ANO 1 | EDIÇÃO 72| DIÁRIO | quinta - feira, de 09 DE MAIO DE 2013 - R$ 1,00
Edição 72
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03Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
E D I T O R I A LFevereiro 2008
GAZETA VARGAS
sta edição, como todas as primeiras edições de cada
semestre, possui algo de especial. Ela é o primeiro
grande contato dos alunos novos com a atmosfera da EGV, o primeiro contato com o que os alunos daqui pensam,
com o que acontece nos bastidores da faculdade, e com o
sentido de percorrer estes corredores todos os dias. Nesta
revista, que logo fará dez anos de existência, há sempre um
compromisso com a informação e com o contraditório que,
ouso dizer, nenhum outro jornal universitário tem.
Provas disso estão ao longo destas páginas, que
esperamos agradar ao leitor. Aqui, tenta-se representar toda
a pluralidade que existe na GV. Plurialidade esta, que talvez
para quem vê de fora, ou para quem acabou de chegar, não
seja tão grande como de fato é. Se encontrarão aqui artigos
de professores (um deles comenta um artigo nosso da
edição passada), dos nossos redatores fixos, das entidades
formadas pelos alunos da FGV (as quais os alunos devem
buscar participar), e de alunos, funcionários, que
livremente desejaram expor seus pensamentos.
A Gazeta Vargas passa por um período de
transição e renovação, e por isso nos últimos meses ela
esteve fora de circulação. Eu assumo o posto de editor-chefe
(sucedendo Felipe Salto, o qual sou muito grato pela ajuda)
apenas para a Gazeta #72, e logo me ausentarei, dando lugar
ao novo editor-chefe, que será escolhido por nossa equipe. É
frequente, no âmbito das organizações estudantis, esta
necessidade de renovação, ainda mais que nas organizações
em geral, pois os alunos terminam a graduação, ou decidem
experimentar fazer outras coisas, dentro ou fora da
faculdade, o que demanda uma flexibilidade e criatividade
muito grande da nossa parte. É por isso que fazemos o apelo
para que os alunos interessados participem do nosso
processo seletivo, em qualquer área que desejarem.
Os membros antigos, alguns deles (como no caso
do Noguchi, da coluna de Humor, o Manoel Junqueira,
nosso diagramador, e João Marcos Bezerra, da coluna Olga
Benário) fazendo sua despedida nesta edição, sempre nos
disseram que a Gazeta tinha mais influência e alcance do
que nós, membros atuais, imaginávamos. A razão do nossa
dedicação e senso de responsabilidade é justamente essa
consciência, que hoje, depois de um tempo na Gazeta,
temos.
Por fim, creio que esta edição trouxe, depois de um
hiato de alguns meses, o melhor de nossa equipe e o melhor
dos nossos valores: A matéria central se refere a um dos
acontecimentos mais marcantes dos últimos anos, e leva
consigo a usual postura crítica da Gazeta. As matérias dos
redatores e colunistas, e o contraponto, estão muito boas,
sempre revelando a capacidade de entender o mundo do
aluno da GV, que é uma das coisas que mais deveríamos
valorizar, isso sem falar na contribuição dos professores,
que é fundamental para o desenvolvimento dos alunos
neste espaço e nos próximos que deverão se expressar ao
longo de suas vidas profissionais. Temos certeza de que o
leitor fará bom proveito dessas idéias, e que assim se sinta
motivado a contribuir também.
Diogo BardalEditor-Chefe
EXPEDIENTE
Editor-ChefeDiogo Bardal (6º sem. AP) - [email protected]
Diretor de RedaçãoTiago Fontoura (6º sem. AE) - [email protected]
RedatoresMuriel Waksman (3º sem. Direito) - [email protected] Cunha (3º sem. Direito) - [email protected] Guerra (3º sem. Direito) - [email protected] Abdalla
CorretoresFelipe Braga Fabris (3º sem. AP) - [email protected] Elisa Daher (5º sem. AE) - [email protected]
ColunistasFelipe Salto (7º sem. Economia) - [email protected]ão Marcos Bezerra (ex-aluno) - [email protected] Noguchi (ex-aluno) - [email protected] Fida (5º sem. Direito) - [email protected]
Equipe de ArteManoel Junqueira (8º sem. AE) - [email protected] Rossi Silveira (5º sem. AE) - [email protected]
AGRADECIMENTOSProf. Alexandre dos Santos Cunha, prof. Ramon García Fernandes,entidades: DAGV, ITCP, RH Júnior, EJ, Júnior Pública, Conexão Social., Atlética, CA Direito, AIESEC e todos que contribuiram ao espaço aberto.
INSTITUCIONALDiretora PresidenteThaís Gasparian Moraes (5º sem. Direito) - [email protected]
Diretor ExecutivoRafael Rossi Silveira (5º sem. AE) - [email protected]
Diretor FinanceiroAndré Calábria (6º sem. AE) - [email protected]
DISCLAIMERA Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes de outras entidades estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicação, compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que melhor enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muitos destoantes acompanhados das devidas justificativas e eventuais solicitações de alterações.
DIREITOS RESERVADOSA Gazeta Vargas não autoriza reprodução de parte ou de todo do conteúdo desta publicação.
CapaRafael Rossi Silveira
Tiragem
3000 Exemplares
04 GAZETA VARGAS
CHAMADAS
Mini EditorialEsse é o momento
por Diogo Bardal
lém das matérias, com informações, críticas,
pensamentos, esta edição também está ocupada
por todas as entidades da FGV. É o momento Ados alunos novos, e dos antigos também, procurarem
saber mais sobre o que é feito na faculdade, e em como é
possível se envolver e participar em muitas atividades
interessantes. Durante o ano passado, as entidades
começaram a construir toda uma agenda de eventos para
o ano de 2008. Um planejamento que poucas vezes
aconteceu desta maneira. O maior empenho das
entidades é em conseguir a atenção do aluno, e de lutar
por um espacinho em sua agenda, o que costuma ser
bastante difícil. No entanto, há inúmeras vantagens em
acompanhar cada apresentação das entidades e cada um
de seus eventos, e a própria gazeta também realiza os
dela, você verá.
A Gazeta sempre primou por disponibilizar
espaços às entidades, e ao longo das próximas edições,
como é tradição, as organizações dos estudantes serão
convidadas a produzir artigos, divulgar eventos,
atividades, emitir opiniões sobre os assuntos da Escola. É
bom, para nos mantermos informados e aproveitarmos
ao máximo ao que elas têm a oferecer, além de ser nelas
que os alunos de fato põe a mão na massa e têm
experiências diferentes da sala de aula, que, obviamente,
não deve deixar de ser prioridade.
Observe atentamente qual o foco, e a área da
atuação de cada entidade, mesmo daquelas que você não
tem interesse em particular, porque em algum momento
da sua vida acadêmica, você irá precisar de algum auxílio,
ou informação, e elas estarão aí para isso. Também vale
lembrar, que num futuro otimista, as entidades se
tornarão bem mais importantes e integradas umas com as
outras. Além disso, muitas outras estão surgindo e se
consolidando, fruto do espírito empreendedor dos
alunos, ou mesmo da necessidade de organizações com
visões, focos diferenciados, para abordar outros
problemas da nossa realidade.
Errata: Na matéria Central da última edição, os autores dos
textos eram Tiago Fontoura e André Savastano. Por uma falha
nossa, os nomes dos redatores não foram publicados.
Contraponto – “Não reprimo as possibilidades da
expressão humana. Chamo a atenção apenas para a
democratização das formas de produção artística que, se
por um lado, alijou boa parte do ar aristocrático que
caracterizavam a pintura, a escultura e outras
modalidades, por outro, tornou complexa a tarefa de
distinção do que é lixo e o que é arte.” (Página 7)
Espaço Docente – “Tomemos o exemplo uma prova de
boa qualidade, como é o caso do exame aplicado pela
DireitoGV. Analisando os resultados desse certame, somos
obrigados a concluir pura e simplesmente o seguinte: se
você é branco, estudou em escola particular, tem menos
de vinte anos e nunca trabalhou, morou no exterior, é
filho de pais com pós-graduação e desfruta de uma renda
familiar superior a cinqüenta salários mínimos, é meio
caminho andado. Em outras palavras: se você teve a sorte
de nascer em uma família de bom nível econômico,
educacional e social, bingo! Você tem tudo para ser nosso
aluno.” (Página 21)
Crônica – “Mas depois, andando sozinho de volta para
casa, fez as contas: “perversidade da redistribuição de
renda, controle de natalidade, pobreza como uma
característica instrínseca das sociedades”. Exclamou
assustado: “Sou Malthus!” (página 30)
Matéria Central – Dessa forma, o juiz conclui que, tendo a
FGV cultivado “o hábito de desligar professores de
carreira, ao menos nos últimos trinta anos, somente
depois de elaborado processo administrativo, com
participação de vários professores e não através da
decisão unilateral e isolada de uma única pessoa”,
incorporou esta prática ao contrato de trabalho, violando
o direito do professor ao demiti-lo imotivadamente.
(página 17)
Olga Benário – “A segunda é o ponto que está a marca
FGV. Dia desses, meu avô veio falar que um amigo dele
era o melhor aluno da classe dele na GV. Era uma GV em
Santos, mas e para explicar para ele? Outra vez, em
entrevista para trabalho de RH, entrevistando o
Presidente de um Multinacional, ele afirmou que nunca
mais mandaria um funcionário seu fazer curso na FGV,
que o último que havia feito tinha sido perda de tempo e
dinheiro.” (página 23)
Espaço Aberto – Façamos, do “ambiente GV”, o berço de
um grupo que utilize a ciência, o conhecimento, o capital
humano e os valores e laços que criamos, enquanto
estudantes da mesma instituição, para construir um Brasil
melhor, sem utopias, mas com atitudes concretas,
propostas, debate e posicionamento. (página 25)
05
NOTAS
Professores, funcionários e alunos, estas notas esperam suas respostas, colocações e ponderações que serão publicadas na próxima edição da
GAZETA VARGAS. Envie objetivamente para [email protected]
Notas para que?
Desde que entrei para a Gazeta, as notas estão lá. Seu objetivo é
claro: serem respondidas/comentadas. E raras as vezes que as
são. Algumas se entende o porquê, mas outras não. Será que
podemos tirar essa página e colocar figuras para colorir que
seriam mais úteis?
Férias
Após um mandato marcante, o ex-Diretor Fernando Meirelles
mal dá as caras na EAESP ainda. De suas duas grandes
promessas de campanha, uma Reforma da Graduação - saiu
(aos trancos e barrancos e bem alterada do original, mas saiu).
Já o segundo Repensar a Governança - vai sair (não pelos meios
imaginados, ou seja, imposta pelo Rio) em breve.
A perda do PEC
E finalmente a EAESP perdeu o controle do PEC. Se você
perguntar para o professor Mazzucca, ele vai conseguir provar
que não foi o maior dos males do mundo, pois não perdemos a
parte do conteúdo e acadêmico, e ainda a EAESP não irá emitir
diploma de cursos que não garante a qualidade. Muito bonito.
Mas foge do ponto central: o que mais eles vão tirar da gente?
A força da EESP
A Escola de Economia está tendo uma leve abertura. Após ter
dito “A Governança sou eu”, o Diretor Yoshiaki Nakano está
criando alguns órgãos colegiados na EESP. Mesmo os alunos
tendo um papel subestimado por lá, já é um grande avanço. A
única dúvida que fica é quanto a razão da criação: vontade do
Diretor, insistência dos alunos ou pressão externa (MEC ou
Rio)?
Falando nisso
Falando nisso, devemos esperar que o professor Nakano
assuma um cargo caso o Alkimim vire prefeito de São Paulo?
Quando era Secretário da Fazenda do Covas, dizem que era um
dos mais fortes Secretários. Além de todas as atribuições
esperadas, o Governador lhe incumbia de diversas outras
atividades, inclusive a de ser porta-voz do próprio em caso de
demissão de outro secretário.
E na Palestra do Alkimim...
O DA fez uma grande palestra com a presença do ex-
Governador e possível Prefeito Geraldo Alkimim. Na palestra
uma demonstração de quão tucana estão as Escolas de São
Paulo. Alkimim fez referência à alguns ex-secretários das
gestões tucanas: de Nakano à Carmona, passando Fernando
Dall'acqua e Dalmo Nigueira.
Search Commite
O Conselho Diretor da FGV pediu lista com seis nomes para
escolher os dois membros da EAESP que participarão do SC.
Para a eleição interna tivemos seis candidatos e o Conselho
escolheu o primeiro e o último colocado nas eleições internas.
Resultado mais emblemático impossível.
Fim das “Lendas”
Haydee, Ariel, Belezinha, Leda, FBK, Seu Cláudio e Seu Renato,
Rubão, Junior, Sal, Euro... É impressão minha ou as lendas da
FGV estão acabando? Coitado dos bixos que não vão ter a
oportunidade de conviver com essas figuras, independente da
razão.
Rateio
Com a mensalidade custando mais de 2000 reais, chegou a hora
do DA sentar com o Diretor da EAESP e da DO para definir
critério de rateio justos para a unidade. Aumentar sempre as
mensalidades 25% em quatro anos alegando que a Graduação
é deficitária ou que temos que aumentar os investimentos não
dá.
Cadê a Gozeta?
Dois semestres atrás, alguns alunos empreendedores lançaram
um periódico. A meu ver, não era concorrente da Gazeta; pelo
contrário: era complementar. Contudo, eles adquiriram um dos
piores vícios da Gazeta: a periodicidade. Estamos aguardando
o próximo número. Aproveito para fazer o apelo: façam
doações para que eles possam rodar o próximo número.
Pagamento de DP
Semestre passado se formou a última turma que entrou na
EAESP e não tem que pagar DP. Sim bixo, eles não pagavam DP.
Muitos não sabem, outros sabem e não fazem (ou não fizeram)
nada. Para piorar nunca foi apresentado um balanço do efeitos
do pagamento de DP (financeiro e educacional). Daí dizem que
bixo é burro e ninguém sabe porque...
Cadê a Fantasia?
A última edição da Giovanna Prima teve um diferencial: foi em
branco. A festa foi muito boa e não ficou devendo nada, mas fica
a pergunta: Por que a festa não foi à fantasia? Se for para mudar,
tem que ter um sentido. Acabar com a tradição por acabar
(mesmo que seja uma edição especial), não tem nenhum.
P&G peca de novo
Após o incidente do Mega Case com a EJ, um novo episódio
envolvendo a P&G: o prêmio do TCC dado pela empresa para o
melhor trabalho de conclusão de curso há alguns anos, foi
colocado em prática. A locadora que ficava no primeiro andar.
Coincidência ou não, ela fechou as portas. Seria a hora de
mudar para Prêmio Unilever de TCC?
