Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis -...

16
Concerto no Grand Rex com lotação esgotada Ana Moura encantou Paris Programa ‘Regressar’ foi apresentado em Champigny e Gentilly 04 Lyon: Homenagem a Amália Rodrigues nos palcos de Saint Priest 10 Cap Magellan promove ensino superior português no Salon de l’Étudiant 05 Secretária de Estado Berta Nunes visitou Pontault-Combault Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 Hebdomadaire Franco-Portugais GRATUIT EDITION FRANCE Dyam / Rui Manuel Teixeira Antunes 03 11 PUB PUB Festival “Lusotopia” levou a lusofonia até Crosne (91) 13 Gulbenkian de Paris mudou de instalações e inicia nova era 07

Transcript of Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis -...

Page 1: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

Concerto no Grand Rex com lotação esgotada

Ana Mouraencantou Paris

Programa ‘Regressar’ foiapresentado emChampigny e Gentilly

04

Lyon: Homenagem aAmália Rodrigues nospalcos de Saint Priest

10

Cap Magellan promove ensino superior portuguêsno Salon de l’Étudiant

05

Secretária de EstadoBerta Nunes visitouPontault-Combault

Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 Hebdomadaire Franco-Portugais

GRATUITEDITION FRANCE

Dya

m /

Rui

Man

uel T

eixe

ira

Ant

unes

03

11

PUB

PUB

Festival “Lusotopia”levou a lusofonia atéCrosne (91)

13

Gulbenkian de Parismudou de instalações e inicia nova era

07

Page 2: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL02 OPINIÃO

PERGUNTADO LEITOR

Caro Diretor,[…] Leio sempre o LusoJornal esigo o vosso trabalho desde quecheguei a França. Nunca pensei virencontrar em França um jornalcomo o vosso, bem feito. Mas umacoisa deixa-me perplexo: não leionotícias sobre assuntos da atuali-dade, como por exemplo o caso daempresária angolana Isabel dosSantos que vai ter de responderpor corrupção e desvio indevido dedinheiro do Estado. […] Porque nãofalam nisso no LusoJornal? […]

Carlos Simões(Joué-les-Tours)

Caro leitor,Obrigado pela sua mensagem epor ser um fiel leitor do LusoJornal.Falando entre nós, que ninguémnos ouve, o que é que o LusoJornalvai trazer de novo ao que já foi ditopela imprensa portuguesa (e atéfrancesa) sobre o “caso” Isabel dosSantos?Não acha que é mais importantedar notícias sobre a Comunidadeportuguesa de França, que nãoconsegue encontrar em mais ne-nhum outro jornal português?Vivemos num mundo globalizado,em que sabemos quantos Chine-ses estão contaminados com o Co-ronavírus, sabemos quantos tirosforam trocados entre Israel e a Pa-lestina, mas não sabemos o que sepassa na nossa rua.Como somos uma pequena equipa- demasiado pequena para os ob-jetivos que temos - preferimosconcentrar os nossos esforços na-quilo que nos parece ser essencial:falar das Comunidades lusófonasde França e da relação entre asFrança e os diferentes países lusó-fonos.E como o “caso” Isabel dos Santostem ligações com a França, quemsabe se um dia falaremos dessecaso…Obrigado.

Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal

Envie as suas perguntas para: [email protected]

05 février 2020

LusoJornal. Le seul journal franco-portugais d’information | Édité par CCIFP Editions SAS. N°siret: 52538833600014 | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, AntónioMarrucho, Carla Lobão, Céline Pires, Clara Teixeira, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Fátima Sampaio, Gracianne Bancon, Inês Vaz (Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), José Paiva(Mónaco), Lia Gomes, Manuel André (Albi), Manuel Martins, Manuel do Nascimento, Marco Martins, Mário Cantarinha, Nuno Gomes Garcia, Padre Carlos Caetano, Patrícia Guerreiro(Lyon), Rui Ribeiro Barata (Strasbourg), Vítor Santos | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa | Photos: António Borga,Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: février 2020 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

Entre 60.000 a 80.000 refugiados doregime nazi, maioritariamente judeus,terão sido salvos pela intervenção deDiplomatas portugueses durante operíodo da II Guerra Mundial, estimoua historiadora Irene Flunser Pimentelem entrevista à Lusa.Além de Aristides Sousa Mendes, oCônsul de Portugal em Bordeaux, queem julho de 1940 desobedeceu às or-dens do Chefe do Governo, OliveiraSalazar, concedendo milhares de vis-tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento dejudeus e outros refugiados em dife-rentes momentos, entre os anos 30do século XX e o final da guerra, em1945.“Há vários diplomatas que escrevemao Ministério dos Negócios Estrangei-ros, cujo Ministro é o próprio Salazar,dizendo que não podiam dizer a pa-lavra ‘não’”, contou a historiadora,com vários livros editados sobre esteperíodo, entre os quais “Salazar, Por-tugal e o Holocausto”, (em coautoriacom Cláudia Ninhos).Um dos casos esquecidos, frisou, é ode José Augusto Magalhães, Ministroplenipotenciário (Chefe de missão di-plomática) em Marseille: “Ele explicaporque não pode obedecer a umacircular e pede a demissão”.A circular em causa impedia os Côn-sules de concederem vistos a cida-dãos que estavam impedidos deregressarem livremente aos países deorigem, o que visava os judeus.“Houve vários tipos de atitudes”,explicou, recordando outro caso.Agenore Magno, italiano, Cônsulhonorário em Milão, que a partir de1938 concedeu vários vistos a ju-deus, já contra as leis da época, atéser afastado do cargo e impedidode passar mais vistos: “Mas fica agerir o Consulado em Milão”.Muitos outros diplomatas tentaramjustificar a sua ação e no caso deAgenore Magno era apoiado peloEmbaixador em Roma. O superiorhierárquico defendeu que o Cônsulpode ter concedido vistos contra asordens e as circulares da PVDE (Polí-cia política do Estado Novo anteces-sora da PIDE) e do Ministério dosNegócios Estrangeiros, mas fê-lo porrazões humanitárias.“Houve outros, sobretudo Cônsuleshonorários, porque normalmenteeram da nacionalidade dos paísesonde atuavam”, contou a especialistaem história contemporânea.Irene Pimentel recordou também oCônsul honorário em Hamburgo,judeu alemão, tal como outros queocupavam postos em Consulados umpouco por toda a Alemanha, e o papel

desempenhado por Veiga Simões,Ministro plenipotenciário em Berlimaté 1940. “Não é que ele desobedeça,ele dá muitos vistos e, sobretudo,tenta que o Ministério dos NegóciosEstrangeiros e Salazar seja maisaberto na concessão de vistos”, refe-riu.O Diplomata tentou convencer ochefe do Governo de que havia per-sonalidades que seriam muito impor-tantes para Portugal e pediu vistosnem que fosse apenas para um de-terminado grupo. “Havia uma sele-ção dos judeus a quem se davam osvistos, aliás, o que faziam todos osoutros países europeus, mesmo de-mocráticos, e os EUA”, assumiu ahistoriadora, Prémio Pessoa 2007.“Não entravam nesses países o des-graçado do alfaiate da aldeia polacados confins da Polónia, não! Erammédicos, juristas, artistas”, acrescen-tou.Os diplomatas atuaram num contextodesencadeado a partir de 1933,quando começam a chegar aos váriospaíses europeus refugiados quefogem da perseguição política e de“raça”, como o caso dos judeus, queassim eram considerados pelo re-gime nazi, uma “raça à parte” que es-tava na Alemanha.Começaram por ser retirados dasprofissões, da administração públicae depois das várias profissões libe-rais, das escolas, das universidades,

até que, em 1938 - ano chave na per-seguição anti-semita - a políticapassa a ser não só de perseguição anível interno, mas também de expul-são.Um visto para Portugal, ainda que deduração limitada (30 dias), assegu-rava que estavam salvos e podiamseguir viagem para África ou para asAméricas.Ao saírem, tinham um passaporte es-pecial, dizendo que não podiam re-gressar ao país de origem, deixandoa propriedade judaica nas mãos dosnazis, frisou historiadora.A política portuguesa passa tam-bém a ser de restringir a entrada nopaís a essas pessoas que não po-diam regressar ao seu país. “Por-tanto, permaneceriam em Portugale competiriam até com os Portu-gueses em certas profissões”, ob-servou, destacando a questão dosmédicos, muito em discussão na al-tura.Ainda assim, muitos refugiados en-tram em Portugal devido à posiçãodos vários Cônsules, sublinhou IrenePimentel.Em 2018, Portugal e Israel organiza-ram uma homenagem conjunta a trêsDiplomatas que se distinguiram nosalvamento de judeus, reconhecendoAristides Sousa Mendes, Cônsul-geralem Bordeaux, e Carlos Sampaio Gar-rido, Embaixador na Hungria, como“Justos entre as Nações”, e prestando

também tributo a Carlos TeixeiraBranquinho, encarregado de negó-cios em Budapeste.Se Aristides Sousa Mendes sofreu asconsequências de um processo dis-ciplinar, no caso dos dois diplomatasna Hungria já não houve desobediên-cia. Alegaram que os países neutrosestavam a conceder documentos quenão eram uma prova de nacionali-dade, mas que permitiam que as pes-soas pudessem salvar-se.“Aí Salazar acede por uma razãomuito simples, também já sabe paraonde é que vai o destino da guerra etem muitas pressões já dos EUA e deInglaterra, ainda por cima numa al-tura em que já tinha cedido a baseSanta Maria aos Aliados ocidentais”,explicou Irene Pimentel.Na semana passada realizou-se emJerusalém o 5º Fórum Mundial do Ho-locausto que teve como lema “Lem-brando o Holocausto, combatendo oantissemitismo” para assinalar o 75ºaniversário da libertação do campode concentração de Auschwitz.Discursaram os Presidentes de Israel,da Rússia, da França e da Alemanha,e o Príncipe Carlos, em representaçãodo Reino Unido, entre outros. O Pre-sidente da República de Portugal,Marcelo Rebelo de Sousa, participouno Fórum Mundial do Holocausto aconvite do seu homólogo israelita,Reuven Rivlin, com quem teve umareunião bilateral.

Por Ana Mendes Henriques, Lusa

Aristides de Sousa Mendes é o mais conhecido

https://lusojornal.com

Diplomatas portugueses salvaramentre 60.000 a 80.000 vidas durante a II Guerra Mundial

Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul de Bordeaux

Page 3: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL COMUNIDADE 03

Carlos Gonçalveseleito Presidente deSubcomissãono Conselho da Europa

O Depu-tado doPSD eleitopelo cír-culo elei-toral daEuropa ,C a r l o sGonçal-ves, foi

eleito esta semana, pelos seuspares, para o cargo de Presidenteda Subcomissão da Educação, daJuventude e do Desporto da As-sembleia Parlamentar do Cinemaportuguês em competição no Fes-tival Primeiros Planos de AngersConselho da Europa (APCE). EstaSubcomissão faz parte da Comis-são de Cultura, Ciência, Educaçãoe Media da APCE.A Assembleia Parlamentar do Con-selho da Europa (APCE) reúne 324Parlamentares dos 47 Estados-membros. Tem a competência deeleger o Secretário-Geral, o Comis-sário dos Direitos do Homem e osJuízes do Tribunal Europeu dos Di-reitos do Homem. Ao mesmotempo, estabelece-se como umfórum democrático para debates,atua como observadora de pro-cessos eleitorais e as suas Comis-sões desempenham um papelimportante no exame das ques-tões da atualidade.

Criança lusodescendentefoi mortalmenteatropelada porum carro emRoissy-en-BrieUma criança lusodescendente dedois anos de idade foi esmagadapor uma viatura nas proximidadesde uma escola em Roissy-en-Briee faleceu.A mãe da criança foi levar a filha àescola, na sexta-feira passada, elevou também os dois gémeosmais novos.Um outro pai que também levouos filhos à escola “des Sapins”, fezmarcha atrás com uma viatura 4x4,estacionada em cima do passeio,sem se aperceber que a criançacom pouco mais de dois anos es-tava com uma bicicleta e atrope-lou-o, passando literalmente porcima da criança. A mãe do meninoestava a poucos metros, mas nãoteve tempo de acudir o filho. Ossocorristas ainda tentaram reani-mar a criança, mas em vão.A mãe da criança é um dos ele-mentos do Rancho folclórico por-tuguês de Pontault-Combault -cidade onde nasceu, apesar de re-sidir atualmente em Roissy-en-Brie - e levava frequentemente osdois gémeos aos ensaios.

A Secretária de Estado das Comuni-dades Portuguesas esteve no fim desemana passado em Pontault-Com-bault (77), onde visitou a AssociaçãoPortuguesa Cultural e Social (APCS)daquela cidade e onde foi recebidapelo Maire Gilles Bold.Pontault-Combault foi a primeira ci-dade a ter assinado um Protocolo decooperação com a Secretaria de Es-tado das Comunidades Portuguesase Berta Nunes quis encontrar os doisinterlocutores desse Protocolo: aautarquia e a associação portu-guesa local.“Este foi o primeiro Protocolo que aSecretaria de Estado assinou paradar apoio aos Portugueses queestão em situação de dificuldade,com um serviço de atendimento so-cial que tem lugar na sede da asso-ciação portuguesa” explica BertaNunes ao LusoJornal. “Constatei queesse atendimento se tem reveladomuito importante para os Portugue-ses porque continuam a chegar aquiPortugueses por vezes sem contrato,que se encontram depois em situa-ções difíceis, dificuldades de con-tacto com a Administração francesa,por vezes não sabem interpretarbem o que lhes é pedido… Esteatendimento é tão importante queneste momento não serve apenasPontault-Combault, mas serve tam-bém outras localidades aqui àvolta”.Berta Nunes diz que veio a Pontault-Combault porque “queríamos ava-liar” como está a funcionar oProtocolo. “A nossa avaliação é bas-tante positiva e vamos daqui moti-

vados para poder fazer este tipo deProtocolo com outras Câmaras mu-nicipais e assim apoiar melhor osPortuguesas”.Gilles Bord foi acolher a Secretáriade Estado à sede da APCS e depoisrecebeu-a na Mairie onde estavahasteada a bandeira portuguesa. Acidade tem cerca de 38.000 habitan-tes e o Maire diz que 15 a 20% da po-pulação é portuguesa ou temorigem portuguesa. Cipriano Rodri-gues, o Presidente da APCS fala em13.000 a 14.000 Portugueses. “Estána ADN da cidade e é uma das com-ponentes mais importantes de Pon-tault-Combault.Gilles Bord está casado com umaPortuguesa, Elisabete Antunes, econsidera-se “grande amigo e admi-rador” de Portugal.Numa reunião com a Secretária deEstado, Gilles Bord evocou tambéma geminação entre Pontault-Com-bault e Caminha - a primeira gemi-

nação entre localidades dos doispaíses. Foi estabelecida em 1977 eassinada oficialmente em 1978.“A Geminação funciona bem. A ami-zade entre os povos está provadaentre a França e Portugal” diz GillesBord, anunciando as áreas que têmestado mais ativas: desporto, culturae ensino. “Temos de evoluir agorapara os intercâmbios económicos,para que as economias portuguesae francesa possam beneficiar das ri-quezas de cada um” disse ao Luso-Jornal.Já Cipriano Rodrigues, o Presidenteda Associação é mais crítico e con-sidera que “as relações neste mo-mento são mínimas”.“A Câmara de Caminha vê-nos du-rante a Festa Franco-Portuguesa, oSenhor Presidente da Câmara, Mi-guel Alves, vem cá, fala para 30 milpessoas, mas depois durante o anotem tendência para nos esquecer. Eé pena porque há muitos projetos

que nós podíamos fazer em comum.Entre a associação, a cidade de Ca-minha e a cidade de Pontault-Com-bault”.Gilles Bord pediu apoio à Secretáriade Estado para que sejam desenvol-vidas mais ações económicas entrePontault-Combault (e as autarquiasda região) e Portugal.“Tenho verificado que cada vez maisas geminações não se limitam ape-nas aos intercâmbios culturais edesportivos, mas desenvolvemtambém cada vez mais a compo-nente económica, até porque asCâmaras em Portugal estão maissensibilizadas para isso e as Comu-nidades intermunicipais têm maiscompetências nestas áreas, sobre-tudo porque as Câmaras pequenastêm mais dificuldades em contrairinvestimento” explica Berta Nunesao LusoJornal ao mesmo tempoque constatava que “aqui esta parteeconómica ainda não está muitodesenvolvida”.“O Maire está muito interessado quefaçamos essa ponte mais econó-mica e nós também estamos inte-ressados porque a nossa Secretariade Estado e a Secretaria de Estadoda Valorização do Interior estamos apreparar o Plano nacional de atra-ção dos investimentos da diásporaque tem exatamente este objetivode trabalhar pequenos, médios eaté micro investimentos de emi-grantes em Portugal, de empresasportuguesas que possam vir aquitrabalhar, internacionalizar os pro-dutos portugueses, e por isso estaparte económica é muito impor-tante para nós” explicou BertaNunes.

