para tirar o clube de uma situação terrível. E que situação.

Assim que desembarcou no Ja-coni, muito bem recebido por dirigen-tes – sete ex-presidentes prestigiaram sua contratação –, Beto deu início a um discurso confiante, ressaltando que o time não estava desmotivado, e garantiu: uma vitória contra o Brasil de Pelotas marcaria o início da recu-

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Um QUERsUBIR. OUTRO sóNÃO QUERCAIRSe o Ju vencer o clássico, recupera o prumo para tentar se salvar do abismo da Série D. Se o Caxias vencer, ganha impulso para alcançar a Série B

www.ocaxiense.com.br 1928 de agosto a 3 de setembro de 2010 O Caxiense

peração alviverde na competição e a busca pela classificação. Mas esquece-ram de avisar o adversário. O xavante não tomou conhecimento do Ju, jogou melhor e fez 1 a 0 dentro do Jaconi. A segunda derrota seguida na Série C ampliou para quatro pontos a vanta-gem do Brasil, 4º do Grupo D, sobre o Ju. Uma distância perigosíssima em um torneio com apenas 10 jogos para definir quem sobe de divisão – prati-camente uma Copa do Mundo: a Es-panha disputou sete partidas para ser campeã na África. O Juventude é o lan-terna, em 5º, com apenas três pontos, conquistados nos empates de 1 a 1 com o Criciúma, 0 a 0 no CA-JU e 0 a 0 com o Brasil, em Pelotas.

Depois da derrota na estreia de Beto Almeida, todos foram rapidamente para o vestiário. Treinador e dirigentes fecharam as portas para uma conver-sa de 15 minutos. O novo técnico foi o primeiro a ocupar os microfones que aguardavam na sala de imprensa. Ain-da é possível reverter a situação, disse Beto. As medidas para isso, a partir de agora, passam também por nomes. Alguns jogadores estão pedindo pas-sagem para o time titular. “De forma clara, coerente, vamos analisar isso. As mexidas acontecerão com critério. Trabalhar com perspectiva de rebaixa-mento é normal, já convivi com isso. O Ju não colheu ao longo da temporada os resultados que precisava. Nem 50% daquilo que se pretendia. Nosso tem-po é curto, e a derrota diminuiu ainda mais esse tempo”, analisou o treinador, que estava no Jaconi quando o Ju caiu para a Série B, em 2007. No ano se-guinte o time quase voltou para a elite. Mas, em 2009, depois de uma péssima campanha, despencou mais um de-

grau, para a Série C deste ano.Enquanto Beto falava, o presidente

Milton Scola tirava os óculos, esfrega-va as mãos no rosto e respirava fundo. Finalmente, levantou a cabeça e disse: “Precisamos tirar força de algum lu-gar”.

Essa força alviverde será fun-damental para que Julinho Camargo e seu grupo não entrem para a história como o time que rebaixou o Ju para a Série D. O histórico recente é de vanta-gem grená: o Caxias está invicto há 10 clássicos, desde agosto de 2008. “Está muito difícil. É hora de ver quem realmente pode ficar no barco para as batalhas decisivas. Do-mingo foi um dia mui-to duro. Nunca vi nada igual. Mas, para quem trabalha honestamen-te, temos que encon-trar um caminho que nos leve a algo melhor”, escreveu Scola em sua página no Facebook.

Scola ressalta que as perguntas que lhe são feitas nos últimos dias têm se repetido: “Por que estamos nessa situ-ação, se todos acreditam no trabalho pesado que estamos fazendo?”. O pre-sidente lamenta que a principal área do clube – o futebol profissional – não vá bem. “Patrimônio, administrativo, marketing e categorias de base fazem um trabalho exemplar, dedicado e com resultados expressivos. No profissio-nal, estamos numa situação delicadís-sima. Porém, mesmo assim, é preciso nesse momento identificar aqueles que podem enfrentar a adversidade e dar a

resposta que os juventudistas esperam”, argumenta.

