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Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 48 | R$ 2,50 |S30 |D31 |S|T2 |Q3 |Q4 |S5 LIXO VALIOSO Catadores e recicladores caxienses transformam a poluição em renda fixa Dupla CA-JU: a volta de Brunoro e a chance grená na Copinha | Renato Henrichs: Tarso vai inaugurar a ampliação do aeroporto | Roberto Hunoff: enquanto isso, companhias ampliam suas rotas aéreas – em SC presidencial, peças da política local foram chamadas ao centro do tabuleiro, candidatando-se a posições influentes no futuro governo do país No momento decisivo da disputa O JOGO

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No momento decisivo da disputa presidencial, peças da política local foram chamadas ao centro do tabuleiro, candidatando-se a posições influentes no futuro governo do país

Transcript of Edição 48

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Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 48 | R$ 2,50|S30 |D31 |S1° |T2 |Q3 |Q4 |S5

LIXO VALIOSOCatadores e recicladores caxienses transformam a poluição em renda fixa

Dupla CA-JU: a volta de Brunoro e a chance grená na Copinha | Renato Henrichs: Tarso vai inaugurar a ampliação do aeroporto | Roberto Hunoff: enquanto isso, companhias ampliam suas rotas aéreas – em SC

presidencial, peças da política local foram chamadas ao centro do tabuleiro,

candidatando-se a posições influentes no futuro

governo do país

No momento decisivo da disputa

O JOGO

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2 30 de outubro a 5 de novembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Novas regras para os ambulantes que vendem comida em Caxias

Reforço rebelde | 5O PMDB caxiense saiu de vez da neutralidade para receber José Serra

Cânion mais aberto | 6Parque dos Palanquinhos promete abrir um grande espaço ao turismo ecológico

Movimentos na corte | 8A participação explícita de líderes caxienses no fim da campanha presidencial indica quem pode ganhar poder após a eleição

Mercado do lixo | 11A rotina de quem se sustentaesvaziando lixeiras para quenão transborde o aterro sanitário

Revisão legal | 14O minucioso trabalho para organizar e simplificar a legislação municipal

Guia de Cultura | 16Música erudita e rock na igreja; blues e samba nos trilhos

Artes | 18Duas imagens da Virgem Maria

Dupla CA-JU | 20O recomeço com Brunoro e a chance de finalizar o ano com um título na Copinha

Guia de Esportes | 21Cidades em disputa pelo basquete e botões em confronto no torneio de futebol de mesa

Renato Henrichs | 23Termina a reserva de mercado dos táxis no aeroporto

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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Eleições ao vivo | Acompanhe neste domingo, da manhã à noite, a cobertura espe-

cial das eleições, com transmissão ao vivo da Redação no site www.ocaxiense.com.br. Entrevistas com políticos, análises e apuração dos votos.

Audioslide | O que é lixo para muitos é fonte de renda para outros tantos. O

repórter Robin Siteneski narra a rotina de catadores de papel, com imagens captadas pelo fotógrafo André T. Susin.

Um vídeo postado no canal do Youtube do Blog do Noblat, do jornal O Globo, relembra a confusão ocorrida em Caxias do Sul na reta final da campanha de Fernando Collor (então PRN, hoje no PTB), em 1989.

@alexandregolive Fiquei muito feliz, adquiri jornalismo crítico e bem bolado, assinei @ocaxiense #assinaturas

@delanopieta Parabéns pela cobertura do comício de José Serra, @ocaxiense! Mais uma vez jornalismo de primeira qualidade. #aovivo

@bruno_txt @ocaxiense Já soa até repetitivo elogiar vocês, mas parabéns mais uma vez pela iniciativa e cobertura. #aovivo

@dbvivi @ocaxiense Parabéns @ocaxiense pela transmissão do comício, pela não censura e agilidade ao publicar os comentários! Mídia responsável. #aovivo

@leo_tportella @ocaxiense serve a população conectada com informação rápida. Importante meio que cresce a cada dia! #aovivo

@paulinhagpj Parabéns @ocaxiense pela cobertura do comício, pela não censura e agilidade pra postar os comentários que a galera manda! #aovivo

@vereadoradenise Cobertura do @ocaxiense está muito boa! Rápida e dinâmica! Parabéns! #aovivo

Mais uma capa que me levou a ler o jornal. Olhei duas vezes pois

parecia estar pegando fogo mesmo. Parabéns pelo ótimo trabalho!

Carlane Cuccarolo

Erramos | Na edição anterior, as fotografias do Índice foram ligadas às matérias erradas. O correto: a foto de um vendedor de churrasqui-nho se referia à reportagem sobre os bastidores do comício de Dilma; a imagem de porcos se relacionava à reportagem sobre o abate de animais.

NO SITE

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www.ocaxiense.com.br 330 de outubro a 5 de novembro de 2010 O Caxiense

A polêmica modificação na Aveni-da Rio Branco não deve ocorrer até a abertura do Shopping San Pelegrino, marcada para o próximo dia 9. A secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade deve liberá-las somente após o término do período letivo, por causa do grande número de escolas e faculdades na região.

“O Samae identificou a necessidade de trocar a rede de distribuição de água daquele trecho porque foram construídos muitos prédios altos e ainda existem terrenos com grande potencial de consumo”, explica o secretário Jorge Dutra. Conforme o secretário de Transportes, o Samae estuda as obras necessárias para corrigir os problemas de abasteci-mento da região. Para Dutra, não valeria a pena liberar as modificações de trânsito neste momento. “Depois teríamos que cortar o asfalto nova-mente.” Parte das obras de trânsito no entorno do shopping já estão prontas. As ruas La Salle e Cremona, parte da Machado de Assis, entre a Rio Branco e os trilhos, e da Teixeira Mendes, entre a Machado de Assis e a Padre Anchieta, já foram pavi-mentadas. Enquanto isso, vereadores solicitam estudo técnico sobre a circulação de pedestres na avenida.

Assim como muitas das atividades deste ano, a edição do Brilha Ca-xias estará relacionada aos 100 anos da chegada do trem. Com o tema “Embarque no espírito desta esta-ção”, o Brilha Caxias iniciará no dia 17 de novembro. Uma das principais atrações será a Noite Encantada, que estreou no ano passado, com crianças cantando nas janelas do Clube Juvenil – as músicas natalinas são, na verdade, dubladas. Desta vez, a apresentação especial ocorre-rá em duas noites, nos dias 16 e 17

Avenida Rio Branco

Natal

Educação

Iguatemi

Filantropia Milionária

Obras deverão ficar para dezembro

Brilha Caxias começa dia 17

Extensão da UFRGS na Serra

Cobrança começa na quarta

Aapecan pede apoio à Câmara de Vereadores

QUINTA | 28 outubro

SEXTA | 29 de outubro

QUARTA | 27 de outubro

SEGUNDA | 25 de outubro TERÇA | 26 de outubro

Os 20 minutos ocupados pela

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

A possibilidade de instalação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na Serra foi acena-da pelo reitor, Rui Oppermann, em audiência pública na segunda (25). Assis Melo (PC do B), que preside a Comissão Temporária Especial Pró-Universidade Pública de Caxias do Sul, destacou que foi criado um comi-tê para sensibilizar a UFRGS. Quanto à futura sede da extensão da uni-versidade pública, Assis sugeriu um plebiscito entre a população da Serra.

Paulo Vasques, diretor da Aapecan (segundo da esquerda para a direita) ocupou a tribuna da Câmera de Vereadores, causando constrangimento entre alguns legisladores

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Na quarta-feira (3), quem for ao Iguatemi precisará enfrentar as cancelas e pagar R$ 3 para estacionar. Há isenção do estacionamento para quem ficar apenas 15 minutos no shopping. Em novembro, os clientes que consumirem o valor mínimo de R$ 10 em alimentação, das 11h30min às 14h, poderão validar seu ticket e serão isentos. Para isto, basta apre-sentar o cupom ou nota fiscal em um dos guichês localizados próximos às portarias. Clientes que apresentarem comprovante de compras feitas no Carrefour, no valor mínimo de R$ 20, serão isentos da cobrança. Lojistas e funcionários têm a opção do plano para 30 dias (R$ 40) e de segunda a sexta (R$ 20). Clientes que quiserem o plano de 30 dias precisarão de-sembolsar R$ 60 ou R$ 40 por mês para estacionar de segunda a sexta.

Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) na tribuna da Câ-mara de Caxias do Sul nesta quinta-feira (28) constrangeram alguns vereadores. A maioria desconhecia os números da entidade e o documen-to que a permitiu ocupar a tribuna livre – que recebe dois representantes da sociedade civil por mês –, apesar de ter sido lido em plenário, não foi votado. Usuários e o diretor executivo da Aapecan, Paulo Vasques, deram seus depoimentos. Modesto Alvanir Paz, que assumiu a presidência em agosto substituindo o vigia noturno do Paraná, Emílio de Oliveira, não é mais o presidente da Aapecan em Caxias. Paulo Vasquez não informa quem é o novo presidente. Os usuá-rios presentes na sessão desconhecem que o supervisor de Recursos Huma-nos da Aapecan, Cláudio Ciusz, foi preso em 2006 no Paraná suspeito de fazer parte de uma quadrilha que desviou pelo menos R$ 30 milhões de organizações não governamentais de apoio a pessoas com câncer. O presidente da Câmara de Vereadores, Moisés Paese (PDT) e a vereadora Geni Peteffi (PMDB) demonstraram preocupação por não conhecerem o balanço da Aapecan, que recebeu pelo menos R$ 8 milhões em doações em 2009, apesar de ter gasto somente 1/3 desse dinheiro em filantropia e ter fechado o ano com um superávit de R$ 863.410. Os vereadores Renato Nunes (PRB) e Arlindo Bandeira (PP) elogiaram a Aapecan no espaço dedicado às pequenas comunicações.

de dezembro, adianta o secretário da Cultura, Antonio Feldmann.

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A grife de fragrâncias L’Occitane abriu em Caxias do Sul, no Shopping Iguatemi, sua primei-ra operação no interior do Estado. A empresa trabalha com produtos para cuidados faciais, corporais e fragrâncias para homens e mulhe-res.

O Hospital Virvi Ramos foi recertificado na norma NBR ISO 9001:2008, versão atual da norma ISO 9001, que referenda qualidade no sistema de gestão da instituição hospitalar. O hospital Virvi Ra-mos foi o primeiro do interior do Estado a receber o certificado ISO 9001:2000 em 2007.

O economista sênior do Bra-desco, Robson Pereira, palestrará quarta-feira (3) na reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul, que teve a data alterada em função do feriado. Ele falará sobre Cenário macroeco-nômico global e nacional em 2011. O encontro será alusivo aos 60 anos da Intral.

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Roberto [email protected]

A Associação dos Comerciantes de Material para Construção de Caxias do Sul e a Apliquim-Brasil Recicle realizaram o primeiro treinamento com lojistas para integrá-los à Cam-panha Recicla Lâmpada. O objetivo foi reforçar a importância da cam-panha e esclarecer aspectos relacio-nados aos processos de recebimento das lâmpadas encaminhadas pelos consumidores e de descontaminação

das mesmas. Das 80 lojas associadas, 52 participam da campanha, que visa estimular a devolução de lâmpadas após o uso, evitando seu descarte no lixo comum.

Os estabelecimentos coletarão as lâmpadas e as destinarão à Apli-quim-Brasil Recicle, encarregada da descontaminação e reciclagem dos componentes do produto. A devolu-ção terá custos para os clientes.

O primeiro projeto realizado em parceria pela Fisa e a Goldsztein Cyrela, o Altobelli Residen-ce Club, foi entregue esta semana. Localizado na região conhecida como Altos da Pinheiro, o prédio é composto por 30 apartamentos com 198 m² de área privativa, todos com três suí-tes e opção na planta para quatro dormitórios, banheira de hidromassagem e garagem para três carros. Nas áreas comuns há piscinas adulta e infantil aquecidas, lounge bar, fitness, espaço kid’s, espaço teen, SPA com sauna e descanso, playground e salão de festas com estar externo e espaço gourmet.

A Consultur Câmbio iniciou suas operações nesta semana no Prataviera Shopping. O empre-endimento é comandado pelos empresários Mariel Oliveira e Danilo Diniz e oferece portfólio completo de serviços de câmbio, incluindo remessa expressa para o Exterior e emissão de cartão Visa que substitui o traveller check.

A Caixa Econômica Federal projeta investir R$ 1 bilhão em finan-ciamentos habitacionais na Serra Gaúcha neste ano, constituindo-se em recorde histórico de contrata-ções. Até esta semana, de acordo com o superintendente regional, Renato Scalabrin, os valores supe-raram os R$ 550 milhões, cabendo mais de 50% para clientes de Caxias. A informação foi repassada à vice-presidente da instituição, Clarice Coppetti, que esteve na cidade para a inauguração de duas novas unida-des do banco e para visitas às obras

de quatro empreendimentos em andamento na cidade, que somam recursos superiores a R$ 65 milhões e beneficiarão quase 800 famílias. Ela esteve no bairro Nossa Senhora do Rosário, onde são construídos três empreendimentos do Progra-ma Minha Casa Minha Vida, e no Loteamento Victorio Trez, no Fátima Baixo, incluído no Programa de Aceleração do Crescimento. A Caixa abriu uma sala de auto-atendimento na Montaury, em frente à Praça Dante, e a nova Agência Imigrante, na Luiz Michelon, no Cruzeiro.

A Cemar Legrand, pertencente ao grupo francês Legrand desde 2006, comemora 30 anos de atividades. É atualmente a maior produtora nacional de centros e quadros, fabricando mais de oito mil itens. Instalada em área de 183 mil m², emprega mais de 500 pessoas. Neste ano a projeção de crescimento é da ordem de 20%. Na busca por redução dos impactos ambientais, a empresa eliminou o chumbo na fabricação de toda a linha de canaletas e o cromo hexavalente na maioria dos produtos.

A fabricante de implementos rodo-viários Guerra concluirá no início de janeiro investimento de R$ 5 milhões na implantação de novo sistema de gestão empresarial, denominado ERP (Enterprise Resource Planning), considerado o mais avançado do

momento. O diretor de administra-ção e finanças, Alex Sandi, explica que o novo sistema influenciará todos os níveis da empresa e resul-tará em maior rentabilidade para a companhia e agilidade na entrega do produto.

Agricultores de Caxias do Sul conhecerão in loco as modernas tecnologias de precisão usadas em Israel. Eles viajam ao país na quinta-feira (4) numa iniciativa da Secretaria Municipal da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento. A missão ainda é integrada por representantes dos sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Patronal, Sebrae, UCS, Senar e CIC. Em Israel serão visitados centros de pesquisa e de qualificação, pro-priedades e órgãos governamentais ligados ao setor agrícola.