Por Carlos Pereira

Para avaliar o Protocolo entre a SECP e aquela cidade

Associação de Pontault-Combault queroficialização do ensino de portuguêsA Secretária de Estado das Comuni-dades Portuguesas, Berta Nunes, vi-sitou a Associação PortuguesaCultural e Social de Pontault-Com-bault (APCS), onde também fun-ciona o Instituto Lusófono.“A principal atividade da associaçãoé o ensino de Português e a ativi-dade mais visível é a Festa Franco-Portuguesa” explica Cipriano Rodri-gues ao LusoJornal. “Mas tambémtemos um grupo coral, um grupo deteatro e fazemos outras ativida-des”.A associação tem 183 alunos inscri-tos, 40 dos quais são adultos.“Temos alunos que aprendem por-tuguês língua estrangeira e tam-bém temos um pequeno grupo dealunos que vieram recentementede Portugal, e que estão a aprendero francês como língua estrangeira”explica Débora Arruda Cabral, a Pro-fessora responsável pelos cursos deportuguês. “Temos alunos desde os4 anos até aos 18 anos. Temos 4 gru-pos de crianças pequenos e tem-severificado um aumento nesse nívele uma diminuição nos mais velhos”.“Vi uma organização importante doponto de vista do ensino da língua

portuguesa” confirmou Berta Nunesao LusoJornal. Aliás, uma das quatroprofessoras do Instituto Lusófono édestacada pelo Instituto Camões.Mas os dirigentes da associação la-mentam que “todo o nosso ensinonão é reconhecido oficialmente,nem os professores, pelo Estadoportuguês. Os pais põem aqui os fi-lhos a estudar, têm de pagar asaulas e o nosso ensino não é reco-nhecido porque não há um di-ploma” argumenta Débora ArrudaCabral.

Cipriano Rodrigues explica que ospais já pagam as aulas de Português,cujo valor ascende a 300 euros porano, e depois, se quiserem ter umdiploma, têm de pagar mais 100euros ao Instituto Camões. “Pedimoso fim da Propina e o reconheci-mento do nosso ensino”.“O que nos foi pedido é que o Insti-tuto Camões possa ajudar a pagaros outros professores, incluindotodos os alunos no sistema de en-sino reconhecido pelo Camões, oque poderá ser bastante importante

para manter a atratividade desteensino” resume Berta Nunes.Durante a visita às instalações daassociação - uma antiga escola ce-dida à associação pela Mairie - BertaNunes esteve acompanhada peloPresidente Cipriano Rodrigues, peloFundador da associação, Mário Cas-tilho, e por Philippe Martins.“Tenho a sorte de ter esta associa-ção aqui na cidade” confirma oMaire Gilles Bold. “Somos uma ci-dade rica pela diversidade cultural,e a cultura lusófona é importanteem Pontault-Combault. As suas raí-zes são nobres, merecem ser culti-vadas e transmitidas aos maisnovos” confirma o Maire que é can-didato à sua própria sucessão.“A relação com a Mairie é estu-penda. Foi assim desde que a asso-ciação foi criada. Teve altos e baixos,como todas as associações, mas aMairie esteve sempre ao nosso lado,tem-nos ajudado muito. Foi tambémgraças à Mairie que nós crescemose somos o que somos hoje” con-firma Cipriano Rodrigues.Berta Nunes prometeu voltar a Pon-tault-Combault, provavelmente paraa 45ª edição da Festa Franco-Portu-guesa, no fim de semana da Pente-costes.

Por Carlos Pereira

05 février 2020

Berta Nunes visitou Pontault-Combault

LJ / Carlos Pereira

Philippe Martins

Page 4: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL04 COMUNIDADE

Gabinete deApoio ao Emigrante emMontalegre vaipassar a termais valênciasA Câmara Municipal de Montalegreanunciou na semana passada quevai assinar um Protocolo, “em dataa designar”, para passar o Gabi-nete de Apoio ao Emigrante (GAE)a um Gabinete de segunda gera-ção. O Protocolo vai ser assinadoem fevereiro, na presença da Se-cretária de Estado das Comunida-des Portuguesas, Berta Nunes.“O município de Montalegre estáempenhado em atrair, apoiar e fa-cilitar o micro e pequeno investi-mento, com origem nas Comuni-dades portuguesas e lusodescen-dentes e, ainda, acompanhar pro-jetos em curso ou, em perspetiva,estimular e orientar as iniciativasde internacionalização de empre-sas de base regional sediadas emBarroso” diz uma nota enviada àsredações.O Gabinete de Apoio ao Emigrante(GAE) de Montalegre será objetode introdução de novas valências,“estimulando a vocação para aabordagem empresarial e econó-mica”.Este Gabinete de Apoio ao Emi-grante, designado de 2ª geração,atuará em estreita articulação como Gabinete de Apoio ao Investidorda Diáspora (GAID). “Esta estruturafunciona em coordenação com arede diplomática e consular, assu-mindo a qualidade de eixo funcio-nal e interativo entre os agenteseconómicos e representativos doassociativismo empresarial daDiáspora, o tecido empresarial na-cional e as entidades e os organis-mos do Estado que, em função damatéria e tutelas, se integramneste ciclo de intervenção” diz anota da autarquia. “No mesmosentido, opera em rede com umnúmero crescente de municípiosnas vertentes do empreendedo-rismo e da promoção das poten-cialidades económicas locais e dodesenvolvimento regional”.

Consulado deStrasbourg vaicomeçar a fazerPermanênciasconsularesSegundo o Governo, o Programade Permanências Consulares vaicrescer 20% este ano, estandoprevistas 886 sessões. O Consu-lado Geral de Portugal em Stras-bourg vai realizar novas Perma-nências consulares.Segundo uma nota divulgada nasemana passada pelo Gabinete daSecretária de Estado das Comuni-dades Portuguesas, as Permanên-cias consulares vão ser realizadasatravés de 64 postos consularesque irão abranger 234 localidadesem todos os continentes.

Joaquim Moura, o responsável peloprograma Regressar, um programade apoio para os Portugueses emi-grantes que queiram regressar a Por-tugal, esteve em Paris este fim desemana para apresentar este incen-tivo à Comunidade portuguesa deFrança.No sábado teve uma sessão de es-clarecimento em Champigny, na Casade Portugal, onde aliás ocorrerampoucos Portugueses, mas no do-mingo, depois da missa, o salão daIgreja da Paróquia Portuguesa deGentilly encheu por completo paraouvir a apresentação do programa.Joaquim do Rosário, o Adido socialdo Consulado Geral de Portugal emParis, organizou estas duas sessões etambém esteve presente em Gentilly,explicando ao LusoJornal que o Con-sulado “tem recebido bastantes pe-didos de informação sobre esteprograma”.No fim da apresentação do programaem Gentilly, Joaquim Moura respon-deu às perguntas dos presentessobre as modalidades do “Regressar”e respondeu também às perguntasdo LusoJornal.

Quantos Portugueses este programapretende fazer regressar a Portugal?O grande objetivo é: “quantos mais,melhor”, porque a economia portu-guesa está a gerar emprego. Hoje emdia já não é possível, só com as pes-soas que vivem em Portugal, respon-der às necessidades do mercado detrabalho de alguns setores e por-tanto pensamos que, para além de

ser uma questão de justiça aquelesque saíram, se o entenderem, pode-rem regressar, também é muito im-portante que os emigrantes queassim o entenderem, regressem epossam ocupar esses postos de tra-balho.

O programa divide-se em três medi-das…O programa Regressar é só um, masengloba em si três medidas emble-máticas: uma medida de apoio fiscal,uma medida de apoio ao emprego(que é uma medida de mobilidadegeográfica) e uma medida de apoioao investimento, para aqueles quevão para montarem a sua própriaempresa e o seu negócio.

Qual é o incentivo em cada uma des-tas medidas?A medida fiscal, implica que a pessoaque regressa, durante 5 anos, vaipagar apenas metade do IRS. Na me-dida de apoio ao emprego, há umsubsídio para atenuar os custos datransição, isto é, um apoio às viagensde regresso, ao transporte de bens,

um apoio ao reconhecimento de ha-bilitações…

E no que diz respeito à medida de in-vestimento?Na medida de investimento, há umalinha de crédito que é operacionali-zada através de um conjunto de ban-cos com os quais foi protocolado umacordo em que, se a pessoa for a tí-tulo individual, pode ter um emprés-timo até meio milhão de euros, se forum outro tipo de empresa, pode iraté um milhão de euros.

E é possível acumular estas medi-das?Exatamente, é possível acumular.Uma pessoa que regressa para tra-balhar por conta de outrem, porexemplo, vai ter apoios ao empregoe vai ter apois fiscais, por isso é pos-sível acumular. No caso do investi-mento, se for para ter um negóciospor conta própria, por exemplo, e sefor abrangido pelo IRS, também vaiter apoio fiscal.

Há algum país prioritário para este

programa?Não, não há. É evidente que nos cen-tramos muito na Europa, ou porexemplo no Brasil, porque é daí queestamos a receber centenas ou mi-lhares de pedidos de informação etambém é daí que os que apresenta-ram as suas candidaturas regressa-ram, sobretudo da Inglaterra, Françae Suíça. Estes são os três países deonde há mais regressos na Europa.Fora da Europa, é do Brasil.

Já há muitos Portugueses que regres-saram ao abrigo do programa?Até este momento há cerca de 700candidaturas que englobam um uni-verso de cerca de 1.340 pessoas, con-tando com a família, mais de metadedessas candidaturas já estão aprova-das e as outras estão em análise.Para cinco meses, está a correr bem.

O programa dura até ao fim de 2020…Mas é quase de certeza absoluta quevai ser estendido. Até 2020 está ga-rantido, mas posso assegurar quepelo menos mais um ano vai ser es-tendido.

Por Carlos Pereira

Em Champigny e em Gentilly

Municipais em França podem ter mais de15.000 candidatos de origem portuguesaAs eleições municipais em Françaem março de 2020 podem ter umnúmero recorde de candidatos deorigem portuguesa, estimam asso-ciações, alertando, no entanto, quepara isso é preciso garantir as ins-crições nas listas até 07 de fevereiro.“Estamos a prever perto de 15 milcandidatos em 2020, foram perto de10 mil em 2014. E conseguimos al-cançar outra meta que é ter maiscandidatos a Maire”, disse PauloMarques, Presidente da associaçãoCívica e Maire-Adjoint de Aulnay-sous-Bois, em declarações à Lusa.Nas eleições municipais de 2014,foram eleitas cerca de 3.600 pessoasde origem portuguesa um pouco portoda a França, mas a Comunidadealerta para a necessidade de umamaior inscrição dos Portugueses noscadernos eleitorais de maneira a darpeso às exigências da Comunidadee também a mostrar às listas locaisque se estão a formar que é impor-tante ter candidatos de origem por-tuguesa.“Se o nosso peso não for mais con-creto e se não houver uma reaçãoda Comunidade, uma parte das de-cisões políticas e até a possibilidade

de ter mais candidatos portuguesesnas listas não vai acontecer. E per-demos mais seis anos”, alertou Her-mano Sanches Ruivo, Presidente daassociação Activa e Conselheiro De-legado de Paris.Tal como em todas as eleições mu-nicipais desde 2001, é possível aoscidadãos da União Europeia vota-rem nas eleições autárquicas emFrança que vão decorrer a 15 e 22 demarço de 2020 - bastando para issoinscreverem-se na Mairie mais pertoda sua casa.Informar sobre esta possibilidade éuma missão que as associaçõesportuguesas estão a levar a caboatravés de formas muito concretas.A Cívica, quase com 20 anos de ati-vidade em França, e que reúne oseleitos de origem portuguesa, temvindo a trabalhar nesta questão aocriar um Cartão de eleitor com infor-mações em português, mas quetambém já está traduzido para ou-tras Comunidades, como o polaco.Esta associação tem sido contactadapor vários eleitos em todo o paísque querem saber mais sobre a Co-munidade portuguesa existente noseu território, apoiando-se sobre

materiais de campanha em portu-guês disponibilizados pela Cívica.“A vertente da participação cívicae política é sobretudo focalizadana participação. Há cada vez maisfranceses de origem portuguesamais bem informados, mas faze-mos campanhas todo o ano parahaver uma forte mobilização”, indi-cou Paulo Marques.No entanto, e mesmo se as segun-das e terceiras gerações já estãomobilizadas e sendo automatica-mente inscritas nas listas por teremnacionalidade francesa, há aindafalta de participação de quem temapenas nacionalidade portuguesa.“Os números ainda não são bons ealgumas cidades são melhores doque outras. Agora só podemos ana-lisar isto de forma geral, quero queas autoridades portuguesas partici-pem na vitória, ou seja, um númerode Portugueses inscritos nas listasque seja consequente e não os 20%que podemos imaginar”, sublinhouHermano Sanches Ruivo, que atra-vés da Activa, associação que tam-bém reúne eleitos de origemportuguesa, marcou presença noSalon des Maires, que se realizou em

Paris no mês de novembro.Sem possibilidade de saber de cer-teza a percentagem de Portuguesesinscritos, Paulo Marques admite quena Comunidade há “esquecimento eafastamento”, uma tendência que asautoridades portuguesas em Françatambém querem mudar.“A participação a nível local é es-sencial para assegurar uma vastaparticipação da vida cívica das lo-calidades. A existência de 40 milempresários em França tambémdevia ser acompanhada por umnúmero crescente dos eleitos anível das autarquias”, disse AntónioMoniz, Cônsul Geral de Portugal emParis.Este esforço é também acompa-nhado pelas restantes associaçõesportuguesas. “Muitas vezes ouvimosas queixas da Comunidade que diznão ter voz. E aí eu respondo, calma,porque temos também as nossasresponsabilidades e temos de seratores importantes para que a nossavoz seja ouvida e cabe-nos a nósconstruir a Europa”, disse Marie-Hé-lène Euvrard, Presidente da Coorde-nação das Colectividades Portugue-sas de França (CCPF).