Enem Precisou Esperar
Nesta edição há uma resposta crítica, muito bem sustentada,
por sinal, de um docente à matéria central da edição passada.
Faltou argumentar porque a GV admite dois crítérios
diferentes de entrada para um mesmo curso, e porque não
ofereceu bolsas de estudos (sem endividamento) aos alunos
admitidos pelo Enem, já que eles, por serem tãaaao diferentes
dos alunos admitidos pelo vestibular tradicional, não teriam
como pagar as mensalidades. Qual a diferença entre o elitismo
e o elitismo velado?
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
06 GAZETA VARGAS
EM ALTA EM BAIXANA MESMA
arabéns bixo! Você acaba de
conquistar seu espaço em uma das Pinstituições de ensino mais
respeitadas do país: a FGV. Seu
aprendizado aqui poderá ir muito além
daquilo que lhe é ensinado em sala de aula.
Basta você querer!
A Gazeta Vargas é o veículo de
comunicação desenvolvido pelos alunos
das três Escolas da FGV. Inicialmente, a
Gazeta era parte integrante do DAGV.
Porém, com o tempo, fomos adquirindo
i n d e p e n d ê n c i a e a u t o n o m i a –
características essas indispensáveis a
qualquer entidade dessa natureza.
Temos como alguns de nossos
objetivos estimular o debate entre os
alunos, desenvolver o senso crítico da
comunidade GVniana e informa-la dos
acontecimentos relevantes. Para isso, nos
valemos de discussões envolvendo temas
importantes nas esferas interna e externa
da instituição. Fazer parte da Equipe
Gazeta Vargas é, certamente, um meio de
refletir e discutir com a comunidade
Gvniana sobre os problemas intrínsecos à
vida em sociedade.
Mas, você, bixo, deve estar com a
famosa pergunta na cabeça: eu preciso
escrever bem para entrar na Gazeta? NÃO!
A Gazeta Vargas auxilia todos os seus
redatores na construção de seus textos,
visando uma contínua melhora de
qualidade em suas edições. Assim, todos
aqueles interessados em escrever são bem-
vindos! Temos na equipe também pessoas
voltadas à correção dos textos produzidos,
à captação de recursos e à realização de
eventos. Além disso, contamos com uma
habilidosa equipe de arte.
Se alguma dessas áreas interessar-
lhe, não hesite em visitar a Gazeta – que se
situa no 1º do prédio da EAESP, perto da
Xerox – e pedir mais informações. Além
disso, não deixe de prestar atenção nas
datas do nosso processo seletivo.
Nós, da Gazeta Vargas, desejamos a
vocês, bixos, um ótimo primeiro semestre!
Processo Seletivo
GAZETA VARGAS
Professores Pródigos:
Readmissão do Zeitlin
Quintais do ano passado (o
que será dos desse ano?)
Prévias Americanas
(pegando fogo)
Despesas do DAGV com o
xerox
Perda da educação
executiva por parte da
EAESP
Acusações de elitismo
vindas da própria elite
Reforma do piano do DA*
* Por causa da indignação de vozes
provenientes do DA no momento
em que leram isto nas edições
passadas, esta passará a ser uma
reivindicação fixa mesmo deste
espaço. E a bandeira que
empunhamos, pela viabilidade de
música ambiente no DA, e da
instalação de uma Jazz Band, como
nos hotéis de Copacabana.
07
por Pedro Giocondo Guerra
Contra P nto O CONCEITO DE ARTE TEM LIMITES
( A FAVOR )
ouve um debate que me chamou à
atenção nos últimos dias do ano letivo Hde 2007, apesar de ter-me, também,
cansado um bocado. Foi a discussão ensejada por
um grupo da faculdade de direito sobre o valor
artístico de algumas obras, os limites para sua
produção – o que envolvia a defesa ou não da
propriedade privada, consumismo e outras
coisas que não entendi muito bem.
Do caldeirão de idéias e questionamentos
que permearam a discussão, apreendi uma em
especial: o que é arte? Há um conceito dela? O
momento me remeteu à crítica de Ferreira Gullar
a uma exposição de São Paulo. No evento, uma
artista plástica, cujo nome me foge, dispôs em
um salão dezenas de maçãs que, com o tempo,
perdiam a turgidez e, por fim, ficavam flácidas e
podres, estiradas na grande sala. “O que
representam?”, perguntaram à artista, “elas
mostram a fugacidade da vida.” Mamma mia!
Esta imagino ter sido a reação de um Gullar
indisposto a elogiar o que tende ao clichê e que,
resumindo, de fato foi.
Dona Nice, que atualmente nos auxilia
com a questão das fotocópias em seu
estabelecimento em frente à faculdade de direito,
passou a meu ver, por experiência semelhante à
de Ferreira Gullar. Quando ainda participava
ativamente do sindicato de bancários de São
Paulo, resolveu, junto a seus colegas, organizar
um evento em que seriam expostas algumas
obras. Chegando ao local da exposição, Dona
Nice espantou-se ao se deparar com dezenas de
pênis de borracha multicoloridos, dispostos em
fila indiana. Sua reação? “Ah, Pedro, se isso é arte,
eu não sei mais o que é arte não”.
Os tempos mudaram e qualquer coisa
kitsch, mixuruca e insossa é grande arte. Aliás, há
uma espécie de espectro artístico, como quando
vemos as coisas mais repulsivas e dizemos
“Ahnn..de certa forma, isto é arte”. Temos,
portanto, arte, não arte e meia arte. Não porque
achemos, necessariamente, isso, mas porque
queremos respeitar católica-apostolicamente a
arte do próximo, o refugo alheio colocado à
mostra em tantas salas neste país e no resto do
mundo.
Não reprimo as possibilidades da
expressão humana. Chamo a atenção apenas
para a democratização das formas de produção
artística que, se por um lado, alijou boa parte do
ar aristocrático que caracterizavam a pintura, a
escultura e outras modalidades, por outro,
tornou complexa a tarefa de distinção do que é
lixo e o que é arte.
Na Universidade Estadual de Londrina,
por exemplo, em meio à densa vegetação que
cerca suas instalações, pairam no ar libélulas de
sucata, com seus olhos cintilantes feitos com
CD's e, no chão, aranhas feitas de bambu ficam
prostradas para a contemplação dos
universitários. Uma, inclusive, chamou a
atenção de um colega. Ao vê-la pisoteada, sem
qualquer característica que pudesse identificá-la
enquanto este aracnídeo, questionou-se: o que é
arte e o que é lixo? As libélulas, que ainda exibem
traços que as permitem identificar enquanto tais,
são muito diferentes da aranha de bambu em
frangalhos? E eu agrego, são muito diferentes
das maçãs e dos pênis multicoloridos?
A democratização da arte tem, sim
senhor, um custo. Mas não será possível
construir alguma coisa, algum conceito, em meio
à tendência permanente dos últimos anos de
apenas destruí-los?
Quando lixo vira arte
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
08 GAZETA VARGAS
por Pedro Cunha
colega, e também amigo, Pedro no seu
artigo "Quando lixo vira arte" reafirmou Oessa tendência conservadora que insiste
em valer-se dos mesmos critérios que definem a
"arte convencional" para a arte contemporânea.
Equívoco este, já verificado por Marcelo Coelho,
colunista da Folha de São Paulo, que entendeu na
famosa crítica de Monteiro Lobato às obras de Anita
Malfatti a utilização de um "método de julgar uma
obra nova a partir de critérios já estabelecidos,
anteriores e externos à própria obra". Antes de me
aprofundar nesse tema, preciso me explicar quanto
à questão de como conceitualizar arte convencional
e arte contemporânea. Chamarei de arte
convencional aquela que tem como características
principais o fato de se encontrar presa num quadro
e o esforço de representar uma realidade. Já no
campo da arte contemporânea não tentarei
estabilizar qualquer tipo de definição, mesmo
porque não acho possível. Essa impossibilidade se
dá pelo nosso contexto que não se reduz a um
relativismo grosseiro, mas que já é ciente da
dificuldade de se alcançar verdades duradouras e
que faz uso dessa convicção para produzir arte. Não
se trata aqui de se perguntar o que é ou não arte,
nem como defini-la, mas sim de tentar identificar na
obra não mais (somente) sua técnica, sua
dificuldade ou seu sentido verdadeiro imposto pelo
autor, e sim os efeitos que a obra gerará ao seu redor,
ou ao seu interlocutor. É justamente no
deslocamento da análise da causa para o efeito que
se consegue obter respostas mais sólidas para
eliminar de vez a necessidade da dúvida sobre o
que é arte. Para simplificar o que estou dizendo
recorro a um exemplo.
Um grupo de pessoas (atores?) resolveram
ter a brilhante idéia de se unirem e "causarem cenas"
no espaço público (majoritariamente) de Nova
York. O grupo, denominado ImprovEverywhere,
atua da seguinte forma. Bolam um plano que vai de
uma tentativa de um suicídio através de um pulo do
meio fio,um fake-show do U2 em cima de um
prédio até a entrada de cem pessoas numa loja
Abercrombie & Fitch sem camisa. Todos esses
eventos precisam de um alto contingente de
participantes cientes do plano para agregar
"veracidade" ao acontecimento. E os interlocutores,
inevitavelmente, irão se deparar com os live-acts,
pois trata-se de um espaço público. Os artistas, ao
serem perguntados sobre o porquê de tais
empreitadas respondem dizendo que querem
"melhorar a vida das pessoas". Romper com o
cotidiano prosaico de uma metropóle altamente
ordenada em que tudo aparenta demasiadamente
lógico. E claro, fazê-las participar dessa melhoria,
porque sem elas (sem o interlocutor onde reside o
efeito) de nada vale a mensagem (a obra em si). Não
me esqueço de um artigo do Contardo Calligaris
publicado na Folha que dizia que a importância da
natureza-morta era saltar aos olhos do interlocutor
as frutas artificiais em cima da mesa que ele nunca
parou pra ver*. O que nos leva a concluir, por fim,
que a arte acompanha a realidade em que ela está
vinculada. Uma realidade que não cabem mais
quadros dentro de museus, técnicas eruditas e
ininteligíveis de criação artística, portanto, anti-
democráticas, e que toda forma de expressão
humana é, ao menos, potencialmente artística
quando devidamente evidenciado seu efeito. Daí
decorre a imperiosa necessidade de se revisar as
convenções sobre a nossa noção do que é arte.
Apreciação do belo? Representação fidedigna da
realidade? Moldura? Museu? "Canônes" que já
caíram por terra, mas que persistem para quem se
vale de critérios antigos para julgar o que é novo,
característica clara de conservadorismo, medo de
mudança. E novo não no sentido de original, mas no
sentido que tomo emprestado de Foucault quando
disse que "o novo não está no que é dito, mas no
acontecimento de sua volta".
Arte em desdobramento
Contra P nto O CONCEITO DE ARTE TEM LIMITES
( CONTRA )
Referência: http://www.improveverywhere.com
* Conclusão do autor
09
uitas pessoas já vieram me perguntar
como é que eu tinha adquirido uma 1Mgrande capacidade para 'enrolar' .
Existem duas razões que me levaram a aprender esta
bela habilidade. A primeira é que, a partir do
momento em que você começa a experimentar a
primeira 'enroladinha' e se dar bem, você não
consegue parar mais. A segunda razão, entretanto, é
bem simples: eu fui levado a isso. Vou me deter, neste
texto, a explicar a minha segunda razão de ser um
humilde 'enrolador' e de como eu fui levado a sê-lo.
Todos nós gvenianos sabemos que nem
todas as matérias da faculdade nos agradam. Muitas
delas nem mesmo sabemos por que razão existem.
Até aí tudo bem, isso pode até ser normal em várias
universidades, se não em todas. Agora, quem de nós
nunca passou por alguma aula – ou por algum
professor – e não teve a 'leve' impressão de estar
sendo enrolado?
O pior de estar sendo enrolado em alguma
aula é ter que fazer algum trabalhinho, checagem de
leitura, provinhas surpresa, ou 'tarefinhas de
colegial' dessas mesmas matérias que, cá entre nós,
não são mais nada do que o puro senso comum.
“Bom” – poderia você leitor dizer – “como não vai
me agregar nada, me recuso a fazer, oras”. Ótimo.
Estaríamos no paraíso, se assim fosse. Entretanto,
temos que nos lembrar que aqui, meu caro, tudo se
baseia na nossa média ponderada. Sim, você não é
ninguém na GV sem a sua nota – e bem sabemos que
isso traz algumas das mais temerosas conseqüências,
como, por exemplo, uma competitividade
absurdamente feroz, no mérito da qual não
entraremos aqui.
Mas calma, calma, nem tudo está perdido.
Lembremos que este texto não traz à tona críticas,
mas sim soluções. Sempre, na pior das piores
hipóteses, existe a arte da enrolação. E é nela que
iremos nos apoiar quando mais precisarmos... de
notas!
A primeira técnica, a que eu chamo de
'disposição sinonímica' (perceba que o nome, por si
só, já é bem 'enrolativo'), consiste em nada mais do
que prospectar e dispor sinônimos, ou palavras
semelhantes, numa mesma frase, para aumentar sua
extensão ou tamanho. Note que o que está grifado
são alguns exemplos desta técnica que, acredite,
pode fazer com que seu trabalho semestral dobre de
tamanho.
Já a segunda técnica consiste no
'benchmarking'. Dar uma espiadela no trabalho do
colega para sugar as principais idéias e depois
moldá-las a seu gosto é também outra alternativa.
Essa prática é útil tanto no caso de não se ter
nenhuma idéia base para seu texto como no caso de
você querer complementar seu texto com idéias
alheias.
Bom, e se nenhuma das duas for possível –
no caso de uma prova ou avaliação –,não tenha medo
de jogar no seu texto algumas 'sabedorias
commonsense', as quais nos dão a impressão de que
já nascemos sabendo. Sim, exatamente como você
fazia nas provas de geografia ou de sociologia no
colegial.
Falando sério agora. Digo tudo isso porque
incontáveis vezes já presenciei o absurdo de colegas,
que tinham realmente conhecimento do que
escreviam e que tentaram ser sucintos, ou concisos,
se darem muito mal, ao mesmo tempo em que
muitos 'enroladores' se davam bem – lembrando que
o conceito 'se dar mal, ou se dar bem' aqui, resume-se
exclusivamente a notas. Parece que para alguns
avaliadores mais importa a quantidade do que a
qualidade.
A despeito de muitos comentários do tipo:
“Administração é enrolação”, tenho a forte
convicção de que isso não é verdade. O que a gente
não pode deixar é que, por meio de algumas aulas,
professores, ou pela própria metodologia de
avaliação da GV, nós comecemos a utilizar a
enrolação como filosofia de vida e que tais
comentários sobre a nossa profissão comecem a se
tornar verdadeiros.
Até quando nós, enroladores, nos daremos
bem aqui?