Depois da derrota em Chapecó, Sco-la conta que foi difícil estar no vestiá-rio. “Foi duro. Acho que toda a pressão a partir do jogo com a Chapecoense é que levou nosso grupo a ter essa que-da vertiginosa de rendimento. Quan-to mais pesada a camisa, obviamente, mais difícil de ser carregada”, constata.

Esse trabalho de que fala o presidente papo, quem acompanha o dia a dia do clube sabe, está sendo fei-

to desde que ele assu-miu – sem desmerecer qualquer outra direção que passou pelo Juven-tude. O plano no início do ano era disputar a Série B em 2011. Mas primeiro veio o Gau-chão, e o Ju terminou em 13º entre 16 parti-cipantes. Até então, 14 jogadores tinham sido contratados. Depois, a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil,

com duas derrotas para o Corinthians-PR. E, em seguida, nova reformulação do grupo: 13 atletas não tiveram os contratos renovados e outros 16 foram contratados para a Série C (o volante Tiago Silva foi 15º, e o atacante Jean Coral, o 16º). Como é normal no fute-bol, a má fase serve, também, para que algumas críticas tomem proporções maiores. Principalmente de parte da torcida. É o que está acontecendo no Jaconi. Depois da derrota para o Bra-sil de Pelotas alguns papos ocuparam o portão 3 e a grade lateral da saída das cadeiras para desabafar com os diri-

gentes.Afinal, os torcedores sabem que ago-

ra o Ju deve fazer o que não fez nes-te ano: vencer três partidas seguidas, sendo duas fora de casa. Depois do CA-JU deste domingo, a Chapecoense desembarcará no Jaconi no dia 5 de se-tembro. Na última rodada, o alviverde irá a Santa Catarina para enfrentar o Criciúma, no dia 19 de setembro. “Não planejamos essa situação. Nosso gru-po tem qualidade, e a campanha era para ser melhor, mas não vencemos. O CA-JU será decisivo, um jogo que terá pressão desde o início. Teremos de estar muito atentos se quisermos ven-cer”, diz o volante Tiago Silva, um dos jogadores mais experientes do Ju, que disputará seu segundo clássico.

Para se livrar do descenso com as próprias forças, o Juventude precisa pensar somente em vitórias. Se empa-tar uma partida, terá de torcer para que a Chapecoense perca seus três últimos jogos (Brasil fora, Ju fora e Caxias em casa). Ou, ainda, secar Brasil, Caxias e Criciúma para que um deles não ganhe mais um jogo sequer. Se depender do esquadrão grená, que está no páreo para conquistar uma das duas vagas à próxima fase da competição, essa pos-sibilidade pode ser considerada muito remota.

O Juventude tem motivos para estar mais preocupado do que o Ca-xias. Mas os grenás também estão com a calculadora na mão e revisando o planejamento estratégico. Na semana de preparação para o clássico, o trei-nador Julinho Camargo repetia o que dizia no início da Série C: “Nosso ob-jetivo é vencer todas em casa”. Neste campeonato, Chapecoense e Criciúma

Primeiro clássico pela Série C, no dia 1º de agosto, no Jaconi, foi marcado pelo equilíbrio, terminando em zero a zero

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“O CA-JU será decisivo, um jogo que terá pressão desde o início. Teremos de estar muito atentos se quisermos vencer”, dizTiago Silva, do Ju

já sucumbiram no Centenário. O pró-ximo da lista é o Juventude. “Não nos interessa o empate em casa, seja contra quem for, senão vou ter de recuperar esses pontos nas partidas fora de casa”, reitera Julinho.

Quis o destino que Caxias e Juven-tude se enfrentassem em condições tão díspares. É como se o Tio Patinhas ti-vesse caído do cavalo, lhe tivessem sur-rupiado todas as economias depois da queda, e agora o azarado Pato Donald é que estivesse à beira da fortuna. É um clássico valiosíssimo para os grenás. Vale bem mais que 3 pontos. Vale a oportunidade de colocar o maior rival um degrau abaixo de si, ou até dois, se subir para a Série B e o Ju afundar à Série D.