05 février 2020

Programa de apoio ao regresso foiapresentado na região de Paris

Page 5: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL ENSINO 05

A Secretária de Estado das Comunida-des Portuguesas, Berta Nunes, e o Se-cretário de Estado do Ensino Superior,João Sobrinho Teixeira, estiveram emParis para a inauguração do stand daassociação Cap Magellan, no Salon del’Étudiant. Este evento tem lugaranualmente no Parque de Exposiçõesde Paris Porte de Versailles.Também estiveram presentes o Em-baixador de Portugal em França, JorgeTorres Pereira, o Conselheiro de Parise cofundador da Cap Magellan, Her-mano Sanches Ruivo e a Coordena-dora do ensino português em França,Adelaide Cristóvão. O Instituto Politéc-nico de Bragança também marcoupresença no stand durante os trêsdias.“Portugal tem uma política bastanteativa de atração de estudantes estran-geiros para o nosso ensino superior”explicou Berta Nunes ao LusoJornal.Portugal tem uma cota de 7% de vagasdo ensino superior reservadas para osLusodescendentes, o que correspondea mais de 3.000 vagas mas no ano pas-sado só foram preenchidos cerca de400 lugares. “Quer dizer que ainda hámuito trabalho de divulgação parafazer” diz Berta Nunes.E é neste quadro que a associação CapMagellan em curso um programa depromoção do ensino superior portu-guês aqui em França. Durante a se-mana passada esteve com uma açãoem Bordeaux e em Lyon, antes destaoperação no Salon de l’Étudiant.

“Em 2018, dos cerca de 3.500 lugaresdisponíveis, apenas 248 foram ocupa-dos, isso motiva-nos para ir mais longena divulgação dessa cota” garante aoLusoJornal Luciana Gouveia.Em Bordeaux, a Cap Magellan teve umstand no Hall de entrada da universi-dade SchiencesPo Bordeaux e duranteo dia acolheu grupos de estudantes doliceu. “Foram organizadas visitas deestudo, preparadas pelos professoresdo liceu, que vieram a SciencesPo Bor-deaux ter connosco. Mais de 100 alu-nos de liceu visitaram-nos, o que ébom numa primeira iniciativa, apesarde haver também uma divulgaçãopelo Consulado Geral de Portugal emBordeaux” diz Luciana Gouveia. “EmLyon foi diferente porque era um diaem que os estudantes de liceu não ti-nham aulas, mas eles foram esponta-

neamente à Jornada Portas Abertas naUniversidade de Lyon II”.Depois desta presença no Salon del’Étudiant, em Paris, “ao longo do anovai haver mais 5 regiões contempla-das com deslocações da Cap Magel-lan e há também o objetivo de estarpresente no Salão “Partir étudier àl’étranger”, que acontece em novem-bro todos os anos, com 45 países efaz todo o sentido que Portugal es-teja representado.Alexandra da Rosa é estudante luso-descendente e foi fazer um Erasmusem Portugal. “O espírito universitárioem Portugal é completamente dife-rente do espírito universitário emFrança. Aliás, em França praticamentenão há espírito universitário e emPortugal temos a praxe, temos umambiente universitário muito mais

imersivo do que em França” conta aoLusoJornal. E acrescenta que “temosum ensino de qualidade, que é reco-nhecido internacionalmente e isso in-teressa a qualquer estudante quequeira um futuro próspero”.A Secretária de Estado das Comunida-des também concorda que “temos umbom sistema de ensino, universidadespúblicas e privadas, politécnicos, é ba-rato estudar em Portugal e tambémtemos bolsas de estudo e uma sériede outros apoios sociais no caso deestudantes portugueses carenciados.Os lusodescendentes têm direito atodos os apoios que têm os estudan-tes de Portugal, bolsas, residências,etc.” diz Berta Nunes ao LusoJornal.Para este evento, a Cap Magellanteve apoio da Direção dos AssuntosConsulares e Comunidades Portu-

guesas (DGACCP) e teve “apoio na fa-cilitação de contactos” por parte doSecretário de Estado do Ensino Su-perior. Por isso, Luciana Gouveia dizque “faz sentido os Secretários deEstado estarem connosco”,Berta Nunes confirma também quePortugal acolhe também cada vezmais estudantes estrangeiros. “OsFranceses ainda não são o grupo maisimportante, mas temos de muitos paí-ses, desde a China ao Brasil, de maisde 50 países, essencialmente África,Ásia e América”.A presença destes estudantes estran-geiros em Portugal “é importante, atéem consequência da demografia emPortugal porque nós temos uma so-ciedade envelhecida, com uma dimi-nuição dos nascimentos. O nossoensino superior está preparado parareceber mais alunos. Temos um sis-tema bem organizado e com capaci-dade para receber lusodescendentese alunos estrangeiros”.Berta Nunes considera que o Secre-tário de Estado do Ensino Superior“está bem sensibilizado para esta si-tuação”.João Sobrinho Teixeira foi Presidentedo Politécnico de Bragança, “que é oPolitécnico que tem mais nacionali-dades e mais alunos estrangeiros”diz Berta Nunes. “Eles têm já uma tra-dição de fazer uma procura ativa dealunos no estrangeiro e por isso,quando ele chegou à Secretaria deEstado, houve alteração da legislaçãoe uma outra política mais direcio-nada para os lusodescendentes”

Por Carlos Pereira

Berta Nunes e João Sobrinho Teixeira

05 février 2020

Portugal tem uma cota de 7% dosestudantes universitários reservadapara os Lusodescendentes. Mas du-rante muitos anos, não foi feita apromoção desta medida, pelo quepoucas destas vagas eram preenchi-das com alunos idos das Comunida-des.João Sobrinho Teixeira, o Secretáriode Estado do Ensino Superior deitoumãos à obra e decidiu inverter estatendência, fazendo ações no estran-geiro de promoção do ensino supe-rior português.De passagem por Paris, falou com oLusoJornal.

O número de lusodescendentescandidatos ao ensino superior por-tuguês tem aumentado no segui-mento das suas ações?No último ano aumentámos 42% e amaior parte dos novos estudantes éde França. A França é o país mais re-presentado. As nossas espectativasé que este número continue a au-mentar. O que pretendemos sobre-tudo é que os nossos estudantes, dePortugal ou de fora de Portugal,sejam pessoas qualificadas. Portu-gal está a fazer um esforço faraónico- e está a dar um exemplo de como

se pode fazer esse esforço com qua-lidade - para conseguir em tão pou-cos anos, aumentar a percentagemde jovens no ensino superior. Fechá-mos o ano letivo com uma coisa ini-maginável aqui há uns anos: 50%dos nossos jovens com 20 anosestão nos Politécnicos e nas Univer-sidades. E o nosso objetivo é chegara 60% até 2030. Portugal quer estarna linha da frente dos países quemais apostam na formação dosseus jovens e esta nossa perspetivanão é apenas para os Portuguesesque estão em Portugal, é para osPortugueses em geral, estejam emque país estiveram. Por isso onosso apelo é para que um Portu-guês em qualquer parte do mundo,

tem de ser um homem culto e qua-lificado. O nosso apelo é para queos lusodescendentes se qualifi-quem, no seu país de origem ou emPortugal.

Todos os estudantes do liceu podemconcorrer?Esta cota de 7% é reservada paraos lusodescendentes. Temos emPortugal dois sistemas de ensinosecundário: um que é o científico-humanístico e outro é a área doprofissional. Esta área do profissio-nal já representa 40% do ensinosecundário em Portugal, mas dessaárea do profissional, apenas 18%prosseguem para o superior. Esta-mos a fazer um trabalho muito fo-

cado nestes jovens do ensino pro-fissional e no próximo ano letivotudo indica que vamos realizar exa-mes para que esses alunos do pro-fissional possam seguir para osPolitécnicos e para as Universida-des. Até aqui eles tinham que sesubmeter a exames de matérias quenunca deram, porque havia apenasuma tipologia de exames e agora vaihaver exames apropriados paraessa própria realidade.

Isso também se aplica aos lusodes-cendentes?Sim, porque apercebi-me que háuma percentagem grande de luso-descendentes que estão nas viasprofissionais do ensino secundárioe que depois não tinham umaforma adequada para prosseguirestudos em Portugal. Com estenovo diploma, vamos ter cotas es-pecíficas, para que os estudantesdo ensino profissional possamtambém ingressar. Os exames po-derão ser feitos por multimédia, jáno próximo ano letivo, sem teremde ir a Portugal.

Esta cota de 7% aplica-se a todos oscursos, até aos que têm númerosclausulos como medicina?Sim, claro. Esta cota não é faculta-

tiva, é determinada pelo Ministro eé obrigatória para todos os cursos,desde a medicina, às engenharias,às ciências da educação… Se por-ventura esses 7% não for usado éque reverte para os estudantes dePortugal.

Para pedir equivalências, os estu-dantes ainda têm de passar por umaescola em Portugal?Os Lusodescendentes tinham efeti-vamente de se deslocar à escolasecundária de onde eram originá-rios, para pedirem a equivalênciado 12° ano. Por exemplo, um jovemlusodescendente da África do Sul,teria de se deslocar à escola se-cundária do Funchal para pediressa equivalência. Mudámos isso!Esse trabalho vai poder ser feitojunto dos Consulados. As pessoasentregam os documentos no Con-sulado, o Consulado valida emanda para a nossa Direção Geralda Educação que dá a equivalênciaao estudante. No próximo ano vaiser possível candidatarem-se aqualquer Politécnico ou a qualquerUniversidade portuguesa, em qual-quer área, a qualquer curso, semsair do país de origem, tudo numaforma eletrónica e usando meiosmultimédia.

Por Carlos Pereira

Cap Magellan

Cap Magellan

Secretário de Estado do Ensino Superior diz quequer mais lusodescendentes a estudar em Portugal

Dois Secretários de Estado na inauguração dostand da Cap Magellan no Salon de l’Étudiant

Page 6: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL06 ENSINO

Cabo Verde com novo processo de desalfandega-mento de pequenas encomendas

O Primeiro Ministro de Cabo Verde,Ulisses Correia e Silva, inaugurouna semana passada um novo pro-cesso de desalfandegamento depequenas mercadorias no país, uminvestimento de 272 mil euros em‘scanners’ para controlo com maisrapidez e segurança.Dois dos ‘scanners’ foram inaugu-rados no Armazém da Enapor (en-tidade portuária cabo-verdiana) naPraia, e segundo o Vice-PrimeiroMinistro e Ministro das Finanças,Olavo Correia, equipamentos idên-ticos serão instalados até marçoem todas as instâncias aduaneirasdo país.Para o Primeiro Ministro, o despa-cho aduaneiro de pequenas enco-mendas vai passar a ser mais ágil,mais transparente e mais seguro. “Éuma medida que complementaoutra que já foi adotada, para faci-litar o despacho aduaneiro de pe-quenas encomendas, particular-mente os emigrantes, e com umataxa única e com regime de fran-quia”, explicou Ulisses Correia eSilva.Com o decreto-lei de alteração aoregulamento do Código Aduaneiro,aprovado no ano passado, a avalia-ção das encomendas não dependeda pessoa que está na alfândega,mas sim de uma tabela fixa, dequatro mil escudos (36 euros), depagamento para mercadorias até100 quilogramas.O Chefe do Governo disse que opaís está a dar um “passo adicio-nal”, quanto mais não seja porqueas pequenas encomendas dosemigrantes representam uma“parte importante” da economia dopaís e da relação com os familiaresem Cabo Verde.Ulisses Correia e Silva afirmou queo novo procedimento não terá ne-cessariamente impacto nas recei-tas do Estado, uma vez que aspequenas encomendas represen-tam 0,1% das receitas aduaneiras.“A contrapartida é que facilita avida dos nossos emigrantes e dosfamiliares que recebem as enco-mendas”, afirmou o Chefe do Go-verno, para quem se vai acabarcom o “martírio” das famílias paralevantar as suas pequenas enco-mendas.Para o Diretor-geral das Alfândegasde Cabo Verde, João Vitorino Cor-reia, haverá uma “redução conside-rável” do tempo de espera dosutentes, bem como mais segu-rança no desembaraço e diminui-ção da burocracia associada.

O Instituto Politécnico de Bragança(IPB) vai virar-se para a captação dealunos nas Comunidades portugue-sas espalhadas pelo mundo comoanunciou na semana passada o Pre-sidente, Orlando Rodrigues, no ani-versário da instituição.O IPB comemorou 37 anos com umasessão em torno das diásporas lu-sófonas e lusodescendentes e con-vidou para fazer a tradicional Oraçãode Sapiência o Conselheiro de Paris,Hermano Sanches Ruivo, que foiapresentado como “o primeiro por-tuguês eleito para a Mairie de Paris”.O Presidente do Politécnico susten-tou que a escolha deste tema deve-se à estratégia que pretende seguirde captação de alunos lusodescen-dentes, apoiado em algumas altera-ções legislativas “que facilitarão avinda desses alunos”.“Estamos a incentivar essas altera-ções legislativas e aproveitá-las e,por outro lado, reforçar estas parce-rias com os nossos concidadãos es-palhados pelo mundo e muitosdeles com sucesso no mundo aca-démico”, explicou.Para o Presidente do IPB, esta po-derá ser também “uma forma dechamar de volta jovens, de procuraraproveitar esse potencial, seja en-quanto mão-de-obra qualificada,seja enquanto oferecer Portugalcomo uma alternativa para fazer es-tudos superiores”.“Nós entendemos que Portugal paraesses jovens pode ser uma alterna-tiva muito interessante para prosse-

guir estudos superiores e é exata-mente isso que queremos fazer: di-vulgar, oferecer e captar essesjovens para virem estudar connosco,investigar connosco e desenvolve-rem atividades connosco”, enfatizou.O responsável frisou que “Portugaltem uma Comunidade muito signifi-cativa de emigrantes portugueses elusodescendentes” e o propósito é“estreitar essa ligação e aproveitar

esse potencial de ligação com osPortugueses que estão espalhadospelo mundo”.Orlando Rodrigues perspetiva estaestratégia ao nível da “captação dealunos, puderem os jovens lusodes-cendentes fazer períodos de mobi-lidade, convénios de investigação”.“Tem um potencial muito grandeque devemos aproveitar”, conside-rou.