A arte da ‘enrolação’
Espaço Aberto
Felipe Fabris
1. Tomemos aqui 'enrolar' como sinônimo de 'ser prolixo', com a
sutil diferença de que enrolar é ser prolixo sem ninguém saber.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
10 GAZETA VARGAS
ilêncio. Sempre o mesmo silêncio invade
a minha alma quando faço a questão
ingrata e sincera: “Será que é só isso?”. SEnvolvo-me no meu cobertor repleto de
manchas e furos e penso. Penso! Mentira, não
penso. O ato do pensar é o de deixar-se invadir
pelo pulsante exterior e deixá-lo controlar seu
interior. É abraçar a beleza do grande quadro e
deixar que o nada seja apenas mais uma bela
parte do sublime acordar que investimos
sempre contra. Eu não estou pensando, eu
estou retaliando. Estou lutando contra meus
desejos e meus sonhos, buscando em livros
velhos e ideologias que não são as minhas um
motivo, uma razão. Lembro com certo desgosto
do carro que eu terei em 5 anos, em 10, 15, 30, 50.
Penso se serei feliz em meu apartamento
Lindenberg, decorado com a paixão de outros
em molduras ornadas, repleto de poltronas
Philippe Stark e montes de tecnologia
eternamente desgastada. Serei feliz? Você será?
Em meio a tais feixes de luz insistindo em
atravessar o cômodo de meus planos, vejo como
a poeira que antes não existia agora se
apresenta como partículas de sangue flutuando
no ar. Sinto-me no fim da batalha, observando
todos os castelos que construí com tanto afinco
nas nuvens de meu pragmatismo ignorante
ruírem e meu corpo afundar. Não existo. Sou
uma pedra. O lirismo de minha alma foi
roubado pelos gráficos da BM&F e pela
promessa de velocidade. Foi por 600 cavalos
que eu vendi o que havia de belo em meu
respirar, o que havia de belo em meu andar.
Mas não foi só por uma ilusão. Não! Tomei a
d e c i s ã o d e v e n d e r m e u s s o r r i s o s
conscientemente, sabendo que nada poderia ter
sentido. O sentido é uma ilusão de marujos
tentando vencer mares tumultuosos. É assim
que me enxergo agora, lutando contra o
tridente que quer me destroçar, tentando
agarrar o vento com um guardanapo de bar
enquanto tudo o que eu almejava estava sendo
jogado para fora do barco. O capitão grita:
“Quanto menos peso melhor!”. “Tudo já se
foi!”, eu respondo. Repleto de medo, vejo que
este maremoto é tão mais belo que aquela
calmaria, só espero que o guardanapo agüente.
Só espero que minha alma não se rasgue, pois
tudo o mais já foi envolto pelo redemoinho de
onde corri aos gritos. No centro de tudo está o
eu menino rindo e balançando suas mãos pelo
ar. Desejo que algum dia eu possa ser, pois hoje
não sou! Talvez jamais serei, pois neste baile
existir é um luxo para lendas e ilusões. Me
seguro no mastro com força e espero o tranco.
Uma luz negra começa a cercar as
proximidades do bote, vindo pela esquerda,
buscando sem anseio o meu coração. Tudo se
apaga... Me encho de uma dor que não consigo
descrever enquanto tudo se torna claro. Toda a
luta, toda a batalha e todo o sangue convergem
para aquele quadro unindo-se em uma imensa
sinfonia onde o maestro, as cordas e os sopros
são entes inseparáveis, são parte do mesmo. A
minha dor os alimenta. A minha cegueira é o
véu que lhes permite seguir a partitura. A
música, o papel, a letra, a dor, a morte, a
comida, o ralo, o vento, o nada: tudo! Abraço o
chão enquanto os jorros de ar passam a milhão
pelo meu corpo. Durmo...
Acordo com disposição e penso com
meu botões sobre novos castelos. ”Eles são
lindos, já posso tocá-los. Só espero que durem
até a próxima noite “.
Lucidez
Espaço Aberto
Roberto Dib
AE - 4º semestre
11
que quer dizer essa sigla DAGV? É
a sigla de Diretório Acadêmico OGetúlio Vargas. É a entidade mais
antiga da GV, que, em setembro, completou
52 anos. Sediado no 1º andar do prédio da
Nove de Julho, desde a década de 60 (época
em que a escola se mudou para a atual sede),
o DA passou por várias mudanças. Era antes
conhecido por “aquário”, mas hoje tem seu
escritório logo após o Xerox.
Inicialmente chamado de CAEAESP
(Centro Acadêmico da Esco la de
Administração de Empresas de São Paulo),
depois CAAE (Centro Acadêmico de
Administração de Empresas), o nome
“Diretório Acadêmico Getúlio Vargas” só se
tornou definitivo em 1984. Atualmente, o
DAGV é a entidade que representa os alunos
de graduação de Administração e Economia
perante a Direção das Escolas, às
Coordenadorias de Graduação e à
Presidência da Fundação. É a entidade
responsável , pr incipalmente , para
solucionar questões políticas e acadêmicas
dos alunos, sempre batalhando pela alta
qualidade do ensino. Historicamente, o
DAGV demonstra passagens marcantes em
que a luta pela eqüidade de relações entre o
aluno ouvinte e o professor-aluno é muito
mais ampla do que a sala de aula. Temos
como vocação enxergar a realidade e discuti-
la.
Mas não é “SÓ” isso que o DAGV faz.
Possui diversas frentes de trabalho:
realização de palestras, eventos culturais
(como Artéria, Baixa Bola, CineGV, etc),
projetos sociais entre outros. Não se pode
deixar de lado que as festas de maior
destaque no meio universitário, Giovanna e
Gioconda, são realizadas pelo DAGV, além
das cervejadas periódicas. O DAGV procura
sempre realizar a integração dos alunos,
através de Quintais e o famoso churrasco no
início do semestre, o “Churrasco dos Bixos”.
O Diretório Acadêmico é um ótimo
espaço para se engajar mais à faculdade,
conhecer profundamente a Escola e saber
melhor como ela funciona. É uma importante
entidade na Escola e sempre estará de portas
abertas a você, bixo!
Entidades DAGV
JÚNIOR PÚBLICA
Consultoria Júnior Pública FGV é uma associação sem fins lucrativos, formada e dirigida por
alunos de graduação da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Desde 1994 realiza projetos de
consultoria em gestão exclusivamente para a área pública e a social.
A metodologia de trabalho consiste no entendimento dos problemas do cliente e elaboração de
projetos que buscam atender às suas necessidades. Os projetos da Consultoria Júnior Pública FGV
procuram gerar resultados sustentáveis para o cliente por meio do uso de ferramentas
administrativas e um trabalho próximo ao cliente.
Missão
“Promover o desenvolvimento de entidades do Terceiro Setor e órgãos públicos com soluções efetivas
de administração, bem como disseminar a cidadania e consciência social”.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
12 GAZETA VARGAS
Entidades AAAGV
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA ACADÊMICA GETÚLIO VARGAS (AAAGV)
Fundada em 1987, a Atlética GV é a entidade responsável por entre outras, fornecer a prática
esportiva para todos os alunos das escolas de administração, direito e economia.Com treinos de
atletismo, basquete, handebol, futebol, futsal, rugby, jiu-jitsu, tênis, tênis de mesa, natação, vôlei e
judô, só não treina quem não quer... Com o Jacaré como mascote, animal símbolo do GVniano, forte e
voraz, nos jogos universitários, principalmente nas Economíadas, não sobra para ninguém!!!
Localizado na casinha do 7 andar, em frente à quadra, a AAAGV esta sempre de portas
abertas. Procure saber mais...Jaca, Tatubola, Calouríadas, Inter-bixos, CPV Inter-classes, Campeonato
Society, poker, cart, e MUITO MAIS!!!!!!
Quem somos
A empresa júnior fgv é uma idéia inovadora que surgiu pela primeira vez no Brasil aqui na
EAESP com o intuito de desenvolver o aluno. Ao dar a oportunidade de vivenciar na
prática toda a teoria que aprendemos ao longo do curso, a EJ é o ambiente mais propício
pra você aprender e se desenvolver realizando projetos de qualidade e com
profissionalismo.
Seleção
Nesse início de semestre, a empresa júnior fgv realizará mais um processo seletivo para a
entrada de novos membros. Duas palestras de apresentação serão realizadas para que
você conheça maiores detalhes sobre a estrutura, o dia a dia e a seleção da EJ.
Principais projetos
Na EJ, você terá a chance de trabalhar em consultoria – tendo como público pequenas,
médias e grandes empresas, em que se prestam serviços nas diversas áreas de
administração: marketing, finanças, recursos humanos, entre outros. Todos os projetos
contam com o auxílio e orientação de professores da própria FGV.
Há ainda outras atividades a serem desenvolvidas na EJ, que têm como público alvo os
alunos da faculdade, oferecendo palestras, concursos, seminários, simulados e cursos. O
próximo evento a realizar-se será o “café & negócios”, em que especialistas conversam
sobre um tema atual durante um jantar oferecido aos participantes.
EMPRESA JÚNIOR
13
Caros Calouros e Veteranos,
Temos o orgulho de anunciar a criação da
mais nova entidade da FGV-SP: A Consultoria Júnior
de Economia – EESP/FGV. A Consultoria Júnior de
Economia é fruto do desejo dos alunos da Escola de
Economia em serem agentes de transformação e
atuação na sociedade, utilizando os conhecimentos
adquiridos no curso de economia, mas não restritos a
ele. Vale ressaltar que a entidade não requer nenhum
tipo de pré-qualificação de seus membros e por este
motivo está aberta a todos os alunos de todos os
cursos. Trata-se de uma oportunidade para os alunos
de Economia aplicarem os conhecimentos aprendidos
em sala de aula e para os de Administração e Direito
aprenderem um pouco mais sobre o universo
econômico.
A Empresa atuará nos três setores, Governo,
Terceiro Setor e Setor Privado, valendo-se de uma
capacidade técnica diferenciada para oferecer ao
cliente um produto único com alta qualidade e ao
aluno uma oportunidade de desenvolvimento em
suas habilidades profissionais e pessoais de tal modo
que ele possa ganhar experiência e qualificação para
sua futura atuação profissional. Todas as atividades
são orientadas pela missão da empresa:
“Ser um centro de excelência na interação entre a
Academia, a Sociedade e os Colaboradores buscando o
aprendizado contínuo e agregando conhecimento através de
projetos efetivos da área econômica”
Atualmente, estamos estruturando a
empresa para começarmos a operar. Isto significa
uma oportunidade única de começar um sonho desde
o seu começo. Há muita coisa a ser feita e em todas as
áreas: estudos de portifólio, gerenciamento de
projetos, captação de recursos, vendas e negociação
com clientes, gestão financeira. Ainda existe muito a
ser cr iado, d iscut ido e , pr inc ipalmente ,
implementado. Todos que fazem parte da empresa
estão se dedicando e trabalhando ao máximo para
tornar este sonho realidade.
Esperamos que os calouros tenham uma
grande estada na FGV, conheçam todas as entidades e
oportunidades que oferecem. Nós, da Consultoria
Júnior de Economia – EESP/FGV, estaremos à
disposição para sanar qualquer dúvida a respeito do
nosso trabalho.
Entidades CJE
A AIESEC é uma organização global, independente, sem fins lucrativos e totalmente dirigida por
estudantes universitários e recém graduados. Seus membros são interessados em temas globais,
liderança e gestão.
Presente em mais de 1100 universidades de 100 países e territórios , somos a maior organização
internacional formada por estudantes do mundo. A plataforma para que jovens descubram e
desenvolvam seus potenciais de modo a ter um impacto positivo na sociedade
Nesse sentido, realizamos mais de 350 conferências, promovemos 4000 estágios no exterior e
oferecemos mais de 5.000 posições de liderança para os nossos membros a cada ano.
Uma de nossas maiores forças é a habilidade de reunir jovens e parceiros em âmbito global *através de
intercâmbios, conferências e ferramentas virtuais. A base de nossa rede é o envolvimento voluntário
de aproximadamente 25.000 indivíduos no mundo todo.
A AIESEC oferece a seus membros uma experiência de desenvolvimento integrada composta de
oportunidades de liderança, intercâmbios internacionais e participação em um ambiente global de
aprendizado.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
CA DIREITO
14 GAZETA VARGAS
Entidades RH JÚNIOR
RH Júnior é uma empresa formada por
estudantes de Administração da Escola de
Administração de Empresas de São Paulo Ada Fundação Getulio Vargas e por estudantes de
Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Seu objetivo é prestar serviços de qualidade na área de
Recursos Humanos e proporcionar aprendizado e
experiência para seus membros.
A RH Júnior foi criada em 2004 com a
intenção de promover o aprendizado e a experiência
para os membros na área da gestão de pessoas;
integrar estudantes de diferentes cursos e
universidades com o intuito de favorecer a
interdisciplinaridade; elaborar projetos ligados à área
de RH com excelência e tornar o Recursos Humanos
uma área de referência dentro da empresa, através de
inovação e competência.
A empresa possui a interdisciplinaridade
como um de seus principais valores. A partir da troca
de conhecimento de matérias da Administração e da
Psicologia a empresa consegue criar e desenvolver
CA DIREITO GV, assim como a EDESP, é
muito novo. Este começo é fundamental Opara o desenvolvimento e fortalecimento do
CA. O caminho a ser percorrido é longo, mas a eleição
para a gestão de 2008 já foi muito importante: além de
ter sido a primeira eleição por chapas (antigamente a
eleição era por cargos), contamos com a presença de
87% dos alunos (dos quais 2/3 votaram para a chapa
ULTIMA RATIO).
Nossa gestão pretende dar uma cara nova ao
CA. Pretendemos criar um CA forte, sério,
transparente e presente, não apenas na vida dos
alunos, como também na discussão política atual.
Esses objetivos pautaram a criação da chapa ULTIMA
RATIO. Para atingi-los, o trabalho começou antes
mesmo da posse: membros do CA estiveram
presentes na reunião anual de planejamento de 2008,
realizada em Campos do Jordão; a reforma do nosso
espaço físico começou a ganhar corpo; a recepção dos
calouros vai deixar de ser apenas o trote e terá debates
e palestras promovidos pelo próprio CA; o site da
instituição que há muito tempo havia sido registrado
vai ser finalmente colocado no ar; o projeto de
assistência jurídica na comunidade do bairro do
Bixiga, em parceria com o núcleo de prática jurídica
da EDESP, começa a sair do papel; iniciou-se uma
discussão sobre qual a melhor maneira de estruturar
uma verdadeira representação discente; e,
finalmente, já estão sendo elaborados os primeiros
informativos internos para melhorar a comunicação
entre ao alunos e informar o que está acontecendo na
EDESP.