As 43 participantes da primeira turma do Programa Mulher Apren-diz começam a receber conhecimen-tos práticos a partir de quarta (3). Elas poderão escolher dois cursos dentre os oferecidos: auxiliar de azu-

lejista, eletricista, pintura, segurança no trabalho e apontador. Na primeira fase elas receberam formação gené-rica e aulas teóricas. O programa é da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego.

Os indicados ao Prêmio Desta-ques do Ano em Recursos Humanos receberam a distinção nesta semana em solenidade realizada no Hotel

InterCity. A 18ª edição do evento or-ganizado pela Associação Serrana de Recursos Humanos teve como tema Ideias que fazem a diferença.

A Marelli Ambientes Racionais, em parceria com a GRSA Restauran-tes Empresariais, responsável pela alimentação na empresa, lançou a campanha Seja 10 contra o Desper-dício. A iniciativa, já utilizada pela

GRSA em alguns clientes desde julho de 2004, objetiva a conscientização dos 200 colaboradores da fabricante de mobiliário corporativo sobre o desperdício de alimentos e o consu-mo responsável.

Enquanto por aqui as obras de ampliação do aeroporto regional parecem andar em ritmo cada vez mais lento, em Santa Catarina mais duas companhias aéreas apresen-taram planos de voo a partir de Navegantes. A Webjet quer voar da cidade para Belo Horizonte e Ribeirão Preto. A Sol, por sua vez, quer fazer a ligação com Curitiba. E a Azul, que já opera por lá, quer ampliar o leque de destinos servi-dos, voando para Belo Horizonte. Já por aqui...

As transportadoras de resíduos gerados pela construção civil formaram um consórcio para compra de área de terra onde pretendem localizar uma central de triagem. Até o final do ano o local deve estar preparado para receber os equipamentos e iniciar o recebimento dos detri-tos. A informação foi repassada esta semana pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Adelino Teles, em reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores.

Os ambulantes que comercializam alimentos e outros produtos na área central da cidade terão de se adequar à legislação municipal vigente. Foi o que determinou o secretário de Urbanis-mo, Francisco Spiandorello, em encontro com vendedores ambulantes e o Ministério Público. O objetivo é recadastrar, disciplinar e orientar esse comércio na cidade. Todos os ambulantes terão de usar crachás personalizados e o tamanho dos quiosques não pode ter mais de 1,50 x 1,50 metro para que o passeio público fique desobs-truído. O uso de guarda-pó, luvas descartáveis e álcool gel será estimulado como forma de me-lhorar a higiene dos ambulantes. Será proibida a colocação de mesas e cadeiras ao redor do local e a venda de bebidas alcoólicas. A venda de chur-rasquinhos terá delimitação de espaço na área central e será preciso usar equipamento a gás.

Reciclagem de lâmpadas

Inauguração

Câmbio

Investimento pesado

Comemoração

Gestão qualificada

Aperfeiçoamento

Ocupação de espaço

Destaques em RH

Contra o desperdício

Inveja

Resíduos da construção

Ambulantes

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Curtas

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por CAMILA [email protected]

nfim a neutralidade do PMDB gaúcho em relação às eleições presidenciais pôde ser deixada de lado. A presença de apoiadores no comício de José Ser-ra, realizado em Caxias do Sul terça-feira (26), extrapolou a coligação O Brasil Pode Mais, formada nacional-mente por PSDB, DEM, PTB, PPS, PMN e PT do B. No palco montado nos Pavilhões da Festa da Uva, PMDB e PDT, que compõem a chapa da petis-ta Dilma Rousseff, e PP, integrante da base de governo Lula, demonstraram publicamente o posicionamento a fa-vor do candidato tucano.

Nestas eleições, o desconforto com a chapa formada por Dilma e pelo pre-sidente nacional do partido, Michel Temer, acompanhou o PMDB gaúcho, que no Estado sempre manteve a postu-ra de embate com o PT. A saia justa pa-recia ainda mais apertada no primeiro turno, quando PMDB e PSDB tinham candidaturas distintas ao governo do Estado. Respectivamente derrotados no Palácio Piratini e no Senado, José Fogaça, defensor ferrenho da neutra-lidade, e Germano Rigotto, que votou em Marina Silva (PV), declararam voto e subiram no palanque de Serra. Com eles, vieram outras lideranças do PMDB. De Caxias, Serra contou com o apoio da militância, além da vereadora Geni Peteffi, presidente do partido na cidade, e dos vereadores Mauro Perei-ra, Alaor de Oliveira e Ari Dallegrave. “A banda boa do PMDB e do PP estão do lado do Serra. A banda podre está do lado da Dilma”, discursou o depu-tado federal eleito pelo PP Luís Carlos Heinze.

O secretário da Cultura, Antonio Feldmann, afirma que o PMDB ca-xiense nunca sofreu pressão para se-

guir a orientação nacional do partido. “Nós sempre combatemos o PMDB que está com o Lula, que é a pior par-te do partido, com o Renan Calheiros e o José Sarney, por exemplo. A parte boa, que é a do Pedro Simon, do Rigot-to e do Fogaça, está com o Serra. Mas o PMDB do Rio Grande do Sul nun-ca teve força suficiente para combater isso. Essa aliança não é nem pragmá-tica nem ideológica, só tem interesse em manter os cargos do poder”, avalia. “Nós tínhamos que ter coerência. Não iríamos trair a nossa base em Caxias somente por causa de interesses eleito-rais. 99,9% do PMDB caxiense estava com o Serra desde o primeiro turno.”

Faltava a manifestação explícita do prefeito. José Ivo Sartori abriu seu voto pela primeira vez com um discurso inflamado, quase em tom de desaba-fo. “Caxias do Sul não é diferente do nosso Rio Grande, não é melhor do que nenhuma cidade, mas uma coisa é certa: aqui existe um povo que tem diferenças culturais, mas que convive com respeito. A sua eleição (de Ser-ra) representa a valorização de todos aqueles que lutaram para construir a nossa democracia, a nossa liberdade e as oportunidades que nós temos”, bra-dou. Ao fim, citou Ulysses Guimarães, um dos fundadores do PMDB: “políti-ca não se faz com ódio porque não é função hepática. É filha da consciência, irmã do caráter e hóspede do coração”.

A primeira-dama, a deputada esta-dual eleita Maria Helena Sartori, tam-bém discursou, representando as mu-lheres presentes no palanque. Maria Helena, que já havia manifestado apoio a Serra no primeiro turno, pediu que o país fosse governado com respeito à democracia. “Nós não queremos Plano Nacional de Direitos Humanos feito em gavetas para impor o que pensa um partido só. Nós queremos alguém

que assinou a Constituinte que hoje nos rege. Queremos um presidente que vai governar para todo o Brasil, inde-pendente dos partidos”, defendeu. Sar-tori, Maria Helena e outros políticos caxienses ressaltaram a passagem de Serra na Festa da Uva, em contraponto à ausência de Lula na última edição do evento.

Outro integrante da coligação nacional da petista Dilma Rousseff, o PDT caxiense foi mais discreto no apoio ao tucano, exceto pela presença do chefe de gabinete, Édson Néspo-lo, no comício. O presidente da sigla, Luiz Carlos Muniz, disse que não acei-ta “as coisas enfiadas goela a baixo”, classificando a candidatura de Dilma como “engodo”. Da bancada pedetista na Câmara de Vereadores, somente o presidente da Casa deixou clara sua posição pró-Serra indo ao comício. Gustavo Toigo disse que tinha outro compromisso e Vinicius Ribeiro não compareceu. Alceu Barbosa Velho ale-gou que estaria em viagem. “Não fui no comício da Dilma porque não gosto dela, mas respeito a decisão nacional do PDT. Quanto ao comício do Serra, não vou porque não estarei em Caxias”, ponderou o vice-prefeito e deputado estadual eleito, sem querer afirmar quem levará seu voto.

Algumas lideranças do próprio PSDB não compareceram ao ato de campanha. O deputado federal Ruy Pauletti estava no Peru, em um com-promisso marcado antes da confirma-ção da data do comício. A governadora Yeda Crusius não veio, e um partidário local contou que a rejeição associada à imagem da governadora não era dese-jada por Serra.

Antes de subir ao palco, José Serra encontrou empresários da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC)

de Caxias do Sul. Para a entidade, ain-da faltava que o documento contendo as reivindicações do setor, entregues a candidatos ao governo do Estado e a cargos parlamentares, chegasse às mãos do presidenciável. A Dilma Rousseff o documento havia sido entregue ainda em abril, quando ela era pré-candidata e veio palestrar na entidade. Entre os temas elencados pela CIC estão a po-lítica cambial, a defesa da jornada de trabalho de 44 horas, redução da car-ga tributária, manutenção e ampliação dos programas habitacionais e mais in-vestimentos em infraestrutura.

Por ser o único comício de Serra no Rio Grande do Sul, o ato de campanha reuniu militantes de todas as regiões do Estado, e talvez por isso tenha sido tão ambientado com tradições gaú-chas: bandeiras, músicas, chimarrão e hino integraram as cenas carrega-das de simbolismos. O paulista Serra fez questão que o Hino Riograndense fosse executado, apesar de não saber cantá-lo. Deu um ou dois goles no chimarrão antes de devolver a cuia e permaneceu de lenço verde no pesco-ço até o fim do comício. “Eu vivi nesse Estado em outra encarnação ou estou me preparando para numa próxima vir morar aqui numa próxima. Que não me ouçam, mas o hino do Rio Gran-de é o mais bonito que tem no Brasil. Quero ser cidadão honorário da pátria gaúcha”, elogiou.

O comício teve ainda participação de representantes de times gaúchos – duplas CA-JU e Gre-Nal –, operários e agricultores, além de crianças com pombas da paz não muito dispostas a voar. O discurso de Serra foi pon-tuado por informalidades. Ao final, o presidenciável foi embora da cidade contando com a vitória, ao menos por aqui: “já ganhamos em Caxias, vamos ganhar por mais.”

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Não foi surpresa, mas o prefeito José Ivo Sartori finalmente abriu o voto, acompanhando o presidenciável tucano no palanque

Comício era a oportunidade que faltava ao PMDB caxiense, assim como parte do PDT, para manifestar preferência por José Serra

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APOIO EXPLÍCITO

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por VALQUÍRIA [email protected]

aqui a menos de um ano, você poderá admirar o Cânion Palanquinhos, em Criúva, de um mirante. E percorrer tri-lhas íngremes e longas, assistir a uma aula sobre ecologia em um anfiteatro, acampar, fazer churrasco ou até se ar-riscar no rapel. Tudo dentro do Parque Municipal Palanquinhos, espaço que, se o plano do secretário municipal do Meio Ambiente, Adelino Teles, der certo, estará aberto à visitação na se-gunda metade de 2011. A criação do parque, além de propiciar vantagens turísticas a Criúva, manterá preserva-dos 92 hectares de vegetação.

Para quem nunca foi ao lugar e quer imaginar como ele ficará, o secretá-rio compara o projeto ao parque dos

Aparados da Serra, do Cânion Itaim-bezinho. A diferença é que o cânion de Criúva é bem menor. “Será um mini-Itaimbezinho. Um parque volta-do para o turismo ecológico”, resume Teles. Fernanda Frigeri, arquiteta da Secretaria do Meio Ambiente, explica que o Palanquinhos primará pela pre-servação ambiental, com um suporte de visitação. “Haverá um pórtico com estacionamento, sanitários, área com churrasqueiras e mesas, um bar (cuja licitação será realizada quando o par-que estiver pronto), dois mirantes e um anfiteatro. Mas a ideia é que o parque seja mais de preservação ambiental, por isso não terá tanta estrutura.”

A arquiteta ressalta que todas as atrações do parque, como o turismo de aventura, não irão interferir no meio ambiente. “O parque pretende preser-

var o cânion. A área de campo e mato que vêm junto com ele fazem com que o parque se sustente”, diz. As trilhas, que serão guiadas por funcionários contratados pela pre-feitura, de acordo com Teles, não alterarão a vegetação. Também nada poderá ser feito na faixa mais próxima das margens do Ar-roio Palanquinhos e do Rio Lajeado Grande, na chamada mata ci-liar, por serem áreas de preservação ambiental. Tirando esse espaço, a área do parque será de 78 a 82 hectares. Para fazer uma comparação, o recém-inau-gurado Mato Sartori tem 6,6 hectares.

A entrada no parque, a princípio, deverá ser gratuita, mas o secretá-rio adianta que há possibilidade de ser cobrada uma taxa para garantir a

preservação da área. O cuidado e a limpe-za, acrescenta Teles, provavelmente ficarão também por conta da empresa que vencer a licitação para adminis-trar o bar: “Porque está explorando o espaço. Senão fica muito fácil”.

O grandioso par-que não será investi-mento público, mas de uma iniciativa privada,

ação que Teles chama de “unir o útil ao agradável”. A Hidrotérmica S.A.,

“Haverá um pórtico com estacionamento, sanitários, churrasqueiras e mesas, um bar, dois mirantes e um anfiteatro”,conta Fernanda

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“O parque pretende preservar o cânion. A área de campo e mato que vêm junto com ele fazem com que o parque se sustente”, diz a arquiteta Fernanda

O MINI-ITAIMBEZINHO CAXIENSE

Com cerca de 80 hectares destinados ao ecoturismo e um cânion como atração principal, o Parque Municipal Palanquinhos é aguardado para o segundo semestre de 2011

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6 30 de outubro a 5 de novembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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empresa porto-alegrense do Grupo Bolognesi, que desenvolve empreen-dimentos de energia, é a responsável pelo Palanquinhos. A companhia con-trola duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) naquela região. Conforme o secretário, a Hidrotérmica preci-sava de liberação para passar redes de trans-missão em uma área próxima a de onde será o parque. Para conce-der essa autorização, a prefeitura firmou um Termo de Ajustamen-to de Conduta (TAC). “Como medida de compensação, eles aceitaram fazer esse parque. Não dá nem 1/3 do que eles ‘devem’ para nós. Não foram cortadas árvores, porque a vegetação é baixa. Mas causa impacto no meio ambiente, por isso foi feito o TAC. O impacto foi pequeno, mas aproveitamos para fazer uma coisa legal”, diz Teles.

O secretário sustenta que a empresa aceitou a troca pois precisava da insta-lação das redes com urgência. “Quan-to mais demorasse, mais dinheiro eles perdiam. Nós já tínhamos a ideia de fazer um parque lá, mas não tínhamos o dinheiro”, relata, embora não saiba precisar o investimento do parque, pois “para a prefeitura isso não impor-ta, desde que eles entreguem o proje-to realizado no segundo semestre de 2011”.

A Hidrotérmica já havia firmado um

TAC com o Município, mas da primei-ra vez desembolsou bem menos: um ônibus para a Secretaria do Meio Am-biente e algumas árvores replantadas

foram o suficiente para cumprir o termo, feito depois de a empresa ter cortado cerca de 1,5 mil árvores sem licen-ça para a instalação das PCHs.

