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Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 45 | R$ 2,50 |S9 |D10 |S11 |T12 |Q13 |Q14 |S15 Histórias para acordar Em grande número na Feira do Livro, crianças ensinam os adultos a ler André T. Susin/O Caxiense O preço da derrota: o desabafo e os planos dos líderes locais que fracassaram nas urnas | Renato Henrichs: a rearticulação das siglas após as eleições | Roberto Hunoff: a expectativa para o Dia da Criança Um sindicalista poderoso, um médico compenetrado, um advogado tradicionalista, uma professora recatada e uma filósofa inquieta defenderão os interesses da cidade na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa QUEM REPRESENTA CAXIAS

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Um sindicalista poderoso, um médico compenetrado, um advogado tradicionalista, uma professora recatada e uma filósofa inquieta defenderão os interesses da cidade na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa

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Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 45 | R$ 2,50|S9 |D10 |S11 |T12 |Q13 |Q14 |S15

Histórias para acordarEm grande número na Feira do Livro, crianças ensinamos adultos a ler

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O preço da derrota: o desabafo e os planos dos líderes locais que fracassaram nas urnas | Renato Henrichs: a rearticulação das siglas após as eleições | Roberto Hunoff: a expectativa para o Dia da Criança

Um sindicalista poderoso, um médico compenetrado, um advogado tradicionalista, uma professora recatada e uma filósofa inquieta defenderão os interesses da cidade na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa

QUEMREpRESEntACAxiAS

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2 9 a 15 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Comércio tem previsões animadas para o Dia da Criança

O sindicalista | 5Assis Melo promete manter em Brasília o discurso que o tornou conhecido nas greves de Caxias

O médico | 7Pepe Vargas, mais preocupado com o trabalho do que com a própria saúde, continua em campanha

O advogado | 9Alceu Barbosa Velho leva a bombacha e a autoconfiança para a Assembleia

A professora | 11Maria Helena sai novamente dos bastidores para ser protagonista no Legislativo gaúcho

A filósofa | 14Marisa Formolo aprofunda as questões que considera importantes na Assembleia

Artes | 16O presente de uma canção e a escadaria da fé

Ler e multiplicar | 17Na Feira do Livro, as melhores lições de incentivo à leitura são infanto juvenis

Guia de Cultura | 18Som pesado em DVD e letras leves no papel

Guia da Feira do Livro | 19Lançamento de uma história que não acontece e autógrafos de best-sellers

Lamento das urnas | 20Políticos caxienses de expressão analisam a derrota e reavaliam o futuro

Dupla Ca-ju | 21Quem sai, quem fica e quem negocia no Juventude e no Caxias

Guia de Esportes | 22A bola laranja é a estrela das quadras

Renato Henrichs | 23O PT vai presidir a Câmara? Daniel Guerra sairá do PSDB? O reflexo local das eleições

www.OCAxiEnSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio Boffimpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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Agradecemos | Mateus Boff, que não era candidato a nada, mas anda sempre bem alinhado.

Erramos | Na página 23 da última edição, o nome do vereador comunista – agora eleito deputado federal – Assis Melo foi grafado equivocadamente como “Alceu Melo”. O Alceu destas eleições é o Barbosa Velho, também eleito – só que para a Assembleia.

Fotos: André T. Susin/O Caxiense | Kalil: Mar-cos Eifler, Agência AL, Divulgação/O Caxiense

@joaodorlan @ocaxiense Disparado a maior cobertura das eleições em Caxias do Sul. Parabéns, continuem ousados e arrojados. Os leitores agradecem. #eleições2010

@duani_lima @ocaxiense o único jornal da Serra que informou com eficiência e agilidade a apuração das urnas. Parabéns! #eleições2010

@_Smk93_ @ocaxiense Parabéns novamente pela ótima cobertura, excelente! Nunca tinha visto disso, impecável! #eleições2010

@acpricchetti @ocaxiense Muito obrigada! Parabéns pela excelente cobertura nas eleições! #eleições2010

@anahifros Sem exageros, incrível a cobertura das eleições do jornal @ocaxiense. Nem uma ou outra falha técnica desmerecem todo o esforço. Nota 10! #eleições2010

@Dj_Danuza Parabéns pro @ocaxiense pelo show de cobertura!!! Se bem que o dia já foi cheio de parabéns e elogios pra equipe toda =D #eleições2010

@Elviz_ @ocaxiense Parabéns pela excelente cobertura…Jornalismo profissional!!! #eleições2010

@insightcxs parabéns ao @ocaxiense pela informação minuto a minuto da apuração dos votos. #eleições2010

@kulmann @ocaxiense como sempre, dando show de cobertura… continuem assim #eleições2010

@cristiansr Parabéns @ocaxiense excelente a cobertura das eleições, rapidez, agilidade e muita imparcialidade. Parabéns a toda a equipe. #eleições2010

Parabéns ao O Caxiense pela melhor cobertura das eleições 2010, com rapidez e agilidade,

nos trazendo informação a cada minuto!

Kely Melo

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O diretor-presidente da Compa-nhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), Ademir Milton Piccoli, destacou na reunião-almoço da CIC a criação de serviços de internet em sua gestão, como a Delegacia Online, a Matrí-cula Online e Remédio em Casa.

Um passeio virtual pela Praça Dante Alighieri e arredores no ano de 1910, com o uso de tecnologia de realidade virtual está dispo-nível no Museu Municipal (Rua Visconde de Pelotas, 586, Centro) desde o dia 5 de outubro, das 9h às 17h, e até o dia 30 deste mês.

Foram acionados na terça-feira semáforos com tempo fixo de 15 segundos para travessia de pe-destres nos cruzamentos da Rua Moreira César com a Avenida Rossetti e da Rua Moreira César com a Rua Visconde de Pelotas.

procergs

passeio virtual

trânsito

Greve na Lupatech

Economia

Calendário de eventos

Zona Azul

Festival de Blues

Ocorrências, remédios e matrículas pela internet

Conheça a Caxias do Sul de 1910

Semáforos para pedestres são instalados

Simecs pede reflexãosobre ppR

plastech terá o dobro de expositores

Atividades de final de ano são apresentadas

Recomendação éguardar tickets

Spaghetti lança documentário

QUintA | 7 outubro

SExtA | 1º de outubro

QUARtA | 6 de outubro

SEGUnDA | 4 de outubro

tERÇA | 5 de outubro

www.ocaxiense.com.br 39 a 15 de outubro de 2010 O Caxiense

O Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste (Simplás) programou para o perío-do de 16 a 19 de agosto do ano que vem a realização da terceira edição da Plastech – Feira de Tecnologias para Termoplásticos e Termofixos, Moldes e Equipamentos, em Caxias do Sul. A meta é de alcançar a marca de 400 expositores, representando 700 marcas, o que representa o dobro dos números da edição de 2009.

Na sexta (8), no Café Literário, as Secretarias da Cultura, Turismo e Grupo de Trabalho Caxias 2010 lançaram a 5ª edição da revista com a programação para os meses de outubro, novembro e dezem-bro, durante a Feira do Livro.

A Semanaeditado por paula Sperb [email protected]

O Ministério Público de Caxias do Sul reconheceu que não é válida a prorrogação do contrato feito entre Município e a Rek Parking, empresa responsável pelo estacionamento pago na cidade, o Zona Azul. Até que haja a decisão final, o promo-tor Adrio Gelatti recomenda que os clientes do Zona Azul guardem os tíquetes que comprovam despesas com a Rek Parking, pois a empresa poderá ser obrigada a ressarci-los.

O documentário Hey Blues!, sobre o Blues Fetsival de 2009, deve ser lan-çado no final deste mês pela Spaghetti Filmes. Foram mais de 15 horas con-densadas em um filme de 40 minutos.

Reunidos em assembleia na manhã de quinta-feira (7), os trabalhado-res da Steelinject e da Microinox, empresas do Grupo Lupatech, aceitaram a proposta da diretoria e encerraram a paralisação, após dois dias sem trabalhar. Mas o protesto poderá provocar outro tipo de rea-ção: o sindicato patronal quer fazer uma reflexão sobre o pagamento de PPR aos empregados do setor. Os operários das empresas que parali-saram receberão R$ 250 de Plano de Participação dos Resultados (PPR).

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Roberto [email protected]

Existe, atualmente, em Caxias do Sul, defasagem de 3,5 mil vagas em creches públicas para atender crianças de zero a seis anos. Foi o que revelou o frei Jaime Bettega, um dos coordenadores do pro-jeto Mão Amiga. Ele esteve na reunião-jantar desta semana do Simplás pedindo que o empresariado reverta parte do Imposto de Renda, permitido em lei, para o projeto, que já atende 586 crianças em 14 escolas parceiras. Pela iniciativa o valor das mensalidades, inferior ao praticado pelo mercado, é dividido de forma igual entre os pais dos alunos e a entidade que mantém o projeto. O religioso lembrou que, futuramente, apoio para ações como esta passarão a ser regradas pela ISO 26.000, que trata da responsabilidade social das empresas.

Estão abertas até sexta-feira (15) as inscrições para o Programa Mulher Aprendiz, que objetiva a o treinamento e capacitação de mão de obra feminina para atuar em diversos serviços na construção civil. Podem participar mulheres com 18 anos ou mais, interessadas em qualificar-se profissionalmente na área. O curso terá início no dia 18 e se desenvolverá até o mês de novembro. Existem 120 vagas e as selecionadas receberão vale-transporte, recreacionista e lanche para os filhos (caso necessário). Ao término do curso serão contratadas 30 mulheres. As inscrições devem ser feitas na RPP Construtora - Rua Dom José Barea, 2000.

As vendas nacionais do varejo de material de construção cresce-ram apenas 1,5% em setembro na comparação com igual mês do ano passado e ficaram estáveis em rela-ção a agosto último. Os dados são da Associação Nacional dos Co-merciantes de Material de Cons-trução. No ano, o setor acumula alta de 10,6%% e, em 12 meses, de 9,5%. A expectativa é de retomada forte nos três meses finais do ano, principalmente pelo fim da isenção do IPI sobre produtos do setor a partir de 30 de dezembro. Os pre-ços tendem a subir até 8,5%.

Reforçar a atuação em mercados locais já atendidos, como São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul, e no Exterior, é uma das metas da Qualyto-ol Consulting Group para o ano que vem. Outra estratégia, a partir da in-corporação de uma empresa, contem-pla o fortalecimento da imagem do

grupo como instituto de pesquisa, o Research Center. A empresa caxiense, que completa sua primeira década neste ano, tem como meta elevar o faturamento em 80%. Além do Brasil, Angola e Cabo Verde, a companhia tem clientes em Moçambique, na Argentina e nos Estados Unidos.

A Keko Acessórios acelera o pro-cesso de transferência de sua nova unidade em Flores da Cunha. Até o fim do mês os 428 colaboradores terão conhecido a fábrica, em ação que visa integrar e familiarizar a equipe ao novo espaço. A mudança deve se iniciar na última semana de outubro, e a inauguração está programada para abril de 2011, coincidindo com o aniversário de 25 anos da empresa.

Pelo segundo ano consecutivo, a Faculdade Fátima foi premiada com o Selo de Instituição Socialmente Responsável, concedido pela Asso-ciação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior. A distinção, válida por um ano, deu-se pela participação da instituição no Dia da Responsa-

bilidade Social, comemorado em 25 de setembro. Nesta data, mais de 80 voluntários, entre estudantes, pro-fessores e funcionários da Faculdade Fátima, envolveram-se em atividades e prestação de serviços gratuitos à co-munidade do bairro Aeroporto, num total de 1.237.

O consumo de aço no Estado deve crescer em torno de 54% neste ano, totalizando 1,7 mi-lhão de toneladas. Deste volume, Caxias do Sul consumirá perto de 50%, estima o presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antônio Fernandes Martins. A caxiense PCP Serviços de Corte em Aço, fornecedora do seg-mento, já apura alta de 59% no processamento de bobinas.

É cada vez maior o descontenta-mento de lideranças empresariais de Caxias do Sul com os valores de energia elétrica cobrados pela RGE, concessionária que atende as demandas na Região. Projeta-se que os custos sejam até 25% supe-riores aos das demais empresas, como AES Sul e CEEE. De acordo com Orlando Marin, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste (Simplás), o custo da energia, em muitos casos, supera o valor pago à mão de obra industrial. Uma das saídas, que deverá ser reforçada em 2011, é a compra de energia no mercado livre.

A pizzaria Nella Pietra abriu sua operação no Iguatemi Caxias do Sul com novidades: estreou o sistema de rodízio e instalou uma brinquedoteca. Mas no espaço com capacidade parta

200 pessoas também oferecerá o aten-dimento a la carte. Anexo à pizzaria funcionará a restaurante La Vaca Del Sur, com cardápio montado a partir da tradicional cozinha de Buenos Aires.

Este final de semana deverá ser ca-racterizado por movimento adicional nas lojas e supermercados da cidade. Tudo por conta do Dia da Criança, uma das datas mais representativas do comércio. A CDL trabalha com

estimativa de crescimento de 7% a 10% e de gasto médio de R$ 70. O ce-nário desenhado pelo Sindilojas é bem mais otimista. Trabalha com índice de crescimento médio de 15%, havendo estabelecimentos apontando até 30%.

Já os supermercados gaúchos esperam vendas até 8% maiores. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, atribui a expectativa ao baixo preço dos brinquedos, em média de R$10, e à variedade de opções. Segundo a

Agas, 70% dos brinquedos comer-cializados nos supermercados do RS são importados. A projeção é que as vendas de produtos relacionados ao Dia das Crianças representarão, em média, 3% do faturamento total dos supermercados gaúchos em outubro.

O custo da Cesta de Produtos Básicos aumen-tou 2,49% em setembro na comparação com agosto, chegando muito perto dos R$ 482. Em valores absolutos o índice representa R$ 11,99 adicionais. O dado consta de levantamento rea-lizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Caxias do Sul. A alta foi puxada pela área de alimentos, com 3,03%, com destaque para derivados de farinha de trigo: pão caseiro, com variação de 29,10%; e pãezi-nhos, 10,63%. Também houve elevação na maçã, 29,37%; frango inteiro, 8,53%; e cerveja, 7,08%. A alface registrou a maior queda de preços, na ordem de 17,80%, seguido pelo feijão preto, com 9,82%. Já os produtos não alimentares aumenta-ram 0,44%. Destaque para o creme dental, que ficou 7,21% mais barato no período.

A Universidade de Caxias do Sul inaugurou, esta semana, o Labora-tório de Caracterização de Mate-riais 2, espaço que complementará e ampliará as pesquisas acadêmicas e cooperações com o setor produ-tivo de Caxias e região na área da engenharia de superfícies. De acor-do com o coordenador do Progra-ma de Pós-Graduação em Mate-riais, Israel Jacob Rabim Baumvol, os alunos não precisarão mais se deslocar aos grandes centros para o desenvolvimento de pesquisas. Os equipamentos foram adquiri-dos com recursos provenientes do CNPq e de um convênio entre a UCS, CIC de Caxias e sindicatos patronais associados. O convênio possibilitará, no futuro, a implan-tação de infraestrutura física da seção UCS do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies.

Faltam vagas

Vagas para mulheres

Freada

Expansão

transferênciaReconhecimento

Acelerada

Energia cara

Duas em uma

Alegria do comércioAlimentação encarece pesquisa

9 a 15 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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A Microempa e a Faculdade Anglo-Americano realizam o curso de Marketing Estratégico para Micro e Pequenas Empresas. A ação, exclusiva para associados da entidade, ocorrerá de 13 de outubro a 11 de novembro, no auditório da Microempa, à noite.

A pit Comunicação e Marketing ampliou sua carteira de clientes com a incorporação da Agrimar. As ações se-rão estendidas para as 11 filiais da rede

espalhadas pelo Rio Grande do Sul. A Agrimar é líder no mercado agrícola gaúcho, atuando na comercialização de máquinas e implementos.

Danos e assédio moral no âm-bito trabalhista será o tema central da reunião-almoço de quarta-feira (13), da CIC de Caxias do Sul. O assunto será apresentado pelo advogado Mau-ro Abreu Cunha, especialista na área trabalhista.

Curtas

Data dos importados

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por MARCELO [email protected]

primeira sessão da Câmara de Vereadores após a eleição parecia um tedioso ensaio de uma peça de teatro. Em cena, atores em descompasso, acometidos de uma ressaca pós-eleitoral. Mas, dos três membros da Casa que concorreram este ano, apenas Assis Melo (PC do B), 48 anos, teve motivos para come-morar. Os demais foram parabenizados pela tenta-tiva com tapinhas nas costas e dizeres como “vamos em frente, quem sabe na próxima”. Por vezes se tinha a impressão de que a mesma frase ressoava pelo au-ditório praticamente vazio. Não fosse pela presença de uma dezena de voluntários da Casa Lar Filipe, declarada de Utilidade Pública por um projeto da vereadora Geni Peteffi (PMDB), e aprovado pelo si-lêncio da unanimidade, no conhecido “quem cala, consente”, o plenário teria quórum ainda mais reduzido.