Na tarde de terça-feira (24), enquan-to Julinho dava suas instruções aos jo-gadores, repetindo jogadas, testando formações diferentes, um senhor de ca-belos brancos como a neve caminhava em direção ao Centro de Treinamentos da Baixada Rubra. Alceu Fassbinder, presidente do Conselho Deliberativo, é mais um daqueles que se entregam de corpo e alma ao clube. Ele já vivenciou na pele o que os papos estão sentindo. Não só o iminente rebaixamento, mas uma situação tensa e desesperadora que parece não ter fim.

Num bate-papo informal, Fassbin-der lembrou de momentos infernais do Caxias. E disse, com toda a tran-quilidade, sem rancor, como alguém que aprendeu com o tempo: “Tem mo-mentos em que a gente não tem saída. E acaba escolhendo quem pode, e não quem quer”.

Engana-se quem pensa que Fas-sbinder está comemorando antes da hora ou tripudiando a má fase do al-viverde. “Eu acho ruim para a cidade se o Juventude cair. O melhor seria o Caxias e o Juventude subirem e o Grê-mio cair para a B. Aí sim nós teríamos um monte de clássicos”, sorri. Quem também dribla a ideia de desforra é o volante Edenílson. Um dos destaques do Caxias na temporada, o homem que tem pavor do frio e não perde uma piada pronta vira um cara sério sem-pre que o assunto é a bola rolando. “Vamos respeitar o outro lado, porque temos amigos lá. Mas temos de pensar em nós. Vamos jogar em casa e temos de vencer, porque isso vai nos ajudar a classificar. Vamos jogar pra cima deles”, avisa Edenílson.

Seriedade é uma palavra que ronda o Centenário e transita fácil por todos os cantos do ninho do Falcão Grená. Começa lá em cima na diretoria, passa por todas as salas da administração e adentra o gramado. Em campo, todas as atenções estão em Marcelo Costa. O meia não é apenas a referência prin-cipal do time, mas o jogador que em um passe pode mudar uma partida. Ele reconhece sua responsabilidade. E o melhor, não foge dela. Talvez seja por isso que o perfil do Caxias, hoje, seja de um clube vencedor. O time pode não ter encantado a torcida (ainda) como fizera no Gauchão, mas cada um sabe o seu papel e não passa adiante a tare-fa. “Eu sei que o Caxias me contratou principalmente por causa da Série C. É a principal competição do ano e tenho que honrar o compromisso que assu-

mi com o clube e o presidente Osvaldo Voges”, ressalta Marcelo Costa, que se diz recuperado da lesão que o incomo-dava.

Há quem diga que ele ainda não é o Marcelo Costa do Gauchão. Julinho Camargo explica, di-zendo que o capitão do Caxias já estava acostumado à forma como jogava Cristian Borja, referência do ataque grená que foi parar no Flamengo. E leva um tempo para Marcelo ajustar-se aos novos atacantes, como Aloísio e Adriano, que vinham jogando como titulares. E tem outra, Aloísio está de fora do CA-JU, suspenso. Juli-nho antecipara ainda na terça que tra-balhava com duas possibilidades para a vaga de Aloísio. Ou Palácios, o gran-dalhão que quase fez um gol no finalzi-nho do CA-JU no Jaconi, ou Balthazar, que vem entrando bem na Copa Enio Costamilan.

“Não vou dizer para os meus jogadores jogarem mais ou menos porque, se vencermos, o Juventude pode ser rebaixado. Se o Juventude cair é ruim para a cidade. E se o jogo terminar empatado vai ser duplamente ruim, porque não ajuda muito o Juven-tude e ainda pode nos atrapalhar para classificar. O Caxias quer vencer, por-que precisa”, enfatiza o presidente gre-ná, Osvaldo Voges. “Essa situação do

Juventude não foi construída por nós e não será por nós destruída.”