Com esse novo TAC, de novembro de 2008, a Hidrelétrica adquiriu a área do Palanqui-nhos, que era privada. Ela será repassada à prefeitura. No contra-to inicial constava que

a companhia administraria o parque por cinco anos, mas Teles quer que a responsabilidade do empreendimento passe para o Município assim que ele estiver pronto, e já há negociações para isso. “É melhor a gente assumir, não é bom deixar na mão da iniciativa pri-vada.”

A Hidrotérmica, que só se manifesta sobre o parque por e-mail autorizado pelos diretores, não utiliza o termo TAC. Diz que firmou um Termo de Cooperação, uma parceria entre a em-presa e a prefeitura visando à preserva-ção da paisagem do cânion e ao desen-volvimento do turismo. “O projeto do Parque Municipal Palanquinhos, por-tanto, foi estruturado em comum acor-do entre as partes desde a assinatura do Termo de Cooperação, de modo que todos os objetivos estabelecidos para

o parque possam ser atingidos”, diz a nota da Hidrotérmica.

O projeto final do parque já foi aprovado pela prefeitura. O primeiro deles foi, inclusive, causa de desenten-dimentos, pois o desenho dos telhados dos quiosques deixava-os em formato de ocas. A imprensa chegou a divulgar que o parque seria indígena. Mas as figuras eram meramente ilustrativas, segundo a Hidrotérmica, e o parque nunca teve a pretensão de ser temático. O projeto foi mudado, e no atual não há telhados em formato arredondado. Também não há mais quiosques.

A empresa explica, ainda por e-mail, que foram realizados estudos pelos arqueólogos dos empreendimentos, em 2003, na época da instalação das usinas, na área das PCHs, e que não se encontrou qualquer vestígio de presença indígena ou uso pas-sado na área. O secre-tário Teles reforça que nunca foi dito que o parque seria indíge-na. Na 17ª edição d’O Caxiense, quando foi publicada uma maté-ria sobre a história dos índios da região, ele já afirmara que, quando foi divulgada a infor-mação de que o Palan-quinhos teria temática indígena, mora-dores de Criúva reclamaram, “dizendo que não tinha nada a ver, que lá é área de camponeses, não de indígenas”.

Na mesma edição, o arqueólogo Rafael Corteletti, autor do livro Patri-mônio Arqueológico de Caxias do Sul, mencionava que há um temor em relacionar o território caxiense com o passado indígena. Por isso a proposta de um parque com esse tema teria sido negada tão rapidamente.

Corteletti encontrou em uma pro-priedade, na Gruta do Palanquinho, resquícios de presença indígena: um talhador (artefato para rachar madeira e ossos), dois fragmentos de cerâmica da tradição Taquara e uma falange de pé humano. A gruta é considerada sítio arqueológico desde os anos 60, regis-trada no Instituto do Patrimônio His-tórico e Artístico Nacional (IPHAN). “Por que não colocá-la dentro do par-que e dessa forma criar um plano de manejo e conservação adequado para

ele?”, questiona o ar-queólogo. “O legal da criação do parque é que, se um sítio estiver dentro, ele estará em uma situação privile-giada. Inserir um sítio arqueológico no parque seria mais um ponto positivo, e demonstra-ria que a mantenedora do parque e o poder público estão preocu-pados com a preserva-ção não só da natureza,

mas da cultura também”, enfatiza Cor-teletti, observando que a arqueologia poderia se tornar mais um produto tu-rístico oferecido no Palanquinhos.

“É melhor a gente assumir, não é bom deixar na mão da iniciativa privada”, diz o secretário Teles, que pretende mudar essa parte do acordo

“Inserir um sítio arqueológico demonstraria que a mantenedora e o poder público estão preocupados com a cultura”, diz Corteletti

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No projeto antigo, quiosques teriam sido confundidos com ocas – e foram eliminados; parque vai preservar o Arroio Palanquinhos e o Rio Lajeado Grande

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por MARCELO [email protected]

filósofo Jayme Paviani reassume o ris-co do verso e vai lançar mais um livro de poesia. Na esquina da Rua Verea-dor Mário Pezzi com a Avenida Júlio de Castilhos, uma tresloucada menina continua a revirar o lixo como se den-tro do contêiner verde houvesse algum fio de esperança. Na soleira da janela do mais esguio e charmoso edifício, no coração de Caxias do Sul, uma senhora de cabelos alvos debruça sua saudade. Na Rua Feijó Junior, o pastor Adriano, tomado pelo Espírito Santo, fala em línguas estranhas e profetiza as bên-çãos na vida de uma irmã. Isso tudo dentro de uma vagarosa e nebulosa primavera.

Tropa de Elite 2 esbofeteia na cara do espectador a enxurrada de cor-rupção que se derrama em todas as esferas do poder. O problema é que a sala é escura, e assim ninguém conse-gue fitar a cara de quem contempla o problema. Constrange quem precisa esconder; deixa irado quem vê tudo a perder. Inquieta quem pesquisa e en-contra, nos dois lados da moeda, sor-didez e farsa. Diante da urna eletrôni-ca, clicar em “confirma” é mais do que escolher quem será o ou a presidente da República. A imagem do candidato estampada no visor da urna revelará com quem mais nos parecemos. Votar é gritar ao mundo se somos mais como

a Dilma ou mais como o Serra.E nessa hora ninguém dá bola para

a vida que segue silenciosa, alheia ao que se vota ou se decide lá em Brasília. Aquele pedaço de terra cimentada no meio do cerrado, como se constante-mente jogasse mais para o lado a rea-lidade que a oprime, ferve, esperneia e treme pelo poder, mas cala quando o coração pede um copo d’água. Dilma prometeu eliminar a pobreza absoluta no Brasil. Serra prometeu inserir 100% das famílias pobres do Nordeste em redes de proteção social e assegurou que 100% das residências terão água potável. Fossem sonhos construídos com tijolo e cimento, Oscar Niemeyer toparia a empreitada. Como topou, co-munista de coração, desenhar Brasília como se brotasse através do traço de-sajeitado a lápis um novo Brasil.

O velho Brasil continua enrai-zado nas alianças que renascem a todo instante para facilitar o modus operan-di político brasileiro. Como confiar na erradicação da pobreza, qual fosse uma doença do século passado curada com vacina, se o simples premir do bo-tão “confirma” exige um mergulho do eleitor pelas águas turvas de ideologias abandonadas e siglas embaralhadas?

Um assessor político revela ter vota-do no primeiro turno em Marina, do PV (presidente); Tarso (governador), do PT; Rigotto, do PMDB, e Paim, do PT (senador); Pepe, do PT (deputado

federal); e Maria Helena, do PMDB (deputada estadual). Estranha compo-sição, ele reconhece. Eis a justificativa: “Votei na Marina porque é um protes-to contra o PT. No Tarso, porque acho ele um bom político e não tinha outra saída, né? Era o ‘menos pior’. No Rigotto e no Paim, porque são de Caxias, e isso não dei-xa de mostrar que vo-tei em sintonia com a chapa para presidente (risos), que tem a Dil-ma (PT) com o Michel Temer (PMDB). No Pepe eu sempre voto, mesmo que não seja do meu partido. E na Maria Helena, porque é uma mulher muito séria e ainda vai ser prefeita de Caxias”.

O tempo de vida no cargo não con-ta. O assessor político pegou carona na onda do emprego temporário, por cau-sa das eleições, e caiu de cabeça no mo-vimento. Essa oferta de trabalho não é moda só em Caxias. Lá no epicentro do poder, na árida Brasília, terra do rock-atitude com acento político – mas que parece ter abandonado a verve na cur-va dos 80 para os 90 –, a mania do mo-mento é trocar de gabinete. Enquanto boa parte dos fichados abandonou o ar condicionado para entrar em campa-nha, outros assumem seus postos. Afi-nal de contas, não é porque a titular da

assessoria de comunicação do Ministé-rio da Saúde saiu que o trabalho deve parar. E sempre há alguém disponível para abraçar uma boa causa.

Brota bondade do olhar cândi-do de Serra. Pelo menos é o que diz a campanha de marketing do tuca-no e a penca de jingles que ressoam por aí. Se bem que Serra encarou milhares de pessoas no comício da última ter-ça-feira (26) com um olhar mais preocupado do que aparentemente cansado pelas milhas de viagem. Recebeu mais homenagens car-regadas de simbolismo

do que sonha Lúcia Santaella, a mãe da semiótica brasileira. Do alto do palan-que, tratou de abraçar o ex-governador Germano Rigotto, um dos filhos ilus-tres da Pérola das Colônias. Depois de dizer que agradecia o carinho e a ener-gia do povo gaúcho, Serra confortou Rigotto, derrotado na corrida ao Se-nado, com a mesma clemência de uma estátua da Pietá. Chamou-o de “meu querido amigo Rigotto”.

Depois dos elogios, e de Serra traçar um paralelo entre as suas carreiras po-líticas, Rigotto reafirmou desinteresse por um cargo no planalto central caso o tucano seja eleito presidente. “Não,

“Vim dar meu apoio ao Serra porque somos amigos e tenho uma profunda admiração por ele”, disse oex-governadorGermano Rigotto

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As próximas jogadas

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Rigotto, que votou em Marina Silva no 1º turno, contrariou o PMDB nacional e subiu no palanque de Serra, assim como Fogaça

O FUTURO DOTABULEIRO POLÍTICO

Com a escolha do(a) novo(a) presidente, lideranças locais são candidatas a ocupar novas posições no cenário do poder

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não. Repito que nunca vou me colocar à disposição para ocupar cargo algum”. E continuou, depois de uma breve pau-sa, seguida de um sorriso e um aceno: “Não posso me colocar à disposição se eu sempre questionei a postura do PMDB em disputar cargos. Acho um erro sair por aí brigando por um espaço. Não é assim que funciona”, resiste Rigotto. E qual seria então o motivo da sua presença naquele comício, perguntou o repórter. “Eu vim dar meu apoio ao Serra porque somos amigos e tenho uma profun-da admiração por ele”, respondeu Rigotto, re-petindo os argumentos do progressis-ta Mário Vanin, ex-prefeito de Caxias, outro que contrariou a posição nacio-nal do partido.

Enquanto Serra era cercado por um batalhão de repórteres ávidos por ou-vir as mesmas frases que entopem mi-crofones após um comício de final de campanha, o ex-prefeito de Porto Ale-gre José Fogaça (PMDB) dizia ao pé do ouvido de um companheiro ao seu lado: “Ainda bem que não é comigo...”. E sorria. Rigotto e Fogaça pareciam Romário e Bebeto na Copa do Mun-do de 1994, ou Garrincha e a bola em qualquer jogo. Doce sintonia, até mes-mo distantes. “De forma alguma vim aqui por causa de algum cargo”, asse-verou Fogaça. O que vocês, do PMDB gaúcho, pretendem com esse apoio a Serra? Não ficarem ilhados caso a Dil-ma vença, porque o seu partido é vice dela a contragosto de vocês?

“Veja bem, não tínhamos outra saí-da, e sempre será necessário fazer uma opção política. Mas o erro do partido foi não ter uma candidatura própria para presidente. O partido ainda não superou o Ulysses Guimarães. E pior ainda foi encarar uma eleição a go-vernador sem que nenhum candidato a presidente me apoiasse”, resignou-se

Fogaça. Talvez surja uma canção desse momento turbulento e tortuoso pelo qual passam Fogaça e a facção sul do PMDB. Mas numa eventual vitória tu-cana esse bloco que hoje parecer ser “do eu sozinho” pode entrar no Palácio

do Planalto abraçado às causas de Serra, mesmo que hoje Rigotto e Fo-gaça façam de conta que não.

A gênese da apro-ximação entre o PMDB e o PT, em Brasília, é tão sutil que não dei-xa muitas pistas, mas recaem sobre Lula, no lado dos petistas, e de Temer, no lado dos pe-emedebistas, o ônus e o

bônus dessa relação. “Sabe o que é, o pessoal do PMDB não se entende. Lá dentro tem o partido do Sarney, o par-tido do Temer, o partido do Requião, o partido do Quércia, e por aí vai”, diz Gerson Ben, assessor de Pepe Vargas (PT). Esse fisiologismo a que Gerson e Rigotto se referem, acerca do PMDB, sintetiza um pouco a chapa Dilma/Temer. Por outro lado, abre múltiplas possibilidades para que novos (e ou-tros nem tanto) políticos apareçam em cena. Porque o tabuleiro está disposto à mesa. E pode parecer estranho ver peças negras e brancas dos dois lados. Porque no jogo do poder cabe toda ressalva, e é por isso que o eleitor fica tão perdido na hora de votar, porque as ideologias se dissipam com o vento. Nunca na história deste país o livro Di-reita e Esquerda, de Norberto Bobbio, pareceu tão descartável e desvaloriza-do. “Como termos antitéticos são [direi-ta e esquerda], quanto ao universo a que se referem, reciprocamente exclusivos e conjuntamente exaustivos. Exclusivos, no sentido de que nenhuma doutrina ou movimento pode ser simultaneamente de direita e de esquerda. Exaustivos, no sentido de que pelo menos na acepção forte dos dois termos, uma doutrina ou um movimento só pode ser de direita ou

de esquerda”.Dizem alguns, com declarado acento

anárquico, que a culpa dessa bagunça toda é do PT. Porque antes do PT as-sumir o poder era mais fácil identificar os de esquerda e os de direita. Ou os de centro-esquerda e os de extrema-di-reita. O problema é sempre dessa gen-te do ramo da linguística que ganha a vida modernizando as palavras.

Enquanto alguns se debruçam para traçar o panorama da política e en-tender qual o melhor momento para encaixar o xeque-mate, gente como Abgail Pereira e Assis Melo, do PC do B, engatam a quinta marcha e ultrapas-sam, deixando na poeira o tucano Ruy Pauletti e até mesmo Rigotto.

Quem desprezava a companhei-ra de chapa de Pepe Vargas na última eleição municipal terá de engolir agora a comunista, como se fosse Zagallo, a desfrutar das benesses de uma Secre-taria de Estado. Dentro do gabinete de Abgail quem sabe a Festa da Uva seja vista de outra forma. Quem sabe seja pelo trabalho da camarada que no-vos olhares para o turismo, sua futura pasta, comecem a ser desvelados. Por enquanto, não se sabe. O certo é que a eleição de Tarso Genro (PT), associa-da à ousadia de Abgail, que enfiou-se direto na briga entre os grandes, com o cla-ro objetivo de barrar a ascensão de Rigotto e de Ana Amélia Lemos (PP) para garantir a vitória de Paulo Paim (PT), foi gratificada com um cargo.