Mas na plateia havia gente interes-sada em ouvir Assis Melo se pronun-ciar. Numa das primeiras filas, um senhor de cabelo e bigode alvos como a neve acenava positivamente com a cabeça sempre que algum parlamen-tar elogiava a expressiva votação de Assis. O novo deputado federal, por sua vez, permanecia em silêncio, ora debruçado sobre a mesa (se o nobre par merecia mais atenção, ou reve-rência sua), ora esparramado na ca-deira (acaso tivesse menor interesse por quem o elogiava). Assis foi o último a ocupar a tribuna antes da abertura das votações do dia. Agra-deceu a todos que se envolveram na campanha, os votos recebidos, reafirmou seu compromisso com a luta pelos direitos dos trabalhadores e se disse orgu-lhoso por repetir o feito de um nobre par do passado, Nadir Rossetti, que também saiu da Câmara de Ve-readores para a Câmara dos Deputados.

Quando voltava para o seu lugar, Assis foi inter-pelado pelo admirador grisalho. “Somos amigos da luta do sindicato e trabalhamos juntos na Marco-polo. Vim aqui dar um abraço nele. Espero que ele defenda o direito dos trabalhadores e dos aposenta-dos, e lute ainda por habitação, educação e reforma da previdência”, pedia Luis Valdo do Nascimento, 59 anos. Luis deixou a Câmara logo após o pronuncia-mento de Assis. Não viu o fim do primeiro ato pós-eleição. Estava satisfeito com a melhor cena da noite, que aplaudiu silenciosamente como se reverenciasse a Júlio César, o imperador romano.

Mesmo formado dentro do partido comu-nista e dedicado às causas dos trabalhadores, Assis tem perfil de imperador. É temido pelos fura-greve e pelos empresários. Não dá um passo à frente sem antes checar a estratégia definida para cada situação. Anda sempre cercado de assessores e conselheiros que podem lhe ajudar a confirmar suas escolhas. Mas, no final das contas, é preciso personificar a ação. É preciso dizer que sem Assis nada teria sido possível. Há quem sustente que a Randon serviu de escada para sua candidatura à Câmara dos De-putados. O resultado nas urnas parece referendar a desconfiança da época. “Aquilo tudo foi tudo en-

cenado...”, acusa Getulio da Silva Fonseca da Silva, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).

Getúlio se refere à greve promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos, capitaneado por Assis Melo, que paralisou a Randon em fevereiro deste ano. “Tudo foi planejado, até a prisão do Assis. A gente disse pra ele que sabia das suas intenções de ser candidato, mas que não precisava chegar àquele ponto. Porque ia pegar mal para ele...”, lembra Getúlio.

A greve da Randon foi motivada pela desconfian-ça do Sindicato dos Metalúrgicos quanto ao valor a ser pago a cada funcionário da empresa por conta do Programa de Participação de Resultados (PPR). Assis achava o valor muito baixo (cerca de R$ 70) em comparação ao prêmio concedido por outras empre-sas do grupo, como a Fras-le, Suspensys, Jost e Mas-

ter (próximos a R$ 1 mil, segundo o sindicato). A cena da prisão ocorreu no dia 12 de fevereiro, quando Assis Melo foi levado para a delegacia e a Brigada Militar entrou em conflito com os manifestantes.

Como um boxeador da enverga-dura de Muhammad Ali, que mes-clava vigor e técnica apurada, Assis se esquiva. “Se o episódio da Randon me favoreceu? Acho que não. Muita gente me criticava perguntando por que eu estava indo contra o Seu Raul Randon, um homem que gera tanto emprego na cidade. Me chamaram

até de baderneiro. Mas naquele momento não havia outra coisa a ser feita, foi necessário fazer daquele jeito. Só acho que houve um tratamento diferente da imprensa. Quando era pra falar do sindicato, sempre nos colocavam como baderneiros e a empresa como vítima. As cartas que um certo jornal aí publicava só tinha gente falando mal do sindicato. Mas aí quando o Déo Gomes escreveu uma carta falando bem do sindicato, da nossa atuação, não publicaram. Aí não dá, né?”, reclama.

A bagagem cultural de Assis não dialoga com o cineasta Serguei Eisenstein, o diretor teatral Vsevolod Emilevich Meierhold ou os poetas Nico-lai Asseivebv e Vladimir Maiakovski. Assis pode não ter lido Maiakovski. Mas o poeta escreveu O poeta-Operário para gente como ele. A palavra do soldador que virou líder sindical reverbera em versos como: O quê? Versos? Pura bobagem! / Para trabalhar não tens coragem. Questiona com a mesma veemência um fura-greve e o patrão que jura não poder pagar o PPR naquele ano. Maiakovski rebate o quase ofen-sivo questionamento do operário, dizendo, sobre a categoria dos poetas, que ninguém como nós / ponha tanto coração / no trabalho. / Eu sou uma fábrica. / E se chaminés / me faltam / talvez / sem chaminés / seja preciso / ainda mais coragem.

“Tu é um homem corajoso, hein?”. Teria dito o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) ao vereador Assis Melo quando soube da candidatura à Câmara dos Deputados. Sentado na sala de reuniões do Partido Comunista do Brasil, de costas para uma parede que ostenta retratos de dois líderes admirados pelos ca-maradas, Lênin e Marx, Assis conta essa e outras his-

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47.141 votos

“Aquilo tudo foi encenado.Tudo foi planejado, até a prisão do Assis”,diz Getulio, presidente do Simecs, sobre a greve da Randon

www.ocaxiense.com.br 59 a 15 de outubro de 2010 O Caxiense

O IMPERADOR OPERÁRIOTemido por empresários, cercado de conselheiros e calculista nas estratégias, Assis Melo agora conquista Brasília

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Assis: “Vou fazer a minha parte”

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tórias que o conduziram ao Congresso Nacional. Lá ocupará a tribuna com as honras de deputado. “Estarei lá para garantir o desenvolvimento do país com geração de emprego e renda, ini-ciado pelo governo Lula”, prega. “Vou ocupar a tribuna nem que seja para fa-lar no Congresso vazio, mas vou fazer a minha parte”, promete, como se lem-brasse do dia anterior, em que falou para meia dúzia de pessoas na Câmara de Vereadores.

A cara amarrada, o olhar fulmi-nante e os gritos de silenciar até o mais rebelde dos grevistas se contrapõem ao jeitão sem graça de um homem que tem dificuldades em aceitar elogios. A cada aperto de mão e palavras gentis de felicitações sobre a conquista eleito-ral, Assis agradece e olha para o chão. “Opa, colocaram até carpete aqui...”, dizia, enquanto abria a porta da sala de reuniões do PC do B. Ruborizado, revela a timidez que não se imagina nele diante de uma assembleia de tra-balhadores.

“O Assis é outro quando está numa manifestação. Não tem conversa. Numa mesa de negociações é diferen-te, temos como dialogar, mas quando ele está em cima daquele caminhão, ninguém segura. É isso que me inco-moda nele, porque o Assis não tem li-mite. Se precisar brigar com a Justiça ou com a polícia para defender o que ele acredita, ele vai brigar”, diz Ge-túlio, o presidente do Simecs. “Sabe, para mim ele continua sendo o Assis de sempre, o homem por quem eu me apaixonei num piquete de greve. Não mudou nada”, conta Auzilia Melo, 47 anos, esposa de Assis e operadora de injetora. “Ele é um homem muito ca-

rinhoso”, ela deixa escapar, com um encanto que parece o mesmo desde quando se conheceram em um protes-to na Bepo, em São Marcos, em 1989.

Assis não para em casa. Logo cedo está no Sindicato dos Metalúrgicos, participando de algu-ma paralisação, como a recente manifestação na Lupatech, também por causa do PPR, ou cumprindo a agen-da interna. À tarde vai para a Câmara de Vereadores. E à noite só chega em casa por volta das 23h, ou ainda mais tarde. “Eu quase nunca via o meu pai quando era criança. Mas nos finais de se-mana sempre passamos bastante tem-po juntos. Na temporada do campeo-nato citadino, sempre vou nos jogos do Hawai com ele”, lembra Uelton, o filho mais velho, de 16 anos, que votou pela primeira vez nesta eleição e ajudou a eleger o pai. Assis e Auzilia têm ainda uma filha, Kauana, de 10. “Meu pai joga de centroavante, mas desses que ficam lá parado, sabe”, sorri Uelton, di-zendo que a vocação de Assis é mesmo a política. “A única coisa que o meu pai me cobra é o estudo. Penso em ser en-genheiro.”

Assis Melo terminou o segundo grau aos 43 anos. Nasceu em Monte Alegre dos Campos e veio em 1978 para Caxias a fim de mudar a história da família. Aos poucos conseguiu tra-zer a mãe para morar na cidade, mes-mo sobre um terreno invadido, agora regularizado. Aprendeu que era pre-

ciso reivindicar se quisesse melhores condições de trabalho no chão de fá-brica. Nos anos 80, se reivindicava até por um boné. Porque não havia tantos utensílios de segurança como hoje. E o boné servia para que o couro cabeludo

dos soldadores não fos-se alvejado pelas faíscas incandescentes. Assis aprendeu ainda que nem sempre sugerir so-luções o coloca numa situação mais confor-tável.

Na Robertshaw (atual Invensys), Assis foi de-mitido, em 1986, após propor solução para um impasse no noturno da empresa. Com a per-da do emprego, acabou

aceitando um novo desafio. Há quem sustente que a escolha errada naquele momento poderia ter sepultado a car-reira de Assis dentro do movimento sindical. Com todos os papéis enca-minhados para trabalhar na Eberle, o sindicato lhe convocou para uma ou-tra missão. “Me disseram: ‘Assis, quere-mos que tu entre na Marcopolo. A em-presa está crescendo e precisamos ter líderes lá dentro. Vai lá que eles estão precisando de gente’”, recorda. Mesmo assim, Assis manteve o compromisso marcado com a Eberle e foi até lá. Na hora de assinar os papéis, porém, disse que havia esquecido a carteira de tra-balho e não ficou com o emprego.

O resto da história está aí. Assis en-trou na Marcopolo, onde cresceu e tor-nou-se um dos mais atuantes presiden-tes que o Sindicato dos Metalúrgicos, entidade com 14.550 membros efeti-vos, já teve. Tempos depois, a Eberle

fechou suas portas. Teria terminado ali, quem sabe, a trajetória de Assis como sindicalista. Mas quis o destino que ele viesse a trabalhar na Marcopo-lo e, com a liderança que forjou a partir dali, tornar-se anos depois, em 2008, o vereador eleito com o maior número de votos em Caxias do Sul: 8.399. Em 2010, Assis foi mais uma vez convoca-do a encarar um novo desafio. O PC do B precisava de um forte candidato para a Câmara dos Deputados. “Se depen-desse de mim eu teria terminado meu mandato como vereador, porque tenho aprendido muito. Mas o partido queria ter mais representantes em Brasília”, revela.

“O Assis vai fazer falta aqui na Câ-mara”, confidencia a vereadora Geni Peteffi (PMDB), que está na sexta le-gislatura. “O Assis é muito correto. Ele vota no que é melhor para a cidade. Se ele tiver de votar com o governo por-que vai ser melhor para a comunidade, vota a favor”, observa Geni. O deputa-do tem pela vereadora uma reverência poucas vezes vista na Câmara. Antes da sessão da última terça-feira (5), As-sis solicitou uma pequena audiência a sós com ela, que é líder do governo na Câmara. “Eu disse ao Assis que confio que ele vá ser o parlamentar mais atu-ante aqui da região”, entrega Geni.

A vereadora peemedebista não vo-tará em Dilma Rousseff (PT) para presidente, ainda que seu vice, Michel Temer, seja do PMDB. Ela vai de José Serra (PSDB), discorda da aliança na-cional em que seu partido se meteu. Mas Assis poderá ajudar o PMDB de Geni e do prefeito Sartori a manter-se firme e forte no poder – nesse caso, a contragosto dos peemedebistas gaú-chos.

“O Assis é muito correto. Se tiver de votar com o governo porque vai ser melhor para a comunidade, vota a favor”, diz Geni (PMDB)

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Capitaneando um sindicato com 14.550 membros, Assis lidera piquetes como o da Lupatech, na semana que passou

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por JOSÉ EDUARDO [email protected]

clima ainda é de ressaca, depois de mais uma vitória na carreira do depu-tado federal reeleito Pepe Vargas (PT). Poucas pessoas se encontram traba-lhando em seu diretório regional na manhã de quinta-feira (7). Pepe é uma delas. Retirado em seu gabinete, delega funções para a campanha presidencial que reinicia. Lâmpadas fluorescentes iluminam as paredes brancas. Sobre a mesa, uma porção de papéis e docu-mentos estão ao lado do pequeno net-book que o deputado carrega para todo lado. O semblante sério é amenizado pelo traje casual: calça jeans, camisa azul claro e jaqueta e sapatos marrons. Apesar de estar bem alinhado, ele diz

que não é uma pessoa preocupada com aparências. “Não sou um cara vaidoso. Sou muito apegado às minhas roupas, não gosto de ficar indo em lojas fazer compras. Se tenho tempo livre, prefiro fazer outras coisas, como ler ou ver um filme.”

Em casa, o médico Gilberto José Spier Vargas, especializado em homeo-patia, também parece não sossegar. Na manhã de terça, enquanto a mulher, a vereadora Ana Corso (PT), estava des-contraidamente sentada na sala repleta de quadros e imagens nas paredes, o assoalho de madeira do apartamento próximo ao Parque dos Macaquinhos vibrava. Eram os passos de Pepe, indo de um cômodo a outro. Estava nervo-so. Seu celular tinha problemas para receber e fazer chamadas – dois dias

depois, aliviado por ter conseguido salvar seus contatos, ele se dedicava a aprender a usar um novo aparelho.

A preocupação do parlamentar ti-nha justificativa. Não há tempo para descanso nem para sua equipe. O tele-fone é a ponte entre ele e os colegas de partido. Apesar de recém ter vencido a eleição, Pepe lembra que a disputa do principal cargo do Brasil ainda está em aberto. “Nossa meta agora é eleger a Dilma”, explica. Para isso, está total-mente focado, conciliando a divisão de seu tempo entre Brasília e Caxias do Sul e região. Ana conta que, normalmente, na terça-feira Pepe acorda às 4h30 e se desloca ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para embarcar às 7h para Brasília. Na quinta-feira de noite, o processo é o inverso. Retorna para

completar a agenda na Serra e passar um tempo com a família – Pepe e Ana tem duas filhas: Isadora, 21 anos, que faz Nutrição e filiou-se recentemente ao PT, e Gabriela, 15 anos.

Essa rotina é só uma pequena parte do itinerário que o deputado enfrenta semanalmente. No Distrito Federal, sua atividade começa cedo pela ma-nhã, logo após sair do hotel em que fica hospedado. Na capital brasileira, Pepe já morou também em repúblicas de deputados, apartamentos que dividia com colegas. Hoje em dia, com a res-ponsabilidade de presidir a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, às 8h ele já se encontra no Congresso, onde fica, às vezes, até as 22h. “Eu sou um cara que trabalha muito. Não sou preguiçoso, não. E o pior é que tem

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Na Câmara Federal, o deputado petista agora reeleito preside a Comissão de Finanças e Tributação

SERIEDADE COMO RECEITA

Sem tempo para cuidar mais da própria saúde, o médico Pepe Vargas investe todo seu fôlego na política

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uma parcela da população que acha que a gente não faz nada.”

A própria oposição reconhece o trabalho e a seriedade do parlamen-tar petista. Nos últimos quatro anos Pepe foi colega do deputado Ruy Pauletti, que não con-seguiu a reeleição e está concluindo o seu mandato pelo PSDB. Pauletti diz que, ape-sar das divergências ideológico-partidárias, sua meta sempre foi o atuação em conjunto a favor do Estado. “A minha relação com o Pepe sempre foi boa. Nós tivemos algumas divergências, como no caso dos aposentados, principalmente, e no caso do aeropor-to. Eu queria o fim do fator previden-ciário, ele queria a manutenção. Eu queria que o aeroporto fosse em Ca-xias, o Pepe tinha preferência que fosse em Farroupilha. Mas, fora isso, sempre trabalhamos juntos, principalmente na bancada do Rio Grande do Sul. Nós somos amigos. Nunca usei a minha fi-gura para criticar a do Pepe nem ele fez isso comigo”, conta.

pepe Vargas nasceu no alegre ano de 1958, quando o Brasil festejava os feitos de Pelé e Garrincha na Suécia. Filho de Mauro Diniz Vargas e Car-men Spier Vargas, é caçula de quatro irmãos. Nasceu e viveu a infância em Nova Petrópolis, onde cursou a pré-escola. Em seguida sua família mu-dou-se para Caxias, e Pepe ingressou na Escola Emílio Meyer para cursar o primeiro ano do primário, hoje ensino fundamental. Entretanto, não abando-nou a cidade natal. “Íamos para Nova Petrópolis visitar meus avós. Sempre passava alguns dias das minhas férias lá”, lembra.