O convidado para a Oração de Sa-piência, Hermano Sanches Ruivo,deslocou-se a Bragança para falarda sua experiência de décadas emParis e da relação que a Comuni-dade portuguesa em França temcom Portugal. “Somos todos mem-bros da mesma família, mas atual-mente a família está desunida, nãoatuamos como família. É precisounir a família”, e salientou que é aprimeira vez que é convidado parafalar sobre as Comunidades portu-guesas nestas circunstâncias.Defendeu que “Portugal é muito ricocom as Comunidades que tem láfora e pode ser ainda mais se passaralgum tempo a tratá-las bem e a re-forçar as ligações”.“Porque é que as Universidades e osInstitutos politécnicos não vão maisvezes junto das Comunidades paraque essa ligação seja mais conse-quente?”, questionou, acrescen-tando que “há algum trabalho afazer”.Para Hermano Sanches Ruivo “Por-tugal tem de conhecer melhor asComunidades e as Comunidadestêm de reconhecer que Portugalpode ser a solução”.O Instituto Politécnico de Bragançatem cerca de nove mil alunos espa-lhados por cinco escolas superiores,quatro na cidade de Bragança e umana cidade de Mirandela. Um terçodos estudantes são estrangeiros demais de 70 nacionalidades, com ospaíses africanos a deterem a maiorrepresentação.

IPB quer captar alunos lusodescendentes

A Secretária de Estado das Comuni-dades Portuguesas disse que a pro-cura pelo Português em França estáa aumentar e que ainda este anodeverá arrancar um curso de línguaportuguesa naquele país para em-presários e quadros de empresas.“Há uma procura grande do Portu-guês em França. Foi o que concluí dareunião que tivemos hoje. E estandoa aumentar essa procura, Portugaltambém está a fazer um esforçomaior de investimento, a aumentaro número de professores”, afirmouem entrevista à Lusa Berta Nunes,quando iniciou uma visita de doisdias a França.Berta Nunes considerou que váriasiniciativas interessantes estão anascer e apontou como uma delas ado curso de Português mais viradopara os negócios.Com a Câmara de Comércio Franco-Portuguesa, entidade presidida porCarlos Vinhas Pereira com a qual sereuniu na sexta-feira à tarde, a Se-cretária de Estado das ComunidadesPortuguesas apontou que “há jáalgum trabalho em desenvolvi-mento” para a criação de “cursos di-recionados para empresários ou

quadros de empresas que queiramaprender o Português mais direcio-nado para os negócios”.“Isso é importante, uma vez que es-tamos a trabalhar para a atração deinvestimento para Portugal. E o factode a língua portuguesa ser cada vez

mais falada no hemisfério sul e emvários continentes faz com que hajatambém uma procura na área dosnegócios”, salientou.A preparação daquele curso está aser feita entre o Camões - Institutoda Cooperação e da Língua, a Câ-

mara de comércio e indústriafranco-portuguesa (CCIFP) e a Coor-denação do Ensino do Português emFrança.Berta Nunes disse esperar “embreve” ter alguma coisa mais con-creto em termos do ‘curriculum’ docurso e sobre a forma como esse vaiser dado, “porque uma parte poderáser presencial e uma parte pode serà distância, uma vez que isso podeser mais adequado para o tipo depúblico”.“Esta é uma novidade e uma formainteressante de juntar a língua aosnegócios e, por essa via, poder atrairinvestimento e internacionalizartambém os nossos produtos”, des-tacou.A Câmara de Comércio fez esta pro-posta à Coordenação do Portuguêse ao Instituto Camões, por verificarque há procura por parte de empre-sários e de quadros de empresas,referiu.Segundo a Secretária de Estado, tal-vez ainda durante este ano o Go-verno “possa anunciar que essecurso para a área de negócios, dePortuguês vai avançar aqui emFrança”, concluiu.

05 février 2020

Hermano Sanches Ruivo fez Oração deSapiência no Politécnico de Bragança

Câmara de comércio franco-portuguesavai ter um curso de Português parampresários e quadros de empresas

LJ / Mário Cantarinha

Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFPLJ / Mário Cantarinha

Page 7: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL CULTURA 07

A delegação da Fundação CalousteGulbenkian em Paris, lança um pro-grama de parcerias com instituiçõesfrancesas, em 1 de fevereiro, na suanova morada, para promover artistasportuguesas, cerca de um mês antesda reabertura da biblioteca na capitalfrancesa.“A nossa ideia é sermos um colabo-rador, parceiro e financiador ativo enão passivo. Não queremos apenasfinanciar os projetos de forma dis-tanciada, temos o ‘know-how’, temosredes e é muito interessante colabo-rar com todas estas instituições namontagem destes projetos”, disseMiguel Magalhães, Diretor da delega-ção da Fundação Calouste Gulben-kian em Paris, em declarações à Lusa.Tal como anunciado no ano passado,a representação da Fundação portu-guesa deixou as suas antigas instala-ções junto aos Invalides e mudou-separa o edifício da Fondation Maisondes Sciences de l’Homme, na Boule-vard Raspail, dividindo-se agora emdois polos, com a biblioteca a passarpara a Casa de Portugal, na CidadeUniversitária Internacional de Paris.Esta mudança, segundo Miguel Ma-galhães, é uma “evolução” que per-

mite libertar recursos para maisapoios à divulgação dos artistas por-tugueses. “É uma evolução que res-peita o património de 50 anos quenós temos. As principais diferenças édeixarmos de ser produtores únicosde exposições. [...] Permite libertar re-cursos para mais atividades, maisprojetos e mais artistas, e permite-nos também uma certa agilidade decolaboração, pois nas parcerias re-side uma parte importante da nossaatividade no futuro”, indicou.Para este novo programa de colabo-ração entre a Gulbenkian e insti-tuições e galerias francesas, cujoperíodo de candidaturas abre a 1de fevereiro, os principais critériossão trabalhar com artistas portu-gueses, de origem portuguesa ou ar-tistas instalados em Portugal, arelevância do projeto artístico e a re-levância da instituição em questão.O ‘envelope’ financeiro para estenovo programa é de 250 mil euros,mas deve crescer já no próximo ano.A mudança de instalações tambémpermitiu um aumento no orçamentoglobal da instituição na capital, pas-sando de 600 mil euros, em 2019,para 800 mil, em 2020.Entre os projetos apoiados pela Gul-benkian já este ano estão a exposi-

ção de Diogo Pimentão no Fonds Ré-gional d’Art Contemporain (FRAC), emRouen, patente até 1 de abril, assimcomo a presença de Pedro Costa nofestival Cinéma du Réel, em março.A biblioteca desta delegação, umadas mais significativas no âmbito dalíngua e cultura portuguesas em todoo Mundo, vai ser reaberta já emmarço deste ano, junto àqueles quemais a procuram, segundo defendeMiguel Magalhães. “A biblioteca co-meçou como uma biblioteca genera-lista, nos anos 60, e, ao longo das

décadas, especializou-se com umfoco grande em temas como litera-tura ou história portuguesas, e osnossos leitores correspondem a issoe são fundamentalmente estudantese investigadores. Portanto, estamosa ir ao encontro do nosso público”,disse o Diretor sobre a mudança paraCasa de Portugal, na Cidade Univer-sitária Internacional.As instalações da Casa de Portugalforam alvo de obras, recentemente,para acolher o espólio vindo das an-tigas instalações da Gulbenkian e

para criar salas de leitura capazes dereceber os investigadores que ali sedesloquem.Sem a organização de uma grandeexposição em 2020, a Gulbenkian emParis está concentrada em ser um“ator ativo” na Temporada culturalcruzada entre Portugal e França, em2021 e 2022. “O principal objetivopara esta Temporada é que haja umnúmero crescente de artistas portu-gueses expostos em instituiçõesfrancesas, que esses artistas tenhamrepresentação nas galerias francesase que haja cada vez mais coleçõesprivadas e públicas que comprem assuas obras”, afirmou Miguel Maga-lhães.Para 2021, a Delegação da FundaçãoCalouste Gulbenkian em Paris vaiser coprodutora da exposição emtorno das mulheres artistas portu-guesas, a acontecer por ocasião daPresidência Portuguesa da UniãoEuropeia, e que será apresentadano centro de artes Bozar, em Bruxe-las, durante o primeiro semestre.Esta exposição seguirá depois, nosegundo semestre de 2021, para oCentro de Criação ContemporâneaOlivier Debré, na cidade francesa deTours, no âmbito da Temporada cru-zada.

Por Catarina Falcão, Lusa

Miguel Magalhães é o Diretor da Delegação de Paris da Fundação

PUB

Gulbenkian em Paris lança programa de parceriacom instituições francesas

05 février 2020

RP Ribière

Page 8: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL08 CULTURA

Teatro Municipaldo Porto mostrajovens artistasem Pantin

O Teatro Municipal do Porto (TPM)é a única instituição cultural por-tuguesa selecionada para integraro programa Canal, promovido peloCND - Centre National de la Danse,em Pantin.O TMP foi convidado a apresentaruma proposta de programação noâmbito do programa Canal que vaidecorrer entre hoje e amanhã (30e 31 de janeiro), no CND - CentreNational de la Danse, uma dasmais importantes instituições dedança do mundo, situada em Pan-tin (93).No total, foram convidadas dezas-sete instituições culturais, escolhi-das entre uma forte rede deestruturas culturais ligadas à dançaem França e na Europa, tais comocentros nacionais coreográficos,festivais ou escritórios regionais dedifusão das artes performativas.Assim, o TMP junta-se ao Mercat deles Flors (Espanha) e ao CharleroiDanse (Bélgica), como as únicas es-truturas estrangeiras a marcar pre-sença neste evento que acontecenos arredores de Paris.Como “cartão de visita”, serãoapresentadas duas performan-ces / conferências dos Jovens Ar-tistas Associados (JAA!) do TMP -Ana Isabel Castro e a dupla Gui-lherme de Sousa & Pedro Azevedo-, que terão a oportunidade departilhar os seus projetos com ou-tros artistas, programadores e pú-blico em geral. Representantes doTMP irão ainda marcar presençaem conferências e mesas-redon-das.

Nova Edição doDicionário daMitologia Gregae Romana, dePierre GramalUma nova edição do Dicionário daMitologia Grega e Romana, dePierre Gramal, latinista francês fa-lecido em 1996, chegou na semanapassada às livrarias portuguesaspelas mãos da editora Antógona.O Dicionário inclui um “glossáriodas figuras e histórias mitológicase dois índices que listam todas assuas menções na literatura clás-sica”.Pierre Gramal foi professor naSorbonne, em Paris, traduziu au-tores como Cícero, Séneca e Pla-tão, e foi autor de numerosasobras sobre a Antiguidade Clás-sica e de biografias históricas ro-manceadas.

Estabelecer um diálogo entre a ima-gem e o poema é uma preocupaçãoconstante do poeta Natan Barreto,que se verifica mais uma vez nestaúltima recolha “O ritmo da roda” (Ed.Kalango, 2019), apresentada recen-temente na Librairie Portugaise etBrésilienne, em Paris. Com efeito,tanto nos livros “Movimento imóvel”(2016) e “Bichos: poesias desenha-das” (2017), como agora em “O ritmoda roda”, que compõem a Trilogiados Livros das Capas Brancas, NatanBarreto reúne poemas relacionadosa imagens.Natan Barreto nasceu num subúrbiode Salvador da Bahia, em Periperi, o“quintal” de sua infância e adoles-cência. Foi em Paris que Natan Bar-reto descobriu a Europa, há quasetrinta anos, antes de se estabelecerem Londres, onde vive atualmente.É professor do ensino primário etradutor. Também foi modelo e ator.Em poesia publicou vários livros,dentre os quais «Um quintal e ou-tros cantos» (2018), aqui apresen-tado há pouco mais de um ano e

com o qual o autor obteve o PrémioSosígenes Costa de Poesia.“Neste “O ritmo da roda”, - diz-nosRicardo Viel no prefácio -, o leitorterá diante dos olhos parte da his-tória da humanidade no último sé-culo e meio, contada através de 34

fotografias: imagens icônicas, de fo-tógrafos consagrados ou de autoriadesconhecida, acompanhadas de 33poemas. Por este livro passam es-cravos e refugiados, passam vítimasde um sistema excludente e precon-ceituoso, passa a guerra, passa a

fome, passa a dignidade que a po-breza às vezes produz, passam a so-lidão e a injustiça, passa muita dor.Mas passam também beleza, espe-rança, força, resistência, sorrisos,amor e sonhos”.Os poemas aqui reunidos são namaioria constituídos por versos li-vres, numa linguagem sem acade-mismos e numa sintaxe original quesustenta o ritmo e as sonoridades,frequentemente valorizados pelasaliterações. De um poema paraoutro, o leitor vai participando deum jogo de espelhos imagem/pala-vras, como no poema “Fim de For-tino Sámano” que dialoga com afoto onde se vê o soldado mexicanoencarar o pelotão de execução: “Omoço amansa a morte, / comoquem doma a noite / que vai cairqual lona: / e será dona dele. / Donada dor, do nada / (armadilha semvãos) - / rua que os pés apagam”.Poderíamos concluir retomandouma das epígrafes do livro: “O quevejo não é uma lembrança, umaimaginação, uma reconstituição (...),mas o real no estado passado” (Ro-land Barthes).

Por Dominique Stoenesco

Livro foi apresentado em Paris

É graças à Les Éditions Sociales e àexcelente tradução de Clara Domin-gues que chega esta semana às li-vrarias francesas uma obra dereferência sobre o Estado Novo sa-lazarista: “L’art de durer, le fascismeau Portugal” do historiador Fer-nando Rosas.Publicado em Portugal há oito anoscom o título “Salazar e o Poder. Aarte de saber durar”, esta obra unea lucidez ao profundo conhecimentoadquirido ao longo de uma vida in-teira a estudar (e também a sentirna pele, visto Fernando Rosas ter vi-vido até aos 28 anos de idade sob ojugo da extrema-direita salazarista)o fenómeno do fascismo português.Ora à lucidez e à competência jun-tam-se outros fatores não menosimportantes: o estilo e a capacidadede síntese. Não é de estranhar por-tanto que esta obra seja recomen-dada pelo Plano Nacional de Leiturapara o ensino secundário. É entãonum estilo solto, profundamenteacessível, que Fernando Rosas ofe-rece aos leitores uma abordagemlimpa e honesta sobre os fatoresque conduziram à perpetuação dofóssil fascista em Portugal (e tam-bém em Espanha) quando quasetodas as experiências fascistas eu-ropeias haviam terminado com ofim da Segunda Guerra Mundial.Quais foram então os elementosque permitiram ao salazarismo so-breviver ao fim da guerra provocadapelo nazi-fascismo alemão e pelofascismo italiano? É a resposta aesta pergunta que deu origem a estelivro.