Além disso, diversas atividades e projetos
estão sendo programados para acontecer ao longo do
ano: saraus culturais, sessões de cinema,
campeonatos internos, festas e churrascos.
Nosso trabalho está apenas começando. A
colaboração e participação dos alunos interessados
são bem vindas e fundamentais para o crescimento do
Centro Acadêmico.
Por fim, o CA DIREITO GV gostaria de dar as
boas vindas e os parabéns a todos os bixos e bixetes.
Os membros do CA estarão à disposição para resolver
quaisquer dúvidas e para ajudar no que for preciso.
CA DIREITO GV
GESTÃO ULTIMA RATIO
seus projetos, que englobam as duas ciências, e
conduzir a gestão interna.
A principal característica da RH Júnior é a
independência de qualquer instituição, inclusive das
faculdades. Acreditamos que um aprendizado mais
sólido é construído quando os alunos se expõem a um
ambiente corporativo sem a proteção da universidade
e à diversidade de idéias, comportamentos e opiniões
proporcionadas pela multiuniversidade. Para
conseguir gerar projetos com qualidade a empresa
baseia-se nos conhecimentos adquiridos em sala de
aula e em treinamentos fornecidos por empresas do
mercado.
Com apenas poucos anos de existência já
desenvolvemos muitos projetos, atingimos bom fluxo
financeiro e conquistamos o reconhecimento do
nosso trabalho no mercado de recursos humanos.
Venha fazer parte desta equipe e ajudar a
desenvolver este que pode se tornar um novo conceito
de empresa júnior.
15
Quem somos - O Conexão Social é uma entidade estudantil que tem como objetivo mostrar ao aluno da FGV que ele é
capaz de melhorar a realidade a sua volta. É formado por estudantes da graduação da FGV-SP, aberto aos três cursos.
Nossa missão - Mobilizar a comunidade FGV-SP a fim de formar lideranças socialmente responsáveis, propor-
cionando experiências vivenciais que complementem seu olhar sobre a realidade. O trecho do livro "O Banqueiro dos
Pobres”, escrito por Muhammad Yunus, expressa a motivação pela qual o Conexão Social realiza seu trabalho:
"Ao tentar oferecer aos estudantes uma espécie de visão panorâmica, as universidades tradicionais haviam criado uma enorme
distância entre os alunos e a realidade da vida. Quando podemos segurar o mundo na palma da nossa mão, e o vemos
panoramicamente, tendemos a nos tornar arrogantes - não percebemos que ao olhar as coisas de uma grande distância tudo fica
borrado. O resultado é que acabamos por imaginar as coisas em vez de enxergá-las"
O distanciamento promovido pela atual forma de ensino resulta em uma postura de isolamento dos alunos
em relação à realidade observada. O Conexão Social trabalha com o intuito de minimizar essa barreira por meio de
experiências vivenciais e atividades que desenvolvam e complementem um olhar crítico, que provoque sede de
mudança, visando alcançar nosso objetivo. Vale lembrar que nos alinhamos ao objetivo da FGV que, em sua missão,
enfatiza a formação de agentes transformadores da sociedade brasileira.
Fazer parte da equipe do CS significa, antes de tudo, trabalhar em equipe e empreender diariamente. Entre as
atividades que ocorrem, os membros facilitam grupos, organizam eventos, criam projetos, fazem parcerias com
organizações, empresas e outras entidades. A entidade se propõe a criar espaço para o desenvolvimento de seus
membros e compartilhar o conhecimento adquirido pelas experiências que aparecem ao longo do caminho. Para
garantir que tais experiências de fato sejam transformadoras e interessantes, participamos de redes de organizações,
implementando sempre a cultura de troca de aprendizados e experiências.
Estamos abertos a conversas e troca de idéias e esperamos você em nossa palestra de apresentação!
Aline Ferraz (diretora de relacionamento) - [email protected] / conexã[email protected]
Entidades CONEXÃO SOCIAL
ITCP
O que é a tal da ITCP? A Incubadora Tecnológica de
Cooperativas Populares?
A ITCP-FGV é uma entidade acadêmica que compõe
uma rede brasileira de 36 ITCP´s universitárias. Essa
rede contribui para a construção de um novo modelo
econômico centrado na valorização do ser humano, em
detrimento do capital. Tal modelo procura retomar o
conceito grego de economia que se perdeu em algum
momento da História; Óikos (gestão) + Nomia (casa,
morada) = administração e distribuição da riqueza da
morada. A gestão que se faz da riqueza mundial
atualmente é arcaica, fazendo-se necessário desenvolver
um modelo mais abrangente, que passe a levar em conta
aspectos não só financeiros, mas ambientais, sociais,
culturais e éticos. Soma-se a esse diagnóstico um parecer
acerca da cultura predominante; individualismo e
competição exacerbada, culminando numa degradação
social e moral. Para retomar a Oikosnomia numa
perspectiva holística e integradora, a sociedade civil tem
desenvolvido um novo modelo centrado na colaboração
como eixo direcionador, ao invés da competição e lógica
de mercado. Neste sistema holístico, pretende-se levar
em conta as diversas dimensões (social, ambiental, etc) e
impactos nas decisões, visando o desenvolvimento
integrado no âmbito local – dos pequenos municípios – e
global – através da disseminação da cultura da
colaboração e democratização econômica. Trata-se da
Economia Solidária; a gestão da morada através da
solidez obtida por intermédio da cooperação. As
incubadoras colaboram para esse sistema através da
estruturação de empreendimentos econômico solidários
(EES). A ITCP-FGV utiliza-se de sofisticadas ferramentas
de finanças (finanças solidárias), comercialização
(comércio justo e solidário, consumo consciente) e gestão
(metodologia de incubação) para seu processo de
estruturação dos EES. Juntamente à força das
incubadoras, muitas organizações da sociedade civil
militam pela construção do novo modelo econômico (ou
socioeconômico, já que pretende ser multidimensional),
bem como o Governo Federal, através da Secretaria
Nacional de Economia Solidária.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
?16 GAZETA VARGAS
esde que o ITCP se mudou, expectativas
começaram a rondar a salinha deixada vaga no
primeiro andar, próxima à mesa de sinuca.DPor um lado, o Conexão Social buscava um espaço
próprio para conduzir suas atividades. Os motivos para isso
eram: maior aproximação com o aluno, por se tratar de uma
entidade nova e precisar de mais visibilidade junto aos
alunos; maior aproximação com as entidades com as quais
desenvolve projetos, como DA, Gazeta e ITCP; poder receber
convidados, como representantes de ONGs parceiras, em
local próprio; ter uma estrutura independente para conduzir
suas atividades, manter computadores com arquivos
comuns (cadastros, contatos , planilhas etc.) e estocar
materiais.
O DA tinha outros planos. Como já aguardava a
disponibilidade da sala, seus colaboradores possuiam idéias
variadas, entre elas a utilização do espaço por alguma
empresa para captação de recursos e, ao mesmo tempo,
fornecimento de serviços de interesse dos alunos. Também se
iniciaram negociações com a Atlética, visando à mudança do
local da salinha de troféus para lá e à reforma do local atual
para aumentar o espaço e visibilidade do DA. O DA enfrenta
omo pode uma das mais conceituadas instituições de
ensino falhar em algo tão fundamental quanto o Cprocesso de avaliação de seus próprios alunos? Já
toquei no assunto no meu último artigo, mas aqui faço uma
descrição mais detalhada buscando apelar ao dano ao
aprendizado que este sistema atual pode causar.
Não permitir o acesso à prova final a não ser que se
peça revisão e, mesmo assim, só após o período de revisão
não só é ilógico como gera uma série de problemas. Um deles
é submeter o aluno, que se contentaria em apenas verificar o
que errou, a todo importuno de ter que preencher o
requerimento de revisão e esperar até três meses para ver
uma avaliação.
A meu ver, a pior conseqüência deste procedimento
é o desestímulo ao aprendizado do aluno interessado em
realmente aprender com seus erros. Para este, em grande
parte das vezes, bastará verificar na correção qual o seu erro e
estará satisfeito; mais raramente, será satisfeito apenas
quando rediscutir o assunto com o professor e for convencido
de seu erro. Pode até ser que insista em discordar e pode até
estar correto em sua posição, mas se a correção for feita com
cuidado e o assunto não permitir grandes divergências, esta
alternativa é mais rara. Em todas as alternativas o aluno
ganha consolidando o conhecimento adquirido.
O aluno que está só um pouco preocupado em
sérios problemas de espaço físico.
Após o Conexão agendar uma reunião com o DA,
fez suas reivindicações que, a princípio, foram negadas. O
principal argumento do DA girava em torno de sua
responsabilidade em decidir sobre o que é melhor para os
alunos, e não só para o Conexão, e que esta decisão deveria
ser tomada no planejamento, que ocorreu eventualmente em
dezembro.
Após meses de utilização da sala como depósito
para o DA, que recusou a proposta do Conexão de utilização
provisória do espaço, o novo destino reservado à sala foi a de
sala de reuniões para todas as entidades interessadas.
“Continuará, portanto, sendo do DAGV, mas com a excelente
opção de as Entidades interessadas utilizarem quando
necessário” nas palavras do atual presidente do DA, Tiago
Tadeu.
A presidente do Conexão Social Nina Valentini
reafirma que conseguir um espaço na GV é sim um desafio,
mas nos lembra que “Um desafio maior ainda, e que as
entidades enfrentarão no próximo ano, principalmente com a
nova graduação, é conseguir um espaço na agenda do
aluno.”
realmente compreender a matéria não se dará ao trabalho. O
que acontece é que se institucionalizam a busca pelos 5.0 e
pelo bom desempenho acadêmico como as regras do jogo,
deixando “essa história de estudar a fundo as coisas” para o
futuro, sempre para o futuro: para as férias, para a
especialização, mestrado, doutorado, “quando eu estiver
trabalhando” e assim vai. Quem se importa em saber se este
ou aquele tópico da disciplina merece ser mais estudado? Se
conseguir meu 5.0 nessa disciplina e compensar nas demais,
eu me formo e ainda levo um bom desempenho acadêmico
pra casa! É só se esforçar nas que tem mais créditos (o que
corrobora o velho preconceito/tabu de que “menos créditos”
é igual a “menor importância”). O que importa é a nota, não o
quanto aprendemos, certo?
Por que as coisas não são feitas da maneira lógica? É
alguma manobra para evitar revisões? São limitações
operacionais? Independente da razão, se estas instituições
têm a preocupação de se consagrarem como instituições de
ensino universitário e não como emissoras de diplomas ou
centros de treinamento, buscar um procedimento coerente
no acesso e revisão de avaliações deveria ser uma prioridade,
e não algo a ser sacrificado em prol da conveniência de seja lá
quem for. Este é meu apelo à representação dicente e a quem
se interesse pelo estudo sério nos cursos de graduação.
!!!Opiniãopor Rafael Rossi
A polêmica da salinha
GV: Nota abaixo do esperado
17
por Diogo Bardal
Especial Zeitlin de Volta
Zeitlin de volta à FGValvez um dos acontecimentos recentes mais
marcantes na vida política da EAESP, a Tdemissão de 16 professores, e, cerca de seis
meses depois, a demissão do Professor Michael
Paul Zeitlin, iniciou uma novela, que nós, aqui da
Gazeta, temos procurado sempre acompanhar com
muita atenção. As demissões, segundo a posição
o f i c i a l , t e r i a m o c o r r i d o p o r q u e s t õ e s
administrativas ou de corte de gastos. O DA, a
representação discente, e muitos professores da
casa reprovaram fortemente essas demissões.
Atesta-se que as demissões eram um
ataque a excelência e à própria democracia dentro
da faculdade, posto que, pela primeira vez desde a
criação da FGV, professores estavam sendo
demitidos sem a consulta de órgãos colegiados, e
sem a execução dos outros procedimentos
tradicionais da fundação para desligamento. Pior
ainda seria a situação do professor Zeitlin, que foi
demitido logo após ter criticado publicamente a
demissão dos professores. Instalou-se uma
atmosfera pesada na EAESP, de que talvez não se
poderia mais criticar as decisões da diretoria, e nem
haveria espaço para o contraditório.
Entre os fatos e as versões favoráveis ou
contrárias a esta posição, nos resta observar o que
aconteceu depois disso, já que as demissões
desencadearam uma série de outras ações que
culminaram na extinção das eleições para diretor
dentro da FGV. Eleições estas que seriam, pelo
regimento, feitas na congregação. Nem aquele mais
favorável às demissões defenderia que elas não
foram produto de uma mudança nas relações de
poder político dentro da faculdade.
Tivemos muitos textos aqui publicados, em
edições passadas defendendo a tese de que, essas
ações esqueciam um aspecto fundamental de
qualquer relação política, que era a legitimidade.
Houve até um episódio, já clássico, com Cássio
Puterman quando era presidente do Diretório
Acadêmico, em que, ao contestar a legitimidade, na
época do cancelamento das eleições da EAESP, fora
insultado com o bordão “Ilegítimo é a p...”.
Exemplo de uma certa truculência que nunca
poderemos deixar de lembrar.
Voltamos a este assunto porque nos
últimos meses o professor Zeitlin, que havia
iniciado um processo judicial trabalhista,
contestando sua demissão, recentemente ganhou o
direito de se reintegrar à FGV. É um acontecimento
de grande valor simbólico por duas razões: A
primeira é que mostra que, ao contrário do que se
diz nos manuais de reengenharia, ou nos casos de
sucesso de diretores todo-poderosos, as demissões
dificilmente podem ser imotivadas, e se houver
motivos, esses motivos devem ser legítimos. Talvez
paire uma idéia entre os estudantes de
administração, de que nas organizações, quando
há um sério conflito político, ou até imobilismo
decisório por causa dele, a organização é capaz de
solucionar esse problema apelando para uma
espécie de estado de sítio organizacional, em que se
pode fazer tudo pela 'saúde' da empresa (seja ela
fundação ou não).
A segunda razão é que a decisão favorável à
causa do professor Zeitlin abre precedentes para
que não mais a fundação ouse cometer as mesmas
arbitrariedades, posto que, pela leitura que
tivemos da decisão judicial, é bastante razoável
concluir que a Fundação não estava agindo
corretamente.
O professor Zeitlin cedeu gentilmente a
cópia das sentenças judiciais, que lemos
cuidadosamente, (aliás, são públicas e disponíveis
na Internet). Também conversou conosco, mas
ressaltou que em razão do processo judicial ainda
estar em andamento, ele não poderia falar tudo,
porque poderia prejudicar a sua defesa. Neste
artigo, portanto, relataremos a decisão judicial, que
comprova algumas das teses levantadas acima, e
exporemos qual a leitura da Gazeta sobre o caso.