Foi na adolescência, com 15 anos, que Pepe precocemente decidiu sua profissão. “Quando li o livro As águas e a selva, do escritor Albert Schweitzer, resolvi ser médico.” A obra conta a saga do próprio autor, que em uma missão luterana foi prestar serviços médicos e

humanitários no continente africano. Neste mesmo período, Pepe desenvol-via consciência política e trabalhava na campanha para o MBD vencer nas urnas a ditadura militar. A família o encorajava a ingressar em movimentos

sociais. “Meu pai teve uma ligação com o mo-vimento sindical e fez parte da comissão de emancipação de Nova Petrópolis. Dentro de casa se falava bastan-te contra a ditadura. Eles nunca disseram para eu não participar. A preocupação maior dos meus pais era com meus estudos.”

Em 1979, ano em que foi reconstituí-

da a União Nacional dos Estudantes (UNE), Pepe entra na universidade e se liga aos movimentos estudantis. Sem nunca deixar os estudos de lado, nem permitir que os companheiros o fizessem. “Dentro do nosso grupo, o militante do movimento estudantil não podia ser uma pessoa que faltava a aula. Se um companheiro começasse a ficar descuidado nós íamos para cima dele.” Poucos anos depois, em 1983, Pepe já se tornara o único estudante membro da Executiva do Partido dos Trabalhadores (PT), onde circulava por um grupo formado por professo-res, funcionários públicos e represen-tantes de movimentos sindicais.

Com apenas 28 anos, candidatou-se a deputado estadual, em 1986. “Fui porque o partido precisava de um can-didato para representar a cidade e tam-bém puxar alguns votos. Assim como eu, vários companheiros realizaram essa função. Eu me formei em 85, e em 86 já estava disputando.” A partir daí, o petista manteve a vida profissional paralelamente com a política. “Ser mé-dico não tem nada de mítico. Sempre conciliei as duas atividades.”

No fim da década de 80, conheceu Ana Corso. “Eu fazia o curso de Artes, e ele, Medicina. Atuávamos juntos no movimento estudantil pelo grupo cha-mado Renovação, antes da legalização dos partidos políticos. Ele tinha uma

liderança nata e eu me apaixonei por ele”, conta Ana. Em 1989, a paixão vi-rou casamento, e os dois seguiram jun-tos na militância de esquerda. A carrei-ra política começou a deslanchar com mandatos de vereador – mais tarde, vi-riam os de deputado estadual, prefeito de Caxias e deputado federal.

nos períodos em que Pepe Var-gas não desempenhava funções públi-cas, dedicava-se com mais intensidade à Medicina. Em dois momentos, de 1994 a 1995 e de 2004 a 2006, dividiu um consultório com o amigo e colega de partido Marco de Menezes. Quando Marco ingressou na faculdade, Pepe já tinha se formado. “Meu primeiro con-tato com ele foi num trabalho voluntá-rio que o movimento estudantil e os Di-retórios Acadêmicos fizeram no bairro Santa Fé. Isso foi em 1987, quando eu estava no segundo ano da faculdade.” Marco lembra ainda com carinho do tempo em que estavam mais próxi-mos. Define Pepe como uma pessoa extremamente dedicada aos pacientes, sagaz e brilhante na capacidade clíni-ca. Entretanto, a proximidade nunca extrapolava o ambiente profissional. “Sempre falávamos em sair para tomar uma cerveja, mas nunca o fazíamos. Nossa relação sempre foi balizada por questões práticas, até na área política. Só na homeopatia que tínhamos uma conversa mais teórica.”

“Pepe é uma pessoa exigente e não tem te-mor de cobrar nada. Ele não permite des-cuidos com o papel a cumprir, e é antes de mais nada um sujei-to capaz de coordenar diversas atividades e permitir que cada pes-soa atue de maneira in-dependente”, descreve Ansélio Brustolin, che-fe de gabinete do depu-tado, que começou a trabalhar com ele em 1996. Apesar disso, Brustolin diz que o parlamentar é bem humorado e gosta de descontrair na hora adequada.

Mas nos momentos em que teve de lidar com a oposição, nos dois man-

datos como prefeito, Pepe não era tido como uma pessoa divertida. “Ele nos recebia no gabinete, mas normalmente não acatava nossos pedidos. Nos oito anos de governo, acatou apenas uma emenda encaminhada pela Câma-ra. Sempre nos disse que seguia o seu plano de governo”, relata a vereadora Geni Peteffi (PMDB). Diferenças ide-ológicas à parte, Geni considera Pepe um indivíduo cordial e parceiro, que se transformou “menos raivoso” após se tornar prefeito.

para pepe, a seriedade sempre foi um fator chave, tanto na área médi-ca quanto na política, que ele fez ques-tão de evidenciar. Trabalho e seriedade foi o slogan de sua campanha. O sem-blante fechado é um escudo amalga-mado por mais de 20 anos se expondo a críticas na vida pública. Aos poucos, depois de uma hora de entrevista, a imagem de homem rígido cede lugar à do pai amoroso, que disponibiliza qua-se todo o tempo vago para o convívio com a família. E ele se permite falar das atividades preferidas nas horas de la-zer: acompanhar os jogos do Campeo-nato Brasileiro pela TV, assistir filmes e ler obras de todos os tipos. “Leio tudo: livros históricos, científicos, roman-ces.” A atividade física, que mantinha para cuidar da saúde, acabou perden-do espaço na agenda. “Eu caminhava,

mas começou a doer a articulação do meu joelho direito porque tive uma lesão jogando futebol 15 anos atrás. Vou ter de fazer algu-ma outra atividade que não dê impacto. Eu nado bem, pratiquei natação quando jovem. O problema é conse-guir tempo”, lamenta.

Enquanto não con-segue esse tempo para nadar, usa todo seu fô-

lego para fazer política. E nem sempre tão sisudo. Com os olhos mareados, diz como espera ser lembrado no futu-ro: um cara que lutou pela redução da pobreza e da fome e por uma socieda-de mais justa.

“Sou um cara que trabalha muito. O pior é que tem uma parcela da população que acha que a gente não faz nada”,diz Pepe

“Pepe é uma pessoa exigente e não tem temor de cobrar nada. Ele não permite descuidos com o papel a cumprir”, descreve Ansélio

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Pepe decidiu ser médico aos 15 anos e, ao entrar na faculdade, engajou-se na política: “Ser médico não tem nada de mítico. Sempre conciliei as duas atividades”

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por VALQUÍRIA [email protected]

lceu Barbosa Velho, 53 anos, parece ser o tipo de pessoa que você não vai que-rer ver irritado. Os olhos escuros res-saltados pelas marcantes sobrancelhas olham fixamente para quem fala com ele. Mesmo quando sorri, os olhos de Alceu não mudam. Às vezes, não ri de volta quando recebe um sorriso. Mas talvez seja assim só com jornalistas. Na manhã de terça-feira (5), Alceu grava-ria um programa de 30 segundos na TV Caxias, em agradecimento aos elei-tores que o consagraram deputado es-tadual dois dias antes. O semblante sé-rio e rígido mudou totalmente quando ele saiu de seu escritório de advocacia, próximo à Praça Dante, e caminhou umas cinco quadras até o estúdio da TV. Sem exageros, Alceu cumprimen-tou quase todas as pessoas que passa-ram por ele. Todos queriam apertar a mão do novo deputado. “Parabéns”, lhe diz um senhor, enquanto Alceu acena com a mão e fala rapidamente com a mulher, Alexandra, ao telefone: “Sim, já sei o que dizer. ‘Aqui quem vos fala é tal’... sim, amor. Tchau”, diz, referindo-se ao texto, que já estava memorizado para ser dito na televisão. “Baita vota-ção!”, fala outro homem que passa por ele na calçada. “Vamos juntos em mais essa empreitada”, responde Alceu, sor-ridente. “Parabéns”, grita outro passan-te. “Ah, oi, tudo bem? Obrigado”, diz Alceu, virando e confessando: “Não faço a menor ideia de quem seja esse”. No elevador até o estúdio, mais uma ligação, em um dos dois celulares que não paravam de tocar. “Semana que vem tu passa lá no meu escritório para me dar um abraço que agora estou na corrida”, diz para a senhora que lhe te-lefonou.

Quando Alceu chega na sala da TV Caxias, a produtora que o recebe não deixa de reparar: “Achávamos que vi-nha a caráter”, diz, referindo-se à roupa tradicionalista que o político costuma vestir. “Ah, mas não deu”, responde ele,

de calça jeans, tênis Nike, camisa jeans e jaqueta azul marinho. “Já tem o texto na cabeça?”, pergunta ela, recebendo resposta afirmativa de Alceu, que sen-ta em frente a um cenário simples, põe o microfone na lapela, coloca os dois celulares no modo vibra call e cruza as mãos.

Por alguns minutos, enquanto a gra-vação é preparada, ele encara a câmera seriamente. Quando o cinegrafista, que o chama de “doutor Alceu”, dá o sinal de positivo, ele dispara o texto, que, de fato, estava decorado. “Aqui quem vos fala é Alceu Barbosa Velho...”, diz alto e firme, sem gaguejar, seguindo com um agradecimento ao eleitorado e pro-metendo fazer de tudo para trazer re-cursos para a região que o elegeu. Um discurso simples, objetivo e certeiro nos 30 segundos. Exatamente como a personalidade de Alceu. Um homem que vai direto ao ponto nas respostas, é perfeccionista, não tolera atrasos e se diz adepto da filosofia de que nada é suficientemente bom que não possa ser melhorado.

O envolvimento de Alceu com o tradicionalismo está em suas pró-prias raízes. Nascido no campo, em 17 de agosto de 1957, em São José dos Au-sentes, à época distrito de Bom Jesus, aos 10 anos ele já acordava cedo para tirar leite das vacas, capinar e plantar. Na pequena propriedade do pai, Fe-licíssimo, e da mãe, Eunira, a família sustentava-se do gado e da agricultura. Nos finais de semana, a diversão de Al-ceu era pegar um pneu velho, subir no topo de um morro e largá-lo, só para vê-lo rolando e quicando morro abai-xo. Não faltou companhia para essa diversão. Alceu teve 22 irmãos, pois Felicíssimo casou-se três vezes.

Alceu viveu e trabalhou no campo com a família até completar 16 anos, quando cursou o ginásio em Bom Je-sus. Em 1977, época do grande êxo-do rural, Alceu passou no vestibular para Direito na UCS. A escolha, se-gundo ele, nunca lhe causou dúvidas.

“Ser advogado era o sonho da minha vida.” Em Caxias, morou com um ir-mão, dono de uma padaria. “Ele me dava cama, mesa e roupa lavada e eu trabalhava de padeiro.” Alceu fazia pão da meia noite às 6h, e durante o dia ia para a faculdade. “Depois comecei a vender doces da padaria em lancherias. Foi assim que eu conheci Caxias. Era o que tinha. Eu não gostava. Se gostasse, tinha ficado lá. Trabalhava porque era obrigado”, diz Alceu sobre o emprego que ocupou por três anos, até passar no concurso do Banrisul. “Aí começou a melhorar a minha vida. Tive sucesso na carreira”, conta. Foi somente no fi-nal de 1986 que Alceu saiu do banco e passou a viver da advocacia, profissão que, além de prazer, lhe trouxe gene-rosos rendimentos. “No primeiro ano de advocacia eu já ga-nhava o dobro do que ganhava no banco”, re-lembra.

O que o fascinou no Direito foi o processo penal. Para Alceu, um advogado nem sem-pre depende daquilo que pensa, mas sim da “verdade das pessoas”. “O cara chega assim: ‘eu não matei’. A polí-cia diz que ele matou, a Justiça diz que ele matou, mas ele te diz que não matou. Então alguém tem que representar ele. Eu tenho que ajudar a reparar essa acusação que estão fazendo contra ele”, explica Alceu, conhecido por ter de-fendido causas polêmicas.

Alceu foi casado pela primeira vez por 22 anos e teve os dois filhos, Marina, hoje com 17 anos, e Eduardo, 14 anos. Os dois moram com a mãe. “E eu religiosamente pago a pensão”, diz, mesmo sem ser questionado sobre isso, demonstrando uma preocupação de advogado.

O dia mais feliz de sua vida foi quan-do a primeira filha nasceu. “Ah, que

querido”, diz Marina ao saber da res-posta do pai. A relação entre Alceu e os dois filhos é muito próxima, e, mesmo com o divórcio, eles se veem quase dia-riamente. “Houve uma separação ape-nas entre duas pessoas. Mas me dou bem com a minha ex-mulher. Não tem nenhuma mágoa. Um relacionamento não dar certo é a coisa mais comum, e eu, como advogado, sei quantas sepa-rações fiz”, explica.

O escritório de advocacia de Alceu demonstra o apego aos filhos. Há mui-tos fotos com eles, e os porta-retratos só dividem espaço com fotografias ao lado da atual mulher, Alexandra Bal-disserotto, com imagens de compe-tições de laço de que ele participou e com uma faixa onde se lê Inter Cam-peão da Copa Libertadores.

O principal valor que ele diz passar aos filhos é o respeito, tanto que os dois o chamam de “senhor”. “Já viu coisa mais bonita que isso? E eu toda vez que vejo a minha mãe digo ‘bên-ção, minha mãe’, e ela responde ‘bênção, meu filho’”, conta Alceu, que é a favor de uma chinelada nos filhos se necessário. “Não vou definir ele como uma

pessoa antiga, mas como alguém que dá valor aos valores”, diz Marina.

A filha garante que, se durante a se-mana Alceu parece ser muito sério, nos momentos de lazer é muito descontraí-do: “Ele está sempre fazendo piadinha”. A jovem o considera perfeccionista, mas “não a ponto de ser chato”. E Al-ceu tem uma boa explicação para isso: “Trabalhar em banco me trouxe rotina, e no banco não pode dar saldo R$ 0,1. Tem que fechar o caixa, tem que ser tudo certinho. Não admito pagar uma conta com um dia de atraso, não gosto que quem me deve pague atrasado. E isso me dá ansiedade, porque às vezes as pessoas não são assim. E na admi-

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“O cara chega assim: ‘eu não matei’. A polícia diz que matou, a Justiça diz que matou. Tenho que ajudar a reparar essa acusação”, diz Alceu

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O vice-prefeito sabia o que esperar desta eleição: “Confiava no meu taco, sabia que tinha estrutura boa por trás, mais os louros da administração”

GAÚCHO DE LENÇOENCARNADO

Rejeitado pelo PT, Alceu Barbosa Velho jurou vingança. Conquistou-a ao lado do PMDB, e agora saboreia uma vitória pessoal

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nistração sofro mais ainda. Detesto não cumprir horário. Quem trabalha comigo chega no horário e sai no ho-rário”.

Foi na presidência da subseção caxiense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que Alceu começou a sentir que a política lhe interessava. “Achei que se fosse vereador poderia contribuir mais”, recorda Alceu, que foi vereador de Caxias por dois mandatos, em 1996 e 2000, pelo Partido Demo-crático Trabalhista (PDT). Como todo pedetista, Alceu vê no falecido Leo-nel Brizola um modelo de inspiração, principalmente pela defesa da educa-ção. “Foi só depois que eu me formei que minha vida se transformou.”

No primeiro mandato, Alceu foi lí-der de governo de Pepe Vargas (PT). Quando o petista ia se reeleger, em 2000, sua esperança era ser convidado para ser vice, o que não se concretizou e, ao que parece, deixou uma mágoa profunda em Alceu. “Eu fui rejeita-do pelo PT e não me conformei. Eles disseram o seguinte: ‘se nós podemos ganhar sozinhos, por que vamos levar vocês junto?’ Quando ouvi isso, entre aspas, eu jurei de morte o PT. Disse: ‘agora vocês vão me pagar’”, revela, ba-tendo a mão na mesa do escritório.

O chefe de gabinete de Pepe Vargas de 1999 a 2004, Ansélio Brustolin, ex-plica que houve um esforço para que a composição PT e PDT saísse, mas um setor do PT recusou a ideia de ter um pedetista como vice-prefeito. “O nome mais cogitado na época era o de Al-ceu. Perdemos a aliança histórica com o PDT, que era importante para a es-querda. Prejuízo que se estende até os dias de hoje”, analisa Brustolin.

Alceu diz que mesmo assim mante-ve a amizade com Pepe. “Essa bronca é política, nada no campo pessoal. Ele mesmo ainda fala de quanto ‘fio de-sencapado’ eu peguei. E é verdade. Eu fazia um trabalho mais de advogado do plenário do que de político, porque era uma cagada atrás da outra”, relata o pedetista.