Por isso soa estranho que o PMDB caxiense, sintetizado pelo ícone Rigotto, não almeje um lugar ao sol ao lado do tucano Serra. Porque a corrente que enxerga o PT como ad-versário político não se calaria diante do barulho que foi o comício da dupla Dilma e Lula. E quer maior ironia? Dil-ma e Lula desfilaram em cima de um

palanque quase em frente à prefeitu-ra, reduto de José Ivo Sartori (PMDB) desde 2004. “É importante sim para a cidade receber dois comícios na reta final de campanha. Mostra o quanto Caxias é valorizada. Mas não podemos negar que temos adversários políticos do outro lado. Nós tínhamos que dar uma resposta. Não podíamos ficar em silêncio”, disse Édson Néspolo (PDT), chefe de gabinete do prefeito Sartori, com uma bandeira de Serra a tiracolo no comício do tucano.

Néspolo é da corrente do PDT ca-xiense que prefere assumir o voto em Serra a acompanhar a orientação do partido e votar em Dilma. Outro pede-tista, Alceu Barbosa Velho, futuro ex-vice de Sartori (eleito deputado esta-dual), um homem que sonha de olhos acesos com a prefeitura de Caxias, prefere acatar – ou pelo menos dizer que irá acatar – a ordem nacional de apoiar Dilma. Nem por isso levantou-se da cadeira para ir ao comício petista. Mesmo sem subir no palanque, pisar no recinto onde um candidato discur-sa parece ser uma dura missão para muitos. “Estou aqui como cidadão”, esquivou-se Fogaça.

Carlos Búrigo, secretário de Gestão e Finanças de Caxias do Sul,

estava agitado naquela noite de comício do José Serra. Tivesse em mãos um megafone, talvez alguns o confundissem com Martin Scorsese, o diretor de cinema da saudosa geração seten-tista americana. “Sobe aqui, Milton! Sobe aqui!!”, gritava insis-tentemente Búrigo. O Milton em questão era Milton Corlatti, pre-sidente da Câmara de

Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. “Não posso. Eu tenho um compromisso. Já fiz a minha parte”, respondeu-lhe Milton, sem muitas de-longas. O presidente da CIC não subiu

“Uma doutrina ou um movimento só pode ser de direita ou de esquerda”, diz o superado texto do filósofo Norberto Bobbio

“É importante receber dois comícios na reta final de campanha.Mostra o quanto Caxias é valorizada”, analisa Néspolo

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Sartori e Maria Helena foram os anfitriões de Serra em Caxias. A comunista Abgail foi anunciada como futura secretária estadual de Turismo

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no palanque, e assim não expôs sua voz pessoal nem a voz de uma entidade. Mas conferiu o discurso de Serra da la-teral do palco, junto a outros cidadãos que ostentavam bandeiras e adesivos pró-tucano.

Na manhã seguinte, dia 27, Milton Corlatti estava sentado junto à mesa com petistas e empresários. No auditó-rio da CIC ocorria o seminário Pré-Sal e o Rio Grande do Sul – Oportunidades para a indústria, trabalhadores e so-ciedade. Na pauta, os desafios para o futuro da estatal que é a menina dos olhos de Lula – e também seria de Dil-ma, de Serra, de Aécio Neves (PSDB) e de quem mais sonhar um dia ocupar a presidência do país. “Peço licença aqui para usar a frase do Osvaldo Voges, que um dia, aqui mesmo na CIC, disse que pela primeira vez, com relação à Petrobras, o governo e os empresários estão em sintonia. E quando ocorre isso os dois lados vão lutar para encon-trar as soluções do problema e fortale-cer o crescimento”, disse Pedro Pezzi, representante do Comitê de Compe-titividade em Petróleo, Gás e Energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).

Miguel Rossetto, presidente da Pe-trobras Biocombustível, agradeceu a gentileza. Essa sintonia parece atender aos interesses dos empresários, prin-cipalmente porque estão em votação reformas que podem contribuir para o fortalecimento da indústria brasileira, com ênfase na metalurgia e fomento da pesquisa em ciência e tecnologia. Para falar das propostas em andamento no Congresso estava presente o deputado federal reeleito Pepe Vargas, que vem sendo muito bem cotado para ocupar alguma secretaria no governo Tarso ou até, em caso de vitória, um ministério de Dilma. “Não é o momento de falar

de quem vai ou não ocupar cargos”, desviou Pepe. Mas o petista reconhece que o partido tem lhe enxergado como um homem de confiança, que enfren-tou pautas difíceis e polêmicas, como o Fator Previdenciário, por exemplo. O silêncio de seu nome no processo de forma-ção do secretariado de Tarso pode ser o maior indicativo de que o par-tido pense em lhe en-tregar um novo desafio em Brasília. Até porque o PT terá a maior ban-cada do Congresso na legislatura 2010-2014.

Nesse período fu-turo de quatro anos, Rossetto diz que o go-verno brasileiro investirá na Petrobras R$ 240 bilhões. Mesmo que sutilmen-te, durante o seminário na CIC havia a construção de um discurso da parte dele que pretendia demonstrar por que não há como fugir do “confirma” em Dilma. Diante da urna, pretendia Rossetto, o empresário não poderia colocar em dúvida um Brasil expansio-nista, que pretende fortalecer a indús-tria e entregar a faca e o queijo para o polo metal-mecânico de Caxias do Sul. Pairava no ar que a linha de passe Pepe (deputado federal, por Caxias), Tar-so (governador) e Dilma (presidente) poderia mais facilmente atrair investi-mentos, encurtar caminhos e provocar o que o empresário de Caxias sonha: oportunidades infinitas.

“Não tenho medo nem receio de que se mude o rumo se o Serra, por exem-plo, for eleito. Não acredito nisso. Essas questões estão acima da política. Estou na Voges há seis meses e trabalhamos para aproveitar a oportunidade que a

Petrobras está dando. Vamos desen-volver um motor especial, um produto que a Petrobras ainda não tem”, confi-denciou Pezzi, rebatendo o temor de uma mudança radical no planejamen-to da Petrobras caso a Dilma perca a

eleição. Confrontado com a mesma pergun-ta, Rossetto procurou dissipar qualquer es-perança empreende-dora em um utópico desenvolvimento des-vinculado de uma ação polít ico-part idária, disparando: “O que orienta a Petrobras é o projeto político do PT. Nosso compromisso é com o desenvolvi-mento que o Lula nos

indica, que está atrelado aos projetos que estão sendo realizados e planeja-dos pela Petrobras. É claro que a não eleição da Dilma vai mudar esse rumo. Porque detrás da Petrobras está a po-lítica econômica e social do Lula, do PT”.

O jogo de cena político é tão inten-so e estarrecedor quanto uma final de Copa do Mundo. Talvez por isso Nel-son Rodrigues sempre tenha provoca-do a tabelinha entre futebol e política. Nem sempre a bola voltava aos pés do gênio indomável com a mesma maes-tria, porque nem sempre soa bem ler que “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz lite-ratura, política e futebol com bons sen-timentos...”. Tão duro quanto chamar o povo de imbecil. Mas provocador. Assim como algumas alianças têm pa-recido ao pobre eleitor. Provocadoras. Pena que a virtude de um Garrincha tenha se perdido dentro de um profun-do copo de cachaça.

“O Lula será lembrado por muitos e muitos anos ainda”, projetava Pepe Vargas (PT) no dia anterior à visi-ta do presidente, trazendo com ele Dil-ma, que aspira ser a primeira mulher a ocupar o assento do chefe. “Às vezes a gente, que é protagonista, não enxerga isso, mas o Lula é o maior presidente que esse país já teve. Se fala tanto do Getúlio Vargas, mas irão falar muito mais ainda do Lula”, reforçava Pepe.

O PMDB ainda se ressente de Ulys-ses Guimarães; o PTB, de Vargas; o PDT, de Leonel Brizola. Resta saber quando PT começará a sentir sauda-des de Lula. “Não se cria uma lideran-ça. Não nasce do dia para a noite. São muitas variáveis envolvidas”, filosofa Gerson Ben, tentando explicar por que o PT de Caxias não conseguiu formar um novo Pepe. “O PMDB também é assim... Depois do Victório Trez, só o Rigotto e o Sartori disputaram a pre-feitura.”

Quem acha o Planalto Central dis-tante da vida como ela é na provincia-na metrópole Caxias do Sul que anule o voto primeiro. Com Serra, um novo cenário desponta no horizonte político caxiense. Da mesma forma se Dilma vencer. Das incertezas, uma certeza: José Ivo Sartori, ao fim de seu segundo mandato consecutivo, não será candi-dato a prefeito. Novas peças aparece-rão, e brigarão por um espaço. Mas a vida alheia à política, ainda recheada de asperezas e horror, ou de sutilezas e pudor, continuará imune às desaven-ças e alianças de toda sorte e poder. Em 2014, se tiver fôlego, o filósofo Jayme Paviani lançará um novo livro, e a sau-dade ficará trancafiada dentro do apar-tamento de janelas brancas no esguio e charmoso edifício, no coração de Ca-xias do Sul. E tudo isso dentro de uma vagarosa e nebulosa primavera.

“Não é o momento de falar de quem vai ou não ocupar cargos”, afirmou Pepe no comício de Dilma e Lula em Caxias

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Os petistas Pepe Vargas e Marisa Formolo e o comunista Assis Melo, todos eleitos, reforçaram a campanha de Dilma em Caxias

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Mercado da transformação

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CATADORES DE DIGNIDADEVistos com indiferença, trabalhadores caxienses encontram no lixo que poluiria o meio ambiente uma boa fonte de renda

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por ROBIN [email protected]

ão é porque trabalho com lixo que pre-ciso ser um lixo”, diz a catadora Ivanete de Oliveira, sobre suas roupas, inco-muns na sua atividade. De tênis, calça jeans, blusa vermelha e óculos escuros, Ivanete puxa um carrinho cheio de pa-pelão e vaidade: é adornado com flores. “Comecei a trabalhar com reciclado há dez anos para incentivar meus filhos a não ficarem na rua”, explica Ivanete, mãe de três filhos. Hoje, nenhum deles trabalha como catador. Ela faz parte de um setor pouco valorizado em Caxias do Sul, a reciclagem. Segundo a Com-panhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), cerca de 70 das 410 toneladas de lixo que a cidade produz diariamente são recicladas. Na manhã desta quarta-feira (27), Ivanete pen-durou mais uma adereço em seu car-

rinho: a placa de Catador Legal. Lan-çado em agosto, o projeto da Codeca pretende catalogar e dar apoio a quem usa carrinhos para coletar resíduos recicláveis na cidade. “No começo, pegava latinha com saco e morria de vergonha porque as pessoas me viam abaixada e achavam que eu estava procurando comida. Hoje, só traba-lho com papelão porque não gosto de me sujar”, justifica Ivanete.

A catadora que pede, bem-humorada, para que não lhe pergunte a idade, vende o papelão que consegue nas ruas para a Niki Comércio de Aparas, no bairro Pio X. A distribuidora rece-be cerca de 30 catadores diariamente e vende papelão e plásti-co, que também compra de empresas na cidade, à companhias recicladoras do Paraná. De acordo com a proprie-

tária Bernadete Branchini, 18 pessoas trabalham no local, alguns deles atra-vés de uma parceria com o presídio para empregar ex-apenados. Maria Ângela Goes, 33, vai a Niki pelo me-nos duas vezes por dia. É o número de cargas que consegue completar diaria-mente. “Eu adoro catar lixo. Prefiro es-tar aqui do que trabalhar em firma ou fazer as tarefas em casa”, afirma Maria. Há quatro anos ela começou a coletar papelão para ajudar o filho que fazia o mesmo, então com 10 anos de idade. Hoje é a única da família que trabalha como catadora, exceto quando o ma-rido, que atua na construção civil, fica desempregado. De chinelos de dedo, ela recolhe papelão em São Pelegrino, nas ruas Os 18 do Forte, Sinimbú e na Avenida Júlio de Castilhos. Maria re-cebe R$ 0,20 por quilo de papelão. Se-gundo ela, seu carrinho chega a pesar 200 quilos quando cheio. A catadora

reclama do tratamento que recebe nas ruas. “Muita gente passa e vira a cara, xinga. Mas é um serviço como qual-quer outro. Você não está roubando, pedindo, está pegando coisas que estão na rua.”

A Associação de Recicladores Serrano emprega 25 pessoas em regime de socie-dade. É a maior das 11 ligadas à Cadeia Pro-dutiva da Reciclagem, projeto da Prefeitura. Os sócios dividem os lucros da venda do material reciclável, que é entregue na Associação pela Co-deca, de acordo com as horas trabalhadas.

A renda média é de pouco mais de mil reais por mês, os associados re-cebem cerca de R$ 6 por hora. E têm demanda suficiente para trabalhar 12

horas por dia e em alguns domingos. Os recicladores separam o material em 19 categorias, divididas por latões. A Associação possui cinco prensas para compactar o reciclá-vel e uma esteira para subir os fardos até os caminhões das em-presas que compram o material. José Pedro Veronez, 68 anos, tra-balhou 30 anos como metalúrgico antes de ser reciclador. Em frente à montanha de lixo, José conta que ajudou a erguer o pavi-lhão de madeira onde funciona a Associação há 12 anos. “Fizemos tudo com doações e dinheiro que con-seguimos com almoços.”

Em frente ao pavilhão existe uma

caixa de concreto para colocar vidro quebrado. Cercado por cães e gatos, o lixo é despejado nos fundos do pavi-lhão. Uma grade retém o material, que desce aos poucos para as mesas onde recicladores classificam os recicláveis. A média de idade de quem trabalha na Associação é de 50 anos. Zilda Zardo, 63, se aposentou trabalhando ali – ape-sar da Serrano não assinar carteira, o INSS é descontado da partilha dos associados. Exceto um dos dois guar-das, todos os trabalhadores moram no bairro. O presidente da Associação, Otaviano Soares de Moraes, conta que além do material doado pela Codeca, a Serrano também compra resíduos re-cicláveis de catadores do bairro. “Mui-tas mães vêm vender para comprar lei-te para os filhos”, conta Otaviano.

Enquanto separa o material em uma das mesas, onde os pilares são ador-nados por imagens de santos e terços encontrados no lixo, Madalena Melo Fernandes, 61, comenta com os ou-tros classificadores que trabalham ao

seu lado – a maioria mulheres, ho-mens operam as prensas e carregam o material separado – sobre as coisas estranhas que já encontrou: cobras e

cachorros mortos e até dinheiro. Ana Maria da Silva, 62, lembra das di-ficuldades do início da Associação. “Era tudo no braço, não tinha es-teira para carregar os caminhões, e nós tive-mos que aprender mui-to sozinhos porque não tinha reciclagem em lu-gar nenhum.” A situa-ção melhorou, associa-dos receberam cursos sobre como separar o lixo e alguns foram até

alfabetizados na Serrano. A Fundação de Assistência Social (FAS), que inte-gra a Cadeia Produtiva da Reciclagem,

verifica o cumprimento dos estatu-tos das associações, inclui associados em programas sociais e até empresta prensas em regime de consignação –há duas na Serrano. Além da FAS e da Codeca, quatro secretarias munici-pais e o Samae fazem parte da Cadeia Produtiva. Coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tra-balho e Emprego, o programa criou a Associação dos Recicladores de Caxias do Sul (Arcs), que compra material separado pelas associações e de cata-dores. Em 2011, a Cadeia Produtiva pretende instalar refeitórios e esteiras horizontais nas 11 entidades associa-das.