É também salutar referir que estaobra de Fernando Rosas se enqua-dra na batalha ideológica entrehistoriadores que emergiu há rela-tivamente pouco tempo na socie-dade portuguesa. Esta batalhaopõe, de um lado, historiadorescomo Fernando Rosas ou ManuelLoff, homens que veem o EstadoNovo como uma ditadura opressivacom todas as características de umregime fascista, e, do outro lado, en-contramos como seus oponentes al-guns historiadores revisionistas quese referem ao fascismo portuguêscomo um “regime nacionalista mo-derado”. Fernando Rosas refere-se a

este grupo várias vezes ao longo dolivro através da fórmula “uma certahistoriografia”, mas não entra emdiálogo com ele. Fernando Rosas segue então poroutro caminho. Ao não esquecer aprisão do Tarrafal, o assassínio depresos políticos, o braço estendidoem plena saudação romana da Le-gião Portuguesa, o volfrâmio ven-dido aos nazis e a política racista daação colonial em África, ele conse-gue encontrar o segredo da longevi-dade do regime fascista portuguêsque, lembremos, durou 48 anos, de28 de maio de 1926 a 25 de abril de1974.

Salazar e as elites dominantes (ban-queiros, latifundiários, negociantesque exploravam as colónias, indus-triais…) conseguiram levar avanteum projeto despótico, uma espéciede distopia lusitana, que, ao estimu-lar o ancestral orgulho nacionalista,que hoje consideramos bacoco, e ovelho estereótipo totalitário do“homem novo”, foi capaz de pene-trar no seio de cada família e decada mente graças, e convém não oesquecer, ao apoio da igreja católicaque permitiu ao Estado Novo a utili-zação da sua secular máquina deproselitismo para fazer passar amensagem fascista. Foi tambémmanipulando os vários “medos” – omedo das “bombas” da Primeira Re-pública, o medo dos “comunistasespanhóis” durante a Guerra Civil de1936/39, o medo dos “comunistasrussos” durante a Guerra Fria – oufomentando o mito do Portugal im-perial que vai do Minho a Timor queSalazar conseguiu o apoio de umaboa parte das classes médias. Ape-nas as amplas camadas popularessem voz que constituíam a maioriada população foram tratadas comdesprezo e largadas à pobreza, à ili-teracia e ao analfabetismo. Somentequando os interesses das classesmédias e populares convergiram umpouco, o Estado Novo vacilou atéque, enfim, depois de milhares demortos (incluindo muitos filhos datal classe média) causados por umaguerra criminosa em África, caiu depodre em 1974. Um livro de Fernando Rosas que,como diz José Pacheco Pereira, irá“marcar por muitos anos a historio-grafia do Estado Novo e de Salazar”.

Por Nuno Gomes Garcia

Livros

O fascismo português visto à lupa

“O ritmo da roda”, poemas fotográficosde Natan Barreto

05 février 2020

Page 9: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

PUB

Page 10: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL10 CULTURA

Mariza inicia digressão mundial de 20anos de carreiraque passa porFrançaA fadista Mariza inicia em fevereirouma digressão mundial para cele-brar vinte anos de carreira, aomesmo tempo que grava um novoálbum, dedicado a Amália Rodri-gues, com produção do violoncelistabrasileiro Jaques Morelenbaum.A digressão arrancará a 03 de feve-reiro em Sevilha e conta, para já, comvinte concertos até ao final do ano,nomeadamente em França.O novo trabalho discográfico será in-teiramente preenchido com reper-tório de e interpretado por AmáliaRodrigues, coincidindo com o cente-nário do nascimento da diva dofado.Mariza volta a trabalhar com JaquesMorelenbaum, que produziu oálbum triplo-platinado “Transpa-rente” e a acompanhou em váriosespetáculos.Desde o primeiro álbum, “Fado emmim” (2001), no qual cantou “ÓGente da Minha Terra”, um poema deAmália Rodrigues, Mariza tem gra-vado temas criados pela fadista,como “Maria Lisboa”, “Primavera” e“Oiça lá ó Senhor Vinho”. O novoálbum, sucessor de “Mariza” (2018),sairá ainda este ano, referiu a pro-motora da cantora.Mariza, 46 anos, é uma das mais in-ternacionais e premiadas vozes dofado. Recentemente foi distinguidacom o título de ‘Mestre da MúsicaMediterrânea’, pelo Berklee Collegeof Music, de Boston (EUA).Mariza recebeu já o Prémio BBCRadio 3, na categoria de Melhor Ar-tista da Europa de World Music, oprémio da crítica alemã, Deutsches-chalplatten Kritik (2003), assim comoo European Border Breakers Award(2004), o Prémio Amália Internacio-nal (2005) e a Medalha de Vermeil, daSociedade de Artes Ciências e Letrasde França (2008).

Livro “Cartaspara MiguelTorga” temcarta de JackLangO livro “Cartas para Miguel Torga”,com prefácio e organização deCarlos Mendes Sousa, foi apresen-tado no Espaço Miguel Torga, emS. Martinho de Anta, em Sabrosa,distrito de Vila Real, e reúne parteda correspondência do escritor,que “cuidou sempre das cartasque escreveu ao longo da vida”,como afirma Mendes Sousa, notexto de abertura da obra. As car-tas agora publicadas, datadasentre 1930 e 1994, são dirigidas aMiguel Torga (1907-1995) e os re-metentes são de várias personali-dades, da literatura à diplomacia,como Teixeira Pascoaes, NatáliaCorreia, Óscar Lopes, Gonzalo Tor-rente Ballester, Ribeiro Couto ouJack Lang, antigo Ministro francêsda Cultura.

A associação Raízes organizou nopassado dia 24 de janeiro, uma ho-menagem a Amália Rodrigues, oevento teve lugar no espace Mosai-que, em St Priest, nos arredores deLyon, onde reuniu mais de 250 pes-soas.A 6 de outubro de 1999, Portugal e omundo lamentou o desapareci-mento da rainha do fado, Amália Ro-drigues. Em homenagem à diva doFado, foram organizados vários es-petáculos em Portugal. “Até hoje,ninguém conseguiu fazer tudo o queAmália fez” comenta o Presidente daassociação organizadora. Amália Ro-drigues era uma artista internacional- até universal - uma das artistasmais importantes do século XX, umaartista que sabia como tornar a cul-tura portuguesa conhecida em todoo mundo, uma artista que sabiamover as almas com a sua voz.Foi Amália Rodrigues que internacio-nalizou o Fado. Onde alguns cantorestemiam cantar os complexos e poe-mas menos populares, Amália Rodri-gues deu a sua voz. Como tal, e longede querer copiar ou fazer como Amá-lia Rodrigues, a nova geração de can-toras de Fado, inspirada na carreirada cantora que continua sendo umídolo para muitos artistas, tenta se-guir o caminho que ela traçou.

Uma homenagemdiversificada“Homenagem Amália, Fado e Sau-dade foi o tema que escolhemospara este evento”, conta-nos CarlosMoreira. “Uma vez que este ano de2020 marca o centenário do nasci-mento de Amália Rodrigues, consi-derada por muitos como a maiorartista portuguesa de todos os tem-pos, e para comemorar esta data, foifeito um jantar gala e este tributomusical onde, durante três horas, vá-rios temas criados e popularizadospela cantora foram cantados”. Nopalco ouviu-se “Maldição”, “BarcoNegro”, “Fado Gingão”, “Deus me per-doe”, “Confesso”, “Tudo isto é Fado”,“Foi Deus”, “Maria Lisboa”, “Estranhaforma de vida”, “Casa Portuguesa”,“Lisboa não sejas Francesa”, “Namo-rico da Rita”, “Senhor Vinho”, “Ai

Maria”, “Alfama”, “A beira do Cais”,“Justino da Tipoia”…A organização convidou as fadistasLuana Velásquez - vinda diretamentede Portugal - Vanessa Ferreira, Cris-tina Neiva, Maria da Luz e Anabela -do grupo eLeZieLa (da região Au-vergne Rhône Alpes). Para as acom-panhar, convidou os prestigiadosmúsicos, também eles vindos dePortugal, Ricardo J. Martins e BrunoDavide (guitarra portuguesa e gui-tarra clássica). Foram projetados ví-deos e algumas passagens da vidade Amália Rodrigues, “fazendo umespetáculo ainda mais cativante”.

Dois músicos à alturaAliás, um dos momentos mais altosdo espetáculo foi precisamente a in-terpretação dos guitarristas a solo -Ricardo J. Martins e Bruno Davide -que proporcionaram um grande mo-mento de guitarras (portuguesa eclássica) aos convivas.Ricardo J. Martins, natural de Faro, Al-garve, faz parte da nova geração demúsicos de Guitarra portuguesa quetêm raízes noutros mundos musicaise também dos poucos guitarristasque compõe. Sempre foi influen-ciado por vários géneros musicais,lançou o seu segundo disco de Gui-tarra portuguesa instrumental, inti-tulado “Cantos e Lamentos”, editadoatravés da editora espanhola “Mú-sica Fundamental”. Recebeu em 2018o prémio de Melhor música instru-mental com “Corre-corre Corridinho”no International Portuguese MusicAwards.Ricardo J. Martins já teve o privilégiode partilhar o palco com grandesnomes da poesia e do teatro, comopor exemplo Maria do Céu Guerra,José Fanha, Irene Flunser Pimentel(Prémio Pessoa 2007), e também damúsica, já tocou com grandes nomescomo Viviane (Entre Aspas), MarcoRodrigues, Filipa Cardoso, entre ou-tros. Reconhecido internacional-mente, já levou a sua guitarraportuguesa ao outro lado do atlân-tico.Quanto a Bruno Davide, nasceu ecresceu na margem sul do Tejo, mais

propriamente na Baixa da Banheira,e começou a tocar aos 9 anos deidade. Desde aí nunca mais parou, játocou em várias bandas locais demúsica ligeira e tradicional portu-guesa. Em 2007 obteve o diploma deenfermagem em Setúbal e mudou-se definitivamente para o Algarve. Nohospital de Portimão, é membro daBanda Haja Saúde e conhece váriosmúsicos do panorama nacional damúsica portuguesa. Tocou com mú-sicos de jazz e música tradicionalportuguesa (Brasa Doirada). BrunoDavide descobre o Fado, e atual-mente acompanha os guitarristas ecantores do fado nas diferentes for-mas, tradicional e moderno. Em 2018Ricardo Martins e Bruno Davide via-jaram até Xangai e Kiev e até outrospaíses europeus, mas na sexta-feirapassada, foi a primeira vez que atuouna região de Lyon.

Luana Velásquez encantouA pequena Luana Velásquez, veiocomo convidada especial para oevento. Natural de Portimão, estajovem com apenas 14 anos, encantouos espetadores em Lyon. Começou acantar com 5 anos e desde a maistenra idade cantarolava em bailes.Aos 6 anos concorreu a um concursode música da rádio Alvor, no Algarve,aos 7 anos voltou a concorrer e aos 8anos ganhou esse mesmo concurso.Nesse ano entrou no programa TheVoice Kids Portugal, tendo ficado naequipa de Anselmo Ralph. Desde daínunca mais parou. Esteve em váriosprogramas de televisão como APraça, Agora Nós, A tarde é sua, Vocêna TV, Aqui Portugal, Alô Portugal,Ponte de equilíbrio, e foi várias vezesao programa de João Baião.Foi finalista do elenco do espetáculoAmália, com Filipe La Féria e atéagora conquistou 14 concursos deFado aos quais o último teve comooferta a gravação de um CD no Fes-tfado Ponte Sour.Luana Velásquez pisou o palco coma Fadista Raquel Tavares e tem sidocabeça de cartaz nos espetáculos emvárias localidades de Portugal. Atounos Açores por 3 vezes e já levou o

seu Fado a Toronto e desta vez aLyon. Em maio de 2020 vai lançar oseu primeiro trabalho.

Um mar de parceriasA Direção da associação Raízes agra-deceu a presença de todos os artis-tas e aos parceiros do evento, aoCamões, I.P- Instituto da Cooperaçãoe da Língua pela sua colaboração,com a apresentação do espetáculo acargo da Leitora de português Cris-tina Gertrudes. Agradeceu também apresença do Cônsul Geral Luís BritoCâmara e demais funcionários doConsulado Geral de Portugal emLyon, assim como aos Presidentesdas associações representadas.Mas este evento foi possível graças auma multitude de parcerias que otornaram ainda mais rico, desde a“Makeup Artist” Zahra que se ocupouda maquilhagem, à estilista JenniferCaschera, proprietária da marca “Avos Souhaits Création” que vestiu asfadistas presentes no espetáculo,passando por Aline Cabeleireiros, se-diada há mais de 30 anos em St.Priest e que elaborou os penteadosdas cantoras, pela casa Mig Cra-ponne que serviu o catering, pelotrabalho fotográfico de Marie HélèneVaz e pela sonorização de Filipe Ri-beiro e Roque.A organização agradeceu ainda àsempresas representadas CIC Iber-banco e Efficity, “e a todos os volun-tários da associação francesaUnis-Cité que nos ajudaram na logís-tica do evento, a toda a Comunidadeportuguesa e francesa presente,assim como a todas as pessoas quecontribuíram para o sucesso desteespetáculo. Um grande Obrigado”disse ao LusoJornal o Presidente daassociação Raízes, José Carlos Mo-reira. “Sem vocês, nada disto seriapossível”.A associação Raízes irá festejar maisum aniversário, no dia 29 de feve-reiro, em Charvieu-Chavagneux, emparceria com a associação Rosita,onde haverá mais um Festival fol-clore, e animação pela noite dentrocom Fernando Correia Marques eMickael Akordeon.

Organizado em St Priest pela associação Raízes

05 février 2020

Lyon: “Homenagem Amália, Fado e Saudade”

Marie-Hélène Vaz

Page 11: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL CULTURA 11

Le Grand Rex (2.800 places) affichaitcomplet plusieurs jours à l’avancepour accueillir ce 1er février AnaMoura. Rare affluence pour une ar-tiste étiquetée «fado», emplissantune salle vite conquise par la belleAna.Car Ana Moura est une très belledame. Ça aide, mais ne suffit pas. AnaMoura a une voix unique, ce qui estle plus important. Elle est entouréed’excellents musiciens, entraînés parce jeune «monstre» de la guitarraqu’est Ângelo Freire. Et présente unrécital concocté pour satisfaire tousles goûts, depuis le club des frap-peurs dans les mains, très présentset qui empêchent parfois de pleine-ment savourer les subtils et brillantsaccompagnements de la guitared’Ângelo Freire, jusqu’aux plus exi-geants amateurs de fado castiço,même si ceux-ci estiment toujoursque dans le fado d’aujourd’hui, il n’yen a jamais assez.Les amoureux de «world music» ytrouvent aussi leur compte, et mêmeles fervents de la chanson française,puisque Ana Moura entame sonconcert par «La vie en rose», en fran-çais et sans accent, une performancepour une non-francophone. Unebelle version, cela dit, très cabaret, decette «Vie en rose», musicalementplus proche, parmi celles enregis-trées naguère, de Marlène Dietrich ou

même Louis Armstrong que d’EdithPiaf ou Amália Rodrigues.La, donc, très belle Ana Moura, paraîtsur scène dans une longue robe audentelles noires, qu’elle troqueraplus tard pour un lamé rouge, jupefendue façon vamp hollywoodienne,dont l’écrivain humoriste P.G. Wode-house aurait probablement estiméqu’«elles soulignaient plus qu’ellesne cachaient» la fluidité de sa si-lhouette. Fluidité qu’elle soulignerapar une science consommée de lascène et du mouvement, nous rappe-lant ces vers du célèbre poème «Leconte de l’île»:«Elle chaloupe, elle ondule, telle unfrêle esquif

Envoutée par les vents, effaçant lesrécifs».La voix, surtout, ce voile si rare dansle fado qui rappelle, en plus apaisé,celui de Billie Holiday dans le jazz oud’Elza Soares dans le samba. Une voixqui fait entrer Ana Moura dans le clubtrès fermé de celles qu’on reconnaîtimmédiatement. Il y eut naguèreAmália, bien sur (dont on retrouveaujourd’hui la puissance chez Marizaou Katia Guerreiro), Ercília Costa(dont la cristallinité est présente chezCristina Branco), Maria Tereza de No-ronha, la limpidité, Herminia Silva, lafantaisie, plus près de nous Mísia(dont l’âpreté caractérise aussi Car-minho), quelques autres sans doute.