Em 2004, não com o PT, mas com o PMDB, Alceu entrou na chapa que concorria à prefeitura de Caxias, como

vice de José Ivo Sartori. E saíram vito-riosos. Por duas vezes. “Combinamos: um meio italianão e um meio gauchão. O Alceu sabe ser leal e fiel. Ele é ‘cam-panheiro’. Sabe fazer campanha. É li-geiro, tem formação e estrutura”, elogia Sartori.

no início deste ano, Alceu foi indicado pelo diretório municipal do PDT para concorrer a deputado esta-dual, enquanto o vereador e ex-secretá-rio Vinicius Ribeiro teve de buscar esse direito no diretório estadual. Começou aí um embate entre os dois, que teriam que dividir votos. “Eu tinha certeza que me elegia, mesmo depois de o Vinicius ter saído candidato, da rebeldia do partido. Eu confiava no meu taco, sabia que tinha estrutura boa por trás, o meu partido me apoiou, mais os louros da administração”, diz Alceu, sem modéstia. Passada a vitória dele, a única manifestação de Vinicius sobre o adversário é a seguinte: “Cada compa-nheiro tem seu valor e sua história e ele precisa ser respeitado como qualquer outro colega de partido”. Alceu, que teve 43 mil votos, acha que se Vinicius não tivesse concorrido ele teria ficado com pelo menos 20 mil dos 29 mil fei-tos pelo vereador.

Outro colega de legenda, Gustavo Toigo – que também queria ser candi-dato a deputado estadual – , comenta sobre a especulação de que Alceu quer se candidatar a prefeito nas próximas eleições, em 2012. “É natural que se cogitem nomes. O partido discute in-ternamente, vejo que ninguém é candi-dato de si mesmo. Haverá negociações para que se escolha o melhor candida-to. Temos nomes fortes dentro do PDT, e o Alceu se encaixa dentro deles”, diz Toigo.

Alceu demonstra certa irritação ao ser questionado se a imagem de Sarto-ri o beneficiou na campanha. “Nunca tive nenhum santinho, nem um pro-grama eleitoral junto com Sartori. Eu

apenas coloquei no meu folder realiza-ções da administração, que é a minha administração”, rebate, dando ênfase às palavras “meu” e “minha”. “Eu fiz a minha campanha ‘solteirito’”, continua. “Alceu e Maria Helena (mulher do pre-feito, também eleita deputada estadual) colheram, sem falsa modéstia, da par-ticipação da administração como um todo, não só do prefeito”, diz José Ivo Sartori.

Eunira Barbosa Velho é uma senhora de 78 anos. Baixinha, de ca-belos brancos e óculos, tem as mesmas

marcas de expressão nas bochechas que Al-ceu tem. “Ele é calmís-simo, um contador de piada”, diz ela, que mu-dou-se de São José dos Ausentes para Caxias há 18 anos e hoje mora em um apartamento, em um bairro tranqui-lo, onde é visitada por Alceu pelo menos uma vez por semana.

O gosto pela política surgiu nele, segundo a

mãe, na primeira vez que votou, quan-do trabalhou como mesário. “E meu velho (Felicíssimo, que morreu quando o filho tinha pouco mais de 20 anos) foi subprefeito de São José dos Ausentes”, lembra. E a política segue na família. Um dos irmãos de Alceu, Assis Ta-deu Barbosa Velho, é vereador de São Francisco de Paula, e o sobrinho Jaison Barbosa é secretário de Turismo de Caxias.

Todos os parentes se envolveram na campanha para deputado. No domin-go (3), a família se reuniu na casa de Eunira para acompanhar a apuração dos votos. “Nossa campanha foi fran-ciscana perto das outras. A gente usava o mesmo adesivo de lapela dois dias para economizar. Foi com essa campa-nha que eu vi que é possível eleger uma pessoa com base no valor e não no di-nheiro”, conta a mulher, Alexandra, que foi motorista, fotógrafa e assessora de imprensa do marido. “O Alceu tem orgulho. Nunca gostou de pedir as coi-sas”, acrescenta Eunira.

Alexandra e Alceu estão juntos há quatro anos, mas oficializaram a união no ano passado. Conheceram-se quan-do ela era assessora de imprensa na prefeitura e ele, vice-prefeito. “Admiro o caráter dele. A forma limpa como ele é. Sempre a mesma pessoa”, afirma a esposa.

O descanso depois da campanha foi na chácara do casal, em Muitos Ca-pões. Uma espécie de refúgio para Al-ceu, que troca o chimarrão da cidade pelo camargo de manhã cedo, anda a cavalo e faz a lida dos gados. “Lá acor-damos cedo para tirar leite da vaca. Eu não sei fazer isso, daí meu pai faz para mim. Mas meu irmão já sabe. Cada um faz o seu ‘expresso’ na hora”, conta Marina. Até a comida preferida de Al-ceu, revelada pela mãe, é “bem de sítio mesmo”: arroz, feijão, carne de panela e moranga caramelada.

Durante os finais de semana, geral-mente acompanhado da esposa e dos filhos, Alceu participa de rodeios e cavalgadas. “Via de regra, é laço”, diz ele, que promoveu o polêmico corte de mais de 600 árvores, em 2008, para a construção da Cancha de Rodeios dos Pavilhões da Festa da Uva – o que, mesmo amparado pela legislação, foi considerado por muitos uma agressão ambiental.

A forte ligação com o tradicionalis-mo, reconhece Alceu, foi um impulso para que ele conseguisse se eleger. “Fi-quei feliz quando vi que tinha sete vo-tos no Alegrete e nunca passei por lá, tenho certeza que isso foi dessa relação com o tradicionalismo. Todos os ou-tros candidatos tinham só um partido. Eu tinha dois. O PDT e o partido da bombacha”, afirma, orgulhoso. “O Al-ceu não entrou no tradicionalismo de-pois da política, essa é a diferença dele. Ele é gaúcho nato e faz essa ligação entre o movimento e o poder público”, ressalta o coordenador da 25ª Região Tradicionalista, Jó Arse.

No lombo do cavalo, atrás da mesa do escritório de advocacia, ao lado de Sartori ou na Assembleia Legislativa, a mãe, Eunira, aposta que mesmo com as mudanças que o aguardam ele con-tinuará sendo a mesma pessoa. “Só o Alceu.”

“Fui rejeitado pelo PT e não me conformei. Entre aspas, eu jurei de morte o PT. Disse: ‘agora vocês vão me pagar’”, lembra o pedetista

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Com a mulher, Alexandra; laçando no rodeio, uma de suas atividades de lazer favoritas; com os filhos, Eduardo e Marina

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por CÍNTIA [email protected]

restes a completar 58 anos, a primeira-dama de Caxias do Sul, Maria Helena Sartori (PMDB), contempla o passado com olhos cuidadosos de quem traba-lhou por suas conquistas. No próximo ano ela assume uma cadeira na Assem-bleia Legislativa pela segunda vez, já que legislou de 2003 a 2006, mas por conta de sua suplência ao cargo. “Não há diferença porque eu trabalhei o pe-ríodo todo, assumi logo no começo do mandato. Mas é importante saber desde já, a sensação é boa”, sorri Maria Helena, para em seguida receber pa-rabéns da senhora que lhe serviu uma xícara de café.

O cenário é seu gabinete, uma sala destinada à primeira-dama na outra extremidade do gabinete do prefei-to. Nela, tudo condiz com a imagem que Maria Helena passa: organização e discrição. Na mesa, poucos papéis (“assuntos a serem resolvidos”). O que mais se destaca é uma pequena pirâmi-de de um dourado antigo, com pedras vermelhas e azuis, extremamente deli-cada.

Sorridente e simpática, a deputada eleita pelo PMDB com 38,9 mil votos – 30,5 mil só em Caxias – se define como tímida. Diz que não tem o perfil clás-sico do político, aquele expansivo e de fácil comunicação. “Admiro quem é as-sim com todo mundo”, gesticula, com as mãos para o alto. Nesta campanha, revela que tentou mudar bastante, se abrir mais. “Porque eu sou retraída me veem de forma mais afastada, mas de-

pois que me conhecem descobrem que a convivência é muito fácil.”

Mauro Pereira, companheiro de campanha que concorreu a deputado federal (não se elegeu), diz que Maria Helena é muito séria, fiel e de poucas palavras. “Ela não chega, fala e brinca. Inclusive na hora que poderia, ela não brinca”, observa. Ele deduz que esse jei-to de ser mais discreto advenha do que ela representa sendo primeira-dama. “A própria circunstância passa essa imagem.”

A timidez de Maria Helena, po-rém, passa longe quando ela está na sua praia. Quando domina o assun-to, sente-se tranquila e fala o que for necessário. Ela brinca que é o tipo de pessoa que chega atrasada e vai quase se escondendo para seu lugar. Já ouviu reclamação do marido por nem cum-primentar, mas, ela esclarece, foi por necessidade de chegar logo ao seu des-tino, não por falta de educação.

José ivo Sartori, que empresta o sobrenome à mulher (de solteira, Mi-got), foi seu colega na Universidade de Caxias do Sul no curso de Filosofia. Maria Helena recorda a primeira con-versa deles, durante a chamada em sala de aula. “Presente!”, ela se identificou, e ao saber seu nome o futuro marido jogou-lhe uma provocaçãozinha. “Ele disse: ‘toda mulher é Maria’. E eu res-pondi: ‘ou toda Maria que é mulher’. Bem discussão filosófica”, ri Maria He-lena.

Na universidade, eles foram compa-nheiros nos estudos e no movimento estudantil. Quando Maria Helena en-

trou na faculdade, Sartori era presi-dente do Diretório Central dos Estu-dantes (DCE). Ela passou a fazer parte da diretoria da entidade estudantil. “Nada de nepotismo”, diz o marido, com o habitual bom humor.

A época era outra, a repressão corria solta pelas ruelas da ditadu-ra militar. Maria He-lena lembrou de um show de Chico Buar-que, trazido para Ca-xias pelo DCE. Sartori teve que levar letras das músicas do cantor para o quartel, e lá os mili-tares decidiriam quais canções poderiam ou não ser executadas na apresentação. Era um circuito universitário do qual a ci-dade fazia parte, e nele Chico cantou pela primeira vez sua canção-símbolo contrária à ditadura, Cálice, que ainda nem havia sido gravada.

Do movimento estudantil Maria He-lena passou à política partidária. A fi-liação ao PMDB – então apenas MDB – foi em 1974 (“ou 1975, por aí”), e o envolvimento foi como uma bola de neve. Ajudou a fundar o movimento PMDB Mulher, lecionou e participou do Cpers, comandando diversas greves do magistério. Não me conceda des-cansar, era seu pensamento na época.

Maria Helena também fazia parte da coordenação das campanhas do marido. Tanto que a vida familiar se confunde com a política e os fatos são marcados por datas dos calendários

das eleições. A primeira das coinci-dências foi exatamente no ano do casa-mento. “Foi em véspera da convenção que definiria os candidatos a vereador. O casamento foi dia 9 de julho de 1976. Não teve nem lua de mel”, conta o ma-

rido, que naquele ano se elegeu para o Legis-lativo caxiense.

Em 1982 chegou o primeiro filho, Mar-cos. Maria Helena co-ordenava o comitê da campanha de Sartori para deputado estadu-al. O trabalho de parto durou 18 horas, conta Sartori. A segunda fi-lha, Carolina, nasceu em véspera de eleições. “No dia 2 de outubro,

que em ano eleitoral é sempre data de expectativa”, assinala a mãe. Depois de Marcos e Carolina, resolveu “parar a fábrica”, como gosta de dizer o marido.

Para Maria Helena, uma fotogra-fia de Marcos quando tinha dois anos é extremamente simbólica. Sartori chegou em casa com uma camiseta estampada com a frase “quero votar para presidente” e vestiu-a no peque-nino. Marcos foi colocado em cima de uma mesa e, na hora da foto, estendeu a mão à frente. Para a mãe, aquela ex-pressão bonita do filho representa o início da luta pelas eleições diretas e as conquistas advindas. “Quando Marcos teve idade para votar pela primeira vez, já era para presidente.”

todas as datas importantes fo-

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38.958 votos

“Porque eu sou retraída me veem de forma mais afastada, mas depois descobrem que a convivência é muito fácil”,diz Maria Helena

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No PMDB Mulher, que ajudou a fundar, Maria Helena cobrava a participação feminina na política. Coerentemente, teve de aceitar o desafio de se candidatar

POLÍTICA DO RECATO

Tímida, Maria Helena Sartori construiu a maior parte de sua trajetória política nos bastidores. Mas está pronta para, a seu modo, desempenhar o papel de protagonista

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ram marcadas pelas conquistas de Sar-tori na política, até que chegou a vez de Maria Helena se aventurar pelas urnas. Aconteceu em 2002, ao candidatar-se a deputada estadual pela primeira vez. O trabalho com o PMDB Mulher foi o que a levou a entrar na disputa. Tan-to estimulava e pregava que o lugar da mulher é na política, fazendo aconte-cer, que não pôde negar quando foi instigada a, então, fazer o que tanto falava às outras. Segundo ela, foi “meio na pressão”, entre questionamentos próprios e incentivos alheios.

A eleição de 2002 marca mais uma data em que a família e a política se confundem: foi a do primeiro voto da filha, duplo motivo de comemoração das mulheres da casa. Essa talvez tenha sido a época mais difícil para Maria Helena, por se ausentar seguidamente para cumprir a agenda na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. No mes-mo período, Sartori vivia em viagem para Brasília para desempenhar suas funções de deputado federal.

Então, os filhos, que sempre se viram entre campanhas eleitorais e pais poli-tizados, sentiram na pele a ausência de ambos. A tradição familiar de saírem para jantar no mínimo a cada mês ou mês e meio foi ajustada à situação. Os filhos desciam a Serra, o pai chegava à Capital e Maria Helena os encontrava.

O convívio da família, porém, nunca ficou restrito aos jantares men-sais. Maria Helena mantém contato

diário com os filhos. Ela explica que isso não significa controle, mas preo-cupação com o bem-estar. “Sou uma mãezona até hoje, com os filhos gran-des.” Carolina diz que a mãe sempre quer saber o que está acontecendo na vida deles. “Com certeza, ano que vem ela vai ligar todos os dias, ou eu vou para Porto Alegre”, adianta a jovem de 23 anos, já acostumada com as investidas telefônicas da mãe.

Maria Helena ri ao contar o episódio re-cente em que ligou para o filho e ele não atendeu o celular. De-pois de uma manhã de tentativas, ela estava pedindo à filha que a levasse ao apartamento do irmão. Sem chave, a solução seria arrombar a por-ta. Até que Marcos retornou as ligações e explicou que esquecera o telefone em casa. “Perguntam se eu vou superar essa fase. A resposta é não”, diverte-se.

Horas reservadas para o lazer são escassas. Maria Helena tenta puxar pela memória algo que goste de fazer nos momentos de folga e não consegue se recordar. “Uma jantinha em casa, comidinha diferente, bem de vez em quando. Não tenho tempo para ter um hobby.” O final de semana, descanso sagrado para alguns, é sempre agita-do na família Sartori. Sempre há um

almoço de colônia, um evento a com-parecer, afinal, são prefeito e primeira-dama da cidade.

Juntos há 34 anos, José Ivo e Maria Helena combinam personalidades di-ferentes, às vezes opostas. Ela, delicada e tímida. Ele, extrovertido e brinca-

lhão. Para o prefeito, os grandes predicados de sua mulher são a pa-ciência e a tolerância. “Dizem que sou difícil de conviver, sou muito exigente e briguento. Ela tem essas virtudes exponenciais de mãe de família, não guarda rai-va e rancor.”

Sartori enche Maria Helena de elogios: in-teligente, preparada, convicta do seu papel

e engajada na luta feminina. “E é um pouco teimosa”, acrescenta, para con-trabalançar.

De grande importância na carreira política do marido, Maria Helena diz que sempre foi muito participativa e presente em discussões sobre questões políticas, tangentes a campanhas ou rumos a serem tomados. Segundo Sar-tori, ela “sempre deu amparo”.

A relação com os filhos também re-flete esse companheirismo. “É a me-lhor mãe do mundo”, resume Marcos. Quase sempre as pessoas acham ele mais parecido com o pai, mas o filho se vê também na mãe, em características

como ser “bem família”. Para Caroli-na, Maria Helena é uma boa ouvinte. “Conversa tranquila, sempre disposta a ouvir, mesmo que não concorde com a ideia.”

Fora do lar, no terreno nem sempre amistoso da política, Maria Helena não identifica adversários. Não por receio, mas por sempre man-ter boas relações com todos, afirma. “Quando legislei e fui a primeira mu-lher líder do governo, mantive bom relacionamento com a bancada do PT. Tive sorte, pois o líder (do PT) era o deputado Flávio Koutzii, com quem sempre mantive diálogo bom, de alto nível. Tinha um histórico muito gran-de de luta pela democracia.” Cita tam-bém Raul Pont, ressaltando que as dis-cussões que teve com ele sempre foram no âmbito político e ideológico. “Essas a gente supera.”