No treino de terça, Julinho, apoiado em uma das placas de patrocínio, ad-mirava o Centenário. Lá debaixo do campo, olhava para a arquibancada va-

zia e a imaginava cheia de torcedores grenás. “Jogamos 10 partidas aqui. Vencemos oito e empatamos duas. Espe-ro que o torcedor moti-ve o time, como sempre tem feito. Vai ser um jogo difícil, com altos e baixos, mas espero que a todo instante o torce-dor ajude a equipe, seja quando estiver bem, em cima do Juventude, seja quando sofrer alguma pressão”, diz o técnico.

“Espero mobilização máxima. Porque está em jogo mais do que um simples CA-JU, se é que dá pra se dizer que o clássico é um simples jogo. É pratica-mente uma decisão. Espero um CA-JU pegado, de muita dificuldade, mas de casa cheia. Se o tempo ajudar, é jogo para 15mil pessoas”, acredita Voges.

Mas não é preciso falar em números para explicar o que significa este clássi-co. Na rua, na mesa do bar, na história oral do mundo da bola, o CA-JU deste domingo entrará para a história como um dos mais importantes desde que o alviverde disputou uma partida contra o então chamado Flamengo. Está em jogo a corneta que poderá ressoar por décadas a fio. Ou a redenção mais glo-riosa que se possa imaginar.

Júlio Madureira, atacante alviverde, já marcou em um CA-JU. Mas foi quando defendia as cores do Caxias, em 2009, pelo Gauchão

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“Essa situação do Juventude não foi construída por nós e não será por nós destruída”, diz o presidente do Caxias, Osvaldo Voges

l Caxias x Juventude | Domingo, 15h30 |

O Ju vai para o tudo ou nada. As duas prováveis formações do alviver-de: no 4-4-2, Jonatas; Celsinho, Rafael Pereira, Fred e Calisto; Umberto (Tia-go Silva), Júlio César, Marcos Paraná (Christian) e Cristiano; Jean Coral (Ismael Espiga) e Fausto; no 3-5-2, Jo-natas; Rafael Pereira, Bruno Salvador e Fred; Celsinho, Umberto (Tiago Silva), Júlio César, Marcos Paraná (Chris-tian) e Calisto; Jean Coral (Ismael) e Fausto. O Caxias, mais tranquilo, deve entrar com Fernando Wellington; Alisson, Anderson Bill, Cláudio Luiz e Edu Silva; Itaqui, Edenilson, Marcelo Costa e Renan; Adriano e Balthazar (Palácios). Estádio CentenárioTorcida grená: arquibancada R$ 15, acompanhante de sócio R$ 20, cadeira R$ 30, estudantes, pessoas acima de 60 anos R$ 7. Para os papos: R$ 30. Estu-dantes e pessoas acima de 60 anos R$ 15 | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

l futebol Sete master | Sábado, 10h45 |

A Randon precisa só de um empate com o Master para chegar à final. Centro Esportivo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l futebol Série B | Sábado, 15h e 17h |

A Fras-le tenta manter sua invenci-bilidade contra a Suspensys. Centro Esportivo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l 8ª Copa ipam de futsal femini-no | Sábado, 19h, 20h, 21h e domingo, 9h, 10h e 11h |

Com 100% de aproveitamento, a ACBF pega o União Caxias domingo.