Et le voile mystérieux et sensueld’Ana Moura. Pas étonnant d’ailleurssi Mísia, la pionnière de ce qu’onnomme parfois, peut-être exagéré-ment, le «nouveau fado» cite spon-tanément Ana et Carminho si on luidemande qui sont ses cadettes enfado préférées. Elle y ajoute RicardoRibeiro «car il n’y a pas que lesfemmes qui chantent le fado!»Les musiciens (les mêmes qu’à Cré-teil en octobre) sont au top: ÂngeloFreire en tête, les autres guitaristes,Pedro Soares et André Moreira(basse), João Gomes (claviers) etMário Costa (batterie). Même si onpeut toujours s’interroger sur l’utilitéde la présence des claviers dans les

concerts d’Ana Moura. Et les arrange-ments au cordeau. Même si celui dela version de l’un des deux ou troisfados issus du répertoire d’Amália,chanté par Ana avec l’âpreté quiconvenait, fut envahi par une gui-mauve de clavier: on passait alorsd’un chant d’amour blessé à unebluette musicale. Dommage, tout lereste est quasi parfait.Le répertoire, éclectique donc, avecplusieurs thèmes de son dernieralbum (les très allègres «Dias defolga» ou «Fado dançado», le su-perbe «Moura encantada», sur le«Fado cravo» d’Alfredo Marceneiro,«Ninharia» sur le «Fado Carlos daMaia», superbement chanté aussimalgré les claviers, «Tens os olhos deDeus», de Pedro Abrunhosa, genreslow de l’été...), des succès plus an-ciens («Desfado» dans le genre allè-gre, «Os meus olhos são dois círios»,sur la musique du «Fado menor», unbijou d’interprétation, l’inévitable«Vou dar de beber à dor», qui dé-clencha, comme tous les fados allè-gres, le très vif enthousiasme du clubdes frappeurs dans les mains. Et enrappel, le tout aussi inévitable «Soudo fado», qui fit beaucoup pour lan-cer la carrière d’Ana Moura, et tou-jours chanté avec une magnifiqueimpétuosité contenue.Immense artiste, grande fadiste, AnaMoura va présenter son spectacledans plusieurs villes de France. A nesurtout pas manquer!

Por Jean-Luc Gonneau

Fado

05 février 2020

Pongo editou EP antes de partir para concertospela EuropaDepois de ter sido vocalista dos Bu-raka Som Sistema e de quase dezanos “a ralar”, Pongo conseguiu lan-çar-se a solo: já editou um EP, o se-gundo chegou na sexta-feira,ganhou um prémio europeu e temvários concertos marcados.A carreira de Pongo na música co-meçou aos 15 anos, quando deu vozao tema “Kalemba (Wegue Wegue)”,dos Buraka Som Sistema. Quando otema foi apresentado “foi aquele‘boom’”. “Levei tempo a entender oque aquilo significava, tive de con-ciliar a escola com a música, as via-gens, o que não foi fácil, mas foimuito positivo, foi uma experiênciamuito importante para o dia dehoje”, recordou a cantora em entre-vista à Lusa.A ligação aos Buraka Som Sistemaacabou por durar “cerca de doisanos e meio”. “Foi importante estafase prematura, para fazer de mim oque eu sou agora com o meu pro-jeto”, referiu.Depois disso, entrou “na luta, inde-pendente”, a tentar vingar a solo.Pelo caminho, aprendeu “muito” elevou “muitas rasteiras”.“Isso levou uns oito, nove anos ali na‘batida’, ‘a ralar’, até que finalmentetive oportunidade de conhecer omeu produtor de França. Há trêsanos começámos a trabalhar juntose agora já estamos no segundo EP,

que é editado pela Caroline Interna-tional”, contou.Pongo tinha consciência de que nãoseria fácil começar de novo. “Se paraos que estão a começar agora estádifícil, imagina para um artista quejá teve um início de carreira, com osucesso imediato, e de repente caire voltar a levantar-se. Voltar a levan-tar é muito mais complicado”, parti-lhou.Mas Pongo levantou-se. O primeiro,“Baia”, editado no passado, já foiouvido em ‘streaming’ mais de seismilhões de vezes. Além disso, entrouno 'radar' de vários meios interna-cionais, como a publicação NME,que a colocou na lista de cem novosartistas que irão marcar 2020, e a es-tação BBC Radio 6 Music, que incluiutemas de Pongo na sua ‘playlist’.Entretanto, já atuou no Reino Unido,França e Países Baixos, onde esteverecentemente para participar no Eu-rosonic. Neste festival ficou tambéma saber-se que era uma das vence-doras dos prémios Music Moves Eu-rope, que distinguem artistas emer-gentes representantes do “som eu-ropeu de hoje e de amanhã”.Ganhar o prémio foi, para a cantora,“algo muito positivo”. “Já venho alutar com uma certa persistência, aacreditar que isto vai dar certo, queestou no caminho certo, ganhar esteprémio motiva-me muito, muito,muito mais”, disse.Nascida em Angola, Pongo mudou-

se para Portugal na infância. O gostopela música e pela dança deve-o àfamília. “Sempre gostei de dançar,tenho uma influência grande domeu pai, e na família sempre seouviu muita música”, contou.Apesar de nestes anos todos ter vol-tado a Angola apenas uma vez, “em2009, numa passagem muito rá-pida”, o que viveu naquele país afri-cano “sempre foi a base de todas”as suas “composições e inspira-ções”.Por causa das saudades do país, dafamília e dos amigos, Pongo sempre

reviveu “muito as memórias dessetempo”. “Para mim é sempre o ladomais bonito, mais puro, tambémporque nessa altura era uma criançae o nosso olhar inocenta tudo, tudobrilha, tudo é maravilhoso”, parti-lhou.Este ano vai regressar ao país ondenasceu, “para um concerto no dia 17de maio”. “Estou muito ansiosa, paramim é muito importante voltar a An-gola e apresentar o meu trabalho etambém para conhecer o meu pú-blico”, confidenciou.Antes disso, na quarta-feira, começa

em Lisboa, no Musicbox, uma di-gressão que vai passar por França(Paris, Annecy Metz, Riorges, Cler-mont Ferrand, Lyon, Rambouillet,Saint Jean-de-Védas, Dunkerque, StNazaire e Chateaulin), Países Baixos(Utrecht), Suíça (Berna), Bélgica(Bruxelas), Reino Unido (Bristol,Brighton e Londres), Alemanha (Co-lónia).Aos 27 anos, e depois de “ralarmuito”, já tem planos para o álbumde estreia. “Estamos a planear co-meçar as gravações em março e edi-tar no final do ano”, revelou Pongo.Entretanto, na sexta-feira, chegou osegundo EP, “Uwa”. “Para não termosque esperar tanto pelo álbum, deci-dimos fazer o segundo EP, com cincotemas, de forma a eu também en-tender o que quero para o meuálbum”, explicou.Pongo confessa que teve “dificul-dade em criar uma identidade” parao estilo de música que faz, mas aca-bou por concluir que “é uma misturade tudo um pouco”, que inclui o quefazia com os Buraka, “que é a evolu-ção, a inovação do kuduro, de umsom a partir de Angola, misturadocom os ritmos europeus, a eletró-nica, a que eles chamaram kuduroprogressivo”.No EP “Uwa”, o público pode contar“com uma diversidade imensa deestilos, ritmos, sons, mensagem”, ecom o primeiro tema em que Pongocanta em inglês, “Wafu”.

Por Joana Ramos Simões, Lusa

Lusa / José Sena Goulão

Le triomphe d’Ana Moura au Grand Rex

Dyam / Rui Manuel Teixeira Antunes

Page 12: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL12 CULTURA

Ana del Rio é espanhola, de Santan-der. Em 1969 veio estudar para Parisonde conheceu Álvaro Cordeiro, umPortuguês que tinha fugido paraFrança por razões políticas. Juntoschegaram a fazer alfabetização eteatro no Bidonville de Champignypara os Portugueses que lá mora-vam, até que em 1977 “ele enganou-me” diz a sorrir ao LusoJornal.“Prometeu levar-me para Espanhae, depois do 25 de Abril, acabamospor ir para Portugal”.Há 42 anos que mora em Portugal.“Conheci o meu marido aqui em Parishá 50 anos, precisamente no mês defevereiro, e por isso vamos aproveitara minha vinda cá para comemoraresta data”.Ana del Rio veio expor no Salão in-ternacional de arte contemporâneaque teve lugar no hall 5 do Parque deexposições de Paris Porte de Versail-les, no fim de semana passado. “Che-gamos a uma idade em que temosde fazer o que queremos” confessa.E aproveitou esta oportunidade paraexpor em Paris, juntamente com cen-tenas de outros artistas. “O nível doSalão é, em geral, muito bom” con-fessa.Álvaro Cordeiro foi um dos fundado-res do Cinanima, o reconhecidíssimoFestival internacional de cinema deanimação de Espinho. Foi em Espi-nho que o casal se instalou. Ele den-

tista, ela tradutora para a Universi-dade de Aveiro. Levaram o primeirofilho, que nasceu em Paris e tiveramuma filha já em Portugal.“Gosto muito da gente de lá. Sinto-me muito à vontade em Portugal. Porvezes nem sei bem se sou portu-guesa ou espanhola porque já vivimais anos em Portugal do que nomeu país de origem” confessa ao Lu-soJornal num português com um so-taque espanhol que nunca perdeu.Quando traduzia para a Universidadede Aveiro trabalhava em casa “numamáquina de escrever, quando aindanão havia computadores”. Quando

colegas da Universidade descobriramos quadros que pintava nos temposlivres, insistiram para que fizesseuma exposição na Universidade. E foina Universidade que vendeu os pri-meiros quadros.Quando os filhos chegaram à idadeadulta, dedicou-se mais à pintura.“As coisas corriam bem, comecei atrabalhar com galerias, numa alturaem que se vendia bem” diz. E a pin-tura começou a ser a sua atividadeprincipal. Gosta de se isolar, com mú-sica clássica e uma gata que não secansa de a ver pintar. “Sinto-memuito bem quando estou à frente de

uma tela. É uma maneira de estar nomeu mundo. Fico ali, isolada, gostodo cheiro das tintas, gosto do am-biente do meu atelier, para mim é aminha igreja”. Deixou de pintar a óleopor causa de uma alergia, para se de-dicar ao acrílico. E foram quadros emacrílico que trouxe a Paris.O Salão internacional de arte con-temporânea teve lugar entre sexta-feira e domingo. Depois, o casalficou mais dois dias em Paris, paracomemorar 50 anos de vida emcomum, para encontrar amigos queconheceram em Paris e para revisi-tar a capital.

Por Carlos Pereira

Uma espanhola há 40 anos a morar em Portugal

David Ferreira trouxe um universo colorido a ParisDavid Ferreira foi um dos artistas lu-sodescendentes presentes no Salãointernacional de arte contemporâ-nea que teve lugar no fim de semanapassado no Parque de exposiçõesde Paris Porte de Versailles.Filho de uma mãe do Porto e de umpai de Viseu - que chegaram aFrança ainda crianças - David Fer-reira nasceu em França e tem umagaleria-atelier em Pau. Há 15 anosque é artista plástico e vive exclusi-vamente da pintura há 10 anos.Quem entra no atelier de David Fer-reira, na Galerie 15, em Pau, entranum mundo colorido. “Adoro a cor.Comigo, tudo é muito colorido” ex-plica ao LusoJornal. “Talvez seja ins-piração portuguesa. E para mais,tenho um avô brasileiro e os meuspais também gostam de cor” diz asorrir.Logo que começou a viver da pin-tura, começou a fazer exposições emtoda a França. Ainda parou por unsanos e estava representado por umagaleria na Place des Vosges, emParis. “Mas há três anos retomei ossalões, porque isso permite-me veros clientes diretamente e ter um re-torno sobre o que faço, se agrada ounão. Gosto disso”.Faz uma média de 10 salões por ano,viaja regularmente pela França e

pelo estrangeiro. Ainda há um mêsexpunha em Miami… Tem quadrosespalhados pelos quatro cantos domundo, do México ao Japão. Em Por-tugal só expôs uma vez, em Porto deMós, por iniciativa de Elsa da Fon-seca Godfrin, a Presidente da Asso-ciação France-Portugal de OloronSainte Marie.Há pouco mais de um ano, estevequase a mudar-se para Portugal.Ainda não desistiu da ideia. “Estános projetos. Acho que um dia vou

para Portugal”. Entre o Porto e Lis-boa ainda hesita. Vai regularmentepara Lagos, à procura do sol do Al-garve, mas há 4 anos que não vai aViseu e já lhe chegam as saudades.Apenas lamenta não falar portu-guês. Diz que vai deitar mãos à obra,mas por enquanto fala-nos atravésda pintura.Quem entra na Galeria 15, em Pau,entra num infantil e familiar. Tudocomeçou com a pintura, mas poucoa pouco vai diversificando, vai-se es-

tendendo no enorme atelier, passoupara a escultura, pinta os muros, oteto, os tapetes, pinta em telas, mastambém começou a utilizar metal,plástico, vidro, resina, verniz… massempre, sempre com muita, muitacor.Diz-se adepto da “happy art” e porisso, “o objetivo é que quando aspessoas entram no meu stand te-nham um sorriso” diz ao LusoJornal.“Penso que consegui”.Conseguiu mesmo!