Hoje, Maria Helena dedica suas tar-des às funções de primeira-dama, en-volvida em questões da administração municipal. Acompanha projetos, vai a inaugurações, participa de reuniões. Enquanto não assume a vaga de depu-tada, passa as manhãs em casa – o pai, Pedro, 92 anos, vive no andar de baixo da mesmo moradia. A sala de estar de Maria Helena reflete a do gabinete na organização, na serenidade dos móveis e na combinação das cores, que recen-temente ganharam novos tons: o das orquídeas e violetas recebidas em co-memoração à vitória nas eleições.

“Ela tem essas virtudes exponenciais de mãe de família, não guarda raiva e rancor. E é um pouco teimosa”, descreve o marido Sartori

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Maria Helena com Sartori e os filhos; o pai, Pedro, vive na mesma casa da primeira-dama; a família unida celebra a vitória mais recente

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Imóveis

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por CAMILA [email protected]

rês dias após ser reeleita deputada es-tadual, Marisa Formolo (PT) recebia os cumprimentos de ascensoristas, serventes e assessores nos corredores da Assembleia Legislativa. Os para-béns vinham, na maior parte das vezes, de mulheres. Ao saudar a deputada, uma jornalista diz que Marisa não tem medo das cores e elogia a echarpe com estampa de girassóis escolhida para aquele dia. Com uma entrevista para a TV marcada para antes da sessão ple-nária, Marisa desce de seu gabinete, no 12º andar do Palácio Farroupilha, por-tando a tiracolo uma pequena bolsa recheada de maquiagens. A vaidade e os cuidados pessoais fazem com que a aparência não denuncie seus 63 anos.

Casada há quatro décadas, Marisa tem três filhos, que a descrevem como uma típica mãe coruja. Às vezes se per-mite assistir à novela, mas o que adora mesmo é devorar livros. Marisa car-rega traços de uma legítima mamma misturados a características de alguém inquieto que nasceu para a política. A filósofa e pedagoga orgulha-se de ter sido a primeira mulher a ter assumido o comando da prefeitu-ra de Caxias, em 2000 – durante a ausência do prefeito Pepe Vargas (PT). No entanto, acha que quem sustenta a diferença entre gêneros na política está, na ver-dade, ocultando uma defesa ao conservado-rismo.

Marisa fala muito pausadamente, com português impecável, pontuado pelo sotaque característico dos imigrantes italianos. Reflete antes de cada resposta e ilustra suas posições com a visão de teóricos da política e da psicanálise. Raramente relaxa a postura ereta. Marisa é filósofa por formação e prática. Ao lembrar das experiências marcantes da infância, re-laciona as brincadeiras ao ar livre com o aprendizado de química e física que teve anos depois. Considera-se privile-giada por ter crescido no meio rural, atribuindo a isso o estímulo ao espí-rito indagador e criativo. Empolga-se tanto lembrando os questionamentos que costumava fazer, desde a manei-ra como os passarinhos cantavam até a posição do sol, que nem o toque insistente de um celular a distrai. De repente, parece se dar conta: “Quan-do fui escolher qual curso iria fazer na

faculdade, escolhi Filosofia porque eu trouxe da minha infância um conjunto de perguntas que pensei que a Filosofia ia me responder. No fim, respondeu só algumas e ainda me deixou muito mais curiosa”, reflete.

A menina que tinha o apelido de Zé Perguntinha cobrava um relatório dos parentes que chegavam da cidade a Nossa Senhora da Rocca, na 6ª Légua, interior de Caxias, onde morava: como eram as pessoas, o que compravam, como se vestiam, como se comporta-vam. Além do volume de indagações, ela lembra de ter aprendido ainda na infância a garantir direitos. No terreno da família, o pai, Laurindo Formolo, construiu uma escola em parceria com os vizinhos. Marisa, então com seis anos, não tinha idade para ir à escola. Para que pudesse aprender a ler e es-crever, sentava na escadaria e rondava o prédio na esperança de ser convida-da para entrar, até finalmente receber autorização para frequentar as aulas, mesmo sem estar matriculada. “Mes-mo não tendo a lei ao meu lado, eu conquistei o direito de aprender a ler e escrever. Eu aprendi desde lá que a lei, o direito e a justiça nem sempre estão

juntos. Porque era justo que eu aprendesse a ler, eu tinha esse direito sob o ponto de vista huma-no, mas eu tinha uma lei contrária a mim. É claro que somente fui me dar conta disso de-pois, quando adquiri o conhecimento teórico, mas a movimentação e o equilíbrio desse tripé sempre pautou a minha vida”, analisa.

Depois de se empe-nhar em causa própria, Marisa come-çou a buscar os direitos dos outros. Ao sair da colônia para estudar em Caxias, envolveu-se com política estudantil e liderança juvenil católica. No ginásio, para atender o desejo do pai, se formou técnica em contabilidade, mas não abriu mão de cursar, ao mesmo tempo, o magistério.

Era chegada a hora da Zé Pergunti-nha ingressar na faculdade. Ao cursar Filosofia durante o período da ditadu-ra, Marisa perdeu professores para o exílio, como Gerd Bornheim. Como presidente do Diretório Acadêmico de Filosofia, viu-se obrigada a prestar depoimentos ao Departamento de Or-dem e Política Social (Dops) e assistiu à prisão de colegas líderes estudantis. “Eu espero que nenhuma outra ge-

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43.860 votos

“Na ditadura eu tinha limites, mas o exílio real que eu vivi foi em plena democracia”, diz Marisa, sobre sua saída da UCS

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Curiosa desde pequena, Marisa faz da leitura um hábito

FILOSOFIA NO PODERMarisa Formolo orgulha-se de feitos pioneiros, mas refuta a valorização da diferença de gêneros na política

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ração tenha que passar pelo que pas-samos para saber o que é a força da democracia. Nós tivemos a aprendiza-gem de se organizar em plena ditadura para sermos solidários entre si.” Nesse momento, cita Dilma Rousseff e chora: “En-quanto alguns dizem que ela foi guerrilheira, eu digo que foi guerrei-ra. Ela sobreviveu à tor-tura e não denunciou os companheiros, lutou em nome da liberdade. Hoje as pessoas não entendem o que é a democracia perante o sofrimento da opressão da ditadura”. Conforme vai criticando o que chama de calúnias e denúncias sem sustentação à candidata petista à presi-dência, as lágrimas dão espaço à defesa enfática do projeto político do partido. “O Estado brasileiro está sendo amea-

çado nesta campanha por um jogo de interesses de domínio econômico dos grandes grupos, que não querem per-mitir que os brasileiros, que nesse últi-mo governo conseguiram ser incluídos em direitos como o de comer e de es-tudar, continuem tendo esses direitos ampliados”, discursa.

Marisa gosta de dizer que que-bra paradigmas. Um deles foi o do modelo escolar vigente em Caxias na década de 1960, quando foi a primeira mulher a dar aulas no Colégio La Salle, até então exclusivo para rapazes. “Fazí-amos na escola aquilo que se fazia na igreja, ou seja, os homens iam para um lado enquanto as mulheres iam para outro, como se a união em uma mes-ma escola gerasse promiscuidade, con-dutas imorais. Esse tempo fez com que houvesse uma discriminação muito forte na visão de gênero na nossa cul-tura regional, que tem muito da marca da imigração italiana e da imigração alemã, que é muito sexista e patriarcal”, analisa.

Metódica e com uma maneira de pensar sistemática, Marisa lembra a progressão da vida acadêmica. “Fiz Pedagogia porque esse ato de pensar a vida e a educação, vindo da Filosofia, não me permitia ter o domínio meto-dológico necessário para o processo pedagógico ser do jeito que eu que-

ria. Então, para organizar o processo de estudo e aprendizagem, fui cursar Pedagogia. Continuei me indagando sobre o pensar filosófico e o fazer pe-dagógico, e achei que precisava domi-

nar os instrumentos de investigação. Daí fui para a especialização em métodos e técni-cas de pesquisa. Para que eu pudesse buscar de forma científica as respostas, eu percebi mais um limite: eu te-nho pensar filosófico, a organização peda-gógica, tenho os ins-trumentos de investi-gação, mas não tenho os instrumentos de

intervenção para mudar a sociedade. Então fiz mestrado em Planejamento em Educação”, enumera. Acumulando especializações, Marisa ocupou cargos de chefia na Universidade de Caxias do

Sul, sendo descrita por colegas e subor-dinados como líder com potencial de representação muito forte, responsável e criativa.

Em 1994, um episódio da vida aca-dêmica acabou levando a professora e pesquisadora – que, apesar de não fi-liada, era reconhecida como integrante do PT desde o início da década de 80 – ao mundo da política partidária. Ma-risa representava a UCS em um con-gresso em João Pessoa (PB) quando foi comunicada por telefone de que havia sido demitida pelo então reitor Ruy Pauletti (PSDB). Surpresos, Marisa e outros 14 colegas reverteram a decisão na Justiça. “Nós provamos que fomos demitidos por perseguição ideológica. Depois do que eu passei na ditadu-ra, não poderia encarar aquilo e ficar quieta.” Ela lembra que retornou à uni-versidade por seis meses para concluir seus trabalhos, sem, no entanto, poder voltar à sala de aula. “Na ditadura eu tinha limites, mas o exílio real que eu vivi foi em plena democracia”, afirma. Enquanto Marisa classifica o ex-reitor como ditador, Pauletti chama a depu-tada de guerreira e minimiza: “Ela ti-nha muitos compromissos de ordem social e política, então o que houve foi um acordo, já que ela tinha tempo sufi-ciente para se aposentar”, pondera.

Em 1996, já aposentada, ela seria a candidata do movimento pastoral à

Câmara de Vereadores, mas um ar-ranjo partidário tornou-a vice de Pepe Vargas na disputa pela prefeitura. Para o ex-deputado padre Roque Graziottin (PT), a presença de Marisa na chapa foi essencial para o partido vencer aquela eleição. “Se não fosse ela, nós não terí-amos ganhado, porque a Marisa agre-gou um segmento mais intelectualiza-do do partido.”

Ingressando na vida pública dire-tamente em um cargo executivo, Ma-risa diz que enfrentou preconceito por ser mulher. “Como em todo lugar onde uma mulher começa uma fun-ção nova, ela precisa provar que sabe fazer no mínimo igual ou melhor que os homens. Eu acho que consegui isso sob o ponto de vista de trabalho”, argu-menta, citando projetos e aprovações honrosas pelo Tribunal de Contas. De qualquer forma, apesar de ter atuado por muito tempo na academia, Marisa não poderia ser considerada inexpe-riente em administração. Além de a

família ser dona do Grupo L. Formo-lo, de serviços funerários, seu marido, Vilson Dalla Vecchia, é proprietário da Prolar Imóveis, imobiliária que admi-nistra condomínios na cidade. “A Ma-risa chegou a ser sócia da empresa, e a opinião dela sempre foi levada em con-sideração nos negócios. O sucesso é re-sultado do somatório da atuação dela”, diz Vilson. “Eu aprendi com o meu pai a valorizar cada centa-vo”, resume a deputada.

Enquanto vice-pre-feita, Marisa acumulou cargos em pastas do go-verno. Como secretária de Governo, trabalhou na implantação do Or-çamento Participativo na cidade. Foi ainda secretária de Segurança Alimentar e de Edu-cação e diretora-presi-dente da Codeca. E foi a responsável pela prefeitura em 2000, quando Pepe se afastou para concorrer à reeleição, tendo como vice outra mu-lher, Justina Onzi.

Em 2004, Marisa foi a escolhida pelo partido para dar continuidade ao tra-balho de Pepe, mas perdeu a eleição para José Ivo Sartori (PMDB). A par-ceria com Pepe ficou então para as dis-putas à Assembleia e à Câmara, mesmo

que eles integrem correntes distintas no PT. “Nós temos diferenças internas no partido e visões políticas diferentes, mas quando a gente precisa tomar uma decisão sobre um tema ou problemá-tica, essas diferenças não podem ser maiores do que o nosso compromisso político pelo interesse público”, explica Marisa. Pepe também admite diver-gências com a colega, mas é enfático: “Depois que tu te acostumas, é muito bom trabalhar com ela”.

Na campanha para se reeleger de-putada estadual, Marisa viu o antigo companheiro apoiar também outros candidatos da sigla, já que a candida-tura dela não era a única lançada pelo PT de Caxias. Marcos Daneluz, verea-dor que concorreu pela primeira vez a uma vaga na Assembleia, acabou con-quistando uma quarta suplência. Para ele, a disputa foi pacífica e fortaleceu o partido para as eleições municipais de 2012. Com objetivos mais imedia-tos, Marisa diz que a campanha não foi

fácil e invoca mais uma vez a quebra de paradigma por ter sido eleita con-correndo com candidatos do próprio partido.

Ao ocupar a tribuna da Assembleia Legislativa na quarta-feira (6), Marisa disse estar ansiosa para ser uma de-putada de situação a partir de 2011, com a eleição de Tarso Genro (PT). E aproveitou para afirmar a coerência

de sua atuação como oposicionista em seu primeiro mandato. Nos primeiros quatro anos como deputada, integrou comissões de Direitos Humanos, Agricultura e Saúde, além de criar emendas parlamentares para beneficiar a educa-ção. Contra o governo Yeda (PSDB), encabe-çou lutas pelo fim dos pedágios e pela fisca-

lização do Daer e integrou a comissão que pediu o impeachment da primeira mulher a governar o Estado. “A visão ideológica é mais segregadora do que a questão de ser homem ou mulher. O gênero define pouca coisa em relação a um perfil e uma conduta. Tanto é ver-dade que existe mais anti-petismo do que anti-mulherismo”, constata, com uma risada discreta.

“Depois que tu te acostumas, é muito bom trabalhar com ela”, afirma o ex-prefeito Pepe Vargas

“A visão ideológica é mais segregadora. Tanto é que existe mais anti-petismo do queanti-mulherismo”,compara Marisa

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Sempre com o apoio da família, Marisa diz que está ansiosa para ser, a partir de 2011, deputada de situação

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Franciele Becher| Igreja das Dores |

A igreja mais antiga de Porto Alegre é capturada pela lente da ca-xiense Franciele Becher, que mora há seis meses na Capital. Comple-tamente branca como um vestido das noivas que sobem a escadaria para alcançar o altar, a igreja é imponente na Rua dos Andradas.

16 9 a 15 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

Edital de Intimação de Cumprimento de Sentença (LEI 11.232/2005)4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

PRAZO de: VINTE (20) DIAS. Natureza: Execução de Sentença Processo: 010/1.06.0017923-3 (CNJ:.0179231-88.2006.8.21.0010). Exequente: Luizinha Clecir Scortegagna. Executado: Sonia Teresa de Jesus Bueno e outros. Objeto: INTIMAÇÃO de ROSIBEL COSTA DO CANTO, atualmente em lugar incerto e não sabido, para que o(a)(s) devedor(a) (es) pague(m), por depósito judicial ou diretamente ao credor (com recibo), no PRAZO de QUINZE DIAS, o débito indicado abaixo, mais correção monetária e juros de mora incidentes no período, sob pena de incidência de multa de 10% sobre o total e prosseguimento com penhora e alienação judicial de bens. VALOR DO DÉBITO: R$ 4.987,76 + R$ 151,63 (custas cumprimento de sentença)

Caxias do Sul, 31 de agosto de 2010. SERVIDOR: Claudiomiro Agustini da Silva. JUÍZA DE DIREITO: Cláudia Rosa Brugger.

deita de novo na cama e traduz-me uma canção bonitafaz da minha face gota e peixe entre suas mãos convexasdesenlaça minha armadura de fitas com um sorriso abotoadoconta-me quem és agora

critique meu mal humor matutino e repare no meu inglêsprepare algo a fogo lento enquanto eu escolho os frutosfique perto depois de desfrutarmos um do outro sob a música correnteem tempo, suspenda-me do leito e me leve passear sobre você

peça-me uma composição sem letra após apagar a luzafaste as vestes para eu desenhar teus traços no escuroconte seus sons às paredes e os entregue às fibras puraschame a mim como queira, por um nome novo, ou pelo título desse poema extemporâneo

PRESENTEpor JONATTAN OLIVEIRA

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por MARCELO [email protected]

ara mim livro é vida; desde muito pe-quena os livros me deram casa e co-mida. Foi assim: eu brincava de cons-trutora; livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de esca-da; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha fica-va pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro (…).” Quem escreveu este texto cresceu, ficou ínti-

ma das palavras, derrubou telhados e um dia virou fabricante de tijolos de letras. Hoje, o relato apaixonado da escritora Lygia Bojunga Nunes está no painel de boas-vindas da 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul. A casa monta-da na Praça Dante Alighieri tem teto de lona, diversos cômodos e paredes reforçadas com literatura. As amplas portas e janelas atraem curiosos – os moradores potenciais. E é deles a ener-gia que ilumina o lugar.