André Corrêa, 33, procurou a FAS na manhã de quarta para se re-cadastrar no programa Catador Legal. Sem carrinho próprio, há seis meses trabalha para um novo empregador. O carrinho com que trabalhava para o chefe anterior foi apreendido na sema-na passada, em frente ao Restaurante

“N “Fizemos tudo com doações e dinheiro que conseguimos com almoços”, conta José Veronez, um dos fundadores da Associação Serrano

“Muita gente passa e vira a cara, xinga. Mas é um serviço como qualquer outro”, diz a catadora Maria Ângela Goes

Entre cães, gatos e toneladas de lixo deixadas pela Codeca, os 25 sócios da Associação de Recicladores Serrano ganham cerca de R$ 6 por hora trabalhada

12 30 de outubro a 5 de novembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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“Hoje, trabalhar com reciclado é uma opção. Trabalhar parado em um lugar e na rua é diferente”, afirma o catador André Corrêa

Entre os recicláveis, peças religiosas, móveis e materiais inclassificáveis

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Popular, conduzido por um catador embriagado. André deverá esperar uma semana para receber a numera-ção novamente. O catador faz parte de outra categoria de recicladores que trabalham em Caxias: contratados in-formalmente, coletam material na rua e dividem os lucros com os donos dos carrinhos ou são pagos por semana. André foi acompanhado do novo che-fe, Aimoré Alcides Martins, que é dono de um comércio de sucata e compra material de catadores. Aimoré mora com outro empregado, que separa o material comprado para reven-der, e André, que re-colhe somente papelão e fica com a metade do lucro da venda desse material. O catador trabalha de segunda a sexta, cerca de 10 horas por dia, nos arredores do hipermercado Big. Nos finais de semana fica com o filho de 10 anos. Antes de ser cata-dor, André foi auxiliar geral na construção civil. “Hoje, traba-lhar com reciclado é uma opção. Tra-balhar parado em um lugar e na rua é diferente.” André casou aos 18 anos e teve dois filhos. Quando acabou o ca-samento, foi morar no depósito do an-tigo empregador, no bairro Exposição. O catador não tem boas lembranças do tempo em que morou no depósito. Sem energia elétrica, André dormia ao lado do resíduo reciclável e dividia espaço com ratos. Durante o cadastro na FAS, os representantes da Codeca alertaram André para não trabalhar na área do antigo empregador.

O centro de Caxias do Sul é di-vido entre cinco grupos que contratam catadores informalmente. A divisão já gerou conflitos com mortes e pelo me-nos três grupos têm ligação direta com o tráfico de drogas na cidade. Os que comandam os grupos mantêm os cata-dores trabalhando através da promessa de drogas ou por relações de afinidade. “Mas não é a maioria, são uns 20%”, afirma o encarregado do Departamen-to de Limpeza Urbana - Lixo Coletivo da Codeca, Douglas Leal. Ele diz que a situação melhorou, mas a aproxima-ção entre a Codeca e os catadores foi difícil. “No início, não podíamos nem chegar perto dos catadores porque a polícia os via e metia o pau.” A área com contêineres e a promessa de que o programa Catador Legal determina-ria espaços específicos para os grupos amenizou os ânimos, segundo Dou-glas, que atua junto a catadores há seis anos. Quem trabalha na rua assegura que “não quer confusão”. As lixeiras estão deixando de ser alvos de disputa.

Apesar da Arcs comprar cargas in-dependentemente do peso, catadores vendem o que recolhem para atraves-sadores, como a Nik ou a empresa de Aimoré. A diferença de preço é grande. Um quilo de papelão é comprado por cerca de R$ 0,34 na Arcs e a R$ 0,15 em atravessadores. Alguns tem “proble-mas” com a balança, que sempre pesa menos do que a quantidade levada pelos catadores. O material comprado pela Arcs ou pelos atravessadores ain-

da precisa passar por pelo menos ou-tra empresa, que lava, desinfeta e mói o reciclável antes de ser vendido para a companhia que o transformará em novo produto.

O engenheiro químico Assis Castilhos, professor do Instituto Fede-ral de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense de Sapucaia do Sul e que implanta um projeto de especiali-zação das associações de recicladores na região metropolitana, explica que

um material pode pas-sar de R$ 0,20 para R$ 1,10 depois da prepa-ração para a indústria. “Tentamos ajudar na gestão para preparar as associações para a recepção da tecnolo-gia desenvolvida pelo Instituto porque os ca-tadores desempenham uma atividade social muito importante. Em Porto Alegre, certa-mente recolhem mais lixo seletivo do que a

coleta regular.” Para Assis, as prefeitu-ras deveriam fazer parcerias com o se-tor privado para ajudar as associações de recicladores a adquirir maquinário. Conforme o engenheiro, o ideal seria se os centros de reciclagem fossem dentro dos próprios aterros sanitários, onde existe tratamento de afluentes adequado. “Muitas associações traba-lham na informalidade ambiental.”

Em Caxias do Sul, a instalação de as-sociações de recicladores formou líde-res que acabaram comandando novas entidades. O Catador Legal, segundo o diretor presidente da Codeca Adiló Didomenico, reduziu as reclamações. Desde a implantação do programa, em agosto, a empresa recebeu uma re-clamação por causa da atividade dos catadores. Antes, recebia uma por se-mana. Quando se inscrevem no pro-grama, eles entram no cadastro da FAS e podem receber auxílio social. Um dos próximos passos do Catador Legal será regulamentar o tamanho dos car-rinhos, o que o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Jorge Du-tra, afirma que já está sendo estudado pela secretaria.

A Codeca calcula que 150 ca-tadores trabalhem com carrinhos em Caxias – 65 já foram cadastrados – e que outros 300 pratiquem a atividade com sacolas. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 200 fa-mílias se beneficiam das associações de recicladores. A implantação do Ca-tador Legal não teve consenso na Co-deca e na Prefeitura. O poder público e a empresa estavam divididos entre aqueles que apoiavam a criação do programa e os que queriam a extinção, de alguma maneira, da atividade de catador na cidade. Quem conhece Ro-mulo Carlos Barbosa, o Gringo, sabe da importância desse serviço. Catador há oito anos, ele começou a recolher reciclado quando perdeu o emprego. Acompanhado por Pesteado, insepará-vel cão que encontrou no lixo, não é o único que encontra nos resíduos uma maneira de se sustentar em uma cida-de envaidecida pela riqueza.

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por JOSÉ EDUARDO [email protected]

sistema de leis define um povo em um dado período histórico. Há mais de um século, os costumes da comunidade então chamada Santa Thereza de Ca-xias se adequavam à regras da época. O primeiro Código de Posturas do Mu-nicípio foi redigido 1893, pelo Conse-lho Municipal Constituinte, presidido por Ernesto Marsiaj. Nos dias atuais poderia soar extravagante, mas o do-cumento impunha multas em dinheiro (réis) para quem levantasse “vozeiras” contínuas de modo que incommodas-se a vizinhança, proferisse obcenidades em público e mendigasse sem licença da auctoridade – só os indivíduos ca-racterizados como “paupérrimos” po-deriam obter essa permissão.

Com o passar do tempo, a legislação se adaptou aos novos hábitos e neces-sidades dos caxienses. Hoje, o Código de Posturas está em sua quarta edição, e já contém 44 leis que alteram o texto original. No sistema legal vigente, cada inserção de artigo ou inciso, ou ainda a exclusão de um destes, se opera de forma a criar uma nova lei. Assim, so-mente consultando todas as leis sepa-radamente é possível saber o que está vigorando. É preciso realizar 45 buscas para descobrir, por exemplo, se ainda é “obrigatória a utilização, para cada cliente, de lâmina nova e descartável, em barbearias, salões de beleza, salões

de cabeleireiros e estabelecimentos congêneros”, conforme descreve o arti-go 77 do código promulgado em 2003 – a resposta: sim, permanece em vigor.

Para facilitar o acesso ao sistema das leis municipais, pouco depois de assu-mir a presidência da Câmara, no início do ano, o vereador Harty Moisés Paese (PDT) começou o ambicioso projeto de consolidá-las no menor número possível. Em termos genéricos, isso representa compilar todas as normas que tratam de um determinado tema em apenas uma. Assim, as 8.028 leis ficarão compactadas em aproximada-mente 800. Além de descomplicar as buscas do pesquisador ou do cidadão leigo, impedirá que parlamentares, por desconhecimento, apresentem proje-tos iguais ou em conflito com leis que já existem. Paese relata como exemplo dessa duplicidade uma norma sobre elevadores encontrada no atual Có-digo de Posturas. Lá são encontrados dois prazos diferentes para o respon-sável por um prédio entrar em contato com a municipalidade quando houver substituição da empresa encarrega-da da manutenção dos elevadores. “A culpa nem é do vereador, mas sim do emaranhado em que se encontram as leis”, analisa Paese.

É importante ressaltar que a redução do número de leis não implica na diminuição dos direitos do indiví-duo. O que ela pretende é organizar

uma certa bagunça legislativa. Na situ-ação de hoje, é como se, em casa, você guardasse todas as suas roupas em uma cômoda empilhando-as na ordem em que foram compradas. Assim, calças jeans ficam misturadas com abrigos de moletom, camisetas, blusões e camisas, das mais variadas cores e tamanhos. Para encontrar a roupa desejada, seria preciso procurar em todas as gavetas e remexer nas pilhas que se encontram dobradas. A consolidação das leis, nes-sa analogia, arruma as roupas na cô-moda em gavetas diferentes, conforme o tipo, a cor e o tamanho.

A organização da legislação muni-cipal é amparada na Constituição de 88, que, complementada por um lei de 1998, estabelece normas para a conso-lidação dos atos normativos. Com base nela, Caxias do Sul é a primeira cidade do interior do Estado a fazer esse tra-balho. Apesar de mais de uma década ter se passado, essa política ainda enga-tinha no país. Apenas em março deste ano a cidade de São Paulo aprovou a consolidação da sua legislação tributá-ria. Em setembro foi a vez do Rio de Janeiro atualizar a mesma pasta. Porto Alegre se encontra a um passo à frente de Caxias. Todas as leis dos Conselhos Municipais já estão compiladas e re-visadas, e as leis complementares que tratam do comércio ambulante e da criança e do adolescente já passaram pelo processo de consolidação.

Em Caxias, uma força-tarefa forma-

da por 12 servidores da Câmara e dois da prefeitura trabalha na realização do projeto. A ideia inicial era realizar o levantamento e a compilação de to-das as leis complementares munici-pais até o final do ano, ou melhor, até o dia 15 de dezembro, quando inicia o recesso legislativo. Entretanto, a ação teve resultado mais positivo do que o esperado. Essa parte já foi concluída, e agora começa a fase de consolidação. A diretora legislativa da Câmara, Eliana Gianni Tedesco, diz que a expectativa é de que os Códigos de Posturas, Obras, Política Municipal do Meio Ambiente, Estatuto dos Servidores Públicos e Pre-vidência dos Servidores do Município sejam consolidados ainda este ano pe-los vereadores.

A partir de 2011, eles farão o mes-mo com os decretos legislativos, leis internas da Câmara e leis ordinárias do município. É nessa hora que virão as maiores dificuldades. Trata-se de leis antigas, desde 1949, e que, mesmo não sendo rotineiras, permanecem vi-gendo. É o caso da lei que estipula que o Município dê um prêmio de 10 mil cruzeiros ao clube campeão caxiense que representar Caxias em campeona-tos estaduais. Outra lei dessa época de-termina que 5% de todos os impostos arrecadados sejam destinados a uma taxa de fins hospitalares, direcionada à construção de um dispensário (espécie de hospital beneficente) para tubercu-losos. Aproximadamente 65 anos após

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Consolidação legislativa

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O presidente Paese (PDT) propôs a compilação das leis, trabalho que envolve a diretora legislativa Eliana e outros servidores da Câmara e da prefeitura

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Leis municipais amarradas em estaduais e federais (que podem não valer mais), sobrepostas ou em conflito desafiam 14 servidores encarregados de arrumá-las

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o fim da 2ª Guerra Mundial, outra lei ainda isenta do imposto predial a casa habitada por soldados da Força Expe-dicionária Brasileira que estiveram em operação na frente de combate na Itá-lia.

Em uma repartição interna da Câmara, duas servidoras dedicam par-te do tempo à revisão dos códigos mu-nicipais. Revisam calmamente o conte-údo dos textos impressos em pequenos maços grampeados e fazem algumas anotações à caneta. Com a digitaliza-ção das leis municipais em 2008, a atividade se tornou mais fácil, pois elas podem conferir o material diretamente no sistema. A reviso-ra de anais Salete Bett trabalha no Código de Posturas, aquele mes-mo citado no início do texto, que recebeu 44 leis complementares nos últimos sete anos. O material já está com-pilado em um único arquivo, e agora se encontra na fase mais complicada: a consolidação. Nes-te momento, os revisores precisam, en-tre outras coisas, atualizar a ortografia, os nomes das secretarias municipais e a numeração dos artigos e incisos, além de todas as referências a outras leis encontradas no texto. Mesmo com longa experiência na área, Salete diz que a atividade requer muita atenção.

Na mesa ao lado, a assessora técni-ca Celita Caran inicia a elaboração da matriz de consolidação da lei da Po-lítica Municipal do Meio Ambiente. Aposentada, com grande parte da vida dedicada ao serviço público, Celita foi recrutada para incorporar a equipe, por parte da Câmara. Comparando a versão em papel e a digital, a servi-dora verifica se há discrepâncias. Logo encontra um pequeno deslize, que passou despercebido por todos os pro-cessos da elaboração da lei e que nem a revisão final foi capaz de detectar. No artigo 55, a palavra “excetuam-se” foi equivocadamente grafado como “executam-se”. A mudança na ordem de duas consoantes retirava qualquer sentido da sentença, agora corrigida por Celita com uma caneta vermelha.

Mas a principal dificuldade não é com ciladas da língua portuguesa, mas sim com todas as leis e termos remis-sivos encontrados no código. Com seis anos de implementação da lei do meio ambiente, alguns números tele-fônicos 0800 podem não existir mais. E só existe uma forma de descobrir: ligando para cada telefone. A servido-

ra menciona uma situação ainda mais complicada, que uma simples ligação não seria capaz de resolver. Algumas leis municipais se remetem a decretos estaduais, que por sua vez baseiam-se em normas federais. Se nesse caminho cheio de interseções houver uma inter-rupção, uma lei revogada, todo o pro-cesso tem de ser adaptado.