Por Carlos Pereira

05 février 2020

Clermont-Ferrand:CamponesesMinhotos cantaram as Janeiras

Por estes dias cantaram-se as “Ja-neiras de Porta em Porta” em todaa região do Puy-de-Dôme, anun-ciando o nascimento de Jesus,bem como a vinda dos Reis. Esta éuma tradição que um Grupo demembros da associação Os Cam-poneses Minhotos de Clermont-Fernand quer manter bem viva.A associação dos Camponeses Mi-nhotos levou a cabo esta iniciativaentre os dias 10 e 19 de janeiro,como forma de reviver esta tradi-ção.As “Janeiras de Porta em Porta”consistem na proclamação decantares ao Menino e aos Reis, porparte de um grupo de pessoas,acompanhadas por instrumentostradicionais como é o caso da con-certina, pandeireta e dos ferri-nhos, à porta das habitações.As Janeiras tiveram início na casade João Veloso, Presidente dosCamponeses Minhotos. De seguidavisitaram outras habitações mar-cando presença na missa domini-cal e ainda passando pela rádioAltitude este último fim de se-mana. Foram quilómetros e quiló-metros percorridos pela região doPuy-de-Dôme.As Janeiras significam para a Co-munidade portuguesa de Cler-mont-Ferrand, “um tesouro detradições, trazendo à memória,esta recordação de Portugal deoutros tempos”.Os associados da coletividade enão só, já estão habituados e es-peram que o Grupo de Cantaresentre pela casa dentro para canta-rolar o anuncio do nascimento deJesus, bem como a vinda dos Reis.No final, lá sai da boca de um ele-mento mais atrevido uma «cha-cota» como forma de pedir oulembrar ao dono da casa que de-verá dar uma recompensa aogrupo. Era assim antigamente e éassim que Os Camponeses Minho-tos de Clermont-Fernant mantêma tradição.

Enzo Zidanedeixou Desportivo das AvesO médio francês Enzo Zidane res-cindiu com o Desportivo das Aves,lanterna-vermelha da I Liga, paraassinar pelo Almería, o vice-líderdo escalão secundário do futebolespanhol.

Por Patrícia Guerreiro

LJ / Carlos Pereira

LJ / Carlos Pereira

Ana del Rio no Salão internacional dearte contemporânea de Paris

Page 13: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL ASSOCIAÇÕES 13

A pequena cidade de Crosne (91), compouco mais de 9.000 habitantes, viveuno fim de semana passado ao ritmoda lusofonia, acolhendo a primeiraedição do Festival “Lusotopia” comatrações musicais dos países lusófo-nos e conferências sobre a línguaportuguesa e figuras como Aristidesde Sousa Mendes.“Muitos Portugueses que vivem emFrança não conhecem esta cultura dalusofonia e faltava a organização deum evento assim. Muitas coisas feitasna Comunidade são só festas e nãotêm a riqueza da cultura e a diversi-dade da lusofonia”, indicou NathalieAfonso, artista lusodescendente doAtelier des Noctambules, e uma dastrês organizadoras deste Festival. Asduas outras organizadoras são Marie-Hélène Euvrard, Presidente da Coor-denação das Coletividades Portu-guesas de França (CCPF) e Suzette Fer-nandes, Presidente da associação Hi-rond’Ailles.Durante o fim de semana Crosneviveu com música, gastronomia edebates à volta da lusofonia no es-paço René Fallet, mas também nou-tros espaços da cidade. Aliáscantaram-se as Janeiras nas ruas dalocalidade. Até a igreja matriz deCrosne, onde tambémestá uma ima-gem de Nossa Senhora de Fátima, aco-lheu um concerto de Fado.Uma exposição de pintura e esculturainspirada pelos países de língua oficialportuguesa esteve patente ao públicodurante uma semana numa galeria

local, foram apresentados dois filmesdocumentários, um sobre arquiteturaportuguesa e outro sobre emigraçãode Cabo Verde, o Deputado PauloPisco proferiu uma conferência sobrelusofonia, a Coordenadora do ensinode português em França Adelaide Cris-tóvão falou precisamente do ensinoda língua e o Presidente do ColetivoAristides de Sousa Mendes, de Bor-deaux, falou deste diplomata que sal-vou milhares de pessoas, essencial-mente judeus, durante a segundaGuerra mundial.“Este é um desafio para termos umoutro olhar sobre o mundo portuguêse lusófono. Penso que estamos de-masiado fechados na Comunidadeportuguesa e o meu sonho é abrir aum outro mundo. Trabalhar em par-ceria com outras associações, porquesozinhos não conseguimos nada e

fazer com que se possa dar um es-paço aos outros países que falam alusofonia” disse ao LusoJornal Marie-Hélène Euvrard.Um dos pontos altos do evento foi ojantar espetáculo onde os convida-dos de honra foram os Caretos de Po-dence. A Secretária de Estado dasComunidades Portuguesas, BertaNunes, assistiu a este jantar, na sexta-feira, e os fundos recolhidos revertema favor da associação Crianças deHoje e de Amanhã (Cheda), que apoiacrianças em Cabo Verde, e da asso-ciação Dimitri Francisco.“Ter aqui a Secretária de Estado dasComunidades a dançar ao som damúsica da Guiné é genial, não acha?”questiona a Presidente da CCPF, visi-velmente contente com esta misturade culturas. “Sozinhos vamos mais rá-pido, mas juntos vamos mais longe”.

Vários stands de associações lusófo-nas marcaram presença no evento. “Oobjetivo é dar a conhecer a realidadedos países lusófonos, o turismo, oscostumes, a gastronomia, por isso or-ganizámos ateliers de cozinha, temosstands associativos, dos diferentespaíses, mas também profissionais,bancos, advogados, comerciantes esobretudo muitos espetáculos, detodos os países” confirmou por seulado Suzette Fernandes.“No fundo são dois objetivos: o pri-meiro é o de transmitir aos Francesesa riqueza da cultura lusófona, mas umoutro objetivo é também reunir as as-sociações lusófonas para que elas seencontrem. Porque de facto são as-sociações que raramente trabalhamem conjunto” argumenta a Presi-dente de Hirond’Ailles.Esta ação agradou também ao Depu-

tado Paulo Pisco que falou precisa-mente da importância das diásporasda Comunidade dos países de línguaportuguesa (CPLP) e chamou a aten-ção para o facto da CPLP “não poderexistir sem ter em conta as suas diás-poras, porque elas são a alma daCPLP, estão espalhadas por todo omundo e são um dos objetivos prio-ritários da ação política da CPLP”disse ao LusoJornal. Paulo Pisco refereque “é necessário o aprofundamentodo conhecimento das diásporas, acoesão das diásporas, o apoio às diás-poras nos países onde elas existirem,seja nos países de língua portuguesa,seja nos outros países onde existemdiásporas expressivas como é o casoda França”.As três organizadoras concordamcom o sucesso da operação, mas pre-tendem reunir primeiro para decidirsobre a continuação do projeto. “Nopróximo ano gostava de enveredarpor ações menos tradicionais e pas-sar para áreas mais modernas comopor exemplo o design e a moda dospaíses lusófonos” disse ao LusoJornal.Suzette Fernandes considera que “oideal seria ter cidades variadas emvez de concentrar tudo na mesma ci-dade”.E Marie-Hélène Euvrard consideraque “a fasquia estava demasiadoalta”. Em conversa com o LusoJornaldiz que “não é possível que não secontinue. Criou-se uma dinâmica quenos motiva a continuar. Mas é impe-rativo ter outros meios. Tivemos noi-tes muito curtas. Conseguimos, masagora temos de melhorar”.

Por Carlos Pereira

Festival juntou atores do mundo lusófono

05 février 2020

A Association Drancéenne des Amisdu Portugal (ADAP) organizou nasexta-feira passada uma “Noite daLusofonia” em Drancy (93), que co-meçou com um jantar português,com Vitela assada e acabou com aatuação do grupo Charme Latino.“A Comunidade lusófona não se li-mita apenas aos Portugueses.Temos a sorte de ter aqui em Drancyuma forte Comunidade de váriasculturas de língua portuguesa. Osnossos filhos estão praticamentetodos inscritos na maior associaçãodesportiva de Drancy, a AJAD, efomos criando amizades” explica aoLusoJornal o Presidente da associa-ção organizadora, Carlos Mendes.“Queremos aproximar todas estasComunidades”.Esta não é a primeira vez que a as-sociação aborda a questão da luso-fonia porque já convidou aAssociação brasileira de Drancy.“Convidamo-nos uns aos outros” dizo Presidente da coletividade.Só para o jantar inscreveram-se 400pessoas. “Tivemos de recusar genteao telefone” explica Carlos Mendes.Mas no final da noite estavam maisde 900 pessoas no Ginásio AugusteDelaune.A surpresa da noite foi a atuação dogrupo coral infantil da JAD. Inicial-

mente a JAD (Jeanne d’Arc deDrancy) era um clube de futebol, de-pois foi crescendo, foi desenvol-vendo outras atividades e hoje temtambém um grupo coral e ajuda ascrianças a fazerem os deveres decasa.“É um dos maiores clubes da Île-de-France. É a maior associação deDrancy, com mais de 3.000 associa-dos. É enorme” diz Carlos Mendes.“Aproximámo-nos deles para en-contrar os Portugueses que nãoestão inscritos na nossa associação.E o Presidente propôs que as crian-ças do grupo coral aprendessemcanções em português. Foi muitobonito”.A associação apresentou também ohumorista Tony Couto que se lançouhá cerca de 6 meses, mas já passouem algumas rádios. “É alguém queconhecemos, que joga futebol con-nosco no domingo de manhã, eusou o treinador dele, é alguém quese lança e nós queremos ajudar” dizCarlos Mendes.O Presidente da associação diz darmuita importância aos jovens. “Sãoeles que devem puxar por nós”conta ao LusoJornal, enquanto lem-brava que há anos convenceu a mãepara que trouxesse à associação ogrupo La Harissa. “É por isso que euacredito que a nossa juventudedeve puxar por nós”.

Pelo palco passaram também 5 Rus-gas de folclore. “O folclore é a ativi-dade da minha mãe” comenta comum sorriso Carlos Mendes.A Maire da cidade estava visivel-mente contente por participar nestafesta da lusofonia. Aude Lagarde diz“admirar” as festas portuguesas elembra-se em particular da Festa daCastanha. “Eu também tenho ori-gens no sul da França e no sul daFrança também se faz a Festa daCastanha” lembra ao LusoJornal. Porisso, diz que é sempre um “mo-mento fabuloso. Foram tradiçõesque eu também tinha quando erapequena”.

Aude Lagarde diz que “há mais de 15anos tentamos trabalhar para quecada uma das Comunidades que in-tegram a nossa cidade se sinta bem.E para se sentir bem numa cidade énecessário saber de onde se vem,trabalhar sobre o que somos e per-mitir a cada um de exprimir a suacultura de origem”. Bastante aplau-dida quando subiu ao palco, AudeLagarde considera que é importanteque cada um “vá beber a todas assuas raízes para melhor alimentar otronco republicano. É por isso quenós insistimos muito em cultivar o‘viver juntos’, e fazemos tudo paraque cada uma das pessoas que

vivem nesta cidade se sinta bematravés daquilo que é”.Carlos Mendes confirma. Explica quea sua infância e juventude foi ba-nhada pela cultura do hip-hop. “Eunão sabia o que era Portugal até quea minha mãe decidiu criar esta as-sociação e graças a esta associaçãodescobri a música portuguesa, osmeus amigos não eram Portugue-ses, mas agora estou casado comuma portuguesa e estou muito felizpor isso, tenho muitos amigos por-tugueses e conheço a cultura portu-guesa, do pop rock, ao hip-hopportuguês, que ouço muito, até aofolclore porque integrei também ogrupo de folclore que a minha mãecriou”.A Maire da cidade deixou um apelopara que os Portugueses que aindanão fizeram, fossem inscrever-senas listas eleitorais até ao dia 7 defevereiro porque considera que “éimportante que cada cidadão possaexprimir-se”.O espetáculo foi apresentado porOdete Fernandes, apresentadora doprograma “Só Fado” da rádio Alfa eo último grupo a subir ao palco foi oCharme Latino, um grupo que seapresentou pela segunda vez empúblico. “É um super grupo, tem umshow de luz e de som muito bom esão muito profissionais” comentaCarlos Mendes.

Por Mário Cantarinha

Association Drancéenne des Amis du Portugal (ADAP)

ADAP organizou a Noite da Lusofonia em Drancy

Lusotopia: Crosne viveu ao ritmo da Lusofonia

LJ / Mário Cantarinha

LJ / Mário Cantarinha

Page 14: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL14 DESPORTO

Battus sur le fil la semaine passée àBoulogne (1-0), les Cristoliens se sontrachetés, vendredi soir, s’imposantlargement face à une équipe de Cho-let, elle aussi en proie au doute. Ils si-gnent ainsi leur premier succès en2020 et mettent surtout fin à unesérie de trois défaites consécutives.

Une performance qui ne s’est dessi-née qu’en deuxième période, grâce àDiallo et Mokdad.Tendues par l’enjeu, les deux équipesont longtemps refusé de se livrer.Après un premier round d’observa-tion, les Choletais sont les premiers àse montrer dangereux par l’intermé-diaire de Abdeldjelil. Mais Véron,dans un grand soir, est déjà sur la tra-

jectoire (14 min).Même conclusion quelques minutesplus tard, sur une frappe de Diallo (36min). Si le SOC prend progressive-ment le jeu à son compte, les deuxoccasions les plus chaudes de cettepremière période sont à mettre auprofit des Cristoliens. Mokdad est lepremier à se signaler en testant lesréflexes d’Elana sur un bon coup-

franc à l’entrée de la surface (40 min).Mais c’est surtout Diallo qui donnedes sueurs froides au portier chole-tais en enroulant parfaitement sonballon. Malheureusement détournépar la barre transversale (43 min)!0-0 à la pause, ce n’est que partie re-mise pour l’attaquant Cristolien…Dès le retour des vestiaires, les Fran-ciliens vont donner le ton et prendre

l’ascendant sur leur adversaire. Par-faitement servi par Mokdad, Diallo,qui avait bien suivi, n’a plus qu’à ou-vrir son pied pour tromper Elana (1-0, 52 min).Malgré quelques alertes sur la cagede Véron (KetkeoPhomphone, 62 et78 min), le portier francilien n’a ja-mais tremblé. Ses coéquipiers nonplus. Libérés par l’ouverture du score,ils vont rapidement enfoncer le clougrâce à un doublé de Diallo. Bienplacé à l’entrée de la surface, l’atta-quant cristolien profite d’un ballonmal repoussé pour placer une bonnefrappe à ras de terre. Masqué, Elanane peut que constater les dégâts (2-0, 69 min).Et alors que le SOC est à deux doigtsde réduire l’écart (90+2 min), ce sontles Cristoliens qui vont profiter d’uncontre rapidement mené par Okoupour sceller le score définitif de lapartie. Passeur sur le premier but,Mokdad est à la conclusion etconfirme son statut de meilleur bu-teur du club (3-0, 90+3 min).Victoire nette et sans bavure pourl’US Créteil/Lusitanos qui lance enfinson année 2020. Dixièmes du Natio-nal avec 28 points, les Cristoliens de-vront désormais confirmer, lasemaine prochaine, sur la pelouse deLa Duchère.