A Feira do Livro é diversificada, “um shopping de livros”, como descre-ve o médico Fábio Augusto Pinheiro Gomes, comprador assíduo. Atento ao desconto de 20% e aos saldos, Fábio já comprou 12 livros na feira deste ano, mas compra um pouco por vez. “Gos-to de vir para a feira. É um momento especial, uma experiência diferente de comprar na livraria. É a chance de adquirir livros mais baratos e encon-trar muita gente que gosta de ler.” Nas bancas, especialmente nas primeiras e últimas horas da tarde, o movimento é intenso. São leitores iniciados e es-treantes, responsáveis por manter os best sellers no topo, que procuram por autoajuda e esoterismo ou garimpam preciosidades nos saldos. Na progra-mação, sessões de autógrafos de li-vros de todos os gêneros. Intelectuais dividem espaço com o público diário

da praça, em palestras no auditório e bate-papos informais no Café Cultu-ral. Na terça-feira (5), Poliana Carla Molon, coordenadora do Colégio Mu-rialdo, foi à feira para comprar livros especializados em formação de pais. “Auxiliamos os pais na maneira de li-dar com os adolescentes e motivá-los para a leitura, para os estudos”, justifica Poliana. Os adolescentes do Murialdo gostam dos best sellers juvenis de Mag Cabot, da saga Crepúsculo e da série nacional Fala Sério, de Talita Rebou-

ças. “Eles estão na fase de gostar de ler o que está na moda. É sinal que ler também está na moda.”

É adulto quem compra livros, pro-move os debates e organiza o evento. No entanto, as grandes letras coloridas espalhadas pelos canteiros e o objetivo principal de formar leitores anunciam que os lugares mais aconchegantes da casa foram construídos para crianças. A escritora Lúcia Hiraksuka recepcio-nou os alunos do 5° ano da Escola Mu-nicipal de Ensino Fundamental Erny De Zorzi, do distrito de Vila Oliva, no auditório da feira, na última terça (5). A escola foi uma das 23 aprova-das entre as mais de 60 inscritas nes-ta edição do programa Passaporte da Leitura. Com os 30 livros distribuídos pela Secretaria da Cultura desde abril, as crianças carregam Histórias tecidas em Seda debaixo do braço. No livro, Lúcia conta e ilustra lendas japonesas. Os olhos puxados dos personagens, a cultura nipônica e o bicho da seda não têm nada a ver com os olhos cla-ros, o sotaque italiano e as plantações de hortifrutigranjeiros, realidade dos alunos do interior. No entanto, a pro-fessora Adriana Camelo Lucena conta que, quando o livro chegou à escola, a comunidade inteira passou a encontrar semelhanças entre as duas culturas. E o livro aproximou os continentes. “Pen-samos o que as lendas do Japão tinham

a ver com a nossa comunidade. Encon-tramos relatos de uma família japo-nesa que se instalou aqui e implantou a cultura do alho. Então passamos a pesquisar.” O clube de mães confec-cionou sacolas de tecido para os livros circularem no distrito de Vila Oliva, o catequista aproveitou a curiosidade sobre a matriarca da família japonesa, sepultada em pé, para ensinar sobre a morte em diversas culturas. “Na nossa realidade, a escola é o único lugar de acesso ao livro, ao vídeo, à cultura. E

o livro se torna o elo da comunidade”, explica Adriana.

Durante o encontro com Lúcia, o grande dia do projeto, as semelhanças entre os leitores e a escritora ficaram evidentes. “Nasci no interior de São Paulo. Meus pais trabalhavam no culti-vo da seda, a mãe cozinhava em fogão à lenha e costurava a roupa de todos à mão. Mas tinha tempo para leitura em família. Hoje a realidade é outra. Mas tem algo que é igual na roça ou na cidade, em qualquer tempo, em qual-quer cultura: o encantamento pelas primeiras descobertas.”

nessa edição da feira, Luíza Darsiê da Motta, coordenadora do evento, já viu passar mais de 2 mil crianças pelo Passaporte da Leitura. Ela garante que a feira procura atingir todos os públicos, mas têm uma dedi-cação especial aos jovens leitores. “Te-mos boas experiências de um trabalho que se faz o ano inteiro no incentivo à leitura. Um livro infantil é um bom começo inclusive para os adultos”, diz Luíza ao se referir aos projetos do Programa Permanente de Estímulo à Leitura. Quando fala de formação de leitores, Luiza não romanceia. “Leitura não é só fantasia, prazer, o mundo má-gico dos livros. Trabalhamos a leitura como uma questão de saúde pública”.

Rose Boss, da editora Correa, insta-

lou uma banca no setor infantil e viu as vendas aumentarem 70% em rela-ção ao comércio na loja. Entre livros que mais parecem brinquedos, ela percebe a importância dos polêmicos fantoches, maquetes e jogos que tor-nam as histórias um detalhe do livro. “São sempre as crianças que escolhem. Os pais só opinam quando o preço é muito alto, mas as crianças acabam convencendo. Por ser um brinquedo, não deixa de ser um livro. Com esses atrativos, os pais têm cada vez mais

comprado livros para dar de presente.” A vendedora da livraria Do Arco da Velha, Flávia Kuver, diz que as crianças têm procurado cada vez mais cedo por livros avançados para suas idades. Para Flávia, o incentivo à leitura depende de como o livro é oferecido. “Os pais chegam aqui e pedem: ‘Quero um li-vro pra ele treinar matemática’. Quem se anima? Esses livros interativos são muito legais. Se apresentados pelo quanto são interessantes, conquistam qualquer criança”, vende Flávia.

As boas vendas não se restrin-gem à literatura infantil. O aumento de cerca de 70% é comemorado na maioria das 42 bancas de livros e na banca de tapioca, de Maria Margarete Rodrigues. “Estou aqui o ano inteiro, mas na feira vendo mais e o público é diferente. O público da feira se integra muito bem com a tapioca (?!)”, compli-ca Maria Margarete, e filosofa: “Quem lê é curioso e tapioca é uma curiosida-de em Caxias. Livro é cultura, e cultu-ra também é comida”. Livreira desde a primeira edição da feira, Maria Helena Lacavo aproveita para atrair clientes. “É a oportunidade de se tornar co-nhecido, massificar a marca. É tirar o livro das quatro paredes e trazer para a praça, popularizar. A praça não é do povo? Então, quando está na praça, o livro também é.”

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playground das letras

Entre as crianças e adolescentes, a moda sãos os best selles e os livros-brinquedos. Ouvir histórias, costume antigo, continua em alta para essa geração

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LEITURAS PARA ORECREIO

Focada na formação de leitores, a Feira do Livro investe nas crianças. Elas são capazes de multiplicar a leitura e de levar os pais pela mão

www.ocaxiense.com.br 179 a 15 de outubro 2010 O Caxiense

Page 18: Edição 45

l A Lenda dos Guardiões (3D) | Animação. 13h10, 15h10, 17h20 e 19h30 | iguatemi

Corujas tentam salvar seu reino e der-rotar o inimigo. Dirigido por Zack Sny-der. Livre, 87 min., dub..

l A Marcha dos pinguins | Docu-mentário. Domingo, 15h | Sesc

Registro sobre a jornada dos pinguins imperadores até o local onde se reprodu-zem. Livre, 85 min..

l tropa de Elite 2 | Policial. 14h, 15h20, 16h30, 19h, 20h20 e 21h30 | igua-temi

Capitão Nascimento, agora coman-dante, enfrenta novos inimigos. Dirigido por José Padilha. 14 anos, 117 min..

AinDA EM CARtAZ – Avatar – Edi-ção Especial (3D). Aventura. 21h40. Iguatemi | Comer, rezar, amar. Drama. 13h30, 16h10, 18h50 e 21h50. Iguatemi | Flor do Deserto. Drama. 20h. Ordovás | Gente Grande. Comédia. 15h40. Igua-temi | Karatê Kid. Aventura. 20h. UCS | Meu Malvado Favorito. Animação. 16h. UCS | nosso Lar. Drama. 13h40, 16h20, 18h40 e 21h10. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. 18h. UCS | O Monstro. Comédia. Quinta (14), 15h. Matinê às 3. Ordovás | O pequeno na-rigudo. Animação. Sábado, 15h. Sesc | Os vampiros que se mordam. Comédia. 18h e 20h. Iguatemi | O Último Exorcis-mo. Terror. 13h50 e 22h. Iguatemi |

FEiRA DO LiVRO – Sábado (9): Scooby-Doo e o Rei dos Duendes, 18h. | Missão Quase impossível, 18h. | Se-gunda (11): Surpresa em Dobro, 18h. | terça (12): Up - Altas Aventuras. 16h. | Quarta (13): putz, a coisa tá feia!. 18h. | Quinta (14): tá Chovendo Ham-búrguer. 18h. Sexta (15): Monstros Vs Alienígenas. 18h.Espaço do Sesi

inGRESSOS - iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (in-teira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sex-ta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferen-cial) e R$ 7 (meia entrada, crianças me-nores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sába-do a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Var-

gas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462. 3221-5233.

l As Aventuras no trem da Leitu-ra | Sexta (15), 10h, 14h30 e 20h. Sábado (16) e domingo (17), 16h e 20h |

A Cia Uerê apresenta um passeio de trem pelas histórias clássicas da literatu-ra nacional.SescR$ 10, R$ 8 (antecipado) e R$ 5 (comerciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 |

l Stand Up Drama | Quinta (14), 20h30 |

A inspiração são histórias de Paul Aus-ter, do livro Achei que Deus fosse meu pai e um conto do uruguaio Mario Bene-detti. Dirigido por Bob Bahlis.teatro MunicipalR$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Cultura tibetana nas peregri-nações budistas | De segunda a sába-do, das 10h às 19h30min e domingos ,das 16h às 19h |

A arquiteta e fotógrafa Ilka Filippini apresenta o resultado de peregrinação budista na Ásia.Catna CaféEntrada franca | Júlio de Castilhos, 2.854 | 3212-7348 e 3021-7348

l Las Calles de Havana | De segun-da a sábado, das 8h às 22h |

Edson Pereira aproveitou viagem à ca-pital cubana para curso de cinema e re-gistrou as ruas da cidade.Centro de Convivência – UCSEntrada franca | Francisco Getúlio Var-gas, 1.130 | 3218-2100

l Quem é você? | 8h às 20h |Tiarlei Camargo e Cristiano Dub re-

fletem sobre a construção da identidade na adolescência.Jardim de Inverno Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462. 3221-5233.

AinDA EM ExpOSiÇÃO – Bez Batti – 70 anos. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Emoções. Sábado, das 10h às 22h, e do-mingo das 10h às 20h. Iguatemi Caxias. 3289-9292 | Eu vivo, e você? De segun-da a sexta, das das 9h às 12h e das 13h30 às 19h. Sábados das 9h às 15h. Galeria Arte Quadros. 3028-7896 | Sensações e Emoções. Até 15 de outubro, de segunda a sexta, das 8h às 22h. Ftec. 3027-1300 | Sobretudo. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Campus 8. 3289-9000.

l La Cueva | Sábado (9), às 17h e terça (12), às 16h

Escola de Flamenco apresenta repertó-rio variado na Feira do Livro.palco CentralEntrada franca

l Circo Bremer | De segunda a sex-ta, 20h30. Sábados e domingos, 15h30, 17h30 e 20h30 |Villagio iguatemi, ao lado da RGER$ 20 (público em geral) e RS 10 (infantil) | (51) 8220-8737

l Orquestra Municipal de Sopros | Domingo, 20h e segunda (11), 20h30 |

Espetáculo Salsa ao Mambo apresenta ritmos com merengue, pachanga e conga.teatro MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

tAMBÉM tOCAnDO - Sábado: Adriano pasqual. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Blues de Bolso. Blues. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Carlos Zanetti-ni. Folk. 22h. Overmundo. 3021-5025 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Dan-ceteria. 3222-2002 | Luana pacheco. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | O Se-nhor do tempo. Pop rock. Santo Graal. 3221-1873 | ponto e Vírgula. Samba rock. 22h. Badulê. 3419-5269 | Samba House. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | trini-ty. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | tubarão 75. Surf music. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Urânius Blues. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Ytangos. Milonga/tango. 20h. Teatro Municipal. 3221-3697 | Domingo: Viegas trio. Fei-ra do Livro. 19h. | Segunda (11): Ale-mão Ronaldo. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Constelação. Anos 90. 23h. Havana. 3224-6619 | H5n1. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Mag-nitude. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Oltz. Rock. Santo Graal. 3221-1873 | pie-tro Ferretti e Bico Fino; Fabrício Beck e Hernan Gonzales. Samba rock/latino. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Shine on the rocks. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Quarta (13): Marcus Koza. MPB. 19h. Baita-Kão. 3228-1666 | prego tor-to. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Os Blugs. Feira do Livro. 19h. | Quinta (14): Fabrício Beck. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Franciele Duarte. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Sexta (15): Electric Blues Explosion. Blues. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Mãe do norman e DJ taty D. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Rafa Gubert e tita Sa-chet. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Banda Disco. Anos 70 e 80. 22h. Bier Haus. | Caixa Azul. Feira do Livro. 19h.

[email protected] Cíntia Hecher | editado por paula Sperb

Guia de Cultura

18 9 a 15 de outubro 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

CinEMA

tEAtRO

DAnÇA

CiRCO

MÚSiCA

ExpOSiÇÕES

Música | HecatoMbe

Proporções nuclearespor CíntiA HECHER

Queridos headbangers, segunda-feira é o dia de vocês saírem de casa para fazerem o que sabem melhor. Como é véspera de feriado, aproveite e vá ao show da banda Hecatombe, que lançará seu primeiro DVD. No rebento, as filmagens se dividiram em um estúdio e, mais impressionante, no hangar do Aeroclube de Caxias do Sul. A estrutura do cená-rio, segundo o vocalista Mark Nicolau, foi realizada pela própria banda e mais três roadies. Era passar em ferro-velho, carregar caminhão pra cá, descarregar pra lá... o que talvez seja reflexo do peso das músicas. Trabalho pesado não se faz só com guitarras, baixo, bateria e vocal poderoso. O DVD mostra o que certa-mente aparece nos shows, sempre cheios de energia e de uma vontade de se ex-pressar que beira o catártico. A diferença fica por conta da saída de um integrante, Moelevil. Este será o primeiro show da banda sem o guitarrista. Vale conferir as diferenças entre o antes e o depois. Nada que altere em demasia o som tirado pelo resto da banda, com Caldo na guitar-ra, Wood no baixo e Boll3t na bateria, prestes a comemorar 10 anos de estrada. Classifiquemos Hecatombe como metal, por mais que as influências dos meninos viajem de Pantera a Bon Jovi. Entremos, então, no mérito das letras, que tratam de sentimentos vazios e de que o que existe não é o suficiente. Detalhe para o idioma escolhido, inglês. Além das letras prontas para serem compreendidas sem dificuldade pelos gringos, toda a parte de depoimentos do DVD é com o pesso-al da banda conversando nesta língua anglo-saxã. Alguns com mais facilidade que os outros. O tom é informal, uma conversa entre amigos num bar. Tudo para que a sonhada carreira internacio-nal venha com naturalidade. Para quem gosta de som pesado mas extremamente bem elaborado e de uma arte cuidado-sa, o DVD serve muito bem. No show, a banda promete músicas novas e cover de bandas como Rammstein, Pantera, Slipknot, Korn e Metallica, só para calcar mais ainda que as influências são várias e sempre competentes nas matérias peso e estilo. O significado literal da palavra hecatombe remete a chacinas e carnifi-cinas. Ao olhar o agora quarteto, com umas carinhas de gurizada e olhinhos azuis brilhantes, nem se imagina que é exatamente esta a intenção deles. O tédio e a mesmice sucumbirão ao talento da boa música pesada, sem esteriótipos.

l Hecatombe | Segunda (11), 23h |

Show da banda para lançamento do DVD Crossing No-Fly Zone.VagãoR$ 15 e R$ 12 (com nome na lista e atémeia-noite) | Coronel Flores, 789 | 3223-0007

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Guia da Feira do Livro

www.ocaxiense.com.br 199 a 15 de outubro de 2010 O Caxiense

O melhor lançamento da Feira nes-te final de semana é História de não acontecer, de Reges Schwaab. São duas estreias em uma. É o primeiro li-vro de Reges Schwaab e também a pri-meira prosa de ficção publicada pela editora Modelo de Nuvem. Não fala de numerologia, mas o lançamento ocorre em uma data tão poética como o livro: 10.10.10.