Em primeiro lugar, observamos que
durante o processo a estratégia de defesa da
Fundação foi a de negar a existência de estabilidade
na carreira de professor. De fato, sem considerar
mais nada, o professor não tem garantia de
emprego no Brasil, e ele pode, teoricamente ser
desligado sem grandes obstáculos.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
18 GAZETA VARGAS
Então porque dissemos acima que as
demissões dificilmente podem ser imotivadas,
principalmente na FGV? Ora, porque falta
considerarmos as práticas, os procedimentos de
cada organização para desligar seus funcionários.
Essas práticas serão incorporadas no contrato de
trabalho, ainda que não estejam previstas na CLT. A
maioria das organizações sérias, até para manter
respeito aos seus funcionários e estimular a
cooperação e a convivência, criam processos de
desligamento mais brandos, dialogados, não
acontecem por uma decisão sumária e unilateral do
chefe. Estas são as práticas que se
advogam em qualquer manual de
recursos humanos, e tem duas
lógicas: uma instrumental, na
medida em que estimulam a
cooperação e o ganho de
produtividade, e outra valorativa,
pois é melhor, ou correto, tratar
um funcionário da forma mais
humana e respeitosa.
À medida que a FGV, de
maneira sistemática, desde que
fora criada, desligava seus
professores somente mediante a
decisão por órgãos colegiados, e
baseada em várias avaliações de
desempenho, não se poderia
sustentar que, de uma hora para outra, a praxe
organizacional fosse mudada, como se esta
organização simplesmente não tivesse um passado
ou memória. Assim entende não nós, da Gazeta,
nem o DA, ou algum professor, mas sim o juiz
Paulo Sérgio Jakütis que ordenou a reintegração e o
pagamento de danos morais ao professor Zeitlin. A
sentença diz claramente que: “Como se sabe, o
ordenamento (CLT) é uma garantia mínima de
direitos, sendo que não há lei que impeça o
empregador de comprometer-se a dar mais
benefícios do que o mínimo legal (...) Poder-se-ia
indagar se o costume (de dar mais benefícios) de
u m d e t e r m i n a d o e m p r e g a d o r p o d e r i a
consubs tanc iar- se em uma espéc ie de
compromisso dessa espécie. E aqui, também, não
tenho dúvida em responder afirmativamente. (...)
Julgo pertinente destacar que a reclamada (GV) não
trouxe aos autos nenhum único exemplo de
professor de carreira que tenha sido demitido,
antes da gestão que demitiu o reclamante e os
dezesseis colegas que o precederam, sem a consulta
de órgãos colegiados”.
Dessa forma, o juiz conclui que, tendo a
FGV cultivado “o hábito de desligar professores de
carreira, ao menos nos últimos trinta anos, somente
depois de elaborado processo administrativo, com
participação de vários professores e não através da
decisão unilateral e isolada de uma única pessoa”,
incorporou esta prática ao
contrato de trabalho, violando o
direito do professor ao demiti-lo
imotivadamente.
É realmente interessante
es ta dec isão . É o mesmo
argumento que os alunos e
professores sempre utilizaram, e
aquele que parece mais razoável.
Não é uma questão de tomar
part ido deste ou daquele
professor, é uma questão de puro
bom senso, poderíamos dizer.
Diante desse quadro, o juiz
também discute se Zeitlin deveria
ser indenizado por danos morais.
Nesse caso também dá sentença
favorável ao professor, já que entende que, ao
manifestar-se publicamente contra as demissões
dos outros 16 professores, ele estava apenas
demonstrando um gesto de coragem ao defender
seus colegas de um ato que, segundo o juiz foi
também ilegal. Além disso, é bastante procedente o
raciocínio de que, se a fundação tivesse que demitir
o professor Zeitlin por questões de ordem
financeira teria feito este desligamento junto com
os demais professores, e não seis meses depois,
após a manifestação de seu dissenso. O salário do
professor Zeitlin não poderia ter um impacto tão
significativo na estrutura de custos da Fundação.
Por essas razões foi imposta a sua
reintegração. Hoje podemos vê-lo andar pelos
corredores, dar alguma ajuda em administração de
operações, estatística. Vale lembrar também que a
Especial Zeitlin de Volta
Julgo pertinente destacar
que a reclamada (GV) não
trouxe aos autos nenhum
único exemplo de
professor de carreira que
tenha sido demitido,
antes da gestão que
demitiu o reclamante e os
dezesseis colegas que o
precederam, sem a
consulta de órgãos
colegiados.
19
Especial Zeitlin de Volta
Fundação tentou pedir uma medida cautelar, que
impedisse o professor de ser reintegrado até o fim
do processo (a reintegração teria de ser imediata),
alegando que haveria grandes prejuízos na sua
manutenção (resta saber que tipos de prejuízos
seriam esses, pois se ele perdesse a ação, teria
ganhado salário e em troca dado aulas, enquanto
que, se ganhasse, o mesmo aconteceria). A tese foi
completamente desconstruída, mais uma vez, por
uma desembargadora, que advertiu a defesa da
Fundação de ainda por cima estar tentando induzir
o juiz ao erro, ao mencionar a questão da
estabilidade sem este ser o eixo argumentativo da
sentença.
A decisão agora irá para Brasília, e receberá
a sentença final. Não se pode saber o que
acontecerá, mas até agora, parece que os alunos,
que eram criticados por “estarem de passagem” na
Fundação, ou não saberem exatamente o que
acontecia, defenderam uma posição muitíssimo
coerente com os valores e costumes da fundação e
com a justiça em geral. Esperamos que a escola
continue ainda nos educando dessa maneira, muito
embora existam sintomas de que isto tenda a
acabar.
O grande desafio da democracia como
conjunto de procedimentos, e um modo de
distribuição de poder, não passa apenas pela
garantia dos direitos políticos na esfera estrita do
Estado, da lisura das eleições de representantes
legislativos, executivos, da probidade dos juízes e
administradores públicos. Uma sociedade pode
prever democracia em suas constituições, em seus
palácios e parlamentos e ainda assim ser anti-
democrática. Uma melhor distribuição do poder
deve ocorrer em todas as esferas, sejam privadas ou
públicas, sejam empresas de prospecção de
petróleo, ou universidades, de ONG's a bancos de
investimento.
Assim como o respeito à dignidade dos
membros de uma organização, respeitar a
democracia se justifica por dois aspectos: um
instrumental e um valorativo. Sociedades com uma
distribuição de poder mais horizontal e um grau
maior de controle civil sobre as ações dos
particulares tendem a garantir mais direitos
individuais e de propriedade (posto que é um
benefício de todos), e, por sua vez, fomentar o
desenvolvimento material, o crescimento
econômico, e diminuir desigualdades de renda,
conflitos armados, etc. Além disso, a democracia é
um valor, pois é desejável que todos possam
decidir sobre os rumos de todos, e de si mesmos,
numa relação de autonomia e liberdade.
Se estamos ampliando demais o que
acontece no microcosmo da FGV, para os quatro
cantos do Brasil, no universo de todas as
organizações e das sociedades, isso se faz porque a
FGV, com sua história, é um exemplo, e deveria ser
a primeira a reconhecer a sua influência na
sociedade brasileira. E não nos enganemos: tudo
está interligado. A GV poderia transformar suas
práticas atuais em máximas universais?
Paralelas a esta discussão correm as
constatações de que uma decisão por órgãos
colegiados (ainda que não seja idealmente
democrática) é mais difícil, ainda mais quando
uma organização tem de cortar custos, executar
mudanças rapidamente. Ora, o que teria trazido
mais custos à FGV? Não só o professor Zeitlin, mas
todos os outros 16 professores que entraram com
ações trabalhistas contra a Fundação, tiveram
ganho de causa. O valor das indenizações chega à
casa dos milhões de reais, certamente dezenas de
milhões. Teria a Fundação economizado 'algum',
por ter recusado à sua prática de 30 anos, de
consultar órgãos colegiados ao demitir
professores? É uma pergunta a se fazer, também
porque há custos intangíveis, de imagem e da
educação que se dá aos alunos da FGV, este custo
sim, incomensurável. Alguns alunos guardaram
esta decepção como um sinal dos novos tempos
que se afiguram. As ameaças ao projeto
democrático se espalham rapidamente pelo
mundo.
O direito à crítica e ao dissenso são as
únicas garantias de pluralismo em qualquer meio
social, e no mundo moderno, não há democracia
sem pluralismo. Continuaremos a acompanhar
estes fatos, pois é nosso dever como alunos, e a
sempre notar quando houver algo que contrarie
aquilo que nos ensinaram, e que, esperamos, possa
trazer algo de bom à nossa carreira e às
organizações.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
20 GAZETA VARGAS
ESPAÇO DOCENTE
São os políticos o problema? economia e a sociedade brasileira têm
presenciado progressos, modestos porém
consistentes, nos últimos meses e anos. Os Adados sobre o aumento das matrículas em todos os
níveis de educação e do número de empregos formais,
bem como sobre a retomada dos investimentos
produtivos, justificariam um olhar otimista sobre o
futuro. Não é esse, porém, o estado de ânimo que eu
sinto nas conversas com meus colegas e alunos aqui
na FGVSP; em geral, a sensação é de pessimismo, de
que as coisas vão mal, de que se chegou a um fundo de
poço moral, etc. A série de escândalos que começaram
no Mensalão e continuam no interminável “caso
Renan” não apenas sugeririam que a política
brasileira é algo essencialmente sujo, mas também
dão a sensação de que os políticos são
um grupo diferente, alheio a nós e pior
do que nós. Mais ainda, a conclusão
que muitos tiram é que tais escândalos
justificam que (alguns de) “nós cá em
baixo” façamos coisas erradas porque
“o clima de impunidade” em que
vivem “eles lá em cima” autorizaria
uma espécie de vale tudo moral.
S u g e r e - s e q u e e s s e s
problemas se solucionariam com a
reforma política, chavão no qual se
insiste há anos, sem perceber que o único vínculo que
mantém unidos seus proponentes não é o acordo em
torno a medidas específicas senão a oposição à
situação atual (semelhanças com a reforma tributária
não são mera coincidência). Sem entrar no mérito de
cada uma das propostas sérias (sistema bipartidário
ou pluripartidário, voto distrital ou misto, fidelidade
partidária, listas fechadas, etc.), todas elas, mesmo
quando contraditórias, se inspiram em países onde
esses mecanismos funcionam mais ou menos bem, o
que sugere que o problema do sistema de
representação no Brasil é algo mais profundo do que
achar o design do sistema político ideal.
Sabendo que muitos políticos não são o
melhor exemplo para nossas crianças, me pergunto
qual mágica levaria uma sociedade a escolher seus
piores cidadãos para os cargos mais importantes.
Serão todos os eleitores inocentes quanto à
composição do congresso (vale também para os
diversos níveis do executivo)? Estamos numa
ditadura na qual os legisladores nos são impostos, ou
estamos numa democracia na qual temos que assumir
como adultos as conseqüências de nossas escolhas?
Vendo as votações para o congresso aqui no Estado de
São Paulo, nas quais sempre alguns candidatos
folclóricos (os Cacarecos do século XXI) se encontram
entre mais votados, diria que, ao contrário do que se
sugere dos jornais às conversas de botequim, talvez o
congresso seja simplesmente aquilo que os votantes
fizeram por merecer!
Portanto, se o congresso é um reflexo mais ou
menos preciso da sociedade, só quando esta mudar
escolherá políticos melhores; se todos, do policial que
extorque traficantes até o motorista que avança pelo
a c o s t a m e n t o , p a s s a n d o p e l o
empresário que não paga seus
impostos, usam (usamos) a desculpa
de que Renan isso ou o Mensalão
aquilo, fica difícil romper com o status
quo.
Mas como ocorreria essa mudança
ética? Isso nos remete novamente às
boas novas do parágrafo inicial. Em
realidade, deixei para o final o que há
de melhor nessas notícias: elas
mostram não apenas que a economia
c r e s c e u , m a s q u e i s s o e s t á
favorecendo mais os estratos de renda inferiores.
Com efeito, caiu o número de pobres e de miseráveis e
seus rendimentos cresceram a ritmo maior que os dos
ricos, diminuindo portanto a concentração de renda.
Claro que as outras mudanças positivas também são
importantes: p.ex., ter cidadãos mais educados e
melhor informados é uma condição sine qua non para
uma democracia próspera, mas isso não basta.
Nenhuma sociedade profundamente desigual pode
ser justa, e sem justiça não há ética que se sustente.
Tudo o mais, inclusive a qualidade dos políticos,
acaba sendo condicionado por este problema
fundamental, para cuja solução ocorreram modestos
avanços num caminho que infelizmente ainda é
muito longo e que espero seja percorrido cada vez
com maior velocidade.
Ramón García Fernández
EESP - FGV
Se o congresso é um
reflexo mais ou
menos preciso da
sociedade, só
quando esta mudar
escolherá políticos
melhores.
21
ESPAÇO DOCENTE
Bingo!á há algum tempo venho sendo convidado por editores
da Gazeta Vargas para ocupar o espaço docente deste Jprestigioso periódico estudantil. Em virtude das
demandantes atividades acadêmicas cotidianas, ou da
falta de um assunto que julgasse digno de acolhida pelos
estudantes, vinha adiando a atenção a esses pedidos.
Confesso que no dia de hoje senti-me
verdadeiramente impelido a escrever. Embora uma velha
máxima diga que nunca devemos escrever com o fígado, é
exatamente isso o que estou fazendo. A matéria que tanto
espanto me causou é justamente a chamada de capa da
última edição da revista, denominada “Enem precisa fazer
vestibular”.
Por meio desse texto, buscam os representantes
discentes da Fundação Getulio Vargas em São Paulo
criticar uma iniciativa notável: a inclusão do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM) entre os meios de
seleção de novos alunos. Mais do que o desacerto da
crítica, chocou-me o modo arrogante e torpe como a
medida foi combatida.
Explico-me melhor. A matéria em questão é
arrogante, porque seus autores julgam-se claramente
detentores de algum mérito extraordinário, que
franquearia livre acesso a uma de nossas escolas, em
detrimento de uma certa massa de desqualificados que
aqui adentrariam por meio do ENEM. E é torpe porque
pretende fundamentar a sua crítica no suposto baixo nível
desse exame nacional, do qual faz exemplo mediante a
apresentação de uma questão de múltipla escolha bastante
simples, proposta em sua última edição.
Ora, qualquer avaliador sabe que os grandes
exames são compostos de questões de variável grau de
dificuldade. Questões mais fáceis e outras mais difíceis em
uma mesma prova são essenciais para produzir o que se
denomina de índice de discriminação: evitar empates e
segregar os alunos de pior e melhor desempenho. Do
mesmo modo, são úteis para os planejadores do sistema
educacional tomarem conhecimento dos diferentes níveis
de habilidade que conseguem atingir distintos alunos de
díspares origens, determinando onde e quando o sistema
educacional vem errando ou acertando na formação dos
estudantes. Por essa razão, retirar uma única questão do
contexto mais amplo de um grande exame nacional,
generalizando-o como um padrão, é algo torpe.