Escola Santa Catarina e uCSEntrada gratuita | Santa: Matheo Gia-nella, 1.160, Santa Catarina; UCS: Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petró-polis

l Campeonato de Boliche da 2ª Semana da Juventude | Sábado, 15h30 |

Os jogos, que deveriam ocorrer no último final de semana, foram trans-feridos para este sábado. Portal BowlingInscrições: R$ 30 por equipe. Entrada gratuita | RS-453, Km 2, 4.140, Shop-ping Martcenter | Mais informações, 3220-5758

l Campeonato Citadino de Bas-quete Adulto masculino | Do-mingo, 14h e 15h30 |

O time que ganhar automaticamen-te se classifica para o play-off final.Recreio da JuventudeEntrada gratuita | Rua Atílio Andrea-zza, 3525

l Campeonato Estadual de Bas-quete em Cadeira de Rodas | Do-mingo, 9h, 11h, 16h e 18h |

A equipe CIDeF/UCS, atual cam-peã, disputa as finais. Ginásio da Sociedade Recreativa Amigos de GalópolisEntrada gratuita | Edwiges Galló, 160, Galópolis

l Campeonato Gaúcho Sub-15 masculino | Quarta, 1 de Setembro, 14h30 |

Os meninos da UCS e do Clube Juvenil se enfrentam em mais um confronto pelo campeonato. No con-fronto direto entre os times caxiense, o retrospecto favorece os meninos da universidade. Ginásio Poliesportivo da uCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis

Guia de EsportesfuTEBOl

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[email protected] José Eduardo Coutelle

CIDeF/UCS defende o título estadual neste domingo

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Renato [email protected]

“Caxiense” nascido em Farroupilha, o general José Carlos De Nardi foi nomeado pelo presidente Lula chefe do recém-criado Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. A posse será no próximo dia 6, em Brasília.

De Nardi estava na reserva. Foi reconvocado a pedido do ministro Nelson Jobim, da Defesa. Vai coordenar as ações em conjunto do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não é pouca coisa. Poderá ser o interlocutor de Caxias do Sul em reivindicações futuras – como a saída da área central da cidade da atual sede do 3º GAAAé.

Jaqueline, filha do deputado federal Ruy Pauletti (PSDB), entrou na campa-nha pela reeleição do pai. Em e-mails disparados a internautas da cidade, ela defende que Pauletti não é um político tradicional, mas “um professor que agora está político”.

São Paulo e Rio Grande do Sul, últi-mos redutos de vantagem de José Serra, caíram na pesquisa Datafolha desta semana.

Não há levantamentos específicos (apesar da proliferação este ano de pesquisas sobre as intenções de voto do eleitorado), mas Caxias do Sul deve ter acompanhado a tendência.

Diante do anúncio de nova paralisa-ção da categoria, a partir desta segunda-feira, a secretária da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, apela aos médicos da rede municipal que tenham cons-ciência e evitem prejuízo à população. “Para que a comunidade não seja muito prejudicada”, argumenta.

O problema é medir o tamanho do prejuízo diante da intransigência das partes envolvidas – Sindicato dos Médi-cos e prefeitura.

Antes do término de seu mandato, Lula deve vir ao Estado para inaugurar seis campi de universidades federais em Rio Grande, Jaguarão, Santa Maria, Dom Pedrito, Palmeira das Missões e Frederico Westphalen.

Não estaria faltando uma cidade nessa lista?

Prefeitura inaugura neste sábado o complexo esportivo da zona norte da cidade, menina dos olhos do secretá-rio de Esportes, Felipe Gremelmaier.

Com quadras para a prática de esportes, pistas de atletismo, ciclovia e

outros itens, o complexo é fator deci-sivo para a inclusão social de jovens a um custo/benefício bem mais razoável do que qualquer investimento que o município deva fazer para tornar Ca-xias do Sul campo base da Copa 2014.

Proposta da vereadora Denise Pessôa (PT), que busca penalidades aos que cometerem qualquer tipo de violên-cia moral no serviço público, não é exatamente uma novidade. Há muito na pauta de reivindicações do Sindicato dos Servidores Municipais, projeto se-melhante foi apresentado, em 2001, pelo então vereador Alceu Barbosa Velho.

E este ano o tema forma o item 5 da pauta de campanha salarial do Sindi-serv.