l Eu vou conseguir ficar na aula | Sábado 18h

No seu primeiro livro, ilustrado pelo cartunista Adão Iturrusgarai, Nana Corte dá dicas de como permanecer na aula. Para adolescentes e adultos espertalhões. (Modelo de Nuvem)

l História de não acontecer | Domingo, 17h

A ordem dos capítulos da cópia ori-ginal do livro foi ditada da forma mais simbólica possível, com cortes de esti-lete no papel. O artefato, que também pode infingir a dor, organizou os sen-timentos de solidão em forma de pa-lavras. A prosa breve surpreende pela densidade. (Modelo de Nuvem)

l Do jeito certo | Terça (12), 16hFrei Aldo Colombo, o homenageado

da feira, lança com Dom Itamar Vian um livro de parábolas modernas que resgatam valores da Bíblia e da tradi-ção cristã. (Ed. Paulinas)

LAnÇAMEntOS E AUtÓGRA-FOS: Sábado: Desejos Urbanos. Igor Luchese. Contos. Maneco. 11h. | Um dia de gato. Valesca de Assis. In-fantil. Libre-tos. 11 h. | Lasanha. Igor Luchese. Jornal. BAG publicações. 14h | Ethernyt – Sob o domínio das sombras. Márson Alquati. Terror. Giz Editorial. 16h | O eclipse de Serguei. Gilson Corrêa. Romance. Biblioteca 24x7. 16h | Direito Civil – Obriga-ções. Alexandre Cortez Fernandes. Direito. Educs. 17h | Domingo: nos-sa Senhora do Rosário – 132 anos de história. Luiz Damo. Católico. Lori-graf. 16h. | 101 Razões Emocionantes para a vida continuar após 2012. Zico Zugno. Científico. Ed. Maneco. 16h. | Espaço de Memórias – o envelhecer, a finitude, as conquistas. Helena Maria

Rizzon Mariani. Saúde. Educs. 17h. | Canto de sereia à beira do fantástico e Meu corpo Um amor-perfeito. Lia-Rosa Reuse. Poema. Scor Tecci. 18h. | Segunda (11): Direito Urbanístico. Adir Ubaldo Rech e Adivandro Rech. Direito. Educs. 17h. | terça (12): Er-nesto Bernardi, o dirigente comunis-ta. Édio Elói Frizzo. Política. Educs. 17h | Quarta (13): @ perdida do E-mail. Jairo Soares, Manuele Ceratti Silva e Paula Letícia Gaier. São Miguel. 16h. | Jovens e cotidiano – trânsito pelas culturas juvenis e pela escola da vida. Nilda Stecanela. Educação. Educs. 17h | O livro de André. Biogra-fia. André Francis Gupiani da Rosa. Maneco. 18h. | Quinta-feira (14): Moda em sintonia. Ana Mery Sehbe De Carli e Mercedes Lusa Manfredini. Moda. Educs. 17h. | Leitura e produ-ção textual. Vanilda Salton Köche, Odete Maria Benetti Boff, Adiane Fo-gali Marinello. Letras. Educs. | tempo de Amadurecer e Quadrantes. Flávio Luís Ferrarini. Infanto-juvenil. Mane-co. 18h. | Sexta-feira (15): O Direi-to e a Morte – uma abordagem ética. Márcia Helena Caprara Lionço. Direi-to. Educs. 17h. | Crônicas Douradas. Lúcio Humberto Saretta. Esporte. Ed. Maquinária. 17h30. | Coleção Como Bem Ensinar. Conselho Autoral da Escola Caminhos do Saber. Educação. Vozes. 19h. |

Os encontros mais aguardados da Feira ocorrem nesta semana. O titã Tony Belotto, que deve atrair público mais pela fama musical do que por fãs de seus livros, é recebido pelo patrono Marcos Kirst; Laurentino Gomes, au-tor de 1822, que já nasceu best seller, tem como anfitrião Nivaldo Pereira. Há também jornalismo, filosofia, hu-mor e literatura infantil, todos com entrada franca.

l De todo meu ser | Sábado, 15h | Palestra com Mônica de Castro, me-

diação de Vera Vanin, do Centro Cul-tural e Espírita Jardelino Ramos.

l Desenho de humor, autores e livros | Sábado, 18h |

Bate-papo com Reinaldo Figueiredo (Casseta & Planeta) e Adriana Antunes.

l O que é a filosofia à maneira clássica | Domingo, 15h |

Palestra com Alan Formolo e Ma-rina Poloni, do Centro Cultural Nova Acrópole.

l Bussunda, um cara que tinha tudo para não ser nada | Domin-go 18h |

Bate-papo com Guilherme Fiuza, participação de Renato Henrichs e Valéria Martins.

l no Buraco | Terça (12), 18h

O patrono da feira, Marcos Fernan-do Kirst, recebe Tony Belotto para um bate-papo sobre o último livro do gui-tarrista dos Titãs.

l A Criação Literária | Quarta (13), 17h

Bate-papo com Cristovão Tezza e José Clemente Pozenato.

l no país das maravilhas: um passeio com Alice pela litera-tura infantil e juvenil | Quinta (14), 18h

Mesa temática com o escritor Caio Riter, as professoras Cecil Zinani e Sa-lete R. dos Santos e Volnei Canônica, da Fundação Nacional do Livro Infan-til e Juvenil.

l Um repórter brasileiro na região mais perigosa do mundo | Sexta (15), 17h

Bate-papo com o jornalista Luiz An-tônio Araujo, autor de Binladenistão.

l 1822 – Um novo olhar sobre a independência do Brasil | Sexta (15), 17h

Laurentino Gomes, autor de 1822 e 1808, conversa com Nivaldo Pereira sobre suas obras, que desmitificam a história do Brasil.

l Venha Ler Comigo

Boas leituras merecem ser recomen-dadas e nada melhor do que conver-sar sobre livros saboreando um café. Trabalhadores da cultura, poetas e homenageados conversam com leito-res, sempre no final da tarde, no Café Cultural.

Sábado: tadiane tronca e Gilmar Marcílio. 19h. | Segunda (11): Fabia-no Finco e Adriana Antunes. 18h30. | Quarta (14): Marcos Fernando Kirst e Frei Aldo Colombo. 18h. |

LAnÇAMEntOS

Literatura | Fazenda santa ana

Simplicidade das letraspor pAULA SpERB

A beleza está nas coisas simples, dizem aqueles que buscam a qualidade do belo nas pequenas e singelas coisas da existência. Têm razão quando afirmam, inclusive no que diz respeito à Literatura. Fazenda Santa Ana, de Maria de Lourdes Gonçalves Avino, publi-cado pela editora Maneco, é um belo livro. Belo por ser simples: uma boa estória escrita com clareza cativante. Não comete o erro de buscar erudição onde não é necessário, não tem pretensão histórica ou experimental. É simplesmente um romance e, por não possuir mais do que a intenção de proporcionar momentos de lazer com a leitura, cumpre seu papel com êxito. Fazenda Santa Ana é o pri-

meiro livro de Maria de Lour-des. A estreante colocou no papel muito mais do que as 400 pági-nas impressas da primeira edição. Como semen-tes, suas ideias precisaram de espaço para brotar. Depois de germinadas e crescidas, foram podadas para gerar um fruto aprimorado. Maria de Lour-des aprendeu muito ao ter que

podar o próprio livro e tem consciência de que o resultado final ficou melhor do que o bruto. A personagem principal, Maria Clara é uma professora, assim como a autora, que se muda de Caridoso, em São Paulo, para lecionar em uma fazenda do tipo café-com-leite, em Serrana. As cidades e a fazenda são ficção, mas a inspiração da persona-gem surge de um antigo sonho de Maria de Lourdes de passar pela mesma experiência de ensinar uma comunidade rural. E fazer mais do que apenas ensinar, tentar interferir de forma positiva na vida local. A heroica professora Maria Clara encarna esta missão, mas como toda mocinha enfrenta muitas dificuldades. São as vicissitudes que tornam Fazenda Santa Ana tão cativante. Não há um clímax no final, mas vários. Muitas páginas de tranquilidade indicam que algo emocionante surgirá na sequência, muito parecido com o turning point do cinema. O livro renderia uma adaptação para telenovela. Há todos os elementos necessários, a mocinha, mocinhos, a vilã, o mistério e a vingança final. Como Fa-zenda Santa Ana ainda não foi adaptado, portanto recomendo a leitura. Ideal para um feriado na praia, no campo, quando tudo que se deseja é entrar no universo de outro alguém e torcer pelo desfecho.

l Fazenda Santa Ana

Editora Maneco, 400 páginas, R$ 40.

DEBAtES

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por ROBIN [email protected]

m meio ao batalhão de assessores, das respostas prontas, sempre previsíveis, e dos compromissos eleitorais, é difí-cil conseguir uma resposta realmente sincera de um político. Quando o jogo cessa temporariamente e as feridas de uma derrota ainda estão abertas, aque-les que dedicam a vida à representação política acabam demonstrando facetas pouco conhecidas, como é o caso dos candidatos caxienses Germano Rigot-to (PMDB), Ruy Pauletti (PSDB), Kalil Sehbe (PDT) e Vinicius Ribeiro (PDT).

Pauletti foi quem sofreu a maior queda no número de votos. O deputa-do federal, que se elegeu em 2006 com o apoio de 57.064 eleitores, alcançou 33.634 votos nestas eleições – só em Caxias, perdeu 13.446 votos de uma eleição para outra. “O meu partido é muito fraco na região e o desgaste do governo Yeda nos atingiu. Também houve um desgaste por causa de de-

núncias rasteiras e safadas que sofri”, diz o deputado, referindo-se ao escân-dalo das passagens aéreas – em que alega ter sido, entre os 500 políticos apontados, o que menos se beneficiou da regalia.

“Estou decepcionado não por não ter sido eleito, mas pela situação em que se vende uma imagem ao povo que não é real. Isso acontece com os governos do meu partido e com os dos outros.” Pauletti classifica como “destroçado” o PSDB do Estado, que acredita ter virado um anexo do governo. O par-lamentar revela que tentou abandonar a carreira política ainda no primeiro mandato como deputado estadual. “Quis desistir de ser deputado porque achei que meu trabalho na visão co-munitária era muito melhor. As coisas demoravam muito para acontecer.”

Naquela época, o ex-reitor da UCS pediu para retornar à universidade no cargo de assessor para assuntos políti-cos, no qual atuara por quatro meses antes de concorrer à Assembleia. Se-gundo Pauletti, entretanto, o Conselho Diretor da instituição entendeu que

não havia função que ele pudesse exer-cer. “Continuei trabalhando e fui en-tendendo que deveria participar com paciência, que o Legislativo não era o Executivo”, conta Pauletti, que depois se decepcionaria também com a atua-ção em Brasília. “Parece que você está num trabalho de brincadeira”, resume.

O sociólogo José Carlos Monteiro acredita que a aliança com o PP, que tem grande inserção no interior do Es-tado – e, portanto, fortes concorrentes –, e o processo trabalhista movido por Pauletti contra a UCS foram prejudi-ciais na sua tentativa de reeleição. O tucano parece concordar com a pri-meira razão dessa análise (não queria a coligação proporcional com os pro-gressistas), mas se justifica quanto à se-gunda: “Todos os reitores eram demi-tidos para receber seus direitos quando terminavam a administração. Depois de muitas tentativas de acerto, entrei na Justiça por quebra de contrato. Sei que isso teve custos políticos, mas não estou arrependido”.

Com a derrota nas urnas na última semana, Pauletti anunciou que não pretende voltar a pleitear cargos públi-cos. Quer voltar à universidade, afirma que a instituição é obrigada por deci-são judicial a aceitá-lo novamente para o cargo de assessor. Dentro do PSDB, os lamentos pela derrota de Pauletti são ofuscados pela preocupação em eleger José Serra como presidente. “É um momento difícil e preocupante do partido no Rio Grande do Sul, mas só poderemos avaliá-lo depois do dia 31”, diz o presidente estadual do partido, Cláudio Diaz (outro que não se reele-geu para a Câmara).

Se teve a vitória de Alceu Bar-bosa Velho, o PDT caxiense também somou duas derrotas. Não conseguiu eleger o atual deputado estadual Kalil Sehbe para a Câmara Federal nem o vereador Vinicius Ribeiro para a As-sembleia. Kalil Sehbe teve 3.913 votos a menos do que na última eleição. Com o mandato terminando, ele agora tem esperança de fazer parte do governo Tarso Genro (PT). “Nunca sabemos

o dia de amanhã.” O pedetista é pro-fessor licenciado da Unisinos, diz que também recebeu, na manhã de terça-feira (5), a proposta de uma empresa privada para assumir um cargo admi-nistrativo no próximo ano.

Para Vinicius, a der-rota começou, na re-alidade, muito antes do dia 3 de outubro. O diretório municipal do partido não aceitou sua candidatura – queria dar exclusividade a Al-ceu –, e ela teve de ser homologada pelo PDT estadual. Ainda assim, o vereador vê dividen-dos positivos em seu resultado nas urnas. “Por causa da votação expressiva (29.041 votos), tendo um cenário desfavorável dentro do parti-do, com todo o PDT de Caxias contra a gente, a decisão para candidatura (a prefeito) em 2012 passa por uma con-

versa conosco”, acredita. Seu padrinho político, o chefe de gabinete da prefei-tura, Edson Néspolo, concorda que a votação mostrou a força de Vinicius.

Fábio Vanin, coordenador do curso de Ciência Política da Faculdade Amé-rica Latina, avalia que a eleição deste ano pode mudar de forma permanente a carreira do vereador, que está em seu terceiro mandato. “Em 2012, ele não poderá se apresentar com a imagem da renovação. Será mais uma manutenção de poder.”

Apesar de tanto Vinicius quanto Al-ceu alegarem que as eleições puseram fim às brigas internas no partido, o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan, continua demonstrando preo-cupação com a legenda. “Já conversei com o vice-prefeito e fiz um apelo para que ele fosse responsável pela reunifi-cação do partido”, diz Bolzan, que acre-dita que o desempenho de Kalil tam-bém foi afetado por motivações locais. O presidente do PDT municipal, Luiz Carlos Muniz, diz que Vinicius deverá repensar sua postura: “Esperamos que ele decida ser um soldado para o parti-

do ao invés de um guerreiro solitário”.

Há três anos e oito meses sem mandato eletivo, o ex-governador Ger-mano Rigotto (PMDB) ficou em ter-ceiro lugar na corrida ao Senado. Fez

2.445.881 votos, contra 3.401.241 de Ana Amé-lia Lemos (PP), que ocupou a segunda vaga do Rio Grande do Sul, atrás de Paulo Paim (PT). No dia seguinte à eleição, Rigotto fez duras críticas à posi-ção de sua legenda, que classificou como sem identidade e com visão fisiológica. “O parti-do nos colocou numa sinuca de bico ao não

concorrer à presidência. Fui boicotado pela coligação nacional, que foi até à Justiça para tentar evitar a candidatura própria.”

O cientista político e professor da

UCS João Ignacio Pires Lucas acredi-ta que a falta de posicionamento de Rigotto quanto à polarização Dilma-Serra na disputa presidencial pode ter contribuído para o fracasso nas urnas. Quanto ao futuro, Pires Lucas avalia que o caminho do ex-governador tal-vez seja retroceder a uma candidatu-ra para deputado estadual ou federal daqui a quatro anos. Para o sociólogo José Carlos Monteiro, uma aliança para emplacar o primeiro e o segundo voto ao Senado, como a que fez o PT com PC do B (representado por Abgail Pereira), poderia ter salvo a candidatu-ra de Rigotto.

Por enquanto, o peemedebista diz que, se for convidado, não aceitará car-go no governo federal ou estadual, e também descarta concorrer à prefeitu-ra de Caxias em 2012: “Não há a míni-ma possibilidade.” Entretanto, quando a prefeitura de Porto Alegre foi men-cionada, a resposta não foi tão enfática. Rigotto apenas disse “não”. Compreen-sível. Afinal, mais difícil do que assimi-lar um revés eleitoral é, a partir dele, projetar o próprio futuro político.

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Desabafos eleitorais

20 9 a 15 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Rigotto ficou em 3º para o Senado; Pauletti e Kalil fizeram menos votos do que em 2006; Vinicius enfrentou resistência dentro do próprio partido

REVÉS E REFLEXÃOLideranças políticas da cidade, Germano Rigotto, Ruy Pauletti, Kalil Sehbe e Vinicius

Ribeiro tentam assimilar a derrota e reavaliam suas posições no cenário político

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“Parece que você está num trabalho de brincadeira”, diz Pauletti, decepcionado com a atividade parlamentar em Brasília

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www.ocaxiense.com.br 219 a 15 de outubro 2010 O Caxiense

[email protected]

Fabiano provin

Quem já foil Lateral direito Luiz Felipe – antecipou rescisão com o Ju. Foi apresen-tado pelo Guaratinguetá-SP.l Volante Júlio César – ao rescindir o contrato com o Ju, disse que iria para o Guaratinguetá, porém, foi para o ArtSul-RJ.l Lateral esquerdo Calisto – acertou a saída antes do término do contrato, em 30 de novembro.l Lateral esquerdo planchón – atuou somente em amistosos. Tinha contrato até 30 de novembro.