Perto de onde trabalham Sale-te e Celita, em uma sala da Secretaria de Governo da prefeitura a diretora executiva Isaura Pistorello e a assesso-

ra administrativa Ka-ren Kayser começam a fazer a consolidação do Código de Obras. O processo segue da se-guinte forma: enquan-to Karen faz a leitura do documento em voz alta, Isaura confere se existe algum erro na versão impressa. Todos os termos a serem cor-rigidos são destacados com uma caneta ama-rela. A reclassificação

dos números dos artigos e incisos é marcada em vermelho. Com o desen-rolar do serviço, as páginas se transfor-mam em uma coletânea de rabiscos e anotações.

Os olhos atentos da diretora, com 37 anos de atividade no serviço público, facilmente detectam qualquer palavra e expressão jurídica a serem corrigidas. Assim como as colegas da Câmara, ela explica que o que mais consome tem-po é conferir todas as leis remissivas. Por exemplo, há uma norma municipal que se refere ao Código Civil Brasilei-ro. Conferir se a referida lei continua vigente é simples: basta procurá-la na página de internet do governo fede-ral. Mas nem sempre a localização é tão fácil. Algumas leis de outra esfera pública estão em páginas com acesso restrito, por exemplo. Nesse caso, as duas procuram ajuda na Procuradoria do Município.

O esforço conjunto de funcionários da Câmara e da prefeitura deve pros-seguir por mais dois anos, quando en-fim toda a legislação municipal estará consolidada. Com esse trabalho, os contribuintes poderão facilmente ob-ter informações sobre os seus direitos e deveres; políticos saberão com preci-são quais leis permanecem vigorando e quais se tornaram história. Além dos aspectos legais, esse processo irá modi-ficar fisicamente a legislação. Todas as leis terão de ser reimpressas e ficarão lado a lado com os mais de 200 livros que atualmente compõe a sala de Ar-quivo e Protocolo.

A partir de 2011, a força-tarefa analisará leis antigas, desde 1949, para verificar seainda têm razão de existir

Texto é conferido nas versões impressa e digital

www.ocaxiense.com.br 1530 de outubro a 5 de novembro de 2010 O Caxiense

MÉRITO GIGIA BANDERAFoi confirmada para o dia 09 de novembro a entrevista coletiva com a imprensa quando

o presidente do SIMECS, Getulio Fonseca apresentará oficialmente os nomes dos três em-presários que irão receber o Mérito Metalúrgico Gigia Bandera 2010. A solenidade de entrega da outorga acontecerá nas dependências do Clube Juvenil, dia 26 de novembro. O Mérito Gigia Bandera visa homenagear personalidades empresariais, que tenham se destacado por sua per-formance ética, moral e profissional, evidenciada pela conduta empreendida e pelas atividades desenvolvidas em seu meio.

PARTICIPAÇÃO ITALIANAA edição 2010 do Mérito Gigia Bandera terá a participação especial de uma delegação itali-

ana, proveniente de Schio, Província de Vicenza, terra natal de Luigia Carolina Zanrosso Eberle. Confirmaram presença, o Prefeito de Schio, Luigi Dalla Via e o Presidente da Associazione Industriali di Vicenza – DPT de Schio, Luigi Schiavo. Também integram a comitiva quatro em-presários da Província de Vicenza. O grupo italiano será coordenado pelo empresário Dario Vivian, diretor da empresa Stil Service, cuja matriz se localiza em Schio e possui escritórios no Brasil em Novo Hamburgo e São Paulo. Os industriais vênetos aproveitarão para manter contatos com as empresas do segmento metalmecãnio de Caxias do Sul e região visando futuras parcerias.

PROJETO MÃO AMIGACiente de seu papel como entidade de classe representativa, o SIMECS apoia e é multi-

plicador de ações que visam o bem estar social. Desta forma, informa que as pessoas físicas e jurídicas, podem destinar parte do valor do imposto devido a ações sociais, pelo repasse desse recurso a programas executados por instituições governamentais e não governamentais de assistência social voltados para o atendimento às crianças e adolescentes abandonadas e desabrigadas. Ainda, às medidas sócio educativas aplicadas aos adolescentes autores de ato infracional, às crianças e adolescentes explorados sexualmente; aos usuários ou dependentes de drogas; às vítimas de maus tratos, à erradicação do trabalho infantil, à profissionalização dos jovens, à orientação e apoio sócio familiar e também para projetos de pesquisa e estudo, pro-jetos de comunicação e divulgação de ações de defesa de direitos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, sem que essa ação signifique acréscimo do valor do imposto a pagar. Em Caxias do Sul, o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adoles-cente – COMDICA é a instituição responsável pela arrecadação e aplicação dos recursos. Mais informações: www.contribuirnaocustanada.com.br

PESQUISADORES DA ALEMANHANo dia 22 de outubro o SIMECS recebeu a visita de um grupo de 13 pesquisadores alemães.

O grupo foi recebido pelo presidente Getulio Fonseca e pelos diretores Reomar Slaviero, Milton Susin e Odacir Conte. Os pesquisadores são representantes de diversos Institutos de Pesquisa e Universidades da Alemanha. A comitiva conheceu de perto a representatividade do segmento metalmecânico de Caxias do Sul e região onde o SIMECS atua. Também houve a apresenta-ção de diferentes linhas de pesquisa com vistas a exploração de novos campos de negócio entre o Brasil e a Alemanha. Para se ter uma ideia, de abril de 2010 até abril de 2011 um grande número de organizações científicas e intermediárias da Alemanha e do Brasil irão realizar even-tos, conferências, workshops e exposições, sempre com o objetivo de buscar soluções susten-táveis e inovadoras. O Ano da Ciência fortalece as instituições e os locais de pesquisa nos dois países e estabelece um novo tipo de cooperação entre ambos.

CURSO EM FABRICAÇÃO MECÂNICAO SIMECS está divulgando a realização do curso Técnico em Fabricação Mecânica junto

ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS. O curso funciona da seguinte forma: o aluno cursa as disciplinas do ensino médio de maneira integrada às disciplinas de formação técnica, obtendo o diploma de Técnico em Fabricação Mecânica e cursando o ensino médio normal. Oferecido pelo IFRS, o curso tem duração de 04 anos, e será realizado no período da manhã. O foco do mesmo será voltado aos processos de conformação mecânica, abordando também na sua grade curricular processos de usinagem, soldagem e out-ros. A duração total é de 3.240 horas e mais estágio curricular obrigatório. O processo seletivo será efetivado através de uma prova com 40 questões a ser realizada no dia 05 de dezembro de 2010. O período de inscrição para o processo seletivo é de 13 de outubro a 11 de novembro através do site: www.bento.ifrs.edu.br/processoseletivo. Mais informações através do fone: (54) 3204.2100.

PRÉ-SAL / OPORTUNIDADESO diretor do SIMECS, Oscar de Azevedo representou a entidade no Seminário Pré-Sal e o

Rio Grande do Sul – Oportunidade para a indústria, trabalhadores e sociedade. O evento que teve a participação do presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, foi realizado em Caxias do Sul no dia 27 de outubro. Oscar de Azevedo salientou que o encontro foi muito importante porque mostrou como o Pré-Sal irá mudar a vida e a economia brasileira e como as empresas deverão se preparar para participar dessa nova etapa com competitividade. A consci-entização do segmento empresarial sobre a necessidade de se tornar mais competitivo deverá ser a tônica principal para aproveitar as oportunidades que virão através da exploração do Pré-Sal. Conforme Azevedo, os desafios para o setor do gás e petróleo são enormes e o setor indus-trial gaúcho está inserido nesse contexto especialmente através do polo naval de Rio Grande.

SIMECS ENERGIAImplementado para buscar a eficiência energética nas empresas do segmento metalmecâni-

co, o Programa SIMECS Energia realizou no dia 27 de outubro importante evento técnico. O encontro abordou a Eficiência Energética na Geração e Tratamento do Ar Comprimido. Foi palestrante o engenheiro Carlos Eduardo Szyszko Maier, o qual apresentou as últimas inova-ções de controle e redução de perdas de energia, decorrentes da geração e utilização do ar comprimido. A escolha do compressor, a pressão a ser utilizada, os controladores CLP’S e a reeducação na utilização do ar comprimido também foram alguns dos tópicos abordados. O Programa SIMECS Energia inclui diversas atividades de capacitação e formação de grupos de trabalho nas empresas para aplicação das melhores técnicas de economia de energia. Também já foi realizado um curso de capacitação com a participação das 12 empresas classificadas para a realização de diagnósticos energéticos.

LEI RESIDUOS SÓLIDOSCom o objetivo de esclarecer os principais pontos da Lei 12.305 - Política Nacional de Re-

síduos Sólidos, o SIMECS, através de sua Comissão de Meio Ambiente promoveu no dia 14 de outubro uma palestra com a Advogada especialista em Direito Ambiental, Luisa Falkemberg. Na oportunidade ela abordou os princípios, instrumentos e diretrizes da nova Lei. Os principais pontos levantados foram o estabelecimento da logística reversa, a responsabilidade compartil-hada pelo ciclo de vida do produto e integração dos municípios na gestão dos resíduos sólidos. A PNRS trás consigo a obrigatoriedade da elaboração por parte dos geradores de resíduos sóli-dos perigosos ou não (entidades públicas, indústrias, prestadores de serviço, estabelecimentos comerciais, construção civil, terminais e atividades agropastoris) do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos que deverá atender o disposto no Plano Municipal porém a inexistência desse não obsta a elaboração e a implementação do plano por parte dos geradores.

SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 – Caixa Postal 1334 – Fone/Fax: (54)

3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul - Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br – [email protected]

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l A Suprema Felicidade | Drama. 13h50, 16h20, 18h50 e 21h20 | Iguate-mi

Arnaldo Jabor não dirigia um filme desde 1986, quando lançou Eu sei que vou te amar. Neste, conhecemos Pau-lo e os personagens que passam pela sua vida até o re-encontro com o pai e uma torrente de nostalgia. 16 anos, 125 min..

l Garfield – Um Super-Herói Animal (3D) | Animação. 14h10, 16h10 e 18h10 | Iguatemi

Nem só de lasanha vive um gato. De aventuras também. O comilão se jun-ta a um super-herói felino vindo do mundo dos quadrinhos para salvar o planeta. Livre, 75 min., dub..

AINDA EM CARTAZ – Atividade Paranormal 2. Terror. 15h40, 17h40, 19h40 e 21h40. Iguatemi | Cio da Ter-ra. Documentário. Sábado e domin-go, 19h. Ordovás | Caxias, Tradição de Um Povo. Documentário. Sábado, 17h. Quarta (3), quinta (4) e sexta (5), 10h, 14h30min e 18h30min. Ordovás | Comer, rezar, amar. Drama. 15h50, 18h40 e 21h50. Iguatemi | Como cães e gatos 2: A vingança de Kitty Galo-re. Animação. 13h40. Iguatemi | Os Intocáveis. Policial. Quinta (4), 15h. Matinê às 3. Ordovás | Meu Malva-do Favorito. Animação. 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 13h30. Iguatemi. 18h20 e 20h. UCS | Piranha (3D). Terror. 20h e 22h. Iguatemi | Tropa de Elite 2. Policial. 14h, 15h20, 16h30, 17h50, 19h, 20h20 e 21h30. Iguatemi |

Vincere. Drama. De quinta (28) a do-mingo (7), 20h. Ordovás.

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 6 (meia entrada, crian-ças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Ho-rários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Indus-trial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, pro-fessores e funcionários da UCS). Ho-rários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

l O Canto do Jardim | Sábado e domingo, 20h30 |

Onze alunos participam do primei-ro espetáculo da 12ª Mostra da escola Tem Gente Teatrando, com direção de Carine Panigaz. A história é anima-lesca: o jardim vive em harmonia com seus animais e flores, até que duas aranhas resolvem chamar atenção e

criam uma história mirabolante.Casa de TeatroR$ 20 (na hora) e R$ 10 (antecipado, sênior e estudante) | Olavo Bilac, 300 (esquina Regente Feijó) | 3221-3130

l Cinta-Liga/Desliga | Quinta (4), 20h |

As três palhaças do Núcleo Trompas de Falópio, interpretadas pelas atrizes Aline Tanaã, Grasiela Muller e Odelta Simonetti, buscam incessantemente, inclusive na plateia, a sua cara-metade. A peça é feita sem palavras e muitas caras e bocas, fiel ao estilo clown. Des-ta vez, o show é exclusivo para servi-dores, que podem retirar seus ingres-sos no RH da Prefeitura.Teatro Municipal1 kg de alimento não perecível | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l 4º Salão Campus 8 | Segunda (1) a segunda (15). De segunda a sábado, das 9h às 21h e domingos das 15h às 21h |

Os trabalhos expostos são dos ven-cedores do concurso, onde o primeiro lugar ficou com Gelson Soares, pelo trabalho Inversão, em xilogravura. Em seguida vêm a instalação de Ales-sandra Baldissarelli (re des cobrir) e a litografia de Tânia Silvestre (El vacío descubierto). A menção honrosa ficou com Patrícia da Costa Rigo e sua ins-talação com fotografia digital Eu ain-da existo, eu persisto.Galeria - OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Mostra Marcas da Cultura Gaúcha: Paisagens Gaúchas em Graffiti | Quarta (3) a segunda (29). De segunda a sexta, das 8h30 às 18h30 e sábados das 8h30 às 12h30 |

Visão dos grafiteiros Fábio Panone Lopes (Hauli), Henrique Padilha (HP) e Jonathan Souza de Oliveira (Faveli-nha) por meio de imagens da cultura gaúcha, como O Laçador. Espaço Cultural do IpamEntrada franca | D. José Baréa, 2.202 | 3222-9270

AINDA EM EXPOSIÇÃO – Bez Bat-ti – 70 anos. Bez Batti. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Mu-nicipal. 3221-3697 | Combinações. Karen Axelrud. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Hall Superior – Cam-pus 8. 3289-9000 | Cultura Tibetana nas peregrinações budistas. Ilka Fili-ppini. De segunda a sábado, das 10h às 19h30min e domingos, das 16h às 19h. Catna Café. 3212-7348 e 3021-7348 | Eu vivo, e você? Cristiane Marcan-te. Até sábado, das 9h às 15h. Galeria Arte Quadros. 3028-7896 | Frames da dança. Coletiva. De segunda a sábado, das 17h às 21h. Galeria em Transição – Teatro Moinho da Estação. 8404-1713 | Quem é você? Cristiano Dub e Tiarle Camargo. Até sábado, 8h às 20h. Jar-dim de Inverno Sesc. 3221-5233.

l Ciranda do Pensamento | Sába-do, 18h |

Sob o tema Quem canta seus males

[email protected] Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Guia de Cultura

16 30 de outubro a 5 de novembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