No campo da arrogância, talvez fosse o caso de
nossos estudantes pararem para refletir um pouco melhor
sobre que espécie de mérito está em questão no vestibular.
Tomemos o exemplo uma prova de boa qualidade, como é
o caso do exame aplicado pela DireitoGV. Analisando os
resultados desse certame, somos obrigados a concluir
pura e simplesmente o seguinte: se você é branco, estudou
em escola particular, tem menos de vinte anos e nunca
trabalhou, morou no exterior, é filho de pais com pós-
graduação e desfruta de uma renda familiar superior a
cinqüenta salários mínimos, é meio caminho andado. Em
outras palavras: se você teve a sorte de nascer em uma
família de bom nível econômico, educacional e social,
bingo! Você tem tudo para ser nosso aluno. E não adianta
apontar exceções: elas apenas confirmam a regra.
Pergunto-me o seguinte: desde quando sorte
tornou-se mérito? Até que ponto a aprovação no vestibular
de um aluno que não enfrentou preconceito, estudou em
uma boa escola, é jovem e nunca precisou trabalhar, teve a
oportunidade de morar no exterior e convive em um lar
composto por pessoas bem educadas indica
exclusivamente o mérito pessoal? Este aluno pode dizer
que tem mais méritos do que outros que enfrentaram
maiores vicissitudes na vida?
Trocando em miúdos: vestibular mede mérito?
Talvez fosse mais divertido de nossa parte trocarmos as
inscrições para o vestibular pela venda de cartelas de
bingo, promovendo uma grande tômbola festiva onde os
alunos que não conseguissem completar nenhuma cartela
seriam os admitidos em nossas escolas. Pelo menos,
trocaríamos os sortudos pelos azarados. E contaríamos
com um grupo de estudantes que dificilmente teria a
empáfia de dizer-se mais meritório de um ensino superior
de qualidade do que os alunos pobres de um grupo escolar
público de Guaianazes, filhos de pais analfabetos, que
trabalharam de dia para estudar à noite e nunca saíram do
país.
Pode-se contra-argumentar que a seleção pelo
ENEM também não é completamente eficiente para
quebrar a espiral de perpetuação das elites nacionais. Mas
a adoção de meios menos excludentes de recrutamento
requer, acima de tudo, a superação do paradigma do
vestibular como único meio legítimo de ingresso. Nesse
contexto, prestaríamos um serviço muito melhor para a
Fundação Getulio Vargas e para o país se tivéssemos a
coragem de nos despir de nossos velhos preconceitos e
partíssemos para uma discussão aberta, ampla e sincera de
nossos meios de seleção de novos alunos, visando à
construção de um sistema que efetivamente premie o
talento. E não vai ser louvando o vestibular e criticando o
ENEM que atingiremos esses objetivos.
Alexandre dos Santos Cunha
EDESP - FGV
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
22 GAZETA VARGAS
"Quero que me esqueçam" – Presidente João Baptista de Oliveira
Figueiredo – (1979-1985)
oi com esta frase que Figueiredo cristalizou o fim do
regime militar e o quadro insustentável que acabou Fpor se instalar, tanto pela movimentação inédita de
uma sociedade tomada pelo ímpeto democrático, quanto
pelo esgotamento das benesses que a ditadura
proporcionara. O fato é que José Sarney – caudilho do
Maranhão – começa um ciclo democrático um tanto
distorcido, sob a égide de instituições políticas constituídas
para outros fins que não o bem comum.
O argumento é este: abandonou-se o autoritarismo
(graças a Deus), mas não se elegeu a democracia como o valor
supremo para o estabelecimento de uma sociedade civilizada
e justa. Figueiredo queria que o esquecessem e, com ele, todas
as desgraças de um sistema político calcado na subjetividade,
na falta de respeito pelos cidadãos, pela vida e pela dignidade
humana. Se os militares saíram para nunca mais serem
lembrados, os democratas assumiram para, sequer, serem
notados?
Nunca se deve propor a substituição da democracia
pelo autoritarismo. Entretanto, há que se buscar um meio
concreto para que a população se veja compelida a utilizar-se
de seus direitos, junto aos governos, e, mais amplamente,
junto ao Estado. Os representantes e seus conluios, suas
trocas de favores e toda sorte de lama putrefata a que se
submetem garantem algo para além do gordo recheio de seus
próprios bolsos: a possibilidade (ainda que oculta) de, pela
própria democracia, sustentar uma verdadeira República
Federativa. É isto que os “indignados (não são poucos) de
hoje” devem perceber, antes de ousar sugerir soluções
ditatoriais para os problemas políticos do país.
Não há contrato social sem democracia, não há
direitos ou, ainda, possibilidade de punição aos coronéis
mandatários do poder. Pode-se argumentar que nem mesmo
a democracia garante a punição aos “desorganizadores” da
nação, mas, previamente, registre-se que, minimamente,
garante a possibilidade, desde que uma simples condição seja
satisfeita, qual seja a conquista de uma sociedade,
verdadeiramente, participativa e consciente do poder que
dela emana.
O direito de governar e decidir sobre as questões
nacionais, em uma democracia, é de cada indivíduo
participante e componente da nação brasileira. Apenas
transferimos este poder aos representantes eleitos. A
deficiência está em conscientizar a todos e pronto. Mas, quem
se dispõe a isso? As grandes redes de televisão, os jornais, as
revistas e toda diversidade de meios de comunicação, os
governos, as elites intelectuais e financeiras, os artistas, os
formadores de opinião, os acadêmicos e estudantes estão
dispostos?
“Encontrem seus papéis políticos e assumam sua
posição, oh, pobres e iluminados donos do conhecimento!
Implantem a revolução das idéias, da educação e da cobrança
como único instrumento de apunhalar os saqueadores de
plantão! Façam como a Fiesp e sejam contra alguma coisa!
Contra este governo medíocre, contra a corrupção, contra a
impunidade, contra a desordem geral da nação ou, que seja,
contra a CPMF! Sejam, pelo menos uma vez, na triste história
do Brasil, os responsáveis pela construção de algo positivo
que ultrapasse seus impérios financeiros!”
Os tijolos da morada democrática são os valores.
Não há identidade nacional sem uma preocupação autêntica
das escolas, educadores e famílias com relação à formação
pessoal e à transmissão de ideais e princípios, que
componham indivíduos mais fraternos, menos violentos e
que almejem, sim, o sucesso pessoal, mas, também, o auxílio
aos menos favorecidos. Precisa-se de humanidade e,
principalmente, da capacidade de compadecer-se da miséria
cotidiana.
Não há Brasil sem brasileiros, não há pátria sem
patriotas. O ufanismo, por si só, não conduz a nada. No
entanto, é essencial para as nações que incentivem o
sentimento de unidade, o reconhecimento de cada cidadão
como participante e como construtor de sua realidade – a
nação refletida na vida das pessoas. Cantar o hino e prestar
homenagens aos símbolos nacionais não é suficiente para
que crianças, jovens e adultos valorizem um país que
continua mergulhado no desrespeito à vida. Não há bandeira
que suprima as necessidades do povo, não existem “margens
mais (placidamente) sórdidas” do que as margens da
sociedade. Precisa-se de amor verdadeiro – eis o que todos,
invariavelmente, querem. “Valha-me, Cecília Meireles”:
“Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.”
“Brasil, ame-o ou deixe-o.” Este é o verdadeiro contexto em
que esta expressão deveria ter sido cunhada – o democrático
e plural. Esta é a expressão que, hoje, nós, livres de Médici e
de seus “milagres”, deveríamos eleger como o slogan mais
apropriado não para ludibriar, como outrora, mas para
trazer, à superfície da sociedade, uma identidade perdida.
Brasil, ame-o ou deixe-o
ColunaB R A S I L
por Felipe Scudeler Salto
Ex-editor-chefe Gazeta Vargas
Esta nova coluna visa suscitar o debate de questões nacionais, transmitir reflexões sobre as mazelas
políticas, sociais e econômicas e, principalmente, recuperar as discussões, entre os estudantes da FGV,
acerca do país em que (pasmem) vivemos – “Brasil, ainda que tardio.”
23
Em reunião do Conselho Departamental, do qual sou
Representante Discente, me desculpei por trazer um assunto
desagradável à todos e que diminuiria o clima ameno que até então
pairava sobre o ambiente. Após debate sobre o tema, o professor
Mazzucca disse para eu não me preocupar em fazer o papel de
chato porque, se não fosse eu, quem faria?
nfim, vou me formar (adotando que eu passe das
matérias que preciso). E hoje posso fazer uma Eavaliação da Escola muito mais completa. Após o
“Momento bixo”, onde tudo é novidade e qualquer coisa
que nos dizem acreditamos; após a “Decepção do 4°
semestre”, quando nos perguntamos se era isso mesmo que
queríamos; após o “Limite do saco-cheio no 7° semestre”,
quando queremos fugir o mais rápido da GV para ir ao
estágio e, quem sabe, sermos efetivados, chegou a
Formatura. Mas me formo triste.
Em jantar com o Presidente da Fundação, no
começo do ano, apostei com ele que em 10 anos a Fundação
será pior que é hoje. Mesmo querendo muito perder, acho
que vou ganhar e tenho algumas razões para acreditar
nisso. A primeira é o preço da mensalidade. Hoje o aluno da
EAESP paga 2000 reais de mensalidade. Esse valor é fora
dos padrões. Quando entrei na GV não havia prestado FEA,
mas hoje, com esse valor de mensalidade, pensaria duas
vezes.
A segunda é o ponto que está a marca FGV. Dia
desses, meu avô veio falar que um amigo dele era o melhor
aluno da classe dele na GV. Era uma GV em Santos, mas e
para explicar para ele? Outra vez, em entrevista para
trabalho de RH, entrevistando o Presidente de um
Multinacional, ele afirmou que nunca mais mandaria um
funcionário seu fazer curso na FGV, que o último que havia
feito tinha sido perda de tempo e dinheiro.
A terceira, ponto polêmico, é o Enem. Sei que isso
gera comentários como: “Elitista” e outros. Usarei um
argumento diferente: Digamos que quem entra na EAESP
só tira mais que 90% do Enem e quem tem essa nota consiga
entrar na EAESP pelo vestibular. Ou seja, é irrelevante no
quesito Avaliação do Candidato. O problema é a sinalização
que isso passa. Quais as Faculdades que utilizam o modelo
“Vá bem no Enem e nem faça Vestibular, seja aprovado
direto”? Só as Uniqualquercoisa. Essa não é uma medida
pioneira; estamos seguindo as piores faculdades do Brasil!
Essa é a impressão que queremos passar para o mercado?
O ponto que mais me preocupa é o aluno que
estamos formando. Cada vez mais exigem raciocínio
rápido, percepção analítica e capacidade de resolver
problemas. Em outras palavras, querem formar
engenheiros. Agora, as partes de relacionamento com
pessoas, visão estratégica e, principalmente, pensar estão
sendo esquecidas. A possibilidade de questionar, que é o
principal meio de inovar, empreender, está diminuindo. O
que se cria é uma estrutura muito rígida. Se o líder não errar
nunca e essa estrutura não estiver em uma instituição de
ensino, ela é muito boa. Então, só nos resta rezar pelos
acertos do Presidente e no aumento da importância dos
geradores de caixa.
A impressão que eu tenho é que cada vez mais
temos o esquema “Professores fingem que ensinam e
alunos finge que aprendem” (generalizei). Os alunos estão
cada vez mais despreocupados com sua formação e
qualidade de aula. Os professores, notando esse
desinteresse, cobram menos, ficam mais superficiais e, para
piorar, o professor que tenta ir um pouco além do “limite” é
odiado. Com a Reforma da Graduação não é hora de deixar
metade da sala de DP?
A pergunta que fica: podemos deixar a Escola na
mão de terceiros? (Aqui não faço referência apenas à
Mantenedora, mas também à necessidade de
fortalecimento na Representação Discente, com mais
cobrança por parte dos representados e participação mais
ativa dos representantes). A Escola de Economia não tem
uma estrutura com Órgãos Colegiados e não acredito que o
modelo da EAESP seja o melhor para eles. Mas a ausência de
prestação de contas formal e uma instituição onde os alunos
possam reclamar se mostra um entrave muito grande. Com
eles, todos têm que jogar limpo.
Mas chegamos a um problema: a EAESP possui
esses órgãos formais. E não são respeitados. A Congregação
Ordinária deveria ocorrer nos primeiros 20 dias de Agosto.
O Diretor da Escola, indicado pelo Presidente da Fundação,
sabia, e nada fez. Ou seja, agiu contra o Regimento. Alguém
fez alguma coisa? Afinal, quem tem que respeitar o
Regimento?
Na verdade minha maior preocupação é outra: o
nível do ensino no País. Se a EAESP é a melhor escola de
Administração no Brasil (e, mesmo com todos seus
problemas, acredito que seja), imaginem as outras...
Agradeço ao Diogo pela oportunidade de escrever as notas dessa
edição. Havia esquecido como é divertido...
Formatura: A Grande Conquista
Olga Benário
por João Marcos Bezerra
(ou: Servirá meu Diploma para embrulhar peixe na feira em 10 anos?)
Coluna
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
24 GAZETA VARGAS
aros GVnianos, deixem-me apresentar. Meu
nome é Pedro e há 4 anos acompanho a Cmovimentação da Escola. Isso porque tenho um
irmão formado recentemente e outro no 4º AP, o que me
leva a crer que por pelo menos mais 2 anos acompanharei
as novidades. Quando digo “acompanho a
movimentação da Escola” refiro-me a diversos fatos,
como: à luta pelo direito de escolher o diretor, pois
também não concordo com o ato da Mantenedora de
escolher o “melhor” diretor; à interdição da Avenida 9 de
Julho como forma de protesto à demissão do professor
Zeitlin; à luta por um processo de reavaliação, pois a
última turma isenta de pagamento de DP já se formou;
entrevistas com professores, inclusive com o Presidente
da Fundação, nesse Periódico e principalmente a venda
da marca FGV a “escolas parceiras”, com o selo de
qualidade FGV.
Pode parecer estranho, mas mesmo tendo
freqüentado diversas Giocondas, Giovanas, Jacas,
Cervejadas e Quintais, minha primeira Economíadas foi
no ano de 2007 em Taubaté. E é justamente sobre essa
experiência que gostaria de comentar.
A AAAGV, mesmo com diversos imprevistos,
fez seu melhor possível para cumprir sua promessa de
fazer um grande evento, como nunca fui a nenhuma
outra Economíadas, não tenho com o que comparar, mas
acho que eles cumpriram muito bem seus objetivos.