Quem já renovoul Volante Umberto – tinha contrato até 30 de novembro e, no final da manhã de quarta-feira (6), a direção do clube oficializou a permanência do atleta por mais uma temporada.

Com quem o Ju quer renovarl Lateral Celsinho – tem contrato

até 30 de novembro. A direção já conta-tou o atleta.l Zagueiro Fred – tem contrato até 30 de novembro. Depois de um Gauchão irregular, deu a volta por cima e tornou-se titular. A direção já contatou o jogador.l Volante Éverton Garroni – tem contrato até 30 de novembro. Ganhou lugar com Beto Almeida.l Meia Christian – tem contrato até 30 de novembro. Ganhou lugar no time de Beto Almeida.l Atacante ismael Espiga – tem contrato até 30 de novembro.

Os que devem ficarl Goleiros – Carlão (contrato até 30/11/2010), Follmann (até 31/12/2012) e Jonatas (até 30/11/2011).l Zagueiros – Bruno Salvador (até 30/11/2011), Édson Borges (até 30/11/2011), Bressan (até 31/03/2013), Rafael Pereira (até 31/12/2011) e Victor (19/09/2011).

l Volantes – Tiago Renz (até 31/08/2011) e Tiago Silva (até 30/11/2011).l Meias – Cristiano (até 10/05/2013), Fabrício (30/10/2010), Jander (30/10/2010), Marcos Paraná (até 30/11/2011) e Gustavo (até 31/01/2013).l Atacantes – Fausto (até 30/11/2012), Hiago (até 31/03/2013), Jean Coral (até 30/10/2010) e Júlio Madureira (até 30/11/2011).

Lembram dele?l Volante Lauro – tem contrato até 30 de novembro deste ano.

A comissão técnical treinador – Beto Almeidal Auxiliares técnicos – Antonio Picoli e Michel Huffl preparador físico – Rodrigo Squinallil preparador de goleiros – Hum-berto Flores

l Goleiros – Matheus (até 14/05/2013), Ricardo (até 31/12/2011) e Sidivan (até 20/08/2012).l Laterais direitos - Alisson (até 31/12/2012), Marcelo Oliveira (até 30/11/2010) e Thiaguinho (até 30/04/2011).l Zagueiros – Caçapa (até 30/11/2010), Neto (até 10/12/2010) e Tiago Saleti (até 20/11/2010).l Laterais esquerdos – Edu Silva (renovado até o final de 2011) e Ismael (até 30/11/2010).l Volantes – Edenilson (até 28/12/2013), Itaqui (até 10/12/2012), Marcelo Labarthe (até 30/11/2010), Marcos Ro-gério (até 30/11/2010), Michell (até 30/11/2010) e Renan (até

14/12/2010).l Meias – Diogo (até 30/11/2010), Rodrigo Paulista (até 31/12/2011) e Thiago Corrêa (até 05/11/2010).l Atacantes – Adria-no (até 31/05/2011), Aloísio (até 10/12/2012), Balthazar (até 30/11/2010) e Mauro (até 30/11/2010).

A Comissáo técnical treinador – Julinho Camargol Auxiliar técnico – Ivan Brito Soaresl preparador físico – Carlos Fabiano Mazolla Vieiral Auxiliar de preparação física – Marcelo Rohlingl preparador de goleiros – Rogério Maia de Brum

Eliminado da Série C e rebaixado para a quarta divisão nacional, o Juventude não está fazendo contas. Na verdade, o pensamento no clube da Rua Hércules Galló, atualmente, é definir uma parceria administra-tiva e financeira para reestruturar a instituição – não há prazo para divulgar as tratativas encaminhadas somente pelo presidente do Con-selho Deliberativo, Carlito Chies, e pelo presidente do Ju, Milton Scola. Ao mesmo tempo, Chies tenta fazer com que o nome de Scola seja consenso – ou melhor, que nenhum candidato ou chapa de oposição surja neste ano.

Paralelamente, o vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, toma as primeiras medidas visando a próxima temporada. Ele e o diretor de futebol, Raimundo Demore,

negociam com os atletas escolhidos para permanecerem no Estádio Alfredo Jaconi para o Gauchão e, talvez, a Série D de 2011. O primeiro a renovar foi o volante Umberto (na foto, à direita, com Gustavo). Outros preferidos, com negociações já encaminhadas, são o zagueiro Fred e o lateral direito Celsinho. Os uruguaios Christian (meia) e Ismael Espiga (atacante) e o volante Éverton Garroni também têm prioridade da diretoria.

A reapresentação dos profissio-nais será no dia 25. Do grupo que encerrou a participação na Série C, não se apresentarão o lateral direito Luiz Felipe (foi para o Guaratin-guetá-SP), o volante Júlio César (retornou para o dono do seu passe, o ArtSul-RJ) e os laterais esquerdos Planchón e Calisto – liberados.

A Copa Enio Costamilan, além de não deixar o grupo profissio-nal do Caxias parado neste final de segundo semestre, está ser-vindo para o técnico Julinho Ca-margo avaliar algumas peças que deverão ficar no Centenário para a próxima temporada. Do total de 24 jogadores à disposição para a Copinha, 13 têm contrato com a agremiação grená até o final deste ano, entre eles os zagueiros Neto, Tiago Saleti e Caçapa, os volantes Marcos Rogério e Renan e os atacantes Mauro e Balthazar. O primeiro a renovar foi o lateral esquerdo Edu Silva (foto), que fica até o fim de 2011.

Ou seja, até o final de novem-bro, quando termina a Copinha,

o departamento de futebol grená provavelmente já terá definido quantos permanecem para a dis-puta do Estadual. Vale destacar que o atacante Éverton, que foi para o Inter e agora está empres-tado ao Bahia, tem contrato até janeiro de 2013. Outro atacante, Palácios, com compromisso até fevereiro de 2012, foi para o ASA, de Alagoas. E o matador Cristian Borja (contrato até junho de 2011) está emprestado ao Flamengo. O goleiro Fernan-do Wellington, que ficaria até dezembro deste ano, rescindiu e também foi para o Bahia. O meia Marcelo Costa, que ficaria até o final de novembro deste ano, já está jogando pelo Goiás.

Estão no departamento médico do Juven-tude os zagueiros Édson Borges (fez cirurgia após rompimento do tendão do tornozelo direito) e Rafael Pereira (teve rompimento dos ligamentos do tornozelo esquerdo); os meias Fabrício (sofreu fratura em um dedo do pé direito), Hiago (fraturou na fíbula do tornozelo esquerdo) e Jander (fez cirurgia nos ligamentos do joelho esquerdo) e o goleiro Follmann (teve fratura em um osso da mão esquerda).

O departamento de marketing do Caxias lançou nesta semana o Informe Grená. Com periodicidade quinzenal, o informativo será enviado por e-mail para diretores, conselhei-ros, associados, colaboradores e imprensa, com o objetivo de comunicar tudo o que acontece dentro do clube. Além do dia a dia do Estádio Francisco Stédile, o Informe apre-sentará as promoções da loja oficial Espaço Grená.

A equipe Master do Juventude, que come-çou a ser montada no início de agosto, fará um amistoso às 10h deste domingo contra a categoria Veteranos do Corinthians de Mato Perso, distrito de Flores da Cunha. A partida será realizada no campo do alvinegro florense, campeão da categoria no município vizinho. Após a partida, haverá um almoço de confraternização.

No Juventude, o departamento Master está sendo estruturado, com a criação um estatuto nos mesmos moldes do departamento Paixão Feminina. Extraoficialmente, o ex-centroa-vante Ferreira e o ex-lateral esquerdo Erick-son encaminham a parte burocrática.

Entre os ex-atletas que vestirão a cami-sa alviverde pelo time Master estão Plein, Dorotheo Silva, Claudinho, Lauro, Fernando Rech, Picoli (atual auxiliar técnico de Beto Almeida), Isoton, Humberto (atual treinador de goleiros), Márcio Angonese (treinador de goleiros do time juvenil), Alexandre e Ortunho.

negociações e renovações: tempo de espera no Jaconi

Qual será o time grená no Gauchão?

O grupo do Ju

O grupo do Caxias

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l Campeonato Municipal infan-til | Sábado, 14h30 e 16h |

A 1ª rodada do campeonato iniciou com muitos gols. Ao todo foram 13 nos três jogos realizados. O Murialdo goleou a equipe do Galópolis por 4 a 0. Os meninos da CFA Caxias do Sul também mostraram o seu bom de-sempenho dentro de campo, vencendo o Sagrada Família por 3 a 0. O último jogo foi responsável pelo único empate da rodada: 2 a 2 entre G.E. Conceição e Projeto CAE. Neste final de semana, a equipe do Murialdo tira uma folga e dá lugar para os meninos do Águia Negra, que estreiam diante do Concei-ção.Sábado, 14h30: G.E. Conceição x Águia Negra (Municipal 1), Sagrada Família x Projeto CAE (Municipal 2) | 16h: C.F.A. Caxias do Sul x Galópolis Ativa (Municipal 1)Campo Municipal 1 e 2Entrada gratuita | Av. Circular Pedro Mocelin, s/n°, Cinquentenário

l Caxias x Estrela | Terça, 15h |Este é o primeiro jogo do returno da

segunda fase de grupos. A equipe gre-ná está no grupo com o Guaporense, Aimoré e Estrela e as duas primeiras equipes se classificam para a fase se-guinte. O Caxias tem 3 pontos e ocupa a 3ª colocação. A vitória é vital para a

equipe grená galgar posições na tabela de classificação..Estádio CentenárioEntrada gratuita | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

l Campeonato Gaúcho Sub-17 Masculino | Sábado, 9h30, 11h30, 15h e 20h |

A equipe da Universidade de Caxias do Sul (UCS) terá uma maratona de três partidas neste final de semana. A primeira é contra o Sinodal, penúlti-mo colocado na tabela. Depois é a vez de derrubar uma grande muralha. A equipe do União ocupa a 2ª colocação. A boa notícia é que no primeiro con-fronto no campeonato os meninos da universidade se saíram melhor: vence-ram a equipe de Porto Alegre por 62 a 39. Na sequência, a UCS tem seu últi-mo desafio do dia contra o Sogipa, que ocupa a 6ª colocação.Sábado, 9h30: UCS x Sinodal (UCS) | 11h30: UCS x União (UCS) | 15h: UCS x Sogipa (UCS) | 20h: Clube Juvenil x Sogipa (Juvenil) UCS e Clube JuvenilEntrada gratuita | Universidade de Ca-xias do Sul: Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis; Juvenil: Marquês do Herval, 197

l 3ª Edição da Arena de Basque-

te | Sábados, das 10h às 18h e domin-go, das 11h às 18h |

Para quem permanecer no feriadão em Caxias e quiser uma diversão gra-tuita, aí está uma boa opção. O esta-cionamento do Iguatemi será o palco do Arena Basquete. As atividades incluem arremessos livres e também guerrinha de cotonetes, piscina de bo-linhas, tobogã inflável, jogos recreati-vos e surf mecânico. Este é o dia per-feito para sentir-se criança mais uma vez.Estacionamento do Shopping igua-temiEntrada gratuita | RSC 453, nº 2.780, Km 3,5

l 2° Circuito RS de Streetball | Terça, às 9h30 às 18h |

Assim como a ‘pelada’ é popular para os brasileiros, o basquete de rua é para os americanos. Esta será a se-gunda edição do evento organizado pela Associação de Basketball de Ca-xias do Sul e promete movimentar os Pavilhões da Festa da Uva. Na prática, o jogo é uma forma simplificada do basquete tradicional. Apenas uma ta-bela é usada e os times são formados por 3 jogadores cada. O objetivo é as equipes alcançarem 14 pontos ou so-mar o maior número no período de 8 minutos.pavilhões da Festa da UvaEntrada gratuita | Ludovico Cavinato, 1.431, Nossa Senhora da Saúde

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Guia de [email protected] José Eduardo Coutelle

A UCS entra em quadra neste sábado

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Renato [email protected]

A eleição para Assembleia Legislati-va conduz naturalmente o vice Alceu Barbosa Velho para a disputa à prefei-tura daqui a dois anos. O próprio Alceu reconhece isso (e gosta da ideia).

Resta saber como as divisões internas no PDT vão administrar o interesse de outros pretendentes, derrotados nas urnas no último domingo.

Sartori entende que os partidos integrantes da base governista devem permanecer unidos para disputar a prefeitura em 2012.

Discussão de nomes? Só no primeiro semestre daquele ano.

O candidato Mauro Pereira está de tal forma satisfeito com a votação obtida para a Câmara dos Deputados que até parece que foi eleito. E foi, de fato, uma vitória: mais de 35 mil votos (mais que Pauletti e Kalil juntos), em apenas 25 dias de campanha.

Com o agravante de figurar na lista dos que estavam pendurados à espera de decisão do Tribunal Superior Elei-toral.

Apesar de ter ficado com a quarta suplência da bancada petista para a Assembleia, o verador Marcos Daneluz não ficou satisfeito com a votação obti-da – com apoio político e financeiro dos mais diversos candidatos a deputado federal do PT.

Para muitos, Daneluz está sendo precipitado. Com o aval de 23.710 votos, está dentro do governo estadual – nem que seja daqui a dois anos.

As mulheres foram o grande destaque das eleições deste ano em Caxias do Sul. Além de ga-rantirem a recondução de Marisa Formolo (PT) e do retorno de Maria Helena Sartori (PMDB) a Assembleia, os eleitores caxienses somaram-se ao milhão e meio de gaúchos que optaram por Abgail Pereira (PC do B) para o Senado.

Mesmo sem se eleger, Ab-gail foi vitoriosa na campanha. Também estará no governo Tarso e também será uma candidata natural à prefeitura em 2012.

Como vão se comportar em Caxias o PDT e o PTB, depois do assédio que sofrerão por parte do governador eleito Tarso Genro? Ou, por outra, alguém duvida que pedetistas farão parte do

novo governo do Estado?Além, é claro, do ex-governador

Alceu Collares, visto por muitos pe-tistas como “nosso homem em Foz do Iguaçu”.

O posicionamento claro de Tarso Genro a respeito do futuro dos pe-dágios nas rodovias concedidas deve ter contribuído para a votação do candidato petista entre eleitores da cidade e da região.

Mais importante foi a confirmação desse posicionamento (quer fechar a praça de Farroupilha, por exemplo), esta semana, depois de eleito. São coisas assim que emprestam confian-ça no trabalho do governador eleito.

Em relação ao novo local do ae-roporto, não há a mesma confiança. Ao contrário do que foi alardeado pela governadora Yeda Crusius (PSDB) – de ter uma decisão técnica sobre o assunto –, Tarso Genro entende que a localização dependerá

de outras questões, inclusive políti-cas e econômicas.

De qualquer forma, ele pretende chamar – mais uma vez – a comuni-dade regional para discutir o tema, visto por ele como de interesse de todo o Rio Grande do Sul.

O resultado das eleições do último domingo vai provocar trocas partidá-rias nas próximas semanas – algumas radicais.

Uma delas: Daniel Guerra poderá sair do PSDB e assumir de vez o PT, partido com o qual está sintonizado na Câmara de Vereadores, seja na votação contrária a projetos de interesse do governo, seja nas críticas à administração municipal.

A derrota de Ruy Pauletti pela reelei-ção à Câmara dos Deputados implicará no surgimento de um novo PSDB na cidade, a ficar sob o controle da ala do vereador, hoje secretário de Urbanismo, Francisco Spiandorello.

Esse PSDB mais governista terá ainda a liderança de Osório Rocha e de Mo-acyr Bressan.

O presidente estadual do PT, Raul Pont, comanda plenária, neste sábado, na sede caxiense do partido, a fim de vitaminar a candidatura Dilma Roussef no segundo turno.

Depois do encontro, haverá caminha-da no centro da cidade, culminando com uma visita à Feira do Livro. Raul Pont é tio do patrono do evento, Marcos Kirst.

Como o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) ficará sem o vice, a partir de 1º de fevereiro de 2011 (data da posse dele na Assembleia Legislativa), chegou a ser colocado em dúvida o acordo firmado para a definição do próximo presidente da Câmara de Vereadores. Por esse acerto entre os parlamentares, um petista ocupará a presidência do Legislativo caxiense.

E assumirá a chefia do Executivo municipal no caso de impossibilidade, viagem ou férias do prefeito Sartori.

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Mais adiante

Eleito moral

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www.ocaxiense.com.br 239 a 15 de outubro de 2010 O Caxiense

Temos responsabilidade, seriedade e alto nível para ocuparmos o cargo

Vereadora Ana Corso, diante da possibilidade de o PT assumir a presidência da Câmara no ano que vem.

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