Football / National

Après avoir connu Istres, le FC Porto,Portimonense, l’UD Oliveirense, GilVicente, Penafiel, Freamunde, Sal-gueiros, Cova da Piedade, la Malaisieet dernièrement l’AD Oliveirense,Kalidou Yero est devenu depuis lemois de janvier dernier un joueurdes Lusitanos. Pour ses débuts sousses nouvelles couleurs, l’attaquantluso-sénégalais n’a pas connu laréussite qu’il aurait souhaité. Maismotivé comme jamais, il se confiesur ses ambitions avec la formationsaint-maurienne et parle de sa richecarrière.

Kalidou, comment avez-vous vécuces premières minutes sous lemaillot des Lusitanos face à Lens?C’est un plaisir d’avoir effectué unretour dans le football français.Etant donné que j’ai commencé macarrière ici. Plus de 10 ans après, çame fait quelque chose. L’ambitiondemeure intacte. J’ai toujours cetteenvie de retrouver le plaisir et de ga-gner. J’ai connu pas mal de rebondis-sements dans ma carrière, surtoutces dernières années avec une bles-sure au genou, mais je sais que jevais tout faire pour que ça aillemieux grâce aux Lusitanos. A Lens, jesentais qu’au fil des minutes les sen-sations revenaient petit à petit etque je commençais à avoir mes re-pères avec mes coéquipiers. Je saisque ça va aller à l’avenir.

Après 10 ans au Portugal, que vousreste-t-il de vos expériences pas-sées?D’une façon générale, je me senschez moi au Portugal. Je me sensvraiment Portugais. C’est le Portu-gal qui m’a fait l’homme et le foot-balleur que je suis. J’ai fait mes 18ans là-bas. La mentalité, le style etbien évidemment le football portu-gais, je connais et il fait partie demoi. J’ai eu la chance de jouer danspas mal d’équipes et de bonneséquipes. J’ai hâte de montrer cetteidentité portugaise qui est en moi.Je suis sûr et certain qu’une fois,j’aurai mes repères, ça va aller demieux en mieux pour moi.

Comment fait-on pour passer du FCIstres au FC Porto, à 17 ans?(Sourire) C’est une question que jeme pose encore aujourd’hui. Al’époque j’avais des objectifs éle-vés. J’étais à Istres, en National,avec l’équipe première. L’équipeavait même gagné le titre cetteannée-là (2009). J’avais été invitépar le club de Naval, qui était enpremière division. J’étais parti avecmes parents pour le découvrir. Maisj’ai refusé d’y aller. J’ai alors reprisavec Istres puis j’ai eu un coup defil du FC Porto. J’étais jeune. Je mar-quais beaucoup de buts avec la ré-serve d’Istres, tout en m’entraînantavec l’équipe A. Mais Porto, ça resteune référence et ça ne se refusepas. Même si mes parents et Istresne voulaient pas vraiment que j’in-

terrompe ma formation. J’étais bienà Istres, seulement, on ne dit pasnon à Porto. Une fois là-bas, ça sepassait bien. J’ai été avec l’équipepremière. J’ai marqué sur desmatchs amicaux. C’était un rêve.Jusqu’à jouer mes premières mi-nutes en Coupe de la Ligue et rem-porter la Coupe du Portugal en2010. Avant d’être prêté par le clubà Portimonense, puis Oliveirense. Etconnaître mes premiers matchs enpremière division avec Gil Vicente.

Donc les Lusitanos étaient presqueune évidence pour un retour enFrance…(Sourire) C’est fou, en effet. Telle-ment que les choses se sont bienpassées au Portugal. Je me sensvraiment Portugais. J’ai cette menta-lité et culture en moi. Maintenant,revenir en France et être dans unclub avec cet état d’esprit lusitanien,ça ne pouvait pas être mieux. Être enNational 2, c’est un détail, le clubnourrit de grandes ambitions. Je suisdans cette envie de retrouver le plai-sir et je suis convaincu que ça vaêtre le cas ici.

Espérez-vous marquer rapide-ment?(Il coupe) Je vais tout faire pour. Jesuis très motivé. J’espère vraimentque l’on va réussir le meilleur desrésultats à chaque match, pour moimais pas seulement, pour le club etle Président. On va tout donner surle terrain. C’est une certitude.

Par Eric Mendes

Football / National 2

05 février 2020

Créteil 3-0 Cholet

Mi-temps : 0-0Arbitre : M. SouifiAffluence : 893 spectateursCréteil/Lusitanos : Véron; Pardal,Soaré, Dauchy, Fofana (Cap.); Pereira,Llambrich (Baal, 89 min), Baptista;Mokdad, Dogo (Pancrate, 68 min),Diallo (Okou, 72 min). Entraîneur:Carlos SecretárioAvertissements : Baptista (31 min),Pereira (32 min), Dauchy (67 min),Pancrate (77 min)Buts : Diallo (52, 69 min), Mokdad(90+3 min)Cholet : Elana; Seba, Mboumbouni,Cissokho; Diallo, Keita (Rocheteau, 57min), Gbelle, Ketkéophomphone(Doumbia, 83 min), Mexique (Etinof,72 min); Gomel, Abdeldjellil. Entraî-neur: Stéphane RossiAvertissements : Gbelle (29 min),Keita (39 min)

Saint-Maur domine CréteilLes Lusitanos se sont imposés 2 buts à 1 en match amical face aux Bé-liers.Le Championnat de National 2 faisant un break, les Lusitanos de SaintMaur ont affronté Créteil/Lusitanos au Stade Chéron. Face à une for-mation cristolienne renforcée par des éléments de la réserve mais aussid’anciens visages connus comme Hugo Silva ou Over Mandanda, c’étaitsurtout l’occasion de continuer à avoir du rythme avant la réception deMulhouse samedi prochain (18h00). Si le Bélier, Maxime Ras avait ré-pondu au Saint-maurien Kapo Sylva, c’est Jean-Pierre Sylla a finalementdonné un avantage définitif aux joueurs du Président Mapril Baptista.De bon augure pour le Championnat?

Kalidou Yero: «Retrouver le plaisir aux Lusitanos»

Créteil/Lusitanos stoppe l’hémorragie face à Cholet

USCL

Lusitanos de St Maur / EM

Page 15: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

LUSOJORNAL DESPORTO 15

BOA NOTÍCIA

Salgados ou insonsos?No Evangelho do próximo do-mingo, dia 9, Jesus compara-nosao sal e até eu (que não sou umgrande cozinheiro) sei que com osal não é preciso exagerar. Nin-guém quer comida insonsa, masos pratos que já não conseguimos“corrigir” sãos os que ficaram de-masiado salgados.«Vós sois o sal da terra. Mas se eleperder a força, com que há de sal-gar-se? Não serve para nada,senão para ser lançado fora e pi-sado pelos homens». Com estaanalogia, Jesus define a missãodos discípulos no mundo e o tipode presença que a Igreja deve tes-temunhar. Ele diz-nos que o maisimportante não é sermos muitos,sermos maioria, sermos numero-sos. O sal nunca é adicionado àsmãos-cheias! O importante é “sal-gar” o mundo. Por vezes depri-mimo-nos quando vemos que auma atividade aderiram poucosparoquianos, no entanto o su-cesso de uma iniciativa não de-pende (apenas) do número departicipantes. Podemos ser mui-tos, mas insonsos! Podemos serpoucos… mas o importante é quesejamos sal!Porém, “ser sal” não significa os-tentar a própria fé ou perseguirlugares de visibilidade para queas massas nos admirem e aplau-dam. A nossa missão é “dar sabor”ao mundo, questioná-lo, provocá-lo, testemunhar o Reino e ser umainterpelação profética. O nossodrama (pelo menos no Ocidente)é sermos muitas vezes um cristia-nismo sem Cristo, uma religiãosem fé, um rito sem celebração.Um cristianismo cultural que sereduza a hábitos e tradições é in-capaz de dar sabor à vida e serveapenas para «ser lançado fora»…Abandonemos a nossa insipidez!Sejamos sal para o mundo!

P. Carlos Caetanopadrecarloscaetano.blogspot.com

Sugestão de missa em português:Église du Sacré Cœur de Gentilly115 avenue Paul Vaillant Couturier94250 Gentilly

Sábado às 18h00 e Domingo às 10h00

Le gardien franco-portugais de Montpellier a disputé son premiermatch en Ligue 1Le Paris Saint Germain a remportésa 18ème victoire cette saison2019/2020 en battant Montpelliersur le score de 5-0 au Parc desPrinces lors de la 22ème journée duChampionnat de France. Une ren-contre qui aura permis au gardienfranco-portugais Matis Carvalho dejouer son premier match avec lemaillot des Montpelliérains.Pourtant Matis Carvalho n’a pas dé-buté la rencontre. A la 17ème minute,le gardien français Dimitry Bertaud aattrapé le ballon avec ses gants, endehors de la surface de réparation,ce qui lui a valu d’être expulsé.Pour le remplacer, c’est Matis Car-valho qui a été appelé, lui qui est letroisième gardien de Montpellier duhaut de ses 20 ans. Toutefois avec lasuspension du gardien argentin Ge-rónimo Rulli et l’expulsion de DimitryBertaud, le gardien lusodescendanta pu s’offrir son premier match enLigue 1.Un match qui aura été difficile car en73 minutes de jeu, le gardien franco-portugais a encaissé 4 buts, malgréde beaux arrêts face aux stars duPSG - Neymar et Mbappé -, et Mont-pellier a perdu sur le score de 5-0,car les Montpelliérains avaient déjàencaissé un but avant l’entrée deMatis Carvalho.Pour LusoJornal, Matis Carvalho alivré ses premières impressions lorsde ce premier match de Ligue 1.

Comment avez-vous vécu cet instantoù le gardien de votre équipe est ex-pulsé et vous savez que vous allezrentrer?Déjà il fallait confirmer qu’il y avaitbien main, que le carton rouge étaitconfirmé. Après il faut être prêt et semettre vite dans le match. J’étaisprêt à rentrer. Il y avait un peu destress, mais une fois que je suis ren-tré sur le terrain, c’était oublié, j’étaisprêt!

Le matin même, vous vous étiez ima-giné entrer sur le terrain et jouer faceau PSG?Quand on est dans le groupe, mêmesi on est remplaçant, même si le gar-dien remplaçant rentre rarement, ilfaut être prêt. On ne sait jamais cequ’il peut arriver.

Comment ont été ces premières mi-nutes sur le terrain?Les premières minutes, il fallait queje me mette en confiance et que jecontinue à m’échauffer. Après c’étaitquand même compliqué car on étaità 10 contre 11. On a essayé de faire cequ’on a pu.

Comment étaient les sensations dejouer ce premier match de Ligue 1 auParc des Princes?J’ai eu de bonnes sensations, j’en aipris plein les yeux, mais je suis déçudu résultat.

Quand on imagine son premiermatch, on l’idéalise un peu?C’est compliqué d’idéaliser le pre-mier match parce que ça peut arriverà n’importe quel moment. Ce n’estpas la première fois que je suis dansle groupe, donc ça pouvait arriver.Après, une fois qu’on y est, il faut toutdonner! C’est arrivé aujourd’hui, çaaurait pu arriver avant, ça auraitmême pu arriver plus tard…

La communication a été compliquéeavec la défense, car c’était la pre-mière fois que vous jouiez avec eux?Non, ce n’était pas compliqué car ilsm’ont mis directement en confiance,que ce soit le coach ou les défen-seurs, et puis il faut savoir que jem’entraîne toute la semaine aveceux, donc il n’y a pas eu de pro-blèmes sur ce point là.

Les buts sont arrivés rapidementcontre Montpellier…Pour une première, c’est compliqué.Nous, les gardiens, notre objectif,c’est de ne prendre aucun but. Aprèsquand on joue face à une grandeéquipe avec de grands joueurs, et àdix contre onze, ce n’est pas facile. Ilfaut lever la tête et continuer à dé-fendre malgré les buts.

C’est impressionnant de jouer face àNeymar, Mbappé, entre autres?On va dire que ça dure deux minutescette sensation. Après il faut se met-tre dedans, se mettre dans le match,et faire abstraction de ça, maisj’avoue que j’ai apprécié mon match.

Vous avez quitté Toulouse pourMontpellier l’été dernier, choix ga-gnant?Pour l’instant, je suis très bien ici àMontpellier. Je me sens bien.

Vous avez un contrat d’un an seule-ment…On ne parle pas encore de ça, je doiscontinuer à travailler, à progresser àl’entraînement et on verra cela en finde saison.

Né dans une famille franco-portu-gaise, comment devient-on footbal-leur, et plus particulièrementgardien?Gardien, c’est depuis le début! Et jen’étais pas le plus nul comme joueur(rires), ce n’est pas à cause de ça queje me suis retrouvé dans les buts

(rires). J’ai toujours aimé cette posi-tion. Quant à footballeur, c’est depuistout petit que j’avais ce rêve, que jepratique ce sport, mais il fallait y ar-river et on y arrive avec beaucoup detravail.

Quant aux origines portugaises, ellesvous viennent d’où?De mon père qui est portugais et évi-demment de mes grands-parents,qui eux vivent au Portugal, à côté daCovilhã, dans le centre. Je reconnaisque je ne parle pas très bien le por-tugais, mais je le comprends (rires).J’ai la double nationalité du coup.

Vous avez donc connu les étés auPortugal?Oui, tous les étés nous allions chezmes grands-parents, à la montagne.C’est un pays que j’aime et je suisheureux d’y retourner tous les étés,même avec mes lacunes de portu-gais (rires).

Le voyage en voiture comme beau-coup de portugais?Pendant longtemps, c’était en voi-ture, mais dernièrement j’y suis alléen avion.

Etant franco-portugais, vous pouvezprétendre aux deux Sélections?Je ne me pose aucun question parrapport à cela pour l’instant. D’ail-leurs j’ai déjà été appelé en Sélectionjeunes du Portugal. Je n’ai pas jouéavec le Portugal, mais j’ai participé àdeux stages. J’ai beaucoup appréciéces moments, maintenant on verrace que le futur me réserve.

Anthony Lopes à Lyon, Lucas Dias àNîmes, et vous, Matis Carvalho, àMontpellier, le poste de gardien estbien fourni chez les franco-portu-gais?Je pense que c’est une question degénérations. En ce moment ce sontles gardiens, mais ça ne sera pastoujours le cas. En tout cas, il y a debons gardiens au Portugal.

Quels sont les objectifs pour Mont-pellier?Faire mieux que la saison dernièreoù l’équipe avait fini 6ème. On a prisun gros coup face au PSG (5-0), maisva falloir se reprendre mercredi faceà Metz.

Par Marco Martins

Matis Carvalho: «J’ai eu de bonnes sensations»

05 février 2020

PUBPUB

PSG

Page 16: Edition nº 401 | Série II, du 05 février 2020 GRATUIT ...Salazar, concedendo milhares de vis - tos, outros diplomatas tiveram inter-venção direta no salvamento de judeus e outros

PUB