Porém sempre há o que melhorar. A Tatu Bola realmente
impressiona e mostra como as outras faculdades deixam
a desejar nesse quesito. As festas GVnianas são invejadas
e desejadas por todos, cerveja, som, café da manhã, tudo
muito bom.
E a torcida? O que é a torcida GVniana? É só
festa, com gritos, empolgação, bandeiras, fumaça e lógico
a Tatu Bola sempre presente! Mas será que o grito de que é
a melhor escola do Brasil está correto? Melhor em que
aspecto? Na qualidade de ensino? Dos professores? Na
taxa de empregabilidade dos formandos? Na infra-
estrutura? Bom, nesses critérios acredito que sim, mas e
os alunos?
Para quem não sabe, o alojamento era uma
escola municipal de ensino fundamental. E nós ficamos
em salas de aulas que abrigam crianças ente 7 e 14 anos.
Quando vemos uma escola pública, já imaginamos
recursos limitados, professores que se esforçam para
prover o melhor ensino possível e que lecionam mais por
paixão do que por dinheiro, material didático contado e
limitado, carteiras e mesas contadas, enfim nada
parecido com o que a Fundação proporciona a seus
alunos das 3 escolas. E qual a imagem que o aluno
GVniano vende para os professores, alunos e pais da
escola pública? Se formos levar em consideração o que
aconteceu lá, seria melhor por um selo de qualidade FGV.
Pichação nas paredes, carteiras quebradas, mesas
destruídas, cartilhas rasgadas e jogadas no chão, cadeiras
que cansaram de serem batidas nas paredes, o presépio
de natal preparado pelas crianças não é mais o mesmo, ou
seja, os GVnianos que são a elite financeira e intelectual
do país, não passam de playboys vândalos. Contudo não
foram todos que fizeram isso, e sim alguns. Mas o que
você GVniano fez para impedir? Nada! E quem fica com
essa fama? Você!
Em um país em que sempre se fala que a
educação é a base de tudo, como podemos aceitar que
alunos da “melhor escola do Brasil” façam essas coisas?
Vocês pagam mais de R$ 2.000,00 por mês, tiveram base
nas melhores escolas do Brasil, tem vivência em outros
países e depredam escolas de crianças que vão para a aula
para ganhar merenda? E de quem é a culpa? Do álcool?
Da maconha? Dos pais que não deram noção de
cidadania? Da AAAGV que não pos seguranças para por
limites? Minha que poderia ter feito mais? Sua que não
deve ter feito nada?
Saí da minha primeira Economíadas cansado, rouco, feliz
por meu irmão e seus amigos formandos, pela sala que
me acolheu bem durante os 4 dias, mas decepcionado e
triste com esses fatos. Muitos podem alegar: “Tinha gente
da PUC e da Poli também!”. Estavam lá porque alguém
da GV convidou, o alojamento era da GV, a pulseira era
da GV a imagem que venderam é a da GV.
E para terminar algumas sugestões: AAAGV não forneça
mais alojamento, porque quem paga uma mensalidade
da GV pode pagar um quarto de hotel, e não quebrará
nada, pois terão que pagar depois. Doe alguma coisa à
escola em que estávamos, doe livros, computadores,
material esportivo ou qualquer outra coisa que utilizem
lá. Essa atitude não apagará a imagem, mas minimizará
os comentários. Alunos: não adianta fazer um trote
solidário uma vez por semestre. Ser cidadão não é só doar
sangue ou dinheiro para o Criança Esperança e
aprendam mais com a Mantenedora, ela cobra muito caro
para vender o selo FGV de qualidade, vocês pagam para
por o selo de qualidade de vocês.
... é a melhor escola do Brasil!!
Espaço Aberto
Pedro Felipe Bezerra
25
oi a juventude esclarecida da Escola Militar
que propôs, defendeu e proclamou o ideário Frepublicano. Nada mais do que jovens
atentos a uma única certeza, um pensamento
unívoco, algo que os identificava enquanto
brasileiros a convicção de que a República deveria
emergir para que o país não sucumbisse. Será que
somos conscientes do verdadeiro papel que nos
cabe, qual seja de “(re)proclamar” nossa República
e confirmá-la, finalmente, como democrática e
plural?
Da “mocidade militar”, poucos herdaram
o sentimento de responsabilidade pelos rumos da
própria nação. Jovens que busquem participação
política, mudança social, diminuição da
desigualdade, resolução dos problemas nacionais e
quaisquer outras atividades ou ações que
ultrapassem o contorno de seu mundo individual:
eis o que precisamos ser.
É nesse sentido que formamos um grupo,
entre os alunos da FGV-SP, para pensar o Brasil e
para compor uma liderança que seja capaz de se
estabelecer no atual sistema político brasileiro.
Assim como a República, para a “mocidade
militar”, a democracia foi o ideal de estudantes
identificados e unidos pela liberdade, contra a
ditadura militar. Hoje, não mais ideal, mas fato
concreto, valor amplamente aceito, característica
irrevogável, pressuposto básico, garantia legítima,
a democracia deve ser o instrumento para
construção, desde já, de nosso espaço no âmbito
político.
“A arte da política, se for democrática, é a
arte de libertar os indivíduos para capacitá-los a
traçar, individualmente e coletivamente, seus
próprios limites individuais e coletivos”
(BAUMAN, 1999). Essa frase nos chama a praticar a
política como liberdade, mesmo quando a
insegurança, a incerteza e a falta de garantias nos
forçam a nos distanciarmos do inerente conflito
dos ambientes coletivos, fazendo-nos esquecer de
que é somente com o trabalho coletivo que se
alcança a liberdade individual.
O que se questiona não é mais, em grande
parte, o que deve ser feito, mas quem tem poder e
decisão para fazer. Os espaços de participação
existem e requerem indivíduos organizados,
dispostos, na prática, a fazer um país melhor para
todos, que queiram praticar a democracia, que
entendam que a república é a fábrica do bem
comum.
Façamos, do “ambiente GV”, o berço de um
grupo que utilize a ciência, o conhecimento, o
capital humano e os valores e laços que criamos,
enquanto estudantes da mesma instituição, para
construir um Brasil melhor, sem utopias, mas com
atitudes concretas, propostas, debate e
posicionamento.
O objetivo desse texto é convocar pessoas
dispostas a transformar o Brasil através da política.
Se você é uma delas, junte-se a nós, entre em
Política na GV – Junte-se a nós!
Espaço Aberto
Felipe [email protected]
Germano Souza Guimarã[email protected]
José Emygdio de Carvalho [email protected]
“Quem foram, então, os militares que conspiraram pela República e se dirigiram ao Campo de Santana
na manhã do dia 15 de novembro de 1889 dispostos a derrubar o Império? Basicamente, um conjunto de
oficiais de patentes inferiores do Exército (alferes-alunos, tenentes e capitães) que possuíam educação
superior ou 'científica' obtida durante o curso da Escola Militar, então localizada na Praia Vermelha, no
Rio de Janeiro. Na linguagem da época, a 'mocidade militar'.” – Celso Castro em artigo no site da
FGV/CPDOC. (Http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/)
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
26 GAZETA VARGAS
Matéria Reflexiva ( MATÉRIA REFLEXIVA )
urante o desenvolvimento da história do homem,
muitas barreiras e muros foram criados: o de
Berlin, o industrial, o tecnológico, entre muitos Doutros. O primeiro foi algo visível; uma visita à Alemanha,
na época, era o bastante para enxergá-lo. Porém, o industrial
era considerado “invisível”, pois existia entre a elite e os
trabalhadores, que viviam em um embate eterno sobre
quem comanda quem. O tecnológico, existente até hoje,
separa o mundo “atrasado” do mundo “avançado” /
“moderno”. Há outro muro, também invisível, mas muito
presente: o da religião. Este, existente desde a criação de
cada religião, segrega as pessoas em pequenos clãs, que
deveriam se comunicar, e não se separar. As religiões foram
criadas para dar ao ser humano uma escapatória aos
problemas cotidianos, com ajuda da fé, e para ajudar as
pessoas a conviverem melhor entre si. Porém, isso virou um
muro ideológico entre as populações religiosas, que não
aprendem a conviver, nem a se tolerar.
No Velho Testamento, no Novo Testamento, e na
maioria dos textos sagrados, a proposta de cada Deus
sempre foi a união da raça
humana, de alguma forma. Mas
esta união passou a ser usada, com
o passar dos anos, de forma
completamente modificada e
manipulada. Por exemplo, no
colonialismo, a conquista da terra
e a matança dos índios e dos
nat ivos da Amér ica eram
justificadas pela necessidade
daqueles povos “inferiores” e
“não-civilizados” de receberem a
d i v i n a o p o r t u n i d a d e d e
aprenderem os dogmas de religiões ocidentais (e não
pergunte se a opinião dos nativos foi escutada; afinal, eles
falavam outra língua!).
Portanto, dentro de um determinado clã mais
religioso, quem não pertence àquela fé, é discriminado. E
isso é o motivo de muitas brigas e agressões. Muitas famílias
destroem relacionamentos e amizades somente porque os
indivíduos pertencem a credos diferentes. Esta diferença,
em um mundo globalizado e “evoluído”, não deveria ser
um impedimento, se as pessoas se respeitam e se
relacionam de uma maneira saudável. Porém, muitos
chegam até mesmo a negar um relacionamento ou amizade
com outro de religião diferente, de forma cega aos seus
próprios sentimentos, e somente enxergando a suposta fé
que possui, ou que é obrigado a possuir.
A hipocrisia dentro das entidades religiosas
também é algo que cresce cada vez mais. As pessoas
freqüentam as sinagogas, igrejas, e todos os centros
religiosos, muitas vezes com o motivo social, ou seja, não
para se dedicar a Deus, mas sim para exibir aos outros a sua
suposta religiosidade. Por exemplo, muitas pessoas acham
que, somente por freqüentar os centros religiosos dos quais
fazem parte, serão perdoados por seus pecados. Mas, de
acordo com alguns ensinamentos religiosos, quando se faz
mal aos outros, deve-se pedir perdão para quem fez mal e
para si mesmo, para depois, finalmente, pedir perdão a
Deus.
A religiosidade não é um problema, mas a forma
como as pessoas não respeitam as religiões alheias e as
diferentes formas de fé pode ser considerada um problema.
Um dos fundamentos principais de muitas religiões e até
mesmo de muitas Constituições é o da liberdade. Não
deveríamos, então, respeitar a vontade dos outros, as suas
escolhas religiosas e de vida, tolerando as diferenças?
Aparentemente, não. O incentivo à conversão das pessoas
para outras religiões é muito forte, e, muitas vezes, o
fanatismo é tão exacerbado que as pessoas passam a se
odiar. O que a religião construiu e deveria proteger é
destruído pelo ser humano: aos
pés do Cristo Redentor, no Rio de
Janeiro, há os milhares de
assassinatos dentro das favelas;
perto do Muro das Lamentações,
há a mutilação entre judeus e
árabes; muitas mesquitas e
centros religiosos são destruídos
por razões muitas vezes nem um
pouco convincentes, e por aí vai.
A religião deveria, sempre, ser
algo interno às pessoas. Isto é,
deveria ser algo que cada um guarda para si. Não um
motivo para fazer o social; fé é particular, de cada um, e não
há a necessidade de dividir e exibi-la para mostrar aos
outros. Ir a cultos religiosos e rezar é algo saudável, mas
tentar mudar a concepção do outro e não respeitar as
escolhas dentro da esfera de convivência e fora desta não é.
A religião, nos ensinamentos mais diferentes,
deveria ser usada para mobilizar e unir as pessoas, não para
separá-las e criar ódio entre elas. Os seres humanos têm de
se acostumar às diferentes concepções de vida e aos
diferentes costumes, aprendendo a tolerar o que não
gostam de modo respeitoso. A religião não deve ser um
motivo para brigas e agressões, e sim um motivo para que
cada um, individualmente, tenha a sua fé, para escapar da
rotina cansativa e da tensão. E não ser outro motivo para
outra Guerra e para a construção de outro muro, mesmo
invisível.
A construção de muros invisíveispor Muriel Waksman
27
Matéria Reflexiva ( MATÉRIA REFLEXIVA )
stava esperando para atravessar a rua. Ao meu
lado, uma mulher observava um homem do Eoutro lado. Ele também olhava para ela. Pensei
que eles talvez se conhecessem, mas nem um nem
o u t r o a c e n o u o u f e z q u a l q u e r s i n a l d e
reconhecimento. Não, eles não se conheciam, estavam
apenas convidando um ao outro para se aproximar.
Quando o sinal fechou, e eu e a mulher
desconhecida começamos a atravessar a rua, fiquei na
expectativa, esperando que alguma coisa acontecesse.
Fomos nos aproximando do centro da rua e do homem
desconhecido, que continuava olhando em nossa
direção. Eles passaram tão perto um do outro que, por
um instante, pensei que pudesse ter perdido alguma
coisa. Não. Nenhum dos dois fez absolutamente nada.
Em silêncio, continuaram caminhando em direções
opostas.
Eu parei quando alcancei a
c a l ç a d a . A d e s c o n h e c i d a m e
ultrapassou e fiquei observando as
suas costas enquanto ela partia. Virei
para ver se o desconhecido ainda
estava por ali. De novo, tudo o que
pude ver foram suas costas enquanto
ele se afastava. Porém, quando eu já
estava pronta para esquecer e
continuar o meu caminho, ele olhou
para trás. E, com aquele último olhar,
pareceu me pedir desculpas. Desculpas pela
decepção, desculpas pela sua falta de compromisso
com o espetáculo, desculpas por ele não ter se
arriscado. Desculpas pelo que ele tinha deixado de
fazer acontecer.
Fiquei pensando no que tinha acontecido. Ou
melhor, não acontecido. Pensei também que eu
poderia estar enlouquecendo, imaginando coisas. É
possível, mas, naquele momento na calçada eu
acreditei completamente na minha interpretação dos
fatos. Logo, o que aconteceu, em algum grau, será
sempre verdade para mim.
Dizem que o mundo vem diminuindo.
Globalização. Palavra grande. Palavra gasta. Fria. Não
sei. Tudo pode estar mais rápido, o mundo mais
acelerado, mas o caminho a percorrer, os espaços
vazios, esses não diminuíram. Pelo contrário, eles
parecem aumentar a cada dia, a cada hora, a cada
minuto. As relações se tornam relações de
custo/benefício, e ninguém arrisca acreditar.
As informações chegam em maior volume,
com maior velocidade, só que, em contrapartida, as
competições ficam cada vez mais acirradas, o jogo
cada vez mais frio. Ninguém quer arriscar se
comprometer. Ninguém quer ser responsável por
nada. Afinal, por que alguém escolheria assumir
alguma responsabilidade, algum compromisso,
quando a estratégia “racional” dominante é a do não
arriscar?
E, não arriscando, nos mantemos afastados.