CINEMA

TEATRO

EXPOSIÇÃO

PAINEL

Em Hey! Blues, as 15 horas do 2° Moinho da Estação Blues Festival, de 2009, foram transformadas em 40 minutos de shows, entrevistas e bastidores

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encanta – A relação da música com a mente humana, a conversa gira em torno da música como ferramenta so-cial e meio de comunicação. Os deba-tedores serão os músicos e musicote-rapeutas Chiara e Alberto Herrera e o psiquiatra Adriano Agostini. OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Palestra de Maria Rita Kehl | Sexta (5), 20h

Depois de ser demitida do jornal O Estado de São Paulo por expressar sua opinião sobre a desqualificação dos votos dos pobres em um artigo, a psicanalista e jornalista Maria Rita Kehl vai palestrar em Caxias do Sul. O tema da palestra não é política, mas Crença na palavra, aposta no sujeito. Entretanto, há espaço para perguntas no final... As inscrições podem ser fei-tas na Secretaria de Extensão, na Ga-leria Universitária da UCS.Auditório do Bloco H da UCSR$ 10 (alunos da graduação), R$ 25 (público em geral) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218 2100

l III Salão Sul – Mostra de Dan-ça de Salão de Caxias | De 18 a 21 de novembro. Inscrições abertas |

A terceira edição do evento, vindo da cabeça e dos pés dos bailarinos Giovani Monteiro e Sinara Suzin tem na programação festas, palestras, au-las e apresentações de dança. A aber-tura do evento será com Carlinhos de Jesus. Para os interessados em apren-der algum passo de dança, as inscri-ções já estão abertas, com vagas limi-tadas, para participar de sexta (19) a domingo (21). Os ritmos oferecidos são samba de gafieira, samba rock, salsa, tango, forró, rock/soltinho e dança gaúcha. Os locais das aulas se-rão no Futuro Teatro Moinho da Es-tação (junto ao Boteco 13) e na Sala de Oficinas da Secretaria Municipal de

Cultura, das 9h30 às 12h15 e das 14h às 18h15, exceto no domingo, que terá oficinas até as 16h30.Clube BallroomEntrada franca | Coronel Flores, 8010, sala 107 | 3223-2159

l Concertos ao Entardecer | Domingo, 18h |

O quinteto de metais da Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul e a Orquestra Municipal de So-pros apresenta mais uma edição des-te evento. O repertório variado tem desde canções eruditas como Aida, de Verdi, até Penny Lane, dos Beatles. No trompete, Roberto Scopel e Samuel Douglas de Castilhos, Ramon Rizzon na trompa, Silas da Silva no trombo-ne e o comando da tuba é com Feli-pe Istan. A participação especial é de Amauri Maciel, na percussão. Como sempre, uma doação de alimentos não perecíveis é bem vinda.Igreja do Santo SepulcroEntrada franca | Júlio de Castilhos, s/nº l Movie and Music | Domingo, 19h30 |

A banda marcial da escola Cristó-vão de Mendoza comemora seus 45 anos tocando um repertório cheio de clássicos do cinema, com participação do vocalista Léo Mandelli.Teatro São CarlosEntrada franca | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387

l Robison Boeira | Sexta (5), 20h30 |O acordeonista lança seu CD Alma

Chamamecera, baseado nos ritmos chamamé e polca. O show e as grava-ções do CD têm participação de Maia (acordeon) e Lúcio Yanel (violão). O show prioriza as músicas do álbum, mas nada impede que alguma can-ção mais conhecida seja reproduzida. Indo ao show, também realize uma boa ação: todo o valor arrecadado vai ser dividido entre o Lar da Velhice e a Associação Criança Feliz.

Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Aniversário Leeds Pub | Sexta (5), 21h |

Em comemoração aos dois anos do verde pub irlandocaxiense, a comemo-ração começa indie. O primeiro show, na sexta, é da Ladrões de Diamantes e da ótima Bob Shut. No sábado, Os Oi-tavos e a porto-alegrense Casamadre. Preste atenção no brinde que vem com a compra do pacote para os dois dias: uma caneca e chopp liberado.Leeds PubR$ 12 (por dia) ou R$ 30 (pacote) | Os 18 do Forte, 314 | 3238-6068

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Andy & The Rockets. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Blues He-ads. Blues. Santo Graal. 3221-1873 | Ding Dong Experience. Raul Seixas Cover. 23h. Aristos. 3221-2679 | DJ Alec Araújo. Eletrônico. 23h. Havana. 3224-6619 | Fullgas. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Hallo-ween. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | HardRockers. Hard rock. 23h. Va-gão. 3223-0007 | Izequiel Carraro. Pop. 23h30. La Boom Snooker. 3221-6364 | Libertá. Nativista. 22h30. Li-bertá Danceteria. 3222-2002 | Nokia Fashion Night. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Poder da Criação. Samba rock. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Trio Bem Baxado. Samba rock. 22h. Badulê. 3419-5269 | Domingo: DJ Mono. Anos 80. 19h. Zarabatana. 3228-9046 | Segunda (1): Agente Ed e Ligante Anfetamínico. Rock. 23h. Vagão. 3223-0007 | Branco no Preto. Do samba ao funk. Santo Graal. 3221-1873 | DJ André Sarate. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Fullgas. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Izequiel Carraro. Pop. 23h30. La Boom Snooker. 3221-6364 | Quinta (4): Alex e Márcia. Sertanejo universi-tário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (5): Izzi Louise. Rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Mãe do Norman. Rock. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Rafa Schüler Trio. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149.

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MÚSICA

DANÇA

Quinteto de Metais da Osucs faz concerto na igreja Santo Sepulcro. Carlinhos de Jesus vem a Caxias dia 18

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Cinema | Hey! Blues

Disneylândia do bluespor CíNTIA HECHER

Quem teve o privilégio de observar a movimentação crescendo em torno dos palcos do Moinho da Estação Blues Festival do ano passado ficou com o coração na mão enquanto via as imagens passando durante a exibição do documentário Hey! Blues, com direção do Lissandro Stallivieri, da Spaghetti Filmes. O sol se pondo e o público se forman-do, a organização correndo e um espetáculo de som. A edição, com certeza, é o ponto alto da película. Até porque transformar 15 horas de imagens em 40 minutos de blues não é a tarefa mais mamão com açúcar do mundo. Cumprimentos efusivos ao jovem Marcelo

Andrighetti e seu trabalho. A tentati-va foi encaixar um pouquinho de cada atração de lá, o que demonstra clara-mente que o festival de blues não é feito de uma grande atra-ção internacional ou de um organizador bem intencionado. Festival é coletivo, é todos juntos partici-pando, colaborando

do seu jeito e fazendo uma festa enorme, não somente em espaço físico mas principalmente no quesito troca. Troca de energia, de experi-ências, de impressões. A multiplicidade ficou explícita na edição, que dividia a tela em duas, três, quatro partes. Comentários capta-dos de diversas atrações levavam a plateia ao riso ou àquele aceno positivo com a cabeça. O maestro Gilberto Salvagni, a cantora Fran Duarte, a família Azambuja, o guitarrista Rodrigo Campagnolo e mais tantos deram suas impressões bem humoradas do evento, o que deixa claro o clima de confraternização entre os músicos. Os convidados americanos, Billy Branch e Carlos Johnson, não para-vam de exaltar o festival e, principalmente, o respeito do Brasil pelo blues. O blueseiro Fernando Noronha pensou que estava na Dis-neylândia do blues. Já o vocalista da banda Blues Etílicos, Greg Wilson, disse que aquilo era um parque de diversões para ele. Quem mais aproveitou, mesmo, foi o público. Várias imagens comprovam que bater a cabeça não é ato exclusivo de fãs de metal. A agitação é causada pela levada do blues. Qualquer uma. Da mais tristonha até aquela que faz dançar a alma. O documentário Hey! Blues é mais do que prova audiovisual de uma penca de shows realizados no Largo da Estação Férrea. É um convite. Ao próximo festival, à próxima reunião entre amigos, ao próximo show. Assistir ele dá uma vontade imensa de confraternizar. Por enquanto, há negociações para o documentário ser visto por outros gaúchos, como em Porto Alegre. Quem perdeu as exibições no Ordovás e no Missis-sippi Delta Blues Bar, pode um dia conseguir assistir nas telas do próprio bar, que reterá uma cópia. Uma boa desculpa para socializar e tomar uma cervejinha, em nome do blues.

l Hey! Blues | Documentário

Imagens compiladas pela Spaghetti Filmes do 2º Moinho da Estação Blues Festival, realizado em novembro de 2009. Dirigido por Lissandro Stallivieri. 40 min..

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[email protected]

[email protected]

Fabíola dy Cornuthi| Maria |

Foram as figuras sacras, no princípio a de São Francisco de Assis, que inauguraram a arte de Fabíola, em papel machê, colagem e gesso. Mais tarde, antes das estatuetas africanas encherem as vitrines de lojas de decoração, a artista criou bonecas negras, com vestidos estampados, lábios vermelhos e caras de Brasil. Nesta Maria, como nos outros santos de Fabíola, o rosto sem as características que diferenciam divi-nos e mortais, causaria estranheza na igreja. A Virgem com cara de gente normal? Sim. Porque ela foi gente de verdade, a artista a esculpe com a merecida expressividade. E esses pés e mãos enormes? Coisas da santa arte.

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crô-nica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os me-lhores trabalhos serão publicados aqui.

18 30 de outubro a 5 de novembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

s vezes, aos fins de tarde (não recordo com que frequên-cia), uma vizinha velha nos trazia a Nossa Senhora. A santa pousava em nossa casa. A mãe rezava, e no dia seguinte eu a entregava na casa de outro vizinho, fazendo seguir a romaria de visitas (não sem antes beijar o vidro que protegia a imagem. A mãe beijava, os vizinhos ao entregar a santa beijavam, bei-javam ao receber a santa... Eu achava aquilo meio nojento. Era como tomar mate com estranhos: anti-higiênico.

A NOSSASENHORApor CLÁUDIO B. CARLOS (CC)

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Brunoro disse que o primeiro passo será fazer uma radiografia do Ju. O plano é ter em mãos, em menos de 90 dias, a realidade de todos os setores do clube da Rua Hércules Galló. Essas informa-ções coletadas serão utilizadas na montagem de um projeto com meta de ser implantado a curto e médio prazo. “Queremos algo que possa consolidar o Juventude, e para que a cada momento de crescimento não corra risco de uma nova queda. É importante frisar que não estamos

aqui para uma caça às bruxas, e sim para analisar todos os processos do clube”, explicou Brunoro durante entrevista coletiva na tarde do dia 28 de outubro, concedida no Jaconi.

Após essa etapa, caberá à direção do Ju optar ou não pela continuida-de da BSB no desenvolvimento do projeto. O que foi divulgado é que a busca de patrocinadores já está em andamento. “A mídia já divulgou que existe uma negociação com a empresa de telefonia Oi, mas ainda não há nada concretizado, o que

pode ocorrer – ou não – depois do feriadão de finados”, despistou. No Jaconi, a equipe da Brunoro Sport (fundada em 2001) atuará com três pessoas: César Giacomelli (atendi-mento), Alan Edelstein (marketing) e Thiago Scuro (futebol). “Não estamos chegando com cinco Par-malat nas costas, mas com a mesma vontade daquela vez, porque o Juventude não merece estar onde está”, afirmou o empresário, em tom de otimismo.

[email protected]

Fabiano Provin

O Caxias só depende dele mesmo para garantir uma vaga na semifinal da Copa Enio Costamilan. No dia 28 o time de Julinho Camargo voltou de Sapucaia do Sul com um empate sem gols com o Sapucaiense. O jogo de volta será no Centenário, no dia 2, às 16h. A decisão será em casa pelo fato de o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspender temporariamente a interdição imposta após julgamento do caso da confusão registrada ao término do CA-JU dis-putado no dia 29 de agosto, pela Série C. O recurso ainda será julgado no Pleno do STJD nos próximos dias – o departamento jurídico grená tenta reduzir a pena (multa de R$ 500, interdição e perda de dois mandos de campo na Série C de 2011) ou, pelo menos, agilizar a inspeção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Somente após esse procedimento o Cente-nário poderá ser liberado.

O empate com o Sapu-caiense não é considerado um mau resultado. Pelo menos o Caxias não perdeu. Agora, resta se impôr (como vem fazendo naturalmente na Copinha) no Centenário. Pela frente o técnico Julinho terá Porto Alegre (do trei-nador Luiz Antônio Zaluar) ou Cerâmica (treinado por Leocir Dall’Astra. No jogo de ida, o Porto Alegre perdeu em casa para o Cerâmica, por 3 a 2. Na fase classificatória (primeiro e segundo turnos), o Caxias bateu o Cerâmica por 3 a 2, em Gravataí, e por 2 a 0, no Centenário.

Até terça, Julinho espera contar com os zagueiros Neto e Tiago Saletti, que sequer viajaram com o grupo para Sapucaia. Eles tratam de le-sões. Nos outros confrontos, o Inter B leva vantagem sobre o Guarany de Camaquã – venceu por 3 a 1 e agora joga em casa. O Pelotas empatou em 2 a 2 com o Novo Ham-burgo, em Pelotas.

Torcedor grená: se sobraram algumas “onças” na carteira neste final de mês, aproveite a promoção da Espaço Grená, loja oficial do Caxias, ao lado

do Centenário. Todo o estoque será comercializado com des-contos de até 50%. Uma boa oportunidade para renovar o fardamento.

No dia 24 de outubro o Mo-vimento Cenáculo de Maria realizou o tradicional almoço anual da entidade, no salão da Igreja Santa Rita de Cássia, no bairro Floresta. Durante o tradicional rifão, um brinde chamou a atenção de parte dos cerca de 300 presentes na

confraternização: uma camisa do Caxias. O departamento de marketing grená doou uma peça para estimular o aumen-to da arrecadação do evento – o dinheiro será revertido para ações sociais. O sorteado com o manto grená foi Roberto Debaco.

No início dos anos 1990 o em-presário José Carlos Brunoro, que tinha vínculos mais do que profis-sionais com Caxias do Sul – casou-se com a rainha da Festa da Uva de 1994, Cristina Briani –, ajudou a intermediar uma parceria de co-gestão da multinacional Parmalat com o Juventude. Palmeiras e Etti-Jundiaí (hoje Paulista) foram outros clubes escolhidos pela empresa no Brasil. No Estádio Alfredo Jaconi, o projeto foi implantado em maio de 1993 e desativado em julho de 2000, no período em que o Ju disputava a Copa Libertadores da América.