Programa do Ministério da Cultura, o Pontos de Cultura teve menos propostas do que recursos disponíveis. Ao todo, foram oito proponentes habilitados pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Há dinheiro para até 10 projetos.

Os objetivos do programa afasta-ram propostas superficiais: só podiam participar entidades, sem fins lucrativos e com histórico de atividades culturais, cujo trabalho contribua para a inclusão social e a construção da cidadania ao gerar emprego e renda ou ao fortalecer as identidades culturais.

Financiamento público de campa-nhas?

A tão defendida tese, na verdade, já está em prática. Candidatos em busca de reeleição colocam nas ruas seus as-sessores – cujos salários são pagos pelo contribuinte.

O vice-prefeito Alceu Barbosa Velho, candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa, argumenta que não participou do coquetel para a escola Helen Keller e que tampouco sabia que a instituição estava sendo homenageada durante aquela sessão da Câmara de Vereadores:

“A gente sempre está envolvido e ajudando. Sempre ajudei a escola e participei ativamente das promoções deles, mas para a cerimônia eu nem sabia”, explica.

Maria Alice jura que tudo não passou de um engano. “Pediram para agradecer Kalil e Alceu, que sempre foram colaboradores da escola e da sociedade”, defende. Os dois candida-tos do PDT demonstram irritação ao comentar o ocorrido. Segundo o de-putado estadual Kalil Sehbe Neto, que busca uma vaga na Câmara Federal,

prender-se a um “erro de expressão” é coisa de pessoas mal intencionadas:

“Isso deve vir de pessoas que pensam pequeno e se prendem em picuinha. Em vez de se prenderem em pedir cópia de fita e pedir retirada dos anais, deveriam ajudar a escola Helen Keller”, disse à repórter Valquíria Vita, d’O Caxiense.

O diretor da Câmara de Vereado-res e também presidente do diretório municipal do PDT (que apoia a can-didatura Alceu), Luiz Carlos Muniz, confirma que foi um dos patrocinado-res do coquetel:

“Estão dando mais valor a isso do que a outras coisas muito mais impor-tantes de uma campanha. Não houve nada de irregularidade. Todo mundo sabe que em momentos de campanha não se patrocina. Seria muita ingenui-dade”, afirma Muniz.

O presidente da Câmara, Harty Moisés Paese, aceitou o pedido de reti-rada do trecho do discurso da diretora da Escola Helen Keller, Maria Alice Rodrigues, no dia 17. Ela agradeceu a Kalil Sehbe e Alceu Barbosa Velho pelo patrocínio – que poderia se consi-

derado crime eleitoral, se confirmado – do coquetel oferecido pelos 50 anos da escola.

“Deferi porque é direito dela, o ho-menageado pode revisar seu pronun-ciamento. Quem se sente prejudicado que faça denúncia”, diz Paese.

O fracasso de público de Caxias do Sul – Tradição e inovação de um Povo revela outra faceta da cidade, esquecida pelos realizadores do filme: a indiferen-ça (ou estagnação) cultural.

De qualquer forma, poltronas vazias não devem significar prejuízo à produção. Que cobriu seus gastos com patrocínios prévios.

A desenvoltura com que tem circu-lado nos meios empresariais caxienses não deixa dúvidas: o ex-vice-presidente do Conselho de Administração da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, poderá ter cargo no primeiro escalão de um eventual governo Dilma Rousseff. A afinidade entre ambos vem de longa data.

Estado-maior Conjunto

Em campanha

A favor da maré

Greve da intransigência

Campi federaisCusto benefício

Sempre na pautaPontos de inclusão

Campanha pública

Ajuda e envolvimento

Erro de expressão

Sem irregularidades

fora dos anais

Tradição e indiferença

Cotado

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Se não ganharmos no TSE, vamos ganhar no Supremo

Vereador mauro Pereira (PmDB), cuja candidatura está impugnada, ao anunciar que a partir desta segunda-feira sua campanha a deputado

federal estará nas ruas.