Nos mantemos a uma distância segura de todo o tipo
de compromisso e dos riscos de nos expormos demais.
Afastados, temos o controle. Ou achamos que temos.
Deixar-se envolver é arriscado demais. É um
compromisso, um voto de confiança
no outro, porque o nosso “lucro” passa
a depender de colaboração, de
c o n f i a n ç a . E s s a a b e r t u r a ,
simplesmente, não vale a pena.
Batemos a porta na cara de quem tenta
invadir nosso “espaço seguro”.
O casal de desconhecidos não quis
arriscar. O que poderia ter acontecido?
Talvez nada, mas eles nunca terão
certeza do que deixaram de ganhar. A
racionalidade econômica que tomou
conta do mundo somada a uma lógica
individualista, parece estar, para continuar na mesma
língua, destruindo mais valor do que gerando. Afinal,
a política do cada um por si acaba virando a política do
“pelo menos”. Para quê o trabalho, o esforço, o risco de
tentar se podemos não fazer nada. Não fazer nada e
manter o “mínimo” satisfatório. Nos agarramos ao
pequeno porque temos medo de acreditar que o
grande existe. Pior, morremos de medo de sermos os
primeiros a arriscar acreditar.
Eu tenho mais medo é dessa tendência a
desistir antes mesmo de tentar. Eu tenho mais medo
desse não acreditar. Porém, do que eu mais tenho
medo mesmo é desse “quê” que ainda me faz querer
virar as costas, sacudir os ombros, e ir embora. Esse
“quê” indefinido que resiste. Esse “quê” que me faz
querer manter minha distância segura e observar
vocês de onde vocês não possam me ver.
A distância entre nóspor Roberta Guerra Abdalla
Ninguém quer
arriscar se
comprometer.
Ninguém quer ser
responsável por
nada.
Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
28 GAZETA VARGAS
vida passa depressa... agora, esses 4 anos de
faculdade passaram rápido demais. Em
vários sentidos, quem consegue formar Aamizades tão sólidas quanto as dos tempos de colégio
tem mesmo muita sorte. Para mim foram algumas, que
guardo como família. Mas faculdade é diferente não só
porque temos menos tempo para conhecer as pessoas
com as quais vamos conviver, por vezes vindas de
trajetórias completamente diferentes, mas porque nós
estamos também diferentes dos tempos de colégio.
Mais preocupados com o que vai ser a carreira, com
quais contatos precisamos fazer para ampliar as
chances de um ótimo emprego, com quais atividades
devemos nos envolver para acrescentar mais linhas a
um currículo que nos venda bem. A partir do final do
segundo ano, já estão todos procurando estágio em
Economia e Direito temos um ano a mais de
'convivência forçada'; o ritmo mais intenso de estudos,
por outro lado, tenta evitar os bares, baladas e
churrascos durante a semana... sinto que com mais
sucesso na EDESP do que na EESP, mas queria ler na
próxima edição o que um aluno do Direito pensa sobre
isso...
Enfim, acho que essa mentalidade que nos
corrompe a inocência dos pequenos prazeres da vida
não posso me conformar com alguém de 19 anos já
trabalhando num ritmo tão intenso quanto vai ser o
resto de sua vida, em detrimento de apreender nessa
fase única o espírito das coisas que realmente valem a
pena, pelas quais devemos realmente investir o nosso
suor aliena muitos do que é de fato viver a faculdade.
Não estou falando só de passar tempo no DA, se
divertir com os amigos tomando cerveja no primeiro
andar ou jogar o campeonato de pebolas. Mais
especificamente, tenho em mente fazer alguma coisa
significativa nesse microcosmos que é a GV, um esboço
de mundo real.
Há trabalhos maravilhosos como o Conexão
Social, ou as viagens do Conexão Local, que
proporcionam experiências maravilhosas para os que
recebem os frutos dos esforços do projeto bem como
para aqueles que são responsáveis por eles. Não tive
oportunidade de tomar parte nesses universos... meus
'tempos de ouro' na GV tem mais a ver com Diretório
Acadêmico e Gazeta Vargas. Foi nessas entidades que
aprendi de verdade a amar a minha faculdade, tanto a
ponto de fazer sacrifícios por ela, se arriscar, sentir a
emoção de aguardar a estréia de um novo projeto ou a
chegada de uma nova edição. Na Gazeta,
principalmente, trabalhei para dar voz ao que muitas
vezes se queria silenciado. Lutamos para que a GV
melhorasse a infra-estrutura num contexto de corpo
discente em expansão, para que os alunos das novas
escolas pudessem participar em iguais condições das
entidades estudantis, para que os alunos tivessem voz
nas decisões sobre o curso que um dia vai constar em
seu diploma na parede. Se de nem todos esses combates
saímos ilesos, cada um valeu a pena.
Foram nesses espaços que solidifiquei as
amizades mais marcantes que colecionei nesse meu
curto tempo na GV. Estávamos unidos por um ideal
comum. Nos tempos de hoje, engajar-se, dedicar
energias a causas como a liberdade, por exemplo, é
muito menos trivial. Em momentos importantes
durante a ditadura militar os protestos estavam nas
ruas; havia o medo da repressão formal do Estado. Hoje
a motivação é menos clara e o medo, mais sutilmente
alimentado. Medo, sobretudo, de contrariar as
convenções, mais ainda, as pressões para que você se
forme logo, arranje um bom emprego, ganhe muito
dinheiro, se aposente cedo e depois aproveite um
pouco se conseguir se desvencilhar da ganância que a
exposição prolongada a muito dinheiro incute.
Mas você devia querer uma vida significativa.
Fazemos muitas concessões para que no futuro
possamos ter uma nesga de felicidade. Mas “a vida é o
que acontece enquanto estamos ocupados fazendo
outros planos”, como dizia John Lennon. E você pode
ser feliz agora: faça muitos amigos, passe tempo com
eles eles vão te fazer falta -, dedique seu tempo a causas
que valham a pena. Faça parte de alguma coisa.
Detesto livros de auto-ajuda; te dizem para
convencer-se estar contente ou sentir-se seguro mesmo
se no seu interior está acontecendo algo radicalmente
distinto. O que estou querendo dizer é um pouco
diferente. E conselho de quem não se arrepende das
coisas que fez, mas sente falta de ter feito um pouco
mais.
Adeus GV...
Espaço Aberto
Guilherme LichandEx-aluno da Escola de Economia de São Paulo
Ex-Editor-Chefe da Gazeta [email protected]
29Edição 72 * 10 de fevereiro de 2008
DIVERSÃO: HUMOR por Marcio Noguchi
Meus caros,
Após quase 3 anos de participação na Gazeta Vargas e a formatura em vista (não à vista), minha participação nesta não-
engraçada e não-popular e não-crítica coluna chega ao fim. Foram milhares de cartas ao longo das colunas, com sugestões,
currículums, fotos de biquíni, Anthrax e demais anexos.
Ao final do primeiro ano, dado o gigantesco sucesso que a coluna alcançava, fomos proibidos de almoçar no Getulinho.
Toda vez que lá comíamos, a receita do restaurante despencava 50%. E após a piada do PF, em uma das primeiras edições, não
podíamos escolher esse prato que tem a cara da cidade de São Paulo.
Ao final do segundo ano, meu fiel escudeiro Bozo descobriu que preferia as criancinhas e abandonou esta gloriosa coluna.
Segundo Bozo, sua família e ele queriam viver novamente sem ameaças de morte.
Ao final do terceiro ano, o Curíntia foi rebaixado e todas as demais piadas não se comparavam a esta pérola que havia acabado de
acontecer. Ainda, as pessoas não se importavam com mais nada a não ser em imitar o Capitão Nascimento e a dar importância
novamente ao funk.
A grande vantagem de escrever uma coluna de humor é a praticidade. Os fatos mais bizarros são dados de mão beijada,
coube a nós somente transcrevê-los para cá. Afinal, a vida é uma piada.
É com essas palavras em tom de Filosofia I e Nostalgia VIII que chega ao fim esta coluna, para alegria geral da nação gvniana.
E estamos comemorando a entrada de 2008!!!! Mas se depender de alguns professores, com as mesmas matérias de 2007.
Não, não faremos mais piadas sobre um tal rebaixamento que ocorreu. Mostraremos somente, em primeira mão, as novas regras da
Série B do Brasileiro.
- As equipes que não possuem refletores em seus estádios deverão ter seus jogos realizados à tarde.
- Os estádios com capacidade inferior a 1000 lugares deverão iniciar a venda dos ingressos 1 hora antes do início das partidas.
- Cada equipe deverá apresentar os seus jogadores pelo menos com a camiseta da mesma cor, caso contrário o time da casa deverá
tirar a camisa para não confundir o juiz.
- Se um jogador for expulso, ele tem que esperar 15min ou até a outra equipe fazer um gol para entrar em campo.
- Quando a bola sair do campo, o jogador que provocou a saída deverá ser o gandula pra buscar a bola.
- Bola de capotão com remendo só será permitida se o remendo for feito com linha de náilon 0.60 do tipo utilizado para pesca de
bagres e mandis.
- Quando forem expulsos mais que 2 jogadores de cada time, o campo tem que ser reduzido fazendo goleirinhas com chinelo.
- Se um time começar a ser pressionado e a equipe adversária chuta muito forte, seu goleiro pode botar havaianas nas mãos para não
doer.
- Se mais da metade do time estiver de pés descalços, os outros jogadores têm que tirar a chuteira ou o time pode pedir tempo para ir
no supermercado comprar KICHUTE pros jogadores descalços.
- Caso um time estiver jogando muito mal, um jogador da outra equipe poderá trocar de time para emparelhar a partida.
Diálogo com alguém da Atlética no Economíadas:
“- Estamos sem tenda no Economíadas porque ela está alagada.
- Mas nossa tenda é em um campo de futebol ABERTO.
- Sim, mas a água está até o joelho.
- Mas nossa tenda é em um campo de futebol ABERTO com GRADES pelos lados.
- Sim, mas todas as outras faculdades estão alagadas também.
- Entendi. E porque nosso alojas é uma m****?”
Comentário 1: Fontes internas confiáveis nos disseram que a nossa tenda alagou, caiu na Dutra e foi só parar em São Paulo.
Comentário 2: Alvará para que? E alojas bom dois anos seguidos para que?
“Arerêêêê... o Neto vai narrar a série B.”
Vocês sabiam porque o Viagra não é preto? Porque senão demoraria um ano para subir.
Atenção: o conteúdo desta coluna é fraco. Assim como o Brasil, nossa inspiração só funciona depois do Carnaval.
Frases de Defeito
Afundação Getulio Vargas
30 GAZETA VARGAS
Crônica
O estudante divididopor Diogo Bardal
“Suponhamos que, por uma concessão dos ricos, os dezoito
pence que um homem ganha hoje fossem aumentados para
cinco shillings. Poder-se-ia imaginar, talvez, que eles,
então, poderiam viver com conforto e comer carne todos os
dias, no jantar. Mas esta seria uma conclusão inteiramente
falsa... O salário de cinco shillings por dia, em vez de dezoito
pence, faria com que todos se julgassem relativamente ricos
e capazes de passar muitas horas ou dias sem trabalhar. Isto
se reflitiria de modo imediato e sensível na produção
industrial e, em pouco tempo, não só a nação estaria mais
pobre, como também as classes mais baixas estariam
sofrendo muito mais do que quando não recebiam apenas
dezoito pence por dia”
aluno não acreditava no que estava lendo.
Estava indignado. Virava Oas páginas de “Principles
of Political Economy”, do bom e
velho Malthus. Pensava consigo:
“Ora, mas o que garantiria que os
pobres fossem de fato trabalhar
menos? Não é possível se fazer esse
raciocínio sem a aplicação de um
pressuposto acerca da moralidade
do indivíduo.” Pensava dessa
maneira porque sabia que,
segundo Malthus, a pobreza
degenerava moralmente o indivíduo, e era também,
natural. Tinha, então, a sua disposição um arsenal
teórico de vários anos estudados em escolas
construtivistas. Tivera lá seus professores marxistas,
um pouco hippies. Tivera lá suas discussões com seus
amigos de “consciência social”, nos botecos na Vila
Madalena. Poderia refutar a argumentação de
Malthus num piscar de olhos, apresentando a terrível
situação da classe operária no século XIX,
marginalizada, de músculos atrofiados pela falta de
alimentação. Poderia até dizer que os aumentos de
salários reais, que ocorreram no século XX, não
fizeram os operários trabalhar menos. Saiu contente,
pois derrotara Malthus.
Num outro dia, já na faculdade, participava
de uma aula, em que se discutia os mecanismos de
distribuição de renda: o imposto negativo, o bolsa-
família, bolsa-escola. Ouviu seu professor
comentando o absurdo que eram esses programas
paleativos, assistencialistas, que eram, de acordo com
a lógica econômica, um desestímulo ao trabalho.
Ficou mais uma vez indginado - Isto tinha aprendido
bem, que não se podia ficar sem se indignar com as
coisas. Lembrou da empregada de seu amigo, que
depois que começou a receber o bolsa-família, passou
a ir só às segundas, quartas e sextas trabalhar.
Um outro problema que vira no programa,
era que as famílias ganhavam um benefício adicional
caso tivessem mais filhos. Pensou “outro absurdo!”
“O governo está incentivando o aumento da
natalidade”. “Uma família que siga a lógica
econômica irá maximizar o número de filhos e assim
maximizaria a sua renda. E a lógica econômica, é
econômica, e justamente por isso
não esconde uma pressuposição
sobre a moral dos indivíduos.
Pensou naquele momento que os
programas socia is , embora
tivessem um objetivo nobre,
produziam um efeito perverso.
Mas depois , andando
sozinho de volta para casa, fez as
c o n t a s : “ p e r v e r s i d a d e d a
redistribuição de renda, controle
de natalidade, pobreza como uma
característica instrínseca das sociedades”. Exclamou
assustado: “Sou Malthus!”. Mal sabia ele que isso não
era tão ruim. Malthus teve seus bons e maus
momentos. Malthus ora ganhava de Ricardo, ora
perdia.
Confuso, voltou àquele trecho que lera já há
algum tempo. Era um conflito profundo, seus
pensamentos estavam dando um nó. Ali, naquele
livro do século XIX, o argumento lhe parecia ruim.
Mas o mesmo argumento, dito de outro modo lhe
parecia até razoável. Será que os argumentos mudam,
afinal, ou sempre foram os mesmos, assim como as
maneiras de refutá-los?
A verdade era mais complicada do que tinha
imaginado, ou talvez ela nem existisse de fato. Era o
peso da retórica. O ato de tomar partido vinha antes
do de se estruturar o conhecimento, mas o que se
poderia fazer contra isso? Estava dividido.
Pensou naquele
momento que os
programas sociais,
embora tivessem um
objetivo nobre,
produziam um efeito
perverso.