Na época, o atual presidente reeleito do Ju, Milton Scola, era dirigente. Ele lembra que muito

dinheiro foi disponibilizado pela Parmalat. “Foram mais de US$ 3,2 milhões de dólares na época, ninguém sabia quanto era isso”, exemplifica. A entrada de polpu-das verbas nos cofres do time que sagrara-se campeão da Série B no ano seguinte (1994) possibilitou uma grande reforma na casa da pa-pada – desde as cabines de impren-sa até os vestiários e a pista frontal das arquibancadas, que era coberta com cascalho. Nos anos seguintes a maior parte dos torcedores esmeral-dinos sabe de cor o que aconteceu (campeão gaúcho invicto em 1998 e campeão da Copa do Brasil em 1999).

A chegada de Brunoro em 2010

foi bem diferente do que a de 17 anos atrás. Sem muita pompa, mas com prestígio, ladeado por Milton Scola e pelo presidente do Conselho Deliberativo e ex-presidente papo, Carlito Chies, o empresário apre-sentou a Brunoro Sport Business (BSB), especializada em gestão e marketing esportivo. Ele firmou uma parceria com o Ju com o obje-tivo de reestruturar administrativa e financeiramente o clube. “Estou aqui por dois aspectos importantes: o lado do coração e o lado profissio-nal. E ambos estão inseridos neste projeto”, sentenciou. A instituição precisa de ajuda: em 2007, disputou a Série A. Em 2011, jogará a Série D.

Milton Scola foi reeleito presi-dente do Juventude para a tempo-rada 2011. Com 77 votos favoráveis (mais 14 nulos, oito brancos e uma abstenção), o arquiteto, que desde 2002 produz vinhos, discursou na noite de 25 de outubro no Salão Nobre Walter Dal Zotto, no Jaconi. Antes, ouviu atentamente o recado de Carlito Chies: “Essa diretoria eleita sabe que o compromisso de-les é o maior da história do clube”. “Teremos de ter responsabilidade para implantar um projeto de ges-tão profissional. Nosso sucesso está vinculado ao futebol profissional”, emendou Scola, que no início da reunião do Conselho Deliberativo estava rodeado de ex-presidentes papos. “Temos a obrigação de fazer

um grande Gauchão. Temos uma base de equipe e brigaremos pela ponta da classificação geral para ga-rantir uma vaga na Copa do Brasil.”

O orçamento 2011 não deve ultrapassar os R$ 7 milhões, estima o presidente. Cerca de 70% desse valor será “consumido” pelo futebol. “O futebol é a nossa base de recuperação e, nesse momento, precisamos pensar o Ju no futuro”, disse o presidente. Questionado so-bre a diferença entre o Milton que assumiu o clube em janeiro de 2010 e o que ficará no cargo em 2011, ele não hesita em responder: “Foi um ano de experiência, mesmo que tenha sido dolorida. Talvez tenha aprendido mais assim do que se tivesse sido de outra maneira”.

Com a reeleição de Scola, houve uma troca no comando do fute-bol: saiu Juarez Ártico e entrou Raimundo Demore – este que já trabalhou com Scola em 1999. No dia 28, após a coletiva com Bruno-ro, o presidente papo anunciou que, além do vice Demore, o setor será composto pelo atual vice adminis-trativo e financeiro, Luiz Carlos Ghiotti (diretor administrativo), pelo atual vice de Scola, Geandro Turcati (diretor de futebol com foco na base), Juarez Marcarini (mantido como diretor profissional), Túlio Cunha Lima (gerente de futebol) e Renato Tomasini (supervisor). Nos próximos meses, Thiago Scuro, da Brunoro Sport Business, trabalhará com o grupo.

A semifinal está aí

Promoção

Manto

Recomeço mais do que necessário

Etapas e prazos

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l Copa RS de Tênis | Sábado a terça (2), a partir das 9h |

Cerca de 145 tenistas mostram suas habilidades em quatro dias seguidos de jogos. Serão disputadas aproxima-damente 160 partidas, em confrontos de duplas e individuais, entre os nai-pes masculinos e femininos.

Esta é a 64ª edição de uma das copas interclubes mais importantes do Esta-do, que ocorre anualmente nas qua-dras da sede campestre do Recreio da Juventude. Os jogos decisivos serão na terça-feira, com premiação do 1º ao 3º lugar de cada categoria e dos três clu-bes que mais pontuarem.Recreio da JuventudeEntrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família

l Caxias do Sul Basquete x Uru-guaiana | Sábado, 19h |

A equipe caxiense busca sua terceira vitória no Campeonato Gaúcho. Após derrotar os times de Estância Velha e Pelotas nas primeiras rodadas, o de-safio deste final de semana é bater o Uruguaiana, jogando em casa. Será um confronto inédito.

“Não conhecemos o ritmo de jogo do Uruguaiana, mas vamos jogar com determinação”, conta o treinador Ro-drigo Barbosa. Ginásio de esportes do Clube Juvenil R$ 5 | Marquês do Herval, 197, Madu-reira

l 11° Torneio Proclamação da República | Sábado, das 9h às 20h |

Os botões de acrílico voltam a des-lizar neste final de semana. O campe-onato reúne 20 entusiastas do futebol de mesa – além de Caxias do Sul, terá participantes vindos de outras oito ci-dades. Ao todo, 40 jogos serão dispu-tados.

O torneio será dividido em quatro chaves, com cinco competidores cada. Os quatro primeiros avançam para as fases eliminatórias até restarem apenas dois que disputam a final. Os quatro primeiros colocados ganham troféus. O evento é organizado pelo Associação de Futebol de Mesa de Ca-xias do Sul.Sede da AFM CaxiasEntrada gratuita | José Soares Oliveira, 2.557, Pio X

l Campeonato Municipal Infan-til | Sábado, 14h30 e 16h30 |

Os campos do Estádio Municipal recebem a 4ª rodada neste final de

semana. Os meninos do Projeto CAE estiveram com fome de bola no último jogo: aplicaram 10 a 1 no Galópolis Ativa. Embalados por esse resultado, neste sábado eles enfrentam a garota-da do Grêmio Murialdo, que vem de derrota.Sábado, 14h30: Sagrada Família x G.E. Conceição (Municipal 1), Galó-polis Ativa x Águia Negra (Municipal 2) | 16h30: Projeto CAE x Grêmio Murialdo (Municipal 1)Campo Municipal 1 e 2Entrada gratuita | Av. Circular Pedro Mocelin, s/n°, Cinquentenário

l Futebol Sete Série B | Sábado, 15h e 16h |

Apenas seis equipes continuam em busca do título na 4ª fase do campe-onato. Os jogos da rodada são vitais para Keko e Romamar, que perderam na estreia. Neste sábado elas tentam a reabilitação e a busca dos primeiros pontos diante de Luna e Eaton, res-pectivamente.

Enquanto isso, Jost e Sulbras folgam até a semana seguinte.Sábado, 15h: Eaton x Romamar | 16h: Luna ALG x Keko SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima

l Caxias x Sapucaiense | Terça, 16h |

A equipe grená define seu futuro na Copa Enio Costamilan nesta terça-fei-ra, diante do Sapucaiense. O jogo vale vaga para a semifinal do campeonato. No primeiro confronto entre as equi-pes, que ocorreu na casa do adversário – no Estádio Arthur Mesquita Dias, em Sapucaia do Sul, na última quinta-feira (28) –, o time treinado por Juli-nho Camargo não conseguiu marcar, e o jogo terminou em 0 a 0. Na tarde desta terça-feira, uma vitória simples classifica o Caxias, e novo empate sem gols leva a decisão para os pênaltis.

Na partida de ida o time grená jo-gou com Matheus; Alisson, Caçapa, Marcelo Oliveira e Edu Silva; Marcos Rogério, Itaqui, Edenílson e Rodrigo Paulista (Sato); Balthazar (Renan) e Aloísio (Adriano). O Sapucaiense veio com Rodrigo; Rudi, Cirilo, Luis Hen-rique e Maurício; Douglas, Edilson, Gian e Ícaro (Felipinho); Tiago Matos e Anderson Catatau.

A campanha do Caxias na compe-tição é vitoriosa. Na primeira fase, classificou-se como líder da chave 2, e nas oitavas de final venceu o Bagé pelo placar acumulado de 4 a 2. O Sapu-caiense encontrou maiores dificulda-des pelo caminho. Na fase de grupos, foi terceiro colocado, e na sequência derrotou o Guarany de Bagé no acu-mulado dos jogos por 5 a 3.Estádio CentenárioR$ 10 (normal) e R$ 5 (para estudantes e pessoas acima de 60 anos) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Flo-riano

FUTEBOL

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Guia de [email protected] José Eduardo Coutelle

Caxias decide terça-feira (2) a vaga à semifinal da Copa Enio Costamilan, no Centenário

www.ocaxiense.com.br 2130 de outubro a 5 de novembro de 2010 O Caxiense

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Caxias do Sul, 30 de outubro a 5 de novembro de 2010

Imóveis

Veículos

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Renato [email protected]

Passado o período eleitoral, as sessões da TV Câmara voltarão a ser transmi-tidas ao vivo (pelo canal 16 do cabo) a partir da sessão de quarta-feira próxi-ma, 3 de novembro.

A retomada desse trabalho, que se mostrou útil para a comunidade caxiense e para o nível dos debates no Legislativo municipal, só não acontece-rá no dia 2 porque é feriado e, portanto, não haverá sessão.

Não foi uma tarefa fácil para a im-prensa local obter declarações de dom Paulo Moretto e de dom Alessandro a respeito da eleição presidencial.

De acordo com o Papa Bento XVI, depois de voltar a condenar o aborto, os bispos brasileiros deveriam orientar politicamente os fiéis da Igreja Católica nesse sentido.

Maria Helena Sartori falou em nome das mulheres no comício de José Serra em Caxias do Sul, na terça-feira (26). Na sexta, ela foi surpreendida ao chegar em casa e encontrar um ramalhete de flores com um cartão, parabenizando-a pela coragem e firmeza na defesa da candidatura de José Serra a presidente.

Aliás, Maria Helena adotou a candidatura Serra desde o primei-ro turno. Teve posição clara desde o início do processo eleitoral. Ganhou pontos com isso.

Grupo de estudantes ligados ao DCE pretendia transformar a sessão solene em homenagem aos 50 anos do curso de História da UCS, realizada quinta-feira (28) pela Câmara, em palanque de dis-cussão sobre o aumento das anuidades na instituição.

A habilidade do vereador Elói Frizzo (PSB), proponente da homenagem, evitou a distorção.

Por sinal, chamou a atenção o número mínimo de professores do curso pre-sentes à sessão que, afinal, ressaltava o trabalho desenvolvido por eles ao longo de cinco décadas.

Não é comum um político eleito voltar às bases para reafirmar compro-missos. Por isso, a atitude da senadora eleita Ana Amélia Lemos (PP) foi tão festejada na Câmara de Vereadores e na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), onde esteve esta semana justamente para garantir que estará à disposição da comunidade caxiense no Senado Federal.

Paulo Brossard, Roberto Sbravatti e Percival Puggina são alguns dos palestrantes do 10º Congresso de Direito da Universidade de Caxias do Sul, que será realizado de quarta-feira (4) a sábado. As inscrições

antecipadas custam R$ 40 e podem ser feitas no D.A. de Direito ou na sala 31 da Galeria Universitária. O evento, que ocupará o UCS Teatro e o Bloco J, assinala os 50 anos do curso.

A reserva de mercado dos nove taxis-tas que atuam no aeroporto tem os dias contados. Terminado o contrato com a empresa que explorou durante três me-ses o transporte executivo no local, com reclamações de profissionais do setor, o Departamento Aeroportuário do Estado abriu licitação para regulamentar o serviço.

O secretário Antonio Feldmann, da Cultura, viu com bom humor as desa-venças sobre a estimativa de público no comício de José Serra, terça-feira (26) à noite, no pórtico dos Pavilhões da Festa da Uva:

“Os mais otimistas calcularam 10 mil pessoas; os realistas, seis mil. A Brigada Militar estimou em três mil, os insti-tutos de pesquisas em 500 e os petistas disseram que nem teve comício.”

A eleição presidencial e a vinda de José Serra a Caxias ajudaram a agrupar e mostrar a unidade dos partidos que estão com José Ivo Sartori no governo do município.

Houve exceções individuais, em função de decisões partidárias – como é o caso do secretário Paulo Dahmer, do PSB –, mas sem prejuízos a essa constatação.

O ex-vereador Vitor Hugo Gomes (PT), homem de Tarso Genro na cidade, não ficará apenas nessa condição.

Ele está sendo visto como um coringa do governador eleito na formação do grupo que comandará o Estado nos próximos quatro anos.

O problema será Vitor deixar tempo-rariamente a bem-sucedida carreira de advogado.

A única surpresa foi a pasta escolhida (Turismo), quando as especulações davam conta de que ela assumiria a futura Secretaria da Mulher. Mas o anúncio da presença de Abgail Pereira (PC do B) no secretaria-do de Tarso Genro (PT) foi bem

recebido. Por enquanto, ela é a representante maior de Caxias do Sul no novo secretariado estadual.

Mulher de um milhão e 500 mil votos, Abgail cacifa-se para ser um nome forte na corrida eleitoral de 2012 à prefeitura.

Pedetistas de diversos níveis trocaram e-mail, cartas, recados e até insultos esta semana. Mote de todas as conversas, ácidas ou não: a política não aceita mais os covardes.

Muitas vezes o candidato pode perder a eleição, mas, em função de posições claras, acaba por conquis-tar mais respeito e consideração de seus correligionários.

Para não deixar dúvidas e ao contrá-rio de outras lideranças pedetistas na contramão de partidos que estão com Sartori, o chefe de gabinete Édson Nés-polo (PDT) tomou parte na organização do comício de Serra. Ficou o tempo todo no palco, ao lado do prefeito, que também assumiu a candidatura tucana sem qualquer receio.

Aliás, é unânime entre os peemede-bistas caxienses a certeza de que, se José Fogaça tivesse se posicionado a favor de Serra desde o início, a campanha eleito-ral para o Palácio Piratini só terminaria neste domingo.

Com conclusão prevista para março do ano que vem, a ampliação do termi-nal de passageiros do Aeroporto Regio-nal será a primeira obra do governo do Estado a ser inaugurada em Caxias pelo governador Tarso Genro – apesar de ter sido tocada pela gestão de Yeda Crusius.

O novo terminal terá mais 400 metros quadrados, sala de embarque maior e desembarque com o dobro do tama-nho, inclusive com esteira de bagagens ampliada. Terá cobertura para os passageiros na entrada e será totalmente climatizado.

Ao vivo e a cores

Orientação

Posição clara

Não é lugar

Ganhou pontos

Direito

Transporte executivo

Visão de cada um

Governo unido

Coringa

Secretária Abgail

Sem covardiaSegundo turno

Primeira obra

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www.ocaxiense.com.br 2330 de outubro a 5 de novembro de 2010 O Caxiense

Não se pode confundir particularidades com o interesse coletivo

Prefeito José Ivo Sartori, ao pedir esta semana que os médicos da rede pública voltem ao trabalho para continuar as negociações.

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